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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MÁRCIA VICTÓRIA ELISIO BARBOSA

O SAGRADO FEMININO E A MULHER NA PERFORMANCE

SÃO PAULO

2021
MÁRCIA VICTÓRIA ELISIO BARBOSA

O SAGRADO FEMININO E A MULHER NA PERFORMANCE

TRABALHO ACADÊMICO PARA CONCLUSÃO DE


CURSO, APRESENTADO AO CURSO DE
BACHARELADO EM ARTES VISUAIS.

ORIENTADOR: MANUEL FABRICIO ALVES DE


ANDRADE.

SÃO PAULO

2021
Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

B238m Barbosa, Márcia Victória Elisio


O Sagrado Feminino e a Mulher na Performance
Orientador Manuel Fabricio Alves de Andrade. - São Paulo, 2021.
45 f.

Monografia- Programa de Graduação para FMU-


Faculdades Metropolitanas Unidas. Área de concentração:
Artes Visuais.

1. Sagrado Feminino. 2. Performance. I. de Andrade, Manuel


Fabricio Alves, orient.II. Projeto: O Sagrado Feminino e a Mulher na
Performance.
MÁRCIA VICTÓRIA ELISIO BARBOSA

O SAGRADO FEMININO E A MULHER NA PERFORMANCE

Trabalho Acadêmico para Conclusão de


Curso apresentado ao Curso de Artes Visuais.

Data de aprovação:
__/__/___

Prof. Dr Manuel Fabricio Alves de Andrade


FMU - Orientador

SÃO PAULO

2021
RESUMO

A partir de estudos teóricos em diversas disciplinas durante o curso de Artes Visuais,


foi possível a reflexão acerca da dança, do movimento e das possibilidades do corpo,
ampliando o repertório teórico e do imaginário, abordando também suas grandes
dimensões e pluralidade étnica, dentre outras temáticas importantes no campo das
belas artes que contribuíram para a construção teórica e prática desta monografia.
Esta Pesquisa e Criação Artística teve como objeto de estudo o corpo feminino e a
simbologia da bruxaria para o sagrado feminino de cada mulher, evidenciando o
sangue menstrual como poder transformador e poético de luta, sexualidade, gênero e
autoconhecimento, dialogando com o feminismo. A escolha de uma vídeo performance
para apresentar a poética e teoria, dialoga com o caráter de diversidade,
empoderamento e resistência das Bruxas, simbolizados pela luta constante das
mulheres. Em termos práticos, a foto performance será feita em torno de realizar
movimentos por meio das mãos com o sangue menstrual no corpo e roupas, ações as
quais serão registradas as fotografias e transformadas em “Gifs” animados.

Palavras-chave: Sagrado Feminino. Performance. Bruxaria. Feminismo. Corpo


feminino. Sexualidade. Gênero.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Representação da Deusa .................................................................13

Figura 2 – Representação do Deus Cornífero ...................................................14

Figura 3 – Ask The Goddess, 1993-97 ..............................................................15

Figura 4 – Dança no Círculo de Mulheres .........................................................15

Figura 5 – Lua Tríplice .......................................................................................18

Figura 6 – Roda do Ano .....................................................................................19

Figura 7 – Pentagrama ......................................................................................19

Figura 8 – Rape Scene ......................................................................................24

Figura 9 – Glass on Body ..................................................................................24

Figura 10 – Exposição de Ícones do Gênero Humano ......................................25

Figura 11 – Ask The Goddess ………………………….......................................26

Figura 12 – Vulva's Morphia (1995)....................................................................26

Figura 13 – Sangue: texturas aplicadas I............................................................28

Figura 14 – Sangue: texturas aplicadas II...........................................................28

Figura 15 – Sangue: Conexao.............................................................................29


Figura 16 – Foto performance: Útera Sagrada (representação).........................30

Figura 17 – Foto performance: Útera Sagrada...................................................30

Figura 18 – Foto performance: Útera Sagrada (representação).........................31

Figura 19 – Recipiente com Sangue...................................................................31

Figura 20 – Frames: Foto performance...............................................................32

Figura 21 – Processo de edição das fotos..........................................................32

Figura 22 – Foto performance: Útera Sagrada (representação).........................33

Figura 23 – Logotipos da Identidade Visual........................................................36

Figura 24 – Foto performance: Útera Sagrada (representação).........................34

Figura 25 – Foto Performance: Útera Sagrada- Conexão...................................34

Figura 26 – Flyer informativo: Carrds..................................................................35

Figura 27 – Banner da Exposição (esboço)........................................................35

Figura 28 – Banner da Exposição.......................................................................36

Figura 29 – Flyer de divulgação (esboço)...........................................................36

Figura 30 – Flyer de divulgação….......................................................................36

Figura 31 – Escala Pantone….............................................................................38


Figura 32 – Logotipos da Identidade Visual…...................................................38

Figura 32 – Visualização do mosaico: Exposição no Instagram…....................39

Figura 34 – Publicações no Twitter…................................................................39

Figura 35 – Vulva…...........................................................................................40
Sumário
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

1.O SAGRADO FEMININO................................................................................... 12


1.1 Bruxaria............................................................................................................ 18
1.2 O Sagrado Feminino nas Artes Visuais........................................................... 20
2.PERFORMANCE................................................................................................ 21

2.1 O que é Performance....................................................................................... 21

2.2 Performances Feministas................................................................................. 23

3.RECUPERANDO O CORPO, RETOMANDO A TERRA.................................... 28

3.1 Exposição......................................................................................................... 35

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 40

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 41
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INTRODUÇÃO

Entender as questões históricas da luta feminista é de extrema importância


para as mulheres no geral e para mulheres artistas que buscam inserir ao seu
repertório artístico (poético, visual etc.) essa pauta em questão. Além de trazer a
possibilidade de aumentar o autoconhecimento do próprio corpo e pensamento.
Os pensamentos e estudos do tema foram sintetizados de forma que o leitor
crie associações entre os elementos gráficos (a performance, vestimenta e o sangue
menstrual) e o artigo escrito. Analisar-se-á os movimentos produzidos pelo corpo da
performer, os recursos materiais e fisiológicos utilizados que fazem alusão às
epistemologias feministas, a fim de compreender a importância do poder feminino e
impacto que o feminismo tem na sociedade.
Através de estudos teóricos, relatos de experiências no círculos de mulheres,
Coletivo Tecelãs, foram explicados os termos: o sagrado feminino e a bruxaria, o que
é performance e as performances feministas, e por fim, como cada um desses tópicos
nos impacta enquanto mulheres e na sociedade contemporânea.
O Sagrado Feminino é considerado um estilo de vida, o qual tem como um de
seus focos principais abordar a força feminina, filosofia que é praticada em grupos
(círculos de mulheres) ou de forma solitária, onde realizam danças, estudos e rituais
exercitando a comunhão e partilha de experiências. (WOOLGER, 1993).
A partir das informações, da análise dos livros “Manual de Introdução a
Ginecologia Natural”, Pérez (2009), “Mulheres Que Correm Com Os Lobos”, Pinkola
(1999), “A Deusa Interior: Um Guia sobre os eternos mitos femininos que moldam
nossas vidas”, Woolger (1993) e artigos diversos a pesquisa e construção poética se
desdobrou da seguinte maneira:
1. Estudo dos eixos: O Sagrado Feminino e Bruxaria e o seu poder
transformador e simbólico para a mulher na sociedade contemporânea.
Abordando o corpo feminino além da sexualidade por si só, as
possibilidades do corpo da mulher liberto de tabus e métodos de
transformar este estudo/discurso em uma produção performática.

