Você está na página 1de 25

UFRJ - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO

DE JANEIRO

DINE ESTELA

UMA PERSPECTIVIA COMPARADA DA RELIGIOSIDADE AFRO – BRASILEIRA


NO CONTEXTO DA SEGUNDA ESCRAVIDÃO EM VASSOURAS NO BRASIL
(Séc. XIX)
Data de Aprovação
Rio de Janeiro, ______ de ____________ de ____
Data de Submissão 06/01/2023

Disponibilidade
dinestela@gmail.com
RESUMO

Este projeto de pesquisa se propõe, através de uma abordagem comparativa em fontes


documentais e orais, contextualizar a época em que o escravizado africano Fabrício viveu na
fazenda do Secretário localizada em Vassouras, região Sul Fluminense do Estado do Rio de
Janeiro em meados do século XIX. Diante de alguns indícios históricos que serão
aprofundados nesta pesquisa, chegamos a algumas hipóteses como a de que neste local tenha
ocorrido as primeiras práticas dos ensinamentos do culto Omolokô através deste escravizado
no Rio de Janeiro, passadas para o filho do administrador da fazenda (Custódio de Souza
Caravana), inclusive com a incorporação do próprio escravizado depois de falecido, em
descendentes da família anos depois. Esta prática religiosa conhecida e disseminada como
Umbanda de Pai Fabrício, nosso objeto central de pesquisa, completa 109 anos de existência
no Rio de janeiro em 2023. Omolokô, Umbanda, escravidão, Vassouras, Fabrício,
Família Caravana.
RESUMEN
Este proyecto de investigación se propone, a través de un abordaje comparativo en fuentes
documentales y orales, contextualizar la época en que el africano esclavizado Fabrício vivía
en la hacienda del Secretario ubicada en Vassouras, región Sur Fluminense del Estado de Río
de Janeiro a mediados del siglo XIX. Frente a algunas evidencias históricas que serán
profundizadas en esta investigación, arribamos a algunas hipótesis como que en este lugar se
realizaron las primeras prácticas de las enseñanzas del culto Omolokô a través de este
esclavizado en Río de Janeiro, transmitidas al hijo del administrador de la hacienda (Custódio
de Souza Caravana), incluyendo la incorporación del propio esclavizado después de su
muerte, en descendientes de la familia años después. Esta práctica religiosa conocida y
difundida como Umbanda de Pai Fabrício, nuestro objeto central de investigación, completa
109 años de existencia en Río de Janeiro en 2023. Omolokô, Umbanda, esclavitud,
Vassouras, Fabrício, Familia Caravana.
SUMÁRIO

RESUMO 2
Cap. 1 - ONDE TUDO COMEÇOU.............................................................................5
Cap. 2 – A FAZENDA DO SECRETÁRIO....................................................................7
Cap. 4 - ORIGENS......................................................................................................13
Cap. 3 - O escravizado no contexto da segunda escravidão nacional......................15
3.1 – o escravizado fabrício no CONTEXTO HISTÓRICO internacional..........18
Conclusão...................................................................................................................20
REFERÊNCIAS..........................................................................................................22
FONTES 24

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

Figura 1: fachada da Fazenda do Secretário.....................................................5


Figura 2: entrada principal da Fazenda do Secretário.......................................7
Figura 3: Entrada principal da fazenda (Sec. XIX).............................................9
Figura 4: torre do relógio..................................................................................11
Figura 5: visualização aérea do terreno da fazenda........................................12
Figura 6: Igreja católica do distrito de São Sebastião dos Ferreiros...............13
Figura 7: relação de escravizados do Arquivo Nacional..................................14
Figura 8: Figura 8: Aquarela Açoitamento de escravos na Ponta do
Calabouço, de Augustus Earle (1793-1838), retratando as punições aos escravos no
Brasil............................................................................................................................20

GRÁFICOS
FLUXOGRAMAS 1: CONTEXTO HISTÓRICO...............................................18
5

Cap. 1 - ONDE TUDO COMEÇOU

Figura 1: fachada da Fazenda do Secretário

Fonte: inventário da Fazenda

Toda a história do escravizado Fabrício no Brasil e o início de sua prática religiosa


começou dentro da fazenda do Secretário em Vassouras, em meados do séc. XIX (1830),
Sul Fluminense do Rio de Janeiro. Depois ampliou sua ação para a Baixada Fluminense.
Segundo relatos de memória coletiva e da família.
Mesmo dentro de uma fazenda considerada escravocrata, a política adotada pela
família Caravana seguia a orientação de um documento, aprovado pela Câmara Municipal
de Vassouras, presidida por Laureano Castro, proprietário da Fazenda do Secretário com
“Instruções para a Comissão Permanente nomeada pelos fazendeiros do Município de
Vassouras, publicado pela Tipografia Episcopal Guimarães e Cia no Rio de Janeiro em
1854. Esse documento, orientava que os fazendeiros deveriam paulatinamente aderir ao
trabalho de colonos em detrimento dos escravos que estavam cada vez mais rebeldes e
revelando-se grande perigo para os fazendeiros.
6

