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APOSTILA

PROFESSOR DE
EDUCAÇÃO INFANTIL
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MATERIAL PROTEGIDO PELA LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.


SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos: situação comunicativa, pressuposição,
inferência, ambiguidade, ironia, figurativização, polissemia, intertextualidade, linguagem
não verbal .........................................................................................................................1
1.2 Tipos e gêneros textuais: narrativo, descritivo, expositivo, argumentativo,
instrucionais, propaganda, editorial, cartaz, anúncio, artigo de opinião, artigo de
divulgação científica, ofício, carta ....................................................................................9
1.3 Estrutura textual: progressão temática, parágrafo, frase, oração, período, enunciado,
pontuação, coesão e coerência ........................................................................................ 14
1.4 Variedade linguística, formalidade e informalidade, formas de tratamento,
propriedade lexical, adequação comunicativa ................................................................20
1.5 Norma culta: ortografia, acentuação, emprego do sinal indicativo de crase ............ 25
1.6 Pontuação .................................................................................................................30
1.7 Formação de palavras, prefixo, sufixo, classes de palavras, regência, concordância
nominal e verbal, flexão verbal e nominal, sintaxe de colocação ..................................34
1.8 Produção textual .......................................................................................................48
1.9 Semântica: sentido e emprego dos vocábulos, campos semânticos .........................49
1.10 Emprego de tempos e modos dos verbos em português .........................................51
1.11 Fonologia: conceitos básicos, classificação dos fonemas, sílabas, encontros
vocálicos, encontros consonantais, dígrafos, divisão silábica ........................................52
1.12 Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais .............57
1.13 Termos da oração ....................................................................................................68
1.14 Processos de coordenação e subordinação .............................................................70
1.15 Transitividade e regência de nomes e verbos .........................................................70
1.16 Padrões gerais de colocação pronominal no português ..........................................74
1.17 Estilística: figuras de linguagem ............................................................................76
1.18 Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo ................................78
1.19 Norma culta ............................................................................................................81
Caderno de Questões ....................................................................................................82
CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS
2. Raciocínio Lógico ....................................................................................................100
2.1 Conjuntos: relações de pertinência, inclusão, igualdade e operações ....................126
2.2 Razão e proporção ..................................................................................................129
2.3 Geometria Plana e Espacial ....................................................................................130
2.4 Regra de três simples e composta ...........................................................................148
2.5 Porcentagem e Juros Simples .................................................................................150
2.6 Sistemas Lineares ...................................................................................................151
2.6.1 Progressão Aritmética e Geométrica ...................................................................162
2.7 Análise combinatória e probabilidade ....................................................................168
2.8 Estatística: média, moda e mediana ........................................................................172
2.9 Trigonometria no Triângulo Retângulo ..................................................................173
2.10 Sequência lógica ...................................................................................................175
2.11 Álgebra básica ......................................................................................................179
Caderno de Questões – Conhecimentos Matemáticos .............................................181
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL
3. A administração pública: princípios da administração pública ................................190
3.1 Poderes administrativos ..........................................................................................192
3.2 Atos administrativos ...............................................................................................193
3.3 Licitações e contratos administrativos ....................................................................194
3.4 Serviços públicos ....................................................................................................195
3.5 Servidores públicos: regime especial, regime trabalhista, expediente funcional e
organizacional ...............................................................................................................197
3.6 Cargo, emprego e função pública ...........................................................................197
3.7 Órgãos Públicos ......................................................................................................197
3.8 Improbidade administrativa ....................................................................................198
3.9 Processo administrativo ..........................................................................................199
3.10 Constituição da República Federativa do Brasil ...................................................201
3.10.1 Dos princípios fundamentais – arts. 1º ao 4º .....................................................201
3.10.2 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – arts. 5º .................................202
3.10.3 Dos Direitos Sociais – arts. 6º ao 11º ................................................................205
3.10.4 Da Nacionalidade – arts. 12º ao 13º ..................................................................206
3.10.5 Dos Direitos Políticos – arts. 14º ao 16º ............................................................207
3.10.6 Da Organização Político Administrativa – arts. 18º e 19º .................................208
3.10.7 Dos Municípios – arts. 29º ao 31º .....................................................................208
3.10.8 Da Administração Pública – arts. 37º ao 41º .....................................................210
Caderno de Questões – Direito Administrativo e Constitucional ..........................216
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. Noções de sistema operacional (ambiente Linux e Windows) .................................226
4.1 Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e
LibreOffice) ..................................................................................................................237
4.2 Rede de computadores: conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos
de internet e intranet .....................................................................................................246
4.3 Programas de navegação (Microsoft Edge, Mozilla Firefox, Google Chrome e
similares) ......................................................................................................................252
4.4 Programas de correio eletrônico (E-mail do Windos, Mozilla Thunderbird e
similares) ......................................................................................................................254
4.5 Sites de busca e pesquisa na internet ......................................................................256
4.5.1 Grupos de discussão ............................................................................................256
4.5.2 Redes Sociais .......................................................................................................258
4.6 Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e
programas .....................................................................................................................260
4.7 Segurança da informação: procedimentos de segurança ........................................261
4.7.1 Noções de vírus, Worms e pragas virtuais ..........................................................263
4.8 Aplicativos para segurança (antivírus firewall, anti-spyware, etc.) .......................264
4.8.1 Procedimentos de backup ....................................................................................265
4.9 Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage) .............................................266
Caderno de Questões – Conhecimentos de Informática .........................................267
DIDÁTICA
5. Educação, escola, professores e comunidade ...........................................................274
5.1 Papel da didática na formação de educadores ........................................................280
5.2 A revisão da didática ..............................................................................................282
5.3 O processo de ensino ..............................................................................................283
5.4 Os componentes do processo didático: ensino e aprendizagem .............................284
5.5 Tendências pedagógicas no Brasil e a didática ......................................................285
5.6 Aspectos fundamentais da Pedagogia ....................................................................293
5.7 Didática e Metodologia ..........................................................................................293
5.8 Disciplina, uma questão de autoridade ou de participação? ...................................301
5.9 O relacionamento na sala de aula ...........................................................................303
5.10 O processo de ensinar e aprender .........................................................................304
5.11 O compromisso social e ético dos professores .....................................................305
5.12 O currículo e seu planejamento ............................................................................306
5.13 O Projeto Pedagógico da escola ...........................................................................307
5.14 O Plano de Ensino e o Plano de Aula ...................................................................309
5.15 Relações professor-aluno: a atuação do professor como incentivador e aspectos
socioemocionais ...........................................................................................................311
5.16 Planejamento escolar: importância. Requisitos gerais .........................................312
5.17 Os conteúdos de ensino ........................................................................................313
5.18 A relação objetivo-conteúdo-método ...................................................................314
5.19 Avaliação da aprendizagem. Funções da avaliação e princípios da avaliação .....314
5.20 Superação da reprovação escolar ..........................................................................315
5.21 Lei nº 9.394/96, de 20/12/96 – do Ensino Fundamental ......................................317
5.21.1 Da Educação de Jovens e Adultos .....................................................................318
5.21.2 Da Educação Especial .......................................................................................319
5.22 A LDB e a formação dos profissionais da Educação ...........................................320
5.23 Temas contemporâneos ........................................................................................321
5.23.1 Bullying .............................................................................................................321
5.23.2 O papel da escola ...............................................................................................321
5.23.3 Escolha da profissão ..........................................................................................322
5.24 Teorias do currículo ..............................................................................................323
5.25 Acesso, permanência com sucesso do aluno na escola ........................................324
5.26 Gestão da aprendizagem .......................................................................................327
5.27 Planejamento e gestão educacional ......................................................................327
5.28 Avaliação institucional, de desempenho e de aprendizagem ...............................329
5.29 O professor: formação e profissão ........................................................................333
Caderno de Questões - Didática .................................................................................337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 345
6. Educação, escola, professores e comunidade ...........................................................345
6.1 Papel da didática na formação de educadores ........................................................280
6.2 A revisão da didática ..............................................................................................282
6.3 O processo de ensino ..............................................................................................283
6.4 Os componentes do processo didático: ensino e aprendizagem .............................284
6.5 Tendências pedagógicas no Brasil e a didática ......................................................285
6.6 Aspectos fundamentais da Pedagogia ....................................................................293
6.7 Didática e Metodologia ..........................................................................................293
6.8 Disciplina, uma questão de autoridade ou de participação? ...................................301
6.9 O relacionamento na sala de aula ...........................................................................303
6.10 O processo de ensinar e aprender .........................................................................304
6.11 O compromisso social e ético dos professores .....................................................305
6.12 O currículo e seu planejamento ............................................................................306
6.13 O Projeto Pedagógico da escola ...........................................................................307
6.14 O Plano de Ensino e o Plano de Aula ...................................................................309
6.15 Relações professor-aluno: a atuação do professor como incentivador e aspectos
socioemocionais ...........................................................................................................311
6.16 Planejamento escolar: importância. Requisitos gerais .........................................312
6.17 Os conteúdos de ensino ........................................................................................313
6.18 A relação objetivo-conteúdo-método ...................................................................314
6.19 A LDB e a formação dos profissionais da Educação ...........................................320
6.23 Temas contemporâneos ........................................................................................321
6.23.1 Bullying .............................................................................................................321
6.23.2 O papel da escola ...............................................................................................321
6.23.3 Escolha da profissão ..........................................................................................322
6.24 Teorias do currículo ..............................................................................................323
6.25 Acesso, permanência com sucesso do aluno na escola ........................................324
6.26 Gestão da aprendizagem .......................................................................................327
6.27 Planejamento e gestão educacional ......................................................................327
6.28 Avaliação institucional, de desempenho e de aprendizagem ...............................329
6.29 O professor: formação e profissão ........................................................................333
6. 30 Plano Nacional de Educação ...............................................................................346
6.30.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394, de
20/12/1996 ....................................................................................................................362
6.30.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº8.069/1990 ................................362
6.31 Prática Educativa-Interdisciplinar ........................................................................408
6.32 Jogos e brincadeiras no processo de Ensino e Aprendizagem .............................409
6.33 Função do Planejamento: uma ação coletiva ........................................................410
6.34 Diretrizes funcionais e legais da Educação Inclusiva ...........................................412
6.35 Teorias da aprendizagem e desenvolvimento infantil ..........................................412
6.36 Eixos do trabalho pedagógico na educação infantil: o cuidar e o educar .............416
6.37 Recreação: atividades recreativas .........................................................................417
6.38 O cotidiano na creche: espaço, rotina, afetividade, alimentação, higiene, cuidados
essenciais ......................................................................................................................419
6.39 Didática: métodos, técnicas, recursos/material didático .......................................426
6.40 Desenvolvimento da linguagem oral, escrita, audição e leitura, métodos, técnicas e
habilidades, instrumentos/atividades pedagógicas .......................................................428
6.41 Papel do professor ................................................................................................433
6.42 Decroly, Maria Montessouri, Freinet, Rosseau, Vygotsky, Piaget, Paulo Freire .433
6.43 Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento ...........................................447
6.44 A psicogênese e a educação .................................................................................448
6.45 A psicologia dialética e a educação ......................................................................449
6.46 O desenvolvimento infantil, inteligência, afetividade e o corpo na
aprendizagem ................................................................................................................450
6.47 Psicomotricidade ..................................................................................................461
6.48 Literatura Infantil ..................................................................................................461
6.49 Letramento e alfabetização ...................................................................................463
6.49.1 A construção dos conhecimentos matemáticos e científicos pela criança .........463
6.49.2 Desenvolvimento das noções de tempo e espaço pela criança ..........................465
6.49.3 O cotidiano na construção do conhecimento histórico e geográfico .................467
6.50 O lúdico na aprendizagem ....................................................................................469
6.51 A recreação e os jogos no desenvolvimento infantil ............................................469
6.52 O papel das Artes na educação infantil ................................................................471
6.53 A rotina na educação infantil ................................................................................471
6.54 Educação Inclusiva na educação infantil ..............................................................472
6.55 Corporeidade e aprendizagem na educação infantil .............................................473
6.56 O registro do desenvolvimento infantil como avaliação ......................................474
6.57 Plano Anual de Educação Continuada (PAEC) ....................................................476
Caderno de Questões – Conhecimentos Específicos ................................................478
REFERÊNCIAS .........................................................................................................490
CONHECIMENTOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos: situação


comunicativa, pressuposição, inferência, ambiguidade,
ironia, figurativização, polissemia, intertextualidade,
linguagem não-verbal.
A compreensão e a interpretação de texto são duas ações que
estão relacionadas. Quando se compreende corretamente um
texto e seu propósito comunicativo, chegamos a
determinadas conclusões. Hoje em dia, é essencial saber
interpretar corretamente os textos, entender melhor sobre
suas tipologias e as funções da linguagem relacionadas a ele.
No entanto, vale ressaltar que o processo de interpretação
textual se diferencia do processo de compreensão. Veja o Desta forma, a compreensão textual envolve a decodificação
quadro abaixo quanto a diferença conceitual destes termos: da mensagem que é realizada pelo leitor. Quando ouvimos,
por exemplo, um noticiário, compreendemos a mensagem
COMPREENSÃO INTERPRETAÇÃO
passada e qual sua finalidade (informar o ouvinte de algum
É a decodificação da É a interpretação que acontecimento, por exemplo). Para compreender os textos
mensagem, ou seja, análise fazemos do conteúdo, ou escritos não é diferente, porém requer o conhecimento da
do que está no explícito do seja, quais conclusões língua, do vocabulário e das funções relacionadas com
chegamos por meio da linguagem e a comunicação. Logo, por meio da
texto. conexão de ideias e, por isso, interpretação das palavras e das frases podemos
vai além do texto. compreender melhor a mensagem que está sendo
transmitida. Por isso, ter um dicionário por perto é sempre
Tabela 1: Diferença compreensão vs. interpretação textual. uma dica boa, se caso houver algum termo desconhecido.

Compreensão Interpretação
A compreensão faz uma análise objetiva do texto, buscando A interpretação de texto trata-se daquilo que podemos
decodificá-lo e verificar o que realmente está escrito, concluir sobre ele, estabelecendo conexões entre o que está
assimilando as principais palavras e ideias presentes no escrito e a realidade. Essas conclusões são feitas analisando
conteúdo e coletando dados e informações concretas. De as ideias do autor, sendo que essa análise é subjetiva. Esse
maneira geral, os enunciados de questões que pedem a recurso envolve a capacidade de chegar a determinadas
compreensão de um texto utilizam as seguintes expressões: conclusões após fazer a leitura de algum tipo de texto
(visual, auditivo, escrito, oral). Por isso, a interpretação de
texto é algo subjetivo e que pode variar de leitor para leitor.
Isso porque cada um possui um repertório interpretativo que
foi sendo adquirido ao longo da vida. A interpretação de um
texto requer:

❖ Existência de conhecimento prévio quanto ao


assunto/conceito abordado no texto;
❖ Apreciação pessoal e crítica por parte do leitor já que,
de alguma forma, a interpretação sempre depende das
considerações feitas por quem está lendo o texto.
De forma geral, os enunciados de questões que pedem a
interpretação de um texto utilizam as seguintes expressões:

1
7 - Partir o texto em pedações (parágrafos, partes) para
melhor compreensão;
8 - Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, partes) do
texto correspondente;
9 - Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
questão;
10 - Cuidado com os vocábulos: destoa (= diferente de...),
não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira,
exceto, e outras palavras que aparecem nas perguntas e que,
às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se
pediu;
11 - Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar
a mais exata ou a mais completa;
12 - Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um
fundamento de lógica objetiva;
13 - Cuidado com as questões voltadas para dados
superficiais;
14 - Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela
resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do
texto;
15 - Às vezes, a etimologia ou a semelhança das palavras
Vale lembrar que o repertório interpretativo do leitor advém, denuncia a resposta;
em grande parte, da leitura. Portanto, ler é um ato essencial e 16 - Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas
que auxilia na melhor interpretação dos textos e conexão das pelo autor, definido o tema e a mensagem;
ideias. Como esses dois conceitos podem ser confundidos 17 - O autor defende ideias e você deve percebê-las;
em alguns contextos, preparamos uma tabela que contém as 18 - Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são
principais diferenças entre a compreensão textual e a importantíssimos na interpretação do texto. Ex: Ele morreu
interpretação textual. de fome.
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na
realização do fato (= morte de "ele”).
Ex: ele morreu faminto.
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se
encontrava quando morreu.
Situação comunicativa
Considera-se situação comunicativa qualquer conjunto de
elementos que intervêm num ato de comunicação: o
emissor; o receptor; a mensagem; o lugar e o momento onde
se realiza o ato, etc.
A teoria da comunicação indica que, no ato comunicativo,
compete ao emissor enviar uma mensagem para um ou mais
Figura 1: Fonte: elaborada pelo autor.
receptores. Essa mensagem propaga-se através de um canal
Podemos, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. e pode ser compreendida quando o emissor e o receptor
Para isso, devemos observar o seguinte: compartem um código. Também é importante que o receptor
tenha conhecimentos acerca do referente da mensagem para
1 - Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do compreender de que se trata.
assunto; A situação comunicativa, por conseguinte, está relacionada
2 - Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a com o lugar concreto e o momento específico nos quais
leitura, vá até o fim, ininterruptamente; todos estes elementos agem e se interrelacionam. É
3 - Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo importante destacar que, numa comunicação fluida, os
menos umas três vezes ou mais; papéis se cruzam constantemente: a pessoa que envia a
4 - Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; primeira mensagem torna-se no receptor quando recebe a
5 - Voltar ao texto quantas vezes precisar; resposta do outro sujeito, logo passa a ocupar o papel de
6 - Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do emissor e assim sucessivamente.
autor; Na situação comunicativa, por outro lado, existe sempre um

2
propósito. Isto significa que a comunicação é iniciada com Exemplos:
alguma finalidade como dar a conhecer uma informação ou - Heloísa está cansada de ser professora.
pedir uma ação ao interlocutor. Pressuposto: Heloísa é professora.
Por exemplo: no dia 8 de Maio às 10:30 horas, o gerente Subentendido: Talvez porque o salário é baixo ou há muita
comercial de uma empresa envia uma mensagem de correio indisciplina.
eletrônico ao dono de uma empresa para o avisar que acaba
de fechar um acordo comercial com outra empresa. Cinco - Infelizmente, meu marido continua trabalhando fora do
minutos depois, o dono responde pela mesma via, país
felicitando-o e convidando-o a ir ao seu escritório para lhe Pressuposto: O marido está trabalhando fora do país e a
dar mais informações. Nesta situação comunicativa, deste mulher não está satisfeita com essa situação.
modo, os papéis de emissor/receptor cruzam (trocam) uma Subentendido: Talvez por ter melhor salário fora do país ou
vez. por não encontrar trabalho no seu país.
Na situação comunicativa, também conhecida como
“situação de comunicação”, os envolvidos fazem uso do Pressupostos
seu acervo cultural e também de sua visão de mundo para Os pressupostos são informações implícitas adicionais,
construir suas mensagens. facilmente compreendidas devido a palavras ou expressões
É também importante abordar sobre a “intenção presentes na frase que permitem ao leitor compreender essa
comunicativa” que é diferente da “situação comunicativa”. informação implícita. O enunciado depende dessa
A intenção comunicativa trata-se da pessoa compreender pressuposição para que faça sentido. Assim, o pressuposto é
que pode influenciar o ambiente por meio da comunicação: verdadeiro e irrefutável.
gritar para conseguir chamar a atenção, por exemplo. Exemplos de pressupostos:
A situação comunicativa faz uso também de elementos que - Decidi deixar de comer carne.
são objetos de estudo constante no que diz respeito as teorias Pressuposto: A pessoa comia carne antes.
da comunicação, especialmente no jornalismo, tais como
alguns dos já citados: emissor, receptor, a mensagem e seu - Finalmente acabei minha monografia.
contexto e também o canal, o código, entre outros. Pressuposto: Demorou algum tempo para terminar a
Abaixo uma explicação sobre alguns desses elementos: monografia.
– Receptor: é aquele para quem a mensagem é destinada, é - Alunos que estudam de manhã costumam ter melhor
a pessoa que ouve; rendimento.
– Emissor: é a pessoa que transmite essa mensagem, quem Pressuposto: Há alunos que não estudam de manhã.
fala; - Desde que ela mudou de casa, nunca mais a vi.
– Mensagem: é o objetivo a comunicação. Ela é constituída Pressuposto: Costumava vê-la antes dela mudar de casa.
por todas as informações que são passadas por meio da Marcas linguísticas que facilitam a identificação de
comunicação; pressupostos:
– Contexto: é o que faz com que a mensagem possa existir, • Verbos que indicam fim, continuidade, mudança e
tratando-se da situação que faz com que seja desenvolvida a implicações: começar, continuar, parar, deixar,
mensagem e a comunicação ocorra; acabar, conseguir,...
– Código: é modo como a mensagem é organizada. E ele • Advérbios: felizmente, finalmente, ainda, já,
pode ser tanto um idioma, uma forma de escrita, gestos, depois, antes,...
sinais, entre outros. Sendo necessário que essa forma de • Pronome introdutório de orações subordinadas
comunicação seja compreensível tanto pelo receptor quanto adjetivas: que
pelo emissor; • Locuções que indicam circunstâncias: depois que,
– Canal: é pode onde a comunicação ocorre. É através dele antes que, desde que, visto que,...
que a mensagem vai do emissor até o receptor. Esse meio
pode ser a televisão, o celular, uma carta, a comunicação Subentendidos
“boca a boca”, entre outros. Os subentendidos são insinuações, informações escondidas,
dependentes da interpretação do leitor. Não possuem marca
Pressuposição linguística, sendo deduzidos através do contexto
Pressupostos e subentendidos são informações implícitas comunicacional e do conhecimento que os destinatários têm
num texto, não expressas formalmente, apenas sugeridas por do mundo. Podem ser ou não verdadeiros e podem ser
marcas linguísticas ou pelo contexto. Cabe ao leitor, numa facilmente negados, visto serem unicamente da
leitura proficiente, ir além da informação que se encontra responsabilidade de quem interpreta a frase.
explícita, identificando e compreendendo as informações Exemplos de subentendidos:
implícitas, ou seja, lendo nas entrelinhas. - Quando sair de casa, não se esqueça de levar um casaco.
Os pressupostos são de mais fácil identificação, estando Subentendido: Está frio lá fora.
sugeridos no texto. Os subentendidos são deduzidos pelo
leitor, sendo da sua responsabilidade. - Já tenho a garganta seca de tanto falar.

3
Subentendidos: Quero beber um copo de água ou quero diversas construções textuais e orais, estando muitas
parar de falar neste momento. vezes relacionada à escolha do léxico (escolha das
palavras) e à sintaxe (disposição das palavras) da
- Você vai a pé para casa agora? sentença.
Subentendidos: Eu posso lhe dar uma carona ou é perigoso
andar a pé na rua a estas horas. Ambiguidade como vício de linguagem
A ambiguidade é vista como um vício de linguagem, isto
Inferência é, como um desvio das normas padrão estabelecidas para
Inferência é uma dedução feita com base em a língua portuguesa. Embora seja aceitável na linguagem
informações ou um raciocínio que usa dados disponíveis lírica e poética, devido à maior liberdade criativa nesse
para se chegar a uma conclusão. tipo de escrita, a ambiguidade é um vício que deve ser
Inferir é deduzir um resultado, por lógica, com base na evitado em textos jornalísticos, acadêmicos e, mesmo,
interpretação de outras informações. Inferir também pode durante a comunicação informal enquanto troca de
significar chegar a uma conclusão a partir de outras informações objetivas e precisas, já que causa problemas
percepções ou da análise de um ou mais argumentos. na interpretação dessas informações.
Exemplo: Se eu tiver dinheiro, irei viajar. Se eu for viajar,
ficarei feliz. Portanto, se eu tiver dinheiro, ficarei feliz. Tipos de ambiguidade
A língua portuguesa apresenta alguns tipos específicos de
O silogismo é um modelo de raciocínio baseado na ideia da ambiguidade que ocorrem devido à maneira como o
dedução a partir de duas premissas, ou seja, é um tipo de próprio idioma estabelece-se. Vamos conhecer esses tipos
inferência. vendo exemplos e maneiras de evitá-los.
A palavra inferência tem origem do latim inferentia.
A inferência causal acontece ao se estabelecer uma relação Uso indevido de pronomes possessivos
de causalidade (causa e efeito) entre fatos, a partir da Costuma ocorrer quando há mais de um sujeito na
observação de acontecimentos. sentença e qualquer pronome possessivo ou termo que
Exemplo: Está chovendo. Depois da chuva vem o sol. Então, indique posse, não ficando claro a qual sujeito se
o sol deve aparecer logo. estabelece a relação de posse. Exemplo:
- Andréia pediu a Fabiano que pegasse sua mochila na
Regras de inferência sala.
As regras de inferência são métodos usados para fazer uma - A mochila era de Andréia ou de Fabiano? Para evitar
dedução e chegar a uma conclusão, a partir de uma ou mais esse tipo de ambiguidade, evite usar o
premissas conhecidas. São usados os argumentos básicos pronome seu ou sua nesses casos e use dele ou dela:
(premissas) para se chegar a um valor (conclusão). Andréia pediu a Fabiano que pegasse a
mochila dele/dela na sala.
Exemplos
• Todo cachorro é bonito. Marley é um cachorro. Colocação inadequada de palavras
Logo, Marley é bonito. Ocorre quando a sintaxe da frase prejudica o
• Se X > 5 = P e X < 1 = P, então X > 5 = X < 1. entendimento. Exemplo:
- O garoto mal-humorado resmungou durante a prova.
Nesse caso X > 5 = P e X < 1 = P são as premissas e X > 5 = O garoto é sempre mal-humorado ou estava mal-
X < 1 é a conclusão. humorado apenas durante a prova? A posição em que se
coloca o termo mal-humorado pode definir isso, além de
Inferência textual outras construções dando maiores detalhes sobre o garoto
Inferência textual está relacionada à compreensão da leitura. (nesse caso, deixaremos o termo explicativo entre
Significa interpretar os elementos que estão explícitos e vírgulas):
implícitos no texto, analisando em conjunto tudo que foi
escrito e compreendendo a ideia central do texto. A • Mal-humorado, o garoto resmungou durante a prova.
inferência textual pode requerer algum conhecimento prévio • O garoto, sempre mal-humorado, resmungou durante a
sobre o tema da leitura. prova.

Ambiguidade Uso de forma indistinta entre o pronome relativo e a


Na linguística, a ambiguidade ou anfibologia ocorre conjunção integrante
quando um trecho, uma sentença ou uma expressão Ocorre quando há uso indistinto de um termo que pode
linguística apresentam mais de um entendimento servir como pronome relativo (aquele que retoma um
possível, gerando problemas de interpretação no antecedente, representando-o no início de uma oração) ou
enunciado e dificuldades de comunicação. A ambiguidade como conjunção integrante (aquela que introduz orações
é um problema muito comum e presente em substantivas) dependendo de onde ele é encaixado na

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frase. Exemplo: teremos que subir 12 lances de escada, são bem poucos.”
- A mãe avisou à filha que estava terminando o serviço. Certamente, a pessoa não está feliz por ter que subir 12
lances de escada.
Quem terminava o serviço: a mãe ou a filha? Novamente, - “Que bonito, hein! Que cena mais linda! Será que eu
é possível solucionar esse problema mudando a posição estou atrapalhando o casalzinho aí?!”
das orações.
• À filha, a mãe avisou que estava terminando o serviço. Figurativização
• A mãe avisou à filha, que estava terminando o serviço. É quando se associa outros significados ao sentido próprio
(ou literal)da palavra.
Ironia - O leão estava preso na jaula.
Ironia (ou antífrase) é uma figura de linguagem utilizada - Pedro é um leão em campo.
para dizer-se algo por meio de expressões que remetem
propositalmente ao oposto do que se quis dizer. Seu uso é Figurativização de textos
bastante comum, e esse jogo de sentidos que se ligam pela A figurativização de textos nada mais é do que a
inversão gera, muitas vezes, um tom de comicidade ou de manifestação da visão de mundo dos sujeitos, funcionando,
deboche, podendo ser um mero gracejo até um discurso dessa maneira, como um espelho que reflete os desejos,
mais sarcástico. Por sua versatilidade, é um recurso anseios e posturas dos seres sociais.
estilístico muito comum e usado em diversas
possibilidades, como veremos a seguir. Polissemia
A palavra ironia vem do grego, eironéia, que significa “A polissemia é o conjunto dos vários sentidos de uma
“dissimulação”. A palavra antífrase também vem do palavra ou locução. É preciso ficar atento às diferenças entre
grego, antiphrasis, que significa “expressão contrária”. as palavras polissêmicas e palavras homônimas.”
Assim, é possível perceber-se o efeito do uso da ironia,
certo? Chamamos de polissemia a propriedade de uma palavra ou
Tipos de ironia expressão que apresenta vários sentidos além de seu sentido
É comum distinguir a ironia com base em suas fontes, original. As palavras polissêmicas guardam uma relação de
tendo dois tipos: a ironia verbal (também chamada de sentido entre si, o que as diferencia das palavras
ironia instrumental), cuja fonte é o próprio falante que a homônimas.
expressa, e a ironia observável (também chamada de Enquanto as palavras homônimas – vocábulos com origens e
ironia situacional ou, ainda, de ironia de situação), cuja significados distintos, porém como mesma grafia e fonemas
fonte não é a mente do indivíduo, e sim a circunstância – apresentam origens diferentes para seus significados, as
irônica da realidade. palavras polissêmicas estabelecem uma conexão entre si,
remetendo a representações mentais similares (por
Ironia verbal exemplo, anel de Saturno e anel de casamento remetem a
Diz respeito ao discurso irônico, isto é, ao ato de falar-se uma ideia de objeto circular). Para que você possa fazer uma
ou representar-se algo querendo, na verdade, remeter-se melhor distinção entre os dois fenômenos linguísticos,
ao seu inverso. Costuma ocorrer de maneira proposital, observe os exemplos:
mas não necessariamente será percebida pelo interlocutor.
Dentro dessa categoria, encontra-se a ironia oral (fala-se Exemplo de polissemia:
algo com a intenção de expressar-se o oposto) e também Vela:
a ironia dramática, presente em obras artísticas, quando 1. Peça cilíndrica de substância gordurosa e combustível,
leitor, telespectador ou plateia captam facilmente a ironia com um pavio no centro, e que serve para alumiar; círio.
do discurso, enquanto as personagens que o vivenciam, 2. Peça que produz a ignição nos motores de explosão.
não. 3. Peça de lona ou de brim que, ao receber o sopro do vento,
impele embarcações; pano.
Ironia observável 4. Ato de velar.
Esse termo, diferentemente da ironia verbal, remete à
ironia presente no campo da ação e da realidade, ou seja, a Manga:
situação configura-se irônica por si só 1. Parte do vestuário onde se enfia o braço.
(independentemente da fala de alguém ou de um discurso 2. Qualquer peça em forma de tubo que reveste ou protege
verbal). outra peça.
3. O fruto da mangueira.
Exemplos do uso de ironia
A ironia é um recurso muito utilizado no dia a dia, mas Exemplos de homonímia:
também em obras artísticas. Vejamos alguns exemplos de São:
seu uso. 1. Forma sincopada de santo usada antes de nomes que
- “Puxa, que bom que o elevador quebrou! Agora só principiam por consoante.

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2. Sadio.
3. Que tem saúde, ou que a recobrou. Alusão – é o ato de indicar ou insinuar um texto anterior
4. Fruto não apodrecido. sem, no entanto, aprofundar-se nele. Esse método de
Dó: intertextualidade apresenta de forma superficial e objetiva
1. Compaixão. informações, ideias ou outros dados presentes em texto ou
2. Tristeza. textos anteriores.
3. O primeiro grau da escala diatônica natural. Exemplo: Como diria o poeta, amanhã é outro dia.
4. Sinal da nota dó na pauta.
Paródia – é o tipo de intertextualidade em que se apresenta
Sendo assim, as palavras polissêmicas pertencem a um uma estrutura semelhante à de um texto anterior, mas com
mesmo campo semântico, enquanto as palavras homônimas
mudanças que interferem e/ou subvertem o sentido do texto,
não apresentam nenhum tipo de relação semântica entre si.
o qual passa a apresentar forte teor crítico, cômico e/ou
sátiro. Desse modo, além de construir-se um novo texto,
Intertextualidade com semelhanças a um anterior, procura-se também
A intertextualidade se refere à presença de elementos evidenciar uma mudança de sentido.
formais ou semânticos de textos, já produzidos, em uma
Exemplo:
nova produção textual. Em outras palavras, refere-se aos
“Minha terra tem macieiras da Califórnia
textos que apresentam, integral ou parcialmente, partes
onde cantam gaturanos de Veneza.
semelhantes ou idênticas de outros textos produzidos
Os poetas da minha terra
anteriormente. são pretos que vivem em torres de ametista,
Essa intertextualidade pode ser indicada explicitamente no os sargentos do exército são monistas, cubistas,
texto ou pode vir “disfarçada” pela linguagem do autor. Em
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
todo caso, para que o sentido da relação estabelecida seja
A gente não pode dormir
compreendido, o leitor precisa identificar as marcas
com os oradores e os pernilongos.
intertextuais e, em alguns casos, conhecer e compreender o
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda
texto anterior. Eu morro sufocado
Em trabalhos científicos, como artigos e dissertações, é em terra estrangeira.
comum haver citação de ideias ou informações de outros
Nossas flores são mais bonitas
textos. A citação pode ser direta, cópia integral do trecho
nossas frutas mais gostosas
necessário, ou indireta, quando se explica a informação
mas custam cem mil réis a dúzia.
desejada com suas próprias palavras. As duas formas
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
compreendem a intertextualidade, pois aproveitam ideias já e ouvir um sabiá com certidão de idade!”
produzidas para contribuir com as novas informações.
Murilo Mendes
A intertextualidade também pode ocorrer no nível formal,
Paródia da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias
quando o autor repete elementos da estrutura anterior, mas
altera outros aspectos, construindo, com isso, um novo texto,
com ligações explícitas com a produção anterior. É muito Paráfrase – é o processo de intertextualidade no qual o
comum nos gêneros artísticos, como poesia e música, sentido do texto original é reafirmado, porém com pouca ou
em textos publicitários etc. nenhuma semelhança estrutural. Nesse tipo, o intuito é
reescrever o assunto do texto original, aproveitando
Tipos de intertextualidade principalmente os elementos semânticos já existentes, para
produzir uma nova linguagem com o mesmo tema.
Exemplo:
“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!”
Carlos Drummond de Andrade
Paráfrase da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias

Epígrafe – é a reprodução de um pequeno trecho do texto


original no início de um novo texto. Ela, comumente, vem
A intertextualidade também ocorre com textos visuais, como alocada no início da página, no canto direito e em itálico.
nesta releitura de “A Última Santa Ceia”. Apesar de ser um trecho “solto”, a epígrafe sempre tem uma
relação com o conteúdo do novo texto.

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“Apesar de você Só você
amanhã há de ser Que nem você ninguém mais pode haver”
outro dia.” (Lenine)
Chico Buarque
A música do cantor brasileiro Lenine apresenta uma
Citação – é quando o autor referencia outro texto por ter declaração de amor do eu lírico à sua musa inspiradora. Na
pertinência e relevância com o conteúdo do novo texto. A letra, o poeta faz referência a diferentes musas, já
citação pode ocorrer de forma direta, quando se copia o reconhecidas socialmente, que são inspirações de outros,
trecho na íntegra e o destaca entre aspas, ou pode ser mas não dele, pois a sua única musa é sua amada, verdade
indireta, quando se afirma o que o autor do texto original confirmada em “só você”, contrapondo-se à enumeração de
disse, mas explicando os conceitos com novas palavras, musas referenciadas.
relacionando a abordagem com o novo conteúdo.
Exemplo: Na literatura:
Segundo Sócrates, “Sábio é aquele que conhece os limites “Minha terra tem palmares
da própria ignorância”, logo, de nada adianta ter acúmulo onde gorjeia o mar
de informações, quando não se aplica a autocrítica e a Os passarinhos daqui
reflexão como ferramentas de reconhecimento das potências Não cantam como os de lá
e limites do nosso conhecimento. Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Diferenças entre intertextualidade implícita e Minha terra tem mais ouro
intertextualidade explícita Minha terra tem mais terra”
A intertextualidade pode se expressar de dois modos: (Oswald de Andrade)
implícito ou explícito. O modo implícito enquadra as
produções que, apesar de referenciarem informações, No segundo exemplo, poema de Oswald de Andrade,
conceitos e dados já apresentados por textos anteriores, não encontramos a intertextualidade com o poema “Canção do
o farão com cópias integrais nem com indicação explícita. Exílio”, publicado anteriormente pelo poeta Gonçalves Dias.
Assim como a paráfrase de Drummond, a intertextualidade O segundo texto apresenta elementos que evidenciam essa
implícita cita sem evidenciar ou anunciar. Caso o leitor relação, como a repetição de expressões como “Minha
não conheça o texto anterior, pode encontrar dificuldades de terra”, "palmares”, “gorjeia”, “daqui”, “lá”.
perceber alguma relação estabelecida.
Já a intertextualidade explícita é aquela que se expressa Em textos visuais:
diretamente na superfície textual, ou seja, apresenta
semelhanças ou cópia de trechos do texto original. Nesse
processo, mesmo que o autor não conheça o primeiro texto,
ele identificará, ao menos, que existe uma referência a outra
produção.

Exemplos de intertextualidade
A intertextualidade é presente em diferentes gêneros
textuais, mas tem um espaço privilegiado nos gêneros
artísticos. Nesses contextos, ela é utilizada, também, como
ferramenta de inspiração e criatividade, pois provoca uma
ressignificação de textos já conhecidos, em novos contextos.
Segue alguns exemplos de intertextualidade em gêneros
textuais artísticos: A Mona Lisa é um dos textos que mais apresenta
releituras, exemplificando a relação de pontos de
Na música: intertextualidade com a obra original. Nas duas imagens
“De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda anteriores, é possível reconhecer a referência ao quadro de
De Michael Jackson, nem a Billie Jean Leonardo da Vinci — a posição das mãos, a paleta de cores,
De Jimi Hendrix, nem a doce Angel o cabelo, a posição do corpo, entre outros detalhes. Percebe-
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim se que, mesmo com tantas semelhanças, os dois textos
Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz apresentam novos sentidos para a imagem, cada um com sua
Das doze deusas de Edu e Chico assinatura específica.
Até das trinta Leilas de Donato
E de Layla, de Clapton, eu abdico Linguagem não-verbal
Só você, Todo ato comunicativo se dá pela ação da linguagem, que
Canto e toco só você podem ser definidas como linguagem verbal e não verbal.

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Em outras palavras, essas formas de linguagem são Gira, a entreter a razão,
definidas como modalidades comunicativas. Isso significa Esse comboio de corda
que será necessário a ação de um emissor e de um receptor, Que se chama coração.”
com o intuito de receber ou transmitir uma mensagem.
Linguagem não verbal
Linguagem verbal: também chamada de linguagem A outra forma de comunicação, que não é feita nem por
verbalizada, é expressa por meio de palavras escritas ou sinais verbais nem pela escrita, é a linguagem não verbal.
faladas. Portanto, ela basicamente vai lidar com imagens. Nesse
Linguagem não verbal: utiliza signos visuais, como, por caso, o código a ser utilizado é através da simbologia. A
exemplo, os gestos, postura, ilustrações, placas, músicas. linguagem não verbal é constituída por gestos, tom de voz,
entre outras coisas. Portanto, é possível notar que a ausência
Além dessas, uma outra forma de linguagem pode ser de palavras não significa a ausência de texto.
utilizada no dia a dia que é linguagem mista, também
conhecida como linguagem híbrida. Nela é possível Por exemplo:
encontrar as linguagens verbal e não verbal juntas, com • Se uma pessoa está dirigindo e vê o sinal vermelho, qual a
objetivo de passar uma única mensagem. primeira reação a se fazer? Parar.
Um exemplo de linguagem mista pode ser encontrado em Pois bem, essa comunicação é feita através da linguagem
uma charge, quando se encontra uma imagem e um espaço não verbal.
com um texto acerca da imagem. Tanto a foto quanto o texto Ao contrário do que muitos pensam, a linguagem não verbal
contribuíram significativamente para a compreensão da é utilizada constantemente na vida das pessoas. Um exemplo
mensagem. disso é através dos sinais de trânsito.
Os gestos e a expressão corporal também são classificados
Comunicação x Linguagem verbal e não verbal como uma linguagem não verbal. Por exemplo:
A comunicação é o processo de troca de informações entre
um emissor e um receptor. Um dos aspectos que pode • Quando um pai diz de forma áspera, gritando e com uma
interferir nesse processo é o código a ser utilizado, que deve expressão agressiva, que ama o filho, será que ele
ser entendível para ambos, portanto, a linguagem verbal e interpretará assim? Bem provável que não.
não verbal são componentes que fazem parte dos elementos
da comunicação. Linguagem mista ou linguagem híbrida
A comunicação entre pessoas quase sempre se estabelece
Linguagem verbal através de gestos e palavras, havendo, portanto, a junção das
Quando se fala com alguém, lê um livro ou uma revista, é duas formas de linguagem. Essa junção é definida como
utilizado a palavra como um código. Esse tipo de linguagem mista.
linguagem, como vimos no início do texto, é conhecido Isso pode ser visto também nas revistas em quadrinhos, que
como linguagem verbal, podem ser através de palavra comunicam através de imagens e palavras.
escrita ou falada.
Certamente, essa é a linguagem mais comum no dia a dia.
Quando alguém escreve uma mensagem em rede social, por
exemplo, ela está utilizando a linguagem verbal, ou seja,
transmitindo informações através das palavras.
Para exemplificar essa definição, confira um poema
de Fernando Pessoa, que utiliza as palavras para expressar
seus sentimentos.

“Autopsicografia

O poeta é um fingidor. As revistas em quadrinho são exemplos que usam linguagem


Finge tão completamente verbal e não verbal. (Imagem: Pxhere)
Que chega a fingir que é dor
Definição de linguagem
A dor que deveras sente.
A linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar
ideias ou sentimentos, através de signos convencionais,
E os que lêem o que escreve,
sonoros, gráficos ou de qualquer tipo. Seguindo uma escala
Na dor lida sentem bem,
evolutiva, é possível considerar a primeira forma organizada
Não as duas que ele teve,
de comunicação é a falada, em seguida, com o tempo, criou-
Mas só a que eles não têm.
se a forma escrita e que proporcionou ao ser humano
conhecer o tempo e a distância.
E assim nas calhas de roda
Atualmente, os meios de comunicação possuem um alcance

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ainda maior do que as formas anteriores, graças aos avanços • Cardápio
da tecnologia. A linguagem verbal humana é estudada • Anúncios de classificados
pela linguística, enquanto que para estudar a linguagem e
seus signos, utiliza-se a semiótica. Texto Expositivo
Os textos expositivos possuem a função de expor
1.2 Tipos e gêneros textuais: narrativo, descritivo, determinada ideia, por meio de recursos como: definição,
expositivo, argumentativo, instrucionais, propaganda, conceituação, informação, descrição e comparação.
editorial, cartaz, anúncio, artigo de opinião, artigo de Alguns exemplos de gêneros textuais expositivos:
divulgação científica, ofício, carta.
• Seminários
Os gêneros textuais são classificados conforme as
• Palestras
características comuns que os textos apresentam em relação
à linguagem e ao conteúdo. • Conferências
Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma • Entrevistas
interação entre os interlocutores (emissor e receptor) de • Trabalhos acadêmicos
determinado discurso. • Enciclopédia
São exemplos resenha crítica jornalística, publicidade, • Verbetes de dicionários
receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de
supermercado. Texto argumentativo
É importante considerar seu contexto, função e finalidade, O texto argumentativo é geralmente feito em terceira pessoa
pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. e seu objetivo é mostrar ao leitor um ponto de vista a
Isso, por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo respeito de algum assunto. Para que esse ponto de vista seja
apresenta a lista de ingredientes necessários (texto exposto de forma convincente e honesta, o autor usa
descritivo) e o modo de preparo (texto injuntivo). argumentos válidos, geralmente citando dados, pesquisas,
falas de pessoas com autoridade sobre o tema.
Tipos de Gêneros Textuais
Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Note que Características do texto argumentativo
existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias O tema tratado no texto argumentativo pode ser qualquer
tipológicas de texto. Em outras palavras, gêneros textuais um, o que importa é que os argumentos abordados no texto
são estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de sigam um raciocínio lógico, com base em uma exploração
textos: narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, de ideias e opiniões.
expositivo e injuntivo A intenção principal do texto argumentativo é convencer o
leitor a respeito de um tema. Digamos que a redação deva
Texto Narrativo ser sobre o uso consciente das redes sociais. A partir desse
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no assunto, o autor pode argumentar que as redes sociais são
tempo e no espaço. A estrutura da narração é dividida em: uma ótima ferramenta de estudo e de informação, mas
apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. também podem propagar fake news e desencadear
Alguns exemplos de gêneros textuais narrativos: comportamentos de vício e de autodepreciação.
• Romance A partir desse raciocínio, o leitor é convidado a refletir sobre
• Novela o impacto das redes sociais na vida das pessoas, seja pelo
• Crônica grande tempo dedicado a elas, seja pelos efeitos nocivos à
• Contos de Fada autoestima. O mesmo texto também deve falar sobre os
aspectos positivos das redes sociais, que aproximam pessoas
• Fábula
e ajudam a propagar ideias interessantes e conteúdos
• Lendas
educativos, por exemplo. Abordar os dois lados e mostrar
como diminuir o impacto negativo é uma forma, portanto,
Texto Descritivo
de produzir um texto argumentativo.
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor
Seguindo esse raciocínio, percebemos que os argumentos
determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa
podem ser feitos de formas diferentes – alguns tipos de
forma, são textos repletos de adjetivos, os quais
argumentos são:
descrevem ou apresentam imagens a partir das
• Argumento de autoridade: é a inserção no texto
percepções sensoriais do locutor (emissor).
da fala ou opinião de um especialista, que tem
São exemplos de gêneros textuais descritivos:
autoridade justamente por dedicar seus estudos e/ou
• Diário
profissão dentro do tema abordado.
• Relatos (viagens, históricos, etc.)
• Argumento de consenso: esse tipo de
• Biografia e autobiografia
argumentação leva em conta um consenso geral e
• Notícia não requer dados ou estatísticas que produzam
• Currículo embasamento teórico.
• Lista de compras

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• Comprovação pela experiência ou observação: é determinado serviço ou produto ou ainda de adotar uma
a utilização de dados que comprovam a ideia. As propagandas podem ser compostas apenas de
autenticidade de uma informação. imagem, apenas de texto, ou de imagem e texto
• Fundamentação lógica: tem a ver com a conjuntamente.
construção do texto, que deve seguir um modelo de Os elementos da propaganda são: a composição da página
raciocínio lógico, dando coerência aos argumentos. (parte da página, cartaz, etc.) e o slogan. O slogan é a frase
que acompanha a marca. Tem o objetivo de agregar valor
Estrutura do texto argumentativo por meio de um conceito que ajuda a fixar a marca e atingir
Já que o texto argumentativo tem o objetivo de convencer o o público-alvo. Ele pode mudar a cada nova campanha
leitor a respeito de uma ideia, é fundamental que ele seja publicitária.
construído de forma coesa e coerente, com o uso de bons Os textos propagandísticos/publicitários, como o próprio nome já diz,
argumentos. A estrutura ideal de construção do texto têm como objetivo principal a propaganda. Através desta, anuncia-se
argumentativo costuma ir de acordo com a seguinte lógica: um determinado produto, uma ideia, um benefício, um movimento
- Introdução social, um partido, entre outros. Como seu objetivo é convencer, é
- Desenvolvimento natural que a função apelativa da linguagem se destaque neste gênero
- Conclusão textual.
Sendo o objetivo persuadir o receptor, o texto publicitário, a fim de
Textos instrucionais chamar a atenção, apresenta um produto ou serviço ao consumidor,
O texto instrucional é um gênero textual que tem como promove sua venda ou garante a boa imagem da marca explicando por
principal característica a informação. Ou seja, este texto que o produto é bom e, ao mesmo tempo, estimulando a possuí-lo e
nada mais é que um texto que passa informações de modo depois comprar. No entanto, isso não é feito aleatoriamente. Toda
que instrua o leitor a fazer algo. propaganda tem um público-alvo, sempre voltado para uma pessoa ou
Desse modo, o texto instrucional é responsável por auxiliar coletividade, com base em dados como idade, condição
na realização de ações, tanto como uma maneira certa de socioeconômica, escolaridade, costumes e hábitos de consumo.
fazer algo, quanto para montar um móvel, por exemplo. Para atingir o seu propósito, os textos publicitários costumam utilizar
Outro exemplo são as receitas que dão o passo a passo e a verbos no modo imperativo e contam com outras estratégias
quantidade certa para fazer um bolo, ou uma torta, etc. argumentativas. A boa propaganda trabalha com uma linguagem
Assim, necessita-se dos textos instrucionais para realizar sugestiva por meio da ambiguidade, da ironia, do jogo de palavras
algumas tarefas. e de subentendidos, ou seja, vários formatos conotativos que fazem
Quanto a linguagem, nesse gênero textual, é sempre com que o público perceba a sutileza da inteligência dos textos.
utilizada a função apelativa, sendo totalmente objetivo e
claro. Além disso, os verbos são empregados no imperativo, Textos editoriais
pois é importante a maneira de induzir o leitor a fazer algo e O texto editorial é um tipo de texto jornalístico que
o uso da persuasão. geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos
Exemplos de textos instrucionais: Manuais de outros textos que compõem um jornal, de caráter
eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas culinárias, informativo, os editoriais são textos opinativos.
rótulos de embalagens de uma forma geral, entre outros. Embora sejam textos de caráter subjetivo, eles podem
apresentar certa objetividade. Isso porque são os editoriais
Vejamos um exemplo: que apresentam os assuntos que serão abordados em cada
Doces Caramelados seção do jornal, ou seja, Política, Economia, Cultura,
Ingredientes: Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros.
- 2 xícaras de açúcar Os textos são organizados pelos editorialistas, que
- 1 xícara de água expressam as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a
- 2 colheres de sopa de vinagre branco assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do
meio de comunicação (revista, jornal, rádio, etc.).
Modo de preparo: Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os
Leve ao fogo o açúcar e a água, deixando ferver até o ponto editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do
de bala mole (pingue a calda em uma xícara com água para Editor”.
verificar o ponto). Adicione o vinagre e deixe no fogo até
ficar com cor de champagne (no ponto de quebrar). Estrutura
Abaixe o fogo ao mínimo. Jogue os doces um a um na calda, Por ser um texto dissertativo-argumentativo, os editoriais
retire-os e coloque-os sobre superfície untada com manteiga. apresentam a estrutura básica dividida em três partes
principais:
Propaganda
As propagandas são gêneros textuais discursivos • Introdução: exposição do assunto que será tratado
persuasivos elaborados para influenciar a opinião do leitor e no decorrer da leitura
persuadi-lo, ou convencê-lo, da necessidade de obter • Desenvolvimento: momento em que a

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argumentação do escritor será a principal
ferramenta
• Conclusão: finalização do texto com a opinião do
autor ou da equipe

Cartaz
O cartaz é um gênero textual marcado especialmente pela
função informativa, bem como pela função apelativa.
Existe uma série de gêneros textuais utilizados para
transmitir mensagens; dentre os diversos existentes, o cartaz
é um dos mais comuns, pois é frequente nos depararmos
com eles diariamente.
Onde encontramos esse tipo de gênero textual?

Exemplo de Cartaz com Função Informativa

Por outro lado, o objetivo pode ser convencer alguém,


persuadir o receptor a adquirir um produto, por exemplo.
Nesse caso, é utilizada a função apelativa, muito comum
na linguagem publicitária.

Os cartazes estão em todo o lado. Nas ruas: nas campanhas


eleitorais, no anúncio de eventos, na divulgação de produtos,
nas manifestações, nas campanhas de conscientização; em
outros locais como cinemas, hospitais e escolas.

Quem os reproduz e para quê?


Há profissionais que se dedicam a esta área, tais como
designers, publicitários, artistas plásticos. Os cartazes são
utilizados para transmitir mensagens e, tendo em conta as
suas características, é um meio de comunicação que
consegue atingir de forma eficaz um grande público.

Função: Informativa e Apelativa


O objetivo do cartaz é estabelecer uma interação com o
receptor da mensagem, é comunicar algo a alguém, que
pode ser simplesmente uma informação acerca de um evento
- nesse caso é utilizada a função informativa.

Exemplo de Cartaz com Função Apelativa

Assim, são utilizados mecanismos que concorrem para que a


mensagem cumpra o seu papel, tal como a utilização da
linguagem verbal e não verbal.

Características do cartaz
Para transmitir de maneira eficaz a mensagem pretendida, o

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cartaz tem como característica: subjetiva;
• Utilização de verbos no imperativo; • Abordam temas da atualidade;
• Utilização de linguagem verbal e não verbal; • Possuem títulos polêmicos e provocativos;
• Texto curto e sugestivo, adequado ao público; • Contém verbos no presente e no imperativo.
• Criatividade;
• Preocupação estética (harmonia entre tamanhos das A estrutura do artigo de opinião
letras e das imagens, espaçamento, utilização de Geralmente os artigos de opinião seguem o padrão da
cores); estrutura dos textos dissertativos-argumentativos:
• Utilização de figuras de linguagem. • Introdução (exposição): apresentação do tema que
será discorrido durante o artigo;
Anúncio • Desenvolvimento (interpretação): momento em que
O anúncio visa apresentar, ao grande público, determinado a opinião e a argumentação são os principais
produto, marca ou serviço, com o intuito de atrair e recursos utilizados;
convencer os consumidores a adquirirem ou aderirem ao que • Conclusão (opinião): finalização do artigo com
está sendo apresentado. A linguagem desse gênero é mista, apresentação de ideias para solucionar os
mesclando elementos verbais com não verbais. Para problemas sobre o tema proposto.
construir um bom anúncio, é preciso estar atento, além de ter
em mente, de modo objetivo, o que está sendo apresentado. Artigo de divulgação científica
A forma de apresentação pode variar a depender da Os textos de divulgação científica são utilizados para
necessidade da marca. compartilhar informações, pesquisas e outros dados, de
A princípio, existem duas grandes categorias nessa cunho científico, mas com uma linguagem explicativa,
diferenciação: os anúncios em texto/imagem e os anúncios didática e, por isso, mais superficial e abrangente,
em vídeo. distinguindo-se, portanto, da linguagem especializada do
Os anúncios em texto/imagem enquadram todos os tipos de texto científico. Sendo assim, as primeiras características
textos publicitários que apresentam uma forma “estática”, desses textos são a abordagem temática de assuntos
composta por elementos verbais e não verbais, ou seja, não científicos e o uso de uma linguagem acessível.
se referem somente à escrita, mas principalmente à falta de Para cumprir esse objetivo, os textos precisam evitar alguns
movimento. Nessa categoria, enquadram-se outdoor, comportamentos linguísticos, como o uso de termos
anúncios em margens de sites, cartazes e até posts em redes especializados ou explicações teóricas com linguagem
sociais. técnica. É aconselhável que esses conteúdos sejam, de certa
Os anúncios em vídeo enquadram os textos que apresentam forma, traduzidos para uma comunicação simples, objetiva e
alguma cena ou animação responsável por, por meio da acessível. O propósito é compartilhar, a um grande e diverso
figuração, representar um estado de espírito, ilustrar uma público, um conteúdo importante que está restrito aos
vantagem, apresentar uma transformação ou explorar ambientes e sujeitos inseridos na área.
circunstâncias do cotidiano com outra perspectiva, para, Apesar dessa forte necessidade de acessibilizar as
assim, conseguir convencer os consumidores de que aquele informações, os textos de divulgação científica necessitam
produto ou marca é o melhor. Nesse sentido podem ocorrer de embasamento teórico, por isso, comumente, apresentam
diálogos, músicas, danças e outras linguagens artísticas teorias e conceitos teóricos, acompanhados de explicações,
como elementos da linguagem. sempre que necessário. Outra característica desse gênero
textual é a apresentação de ideias, procedimentos,
Artigo de opinião descobertas e resultados a respeito de algum tema.
O artigo de opinião é um tipo de texto dissertativo- Por seu caráter explicativo, esses textos costumam ter
argumentativo onde o autor apresenta seu ponto de vista predominância do tipo textual expositivo, o qual apresenta
sobre determinado tema e, por isso, recebe esse nome. temas e os explica no intuito de garantir a compreensão do
A argumentação é o principal recurso retórico utilizado nos leitor. A depender do texto, é possível também que haja
textos de opinião, que tem como característica informar e presença de linguagem não verbal, como ilustrações, fotos,
persuadir o leitor sobre um assunto. gráficos e outros.
Geralmente os artigos de opinião são veiculados nos meios
de comunicação de massa - televisão, rádio, jornais ou Estrutura do texto de divulgação científica
revistas - e abordam temas da atualidade. A estrutura dos textos de divulgação científica pode variar a
depender do assunto ou assuntos tratados, dos dados e
As características do artigo de opinião conceitos que serão abordados, além das interferências
• Textos escritos em primeira e terceira pessoa; contextuais, como o público-alvo e o veículo de divulgação.
• Uso da argumentação e persuasão; Entretanto, é possível identificar uma organização básica
• Geralmente são assinados pelo autor; comum a esse gênero.
• Produções veiculadas nos meios de comunicação; A primeira parte é a introdução, que apresenta o assunto do
• Possuem uma linguagem simples, objetiva e texto, trazendo informações conhecidas e algumas novas, no

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intuito de situar e atrair o leitor para o texto. Toda da obra de construção de um de seus departamentos.
introdução cumpre uma função essencial no texto, pois é ela
quem deve prender a atenção inicial e situar o leitor, Ofício de Solicitação
preparando-o para o desenvolvimento da leitura. O ofício de solicitação é o documento utilizado para a
O desenvolvimento do texto deve apresentar as novas providência de informações, propostas de acordo, demandas
informações, explicá-las, embasá-las cientificamente, a fim e providência de materiais, ou outros fins aos quais venham
de que o leitor possa se apropriar desse conhecimento, a atender a necessidade da Administração.
mesmo não sendo especialista da área. Desse modo, é Um exemplo de ofício de solicitação deste tipo de ofício
necessário que se apresentem metodologias de pesquisas, ocorre na renegociação de dívidas tributárias ou atualizações
dados e estatísticas, cenários e características específicas, cadastrais.
tudo para que o assunto seja bem direcionado ao público.
Por fim, na conclusão, devem ser apresentados os resultados Ofício de Requerimento ou Pedido
alcançados, caso se aborde uma pesquisa em específico, ou O ofício utilizado para requerimento ou patrocínio segue a
fazer um fechamento da exposição temática, por meio de um mesma linha do documento para solicitação, no entanto sua
entrosamento entre as ideias apresentadas e discutidas formatação é diferente, de acordo com a situação.
anteriormente. No corpo do texto é comum que haja requisições específicas
à necessidade atual, como o requerimento de um
Ofício computador a mais para a Secretaria, por exemplo.
O ofício é uma correspondência. Nela, são veiculadas
ordens, solicitações ou informações com o objetivo de Ofício de Patrocínio
atender a formalidades e produzir efeitos jurídicos. Assim, o Há também o ofício de patrocínio, o qual tem seu uso
documento representa a comunicação oficial do remetente voltado para a solicitação de recursos para um novo projeto,
para o destinatário, pois usa do canal escolhido pela lei ou realizar um evento ou ação específica. Um exemplo é um
pelas partes para esse fim. ofício solicitando patrocínio dos lojistas locais para a
Nesse sentido, o ofício tem sempre uma forma facilmente realização de um evento cultural na cidade.
reconhecível:
• nome, símbolos, ícones, brasões e outros sinais Ofício Judicial e Jurídico
distintivos da pessoa ou organização emitente, O ofício judicial é expedido por um juiz para requerer
geralmente na parte superior do documento; informações ou notificar autoridades públicas ou privadas
• denominação do documento como ofício e número sobre determinada coisa. Há também a figura do ofício
de registro interno; jurídico, o qual é destinado aos que compõem o Judiciário
• identificação do destinatário; conteúdo da brasileiro, como o Ministério Público, os Tribunais de
mensagem, ordem ou solicitação; Justiça, do Trabalho, Tribunais Superiores, etc.
• data, local e assinatura; O ofício jurídico também pode ser destinado a advogado, ou
• comprovante de entrega (protocolo, aviso de até mesmo a representantes legais (advogados de terceiros).
recebimento etc.).
Ofício e os Pronomes de Tratamentos
Uma dica é que a origem do ofício merece mais atenção do Os pronomes de tratamento relativos às autoridades mais
que a forma. Isso porque, os documentos emitidos por utilizados em ofício são:
autoridades públicas podem ter consequências pelo
descumprimento, o que não é comum para os particulares. • Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
• Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
Tipos de ofícios Nacional;
Os tipos de ofício mais usados no cotidiano são: • Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo
• Ofício de Comunicação; Tribunal Federal;
• Ofício de Solicitação; • Senhor Senador;
• Ofício para Requerimento ou Pedido; • Senhor Deputado;
• Ofício de Patrocínio; • Senhor Juiz;
• Ofício Jurídico. • Senhor Ministro;
• Senhor Governador;
Ofício de Comunicação • Senhor Prefeito.
O ofício de comunicação é utilizado quando a
correspondência possui intenção meramente informativa,
quando há a necessidade de comunicar algo no âmbito da Carta
Poder Público ou entre particulares e a administração. A carta é um gênero textual de correspondência, o qual visa
Um exemplo de ofício de comunicação seria um ofício de a estabelecer uma comunicação direta entre os
uma secretaria municipal, informando à prefeitura o retorno

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interlocutores, para transmitir diferentes tipos de • Carta de apresentação: utilizada para fazer uma
mensagens. Por seu contexto de circulação, as cartas podem apresentação de uma pessoa, uma carreira ou um
ser divididas em: projeto, por exemplo, a algum destinatário de
• carta pessoal interesse.
• carta comercial • Carta de solicitação: utilizada para formalizar um
• carta oficial pedido a algum destinatário de maior valor
hierárquico, expressando a necessidade e/ou direito
A carta pessoal abarca uma estrutura e linguagem mais de auxílio.
flexível. As cartas comercial e oficial apresentam textos • Carta de amor: utilizada para expressar afetos
concisos e impessoais e com linguagem padrão. De modo pessoais do remetente ao destinatário.
geral, as cartas apresentam a estrutura: local, data, vocativo, • Carta de desculpas: utilizada para expressar um
corpo do texto, despedida e assinatura. pedido de perdão em relação a algum fato
desconfortável entre os interlocutores.
Tipos de carta
Existem diversos tipos de cartas que servem para diferentes Características e estrutura da carta
propósitos sociocomunicativos. Analisando pelo grau de Como exposto, a carta possui diferentes tipos, o que,
proximidade entre os interlocutores, a carta pode ser pessoal, consequentemente, implica diferentes estruturas e
empresarial ou comercial, e oficial ou pública. Essa divisão linguagens em sua composição. Antes de analisar ou
determina o tipo de linguagem que se estabelece entre escrever qualquer carta, é necessário observar as
remetente e destinatário. características específicas ao subtipo que está sendo
utilizado. Desse modo, o texto será mais adequado às
• Carta pessoal: estabelece comunicação entre exigências do contexto comunicativo.
pessoas próximas ou com vínculo individual. Isso Apesar dessa multiplicidade, é possível elencar algumas
favorece o uso de uma linguagem coloquial, características comuns à maioria dos tipos de carta:
aplicação de expressões populares e gírias, além de
assuntos subjetivos e/ou íntimos. A estrutura da • Cabeçalho: a parte inicial da carta pode variar a
carta pessoal também é aberta, tendo em vista que o depender do subtipo utilizado. Entretanto, o mais
autor pode escolher como deseja organizar as comum é que se identifique a cidade e a data em
informações compartilhadas. que a carta foi escrita no canto superior do texto.
• Carta empresarial ou comercial: é aquela que Em casos de cartas impessoais, é comum também a
veicula no ambiente profissional e estabelece presença do nome do destinatário, do cargo
comunicação entre diferentes profissionais. Esse ocupado e da instituição. É possível, ainda, que
tipo de carta exige uma linguagem mais formal e haja algum elemento visual, como logotipo.
impessoal. A mensagem deve ser objetiva e • Corpo do texto: é onde a mensagem é transmitida
concisa, e toda relação pessoal deve ser evitada. de fato. No caso das cartas pessoais, o tamanho e a
• Carta oficial ou pública: é o documento utilizado organização dessa parte pode variar a depender de
nas instituições públicas. Esse tipo também exige variáveis individuais. Em cartas oficiais ou
uma linguagem impessoal, formal e acessível. comerciais, o corpo do texto deve apresentar uma
Muitas vezes a carta oficial não tem um mensagem clara e concisa, o que acarreta muitas
destinatário único, e por isso exige um cartas de curto tamanho.
distanciamento entre os interlocutores. • Desfecho: é a parte final do texto, que pode estar
acoplada ao corpo do texto ou destacada abaixo
O gênero carta, ainda, subdivide-se dentro dessas categorias. dele. Nessa parte, o autor apresenta uma conclusão
Diante dos diferentes contextos de circulação e do grau de da sua mensagem, expressa uma mensagem cordial
proximidade entre os interlocutores, as cartas podem ser e se despede.
classificadas com base no conteúdo e na função que • Assinatura: as cartas são comumente assinadas ao
desempenham: final da página. A assinatura é essencial
principalmente nas cartas comerciais e oficiais. Sua
• Carta de reclamação: utilizada para expor alguma localização pode ser em um dos cantos ou
insatisfação a um destinatário que tenha posição de centralizada.
poder para realizar alguma interferência na questão.
• Carta oficial: utilizada para expor e documentar 1.3 Estrutura textual: progressão temática, parágrafo,
alguma mensagem, formalizando o que foi dito. frase, oração, período, enunciado, pontuação, coesão e
• Carta de candidatura: utilizada para comunicar coerência.
alguma autoridade sobre o desejo de candidatar-se Progressão temática
a algum cargo e/ou função. A progressão temática é um procedimento utilizado pelos