2. Entender o que é Performance e analisar a performance do ponto de vista


feminista, seus desdobramentos até a atualidade.
11

Ressaltando que esta pesquisa parte de conceitos da descolonização do


corpo feminino e decolonização do imaginário, em detrimento de uma
autodeterminação perante o patriarcado e da medicina tradicional.

Ainda que as bruxas estejam queimadas, sempre existe uma luz, e


sem medo nos erguemos perante este mundo fragmentado de filhas
órfãs e mães maltratadas. Porque não perdemos nada no lugar mais
profundo e cálido da memória da carne: o grande ventre que ainda
abriga toda a vida humana. Ali, a serpente ainda dança, os nossos
corpos ainda nos pertencem, ingovernáveis e misteriosos, ainda
capazes de fazer desta vida uma festa e dos nossos nascimentos
todos os orgasmos que merecemos. (PÉREZ, pág.30)

Nas reflexões em busca de uma referência estética, surgiram os nomes: Marcia


X, Ana Mendieta e Carolee Schneemann– artistas visuais e performers que
trabalham como o tema da diáspora feminista, e a visualização das obras “Exposição
de Ícones do Gênero Humano 1988” de Márcia X, “Rape Scene, 1973” de Ana
Mendieta e “Ask the Goddess, 1993-97” de Carolee Schneemann que atuaram como
gatilho disparador para ideias que definiram a elaboração da obra final.
Pérez (2009) defende, investiga e reúne de maneira independente as tradições
e saberes ancestrais de cura com o uso de ervas medicinais para a saúde sexual das
mulheres no livro “Manual de Introdução à Ginecologia Natural”; Pinkola (1999),
defende o empoderamento da mulher em seu livro “Mulheres que correm com lobos”;
Woolger (1993) constrói o estudo da psique feminina e seu empoderamento através
dos arquétipos das deusas dos mitos clássicos, sendo esses os assuntos utilizados
como base teórica para o projeto, definiu-se o tema – O Sagrado Feminino e a Mulher
na Performance. Foi utilizado o corpo feminino como suporte, mantendo-se o diálogo
com o tema, as referências teóricas e estéticas.
A leitura do livro de Pérez (2009) trouxe grande inspiração teórica e
criativa/poética, por invocar uma luz reflexiva sobre todo o machismo estrutural
enraizado socialmente e dentro de nós, tanto na medicina como no cotidiano, por
exemplo a ideia de que o corpo da mulher seria uma extensão do masculino, e desde
a Grécia Antiga até o final do século XIX, por exemplo, acreditava-se que a histeria,
um tipo de neurose, era uma “doença” exclusiva das mulheres. A própria origem da
palavra demonstra uma falta de conhecimento, por séculos, do corpo da mulher:
histeria vem do grego, “hystéra”, que significa útero. Útero este que é sagrado e
motivo principal da criação artística aqui apresentada, para conectar e transformar o
pensamento próprio e do expectador. (PÉREZ, 2009).
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Ao abordar a histeria citada acima, foi necessário trazer uma ressalva para a
questão de gênero, onde podemos estabelecer as diferenças entre os termos sexo e
gênero, o sexo está ligado à composição cromossômica do indivíduo e ao tipo de
aparelho reprodutor desta composição, entretanto esse significado foi muito
expandido abrangendo características comportamentais ou psíquicos consideradas
típicas entre homens e mulheres (BUTLER, 2003).
Chegamos assim à definição do gênero como a soma das características
psicossociais consideradas apropriadas a cada grupo sexual, sendo a identidade de
gênero o conjunto destas expectativas, internalizado pelo indivíduo em resposta aos
estímulos biológicos e sociais. Sendo assim os papéis atribuídos aos homens e
mulheres podem ser influenciados a esses conceitos estabelecidos pelas expectativas
do grupo e do próprio indivíduo, de uma forma “correta” de exercer o seu papel,
estando diretamente ligados a construções sociais, não somente a suas
características biológicas naturais de um corpo sexuado. (UNGER, 1979).
Esta Pesquisa/Criação Artística teve como objeto de estudo o corpo feminino e
a simbologia da bruxaria para o sagrado feminino e na performance, evidenciando o
sangue menstrual como poder transformador e poético de luta, sexualidade, gênero
e autoconhecimento, dialogando com o feminismo.
A partir desses estudos foi definido e elaborada a obra final – O Sagrado
Feminino: Útera Sagrada. Foi realizada uma performance que usou o sangue
menstrual para criar símbolos e movimento junto ao corpo da performer.
A performance une o tema do Projeto Pesquisa/Criação Artística – O Sagrado
Feminino: Útera Sagrada - aos estudos sobre performance, especialmente os textos
“O que é performance?”, de Richard Schechner e “A Arte da Performance”, de
Roselee Goldberg.
A Ação foi realizada com sangue menstrual, utilizado para desenhar símbolos
no corpo e roupas, manchas livres de sentimentos que surgiram durante a gravação
da performance e criou ações entre o sangue e o corpo da performer.
Com intuito de “improvisar” ações com o sangue, causar impacto e chocar o
espectador com a performatividade com este sangue menstrual que ainda é
considerado um tabu em nossa sociedade. Trouxe então a reflexão do corpo que traz
a discussão do eu e do outro, situação e movimento. O corpo, sua presença física ou
mediada é a medida da performance.
A união em torno da luta pelo direito de exercer sua liberdade de expressão,
manutenção de suas crenças e autonomia sobre o próprio corpo foram os principais
13

elementos na unanimidade da escolha desse tema para o Projeto de Criação Artística,


juntamente com a história do feminismo, por representar luta que não cessa e pela
relação direta com as artes e movimentos do corpo.
A escolha de uma performance, composta por Gifs animados e um vídeo curto
para apresentar a poética e teoria, dialoga com o caráter de diversidade,
empoderamento e resistência das Bruxas, simbolizados pela luta constante das
mulheres. Há grande contribuição teórica e criativa para aprimorar outros estudos que
já vêm sendo realizados, além de ampliar o conhecimento para as questões do corpo
feminino dentro da performance nas artes visuais e ter a possibilidade de evoluir as
pesquisas nesta área.
Foram visualizadas também, possibilidades de contribuir para o campo das
artes com o estudo que visa unir a performance, a relação com o divino na bruxaria e
espiritualidade e o corpo da mulher, apresentando uma nova visão de estudo para
intensificar o diálogo no contexto feminista, na busca por aceitação, rompimento de
tabus patriarcais e nos processos criativos de artistas mulheres.
A partir de outros projetos já realizados e grande contato com este universo,
foram definidas como temas para pesquisas iniciais, os tabus que o corpo da mulher
sofre – como questões de castidade, pressão estética, opressão e feminicídio.
Em termos práticos, a performance foi feita em torno de realizar movimentos
por meio das mãos com o sangue menstrual no corpo e roupas, ações as quais foram
registradas no formato de um vídeo curto e fotografias, as quais foram compiladas em
um Gif animado. As principais etapas seguiram por criar movimentos lentos e
cuidadosos do sangue no corpo.
Utilizar como referência visual as artistas Ana Mendieta, Márcia X e Carolee
Schneemann potencializou a percepção das etapas e ações realizadas de forma
consistente, passar pelas obras escolhidas ajudou a definir desde o início a
metodologia a ser seguida.