Os membros da Comissão Permanente (cada um relativamente aos


fazendeiros moradores no distrito que lhe couber inspecionar)
devem empregar todos os meios a seu alcance para convencerem
os ditos fazendeiros do perigo das insurreições e da necessidade,
quanto antes, de adotarem providências que obstem e previnam te
rrível mal. 1

Ou seja, há indícios de que os africanos da fazenda já não eram tratados sob o


chicote do feitor na época em que escravizado Fabrício viveu na fazenda em meados de
1830, mesmo sendo esta fazenda considerada por alguns visitantes, como muito rigorosa
com seus escravizados. O historiador e autor Flávio Gomes, destaca esta realidade na
cidade de Vassouras:
Em Vassouras, em meados de 1854, os fazendeiros, preocupados
com as insurreições escravas, recomendavam que fosse permitido
aos cativos possuírem roças para que se ligassem ao solo pelo amor
da propriedade”. (Gomes, 1996. Apud Gomes, 2006. 294).

O documento orientava ainda que os donos das fazendas permitissem momentos de


lazer ao escravizados, concessão de roças para sua própria subsistência; além de estimular
celebrações católicas, a fim de estimular uma religiosidade católica, considerada a
“correta”.2
Essa prática de conceder um pedaço de terra aos escravizados para cultivarem sua
própria subsistência foi tão comum na região que chegou a ficar conhecida como “sistema
Brasil”. A prática consistia em dar um dia da semana para que o escravizado cuidasse da
sua própria terra para manter a sua subsistência.
Vale ressaltar, que Vassouras, no Vale do Paraíba, foi um importante centro
cafeeiro do país e hoje tornou-se um espaço de amplo estudo sobre a escravidão. Na
década de 1820 a cafeicultura escravista do Vale do Paraíba deslanchou. O crescimento
geral das exportações brasileiras dinamizou o mercado de abastecimento com efeitos
importantes na pecuária e na produção de alimentos para o mercado interno (Alden, 2004;
Luna; Klein, 2010; Marquese; Salles, 2016). Assim, outra importante fonte de pesquisa é o
material disponível no Centro de Documentação Histórica de Vassouras (CDH) que

1
Instruções para a Comissão Permanente nomeada pelos f . Op.Cit. p. 61. azendeiros do
Município de Vassouras”, In: BRAGA, Greenhalgh H. Faria. De Vassouras: histórias, fatos, gente .
Op.Cit. p.65
2
Ibidem
7

incorporou ao banco de dados informações como registros de casamentos, alforrias,


processos de escravização, batismos e óbitos que muito ajudarão na coleta de dados sobre a
existência e vivência do africano Fabrício nesta fazenda e suas práticas religiosas ligadas
ao culto Omolokô.

Cap. 2 – A FAZENDA DO SECRETÁRIO

Figura 2: entrada principal da Fazenda do Secretário

Fonte: litografia de Victor Frond, meados séc. XIX (acervo IPHAN)

A fazenda obteve grande importância na época dos cafezais e se mantém até os dias
atuais (2023) como um museu histórico desta época, incluindo um cemitério clandestino
onde eram enterrados os escravizados. A fazenda fica Localizada, partindo da cidade de
Vassouras, através da rodovia RJ-115, no sentido do distrito de Ferreiros, percorrendo-se
8,5 km em estrada de terra até uma bifurcação e, a partir desta, pela esquerda, mais 5,5 km
até alcançar a entrada da fazenda. (Inventário).
A fazenda onde o escravizado era “cativo” originou-se de uma sesmaria concedida,
em 1743, a Pedro Saldanha e Albuquerque, logo transferida a Bartolomeu Machado
8