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enunciadores para dar sequência a seus textos, orais ou que serve para dividir e organizar o texto. Para identificá-lo,
escritos. Ela consiste em fazer o texto avançar apresentando basta procurar os trechos que iniciam com recuo na margem
informações novas sobre aquilo de que se fala, que é o tema. esquerda e encerram com ponto final. Eles podem se dividir
Um requisito para a construção do texto, conhecido por em parágrafos de introdução, desenvolvimento e conclusão.
todos os falantes, é que ele tenha unidade temática Todos estruturam-se na ordem: tópico frasal,
(mantenha ‘o fio da meada’), e, ao mesmo tempo, apresente desenvolvimento e conclusão.
informações novas sobre o tema. Um texto sobre gripe, por Semanticamente, o parágrafo é uma unidade interna do
exemplo, não pode mudar de tema aleatoriamente e passar a texto. Desse modo, o adequado é que todo parágrafo se
tratar de furacão ou telefone celular. Mas, para ser aceito organize em torno de um enfoque, uma perspectiva, uma
como texto, precisa falar de diferentes aspectos da gripe: o análise ou até uma cena específica do assunto geral. Ele
que é, que riscos traz para o doente, quais são os meios de deve apresentar um conteúdo de sentido minimamente
contágio, o que se deve fazer para evitá-la, qual é o independente que se solidifique ou amplie em relação aos
tratamento, etc. Assim, do ponto de vista funcional, a outros parágrafos do texto.
organização e hierarquização das unidades semânticas do
texto se concretizam por meio de dois eixos de informação, Estrutura e características do parágrafo
denominados tema (tópico) e rema (comentário). Considera- O parágrafo se inicia com um deslocamento de margem à
se como tema do enunciado o que se toma como base da esquerda da página e termina com um ponto final. Ele pode
comunicação, aquilo de que se fala, e como rema aquilo que ser composto por um único período ou mais. Cada parágrafo
se diz sobre o tema. De modo geral, o tema é uma apresenta um enfoque específico sobre o tema, logo, no
informação dada, já apresentada ao ouvinte ou leitor, ou que texto, a relação entre os parágrafos possibilita um
pode ser facilmente inferida, depreendida por ele, a partir do conhecimento mais amplo. Estruturalmente, o parágrafo se
contexto ou do próprio texto. O rema apresenta informação divide em:
nova que é introduzida no texto.
O texto progride pela articulação entre esses eixos de Tópico frasal: é a frase que apresenta a ideia central do
informação. É possível que mantenha um tema único e parágrafo, elaborada de modo conciso e claro. Ela deve
apresente sobre ele vários remas, várias informações novas. indicar ao leitor a mensagem central que será abordada,
Mas é possível, também, que o tema ou tópico principal se contribuindo para a compreensão total do texto.
desdobre em subtemas ou subtópicos, fazendo o texto Desenvolvimento: é a parte intermediária do parágrafo. Ele
avançar. dá seguimento ao tópico frasal, acrescentando informações e
Pode-se pensar a progressão temática no plano global do ideias para o aprofundamento do tema.
texto – qual é o tema geral, como ele se desdobra em partes Conclusão: é a parte final do parágrafo e serve para
ou parágrafos, de que aspecto trata cada um deles, apresentar um desfecho ou uma conclusão a respeito do que
introduzindo ou não novos subtemas. Mas pode-se também foi debatido anteriormente.
apreender a progressão temática no modo como os temas e
remas se encadeiam em frases que se sucedem no texto. Por Tipos de parágrafos
exemplo, quando o tema de uma frase passa a ser o rema da Os parágrafos podem ser classificados com base na sua
frase seguinte e o rema desta passa a ser o tema da seguinte, função na estrutura textual. Desse modo, é possível dividi-
tem-se a progressão temática linear, como acontece no los nos seguintes tipos:
trecho: Coelho lembra Páscoa. Páscoa lembra
chocolate (Páscoa, que faz parte do rema na primeira frase, Introdução: parágrafo que se encontra no início do texto. A
passa a ser o tema da segunda). Quando um mesmo tema é introdução pode corresponder a um ou mais parágrafos,
mantido em frases sucessivas do texto, tem-se a progressão desde que estejam posicionados na parte inicial e
temática com tema constante, como na sequência: Os apresentem as informações para contextualizar o assunto.
peixes-bois são os únicos mamíferos aquáticos herbívoros. Desenvolvimento: parágrafos que se encontram no meio do
Eles vivem em águas rasas nas regiões subtropicais e estão texto. São os parágrafos intermediários. Eles servem para
ameaçados de extinção. O tema dessa passagem é os peixes- aprofundar, ampliar, ou detalhar o assunto do texto.
bois, que é retomado pelo pronome eles e por uma elipse na Comumente, os parágrafos de desenvolvimento são os de
terceira oração: [eles, os peixes-bois] estão ameaçados de maior número, pois sua função é a de maior extensão.
extinção. Conclusão: são os últimos parágrafos do texto. Eles são
Essas formas de progressão aparecem, em geral, combinadas responsáveis por retomar o que foi dito, de modo conciso e
entre si e articuladas com os procedimentos de manutenção resumido, apresentando os desfechos, as conclusões ou as
do tema do texto. A manutenção e a progressão do tema são críticas finais. A conclusão pode ser mais extensa, caso haja
requisitos indispensáveis para a coesão e para a coerência muitos pontos a serem retomados, ou se apresentar em um
textual. parágrafo, quando o conteúdo é mais curto e exige menos
espaço.
Parágrafo
O parágrafo é um elemento textual com unidade de sentido Frase, oração e período

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Para que possamos compreender a sintaxe da Língua baixo!
Portuguesa, ou seja, o conjunto das relações que as
palavras estabelecem entre si, é necessário, antes de tudo, Oração
estudarmos a respeito dos enunciados e suas unidades, os A oração é uma unidade sintática. Trata-se de
quais apresentam características estruturais próprias: um enunciado linguístico cuja estrutura caracteriza-se,
a Frase, a Oração e o Período. obrigatoriamente, pela presença de um verbo. Na verdade,
a oração é caracterizada, sintaticamente, pela presença de
Frase um predicado, o qual é introduzido na língua portuguesa
A frase pode ser definida por seu propósito pela presença de um verbo. Geralmente, a oração
comunicativo. Isso significa que Frase é todo enunciado apresenta um sujeito, termos essenciais, integrantes ou
capaz de transmitir, de traduzir sentidos completos em acessórios.
um contexto de comunicação, de interação verbal.
Observe alguns exemplos de orações:
Observe algumas características das frases: – Corra!
• O início e o final da frase são marcados, na – Esses doces parecem muito gostosos.
escrita, por pontuação específica (. ! ? …); – Chove muito no inverno.
• Na fala, o início e o final da frase são marcados
por uma entoação característica. Não se esqueça Período
de que a entoação é a forma como os falantes O período é uma unidade sintática. Trata-se de um
associam o contorno da expressividade, como é enunciado construído por uma ou mais orações e possui
visto na frase interrogativa ou declarativa; sentido completo. Na fala, o início e o final do período são
• Podem ser elaboradas por uma única ou por marcados pela entonação e, na escrita, são marcados pela
várias palavras; letra maiúscula inicial e a pontuação específica que
• Podem apresentar um verbo ou não; delimita sua extensão. Os períodos podem ser simples ou
• Na escrita, os limites da frase são indicados pela compostos. Vejamos cada um deles:
letra inicial maiúscula e pelo sinal de pontuação
(. ! ? …). • Período simples
Os períodos simples são aqueles constituídos por uma
oração, ou seja, um enunciado com apenas um verbo e
Observe alguns exemplos de frases:
sentido completo. Exemplo: Os dias de verão são muito
– Ai!
longos! (verbo ser)
– Socorro!
– O quê?
• Período composto
– Mas que coisa terrível!
Os períodos compostos são aqueles constituídos por mais
– Quanta bagunça...
de uma oração, ou seja, dois ou mais verbos.
– Que tragédia!
Exemplo: Mariana me ligou para dizer que não virá mais
– Como assim?
tarde. (Período composto por três orações:
– Tenho muito a fazer.
verbos ligar, dizer e vir.)
– Fogo!
Enunciado
Tipos de Frases
De maneira geral, os enunciados podem ser considerados
• Frases interrogativas: Entonação de pergunta.
como sendo acontecimentos discursivos, isto é, são as
Geralmente, é finalizada com ponto de
unidades de comunicação/interação entre os sujeitos.
interrogação (?). Exemplo: Que dia você volta?
Para que posamos refletir a respeito do enunciado, é preciso,
• Frases exclamativas: Entonação expressiva, primeiramente, discutirmos a respeito da Linguística da
reação mais exaltada. Geralmente, finalizada com Enunciação, área da filosofia da linguagem que trata do
ponto de exclamação ou reticências (! estudo dos enunciados, dos discursos e suas condições de
…). Exemplo: Que horror! produção. Essa área de estudos da linguagem ganhou
• Frases declarativas: Não são marcadas pela destaque com a publicação da obra Marxismo e Filosofia da
entonação expressiva ou intencional. Geralmente Linguagem (1929), quando Mikhail Bakhtin lançou as
apresentam declarações afirmativas ou negativas bases de um novo arcabouço teórico-metodológico para
e são finalizadas com o ponto final análise dos fenômenos de linguagem, cujo objeto é a
(.). Exemplo: Amanhã não poderei levantar. enunciação, isto é, a interação verbal.
• Frases imperativas: Enunciado que traz um
verbo no modo imperativo. Geralmente sugere O que diz Bakhtin sobre o Enunciado?
uma ordem e é finalizado pelos pontos de Em seus trabalhos, Bakhtin suscita a relevância de se
exclamação e final (! .). Exemplo: Fale mais considerar o trabalho com a linguagem a partir das

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condições reais de uso, e não a partir da classificação e da linguagens, verbais e/ou não, e concebem a língua como
análise de categorias fixas e classificatórias das palavras e sendo um fenômeno social que se manifesta na interação
do funcionamento das línguas. Isso porque, para o filósofo verbal. É justamente por esse motivo que ele considera
russo, todo enunciado tem caráter fundamentalmente necessário observarmos, além da estrutura dos enunciados,
dialógico, ou seja, os enunciados geram efeitos de sentido os aspectos extralinguísticos que os constituem, ou seja, as
que só podem ser analisados no contexto de enunciação e condições de produção. Os referidos aspectos são
estão sempre relacionados a outros enunciados anteriores e indispensáveis para a produção de sentidos, a qual está
àqueles que ainda estão por vir. sintonizada à realidade do evento interacional. Assim, a
Para que possamos compreender o que postula Bakhtin, leia concretização da palavra ocorre no fluxo da interação
o seguinte enunciado: verbal, sendo (re)significada a partir do contexto no qual
“Adorei a manga.” emerge, no momento de enunciação.

Para que possamos compreender os efeitos de sentido Oração e palavra


produzidos por esse enunciado, é preciso considerarmos as Bakhtin, em sua obra Marxismo e Filosofia da
suas condições de produção. Isso significa que, para que Linguagem (1929), procurou delimitar as fronteiras que
possamos compreender o sentido desse enunciado, não basta distinguem o enunciado dos termos oração e palavra.
analisá-lo morfológica ou sintaticamente, mas, sim, em A oração é considerada como uma unidade da língua de
quais condições ele foi produzido. Sem a análise das construção e análise passivas, pois, enquanto unidade, não
condições de produção do enunciado, não podemos saber se relativiza o outro (o interlocutor do discurso) e a
o substantivo 'manga' refere-se a uma fruta ou a uma parte especificidade do contexto. A palavra é definida como
de uma blusa. Essas condições de produção seriam, por fenômeno ou signo ideológico por excelência, produto de
exemplo, os fatores externos que compõem os enunciados: trocas sociais, em um dado contexto, que determina as
se o sujeito fala apontando ou segurando a fruta, se aponta condições de vida de uma dada comunidade linguística
para a blusa do interlocutor, se está na feira comprando (religião, político-partidária, instituições de trabalho etc.).
frutas, se está em uma loja olhando roupas etc.
Com relação ao caráter fundamentalmente dialógico do Pontuação
enunciado, conforme aponta Bakhtin, podemos dizer que Quando nos comunicamos, as pausas e interrupções que
esse enunciado não foi proferido pela primeira vez pelo fazemos enquanto falamos falam mais do que as palavras
enunciador. Foi preciso que outros enunciados tivessem em si. Às vezes, essas mesmas paradas leves na fala podem
surgido anteriormente para que tanto o enunciador quanto mudar completamente o significado de uma frase. Na
seu interlocutor compreendessem o significado das palavras escrita, a pontuação equivale a essas pausas, obviamente, o
“adorei a manga” (o que é adorar, o que é uma manga). uso dos pontos e suas funções são muito mais complexas,
Da mesma forma que outros enunciados anteriores são porém, é muito mais fácil entendê-los se compararmos com
necessários para que possamos compreender os efeitos de hábitos que temos quando conversamos.
sentido, todo enunciado também está relacionado com Para entendermos melhor como usar a pontuação,
outros que ainda estão por vir, já que os enunciados precisamos conhecer os sinais que as compõem e quais as
requerem uma resposta, uma atitude responsiva ativa de seu funções básicas de cada um deles.
interlocutor durante a interação entre os sujeitos.
É no enunciado que se encontram as mais variadas formas • Ponto final ( . ): Indica, essencialmente, o fim
de expressividade linguística, estando essas formas de de uma frase.
expressão em estado de incompletude ou inacabamento, • Ponto de exclamação ( ! ): Indica,
prontas para responder aos enunciados já proferidos ou normalmente, o fim de uma frase exclamativa
àqueles que ainda serão realizados, isto é, estão em função ou a expressão de um desejo.
das formas das enunciações, realizadas nos momentos de • Ponto de interrogação ( ? ): Indica o fim de
interação. uma frase interrogativa direta.
Para analisarmos um enunciado, é preciso observá-lo a partir
• Reticências ( … ): Indica uma interrupção na
de sua relação dialógica, ou seja, como cada enunciado é um
mensagem. É normalmente usada como
elo na corrente de outros enunciados. Essa corrente só pode
recurso expressivo.
ser vista na sua atuação e materialização linguística, a
• Dois pontos ( : ): Usado na representação de
exemplo dos textos verbais, orais ou escritos. Isso significa
diálogos e para introduzir uma sequência de
que encontramos nos textos (verbais ou não) um exemplo de
palavras, expressões ou frases.
enunciado concreto. O enunciado e o texto são
compreendidos como sendo um só fenômeno concreto, • Travessão ( — ): Usado na representação do
como unidades de intercâmbio verbal. discurso direto em diálogos.
• Vírgula ( , ): Representa uma pausa no texto
Língua e enunciado ou uma separação de elementos.
Para Bakhtin, os sujeitos colocam-se no mundo na e pelas • Ponto e vírgula ( ; ): É um sinal cujo sentido

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localiza-se entre o da virgula e o ponto. Traz o química.
sentido de complementação.
• Aspas ( “” ): Usado em citações e para Caso algum termo acessório esteja entre um verbo e seu
destacar palavras estrangeiras ou com complemento, ou um nome e seu complemento, ele precisa
significados conotativos. ser isolado por vírgulas. É preciso lembrar sempre de
• Parenteses ( () ): Normalmente utilizado para colocar uma vírgula antes e outra depois do elemento
adição de uma informação extra ao texto. intercalado.
Exemplo: Saiba, meu amigo, das vantagens do meu
Pontuação nas frases negócio.
Agora que temos uma noção básica sobre os pontos,
podemos estudar como funciona a pontuação e podemos Objetos, sejam eles diretos ou indiretos, que tenham sentido
estudá-los dentro da sintaxe. Veremos agora como a pleonástico, devem empregar a vírgula.
pontuação interage com os elementos da oração. Exemplo: Aos mestres, disse-lhes que não estudarei mais.

Termos essenciais da oração e pontuação Termos acessórios da oração e pontuação


Já sabemos que os termos essenciais da oração são Adjuntos adnominais pertencem ao substantivo ao qual
o sujeito e o predicado, e por serem dois termos essenciais, estão ligados, por isso não são separados por vírgulas.
não podem ser separados por virgula, mesmo que tanto o Porém, os adjuntos adverbiais podem ser pontuados se
sujeito quanto o predicado sejam longos. estiverem intercalados, como vimos nos tópicos anteriores.
Exemplo: Todo tipo de esporte radical resulta na produção
de adrenalina. (sujeito sublinhado) Também são pontuados os adjuntos adverbiais antepostos,
mas só se não forem de pequena extensão.
Termos acessórios, quando intercalados entre sujeito e Exemplos: Ontem à noite, cantei uma serenata para você.
predicado, necessitam do uso de vírgulas antes e depois, Amanhã irei à cidade.
para facilitar sua identificação. A ausência da pontuação
pode causar confusão e comprometer a compreensão. Apostos são caracterizados por vírgula ou dois pontos, a
Exemplo: Guilherme, ontem, foi a um encontro. depender do tipo do aposto. O único que não leva pontuação
é o aposto especificativo.
Em um sujeito composto, os núcleos precisam ser separados Exemplos: Pedro, que me vê todos os dias, não percebeu
por vírgulas. O último núcleo, se acompanhado das meu novo corte de cabelo.
conjunções “e”, “ou” ou “nem” não precisa de vírgula. O escritor João Ubaldo Ribeiro morreu. (aposto
Exemplo: Guilherme, Adolfo e Luiza saíram cedo. especificativo)
O vocativo também sempre deve ser separado por vírgulas.
Caso todos seja introduzido em todos os núcleos do sujeito Exemplo: Amigos, espero que gostem do produto.
composto as conjunções citadas acima, é necessário o uso de
virgula sem exceção.
Exemplo: Nem eu, nem você, nem ninguém irá impedi-lo. Coesão e coerência
Coerência e coesão são dois mecanismos fundamentais para
O predicativo do sujeito também pode necessitar de vírgulas a produção de texto.
para separá-lo, mas apenas em situações quando ele aparece A coesão é o mecanismo relacionado com elementos que
na oração invertido ou intercalado. As vírgulas isolam o asseguram a ligação entre palavras e frases, de modo a
elemento para facilitar o entendimento da frase. interligar as diferentes partes de um texto.
Exemplos: Animado, Mário andou de kart. A coerência, por sua vez, é responsável por estabelecer
Mário, animado, andou de kart. a ligação lógica entre ideias, para que, juntas, elas
garantam que o texto tenha sentido.
Mais um uso das virgulas em relação aos termos essenciais Ambos são importantes para garantir que um texto transmita
da oração é para omitir um verbo que já foi citado no sua respectiva mensagem com clareza, seja harmonioso e
contexto. faça sentido para o leitor.
Exemplo: Eu sou universitário; Fábio, empresário.
O que é coesão textual?
Termos integrantes da oração e pontuação O significado de coesão está relacionado com mecanismos
Assim como sujeito e predicado, os complementos verbais e linguísticos do texto, que são responsáveis por estabelecer
nominais completam o sentido do verbo ou de um uma conexão de ideias.
substantivo, e por isso não devem ser separados por vírgula, A coesão cria relações entre as partes do texto de modo a
porém, em caso de complementos compostos, utiliza-se o guiar o leitor relativamente a uma sequência de fatos.
mesmo método usado para sujeitos compostos. Uma mensagem coesa apresenta ligações harmoniosas entre
Exemplo: Ele é professor de matemática, de física e de as partes do texto.

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Elementos de coesão textual e frases de exemplo e é comunicada de forma harmoniosa, de forma que haja
Veja abaixo os principais elementos de coesão textual e uma relação lógica entre as ideias apresentadas, onde umas
como eles são aplicados nas frases. complementem as outras.
Para garantir a coerência de um texto, é preciso ter em conta
Substituições alguns conceitos básicos.
Garantem a coesão lexical. Ocorrem quando um termo é
substituído por outro termo ou por uma locução como forma Conceitos da coerência textual e frases de exemplo
de evitar repetições. Veja abaixo os principais conceitos da coerência textual e
Coesão correta: Os legumes são importantes para manter como eles são aplicados nas frases.
uma alimentação saudável. As frutas também.
Erro de coesão: Os legumes são importantes para manter Princípio da não contradição
uma alimentação saudável. As frutas também são Não pode haver contradições de ideias entre diferentes
importantes para manter uma alimentação saudável. partes do texto.
Explicação: "também" substitui "são importantes para Coerência correta: Ele só compra leite de soja pois é
manter uma alimentação saudável". intolerante à lactose.
Erro de coerência: Ele só compra leite de vaca pois é
Conectores intolerante à lactose.
Esses elementos são responsáveis pela coesão interfrásica do Explicação: quem é intolerante à lactose não pode consumir
texto. Criam relações de dependência entre os termos e leite de vaca. Por esse motivo, o segundo exemplo constitui
geralmente são representados por preposições, conjunções, um erro de coerência; não faz sentido.
advérbios, etc.
Coesão correta: Elas gostam de jogar bola e de dançar. Princípio da não tautologia
Erro de coesão: Elas gostam de jogar bola. Elas gostam de Ainda que sejam expressas através do uso de diferentes
dançar. palavras, as ideias não devem ser repetidas, pois isso
Explicação: sem o conectivo "e", teríamos uma sequência compromete a compreensão da mensagem a ser emitida e
repetitiva. muitas vezes a torna redundante.
Coerência correta: Visitei Roma há cinco anos.
Referências e reiterações Erro de coerência: Visitei Roma há cinco anos atrás.
Nesse tipo de coesão, um termo é usado para se referir a Explicação: "há" já indica que a ação ocorreu no passado. O
outro, para reiterar algo dito anteriormente ou quando uma uso da palavra "atrás" também indica que a ação ocorreu no
palavra é substituída por outra com ligação de significados. passado, mas não acrescenta nenhum valor e torna a frase
Coesão correta: Hoje é aniversário da minha vizinha. Ela redundante.
está fazendo 35 anos.
Erro de coesão: Hoje é aniversário da minha vizinha. Princípio da relevância
Minha vizinha está fazendo 35 anos. As ideias devem estar relacionadas entre si, não devem ser
Explicação: observe que o pronome "ela" faz referência à fragmentadas e devem ser necessárias ao sentido da
vizinha. mensagem.
O ordenamento das ideias deve ser correto, pois, caso
Correlação verbal contrário, mesmo que elas apresentem sentido quando
É a utilização dos verbos nos tempos verbais corretos. Esse analisadas isoladamente, a compreensão do texto como um
tipo de coesão garante que o texto siga uma sequência lógica todo pode ficar comprometida.
de acontecimentos. Coerência correta: O homem estava com muita fome, mas
Coesão correta: Se eu soubesse eu te avisaria. não tinha dinheiro na carteira e por isso foi ao banco e sacou
Erro de coesão: Se eu soubesse eu te avisarei. uma determinada quantia para utilizar. Em seguida, foi a um
Explicação: note que "soubesse" é uma flexão do verbo restaurante e almoçou.
"saber" no pretérito imperfeito do subjuntivo e isso indica Erro de coerência: O homem estava com muita fome, mas
uma situação condicional que poderia dar origem a uma não tinha dinheiro na carteira. Foi a um restaurante almoçar
outra ação. e em seguida foi ao banco e sacou uma determinada quantia
Para a frase fazer sentido, o verbo "avisar" tem de estar para utilizar.
conjugado no futuro do pretérito para indicar um fato que Explicação: observe que, embora as frases façam sentido
poderia ter acontecido se uma ação no passado tivesse se isoladamente, a ordem de apresentação da informação torna
concretizado. a mensagem confusa. Se o homem não tinha dinheiro, não
faz sentido que primeiro ele tenha ido ao restaurante e só
O que é coerência textual? depois tenha ido sacar dinheiro.
A coerência textual está diretamente relacionada com a
significância e com a interpretabilidade de um texto. Continuidade temática
A mensagem de um texto é coerente quando ela faz sentido Esse conceito garante que o texto tenha seguimento dentro

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de um mesmo assunto. Quando acontece uma falha na entre as ideias, de forma que umas complementem as outras
continuidade temática, o leitor fica com a sensação de que o e, juntas, garantam que o texto tenho sentido.
assunto foi mudado repentinamente. Em outras palavras, a coerência está mais diretamente ligada
Coerência correta: "Tive muita dificuldade até acertar o ao significado da mensagem.
curso que queria fazer. Primeiro fui fazer um curso de Apesar de os dois conceitos estarem relacionados, eles são
informática... A meio do semestre troquei para um curso de independentes, ou seja, um não depende do outro para
desenho e por fim acabei me matriculando aqui no curso de existir.
inglês. Foi confuso assim também para você?" É possível, por exemplo, uma mensagem ser coesa e
"Na verdade foi fácil pois eu já tinha decidido há algum incoerente ou coerente e não apresentar coesão. Veja os
tempo que assim que tivesse a oportunidade de pagar um casos abaixo:
curso, faria um de inglês." Exemplo de mensagem coesa e incoerente:
Erro de coerência: "Tive muita dificuldade até acertar o "Aberto todos os dias, exceto sábado."
curso que queria fazer. Primeiro fui fazer um curso de (A mensagem tem uma ligação harmoniosa entre as frases,
informática... A meio do semestre troquei para um curso de porém não faz sentido: se existe uma exceção, então o
desenho e por fim acabei me matriculando aqui no curso de estabelecimento não está aberto todos os dias.)
inglês. Foi confuso assim também para você?" Exemplo de mensagem coerente que não apresenta
"Quando eu me matriculei aqui no curso, eu procurei me coesão:
informar sobre a metodologia, o tipo de recursos usados, etc. "Para de mexer nessa tinta. Vá já para o banheiro! Não
e acabei decidindo rapidamente por este curso." toque em nada. Lave bem as mãos. Vá para o seu quarto."
Explicação: note que no último exemplo, o segundo (A mensagem é compreensível, porém não existe uma
interlocutor acaba por não responder exatamente ao que foi ligação harmoniosa entre as ideias. Faltam as ligações entre
perguntado. as frases para que a mensagem soe natural.)
O primeiro interlocutor pergunta se ele também teve
dificuldades de decidir que tipo de curso fazer e a resposta 1.4 Variedade linguística, formalidade e informalidade,
foi sobre características que ele teve em conta ao optar pelo formas de tratamento, propriedade lexical, adequação
curso de inglês onde se matriculou. comunicativa.
Apesar de ter falado de um curso, houve uma alteração de Variedade linguística
assunto. As variações linguísticas reúnem as variantes da língua que
foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Progressão semântica Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem
É a garantia da inserção de novas informações no texto, para diversos aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos,
dar seguimento a um todo. Quando isso não ocorre, o leitor entre outros.
fica com a sensação de que o texto é muito longo e que No Brasil, é possível encontrar muitas variações linguísticas,
nunca chega ao objetivo final da mensagem. por exemplo, na linguagem regional.
Coerência correta: Os meninos caminhavam e quando se
depararam com o suspeito apertaram o passo. Ao notarem
que estavam sendo perseguidos, começaram a correr.
Erro de coerência: Os meninos caminhavam e quando se
depararam com o suspeito continuaram caminhando mais
um pouco. Passaram por várias avenidas e ruelas e seguiram
sempre em frente. Ao notarem que estavam sendo
perseguidos, continuaram caminhando em direção ao seu
destino, percorreram um longo caminho... Nas falas do Chico bento e de seu primo Zé Lelé notamos o
Explicação: note que a frase onde a coerência está correta regionalismo
apresenta uma sequência de novas informações que
direcionam o leitor à conclusão do desfecho da frase. Tipos e exemplos de variações linguísticas
No exemplo seguinte, a frase acaba por se prolongar demais Há diversos tipos de variações linguísticas segundo o campo
e o receptor da mensagem fica sem saber, afinal, o que os de atuação:
meninos fizerem.
1. Variação geográfica ou diatópica
Diferença entre coesão e coerência Está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal
Coesão e coerência são pontos imprescindíveis para garantir como as variações entre o português do Brasil e de Portugal,
a compreensão da textualidade. chamadas de regionalismo.
A coesão está mais diretamente ligada a elementos que
ajudam a estabelecer uma ligação entre palavras e frases
que unem as diferentes partes de um texto.
A coerência, por sua vez, estabelece uma ligação lógica

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Exemplo de regionalismo formais e informais. As gírias são expressões populares
utilizadas por determinado grupo social.

Exemplo de gíria

2. Variação histórica ou diacrônica


Ela ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o
português medieval e o atual.

Exemplo de português arcaico

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) também tem as suas


gírias

Formalidade e informalidade
Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões
de linguagem: a linguagem formal e informal.
Certamente, quando falamos com pessoas próximas
utilizamos a linguagem dita coloquial, ou seja, aquela
espontânea, dinâmica e despretensiosa.
No entanto, de acordo com o contexto no qual estamos
inseridos, devemos seguir as regras e normas impostas pela
"Elípticos", "pega-la-emos" são formas que caíram em gramática, seja quando elaboramos um texto (linguagem
desuso escrita) ou organizamos nossa fala numa palestra
(linguagem oral).
3. Variação social ou diastrática Em ambos os casos, utilizaremos a linguagem formal, que
É percebida segundo os grupos (ou classes) sociais está de acordo com a normas gramaticais.
envolvidos, tal como uma conversa entre um orador jurídico Observe que as variações linguísticas são expressas
e um morador de rua. Exemplo desse tipo de variação são os geralmente nos discursos orais. Quando produzimos um
socioletos. texto escrito, seja em qual for o lugar do Brasil, seguimos as
regras do mesmo idioma: a língua portuguesa.
Exemplo de socioleto
Diferenças da linguagem formal e informal

A linguagem técnica utilizada pelos médicos nem sempre é


entendida pelos seus pacientes
4. Variação situacional ou diafásica
Ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações Na tirinha acima podemos notar a presença da linguagem

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formal e informal tem larga tradição na Língua Portuguesa.

A linguagem formal, também chamada de "culta" está Veja os exemplos a seguir:


pautada no uso correto das normas gramaticais bem como na
boa pronúncia das palavras.
Já a linguagem informal ou coloquial representa a USADO PARA TRATAMENTO VOCATIVO
linguagem cotidiana, ou seja, trata-se de uma linguagem
espontânea, regionalista e despreocupada com as normas
gramaticais. ALMIRANTE EXCELÊNCIA Exmo. Sr.
No âmbito da linguagem escrita, podemos cometer erros Almirante
graves entre as linguagens formal e informal.
Dessa forma, quando os estudantes produzem um texto, BRIGADEIRO EXCELÊNCIA Exmo. Sr.
pode haver dificuldade de se distanciar da linguagem mais Brigadeiro
espontânea e coloquial. Isso acontece por descuido ou
mesmo por não dominarem as regras gramaticais. CÔNSUL Senhoria Ilmo. Sr.
Assim, para que isso não aconteça, é muito importante estar Cônsul
atento à essas variações, para não cometer erros.
CORONEL Senhoria Ilmo. Sr.
Duas dicas muito importantes para evitar escrever um texto Coronel
repleto de erros e expressões coloquiais são:
• Conhecer as regras gramaticais; DEPUTADO Excelência Exmo. Sr.
• Possuir o hábito da leitura, que auxilia na Deputado
compreensão e produção dos textos, uma vez que
amplia o vocabulário do leitor. EMBAIXADOR Excelência Exmo. Sr.
Embaixador
Preconceito Linguístico
O preconceito linguístico está intimamente relacionado com GENERAL Excelência Exmo. Sr.
as variações linguísticas, uma vez que ele surge para julgar General
as manifestações linguísticas ditas "superiores".
Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em GOVERNADOR Excelência Exmo. Sr.
nosso país, embora o mesmo idioma seja falado em todas as DO ESTADO Governador
regiões, cada uma possui suas peculiaridades que envolvem
diversos aspectos históricos e culturais. JUIZ Excelência Exmo. Sr.
Sendo assim, a maneira de falar do norte é muito diferente (Meritíssimo Juiz) Doutor
da falada no sul do país. Isso ocorre porque nos atos
comunicativos, os falantes da língua vão determinando MAJOR Senhoria Ilmo. Sr.
expressões, sotaques e entonações de acordo com as Major
necessidades linguísticas.
De tal modo, o preconceito linguístico surge no tom de MARECHAL Excelência Exmo. Sr.
deboche, sendo a variação apontada de maneira pejorativa e Marechal
estigmatizada.
Quem comete esse tipo de preconceito, geralmente tem a MINISTRO Excelência Exmo.
ideia de que sua maneira de falar é correta e, ainda, superior Sr.Ministro
à outra.
Entretanto, devemos salientar que todas as variações são PREFEITO Excelência Exmo.
aceitas e nenhuma delas é superior, ou considerada a mais Sr.Prefeito
correta.
PRESIDENTE Excelência Exmo.
Formas de tratamento DA REPÚBLICA Sr.Presidente
As formas de tratamento se constituem nos modos pelos
quais nos dirigimos às autoridades, quer por meio de REITOR DE MAGNIFICÊNCIA Exmo. Sr.
correspondência oficial, quer de forma verbal em atos UNIVERSIDADE (Magnífico Reitor)
solenes.
Inúmeras são as situações em que devemos nos expor ou SECRETÁRIO Excelência Exmo. Sr.
apresentar os nossos saberes, perante os outros. DE ESTADO

O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento

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os interlocutores.
SENADOR Excelência Exmo. Sr.

Por formas de tratamento designamos tanto os termos que se


TENENTE- Senhoria Ilmo. Sr. referem ao par falante/ouvinte, como os vocativos usados
CORONEL Tenente para chamar a atenção do destinatário.
Coronel
Com efeito, as formas de tratamento abrangem tanto os
VEREADOR Excelência Exmo. Sr. chamados pronomes pessoais de tratamento quanto as
Vereador formas nominais, isto é, uso de nomes próprios, títulos,
apelidos e outras formas nominais que identifiquem a pessoa
DEMAIS Senhoria Ilmo. Sr. referida.
AUTORIDADES,
OFICIAIS E
Entendemos por formas de tratamento, palavras ou
PARTICULARES
sintagmas que o usuário da língua emprega para dirigir-se
e/ou referir à outra pessoa.

Formas de tratamento – função Estabelecemos quatro níveis para essas formas de


Quando duas ou mais pessoas conversam, uma pode dirigir- tratamento, a saber:
se à outra empregando um nome ou um pronome, que 1. Formas pronominalizadas, isto é, palavras e expressões
cumprirão a função de apelar ou chamar a atenção do que equivalem a verdadeiros pronomes de tratamento, como
interlocutor. as formas você, o senhor, a senhora.
2. Formas nominais, constituídas por nomes próprios, nomes
O tratamento é um sistema de significação que contempla de parentesco, nomes de funções (como professor, doutor,
diversas modalidades de dirigir-se a uma pessoa. etc.).
3. Formas vocativas, isto é, palavras desligadas da estrutura
argumental do enunciado e usadas para designar ou chamar
Trata-se de um código social que, quando se transgride, a pessoa com quem se fala. Normalmente, essas são
pode causar prejuízo no relacionamento entre os acompanhadas por pronomes pessoais explícitos ou
interlocutores. implícitos.
4. Outras formas referenciais, isto é, palavras usadas como
Por formas de tratamento designamos tanto os termos que referência à pessoa de quem se fala
se referem ao par falante/ouvinte, como os vocativos usados
para chamar a atenção do destinatário. Normalmente, as sociedades estão divididas
As formas de tratamento abrangem tanto os chamados hierarquicamente, por isso o tratamento que recebe um
pronomes pessoais de tratamento quanto as formas membro da sociedade depende do papel que desempenha
nominais, isto é, o uso de nomes próprios, títulos, apelidos e e de suas características: idade, sexo, posição familiar,
outras formas nominais que identifiquem a pessoa referida. hierarquia profissional, grau de intimidade, etc. Sendo
A linguagem é um veículo para a interação com outras assim, cada qual deve tratar o outro de acordo com as
pessoas, por isso é utilizada diariamente e, muitas vezes, as posições relativas que ambos ocupam na escala social. É
pessoas não reconhecem o quanto ela é importante. Como considerado descortês o fato de uma pessoa se dirigir a um
não se pode desvincular a linguagem da sociedade, é preciso superior hierárquico com excessiva familiaridade. Caso esse
conhecer o conjunto de normas que regulam o fato ocorra, o superior poderá imaginar que o interlocutor
comportamento adequado dos membros de um meio social. deseja algum favor ou que, habitualmente, transgride as
Por isso cada sociedade estabelece regras que regulam esses normas sociais. Da mesma forma, é inadequado dirigir-se a
comportamentos. um amigo íntimo de maneira formal. Se de fato ocorrer,
pode ser um claro sinal de desejo de distanciamento da
As formas de tratamento fazem parte dessas regras sociais relação amistosa ou de artificialidade no comportamento
que sancionam determinados comportamentos como social.
adequados ou inadequados. O uso das formas de tratamento é a expressão linguística
Quando duas ou mais pessoas conversam, uma pode dirigir- da estrutura que vigora em um determinado meio social. O
se à outra empregando um nome ou um pronome, que emprego dos tratamentos não depende propriamente do
cumprirão a função de apelar ou chamar a atenção do sistema linguístico, mas da forma como a sociedade está
interlocutor. O tratamento é, pois, um sistema de organizada. Sabemos que a sociedade está sujeita a
significação que contempla diversas modalidades de dirigir- mudanças. No Brasil pós-ditadura militar, houve profundas
se a uma pessoa. Trata-se de um código social que, quando mudanças na sociedade, especialmente em relação à
se transgride, pode causar prejuízo no relacionamento entre liberação dos costumes. É evidente que os tratamentos

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acompanharam essas mudanças e, não raro, refletem os (Excelência, Senhoria, etc.)
costumes mais liberais que vêm caracterizando a sociedade Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento direto –
brasileira dos últimos tempos. usa-se para dirigir-se a pessoa com quem se fala, ou a
quem se dirige a correspondência (equivale a você): Na
Formas de Tratamento e Endereçamento expectativa do atendimento do que acaba de ser solicitado,
Umas das características do estilo da correspondência oficial apresento a Vossa Senhoria nossas atenciosas saudações.
e empresarial é a polidez, entendida como o ajustamento da Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pessoa de
expressão às normas de educação ou cortesia. quem se fala (equivale a ele fala): Na abertura do
Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor da PUCRS falou
A polidez se manifesta no emprego de fórmulas de cortesia sobre o Plano Estratégico.
(“Tenho a honra de encaminhar” e não, simplesmente,
“Encaminho…”; “Tomo a liberdade de sugerir…” em vez Abreviatura das formas de tratamento
de, simplesmente, “Sugiro…”); no cuidado de evitar frases A forma por extenso demonstra maior respeito, maior
agressivas ou ásperas (até uma carta de cobrança pode ter deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida ao
seu tom amenizado, fazendo-se menção, por exemplo, a um Presidente da República. Fique claro, no entanto, que
possível esquecimento…); no emprego adequado das formas qualquer forma de tratamento pode ser escrita por extenso,
de tratamento, dispensando sempre atenção respeitosa a independentemente do cargo ocupado pelo destinatário.
superiores, colegas e subalternos. Vossa Magnificência
É assim que manuais mais antigos de redação ensinam a
tratar os reitores de universidades. Uma forma muito
No que diz respeito à utilização das formas de tratamento e cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar, e
endereçamento, deve-se considerar não apenas a área de em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento tão
atuação da autoridade (universitária, judiciária, religiosa, grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente e discente.
etc.), mas também a posição hierárquica do cargo que ocupa. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a fórmula >Vossa
Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser simplesmente
Concordância com os pronomes de tratamento: Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor.
Concordância de gênero
Com as formas de tratamento, faz-se a concordância Propriedade lexical
com o sexo das pessoas a que se referem: Chamamos de campo lexical o conjunto de palavras de uma
Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a assistir ao língua que estão relacionadas por afinidades conceituais,
III Seminário da FALE . como se fizessem, desse modo, parte de uma mesma família.
Vossa Excelência será informada (mulher) a respeito das Nosso léxico, espécie de vocabulário virtual ao qual
conclusões do III Seminário da FALE. recorremos quando nos comunicamos, é composto por uma
infinidade de palavras. Ao longo de nossas vidas, à medida
Concordância de pessoa que somos expostos a diferentes contatos com a linguagem,
Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão, as ele vai recebendo novos elementos.
formas de tratamento exigem verbos e pronomes Nesse conjunto de palavras que estão ligadas através de
referentes a elas na terceira pessoa: relações de significado, novos lexemas são constantemente
Vossa Excelência solicitou... incorporados, provando que o campo lexical não é algo fixo
Vossa Senhoria informou... e imutável. Pode parecer uma definição complexa, mas
Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria e sua equipe todos nós sabemos exatamente do que se trata, pois de
para… Na oportunidade, teremos a honra de ouvi-los... acordo com a área de conhecimento na qual atuamos — seja
você estudante, mecânico de carros, jogador de futebol ou
A pessoa do emissor astronauta, dispomos de um vocabulário bem específico,
O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo, poderá utilizado em momentos adequados. Observe alguns
utilizar a primeira pessoa do singular ou a primeira do plural exemplos de diferentes campos lexicais:
(plural de modéstia).
- Campo lexical da informática: hardware, software,
Não pode, no entanto, misturar as duas opções ao longo programas, byte, browser ...
do texto: “(...) Criar meu web site
Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência… Fazer minha home-page
Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência… Com quantos gigabytes
Cabe-me ainda esclarecer aVossa Excelência… Se faz uma jangada
Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência…os ainda Um barco que veleje
esclarecer a Vossa Excelência… Que veleje nesse infomar (…)”.
(Trecho da música Pela internet – Gilberto Gil)
Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua

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- Campo lexical do futebol: escanteio, gol, grande área, O tema que está sendo falado também influencia na escolha
trave, chuteira... dos códigos linguísticos. Não falamos a respeito do
“(...) O meu clube tem time de primeira nascimento de um bebê da mesma forma que falamos sobre
Sua linha atacante é artilheira o velório de alguém.
A linha média é tal qual uma barreira Ambiente
O center-forward corre bem na A forma como conversamos quando estamos em uma festa
dianteira com amigos definitivamente não é a mesma como
A defesa é segura e tem rojão conversamos no trabalho com os colegas durante uma
E o goleiro é igual um paredão reunião.
E o meu clube só joga pra vencer (…)”.
(Trecho da música Um a um – Os Paralamas do Sucesso) 1.5 Norma culta: ortografia, acentuação, emprego do
? Campo lexical da construção civil: concreto, cimento, sinal indicativo de crase.
paredes, tijolos, alicerce... Ortografia
“(...) Subiu a construção como se fosse máquina Ortografia é o conjunto de regras da gramática normativa
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas que define a forma correta da escrita das palavras na norma
Tijolo com tijolo num desenho mágico culta padrão de uma língua. Etimologicamente o termo
Seus olhos embotados de cimento e lágrima deriva dos vocábulos gregos orthos = correto + graphos =
Sentou pra descansar como se fosse sábado (...)”. escrita, que significa escrita correta.
(Trecho da música Construção – Chico Buarque) A ortografia se encarrega de determinar o uso correto das
letras e dos sinais de acentuação e de pontuação. Ao
- Campo lexical dos sentimentos: amor, tristeza, estabelecer as normas de escrita, a ortografia segue critérios
melancolia, alegria, saudade... etimológicos e fonológicos. A forma de escrita é fruto de
“(...) Chega de saudade, a realidade é que sem ela acordos entre países que possuem o mesmo idioma. No caso
Não há paz, não há beleza da língua portuguesa, há um acordo ortográfico que
É só tristeza e a melancolia envolvem os países que têm o português como língua
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai (...)”. oficial, vigente desde 1º de janeiro de 2009. O acordo, que
(Trecho da música Chega de saudade – Vinicius de Moraes) tem por objetivo promover a unificação ortográfica envolve
Brasil, Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo
Podemos concluir que o léxico da língua pertence à Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
comunidade na qual está inserida. Por esse motivo, seus
usuários agem sobre ela de acordo com as práticas sociais e Regras de ortografia
culturais que desenvolvem, configurando assim a noção de A escrita transcreve os sons da linguagem por meio de
campo lexical. símbolos que na língua portuguesa são chamados de letras.
O conjunto dessas letras formam o alfabeto.
Adequação comunicativa O alfabeto da língua portuguesa é composto por 26 letras,
A adequação linguística é a habilidade que os falantes das quais três delas são usadas em casos especiais: K, W e
possuem de adaptar a linguagem de acordo com a Y. Além delas, outras letras da língua portuguesa possuem
necessidade do momento. Podemos optar por dois regras e exceções de uso.
diferentes registros da língua portuguesa: a variedade padrão
ou a variedade popular, também conhecida como linguagem Uso das letras K, W e Y
coloquial. Cada uma dessas variedades deve ser empregada
em situações específicas, e ambas, sem distinção, funcionam Elas são utilizadas em casos específicos:
bem, cumprindo papéis específicos na comunicação.
• Nomes próprios originários de outras línguas e seus
Confira a seguir os fatores que contribuem para a derivados.
adequação linguística. Exemplo: Kardec, kardecismo, Darwin, darwinismo,
Taylor, taylorismo.
Interlocutores • Nomes de lugares originários de outras línguas e seus
Com quem se está falando? A adequação linguística derivados:
depende de alinhar a linguagem com aqueles que estão Exemplo: Kuwait, kuwaitiano.
recebendo as mensagens. • Siglas e símbolos utilizados em unidades de medida.
Situação Exemplo: kW (kilowatt), kg (quilograma), yd-jarda (yard).
Trata-se de uma situação formal ou informal? Dependendo • Palavras estrangeiras e seus derivados.
da resposta para essa questão, é necessário utilizar a norma Exemplo: kit, show, karaokê.
culta ou não. Qual é a linguagem mais adequada de acordo
com a situação em questão? Emprego do s/z
Assunto O uso do s obedece às seguintes regras:

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• Nos sufixos oso, ense, osa quando formam adjetivos. O uso ch ocorre nas seguintes situações:
Exemplo: bondoso, feiosa, catarinense. • Em algumas palavras de origem estrangeira.
• Nos sufixo ês, esa, isa que indicam nacionalidade, título Exemplo: salsicha, sanduíche, chaminé.
ou origem. • Em palavras derivadas de palavras latinas escritas com
Exemplo: milanesa, inglês, poetisa. pl, cl e fl:
• Após ditongos. Exemplo: chuva (do latim pluvia), chumbo (do latim
Exemplo: náusea, maisena, coisa. plumbum), chama (do latim flama).
• Na conjugação dos verbos pôr e querer.
Exemplo: pôs, quis, quiseram. Uso do h
As situações nas quais a letra h é usada são:
Já o z é usado nas seguintes situações: • No início das palavras por questões etimológicas.
• Nos sufixos ez, eza quando formam substantivos a partir Exemplo: hélice, hoje, homem.
de adjetivos. Exemplo: firmeza, tristeza, timidez. • No meio, como parte que integra os dígrafos ch, lh, nh.
• No sufixo izar, que forma verbo. Exemplo: cachaça, molho, manhã.
Exemplo: atualizar, alfabetizar, visualizar. • No final ou no início de algumas interjeições.
Exemplo: ah!, oh!, hum!
Uso do g/j • Quando a palavra composta ou derivada pertence a um
O g é utilizado nos casos a seguir: elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen.
Exemplo super-homem, anti-higiênico, pré-histórico.
• Palavras terminadas em: ágio, égio, ígio, ógio, úgio.
Exemplo: presságio, privilégio, relógio. Exceção:
• Em substantivos que terminados em gem.
Exemplo: viagem, barragem, paisagem. • A palavra Bahia quando se refere ao estado é uma
exceção, pois o h é mantido por questão etimológica. No
O j é utilizado nas seguintes situações: entanto, quando a palavra se refere ao acidente
• Em palavras que têm origem indígena: pajé, jequitibá, geográfico baía é grafado sem h.
jenipapo.
• Em palavras de origem africana: jabá, jiló, jongo. Acordo ortográfico
O primeiro acordo ortográfico luso-brasileiro que tinha a
Exceções: intenção de unificar a língua portuguesa foi realizado em
1931, porém ele não foi efetivado. Em 1945, essa convenção
• A conjugação do verbo viajar no presente do subjuntivo foi aderida por Portugal. As Bases Analíticas da Ortografia
é escrita com j. Exemplo: (Que eles) viajem. Simplificada da Língua Portuguesa de 1945 só foram
• Nos verbos que possuem g antes de e ou de i no modo consolidadas, pelos sete países que têm a língua portuguesa
infinitivo, o g é substituído para j antes do a ou do o, para como idioma oficial, mais de 40 anos depois.
manter a mesma pronúncia. Apesar de os países de língua portuguesa consolidarem as
Bases Analíticas da Ortografia Simplificada da Língua
Exemplo: agir - ajam, ajo. Portuguesa, em 1986, elas não foram praticadas. Somente
em 1990, os países firmaram o compromisso de unificar a
Emprego do x/ch escrita da língua.
Casos em que usa-se o x: A convenção entrou em vigor em 2008, após o parlamento
• Após ditongos. português ratificar o acordo para unificar a ortografia em
Exemplo: ameixa, peixe, faixo. todas as nações de língua portuguesa. O novo acordo
• Depois da sílaba me. ortográfico passou a valer no Brasil desde 2009, porém a
Exemplo: mexido, mexilhão, mexicano. escrita anterior à reforma ainda era válida. Desde 1° de
• Depois da sílaba inicial en. janeiro de 2016, quando acabou o prazo final para a adesão,
Exemplo: enxágue, enxaqueca, enxurrada. as normas válidas são as que estão de acordo com o novo
• Palavras com origem indígena, africana ou nas palavras acordo ortográfico.
de origem estrangeira que foram aportuguesadas. As principais mudanças do acordo ortográfico foram em
Exemplo: xará, xangô, xampu. relação à acentuação gráfica, ao uso do hífen e ao uso do
trema – que foi abolido após o acordo.
Exceções: As palavras perderam o acento após o acordo vigente no
• O verbo encher e seus derivados; Brasil desde 2016 são: palavras terminadas em o(s) e eem;
• A palavra recauchutar e seus derivados; vogal tônica do hiato formado com ditongo decrescente;
• Palavras iniciadas por ch que recebem o prefixo en como ditongos abertos éi e ói; palavras paroxítonas; e palavras
encharcar. homônimas que perderam o acento diferencial de timbre ou
tonicidade.

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Em relação ao hífen, deixam de usar esse sinal as palavras está relacionado a alguns fatores. São eles: sílaba tônica,
compostas com elementos de conexão; palavras derivadas terminações, pronúncia e encontros de vogais. Além disso,
com prefixos dissílabos terminados em vogal quando a os acentos podem ser usados para diferenciar palavras que
palavra seguinte não começa com h e nem com a mesma têm a mesma grafia. Veja as regras gerais abaixo:
vogal final do prefixo; palavras derivadas com o prefixo co;
e todas as palavras formadas com o advérbio não. Monossílabos
• Acentua-se os monossílabos tônicos
Erros de ortografia terminados em “a”, “e” e “o”, seguidos de “s”
Os erros ortográficos são equívocos na forma correta de ou não. Exemplos: pá, cá, lá, já, gás, pé, fé,
escrita de uma palavra, bem como no uso corretos dos sinais três, ré, pó, vô, dó, nós.
de acentuação e pontuação. Na língua portuguesa os erros • Não são acentuados os monossílabos
são comuns, sobretudo, porque não existe uma terminados em “z”, “i(s)” e “u(s)”. Exemplos:
correspondência direta entre todas as letras e os sons que paz, faz, dez, voz, vi, li.
elas representam. Os erros ortográficos mais comuns são • Os monossílabos átonos também não são
os paragramas, decorrente da troca de uma letra por outra. acentuados: artigos definidos, conjunções,
preposições, pronomes oblíquos, contrações e
Acentuação pronome relativos.
Na língua portuguesa escrita, a acentuação é um dos Oxítonas
elementos mais difíceis de serem memorizados. Porém, ao • Sâo acentuadas as oxítonas terminadas em
contrário do que se pensa, os acentos em nossa escrita não “a(s)”, “e(s)” e “o(s)”, assim como as
são tão complicados de serem aprendidos. A acentuação, na monossílabas. Exemplos: café, xará, cipó,
maioria das vezes, é feita para indicar a tonicidade de uma guaraná, cadê.
palavra escrita. Embora oralmente nós possamos nem notar, • Levam acentos também as oxítonas terminadas
o acento faz uma grande diferença na hora de escrever as “em” e “ens”. Exemplos: alguém, parabéns,
palavras. amém.
Paroxítonas
Tipos de acentos gráficos
• São acentuadas as paroxítonas terminadas em
Aprender quais são os acentos gráficos da língua portuguesa
“i(s)” e “u(s)”. Exemplos: táxi, júri, lápis,
e quais são suas funções é tão importante quanto aprender
vírus, bônus.
onde usá-los. No português, utilizamos quatro acentos, cada
um representado por um símbolo. São eles: • As palavras paroxítonas terminadas em
consoantes também são
acentuadas. Exemplos: difícil, Éden, ônix,
• Acento Agudo (´) – Sua função é simples: túnel, íons.
indicar a as vogais tônicas. O acento agudo • Terminações “ã(s)” e “ão(s)” em palavras
sempre será usado na vogal da sílaba tônica. paroxítonas também levam
Quando aparece sobre o “e” e “o” também acentos. Exemplos: ímã, bênção, sótão.
indica um timbre aberto.
• Paroxítonas terminadas em ditongo (seguido
• Acento Circunflexo (^) – Só é usado nas ou não de “s”) levam acento. Exemplos: área,
vogais “a”, “e” e “o”, e além de indicar a vogal várzea, contínuo, água.
tônica, indica também o timbre fechado na Proparoxítonas
pronúncia. São acentuadas todas as palavras proparoxítonas. Exemplos:
• Til (~) – Também conhecido como “tilde”, é tráfego, máquina, veículo, lágrima, sólido, lógica, música.
usado nas vogais para indicar nasalidade. Não
necessariamente é usado na vogal tônica. Uma Ditongos
palavra pode ter um acento til e outro agudo ou Os ditongos “eu”, “ei” e “oi” com pronuncia aberta são
circunflexo. acentuados. Exemplos: céu, papéis, dói, réu.
• Acento Grave (`) – Mais conhecido
como crase, é o acento que indica uma fusão Hiatos
entre as preposições “a” e “as” com os São acentuados os hiatos onde as letras “i” e “u” estão em
pronomes demonstrativos “a” e “as”, ou com a uma sílaba isolada e são precedidas de vogal. Exemplos:
letra inicial de “aquela(s)”, “aquele(s)” e saída, caída, viúva, saúde.
“aquilo”, além dos artigos definidos femininos
“a” e “as”. Acentos diferenciais
Algumas palavras de grafia semelhante e pronúncia
diferente requerem o uso obrigatório de acentos para que
Uso dos acentos gráficos possam ser diferenciadas pelo leitor. Exemplos: pôde
O uso dos acentos gráficos tônicos (agudo e circunflexo) (pretérito perfeito do indicativo do verbo “poder”)/ pode

27
(verbo no presente do indicativo do verbo “poder”), pôr acentuadas:
(verbo)/ por (preposição), vêm (terceira pessoa do plural do Exemplos:
verbo “vir”)/vem (terceira pessoa do singular do verbo eu águo, eles águam, eles enxáguam (a tônico); eu
“vir”). delínquo, eles delínquem (í tônico).
Observações importantes: tu apazíguas, que eles apazíguem.
a) De acordo com a nova ortografia, os ditongos
terminados em –ei e –oi não são mais - Se a tônica, na pronúncia, cair sobre o u, ele não será
acentuados. Perceba como eram antes e como agora são acentuado:
grafados: Exemplos:
Eu averiguo, eu aguo.
Antes Depois
Coréia Coreia • Não será mais usado o acento agudo para
diferenciar determinados vocábulos, tais como:
plebéia plebeia
Antes Depois
idéia ideia
para = preposição/ pára = verbo parar para
Odisséia Odisseia
pela = preposição/ péla = verbo pelar pela
jibóia jiboia
pólo = substantivo/ polo = combinação
asteróide asteroide polo
antiga e popular de "por" e "lo"
paranóia paranoia
pêlo = substantivo/ pelo = combinação da
heróico heroico pelo
preposição com o artigo
pêra = substantivo/ pera = preposição
Entretanto, o acento ainda permanece nas oxítonas pera
referente ao português arcaico
terminadas em –éu, -ói e éis:
chapéu – herói - fiéis... Contudo, o acento permanece para diferenciar
algumas palavras, representadas por:
b) Não serão mais acentuados o “i” e “u”
pôde = 3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo (verbo
tônicos quando, depois de ditongo, formarem hiato. poder)
Note: pode = 3ª pessoa do presente do indicativo (verbo poder)
Antes Depois pôr = verbo
Sauípe Sauipe por = preposição
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Emprego do sinal indicativo de crase
boiúna boiuna
Crase é o nome que se dá à união da preposição “a” com
o artigo definido “a(s)”, ou com o “a” inicial dos pronomes
No entanto, o acento permanece se a palavra for demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo”, ou,
oxítona e o “i” ou “u” estiverem seguidos de “s” ou no ainda, com o “a” inicial dos pronomes relativos “a qual” e
final da palavra. Confira: “as quais”.
Piauí – tuiuiú(s) – sauí(s). Ao acento indicador de crase dá-se o nome de acento grave.
O mesmo acontece com o “i” e o “u” tônicos dos hiatos, No entanto, existem algumas regras para usar a crase e
não antecedidos de ditongos: alguns macetes para nunca deixar de fazer o seu uso correto.
saída – saúde – juíza – saúva – ruído.

• As formas verbais que possuem o acento na Quando usar a crase?


raiz com o “u” tônico precedido das letras “q” Quando o complemento de um verbo que exija a preposição
e “g” e seguido de “e” ou “i” não serão mais “a” for um substantivo feminino antecedido de artigo
acentuadas. Veja: feminino “a”:

Antes Depois Vamos à loja para comprar outros enfeites.


Observe: Vamos a + a loja = Vamos à loja.
apazigúe (verbo apaziguar) apazigue
argúi (verbo arguir) argui Quando o complemento de um nome que exija a preposição
“a” for um substantivo feminino antecedido de artigo
Atenção: feminino “a”:
- Quando o verbo admitir duas pronúncias diferentes, Ela se mostrou favorável à medida proposta pela vereadora.
usando “a” ou “i” tônicos, essas vogais serão Observe: Ela se mostrou favorável a + a medida = Ela se

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mostrou favorável à medida.
Nas locuções conjuntivas “à medida que” e “à proporção
Quando os pronomes demonstrativos “aquele(s)”, que”:
“aquela(s)” e “aquilo” exercem a função de complemento de À medida que amadurecemos, passamos a dar valor ao
termo que exija a preposição “a”: silêncio.
• Somos contrários àqueles que defendem o
radicalismo. Antes de palavra masculina (inclusive no plural), caso haja
• Devo obedecer àquilo em que acredito. uma palavra feminina implícita:
• Estou referindo-me àquelas semanas em que não Necessitamos, com urgência, ir à abastecimentos.
pude vir trabalhar. Isto é: Necessitamos, com urgência, ir à (central
de) abastecimentos.
Portanto:
• Somos contrários a + aqueles = Somos Quando não usar a crase?
contrários àqueles. Antes de verbos:
• Devo obedecer a + aquilo = Devo obedecer àquilo. Meu primo começou a cumprir pena socioeducativa.
• Estou referindo-me a + aquelas = Estou referindo- Antes de pronome pessoal:
me àquelas. Não tenho que dar satisfações a ela.

Atenção! O pronome demonstrativo pode estar implícito Antes de palavras masculinas:


(oculto). Nesse caso, ocorre a crase: • Era um sentimento muito semelhante ao amor.
Não me refiro a essa, mas à da direita. • Era um sentimento muito semelhante a amor.
Observe: Não me refiro a essa, mas a (aquela) da direita = Portanto, a próxima frase está incorreta:
Não me refiro a essa, mas àquela da direita. Era um sentimento muito semelhante à amor.
Atenção! Pode ocorrer crase diante de palavra masculina
Quando os pronomes relativos “a qual” e “as quais” quando ela for precedida de palavra feminina implícita na
exercem a função de complemento de termo que exija a frase:
preposição “a”: Era uma pintura à Leonardo da Vinci.
• A peça à qual assisti não valeu um centavo do que Entende-se:
paguei. Era uma pintura à (maneira de) Leonardo da Vinci.
• As tarefas às quais nos dedicamos cotidianamente
são sempre essenciais. Entre palavras idênticas repetidas, como nas expressões:
Assim: cara a cara, boca a boca etc.:
Depois do afogamento, foi preciso fazer respiração boca a
• Assisti a + a peça = Assisti à peça.
boca.
• Dedicamo-nos a + as tarefas = Dedicamo-
nos às tarefas.
Antes das palavras “casa” (no sentido de “lar”) e “terra”
(em sentido oposto a “bordo”):
No entanto, o pronome “a qual” se refere ao termo anterior
“peça”, no primeiro exemplo, e o pronome “as quais” se • Vou a casa no próximo fim de semana.
refere ao termo anterior “tarefas”, no segundo exemplo. • Ao chegar a terra, o marinheiro foi até o local
Nesse caso, o acento grave é colocado sobre o “a” marcado.
dos pronomes relativos “a qual” e “as quais”. Portanto: “A
peça à qual assisti” e “As tarefas às quais nos dedicamos”. No entanto, se essas duas palavras (“casa” e “terra”)
Em locuções adverbiais femininas com substantivos no forem qualificadas, ocorrerá a crase:
singular ou plural, como: à tarde, à vontade, às vezes, às • Vou à casa de minha irmã no próximo fim de
pressas, às quatro horas etc.: semana.
• Ao chegar à terra dos renegados, o marinheiro foi
• Vocês estão em minha casa, podem ficar à até o local marcado.
vontade.
• Não vale a pena decidir às pressas o que fazer nas Antes de palavra feminina de caráter genérico:
férias. • Não cheguei a conclusão alguma.
• Não peço nenhum favor a pessoas de caráter
Exceção à regra é a locução “a distância”, se não estiver duvidoso.
determinada:
• Estávamos observando tudo a distância. Antes de nome de cidade ou vila:
• Estávamos observando tudo à distância de cinco • Chegar a Fortaleza é como voltar para casa.
metros. • Fiz referência a Jericoacoara em minha tese de

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doutorado.
No entanto, muitos gramáticos entendem que o uso do
Antes de nomes de pessoas famosas: acento grave, nesses casos, é facultativo:
O artigo estava relacionado a Marie Curie. Não se pode resolver os conflitos à bala.
Antes dos seguintes pronomes: “ninguém”, “essa”, “toda”,
“cada”, “qualquer”, “tudo”: Antes dos seguintes nomes de lugar: Europa, Ásia, África,
Ela devia dar satisfações a toda a gente, a cada pessoa França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Escócia e Flandres.
prejudicada. Assim:
Não podemos mais voltar à Escócia.
Antes do artigo indefinido “uma”: ou
Não se deve dar crédito a uma pessoa que mente. Não podemos mais voltar a Escócia.