1. O SAGRADO FEMININO
O sagrado feminino é um dos principais conceitos estudados e discutidos dentro
da bruxaria, com busca na liberdade e consciência da mulher, que culturalmente, tem
sido conduzida sob a negação e, ao mesmo tempo, o medo de uma sociedade
patriarcal-falocêntrica que tem visto as mulheres como um inimigo insurgente frente à
sua posição de poder. (PINKOLA, 1999).
14

No imaginário poético ligado ao sagrado feminino, entende-se essa sacralidade


fortemente ligada à Mãe Terra/ Deusa Mãe, este imaginário e sagrado, não são
somente um fator místico que nos conecta conosco e com a Deusa, mas também fator
que nos conscientiza de nossos corpos e propõe respeitá-lo como templo sagrado.
Figura 1 Representação da Deusa.

Fonte: Lúthien Númenessë (2006)

Esse corpo e os princípios femininos, são dádivas que a natureza nos


proporcionou, entretanto são interpretadas de forma totalmente errônea e equivocada
pelo patriarcado na construção social a qual vivemos, como o próprio ciclo menstrual,
os princípios maternais e a sexualidade das mulheres, que são princípios concedidos
pela Deusa Mãe, que geram e sustentam nossas vidas. (GRAY, 2017; PÉREZ, 2009).
Pinkola (1999, p. 14) define a “Deusa” como:
Ela é idéias, sentimentos, impulsos e recordações. Ela ficou perdida e
esquecida por muito, muito tempo. Ela é a fonte, a luz, a noite, a treva e o
amanhecer. Ela é o cheiro da lama boa e a perna traseira da raposa. Os
pássaros que nos contam segredos pertencem a ela. Ela é a voz que diz, "Por
aqui, por aqui”.

O sagrado masculino também é um ponto importante a ser posto em pauta, pois


ele habita em nós juntamente com o feminino, se complementando harmonicamente,
o masculino encontra-se descrito e representado na bruxaria pela figura do Deus
Cernunnos, nas tradições Celtas (também chamado de Chifrudo) ligado a fertilidade e
colheita próspera, com grandes chifres de veado.
15

É necessário despertar ambas as imagens, que deveriam ser equilibradas e


compatíveis, cada uma aceita em seu próprio direito. O mito do masculino e
o mito do feminino não são os mesmos, nem são separados. Eles estão
entrelaçados, tecidos juntos em equilíbrio e harmonia. (PINKOLA pág. 110).
O feminino e o masculino estão intrínsecos em nós, mas nem sempre essas
energias estão em harmonia, devido a construções sociais que as colocam como
incompatíveis.
Figura 2 Representação do Deus Cornífero

Fonte: Andrea Koupal (2005)

Precisamos reconhecer o espaço importante que o Sagrado Feminino possui,


e que durante muito tempo foi escondido de nós, e possamos indagá-lo, explorá-lo
livremente, a partir de uma perspectiva própria, isenta de tabus, medos, moral ou
padrões. Um método de exercer essa exploração nas artes é com a performance,
pelas possibilidades de uso do corpo como ferramenta artística e poética, como
observamos na obra “Ask the Goddess, 1993-97” de Carolee Schneemann.
Figura 3 “Ask the Goddess, 1993-97”, Carolee Schneemann.

Fonte: Centre Pompidou. Disponível em:

https://www.centrepompidou.fr/en/ressources/oeuvre/cRR58A9
16

Onde a artista personifica uma vulva irreprimível, que envolve dois fantoches
de mão em uma desconstrução do preconceito sexual na semiótica francesa, do
marxismo, das religiões patriarcais e tabus físicos. (ELECTRONIC ARTS INTERMIX,
1999?).
O Sagrado Feminino é uma filosofia de vida antiga que exalta a essência e a
conexão harmoniosa da mulher consigo e com a natureza. É a consciência dos ciclos
femininos (como o menstrual), da capacidade de criação e acolhimento (gestação) e
da força da mulher. Essa busca pela conexão e autoconhecimento é feita nos círculos
de mulheres, onde cultuam as Deusas e partilham experiências. Nestes grupos é
possível compreender que as mulheres são muito mais do que foram doutrinadas a
ser. (GRAY, 2017, p.19-48).

Figura 4 Dança no Círculo de Mulheres.

Fonte: Curandeiras de Si (2017)

O estudo e busca pelo Sagrado Feminino e arquétipos das Deusas, nos


fortalecem espiritualmente, eleva nossas consciências para os cuidados com o nosso
corpo físico, sendo curandeiras de nós mesmas, abrindo-nos a possibilidade de olhar
nossas feridas e mergulhar na autocura. (PÉREZ, 2009).
É necessário esvaziar a nossa útera/coração da dor que atormenta o nosso
equilíbrio, nos limpar das sombrias palavras, imagens e tabus que nos impedem de
valorizar a nossa própria natureza. (PÉREZ, 2009, pág.144)
O autoconhecimento dentro dos círculos de mulheres permite a desconstrução
gradual dos preconceitos patriarcais que carregamos desde nosso nascimento,
esvaziando e limpando a mente e Útera (termo utilizado por Pérez (2009) para atribuir
o sentido espiritual e filosófico da importância da valorização e cuidado com o útero).
O que ajudou diretamente a compreender a motivação de minha criação artística ao
utilizar meu sangue menstrual para ressignificar e desconstruir meus hábitos e
pensamentos.
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Na poética do sagrado feminino, existem arquétipos das Deusas, como por


exemplo, o arquétipo misterioso e irresistível da mulher sábia, este por sua vez
pertence a mulheres de todas as idades e se manifesta sob formas e aspectos
singulares na vida de cada mulher. E ao longo de muitas histórias e mitos, as
personagens femininas retratam então os arquétipos de aspectos da Divindade
Feminina, representando a pluralidade que há em uma mesma mulher, os arquétipos
por sua vez são construções sócio-culturais, além de suas interpretações místicas
ligadas ao divino. E neste sentido, segundo Woolger (1993), podemos perceber
semelhanças arquetípicas das mulheres contemporâneas com as deusas e
divindades gregas, hinduístas, por exemplo. Assim como os arquétipos específicos
que o patriarcado possui. (WOOLGER, 1993).
Ser jovem enquanto velha e velha enquanto jovem" — o que significa estar
plena de um belo conjunto de paradoxos mantidos em perfeito equilíbrio. Está
lembrada? A palavra paradoxo significa uma ideia contrária à opinião de
aceitação geral. É o que acontece com a grand mère, a maior das mulheres,
a grande madre... porque ela é uma sábia em preparação, que mantém unidas
as grandes e totalmente úteis capacidades aparentemente ilógicas da psique
profunda. (PINKOLA, 1999, pág.4)