Ferreira e Manuel Gomes Leal. O número de escravizados elencado no inventário de


Mariana, tida como a maior da região, já contava com 98 homens e 37 mulheres e era
majoritariamente africanos, com apenas 25 crioulos e alguns pardos, filhos dos
escravizados.
Todo o plantel foi avaliado em 45:907$000.92 (Quarenta e cinco milhões,
novecentos e sete mil e noventa e dois milhões de réis). 3
Uma curiosidade é que entre
1856 e 1862, em Vassouras, 1 Conto de réis comprava 1 escravo. 4 Ainda segundo este
inventário, a maioria destes escravizados vinha do Congo, Moçambique e Cabinda e
tinham entre 20 e 40 anos de idade. Vinte deles aparecem como casados, mas sem
referências aos cônjuges, e apenas 5 mulheres têm citadas ligações familiares de tipo
maternidade.5
Consta no inventário da fazenda (anexo 2), que o nome da fazenda se deve a um
dos seus primeiros donos, que, por longo tempo, foi secretário do governador da capitania.
Mas o grande senhor da Fazenda do Secretário foi Laureano Correia e Castro, agraciado
com o título de barão do Campo Belo oferecido por D. Pedro II em visita à cidade, por sua
grande recepção ao monarca.
Este inventário publicado no site do INEPAC, dá conta apenas das características e
estrutura da Fazenda, e afirma que foi ele quem mandou edificar a bela casa e os
primorosos jardins, monumentos que resistiram ao tempo. Também teria sido, Campo Belo
quem teria plantado os primeiros pés de café da fazenda, que contava com uma terra fértil
e que gerou grande produtividade, transformando-o no “Barão do Café” elevando à
Fazenda ao grau de mais imponente no ciclo do café. O barão de Campo Belo faleceu em
Vassouras no ano de 1861, segundo consta neste inventário. Sua viúva e o filho
primogênito Cristóvão Correia e Castro o sucederam na fazenda.6

3
Inventário de Mariana das Neves Corrêa. Op. Cit. fls.44f-47v
4
Fonte: https://www.diniznumismatica.com/2015/11/conversao-hipotetica-dos-reis-para-o.html
5
7Idem. Ibidem. fls. 50v-51f
6
Inventário da fazendo em anexo.
9

Figura 3: Entrada principal da fazenda (Sec. XIX)

Fonte: Acerco IPHAN (Séc. XIX)

A necessidade de aperfeiçoar as lavouras de café, de adquirir maquinário eficiente e


de pagar dívidas contraídas na compra de outras fazendas levou os donos a hipotecar a
Secretário ao Banco do Brasil. Cristóvão, logrou saldar grande parte da dívida, mas antes
que a quitasse, foi alcançado pela abolição da escravatura e o fim do ciclo do café iniciou
um processo de grandes dificuldades para a Fazenda. (ibd).
Ainda segundo consta no inventário, em 1905, já morto, Cristóvão, seu filho e
herdeiro, Júlio Correia e Castro, consegue a renovação da hipoteca, mas, sem possibilidade
de resgatá-la, perde a fazenda em 1908, transferida pelo credor a Georges Payen, em 1912.
Desde então, Secretário pertenceria sucessivamente a Damphna Josephine Berthe
Boogaests, Geraldo Rocha, Rural Colonização S/A e Mario Kroeff. “Kroeff, proprietário
de 1952 a 1986, que promoveu a divisão das terras pelos filhos, mantendo a casa, as
benfeitorias e 15 alqueires geométricos.7
Laureano Correia e Castro foi casado com Eufrásia Joaquina, e tiveram seis filhos:
Cristóvão, Antônio, Lúcio, Maria da Conceição, Maria e Ana Esméria. Esta última casou-
se com o comissário de café Dr. Joaquim José Teixeira Leite.

7
(PIRES, Fernando Tasso Fragoso. Fazendas: As grandes casas rurais do Brasil. Rio de Janeiro: Abbville
Press, 1995. p.43-6 (apud Inventário da fazenda).
10

A baronesa de Campo Belo faleceu em 13 de março de 1873. No seu inventário


post mortem já constava a Fazenda do Secretário com 352 escravos. 8 Cristóvão faleceu em
12 de março de 1891. Sua esposa, D. Maria Cândida, e seu único filho, que, nesta
ocasião, tinha somente 18 anos de idade, herdaram a fazenda, que compreendia uma área
de 272 alqueires geométricos de terras, e 467.500 pés de café. A fazenda que já figurou
entre as principais produtoras de café da região, hoje funciona apenas para a visitação de
turistas e historiadores. Sobressai a arquitetura neoclássica.
Os dois frontões triangulares nas extremidades da fachada sugerem a sua divisão
em três corpos. O da direita, o da capela1. O da esquerda, abrigando a parte íntima da casa
em cima e os serviços em baixo. E o do meio, nos dois pavimentos, os ricos salões ornados
com pinturas decorativas ou com as paredes revestidas de papel. Fronteiro à casa, o grande
relógio francês sobre a torre marca o passar do tempo até os dias de hoje. (ibd).
O interior como descrito no inventário, conta com mobiliário com guarnição
francesa estofada, espelhos altos com vistosa moldura dourada. Sobre o mármore das
mesas e consoles assentavam jarras de fina porcelana e candelabros de bronze com mangas
de cristal lavrado.
O inventário ainda descreve a sala de jantar com uma mesa com quarenta e oito
lugares, quatro aparadores e um relógio-armário de corda à manivela. Três caixas de
faqueiro de prata e duas caixas de um menor em prata dourada, cinquenta e seis pratos de
prata lavrada, outros vinte e quatro lisos, quinze travessas, saladeiras, mocheiras, fruteiras,
tudo em prata, davam o tom do principesco rol de utensílios da fazenda.
Em frente à casa e ao lado da tulha, um relógio francês instalado em uma alta torre
marcava as horas.  As senzalas já não existem mais, mas há um cemitério clandestino
registrado por fotos por membros da família Caravana, os mesmos relataram que neste
local eram sepultados os escravizados e onde acredita-se estar os restos mortais do
escravizado Fabrício, dentre muitos outros.  Vale lembrar, que este cemitério não consta no
inventário das fazendas do Vale do Paraiba Fluminense publicado pelo INEPAC (Instituo
Estadual do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro) de onde extraímos todas as
características da fazenda citadas acima e que constam em nossos anexos, incluindo fotos e
mapas com sua exata localização e dimensões.