Antes de numerais: Na locução prepositiva “até a”, antes de substantivo


Eles foram comparados a duas crianças mimadas. feminino:
Chegaram até a praia e desistiram de nadar.
Antes de expressões adverbiais de modo com substantivo ou
no plural: Chegaram até à praia e desistiram de nadar.
• A trancos e barrancos, conseguiu chegar até o fim
da maratona. Dicas/macetes para o uso correto da crase
• Os funcionários resolveram tudo a pauladas. O principal macete para você descobrir se deve ou não usar
a crase é substituir a palavra feminina que vem depois da
Depois da palavra “candidata”: possível crase por uma palavra masculina equivalente:
Luciana foi candidata a prefeita nas últimas eleições. Eu cheguei à escola de Marcelo.
Façamos então a substituição:
Casos facultativos de uso da crase Eu cheguei ao colégio de Marcelo.
Antes de pronomes possessivos femininos: Note que, ao fazer essa alteração, é possível perceber a
Não dão valor à nossa opinião. presença do artigo definido masculino “o” antes do
ou substantivo “colégio”, o que indica a presença do artigo
Não dão valor a nossa opinião. definido feminino “a” antes do substantivo “escola”.
Antes de nome próprio feminino: Assim, temos:
Fizemos referência a Joana. • Eu cheguei a + a escola de Marcelo = Eu cheguei à
ou escola de Marcelo.
Fizemos referência à Joana. • Eu cheguei a + o colégio de Marcelo = Eu
cheguei ao colégio de Marcelo.
- José de Nicola e Ulisses Infante defendem que, nesse caso,
o uso do artigo “a” é facultativo. Segundo eles, uma forma Outro macete, semelhante ao primeiro, é substituir o artigo
de verificar isso é substituir, na frase, o termo que exige a definido feminino “a” pelo artigo indefinido feminino
preposição “a” por um termo que exige outro tipo de “uma”. Se é possível utilizar esse segundo artigo, é porque
preposição. Veja um exemplo: a presença de um artigo feminino é necessária na frase:
Não falamos da Joana Assisti à luta de boxe no último domingo.
ou Façamos a substituição:
Não falamos de Joana. Assisti a uma luta de boxe no último domingo.
Desse modo, temos:
Isso, de acordo com esses gramáticos, demonstra que o uso • Assisti a + a luta de boxe = Assisti à luta de boxe.
do artigo é facultativo; consequentemente, o uso da crase • Assisti a + uma luta de boxe = Assisti a uma luta
também. de boxe.

- Já Luiz Antonio Sacconi defende que só “acentuamos o ‘a’ Outra maneira de ter certeza da ocorrência ou não da crase,
antes de nomes de pessoas quando se tratar de indivíduo que no caso de verbos que indicam movimento, como “ir”,
faça parte do nosso círculo de amizades, indivíduos aos “chegar” etc., é substituir esses verbos por outros
quais damos tratamento íntimo: a Marisa, a Bete, a Rosa que indiquem procedência, como “vir”, “partir” etc., ou
etc. Ex.: Refiro-me à Marisa, e não à Bete”. No entanto, mesmo localização, como “estar”, “ficar” etc.:
apesar disso, ele considera esse uso facultativo. Chegamos a Fortaleza na manhã de sábado.
Então substituímos por:
Antes de locuções adverbiais femininas indicativas Partimos de Fortaleza na manhã de sábado.
de instrumento, em regra, não se deve utilizar a crase: E também por:
Não se pode resolver os conflitos a bala. Ficamos em Fortaleza na manhã de sábado.

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Perceba que, nas duas substituições, nota-se apenas a indireto)
presença de preposição, mas não de artigo. Portanto, em Não se separa por vírgula o verbo de seu complemento
“Chegamos a Fortaleza na manhã de sábado”, não pode (objeto).
ocorrer crase. • Ordem direta:
Nem deixou filhos...
1.6 Pontuação • Ordem indireta:
Os sinais de pontuação são um conjunto ... nem filhos deixou.
de sinais gráficos que indicam, em uma construção (filhos = objeto direto)
sintática, o maior ou menor grau de coesão entre estruturas
e, em alguns casos, podem • OBSERVAÇÃO: Separa-se, contudo, por vírgula
manifestar aspectos prosódicos (da fala) em um enunciado o objeto quando houver objeto pleonástico.
escrito. São eles: Os meus filhos, eu os amei. (os = os meus filhos)
1. Vírgula; Ao homem, deu-lhe Deus a sabedoria.(lhes = ao homem)
2. Ponto e vírgula;
3. Ponto final; c) Adjunto adverbial
4. Ponto de exclamação;
• Em ordem direta (em fim de frase), o adjunto
5. Ponto de interrogação;
adverbial não recebe a vírgula:
6. Dois-pontos;
Os corpos foram encontrados no mar. (no mar = adjunto
7. Aspas;
adverbial)
8. Travessão;
• Em ordem indireta (no início ou no meio da frase),
9. Parênteses.
o adjunto adverbial recebe a vírgula
obrigatoriamente se for uma locução adverbial
♦ Vírgula
(mais de uma palavra):
⇒ Regra geral
No mar, os corpos foram encontrados.
A vírgula é um sinal de pontuação que manifesta baixo grau
Os corpos, no mar, foram encontrados.
de coesão (ligação) entre estruturas vizinhas. Repare que ela
não gera baixo grau de coesão, mas sim manifesta um baixo • Em ordem indireta (no início ou no meio da frase),
grau de coesão já existente entre estruturas sintáticas. o adjunto adverbial recebe a vírgula
Por exemplo: facultativamente se for um advérbio:
Pedro encontrou companheiros novos, vizinhos e colegas de Ontem, todos saíram.
trabalho. Ontem todos saíram.
A palavra "novos" possui baixo grau de coesão com o Os alunos, hoje, estudaram Língua Portuguesa.
termo "vizinhos" e alto grau de coesão com o termo Os alunos hoje estudaram Língua Portuguesa.
"companheiros”.
Pedro encontrou companheiros, novos vizinhos e colegas de d) Predicativo
trabalho. • Em ordem direta (em fim de frase),
A palavra "novos" possui alto grau de coesão com o termo o predicativo do sujeito não recebe a vírgula:
"vizinhos", mas não com “companheiros”. A menina esperava o pai ansiosa. (ansiosa = predicativo do
Verifica-se, pois, que a vírgula demarca uma interrupção sujeito)
entre funções sintáticas ou orações independentes entre • Em ordem inversa (no início ou no meio da frase),
si, ou seja, funções sintáticas ou orações que possuem baixo esse termo receberá a vírgula:
grau de coesão entre si. Ansiosa, a menina esperava o pai.
A menina, ansiosa, esperava o pai.
⇒ Vírgula e período simples:
a) Sujeito e predicado e) Aposto
Não se separa o sujeito do predicado, haja vista Separa-se por vírgula o aposto explicativo:
serem termos essenciais à oração e possuírem alto grau de Goiânia, a capital de Goiás, é campeã em qualidade de
coesão entre si. vida.
f) Vocativo
Separa-se por vírgula o vocativo, qualquer que seja a sua
• Ordem direta: posição.
O poeta é mentiroso. João, faça-me um favor.
Aquela senhora é educada.
• Ordem indireta: ⇒ Vírgula e período composto por subordinação:
É mentiroso o poeta (o poeta = sujeito) a) Subordinadas substantivas:
É educada aquela senhora (aquela senhora = sujeito) - Apenas a oração subordinada substantiva apositiva é
separada por vírgulas.
b) Complementos verbais (objeto direto e objeto

31
Ele só queria uma coisa, que todos fossem embora!
• Observação:
b) Subordinadas adjetivas: Zeugma: forma de elipse (omissão) que consiste na
• As adjetivas restritivas não recebem a vírgula: supressão, em orações subsequentes, de um termo expresso
Os copos que estavam sobre a mesa estão sujos. na primeira.
• As adjetivas explicativas são separadas por Exemplo:
vírgula: Cada criança escolheu um brinquedo; o menino, um carro;
Os livros, que são fontes de conhecimento, devem ser a menina, uma boneca.
preservados.
⇒ Vírgula e local e data, em correspondências:
c) Subordinadas adverbiais: Usa-se vírgula para separar local e data, em
• Em ordem indireta (oração subordinada + oração correspondências:
principal), a vírgula é obrigatória: Goiânia, 24 de março de 2019
Quando chegaram à cidade, procuraram o prefeito.
• Em ordem direta (oração principal + oração ⇒ Vírgula e termos explicativos e conclusivos:
subordinada), a vírgula é facultativa:
Procuraram o prefeito, quando chegaram à cidade. • Há uma série de expressões no português que
Procuraram o prefeito quando chegaram à cidade. possuem a finalidade de explicar, concluir e
corrigir um termo anterior. Inseridos na frase, são
⇒ Vírgula e período composto por coordenação: separados por vírgula.
a) Coordenadas assindéticas Nossa aula acaba agora, aliás, acaba às 11h e 30 min.
Separam-se por vírgula as coordenadas assindéticas:
Abriu o site da banca, procurou seu nome, estava
aprovado! • Algumas dessas expressões: além disso, isto é, a
saber, aliás, digo, minto, ou melhor, ou antes,
b) Coordenadas sindéticas outrossim, demais, além disso, então, com efeito.
• As coordenadas sindéticas recebem a vírgula,
⇒ Vírgula e anacoluto:
exceto as aditivas:
• Era um homem valente, mas tinha horror a
baratas.(adversativa) • O anacoluto (frase quebrada) é sempre separado
• Ora tocava música clássica, ora executava um por vírgula.
chorinho. (alternativas) Exemplo:
• Vem, pois a natureza tem pressa. (explicativa) A saúde, esse é um problema muito sério.
• Tinha muitas passagens pela polícia, portanto era o
principal suspeito.(conclusiva) Observação:
Anacoluto: período iniciado por uma palavra ou locução,
• Ele visitou os pais e voltou para casa. (aditiva)
seguida de pausa (vírgula), que tem como continuação uma
oração em que essa palavra ou locução não se integra
Nas coordenadas aditivas, a vírgula aparece quando os
sintaticamente, embora esteja integrada pelo sentido.
sujeitos são diferentes ou quando há a reiteração da
conjunção (polissíndeto).
♦ Ponto e vírgula
Maria saiu de casa e foi ao trabalho. (Maria é sujeito das
O ponto e vírgula é um sinal de pontuação que indica grau
duas orações)
de coesão menor que o representado pela vírgula.
Maria se casou, e Pedro ficou sozinho. (Os sujeitos são
Exemplo:
diferentes: Maria e Pedro)
João preparou-se muito para a prova; mas, naquele dia,
E canta, e ri, e dança, e alegra-se. (polissíndeto)
não estava bem.
Repare que o ponto e vírgula separa orações coordenadas, e
⇒ Vírgula e termos de mesma função sintática
as vírgulas indicam que o adjunto adverbial está deslocado.
(enumerações):
As orações coordenadas – independentes sintaticamente
A vírgula é utilizada para separar termos de mesma função
entre si – possuem grau de coesão menor que um adjunto
sintática (enumeração).
adverbial deslocado.
Chegavam mãe, pais e filhos.
Nós queremos paz; eles, guerra.
No segundo exemplo, o ponto e vírgula separa orações
⇒ Vírgula e zeugma:
coordenadas; a vírgula, porém, indica zeugma verbal.
Utiliza-se a vírgula para demarcar o zeugma verbal.
A função principal do ponto e vírgula é separar
Nós queremos paz; eles, guerra.
estruturas coordenadas que possuem vírgulas internas.

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por expressar."
• Além da função supracitada, o ponto e vírgula é Joaquim Mattoso Câmara Jr.
usado em enumerações em tópicos. Veja: Nesse caso, ao utilizar os parênteses, tem-se a intenção de
Um bom discurso apresenta: indicar que o termo intercalado é acessório, ou seja, não
possui, segundo o autor, tanta importância ou destaque.
1. clareza;
c) Introduzir a palavra sic (há erro no texto original):
2. lógica;
O poblema (sic) é a falta de emprego.
3. empatia;
4. riqueza lexical;
♦ Aspas
5. informatividade;
a) Para indicar o início e o fim da citação:
6. interlocução.
“Navegar é preciso, viver não é preciso.”
Fernando Pessoa
♦ Dois-pontos
Os dois-pontos têm as seguintes funções: b) Para destacar uma palavra ou para indicar uma
a) Introduzir o discurso direto: ironia ou qualquer sentido figurado (conotativo):
E João disse: O prefeito tem "aplicado" o dinheiro público; isso é claro e
- Estou cansado! notório.
b) Introduzir uma citação: c) Para introduzir o discurso direto:
Segundo o Dicionário Houais, sujeito é: “termo sobre o Com a raiva de um animal ferido, disse: “Quem será o
qual recai a predicação verbal e com o qual o verbo homem que me enfrentará?”
concorda”.
d) Para indicar que a palavra é um neologismo ou um
c) Esclarecer, comentar ou detalhar (enumerar) um estrangeirismo
termo anterior: Estados Unidos querem a “lulalização” dos líderes de
Goiás e Vila, domingo passado: o Vila deu show! esquerda.
♦ Reticências ♦ Travessão
a) Para indicar a supressão de algumas palavras em uma a) Indicar a mudança ou a fala no discurso direto:
citação: - Estamos cansados! Queremos parar!
Como consta do conceito de sujeito, “...termo com o qual o - Não! A aula só acaba às 11h e 30 min.
verbo concorda”.
b) Para introduzir intercalações em períodos que
b) Para indicar uma interrupção da frase: possuem muitas vírgulas, comentários e explicações:
• Doutor, eu posso... Nesse caso, os travessões geram ênfase ao termo
• Não! Fique quieto, por favor! intercalado, isto é, indicam que o elemento entre travessões
possui destaque, relevância no contexto.
c) Para indicar hesitação, dúvida: "Em outros termos: a vogal nasal fica entendida como um
• Maria, fez o dever? grupo de dois fonemas que se combinam na sílaba – vogal e
• Bem...eu...na verdade...não, mãe! elemento nasal."
Joaquim Mattoso Câmara Jr.
d) Para indicar que o sentido vai além do que ficou dito:
Todos riam, se divertiam, estavam alegres... ♦ Ponto de exclamação
Sinal gráfico (!) que vem depois do termo que expressa
♦ Parênteses admiração, surpresa, alegria, dor, espanto, exaltação etc.
a) Fazer indicações cênicas de textos de teatro e Exemplo:
indicações bibliográficas (rubrica): Saiam já daqui!
João:
(com um fósforo na mão) ♦ Ponto de interrogação
- Colocarei fogo nestas velhas cartas. Sinal gráfico (?) que se coloca ao final de uma frase
interrogativa direta.
b) Fazer comentários e intercalações acessórias: Exemplo:
"Acrescentemos que em português a alternância vocálica Por que todos estão rindo?
pode ser o que podemos chamar submorfêmica. Isto
acontece, quando não é ela (como ao contrário, sucede em Resumindo:
fiz em face de fazer) a marca única da noção gramatical Vírgula:

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- Nunca usar entre: • Estrangeirismos
• Sujeito e verbo • Palavras em sentido figurado (conotativo)
• Verbo e objeto
• Nome e complemento nominal 1.7 Formação de palavras, prefixo, sufixo, classes de
• Substantivo e adjunto adnominal palavras, regência, concordância nominal e verbal,
flexão verbal e nominal, sintaxe de colocação
- Casos de uso: Formação de palavras, prefixo, sufixo.
• Aposto explicativo Existem dois processos básicos pelos quais se formam as
• Adjunto adverbial deslocado palavras: a derivação e a composição.
• Predicativo deslocado A diferença entre ambos consiste basicamente em que, no
• Objetos pleonásticos processo de derivação, partimos sempre de um único radical,
enquanto no processo de composição sempre haverá mais de
• Anacoluto
um radical.
• Zeugma verbal
• Vocativo
Derivação
• Expressões explicativas, retificativas e conclusivas Derivação é o processo pelo qual se obtém uma palavra
• Conjunções deslocadas nova, chamada derivada, a partir de outra já existente,
• Orações subordinadas substantivas apositivas chamada primitiva. Observe o quadro abaixo:
• Orações subordinadas adjetivas explicativas Primitiva Derivada
• Orações subordinadas adverbiais deslocadas
• Orações coordenadas, exceto as aditivas mar
marítimo, marinheiro,
marujo
Ponto e vírgula:
• Separar estruturas coordenadas com vírgulas terra enterrar, terreiro, aterrar
internas
• Enumerações em tópicos
Observamos que "mar" e "terra" não se formam de nenhuma
outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação de
Dois-Pontos:
outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo.
• Introduzir discurso direto
Logo, mar e terra são palavras primitivas, e as demais,
• Introduzir citação derivadas.
• Introduzir comentários, explicações ou
enumerações
Tipos de Derivação
Derivação Prefixal ou Prefixação
Ponto de interrogação:
Resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que
• Introduzir frases interrogativas diretas
tem o seu significado alterado. Veja os exemplos:
crer- descrer
Ponto de exclamação:
ler- reler
• Indicar exaltação na fala de personagens capaz- incapaz
Reticências: Derivação Sufixal ou Sufixação
• Indicar corte de trechos em citações Resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que
• Indicar pausas ou interrupções no discurso pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe
• Indicar que o sentido vai além do que está escrito gramatical. Por exemplo:
Alfabetização
Parênteses:
• Indicar rubrica (informações cênicas no teatro) No exemplo acima, o sufixo -ção transforma
• Indicar uma informação acessória em substantivo o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é
derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -
Travessão: izar.
• Indicar discurso direto
• Dar ênfase a trechos de textos A derivação sufixal pode ser:
a) Nominal, formando substantivos e adjetivos. Por
Aspas: exemplo:
• Citação direta papel – papelaria
• Discurso direto riso - risonho
b) Verbal, formando verbos. Por exemplo:
• Neologismos

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atual - atualizar conforme o contexto de uso, mas as demais se mantêm
c) Adverbial, formando advérbios de modo. intactas, independentemente da situação na qual elas
Por exemplo: estejam.
feliz - felizmente
Tipos de classes de palavras
Derivação Prefixal e Sufixal → Palavras variáveis
Ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo não Os substantivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes e
simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. verbos são palavras variáveis, pois têm a constituição
Exemplos: modificada para marcar alguns elementos gramaticais,
como o
Palavra Inicial Prefixo Radical Sufixo Palavra Formada • gênero (masculino/feminino);
leal des leal dade deslealdade • número (singular/plural);
feliz in feliz mente infelizmente • pessoa (primeira, segunda e terceira);
• tempo (pretéritos, presente, futuros);
Note que a presença de apenas um desses afixos é suficiente • modo (indicativo, subjuntivo, imperativo).
para formar uma nova palavra, pois em nossa língua existem
as palavras "desleal", "lealdade" e "infeliz", "felizmente". → Palavras invariáveis
Os advérbios, as preposições, as conjunções e as
Derivação Parassintética ou Parassíntese interjeições são palavras invariáveis, já que não
Ocorre quando a palavra derivada resulta do comportam transformações em suas formas.
acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra
primitiva. Substantivo
Considere, por exemplo, o adjetivo "triste". Do radical Substantivo é uma classe gramatical cuja função
"trist-" formamos o verbo entristecer pela junção simultânea é nomear os seres em geral. Apesar de essa conceituação
do prefixo "en-" e do sufixo "-ecer". Note que a presença de estar presente em vários locais, há que se destacar a sua
apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma incompletude, já que o substantivo pode também ser
nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras responsável por denominar:
"entriste", nem "tristecer". Exemplos: • ações (abraço, chute);
• postulados físicos (inércia);
Palavra Inicial Prefixo Radical Sufixo Palavra Formada • aspectos emocionais e psicológicos (covardia,
mudo e mud ecer emudecer esquizofrenia, ansiedade, amor, ódio);
alma des alm ado desalmado • elementos socioculturais (pobreza, inteligência),
entre outros.
Dica: para estabelecer a diferença entre derivação prefixal e
sufixal e parassintética, basta retirar o prefixo ou sufixo da → Classificações dos substantivos
palavra na qual se tem dúvida. Feito isso, observe se a • Comum: é responsável por nomear
palavra que sobrou existe; caso isso aconteça, a generalidade dos seres da mesma espécie, dos
será derivação prefixal e sufixal. Caso contrário, será elementos abstratos, dos objetos e dos fenômenos
derivação parassintética. da natureza.
Exemplos: casa, ódio, neve.
7.2 Classes de palavras • Próprio: faz referência a um ser específico.
Ao todo, são dez as classes de palavras: Exemplos: Maria, Panela de Barro Restaurante
• substantivo (nomeiam); (no caso, panela de barro identifica um
• adjetivos (caracterizam); restaurante determinado).
• artigos (acompanham os substantivos, • Primitivo: termos que não se originaram de
indefinindo ou definindo-os); outros existentes na mesma língua.
• numerais (quantificam e posicionam); Exemplos: maçã, porta, livro.
• pronomes (substituem ou acompanham termos); • Derivado: palavras que provêm de outras.
• verbos (materializam ações, estados, fenômenos); Exemplos: macieira (árvore) – maçã (fruta),
• advérbios (circunstanciam); portaria – porta, livreiro – livro.
• interjeições (expressam sensações humanas); • Simples: são constituídos por apenas um radical
• conjunções (unem palavras e orações, (parte da palavra que carrega o sentido principal
coordenando ou subordinando-as); dela).
• preposições (conectam termos). Exemplos: garrafa, tênis, feijão.
• Compostos: têm mais de um radical em sua
As seis primeiras categorias modificam as suas formas, estrutura.

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Exemplos: beija-flor, passatempo (verbo passar + → Classificações dos adjetivos
substantivo tempo). • Primitivos: não advêm de outro termo existente
• Concreto: nomeiam seres de existência própria, na língua e possuem apenas um radical. Ressalta-
isto é, figuras independentes que fazem parte de se que existem poucos adjetivos primitivos.
um universo real ou imaginário. Exemplos: azul, roxo, verde, branco, grande, escuro, liso,
Exemplos: caneta, vampiro (entidade), São Paulo feliz, triste.
(cidade), Ministério da Saúde (instituição).
• Abstrato: designam qualidades, ações, • Derivados: são originados de outras palavras.
sentimentos, estados, sensações. Assim, são acrescentados afixos (partes das
Exemplos: soberba, riso, solidão, juventude, palavras que carregam um sentido complementar
conforto. ao principal, por exemplo, infeliz, em que
o in significa não) ao radical.
Artigo Exemplos:
O artigo é a palavra que precede os substantivos a fim - desfavorável - favor
de determiná-los, tanto de maneira particular, por meio - esverdeado - verde
do uso de o, a, os, as, quanto de modo vago, ao utilizar - europeia - Europa
um, uma, uns, umas. • Simples: tem apenas um radical.
Exemplos: azul, desfavorável, escuro.
→ Classificações dos artigos • Compostos: possuem mais de um radical.
• Definido: individualiza o substantivo, ou seja, Exemplos: amarelo-canário, sociopolítico.
leva o interlocutor a saber do que se trata
especificamente. Numeral
Exemplos: O numeral é responsável por quantificar, de forma
- O amor de Antônia era forte (não é qualquer amor, sabe- exata, os seres (pessoas, objetos, entre outros). Além
se que é um específico). disso, também tem a função de identificar a posição
- A história revelará a verdade (refere-se à história da ocupada por um ser em um contexto específico.
humanidade).
- Os bandidos atacaram novamente (sabe-se que são as → Classificações dos numerais
mesmas pessoas que cometeram os crimes). • Cardinais: apresentam o número preciso de algo.
- As rosas do jardim estão secas (o sujeito que fez tal Destaca-se o fato de que, mesmo que os numerais
afirmação fez menção a determinadas flores). sejam considerados palavras variáveis, nesta
categoria, apenas o termo um, o dois e os
• Indefinido: generaliza o substantivo. referentes às centenas a partir de duzentos são
Exemplos: modificados.
- Falta um cantor para completar o espetáculo (pode ser o Exemplos:
João, o José, o Miguel, qualquer um que cante). - Encontrei apenas um lápis no estojo.
- Gostaria de saber se há uma lanchonete na região (no - Na sala de cirurgia, havia uma enfermeira
caso, a pessoa não especificou qual a lanchonete, podendo e quatro médicos.
ser a do João, a da Maria, entre outras) - Recebi duzentas moedas.
- Em cima da mesa, estão uns biscoitos (a informação
impossibilita saber a marca, o tipo das bolachas). • Ordinais: conforme a própria palavra já anuncia,
- Seria ótimo conhecer umas atrizes famosas (não se sabe diz respeito à ordem, assim sempre se
quais atrizes são). estabelecerá uma relação entre vários seres.
Exemplos:
Adjetivo - O segundo a alcançar a linha de chegada é goiano.
O adjetivo é uma palavra ou locução (iniciada por - É a milésima vez que digo isso.
preposições: de, em, com, sem) que confere
características, estados, qualidades aos seres. Também Pronome
pode instituir relações de tempo, de espaço, de finalidade, O pronome, além de estabelecer quais são os seres que
de procedência com o substantivo. fazem parte diretamente da interlocução (1ª e 2ª
Exemplos: pessoas), ainda são empregados para indicar os demais
- Banca de revistas (locução adjetiva) presentes no discurso (3ª pessoa), ou seja, essa classe
- Avaliação semanal (tempo) gramatical faz referência a quem fala, com quem se fala e
- Cidade estrangeira (espaço) a de quem ou do que se fala. Diante dessa
- Vinho chileno (procedência) característica, normalmente substituem os substantivos.
- Emergência ortopédica (finalidade) Exemplo:
Luíza (substantivo) comprou um carro.

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Agora, ela (pronome) chega mais rapidamente aos lugares. - Nossa, essa pulseira é linda. (proximidade de quem
ouve)
→ Classificações dos pronomes - Nesse intervalo, eu fiz muitas coisas. (tempo que está
• Pronomes pessoais: representam as pessoas imediatamente antes do presente)
gramaticais. - Comprei um celular, mas esse não funciona muito bem.
Caso reto Caso oblíquo (retoma uma informação)
(função de sujeito) (função de complemento) - Você conhece aquela cachoeira? (distância tanto de
Átonos Tônicos quem fala quanto de quem ouve)
(sem preposição) (com preposição) - Consegui construir um celeiro e um lago. Este ficou bem
feito, entretanto aquele não. (elemento referido
Singular eu me mim anteriormente a outro)
Singular tu te ti - Naquela década, as mulheres não podiam votar. (tempo
Singular ele/ela se, o, a, lhe si, ele/ela distante)
Plural nós nos nós Obs: contração da preposição em + pronome aquela =
Plural vós vos vós naquela.
Plural eles/elas Se, os, as, lhes si, eles/elas
• Pronomes indefinidos: fazem referência, de
maneira vaga, à 3ª pessoa gramatical.
Exemplos: Exemplos:
- Eu fui ao shopping hoje. - Algum membro da plateia gostaria de falar?
- Os professores nos auxiliaram a entender a matéria. - Todas as flores estão belíssimas durante a primavera.
- A informação não foi enviada a eles. - Certas pessoas não praticam os exercícios certos.
Pronome (antes do substantivo) adjetivo (depois do
• Pronomes possessivos: determinam uma relação substantivo)
de posse, de algo pertencente às pessoas do • Pronomes relativos: iniciam novas orações ao
discurso. substituírem um substantivo ou mesmo um
Um possuidor Vários possuidores pronome antecedente.
Vários Vários Exemplos:
Um objeto Um objeto
objetos objetos - Visitamos a cidade onde minha avó mora.
1ª - Fui eu quem escolheu a decoração.
Meu/minha Meus/minhas Nosso/nossa Nossos/nossas - Caíram as ações cuja liquidez era tida como certa.
pessoa
2ª • Pronomes interrogativos: são observados em
Teu/tua Teus/tuas Vosso/vossa Vossos/vossas frases ou orações interrogativas, sejam elas
pessoa
diretas, ou seja, cuja conclusão se dá por meio do

Seu/sua Seus/suas Seu/sua Seus/suas uso de ponto de interrogação e o início mediante
pessoa
a colocação do pronome, sejam elas indiretas, isto
é, terminadas por ponto-final e entremeadas pelos
Exemplos: termos de teor questionador.
- Nossas férias foram especiais. Exemplos:
- João, onde está a sua tarefa? - Quanto custa esta dúzia de bananas?
- Eu gostaria de saber quem teve a brilhante ideia de
• Pronomes demonstrativos: são utilizados para pintar a parede.
determinar as distâncias tanto físicas quanto - Qual é o dia da Proclamação da República?
cronológicas de algo em relação às pessoas do
discurso. Verbo
Variáveis Invariáveis Os verbos são palavras que expressam uma ação, um
este, esta, estes, estas isto estado, um fenômeno, os quais se encontram situados
esse, essa, esses, essas isso cronologicamente. Essa classe de palavras é uma das que
aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo mais flexiona, pois se adapta à pessoa, ao número, ao
tempo, ao modo, além de conter as formas nominais.
Exemplos:
→ Formas nominais
- Este joelho só serve para doer. (proximidade de quem
• Infinitivo: expressa o fato verbal em si, portanto
fala)
não há pistas do início ou término da ação, estado
- Finalmente chegou esta hora. (atualidade)
ou fenômeno. Assim, adquire valor de
- O grande acontecimento de hoje foi este: ir ao
substantivo.
supermercado. (introduz uma ideia)
Exemplo: Nadar é um ótimo esporte.

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• Gerúndio: determina o processo, ou seja, algo Exemplos:
que está acontecendo no momento do discurso. - Eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles
Exemplo: Victor está caminhando. amam.
• Particípio: marca a conclusão de um fato. Muitas - Eu abraço, tu abraças, ele abraça, nós abraçamos, vós
vezes adquire valor de adjetivo. abraçais, eles abraçam.
O concurso não aceita os gabaritos preenchidos a lápis. Perceba que o radical am- e abraç- permanecem os
caracteriza gabaritos mesmos, e as desinências coincidem entre os dois verbos.

→ Conjugações • Irregulares: não estão de acordo com o


• 1ª conjugação: verbos terminados em - paradigma, assim podem sofrer modificação tanto
ar. Exemplos: cantar, beijar, mascarar. o radical quanto as desinências.
• 2ª conjugação: verbos terminados em -er. Exemplo:
Exemplos: beber, comer, fazer. - Eu faço, tu fazes, ele faz, nós fazemos, vós fazeis, eles
• 3ª conjugação: verbos terminados em -ir. fazem.
Exemplos: partir, dividir, rir. Observe que o radical faz foi modificado na conjugação
da 1ª pessoa do singular: faço.
→ Modos
• Indicativo: exprime certeza. • Anômalos: apresentam substanciais
Exemplo: Eu paguei a conta da internet. irregularidades em seus radicais.
• Subjuntivo: apresenta hipóteses, dúvidas. Exemplo:
Exemplo: Se eu quisesse, estudaria muito mais. verbo ir – eu vou (presente do indicativo), eu ia (pretérito
• Imperativo: manifesta ordem, pedido, sugestão. imperfeito do indicativo), eu fui (pretérito perfeito do
Exemplo: Faça a sua tarefa, Rodrigo. indicativo), quando eu for (futuro do subjuntivo).

→ Tempos • Defectivos: são verbos cuja conjugação não


Presente: o instante no qual ocorre a ação verbal coincide existe em determinadas pessoas do discurso.
com o do discurso. Exemplo: eu chovo (inexistente).
Exemplo: Eu amo você.
Passado: o momento em que acontece a ação verbal é • Abundantes: apresentam mais de uma forma
anterior ao do discurso. para uma flexão específica.
- Pretérito perfeito: o fato exposto tem final bem Exemplo: particípio de matar — matado e morto.
delimitado e concluído antes de ser exteriorizado, por
meio do uso da língua. Advérbio
Exemplo: Eu corri durante a manhã de hoje. São palavras que se conectam aos verbos a fim de
- Pretérito imperfeito: o episódio exteriorizado pelo apresentar uma circunstância relativa à ação, estado,
verbo não foi finalizado quando um novo aconteceu. fenômeno verbal. Além disso, podem associar-se aos
Exemplo: No momento em que começamos a ler, havia o adjetivos, conferindo uma determinação das qualidades
barulho da reforma. expressas por eles. Por fim, são capazes de se juntar a
Além disso, também apresenta fatos passados que eram outros advérbios, o que desencadeia uma intensificação
habituais. dos sentidos ali presentes.
Exemplo: Andrea cuidava de seus animais diariamente.
- Pretérito mais-que-perfeito: a ocorrência contida no → Principais classificações dos advérbios
verbo é anterior à outra que também é situada no passado. • Modo: advérbios que acrescentam ao verbo,
Degustei a sobremesa feita pela Fernanda, mas, antes adjetivo ou a outro advérbio a maneira como
disso, eu comera um macarrão. aconteceu o que eles expressam.
- Futuro do presente: indica episódios cujas ocorrências Exemplos: bem, mal, assim, depressa, devagar,
serão concretizadas depois da fala ou da escrita. tranquilamente, facilmente.
Exemplo: Amanhã viajarei para a praia. - Rosana pegou rapidamente a vassoura.
- Futuro do pretérito: expressa um fato futuro, mas
conectado a um segundo que está situado no passado. • Intensidade: constituem uma maximização ou
Exemplo: A cabeleireira confirmou que viria agora. minimização da ideia manifestada pelo termo a
que se ligou.
→ Classificações dos verbos Exemplos: muito, pouco, meio, bastante, ainda, bem, mal,
• Regulares: independentemente da conjugação, o quase, apenas.
verbo segue o paradigma, ou seja, mantém o seu - Jônatas gritou bastante no show.
radical, e as desinências (final da palavra)
seguem um padrão. • Afirmação: confirmam a mensagem transmitida.

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Exemplos: certamente, realmente, seguramente, sim, • Explicativa: apresenta uma justificativa.
efetivamente. Exemplo: Não assisto mais aos DVDs, pois vejo filmes
- A classe desistiu realmente de fazer a atividade. on-line.

• Negação: trazem uma ideia contrária à existente → Tipos de conjunções subordinativas


no verbo, adjetivo ou advérbio. • Causais: insere a causa de um acontecimento
Exemplos: jamais, não, absolutamente. presente na outra oração.
- Não quero comer sanduíche. Exemplo: Reescreva este trecho da redação porque está
confuso.
• Dúvida: transmitem uma incerteza relativa ao • Condicionais: estabelece um requisito para a
que está previsto na oração. concretização de algo.
Exemplos: acaso, provavelmente, eventualmente, quiçá, Exemplo: Se eu fizer exercícios físicos, emagrecerei.
talvez, porventura. • Conformativa: expressa uma concordância.
- O evento, provavelmente, será cancelado. Exemplo: Segundo a notícia do jornal, a pandemia gerou
muitos mortos.
• Tempo: situam a ação, a qualidade ou a • Concessiva: manifesta uma ideia que contrapõe a
circunstância no tempo. existente na oração anterior, mas não tem a força
Exemplos: amanhã, sempre, cedo, tarde, hoje, nunca, de anulá-la.
antes, depois, outrora, então, aí. Exemplo: Só beberei água quando chegar em
- Farei isso depois. casa, embora esteja com sede.
• Comparativa: faz um paralelo.
• Lugar: marcam o local no qual ocorreu um Exemplo: Tomás levanta da cama como um urso sai de
episódio, ou onde se percebeu uma qualidade, ou sua toca no inverno.
circunstância. • Consecutiva: apresenta um desdobramento.
Exemplos: lá, ali, aqui, aí, longe, onde, perto, abaixo, Exemplo: A opulência era tamanha que os olhos dela
acima. brilharam.
- Nossa, como você está longe de casa. • Proporcionais: constrói uma relação de
igualdade entre os fatos contidos em cada uma
Conjunção das orações.
Conjunção é um elemento gráfico, sonoro e semântico Exemplo: À medida que as pessoas desmatavam a
que estabelece uma união entre orações ou entre floresta, crescia o buraco na camada de ozônio.
palavras, desde que estas exerçam idênticas funções • Temporais: expressa uma circunstância de
sintáticas e estejam na mesma oração. Essa classe de tempo.
palavras pode ser dividida em: Exemplo: Quando o relógio apontar dez horas, tomarei o
• subordinativas: conecta duas orações, sendo meu café.
uma delas fundamental para a construção do • Finais: expõe o objetivo de algo presente na
sentido completo da outra; outra oração.
• coordenativas: que liga elementos Exemplo: Estude bastante para que você tenha sucesso.
independentes, ou seja, une orações ou termos de
idêntica função gramatical detentores de sentido Preposição
completo. A preposição é o termo que conecta duas outras
palavras, construindo relações de sentido e dependência
→ Tipos de conjunções coordenativas entre elas.
• Aditiva: expressa soma.
Exemplo: Fui ao cinema e comi pipoca. → Classificação das preposições
• Adversativa: estabelece uma oposição entre as • Essenciais: exercem apenas a função de
orações. preposição.
Exemplo: As crianças gostam do Natal, mas as famílias Exemplos: a, ante, contra, de, entre, sob, sobre.
estão cada vez mais descrentes. - A agenda está sobre a mesa.
• Alternativa: constrói uma alternância de ideias, - A filha de Antenor se retirou do recinto.
mas também exclui uma para que a outra vigore. • Acidentais: palavras de classes diversas que, às
Exemplo: Independência ou morte! (D. Pedro) vezes, desempenham a função prepositiva.
• Conclusiva: introduz uma consequência e um Exemplos: como, conforme, mediante, segundo, senão,
fechamento do raciocínio desenvolvido na oração visto.
anterior. - Isabela vai à casa do namorado todos os
Exemplo: Os cachorros brincaram na lama, portanto eles dias, fora segunda-feira.
se sujaram.

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Interjeição Verbos transitivos indiretos
São as palavras ou um grupo delas que marcam, de Os verbos transitivos indiretos são complementados por
maneira forte e abrupta, as reações, os sentimentos, as objetos indiretos, isto é, exigem uma preposição para o
emoções. estabelecimento da relação de regência. Veja:
Exemplos:
- Puxa!
- Cuidado!
- Ufa!
- Nossa!
- Tomara!
- Credo!

Regência Outro exemplo:


Regência verbal
Chamamos de regência verbal a relação que se estabelece
entre os verbos e os termos que os complementam
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam
(adjuntos adverbiais). Os verbos podem ser intransitivos e
transitivos.
Os verbos intransitivos não exigem complemento. Isso
acontece porque são verbos que fazem sentido por si só,
ou seja, possuem sentido completo. Em alguns casos, eles
são acompanhados por adjuntos adverbiais, elementos Você também pode fazer perguntas para o verbo para
que não podem ser considerados como objetos. O adjunto assim identificar se ele é ou não transitivo indireto
adverbial é um termo acessório da oração cuja função é (gostaram de quê/gostaram de quem? Respondeu a
modificar um verbo, um adjetivo ou um advérbio, quê/respondeu a quem?). Note que, ao fazer a pergunta
indicando uma circunstância (tempo, lugar, modo, com o uso de uma preposição, o objeto responderá
intensidade etc.). Sendo um termo acessório, pode ser também com uma preposição (gostamos da prova/
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática. Veja respondi às questões).
alguns exemplos:
Verbos transitivos diretos e indiretos
Antigamente, os verbos transitivos diretos e indiretos
eram chamados de bitransitivos. Essa nomenclatura,
entretanto, não é mais utilizada. São verbos
acompanhados de um objeto direto e um objeto indireto.
Observe:

Verbos transitivos diretos


Chamamos de verbos transitivos aqueles que precisam de
um complemento, uma vez que não possuem sentido Quem agradece, agradece a alguém algo.
quando sozinhos. Eles podem ser transitivos diretos e Outro exemplo:
indiretos. Os transitivos diretos são acompanhados por
objetos diretos e não exigem preposição para o correto
estabelecimento da relação de regência. Veja os exemplos:

Para facilitar o reconhecimento dos verbos transitivos Regência nominal


diretos, você poderá fazer algumas perguntas para eles Chamamos de regência nominal o nome da relação
(quero o quê/quero quem? Amo o quê/amo quem?). As existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou
respostas serão os objetos diretos. advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação
é sempre intermediada por uma preposição. Veja alguns
exemplos (vale lembrar que existem muitos outros):

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para estabelecer a regência verbal.
Substantivos:
Admiração a/por Exemplos de regência verbal sem preposição:
Devoção a/ para/ com/ por • Você já fez os deveres?
Medo de • Eu quero um carro novo.
Respeito a/ com/ para com/ por • A criança bebeu o suco.

Adjetivos: O objeto direto responde, principalmente, às perguntas o


Necessário a quê? e quem?, indicando o elemento que sofre a ação verbal.
Acostumado a/com
Nocivo a Regência verbal com preposição
Agradável a Os verbos transitivos indiretos apresentam um objeto
Equivalente a indireto como termo regido, sendo obrigatória a presença de
uma preposição para estabelecer a regência verbal.
Advérbios:
Longe de/ Perto de Exemplos de regência verbal com preposição:
Obs.: Os advérbios terminados em -mente tendem a • O funcionário não se lembrou da reunião.
seguir o regime dos adjetivos de que são formados: • Ninguém simpatiza com ele.
Paralela a; paralelamente a • Você não respondeu à minha pergunta.
Relativa a; relativamente a
O objeto indireto responde, principalmente, às perguntas de
Exemplos de regência verbal preposicionada quê? para quê? de quem? para quem? em quem?, indicando
• assistir a; o elemento ao qual se destina a ação verbal.
• obedecer a; Preposições usadas na regência verbal
• avisar a; As preposições usadas na regência verbal podem aparecer na
• agradar a; sua forma simples, bem como contraídas ou combinadas
• morar em; com artigos e pronomes.
• apoiar-se em;
• transformar em; - Preposições simples: a, de, com, em, para, por, sobre,
• morrer de; desde, até, sem,...
• constar de;
- Contração e combinação de preposições: à, ao, do, das,
• sonhar com;
destes, no, numa, nisto, pela, pelo,...
• indignar-se com;
As preposições mais utilizadas na regência verbal são: a, de,
• ensaiar para; com, em, para e por.
• apaixonar-se por; • Preposição a: perdoar a, chegar a, sujeitar-se a,...
• cair sobre. • Preposição de: vangloriar-se de, libertar de,
precaver-se de,...
Exemplos de regência nominal • Preposição com: parecer com, zangar-se com,
• favorável a; guarnecer com,...
• apto a; • Preposição em: participar em, teimar em, viciar-se
• livre de; em,...
• sedento de; • Preposição para: esforçar-se para, convidar para,
• intolerante com; habilitar para,...
• compatível com; • Preposição por: interessar-se por, começar por,
• interesse em; ansiar por,...
• perito em; •
• mau para; Regência nominal com preposição
• pronto para; A regência nominal ocorre quando um nome necessita
• respeito por; obrigatoriamente de uma preposição para se ligar ao seu
• responsável por. complemento nominal.

Exemplos de regência nominal com preposição:


Regência verbal sem preposição
Os verbos transitivos diretos apresentam um objeto direto • Sempre tive muito medo de baratas.
como termo regido, não sendo necessária uma preposição • Seu pai está furioso com você!

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• Sinto-me grato a todos. • Que pintura e poema bonito!
• Que poema e pintura bonita!
Preposições usadas na regência nominal • Que pintura e poema bonitos!
Também na regência nominal as preposições podem ser • Que poema e pintura bonitos!
usadas na sua forma simples e contraídas ou combinadas
com artigos e pronomes. 2. Concordância entre substantivo e mais do que um adjetivo
As preposições mais utilizadas na regência nominal são, Quando um substantivo é caracterizado por mais do que um
também: a, de, com, em, para, por. adjetivo, a concordância pode ser feita das seguintes formas:
• Preposição a: anterior a, contrário a, equivalente Colocando o artigo antes do último adjetivo. Exemplo:
a,... • Adoro a comida italiana e a chinesa.
• Preposição de: capaz de, digno de, incapaz de,... • Conhece a literatura brasileira e a inglesa.
• Preposição com: impaciente com, cuidadoso com,
descontente com,... Colocando o substantivo e o artigo que o antecede no plural.
• Preposição em: negligente em, versado em, parco Exemplo:
em,... • Adoro as comidas italiana e chinesa.
• Preposição para: essencial para, próprio para, apto • Conhece as literaturas brasileira e inglesa.
para,...
• Preposição por: admiração por, ansioso por, 3. Concordância entre números ordinais
devoção por,... Nos casos em que há números ordinais ANTES do
substantivo, o substantivo pode ser usado tanto no singular
como no plural. Exemplos:
Concordância nominal e verbal • A segunda e a terceira casa.
Concordância nominal • A segunda e a terceira casas.
Concordância nominal é a relação entre palavras que garante
que os substantivos concordem com artigos, adjetivos, Nos casos em que há números ordinais DEPOIS do
pronomes e numerais. substantivo, o substantivo deve ser usado no plural.
Exemplo: Estas três obras maravilhosas estavam esquecidas Exemplo:
na biblioteca. • As casas segunda e terceira.
Neste exemplo, o pronome "estas", o numeral "três" e o • Os lugares primeiro e segundo.
adjetivo "maravilhosas" concordam com o substantivo
"obras", que é um substantivo feminino e está no plural. 4. Concordância entre expressões
Abaixo, explicamos a concordância entre as expressões que
Regras de concordância nominal trazem mais dúvidas: anexo, bastante, meio, menos. é
1. Concordância entre substantivo e um adjetivo proibido, é bom, é necessário.
O adjetivo deve concordar em gênero e número com o
substantivo. Exemplos: Anexo
• Que pintura bonita! A palavra "anexo" deve concordar em gênero e número com
• As frutas estão deliciosas. o substantivo. Exemplos:
• Segue anexo o recibo.
Quando há mais do que um substantivo, o adjetivo deve • Segue anexa a fatura.
concordar com aquele que está mais próximo. Exemplo:
• Que bonita pintura e poema! Mas, a expressão "em anexo" não varia. Exemplos:
• Que bonito poema e pintura! • Segue em anexo o recibo.
• Segue em anexo a fatura.
Mas, se os substantivos forem nomes próprios, o adjetivo
deve ficar no plural. Exemplo: Bastante(s)
• Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos é uma Quando tem a função de adjetivo, a palavra "bastante" deve
composição dos grandes Roberto Carlos e concordar em gênero e número com o substantivo.
Erasmo Carlos em homenagem a Caetano Exemplos:
Veloso. • Recebemos bastantes telefonemas.
• As encantadoras Clarice e Cecília • Venderam bastantes produtos.
Meireles pertencem ao Modernismo.
Quando tem a função de advérbio, a palavra "bastante" não
Quando há mais do que um substantivo, e o adjetivo vem varia. Exemplos:
depois dos substantivos, deve concordar com aquele que • Eles cantam bastante bem.
está mais próximo ou com todos eles. Exemplos: • Fomos bastante amigos.

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Meio
Quando tem a função de adjetivo, a palavra "meio" deve Atenção:
concordar em gênero e número com o substantivo. Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no
Exemplos: singular ou ir para o plural.
• Atrasado, tomou meio copo de leite e saiu Ex.: A multidão de fãs gritou./ A multidão de fãs gritaram.
correndo.
• Atrasado, tomou meia xícara de leite e saiu b) Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria,
correndo. etc.) – o verbo fica no singular ou vai para o plural.
Ex.: A maioria dos alunos foi à excursão./ A maioria dos
Quando tem a função de advérbio, a palavra "meio" não alunos foram à excursão.
varia. Exemplos:
• Ele é meio maluco. c) O sujeito é um pronome de tratamento - o verbo fica
• Ela é meio maluca. sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).
Ex.: Vossa Alteza pediu silêncio./ Vossas Altezas pediram
Menos silêncio.
A palavra "menos" não varia. Exemplos:
• Hoje, tenho menos alunos. d) O sujeito é o pronome relativo "que" – o verbo
• Hoje, tenho menos alunas. concorda com o antecedente do pronome.
Ex.: Fui eu que derramei o café./ Fomos nós que
derramamos o café.

e) O sujeito é o pronome relativo "quem" - o verbo


pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o
antecedente do pronome.
Ex.: Fui eu quem derramou o café./ Fui eu quem derramei
o café.

É proibido, é bom, é necessário f) O sujeito é formado pelas expressões: alguns de nós,


As expressões "é proibido, é bom, é necessário" não variam, poucos de vós, quais de..., quantos de..., etc. - o verbo
a não ser que sejam acompanhadas por determinantes que as poderá concordar com o pronome interrogativo ou
modifiquem. Exemplos: indefinido ou com o pronome pessoal (nós ou vós).
• É proibido entrada. Ex.: Quais de vós me punirão?/ Quais de vós me punireis?
• É proibida a entrada.
• Verdura é bom. Dicas:
• A verdura é boa. Com os pronomes interrogativos ou indefinidos no
• Paciência é necessário. singular, o verbo concorda com eles em pessoa e
número.
• A paciência é necessária.
Ex.: Qual de vós me punirá.
Concordância verbal
g) O sujeito é formado de nomes que só aparecem no
Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com
plural - se o sujeito não vier precedido de artigo, o verbo
o seu sujeito.
ficará no singular. Caso venha antecipado de artigo, o
Exemplos:
verbo concordará com o artigo.
Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser./ Eles
Ex.: Estados Unidos é uma nação poderosa./ Os Estados
gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.
Unidos são a maior potência mundial.
Casos de concordância verbal:
h) O sujeito é formado pelas expressões: mais de um,
1) Sujeito simples
menos de dois, cerca de..., etc. – o verbo concorda com o
Regra geral:
numeral.
O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e
Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula./ Mais de
pessoa.
cinco alunos não compareceram à aula.
Ex.: Nós vamos ao cinema.
O verbo (vamos) está na primeira pessoa do plural para
i) O sujeito é constituído pelas expressões: a maioria, a
concordar com o sujeito (nós).
maior parte, grande parte, etc. - o verbo poderá ser
usado no singular (concordância lógica) ou no plural
Casos especiais:
(concordância atrativa).
a) O sujeito é um coletivo - o verbo fica no singular.
Ex.: A maioria dos candidatos desistiu./ A maioria dos
Ex.: A multidão gritou pelo rádio.

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candidatos desistiram. d) Quando há gradação entre os núcleos - o verbo pode
concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o
j) O sujeito tiver por núcleo a palavra gente (sentido núcleo mais próximo.
coletivo) - o verbo poderá ser usado no singular ou plural, Ex.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam./ Uma
se este vier afastado do substantivo. palavra, um gesto, um olhar bastava.

Ex.: A gente da cidade, temendo a violência da rua, e) Quando os sujeitos forem resumidos por nada, tudo,
permanece em casa./ A gente da cidade, temendo a ninguém... - o verbo concordará com o aposto resumidor.
violência da rua, permanecem em casa. Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o
comoveu.
2) Sujeito composto
Regra geral f) Quando o sujeito for constituído pelas expressões:
O verbo vai para o plural. um e outro, nem um nem outro... - o verbo poderá ficar
Ex.: João e Maria foram passear no bosque. no singular ou no plural.
Ex.: Um e outro já veio./ Um e outro já vieram.
Casos especiais:
a) Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas g) Quando os núcleos do sujeito estiverem ligados por
gramaticais diferentes - o verbo ficará no plural ou - o verbo irá para o singular quando a ideia for de
seguindo-se a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa. exclusão, e para o plural quando for de inclusão.
Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª Exemplos:
pessoa plural) amigos. Pedro ou Antônio ganhará o prêmio. (exclusão)
O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao
a 3ª. homem. (adição, inclusão)
Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª
pessoa do plural) amigos. h) Quando os sujeitos estiverem ligados pelas séries
O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob correlativas (tanto... como/ assim... como/ não só... mas
a 3ª. também, etc.) - o que comumente ocorre é o verbo ir para
o plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos
Atenção: estiverem no singular.
No caso acima, também é comum a concordância do Exemplos:
verbo com a terceira pessoa. Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições
Ex.: Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do plural) municipais em São Paulo.
Tanto Erundina quanto Collor perdeu as eleições
Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a municipais em São Paulo.
concordância por atração com o núcleo mais próximo do
verbo. Outros casos:
Ex.: Irei eu e minhas amigas. 1) Partícula “SE”:
a- Partícula apassivadora: o verbo ( transitivo direto)
b) Os núcleos do sujeito estão coordenados concordará com o sujeito passivo.
assindeticamente ou ligados por “e” - o verbo Ex.: Vende-se carro./ Vendem-se carros.
concordará com os dois núcleos. b- Índice de indeterminação do sujeito: o verbo
Ex.: A jovem e a sua amiga seguiram a pé. (transitivo indireto) ficará, obrigatoriamente, no singular.
Exemplos:
Atenção: Precisa-se de secretárias.
Se o sujeito estiver posposto, permite-se a Confia-se em pessoas honestas.
concordância por atração com o núcleo mais próximo
do verbo. 2) Verbos impessoais
Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga. São aqueles que não possuem sujeito. Portanto, ficarão
sempre na 3ª pessoa do singular.
c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e Exemplos:
estão no singular - o verbo poderá ficar no plural Havia sérios problemas na cidade.
(concordância lógica) ou no singular (concordância Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar.
atrativa). Deve haver sérios problemas na cidade.
Ex.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar.
concentrar./ A angústia e ansiedade não o ajudava a se
concentrar. Dicas:
Os verbos auxiliares (deve, vai) acompanham os verbos

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principais.
O verbo existir não é impessoal. Veja: - é obrigatória a flexão do infinitivo que tem seu sujeito
Existem sérios problemas na cidade. diferente do sujeito da oração principal e não está
Devem existir sérios problemas na cidade. indicado por nenhum termo no contexto.
Ex.: Não sei como saiu sem notarem o fato.
3) Verbos dar, bater e soar
Quando usados na indicação de horas, possuem sujeito c) Quando o infinitivo pessoal está em uma locução
(relógio, hora, horas, badaladas...), e com ele devem verbal
concordar.
Exemplos: - não se flexiona o infinitivo, sendo este o verbo principal
da locução verbal, quando em virtude da ordem dos
O relógio deu duas horas. termos da oração, sua ligação com o verbo auxiliar for
Deram duas horas no relógio da estação. nítida.
Deu uma hora no relógio da estação. Ex.: Acabamos de fazer os exercícios.
O sino da igreja bateu cinco badaladas.
Bateram cinco badaladas no sino da igreja. - é facultativa a flexão do infinitivo, sendo este o verbo
Soaram dez badaladas no relógio da escola. principal da locução verbal, quando o verbo auxiliar
estiver afastado ou oculto.
4) Sujeito oracional Exemplos:
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da Não devemos, depois de tantas provas de honestidade,
oração principal fica na 3ª pessoa do singular. duvidar e reclamar dela.
Ex.: Ainda falta dar os últimos retoques na pintura. Não devemos, depois de tantas provas de honestidade,
duvidarmos e reclamarmos dela.
5) Concordância com o infinitivo
a) Infinitivo pessoal e sujeito expresso na oração: 6) Concordância com o verbo ser:
- não se flexiona o infinitivo se o sujeito for representado a - Quando, em predicados nominais, o sujeito for
por pronome pessoal oblíquo átono. representado por um dos pronomes: tudo, nada, isto,
Ex.: Esperei-as chegar. isso, aquilo - o verbo “ser” ou “parecer” concordarão com
o predicativo.
- é facultativa a flexão do infinitivo se o sujeito não for Exemplos:
representado por pronome átono e se o verbo da oração Tudo são flores.
determinada pelo infinitivo for causativo (mandar, deixar, Aquilo parecem ilusões.
fazer) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir e sinônimos).
Exemplos: Dicas:
Mandei sair os alunos. Poderá ser feita a concordância com o sujeito quando
Mandei saírem os alunos. se quer enfatizá-lo.
Ex.: Aquilo é sonhos vãos.
- flexiona-se obrigatoriamente o infinitivo se o sujeito for
diferente de pronome átono e determinante de verbo não b - O verbo ser concordará com o predicativo quando
causativo nem sensitivo. o sujeito for os pronomes interrogativos: que ou quem.
Ex.: Esperei saírem todos. Exemplos:
Que são gametas?
b) Infinitivo pessoal e sujeito oculto Quem foram os escolhidos?
- não se flexiona o infinitivo precedido de preposição com
valor de gerúndio. c - Em indicações de horas, datas, tempo, distância - a
Ex.: Passamos horas a comentar o filme. (comentando) concordância será feita com a expressão numérica
Exemplos:
- é facultativa a flexão do infinitivo quando seu sujeito for São nove horas.
idêntico ao da oração principal. É uma hora.
Ex.: Antes de (tu) responder, (tu) lerás o texto./Antes de
(tu) responderes, (tu) lerás o texto. Dicas:
Em indicações de datas, são aceitas as duas
- é facultativa a flexão do infinitivo que tem seu sujeito concordâncias, pois subentende-se a palavra dia.
diferente do sujeito da oração principal e está indicado por Exemplos:
algum termo do contexto. Hoje são 24 de outubro.
Ex.: Ele nos deu o direito de contestar./Ele nos deu o Hoje é (dia) 24 de outubro.
direito de contestarmos.

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d - Quando o sujeito ou predicativo da oração for verbal, denotando a ideia de um processo ora concluído,
pronome pessoal, a concordância se dará com o em fase de conclusão ou que ainda está para concluir,
pronome. representado pelo tempo presente, pretérito e futuro.
Ex.: Aqui o presidente sou eu. Modo – Revela a circunstância em que o fato verbal
ocorre. Assim expresso:
Dicas: - Modo indicativo – exprime um fato certo, concreto.
Se os dois termos (sujeito e predicativo) forem - Modo subjuntivo – exprime um fato hipotético, duvidoso.
pronomes, a concordância será com o que aparece - Modo imperativo – exprime uma ordem, expressa um
primeiro, considerando o sujeito da oração. pedido.
Ex.: Eu não sou tu
Para que possamos constatar acerca de todos esses
e - Se o sujeito for pessoa, a concordância nunca se pressupostos, basear-nos-emos no caso do verbo cantar,
fará com o predicativo. tendo em vista o modo indicativo.
Ex.: O menino era as esperanças da família.
Modo Indicativo
f - Nas locuções: é pouco, é muito, é mais de, é menos
de, junto a especificações de preço, peso, quantidade,
distância e etc., o verbo fica sempre no singular.
Exemplos:
Cento e cinquenta é pouco.
Cem metros é muito.

g - Nas expressões do tipo: ser preciso, ser necessário,


ser bom, o verbo e o adjetivo pode ficar invariável
(verbo na 3ª pessoa do singular e adjetivo no masculino
singular) ou concordar com o sujeito posposto.
Exemplos:
É necessário aqueles materiais.
São necessários aqueles materiais. Voz
A voz verbal caracteriza a ação expressa pelo verbo em
h - Na expressão: é que, usada como expletivo, se o relação ao sujeito, classificada em:
sujeito da oração não aparecer entre o verbo “ser” e o Voz ativa – o sujeito é o agente da ação verbal.
“que”, ficará invariável. Se aparecer, o verbo Os professores aplicaram as provas.
concordará com o sujeito.
Exemplos: Voz passiva – o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo.
Eles é que sempre chegam atrasados. As provas foram aplicadas pelos professores.
São eles que sempre chegam atrasados.
Voz reflexiva – o sujeito, de forma simultânea, pratica e
7.4 Flexão verbal e nominal, recebe a ação verbal.
Dentre todas as classes gramaticais, a que mais se O garoto feriu-se com o instrumento.
apresenta passível de flexões é a representada pelos
verbos. Flexões estas relacionadas a: Voz reflexiva recíproca – representa uma ação mútua
Pessoa – Indica as três pessoas relacionadas ao discurso, entre os elementos expressos pelo sujeito.
representadas tanto no modo singular, quanto no plural. Os formandos cumprimentaram-se respeitosamente.
Número – Representa a forma pela qual o verbo se refere
a essas pessoas gramaticais. Flexão nominal
Flexão nominal é o estudo do gênero e número dos
substantivos, adjetivos, numerais e pronomes.
Essencialmente é o estudo do plural e gêneros dos nomes.
Ex.: Mala e malas ou cachorro e cachorra

FLEXÃO NOMINAL DE GÊNERO:


Por meio dos exemplos em evidência, podemos constatar
que o processo verbal se encontra devidamente
flexionado, tendo em vista as pessoas do discurso (eu, tu,
ele, nós, vós, eles).
Tempo – Relaciona-se ao momento expresso pela ação

46
• Os substantivos masculinos são precedidos pelo
artigo “o”.
Ex. O cachorro ou o piloto.

• Os substantivos femininos são precedidos pelo


artigo “a”.
Ex.: A cachorra ou a pilota. SUBSTANTIVOS TERMINADOS EM “ÃO”:
Não existe uma regra específica, depende da origem da
• Formação do feminino: palavra.
Substantivos masculinos terminados em “o” substitui por - Em sua maioria os substantivos terminados em “ão” fazem
“a”: plural em “ões”
Ex.: piloto por pilota Doação – Doações
- Substantivos no grau aumentativo: casarão – casarões
• Substantivos masculinos terminados em “ão” - Quando termina em uma sílaba átona (menor intensidade),
substitui por “ã”: paroxítonas e as vezes em oxítonas e monossílabas,
Ex.: o Anão por a anã ou o capitão por a capitã. acrescenta-se o “s”
Cidadão – cidadãos
- O que tem menos incidência, é palavras que fazem plural
• Substantivos masculinos terminados em “r”
em “ães”
acrescenta a letra “a”:
Alemão – alemães
Ex.: o cantor por a cantora
- Pode ocorrer em mais formas e mesmo assim todas
estarem corretas:
• Pode acontecer em que substantivos masculinos
Aldeão – aldeões, aldeãos e aldeães
terminados em “or” substitui por “eira”:
Guardião – guardiães e guardiões
Ex.: O arrumador por a arrumadeira.
7.5 Sintaxe de colocação
• Tem substantivo que terminado em “e” mudam
A sintaxe de colocação mostra que os pronomes oblíquos
para “a” no feminino
átonos, embora possam ser dispostos de maneira livre,
Ex.: Elefante por elefanta
possuem uma posição adequada na oração. Quando há
liberdade de posição desses termos, o enunciado poderá
• Substantivo terminado com “ês”, “L” ou “z” assumir diferentes efeitos expressivos, o que nem sempre
acrescenta o “a” no feminino. é bem-vindo. Existem três possíveis colocações para os
Ex.: Freguês fica freguesa pronomes oblíquos átonos:
• Conforme o sentido da frase pode ser feminino ou Próclise: o pronome será posicionado antes do verbo. Veja
masculino. os exemplos:
Ex.: A capital (cidade); o capital (dinheiro) Não se esqueça de comprar novos livros.
Não me fale novamente sobre esse assunto.
FLEXÃO NOMINAL DE NÚMEROS Aqui se vive melhor do que na cidade grande.
Os nomes, geralmente admitem a flexão de número: Tudo me incomoda quando não estou em casa.
Singular e plural. Quem te chamou para a festa?