Ser sábia não chega de forma perfeita e de repente para nós, esta grande
perspicácia, capacidade de premonição, expansividade, sensualidade, a criatividade,
e coragem para o aprendizado, se moldam como uma capa sobre os ombros de uma
mulher de determinada idade, é jornada de aprendizado e descoberta com a busca
do autoconhecimento (GRAY, 2017).
Podemos observar as nuances dos arquétipos analisando os mitos e lendas,
onde inclusive existe uma configuração sem paralelo, a qual uma jovem está em
situação angustiante, e em alguns casos um príncipe aparece para “salvá-la”, mas
também podemos observar o surgimento de uma velha sábia que se materializa
como que surgindo do nada, lançando sua poeira mágica ao redor e batendo no chão
com sua bengala de abrunheiro, velha esta que traz ensinamento nas entrelinhas de
sua atuação nesta história, sendo uma outra visão da própria jovem donzela, ela é a
anciã "que sabe" e surge de repente para ajudar a mulher mais jovem (GRAY, 2017).
Quer essa idosa seja uma velha enrugada ou uma feiticeira com seus
amuletos, quer ela seja uma mutante ou uma maga sensual, quer esteja
usando trajes de ervas, vestido do brilho do pôr-do-sol, manto da meia-noite
ou uniforme completo de combate. (PINKOLA, 1999, pág.8).
18

Existem muitos contos que falam sobre os arquétipos de “donzela”, “mãe” e


“anciã”, um desses exemplos se encontra na representação do arquétipo da Deusa
“Anciã” (mulher sábia, que já está na menopausa e não verte mais o sangue), na
história “A Bela Adormecida” quando a jovem Aurora encontra uma velha desconhecia
fiando, e como previsto, espeta o dedo no fuso e, imediatamente, cai adormecida.
Esse ato de “espetar o dedo” é usado como metáfora do primeiro sangue menstrual
da princesa. (GRAY, 2017, p. 80).
Interpretações deturpadas dos mistérios femininos em uma perspectiva
moderna acaba por omitir a importância e a experiência individual (e de um grupo de
mulheres) do ciclo menstrual. Na mitologia, por sua vez, eram expressos os ritmos
externos e as energias da vida, os ritmos internos e as energias vivenciadas pelas
mulheres na fase menstrual. Esses ritmos estavam tão intrinsecamente ligados ao
entendimento próprio que as mulheres tinham da Lua, da Terra e da Deusa da Vida,
que a visão superficial da modernidade – relacionada sobretudo a tabus culturais –
teria sido impensável para as mulheres do passado. Os arquétipos da Donzela, da
Mãe, da Feiticeira e da Bruxa Anciã oferecem o entendimento da verdadeira natureza
da mulher e evidenciado o quanto é importante tomar consciência dessa natureza.
(GRAY, 2017)
Na história “O Despertar”, que acompanha a trajetória da jovem Eva, ciclo
menstrual é apresentado de forma muito significativa, acompanhando a trajetória de
Eva na descoberta da sua primeira menstruação, trazendo imagens de mulheres que
representam cada fase do ciclo menstrual (A Dama Vermelha é a Feiticeira, ou a
madrasta má, tem o poder da visão, da magia, da transformação e da verdade).
Podemos encontrar também referências bíblicas, de Eva do Jardim do Éden e Eva de
“O Despertar”, que despertaram para a própria condição de mulher adulta por meio
da intervenção de uma serpente. (GRAY, 2017, p. 29-90).

1.1 Bruxaria
Existem três pontos de vista principais sobre o que é bruxaria: o primeiro ponto
de vista é o antropológico e demonstra que bruxaria é sinônimo de feitiçaria; o
segundo é o histórico, que através de documentos escritos coloca qualquer tipo de
bruxaria como práticas/tradições ancestrais, com uma relação harmônica com os
ciclos e estações do ano, normalmente ligados a colheita; o terceiro é o da bruxaria
moderna ou hodierna, que defende a bruxaria como uma forma de religião pagã (ou
19

neopagã), esse último sendo um ponto de vista normalmente defendido por


Wiccanos. (RUSSELL; ALEXANDER 2019).
No sentido etimológico, há indícios de que a palavra bruxa nasce na Era
Antiga, na Península Ibérica, que sua origem seria anterior à invasão romana e por
consequência anterior ao próprio latim. Na terminologia antropológica, as bruxas
diferem dos feiticeiros porque não usam ferramentas físicas ou ações para
amaldiçoar; seu malefício é percebido como algo que se estende de alguma
qualidade interna intangível, e um pode não ter consciência de ser uma bruxa, ou
pode ter sido convencido de sua natureza pela sugestão de outros. (GARDNER,
2003).
Segundo GARDNER (2003), a Bruxaria moderna possui muitas ramificações
hodiernas da bruxaria que praticam o culto à Deusa e/ou ao Deus em sistemas que
variam de uma deidade única hermafrodita ou feminina à pluralidade de panteões
antigos (panteões celta, egípcio, assírio, greco-romano e normando (viquingue).
Algumas vertentes modernas, como a Wicca, não reconhecem o diabo ou outros
elementos judaico-cristãos em suas práticas. Grande parte dos grupos de praticantes
hodiernos considera, inclusive, que diversas deusas antigas são diferentes faces de
uma única Deusa.
Seguidoras do Sagrado Feminino e Bruxaria Natural cultuam a Deusa
conhecida como a Deusa Tripla ou Tríplice, representada pela simbologia da lua
Tríplice constituída pela lua crescente, lua cheia e a lua decrescente, com a prática
de feitiçarias baseadas nos princípios da natureza, com influências astrológicas, os
signos do zodíaco, sons, plantas, pedras minerais (referidos popularmente como
cristais), influência das estrelas e planetas, o tarot, as estações do ano e trabalho
devocional com seres elementais (Devas Guardiões), como os Duendes, Ondinas e
Fadas, seres mágicos que auxiliam em suas magias e proteção (GORI, 2012).
Figura 5 Lua Tríplice.

Fonte: Blossom of Love

As celebrações vinculadas a religião neopagã Wicca – religião pagã herdeira


das tradições e crenças das comunidades européias anteriores ao cristianismo,
20

condenados e perseguidos pela Igreja Católica especialmente na época da


Inquisição– se fundamentam na reintegração do ser humano à natureza, por meio
dos ritos em torno dos Sabás (ciclos solares) da Roda do Ano (festividades que
comemoram as estações do ano, equinócios e solstícios), além da celebração dos
Esbás, para os ciclos da Lua. (RUSSELL; ALEXANDER, 2019; GORI, 2012).