8
Em 1873, data do Inventário da Baronesa do Campo Bello, a Fazenda Secretário possuía 352
escravos. Inventário da Baronesa do Campo Bello, Cód. 102663733006, Centro de Documentação
Histórica- CDH, Vassouras, 1873.
11

Figura 4: torre do relógio

Fonte: Acerco IPHAN (Séc. XIX)

Segundo fragmentos históricos revelados pela própria família, os Caravanas que


vieram para o Brasil, foram para Minas gerais, na região de Juiz de Fora, logo em seguida
para Vassouras, no distrito de São Sebastião de ferreiros, RJ, onde está localizada a
fazenda do Secretário.
A família Corrêa e Castro, seria formada por primos dos Caravana, e os teriam
convidado a morar na fazenda quando chegaram da Ilha de Malta, assumindo assim, a
administração da fazenda, onde através de seus serviços, conseguiram formar capital e
comprar as terras que seriam de Custódio de Souza Caravana, no Rio de Janeiro, então
capital da república, sendo localizadas em Madureira, arredores de Senador Vasconcelos e
em outros municípios como Nova Iguaçu, onde hoje é Queimados e Vassouras no distrito
de Barão de Juparana.
Nesta época, a cafeicultura, na Freguesia de São Sebastião dos Ferreiros se
destacou no cenário do município por seu “avanço” em relação a outras localidades em
função da ousadia em acreditar na utilização de outros sistemas de trabalho em substituição
à escravidão. A historiadora Olívia Dulce Lobo destaca em sua dissertação de mestrado
em História de Olívia Dulce Lobo defendida em 2017, esse momento de “tensão
antiescravista” externa e interna que ocorreu no Império do Brasil, nas décadas de 1830,
12

1840 e 1850, advinda da Inglaterra para o fim do tráfico em plena “segunda escravidão”,
termo cunhado por Dale Tomich.
Vale lembrar, que os Corrêa e Castro, foi uma família abastada proprietária de
fazendas de produção do café, integrante da classe senhorial e residente na vila de
Vassouras, na região do Vale do Paraíba Fluminense, ao longo do século XIX, durante o
Brasil Império.
Esta família é tratada na dissertação de Olívia como uma das quatro famílias mais
poderosas ligadas aos “plantadores escravistas” com atuação política em Vassouras. 9 As
outras três eram os Werneck, os Ribeiro de Avellar e os Teixeira Leite. Vale apena
observar que não se encontra no mapa da fazenda, publicado no inventário, nenhum local
identificado como senzalas, mas uma referência apenas como “Casa de Colono”.

Figura 5: visualização aérea do terreno da fazenda

Fonte: Inventário da fazenda

9
STEIN, Stanley. Vassouras um município no Império. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1969.
13

Parte da sua tulha, localizada do lado direito da casa, ainda permanece. Ali
situavam-se 51 lances de senzalas, 5 enfermarias e dez casas para empregados. Abaixo o
quadro comparativo do contexto internacional no qual o escravizado estava inserido. 10

Cap. 4 - ORIGENS

Figura 6: Igreja católica do distrito de São Sebastião dos Ferreiros

Fonte: o autor

Os registros históricos dos escravizados no século XIX eram feitos pela igreja


católica através dos chamados batistérios, haja vista, que a maioria dos que chegavam ao
Brasil eram batizados e recebiam nomes portugueses. Através do Arquivo Nacional é
muito comum encontrar registros destes escravizados com os nomes de suas nações,
seguidos dos nomes de batismo no Brasil e algumas características físicas como corte de
cabelo, estatura e cicatrizes na pele, geralmente advindos de Congo, Angola e
Moçambique. No entanto, ainda não encontramos nestes arquivos, nenhuma referência a
um escravizado de nome Fabrício advindo de um desses países africanos e que tivesse
aportado em solo Brasileiro com destino à Vassouras.