Mesóclise: será empregada quando o verbo estiver no


futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo.
O pronome surge intercalado ao verbo. A mesóclise é
mais encontrada na linguagem literária ou na língua culta

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e, havendo possibilidade de próclise, ela deverá ser sobretudo, cumprir as regras gramaticais essenciais do
eliminada. Observe os exemplos: “Novo Acordo Ortográfico” para sua compreensão.
Dizer-lhe-ei sobre tuas queixas (Direi + lhe)
Convidar-me-iam para a formatura, mas viajei para o Pesquisar sobre o tema antes de escrever o texto é muito
campo. (convidariam + me) importante para dar consistência e mais propriedade
à argumentação textual agregando maior valor ao texto.
Ênclise: o pronome surgirá depois do verbo, obedecendo à
sequência verbo-complemento. Observe os exemplos: Lembre-se que não existe uma “fórmula mágica” para
Diga-me o que você fez nas férias. produzir um bom texto, no entanto, há estratégias
Espero encontrá-lo (la) na festa hoje à noite. interessantes para melhorar sua produção.
Acolheram o filhote abandonado, dando-lhe abrigo e
comida. Cada indivíduo tem um estilo de escrita, no entanto, o que
importa não é necessariamente o estilo e sim, a coesão e a
1.8 Produção textual coerência apresentadas no texto.
A produção de textos é o ato de expor por meio de palavras
as ideias sobre determinado assunto. A coerência é uma característica textual que está relacionada
com o contexto. Ou seja, ela significa a relação lógica entre
Saber como escrever um texto pode ser um pré-requisito as ideias expressas, de forma que não haja contradição no
para conseguir um emprego e uma vaga na faculdade. Isso texto.
porque pessoas que escrevem bons textos conseguem se
expressar melhor. A coesão, por sua vez, está relacionada com a regras
gramaticais e os usos corretos dos conectivos (conjunções,
Vale lembrar que o hábito da leitura é essencial para se preposições, advérbios e pronomes).
produzir um bom texto. Enquanto estamos lendo vamos
ampliamos nosso vocabulário e, consequentemente, nosso Estrutura textual: etapas básicas para produção de texto
universo interpretativo. 1. Tema e Título
O tema e o título são coisas diferentes na produção de
Ou seja, com o ato da leitura estamos aumentando nossa textos.
capacidade de entender melhor tudo que nos rodeia. • Tema: representa o assunto a ser abordado.
Exemplo: Bullying
Os 5 Tipos de Textos • Título: é o nome dado ao texto. Exemplo: O
Para construir um bom texto, é necessário saber qual tipo se Bullying e suas consequências na educação
encaixa no que estamos pretendendo escrever. A produção Na maioria dos casos, o título é muito importante, sendo que
textual envolve os 5 tipos de textos: algumas pessoas preferem começar por ele. Outras,
escrevem o texto primeiro e a palavra ou expressão que o
1. Texto Dissertativo: defende uma ideia, sendo um define é escolhida posteriormente.
texto argumentativo e opinativo. Exemplos:
artigos, resenhas, ensaios, monografias, etc. 2. Introdução
2. Texto narrativo: narra fatos, acontecimentos ou A introdução ou apresentação do texto (também chamada de
ações de personagens num determinado tempo e tese) é de suma importância, pois são nos primeiros
espaço. Exemplo: crônicas, fábulas, novelas, parágrafos que o leitor vai ficar interessado em ler o restante
romances, etc. do texto.
3. Texto descritivo: descreve objetos, pessoas,
animais, lugares ou acontecimentos. Exemplos: Portanto, é o momento em que você irá instigar o leitor,
diários, relatos, biografias, currículos, etc. sendo essencial pontuar as principais informações que serão
4. Texto Injuntivo: textos instrucionais que explicam desenvolvidas no decorrer do texto.
como realizar algo. Exemplos: receitas, bula de Claro que nem toda a informação deve estar presente na
remédio, manual de instruções, propagandas, etc. apresentação, que deverá ser breve (3 a 5 linhas). Porém, os
5. Texto Expositivo: apresenta um tema, um conceito principais dados e elementos que serão abordados devem
ou uma ideia. Exemplos: seminários, conferências, surgir neste momento do texto.
palestras, enciclopédias, etc.
3. Desenvolvimento
Como produzir um bom texto? Após escrever a introdução, o segundo momento da
Para que um texto seja considerado bom, o importante é produção do texto é o desenvolvimento (também chamado
conhecer o tipo e o gênero do texto. de anti-tese).

Além disso, é essencial não fugir do tema pedido e Como o próprio nome indica, nesta etapa é fundamental o

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desenvolvimento das ideias. Aqui o escritor irá argumentar e Exemplos: Comprei uma flor na floricultura
oferecer os dados e/ou as informações obtidas na pesquisa e
fazer uma reflexão sobre o tema abordado. A cobra picou a menina.

Assim, fica claro que quanto melhor a sua argumentação, Conotação


melhor será o texto. Também conhecido como sentido figurado ou conotativo
das palavras. Já é uma palavra que depende do contexto para
4. Conclusão entender o seu significado. Este contexto pode mudar o
Finalizar o texto é tão importante quanto começá-lo. Embora sentido literal da palavra ou expressão. Quando a palavra é
muitas pessoas não se preocupam com essa parte usada de modo criativo ela aumenta as possibilidades de
fundamental do texto, o momento da conclusão (também interpretações. É muito usado em campanhas publicitárias.
chamado de nova tese) é essencial. Utilizando as mesmas palavras dos exemplos anteriores
ficará mais claro;
Assim, não adianta fazer uma boa introdução e Exemplos: A Raquel é uma flor de menina.
desenvolvimento, e deixar o texto sem conclusão. Após a
argumentação faz se necessário que o escritor chegue numa O contexto alterou o sentido literal da palavra flor. Nesta
conclusão e opine (no caso dos textos dissertativos), expressão significa que Raquel é meiga e bela.
apresentando assim um novo caminho.
Note que, quanto mais criativa for a conclusão, mais Minha sogra é uma cobra
interessante ficará o texto.
O contexto também alterou o sentido literal da palavra
1.9 Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos cobra. Nesta expressão significa que a sogra é antipática e
semânticos insuportável.

Semântica é um ramo da linguística que estuda o significado Antônimo e Sinônimo


das palavras, frases e textos de uma língua. Esta mesma Antônimo
matéria é pedida como significação contextual de palavras Antônimos (Antonímia): palavras que possuem significados
ou expressões ou como significação das palavras. diferentes, ou seja, significados opostos.
Exemplos: feliz e infeliz, simpático e antipático, simétrico e
Ela é dividida em: assimétrico, progressão e regressão

Descritiva ou sincrônica – a que estuda o significado atual Sinônimos


das palavras. Sinônimos (Sinonímia): palavras que possuem significados
iguais ou semelhantes.
Histórica ou diacrônica – a que estuda as mudanças que as Exemplos: carro e automóvel, comprido e longo, inteiro e
palavras sofreram no tempo e no espaço. completo, desenvolver e crescer.

Homônimos e Parônimos
Sentido e emprego dos vocábulos
Homônimos (homonímia)
• Denotação e Conotação (sentido Próprio
Homônimos são palavras com escrita ou pronúncia iguais,
(denotativo) e sentido figurado (conotativo)
mas significado diferente.
• Antônimo e Sinônimo Exs.: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar) e rio
• Homônimos e Parônimos (curso de água) e rio (verbo rir);
• Ambiguidades Tipos de homônimos: homônimos perfeitos, homógrafos e
• Polissemia homófonos
• Hiperonímia e hiponímia
Homônimos perfeitos
Denotação e Conotação (sentido Próprio (denotativo) e Tem a mesma grafia e som, mas com significados diferentes
sentido figurado (conotativo)) Ex.: cedo (com antecedência) e cedo (verbo ceder)

Denotação Homônimos homógrafos


Também conhecido como sentido próprio ou denotativo das Tem a mesma grafia e som diferente e com significados
palavras. Sentido literal da palavra ou expressão. Ela não diferentes.
precisa do contexto para que você a compreenda, ou seja, Ex.: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar)
tem o mesmo sentido do dicionário. Como ela normalmente
é usada. Homônimos homófonos
Tem grafia diferente e mesmo som e com significados

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diferentes Estetoscópio (instrumento médico);
Ex: cela (cadeia) e sela (arreio) Porcelana (produto cerâmico)
Heptágono (polígono com sete lados).
Parônimos (paronímia)
Parônimos são palavras com escrita e pronúncia parecida, Hiperonímia e hiponímia
mas com significado diferente. Hiperonímia
Exs.: Deferi (conceder) e diferir (ser diferente) e discriminar A hiperonímia é representada por aquelas palavras que dão
(especificar) e descriminar (inocentar) ideia de um todo, ou seja, de significado mais abrangente.
O hiperônimo é uma palavra superior pois permitem a
Ambiguidade formação de subclasses relacionadas a ele.
A ambiguidade também é conhecida como anfibologia e ela Constitui as características gerais de uma classe.
ocorre quando o texto não está claro dando uma duplicidade Exemplos: Cor, esportes, animais e veículos.
de sentido em palavras ou expressões do texto. Classe: Cor (hiperônimo)
Subclasse: Rosa, amarelo, verde, vermelho
Alguns textos até utilizam deste recurso como o poético ou
literário. Outros como textos como técnicos ou informativos Hiponímia
evitam este recurso. A hiponímia é representada por aquelas palavras que dão a
ideia de uma parte de um todo, tendo um sentido mais
A ambiguidade é considerado um vício de linguagem que restrito, por isso, é considerada uma palavra inferior pois ela
são desvios das normas gramaticais que atrapalham a se originou de outra.
comunicação do pensamento e normalmente ocorre por
descuido ou desconhecimento da norma culta por parte da O hipônimo seria as palavras da subclasse do hiperônimo.
pessoa que quer passar a mensagem. Exemplos: Rosa, vólei, cavalo e carro

Para se passar uma mensagem é necessária que ela seja clara Classe: esportes (hiperônimo)
e coerente, ou seja, ela não pode dar margem a mais de uma Subclasse: Natação, futebol e tênis (hipônimos)
interpretação.

Exemplos de ambiguidade como vício de linguagem:

A menina disse à colega que sua mãe havia chegado.


Quem chegou foi a mãe dela ou a mãe da colega
O pai pediu ao filho que arrumasse o seu quarto
Qual quarto é para arrumar, o do filho ou do pai
Campos semânticos
Polissemia e Monossemia A fim de nos expressarmos melhor, uma das nossas
preocupações deve ser o uso adequado das palavras. E para
Polissemia que isso seja possível, devemos estar atentos às diversas
relações que elas podem estabelecer: relação por origem, por
Polissemia: Prefixo poli= muitos e sufixo semia= sentidos, significado, por som, por área temática etc.
ou seja, muitos sentidos
Quando estudamos esses aspectos, deparamo-nos com os
É uma palavra ou expressão que tem muitos significados termos campo semântico e campo lexical.
(vários sentidos). Geralmente é da mesma classe gramatical,
mesmo campo semântico ou são relacionados entre si. Antes de definirmos esses elementos, é importante ter em
Ex.: Letra mente que:
João de Barro que escreveu a letra da música Carinhoso.
A letra inicial de Maria é “M”. Léxico: é o conjunto de palavras utilizadas ou pertencentes a
A letra de seu filho é muito bonita. uma determinada língua.
Apesar de terem significados diferentes elas pertencem ao
mesmo conceito, são relacionados à escrita. Semântica: é o estudo do significado de cada vocábulo que
Outros exemplos de polissemia: Dama, boca, vela e etc… existe em uma língua.

Monossemia Tendo isso em vista, podemos perceber que, por mais


A monossemia indica que determinadas palavras apresentam próximos que sejam, há diferenças quando o assunto é
apenas um significado. campo semântico e campo lexical.
Exemplos de palavras monossêmicas:
• Campo Lexical

50
O campo lexical de uma língua é formado pelas palavras
pertencentes a uma mesma área de conhecimento e por 1.10 Cargo de tempos e modos dos verbos em português
palavras formadas por composição (processo que forma
palavras a partir da junção de dois ou mais radicais) e O verbo indica um processo localizado no tempo. Podemos
derivação (processo que forma uma nova palavra a partir de distinguir: presente, pretérito e futuro.
outra que já existe, chamada primitiva). Exemplo:
Tempo presente: exprime um fato que ocorre no momento
Campo lexical de trabalho: trabalhar, trabalhador, da fala.
trabalhista, funcionário, patrão, salário, sindicato, profissão, Ex.: Estou fazendo exercícios diariamente.
função, carteira de trabalho, profissional, equipe, operário
etc. Tempo passado: exprime um fato que ocorreu antes do
• Campo Semântico momento da fala.
Já o campo semântico trabalha com os sentidos que uma Ex.: Ontem eu fiz uma série de exercícios.
única palavra apresenta quando inserida em contextos
diversos. Ele é, portanto, o conjunto dos diversos sentidos Tempo futuro: exprime um fato que irá ocorrer depois do ato
que uma única palavra pode apresentar. da fala.
Ex.: Daqui a quinze minutos irei para a academia fazer
Um mesmo termo, dependendo de como e quando ele for exercícios.
empregado e de que palavras estiverem relacionadas a ele,
pode ter variados significados. Exemplos: O pretérito (ou passado) subdivide-se em:
• Pretérito perfeito: indica um fato passado totalmente
Campo semântico de partir: sair, ir embora, dar o fora, concluído.
sumir, morrer, quebrar, espatifar etc. Ex.: Ninguém relatou o seu delírio.

Campo semântico de morrer: falecer, apagar, bater as botas, • Pretérito imperfeito: indica um processo passado não
passar para um plano superior, apagar, foi para o céu etc. totalmente concluído, revela o fato em sua duração.
Ex.: Ele conversava muito durante a palestra.
Campo semântico de brincadeira: divertimento, distração,
piada, gozação, palhaçada, zoação etc. • Pretérito mais-que-perfeito: indica um processo passado
anterior a outro também passado.
Campo semântico de fabricar: construir, montar, criar,
projetar, edificar, confeccionar, fazer, elaborar etc. Ex.: “... sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida...”
(Mário de Andrade)
Campo semântico de cansaço: canseira, fadiga, esgotado,
pregado, lombeira, prostrado, exausto etc. O futuro subdivide-se em:
• Futuro do presente: indica um fato posterior ao momento
É possível afirmarmos, portanto, que o campo semântico de em que se fala.
uma palavra ou expressão é o acervo que acessamos a fim
de que alcancemos a interação pretendida com o nosso Ex.: Não tenho a intenção de esconder nada, assim que seus
interlocutor. A partir desse conjunto, podemos viabilizar as pais chegarem contarei o fato ocorrido.
situações comunicacionais do nosso dia a dia.
• Futuro do pretérito: indica um processo futuro tomado em
Essa definição está ligada ao que entendemos relação a um fato passado.
como polissemia, mas não podemos afirmar que esses dois Ex.: Ontem você ligou dizendo que viria ao hospital.
conceitos são sinônimos. O campo semântico é o espaço em
que a polissemia atua, ou seja, os múltiplos e possíveis Empregos especiais:
sentidos que uma determinada palavra possui é o campo • Presente:
semântico dela. A polissemia, por sua vez, consiste nos - pode ocorrer com valor de perfeito, indicando um processo
variados sentidos que, em determinado caso/frase/oração, a já ocorrido no passado (presente histórico).
palavra pode assumir. Exemplo: Ex.: Em 15 de agosto de 1769 nasce Napoleão Bonaparte.
(nasce = nasceu)
Ela partiu. - pode indicar futuro próximo.
Ex.: Amanhã eu compro o doce pra você. (compro =
Campo semântico de partir: sair, ir embora, dar o fora, comprarei)
sumir, morrer, quebrar, espatifar etc.
- pode indicar um processo habitual, ininterrupto.
Ocorrência de polissemia: ela morreu ou ela foi embora. Ex.: Os animais nascem, crescem,

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se reproduzem e morrem. d) Quando, dependente dos verbos deixar, fazer, ouvir,
sentir, mandar, ver, tiver por sujeito um pronome oblíquo.
• Imperfeito:
- pode ocorrer com valor de futuro do pretérito. Sujeito
Ex.: Se eu não tivesse motivo, calava. (calava = calaria) Deixei-as passear.
= eles
• Mais-que-perfeito:
- pode ser usado no lugar do futuro do pretérito ou do e) Quando tiver valor de imperativo.
imperfeito do subjuntivo. Ex.: Não fumar neste recinto.
Ex.: Mais fizera se não fora pouco o dinheiro que dispunha. • Infinitivo pessoal: além da desinência r vem marcado com
(fizera = faria, fora = fosse) desinência de pessoa e número.
- pode ser usado em orações optativas. Ex.: cantar – ø
Quem me dera ter um novo amor! cantar – es
cantar – ø
• Futuro do presente: cantar – mos
- pode exprimir ideia de dúvida, incerteza. cantar – des
Ex.: O rapaz que processou o patrão por cantar – em
racismo, receberá uns trinta mil de indenização.
- pode ser usado com valor de imperativo. Ex.: Com esse calor convém tomarmos um sorvete.
Ex.: Não levantarás falso testemunho.
- Usa-se o infinitivo pessoal quando o seu sujeito é diferente
• Futuro do pretérito: do sujeito do verbo da oração principal.
- pode ocorrer com valor de presente, exprimindo polidez ou Ex.: A única solução era ficarmos em casa.
cerimônia.
Ex.: Você me faria uma gentileza? 1.11 Fonologia: conceitos básicos, classificação dos
fonemas, sílabas, encontros vocálicos, encontros
Modos verbais consonantais, dígrafos, divisão silábica
• Modo indicativo: exprime certeza, precisão do falante
perante o fato. O que é Fonologia?
Ex.: Eu gosto de chocolate. A fonologia é o estudo dos sons das palavras, um estudo
voltado para a pronúncia e gramática de um idioma
• Modo subjuntivo: exprime atitude de incerteza, dúvida, específico. Todo idioma tem a sua fonologia própria e
imprecisão do falante perante o fato. diferente das demais. A fonologia tem como foco de estudo
Ex.: Espero que você esteja bem. a forma como os sons de uma palavra se organizam para
produzir significados diferentes. Na fonologia, essa unidade
• Modo imperativo: exprime atitude de ordem, solicitação, de som mínima é chamada de fonema, e é a partir dela que
convite ou conselho. todo o estudo é desenvolvido, desde as sílabas à acentuação
Exs.: Não cante agora! das palavras. Sem a fonologia haveriam muito mais palavras
Empreste-me 10 reais, por favor. com mais de um significado, pois não seria possível
Venha ao hospital agora, seu amigo vai ser operado. diferenciá-las pela sua sonoridade.
Não ponha tanto sal, isso pode lhe fazer mal.
Fonética e Fonologia
Infinitivo pessoal ou impessoal A fonética também estuda os sons, porém em uma linha
• Infinitivo impessoal: terminado em r para qualquer pessoa. diferente da fonologia. Enquanto a fonologia é mais voltada
Ex.: comprar, comer, partir. para os sons das palavras e em como a diferenciação desses
Emprega-se o infinitivo impessoal: sons interfere nos significados, a fonética concentra-se nos
aspectos físicos dos sons da fala humana: a pronúncia, como
a) Quando ele não estiver se referindo a sujeito algum. ele é escutado ou como é falado, quais os órgãos envolvidos
Ex.: É preciso amar. e quais suas funções na produção do som. Podemos dizer
que, a grosso modo, o fonética volta-se para o que é falado e
b) Na função de complemento nominal (regido de escutado, enquanto a fonologia concentra-se no estudo do
preposição). que será escrito, na representação gráfica dos sons.
Ex.: Esses exercícios não são fáceis de resolver.
Elementos da Fonologia
c) Quando faz parte de uma locução verbal. O estudo dos sons das palavras engloba alguns aspectos
Ex.: Ele deve ir ao dentista. importantes para a compreensão da fonologia. São eles:

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As vogais são o começo da fala e da comunicação humana, e
• Fonemas – Unidades mínimas de som usadas
também a base das sílabas no português. Representadas
na Fonologia.
pelas letras A, E, I, O e U, elas são essenciais para a
• Sílabas – Conjunto de um ou mais fonemas
formação de uma sílaba. Ajuntamentos de palavras sem a
que produz um som completo.
presença de pelo menos uma vogal não são considerados
• Encontros Vocálicos – Agrupamento de duas sílabas. Em outras línguas, as vogais podem não ter tanta
ou três vogais e/ou semivogais. importância, mas há outras letras que podem assumir
• Encontro Consonantais – Agrupamento de fonemas que possibilitam o entendimento.
duas ou mais consoantes.
• Dígrafos – Agrupamento de duas letras que As vogais podem ser classificadas por sua intensidade,
formam o mesmo fonema. timbre e articulação. Quando classificadas pela intensidade
• Tonicidade e prosódia – Estudo dos tons mais elas podem ser:
intensos presentes nas sílabas fortes.
• Tônicas: Vogais que carregam o acento
Classificação dos fonemas principal da palavra.
Fonema é a menor unidade sonora usada pela fonologia. • Semitônicas: Vogais que carregam o acento
O fonema é o que nos permite diferenciar as letras e os sons secundário da palavra.
que a união dessas letras produz para a formação de uma • Átonas: Vogais que não carregam nenhum
palavra. Alguns fonemas podem ser muito diferentes um do acento da palavra.
outro, mas quando colocados em uma palavra é preciso
tomar cuidado. Como é a menor unidade sonora, ao ser
Quanto ao timbre, essa divisão pode ser feita conforme os
colocado em conjunto, é muito mais fácil confundir. Apesar
seguintes critérios:
de estarem muito relacionados com a oralidade, os fonemas
também são de bastante utilidade para a língua escrita,
temos significação de cada um dos fonemas de nossa língua • Abertas – Vogais pronunciadas com o
em forma de letras, e cada letra tem enquadra-se em uma máximo da boca aberta.
categoria, ou vogais, ou consoantes. • Fechadas – Vogais pronunciada com o
máximo da boca fechada.
É bem mais simples perceber o fonema quando lemos em
voz alta uma palavra. Por exemplo: Pela articulação, a divisão é mais complexa:
Casa: possui quatro letras, e cada uma das letras tem um
som, \C\A\S\A\. Se tirássemos o C, seria só \A\S\A\, que já é • Modo – Via usada para pronunciar a vogal:
outra palavra. pode ser oral ou nasal.
• Ponto – Posição da língua na boca ao
Homem: Possui cinco letras, mas só quatro fonemas. O “H” pronunciar a
não é pronunciado, então temos os fonemas \HO\M\E\M\. vogal: posterior, central ou anterior.

Táxi: Possui quatro letras e cinco fonemas. Isso se dá Semivogais


porque o “X” tem som de “ks” então quando separamos os São vogais que não ocupam uma posição central na sílaba.
fonemas temos \T\A\k\S\I\. Acontecem no encontro entre duas vogais em uma mesma
sílaba, em que uma é a vogal principal, com o tom mais
Algumas letras podem assumir vários fonemas. A letra “S”,
intenso, e a outra é a semivogal, que possui um papel
por exemplo, tanto pode ser “sê” como visto na palavra
secundário. Em um encontro vocálico, o /a/ sempre será a
“sinto”, ou “zê”, como na palavra “casar”. Já a letra “X”,
vogal principal, /i/ e /u/ sempre serão semivogais, e /e/ e /o/
além do “ks” ainda pode assumir os fonemas “sê”, “zê” e
podem assumir os dois papéis.
“chê”, vistos respectivamente em “sexto”, “exagerar” e
“xaveco”. Consoantes
As consoantes são sons produzidos sob a influência de
Com um conhecimento geral sobre fonemas, já podemos
obstáculos do aparelho fonador. Diferente das vogais, cujos
estudar como se dividem e quais são as particularidades
sons se formam a partir da simples vibração do ar nas cordas
deles.
vocais, as consoantes precisam dos lábios, dentes, língua,
Vogais palato, véu palatino, úvula ou qualquer outro obstáculo para
Vogal é um fonema natural, formado pelo ar que passa serem pronunciadas. As consoantes, assim como as vogais,
direto pela boca ou pelo nariz, e que faz vibrar as cordas podem ser classificadas quanto a alguns aspectos.
vocais. Bebês, enquanto ainda não sabem falar, produzem
Quanto ao papel das cordas vocais:
sons numa tentativa de comunicação, esses sons são vogais.

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sílabas. Exemplos: viva, todas, poder e sorte.
• Surdas ou desvozeadas: Consoantes que não • Trissílabas – São palavras formadas por três
passam pelas cordas vocais. sílabas. Exemplos: defesa, sucesso e segredo.
• Sonoras ou vozeadas: Consoantes que passam • Polissílabas – São palavras formadas por
pelas cordas vocais. quatro ou mais sílabas. Exemplos: academia,
esperança, humildade e equivocado.
Quanto ao modo de articulação:
• Oclusivas – Pronunciadas fechando-se o Sílabas tônicas
aparelho fonador para impedir a saída do ar. Em uma palavra com mais de uma sílaba, uma será mais
• Fricativas – Pronunciadas através da fricção forte que as outras, e algumas palavras possuem a sílaba
do ar em um obstáculo. tônica acentuada. Este acento é importante muitas vezes
• Laterais – Pronunciadas pela passagem do ar para diferenciar duas palavras distintas que têm a escrita
pelo canto da boca. parecida ou igual, as palavras homófonas.
• Vibrantes – Pronunciadas pela vibração de
um elemento do aparelho fonador. Na língua portuguesa, a sílaba tônica sempre estará
localizada entre as sílabas antepenúltima e última, sendo
• Nasais – Pronunciadas pela saída do ar pelo
mais comum estar presente na penúltima. Uma sílaba tônica
nariz.
nunca vai estar antes da sílaba antepenúltima, ao menos não
numa palavra em português. A identificação da sílaba tônica
Quanto ao ponto de articulação: normalmente é feita pela pronúncia da palavra em voz alta,
• Bilabiais – Pronunciadas pelo contato dos mas às vezes ela pode estar indicada com um acento em uma
lábios. letra. As palavras também podem ser classificadas por sua
• Dentais – Pronunciada pelo contato da língua sílaba tônica. Os termos são:
com dentes.
• Alveolares – Pronunciada pelo contato da • Oxítonas – Sílaba tônica na última sílaba. São
língua com alvéolos dos dentes. também chamadas de palavras agudas.
• Labiodentais – Pronunciada pelo contato dos Exemplos: caju, café e viver.
lábios com a arcada superior dos dentes. • Paroxítonas – Sílaba tônica na penúltima
• Palatais – Pronunciada pelo contato da língua sílaba. São também chamadas de palavras
com o palato. graves. Exemplos: isca, dica e enterro.
• Retroflexivas – Pronunciada pela curvatura da • Proparoxítonas – Sílaba tônica na
língua. antepenúltima sílaba. São também chamadas
• Velares – Pronunciada pelo contato da parte de palavras esdrúxulas. Exemplos: última,
traseira da língua com véu de palatino. próximo e bêbado.
• Uvulares – Pronunciada pela vibração da
úvula.
• Glotais – Pronunciada pela vibração da glote. Encontros vocálicos
Os encontros vocálicos são situações na língua portuguesa
Sílabas em que duas ou mais vogais ou semivogais se agrupam sem
A sílaba é um grupo de fonemas pronunciada em uma nenhuma consoante como intermediária. Não se pode ter
emissão de voz apenas. Seu fonema de base é a vogal, mais nem menos de uma vogal por sílaba, por isso esses
podendo ou não ter uma consoante ou semivogais. As encontros se dão entre vogais de sílabas diferentes, ou, se for
sílabas são partes muito fundamentais das palavras, e é na mesma sílaba, entre vogal e semivogal. Os encontros
possível classificar uma palavra pelo seu número de silabas. vocálicos podem confundir na hora de separar as sílabas de
Entretanto, não há uma classificação de sílabas pelo número uma palavra, então o conhecimento sobre elas é importante.
de fonemas, o que as define é a emissão pela voz. Caso os Há três classificações de encontros
fonemas se combinem em uma única emissão, então aqueles vocálicos: hiato, ditongo e tritongo.
fonemas formam uma sílaba.
Hiato
Número de sílabas Os hiatos são os encontros entre vogais que estão em sílabas
Enquanto as sílabas são compostas por fonemas, as palavras diferentes. As duas vogais separam-se quando a palavra é
são compostas por sílabas. Os vocábulos podem ser dividida em sílabas. Também pode ser considerado hiato o
classificados quanto ao número de sílabas em sua estrutura: encontro de uma vogal com semivogal e vice-versa,
contanto que ambos estejam em sílabas separadas.
• Monossílabas – São palavras formadas por Exemplos: vo/ar, pe/ão e po/e/ta.
uma sílaba apenas. Exemplos: um, sol e ar.
• Dissílabas – São palavras formadas por duas Ditongo

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Os ditongos são os encontros que se dão entre uma vogal e como não há vogal em sua composição, as
uma semivogal ou entre uma semivogal e uma vogal, na letras que representam cada fonema não
mesma sílaba. A vogal /a/ nunca será uma semivogal, e podem ser separadas.
sempre que as vogais /i/ e /u/ aparecem em um ditongo, elas • Encontros consonantais imperfeitos:
serão as semivogais, a menos que seja indicado o contrário formados por consoantes que ficam em sílabas
por acentuação. Os ditongos podem ser categorizados por: diferentes.

• Crescentes – Quando a semivogal vem antes Existem também os encontros fonéticos, muito comuns no
da vogal na sílaba. emprego da letra X e seu fonema /ks/. Nesse caso, o X é
EXEMPLOS: guar/da/na/po e fé/rias. considerado dífono, ou seja, uma única letra representa dois
• Decrescentes – Quando a semivogal vem fonemas. Uma mesma palavra também pode ter mais de um
depois da vogal na sílaba. encontro consonantal, e algumas vezes três consoantes
EXEMPLOS: vai e moi/ta. podem estar juntas na mesma palavra. Alguns estudiosos
• Orais – Pronunciados apenas com o ar chamam esse fenômeno de encontro misto.
passando pela boca. Todos os exemplos
anteriores são ditongos orais. Exemplos:
• Nasais – Pronunciados através da via nasal.
EXEMPLOS: mão, mãe e pão. • Clava, bravo, briga, blindado, frígido, placar, t
riturador e triplo são exemplos de encontro
Nas terminações -em e -am ocorrem ditongos nasais consonantal perfeito.
decrescentes. Apesar de E e M serem, respectivamente, • Abdução, ritmo, explodir e opção são
vogal e consoante, assim como A e M, quando estão em exemplos de encontro consonantal imperfeito.
sequência essas letras são pronunciadas como um • Psicopata, pneu e pseudo são exemplos de
ditongo. Exemplos: também, mantém, aguentaram, voaram. encontros no começo da palavra.
• Táxi e máximo são exemplos do encontro
Tritongo consonantal fonético.
É o agrupamento de uma semivogal, uma vogal e outra • Estrutura, extravagante e infiltração são
semivogal na mesma sílaba, precisamente nessa ordem. exemplos de um encontro consonantal
Assim como os ditongos, os tritongos podem ser imperfeito e um perfeito juntos.
classificados em orais e nasais, mas como têm uma ordem
determinada, não possuem as variações crescente e Dígrafos
decrescente. O entendimento dos dígrafos vem desde sua etimologia. A
palavra é originária do grego: “di” significa “dois” e “grafo”
significa “escrever”. Os dígrafos são duas letras que quando
Exemplos: U/ru/guai (oral) e quão (nasal). escritas juntas geram apenas um fonema, por isso também
são conhecidos pelo termo “digrama”, que significa “duas
Encontros instáveis
letras”. Esse fenômeno é muito fácil de se perceber na
Alguns encontros vocálicos podem ser pronunciados como
língua portuguesa. Podemos dividir os dígrafos em dois
ditongo ou hiato. Esses encontros são átonos e finais. Como
grupos: os consonantais e os vocálicos.
a pronúncia deles pode ser tanto uma quanto outra, mas
esses casos normalmente são pronunciados como ditongos. Dígrafos consonantais
São aqueles produzem um fonema de consoantes. Alguns
Exemplos: pá/tio, pá/tria e ár/dua. são bem conhecidos, mas outros são facilmente confundidos
com encontros consonantais. Por produzirem apenas um
Encontros consonantais fonema, eles não podem ser considerados encontros
Os encontros consonantais são agrupamentos de duas ou consonantais. Veja a seguir os dígrafos consonantais da
mais consoantes que não possuem nenhuma vogal entre elas. língua portuguesa e alguns exemplos.
Apesar de frequentemente serem confundidos com dígrafos,
nenhum encontro consonantal pode ser considerado como
tal, pois o que define um dígrafo é o fato de duas letras
formarem apenas um fonema, o que não acontece nos
encontros consonantais. Em português, esse tipo de
agrupamento de letras pode acontecer de duas formas:

• Encontros consonantais perfeitos: formados


por consoante + L ou R na mesma sílaba. A
pronúncia deles possui dois fonemas, porém,

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em/en Envergonhado, empatia,
Dígrafo Exemplo tentativa

rr (apenas entre vogais) Varrer, terra, morrer im/in Impresso, indigestão,


fincar

ss (apenas entre Possui, assunto, essa


om/on Computador, congresso
vogais)

ch Chave, cachorro, chora


um/un Algum, fungos

lh Canalha, baralho, falho

Lembrando que palavras com a terminação AM ou EM


nh Senha, senhor, sonhar podem não ser dígrafos, pois o M nessas situações assume
um outro fonema, ao invés de produzir apenas um som junto
à vogal. Isso ocorre, por exemplo, nas palavras “também” e
sc Ascensão, nascer, “ficam”, e nesses casos AM e EM são considerados
descendente ditongos.

sç Nasça, cresço Divisão silábica


A divisão silábica é a separação das diferentes sílabas que
formam uma palavra. Uma sílaba é um pequeno conjunto de
fonemas emitidos em uma única emissão de voz.
xc Excessivo, exceção
No português, a vogal é o núcleo da sílaba. Assim, cada
vogal corresponde a uma sílaba, não havendo sílabas sem
xs Exsudar vogais.

A divisão silábica é usada na translineação, ou seja, na


gu (apenas seguido de Guerra, guia partição de uma palavra para que se faça a mudança de
E ou I) linha.

qu (apenas seguido de Querido, vaqueiro, Regras para a divisão silábica


E ou I) quilometragem A separação das sílabas é feita principalmente por
soletração, mas existem diversas regras para a correta
divisão das sílabas das palavras.
Dígrafos Vocálicos
Os dígrafos vocálicos são formados por uma vogal seguidas É preciso compreender quando alguns grupos consonantais e
pelas letras M ou N. Esses dígrafos fazem com que as vogais vocálicos se separam e quando ficam na mesma sílaba.
tenham um fonema com articulação nasalada. ANeles, as Não se separam, permanecendo na mesma sílaba
letras M e N, não são consideradas consoantes, pois fazer
parte do dígrafo vocálico. Por essa razão, quando M ou N se DITONGOS E TRITONGOS:
encontram com a consoante de uma outra sílaba, não é • aumento (au-men-to)
possível considerar isso um encontro consonantal. Veja • pinheiro (pi-nhei-ro)
exemplos dos dígrafos vocálicos: • água (á-gua)
• outros (ou-tros)
• coisas (coi-sas)
• iguais (i-guais)
Dígrafo Exemplo
• Paraguai (Pa-ra-guai)
• quaisquer (quais-quer)
am/an Amplificador,
• saguões (sa-guões)
antagonista, banca

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DÍGRAFOS LH, CH, NH, GU, QU: • objeto (ob-je-to)
• maravilha (ma-ra-vi-lha) • desmentir (des-men-tir)
• chuva (chu-va)
• carinho (ca-ri-nho)
Por motivos estéticos e de clareza na transmissão da
• guindaste (guin-das-te)
mensagem, privilegia-se que não se deixe apenas uma vogal
• quente (quen-te) sozinha de um dos lados da translineação, ou seja, no fim da
linha ou no início da linha seguinte.
ENCONTROS CONSONANTAIS PUROS (BL, CL,
GL, PL, FL, BR, CR, DR, GR, PR, TR, FR, VR):
• bloco (blo-co) Forma desaconselhada Forma preferencial
• claridade (cla-ri-da-de)
• glóbulo (gló-bu-lo)
• planeta (pla-ne-ta) a- ami-
• flamingo (fla-min-go) migo go
• Brasil (Bra-sil)
• cravo (cra-vo)
• dragão (dra-gão) navi- na-
• gravidade (gra-vi-da-de) o vio
• praticamente (pra-ti-ca-men-te)
• trevas (tre-vas)
• francês (fran-cês) Divisão silábica de palavras com hífen
• livre (li-vre) O hífen é o sinal gráfico usado na divisão silábica e na
translineação. Quando é feita a translineação de uma palavra
GRUPOS CONSONANTAIS INICIAIS (PS, MN, PN, que já apresenta hífen, como uma palavra composta ou um
GN,...): verbo pronominal, ocorre duplicação do hífen: um hífen é o
que indica a translineação, o outro é o que já faz parte da
• psicólogo (psi-có-lo-go) palavra.
• mnésico (mné-si-co)
• pneumático (pneu-má-ti-co) Exemplos de translineação de palavras com hífen
• gnóstico (gnós-ti-co) guarda- segunda- amei- vende-
Separam-se, ficando em sílabas diferentes -chuva -feira -te -se

HIATOS:
• moeda (mo-e-da) 1.12 Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das
• saída (sa-í-da) classes gramaticais.
• saúde (sa-ú-de)
• poesia (po-e-sia) Em termos gerais, a Morfologia é o estudo a respeito da
• navio (na-vi-o) estrutura, da formação e da classificação das palavras. O
• dia (di-a) objetivo da Morfologia é estudar as palavras isoladas e não a
partir da sua função na frase ou período, como ocorre com a
DÍGRAFOS RR, SS, SC, SÇ, XC, XS: Sintaxe.
• carro (car-ro)
• pássaro (pas-sá-ro) O estudo das classes morfológicas, também denominadas de
• nascer (nas-cer) classes de palavras ou classes gramaticais, pode ser dividido
• nasço (nas-ço) em:
• exceção (ex-ce-ção)
• exsudativo (ex-su-da-ti-vo) → Estrutura e Formação das Palavras:

Processos de derivação e composição das palavras.


ENCONTROS CONSONANTAIS DISJUNTOS: Conceitos básicos:
• advogado (ad-vo-ga-do)
• afta (af-ta) Observe as seguintes palavras:
• alface (al-fa-ce)
• força (for-ça) escol-a
• magnético (mag-né-ti-co) escol-ar

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escol-arização opor as desinências -o/-a:
escol-arizar garoto/garota; menino/menina
sub-escol-arização
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o
Observando-as, percebemos que há um elemento comum a morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de
todas elas: a forma escol-. Além disso, em todas há morfema, que indica o singular: garoto/garotos;
elementos destacáveis, responsáveis por algum detalhe de garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
significação. Compare, por exemplo, escola e escolar: No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
partindo de escola, formou-se escolar pelo acréscimo do plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres;
elemento destacável -ar. cruz/cruzes.
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas • Desinências verbais: em nossa língua, as desinências
palavras que selecionamos, podemos depreender a verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que
existência de diferentes elementos formadores. Cada um indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e
desses elementos formadores é uma unidade mínima de aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos
significação, um elemento significativo indecomponível, a (desinência número-pessoais):
que damos o nome de morfema.

Classificação dos morfemas: cant-á-va-mos cant-á-sse-is


Radical
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos cant:
analisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que cant: radical
faz com que as consideremos palavras de uma mesma
família de significação – os cognatos. O radical é a parte da radical
palavra responsável por sua significação principal. -á-: vogal temática -á-: vogal temática

Afixos
-va-: desinência modo- -sse-:desinência modo-
Como vimos, o acréscimo do morfema –ar cria uma nova
temporal (caracteriza o temporal (caracteriza o
palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o
pretérito imperfeito do pretérito imperfeito do
acréscimo dos morfemas sub- e –arização à forma escol-
indicativo) subjuntivo)
criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome
de afixos.
-mos: desinência
Quando são colocados antes do radical, como acontece -is: desinência número-
número-pessoal
com sub-, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, pessoal (caracteriza a
(caracteriza a primeira
como –arização, surgem depois do radical os afixos são segunda pessoa do plural)
pessoa do plural)
chamados de sufixos. Prefixos e sufixos, além de operar
mudança de classe gramatical, são capazes de introduzir
modificações de significado no radical a que são
acrescentados.
Vogal temática
Desinências Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como surge sempre o morfema –a.
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam.
Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado
flexionado em número (singular e plural) e pessoa (primeira, de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical,
segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal
tempo e o modo do verbo (amava, amara, amasse, por temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os
exemplo). verbos como os nomes apresentam vogais temáticas.

Podemos concluir, assim, que existem morfemas que • Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas
indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste,
surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que
desinências. Há desinências nominais e desinências verbais. essas terminações são desinências indicadoras de gênero,
pois a mesa, escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de
flexão. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência
• Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes

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terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por (atribuição de palavras e significados às experiências que
exemplo) não apresentam vogal temática. vivenciamos), requer a observação do critério morfológico,
ou seja, das formas e processos de constituição comuns dos
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam termos substantivos, e do sintático, isto é, relacionado à
três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. posição e combinação dessas palavras dentro de uma oração
Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à ou frase.
primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática é -
e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Dessa maneira, os substantivos podem ser definidos por
temática -i pertencem à terceira conjugação. darem nome às coisas; terem suas unidades menores
(radicais — partes das palavras que carregam a ideia central
— e afixos — elementos que complementam o radical)
confrontadas com as outras da mesma categoria gramatical;
primeira segunda terceira
e, por fim, exercerem as funções de sujeito e objeto direto
conjugação conjugação conjugação
das orações, sendo, inclusive, seus núcleos informativos.

govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra Classificação dos substantivos


• Substantivos comuns e substantivos próprios
atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse O substantivo comum é responsável por nomear a
generalidade dos seres da mesma espécie, dos elementos
abstratos, dos objetos e dos fenômenos da natureza, ou seja,
realiz-a-sse mex-e-rá ag-i-mos sua função é identificar o que está presente na vida e no
imaginário daqueles dotados de linguagem, mas sem
individualizar esses constituintes da experiência humana.
Exemplos
• Zebra (animal de uma determinada classe)
Vogal ou consoante de ligação
• Amor (sentimento abstrato)
As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que
• Garfo (objeto)
surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou
mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. • Chuva (fenômeno da natureza)
Temos um exemplo de vogal de ligação na palavra
escolaridade: o -i- entre os sufixos -ar- e -dade facilita a Se o substantivo comum designa um todo,
emissão vocal da palavra. Outros exemplos: gasômetro, o substantivo próprio aplica-se ao singular, conforme se
alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, tricota. observa a seguir:

→ Substantivo: Exemplos
• Classificação dos substantivos • Japão (país específico, não há outro);
• Substantivos e seus coletivos • João (apesar de ser o nome de muitas pessoas, tem-
se que pensar em alguém de forma contextualizada,
• Formação dos Substantivos
ou seja, que está imerso num dado universo e, por
• Flexão dos Substantivos
isso, torna-se particular);
• Número de Substantivo
• Grau do Substantivo Observação: É importante ficar atento aos empregos dos
substantivos, pois, a depender da situação e da intenção do
Substantivo é uma classe gramatical cuja função é, grosso locutor, isto é, da pessoa que transmite uma informação,
modo, nomear os seres em geral. Apesar de essa uma palavra tida como comum pode ser, na verdade,
conceituação estar presente em vários locais, há que se própria, assim como uma própria pode carregar um sentido
ressaltar sua incompletude, tendo-se em vista que o comum.
substantivo pode também ser responsável por denominar
ações (abraço,chute), postulados físicos (inércia), aspectos Marlene e eu divertimo-nos muito na Viola de Prata.
emocionais e psicológicos (covardia, esquizofrenia, Perceba que tanto viola quanto prata são normalmente
ansiedade, amor, ódio), elementos socioculturais (pobreza, substantivos comuns, já que o primeiro nomeia um tipo de
inteligência), entre outros. instrumento musical e o segundo identifica uma espécie de
minério, mas, no contexto, Viola de Prata é uma
Tais características não são as únicas que diferenciam o determinada boate, sendo, portanto, um lugar singular, o
substantivo das demais classes gramaticais, como a dos qual deve ser identificado pela utilização de um substantivo
adjetivos e a dos pronomes. Diante disso, a identificação próprio.
dele, além de depender do critério semântico mencionado

59
Não é um Vietnã, mas é guerra. Veja, a seguir, esse fenômeno:
• Maria falou que a mãe fora à papelaria.
Apesar de Vietnã ser um país específico, • Maria falou que a mãe fora ao local no qual se
na situação anterior, o termo não é utilizado para vende papel.
identificar-se a nação, mas para apresentar-se o sentido de • Substantivos simples e substantivos compostos
qualquer guerra cuja duração foi extensa, ou seja, trata-se de Os substantivos simples são constituídos por apenas um
mais um entre tantos conflitos armados, figurando-se, dessa radical (parte da palavra que carrega o sentido principal
maneira, como um substantivo comum. dela).

Observação: Os substantivos coletivos, ou seja, as Exemplo


palavras que transmitem ideia de um agrupamento de seres • O mesário não compareceu às eleições.
ou de uma reunião de entidades constituem substantivos
comuns, uma vez que não individualizam os elementos, → Radical
apenas os consideram como uma massa indistinta. → Sufixo (profissão/função)

Exemplos Os substantivos compostos, apesar de também


• Arquipélago: ilhas próximas detentoras de apresentarem uma unidade de sentido, têm mais de um
características comuns radical em sua uma estrutura. Em vista disso,
formalmente, eles podem aparecer como uma palavra.
• Cardume: agrupamento de peixes
• Vocabulário: palavras da mesma língua
• Enxame: muitas abelhas num mesmo local Exemplos
• Manada: conjunto de animais da mesma espécie • passatempo (brincadeira)
com comportamentos semelhantes • hidromassagem (massagem feita à base de água)
• Baixela: vários itens de cozinha, como panelas
• Resma: 500 folhas de papel Podem também aparecer com dois ou mais termos,
separados ou não por hífen.
Substantivos primitivos e substantivos derivados Exemplos
Os substantivos primitivos são compostos por palavras que • bicho-da-seda (inseto específico)
não se originaram de outras presentes na mesma língua. • cachorro-quente (tipo de alimento)
Exemplos • Nossa Senhora (mãe de Jesus)
• Guerra
• Cidade Substantivos concretos e substantivos abstratos
• Rua Os substantivos concretos nomeiam seres de existência
• Laranja própria, isto é, figuras independentes que fazem parte de
um universo real ou imaginário.

Já os substantivos derivados, conforme o próprio nome
Exemplos
anuncia, são palavras que provêm de outras, sendo que o
termo original pode ser um: • Lobisomem (entidade imaginária)
→ Substantivo: bruxa, que origina bruxaria; • Lápis (objeto)
• Andréa (pessoa)
→ Adjetivo (classe gramatical cuja função é caracterizar, • Goiânia (cidade)
evidenciar qualidades ou estados dos seres): célebre, que • Congresso Nacional (instituição)
cria celebridade;
Os substantivos abstratos designam qualidades, ações,
→ Verbo (exprime uma ação, um estado ou um fenômeno sentimentos, estados, sensações. Constata-se, portanto, que
situado no tempo): casar, que gera casamento. a existência desses elementos está condicionada a um ser
concreto ou imaginário que os evidencie ou os experiencie.
Observe que a formação dos substantivos Além disso, pressupõe-se a manutenção do caráter universal
derivados depende da colocação de prefixos (morfemas que deles, ou seja, da sua aparição em diversos locais e variadas
se posicionam antes do radical, isto é, partes das palavras situações.
que acrescentam uma informação à ideia principal, por
exemplo, hipertensão — excesso de tensão) e sufixos Exemplos
(morfemas que se posicionam após o radical, como pezão — • Avareza, lentidão (qualidades)
pé grande) nas palavras primitivas, a fim de criar-se termos • Solidão, ódio (sentimentos)
que auxiliem na economia linguística em determinadas • Velhice, juventude, felicidade (estados)
construções sintáticas.

60
• Ardência, conforto (sensações) o gênero masculino e o feminino, característica que o leva
a ser classificado como biforme.
Além da distinção dos substantivos por meio da análise Exemplos
semântica, eles podem ser diferenciados pelo aspecto • Homem/mulher
morfológico, tendo-se em vista que há regularidades • Cavalo/égua
formais presentes nas palavras. Dessa maneira, • Trabalhador/trabalhadora
determinados sufixos, como -dade, -ez, -eza, -ura, -ia, -dão, -
ície, podem originar substantivos abstratos derivados de Todavia, essa não é a única configuração dos substantivos,
adjetivos. pois há aqueles que possuem apenas um modo
de ser escrito ou falado e, em virtude disso, adotam apenas
Exemplos um gênero, apesar de poderem abarcar seres masculinos e
• mal → maldade femininos. Essas palavras são tidas como uniformes.
• mesquinho → mesquinhez
• cru → crueza Exemplos
• cândido → candura • Pessoa
• cortês → cortesia • Vítima
• imundo → imundície • Cas

Também a presença dos sufixos -ção, -são, -ância, -ência, - Alteração semântica em virtude da mudança de gênero
ânça, -ênça podem indicar a herança verbal dos
substantivos abstratos. Há alguns substantivos que podem assumir um sentido
Exemplos ou outro, conforme o gênero empregado.
• deter → detenção
• confundir → confusão Exemplos
• ignorar → ignorância • O rádio (aparelho de difusão sonora), a rádio
• viver → vivência (emissora, canal)
• governar → governança • O guia (pessoa ou entidade responsável por dar a
• crer → crença direção a alguém), a guia (documento)
• O capital (relacionado à economia), a capital (sede
Importante destacar que a classificação de um substantivo administrativa de algum lugar)
em concreto e abstrato não dispensa a atenção ao contexto • O cabeça (mentor), a cabeça (parte do corpo)
frasal no qual ele está inserido. Diante disso, principalmente
em textos literários, constata-se a possibilidade de inversão Flexão de número dos substantivos
da categoria, estabelecendo, assim, uma figura de linguagem A flexão de número é responsável por marcar a
chamada metonímia (troca de um termo por outro, desde que quantidade de seres, emoções, fenômenos expressos pelos
entre eles haja uma contiguidade no que toca aos nomes, isto é, se se trata de apenas um elemento (singular)
significados). ou de dois ou mais elementos (plural). Importante esclarecer
que as palavras singulares são as originais, portanto, são as
Exemplo plurais que carregam algum elemento diferenciador, como a
Quando me lembro de minha pele sem rugas, percebo o inserção das desinências “s” ou “es”.
quanto era imaturo.
Perceba, a seguir, alguns padrões de modificação dos termos
Pelo período anterior, é fácil compreender que a expressão em razão do número.
“pele sem rugas” remete ao substantivo abstrato
“juventude”. Características das Modificação do
Exemplos
palavras plural
Flexão de gênero dos substantivos
A flexão de gênero diz respeito à capacidade de a palavra
Noz - nozes, mar -
assumir uma face feminina, marcada, entre outras formas, Terminadas em “r”,
Acrescenta-se “es”. mares, abdômen -
pela utilização tanto do artigo (palavra que precede o “z”, “n”
abdômenes.
substantivo a fim de especificá-lo) definido “a” quanto do
artigo indefinido “uma”; ou apresentar um
aspecto masculino, o qual poderá ser assinalado da mesma Substitui-se a letra Origem - origens,
maneira, por meio do uso de “o” e “um”. Terminadas em “m”
“m” por “ns”. fórum - fóruns

Diante disso, um mesmo substantivo pode transitar entre

61
Paroxítonas (penúltima • Pés-de-moleque
Órgão - órgãos, •
sílaba tônica) + final Insere-se a letra “s”. Orelhas-de-burro
sótão - sótãos
“ão”
Além dessa exceção, caso o segundo elemento apresente a
finalidade do primeiro, apenas este carrega a marca do
Troca-se a desinência plural.
Canção - canções,
“ão” por “ães” ou
Terminadas em “ão” irmão - irmãos, Exemplos
“ões”, ou apenas se • Bananas-prata
pão - pães
insere a letra “s”.
• Navios-escola

Matagal - Por fim, se dois elementos iguais ou onomatopaicos (figura


Terminadas em “al”, Troca-se a letra “l” matagais, cordel - de linguagem que consiste na reprodução similar de algum
“el”, “ol”, “ul” por “is”. cordéis, atol - som ou ruído) constituírem o substantivo, é recomendável
atóis, azul - azuis que apenas o segundo pluralize-se.
Exemplos
• Pingue-pongues
Troca-se a letra “l” Fuzil - fuzis, canil
Terminadas em “il” • Pega-pegas
pela “s”. - canis
Flexão de grau dos substantivos
Proparoxítona Apesar de a maioria dos gramáticos considerar que o grau é
(antepenúltima sílaba O atlas - os atlas, o um fenômeno de flexão, ou seja, apenas uma variação da
Invariável palavra resultante da inserção de um sufixo, Mattoso
tônica) ou paroxítona + tênis - os tênis
final “s” Câmara, um importante linguista brasileiro, afirma que, na
verdade, a transformação vocabular advinda da marcação do
grau constitui um mecanismo de derivação, isto é, de
A letra “s” formação de um novo termo, e cita como exemplo a palavra
Oxítona (última sílaba Holandês -
transforma-se na “portão”, cuja significação distancia-se da de seu termo base
tônica) + final “s” holandeses
desinência “es”. “porta”.

Divergências à parte, os substantivos podem expressar um


Observação 1: Destaca-se que alguns sentido aumentativo ou diminutivo em relação à palavra
termos diminutivos têm um mecanismo próprio de original. Tal capacidade pode ser interpretada,
construção de seus plurais, já que, inicialmente, deve-se analogamente, como um forno no qual as chamas ficam
transformar a palavra original em seu plural para, depois, mais fortes ou mais fracas, conforme se mexe no botão do
retirar a letra “s” e acrescentar os sufixos (partes que se fogão, sendo que esse botão é o grau.
localizam no final dos vocábulos e carregam uma
informação) “zinhos” ou “zitos”. Para entender-se como funciona o estabelecimento dos graus
Exemplos aumentativo e diminutivo, é importante ter-se em mente que
• Cordão – cordões – cordõezinhos essa ação dá-se por meio de dois processos, conforme se
• Carnaval – carnavais – carnavaizinhos observa a seguir:

Observação 2: Quando os substantivos → Analítico: o substantivo é modificado por adjetivos


compostos possuem, em suas estruturas, apenas (palavras que expressam estados, características ou
adjetivos, numerais ou substantivos combinados entre si, qualidades das coisas em geral).
todos os termos pertencentes a essas classes gramaticais Exemplos
devem ser flexionados. • O menino grande está assistindo à TV.
• O menino pequeno fez birra.
Exemplos
• Sextas-feiras (numeral + substantivo) → Sintético: ao substantivo, acresce-se um sufixo.
• Obras-primas (substantivo + adjetivo)
• Tubarões-martelos (substantivo + substantivo) Exemplos
• O meninão deveria tomar vergonha na cara.
Entretanto, se houver dois substantivos e entre eles existir • O menininho é tão fofo.
uma preposição, apenas o primeiro termo deve ser
flexionado. Percebe-se que a última modalidade, além de transmitir a
Exemplos ideia de algo maior ou menor que o original, ainda carrega
um aspecto valorativo de quem enuncia, ou seja, no

62
primeiro exemplo, há um certo desdém direcionado ao
menino, e no segundo, evidencia-se uma relação de
afetividade entre o falante e a criança.

→ Adjetivo
• Classificação dos Adjetivos
• Adjetivos Pátrios
• Locuções Adjetivas
• Flexão dos Adjetivos

Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau que


caracteriza o substantivo, indicando-lhe qualidade, estado,
modo de ser ou aspecto.
Ex.: neve branca; cidade moderna.

Classifica-se em:
- Simples: quando apresenta um único radical.
Ex.: comida saborosa.
→ Artigo
- Composto: quando apresenta mais de um radical.
Ex.: programa sociocultural. Artigo é a palavra que se antepõe ao substantivo com a
intenção de particularizar ou indefinir o nome. Como classe
- Primitivo: quando não provém de outra palavra da língua gramatical, possui reduzido valor semântico demonstrativo
portuguesa. por ter uma função delimitada na língua portuguesa,
Ex.: inimigo leal. exercendo o papel de adjunto dos substantivos. Pode ser
classificado como definido ou indefinido.
- Derivados: quando provém de outra palavra da língua
portuguesa. Apesar de possuir função delimitada, o artigo pode provocar
Ex.: calça esverdeada. diferenças significativas de sentido em uma frase. Observe
as estruturas a seguir:
Locuções Adjetivas
Locução adjetiva é a expressão formada de preposição + Após uma longa discussão, deputados propuseram um
substantivo (ou advérbio), com valor de adjetivo. acordo.

Noite de chuva (chuvosa) Após uma longa discussão, deputados propuseram o


Atitudes de anjo (angelical) acordo.
Pneu de trás (traseiro)
Menina do Brasil (brasileira) As duas frases, apesar de possuírem uma estrutura
semelhante, apenas poderiam ser empregadas em contextos
Lista de locuções adjetivas acompanhadas dos adjetivos diferentes. A primeira estrutura só poderia ser utilizada se o
correspondentes: interlocutor daquele que está enunciando não soubesse do
que se trata o referido acordo, pois o artigo um, nesta
construção, está indefinindo o substantivo. Na segunda
construção, fica claro que o interlocutor sabe previamente
do acordo do qual se fala, pois o artigo o particulariza o
nome.

Como classe gramatical, o artigo subdivide-se em dois


grupos:

→ artigos definidos: o, a, os, as;


→ artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

O artigo pode ser dispensado quando outro identificador –


lembrando que os artigos são adjuntos adnominais – estiver
explícito em uma frase. Por exemplo:

63
Aquele homem pegou meu livro emprestado. Ex: Ele busca por duas respostas corretas.

Observe que o pronome demonstrativo aquele está ❖ Ordinais: indicam ordem de sucessão
substituindo o uso do artigo. Nota-se também que o Ex: João foi o segundo colocado no concurso.
pronome possessivo meu torna desnecessário o emprego do
artigo definido o, já que no português, o uso do artigo o em ❖ Multiplicativos: indicam aumento com ideia
“o meu livro” é redundante, embora seja muito frequente na proporcional à quantidade apresentada
escrita e na fala.
Ex: Ele aprendeu o triplo em pouco tempo.
Outra função importante pode ser atribuída ao artigo: a
❖ Fracionários: indicam diminuição com ideia
função de substantivação. Ocorrerá quando o artigo estiver
proporcional à quantidade indicada
associado a qualquer outro tipo de palavra, sendo assim, ele
exercerá o papel de substantivo. Ex: Vou apresentar um terço do trabalho.

Entre o querer e o poder existe um longo caminho. Pronome

Na frase anterior, as palavras querer e poder pertencem à


classe gramatical dos verbos, mas neste caso funcionam
como substantivos, pois estão precedidas por artigos.

Podem, também, combinar-se com algumas preposições,


formando assim uma só palavra:

Os funcionários aderiram à paralisação Figura 2: Elaborado pelo autor.


defendida pelo sindicato.
Pronomes pessoais
a+a (preposição + artigo) Designam as três pessoas do discurso e se dividem em:
per/por+os (preposição + artigo)
- Caso reto: desempenham função de sujeito ou
Além de definir ou indefinir o substantivo, o artigo pode predicativo;
também indicar seu gênero (feminino/masculino) e número
(singular/plural). - Caso Oblíquo: desempenham função de complemento ou
adjunto (exceção: sujeito)
o carro (substantivo masculino e singular) - Oblíquos tônicos: Têm acento tônico e estão
o telefonema (substantivo masculino e singular) precedidos de preposição:
uma rádio (substantivo feminino e singular)
os carros (substantivo masculino e plural) Ex: Ore por mim.
Ex: João ficou fora de si.
Sintetizando: o artigo se antepõe ao substantivo para - Oblíquos átonos: Não têm acento tônico e não
determiná-lo ou particularizá-lo. Podem ser definidos ou são precedidos de preposição:
indefinidos e dentre suas variadas funções, está a
substantivação, que acontece quando o artigo assume o Ex: Não nos perturbe.
papel de substantivo em uma frase. Você aprendeu o que é o
Ex: Vejo-te em casa.
artigo e seus diferentes usos. Pode parecer complicado, mas
lembre-se de que, como falantes da língua, a dominamos, AS FORMAS O, A, OS, AS
portanto, basta apenas ficar atento e seguir as regras
gramaticais. - Verbos terminados em R, S, Z= cai a consoante no final do
verbo e o pronome vira LO, LA, LOS, LAS:
Numeral Ex: Maria veio vê-LO.
São palavras que podem indicar quantidade ou podem - Verbos terminados em M ou nasais= os pronomes viram
substituir ou modificar nomes, pois apresentam ideia de no, na, nos, nas.
quantidade, posição, ordem.
Ex: Encontraram-NOS perto do lago.
❖ Cardinais: indicam quantidade

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Pronome Integrante no espaço com relação às três pessoas gramaticais.
Ocorrem com verbos pronominais que podem apresentar
ideia de movimento, mudança de estado, sentimento.
Ex: Queixar-se , Arrepender-se , Alegrar-se.
Pronome Reflexivo
Ex: A ação recai sobre aquele que a pratica
Ex: Eu me machuquei com o grampeador.
Figura 6: Fonte: elaborado pelo autor
Ex: se inseriu no grupo.
Pronomes Relativos: Referem-se a um substantivo ou
pronome substantivo mencionado anteriormente.

Pronomes indefinidos: São relacionados à terceira pessoa


gramatical quando essa é considerada vaga ou
indeterminada.
Figura 3: Fonte: elaborado pelo autor. ❖ Variáveis: Algum, nenhum, todo, outro, muito,
tanto, quanto, pouco, vário, certo, qualquer,
Pronome Recíproco: bastante, qual, tal.
Referem-se ao sujeito plural ou composto que pratica a ação ❖ Invariáveis: Alguém, ninguém, tudo, outrem, nada,
em outrem e a recebe ao mesmo tempo. Tem valor de “um cada, quem, menos, mais, que.
ao outro”. Pronomes Interrogativos: Introduzem uma pergunta direta
Ex: Os deputados se xingaram no debate. ou indireta. Eles são: que, quem, qual, quanto.

Pronome de tratamento Ex: Quem contou isso?


Qual dos livros é melhor?
Pronomes Possessivos: Referem-se às pessoas do discurso
indicando posse.

SINGULAR 1ª pessoa Meu, minha,


meus, minhas
Figura 4: Fonte: Elaborado pelo autor. 2ª pessoa Teu, tua, teus,
tuas
Usados para finalidade comercial ou para tratamento
cerimonioso.

3ª pessoa Seu, sua, seus,


suas

PLURAL 1ª pessoa nosso, nossas,


nossos (as)

2ª pessoa vosso, vossa,


vossos (as)
Figura 5: Fonte: Elaborado pelo autor.

Pronomes Demonstrativos: Situam os seres no tempo ou

65
3ª pessoa seu, sua, seus, essa porta!
suas
Tempo simples: Pode ser divido em pretérito, presente e
futuro

Verbos Tempos do Indicativo:

Palavra que exprime uma ação, um estado, um fato, um ✓ Presente: anuncia o fato como atual.
fenômeno, representados no tempo. Além disso, é termo ✓ Pretérito perfeito: ação concluída
variável em número e pessoa, tempo e modo. ✓ Pretérito Imperfeito: ação inacabada, que durava
no passado ou que se repetia no passado.
❖ Flexão ou conjugação: ✓ Pretérito mais-que-perfeito: fato anterior a outro
❖ Número: singular e plural fato que também é passado.
Pessoa: 1ª, 2ª ou 3ª. ✓ Futuro do presente: fato que deve se realizar
num momento vindouro.
❖ Tempo: pretérito, presente ou futuro. ✓ Futuro de pretérito: fato posterior a outro já
❖ Modo: Indicativo, subjuntivo, imperativo. passado.
Obs: a desinência verbal é a parte que sofre variação no
verbo e que permite a identificação de sua flexão. Tempos do Subjuntivo:
Número e pessoa ✓ Presente: ação subordinada a outra, que ocorre
no momento atual.
EU 1ª amo
✓ Pretérito Imperfeito: ação passada, dependente
pessoa
de outra, mas posterior a essa.
do
✓ Futuro: ação vindoura, mas condicional,
singular
temporal ou conformativa, é também
TU 2ª pessoa amas dependente.
do
singular
Imperativo: não tem separação temporal, apenas afirmativo
ELE 3ª pessoa ama e negativo. Além disso, ele não possui a primeira pessoa do
do singular. Para a gramática, é impossível dar uma ordem ou
singular um conselho a si mesmo.