Figura 6 Roda do Ano

Fonte: Santuário Lunar (2018)

Nas práticas Wiccanas, assim como na Bruxaria Natural, também são usados
os pentagramas para feitiços. O pentagrama é o símbolo da magia que está
relacionado com a adoração da natureza representado por uma estrela de cinco
pontas. Cada uma das pontas representa: água, fogo, terra, ar e o espírito (ponta da
estrela que está voltada para cima). (GORI, 2012)

Figura 7 Pentagrama

Fonte: Sahem (2012)

Cohn (1975) cita que todo o quadro medieval de bruxas lançando feitiços e
entrando em comunhão com o Diabo foi uma projeção paranóica de uma Igreja
21

ginofóbica. Essas mulheres tinham que atuar bem fora dos limites da ortodoxia cristã,
praticando artes de cura não muito distantes das que muitas mulheres estão
recuperando hoje e redescobrindo nas tradições xamanísticas nativas da América do
Norte e do Sul, e de outras partes. (WOOLGER, 2007, P. 317-318).

1.2 O Sagrado Feminino nas Artes Visuais


O Sagrado Feminino aplicado às Artes Visuais encontra-se nas poéticas, que
se fazem necessárias para explicar a força vital de uma mulher: na dança, pintura, na
escultura, nos ofícios do tear e cuidar da terra, o teatro, os adornos pessoais, as
invenções, a escrita, estudo a partir de livros e dos nossos sonhos, conversas com
outras que sejam sábias, a intuição, reflexão, sentimentos e pressentimentos. (GORI,
2012).
Todos os tipos de criações e realizações são necessários, pois existem certos
assuntos místicos que as palavras concretas isoladas não conseguem expressar, mas
que as ciências, contemplações do que é invisível, porém palpável, e principalmente
as artes conseguem externar. (PÉREZ, 2009).
Há conexão do Sagrado Feminino com as Artes Visuais ao analisar a
performance “Ask The Goddess” de Schneemann (Figura 3), que em sua poética
ressalta o feminino que é censurado e degradado pelo patriarcado, traz iconografias
de símbolos da Deusa, evoca provocações ao lado “selvagem inato” das mulheres
com ícones e imagens de animais, transformando-se em um lobo uivante ou gritando
como um porco, sendo todas essas formas de enxergar como a Deusa se materializa
em cada parte do mundo que habitamos, que nós somos partes, fragmentos da
própria Deusa. Onde mostra o corpo fraturado, como poderia a Vulva entrar no “reino”
masculino, exceto como “castrada ou neutra”.

2. PERFORMANCE

2.1 O que é Performance?


Segundo o dicionário Aurélio, performance é:

1. Atuação, desempenho.
2. Espetáculo no qual o artista fala e age por conta própria.
3. Qualquer atividade artística que, inspirada nas artes cênicas, se
apresenta como evento transitório, e que pode incluir dança, música,
poesia, e até mesmo cinema, ou televisão, ou vídeo.
22

4. Esport. O desempenho de um desportista (ou de uma cavalo de


corrida) em cada uma de suas exibições. (AURÉLIO, 1999, Nova
Fronteira. Versão 3.0 - 1 CD-ROM).

Segundo Richard Schechner, o “ser” performance é um conceito que indica


eventos previamente delimitados por contexto, convenção, uso e tradição. Contudo,
todo tipo de evento, ação ou comportamento pode ser analisado como “um tipo de
performance”, estando presente no nosso cotidiano, mostrar-se fazendo é performar.
Schechner (2003) aponta também, por meio da explicação das ações (Ser,
fazer, mostrar-se fazendo e explicar ações demonstradas) que a performance traz
meios de contar histórias, ritualísticas ou artísticas (ambas sendo em seus âmbitos
uma forma de arte específica), todos os aprendizados cotidianos e fazeres artísticos
requerem então, atenção, prática, ensaios e estudos específicos para suas
realizações, e são essas redundâncias do cotidiano que se tornam familiares para nós.
Nos situando também para o fato de que mesmo possuindo fortes dimensões
estéticas, a performance não é necessariamente arte e decidir o que é arte depende
do contexto ou circunstância histórica, cabendo a nós enquanto pesquisadores ou
entusiastas de arte e/ou performance em específico, diferenciar as funções,
circunstâncias desse evento introduzido socialmente, no espaço e os próprios
comportamentos do performer e seu público (SCHECHNER, 2003).
Separar arte e ritual é uma tarefa difícil, quando analisamos algumas práticas
museológicas de exposição de objetos ritualísticos de outras culturas como meio de
entretenimento. Logo, sob o ângulo das práticas culturais, algumas coisas serão
vividas como performance e outras não, sendo observadas variações histórico-
culturais, não podendo classificar alguma coisa como performance a menos que esta
esteja referida dentro de circunstâncias culturais específicas (SCHECHNER, 2003).
A arte da performance emerge como um gênero artístico independente a partir
do início dos anos 1970. Futuristas e dadaístas utilizavam a performance como um
meio de provocação e desafio, no percurso de ruptura com a arte tradicional, e impor
novas formas de arte. Devido a sua postura de âmbito radical, a performance se torna
um catalisador na história da arte do século XX. (GOLDBERG, 1988).
Os manifestos da performance, desde os futuristas até a contemporaneidade,
representam a expressão de dissidentes que tem buscado outros meios de avaliação
das experiências artísticas do cotidiano, servindo para comunicar diretamente com um
grande público ou escandalizar seus espectadores, trazendo à tona reavaliações dos
conceitos de arte e sua relação com a cultura (GOLDBERG, 1988).
23

Goldberg mostra por meio da história a forte chama da potencialidade artística


contida na performance, a ritualística do artista performer, a teatralidade e não
teatralidade dos gestos, das infinitas variedades que proporciona.
Qualquer definição mais rígida negaria de imediato a própria possibilidade da
performance, pois seus praticantes usam livremente quaisquer meios como
material – literatura, poesia, teatro, música, dança, arquitetura e pintura, assim
como vídeo, película, slides e narrações, utilizando-os nas mais diversas
variações. [...] Uma vez que cada performer cria sua própria definição através
dos processos e modos de execução adotados. (GOLDBERG, 1988 R. pág.10)

Vemos no texto de Goldberg (1988), as particularidades da arte enquanto


performance dentro de cada movimento artístico, as questões socioculturais dos
períodos e principais realizações dos artistas, manifestos contribuições e obras que
foram um marco tanto no começo, quanto no ápice da performance nas artes visuais.
As abordagens acerca da performance em Goldberg (1988) e Schechner (2003)
são fundamentais para contextualizar definições teóricas e práticas da performance
na vida, dia a dia e no campo de estudo específico das artes visuais neste trabalho.
Trazendo reflexões sobre como aplicar e entender a performance nos campos do
saber acadêmico, por exemplo, ao pensar no desenvolvimento das ações na foto
performance e como registrar esses movimentos.
Sophie Calle (1979), com a obra “Suíte veneziana” ajudou a compreender a
definição de performance nas artes com sua narrativa usando a fotografia, como fruto
e registro de um gesto performático, vestígios de acontecimentos, além de carregar
signos verbais ao realizar a leitura das fotografias. (FABRIS, 2007, p. 7-8).
Glusberg (2011) mostra como René Berger (1915-2009), referindo-se às
performances, nota que através delas o corpo, se não chega a se vingar, aspira ao
menos escapar da sujeição do discurso, que é um prolongamento de sua sujeição ao
olho (GLUSBERG, 2011, apud GARCIA, 2009). Desta forma, ele conclui:
“A performance e a body art devem mostrar não o homo sapiens, mas sim o
homo vulnerabilis, essa pobre e exposta criatura, cujo corpo sofre o duplo trauma do
nascimento e da morte, algo que pretende ignorar a ordem social.” (GLUSBERG,
2011, apud GARCIA, 2009, p. 46).
E neste sentido, o estudo e mapeamento da arte da performance deve começar
com o trabalho voltado para as investigações do corpo, exaltando suas qualidades
plásticas. Vendo que a performance não está distante da questão social, das relações
com o público e indo além para muitas outras questões e temáticas (como por
exemplo as peças musicais, espiritualidade e fenômenos da percepção).
24