10
Inventário da Fazenda do Secretário. Disponível em Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense -
Fazenda do Secretário (institutocidadeviva.org.br) Consultado em 16/11/2022
14

Nossa esperança é encontrar esses registros nos museus e centros históricos de


Vassouras e Valença, já que muitos desses registros também podem ser encontrados nesta
cidade, assim como nos registros da igreja católica da cidade de Vassouras. Vale ressaltar,
que o acesso às pesquisas a estes documentos da igreja se restringem aos pesquisadores
autorizados pela igreja que também cobra elevadas taxas para a liberação destes
documentos considerados de propriedade privada.

Figura 7: relação de escravizados do Arquivo Nacional

Fonte: Arquivo Nacional


15

 Cap. 3 - O escravizado no contexto da segunda


escravidão nacional

O escravizado Fabricio chegou ao Rio de Janeiro no século XIX em meados de


1830, em pleno contexto da segunda escravidão, que apresentava uma nova dinâmica para
o crescimento do capitalismo. Ou seja: a segunda escravidão como uma perspectiva de
produção de conhecimento histórico sobre a escravidão moderna, cujos fundamentos
seriam o enquadramento analítico global, a atenção às escalas e unidades de análise e
observação, e o esforço dirigido para a construção de interpretações e explicações
totalizantes dos processos históricos. Como explica o historiador e professor no programa
de pós graduação em história comparada (UFRJ), Gabriel Aladren em seus comentários
sobre o livro: “A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em Perspectiva Histórica”
organizado por Mariaza Muaze e Ricardo Salles.
Segundo suas observações, “O processo mais visível no desenvolvimento da
segunda escravidão é a ampliação da escala de produção escravista de commodities
essenciais para as zonas industrializadas e urbanizadas do Atlântico Norte. (Aladren,
2020). Por isso, a necessidade dos novos donos da Fazenda em adquirir novos maquinários
para maximizar a produção em escala industrial.
Na década de 1830, Estados Unidos, Cuba e Brasil eram os líderes no mercado
mundial de algodão, açúcar e café. Entre os quinquênios 1821-25 e 1856-60, o volume de
algodão produzido nos Estados Unidos aumentou oito vezes, o de açúcar exportado por
Cuba sete e o de café exportado pelo Brasil doze. Em fins da década de 1850 o algodão
norte-americano dominava 77% do mercado consumidor britânico, 90% do francês, 60%
do germânico (Zollverein) e 92% do russo. Cuba produzia 25% do açúcar mundial e o café
brasileiro compunha mais de 50% da oferta no mercado, 11 época em que o Brasil tinha o
maior número de escravizados de sua história, numa cidade (Rio de Janeiro, capital) que
mais parecia uma cidade africana pela quantidade de negros africanos perambulando pelos
centros urbanos lutando para sobreviver, empregando todo o seu conhecimento e suas
habilidades trazidas de sua terra natal, entre elas a de curandeiros, barbeiros, sangradores

11
As informações sobre as exportações cubanas e brasileiras de açúcar e café e sua participação
no mercado mundial se baseiam em Marquese (2019, p. 147-148). Apud Gabriel Aladrem.
16

entre outras que ajudaram muito aquela sociedade que sofria com a escassez de médicos
por exemplo.
No Séc. XIX existiam várias categorias de escravizados, os de ganho que
trabalhavam nas ruas e vendiam suas habilidades ou produtos para seus donos, os que
trabalhavam na colheita, os que trabalhavam na casa grande e os que trabalhavam como os
curandeiros da fazenda, faziam o papel do médico, já que os donos não contratavam estes
especialistas para cuidar dos enfermos da fazenda. Segundos relatos da família Caravana,
Fabrício exerceria esse papel. Logo, é possível que ele fosse um curandeiro porque
trabalhava com ervas consideradas hoje como medicinais, no entanto, não há relatos de seu
trabalho como sangrador mesmo depois de falecido já na categoria de mentor espiritual.
Quando ele trabalha na cabeça dos médiuns da casa, sua prática corriqueira estava
diretamente atrelada às ervas medicinais, como observa o neto, Fabrícius Custódio de
Souza Caravana que também recebe a entidade em incorporação.
Também ainda não encontramos a informação de que estivesse registrado na
(Fisicatura Mor), uma espécie de ordem dos curandeiros e sangradores da época, onde eles
prestavam provas de que sabiam lidar com as ervas e técnicas de sangrador. Este era um
órgão responsável por regulamentar, normatizar e fiscalizar tudo ligado à saúde pública. 12
Existia uma hierarquia de prestígio em que os médicos oficiais estavam no topo da
pirâmide, seguidos dos curandeiros e parteiras que exerciam uma medicina alternativa e
auxiliar. Claro que esta medicina era muito confrontada porque estava muito ligada a uma
religiosidade africana baseada na ancestralidade, através das incorporações. Essa realidade
em uma época banhada pelo catolicismo era tradada como demonização e muito
perseguida.
O que se descreve em relação ao Kalundu na época fazia referência a práticas
mágicas ou mediúnicas, cultos com presença de danças, música, batuque de tambores,
atabaques. Para a colônia, era feitiçaria e tratada como crime tanto, pelo código civil das
organizações Filipinas como pelo tribunal eclesiástico. Então adivinhações, adoração aos
ancestrais africanos tidos como demônio pela igreja católica, eram também consideradas
crimes pela justiça da época, leia-se: igreja católica os punia severamente.