NÓS 1ª pessoa amamos Formas nominais


do plural O infinitivo, o gerúndio e o particípio são chamados de
VÓS 2ª pessoa amais formas nominais dos verbos, pois, além de valor verbal,
do plural podem exercer a função de nomes (substantivo, adjetivo e
advérbio).
ELES 3ª pessoa amam
❖ Infinitivo: pode ser pessoal ou impessoal. Este não
do plural
é flexionável, é a própria nomenclatura do verbo.
Aquele está ligado às pessoas do discurso e pode
ser conjugado. Traz ideia de algo vago ou
❖ Modo indefinido.
❖ Pessoal (só forma orações reduzidas): amar eu,
O modo está relacionado à forma do verbo para indicar a
amares tu, amar ele, amarmos nós, amardes vós,
atitude do indivíduo que fala em relação ao fato por ele
amarem eles.
anunciado.
❖ Impessoal (forma locuções verbais ou orações
Indicativo: ideia de certeza. reduzidas): amar, correr, partir, vender, sorrir, pôr.
❖ Gerúndio: apresenta uma ação com valor durativo
Ex: Falei muito durante a aula. e tem a equivalência de um advérbio ou de um
adjetivo.
Subjuntivo: ideia de incerteza, de possibilidade.
Ex: Você fazendo os exercícios era uma surpresa.
Ex: Se estudares muito, conseguirá o que deseja.
❖ Particípio: forma que corresponde a um adjetivo e
Imperativo: ordem, conselho, convite. Ex: Por favor, abra única que pode sofrer flexão de gênero e número

66
em alguns casos. nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal...
Ex: Merecem ser compradas as obras daquele pintor. Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo Composto: toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Formado pelos verbos TER ou HAVER como auxiliares + o modo...
particípio do verbo que se quer conjugar. Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
❖ Indicativo: efetivamente, certo, decididamente, deveras,
indubitavelmente...
Pretérito perfeito: presente + particípio
Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
Pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito + forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum...
particípio
Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
Futuro do presente: futuro do presente + particípio quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe...

Futuro do pretérito: futuro do pretérito + particípio Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de
❖ Subjuntivo: todo, de muito...

Pretérito perfeito: presente + particípio Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,
simplesmente, só, unicamente... Inclusão: ainda, até, mesmo,
Pretérito mais-que-perfeito: Imperfeito + particípio inclusivamente, também...
Futuro composto: futuro + particípio Ordem: depois, primeiramente, ultimamente...

❖ Formas nominais:
- Infinitivo: infinitivo pessoal/impessoal + particípio
- Gerúndio: gerúndio + particípio
Verbos reflexivos: conjugados com pronomes átonos
oblíquos (têm função sintática).
Ex: Eu me cortei com a faca.
Ex: João se cortou com a tesoura.
Verbos pronominais: conjugados com pronomes átonos
oblíquos (sem função sintática) Figura 7: Fonte: elaborada pelo autor.
Ex: Esquecer-se, lembrar-se, tornar-se, zangar-se. Locução adverbial
Advérbio Construção formada por mais de uma palavra que tem o
Os advérbios são palavras consideradas invariáveis em valor do advérbio.
gênero e número. São termos que modificam o sentido dos Lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro,
adjetivos, dos verbos e dos próprios advérbios. Entretanto, por aqui...
vale salientar que os advérbios também podem modificar o
sentido de toda uma oração sem que estejam se referindo a Afirmação: por certo, sem dúvida...
um termo em particular. As modificações causadas pelo
advérbio indicam uma circunstância. Modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral,
frente a frente...
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
além, lá, detrás, onde, cá, acima... Tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em
dia, nunca mais...
Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã,
cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, Preposição

67
Podemos classificar a preposição como um termo invariável Alternativas: ou, ou...ou, quer...quer, ora...ora.
que serve de ligação entre palavras de uma
Conclusivas: assim, logo, portanto, por isso, desse modo,
mesma oração. Seria como se a primeira palavra, aquela que dessa forma.
antecede a preposição, fosse modificada ou completada pela Explicativas: que, porque, pois, porquanto.
segunda palavra, aquela que está depois da preposição. ❖ Conjunções subordinativas: indicam dependência
entre orações ou termos.
Ex: João voltou para o trabalho.
Causais: haja vista, que, porque, pois, porquanto, uma vez
Ex: Maria morreu de pneumonia. que.
Preposições essenciais: A, ANTE, ATÉ, APÓS, COM, Comparativas: como, que nem, que.
CONTRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PER, POR, Concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que,
PERANTE, SEM, SOB, SOBRE, TRÁS. posto que.
Condicionais: se, desde que, caso, contanto que, a menos
Locução prepositiva que.
Conformativas: como, conforme, segundo, de acordo com.
Trata-se de uma expressão cuja terminação sempre será uma Consecutivas: que, de modo que, de sorte que.
preposição essencial. Sua formação será: Finais: para que, a fim de que.
Proporcionais: à proporção que, à medida que, quanto
advérbio ou locução adverbial + preposição.
mais...mais.
EMBAIXO DE, GRAÇAS A, EM FRENTE DE, POR Temporais: quando, enquanto, assim que, até que, logo que.
ENTRE, POR TRÁS DE. Integrantes: que, se, como.

Preposições acidentais Interjeição


Palavras que exprimem sentimentos ou emoções, mas
Algumas palavras de outras classes podem exercer a função podem ser representadas por locuções também. Geralmente,
de preposição, denominamos essas palavras preposição a pontuação exclamativa acompanha essa classe de palavras.
acidental. Credo! Socorro! Meu Deus! Boa tarde!
DURANTE, EXCETO, SALVO, SENÃO, MEDIANTE.
1.13 Termos da oração.
Ex: João trabalhou durante a viagem. Termos essenciais (sujeito e predicado)
Termos integrantes (complementos verbais, complemento
Ex: Mediante suborno, João ganhou a eleição. nominal e agente da passiva)
Emprego das preposições Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e
aposto)
1- Combinação: preposição + outro termo = não ocorre
perda fonética A + OS= AOS Termos essenciais da oração
São termos essenciais da oração o sujeito e o predicado.
2- Contração: preposição + outro termo = ocorre perda
fonética EM + AQUILO= NAQUILO
1. Sujeito
Conjunção O sujeito é o ser ou fato sobre o qual o predicado faz uma
declaração. Também é o responsável pela conjugação do
Podemos classificar a conjunção como um termo invariável verbo e recebe várias classificações.
utilizado para relacionar duas orações ou dois termos. Ainda a) Sujeito simples: é o que apresenta apenas um núcleo
podem se dividir em duas categorias: coordenadas e explícito.
subordinadas. – Sua atitude foi brilhante.
b) Sujeito composto: é o que apresenta mais de um núcleo
❖ Conjunções coordenativas: ligam orações que não
explícito.
apresentam dependência semântica entre elas; ou
– Os professores e os alunos reuniram-se no ginásio.
ligam termos que fazem parte de uma construção
c) Sujeito oculto, elíptico ou desinencial: é o que apresenta
sintática.
um núcleo implícito, mas que pode ser identificado
Aditivas: e, nem, bem como, não só, mas também, não facilmente por meio da desinência do verbo.
apenas, como ainda, ademais. – Chegamos atrasados à festa. (sujeito oculto: nós)
d) Sujeito indeterminado: é aquele cujo núcleo é
Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, não obstante, desconhecido e impossível de identificar mesmo o verbo
no entanto, entretanto. indicando que houve uma ação praticada por alguém.
– Disseram que você briga muito na escola. (Alguém disse,

68
mas quem?) preposições por ou de.
e) Sujeito oracional: é aquele que aparece em forma de – Os nadadores foram aplaudidos pelo público.
oração.
– Nota-se que todos gostam de você. Termos acessórios da oração
f) Sujeito inexistente (oração sem sujeito): ocorre em Os termos acessórios da oração desempenham função
orações com verbos impessoais. É o único caso em que este secundária na oração, sendo dispensáveis à construção de
termo essencial não aparece. sentido dela. São eles o adjunto adnominal, o adjunto
– Choveu muito durante o show. adverbial e o aposto.

2. Predicado 1. Adjunto adnominal


O predicado é o conjunto de todos os termos da oração, com O adjunto adnominal é o termo acessório que delimita o
exceção do sujeito e do vocativo. É tudo o que se declara sentido de um substantivo, caracterizando-o. É representado
sobre o sujeito (quando ele existe). pelas seguintes classes
– Em 2020, o mundo foi tomado por uma gramaticais: artigo, adjetivo, locução adjetiva, pronome
pandemia. (sujeito: o mundo) adjetivo, numeral adjetivo.
– Faz muito calor no Rio de Janeiro. (oração sem sujeito – – O poeta inovador enviou dois longos trabalhos
tudo é predicado) ao seu amigo de infância.
O predicado pode ser classificado em: O (artigo) e inovador (adjetivo) caracterizam o
a) Predicado nominal: é aquele cujo núcleo da afirmação substantivo poeta;
está contido no nome (substantivo, adjetivo, pronome), não dois (numeral) e longos (adjetivo) caracterizam o
no verbo. É constituído sempre de: verbo de ligação + substantivo trabalhos;
predicativo do sujeito. o (artigo), seu (pronome adjetivo) e de infância (locução
– Nossa casa é lindíssima! adjetiva) caracterizam o substantivo amigo.
b) Predicado verbal: é aquele cujo núcleo é qualquer verbo
que não seja de ligação, ou seja, apresenta verbo nocional. 2. Adjunto adverbial
– Todos nós assistimos ao lançamento da Marvel. O adjunto adverbial é o termo que indica a circunstância
c) Predicado verbo-nominal: é aquele cujos núcleos são expressa pelo verbo. Na prática, todo advérbio e
um verbo nocional + um nome (esse nome será predicativo toda locução adverbial exercem função sintática de adjunto
do sujeito ou do objeto). adverbial, o qual pode expressar muitas as circunstâncias,
– Os jogadores corriam exaustos. sendo as mais comuns as de: tempo, modo, lugar, causa,
assunto, meio, instrumento, afirmação, negação, dúvida,
Termos integrantes da oração intensidade, finalidade, companhia,
São termos integrantes da oração aqueles que completam condição e concessão.
o sentido de certos verbos ou nomes, como fazem – Hoje é feriado. (tempo)
os complementos verbais (objeto direto e objeto indireto), – Todos correram de medo. (causa)
o complemento nominal e o agente da passiva. – A esposa trabalha bastante. (intensidade)

1. Complementos verbais 3. Aposto


São complementos do verbo o objeto direto e o objeto O aposto é um termo de valor substantivo que explica,
indireto. especifica, amplia ou resume um termo sintático
a) Objeto direto: complementa o sentido de um antecedente. Pode ser classificado em:
verbo sem o auxílio de uma preposição. a) Aposto explicativo: amplia o significado do antecedente.
– A chuva intensa prejudicou a navegação. Sempre vem isolado por pontuação.
b) Objeto indireto: complementa o sentido de um – Neymar, o maior jogador do Brasil hoje, atualmente joga
verbo com o auxílio de uma preposição. pelo Paris Saint-Germain.
– Ele não confia em você. b) Aposto especificativo: possui o mesmo valor semântico
do antecedente e não é isolado por pontuação.
2. Complemento nominal – O escritor Machado de Assis era carioca.
O complemento nominal liga-se a um nome, o qual pode c) Aposto enumerativo: enumera as partes que constituem
ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio de base o antecedente. Aparece após vírgula, dois-pontos
adjetiva, a fim de complementar o seu sentido. É ou travessão.
obrigatoriamente regido de preposição. – Nas férias, visitei três países: Itália, França e Inglaterra.
– Tenho necessidade de proteção. d) Aposto resumidor: sintetiza o que foi dito
anteriormente. Normalmente é um pronome indefinido.
3. Agente da passiva – O sorriso, a voz, a educação, tudo nela encantava.
O agente da passiva é o termo que complementa um verbo e) Aposto distributivo: normalmente, retoma dois ou mais
na voz passiva analítica. É obrigatoriamente regido pelas termos anteriores.

69
– Tenho dois investimentos: um em renda fixa, outro em Oração subordinada substantiva objetiva indireta: A
renda variável, empresa precisa de que todos os funcionários sejam
f) Aposto de oração: refere-se a uma oração inteira. assíduos.
– O furacão destruiu toda a cidade, fato lamentável. Oração subordinada substantiva completiva nominal:
Tenho esperança de que tudo será melhor no futuro!
Vocativo x aposto Oração subordinada substantiva predicativa: O
Vocativo é usado para evidenciar o ser chamado ou ao qual importante é que minha filha é feliz.
se apela, isto é, indica a invocação de algo ou alguém. Deve Oração subordinada substantiva apositiva: Apenas quero
sempre ser isolado por vírgula e pode se deslocar pela isto: que você desapareça da minha vida!
oração. Exemplos: Oração subordinada adverbial causal: Ele não pode
– Mãe, pega a tolha pra mim! esperar porque tem hora marcada no médico.
– Que paz você me traz, ó mar! Oração subordinada adverbial consecutiva: A Luísa
esperou tanto tempo que adormeceu no sofá.
Diferentemente do aposto, o vocativo não pertence à Oração subordinada adverbial final: Eles ficaram
estrutura sintática da oração, ou seja, não se liga ao verbo vigiando para que nós chegássemos a casa em segurança.
nem ao nome, tampouco integra o sujeito ou o predicado. Oração subordinada adverbial temporal: Mal você foi
Portanto, ele não é considerado um termo da oração, apesar embora, ele apareceu.
de ser tradicionalmente explicado na seção de termos Oração subordinada adverbial condicional: Se o Paulo
acessórios da oração em muitas gramáticas. vier rápido, eu espero por ele.
Oração subordinada adverbial concessiva: Embora eu
1.14 Processos de coordenação e subordinação esteja atrasada para o trabalho, continuarei esperando por
Período composto por coordenação ele.
Os períodos compostos por coordenação são formados por Oração subordinada adverbial comparativa: Júlia se
orações independentes. Apesar de estarem unidas por sentia como se ainda tivesse dezesseis anos.
conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser Oração subordinada adverbial conformativa: Ficaremos
entendidas individualmente porque apresentam sentidos esperando por você, conforme combinamos ontem.
completos. Oração subordinada adverbial proporcional: Quanto
mais eu estudava, mais tinha a sensação de não saber nada.
As orações coordenadas são classificadas em aditivas, Oração subordinada adjetiva explicativa: A Júlia, que é a
adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas, funcionária mais nova da empresa, não teve uma boa
conforme a ideia que transmitem: de adição, de oposição, de avaliação.
alternância, de conclusão e de explicação relativamente à
oração anterior. Oração subordinada adjetiva restritiva: Todos os
- Oração coordenada aditiva: Gabriel treinou e ganhou a funcionários que conhecem bem a empresa tiveram uma boa
corrida. avaliação.
- Oração coordenada adversativa: Gabriel treinou, mas não
ganhou a corrida. 1.15 Transitividade e regência de nomes e verbos.
- Oração coordenada alternativa: Ou Gabriel treina ou não
ganha a corrida. Regência Verbal e Nominal: Conceitos Básicos
- Oração coordenada conclusiva: Gabriel treinou, logo A regência verbal e nominal tem relação com
ganhou a corrida. a transitividade, isto é, tratam da exigência ou não de uma
- Oração coordenada explicativa: Gabriel ganhou a corrida preposição por um verbo ou nome. Em outras palavras,
porque treinou. regência verbal e nominal é uma relação de
Período composto por subordinação complementação que se estabelece entre termos de uma
Os períodos compostos por subordinação são formados por oração.
orações dependentes uma da outra. Como as orações Regência Verbal
subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem A regência verbal identifica o verbo que exige ou não
ser entendidas de forma separada. Conforme a função complemento. O verbo que exige complemento é chamado
sintática que desempenham, as orações subordinadas são de transitivo e o que não a exige é chamado de intransitivo.
classificadas em substantivas, adjetivas ou adverbiais.
Verbo Transitivo Direto
Oração subordinada substantiva subjetiva: Foi anunciado O verbo transitivo direto é aquele que exige
que Jorge será o novo diretor. complemento SEM preposição, como os exemplos abaixo:
Oração subordinada substantiva objetiva direta: Nós não O candidato realizou a prova.
sabíamos que isso seria obrigatório. Ele estudou a matéria.

70
empresa)
Note que os termos “a prova” e “a matéria” são Viajou para onde? (resposta: para São Paulo)
complementos diretos do verbo e são chamados de objetos Veio de onde? (resposta: da Bahia)
diretos. Normalmente, indica-se o reconhecimento do objeto
direto com a pergunta “o quê?” ao verbo: Transitividade e Contexto
O candidato realizou o quê? (resposta: a prova) É preciso também entender que a transitividade de um
Ele estudou o quê? (resposta: a matéria) verbo sempre dependerá do contexto. Devido a isso não
Verbo Transitivo Indireto podemos estudar regência decorando simplesmente a
Os verbos transitivos indiretos exigem complemento transitividade, mas o emprego do verbo no contexto.
verbal COM preposição. Veja os exemplos: Vejamos o verbo “estudar”!
O candidato duvidou do gabarito da prova. Tal verbo normalmente é transitivo direto, isto é, exige
Ele gosta de Matemática. complemento verbal direto. Veja os exemplos abaixo:
Estudo Matemática todos os dias.
Note que os termos “do gabarito da prova” e “de Eu estudo todos os dias
Matemática” são complementos indiretos do verbo e são Note que, na primeira oração, “Estudo” exige o
chamados de objetos indiretos. complemento direto “Matemática”, o qual tem o nome
Normalmente, indica-se o reconhecimento do objeto indireto sintático de objeto direto. Além disso, é seguido do adjunto
com a pergunta “de/com/em/a quê?” ao verbo: adverbial de tempo “todos os dias”.
Mas, na oração “Eu estudo todos os dias“, o autor entendeu
O candidato duvidou de quê? (resposta: do gabarito da não ser necessário nenhum complemento, isto é, não é
prova) necessário demonstrar o que é estudado, mas quando é
Ele gosta de quê? (resposta: de Matemática) estudado.
Assim, nesta última oração (“Estudo todos os dias“), o
Verbo Intransitivo verbo é apenas intransitivo.
Os verbos intransitivos não exigem complementos Regência Nominal
verbais (objetos direto ou indireto), mas podem exigir A regência nominal ocorre quando um nome (substantivo
circunstâncias adverbiais, como de lugar, modo, tempo etc: abstrato, adjetivo ou advérbio) é transitivo e, por
conseguinte, exige um complemento.
Os problemas ocorreram.
Os problemas ocorreram naquela época na empresa. Vejamos os exemplos abaixo:
Viajei para São Paulo.
Vim da Bahia ontem. O acesso ao estudo é a chave do desenvolvimento do país.
A sociedade é obediente às leis.
Na oração “Os problemas ocorreram.“, há o sujeito “Os
problemas” e o verbo intransitivo “ocorreram”. Moro longe de você.
Na oração “Os problemas ocorreram naquela época na Na primeira oração, note que o substantivo “acesso” exigiu
empresa.“, há o sujeito “Os problemas”, o verbo intransitivo o complemento nominal “ao estudo”.
“ocorreram”, o adjunto adverbial de tempo “naquela época”
e o adjunto adverbial de lugar “na empresa”. Na segunda oração, o adjetivo “obediente” exigiu o
complemento nominal “às leis” .
Na oração “Viajei para São Paulo“, há o verbo intransitivo
“Viajei” e “para São Paulo” é o adjunto adverbial de lugar . Na terceira oração, o advérbio “longe” exigiu o
Por fim, na oração “Vim da Bahia ontem.“, o verbo “Vim” complemento nominal “de você”.
é intransitivo, “da Bahia” é o adjunto adverbial de lugar e
“ontem” é o adjunto adverbial de tempo. Assim, podemos dizer que os nomes “acesso”, “obediente” e
Como reconhecer a circunstância adverbial? “longe” são nomes transitivos, os quais exigem o termo
Normalmente, indica-se o reconhecimento da complemento nominal.
circunstância adverbial com perguntas ao verbo, como as
seguintes: “quando?” (para saber o tempo), “onde?”, Mas tome cuidado, pois não é sempre que um substantivo é
“aonde?”, “para onde?”, “de onde?” (para saber o lugar), seguido de complemento nominal. Veja abaixo um artigo
“como?” (para saber o modo), “por quê?” (para saber a que preparei para você sobre a diferença entre adjunto
causa): adnominal e complemento nominal:

Os problemas Listas de Regência Verbal e Nominal


ocorreram quando? Onde? (respostas: naquela época, na Dando prosseguimento em nosso estudo de regência verbal e

71
nominal, apresentarei a seguir duas listas: uma lista de
regência nominal e outra lista de regência nominal. Use-as d) Aspirar: transitivo direto quando significa “sorver”,
como material de consulta, retornando a esse artigo sempre “inspirar”, “levar o ar aos pulmões”:
que for necessário. Aspiramos o ar frio da manhã.
Transitivo indireto, com a preposição a, quando significa
Lista de Regência Nominal “desejar”, “almejar”:
A regência nominal é bem variável, pois os nomes admitem Ele aspira ao cargo.
muitas preposições, mas segue abaixo uma lista dos
principais: e) Assistir: é transitivo direto no sentido de “dar
assistência”, “amparar”.
acostumado a, com curioso de O médico assistiu o paciente.
afável com, para desgostoso com, de Mas também é aceito como transitivo indireto, com a
afeiçoado a, por desprezo a, de, por preposição a, neste mesmo sentido: O médico
aflito com, por devoção a, por, para, com assistiu ao paciente.
alheio a, de devoto a, de Transitivo indireto, com a preposição a, com o sentido de
ambicioso de dúvida em, sobre, acerca de “ver”, “presenciar”.
Meu filho assistiu ao jogo.
amizade a, por, com empenho de, em, por
Transitivo indireto, com a preposição a, com o sentido de
amor a, por falta a, com, para “caber”, “competir”.
ansioso de, para, por imbuído de, em Esse direito assiste ao réu.
apaixonado de, por imune a, de Intransitivo, com a preposição em, com o sentido de
apto a, para inclinação a, para, por “morar”.
atencioso com, para incompatível com Seu tio assistia em um sítio. (o termo “em um sítio” é o
aversão a, por junto a, de adjunto adverbial de lugar)
Neste sentido, admite o pronome relativo “onde”: Este é o
ávido de, por preferível a
local onde assisto (onde moro).
conforme a propenso a, para
constante de, em próximo a, de f) Avisar, informar, prevenir, certificar, cientificar:
constituído com, de, por respeito a, com, de, por, para
São normalmente transitivos diretos e indiretos, admitindo
contemporâneo a, de situado a, em, entre duas construções.
contente com, de, em, por último a, de, em Avisei o gerente do problema.
cruel com, para único a, em, entre, sobre Avisei-o do problema.
Avisei ao gerente o problema.
Lista de Regência Verbal Avisei-lhe o problema.
A transitividade é muito ampla e não se esgota naqueles Avisei o gerente de que havia um problema.
verbos listados nas gramáticas tampouco aqui neste artigo, Avisei ao gerente que havia um problema.
mas vemos que os concursos se baseiam nestes verbos mais Cuidado! Veja que tanto o objeto direto quanto o indireto
comuns, os quais são listados a seguir. podem ser expressos também por pronomes oblíquos átonos
ou orações subordinadas substantivas.
Agora, vamos para uma lista de verbos que mais caem em
concursos para depois treinarmos com questões:
g) Atender: é transitivo direto, podendo ser também
a) Agradar: transitivo direto, com o sentido de “fazer transitivo indireto no sentido de dar atenção a, receber
agrado”, “fazer carinho”. alguém, seguir, acatar:
Ela agradou o filho. Não costuma atender os meus conselhos.
Transitivo indireto, com a preposição a, com o sentido de O ministro atendeu os funcionários que o aguardavam.
“ser agradável”. Não atendeu à observação que lhe fizeram.
O assunto não agradou ao homem. Transitivo indireto no sentido de responder, prestar auxílio
a:
b) Ajudar, satisfazer, presidir, preceder: transitivos Os bombeiros atenderam a muitos chamados.
diretos ou indiretos, com a preposição a. O médico atendeu aos afogados na praia.
Satisfiz as exigências ou
Satisfiz às exigências. h) Chegar: É intransitivo, no sentido de movimento a um
destino, exigindo a preposição “a”. Com ideia de movimento
c) Amar, estimar, abençoar, louvar, parabenizar, de um lugar origem, usa-se a preposição “de”. Deve-se
detestar, odiar, adorar, visitar: transitivos diretos. evitar a preposição “em”, muito usada na linguagem
Estimo o colega. Adoro meu filho. coloquial, mas não é admitida na norma culta.

72
Cheguei a Fortaleza. Cheguei de significa “envolver”.
Fortaleza. Implicaram o servidor no processo.
Esse verbo admite o advérbio “aonde” ou a locução “para Transitivo indireto, com a preposição com, quando significa
onde”, não admitindo apenas “onde”. “demonstrar antipatia”, “perturbar”.
Note que, nas orações anteriores, os termos “a Fortaleza” e Sempre implicava com o vizinho.
“de Fortaleza” são adjuntos adverbiais de lugar.
Transitivo indireto, quando transmite valor de limite: m) Morar, residir, situar-se, estabelecer-se pedem
Seu estudo chegou ao extremo do entendimento. adjuntos adverbiais com a preposição em, e não a:
Morava na Rua Onofre da Silva.
i) Chamar: é transitivo direto com o sentido de “convocar”. Cabe aqui observar que o vocábulo “onde” não pode receber
preposição com este verbo. A estrutura “aonde moro” está
Chamei-o aqui. errada gramaticalmente, o correto é: onde moro.
Transitivo direto ou indireto, indiferentemente, com o
sentido de “qualificar”, “apelidar”; nesse caso, terá um n) Namorar: transitivo direto:
predicativo do objeto (direto ou indireto), introduzido ou Ela namorou aquele artista.
não pela preposição de.
Chamei-o louco. Chamei-o de louco.
o) Obedecer e desobedecer: transitivos indiretos, com a
Chamei-lhe louco. Chamei-lhe de louco.
preposição a.
A palavra louco, nos dois primeiros exemplos, é predicativo
Obedeço ao comando. Não desobedeçamos à
do objeto direto; nos dois últimos, predicativo do objeto
lei.
indireto.
j) Custar: é intransitivo, quando indica preço, valor.
p) Pedir, implorar, suplicar: transitivos diretos e indiretos,
Os óculos custaram oitocentos reais. com a preposição a (mais raramente, para):
Obs.: adjunto adverbial de preço ou valor: oitocentos reais. Pediu ao dirigente uma solução.
Transitivo indireto, com a preposição a, significando “ser Só admitem a preposição para quando existe a
custoso”, “ser difícil”; com esse sentido, normalmente estará palavra licença (ou sinônimos), clara ou oculta.
seguido de um infinitivo: Ele pediu para sair. (ou seja: pediu licença para)
Custou ao aluno entender a explicação do professor.
Obs: A expressão “entender a explicação do professor” é q) Perdoar e pagar: são transitivos diretos, se o
sujeito oracional e “ao aluno” é o objeto indireto. (Isso complemento é coisa.
custou ao aluno) Perdoei o equívoco. Paguei o apartamento
k) Esquecer, lembrar, recordar: são transitivos diretos, Transitivos indiretos, com a preposição a, se o complemento
sem os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos): é pessoa.
Ele esqueceu o livro. Lembrou a situação. Perdoei ao amigo. Paguei ao empregado.
Recordou o fato. Podem aparecer os dois complementos, sendo o verbo
Transitivos indiretos com pronomes oblíquos átonos, transitivo direto e indireto:
exigindo preposição de. O Brasil pagou a dívida ao FMI.
Ele se esqueceu do livro. Lembrou-se da situação. O FMI perdoará a dívida aos países pobres.
Recordou-se do fato. Note que, se no último exemplo retirássemos a preposição
No sentido figurado, há ainda a possibilidade de o sujeito do “a” e inseríssemos a preposição de, o verbo passa a ser
verbo “esquecer” não ser uma pessoa, mas uma coisa: apenas transitivo direto e o termo preposicionado passa a ser
Esqueceram-me as palavras de elogio. o adjunto adnominal que caracteriza o núcleo deste termo.
Esqueceu-se verificar o número da placa. Veja:
Essa mesma regência vale para “lembrar”, isto é, há na O FMI perdoará a dívida dos países pobres.
língua o registro de frases como “Não me lembrou esperá- Observação: “perdoará” é verbo transitivo direto, o termo “a
la”, em que “lembrar” significa “vir à lembrança”. O sujeito dívida dos países pobres” é o objeto direto, cujo núcleo é
de “lembrou” é “esperá-la”, ou seja, esse fato (o ato de “dívida” e “dos países pobres” é o adjunto adnominal.
esperá-la) não me veio à lembrança.
Os verbos Lembrar e recordar também podem ser
transitivos diretos e indiretos: r) Preferir: é transitivo direto: Prefiro biscoitos.
Lembrei ao aluno o dia do teste. Transitivo direto e indireto, com a preposição a: Prefiro
vinho a leite.
l) Implicar: é transitivo direto quando significa “pressupor”, Cuidado, pois o verbo “preferir” não aceita palavras ou
“acarretar”. expressões de intensidade, nem do que ou que. Assim,
Seu estudo implicará aprovação. está errada a construção como “Prefiro mais vinho do que
Transitivo direto e indireto, com a preposição em, quando leite”.

73
s) Presidir: transitivo direto ou indireto: Observe a poesia, “Pronominais”, escrito por Oswald de
O chefe presidiu a cerimônia. O chefe presidiu à Andrade.
cerimônia. “Dê-me um cigarro
Diz a gramática
t) Querer: é transitivo direto, significando “desejar, ter Do professor e do aluno
intenção de, ordenar, fazer o favor de”: E do mulato sabido
Ele quer a verdade. Mas o bom negro e o bom branco
Transitivo indireto, significando “gostar, ter afeição a Da Nação Brasileira
alguém ou a alguma coisa”. É normal o advérbio “bem” Dizem todos os dias
ficar subentendido ou explícito. Assim, é exigida a Deixa disso camarada
preposição a: Me dá um cigarro.”

A mãe quer muito ao filho. (…quer bem ao filho) Na utilização prática da língua portuguesa, o uso dos
pronomes oblíquos é determinado pela boa sonoridade da
u) Responder: é transitivo direto, em relação à própria frase.
resposta dada. Você, dificilmente, ouvirá alguém dizer “Dê-me um
Responderam que estavam bem. cigarro”, pois, automaticamente, as pessoas dizem “Me dê a
Transitivo indireto, em relação à coisa ou pessoa que recebe um cigarro”. Isso ocorre porque o segundo exemplo soa
a resposta. melhor aos ouvidos de quem fala e de quem ouve.
Respondi ao telegrama.
Às vezes, aparece como transitivo direto e indireto: Uso da Próclise
Respondemos aos parentes que iríamos. A colocação pronominal Próclise é empregada quando tiver
palavras ou expressões negativas, conjunções
v) Visar: é transitivo direto quando significa “pôr o visto”, subordinativas, advérbio, pronomes relativos,
“rubricar”: demonstrativos ou indefinidos, frases interrogativas,
Ela visou as folhas. exclamativas ou optativas, verbo no gerúndio antecedido
Transitivo direto quando significa “mirar”: da preposição "em" ou formas verbais proparoxítonas.
Visavam um ponto na parede.
Transitivo indireto, com a preposição a, quando significa Palavras ou expressões negativas
“pretender”, “almejar”: Não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem ou de modo
Visava à felicidade de todos. algum...
Aqui não é aceito o pronome “lhe” como complemento, Exemplos:
empregando-se, assim, as formas “a ele” e “a ela”. • Nada me perturba.
Algumas gramáticas aceitam a regência deste verbo na • Não o quero aqui.
acepção de “pretender, almejar” como verbo transitivo • Nunca o vi assim.
direto, quando logo após houver um verbo no infinitivo:
“O programa visa facilitar o acesso ao ensino gratuito.” Quando empregada corretamente à colocação
pronominal ajuda a harmonizar o texto, evitando
1.16 Padrões gerais de colocação pronominal no ambiguidades
português. • Eu não vi ela hoje.

Colocação pronominal é a parte da gramática que cuida do No uso informal da língua portuguesa, a ambiguidade é vista
emprego correto dos pronomes oblíquos átonos nas frases. com frequência. Contudo, assim como qualquer vício de
Normalmente a colocação pronominal não é empegada de linguagem, deve ser evitada em momentos formais,
forma correta na linguagem verbal, mas algumas normas sobretudo pelo som desagradável que pode ser reproduzido -
devem ser obedecidas, principalmente, na linguagem escrita. cacofonia.

Na colocação pronominal os pronomes oblíquos A palavra “ela”, no exemplo acima, exerce a função de
átonos podem ocupar três posições: antes do verbo, no meio complemento. Dessa forma, a frase correta é: "Eu não a vi
do verbo e depois do verbo. hoje”.
Próclise – Na colocação pronominal Próclise o pronome
aparece antes do verbo. Orações com conjunções subordinativas
Mesóclise - Na colocação pronominal Mesóclise o pronome Quando, se, porque, qual, conforme, embora ou logo que...
aparece no meio do verbo. Exemplos
Ênclise - Na colocação pronominal Ênclise o pronome • Quando se trata de falar em inglês ele é um expert.
aparece depois do verbo. • Embora se sentisse melhor, saiu.

74
• Conforme lhe disse, hoje vou sair mais cedo. Uso da Ênclise
Na Ênclise a colocação pronominal é usada após verbo
Advérbios quando atraída pelas seguintes situações:
Verbos antecedidos por advérbios ou expressões adverbiais Quando o verbo começa uma oração
Sempre, mais, menos, já... Exemplos:
Exemplos: • Diga-me o que pensas sobre o resultado.
• Aqui se tem. • Vou-me embora agora mesmo.
• Ontem me disseram que havia greve hoje. • Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
• Agora, descansa-se. • Acordei e surpreendi-me com o café da manhã.
• Talvez a jovem se decida ainda hoje.
Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal
Atenção! Caso exista verbo após advérbio, ele deixa de Exemplos:
atrair o pronome. • Quero convidar-te para o meu aniversário.
• Não era minha intenção machucar-te.
Pronomes Relativos, Demonstrativos e Indefinidos • Gostaria de pentear-te a minha maneira.
Cujo, o qual, que, onde... • O seu maior sonho é casar-se.
Exemplos: Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo
• A pessoa que me ligou era minha colega. (relativo) Exemplos:
• Isso me traz alegria. (demonstrativo) • Sigam-me, por favor.
• Alguém me ligou? (indefinido) • Quando eu avisar, silenciem-se todos.
• Depois de terminar, chamem-nos.
Em frases interrogativas • Para começar, joguem-lhes a bola!
Quanto, qual, como, quando...
Exemplos: Quando o verbo estiver no gerúndio
• Quanto cobrará pelo jantar? Exemplos:
• Quem nos explicará as regras? • A menina desatenta argumentou fazendo-se de boba.
• Quando te deram a notícia? • Vive a vida encantando-me com as suas surpresas.
• Quem te presenteou? • Faço sempre bolos diferentes experimentando-lhes
ingredientes novos.
Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem • Recusou a proposta fazendo-se de desentendida.
desejo)
Exemplos: Colocação pronominal nas locuções verbais
• Deus nos dê forças. A colocação pronominal em locuções verbais pode ser
• Oxalá me dês a boa notícia. diferente se o verbo principal estiver no particípio ou no
• Deus o proteja sempre! gerúndio e infinitivo.
• Macacos me mordam!
Verbo principal no gerúndio ou no infinitivo
Verbo no gerúndio antecedido da preposição Se não existir palavra atrativa que exija a próclise, o
Exemplos: pronome oblíquo pode ser empregado depois do verbo
• Em se plantando tudo dá. principal ou após o verbo auxiliar.
• Recusou a proposta fazendo-se de desentendida. • Quero ver-te hoje.
• Em se tratando de confusão, ele está presente. • Quero-te ver hoje.
• Em se decidindo pelo churrasco, eu trato da carne.
Se não tiver palavra atrativa que exija a próclise, o pronome
Uso da Mesóclise oblíquo pode ser empregado antes da locução verbal ou
A colocação pronominal Mesóclise acontece quando depois da locução verbal.
o verbo está sendo flexionado no futuro do presente ou no • Não te quero ver hoje.
futuro do pretérito, mas sem palavra atrativa. • Não quero ver-te hoje.

Futuro do presente Verbo principal no particípio


Assim que oportuno, contar-lhe-ei detalhes da cerimônia. Se não tiver palavra atrativa que exija a próclise, o pronome
oblíquo deverá usado depois do verbo auxiliar, nunca após o
Futuro do pretérito verbo principal no particípio.
A inovação do setor ajudar-nos-ia significativamente. • Tinham-me dito que você não era de confiança.
• Eu tinha-lhe falado sobre esse assunto.

75
⇒ Estilística fônica;
Se não tiver palavra atrativa que exija a próclise, o pronome ⇒ Estilística morfológica;
oblíquo deve ser empregado antes da locução verbal. ⇒ Estilística sintática;
• Já me tinham dito que você não era de confiança. ⇒ Estilística semântica.
• Eu não lhe tinha falado sobre esse assunto.
Para auxiliar na organização das palavras, tanto na
Pronomes oblíquos átonos linguagem escrita como na linguagem oral, a Estilística
Os pronomes oblíquos átonos são aqueles que não são ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando
precedidos de preposição. Eles têm a acentuação tônica assim a conceitualização e os diversos usos das figuras,
fraca. vícios e funções de linguagem. A partir da leitura de
Exemplo: nossos artigos, você poderá entender quão importante é a
• Ele me deu um à chave do carro. Estilística, um recurso amplamente utilizado em diversos
gêneros, especialmente na linguagem poética e na
Veja a seguir quais são os pronomes oblíquos átonos: linguagem publicitária.
1ª pessoa do singular (eu): me
2ª pessoa do singular (tu): te Figuras de linguagem
3ª pessoa do singular (ele, ela): se, o, a, lhe Classificação
1ª pessoa do plural (nós): nos As figuras de linguagem podem ser classificadas em quatro
2ª pessoa do plural (vós): vos grandes grupos, e a divisão se dá em relação a aspectos
3ª pessoa do plural (eles, elas): se, os, as, lhes fonológicos, semânticos ou sintáticos das palavras em que o
recurso foi utilizado. Elas podem ser figuras de som, de
Atenção! palavra, de pensamento ou de construção.
- O pronome oblíquo átono "lhe" não tem a forma contraída.
Por acompanhar diretamente uma preposição, o pronome Figuras de som
oblíquo átono "lhe" sempre se apresenta na função de objeto Conhecidas também como figuras de harmonia, estão
indireto da oração. intimamente relacionadas à fonologia. A sonoridade das
- Os pronomes me, te, se, nos e vos podem ser objetos palavras, sílabas ou fonemas são usadas de uma forma
diretos ou objetos indiretos. peculiar para criar um sentido expressivo único, seja
- Os pronomes o, a, os e as exercem exclusivamente a construindo um ritmo na frase, imitando sons de animais ou
função de objetos diretos. máquinas, ou ainda relacionando palavras com sonoridade
parecida. São figuras de som:
1.17 Estilística: figuras de linguagem
A Estilística é a parte dos estudos da linguagem que, como • Aliteração – Repetição da mesma consoante
o próprio nome denota, preocupa-se com o estilo. Nela, a ou de outra que tenha som parecido.
linguagem pode ser utilizada para fins estéticos, Exemplo: “Três tigres tristes comeram três
conferindo à palavra dados emotivos. pratos de trigo”
• Assonância – Repetição de uma mesma vogal,
A linguagem afetiva é representada por esse importante recurso bastante usado em versos.
recurso, no qual podemos observar os processos de Exemplo: “Pólo sul, meu azul / Luz do
manipulação da linguagem utilizados para extrapolar a sentimento nu” (Djavan – Linha do Equador)
mera função de informar. Na Estilística há um interessante • Paronomásia – Repetição de sons
contraste entre o emocional e o intelectivo, estabelecendo semelhantes em diferentes palavras.
uma relação de complementaridade entre seu estudo e o Exemplo: “Berro pelo aterro, pelo
estudo da Gramática, que aborda a linguagem de uma desterro/Berro por seu berro, pelo seu erro”
maneira mais normativa e sistematizada. (Caetano Veloso – Qualquer Coisa)
• Onomatopeia – Conjunto de sílabas ou letras
Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de que reproduzem um som natural ou produzido.
deformação da norma linguística, o que não é Exemplos: CABUM! (Explosão) Tic Tac
necessariamente uma verdade, visto que existe uma (Ponteiros de relógio)
grande diferença entre traço estilístico e erro gramatical.
O traço estilístico acontece quando há uma intenção Figuras de Palavra
estético-expressiva que justifique o desvio da norma Às vezes é possível usar uma palavra ou expressão com o
gramatical. Já o erro gramatical não apresenta uma significado de uma outra. Este empréstimo de significado
intenção estética, pois configura-se apenas como um torna-se possível devido a alguma semelhança existente
desconhecimento das regras. entre os dois termos, que é reforçada pela figura de
linguagem, produzindo uma sentença mais expressiva.
Existem, pois, os seguintes campos da Estilística: • Comparação – Aproximação do significado

76
de dois ou mais elementos com uso de termos • Hipérbole – Exagero explícito de uma ideia.
comparativos: “como” , “assim como”, “tal Exemplo: Já te dei um milhão de motivos.
que”, “que nem”, entre outros. • Ironia – Ocorre quando as palavras e o sentido
Exemplo: Linda como uma flor. que elas querem expressar se contradizem.
• Metáfora – Substituição de um termo por Normalmente isso acontece de forma
outro devido a uma semelhança subjetiva entre depreciativa ou sarcástica.
os dois. Exemplo: Que coisa linda vocês dois
Exemplo: Mário é uma porta! Nunca vi tanta brigando!
estupidez. • Prosopopeia: Personificação, animação ou
• Metonímia – Substituição de um termo por humanização de um objeto inanimado ou
outro devido a uma semelhança ou relação real imaginário.
entre os dois. Exemplo: A cama está me chamando.
Exemplo: Ele leu Ariano Suassuna todo! (A • Perífrase – Uso de termos que se relacionam a
obra de Ariano Suassuna) um objeto, situação ou local que não de tal
• Sinédoque – Substituições de termos havendo forma que conseguem substituir o próprio
uma ampliação ou diminuição do sentido nome daquilo a que se refere a sentença.
relacionado com a quantidade. Exemplo: Eu nasci no país do futebol (Brasil).
Exemplo: O baiano é preguiçoso (Os baianos/
As pessoas da Bahia) Figuras de Construção
• Catacrese – Metáforas que já se tornaram São as figuras de linguagem ligadas à estrutura da frase,
habituais. também conhecidas como figuras de criação. Se relacionam
Exemplos: Perna da mesa; Cabeça de alho. com a parte sintática da frase. Omissões, repetições e
• Sinestesia – Combinação de sensações físicas alterações nas ordens e concordâncias das frases são as
(tato, audição, paladar, visão, olfato) na características das figuras de linguagem deste tipo. A
mesma expressão. mudança da estrutura sintática que corresponde à norma
Exemplo: Sua voz era áspera e azeda. culta é o resumo das figuras de sintaxe.
• Antonomásia – Reconhecimento de uma
pessoa por uma característica ou fato. • Assíndeto – Ocorre quando há uma sequência
Conhecido como apelido. de termos separados por vírgulas, e inclusive
Exemplo: O poeta dos escravos era um bom os possíveis conectivos são substituídos por
poeta. (Castro Alves) ela.
Exemplo: Cheguei, pedi, paguei, bebi tudo o
Figuras de Pensamento que pude.
As figuras de pensamento também estão relacionadas à • Elipse – Omissão de um termo ou oração
estrutura semântica da palavra, e são utilizadas para causar facilmente identificável.
impacto ou contradição no receptor da mensagem. Exemplo: (Ele) Falou besteira, estava
Caracterizam-se pela aproximação de termos opostos, nervoso,(de) cabeça quente.
repetição de uma ideia em diferentes palavras e a utilização • Zeugma – Omissão de um termo que seria
estratégica de palavras para representar uma ideia contrária. repetido.
Exemplo: Atravessei o oceano e o deserto
• Antítese – Aproximação de palavras ou também. (omissão de “atravessei”)
expressões com significados opostos. • Anáfora – Repetição proposital de um termo
Exemplos: Adoro o verão, detesto o inverno. ou expressão no início de uma frase ou verso.
• Apóstrofe – Invocação de uma entidade ou Exemplo: Fui à cidade grande. Fui a lugares
pessoa, presente ou não, utilizando vocativo. jamais vistos.
Exemplo: Pai! Apareça para mim! • Pleonasmo – Repetição de uma mesma ideia.
• Paradoxo – Ou oximoro é a fusão de dois Redundância.
termos ou expressões excludentes Exemplos: Subir para cima. Ver com os olhos.
relacionando-se ao mesmo termo. • Polissíndeto – Repetição proposital e enfática
Exemplo: Escute o som do silêncio. de conjunções.
• Eufemismo – Emprego de uma palavra para Exemplo – Olho e pé e mão e cabelo e unhas e
amenizar algo penoso, desagradável etc. dentes.
Exemplo: Ele está no sono eterno. (Morto) • Anástrofe – Inversão simples de palavras
• Gradação – Sequência de expressões ou vizinhas.
palavras que intensificam uma única ideia. Exemplo: Desesperado estou, futuro não vejo.
Exemplo: Maior, menor, mediano, não me (Estou desesperado, não vejo futuro)
importo com o tamanho.

77
• Hipérbato – Inversão completa de elementos original comportamento irracional de um homem.
da frase. As frases reescritas devem manter a informação essencial do
Exemplo: Contra a correnteza, os salmões texto utilizando vocabulários e expressões do texto original
nadam. (Os salmões nadam contra a e a ordem das palavras para que o texto mantenha seu
correnteza) sentido. Deve-se prestar a atenção na ordem das palavras
• Sínquise – Inversão exagerada de elementos para que o texto não mude de sentido.
da frase.
Exemplo: A ponte se estende pelo vale, de Devemos também prestar atenção no tempo verbal. Muitos
madeira. de vocês não sabem o que fazer quando encontram uma
• Hipálage – Atribuição de um adjetivo questão com os tradicionais comandos “sem prejuízo da
relacionado a um objeto atribuído a outro em correção gramatical […]” ou “mantendo-se o sentido
uma mesma frase. original do texto e a correção gramatical […]”, não é
Exemplo: As espadas cansadas dos soldados. verdade?! O que sempre ouvimos de vocês é que nunca
(na verdade, são os soldados que estão conseguem saber o que a banca realmente quer que seja
cansados) analisado em questões que exigem algum tipo de
• Anacoluto – Interrupção da estrutura sintática substituição/equivalência de estruturas. Mas eu tenho
de uma oração seguida de outra expressão certeza de que depois da leitura deste artigo e de aplicar
complementar. todas as dicas dadas aqui na resolução de questões, você não
Exemplo – Esta televisão, sempre que chego, terá mais problemas para encarar questões desse tipo.
está ligada.
• Silepse – Concordância ideológica. As A maior dificuldade está na interpretação do que está sendo
palavras concordam com suas ideias, e não pedido no comando de questão em que há propostas de
com gênero e número expressos. reescritura de frases ou de trechos delas. Há questões que
Exemplo: São paulo é linda. (São paulo = A pedem para que seja analisada a manutenção da correção
cidade de) gramatical; outras pedem para que se analise a manutenção
do sentido original do texto; e há ainda aquelas que pedem
1.18 Reescrita de frases: substituição, deslocamento, para analisar a coerência. Na maior parte das questões, o que
paralelismo encontramos é um conjugado de dois desses tópicos:
Cuidado com esse assunto, pois uma falta de atenção à gramática e sentido, sentido e coerência, gramática e
língua culta pode transformar uma simples ideia em uma coerência.
tragédia linguística. Para fazer uma reescrita de frases e
parágrafos de um texto, devemos ter muita atenção na E é nessa hora que surgem muitas dúvidas: o que a Banca
gramática, ou seja, nos erros de pontuação, concordância quer de mim? O que eu preciso analisar em uma questão
verbal e nominal, regência verbal e nominal, o uso da crase como essa? Erro gramatical implica incoerência? Mudança
e a colocação pronominal. Uma troca de posição da vírgula, de sentido implica erro gramatical? Fiquem calmos! Vamos
por exemplo, pode alterar o sentido da frase Esse assunto até esclarecer todos esses pontos para vocês.
parece simplório, mas é muito relevante e necessita prestar
muita atenção para não cometer erros grotescos. Reescrever Antes de qualquer coisa, ‘sentido’ e ‘coerência’ NÃO são
uma frase ou um texto não é tão simples como se pensa. palavras sinônimas! Portanto, cada uma te orientará para um
Muitos cometem gafes horrendas, por exemplo, uma simples tipo de análise.
vírgula pode mudar totalmente o sentido de um contexto.
Veja esse exemplo simples: Mudança de sentido não resulta necessariamente em um
texto incoerente; pode haver mudança de sentido e o texto
O CAVALO, DE SEU PAI, MORREU. continuar coerente. Então, o que seria mudança de sentido?
Se no texto original há uma relação lógica de adição (ex.:Os
Caso eu não coloque esses duas vírgulas, o cavalo a que se alunos estudaram e não jogaram bola), e na proposta de
refere passa a ser o pai, transformando a reescrita dessa frase substituição feita no enunciado a relação estabelecida é de
totalmente desproporcional à ideia anterior, que era informar oposição (ex.: Os alunos estudaram, mas não jogaram bola),
que esse animal havia sido morto e não uma forma de podemos dizer que aí houve mudança de sentido, mas o
metaforizar o comportamento irracional de um homem. texto continua coerente. Em questões que pedem a análise
de sentido, você precisa ficar atento a quatro pontos:
As frases reescritas devem
• uso de palavras sinônimas
• respeitar as sequências de ideias; • relação de sentido estabelecida pelos conectivos
• não omitir informação essencial; (preposições e conjunções)
• não expressar opinião; • tempo e modo verbais (mudança de tempo e modo
• utilizar vocabulário e expressões diferentes das do texto geralmente altera o sentido original)

78
• orações adjetivas: mudança de uma restritiva para uma • Certo, eu vencerei esta partida.
explicativa (ou vice-versa) altera o sentido, mas • Certamente, eu vencerei esta partida.
normalmente mantém a correção gramatical. • Lerei este livro para meu filho.

A reescritura de frases por substituição Reescritura de frases por deslocamento


A Reescrita pode ser feita através de substituição de Deslocamento: permite que um elemento (ou vários) se
palavras ou de trechos de textos utilizando: desloque para outra parte do texto, alterando a ordem e
promovendo uma nova configuração.
Sinônimos, antônimos, locução verbal, verbos por
substantivos e vice-versa, voz verbal, conectivos de mesmo Esse tipo de cobrança em concurso é para observar que o
valor semântico: candidato /a está atento quanto o uso da vírgula, que faz toda
diferença em um contexto.
Sinônimos: palavras que possuem significados iguais ou
semelhantes Ex.: Como sabermos que um termo está deslocado? É somente
perceber em que ordem da frase está o sujeito. Se ele estiver
• Aquele carro está com problema deslocado, certamente terá de ser separado por vírgula.
• Aquele automóvel está com defeito
Exemplo: Saíram em estado de graça, aqueles candidatos, ao
Antônimos: palavras que possuem significados diferentes, cargo de psicólogo.
ou seja, significados opostos.
Ex.: O que é termo deslocado na oração?
• O homem estava bravo Quando se fala de termos deslocados, quer-se dizer que
• O sujeito não estava tranquilo Locução verbal: É a união alguns termos têm uma posição definida na sequência da
de verbos com a função de apenas um. Ex.: Vou ler este oração, que chamamos de ordem direta. Essa sequência é
livro para meu filho formada pelos seguintes termos: Sujeito + verbo +
complementos verbais + adjunto adverbial.
Verbo por substantivo e vice-versa: Você transforma uma
oração verbal em oração nominal ou viceversa. O mais famoso caso de deslocamento é o início de nosso
Caminhar = caminho Hino Nacional.
Resolver = resolução
Trabalhar = trabalho OUVIRAM DO IPIRANGA, AS MÁRGENS PLÁCIDAS
Estudar = estudos Por décadas professores afirmaram que era um sujeito
Beijar = beijo Exs. indeterminado, porém com o passar dos anos foi descoberto
que havia uma vírgula, deslocando, portanto o sujeito de seu
• O trabalho é essencial para a vida. predicado.
• Trabalhar é essencial para a vida.
• Voz verbal: A voz assumida pelo verbo indica se o sujeito Na ordem direta fica assim esse verso:
é agente ou paciente da ação.
AS MARGENS PLÁCIDAS OUVIRAM DO IPIRANGA....
Exs.: • Eu vi a mulher no supermercado.
A ordem direta – sujeito, verbo, complementos – é a
• A mulher foi vista por mim no supermercado.
preferida da clareza. Ela evita erros comuns ao ritmo
apressado do trabalho. Mas, volta e meia, a inversa tem a
Conectivos com mesmo valor semântico.
vez. A vírgula, então, entra em campo. Com um cuidado:
Os conectivos como conjunção, preposição e advérbio
mesmo deslocados, sujeito e objeto não se isolam: Maria
ajudam a dar sentido às orações.
comprou uma bolsa na liquidação (ordem direta). Comprou
Conectivos de adição: Além disso, ainda mais, também,
Maria uma bolsa na liquidação (ordem inversa). Uma bolsa
e…
Maria comprou na liquidação (ordem inversa).
Conectivos de certeza: Por certo, certamente, com
certeza…
Outros termos não gozam do privilégio. É o caso do adjunto
Conectivos de condição: Caso, eventualmente, se.
adverbial e da oração adverbial. O lugar deles é na rabeira.
Conectivos de conclusão: Em suma, em conclusão,
Observe:
enfim…
Conectivos de tempo: Enfim, logo, então, logo depois, logo
Ordem direta: O presidente se encontrou com o primeiro-
após…
ministro de Israel em Telavive.
Dentre outros conectivos.
Exs.: No campo sintático:
Ordem inversa: Em Telavive, o presidente se encontrou com

79
o primeiro ministro de Israel. O presidente se encontrou, em da empresa.
Telavive, com o primeiro-ministro de Israel. Constatamos que há uma ruptura de ordem morfológica,
evidenciada pela troca de um substantivo por um adjetivo,
Observação: É facultativo o emprego da vírgula se o adjunto ou seja, o termo “agressores” em detrimento a “agressões”.
adverbial tiver uma palavra: Aqui, fala-se português. Aqui Portanto, o discurso carece de uma reformulação,
se fala português. Ontem, visitei o Museu da República. evidenciada por:
Ontem visitei o Museu da República Sua saída se deve a mágoas, humilhações, ressentimentos e
a agressões por parte daqueles que tanto pretendiam ocupar
Visitei, ontem, o Museu da República. Visitei ontem o seu cargo dentro da empresa.
Museu da República.
No campo sintático:
Reescritura de frases por paralelismo A preservação do meio ambiente representa não só um
Antes de tudo, reflitamos sobre a estrutura de um texto: dever de cidadania e é para que o planeta sobreviva.
parágrafos devidamente organizados e interligados entre
si por meio de harmoniosa junção de elementos coesivos, Aqui, o correto seria utilizarmos a conjunção aditiva “mas
ideias dispostas em uma dada sequência lógica, de modo também” em vez do conectivo “e”, visto que o discurso
a formar um “todo” coerente. Eis alguns dos elementos revela a ideia de adição no que se refere às consequências
essenciais à perfeita compreensão de qualquer discurso. oriundas de tais ações. Assim, a mensagem se evidenciaria
da seguinte forma:
Contudo, há que se mencionar acerca de alguns entraves que
porventura tendem a surgir, implicando diretamente na falta A preservação do meio ambiente representa não só um dever
dessa perfeição. Para sermos mais precisos, voltemos nosso de cidadania, mas também contribui para que o planeta
foco para a última das considerações supracitadas, retratadas sobreviva.
por “ideias dispostas em uma dada sequência lógica, de
modo a formar um ‘todo’ coerente”. Esse todo deixa de ser No campo semântico:
coerente quando há a ruptura de similaridade entre os Há um trecho retirado da obra machadiana, retratado por:
elementos textuais. Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de
réis.
Ressaltemos, pois, as palavras de Othon M. Garcia
proferidas em sua Comunicação em Prosa Moderna, as quais Mesmo sabendo das reais intenções do autor, Machado de
ele revela sobre tal ruptura: Assis, detectamos uma quebra de sentido em relação ao
tempo, uma vez que para ironizar o interesse de Marcela, ele
“Se coordenação é, como vimos, um processo de introduz outra ideia, desta vez relacionada não mais à noção
encadeamento de valores sintáticos idênticos, é justo de tempo, mas à quantidade propriamente dita.
presumir que quaisquer elementos da frase – sejam orações,
sejam termos dela–, coordenados entre si, devam – em Baseados em tais conhecimentos, partamos para conferir
princípio, pelo menos – apresentar estrutura gramatical alguns casos representativos de paralelismo.
idêntica, pois –como, aliás, ensina a gramática de Chomsky
– não se podem coordenar frases que não comportem quanto mais...tanto mais.
constituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as ideias Atualmente, quanto mais nos qualificamos, (tanto) mais
similares devem corresponder forma verbal similar. Isso é o conseguimos uma boa colocação no mercado de trabalho.
que se costuma chamar paralelismo ou simetria de
construção”. Ambas as estruturas paralelísticas foram utilizadas no
sentido de indicar uma progressão entre os termos
Diante de tais pressupostos, podemos dizer que o constituintes.
paralelismo se caracteriza pelas relações de semelhança
entre palavras e expressões, materializadas por meio do seja... seja; quer...quer; ora...ora.
campo morfológico (quando as palavras pertencem a uma Cuide sempre de suas atitudes, seja em casa, seja no
mesma classe gramatical), sintático (quando as construções trabalho.
das frases ou orações são semelhantes) e semântico (quando
há correspondência de sentido). Quer queiras, quer não, terás de aproveitar essa
oportunidade.
De forma a constatá-los, analisemos os casos nos quais se
detecta a falta de paralelismo de ordem morfológica: Constatamos que o paralelismo se deveu à noção de
alternância (primeiro exemplo), como também à de posição
Sua saída se deve a mágoas, humilhações, ressentimentos e (segundo exemplo).
a agressores que tanto pretendiam ocupar seu cargo dentro

80
não... e não/nem.
Não conseguimos viajar nesse ano, nem no anterior. Regência verbal com a preposição adequada:
Tal recurso é utilizado na intenção de enfatizar uma • Ele nunca obedece ao pai.
sequência de ações negativas. • Nós assistimos ao jogo de futebol juntos.

por um lado..., por outro. Uso correto das várias pessoas gramaticais:
Se por um lado agradou aos convidados, por outro • Eu quero ir contigo. Tu vais a que horas?
desagradou à família. • Veja isso com atenção e depois diga se você
Constata-se que o emprego das estruturas paralelísticas foi entendeu tudo.
na intenção de estabelecer uma comparação, aludindo a
aspectos negativos e positivos mediante uma ação. Utilização de palavras sem estarem abreviadas ou
contraídas:
tanto...quanto. • está (e não tá);
A despedida é extremamente ruim, tanto para quem parte, • para (e não pra);
quanto para quem fica. Identificamos que as estruturas • você (e não cê).
introduzem tanto a ideia de adição quanto de equiparação ou

equivalência.
Saber escrever e falar de acordo com a norma culta de uma
língua é uma competência bastante valorizada no mercado
Tempos verbais.
de trabalho, uma vez que o domínio da norma culta
Se todos comparecessem, haveria mais cooperação.
possibilita ao indivíduo comunicar com precisão, eficiência
Se todos comparecerem, haverá mais cooperação.
e desenvoltura.
Inferimos que o emprego do pretérito imperfeito do
subjuntivo (comparecessem) se adéqua ao futuro do
Norma culta e norma-padrão
pretérito do indicativo (haveria), bem como o futuro do
Embora esses conceitos sejam próximos, sendo
subjuntivo se adéqua ao futuro do presente.
inclusivamente usados muitas vezes como sinônimos,
referem-se a normas distintas.
1.19 Norma culta
A norma culta se refere ao conjunto de padrões linguísticos
A norma-padrão pode ser entendida como a norma
usados habitualmente pela camada mais escolarizada da
gramatical, com base na gramática tradicional e normativa.
população. Define-se como a variação linguística utilizada
Atua como um modelo idealizado que visa a padronização
por pessoas que vivem em meios urbanos e que possuem
da língua escrita.
elevado nível de escolaridade, em situações formais e
A norma culta é a variação que mais se aproxima desse
monitoradas de comunicação falada ou escrita.
padrão.
Características da norma culta
Norma culta e variação linguística
• É usada em situações formais e monitoradas de
Na língua portuguesa existem diversas variações
comunicação;
linguísticas, fruto da existência de diferentes grupos sociais,
• Impõe a correção gramatical, que implica um uso com diferentes graus de escolarização, que apresentam
rigoroso das normas gramaticais; diferentes hábitos linguísticos. Isso resulta numa pluralidade
• É uma linguagem cuidada e elaborada, que de normas.
privilegia a utilização de estruturas sintáticas
complexas e de um vocabulário rico e De todas essas normas, a norma culta é tida como a mais
diversificado, com clara e correta pronúncia das conceituada, sendo vista como uma linguagem culta e
palavras; erudita, utilizada por um grupo de pessoas de elite,
• É o registro ensinado na escola, sendo considerado pertencentes à camada mais favorecida e escolarizada da
mais erudito e prestigiado. população.

O domínio da norma culta reflete-se, principalmente, na Como nem todas as variações linguísticas usufruem desse
modalidade escrita da língua, revelando um elevado grau de mesmo prestígio, muitas são vítimas de preconceito
rigor e correção gramatical, como o devido uso da linguístico, sendo consideradas menos cultas e até mesmo
pontuação, da acentuação, da colocação pronominal, da incorretas.
concordância e da regência, entre outros.
É essencial o entendimento e a aceitação de que todas as
Exemplos de uso da norma culta variedades linguísticas são fatores de enriquecimento e
Colocação pronominal em ênclise no início da oração: cultura, não devendo ser encaradas como erros ou desvios.
• Levante-se e vamos embora.
• Dá-me isso, por favor.

81
CADERNO DE QUESTÕES:
LÍNGUA PORTUGUESA Já o Estado de Direito é pautado por leis criadas e cumpridas
pelo próprio Estado. Um exemplo, segundo o professor, é o
Código Penal Brasileiro, um decreto-lei de 1940.

“Isso ocorre em uma ditadura militar, por exemplo, quando


o governante dispõe de instrumentos como o decreto-lei, por
meio do qual ele governa ainda que sem a aprovação do
Congresso Nacional.”

Origem do conceito

Questão 1: A ideia de democracia surgiu na Grécia antiga junto ao


Marque abaixo o item onde todas as palavras estão escritas conceito de cidadão ativo. “Foi quando surgiu a democracia
de forma CORRETA: direta. O cidadão ativo ateniense era aquele que poderia
a) Tragédia, empréstimo, arcabouço. exercer poderes políticos. Naquela época, eram apenas
b) Próximo, esfoço, estrupo. homens livres com posses, que se reuniam em praça pública
c) Cabide, retrospequitiva, análogo. e decidiam os rumos da cidade-estado”, explicou o
d) Barcaça, palhero, aeroporto. especialista.