2.2 Performances Feministas

A pesquisa se estabeleceu a partir da relação estreita entre performance art e


as artistas feministas, principalmente a partir da década de 1960, a fundamentação
específica foi feita com referência nas artistas Márcia X, Ana Mendieta e Carolee
Schneemann, com recorte da conjugação entre linguagem artística, posicionamento
diante do mundo da arte e ação política.
Ana Mendieta (1948–1985) foi uma artista cubana atuante no campo da
performance e body art, um de seus principais temas de exploração artística foi o
feminismo, utilizando o corpo como ferramenta artística para expressar questões
como política, identidade, violência e machismo. (COELHO, 2017).
As obras que contribuíram para a construção do meu processo criativo foram,
Glass on Body (1972), (Figura 9) onde a artista deforma o próprio corpo em placas
de vidro, onde faz alusão ao sistema ideológico de controle do corpo feminino e Rape
Scene (1973) (Figura 8). Nesta performance Ana está em uma sala, amarrada sobre
uma mesa, seminua e com um sangue que escorre pelas pernas, cuja ação foi
pensada após receber a notícia de que uma colega da universidade havia sido
estuprada e morta. (COELHO, 2017).
Ambas as obras mostram a violência e repressão que o corpo feminino sofre,
são imagens fortes que causaram gatilhos emocionais, porém motivaram a minha
produção, em realizar a ação e ao acrescentar significados importantes para minha
realização, e incentivo a lutar contra a violência que é gerada em muitos níveis e
situações pelo sistema patriarcal.
Figura 8 Rape Scene (1973)

Fonte: Thai Coelho (2017)


25

Figura 9 Glass on Body (1972)

Fonte: Thai Coelho (2017)

Márcia X (1959-2005) ou Márcia Pinheiro de Oliveira foi uma artista plástica


brasileira, utilizava objetos eróticos, brinquedos infantis e objetos religiosos, e suas
performances, vídeos e instalações são marcadas pela relação sexo/infância, em que
objetos pornográficos são transformados em brinquedos infantis e estes em objetos
eróticos. (ITAÚ CULTURAL, 2021).
Utilizei como inspiração sua obra “Exposição De Ícones do Gênero Humano”
(1988), primeira exposição individual onde foram expostas fotografias com
abordagem das questões de gênero, da figura feminina em subserviência secular ao
homem, bem como as provocações sexuais e as discussões sobre o prazer dentro
de uma sociedade de controle. (BASBAUM, 2018, pág.6)
Não encontrei imagens das fotografias expostas, somente o cartaz da
exposição. No artigo “Márcia X – uma antibiografia”, Sá (2014), compreendi o intuito
da exposição e suas ressignificações simbólicas, do que se vê e entende sobre o
corpo feminino e seu "papel" na sociedade, ressignificações estas sobre a
sexualização e objetificação do corpo feminino.
26

Figura 10 “Exposição De Ícones do Gênero Humano” (1988)

Fonte: Comunicação e Artes (2013)

Carolee Schneemann (1939-2019) foi uma artista visual experimental


americana, conhecida por seus trabalhos multimídia sobre corpo, narrativa,
sexualidade e gênero.
As obras que impulsionaram meu projeto foram a performance “Ask The
Goddess” (1991), em que a artista personifica uma vulva afim de desconstruir os
preconceitos religiosos e físicos patriarcais, e Vulva's Morphia (1995), extensão de
uma instalação de mesmo nome, neste são apresentados painéis com 36 imagens
em uma Palestra performática, em que a artista crítica, instiga e provoca as
imposições e tabus em torno da sexualidade feminina, do corpo da mulher, de sua
voz que é privada, com a leitura de trechos de anotações de seus estudos sobre
feminismo, bruxaria e religião, sexualidade feminina, mutilação genital. “Porque não
Deixa a Vulva Falar?” (Performatus, 2014).
Figura 11 “Ask The Goddess” (1991)' 8:24 min

Fonte: Performatus (2014)


27

Figura 12 Vulva's Morphia (1995) Grade de fotos suspensa, 35 impressões a laser coloridas sobre papel pintadas a mão,
montada em tábua, cada uma 28 x 21,5 cm, tiras de texto, 147 x 5 cm. Quatro ventiladores elétricos pequenos instalados
nos cantos. Instalação de de parede total 152 x 244 cm

Fonte: Performatus (2014)

O feminismo e a arte feminista emergiram exponencialmente em nossa


sociedade, com performers mulheres que questionaram, em suas criações, as
identidades de gênero e a dominação masculinista nas sociedades contemporâneas
ocidentais. (BUTLER, 2003).
Segundo Butler (2003), performatividade de gênero corresponde aos atos e
comportamentos (não somente de fala) e comportamentos construídos por normas
ou um conjunto de normas, que permitem a definição dos gêneros e, a partir destes,
das relações sociais. (BUTLER, 2003, p.154-156).
Nas performatividades, os gêneros não poderiam ser tomados como naturais,
nem diretamente alinhados ao sinais de sexo biológico (nem mesmo os primários),
ao desejo ou ao comportamento sexual. Sendo a performatividade de gênero, uma
chave para o rompimento com a reiteração das tecnologias de opressão patriarcal.
(BUTLER, 2003).
O movimento feminista produz sua própria reflexão crítica e sua própria teoria.
Falando em um primeiro momento, do feminismo da segunda metade do século XX:
mulheres de classe média, educadas, principalmente, nas áreas das Humanidades,
da Crítica Literária e Psicanálise. Pode-se conhecer o movimento feminista a partir
de duas vertentes: da história do feminismo, que é marcada pela ação do movimento
28

feminista, e da produção teórica feminista nas áreas da História, Ciências Sociais,


Crítica Literária e Psicanálise. (PINTO, 2010).
É caracterizado por mulheres que lutam e insurgem contra as imposições
patriarcais e se rebelam em prol de sua liberdade civil e política. A chamada primeira
onda (ou feminismo moderno) do feminismo aconteceu a partir das últimas décadas
do século XIX, quando as mulheres, primeiro na Inglaterra, se organizaram para lutar
por seus direitos, dentre eles, o mais popular, o direito ao voto.
No Brasil a luta feminista também ganhou popularidade pelo direito ao voto,
mulheres lideradas por Bertha Lutz, bióloga, cientista de importância. Vale a ressalva
para o movimento das operárias de ideologia anarquista, reunidas na “União das
Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas”, e a criação do “Partido Republicano
Feminino (1910) criado pela feminista Bertha Lutz. (PINTO, 2003).
Este “primeiro” feminismo, tanto na Europa e nos Estados Unidos como no
Brasil, perdeu força a partir da década de 1930. Aparecendo novamente na década
de 1960, com o livro de Simone de Beauvoir: O segundo sexo (publicado em 1949),
tendo sido fundamental para a nova onda do feminismo que seguiria. Nele, Beauvoir
estabelece uma das máximas do feminismo: “não se nasce mulher, se torna mulher”.
(PINTO, 2010)
A luta feminista teve muitas problemáticas e evoluções ao longo da história,
havendo particularidades em sua essência, com diversas questões internas e
desconstruções a serem feitas dentro do próprio âmbito feminista (como por exemplo
discussões sobre o feminismo para a mulher negra e indígena).