12
As informações sobre essa questão do sangrador e suas funções foram retiradas do
documentário disponível em https://www.youtube.com/watch?v=P7GYjFbYXdk editado e publicado
pela TV Brasil e também constam em vários livros sobre a escravidão no Brasil.
17

As práticas de feitiçaria, por exemplo, eram punidas com pena de morte. Sempre
houve um grande temor sobre os conhecimentos dos africanos, tanto quanto as ervas,
quanto aos conhecimentos espirituais ou mágicos.
Quando os poucos médicos com seus parcos recursos já haviam desenganado o
corpo, os escravizados que trabalhavam com o Kalundu, prometiam curar além dos males
do corpo, também os da alma. Assim Fabrício conquistou a admiração dos donos da
fazenda. Há fortes indícios de que o africano, curou o filho do administrador da fazenda
que sofria de epilepsia e este menino viria a ser a pessoa que iria levar os seus rituais de
cura pelos próximos séculos, e transformar no que conhecemos hoje como a Umbanda de
Pai Fabricio. O nome desse menino era Custódio de Souza Caravana.
18

3.1 – O ESCRAVIZADO FABRÍCIO NO CONTEXTO HISTÓRICO


INTERNACIONAL

FLUXOGRAMAS 1: CONTEXTO HISTÓRICO


Fonte: o autor

Revolução
industrial na
Europa a começar
pela
Inglaterra

África Brasil
1830 Império e suas províncias 
Europeus descobrem vastos Fabricio
territórios africanos com a Fundada a fazenda do secretário Último país da América latina
colonização europeia por onde o a abolir a escravidão
Africano era cativo
quase todo o continente

A religião
católica era a
oficial no
Brasil

Em 1830 o escravizado estava saindo de uma África que passava também por uma
vasta invasão dos europeus colonizando quase todo o continente. Na mesma época em que
o escravizado Fabricio estava sendo trazido para o Brasil, acontecia a Revolução industrial
na Europa, a começar pela Inglaterra, enquanto isso, o Brasil passava pelo imperialismo
com suas províncias. A religião oficial do país já era o catolicismo.
No continente americano, o abolicionismo veio por meio de leis de emancipação
que ocorreram em países como a Colômbia, a Argentina e o México. As nações localizadas
na América que mantiveram a escravidão durante o século XIX foram os Estados Unidos,
Brasil e Cuba. Na América Latina, o último país a abolir o regime de escravidão foi o
Brasil. Abolida somente em 1888.
19

Nesta época no Brasil acontecia ainda em 1824 a promulgação da 1ª Constituição


do Brasil; em 1831: Dom Pedro I abdica do Trono; em 1835 se inicia a Guerra dos
Farrapos no Rio Grande do Sul; 1847 acontece o Golpe da Maioridade. Dom Pedro II
assume o trono brasileiro. Em 1850 ocorre a publicação da Lei Eusébio de Queiroz que
proibiu o tráfico de escravizados; 1864 começa a Guerra do Paraguai, em 1888 a princesa
Isabel assina a Lei Áurea que aboliu a escravidão, 1889: Proclamação da República.
Vale ressaltar, que como o Brasil, África também foi colonizada por Portugal em
algumas regiões costeiras. Segundo o compêndio: História Geral da África em seu volume
V, que trata o século XIX pré-colonização e pós colonização, fica claro que os portugueses
pretendiam dominar os territórios que vão de Angola a Moçambique e dominavam
intermitentemente a região que se estendia de Loje, a Sul do Cuanza, até Casanga
(Kasanga), a Leste, além de suas feitorias situadas na costa, entre Ambriz e Moçâmedes.
Em Moçambique, a dominação portuguesa limitava-se, em 1800, à Ilha de Moçambique
que exportou muitos escravizados para o Brasil. Nessa ilha, os mercadores brasileiros e
mulatos desempenhavam um papel mais importante do que os administradores
portugueses.
20