Questão 2: (Disponível em:


Texto <http://www2.planalto.gov.br/mandatomicheltemer/acompa
nhe-planalto/noticias/2018/10/entenda-o-que-e-o-
Com a premissa de que todo o poder emana do povo estadodemocratico-de-direito> Acessado em: 13 de mar. de
prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira 2019 - com adaptações)
enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito.
Suas principais características são soberania popular; da
democracia representativa e participativa; um Estado Assinale a alternativa em que todas as palavras
Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que estão CORRETAMENTE grafadas.
emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos
direitos humanos. a) No correr de milênios, as formas de convivência humana
foram sendo modificadas, em decorrência de mútiplos
Como o nome sugere, a principal ideia da categoria é a fatores, entre os quais a percepção da necessidade de um
democracia. Esse conceito está explícito e explicado no governo do grupo social que definisse e implantasse formas
primeiro artigo da Constituição Federal de 1988. Está na de organização que fossem benéficas para todos os
Carta Magna: “Todo o poder emana do povo (isso significa componentes do grupo.
que vivemos em uma República), que o exerce por meio de b) Em decorrencia, acabaram sendo definidas as classes
representantes eleitos (esses são os termos de uma sociais privilegiadas, e as necessidades e os objetivos
democracia indireta, por meio das eleições de específicos das pessoas e dos segmentos sociais inferiores
vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores foram sendo postos em plano secundário.
e presidentes) ou diretamente, nos termos desta Constituição c) Chegou-se ao extremo de seu desprezo e sua denegassão
(este trecho estabelece que, no Brasil, também funciona a quando isso fosse considerado necessário ou conveniente
democracia direta, em que o povo é o responsável direto para os segmentos superiores.
pela tomada de decisões)”. d) Com o passar do tempo e a afirmação de lideranças
sociais, foi ocorrendo uma degradação dos princípios
Conceitos fundamentais que levaram à organização da convivência, e
os que assumiram o governo da sociedade foram colocando
Para entender o conceito, é necessário compreender o que seus interesses como prioritários.
significa “democrático”, segundo o professor e mestre em
direito constitucional Edgard Leite. Ele explica que essa Questão 3:
palavra por si só concentra todo o significado da expressão. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
É justamente por isso que um Estado de Direito é totalmente CORRETAMENTE grafadas, conforme o sentido que a
diferente do Estado Democrático de Direito. palavra desempenha na sentença.
a) A próstata é uma glândula que só o homem possue e que
“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis se localiza na parte baixa do abdômen.
são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a b) A taxa de incidência de câncer de próstata é maior nos
dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite. países desenvolvidos em comparação com os de mais.

82
c) Mas do que qualquer outro tipo, é considerado um
câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos Apesar de alguns cientistas argumentarem que tuitar pode
casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. ser mais difícil de resistir do que cigarros e álcool, o vício
d) Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, nas redes sociais não está incluído nos mais recentes
espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. manuais de diagnóstico de doenças de saúde mental.

Questão 4: As redes sociais estão mudando mais rápido do que os


Em conformidade com a norma-padrão, a lacuna da tira cientistas conseguem acompanhar, e por isso vários grupos
deve ser preenchida, CORRETAMENTE, com: estão tentando estudar comportamentos compulsivos
relacionados ao seu uso - por exemplo, cientistas holandeses
criaram sua própria escala para identificar um possível vício.

E se o vício em redes sociais realmente existe, seria um tipo


de vício em internet - e essa é uma doença já classificada.
Em 2011, Daria Kuss e Mark Griffiths da Universidade
Trent, de Nottingham (no Reino Unido), analisaram 43
estudos anteriores sobre o assunto e concluíram que o vício
em rede social é um problema de saúde mental que "pode"
exigir tratamento profissional.

- Ah! Estou vendo que o seu rádio também tem o selinho Eles descobriram que o uso excessivo resultava em
“MADE IN JAPAN”! problemas de relacionamentos, pior desempenho acadêmico
- _________ ‘também’? e menor participação em comunidades offline - além de
- Olha aqui, está vendo? “MADE IN JAPAN”. Minha apontar que os mais vulneráveis a se viciar em redes sociais
lanterna também é ‘MANDE IN JAPAN’. geralmente eram os dependentes de álcool, os mais
- O isqueiro do meu pai também, a máquina fotográfica, os introvertidos e aqueles que usam as redes sociais para
óculos, meus brinquedos a pilha... Tudo tem o selinho compensar menos laços na "vida real".
“MADE IN JAPAN”!
-? http://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-43205522
-É diferente! QUE SUSTO!
Assinale a opção em que as palavras são acentuadas pela
http://cachinhosleitores.blogspot.com/2013/01/um-ano- mesma regra:
novomafaldiano-
para-todos-nos.html. Acesso em 12 jan. 2019. a) Acadêmico, vício, não.
a) Por que. b) Álcool, diagnósticos, saúde.
b) Por quê. c) Fácil, está, é, rápido.
c) Porque. d) Rápido, acadêmico, álcool.
d) Porquê.
Questão 8:
Questão 5: TEXTO
Marque o item abaixo onde a palavra está acentuada de
forma INCORRETA: “O Fórum Mundial da Água ocorre a cada três anos e já
a) Pragmátismo. passou por Marrocos, Holanda, Japão, México, Turquia,
b) Café. França e Coréia do Sul. Foi criado em 1996 pelo Conselho
c) Tráfego. Mundial da Água para estabelecer compromissos políticos
d) Terapêutico. acerca dos recursos hídricos.”

Questão 6: https://g1.globo.com/distrito-federal/especialpublicitario/
Assinale a alternativa em que todas as palavras estão adasa/noticia/forum-mundial-abre-espaco-para-discussaoda-
grafadas CORRETAMENTE: agua-com-a-sociedade.ghtml
a) Vatapá – fênix – juiz.
b) Juízes – bóia – álgebra. Marque a alternativa CORRETA:
c) Album – foruns – táxi. a) Políticos e Coréia são acentuadas porque todas as
d) Biceps – aéreo – órgão. proparoxítonas são acentuadas.
b) México, Fórum e Japão são oxítonas.
Questão 7: c) Já, três e água são oxítonas.
Texto d) Políticos, México e hídricos são todas proparoxítonas.

83
302
Questão 9: 2699-charges-setembro-2018#foto-1611365192608381)
Marque o item onde só constam palavras derivadas: Acesso
a) Maresia, sol, infiel. em: 17/12/2018.
b) Pedreiro, vidraça, luzeiro.
c) Caiado, roubo, insuportável. A charge é um gênero textual que possui caráter humorístico
d) Maremoto, terremoto, terra. e crítico. Nesse sentido, quanto à classificação semântica das
palavras, há nessa charge:
Questão 10:
Assinale o item que apresenta um sinônimo para a palavra a) Uma homonímia entre os termos “Bolsa” e “bolso”.
sublinhada em "e esse é um dos fulcros do enredo". b) Uma paronímia entre o termo “Bolsa” nas duas falas.
c) Uma sinonímia entre os termos “Bolsa” e “bolso”.
a) Sulcos. d) Uma homonímia entre o termo “Bolsa” nas duas falas.
b) Vincos.
c) Suportes. Questão 13:
d) Legados. No meme da página pernambucana Bode Gaiato, ocorre um
efeito de linguagem articulado pela predicação do verbo
Questão 11: “esperar”. Marque a opção que traz a(s) afirmação(ões)
A palavra destacada em: “ADEMAIS, contribui para a verdadeira(s) a respeito do fenômeno.
conservação dos recursos naturais e dos ecossistemas,
dissociando crescimento econômico da degradação
ambiental.” traduz uma relação semântica de:
a) Concessão.
b) Conclusão.
c) Inclusão.
d) Oposição.

Questão 12:

NA ENTREVISTA DE EMPREGO...
- CITE UMA QUALIDADE SUA
- EU SOU UM CABRA QUE TÁ SEMPRE PENSANDO NO
FUTURO
- HUM, MUITO BOM! E O QUE O SENHOR ESPERA
DESSE EMPREGO?
- AS FÉRIAS.

I. O emprego do verbo esperar é metafórico.


II. O emprego do verbo esperar é literal.
-Preocupado com o “Bolsa”? III. O verbo esperar se realiza com duplo sentido, quais
-Preocupado com a Bolsa! sejam, “ter esperança, expectativa”, quando ocorre na fala
-Preocupado com o bolso... do entrevistador; e “aguardar”, quando ocorre
implicitamente na resposta do entrevistado, “férias”.
(https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/nova/161036817

84
a) Apenas a afirmação I é verdadeira. No trecho “o melhor é organizar uma entrevista coletiva, em
b) Apenas as afirmações II e III são verdadeiras. vez de chutar a primeira frase que vem à cabeça de
c) Apenas as afirmações I e III são verdadeiras. alguém acossado por microfones e celulares”, o melhor
d) Apenas a afirmação II é verdadeira. significado, no contexto, para acossado é:

Questão 14: a) Acolhido.


TEXTO I b) Incomodado.
c) Conveniente.
Transparência e gentileza d) Acostado.

Ana Maria Machado Questão 15:


Em “Venezuela e Brasil, ENFIM, juntos”. O termo
Viver numa democracia pressupõe respeitar as urnas, os destacado identifica uma circunstância de:
limites institucionais, o jogo de pesos e contrapesos entre os a) Modo.
poderes. A alternância no governo, que agora teremos, b) Finalidade.
configura uma troca de papéis e exige uma oposição que c) Causa.
fiscalize e proponha alternativas mas que saiba conviver d) Tempo.
com o desejo expresso da maioria. Hora de deixar para trás o
“nós contra eles”. Mesmo se, como disse Ciro Gomes em Questão 16:
relação ao PT, agora “eu sou o eles”. Ou, como se brincou QUE É PESQUISA EX-POST FACTO
por aí, tanto pediram #elenão que acabaram ganhando um
Helenão. Ficaram cicatrizes. Por isso, o diálogo requer A tradução literal da expressão ex-post facto é "a partir do
delicadeza. fato passado". Isso significa que neste tipo de pesquisa o
estudo foi realizado após a ocorrência de variações na
Esse quadro acentua a importância de se expressar, opinar, variável dependente no curso natural dos acontecimentos.
perguntar, ouvir, analisar, corrigir, sugerir. Tentar entender.
Abandonar melindres e a retórica de que a democracia corre O propósito básico desta pesquisa é o mesmo da pesquisa
risco se houver discordância. Admitir fatos. Reconhecer que experimental: verificar a existência de relações entre
a corrupção não foi invenção de juízes antipetistas. Que a variáveis. seu planejamento também ocorre de forma
nova matriz econômica de Dilma foi um desastre na ponta bastante semelhante. A diferença mais importante entre as
do lápis, não na má vontade da mídia. Que a ONU nunca duas modalidades está em que na pesquisa ex-post facto o
recomendou o registro da candidatura de Lula e que nosso pesquisador não dispõe de controle sobre a variável
Judiciário não desrespeitou essa pretensa determinação — independente, que constitui o fator presumível do fenômeno,
foi só a opinião avulsa de dois peritos de um comitê. porque ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer
neste tipo de pesquisa é identificar situações que se
Hora de baixar a fervura. Ir além das redes sociais. Nisso, a desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se
relação do governo com a mídia é fundamental. Convém ser estivessem submetidas a controles.
transparente. Não se pode barrar jornalistas em coletiva,
nem usar verba de publicidade para chantagem. Para evitar
curto-circuito em prejuízo do país, seria bom que o futuro Uma importante modalidade de pesquisa ex-post facto,
governo seguisse o exemplo recente de Sergio Moro. Se muito utilizada nas ciências da saúde, é a pesquisa caso-
todo mundo quer saber (e tem esse direito), o melhor é controle. Esta é baseada na comparação entre duas
organizar uma entrevista coletiva, em vez de chutar a amostras. A primeira é constituída por pessoas que
primeira frase que vem à cabeça de alguém acossado por apresentam determinada característica - casos - e a
microfones e celulares, entre jornalistas se acotovelando. segunda é selecionada de forma tal que seja análoga à
Que se destine um espaço para esse encontro. Que cada um primeira em relação a todas as características, exceto a
pergunte livremente e espere sua vez. Que o entrevistado que constitui objeto da pesquisa. Por exemplo, numa
responda com civilidade, desenvolva seu raciocínio, pese pesquisa para verificar a associação entre toxoplasmose e
suas palavras. debilidade mental, determinado número de crianças com
diagnóstico de debilidade mental é submetido a teste
Pode não alimentar a fogueira, mas é mais útil a todos. sorológico com o intuito de inferir se tiveram ou não
Precisamos disso. infecção prévia pelo Toxoplasma gondii. O mesmo exame é
realizado em igual número de crianças sem debilidade
O Globo, 26/11/2018 mental, do mesmo sexo e idade, que funcionam como
Texto disponível em: http://www.academia.org.br/artigos/ controle.
transparencia-e-gentileza. Acesso em: 4 de dez. de 2018.

85
mesma cojsa; nós sempre vemos apenas um lado dela. Isso
significa, que o lado do Wasp-76b que está
Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o permanentemente iluminado por sua estrela está sendo
delineamento ex-post facto não garante que suas “assado” pelo calor intenso.
conclusões relativas a relações do tipo causa-efeito sejam
totalmente seguras. O que geralmente se obtém nesta De fato, esse hemisfério deve ser tão quente que todas as
modalidade de delineamento é constatação da existência de nuvens são dispersadas, e todas as moléculas na atmosfera
relação entre variáveis. Por isso é que essa pesquisa muitas são quebradas em átomos individuais. A grande diferenca de
vezes é denominada correlacional. temperatura que isso produz entre as porções iluminadas e
escuras do Planeta provoca ventanias fortíssimas de até 18
Fonte: GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de mil km/h, segundo a equipe de Ehrenreich.
pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002, p . 49-50.
Usando o espetrógrafo Espresso, os cientistas detectaram um
Marque a opção que apresenta o valor semântico da oração padrão de ocorrência muito intensa de vaporização de ferro
destacada em "A primeira é constituída por pessoas que na fronteira entre o dia (porção iluminada) e noite (parte
apresentam determinada característica". escura) no Wasp-76b. Mas quando o grupo observou a
a) Restrição transição para a manhã, Os sinais da presença de ferro
b) Explicação. haviam desaparecido. “O que entendemos é que o ferro está
c) Explanação. condensando na parte da noite. Embora ainda esteja quente,
d) Coordenação. 1.400ºC, é suficientemente Trio para o ferro condensar
como “nuvens, como chuva, possivelmente gotas. Elas então
Questão 17: caem em camadas mais profundas da atmosfera que ainda
Wasp-76b: o exótico e inóspito planeta onde “chove não conseguimos acessar com nosso instrumento”, explica
ferro” Ehrenreich.

Astrônomos observaram um planeta distante onde O Wasp é um planeta menstro que é duas vezes maior que
provavelmente “chove ferro”, Parece um filme de ficção Júpiter. (...) Um dos cientistas da equipe de descoberta, Don
científica, mas é a natureza de um dos mundos mais Pollacco da Universidade Warwick, disse que era difícil
extremos que estamos descobrindo agora, Wasp-76b, como visualizar mundos tão exóticos. “Essa coisa orbita tão perto
é conhecido, orbita tão perto de sua estrela, que suas de sua estrela que está essencialmente dançando em sua
temperaturas durante o dia excedem 2.400ºC — calor atmosfera e sendo submetida a todos os tipos de pressões
suficiente para vaporizar metais. A período (sic) da noite do físicas que, para ser honesto, nós realmente não
planeta, por sua vez, é 1.000ºC mais frio, permitindo que entendemos”, disse à BBC News.
esses metais condensem e caiam como chuva.
Fonte: https://noticias.r7.com/tecnologia-e-cienciaAwasp-
É um ambiente bizarro, de acordo com David Ehrenreich, da 76b-o-exotico-e-inospito-planeta-onde-chove-ferro-
Universidade de Gênova. “Imagina que em vez de um 12032029
chuvisco de gotas de água, você tem gotas de ferro caindo”,
ele diz à BBC News. O pesquisador suíço e colegas acabam O trecho "Isso significa, que o lado do Wasp-76b que está
de publicar seus achados sobre esse lugar estranho no permanentemente iluminado por sua estrela está sendo
periódico Nature. "assado" pelo calor "intenso" apresenta uma inadequação
linguística evidente:
A equipe descreve como usou o novo instrumento Espresso,
um espetrógrafo concebido para procurar planetas do tipo a) Na forma como foi empregado um sinal de pontuação.
terrestre em torno de b) Na forma como um enunciado anterior é anaforicamente
estrelas do tipo solar. O equipamento foi usado no retomado.
Observatório Europeu do Sul, no Chile, do Telescópio c) Na forma como o nome próprio foi grafado.
Europeu Extremamente Grande, para pesquisar a d) Na forma como foram empregadas as aspas.
composição química do Wasp-76b em detalhe.
Questão 18:
O planeta, que está a 640 anos-luz de nós, ele está tão “O tumor de próstata geralmente é de crescimento lento,
próximo de sua estrela que demora só 43 horas para pode ficar silencioso por vários anos, antes de manifestar os
completar uma translação que é o movimento que faz em primeiros sintomas, que podem incluir; dificuldade de urinar
torno de sua estrela. Outro dos aspectos mais importantes do ou sangramento na urina.” Para tornar a frase correta quanto
planeta é que ele sempre apresenta a mesma face para a aos sinais de pontuação, seria necessário:
estrela — um comportamento que cientistas descrevem a) Inserir uma vírgula logo após a palavra PRÓSTATA, a
como rotação sincronizada. A Lua da Terra faz exatamente a fim de isolar o advérbio seguinte.

86
b) Substituir a vírgula localizada logo após a palavra d) Transitivo direto, indireto, direto-indireto.
ANOS pelo travessão.
c) Excluir a vírgula localizada logo após a palavra LENTO, Questão 22:
a fim de unir as orações. O verbo ASSISTIR possui mais de um sentido com
d) Substituir o sinal de ponto e vírgula pelo sinal de dois regências diferentes. Analise a charge abaixo e marque o
pontos após a palavra INCLUIR. item CORRETO.

Questão 19:
Assinale a única alternativa CORRETA quanto à pontuação.
a) Primeiro: adquira, sempre, produtos originais e exija
nota fiscal. Somente através do comércio legal, pode-se
buscar igualdade nas competições de mercado.
b) Verifique onde o produto foi fabricado; quanto mais
próximo de nossa casa, melhor. Ao comprar um produto
oriundo da economia local estamos ajudando a fortalecer
essas empresas e colaborando para o desenvolvimento da
região.
c) Opte por produtos oriundos da economia verde e avalie
adotar algumas de suas práticas. Produtos com o selo “fair
trade”, garantem que sua produção promoveu relações de
comércio mais justas e solidárias.
d) Redes ou cooperativas de consumidores facilitam o
acesso a produtos orgânicos com um preço acessível. E
feiras de troca mostram, ser possível, existirem relações
comerciais que não se baseiam em dinheiro. “O aluno não veio mais assistir aula...

Questão 20: (http://4.bp.blogspot.com/-de1BUYtevkE/T20AWc3ouI/


Assinale a única alternativa cuja sentença está inteiramente AAAAAAAAB4A/pr5uvnZ69b0/s1600/sujeito+unifesp.bm
CORRETA quanto à pontuação. p).
a) A Escola Superior de Guerra (ESG) inaugurou, nesta Acesso em 17/12/2018.
terça (22/01) o Centro de Capacitação em Aquisição de
Defesa (CCAD), no edifício Juarez Távora. Chefiado pelo
General de Brigada Mauro Guedes Ferreira Mosqueira a) O predicado é nominal.
Gomes, o Centro vinha sendo planejado desde junho de b) A frase está incorreta, pois deveria ter uma preposição
2018. “a”, afinal, o verbo assistir, no sentido de presenciar, é
b) “Vi uma mensagem do Estado-Maior Conjunto das transitivo indireto.
Forças Armadas que acho que cabe para o CCAD: ‘Juntos c) A frase está incorreta, pois o verbo é intransitivo, ou seja,
somos mais fortes’. A proposta do CCAD é essa: está no sentido de prestar assistência.
trabalharmos juntos pelo preparo e projetos das Forças e d) A oração apresenta um verbo de ligação.
pela gestão dos sistemas de defesa. É uma sinergia”,
explicou o general Mosqueira. Questão 23:
c) O Comandante da ESG, General de Exército Décio Luís Texto
Schons, ressaltou que a ideia de criação do Centro, veio do
General de Exército Joaquim Silva e Luna, quando ainda era Com a premissa de que todo o poder emana do povo
Secretário-Geral do Ministério da Defesa. prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira
d) Estiveram presentes na cerimônia de inauguração o enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito.
Subcomandante da Escola, Vice-Almirante Carlos Frederico Suas principais características são soberania popular; da
Carneiro Primo, o Assistente Militar do Exército na ESG, democracia representativa e participativa; um Estado
General de Brigada José Ricardo Vendramin Nunes oficiais Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que
generais, chefes de divisão e a equipe do CCAD. emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos
direitos humanos.
Questão 21:
Segundo Cunha e Cintra (2008), quanto à predicação, os Como o nome sugere, a principal ideia da categoria é a
verbos nocionais se dividem em: democracia. Esse conceito está explícito e explicado no
a) Intransitivos e transitivos. primeiro artigo da Constituição Federal de 1988. Está na
b) Apenas intransitivos. Carta Magna: “Todo o poder emana do povo (isso significa
c) Transitivo direto e indireto. que vivemos em uma República), que o exerce por meio de

87
representantes eleitos (esses são os termos de uma vontade da nação.
democracia indireta, por meio das eleições de
vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores Questão 24:
e presidentes) ou diretamente, nos termos desta Constituição O sinal indicativo de crase está CORRETAMENTE
(este trecho estabelece que, no Brasil, também funciona a empregado somente no item:
democracia direta, em que o povo é o responsável direto a) À medida que o tumor cresce, pode ocorrer dor na
pela tomada de decisões)”. coluna lombar, dor pélvica, presença de sangue na urina,
insuficiência renal, inchaço no saco escrotal e nas pernas.
Conceitos b) Portanto, com o crescimento do tumor, o jato de urina
fica mais fraco, à micção é feita em gotas ou em jatos (dois
Para entender o conceito, é necessário compreender o que tempos) e é preciso fazer força para manter o jato de urina.
significa “democrático”, segundo o professor e mestre em c) Outro sintoma muito comum é o aumento da frequência
direito constitucional Edgard Leite. Ele explica que essa urinária, sobretudo noturna, levando o paciente à acordar
palavra por si só concentra todo o significado da expressão. várias vezes para ir ao banheiro durante a noite.
É justamente por isso que um Estado de Direito é totalmente d) A próstata é uma glândula que envolve à porção inicial
diferente do Estado Democrático de Direito. da uretra, que é o canal da urina, está localizada em frente ao
reto (porção final do intestino grosso) e abaixo da bexiga.
“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis
são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a Questão 25:
dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite. O sinal indicativo da ocorrência de crase foi
CORRETAMENTE empregado somente no item:
Já o Estado de Direito é pautado por leis criadas e cumpridas a) A questão da produção “suja” ou poluidora vem sendo
pelo próprio Estado. Um exemplo, segundo o professor, é o tratada em políticas públicas desde os anos 60 e, a
Código Penal Brasileiro, um decreto-lei de 1940. Conferência de Estocolmo, em 1972, realizou um admirável
feito ao alertar às nações sobre os efeitos nefastos da
“Isso ocorre em uma ditadura militar, por exemplo, quando crescente poluição industrial e urbana.
o governante dispõe de instrumentos como o decreto-lei, por b) A questão do consumo, contudo, ficou negligenciada e
meio do qual ele governa ainda que sem a aprovação do só começou a ser tratada quando à literatura sociológica –
Congresso Nacional.” que enfoca os diversos estilos de vida – mostrou uma
tendência cultural que rapidamente se tornou global: o
Origem do conceito consumismo.
c) Enquanto o consumo é definido como a satisfação das
A ideia de democracia surgiu na Grécia antiga junto ao necessidades básicas (comer, vestir, morar, ter acesso à
conceito de cidadão ativo. “Foi quando surgiu a democracia saúde, ao lazer e à educação), o consumismo é uma
direta. O cidadão ativo ateniense era aquele que poderia distorção desse padrão.
exercer poderes políticos. Naquela época, eram apenas d) O primeiro grande alerta sobre a necessidade de se
homens livres com posses, que se reuniam em praça pública pensar o consumo em bases sustentáveis está expresso no
e decidiam os rumos da cidade-estado”, explicou o documento da Agenda 21 Global – espécie de roteiro para se
especialista. alcançar à sustentabilidade – debatido e divulgado durante e
após a Rio-92.
(Disponível em:
<http://www2.planalto.gov.br/mandatomicheltemer/acompa Questão 26:
nhe-planalto/noticias/2018/10/entenda-o-que-e-o- TEXTO II
estadodemocratico-de-direito> Acessado em: 13 de mar. de
2019 - com adaptações)

O sinal indicativo da ocorrência de crase está corretamente


empregado somente no item:

a) Um Estado Democrático de Direito se estabelece pela à


representação política.
b) Abrir mão de seu direito político, pode levar o povo à
tirania e ao sofrimento.
c) Poder popular não se refere à eleições, mas a - Letra A! Aonde você vai?
representatividade política. - À praia! Vou ver a crase.
d) Cabe aos representantes do povo exercerem à legítima - Este é o caminho do campo.

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- Ao campo eu não vou! A crase me quer à meia-noite, em últimos 35 anos no nordeste brasileiro.
frente à orla, para um bife à parmegiana, à luz da lua. b) Rios que antes eram perenes têm a sua vazão diminuída
- Às vezes as crases são muito exigentes! à margem perigosa, por falta de alimentação do seu lençol
freático, as barragens estão abaixo da sua capacidade de
https://tirasdidaticas.files.wordpress.com/2014/12/rato83_cr represamento, riachos, lagos e açudes secos, fazendo o
ase_pq1.jpg Acesso em 12 jan. 2019. bisonho retrato de uma paisagem esturricada, sem meios
efetivos de sobrevivência.
De acordo com as regras do uso do acento grave indicador c) Os rebanhos animais, essencialmente as espécies
de crase e tendo em consideração o contexto da tirinha, bovinas, estão morrendo por falta de pastagem no campo e
é CORRETO afirmar que: de água, sua magreza, tira a esperança à quem ver de perto o
estado desalentador de cada animal.
a) No quadrinho 4, há o uso da crase correto, pois é um d) É bastante comum urubus fazendo à festa em cima da
exemplo de locução adverbial formado por substantivo carniça de gado morto, ossadas que se espalham por todos
feminino. os cantos, deixando o pobre do morador, criador,
b) No quadrinho 2, não é adequado o uso da preposição “a” proprietário amargurado com o fracassado destino do seu
na expressão “ao campo”. rebanho.
c) No quadrinho 3, não deveria haver crase na expressão “a
parmegiana”, pois é uma palavra de origem italiana. Questão 29:
d) No quadrinho 1, a crase encontra-se inadequada, pois o Leia o Texto
verbo “ir” não rege a preposição “a”.
A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são,
Questão 27: mas que não são fáceis de explicar, quando alguém
pergunta.

Tradicionalmente, ela é entendida como um estudo ou uma


reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até
teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas.
Mas também chamamos de ética a própria vida, quando
conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode
ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria
PREVISÃO DA MODA realização de um tipo de comportamento.
- Durante ___ manhã, possibilidade de cardigãs em todas
____ regiões. Enquanto uma reflexão científica, que tipo de ciência seria a
- ____ tarde, gliter e babados sopram do oceano... ética? Tratando de normas de comportamentos, deveria
- ____ noite, em todo o estado, risco de bermudas leg e chamar-se uma ciência normativa. Tratando de costumes,
crocs com meias! pareceria uma ciência descritiva. Ou seria uma ciência de
tipo mais especulativo, que tratasse, por exemplo, da
Texto disponível em: questão fundamental da liberdade?
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiari
os/#24/11/2018. Que outra ciência estuda a liberdade humana, enquanto tal, e
Acesso em: 4 de dez. de 2018. em suas realizações práticas? Onde se situa o estudo que
pergunta se existe a liberdade? E como ela deveria ser
Preenchem corretamente as lacunas das frases acima, na definida teoricamente, e como deveria ser vivida,
ordem dada: praticamente? Ora, ligado ao problema da liberdade, aparece
sempre o problema do bem e do mal, e o problema da
a) À – às – à – à. consciência moral e da lei, e vários outros problemas deste
b) A – as – à – à. tipo.
c) À – às – a – a.
d) A – as – a – à. Didaticamente, costuma-se separar os problemas teóricos da
ética em dois campos: num, os problemas gerais e
Questão 28: fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e
O sinal indicativo de crase está corretamente empregado outros); e, no segundo, os problemas específicos, de
somente no item: aplicação concreta, como os problemas da ética profissional,
a) Quem desejar fazer uma viagem no tempo, querendo da ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de
conhecer de perto à triste realidade do semiárido nordestino bioética etc. É um procedimento didático ou acadêmico, pois
vai encontrar nos demais estados da região uma situação de na vida real eles não vêm assim separados.
penúria e miséria, provocada pela maior estiagem dos

89
VALLS, Á. L. M. O que é ética. São Paulo: ambientais dessa produção está ligada diretamente aos
Brasiliense, 2005, p. 7-8 (com adaptações). resíduos do processamento da matéria-prima do alumínio, a
bauxita.
O sinal indicativo de crase está CORRETAMENTE
empregado no item: Questão 32:
Quanto às regras de concordância nominal e verbal, o único
a) Um costume se estabelece, pouco à pouco, pela repetição item CORRETO é:
dos mesmos atos ou por tradição. a) Os diversos Estudos estão organizados por meio de
b) A sociedade não pode prescindir de uma reflexão Disciplinas, pelo critério de afinidade e coordenação dos
voltada à ética e à igualdade. assuntos e áreas de conhecimento.
c) Costumes não se referem à valores de “certo e errado”, b) A fase básica apresenta fundamentos e conceitos que
mas à comportamentos. servirá de fundamento para os estudos e atividades de alta
d) A postura ética deve guiar o servidor público em suas complexidade que se ocorrerá a seguir.
respostas à crises sociais c) A fase conjuntural aprofunda e integra conhecimentos
que vão possibilitar a efetivação de avaliações conjunturais e
Questão 30: a construção de cenário, nacional e internacional, elaborados
Assinale a alternativa em que foram plenamente respeitadas nesta fase.
as regras de concordância verbal e nominal. d) Durante esse período, são estabelecidos condições para
a) Estudos já tentaram demonstrar se alguns alimentos, que o estagiário complemente os conhecimentos iniciais por
vitaminas, suplementos antioxidantes ou mesmo fármacos meio de estudos de problemas conjunturais do Brasil.
seriam capaz de prevenir o câncer de próstata.
b) Dieta com alto teor de gordura animal, obesidade e Questão 33:
sedentarismo também podem estar associados a maiores Ocorre o infinitivo pessoal flexionado, corretamente, em:
chances de desenvolver câncer de próstata. a) Importa a todos colaborarem pela causa do bem.
c) As pesquisas mais importantes e sérias indicam o b) Estão dispostos a tentarem a vida em outro país.
envelhecimento como principais fatores de risco para a c) Eu alugaria uma casa para eles morarem sozinhos.
incidência de câncer de próstata na população. d) Estão propensos a concordarem.
d) O tratamento contra o câncer de próstata, como acontece
com outras moléstias, são baseadas em fatores e em Questão 34:
características individuais do paciente. Na tirinha abaixo, o uso da palavra "cara" indica:

Questão 31:
Assinale a alternativa em que as regras de concordância e de
regência foram adequadamente respeitadas.
a) Muitos produtos que consumimos estão relacionados,
direta ou indiretamente, a diversos impactos sociais,
econômicos e ambientais – positivos e negativos – que
afetam a vida de milhares de pessoas em muitos lugares.
Esses impactos se dão de diferentes maneiras; mas, muitas
O MUNDO DAS BACTÉRIAS
vezes, sequer percebemos!
- Estou tão sozinha... Vou me duplicar!
b) O alumínio, por exemplo, é base da nossa latinha de
- Oi! Você vem sempre aqui?
refrigerante, bicicleta ou dos diversos objetos metálicos que
- Que cara chato!
estão à nossa volta. Torna-se em mais uma das preocupações
- Vamos embora!!
e considerações a que devemos ter no momento de
consumir, utilizar e descartar os produtos que usamos.
a) Emprego de uma variedade incorreta da língua.
c) A cadeia produtiva do alumínio é responsável pelo
b) Emprego de uma variação social que não existe nos
maior gasto mundial de energia, sendo uma das indústrias
pontos urbanos.
mais poluente do planeta. Os problemas nesse setor estão
c) Emprego de um regionalismo característico da
basicamente relacionados com os impactos da mineração,
adolescência.
com o transporte da bauxita ao longo da Região Amazônica
d) Emprego de uma forma coloquial e normalmente aceita.
(pois é justamente no estado do Pará de onde se encontra a
maior concentração desse minério que dá origem ao
Questão 35:
alumínio) e com a geração de energia hidrelétrica.
Costumava ficar melancólico com o fim do ano. Sentia
d) Enfim, produzir alumínio é utilizar muita água e uma
como se perdesse da mão alguém. Passava o tempo igual a
grande quantidade de energia de maneira intensa e
perder pessoas, companhia, as coisas acumuladas. Mudei.
constante. Envolve retirar recursos da natureza e afetar o
meio ambiente. Justamente um dos principais impactos
Envelheço agora com frontalidade. A vida mede-se por

90
intensidade e nunca por extensão. Vazios vão tantos por aí, II- O narrador manifesta que a humanidade precede a
longos no tempo, e tão repletos podem estar os jovens, sobrevivência.
conscientes já do sentido inteiro das suas existências. Mudar
de ano não pode ser folia ou depressão de calendário, tem de III- O narrador crê que, na ordem do mundo atual, apenas os
ser sobretudo uma inspeção interna à distância que estamos torpes têm tido sucesso.
de cuidarmos da nossa autoestima. Nenhum ego ou soberba,
apenas autoestima, essa qualidade essencial para que nos Analisadas as assertivas, assinale a alternativa CORRETA:
sintamos justificados na agressão do real.
a) Apenas a afirmação II está correta.
Tudo conspira para que a atenção esteja na contingência de b) A afirmações I e II não estão corretas.
sobreviver, contudo, sobreviver é apenas a manutenção da c) Apenas a afirmação III está correta.
condição animal. A humanidade é uma ideia para depois da d) Nenhuma das afirmações está correta.
sobrevivência. Ela coloca-se para lá de comer, vestir, e) Todas as afirmações estão corretas.
habitar. Quando me bato pela Cultura, não é senão nesta
convicção profunda de que é ela que nos estrutura para o Questão 36:
projeto humano, que nos levanta da contingência do bicho e COMO SE PRODUZEM OS FONEMAS
nos elogia com o brio do conhecimento, da imaginação e da
criatividade. A corrente de ar que vem dos pulmões passa pela traqueia e
chega à sua parte superior que se chama laringe, conhecida
Sendo claro o sucesso dos torpes na ordem do Mundo, com vulgarmente como pomo de adão. Na laringe, a parte mais
a perda do complexo que os faz agora orgulhosos, nunca me valiosa e complexa do aparelho fonador, se acham,
pareceu mais urgente refletirmos acerca da importância da horizontalmente, duas membranas mucosas elásticas, à
Cultura, do mesmo modo como ponderamos o futuro da maneira de lábios: as cordas vocais, por cujo estreito
humanidade. A radicalização das convicções leva a uma intervalo denominado glote, a corrente de ar tem de passar
emotividade primária em que a frustração inventa o ódio. A para ganhar a faringe, e dai, ou totalmente pela boca
Cultura, por outro lado, nesse cômputo gigante do (fonemas orais), ou parte pela boca e parte pelas fossas
conhecimento e da imaginação, é uma disciplina de nasais (fonemas nasais), chegar à atmosfera. É esta corrente
ponderação e respeito. Serve para maturar o pensamento e o expiratória que, modificada pelos órgãos da fala, é
gesto. Serve para impedir o ódio, essa perturbação que é responsável pela produção dos fonemas.
absolutamente contrária ao imperativo da Humanidade,
assente na alteridade e no diverso. As diferenças que se notam entre vozes diversas dos sexos,
das idades e das pessoas baseiam-se em geral nas dimensões
À entrada de um novo ano, esperando que os espíritos se da laringe.
encontrem mais permeáveis à mudança, é o que escolho e
desejo: uma participação nessa construção pacífica, Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática
inteligente, do ideal humano. Um passo novamente em portuguesa. 37º ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
direção à compaixão, nunca por uma piedade arrogante e
moralista, mas por uma limpidez de raciocínio. Somos De acordo com as informações explícitas e implícitas no
votados ao coletivo, faremos maravilhas em coletivo, e contexto:
haveremos de sucumbir na atomização e no ódio. Usar-se a a) Não há fonemas produzidos pela boca.
compaixão é demonstrar-se a essencial inteligência. Aquela b) Há fonemas produzidos totalmente pela boca.
que opta por estar do lado da Humanidade ao invés de se c) Todos os fonemas são produzidos apenas pela boca.
render ao bicho que na História inteira procuramos educar. d) Há fonemas produzidos pela corrente de ar gerada na
traqueia.
Bom ano novo a todos. Muita coragem para amarem mais as
pessoas, começando talvez por se tornarem mais amáveis Questão 37:
também. O desafio que me faço. Texto para a questão.

(MÃE, Valter Hugo. Bom 2020. Disponível em: ( ... )


https://www.jn.pt/opiniao/valter-hugo-mae/bom-2020-
11658494.html) O sonho dos consumidores é tomarem-se agradáveis no
mercado das pessoas. Para isso, devem destacar-se da massa
Analise as assertivas abaixo: uniforme, usando tecnologias que o mercado consumidor
oferece. É uma estrutura que se retroalimenta. Na sociedade
I- O narrador conserva, ao longo dos anos, uma espécie de de produtores, as pessoas eram valorizadas pelo papel que
"depressão de calendário". desempenhavam e seu desempenho financeiro era um
prêmio para medir o valor e a dignidade delas segundo sua

91
produção. No novo modelo consmrnsta imediatista, o que Considerando-se os sentidos do texto, pode-
interessa é a capacidade de consumir, mesmo que não se AFIRMAR que:
haja grandes rendimentos. a) Apaixonar-se pelo outro seria uma consequência óbvia.
b) O eu-lírico se contenta com coisas simplórias.
A forma de planejar e organizar a vida na modernidade c) O eu-lírico não se contenta com as frivolidades do
líquida é antagônica à da modernidade sólida. As relações cotidiano.
devem ser estabelecidas a curto prazo, aproveitando as d) O compositor da canção é um homem comum.
chances que a vida oferece, abandonando as anteriores como
quem troca de roupa. Planejamentos para a vida todu Questão 39:
parecem ridículos, pois sacrificam os desejos momentüneos Mulher Maravilha (Zé Neto e Cristiano)
em vista de algo posterior no futuro.
Tem brinquedo espalhado pela casa toda
As estratégias de marketing que faziam parte do âmbito E as paredes rabiscadas com o giz de cera
econômico passam a atuar no âmbito existencial. Os Mudou de tal maneira
objetos de consumo e as vidas humanas adquirem Nossa vida já não é a mesma
equivalência. Isso porque o consumo oanha nova
significação na modernidade líquida, segundo Bauman. E o A gente já não dorme mais a noite inteira
processo no qual as vidas humanas se transfom1am em Na mesa tem dois copos e uma mamadeira
objetos de consumo, indo muito além da simples ideia de Mudou de tal maneira
compra e venda de mercadorias. Nossa vida já não é a mesma

( ... ) Tem um pinguinho de gente correndo na sala


Com o sorriso banguelo, eu não quero mais nada
(Extraído de: FELCZAK, Eliton Fernando. A modernidade
líquida e a vida humana transformada em objeto de Sabe aquele amor que se multiplica?
consumo. Disponível em: Quem nunca sonhou ter isso na vida?
<<https://www.vidapastoral.com.br/artigos/atualidad e/a- Ser herói de alguém e, melhor ainda
modemidade-liguida-e-a-vida-humanatransfonnada- em- Ter do lado a Mulher Maravilha
objeto-de-consumo/>>. Acesso em: 16 maio 2020.
O texto traz como conteúdo principal:
Considerando as informações explícitas no cotexto, é
lícito AFIRMAR: a) Um cachorrinho que vive correndo pela casa.
a) Tudo na vida líquida moderna é efêmero e irrisório. b) Tem muito brinquedo espalhado e que é impossível
b) A vida líquida moderna é um reflexo das relações viver assim.
econômicas das sociedades antigas. c) O problema de não dormir direito a noite.
c) Consumismo e capitalismo estão relacionados, mas não d) A alegria de ter um filho, que ainda é bem pequeno.
pressupostos.
d) A modernidade líquida se sintetiza em um consumismo Questão 40:
de produtos. Mulher Maravilha (Zé Neto e Cristiano)

Questão 38: Tem brinquedo espalhado pela casa toda


Texto para a questão. E as paredes rabiscadas com o giz de cera
Mudou de tal maneira
( ... ) Nossa vida já não é a mesma
Quando chegou carta, abri.
Quando ouvi Salif Keita, dancei. A gente já não dorme mais a noite inteira
Quando o olho brilhou, entendi. Na mesa tem dois copos e uma mamadeira
Quando criei asas, voei. Mudou de tal maneira
Nossa vida já não é a mesma
Quando me chamou, eu vim.
Quando dei por mim, tava aqui. Tem um pinguinho de gente correndo na sala
Quando lhe achei, me perdi. Com o sorriso banguelo, eu não quero mais nada
Quando vi você, me apaixonei.
( ... ) Sabe aquele amor que se multiplica?
Quem nunca sonhou ter isso na vida?
(À PRIMEIRA VISTA. Composítor: Chico César) Ser herói de alguém e, melhor ainda
Ter do lado a Mulher Maravilha

92
A ideia de democracia surgiu na Grécia antiga junto ao
A palavra pinguinho foi empregada no texto no sentido de: conceito de cidadão ativo. “Foi quando surgiu a democracia
direta. O cidadão ativo ateniense era aquele que poderia
a) Se referindo ao tamanho da criança. exercer poderes políticos. Naquela época, eram apenas
b) Um pingo de algum líquido escorrendo pela sala. homens livres com posses, que se reuniam em praça pública
c) Coisa muito pequena espalhada pela casa. e decidiam os rumos da cidade-estado”, explicou o
d) Uma pequena mancha na roupa do bebê. especialista.

Questão 41: (Disponível em:


Texto <http://www2.planalto.gov.br/mandatomicheltemer/acompa
nhe-planalto/noticias/2018/10/entenda-o-que-e-o-
Com a premissa de que todo o poder emana do povo estadodemocratico-de-direito> Acessado em: 13 de mar. de
prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira 2019 - com adaptações)
enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito.
Suas principais características são soberania popular; da
democracia representativa e participativa; um Estado Conforme as ideias apresentadas no texto,
Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que é CORRETO afirmar que o Estado Democrático de Direito:
emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos
direitos humanos.
a) Restringe-se a uma reflexão filosófica sobre a atividade
Como o nome sugere, a principal ideia da categoria é a político-partidária.
democracia. Esse conceito está explícito e explicado no b) Iguala-se aos hábitos eleitorais aos quais a população
primeiro artigo da Constituição Federal de 1988. Está na está subordinada.
Carta Magna: “Todo o poder emana do povo (isso significa c) Pode ser entendido como o estado em que o povo exerce
que vivemos em uma República), que o exerce por meio de o poder.
representantes eleitos (esses são os termos de uma d) Refere uma prática política anacrônica oriunda da
democracia indireta, por meio das eleições de Grécia antiga.
vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores
e presidentes) ou diretamente, nos termos desta Constituição Questão 42:
(este trecho estabelece que, no Brasil, também funciona a Texto
democracia direta, em que o povo é o responsável direto
pela tomada de decisões)”. Com a premissa de que todo o poder emana do povo
prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira
Conceitos enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito.
Suas principais características são soberania popular; da
Para entender o conceito, é necessário compreender o que democracia representativa e participativa; um Estado
significa “democrático”, segundo o professor e mestre em Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que
direito constitucional Edgard Leite. Ele explica que essa emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos
palavra por si só concentra todo o significado da expressão. direitos humanos.
É justamente por isso que um Estado de Direito é totalmente
diferente do Estado Democrático de Direito. Como o nome sugere, a principal ideia da categoria é a
democracia. Esse conceito está explícito e explicado no
“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis primeiro artigo da Constituição Federal de 1988. Está na
são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a Carta Magna: “Todo o poder emana do povo (isso significa
dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite. que vivemos em uma República), que o exerce por meio de
representantes eleitos (esses são os termos de uma
Já o Estado de Direito é pautado por leis criadas e cumpridas democracia indireta, por meio das eleições de
pelo próprio Estado. Um exemplo, segundo o professor, é o vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores
Código Penal Brasileiro, um decreto-lei de 1940. e presidentes) ou diretamente, nos termos desta Constituição
(este trecho estabelece que, no Brasil, também funciona a
“Isso ocorre em uma ditadura militar, por exemplo, quando democracia direta, em que o povo é o responsável direto
o governante dispõe de instrumentos como o decreto-lei, por pela tomada de decisões)”.
meio do qual ele governa ainda que sem a aprovação do
Congresso Nacional.” Conceitos

Origem do conceito Para entender o conceito, é necessário compreender o que


significa “democrático”, segundo o professor e mestre em

93
direito constitucional Edgard Leite. Ele explica que essa humanos. Mas, como várias delas não deixaram registros
palavra por si só concentra todo o significado da expressão. escritos, as teorias sobre como aconteciam esses rituais são
É justamente por isso que um Estado de Direito é totalmente baseadas apenas nos relatos dos colonizadores. Agora,
diferente do Estado Democrático de Direito. vestígios físicos de um templo recém -descoberto no México
podem ajudar a solucionar esse mistério. A edificação foi
“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis construída em homenagem ao deus Xipe Tótec, o “Lord
são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a Esfolado”, a principal divindade a quem eram dedicados
dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite. esses sacrifícios.

Já o Estado de Direito é pautado por leis criadas e cumpridas Xipe Totec está entre as mais antigas divindades pré-
pelo próprio Estado. Um exemplo, segundo o professor, é o colombianas conhecidas. Acredita-se que ele tenha sido
Código Penal Brasileiro, um decreto-lei de 1940. adorado por muitas culturas antigas, incluindo os astecas.
Era venerado como o deus da primavera, do renascimento,
“Isso ocorre em uma ditadura militar, por exemplo, quando da libertação e da fertilidade. Apesar de Xipe Totec estar no
o governante dispõe de instrumentos como o decreto-lei, por cânone dos deuses pré-colombianos, é a primeira vez que
meio do qual ele governa ainda que sem a aprovação do arqueólogos encontram um templo inteiramente dedicado a
Congresso Nacional.” ele.

Origem do conceito A edificação tem 12 metros de largura por 3,5 de altura, foi
erguida entre os anos 1000 d.C e 1260 d.C., e está localizada
A ideia de democracia surgiu na Grécia antiga junto ao no sitio arqueológico de Ndachjian–Tehuacán, em Puebla,
conceito de cidadão ativo. “Foi quando surgiu a democracia no México. Os arqueólogos afirmam que a etnia Popolocas
direta. O cidadão ativo ateniense era aquele que poderia construiu o templo, mas pouco tempo depois foi dominada
exercer poderes políticos. Naquela época, eram apenas pelos astecas.
homens livres com posses, que se reuniam em praça pública
e decidiam os rumos da cidade-estado”, explicou o Os sacrifícios para Xipe Totec aconteciam durante um
especialista. festival conhecido como Tlacaxipehualiztli — que significa,
ao pé da letra, “esfolamento dos homens”. De acordo com
(Disponível em: um antigo mito, o deus estendia sua pele sobre a terra
<http://www2.planalto.gov.br/mandatomicheltemer/acompa durante a primavera, renovando o solo com nova vegetação.
nhe-planalto/noticias/2018/10/entenda-o-que-e-o-
estadodemocratico-de-direito> Acessado em: 13 de mar. de Por isso, no festival, tirava-se a pele de humanos em uma
2019 - com adaptações) cerimônia que simbolizava o renascimento, a fertilidade e a
alternância das estações.

Acerca dos propósitos, gerais ou específicos, https://super.abril.com.br/historia/templo-descoberto-


é CORRETO afirmar que o texto: nomexico- revela-como-
os-astecas-faziam-sacrificios-humanos/ Acesso em:
a) Propõe uma definição clara e objetiva do conceito de 07/01/2019.
povo.
b) Separa os campos da reflexão sobre política espelhando Com base nesse texto, assinale a alternativa FALSA.
a filosofia. a) Os sacrifícios para Xipe Totec aconteciam durante um
c) Esclarece o conceito de Estado Democrático de Direito festival que significa, ao pé da letra, “esfolamento dos
citando especialista. homens”.
d) Circunscreve o conceito de Estado Democrático ao viés b) Xipe Totec está entre as mais antigas divindades pré-
político-partidário. colombianas conhecidas.
c) De acordo com um antigo mito, o deus estendia sua pele
Questão 43: sobre a terra durante a primavera, renovando o solo com
nova vegetação.
Templo descoberto no México revela como os d) Muitas civilizações pré-colombianas fizeram sacrifícios
astecas faziam sacrifícios humanos humanos e todas deixaram registros escritos.

As execuções em nome do deus Xipe Totec aconteciam Questão 44:


durante um festival conhecido como Tlacaxipehualiztli que TEXTO II
significa "esfolamento dos homens”

Muitas civilizações pré-colombianas fizeram sacrifícios

94
A história em quadrinhos apresenta, de modo caricatural, a
religião. Com base na tirinha, analise as afirmativas a seguir.

I - Não há necessidades religiosas inerentes à existência


humana.
II - A religião não elimina o mal-estar do homem na
civilização.
III - A atitude religiosa possui uma função psíquica
importante para o desenvolvimento humano, independente
do credo ao qual o indivíduo adere.

Assinale:
a) Se somente a afirmativa I estiver correta.
b) Se somente a afirmativa II estiver correta.
- Papai Noel! Este ano eu queria... c) Se somente a afirmativa III estiver correta.
d) Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(...)
Questão 46:
-“...Só quero dizer obrigada!” TEXTO V

https://ola-comoestas.blogspot.com/2012/12/. Acesso em 14 www.sofiaeotto.com.br


jan. 2019. Acesso em 16 jan. 2019.

Na tirinha, há expressão de: -É impressionante como a tecnologia deixou várias


a) Gratidão. ferramentas obsoletas nos últimos anos!
b) Feição.
c) Satisfação. -Antigamente a gente gravava tudo em disquete, depois veio
d) Contente. o CD, o DVD e agora todo mundo usa pendrive! Que
moderno!
Questão 45:
TEXTO IV - É sério que ele ainda não usa a nuvem?

Segundo a tira:
a) A sociedade vem acompanhando simultaneamente as
tecnologias.
b) As pessoas não precisam aprender mais rápido.
c) A tecnologia está evoluindo mais rápido do que a
capacidade humana.
d) Rapidamente, todos deixam as ferramentas antigas e só
usam as novas.

Questão 47:
Observe a charge a seguir.

https://www.umsabadoqualquer.com/625-como-funciona/
Acesso em 12 jan. 2019.

-Deus, obrigado pelo meu sucesso.


- Oxalá, obrigado pelo meu sucesso.
- Ganesha, obrigado pelo meu sucesso.
- Já consegui realizar 254 sucessos hoje.
-Eu 198.
-234.

95
pareceria uma ciência descritiva. Ou seria uma ciência de
tipo mais especulativo, que tratasse, por exemplo, da
questão fundamental da liberdade?

Que outra ciência estuda a liberdade humana, enquanto tal, e


em suas realizações práticas? Onde se situa o estudo que
pergunta se existe a liberdade? E como ela deveria ser
definida teoricamente, e como deveria ser vivida,
praticamente? Ora, ligado ao problema da liberdade, aparece
sempre o problema do bem e do mal, e o problema da
consciência moral e da lei, e vários outros problemas deste
tipo.

Didaticamente, costuma-se separar os problemas teóricos da


ética em dois campos: num, os problemas gerais e
fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e
outros); e, no segundo, os problemas específicos, de
aplicação concreta, como os problemas da ética profissional,
da ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de
bioética etc. É um procedimento didático ou acadêmico, pois
na vida real eles não vêm assim separados.

VALLS, Á. L. M. O que é ética. São Paulo:


Brasiliense, 2005, p. 7-8 (com adaptações).
- Deus, você tá perdendo fiéis a cada dia! É importante a
gente se atualizar.
Quanto à relação entre o segundo e o terceiro parágrafos do
- Você, ao menos, possui wi-fi no céu?
texto, é CORRETO afirmar que:
-Wi... o quê?
-Cara, você tá muito ferrado com as próximas gerações.
a) O terceiro parágrafo especifica um dos tipos de reflexão
https://www.umsabadoqualquer.com/1669-o-novo-e-o-
sobre ética apontado no segundo.
velho-
b) Os parágrafos se complementam, um trata dos temas
2/attachment/2859/ Acesso em 06/01/2019.
fundamentais enquanto o outro trata de temas específicos.
c) O terceiro parágrafo exemplifica o tipo de
A charge é produzida com alusão:
comportamento apontado no segundo que pode ser
a) À interação não necessária nos dias atuais.
considerado ética.
b) À inevitável necessidade da internet.
d) O terceiro parágrafo contradiz o segundo, pois marca a
c) Ao desprestígio das igrejas em relação aos jovens.
ciência como o campo prioritário para a reflexão ética.
d) À depreciação das tecnologias de informação.
Questão 49:
Questão 48:
Texto para a questão.
Leia o Texto
( ... )
A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são,
mas que não são fáceis de explicar, quando alguém
O sonho dos consumidores é tomarem-se agradáveis no
pergunta.
mercado das pessoas. Para isso, devem destacar-se da massa
uniforme, usando tecnologias que o mercado consumidor
Tradicionalmente, ela é entendida como um estudo ou uma
oferece. É uma estrutura que se retroalimenta. Na sociedade
reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até
de produtores, as pessoas eram valorizadas pelo papel que
teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas.
desempenhavam e seu desempenho financeiro era um
Mas também chamamos de ética a própria vida, quando
prêmio para medir o valor e a dignidade delas segundo sua
conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode
produção. No novo modelo consmrnsta imediatista, o que
ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria
interessa é a capacidade de consumir, mesmo que não haja
realização de um tipo de comportamento.
grandes rendimentos.
Enquanto uma reflexão científica, que tipo de ciência seria a
A forma de planejar e organizar a vida na modernidade
ética? Tratando de normas de comportamentos, deveria
líquida é antagônica à da modernidade sólida. As relações
chamar-se uma ciência normativa. Tratando de costumes,

96
devem ser estabelecidas a curto prazo, aproveitando as exceção para eventos filantrópicos ou quando encarava o
chances que a vida oferece, abandonando as anteriores como canto de forma recreativa, antes de se profissionalizar. "O
quem troca de roupa. Planejamentos para a vida todu músico influencia diretamente o sucesso ou o fracasso de
parecem ridículos, pois sacrificam os desejos momentüneos um evento. Por que não remunerá-lo? A remuneração traz
em vista de algo posterior no futuro. dignidade ao profissional", defende.

As estratégias de marketing que faziam parte do âmbito Antes de tornar-se esteticista animal, Ana Magal foi
econômico passam a atuar no âmbito existencial. Os objetos jornalista, aos 33 anos. Trabalhou de graça por 14 meses
de consumo e as vidas humanas adquirem equivalência. Isso para um portal de notícias que propunha ajudar alunos de
porque o consumo oanha nova significação na modernidade comunicação a aprenderem o ofício "O dono vivia
líquida, segundo Bauman. E o processo no qual as vidas prometendo que conseguiria patrocínio para que fôssemos
humanas se transfom1am em objetos de consumo, indo remunerados, e nada. Comecei como repórter, depois passei
muito além da simples ideia de compra e venda de para editora assistente e quando saí, era diretora de
mercadorias. conteúdo. Nunca recebi um centavo". Apesar disso, Ana
reconhece que um estágio remunerado não teria a ajudado
( ... ) tanto. "Mas hoje não trabalharia mais de graça. Apesar de
ensinar, infelizmente não paga as contas. Depois de um ano
(Extraído de: FELCZAK, Eliton Fernando. A modernidade cheia de dívidas, aprendi que, se quiserem meu
líquida e a vida humana transformada em objeto de conhecimento, terão que pagar por ele", diz.
consumo. Disponível em:
<<https://www.vidapastoral.com.br/artigos/atualidad e/a- Na opinião do especialista em marketing pessoal Marcos
modemidade-liguida-e-a-vida-humanatransfonnada- em- Souza, as empresas valorizam muito candidatos que
objeto-de-consumo/>>. Acesso em: 16 maio 2020. trabalharam sem remuneração desde que para entidade sem
fins lucrativos. "O trabalho assistencial é bem visto, muito
valorizado e pode abrir portas para o jovem sem experiência.
"As estratégias de marketing que faziam parte do âmbito Ter feito um trabalho voluntário é um diferencial em
econômico passam a atuar no âmbito existencial". entrevistas de trabalho voluntário e diferencial em
entrevistas de emprego", acredita. Marcos condena, contudo,
o trabalho não remunerado para empresas com fins
O enunciado acima ganha nova redação, na qual se mantêm lucrativos, especialmente quando há uma relação de
a coerência básica, a clareza e a correção da linguagem, no subordinação, com chefia. "O profissional tem de se
seguinte caso: valorizar", diz. Mas a situação pode ser diferente quando se
a) Passa a operar, no domínio da existência, as estratégias trata de um trabalho freelancer ou um serviço paralelo. "Se
que faziam parte do domínio econômico. o profissional tiver experiência de um retorno, como fechar
b) Agora, operam no campo da existência as estratégias um contrato, obter clientes ou iniciar um projeto como
pertenciam ao campo da economia. empreendedor, aí pode valer a pena".
c) As táticas de marketing que faziam parte do âmbito
econômico, elas passam a agir no âmbito existencial. Há trabalhos não remunerados em que a troca é vantajosa
d) Agora, as estratégias que pertenciam ao âmbito para os dois lados, acredita o diretor presidente da Great
econômico, atuam no domínio da existência. group, especializada em consultoria e gestão empresarial,
Julio Amorim. É o caso de um palestrante que concorde em
Questão 50: se apresentar em uma empresa sem condições de pagar, mas
Aos 36 anos, Luís Delcides trabalhou por cinco meses para que o envento dê visibilidade e melhore o currículo do
um site e uma revista esportiva sem receber um centavo em profissional.
troca. "Pagava do meu bolso os custos do transporte e
almoço", conta. Depois, ajudou a lançar um jornal Um iniciante que passe temporada no Vale do Silício,
comunitário, também sem remuneração. Trabalhar de graça, bancando um estágio não remunerado em empresas de
para ele, não é se desvalorizar. "É um aprendizado. Ajudou a tecnologia, voltará com experiência internacional e isso
incrementar meu portifólio e apresento essas experiências pode gerar uma recompensa interessante, exemplifica. "Mas
para possíveis clientes". se o trabalho não trouxer resultado, não veio como boa
coisa". diz Amorim. Se trabalhar de graça para um empresa,
Com opinião oposta, a cantora Stefanie Singer, de 26 anos, deixe a troca bem clara. Mas trabalhamos filantrópicos,
recusou todas as propostas que recebeu para se apresentar ligados a responsabilidade social, têm um apelo muito mais
sem ganhar um tostão em bares, restauranttes e casamentos. forte para a carreira, em sua visão. Para Amorim, a empresa
"Considerando indecoroso esse tipo de proposta. Me recuso que convoca profissionais sem remunerá-los corre um risco
a trabalhar sem receber, mesmo sob alegações de divulgação enorme, além de descumprir a legislação. "A pessoa pode
do trabalho, como é comum na minha área". Stefanie só não dar o resultado esperado, e não há como exigir dela.

97
Não existe segurança alguma nessa relação", acredita.

"Meu único conselho é que se estabeleça um prazo para isso.


Por quanto tempo pretende-se trabalhar de graça? Qual o
plano? Geralmente, em uma grande organização, esse tipo
de proposta não existe. É preciso tomar muito cuidade em
quais condições ess eplano pode funcionar".

Apesar de ter trabalho sem receber, Sampaio não considera


ideal começar a carreira dessa forma. "O ideal é ser
remunerado, mas o plano é de cada pessoa e talvez esse seja
o lado positivo. Por outro lado, não espere que esse fato
possa mobilizar outras empresas. Muito pelo contrário".

Considerando o contexto e o co-texto imediato, marque a


opção em que não há prejuízo sintático para a reestrita
de"Ajudou a incrementar meu portifólio e apresento essas
experiência para possíveis clientes".

a) "Ajudou incrementar meu portifólio e apresento essas


experiências para possíves clientes."
b) "Ajudou a incrementar meu portifólio e apresento
experiências para possíveis clientes."
c) "Ajudou a incrementar meu portifólio. Apresento essas
experiências para possíveis clientes."
d) "Ajudou a incrementar meu portifólio, e apresento essas
experiências para possíveis clientes."

98
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D D A A A D D B C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C D B B D A A D A B
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
A B B A C A B B B B
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
A A C D D B A B D A
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
C C D A C C B A B D

99
CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS que, do segundo termo em diante, cada número é obtido a
partir do anterior, de acordo com certa regra. Nessas
2. Raciocínio Lógico condições, o sétimo elemento dessa sequência é:
A lógica na organização das sequências numéricas A) 197
simples B) 191
O raciocínio lógico pode ser considerado um dos integrantes C) 189
dos mecanismos dos processos cognitivos superiores da D) 187
formação de conceitos e da solução de problemas, sendo E) 185
parte do pensamento. A finalidade das Sequências lógicas, Mais algumas dicas. A primeira coisa a se fazer nesses casos
Lógica sequencial ou Raciocínio sequencial é descobri um é verificar quantos números já temos na sequência e qual o
padrão para sequências, sejam elas numéricas, entre objetos, número que a questão está pedindo.
figuras, letras, pessoa, etc. Há várias formas de se
estabelecer uma sequência, mas o importante é que existem Temos 6 números e a questão está pedindo o sétimo, ou seja,
pelo menos três elementos que caracterizam a lógica de sua o próximo.
formação.
2, 5, 11, 23, 47, 95, x
Vejamos:
O próximo passo é verificar o que está mudando de um
Assinale a alternativa que completa a seguinte série: 9, 16, número para outro.
25, 36: 2 +3 = 5
A) 45 5 +6 = 11
B) 49 11 +12 = 23
C) 61 23 +24 = 47
D) 63 47 +48 = 95
E) 72 95 +?? = x
A primeira dica que podemos te dar é: Sempre que • Do 2 pro 5 estamos somando 3;
aparecer os seguintes números: 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, • Do 5 pro 11 estamos somando 6, ou 3+3;
100, etc. pense em números ao quadrado. • Do 11 pro 23 estamos somando 12, ou 6+6;
• 2 ao quadrado: 4; • Do 23 pro 47 estamos somando 24 ou 12+12;
• 3 ao quadrado: 9; • Do 47 pro 95 estamos somando 48 ou 24+24;
• 4 ao quadrado: 16; • Do 95 pro x, somaremos 48+48 = 96;
e assim sucessivamente. • 95+96 = 191;

Assim, a resposta é a letra B. Alternativa B.

Sabendo que A = {1/4, 16/9, 25/36, 64/49, x}, o valor de x Considere que os termos da sucessão (2, 5, 10, 13, 26, 29,
é: ...) obedecem a uma lei de formação. Somando o oitavo e o
A) 100/81 décimo termos dessa sucessão obtém-se:
B) 25/56 A) 197
C) 0 B) 191
D) 81/100 C) 189
E) 58/96 D) 186
Usaremos a mesma dica da questão anterior. Estamos E) 185
falando de números ao quadrado. Basta reparar no padrão.
Qual o primeiro passo? Exato, identificar quantos números a
questão já nos deu e qual número ela está pedindo. Vamos
lá, temos 6 números e precisamos do oitavo e do décimo.
Estamos seguindo na sequência dos números quadrados de 2, 5, 10, 13, 26, 29, a, X, b, Y
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Porém fazendo zigue zague.
Precisamos encontrar o X e o Y e somá-los. Mas primeiro
precisamos identificar o padrão.
2 +3 = 5
5 +5 = 10
10 +3 = 13
Seria lógico assumir que teremos os números 81 e 100, os 13 +13 = 26
próximos da sequência na resposta. A resposta é a letra D. 26 +3 = 29
Observando a sequência (2, 5, 11, 23, 47, 95, ...) verifica-se
Dica: Se você puder usar, na hora de encontrar o padrão,

100
operações de multiplicação e quadrado, use-as ao invés da sucessivamente obtidos segundo determinado padrão: (3, 7,
soma. Repare que o padrão nessa questão está usando 15, 31, 63, 127, 255, ...). O décimo termo dessa sequência é:
multiplicação por 2.
2 +3 = 5 A) 1537
5 x2 = 10 B) 1929
10 +3 = 13 C) 1945
13 x2 = 26 D) 2047
26 +3 = 29 E) 2319

Agora, basta continuarmos com o padrão, até chegarmos ao Temos 7 números e precisamos do décimo.
X e Y. 3, 7, 15, 31, 63, 127, 255, a, b, X.
29 x2 = 58 (a) Vamos procurar qual o padrão.
58 +3 = 61 (X) 3 +4 = 7
61 x2 = 122 (b) 7 +8 = 15
122 +3 = 125 (Y) 15 +16 = 31

Agora, precisamos somar o X e o Y. Pois é isso que a Parece bem óbvio que estamos somando múltiplos de 4 a
questão está pedindo. 61 + 125 = 186. cada número.
Alternativa D. • +4;
• +8 ou 4+4;
Considere que os termos da sequência 820, 824, 412, 416, • +16 ou 8+8;
208, 212, 106, ...) são obtidos sucessivamente segundo
determinado padrão. Mantido esse padrão, obtêm-se o Seguindo:
décimo e o décimo primeiro termos dessa sequência, cuja 16 +32 = 63
soma é um número compreendido entre: 63 +64 = 127
127 +128 = 255
A) 0 e 40 255 +256 = 511 (a)
B) 40 e 80) 511 +512 = 1023 (b)
C) 80 e 120 1024 +1024 = 2047 (X)
D) 120 e 160
E) 160 e 200 Alternativa D.