3. RECUPERANDO O CORPO, RETOMANDO A TERRA


Como os tópicos estudados nos impactam enquanto mulheres e na sociedade
contemporânea.
A foto performance foi conduzida no ambiente pessoal e de maior convivência,
o quarto, o que criou maior proximidade com o meu íntimo. Me elevando também para
o grande e poderoso útero que habitamos, a Terra, útero maior que nos abriga neste
vasto universo. Em suma, sermos mulheres livres e selvagens que correm com os
lobos, passando e recebendo conhecimento, respeito e solidariedade, em busca de
um futuro pleno no seu sagrado pessoal e universal.
As mulheres precisam saber até que ponto sua postura em relação à
menstruação foi moldada pela história da sociedade. Quando tiverem se dado conta
disso, poderão romper com esse condicionamento social, encarar com novos olhos a
29

menstruação e descobrir o que ela significa para si mesmas, independentemente da


visão de qualquer outra pessoa ou grupo.
Figura 13 Sangue: texturas aplicadas I

Fonte: Autoral (2021)

Figura 14 Sangue: texturas aplicadas II

Fonte: Autoral (2021)

Realizei o estudo dos resultados obtidos com a aplicação do sangue em outras


superfícies além da pele, para isto usei o papel higiênico (Figuras 13 e 14). Onde
registrei a primeira coleta do sangue e a oxidação pelo contato com o oxigênio desse
sangue com o passar dos dias. Essa experimentação foi essencial para seguir com
a produção da foto performance e aprofundar meu processo criativo.
30

Figura 15 Sangue: Conexão

Fonte: Autoral (2021)

A segunda experimentação foi criar a conexão inicial com o sangue, ao sentir


parte do sangue escorrer nas pernas, tocá-lo (como mostra o primeiro quadro, onde
os dedos estão levemente manchados) (Figura 15) e o ato de introduzir o dedo
indicador na vagina, sentir o sangue escorrer entre os dedos lentamente, ato que
conecta, emociona e faz-me lembrar o quão sagrado é meu sangue.
As ações da foto performance tiveram início no chão, com a câmera de celular
apoiada sobre livros, onde eu fiquei sentada de frente para a câmera e encostada na
parede, com enquadramento do meu corpo a partir do queixo.
A vestimenta branca (composta por camiseta, meias 7/8 e calcinha branca)
escolhida para a performance foi pensada para representar o rompimento da “pureza”
do corpo feminino imposta socialmente e que está incutido socialmente em nós
mulheres e o tabu que há acerca da menstruação, de uma suposta “impureza” desse
sangue, a vergonha por parte das próprias mulheres ao se relacionar e falar sobre o
sangue menstrual. O sangue foi colocado em um recipiente de vidro quadrado, onde
foi possível visualizar o conteúdo, o qual foi previamente colhido antes do dia da
gravação do vídeo por meio do coletor menstrual, e este recipiente foi posicionado à
minha frente.
31

Figura 16 Foto performance: Útera Sagrada (representação)

Fonte: Autoral (2021)

Os movimentos foram realizados de forma lenta e cuidadosa,


primeiramente introduzindo os dedos no sangue, direcionando-os ao pescoço
fazendo um movimento diagonal único, seguindo respectivamente por manchas de
sangue feitas de forma aleatória na camiseta, rosto, pernas e braços, de modo que
fossem movimentos espontâneos e ao final segurei o recipiente com as duas mãos
de forma ritualística e derramando o restante de seu conteúdo sobre o corpo, a partir
do pescoço, com intuito do sangue escorrer.
Figura 17 Foto performance: Útera Sagrada

Fonte: Autoral (2021)

No primeiro ensaio fotográfico utilizei água e tinta aquarela para representar o


sangue, pois não estava menstruada, e esta representação foi essencial para definir
cada ação a ser realizada de fato, com o sangue no segundo ensaio.
Vale a ressalva que o ato ritualístico de plantar a Lua (recolher o sangue
menstrual, diluí-lo em água e depositá-lo na terra, em algum vaso de planta, por
exemplo) (LANA, 2018) em casos que a mulher está na menopausa, ou enfrentando
32

alguma complicação hormonal (como amenorreia secundária, que é a ausência da


menstruação, por pelo menos 6 meses em mulheres com ciclos irregulares ou por
um período equivalente a 3 ciclos menstruais,e que já passaram pela primeira
menarca, a amenorréia secundária pode ser causada por algum distúrbio hormonal,
como o caso dos Ovários Policísticos), o ritual pode ser feito apenas com água,
quando a opção dessa mulher é seguir com a prática de conexão com a Deusa,
acompanhando o ciclo lunar para continuar este ritual íntimo (GORI, 2012).
Figura 18 Foto performance: Útera Sagrada (representação)

Fonte: Autoral (2021)


Figura 19 Recipiente com Sangue

Fonte: Autoral (2021)

Na finalização da foto performance foi criado um Gif animado, onde inseri


palavras relacionadas ao corpo feminino e frases de reflexão. Iniciando com a palavra
“Vulva” ao realizar a primeira ação com o sangue e respectivamente com:
“Ressignificando o corpo”, “Útera Sagrada”, “Por estas mãos lavadas de sangue,
elevo meu ser à grande Deusa Mãe” e ao final “Sangue, transforma-me”.
33

Figura 20 Frames: Foto performance

Fonte: Autoral (2021)


Figura 21 Processo de edição das fotos

Fonte: Autoral (2021)

Foi muito importante e transformador acompanhar e vivenciar o processo de


evolução que tive na criação da foto performance, desde o primeiro ensaio
representativo, até o verdadeiro ato sagrado de honrar e reverenciar o meu sangue
menstrual. Algo que abriu portas para novas explorações artísticas do meu sangue em
meu trabalho.
34

Figura 22 Foto performance: Útera Sagrada (representação)

Fonte: Autoral (2021)


Figura 23 Foto performance: Útera Sagrada

Fonte: Autoral (2021)

Devido a questões médicas e uso regular de medicamentos para regulação


hormonal, o primeiro ensaio fotográfico foi realizado com água e tinta aquarela,
seguindo meu ciclo menstrual quando regular (que possui duração de 30 dias, entre
uma menstruação e outra).
Desde o momento em que esta foto performance foi planejada se criaram
muitas expectativas quanto a sua execução e uma certa ansiedade para ver o
resultado. Outras problemáticas no âmbito pessoal acabaram contribuindo para que
a ansiedade em menstruar crescesse, complicações no acompanhamento médico
que foi interrompido e retomado somente em meados da entrega final.
35