Conclusão

Figura 8: Figura 8: Aquarela Açoitamento de escravos na Ponta do Calabouço, de Augustus Earle


(1793-1838), retratando as punições aos escravos no Brasil.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/quilombo-manoel-congo.htm

A Segunda escravidão na cidade de Vassouras, assim como todo o território


nacional, revela um pouco da luta e dificuldades que os escravizados tinham de superar
para manter a sua fé, seja através do sincretismo, hibridismo ou discurso oculto, tudo era
necessário para manter pelo menos essa cultura trazida consigo do continente africano, a
sua fé em seus orixás e seus ancestres, e que foi severamente tratada como primitivismo,
barbárie e passível de grandes punições por parte da cultura empunhada pelos europeus
como a mais evoluída e por tanto, mais aceitável. Mas também revela um momento de
grandes insurreições.
21

Todo o contexto da segunda escravidão vivenciada na cidade de Vassouras no


Séc. XIX pelo escravizado Fabrício muito influenciou para o desenvolvimento desta
prática religiosa hoje conhecida como a Umbanda de Pai Fabrício no Brasil, que
inicialmente era praticada como Kalundu com traços da Nação Omolokô, e assim ficou
conhecida por muito tempo. Esta que era uma prática religiosa realizada às escondidas nas
senzalas da fazenda e também nas florestas para fugir da repressão policial e dos senhores
das fazendas, que praticavam como a maioria dos brasileiros, seja por coerção ou por
tradição trazida de Portugal, o catolicismo ortodoxo.
Mas a segunda escravidão, também trouxe outras realidades que mais adiante
não sustentaram essa prática escravista, por conta da necessidade de aumento dos lucros e
menos perdas de mão de obra e mercadorias, afinal, ao contrário do que contam os livros
didáticos, os escravizados não aceitavam essa situação de escravidão passivamente e
muitas insurreições ocorreram nesta época, e não foi diferente em Vassouras que ficou
conhecida por suas grandes rebeliões, como foi o caso de João Congo enforcado em praça
pública depois de liderar uma fuga de mais de 600 escravizados em 1839. A sentença foi
cumprida no Largo da Forca. Esta foi considerada uma das maiores rebeliões escravistas
desta região no século XIX, liderada em parceria com os negros Epifânio Moçambique,
Mariana Crioula, João Angola e que contou ainda com outras cabeças pensantes. Uma fuga
épica, digna de livros, teatro, televisão e cinema. 13

13
https://revistavaledocafe.com.br/2020/03/20/uma-insurreicao-que-abalou-o-imperio/
22

REFERÊNCIAS
ACCIOLI, Nilma Teixeira. Das Casas de dar fortuna ao Omolokô: Experiências
religiosas de matrizes africanas no Rio de Janeiro (1870-1940). Rio de Janeiro, v. 1,
f. 1, 2017. 292 p Tese (história) - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO, 22017. Aires: Sigilo XXI, 2007, caps. 2, 3 e 4.
ANDRADE, D. E. J. Edward Thompson: historiador dos movimentos sociais. 2012.
(Apresentação de Trabalho/Simpósio)
BARROS, José D`Assunção: História Comparada. Rio de Janeiro. Vozes, 2014.
BARROS, José D' Assunção. Fontes Históricas: Introdução aos seus usos
historiográficos. Petrópolis: Vozes, 2019. 357 p.
BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia: Rito Nagô. Tradução Maria Isaura Pereira
Queiroz. 1. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, v. 313, 1961. 370 p.
BLACKBURN, ROBIN. “POR QUE SEGUNDA ESCRAVIDÃO?” IN: MARQUESE.
BLOCH, M. Para uma história comparada das sociedades europeias In: História e
historiadores. Lisboa: Teorema, 1998, p. 119-150.
BURKE, P. Métodos e modelos In: História e teoria social. São Paulo: UNESP, 2002, p.
119-150. (Lisboa: Teoremas).
CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros. 3. ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense Universitária, 1988. 263 p.
CARDOSO, C.F; PÉREZ BRIGNOLI, H. O método comparativo na história In: Os
métodos da história. Rio de Janeiro: Graal, 1983, p. 409-419.
DAVIS, Natalie Zemon. Culturas do Povo. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1990, p. 23-61; 87-106;
DE OMULU, Caio. Umbanda Omolokô: liturgia, rito e convergência. 1 ed. São
Paulo: Ícone, v. 1, 2002. 402 p.
DETIENNE, Marcel. Comparar o Incomparável. SP: Ideias & Letras, 2004. 184 p.
Eric. R. Wolf. A Europa e os povos sem história. São Paulo: Edusp, 2005 (1982).
Introdução, pp 25-48 e Cap. 6, “O comércio de peles”, pp.201-242).
Escravidão e capitalismo histórico no século XIX: [recurso eletrônico] : Cuba, Brasil e
Estados Unidos / organização Ricardo Salles e Rafael Marquese. - 1. ed. - Rio de Janeiro :
Civilização Brasileira, 2016. Recurso digital Formato: epub.
23