Vamos do começo. Temos 7 números e precisamos do Considere a sequência (16, 18, 9, 12, 4, 8, 2, X). Se os
décimo e do décimo primeiro. termos dessa sequência obedecem a uma lei de formação, o
termo X deve ser igual a:
820, 824, 412, 416, 208, 212, 106, a, b, X, Y. A) 12
B) 10
O próximo passo é identificar o padrão. C) 9
820 -4 = 824 D) 7
824 -412 = 412 E) 5

Opa, parece que temos uma divisão por 2. Vamos ver se isso Temos 7 números e precisamos do oitavo, o próximo da
se confirma nos próximos números. sequência. Vamos tentar identificar o padrão.
412 +4 = 416 16 +2 = 18
416 /2 = 208 18 -9 = 9

Isso mesmo, o nosso padrão é somar 208 +4 = 212 Parece que temos uma divisão por 2! Vamos ver se isso se
212 /2 = 106 confirma.
106 +4 = 110 (a) 16 +2 = 18
110 /2 = 55 (b) 18 /2 = 9
55 +4 = 59 (X) 9 +3 = 12
59 /2 = 29,5 (Y) 12 /3 = 4

4 e dividir por 2. Agora basta seguir até o X e Y. Não se confirmou. Mas acho que encontramos nosso padrão.
Somando X e Y. 59 + 29,5 = 88,5. Está entre 80 e 120. Soma 2, divide por dois. Soma 3, divide por 3. Seguimos.

Alternativa C. 4 +4 = 8
Considere que os termos da sequência seguinte foram 8 /4 = 2

101
2 +5 = 7. 21 +15 = 36
36 +24 = 60
Alternativa D. 60 +39 = 99
Os termos da sequência (12, 15, 9, 18, 21, 15, 30, 33, 27, 54,
57, ...) são sucessivamente obtidos através de uma lei de De cara é complicado ver qual o padrão dessa questão. Mas
formação. Se x e y são, respectivamente o décimo terceiro e repare uma coisa:
o décimo quarto termos dessa sequência, então: • Na primeira somamos 3;
A) X * Y = 1530 • Na segunda somamos 6, ou 3+3;
B) Y = X+3 • Na terceira somamos 9, ou 6+3;
C) X = Y+3 • Na quarta somamos 15 ou 9+6;
D) Y = 2x • Na quinta somamos 24, ou 15+9;
E) X/Y = 33/34 • Na sexta somamos 39, ou 24+15;

Temos 11 números e precisamos do 13 e do 14. Estamos somando a soma das duas anteriores!
12, 15, 9, 18, 21, 15, 30, 33, 27, 54, 57, a, X, Y • Na próxima somaremos 24+39 = 63.
Vamos tentar identificar o padrão. • 99+63 = 162
12 +3 = 15
15 -6 = 9 Alternativa D.
9 +9 = 18
18 +3 = 21 Os termos da sequência (8, 10, 8, 12, 10, 16, 14, 22, 20, 30,
21 -6 = 15 28, ...) obedecem a uma lei de formação. De acordo com
15 +15 = 30 essa lei, os três termos que devem imediatamente suceder o
número 28 são, respectivamente
Parece que identificamos nosso padrão! E parece que A) 26, 26 e 24
estamos trabalhando com multiplicação. Soma 3, Subtrai 6, B) 24, 32 e 30
Multiplica por 2. C) 34, 32 e 40
12 +3 = 15 D) 32, 30 e 42
15 -6 = 9 E) 40, 38 e 52
9 x2 = 18
18 +3 = 21 Temos 11 números e precisamos do número das posições
21 -6 = 15 12, 13 e 14. Vamos chamá-los de x, y e z. Agora vamos ver
15 x2 = 30 o que está acontecendo
30 +3 = 33 8 +2 = 10
33 -6 = 27 10 -2 = 8
27 x2 = 54 8 +4 = 12
54 +3 = 57 12 -2 = 10
57 -6 = 51 (a) 10 +6 = 16
51 x2 = 102 (X) 16 -2 = 14
102 +3 = 105 (Y) Estamos somando, sendo que a cada soma, aumentamos o
valor em 2. E em seguida estamos diminuindo 2. Seguindo:
Agora, basta encontrarmos a alternativa correta. Vamos 14 +8 = 22
deixar a primeira por último porque vai dar muito trabalho. 22 -2 = 20
B) Y=X+3 > 105=102+3 > 105=105. 20 +10 = 30
30 -2 = 28
Alternativa B! 28 +12 = 40 (x)
O próximo termo da sequência numérica 3, 6, 12, 21, 36, 60, 40 -2 = 38 (y)
99, ... é: 38 +14 = 52 (z)
A) 117 A resposta é a alternativa E.
B) 128
C) 159 Na sequência de operações seguinte, os produtos obtidos
D) 162 obedecem a determinado padrão.
E) 198 1x1=1
11 x 11 = 121
Temos 7 números e precisamos do oitavo. Vamos ver se 111 x 111 = 12.321
identificamos um padrão. 1.111 x 1.111 = 1.234.321
3 +3 = 6 11.111 x 11.111 = 123.454.321
6 +6 = 12
12 +9 = 21 Assim sendo, é correto afirmar que, ao se efetuar

102
111.111.111 x 111.111.111, obtém-se um número cuja soma
dos algarismos está compreendida entre:
A) 85 e 100
B) 70 e 85
C) 55 e 70
D) 40 e 55
E) 25 e 40

Bom, você pode resolver a multiplicação e ver qual o


resultado. Mas iria demorar. Mas observe que temos um
padrão. 11 x 11. São dois dígitos no numerador, e o a) 76
resultado vai até o número 2 e retorna: 121. b) 10
c) 20
111 x 111. São três dígitos no numerador. O resultado vai d) 78
até o 3 e retorna: 12.321. Resolvendo:
Observamos, portanto, que a diferença entre 24 e 22 é 2,
A questão nos pede 111.111.111 x 111.111.111. São 9 assim a diferença entre os números vai aumentando 2
dígitos no numerador, logo, a resposta deverá ir até o 9 e unidades.
retornar: 12.345.678.987.654.321. Agora basta somar tudo 28-24=4
isso e teremos 81. 34-28=6
42-34=8
A resposta é a alternativa B 52-42=10
Qual o próximo número da sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 64-52=12
19. 78-64=14
A) 20 Resposta D.
B) 200
C) 25 Raciocínio lógico na teoria dos conjuntos: trabalhar
D) 201 situações envolvendo conceitos das operações básicas
entre conjuntos
Colocamos essa questão apenas pra te mostrar que as vezes Conjunto pode ser definido como uma coleção de
a solução é bem mais simples do que parece, e para que elementos, reunião das partes que formam um todo,
você se lembre caso veja uma questão semelhante. aglomeração, grupo, série. Como exemplo de conjunto
podemos destacar as seguintes situações: o conjunto de
Perceba: estados do Brasil, o conjunto de alunos de uma escola, o
conjunto das equipes do campeonato brasileiro, o conjunto
Dois dos números naturais, dos números inteiros, racionais,
Dez irracionais, reais, primos entre outras situações que envolva
Doze a reunião de elementos.
Dezesseis
Dezessete Existem algumas operações que podem ser realizadas entre
Dezoito conjuntos, são elas: intersecção, união e diferença.
Dezenove Considerando os conjuntos A e B contidos num conjunto
universo U, as operações entre eles podem ser representadas
A) Vinte da seguinte maneira:
B) Duzentos
C) Vinte e Cinco Intersecção
D) Duzentos e Um A intersecção de A com B é o conjunto formado pelos
elementos comuns a A e B.
Estamos falando de uma sequência onde todos os números
começam com a letra D. Adicionalmente estamos em uma Notação A ∩ B.
sequência crescente, logo 200.
Alternativa B. Dados os conjuntos A e B, define-se como intersecção dos
conjuntos A e B ao conjunto representado por, formado por
Na sequência lógica de números representados nos todos os elementos pertencentes a A e B, simultaneamente,
hexágonos da figura abaixo, observa-se a ausência de um ou seja:
deles que pode ser:

103
consideradas.

União de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como união dos
conjuntos A e B ao conjunto representado por, formado por
todos os elementos pertencentes a A ou B, ou seja: A fração aparente representa um número natural, que é o
quociente entre o numerador e o denominador. Assim, 8/4
representa o número natural 2, pois 8 : 4 = 2. Da mesma
forma, 3/3 representa o número natural 1, pois 3:3= 1

Frações Equivalentes duas frações são ditas equivalentes


quando os produtos do numerador de uma com o
denominador da outra são iguais.

Simplificar uma fração consiste em obter uma fração


equivalente à primeira com termos menores. Por exemplo,
Diferença de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como diferença entre A
e B (nesta ordem) ao conjunto representado por A-B,
formado por todos os elementos pertencentes a A, mas que
não pertencem a B, ou seja:

Note que toda fração decimal pode ser representada por um


número decimal.

A lógica nas aplicações das propriedades das operações As operações de adição e multiplicação de frações são
básicas aritméticas e fracionárias realizadas conforme descrito a seguir. Para somar duas
frações é necessário inicialmente colocá-las no mesmo
denominador, então podemos somar os numeradores e
Fração é a representação de um par ordenado de números
naturais com o segundo elemento diferente de zero. repetir o denominador comum. Para multiplicar duas frações
basta multiplicar os numeradores e multiplicar os
denominadores.

Na linguagem comum fração significa parte. É utilizada para


representar o tamanho ou a quantidade de alguma coisa.

Frações indicam partes de um todo. Quando representamos


uma fração existem dois números separados por uma barra
horizontal. O número abaixo da barra é chamado de
denominador e indica em quantas partes iguais algo foi
dividido. O número acima da barra horizontal é chamado de
numerador e indica quantas das partes iguais foram

104
Por fim, toma-se o último grupo das colunas (neste caso, o
das esposas) e cria-se uma linha para cada um de seus
elementos, colocando-os abaixo na última linha:

A correlação entre elementos de um certo universo:


trabalhando problemas lógicos de nível fácil e nível
intermediário.

Problemas de correlação são aqueles em que são prestadas


informações de diferentes tipos, como por exemplo: nomes,
carros, cores, qualidades, profissões, atividade, etc. O
objetivo do problema é descobrir a correlação entre os dados
apresentados neste conjunto de informações. Ou seja,
quando o exercício lhe pedir que identifique “quem usou o
quê, quando, com quem, aonde, de que cor, etc...” você
estará tentando resolver um exercício de correlação.

Exemplo: Observação: essa regra vale para qualquer número de grupos


do problema. Ou seja, se forem, por exemplo, cinco grupos,
Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia,
um deles será a referência para as linhas iniciais e os outros
Patrícia e Maria, mas não sabemos quem é casado com
quatro serão distribuídos em colunas. Depois disso, da
quem. Eles trabalham com Engenharia, Advocacia e
Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com direita para a esquerda, os grupos serão “levados para baixo”
base nas dicas abaixo, tente descobrir o nome de cada na forma de linhas, exceto o primeiro.
marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Resolução:
Para facilitar a resolução do problema, construiremos uma
tabela, passo a passo, contendo três grupos de informações:
homens, esposas e profissões.

Escolha um dos grupos e coloque um de seus elementos em


uma linha:

Carlos Observe ainda que os buracos na tabela representam regiões


Luís onde as informações seriam cruzadas elas mesmas, o que é
Paulo desnecessário.

O próximo passo é criar uma coluna para cada elemento dos A etapa seguinte consiste na construção da Tabela Gabarito,
outros grupos: que não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos
ela é fundamental para que se enxergue as informações
escondidas na tabela principal.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos

105
Luís
Paulo

Iniciamos a resolução marcando com S (sim) todas as


afirmações que aparecem nas dicas e preenchendo com N
(não) as casas restantes da mesma linha e coluna onde cada
S aparece. Observe que temos as seguintes afirmações: a) Se Luís é médico e Paulo é advogado, então Carlos é
“O médico é casado com Maria” e b) “Paulo é advogado”. engenheiro.
Com isso teremos: Tabela principal:

Tabea gabarito:
Tabela gabarito:

O médico é casado com Maria, então:


Tabela Principal:
A seguir marca-se com N as negações que aparecem nas
dicas. No caso das negações não se deve preencher com S as
casas restantes das mesmas linhas e colunas onde cada N
aparece. Observe que temos as seguintes negações: c)
“Patrícia não é casada com Paulo” e d) “Carlos não é
médico”.
Tabela principal:

Tabela gabarito:
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS
Carlos Engenheiro
Luís Médico Maria
Paulo Advogado
Paulo não é casado com Patrícia nem Maria, logo é casado
Por fim, deduz-se por eliminação, as restantes correlações: com Lúcia.
Se nem Carlos, nem Paulo são médicos, logo Luís é o Tabela Gabarito:
médico.

106
Lucas Marte Columbia
Roberto Vênus Voyager
Sílvio Saturno Discovery

Exemplo 4.
Dione, Isabela e Tainá levaram cada qual seu filho ou filha:
Sobrou então, para Carlos ser casado com Patrícia. Alice, Plínio e Rafael, não necessariamente nesta ordem,
Tabela Gabarito: para um passeio no shopping. Cada criança ficou entretida
com uma atividade diferente: fliperama, parque e teatrinho.
Com base nas informações dadas, tente descobrir o nome de
cada mulher e de cada criança e a atividade que fizeram
durante o passeio no shopping.

a) Plínio é filho de Tainá.


Exemplo 2. b) Rafael ficou feliz em brincar no parque de diversões do
Davi, Paulo e Ana trabalham na mesma empresa há muitos shopping.
anos, como assistente, gerente e telefonista, não c) Dione levou a filha ao teatrinho armado na praça de
necessariamente nesta ordem. Os três se tornaram tão alimentação do shopping.
amigos que agora são mais do que simplesmente colegas de
trabalho, uma vez que passaram a frequentar o ambiente
familiar uns dos outros. Recentemente, cada um deles
convidou os outros dois para um evento diferente:
churrasco, festa de aniversário e piscina. Descubra o nome
de cada pessoa, o seu cargo na empresa e o convite que fez
aos amigos, com base nas seguintes dicas:

a) Ana é telefonista. Resolvendo problemas interdisciplinares: a importância


b) O assistente convidou os colegas de trabalho para a festa do raciocínio lógico na solução de problemas que
de aniversário de seu filho. contemplam diversas áreas do conhecimento.
c) Davi convidou os amigos para um churrasco em sua casa. Em todo momento, o homem se vê na necessidade de
analisar e interpretar a realidade onde está inserido. Se
Resolução: quiser modificá-la, deverá resolver os problemas que ela
NOME CARGO CONVITE apresenta, desde os econômicos, os sociais, os de relação
Davi Gerente Churrasco familiar, os financeiros, etc. Segundo DANTE (1989),
Paulo Assistente Festa de “problema é qualquer situação que exija o pensar do
aniversário indivíduo para solucioná-la”. A resolução de problemas
Ana telefonista Piscina como eixo organizador do processo de ensino e
aprendizagem de Matemática, deve ser resumida nos
Exemplo 2. seguintes princípios:
Acompanhando a conquista espacial, estão Lucas, Roberto e
Sílvio que pesquisam tudo o que podem sobre o assunto. − A situação problema é o ponto de partida da atividade
Entretanto, atualmente, cada rapaz está concentrado no matemática e não a definição. No processo de ensino e
estudo de um planeta diferente: Vênus, Marte e Saturno, não aprendizagem, conceitos, idéias e métodos matemáticos
necessariamente nesta ordem. Além disso, cada um possui devem ser abordados mediante a exploração de problemas,
uma miniatura de uma nave espacial diferente: Columbia, ou seja, de situações em que os alunos precisem desenvolver
Discovery e Voyager, não necessariamente nesta ordem. algum tipo de estratégia para resolvê-las;
Com base nas dicas a seguir, determine o nome de cada
rapaz, o planeta que está pesquisando e a miniatura que − O problema certamente não é um exercício em que o
possui. aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou um
processo operatório. Só há problema se o aluno for levado a
a) Sílvio pesquisa o planeta Saturno. interpretar o enunciado da questão que lhe é posta e a
b) O rapaz que pesquisa o planeta Vênus tem uma miniatura estruturar a situação que lhe é apresentada.
da nave Voyager.
c) Lucas tem uma miniatura da nave Columbia. Um problema pode ser entendido como sendo uma situação
que demanda a realização de uma seqüência de ações ou
Resolução: operações para obter um resultado. Ou seja, a solução não
NOME CARGO CONVITE está disponível de início, mas é possível construí-la.

107
Proposições compostas
De acordo com POLYA (1977), quando se tenta resolver um Podemos defini-las como sendo proposições que expressam
problema, o ponto de vista, a maneira de encarar o mais de um pensamento. As proposições compostas
problema, pode ser modificado várias vezes. Em geral, costumam ser chamadas de fórmulas proposicionais, ou
quando se inicia o trabalho com um problema, a concepção apenas fórmulas.
que se tem dele é muito incompleta. À medida que se vai
progredindo, a perspectiva vai sendo modificada. Uma dica é você perceber que temos mais uma ação, ou
seja, apenas um sujeito (podendo ser simples ou composto),
Passos para a resolução de problemas mais de um verbo e um predicado.
• Detalhar as variáveis do problema
• Encontrar possíveis soluções Ex.: A lógica é uma ciência do raciocínio e a matemática
• Escolher a solução adequada nos ensina a entender o universo.
• Executar a solução escolhida
• Revisar e atualizar os dados do Projeto É importante lembrar que as proposições compostas
precisam de uma ferramenta denominada de “operador
Detalhar as variáveis do problema lógico”. O que vêm a ser operadores lógicos? É o que vamos
O primeiro passo para a solução do problema é buscar os discutir no próximo tópico.
dados relacionados ao mesmo, para que se possa verificar a
profundidade do problema. Ao ler o enunciado do problema Conectivos
procure destacar os dados mais importantes, separando as Os conectivos lógicos são elementos que operam as
incógnitas e as informações já fornecidas. proposições simples já vistas para formarem novas
proposições, as proposições compostas.
Encontrar possíveis soluções
De posse das variáveis internas e externas destacadas Abaixo quadro com os operadores lógicos:
durante o processo de leitura e interpretação do problema, o
aluno deve realizar um estudo para encontrar as possíveis
soluções.

Existem alguns problemas que apresentam soluções


imediatas, outros apresentam soluções mais trabalhadas,
tudo dependerá do grau de familiaridade que o problema
apresente para o aluno. Para alguns o problema poderá Vejamos:
parecer fácil, para outros poderá apresentar um grau de Condicional: “Se...então...” pode ser escrito: quando, quem,
dificuldade maior. aquele, como, todo etc. Na verdade, pode ser qualquer
termo, desde que expresse a ideia de condição.
Escolher uma solução adequada
Um problema poderá apresentar várias soluções viáveis, Conjunção: “e” pode ter situações que não aparece operador,
cabe ao aluno identificar aquela que melhor se aplique às porém, temos que interpretar que está implícito. Veja os
suas necessidades, aquela que lhe será mais agradável e que exemplos retirados de provas recentes: “Não basta a mulher
lhe traga maior confiança na resolução. de César ser honesta, ela precisa parecer honesta”, “Não sou
traficante, sou usuário”. Para resolver os itens, é necessário
Executar a solução escolhida que o(a) candidato(a) interprete que se trata de proposição
Nessa etapa, o aluno deve realizar a solução escolhida no composta, operada por um conectivo de conjunção “e”.
passo anterior, seguindo a descrição e as tarefas necessárias.
Durante a execução da solução, o aluno deve observar se os Bicondicional: “Se, e somente se” pode ser interpretado:
resultados que estão sendo obtidos são os esperados. “assim como”.

Revisar e atualizar os dados do problema Como sabemos que a nossa ferramenta de trabalho é o
Após o término da solução do problema o aluno deve pensamento (proposição), devemos ter muito cuidado com a
sempre fazer uma avaliação sobre o resultado encontrado, maneira que transcrevemos da linguagem natural para a
fazendo teste e proposições, testando os novos resultados linguagem da lógica formal, pois se simbolizarmos de
encontrados. maneira errônea, estaremos comprometendo todo o conjunto
de pensamentos.
Lembre-se que um problema não possui apenas uma única
forma de ser resolvido, aprenda com seus erros, e se permita Com essa preocupação e quando chegarmos mais à frente,
aprender com os outros, embora a solução encontrada por na análise de um argumento, poderemos evitar
você seja satisfatória nem sempre é a melhor forma. considerações subjetivas, por meio da reescrita das
proposições envolvidas na linguagem da lógica formal. Os

108
operadores são responsáveis em construir os pensamentos de
maneira formal, então, teremos uma hierarquia quanto à
intensidade do operador, isto é, sua força.

Vejamos:

A “ordem de precedência” para os conectivos (traz o sentido


principal da frase)

• bicondicional
• condicional
• conjunção e disjunção/disjunção exclusiva
• negação
Portanto, o conectivo mais “forte” é o bicondicional, e o
mais “fraco” é a negação.

Observação:
Na linguagem da lógica formal, qual a importância dos Questões de Concursos
parênteses e como utilizá-lo? O uso desse recurso faz-se 1. A sentença “A aprovação em um concurso é consequência
presente na simbolização das proposições, pois evita de um planejamento adequado de estudos” pode ser
qualquer tipo de ambiguidade. Observe os exemplos a simbolicamente representada pela expressão lógica P→ Q,
seguir. em que P e Q são proposições adequadamente escolhidas.
I – p → (r ∧ s).
II – (p → r) ∧ s. Errado. A sentença “A aprovação em um concurso é
III – r → ((p ∧ s) → q). consequência de um planejamento adequado de estudos”
corresponde a uma proposição simples, pois temos apenas
IV – (r → p) ∧ (s → q).
um pensamento.
A proposição I é uma condicional, pois o conectivo principal
2. Designando por p e q as proposições “Mariana tem tempo
é o →. A proposição II é uma conjunção, pois o conectivo
suficiente para estudar” e “Mariana será aprovada nessa
principal é o ∧. Então, I e II não têm o mesmo significado,
disciplina”, respectivamente, então a proposição “Mariana
apesar de possuírem as mesmas proposições e os mesmos
não tem tempo suficiente para estudar e não será aprovada
conectivos, na mesma ordem. O mesmo acontece com os
nesta disciplina” é equivalente a ¬p ^ ¬q.
exemplos III e IV.
Certo. A questão exige do(a) candidato(a) uma
Há casos em que os parênteses podem ser retirados para que
interpretação quanto à linguagem da lógica formal, isto é,
simplifiquem as proposições colocadas, caso não apareça
transcrever da linguagem natural para linguagem da lógica
alguma ambiguidade.
formal. “Mariana não tem tempo suficiente para estudar (¬p
) e (^) não será aprovada nesta disciplina (¬q)” é equivalente
Porém, para que se possa retirar os parênteses, é preciso
a escrever a ¬p ^ ¬q.
seguir algumas convenções, cujas mais importantes são:
A “ordem de precedência” para os conectivos é: ~ depois de
3. A sentença “A vida é curta e a morte é certa” pode ser
∧, depois de ∨, depois de →, depois de ↔, esta ordem é
simbolicamente representada pela expressão lógica P ^ Q,
crescente. Sendo assim, o elemento mais “fraco” é ~, e o
em que P e Q são proposições adequadamente escolhidas.
mais “forte” é o ↔.
Certo. A sentença “A vida é curta e a morte é certa” pode
Observe a proposição: r ∧ p ↔ s → q
ser simbolicamente representada pela expressão lógica P ^
Q, uma vez que temos uma proposição composta conjuntiva,
Portanto, essa proposição é bicondicional, e jamais uma
podendo ser representada por P ^ Q.
condicional ou uma conjunção. Mas, para que se converta o
seu sentido em uma condicional, os parênteses são
4. A sentença “Somente por meio da educação, o homem
obrigatórios.
pode crescer, amadurecer e desenvolver um sentimento de
((r ∧ p) ↔ s) → q)
cidadania” pode ser simbolicamente representada pela
Por analogia, podemos ter uma conjunção. r ∧ (p ↔ (s →
expressão lógica P ^ Q ^ R, em que P, Q e R são
q))
proposições adequadamente escolhidas. Errado. A sentença
“Somente por meio da educação, o homem pode crescer,
Símbolos utilizados na Logica Matemática:
amadurecer e desenvolver um sentimento de cidadania”
representa uma proposição simples, logo, temos sua

109
representação por apenas uma letra, e não conforme o item diagrama acima. Vejamos como interpretar as tabelas:
sugeriu.
O elemento referente à primeira linha indica que se pertence
5. A sentença: “Um governo efetivo precisa de regras ao conjunto A, então pertence ao conjunto B, ou seja, isso
rígidas, de tribunais que desempenhem suas funções com acontece uma vez que os conjuntos são iguais. No diagrama,
seriedade e celeridade e de um sistema punitivo rigoroso” é representado pelo elemento “a”, logo, será verdadeiro.
pode ser corretamente representada pela expressão (P ∧ Q) ∧
R, em que P, Q e R sejam proposições convenientemente O elemento referente à segunda linha indica que se pertence
escolhidas. a A, então não pertence a B, ou seja, isso NÃO pode
acontecer, uma vez que os conjuntos são iguais. No
Errado. Essa questão é interessante, pois se trata de uma diagrama, não temos elemento representando essa
proposição simples, e não composta, uma vez que temos possibilidade, logo, será falso.
apenas um verbo que liga o sujeito ao predicado. É bom
ficar esperto(a), pois temos muitas questões dessa forma em O elemento referente à terceira linha indica que se não
que o(a) aluno(a) pensa que por ser grande a proposição, ela pertence a A, então pertence a B, ou seja, isso NÃO pode
tem que ser composta. acontecer, uma vez que os conjuntos são iguais. No
diagrama, não temos elemento representando essa
Bi-condicional possibilidade, logo, será falso.
O operador bicondicional, que será identificado pelo termo
“se, e somente se”. A proposição composta formada por O elemento referente à quarta linha indica que se não
duas proposições que estejam ligadas por esse conectivo. pertence a A, então não pertence a B, ou seja, isso acontece
Vejamos um exemplo. uma vez que os conjuntos são iguais. No diagrama, é
A: Gosto de lógica analítica. representado pelo elemento “b”, logo, será verdadeiro.
B: Gosto de estatística inferencial. OBS:

A proposição bicondicional ‘A se, e somente se, B’ pode ser Na proposição bicondicional, se a primeira das duas
escrita como: A ↔ B: Gosto de lógica analítica se, e proposições simples que a compõem for verdadeira, a
somente se, gosto de estatística inferencial. segunda será verdadeira, e se a primeira for falsa, a segunda
será falsa.
Quando declaramos uma proposição bicondicional, devemos Quando temos:
de acordo com os axiomas da lógica aceitar como
verdadeiro que: Se é verdade que “gosto de lógica
inferencial”, obrigatoriamente, é verdade que “gosto de
estatística inferencial”. Se for verdade que gosto de
estatística inferencial, obrigatoriamente, é verdade que gosto
de lógica analítica. Se for falso que gosto de lógica
inferencial, obrigatoriamente é falso que gosto de estatística
inferencial e, se é falso que gosto de estatística inferencial,
obrigatoriamente, é falso que gosto de lógica analítica.
Qualquer outra possibilidade representa um conjunto vazio.
A tabela e o diagrama abaixo representam esta situação.

Questões de Concursos
Se todos os nossos atos têm causa, então não há atos livres.
Se não há atos livres, então todos os nossos atos têm causa.
Logo,
a) alguns atos não têm causa se não há atos livres.
b) todos os nossos atos têm causa se e somente se há atos
livres.
c) todos os nossos atos têm causa se e somente se não há
atos livres.
d) todos os nossos atos não têm causa se e somente se não
No operador bicondicional (se, e somente se), será há atos livres.
verdadeiro se os elementos cumprirem a condição e) alguns atos são livres se e somente se todos os nossos atos
determinada pela inclusão (A ⊂ B) ∩ (B ⊂ A), ou seja, os têm causa.
conjuntos são iguais, pois o conjunto A está contido em B e,
simultaneamente, B está contido em A, conforme o Letra c.

110
Considerando as proposições:

Se todos nossos atos têm causas, então não há atos livres.


Se não há atos livres, então todos nossos atos têm causas.
Tomando como proposições:

P: Todos nossos atos tem causas.


Q: Não há atos livres.

(P→Q) ^( Q→P) Logo, partindo de que todas as proposições são verdadeiras


e utilizando as tabelas- -verdade, valoramos as proposições
podemos inferir que P⇔Q. Podemos perceber que a questão simples.
comuta (troca de posição) as proposições simples P e Q, em
que podemos concluir que 2 (duas) condicionais produzem Nesse momento, só quero que você se importe com a
uma bicondicional. construção das proposições, pois quanto as valorações,
“Todos os nossos atos tem causas se e somente se não há veremos uma maneira mais prática de preencher. Depois de
atos livres.” valorada a proposição acima novamente, chamo a atenção
Dessa ideia, temos mais um conceito a ser mostrado, que é o para observar que nas opções temos operadores lógicos, que
seguinte: devem ser levados em conta. Analisando os itens propostos
P é condição necessária e suficiente para Q pela questão para se chegar a uma opção verdadeira, temos:
Temos as duas condições, simultaneamente, pois se trata de a) Errada. Helena não vai à Holanda, Carlos não vai ao
uma bicondicional. Canadá, Alexandre não vai à Alemanha. V – ^ F ^ V = F
b) Errada. Helena vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá,
OBS: Temos que observar que em muitas questões de Alexandre não vai à Alemanha. F ^ V ^V = F
concursos públicos os conectivos lógicos: condicional e c) Certa. Helena não vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá,
bicondicional são expressões não em uma linguagem formal Alexandre não vai à Alemanha. V – ^ V ^V = V
(seu significado), mas por meio de condições impostas às d) Errada. Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
proposições simples que compõem uma sentença composta. Alexandre vai à Alemanha. F ^ F ^ F = F
2. Carlos não ir ao Canadá é condição necessária para e) Errada. Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
Alexandre ir à Alemanha. Helena não ir à Holanda é Alexandre não vai à Alemanha. F ^F ^ F = F
condição suficiente para Carlos ir ao Canadá. Alexandre não
ir à Alemanha é condição necessária para Carlos não ir ao Diagramas
Canadá. Helena ir à Holanda é condição suficiente para Os diagramas são utilizados como uma representação
Alexandre ir à Alemanha. Portanto: gráfica de proposições relacionadas a uma questão de
a) Helena não vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá, raciocínio lógico. Esse tema é muito cobrado em provas que
Alexandre não vai à Alemanha. tenha por matéria raciocínio lógico para concursos, em
b) Helena vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá, Alexandre questões que envolvem o termo “todo”, “algum” e
não vai à Alemanha. “nenhum”.
c) Helena não vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá, Conjunto: Um conjunto constitui-se em um número de
Alexandre não vai à Alemanha. objetos ou números com características semelhantes. Podem
d) Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá, ser classificados assim:
Alexandre vai à Alemanha. Conjunto finito: possui uma quantidade determinada de
e) Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá, elementos;
Alexandre não vai à Alemanha. Conjunto infinito: como o próprio nome diz nesse caso
temos um número infinito de elementos;
Letra c. Conjunto unitário: apenas um elemento;
Primeiramente, vamos identificar os conectivos e construir a Conjunto Vazio: sem elemento no conjunto;
estrutura para chegarmos a uma conclusão verdadeira. Conjunto Universo: esse caso tem todos os elementos de
É importante que você já saiba as tabelas-verdade anteriores, uma situação.
pois iremos utilizá-las. Esses elementos podem ser demonstrados da seguinte
forma:
Extensão: Os elementos são separados por chaves;
{1,2,3,4...}
Compreensão: Escreve-se a caraterística em questão do
conjunto mencionado.

111
Diagrama de Venn: Os elementos são inseridos em uma Daí surge a pergunta: “Só temos esses dois valores?” Bem,
figura fechada e aparecem apenas uma vez. vamos lá. Para que possamos valorar as proposições simples
Todo A é B: Nesse caso o conjunto A é um subconjunto do ou compostas, temos que entender que as únicas
B, sendo que A está contido em B. possibilidades são essas, então, não custa apresentar a você
as três leis do pensamento ou os princípios fundamentais da
lógica proposicional.

A lógica, como a ciência do raciocínio ou do pensamento,


possui exatamente três leis fundamentais do pensamento, as
quais são necessárias e suficientes para que o pensar se
desenvolva de maneira “correta”. Essas leis do pensamento
receberam, tradicionalmente, os nomes de princípio de
identidade, princípio de contradição (por vezes, princípio de
Nenhum A é B: Nesse caso os dois conjuntos não têm não contradição) e princípio do terceiro excluído. Há
elementos comuns. formulações alternativas desses princípios, apropriadas a
diferentes contextos. No nosso caso, as formulações
apropriadas são as seguintes:
• O princípio de identidade afirma que se qualquer
enunciado é verdadeiro, então ele é verdadeiro, se for falso,
será falso. Não pode estar alternando sua valoração, isto é,
sua interpretação.
• O princípio da não contradição afirma que nenhum
Algum A é B: Esse diagrama representa a situação em que enunciado pode ser verdadeiro e falso. Do ponto de vista
pelo menos um elemento de A é comum ao elemento de B. lógico, é impossível uma afirmação ser simultaneamente
verdadeira e falsa.
• O princípio do terceiro excluído afirma que um enunciado
ou é verdadeiro, ou é falso. Não temos como ter um terceiro
valor, caso exista, deverá ser excluído.
Partindo desse pressuposto que um pensamento pode ser ou
verdadeiro ou falso, vamos aprender a construir as tabelas-
verdade. O primeiro passo é sabermos quantas linhas temos
para cada tabela, pois bem, para isso, temos que saber se
Inclusão temos uma proposição simples ou composta.
Todo, toda, todos, todas.
Em uma proposição composta formada por n variáveis
Interseção proposicionais, ou seja, “n” pensamentos simples, a sua
Algum, alguns, alguma, algumas. tabela verdade possuirá 2n linhas. A base é o número 2, por
Ex: Todos brasileiros são bons motoristas se tratar da lógica bivalente, e “n” significa o número de
Negação lógica: Algum brasileiro não é bom motorista. proposições simples.

Disjunção N. de linhas = 2n (Proposições).


Nenhum A é B.
Ex: Algum brasileiro não é bom motorista. Como construir uma tabela verdade?
Negação lógica: Nenhum brasileiro é bom motorista.
Vejamos os casos abaixo:
Tabelas-verdade
O primeiro passo é entender como se constrói uma tabela- • Quantas linhas possui a tabela verdade da proposição P?
verdade, porém, vamos entender porque se chama tabela- Já vimos que as proposições são representadas por letras,
verdade. nesse caso, temos uma variável proposicional, ou seja, “n” é
igual a 1. Então, o número de linhas será dado por: 2 n= 21=
As tabelas-verdade apresentam as possíveis interpretações 2 linhas.
para uma proposição simples ou composta, sabendo que na Sabendo, agora, que temos 02 linhas, podemos construir a
lógica bivalente as valorações possíveis, valores lógicos, que tabela:
nós temos são:

(V): verdade ou (F): falso

112
• Quantas linhas possuem a tabela verdade da
proposição composta P ˄ Q?
Sabendo que as proposições são representadas por letras e
que temos, nesse caso, duas variáveis proposicionais, ou
seja, “n” é igual a 2, então o número de linhas será dado por:
2 n= 2n 22= 4 linhas. Sabendo agora que temos 04 linhas,
podemos construir a tabela em que as duas primeiras
colunas são as proposições simples e a terceira coluna será a
proposição composta:

Como preencher as tabelas?


Vamos aprender como valorar as proposições simples em
uma tabela verdade, ou seja, as primeiras colunas.
Para as tabelas-verdade abaixo, teremos:
• Para 01(uma) proposição: n=1

• Quantas linhas possuem a tabela verdade da


proposição composta (P ˄ Q) ˅ R?
Nesse caso, temos que o número de proposições simples,
variáveis proposicionais, é igual a 3, ou seja, n = 3, então, o
número de linhas:
2 n =2 elevado a 3= 8 linhas

• Para duas proposições: n=2

• Quantas linhas possuem a tabela verdade da


proposição composta (P ˄ Q) ˅ (R ˄ S)?
Agora, temos que o número de proposições simples,
variáveis proposicionais, é igual a 4, ou seja, n = 4, então, o
número de linhas:
2 n =2elevado a 4= 16 linhas

• Para três proposições simples: n=3

113
Resposta

Certo. Como já visto, o número de tabelas de valorações


distintas (valorações possíveis) que podem ser obtidas para
proposições com n variáveis proposicionais é igual a 2n,
logo, temos: 24 = 16. Sendo assim, temos que 16 é superior
a 15.

Tabelas – Verdade

Conjunção: “ e, mas” símbolo: ˄


• Para quatro proposições simples: n=4 Denomina-se conjunção a proposição composta formada por
duas proposições quaisquer que estejam ligadas (operadas)
pelo conectivo “e”.

Exemplo:
• A: José trabalha no Tribunal. (1º Conjuntivo)
• B: José mora em Brasília. (2ºConjuntivo)

Agora que aprendemos como preencher a parte inicial da


tabela verdade, podemos dar início às tabelas-verdade para
cada um dos operadores lógicos. Vamos pensar da seguinte
maneira. É como se fossem as tabuadas na matemática, para
cada operador matemático, você lembra? Tínhamos as
tabuadas da soma, subtração, multiplicação e divisão.
Partindo do mesmo princípio, em que para cada operador
lógico, terá sua tabela.

Antes de continuarmos, vamos ver algumas questões de


Concursos que englobam o assunto já visto. Vamos associar cada linha da tabela verdade a cada
elemento pertencente ao diagrama acima.
Considere que as letras P, Q e R representam proposições e
os símbolos ¬ e → são operadores lógicos que constroem No operador conjuntivo (e), só será verdadeiro se os
novas proposições e significam não, e, e então, elementos pertencerem à interseção (área hachurada no
respectivamente. Na lógica proposicional que trata da diagrama). Isto quer dizer que quando tiver o valor V
expressão do raciocínio por meio de proposições que são (pertence) e quando tiver o valor F (não pertence ao
avaliadas (valoradas) como verdadeiras (V) ou falsas (F), conjunto).
mas nunca ambos. Com base nessas informações e no texto,
julgue o item seguinte. O número de valorações possíveis O elemento referente à primeira linha pertence a A e
para (Q ˄ ¬R) ¬ P é inferior a 9. pertence a B, ou seja, se encontra na interseção, logo, será
verdadeiro.
Resposta
O elemento referente à segunda linha pertence a A e não
Certo. Como já visto, o número de tabelas de valorações pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo,
distintas (valorações possíveis) que podem ser obtidas para será falso.
proposições com n variáveis proposicionais é igual a 2n, O elemento referente à terceira linha não pertence a A e
logo temos: 23 = 8. Sendo assim, temos que 8 é inferior a 9. pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo,
2. Se A, B, C e D forem proposições simples e distintas, será falso.
então o número de linhas da tabela-verdade da proposição
(A → B) ⇔ (C → D) será superior a 15.

114
O elemento referente à quarta linha não pertence a A e não será falso.
pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo, Resumindo, na disjunção só será verdadeiro se pelos menos
será falso. uma proposição for verdadeira.
O operador “ou” tem o sentido de “um ou outro,
Resumindo, na conjunção só será verdadeiro se tudo for possivelmente ambos”.
verdadeiro. O operador “ou”, em operações de conjuntos, dá ideia de
União e uma ideia de Soma.
OBS: O operador “e” tem o sentido de “ambos”,
“simultaneidade”, “ao mesmo tempo”. O operador “e” em Questões cobradas em concursos:
operações de conjuntos dá ideia de “intersecção”, e uma É importante observar que na tabela verdade construída pela
ideia de “multiplicação”. banca, os valores estão invertidos, mas isso não é problema,
pois o que importa é que tenhamos todas as possibilidades.
Disjunção: “OU” símbolo: ˅
Vamos para o próximo operador lógico e sua tabela verdade. 1. Os valores lógicos – verdadeiro e falso – podem constituir
Agora é a nossa disjunção inclusiva, que é uma proposição uma álgebra própria, conhecida como álgebra booleana. As
composta formada por duas proposições simples que operações com esses valores podem ser representadas em
estejam ligadas (operadas) pelo conectivo “ou”. tabelas-verdade, como exemplificado abaixo:

As operações podem ter diversos níveis de complexidade e


também diversas tabelas- -verdade.
Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I – Se os valores lógicos de A, B e C na expressão (A e B e
C), são, respectivamente, falsos, falso e verdadeiro, então o
valor lógico dessa expressão é falso.
II – Se os valores lógicos de A, B e C na expressão (A ou B
ou C), são, respectivamente, falso, verdadeiro e falso, então
o valor lógico dessa expressão é verdadeiro.
III – Se os valores lógicos de A, B e C na expressão [A e (B
Vamos associar cada linha da tabela verdade a cada ou C)], são, respectivamente, falso, verdadeiro e verdadeiro,
elemento pertencente ao diagrama acima. então o valor lógico dessa expressão é verdadeiro.
No operador disjuntivo (ou), só será verdadeiro se os IV – Se os valores lógicos de A, B e C na expressão [ A ou
elementos pertencerem à união (área hachurada no (B e C)],
diagrama). Isto quer dizer que quando tiver o valor V
(pertence) e quando tiver o valor F (não pertence ao são, respectivamente, verdadeiro, falso e falso, então o valor
conjunto). lógico dessa expressão é falso.
a) Todas as afirmativas estão erradas.
O elemento referente à primeira linha pertence a A e b) Há apenas uma afirmativa certa.
pertence a B, ou seja, se encontra na interseção, logo, será c) Há apenas duas afirmativas certas.
verdadeiro. d) Há apenas três afirmativas certas.
e) Todas as afirmativas estão certas.
O elemento referente à segunda linha pertence a A e não Resposta
pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo, Letra c. Esta questão trata apenas da aplicação da tabela
será verdadeiro. verdade, logo, é importante copiar as tabelas em uma folha
para acompanhar as operações. Com o tempo, por meio da
O elemento referente à terceira linha não pertence a A e prática, se tornará comum.
pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo,
será verdadeiro. I – Certo. A ^B ^C ⇒F ^F ^ V = F
O elemento referente à quarta linha não pertence a A e não No item acima, operamos na conjunção F com F, que será
pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo, falso e, consequentemente, operamos na conjunção com V
resultando em F.

115
II – Certo. A v B v C⇒ F v V v F = V o mais velho, ou Adriano é o mais moço. Sabe-se também
No item acima, operamos na disjunção F com V, que será que, ou Adriano é o mais velho ou Caio é o mais velho.
falso. Então, o mais velho e o mais moço dos três irmãos são,
III – Errado. [A ^ (B V C)] ⇒ [F ^ ( V v V )] = F respectivamente:
No item acima, operamos a disjunção que está entre a) Caio e José
parênteses, que será verdadeiro e, consequentemente, b) Caio e Adriano
operamos com F pela conjunção, resultando em F. c) Adriano e Caio
IV – Errado. [A ou (B e C)] ⇒[ V v (F ^ F)] = V d) Adriano e José
No item acima, operamos o que está entre parênteses pela e) José e Adriano
conjunção que será falso e, consequentemente, operamos Resposta
pela disjunção, que será verdadeiro. Letra b. Agora, iremos utilizar um pouco dos
conhecimentos adquiridos no primeiro módulo, onde
Disjunção Exclusiva: “ OU...OU...” símbolo: ˅ tratamos da linguagem. Iremos simbolizar as proposições
Temos, agora, o nosso terceiro operador lógico, denominado acima, para ficar mais fácil.
de disjunção exclusiva. A proposição composta formada por
duas proposições simples que estejam ligadas (operadas) P1: ou José é o mais velho ou Adriano é o mais moço = V
pelo conectivo “ou...ou...” P2: ou Adriano é o mais velho ou Caio é o mais velho. = V
Todas as proposições são verdadeiras, logo, iremos valorá-
las com “V” e, aplicando a tabela verdade do conectivo
utilizado (ou...ou...) nas proposições P1 e P2, iremos
valorando as proposições simples que as compõem.

Para que os resultados das premissas (P1e P2) sejam


verdadeiros, temos que valorar as proposições simples
sublinhadas de acordo com a tabela-verdade da disjunção
exclusiva. Então, teremos:

O elemento referente à quarta linha não pertence a A e não


pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo,
será falso.

Vamos associar cada linha da tabela verdade a cada


elemento pertencente ao diagrama acima.

No operador disjunção (ou..ou..) exclusiva, só será


verdadeiro se os elementos não pertencerem à interseção, ou
OBS: O operador “ou...ou...” tem o sentido de “um ou outro,
seja, quando forem exclusivos, pertencerem à área
e não ambos”. O operador “ou...ou...” em operações de
hachurada no diagrama. Isto quer dizer que quando tiver o
conjuntos dá ideia de União dos exclusivos e uma ideia da
valor V (pertence) e quando tiver o valor F (pertence ao
soma dos exclusivos. Quando se utilizar o “ou” no sentido
conjunto).
exclusivo, é comum adicionar no final a expressão: “mas
não os dois”.
O elemento referente à primeira linha pertence a A e
Condicional: “se..., então...” símbolo: →
pertence a B, ou seja, se encontra na interseção, logo, será
falso.
Esse é o principal dos operadores lógicos, ou seja, o
CONDICIONAL, isso pela incidência em questões de
O elemento referente à segunda linha pertence a A e não
concursos públicos e também pela sua complexidade.
pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo,
Denomina-se condicional a proposição composta formada
será verdadeiro.
por duas proposições que estejam ligadas (operadas) pelo
conectivo “se..., então...”/“quando”, “ aquele”, “como” etc.
O elemento referente à terceira linha não pertence a A e
pertence a B, ou seja, não se encontra na interseção, logo,
Para melhor compreensão, iremos continuar lançando mão
será verdadeiro.
dos conhecimentos de teoria de conjuntos.
Resumindo, na disjunção exclusiva só será verdadeiro se os
A noção de conjunto fornece uma interpretação concreta
valores das proposições forem diferentes.
para algumas ideias de natureza lógica, que são
fundamentais para a matemática e o desenvolvimento do
Vejamos mais uma questão envolvendo o operador acima:
raciocínio. Por exemplo, a implicação lógica denotada por A
De três irmãos - José, Adriano e Caio. Sabe-se que ou José é

116
→ B pode ser interpretada como uma inclusão entre sabemos que a segunda é verdadeira, não temos como
conjuntos, ou seja, como A ⊂ B, em que A é o conjunto deduzir o valor-lógico da primeira. Veja:
cujos objetos cumprem a condição a, e B é o conjunto cujos Temos alguns termos que indicam as proposições simples
objetos cumprem a condição b. em uma proposição condicional. Tem acontecido demais em
concursos, em que a banca não cita o nome do operador, e
sim, os termos escritos abaixo:

Além desses termos, é importante guardar as condições que


existem nas proposições condicionais.
Condição suficiente: condição que vai do antecedente para
o consequente.
Condição necessária: condição que vai do consequente
para o antecedente.

Vejamos um exemplo simples:


No operador condicional (Se..., então...), será verdadeiro se Ex: Se o dia estiver claro, então José vai à praia.
os elementos cumprirem a condição determinada pela
inclusão A ⊂ B, ou seja, apenas 03 elementos “a, b e c” Temos que: O dia estar claro é condição suficiente para José
podem existir de acordo com o diagrama acima. Vejamos: ir à praia.
Ou
O elemento referente à primeira linha indica que se José ir à praia é condição necessária para o dia estar claro.
pertence a A, então pertence a B, ou seja, isso pode
acontecer. No diagrama, é representado pelo elemento a, O operador “Se...., então...” dá ideia de inclusão de dois
logo, será verdadeiro. conjuntos, em que, p q p q. Uma observação muito
importante para o conectivo condicional é que o mesmo não
O elemento referente à segunda linha indica que se pode (comutar), ou seja, se eu falar: “Se estudo, então eu
pertence a A, então não pertence a B, ou seja, isso NÃO passo”, não é o mesmo que falar: “ Se eu passei, então
pode acontecer. No diagrama, não temos elemento estudei”. Do ponto de vista lógico, essas duas proposições
representando essa possibilidade, logo, será falso. não possuem as mesmas interpretações, isto é, as valorações
nas tabelas-verdade são diferentes. Isso fica claro com os
O elemento referente à terceira linha indica que se não valores expressos nas linhas 2 e 3.
pertence a A, então pertence a B, ou seja, isso pode
acontecer. No diagrama, é representado pelo elemento b,
logo, será verdadeiro.

O elemento referente à quarta linha indica que se não


pertence a A, então não pertence a B, ou seja, isso pode
acontecer. No diagrama, é representado pelo elemento c,
logo, será verdadeiro.
Outra demonstração é por meio dos diagramas, onde temos:
Em uma proposição condicional, não existe a possibilidade
de termos a primeira verdadeira e a segunda falsa, então, se
sabemos que a primeira é verdadeira, a segunda, por
dedução, deverá ser considerada verdadeira, e se sabemos
que a segunda é falsa, a primeira deverá ser considerada
falsa.
Note, também, que: se sabemos que a primeira é falsa, não
temos como deduzir o valor-lógico da segunda e, se p → q ≠ q→ p

117
Resumindo, na condicional só será FALSO se tivermos
verdade no antecedente e falso no consequente. Uma A: Gosto de lógica analítica.
brincadeira que gosto de fazer é a seguinte: V → F (Vera B: Gosto de estatística inferencial. A proposição
Fischer). bicondicional ‘A se, e somente se, B’ pode ser escrita como:
Questões: A ↔ B: Gosto de lógica analítica se, e somente se, gosto de
Se o jardim não é florido, então o gato mia. Se o jardim é estatística inferencial.
florido, então o passarinho não canta. Ora, o passarinho
canta. Logo: Quando declaramos uma proposição bicondicional, devemos
a) O jardim é florido e o gato mia. de acordo com os axiomas da lógica aceitar como
b) O jardim é florido e o gato não mia. verdadeiro que: Se é verdade que “gosto de lógica
c) O jardim não é florido e o gato mia. inferencial”, obrigatoriamente, é verdade que “gosto de
d) O jardim não é florido e o gato não mia. estatística inferencial”. Se for verdade que gosto de
e) Se o passarinho canta então o gato não mia. estatística inferencial, obrigatoriamente, é verdade que gosto
Resposta de lógica analítica. Se for falso que gosto de lógica
Letra c. Partindo do princípio de que todas as proposições inferencial, obrigatoriamente é falso que gosto de estatística
são verdadeiras, temos: inferencial e, se é falso que gosto de estatística inferencial,
obrigatoriamente, é falso que gosto de lógica analítica.
Qualquer outra possibilidade representa um conjunto vazio.
A tabela e o diagrama abaixo representam esta situação.

P3: O passarinho canta (V)


Para que possamos fazer essa questão, uma boa sugestão é
que iniciemos pela proposição simples (P3) como
verdadeira.

Partindo da premissa P3 como (V), temos as seguintes


valorações para as demais proposições simples, de acordo
com a tabela verdade da condicional, analisando as
respostas:

Se a proposição P3 é verdadeira, então o consequente de P2


será falso. Se o consequente de P2 é falso, então o
antecedente será falso. Se o antecedente da proposição P2 é
falso, então o antecedente da proposição P1 é verdadeiro.
Dessa forma, temos as valorações das proposições simples, No operador bicondicional (se, e somente se), será
agora, é só procurar a resposta, e o importante é perceber verdadeiro se os elementos cumprirem a condição
que nas alternativas temos o operador de conjunção, que determinada pela inclusão (A B) ∩ (B A), ou seja, os
deverá ser também analisado. conjuntos são iguais, pois o conjunto A está contido em B e,
a) Errada. O jardim é florido e o gato mia. simultaneamente, B está contido em A, conforme o
F ^V = F diagrama acima. Vejamos como interpretar as tabelas:
b) Errada. O jardim é florido e o gato não mia.
F^F=F O elemento referente à primeira linha indica que se pertence
c) Certo. O jardim não é florido e o gato mia. ao conjunto A, então pertence ao conjunto B, ou seja, isso
V^V=V acontece uma vez que os conjuntos são iguais. No diagrama,
d) Errado. O jardim não é florido e o gato não mia. é representado pelo elemento “a”, logo, será verdadeiro.
V^F=F
e) Errado. Se o passarinho canta, então o gato não mia. O elemento referente à segunda linha indica que se pertence
V→F=F a A, então não pertence a B, ou seja, isso NÃO pode
Bicondicional: “se, e somente se”símbolo: ↔ acontecer, uma vez que os conjuntos são iguais. No
Temos, agora, o operador bicondicional, que será diagrama, não temos elemento representando essa
identificado pelo termo “se, e somente se”. A proposição possibilidade, logo, será falso.
composta formada por duas proposições que estejam ligadas
por esse conectivo. O elemento referente à terceira linha indica que se não
pertence a A, então pertence a B, ou seja, isso NÃO pode
Vejamos um exemplo. acontecer, uma vez que os conjuntos são iguais. No

118
diagrama, não temos elemento representando essa OBS: Temos que observar que em muitas questões de
possibilidade, logo, será falso. concursos públicos os conectivos lógicos: condicional e
bicondicional são expressões não em uma linguagem formal
O elemento referente à quarta linha indica que se não (seu significado), mas por meio de condições impostas às
pertence a A, então não pertence a B, ou seja, isso acontece proposições simples que compõem uma sentença composta.
uma vez que os conjuntos são iguais. No diagrama, é
representado pelo elemento “b”, logo, será verdadeiro. Exemplos:
Carlos não ir ao Canadá é condição necessária para
OBS: Na proposição bicondicional, se a primeira das duas Alexandre ir à Alemanha. Helena não ir à Holanda é
proposições simples que a compõem for verdadeira, a condição suficiente para Carlos ir ao Canadá. Alexandre não
segunda será verdadeira, e se a primeira for falsa, a segunda ir à Alemanha é condição necessária para Carlos não ir ao
será falsa. Canadá. Helena ir à Holanda é condição suficiente para
Quando temos: Alexandre ir à Alemanha. Portanto:
a) Helena não vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
Alexandre não vai à Alemanha.
b) Helena vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá, Alexandre
não vai à Alemanha.
c) Helena não vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá,
Alexandre não vai à Alemanha.
d) Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
Alexandre vai à Alemanha.
e) Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
Alexandre não vai à Alemanha.
Resposta:
Uma aplicação deste conceito: Primeiramente, vamos identificar os conectivos e construir a
Se todos os nossos atos têm causa, então não há atos livres. estrutura para chegarmos a uma conclusão verdadeira.
Se não há atos livres, então todos os nossos atos têm causa. É importante que você já saiba as tabelas-verdade anteriores,
Logo, pois iremos utilizá-las.
a) alguns atos não têm causa se não há atos livres.
b) todos os nossos atos têm causa se e somente se há atos
livres.
c) todos os nossos atos têm causa se e somente se não há
atos livres.
d) todos os nossos atos não têm causa se e somente se não
há atos livres.
e) alguns atos são livres se e somente se todos os nossos atos
têm causa.
Resposta
Considerando as proposições:

Se todos nossos atos têm causas, então não há atos livres. Logo, partindo de que todas as proposições são verdadeiras
Se não há atos livres, então todos nossos atos têm causas. e utilizando as tabelas- -verdade, valoramos as proposições
simples.
Tomando como proposições:
Nesse momento, só quero que você se importe com a
P: Todos nossos atos tem causas. construção das proposições, pois quanto as valorações,
Q: Não há atos livres. (P→Q) ^ (Q→P) podemos inferir que veremos uma maneira mais prática de preencher.
P⇔Q. Podemos perceber que a questão comuta (troca de
posição) as proposições simples P e Q, em que podemos Depois de valorada a proposição acima novamente, chamo a
concluir que 2 (duas) condicionais produzem uma atenção para observar que nas opções temos operadores
bicondicional. lógicos, que devem ser levados em conta. Analisando os
“Todos os nossos atos tem causas se e somente se não há itens propostos pela questão para se chegar a uma opção
atos livres.” verdadeira, temos:
Dessa ideia, temos mais um conceito a ser mostrado, que é o a) Errada. Helena não vai à Holanda, Carlos não vai ao
seguinte: P é condição necessária e suficiente para Q. Canadá, Alexandre não vai à Alemanha. V – ^ F ^ V = F
Temos as duas condições, simultaneamente, pois se trata de b) Errada. Helena vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá,
uma bicondicional. Alexandre não vai à Alemanha. F ^ V ^V = F

119
c) Certa. Helena não vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá,
Alexandre não vai à Alemanha. V – ^ V ^V = V
d) Errada. Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
Alexandre vai à Alemanha. F ^ F ^ F = F
e) Errada. Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá,
Alexandre não vai à Alemanha. F ^F ^ F = F
Negação ou Modificador lógico símbolo: ¬ ou ~

O “não” é chamado de modificador lógico porque ao ser


inserido em uma proposição, muda seu valor lógico, ou seja,
faz a negação da proposição. Quando formos representar a
negação de uma proposição, vamos usar o sinal de til (~) ou
(¬), antes da letra que representa a proposição.
A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela
Abaixo algumas formas que pode ser cobrado em verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas,
Concursos. e V e F correspondem, respectivamente, aos valores lógicos
verdadeiros e falsos. Com base nessas informações e
utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue os itens
subsecutivos.

Se uma proposição p é verdadeira, então a sua negação, a Exemplo 2.


proposição ¬p, é falsa. Veja: A última coluna da tabela-verdade referente à proposição
lógica PV (Q ⇔ R) quando representada na posição
horizontal é igual a

Certo. Vamos construir a tabela-verdade:


Se uma proposição ¬p é verdadeira, então a sua negação,
proposição p, é falsa. Veja:

Exemplo:
Considerando que as proposições lógicas sejam
representadas por letras maiúsculas e utilizando os Observe que na 4a coluna temos uma bicondicional
conectivos lógicos usuais, julgue os itens a seguir a respeito operando as proposições da 2ª e 3ª colunas. Na
de lógica proposicional. bicondicional, só será verdade se os valores forem iguais.

Observe que na 5ª e última coluna iremos operar a 1a com a


4ª coluna com o conectivo de disjunção (ou), em que para
ser verdade, basta uma verdade.

Exemplo 3.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição

120
lógica P→ (Q ^ R) quando representada na posição Exemplo 5.
horizontal é igual a Na terça–feira, Cássia disse que iria ao supermercado no
sábado e na quarta-feira, que compraria arroz no sábado.
Nesse caso, a proposição “Se Cássia for ao supermercado no
sábado, então comprará arroz” é verdadeira.

Errado Certo.
De acordo com a tabela, podemos valorar as proposições,
pois sabemos quando a pessoa está falando a verdade e
quando ela está mentindo.

A proposição: “Cássia foi ao supermercado no sábado será


falsa (F)”, pois foi dito em uma terça-feira.

A proposição: “comprará arroz será verdadeira (V)”, pois foi


dito em uma quarta- -feira. Valorando as proposições,
Observe que na 4a coluna temos uma conjunção operando as podemos aplicar na proposição composta abaixo: “Cássia foi
proposições da 2ª e 3ª colunas. Na conjunção só será ao supermercado no sábado (F) → comprar arroz (V) =
verdade se os valores forem verdadeiros. Observe que na 5ª VERDADEIRO.
coluna temos uma condicional operando as proposições da
1ª e 4ª colunas. Na condicional só será falsa se o antecedente Exemplo 6.
for verdadeiro e o consequente for falso. Se, em uma sexta–feira, Cássio disser a Cássia: “Se eu te
amasse, eu não iria embora”, será correto concluir que
Exemplo 4. Cássio não ama Cássia.
O casal Cássio e Cássia tem as seguintes peculiaridades:
tudo o que Cássio diz às quartas, quintas e sextas–feiras é Errado. De acordo com a tabela, podemos valorar as
mentira, sendo verdade o que é dito por ele nos outros dias proposições, pois sabemos quando a pessoa está falando a
da semana; tudo o que Cássia diz aos domingos, segundas e verdade e quando ela está mentindo.
terças- -feiras é mentira, sendo verdade o que é dito por ela
nos outros dias da semana. A respeito das peculiaridades
desse casal, julgue os itens subsecutivos.
Em uma sexta–feira, segundo a tabela acima, temos que
Se, em certo dia, ambos disserem “Amanhã é meu dia de Cássio mente, logo, a afirmação dita por ele deve ser
mentir”, então essa afirmação terá sido feita em uma terça- valorada como falsa.
feira.
Cássio: “Se eu te amasse, eu não iria embora” = F
Certo.
Vamos construir uma tabela para que possamos visualizar Temos uma proposição composta condicional, e para que ela
melhor a situação. seja falsa, o antecedente tem que ser verdadeiro e o
consequente falso, assim:

Cássio: eu te amasse(V) → eu não iria embora (F) = F


Dessa forma, Cássio ama Cássia e vai embora.
Se analisarmos a terça feira segundo o item propõe, temos
que: Equivalências lógicas da bi-condicional
Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes
Cássio na terça-feira (fala a verdade) diz: “Amanhã é meu (ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de
dia de mentir”, se ele fala a verdade nesse dia, então deverá suas tabelas-verdade são idênticos. Uma conseqüência
mentir na quarta-feira, o que realmente acontece, segundo prática da equivalência lógica é que ao trocar uma dada
podemos observar no quadro acima. proposição por qualquer outra que lhe seja equivalente,
estamos apenas mudando a maneira de dizê-la.
Cássia na terça-feira (fala mentira) diz: “Amanhã é meu
dia de mentir”, se ela fala mentiras nesse dia, então deverá A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser
falar a verdade na quarta-feira, o que realmente acontece, representada simbolicamente como: p ⇔ q, ou
segundo podemos observar no quadro acima. simplesmente por p = q.

121
seja, uma valoração (verdadeiro ou falso). Também
Equivalências da Condicional podemos falar que esta valoração é chamada de valor-
As duas equivalências que se seguem são de fundamental lógico, ou valor-verdade.
importância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou
seja, demonstradas, por meio da comparação entre as Na verdade, podemos então inferir que as sentenças
tabelas-verdade. Fica como exercício para casa estas fechadas são denominadas de proposições também.
demonstrações. As equivalências da condicional são as São exemplos de proposições as seguintes sentenças
seguintes: declarativas:
A capital do Brasil é Brasília.
1) Se p então q = Se não q então não p. Existe um número ímpar menor que dois.
Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não João foi ao cinema ou ao teatro.
chove. Os humanos precisam de água para sobreviver.
2) Se p então q = Não p ou q.
Acabamos de nos referir ao valor lógico de uma sentença:
Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou "verdadeiro", valor este que, para outra proposição, poderia
passo no concurso. ser "falso". Em resumo, para uma proposição p, que pode ser
avaliada por um critério lógico, podem ser atribuídos os
Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a valores verdadeiro (V) ou falso (F). Regra geral as
memorização, teremos: proposições são representadas por uma letra minúscula: p, q,
r e etc.