Figura 24 Foto performance: Útera Sagrada (representação)

Fonte: Autoral (2021)

O primeiro ensaio fotográfico foi elaborado em conjunto aos comentários das


sensações e emoções enquanto experiência de uma “pré realização” da foto
performance. A realização do primeiro ensaio com sangue feito a partir de água e
aquarela, ajudou a entender e comparar as diferenças de textura e signos que ficam
sobre a pele e o tecido, ao utilizar o meu próprio sangue no segundo ensaio.
Figura 25 Foto Performance: Útera Sagrada- Conexão

Fonte: Autoral (2021)

Percebi uma transformação do pensamento acerca das referências artísticas


(Ana Mendieta, Márcia X e Carolee Schneemann), no sentido de um amadurecimento
maior sobre a escolha de cada obra dessas artistas e como elas impactam e
influenciam meu processo criativo desde o começo.
Por fim, veio à mente a possibilidade de realizar futuramente essa performance
ao vivo, caso seja viável apresentá-la em um espaço expositivo, ou para
apresentação durante a banca avaliativa, ao vivo, as palavras seriam ditas em
conjunto das ações. O que não exclui o pensamento sobre a acessibilidade para essa
performance, para deficientes auditivos e com mobilidade reduzida, pelas frases
36

terem grande relevância para complementar as ações sendo necessário um


intérprete de Libras, além da classificação indicativa.

3.1 EXPOSIÇÃO
A exposição ocorreu no formato online, pelas redes sociais, sendo estas,
um Instagram exclusivo para postagem e interação na exposição virtual no Instagram
e postagem específica nos portfólios artísticos no Twitter e Carrds.
Figura 26 Flyer informativo: Carrds

Fonte: Disponível em: https://utera-sagrada.carrd.co

Foram criados, um banner/cartaz e um flyer para divulgar a exposição online


(nos perfis pessoais e introdução no perfil dedicado a exposição), sendo elaborada
uma Identidade Visual que criou a atmosfera gráfica deste projeto, e criou relação
direta com o “objeto” de estudo – A Menstruação.
Figura 27 Banner da Exposição (esboço)

Fonte: Autoral (2021)


37

Figura 28 Banner da Exposição

Fonte: Autoral (2021)


Figura 29 Flyer de divulgação (esboço)

Fonte: Autoral (2021)


Figura 30 Flyer de divulgação

Fonte: Autoral (2021)


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A identidade visual seguiu a paleta com a tonalidade Pantone 4102 C e


PANTONE 11-0700 TCX (Lucent White). Nas ilustrações digitais usei a ferramenta de
seleção de cor do programa Paint Tool Sai para criar a paleta de forma harmoniosa,
onde utilizei recursos gráficos geométricos para a construção visual, mostrando
informações técnicas como a data e local da exposição, nome e frase escolhida para
a exposição.
Figura 31 Escala de cor Pantone

Fonte: Pantone. Disponível em: https://www.pantone.com.br/encontre-sua-cor-pantone/


Figura 32 Logotipos da Identidade Visual

Fonte: Autoral (2021)

A identidade visual foi composta também por logotipos que remetem


diretamente ao tema da criação artística, essa criação foi feita com arte vetorial
simples no programa Adobe Illustrator, e utilizei também uma ilustração autoral que já
tinha para introduzir nas publicações, por ter essa relação completa com o projeto.
Apresentando as postagens na exposição do Instagram no formato de mosaico, para
que sejam visualizadas com um tamanho grande.
39

Figura 33 Visualização do mosaico: Exposição no Instagram

Fonte: Autoral (2021

A identidade visual foi planejada para ficar harmônica em todos os meios de


publicação, Instagram, Twitter e Carrds, com um design único e irreverente que
contemplou o tema da obra produzida. Assim como as ilustrações apresentadas
(Figura 28 e Figura 30), criadas pensando em unir cada detalhe da criação poética e
trazer elementos geométricos na composição.
Figura 34 Publicações no Twitter

Fonte: Autoral (2021)


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Figura 35 Vulva

Fonte: Autoral (2020)

Portanto, as ilustrações foram parte importante do processo criativo, como


forma de dar continuidade à criação gráfica e modelar outras formas de representar o
sagrado feminino e homenagear a Deusa Mãe e Deusa que habita em mim.
Desta forma optei por iniciar as publicações da exposição com algumas
imagens e símbolos principais do processo criativo, para causar curiosidade ao
expectador, sem legendas, e aos poucos lançando as imagens e gifs com poemas em
suas legendas, explicando o conceito e possibilitando o observador a criar suas
interpretações, reflexões e sentimentos quanto a obra exposta, ideia essa, que surgiu
no momento de finalização da obra e trouxe mais proximidade com o ser divino e
poético que busquei desde o começo da pesquisa e criação, que estão disponíveis
nas mídias digitais:
- Instagram:https://www.instagram.com/utera_sagrada/;
- Twitter: https://twitter.com/utera_sagrada?s=09;
- Flyer de divulgação geral na plataforma Carrds:https://utera-sagrada.carrd.co
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na bruxaria existem vastas possibilidades de estudo que podem agregar muito
para as artes visuais, principalmente quando entra em mérito do sagrado feminino e
suas potencialidades, temática que ainda é pouco explorada. Traz um diálogo
fortalecedor para a arte da foto performance, de conexão com o corpo feminino, e as
capacidades de movimento a serem experimentadas, de elevar-se através do divino.
A realização das pesquisas teóricas trouxe grande avanço para o processo
criativo enquanto artista mulher, abrindo caminho para aprofundar o diálogo feminista
em criações artísticas futuras. De maneira geral, os resultados obtidos nesta pesquisa
em âmbito teórico foram esperados, entretanto, vale a ressalva para as dificuldades
encontradas durante o percurso da criação da foto performance, que a princípio não
pôde ser realizada, ficando apenas no papel em formato de relatório, sendo feita
somente em meados da entrega final para a banca, e vendo que a experiência teria
sido muito mais vívida e forte, representativa se houvesse a possibilidade de realizar
a performance ao vivo.
Mesmo com as sensações de ansiedade e apreensão para concretizar a
performance, houve muito aprendizado para lidar com as emoções e possíveis
dificuldades inesperadas dentro de um projeto artístico, e plena satisfação ao
conseguir realizar a foto performance com êxito. Este trabalho é, antes de tudo, um
estudo sobre a importância de falar abertamente do corpo feminino, rompendo com as
barreiras impostas socialmente, além da forte relação que este corpo possui com a
arte e a performance.
As etapas de criação visual foram desafiadoras e essenciais para concretizar
o projeto, desde a reflexão em como aplicar uma identidade visual coerente e
irreverente, até a criação das ilustrações para compor todo o contexto expositivo no
modelo virtual, de modo que toda a construção da obra se interligou e fluiu, apesar de
algumas inseguranças neste percurso.
42

BIBLIOGRAFIA

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<https://www.passeidireto.com/arquivo/53755598/x-percursos-dealguem-alem-de-
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43

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