Gabriel Aladren. Comentário sobre “Segunda escravidão, espaços econômicos e


diversificação regional no Brasil Imperial”. In Mariana Muaze e Ricardo Salles (orgs). A
segunda Escravidão e o império do Brasil em perspectiva histórica. São Leopoldo: Casa
Leiria, 2020, pp 145-171.
Ginzburg, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido
pela Inquisição. Editora Companhia das Letras, 2017.
-----------------------------mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. Tradução de Federico Carotti.
São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
Gomes, Flávio dos Santos. Mocambos e Quilombos: Uma história do campesinato negro
no Brasil -1 ed, - São Paulo: Claro Enigma, 2015 (Coleção Agenda Brasileira).
KI-ZERBO, Joseph. História geral da África, I: Metodologia e pré-história da
África. Brasília: UNESCO, 2010. 992 p.
KOCKA, Jürgen. Comparacion and Beyond: History and Theory. Studies in the
philosophy. 1. Ed, v. 42. 2003.
LACAPRA, Dominick. Escribir la historia, escribir el trauma. Buenos Aires: Ediciones Nueva Letras,
2007, caps. 13 e 14.
LINARES, Ronaldo Antônio; FERNANDES TRINDADE, Diamantino; COSTA, Wagner
Veneziani. Iniciação à Umbanda. São Paulo: Madras, 2015. 223 p.
OLIVEIRA, Roberto Francisco de. Hibridação Bantu: o percurso cultural adotado por um povo. Tese de
doutorado (Curso de doutorado em Ciências da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás,
Goiânia, 2015.
LOBO, Olivia Dulce. Laura Congo e família escrava do barão de Tinguá: reflexões sobre a família no
Vale do Paraíba Fluminense (1830-1888). Rio de Janeiro, 2017.
SALLES, RICARDO. ESCRAVIDÃO E CAPITALISMO HISTÓRICO NO SÉCULO
XIX. RIO DE JANEIRO: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA. 2016
TOMICH, Dale. Pelo prisma da escravidão. Trabalho, Capital e Economia Mundial. São
Paulo: Edusp, 2011.
VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás: Deuses iorubás na África e no Novo Mundo. Tradução
Maria Aparecida da Nóbrega. 5. ed. Salvador: Corrupio, v. 613, 1997. 295 p.
WERNER, Michael; ZIMMERMANN, Bénédicte. Pensar a história cruzada: entre
empiria e reflexividade. Textos de história, v. 11, f. 1-2, 2003, p. 63-127.
24

FONTES
CUMINO, Alexandre. História da Umbanda: Uma religião brasileira. 2 ed. São
Paulo: Madras. 2011. 400 p.
Inventario da Fazenda do Secretário. Disponível em Inventário das Fazendas do Vale do
Paraíba Fluminense - Fazenda do Secretário (institutocidadeviva.org.br) Consultado em
16/11/2022
Omolubá. Fundamentos da Umbanda: revelação religiosa/Omolubá. 3 ed. São
Paulo: Cristales Editora e Livraria, 2004. 126 p.
SARACENI, Rubens. Código de Umbanda. São Paulo: Madras, 2004. 569 p.
UMBANDA, Acervos. História do Omolokô. Acervos. Disponível
em: https://acervos.wordpress.com/2007/07/27/historia-do-omoloko/. Acesso em: 1 fev.
2019.
UMBANDA SAGRADA, Site Sereia de Aruanda. Ibeji e Ibejada - As Crianças na
Umbanda. Disponível em: http://sereiadearuanda.blogspot.com/2016/07/ibeji-e-ibejada-
as-criancas-na-umbanda.html. Acesso em: 9 mai. 2019.
SÁ, Marco Antônio Fontes de. Leitura da Cosmologia Bantu escrita com a luz nas
festas de N. Sra. do Rosário e São Benedito. 2016, Dissertação de Mestrado em Ciência
da Religião, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016.
SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2006. SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Editora
Ática, 2005.
UMBANDA, Acervos. História do Omolokô. Acervos. Disponível em:
https://acervos.wordpress.com/2007/07/27/historia-do-omoloko/. Acesso em: 1 fev. 2019.
UMBANDA SAGRADA, Site Sereia de Aruanda. Ibeji e Ibejada - As Crianças na
Umbanda. Disponível em: http://sereiadearuanda.blogspot.com/2016/07/ibeji-e-ibejada-
as-criancas-na-umbanda.html. Acesso em: 9 mai. 2019.

Você também pode gostar