Veja a sentença "p" abaixo enunciada:

p: Você nunca esteve no planeta Marte. Podemos afirmar


Equivalências com o símbolo de negação que a proposição p é verdadeira (V). Temos, então, que: VL
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão (p) = (V), ou seja, o valor lógico (VL) da sentença (p) é
somente, das negações das proposições compostas! verdadeiro (V).
Lembremos:
Há 3 (três) princípios que você deve saber:
1)Princípio da identidade: "uma proposição verdadeira é
verdadeira; uma proposição falsa é falsa"

2) Princípio da não-contradição: "nenhuma proposição pode


ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo".

3) Princípio do terceiro-excluído: "uma proposição ou será


verdadeira ou será falsa: não há outra possibilidade".
É possível que surja alguma dúvida em relação a última
O que não é uma Proposição?
linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do que foi
1) Frases interrogativas: “Qual é o seu nome?”
aprendido:
2) Frases exclamativas: “Que linda é essa mulher!”
3) Frases imperativas: “Estude mais.”
p ⟷ q = (p → q) e q → p)
4) Frases optativas: “Deus te acompanhe.”
5) Frases sem verbo: “O caderno de Maria.”
A Equivalência Bicondicional tem esse nome porque
6) Sentenças abertas (o valor lógico da sentença depende do
equivale a duas condicionais.
valor (do nome) atribuído a variável): “x é maior que 2”;
“x+y = 10”; “Z é a capital do Chile”.
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que negar a
sua conjunção equivalente. E para negar uma conjunção, já
OBS: Sempre que não conseguimos atribuir o valor lógico V
sabemos, nega-se as duas partes e troca-se o E por OU.
ou F à frase a mesma não é uma proposição.
Análise do “se”, “somente se” e “se e somente se”
Sentenças abertas
Proposições, sentenças abertas, declaração monovalente
São aquelas que não podemos determinar o sujeito da
Proposição
sentença. Uma forma mais simples de identificar uma
Pela definição, podemos dizer que proposição é uma
sentença aberta é quando a mesma não pode ser nem V
sentença (afirmativa ou negativa) formada por palavras ou
(verdadeira) nem F (falsa).
símbolos que expressam um pensamento de sentido
completo, as quais se podem atribuir um valor lógico, ou
Iremos observar que são chamadas de abertas porque não

122
são passíveis de interpretação. qualquer número maior que dois, ou seja, não há um sujeito
específico.
“O sujeito é uma variável que pode ser substituída por um • Que prova mais difícil! (FRASE EXCLAMATIVA)
elemento arbitrário, transformando a expressão em uma Frases exclamativas são consideradas como sentenças
proposição que pode ser valorada como V ou F”. abertas, pois expressam pensamentos subjetivos, aos quais
não temos uma interpretação formal.
Observe o exemplo abaixo: É importante ressaltar a seguinte definição: “na
comunicação, o elemento fundamental é a sentença, ou
Exemplo: Ela foi a melhor aluna do curso de raciocínio proposição simples, constituída esquematicamente por um
lógico para carreiras tribunais. sujeito e um predicado, sempre nas formas afirmativa ou
Surge a pergunta: negativa, excluindo- -se as interrogativas e exclamativas.”

“Por que sentença aberta?”. Bem, podemos inferir que, segundo a banca, uma frase
exclamativa se trata de uma sentença aberta em que não
Vamos entender o motivo. podemos interpretar de maneira lógica, isto é, como
verdadeira ou falsa.
Na lógica bivalente, que é o nosso caso, os pensamentos
devem ser interpretados de duas formas, ou seja, podem ser Questão que já caiu em Concurso:
valorados como (VERDADEIRO) ou (FALSO), conforme Uma proposição é uma sentença afirmativa ou negativa que
os princípios fundamentais da lógica proposicional, que pode ser julgada como verdadeira (V) ou falsa (F), mas não
veremos daqui a pouco. como ambas. Nesse sentido, considere o seguinte diálogo:

No exemplo acima, temos um pensamento que não é (1). Você sabe dividir? — Perguntou Ana.
passível de valoração, uma vez que não sabemos quem é o (2). Claro que sei! — Respondeu Mauro.
sujeito. Desta forma, tais pensamentos são ditos sentenças (3). Então, qual é o resto da divisão de onze milhares, onze
abertas. centenas e onze por três? — Perguntou Ana.
(4). O resto é dois. — Respondeu Mauro, após fazer a conta.
Há expressões às quais não se pode atribuir um valor lógico (5). Está errado! Você não sabe dividir. — Respondeu Ana.
V ou F, observe atentamente os exemplos abaixo e as A partir das informações e do diálogo acima, julgue o item
considerações realizadas: que se segue. A frase (2) é uma proposição.

• “Aquele é juiz do TRT da 1.a Região”, (Quem é ele?) Analisando a questão, podemos verificar que se trata de uma
Não podemos definir quem é o sujeito, ou até mesmo a qual conversação a ser analisada, ou seja, a banca nos dá a
conjunto ele pertence. oportunidade de analisarmos o diálogo, sendo assim,
vejamos:
• “x + 5 = 10”. (Quem é o x? É número? É objeto? O que é?)
Daí, você me diz: Ana pergunta a Mauro se ele sabe dividir, o mesmo
responde que sim, porém, o número que Ana indica é o
O x só pode ser 5, me ensinaram assim nas séries iniciais, 12.111 (11000 + 1100 + 11), que é divisível por 3, em que o
pois se trata de uma equação do 1o grau. resto é igual a 0 (zero).
Mauro afirma que o resto é 2 (dois), uma resposta errada.
Só podemos dizer que o x é igual a 5 caso estivermos Após considerarmos o diálogo, segundo o enunciado,
trabalhando com conjuntos numéricos, e indicarmos que x algumas frases podem ser valoradas da seguinte forma:
pertence a um determinado conjunto numérico, pois, até (1). Você sabe dividir? (Sentença aberta – não possui
então, não sabemos do que se trata a incógnita x. Para valoração) — perguntou Ana.
melhor compreensão, o conceito matemático de equação é: (2). Claro que sei! (Sentença fechada – proposição – pode
ser valorada de acordo com o diálogo) — respondeu Mauro.
“toda sentença matemática aberta que exprime uma relação (3). Então, qual é o resto da divisão de onze milhares, onze
de igualdade.” centenas e onze por três? (Sentença aberta – não possui
valoração) — perguntou Ana.
Exemplo: (4). O resto é dois. (Sentença fechada – proposição – pode
ser valorada de acordo com o diálogo) — respondeu Mauro,
“{x ∈ R/ x > 2}”.( Qual o valor de x?) após fazer a conta.
(5). Está errado! Você não sabe dividir. (Sentença fechada
Nesse exemplo, sabemos que x pertence ao conjunto dos (verdadeira) – proposição – pode ser valorada de acordo
números reais, porém, não conseguimos definir qual o valor, com o diálogo) — respondeu Ana.
uma vez que temos uma desigualdade, ou seja, temos um
intervalo de valores como resposta. Neste caso, x pode ser Vamos analisar apenas a segunda frase.

123
Quando Mauro afirma: “ Claro que sei! ”, temos uma
sentença exclamativa, porém, quando temos a oportunidade
de analisar o conteúdo, o que não é comum na lógica formal,
Onde n é o número de proposições simples
podemos inferir que de acordo com os cálculos realizados, o
Exemplos:
resto da divisão não é 2(dois), e sim, 0(zero), o que faz
termos a certeza que ele não sabe dividir e que,
consequentemente, sua frase exclamativa é falsa, isto é,
podemos valorar essa sentença.

Uma situação em que muitos iriam afirmar que a frase dois


seria uma sentença aberta, o que na verdade não é.
• Você não vai tirar férias este ano de novo? (FRASE
INTERROGATIVA)

As frases interrogativas são sempre abertas, pois realmente


não temos como valorá-las. Nas diversas provas realizadas, Proposição Simples
desde 2008, não vi nenhuma frase interrogativa possuindo Proposições simples ou básicas são as proposições que
valor lógico, isto é, verdadeira ou falsa. expressam apenas um pensamento. Deve-se perceber que
temos apenas uma ação, ou seja, apenas um sujeito
• Filho meu, ouve minhas palavras e atenta para meu (podendo ser simples ou composto), um verbo e um
conselho. (FRASE INTERROGATIVA) predicado.

As frases imperativas são sempre abertas, pois realmente • Ex.: Brasília é uma cidade com uma arquitetura admirável.
não temos como valorá-las. Nas diversas provas realizadas • Ex.: João Pedro alcançou uma vaga no concurso dos seus
desde 2008, não vi nenhuma frase imperativa possuindo sonhos.
valor lógico, isto é, verdadeira ou falsa.
Negação da proposição simples
Declaração Monovalente
Quando declaramos alguma coisa no português ou na O símbolo que representa a negação é uma pequena
informática assumimos que aquela afirmação é verdadeira. cantoneira (¬) ou um sinal de til (~), antecedendo a frase.
Ou seja, é uma INFORMAÇÃO que não será discutida. Tem (Adotaremos o til);
o sentido de uma frase imperativa. É monovalente porque
assume apenas o valor lógico VERDADE. É a informação Basicamente, a regra é: para negar uma proposição simples
que alimentará o BANCO DE DADOS em nível devemos modificar apenas o seu verbo.
epistemológico e servirá como parâmetro para julgar as
proposições propriamente ditas. As sentenças que são usadas Por exemplo, considere a proposição: “Guilherme jogou um
como parâmetros de verdade denominamos também livro na perna de João”.
PREMISSAS.
A negação, de acordo com a Lógica, limita-se a trocar o
Exemplo 1. valor-verdade da afirmação feita. Limita-se a dizer que a
Se declararmos que “x = 4” , estamos dizendo que a variável afirmativa é falsa. Entretanto, essa falsidade pode recair em
x não é mais livre. Não se trata de uma sentença aberta ou de vários itens da afirmação.
uma afirmação bivalente. É uma declaração de sentido
imperativo. i) Não foi Guilherme quem jogou o livro, foi Alberto.
ii) Não jogou, apenas encostou.
Exemplo 2. iii) Não foi um livro, e sim um caderno.
O PACU É UM PEIXE iv) Não foi na perna, foi na barriga.
Está sendo informado que o Pacu é um peixe ( poderia ser v) Não foi em João, foi em Paulo.
uma comida, uma arma, uma planta, uma tribo, etc ). Esta
informação servirá como parâmetro de VERDADE . O que Para “englobar” todas essas possibilidades, devemos
está sendo feito é uma declaração de um conhecimento em modificar apenas o verbo. Assim, a correta negação desta
um determinado contexto. Tal informação não será julgada e proposição é “Guilherme não jogou um livro na perna de
portanto é monovalente. João”.
Número de linhas da tabela verdade
A fórmula para saber a quantidade de linhas de uma tabela- Questões de Concursos
verdade é:
1. Uma negação correta da proposição “Acredito que

124
estou certo” seria “Acredito que não estou certo”. Pedro não é mineiro ou João não é capixaba.

Para negar uma proposição simples você deve negar apenas Proposições Categóricas
o seu verbo. Assim, a correta negação é “Não acredito que Podemos identificá-las facilmente, pois são precedidas pelos
estou certo”. quantificadores lógicos: “Todo (∀)”, “Nenhum (¬∃)”,
“Algum (∃)”. Na lógica clássica (também chamada de lógica
O item está errado. aristotélica), o estudo da dedução era desenvolvido usando-
se as proposições categóricas.
2. A negação da proposição “O motorista foi pego
dirigindo veículo de categoria diferente daquela para a As quatro proposições categóricas possíveis, em suas formas
qual está habilitado” é “O motorista não foi pego típicas, são dadas no quadro seguinte:
dirigindo veículo de categoria igual àquela para a qual
não está habilitado”.

A negação da proposição dada é “O motorista não foi pego


dirigindo veículo de categoria diferente daquela para a qual
está habilitado”.

O item está errado.


Entre parênteses estão as vogais que representam
3. A negação da proposição “O tribunal entende que o quantificação.
réu tem culpa” pode ser expressa por “O tribunal
entende que o réu não tem culpa”. Podemos observar, no quadro acima, que cada uma das
proposições categóricas na forma típica começa por “todo”
Vimos que para negar uma proposição simples devemos ou “nenhum” (chamados de quantificadores universais) ou
modificar apenas o verbo. por “algum” (chamado de quantificador particular).

A proposição diz que “O tribunal entende X”, onde X é “que Particular Afirmativo: algum A é B
o réu tem culpa”. A negação de “O tribunal entende X” é “O Alguns termos que podem substituir a palavra “algum” nas
tribunal não entende X”. Assim, a correta negação da provas de concursos públicos:
proposição é “O tribunal não entende que o réu tem culpa”.

O item está errado.

Não tente resolver as questões de Lógica utilizando


interpretação.

4. A negação da proposição “A empresa não entrega o


que promete” é “A empresa entrega o que não promete”.
Para negar tal proposição, devemos modificar o seu verbo e O conjunto interseção é formado pelos elementos que
não o seu objeto. Assim, a correta negação de “A empresa pertencem aos conjuntos A e B, simultaneamente. (A ∩ B) =
não entrega o que promete” é “A empresa entrega o {x / x ∈ A e x ∈ B}
promete”.

O item está errado.

Negação de proposições compostas


Para negarmos uma proposição composta ligada pelo
conectivo operacional “E”, basta negarmos ambas as
proposições individuais(simples) e trocarmos o conectivo
“e” pelo conectivo”ou”. Ou seja, transformaremos uma
conjunção em uma disjunção. Vejamos; Simbolicamente: ∃x (A(x) ∧ B(x)) ⇔∃x (B(x) ∧ A(x))
Ex:“Pedro é Mineiro e João é Capixaba”.
• P= Pedro é Mineiro Universal Negativo: nenhum A é B
• Q= João é Capixaba Conjuntos Disjuntos

Negando-a, temos; O termo “nenhum” pode ser substituído pela palavra “não
existe”, nas provas de concursos públicos: A e B são

125
disjuntos se A ∩ B = ∅ Conjunto vazio

Simbolicamente: ¬∃x (A(x) ∧ B(x)) ⇔ ¬∃x (B(x) ∧ A(x))


Particular Negativo: algum A não é B
Alguns termos que podem substituir a palavra “algum” nas Simbolicamente: ∀(x) (A(x) → B(x))
provas de concursos públicos: Resumindo:

Conclusões
1- Duas proposições universais contrárias não podem ser
verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao
mesmo tempo.
2 – Duas proposições particulares subcontrárias podem ser
verdadeiras ao mesmo tempo, mas não podem ser falsas ao
mesmo tempo.
3 – Se uma proposição universal é verdadeira, a sua
Simbolicamente: ∃X (A(X) ∧ ¬B(X)) correspondente subalterna também é verdadeira.
Universal Afirmativo: todo A é B 4 – Se uma proposição universal é falsa, então só podemos
afirmar que a sua Contraditória é Verdadeira.

2.1 Conjuntos: relações de pertinência, inclusão,


igualdade e operações
Um conjunto é estabelecido quando agrupamos elementos
com as mesmas características. Esses agrupamentos
Alguns termos que podem substituir a palavra “todo” nas possuem notação própria, utilizando-se letras maiúsculas
provas de concursos públicos: para dar nome a eles, e representação específica, em geral
• Para todo por meio de círculos, formando-se o que se conhece como
• Qualquer que seja diagrama de Venn, ou listando-se os elementos dos
conjuntos.

Quando estudamos conjunto, devemos inicialmente


compreender o modo como representamos e denotamos
alguns elementos. Em geral, utiliza-se letras
maiúsculas para nomear um conjunto.

Podemos representar um mesmo conjunto de diferentes


modos. Veja:
• Exemplo

126
Representação do conjunto dos números pares menores que A.
10. A⸦B
Por outro lado, o conjunto C não está por completo no
conjunto A, logo, o conjunto C não está contido no conjunto
A.

Para que o conjunto A esteja contido no conjunto B, todos


os elementos de A devem estar no conjunto B.

Subconjuntos
A ideia de subconjunto está ligada à relação de inclusão,
Os elementos do conjunto A são os números pares menores dizemos que A é subconjunto de B se, e somente se, todos
que 10. Na representação gráfica, os elementos devem ficar os elementos de A forem elementos de B, ou seja, se A⸦ B,
no interior do círculo, essa representação é conhecida então A é subconjunto de B.
por diagrama de Venn-Euler. Podemos representar
• Exemplo
também o conjunto fazendo uma lista de seus elementos:
Considere os conjuntos A = {a, b, c, d, e} e B ={a, b, c, d, e,
A = {0, 2, 4, 6, 8}
f, g, h}.
Ao representarmos um conjunto na forma de lista, devemos
Observe que todos os elementos de A são elementos de B,
separar os elementos por vírgula ou ponto e vírgula.
portanto, A é subconjunto de B, isto é: A ⸦ B.
Podemos representar o conjunto dos pares menores que 10
O contrário já não é verdade, pois nem todo elemento de B é
também assim:
elemento de A, portanto, B não é subconjunto de A.
A = { p | p é par menor que 10}
O qual lemos da seguinte forma: “p tal que p é par menor
Conjunto unitário
que 10”. Um conjunto é dito unitário se ele possuir um único
elemento. Veja o exemplo:
Relação de pertinência
• Exemplo
A relação de pertinência mostra se um elemento está dentro
O conjunto A é unitário.
ou não de um conjunto, ou seja, se ele pertence ou não
A = {7}
pertence a um conjunto. Vamos utilizar os seguintes
Conjunto universo
símbolos para a relação de pertinência.
O conjunto universo é o que contém todos os outros
conjuntos. Por exemplo, considere os conjuntos A = {– 1, –
2, 1, 2}, B ={0, 1, 2, 3} e C = {1, –1, 2, –2}, veja que todos
eles são compostos por números inteiros, ou seja:
Assim, para afirmar se um elemento está ou não no
conjunto, devemos utilizar a notação anterior. Veja:
• Exemplo
Considere o conjunto B = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 15}.
Observe que o elemento 5 está dentro do conjunto B e que o
elemento 0, por exemplo, não está, assim: Portanto, o conjunto dos números inteiros é o conjunto
universo.

Conjunto complementar
Relação de inclusão Considere dois conjuntos A e B de forma que A ⸦ B.
A relação de inclusão mostra-nos se um conjunto está
contido ou não dentro de outro. Na relação de inclusão,
utilizamos os seguintes símbolos:

• Exemplo
Considere os conjuntos: O conjunto complementar é formado pela diferença B – A,
A = {1, 2, 3, 4, 5} ou seja, tomamos os elementos de B e retiramos os
B = {2, 3} elementos de A contidos em B. Esse conjunto é chamado
C = {5, 6, 7} complementar de B em relação a A.
Observe que o conjunto B está por completo dentro do
conjunto A, portanto, o conjunto B está contido no conjunto Conjuntos das partes

127
O conjunto das partes de A é formado por todos os possíveis considerando dois conjuntos A e B, a interseção é formada
subconjuntos dos elementos do conjunto A. Veja o exemplo: por elementos que pertencem ao conjunto A e ao conjunto
B. Denotamos a interseção por ∩.
• Exemplo
• Exemplo
Determine o conjunto das partes do conjunto A = {1, 2, 3}
O conjunto das partes é denotado por P (A) = {{1}, {2}, Considere os conjuntos A = {a, b, c, d, e} e B ={c, d, e, f,
{3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}, {}}. g}.

Para determinar o número de elementos do conjunto das Para determinar a intersecção entre os dois conjuntos,
partes de A, basta resolver a potência 2 n, em que n é o devemos encontrar os elementos que pertencem a eles.
número de elementos do conjunto A. Do exemplo 6, temos A ∩ B = {c, d, e}
que o número de elementos de A é 3, logo, o número de
elementos do conjunto das partes de A será:
23
2·2·2
8
Observação: O conjunto vazio {} está contido em todo
conjunto.

Igualdade de conjuntos
Dois conjuntos serão iguais se, e somente se,
apresentarem os mesmos elementos em qualquer que seja a
ordem. Desse modo, os conjuntos a seguir são iguais:
O diagrama de Venn é utilizado para representar
A = {0, 1, 3, 4, 5, 6} graficamente os conjuntos e as relações entre eles.
B = {6, 5, 4, 3, 2, 1}
C = {6, 6, 5, 4, 5, 4, 3, 6, 2, 1} Exercícios resolvidos

Operações com conjuntos Questão 1 – Considere os conjuntos A = {a, b, c, d, e, f} e B


={d, e, f, g, h, i}. Determine (A – B) U (B – A).
União de conjuntos
Resolução
Vamos determinar os conjuntos A – B e B – A e, em
Considere dois conjuntos A e B, a união entre eles será um seguida, realizar a união entre eles.
novo conjunto formado por elementos de A ou elementos de
B. A – B = {a, b, c, d, e, f} – {d, e, f, g, h, i}
A – B = {a, b, c}
B – A = {d, e, f, g, h, i} – {a, b, c, d, e, f}
B – A = {g, h, i}

Desse modo, (A – B) U (B – A) é:

{a, b, c} U {g, h, i}
{a, b, c, g, h, i}
Representamos a união com o símbolo U, então A U B é a
união entre os conjuntos A e B. Questão 2 – Determine o valor de x para que os conjuntos A
• Exemplo = {1, 1, 2, 3} e B = {1, x, 3} sejam iguais.
Considere os conjuntos A = {a, b, c, d, e} e B ={c, d, e, f,
g}. Resolução
Para determinar o conjunto união, basta escrever o conjunto Vimos que dois conjuntos são iguais se todos os seus
formado por elementos que estão em ambos conjuntos, elementos forem iguais independentemente da ordem.
assim: Observando os conjuntos A e B, veja que o único elemento
A U B = {a, b, c, d, e, f, g} que falta no conjunto B para que A = B é o número 2, uma
vez que elementos repetidos podem ser considerados como
Intersecção de conjuntos um só. Portanto:
A interseção de conjuntos é formada por elementos que x=2
estão simultaneamente nos conjuntos envolvidos. Assim,

128
Questão 3 – Considere os conjuntos A = {a, b, c, d}, B= {c,
d, e, f, g} e C = {b, d, e, g}. Determine os conjuntos: Assim, podemos dizer que a:b = 3:2 ou
a) B – A
b) A – C
c) A – B

Resolução
a) Para determinar o conjunto B – A, devemos considerar os Proporção
elementos do conjunto B e retirar os elementos de A que
pertencem ao conjunto B. Proporção é a igualdade entre duas razões (equivalências
B – A = {e, f, g} entre razões). Ou seja, se dissermos que as razões
b) De maneira análoga, devemos considerar os elementos do
conjunto A e retirar os elementos do conjunto C.
A – C = {a, c}
c) Da mesma maneira, determinamos o conjunto A – B.
A – B = {a, b}
Observe que A – B é diferente de B – A.
são iguais, é o mesmo que dizer que elas formam uma
2.2 Razão e proporção proporção.
Razão e proporção são utilizadas para realizar
comparações ou estabelecer igualdade entre grandezas Propriedade fundamental da proporção
diferentes. Dessa forma, a razão realiza a comparação
enquanto a proporção faz a igualdade. O produto dos meios é igual aos produtos dos extremos.
Então, ao escrevermos
Razão
Usamos razão para fazer comparação entre duas grandezas.
Assim, quando dividimos uma grandeza pela outra estamos
comparando a primeira com a segunda.

Definição: dizemos que a e d são os extremos da proporção e b e c são


Sabendo que existe duas grandezas a e b, a razão entre a e b, os meios da proporção.
com b diferente de zero, é o quociente entre a e b: a:b ou
Levando em conta o conjunto dos números reais, podemos
concluir algumas equivalências entre as proporções.
Portanto, para

Exemplo:

Seja a = 18 e b = 12, qual a razão entre a e b?

com a, b, c, d ∈ R*, temos que:

mas

que são todas razões equivalentes.

Primeiro, dividimos por 2, o menor número possível (com


exceção do 0 e 1), o numerador e o denominador. Depois
dividimos por 3 o resultado da divisão anterior, que era o
mínimo possível que podíamos dividir tanto o numerador
quanto o denominador.

129
ângulos

Ângulos são duas semirretas que têm a mesma origem, no


vértice, e são medidos em grau (º) ou em radiano (rad), de
acordo com o Sistema Internacional.

Tipos de Ângulos

Conforme as suas medidas, os ângulos são classificados em


agudo, reto, obtuso e raso.
Agudo

O ângulo agudo mede menos do que 90º (

Exemplo:
As razões

Reto
e
O ângulo reto mede o mesmo que 90º ( = 90º).

são equivalentes, logo determinam uma proporção.

Então: 12 x 3 = 18 x 2.

Exemplo:
Determine o valor de x na proporção:
Obtuso

O ângulo obtuso mede mais do que 90º e menos do que 180º


(90º >
Para resolver esse exemplo e encontrar o valor de x na
proporção, vamos utilizar regra de três simples. Assim, pela
relação fundamental, temos:

Raso

O ângulo raso, também conhecido como meia volta, mede o


mesmo que 180º ( = 180º).

Portanto, x = 42.

Geometria Plana e Espacial Como medir os ângulos?

130
Para medir os ângulos, precisamos de um transferidor, um comuns, podem ser complementares ou suplementares.
instrumento em círculo (360º) ou semicírculo (180º) que é A soma dos ângulos adjacentes complementares é 90º.
dividido em graus, e seguir os seguintes passos:
A soma dos ângulos adjacentes suplementares é 180º.
1. Colocar o centro da base do transferidor sobre o
vértice do ângulo. Compare a diferença entre ângulos adjacentes com outros
2. Colocar o ponto que indica 0º do transferidor em ângulos que possuem pontos internos em comum.
um dos lados do ângulo.
3. O outro lado do ângulo apontará para a sua medida.

O ângulo é a unidade de medida mais utilizada. Minuto e


segundo são os seus múltiplos.

Importa referir que 360º equivalem a 2 π rad. Assim, 180º


equivalem a π rad.

Ângulos Complementares

Ângulos complementares são aqueles que juntos medem AÔC e AÔB possuem pontos internos em comum. Logo,
90º. não são adjacentes.

AÔC e CÔB não possuem pontos internos em comum.


Logo, são adjacentes complementares.
30º + 60º = 90º, o que que dizer que os ângulos se
complementam mutuamente, 30º complementa o ângulo de Polígonos
60º e vice-versa.
Polígonos são figuras geométricas planas e fechadas
Ângulos Suplementares formadas por segmentos de reta. Os polígonos dividem-se
em dois grupos, os convexos e os não convexos. Quando um
Ângulos suplementares são aqueles que juntos medem 180º. polígono possui todos os seus lados iguais e,
consequentemente, todos os ângulos internos iguais, trata-se
de um polígono regular. Os polígonos regulares podem ser
nomeados de acordo com a quantidade de seus lados.

Elementos de um polígono

Polígono é a figura plana e fechada formada pela união de


um número finito de segmentos de retas. Assim, considere
um polígono qualquer:
135º + 45º = 180º

Isso quer dizer que o ângulo de 135º é o suplemento do


ângulo que mede 45º.
Ao mesmo tempo, o ângulo de 45º é o suplemento do ângulo
que mede 135º.

Ângulos Adjacentes

Os ângulos adjacentes, que são aqueles que não têm pontos

131
lados, automaticamente nos lembramos do
prefixo penta mais o sufixo gono: pentágono.

Exemplo

Determine o nome do polígono a seguir:

Os pontos A, B, C, D, E, F, G e H são os vértices do


polígono e são formados pelo encontros dos segmentos AB,
BC, CD, DE, EF, FG, GH e HA, chamados lados do
polígono.

Os segmentos AF, AE, AD e BG são as diagonais do


polígono. (Perceba que esses são alguns exemplos de
diagonais, no polígono anterior temos mais dessas.)
Diagonais são segmentos de retas que “ligam” os vértices do
polígono.

Nomenclatura de um polígono
A quantidade de lados do polígono é sete, logo, o polígono é
Podemos nomear os polígonos de acordo com seu número um heptágono.
de lados. Veja na tabela a seguir o nome dos principais
polígonos. Classificação dos polígonos

Os polígonos são classificados pela medida de seus


ângulos e lados. Um polígono é dito equilátero quando
possui lados congruentes, ou seja, todos lados iguais; e será
dito equiângulo quando possuir ângulos congruentes, isto é,
todos ângulos iguais.

Caso um polígono seja equilátero e equiângulo, então ele


será um polígono regular.

Em todo polígono regular, o centro tem a mesma distância


dos lados, ou seja, é equidistante dos lados. O centro do
polígono é também o centro da circunferência inscrita no
polígono, ou seja, a circunferência que está “dentro” da
circunferência.

Soma dos ângulos internos de um polígono

Seja ai um ângulo interno de um polígono regular de n lados,


representaremos a soma desses ângulos internos por Si.

Note que não é necessário decorar a tabela e sim entendê-la.


Com exceção do triângulo e do quadrilátero, a formação da
palavra é:

Número de lados + gono

Por exemplo, quando temos o polígono de cinco

132
Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer polígono
convexo é o ângulo formado entre um lado e o
prolongamento do outro lado.

Classificação dos triângulos.

a) quanto aos lados:


- triângulo equilátero.

- triângulo isósceles.
- triângulo escaleno.

b) quanto aos ângulos:


Assim, a soma dos ângulos internos é dada por: - triângulo retângulo.
Si = (n - 2) · 180° - triângulo obtusângulo.
- triângulo acutângulo.
Para calcular o valor de cada ângulo interno, basta pegar o
valor da soma dos ângulos internos e dividir pelo número de Propriedades dos triângulos
lados, ou seja:
ai = Si 1) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3 ângulos
n internos é 180º.
Exemplo 1

Determine a soma dos ângulos internos e, em seguida, a


medida de cada ângulo interno de um icoságono.

Sabemos que um icoságono possui vinte lados, logo, n = 20.


Substituindo nas relações, temos:
Si = (n - 2) · 180°
Si = (20 - 2) · 180°
Si = 18 · 180° 2) Em todo triângulo, a medida de um ângulo externo é igual
Si = 3240° à soma das medidas dos 2 ângulos internos não adjacentes.

Agora, para determinar o valor de cada ângulo interno, basta


dividir o valor encontrado pelo número de lados:
ai = 3240°
20
ai = 162°

Triângulos
Figura geométrica plana com três lados.

3) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3 ângulos


externos é 360º.

133
4) Em todo triângulo isósceles, os ângulos da base são Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos dois a
congruentes. Observação - A base de um triângulo isósceles dois congruentes e os lados correspondentes dois a dois
é o seu lado diferente. proporcionais.

Definição mais “popular”.

Dois triângulos são semelhantes se um deles é a redução ou


a ampliação do outro. Importante - Se dois triângulos são
semelhantes, a proporcionalidade se mantém constante para
quaisquer dois segmentos correspondentes, tais como: lados,
medianas, alturas, raios das circunferências inscritas, raios
das circunferências circunscritas, perímetros, etc.

Altura - É a distância entre o vértice e a reta suporte do lado


oposto.

Quadriláteros

Quadrilátero é um polígono de quatro lados.

Segmentos proporcionais Teorema de Tales. Em todo feixe


de retas paralelas, cortado por uma reta transversal, a razão
entre dois segmento quaisquer de uma transversal é igual à
razão entre os segmentos correspondentes da outra
transversal.

Quadrilátero ABCD
Em um quadrilátero, dois lados ou dois ângulos não
consecutivos são chamados opostos.

Elementos
Na figura abaixo, temos:

Definição.

134
circunferência, pois um círculo é a região interna da
circunferência. Fazendo um comparativo, temos que a
circunferência é a extremidade, e o círculo é toda a região
delimitada por essa extremidade. Veja a figura:

Quadrilátero ABCD
Vértices: A, B, C, e D.
Toda a região pintada em azul é denominada círculo.
Lados:
Elementos do círculo
• Como o círculo é uma região do plano determinada
Diagonais: por uma circunferência, os elementos do círculo
Ângulos internos ou ângulos do coincidem com os elementos da circunferência, isto
quadrilátero ABCD: . é, ele também apresenta raio, diâmetro e corda.

Observações: Veja:
1. Todo quadrilátero tem duas diagonais.
2. O perímetro de um quadrilátero ABCD é a soma
das medidas de seus lados, ou seja: AB + BC + CD
+ DA.

Côncavos e Convexos
Os quadriláteros podem ser convexos ou côncavos. Um
quadrilátero é convexo quando a reta que une dois vértices
consecutivos não encontra o lado formado pelos dois outros
vértices.

Área do círculo

A área do círculo é a medida de toda região delimitada pela


circunferência. Considere um círculo de raio r:

Quadrilátero convexo

A área do círculo é dada por:

• Exemplo
Quadrilátero côncavo
Um círculo possui raio igual a 5 cm. Determine sua área.
Círculo
Resolução:
A definição de círculo é decorrente da definição de

135
Substituindo o valor do raio na fórmula, temos: Observe que o diâmetro é a soma do raio da circunferência,
A = π r2 logo:
A = (3,14) 52
A = 3,14 · 25 d=r+r
A = 78,5 cm2 d = 2·r

Circunferência Como pode ser visto, o diâmetro é o dobro do raio. Qualquer


outro segmento de reta que una dois extremos da
A circunferência e o círculo são figuras geométricas circunferência e que não passe pelo centro é chamado
planas que aparecem com frequência na natureza. Assim de corda.
como as outras formas geométricas possuem seus elementos,
a circunferência e o círculo também possuem algumas • Exemplo
características especiais.
Determine o raio de uma circunferência que possui diâmetro
Uma circunferência é uma região do plano formada por igual a 20 cm.
pontos que são equidistantes de um ponto fixo chamado de
centro da circunferência, ou seja, é formada por pontos que
possuem a mesma distância do centro.

O ponto no meio da circunferência é o centro. Note que a Como o diâmetro é duas vezes o raio, temos:
distância entre todos os pontos em azul até o centro é a
mesma.

Elementos da circunferência

Em toda circunferência, temos raio, diâmetro e corda.


Vejamos agora cada um desses elementos:

Perímetro da circunferência

O perímetro da circunferência, também chamado


de comprimento da circunferência, será representado por C.
Imagine realizar um corte em um ponto qualquer da
circunferência e “esticá-la” até que seja encontrado um
segmento de reta. O que vamos realizar agora é determinar o
tamanho desse segmento de reta.

O matemático e filósofo grego Arquimedes, em um de seus


estudos, percebeu que a razão entre o comprimento da
O raio (r) da circunferência é o segmento de reta que une o circunferência ( C ) e o diâmetro (d) sempre resultava em
centro (C) da circunferência à sua extremidade (em azul). O um mesmo número. Essa constante foi chamada de pi, que é
segmento de reta que une as duas extremidades da denotado pelo símbolo π.
circunferência e passa pelo centro C é chamado
de diâmetro da circunferência e é denotado pela letra d.

136
Dessa razão entre o comprimento de circunferência e o
diâmetro, podemos encontrar uma expressão que possibilita
determinar o comprimento da circunferência ou perímetro
em função do raio. Veja:

Sabemos que o diâmetro da circunferência é o dobro do raio,


ou seja, d = 2r. Substituindo esse valor na expressão acima,
teremos que o comprimento da circunferência em função da
medida do raio é:

C = π · 2r
C = 2πr

Usualmente, utilizamos o valor de pi como sendo 3,14. Veja que todos os vértices do hexágono acima também são
pontos pertencentes à circunferência ao seu redor. É nessa
• Exemplo situação que dizemos que o hexágono é inscrito na
circunferência ou que a
Determine o comprimento de uma circunferência de raio 25 circunferência circunscreve o polígono.
cm.

Nessa segunda imagem, é o polígono que circunscreve a


circunferência. Também podemos dizer, nesse caso, que a
circunferência está inscrita no polígono. Observe que, para
isso, todos os lados do polígono são tangentes à
circunferência.
Substituindo o valor do raio na fórmula, temos:
C = 2πr Elementos do polígono regular inscrito
C = 2(3,14)(25)
C = 157 cm • Centro do polígono regular
É o centro da circunferência onde esse polígono está
Polígonos regulares inscritos e circunscritos inscrito. Pode ser encontrado a partir do ponto de encontro
entre duas mediatrizes de lados distintos do polígono.
Polígonos inscritos são aqueles que estão no interior de
uma circunferência, de modo que todos os seus vértices são • Raio do polígono regular
pontos dela. Já os polígonos circunscritos estão no exterior É o elemento que parte do centro de um polígono regular até
de uma circunferência e apresentam todos os seus um de seus vértices e tem a mesma medida do raio
lados tangentes a ela. Observe as seguintes imagens: da circunferência na qual o polígono regular está inscrito.

• Apótema
É o segmento de reta que liga o centro de
um polígono regular ao ponto médio de um de seus lados.
A apótema sempre forma um ângulo reto com o lado do
polígono que ela toca.

137
Exemplo de centro, raio e apótema do polígono regular

Nessa imagem, r é o raio do polígono regular inscrito, o


ponto O é seu centro e o segmento a é apótema. Ângulo cujos lados são raios consecutivos do polígono
regular inscrito
Propriedades
As propriedades a seguir são válidas apenas Perímetro e área
para polígonos regulares, isto é, polígonos que possuem
todos os lados com a mesma medida e todos os ângulos Outro conceito básico da geometria plana é a noção
congruentes. de perímetro. Para descobrir o valor do perímetro do
qualquer um dos polígonos que mostramos anteriormente
1 – Todo polígono regular pode ser inscrito em basta fazer a soma das medidas de todos os lados dessas
uma circunferência; figuras geométricas. Em outras palavras, o perímetro é a
2 – Todo polígono regular pode ser circunscrito em uma medida do comprimento de um contorno de uma figura
circunferência; plana.
3 – As mediatrizes dos lados de um polígono regular
encontram-se no centro da circunferência que o Quando falamos de área, tramamos da medida usada para
circunscreve; estabelecer o tamanho da superfície de uma figura. A fim de
fazer o cálculo da área usamos as medidas de comprimento e
Em outras palavras, se um polígono regular está inscrito em largura das figuras geométricas (ou polígonos).
uma circunferência, as mediatrizes de seus lados encontram-
se no centro da circunferência, também chamado centro do Observe a seguir as fórmulas para o cálculo do perímetro e
polígono inscrito. A imagem a seguir ilustra essa situação: área das principais figuras geométricas planas:

4 – Em um polígono regular inscrito em uma


circunferência, todos os ângulos centrais, cujos lados são
formados por dois raios consecutivos do polígono regular
inscrito, são congruentes. Além disso, é possível determinar Legenda
sua medida dividindo 360° pelo número de lados do P = perímetro
polígono. A = área
L = lado

138
h = altura
abc = lado qualquer Seja um poliedro com um número n, com n ≥ 4,
D = diagonal maior de polígonos convexos, de forma que:
d = diagonal menor
B = base maior • Dois polígonos do poliedro não pertençam ao
b = base menor mesmo plano;
l’ = lado 1 • Cada lado de um polígono no poliedro é comum a
l” = lado 2 somente dois polígonos;
r = raio (diâmetro = 2 . r) • Cada plano de uma face deixa os demais polígonos
π (pi minúsculo) = 3,14 das outras faces no mesmo semiespaço;
/ = dividido por / sobre
Dessa forma, temos n semiespaços que possuem origem no
GEOMETRIA ESPACIAL plano de um polígono da face que contém os demais.

Poliedros Assim, o poliedro convexo é denominado pela intersecção


dos n semiespaços.
Poliedro é uma figura espacial fechada formada por
polígonos reunidos que formam as suas faces. As faces são Elementos de um poliedro
os lados e são formadas por arestas unidas nos vértices.
Os poliedros convexos são formados pelos seguintes
elementos:
• Faces: as faces são formadas por polígonos
convexos;
• Arestas: as arestas são os lados dos polígonos das
faces;
• Vértices: os vértices são os mesmos vértices dos
polígonos das faces;
• Superfícies: as superfícies do poliedro são a
reunião das faces.
Poliedros de Platão

Denominamos um poliedro de Platão se ele atende aos


Existem dois tipos de poliedros: convexos e não convexos: seguintes requisitos:
Convexo: é convexo quando dois pontos que formam • As faces possuem o mesmo número de arestas;
um segmento de reta na superfície está inteiramente contido • Nos vértices partem o mesmo número de arestas;
no poliedro; • Vale a relação de Euler (V – A + F = 2).

Os Cincos Poliedros de Platão


Os poliedros de Platão são nomeados em apenas cinco
classes:

Côncavo ou não convexo: é côncavo quando dois pontos


que formam um segmento de reta nas extremidades e parte
deste segmento de reta não pertençam ao poliedro.

Legenda:
• m: Número de arestas que parte do vértice
Definição de Poliedro Convexo • n: Número de aresta da face

139
• A: Arestas
• V: Vértices
• F: Faces

Os poliedros são nomeados de acordo com o número de


faces que possuem. Como por exemplo:

1. Hexaedro: 6 faces, 8 vértices e 12 arestas;


2. Tetradecaedro: 14 faces, 16 vértices e 28 arestas;
3. Dodecaedro: 12 faces, 20 vértices e 30 arestas.
Relação de Euler para poliedro convexo
Podemos determinar o número de vértices e arestas
Segundo Euler, em todos os poliedros convexos valem a analisando as faces do poliedro e aplicar relação de Euler: V
seguinte relação: + F = A + 2.

V – A + F = 2 ou F + V = 2 + A Exemplo:

Onde: • Dodecaedro: 12 faces pentagonais, cada face


possui 5 arestas. Então: A = (12 . 5) / 2 = 30
• V: é o número de vértices ; arestas. Aplicando a relação de Euler: V + F = A +
• A: é o número de arestas; 2 ⇒ V + 12 = 30 + 2 ⇒ V = 32 – 12 ⇒ V = 20.
• F: é o número de faces. • Tetraedro: 6 faces triangulares, cada face possui 3
arestas. Logo: A = (6 . 3) / 2 = 18 / 2 = 9. Agora
Essa relação do Teorema de Euler é válida para poliedros encontramos o número de vértices: V + 6 = 9 + 2 ⇒
convexos, nos quais as faces são formadas por polígonos V = 11 – 6 ⇒ V = 11 – 6 = 5.
regulares com o mesmo número de arestas. Também pode
ser válida para alguns poliedros não convexos. Não Regulares: são os poliedros em que suas faces são
formadas por polígonos regulares e não regulares:
Classificação dos poliedros
• Prisma: é uma figura geométrica espacial com
São classificados em regulares e não regulares: duas base congruentes, uma inferior e a outra
superior. As faces são formadas por quadriláteros
Regulares: são os poliedros em que suas faces são formadas ou paralelogramos.
por polígonos regulares e congruentes: • Pirâmide: a pirâmide é uma figura geométrica
espacial formada por uma base poligonal e faces
• Tetraedro: o tetraedro é um poliedro com 4 faces triangulares unidas em um vértice que não pertence
triangulares; ao plano da base.
• Hexaedro: 6 faces quadrangulares;
• Octaedro: 8 faces triangulares;
• Dodecaedro: 12 faces pentagonais;
• Icosaedro: 20 faces triangulares.

Prisma

140
O prisma é um sólido geométrico que faz parte dos estudos
de geometria espacial. É caracterizado por ser um poliedro
convexo com duas bases (polígonos iguais) congruentes e
paralelas, além das faces planas laterais (paralelogramos).

Composição do Prisma

Prisma reto
(A) e prisma oblíquo (B)

Bases do Prisma

De acordo com o formato das bases, os primas são


classificados em:

• Prisma Triangular: base formada por triângulo.


• Prisma Quadrangular: base formada por quadrado.
• Prisma Pentagonal: base formada por pentágono.
• Prisma Hexagonal: base formada por hexágono.
• Prisma Heptagonal: base formada por heptágono.
• Prisma Octogonal: base formada por octógono.
Ilustração de um prisma e seus elementos

Os elementos que compõem o prisma são: base, altura,


arestas, vértices e faces laterais.

Assim, as arestas das bases do prisma são os lados das bases


do polígono, enquanto as arestas laterais correspondem aos
lados das faces que não pertencem às bases.

Os vértices do prisma são os pontos de encontro das arestas Figuras de prisma segundo suas bases
e a altura é calculada pela distância entre os planos das
bases. Os chamados “prismas regulares” são aqueles cujas bases
são polígonos regulares e, portanto, formados por prismas
Classificação dos Prismas retos.

Os prismas são classificados em Retos e Oblíquos: Note que se todas as faces do prisma forem quadradas, trata-
se de um cubo; se todas as faces forem paralelogramos, o
• Prisma Reto: possui arestas laterais perpendiculares prisma é um paralelepípedo.
à base, cujas faces laterais são retângulos. Fique Atento!
• Prisma Oblíquo: possui arestas laterais oblíquas à
base, cujas faces laterais são paralelogramos. Para calcular a área da base (Ab) de um prisma deve-se levar
em conta o formato que apresenta. Por exemplo, se for um
prisma triangular a área da base será um triângulo.

Saiba mais sobre o cálculo da área:

• Área do Triângulo
• Área do Losango
• Área do Hexágono

Fórmulas do Prisma

141
Áreas do Prisma • Base: corresponde à região plana poligonal na qual
se sustenta as pirâmides;
Área Lateral: para calcular a área lateral do prisma, basta • Altura: designa a distância do vértice da pirâmide
somar as áreas das faces laterais. Num prisma reto, que ao plano da base;
possui todas as áreas das faces laterais congruentes, a • Arestas: são classificadas em arestas da base, ou
fórmula da área lateral é: seja, todos os lados do polígono da base. Além
disso, também classificadas como arestas laterais,
Al = n . a segmentos formados pela distância do vértice das
n: número de lados pirâmides até sua base;
a: face lateral • Apótemas: corresponde à altura de cada face
lateral. Portanto, são classificadas em apótema da
Área Total: para calcular a área total de um prisma, basta base e apótema da pirâmide;
somar as áreas das faces laterais e as áreas das bases: • Superfície Lateral: é a superfície poliédrica
composta por todas as faces laterais das pirâmides.
At = Sl+ 2Sb
Sl: Soma das áreas das faces laterais Tipos de Pirâmide
Sb: soma das áreas das bases
Contudo, como vimos anteriormente, esse poliedro pode ter
Volume do Prisma diferentes tipos de base. Então, de acordo com elas,
podemos classificar as pirâmides em quatro tipos:
O volume do prisma é calculado pela seguinte fórmula:
• Pirâmide Triangular: sua base é um triângulo,
V = Ab.h composta de quatro faces: três faces laterais e a
Ab: área da base face da base.
h: altura
• Pirâmide Quadrangular: sua base é um quadrado,
composta de cinco faces: quatro faces laterais e a
28.2 Pirâmide
face da base. Como as pirâmides do Egito, por
exemplo.
A base de uma pirâmide pode ser triangular, pentagonal,
• Pirâmide Pentagonal: sua base é um pentágono,
quadrada, retangular e paralelogramo.Dessa forma, as
composta de seis faces: cinco faces laterais e a face
pirâmides são um conjunto de segmentos de reta com
da base.
extremidades em um polígono e em um ponto fora do plano
• Pirâmide Hexagonal: sua base é um hexágono,
que contém esse polígono. Sendo assim, por ser uma figura
composta de sete faces: seis faces laterais e face da
tridimensional, é possível calcular o o seu volume, e
base.
planificá-la para encontrar a sua área.

Elementos da Pirâmide

Considere a pirâmide a seguir:

No entanto, há outro fator que classifica essa figura


geométrica, e esse diz respeito à sua base, que pode ser feita
de duas maneiras:

• Pirâmides Retas: que formam um ângulo de 90º;


• Pirâmides Oblíquas: que apresentam ângulos
diferentes de 90º.

Dessa forma, podemos observar todos os elementos da


figura, que são eles:

142
Sendo assim, para calcular o volume de uma pirâmide,
utiliza-se a seguinte fórmula:

V= 1/3 Ab.h

Onde:
• Ab: Área da base;
• h: Altura.

Cilindro

O cilindro é uma figura geométrica espacial com formato


circular, possuindo o mesmo diâmetro em todo o seu
comprimento.
Pirâmides Regulares
Possui duas bases circulares e paralelas entre si, com o
Além disso, tem ainda as pirâmides regulares, que no caso, mesmo raio.
são aquelas que cumprem as seguintes condições:
• A base é um polígono regular;
• A projeção ortogonal do vértice é o centro desse
polígono.

Sendo assim, os resultados dessa definição são:

• Todas as arestas laterais possuem a mesma medida;


• Todas as apótemas possuem a mesma medida;
• Todas as faces laterais são congruentes.

Elementos do Cilindro

O cilindro é composto por alguns componentes essenciais a


sua existência, são eles:
Fórmulas Geométricas de uma Pirâmide
• Base: o cilindro possui duas bases opostas,
Como estamos falando de uma figura tridimensional, é congruentes (mesma medida) e paralela entre si.
possível realizar o cálculo para saber o seu volume e área. Uma base é superior e a outra é a base inferior.
Sendo assim, utilizamos as fórmulas abaixo: • Raio: as bases possuem a forma circular, como
toda circunferência ela possui um raio que inicia no
Área centro até a linha da base.
Portanto, para calcular a área total desse poliedro, utiliza-se • Geratriz: a geratriz são os segmentos de retas que
a seguinte fórmula: vai de uma extremidade de uma base a outra, e
equivale a altura do cilindro (h = g).
Área total: Al + Ab • Diretriz: é o ponto de cada geratriz na base, a
diretriz é que indica a direção de cada segmento de
Onde: reta.
• Al: Área lateral (soma das áreas de todas as faces
laterais);
• Ab: Área da base.

Volume

143
Classificação dos Cilindros
Equilátero
Os cilindros podem ser classificados de acordo com o seu
formato, que pode ser reto ou oblíquo. Dessa forma, se a
Um cilindro é considerado equilátero quando o diâmetro das
altura for perpendicular as bases, temos um cilindro reto,
bases for igual a geratriz (altura), ou seja, quando a altura
caso contrário, temos um cilindro oblíquo.
for igual a 2r.
Reto

Um cilindro é considerado reto quando a geratriz (altura), ou


seja, a reta que forma a lateral do cilindro de uma base a
outra, for perpendicular as bases.

Cilindro de Revolução

Um cilindro também podem ser um sólido de revolução. Os


sólidos de revolução são aqueles que podem ser obtidos
através de uma rotação de um plano em torno de um eixo.

No caso do cilindro, ele é obtido pela rotação de um plano


Oblíquo retangular.

Um cilindro é considerado não reto ou oblíquo, quando a


geratriz não for perpendicular as bases

144
Cálculo da área
Para calcular a área, precisamos saber calcular a área da Cone
base e da lateral do cilindro. A área total é a soma das áreas
da base e da lateral. O cone é uma figura geométrica espacial com formato de
pirâmide. O cone é tridimensional, ou seja, como faz parte
Área da Base dos estudo da geometria espacial, ele está disposto
no plano através das coordenadas x, y e z.
A área da base é equivalente a calcular a área de
uma circunferência. Assim, para calcular a área da base
usamos a seguinte fórmula:

Ab = π . r²

Onde:
• Ab: é a área da base;
• π: é o número pi (3,14);
• r: é o raio da base.
Área Lateral Elementos do Cone

Para calcular a área lateral do cilindro, temos que considerar O cone é formado pelos seguintes elementos:
também a altura e o diâmetro da base. Então, utilizamos a • Raio da base: é o raio do círculo que forma a base;
seguinte fórmula: • Geratriz: são os segmentos de retas em um ponto
da circunferência até o vértice superior;
Al = 2 . π . r . h • Vértice: o cone possui um vértice que fica oposto a
base circular.
Onde: • Eixo de rotação: é a reta que parte do centro da
base até o vértice superior; é também o tamanho da
• Al: é a área lateral; reta que define a altura do cone.
• π: é o número pi (3,14);
• r: é o raio da base; Classificação dos Cones
• h: é a altura.
Área Total Os cones podem ser classificados em três categorias: cone
reto, oblíquo e equilátero.
A área total é a soma das áreas da base e da lateral. Como o Cone Reto
cilindro possui duas bases, ao somar as bases temos que
considerar o dobro da medida da área da base. Assim, O cone reto é formado por uma base circular e
utilizamos a seguinte fórmula: uma reta ligada ao vértice superior. A reta é perpendicular a
base e liga o centro da circunferência.
At = 2 . Ab + Al ou At = 2 . (π . r²) + (2 . π . r . h)
Onde:
• At: é a área total;
• Ab: é a área da base;
• Al: é a área lateral;
• π: é o número pi (3,14);
• r: é o raio da base;
• h: é a altura.

Cálculo do volume
O volume é calculado realizando o produto da medida da
área da base pela medida da altura (geratriz). Então, o
volume é calculado usando a seguinte fórmula:
V = Ab . h ou V = π . r² . h
Onde:
• V: é o volume; Geratrizes
• Ab: é a área da base;
• h: é a altura; Nos cones retos a lateral é formada por retas chamadas de
• π: é o número pi (3,14);

145
geratrizes (g), que são retas que se conectam ao vértice
superior a partir de pontos na circunferência.

Cone Equilátero
Os pontos das geratrizes na linha da circunferência na lateral
cônica, formam o conjunto chamado de diretriz. Esse Um cone circular reto é equilátero quando a seção meridiana
conjunto recebe esse nome por ser os pontos que fornecem a é um triângulo equilátero. Dessa forma, a geratriz é igual a
direção para as geratrizes. duas vezes o raio da base circular, ou seja, a medida da
geratriz é igual ao diâmetro da base. E a altura do cone é
O eixo do cone, perpendicular a base, a geratriz e a base dada pela fórmula: h = R√3.
formam um triângulo retângulo. Assim, podemos aplicar
o Teorema de Pitágoras obtendo a seguinte relação: g² = h² +
r².

Cone é um Sólido de Revolução

Nos cones retos, a reta perpendicular a base, a própria base e


a geratriz formam um triângulo retângulo. Dessa forma, nos
cones retos podemos dizer que o cone é formado por um
triângulo que gira em torno de um dos catetos.

Área

Para calcular a área devemos primeiro calcular a área


lateral e a área da base.
Área Lateral

Uma figura geométrica que pode ser obtida através de uma A área lateral é formada pela geratriz e é calculada pela
rotação no plano de curva, girando em torno de uma reta no seguinte fórmula:
mesmo plano, é chamada de sólido de revolução. Al = π . r . g
Cone Oblíquo Onde:
• Al: é a área lateral;
Os cones oblíquos são os cones onde a reta que parte da base • π: é o número pi que é igual a 3,14;
e liga o vértice superior não é perpendicular a base. Assim, a • r: é a medida do raio da circunferência da base;
reta e a base não forma um ângulo reto. • g: é a medida da geratriz.
Área da Base

A área da base é equivalente a área da circunferência e é


dada pela seguinte fórmula:

146
Ab = π . r²
• Ab: é a área da base;
• π: é o número pi;
• r: é o raio da circunferência.
Área Total

A área total é a soma da área da base e da área da lateral.


Para calcular a área total usamos a seguinte fórmula:
At = π . r . (g + r)
Onde:
• At: é a área total; Partes da Esfera
• π: é o número pi;
• r: é a medida do raio da circunferência da base; Ela é formada pelos seguintes elementos:
• g: é a medida da geratriz. • Superfície Esférica: a superfície é formada pelos
Volume pontos que estão distante do centro na mesma
medida do raio (r);
O volume é a medida equivalente a 1⁄3 (um terço) do produto • Cunha Esférica: a cunha esférica é a região que
entre a área da base pela altura. Podemos calcular o volume está entre dois semicírculos ligados ao eixo de
do cone utilizando a seguinte fórmula: rotação. Pode ser comparado a um gomo de uma
V = 1⁄3 . π . r² . h laranja;
Onde:
• V: é a medida;
• π: é número pi, 3,14;
• r: é a medida do raio;
• h: é a medida da altura.

28.5 Esfera

A esfera é um sólido limitado pela superfície esférica. É


definida como um conjunto de pontos que distam do centro
a uma mesma medida.

• Fuso Esférico: o fuso é uma parte da superfície da


esfera que é obtida através do giro de uma
semicircunferência de um ângulo entre 0 e 2π.
Podemos comparar o fuso esférico como uma parte
da casca de uma laranja;

Superfície Esférica

A esfera é uma figura tridimensional, e faz parte dos estudos


da geometria espacial. É um tipo de figura geométrica que
podemos obtê-la através da rotação de um semicírculo em
torno de seu próprio eixo.
• Calota Esférica: a calota é a parte da esfera
cortada por um plano. Como se pegássemos uma
laranja e cortasse sua parte de cima;

147
Onde:
• V: é a área;
• π: é o número pi (3,14);
• r: é a medida do raio.

2.4 Regra de três simples e composta


Regra de três simples é um processo prático para resolver
problemas que envolvam quatro valores dos quais
conhecemos três deles. Devemos, portanto, determinar um
valor a partir dos três já conhecidos.

Passos utilizados numa regra de três simples


1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma
• Polos: os polos são os pontos que a superfície espécie em colunas e mantendo na mesma linha as
esférica se encontra com o eixo de rotação. grandezas de espécies diferentes em correspondência.
Analogamente, é como os polos sul e norte da 2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou
Terra; inversamente proporcionais.
• Paralelo: paralelo é uma circunferência na 3º) Montar a proporção e resolver a equação.
superfície esférica formada por planos
perpendiculares ao eixo de rotação. O maior Exemplos
paralelo é chamado de Equador; 1) Com uma área de absorção de raios solares de 1,2m2, uma
• Meridiano: é uma circunferência na superfície lancha com motor movido a energia solar consegue produzir
esférica formada por uma interseção de um plano 400 watts por hora de energia. Aumentando-se essa área
que tem o eixo de rotação. para 1,5m2, qual será a energia produzida?

Solução: montando a tabela:


Energia
Área (m2)
(Wh)
1,2 400
1,5 x
Identificação do tipo de relação:

Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que


contém o x (2ª coluna). Observe que, aumentando a área de
absorção, a energia solar aumenta. Como as palavras
correspondem (aumentando - aumenta), podemos afirmar
que as grandezas são diretamente proporcionais.

Assim sendo, colocamos uma outra seta no mesmo sentido


(para baixo) na 1ª coluna. Montando a proporção e
resolvendo a equação temos:
Área
A área é calculada através da fórmula:
A = 4 . π . r²

Onde:
• A: é a área;
• π: é o número pi (3,14);
• r: é a medida do raio. Logo, a energia produzida será de 500 watts por hora.
2) Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de
Volume 400Km/h, faz um determinado percurso em 3 horas. Em
quanto tempo faria esse mesmo percurso, se a velocidade
Calculamos o volume utilizando a seguinte fórmula: utilizada fosse de 480km/h?
V = 4⁄3 . π . r³
Solução: montando a tabela:

148
Velocidade
Tempo (h)
(Km/h)
400 3
480 x
Identificação do tipo de relação:

Logo, a Bianca pagaria R$200,00 pelas 5 camisetas.


4) Uma equipe de operários, trabalhando 8 horas por dia,
realizou determinada obra em 20 dias. Se o número de horas
Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que de serviço for reduzido para 5 horas por dia, em que prazo
contém o x (2ª coluna). Observe que, aumentando a essa equipe fará o mesmo trabalho?
velocidade, o tempo do percurso diminui. Como as palavras
são contrárias (aumentando - diminui), podemos afirmar que Solução: montando a tabela:
as grandezas são inversamente proporcionais. Horas porPrazo para
dia término (dias)
Assim, colocamos uma outra seta no sentido contrário (para 8 20
cima) na 1ª coluna. Montando a proporção e resolvendo a 5 x
equação temos: Observe que, diminuindo o número de horas trabalhadas
por dia, o prazo para término aumenta. Como as palavras
são contrárias (diminuindo - aumenta), podemos afirmar que
as grandezas são inversamente proporcionais.

Montando a proporção e resolvendo a equação temos:

Logo, o tempo desse percurso seria de 2,5 horas ou 2 horas


e 30 minutos.

3) Bianca comprou 3 camisetas e pagou R$120,00. Quanto


ela pagaria se comprasse 5 camisetas do mesmo tipo e Regra de três composta
preço? A regra de três composta é utilizada em problemas com mais
de duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
Solução: montando a tabela:
Camisetas Preço (R$) Exemplos
3 120 1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m 3 de areia.
5 x Em 5 horas, quantos caminhões serão necessários para
Observe que, aumentando o número de camisetas, o descarregar 125m3?
preço aumenta. Como as palavras correspondem
(aumentando - aumenta), podemos afirmar que as grandezas Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as
são diretamente proporcionais. grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas
de espécies diferentes que se correspondem:
Montando a proporção e resolvendo a equação temos: Horas Caminhões Volume
8 20 160
5 x 125
Identificação dos tipos de relação:

Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que


contém o x (2ª coluna).

149
Inicialmente colocamos uma seta para baixo na coluna que
contém o x. Depois colocam-se flechas concordantes para as
grandezas diretamente proporcionais com a incógnita e
discordantes para as inversamente proporcionais, como
mostrado abaixo:
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela
onde está o x. Observe que, aumentando o número de horas
de trabalho, podemos diminuir o número de caminhões.
Portanto a relação é inversamente proporcional (seta para
cima na 1ª coluna).
Montando a proporção e resolvendo a equação, temos:
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o
número de caminhões. Portanto, a relação é diretamente
proporcional (seta para baixo na 3ª coluna). Devemos
igualar a razão que contém o termo x com o produto das
outras razões de acordo com o sentido das setas.

Montando a proporção e resolvendo a equação, temos:


Logo, para completar o muro serão necessários 12 dias.

2.5 Porcentagem e Juros Simples

Porcentagem
É muito utilizada para comparação de valores representando
Logo, serão necessários 25 caminhões. crescimento ou queda. Também chamada de razão
centesimal ou percentual, significa “por cento”, que quer
2) Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20 dizer uma determinada parte de cada 100 partes.
carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados por
4 homens em 16 dias? A porcentagem é representada pelo símbolo % (por cento),
mas pode ser escrita também na forma de número decimal
Solução: montando a tabela: ou fração. Veja abaixo alguns exemplos de como calcular a
porcentagem:
Homens Carrinhos Dias
8 20 5 1. Uma loja de eletrodomésticos possui o preço de custo
4 x 16 de R$ 210 para determinada mercadoria. Para que seja
Observe que, aumentando o número de homens, a produção possível obter um lucro de 20% na venda dessa mercadoria,
de carrinhos aumenta. Portanto a relação é diretamente por quanto a loja deve vendê-la?
proporcional (não precisamos inverter a razão).
20% de 210 = 0,2 x 210 = 42
Aumentando o número de dias, a produção de 210 + 42 = 252
carrinhos aumenta. Portanto a relação também
é diretamente proporcional (não precisamos inverter a A loja deve vender a mercadoria por R$ 252 para que se
razão). Devemos igualar a razão que contém o termo x com tenha um lucro de 20%.
o produto das outras razões.
2. Um sapato custa R$ 82. O desconto para pagamento à
Montando a proporção e resolvendo a equação, temos: vista é de 15%. Quanto o cliente pagará com o desconto?

15% de 82 = 0,15 x 82 = 12,3


82 – 12,3 = 69,70

O cliente pagará R$ 69,70 pelo sapato.

3. Uma perfumaria ofereceu desconto de 10% em todos os


Logo, serão montados 32 carrinhos. seus produtos. Isso significa que, em cada R$ 100, foi dado
3) Dois pedreiros levam 9 dias para construir um muro com um desconto de R$ 10.
2m de altura. Trabalhando 3 pedreiros e aumentando a altura
para 4m, qual será o tempo necessário para completar esse 4. No time do Santos, 90% dos jogadores são craques.
muro? Quer dizer que em cada 100 jogadores corintianos, 90 são

150
craques.

5. O feijão teve um aumento de 15%. Significa que em


cada R$ 100 houve um acréscimo de R$ 15.

Juros Simples

A taxa de juros simples é calculada com base no valor


inicial de uma compra ou empréstimo. É mais utilizada em
aplicações de curto prazo. A fórmula utilizada para calcular
os juros simples é (J = C * i *t), sendo que:

J = juros
C = capital
i = taxa fixa
t = período de tempo
Observação: Uma equação é linear quando os expoentes das
Exemplo: incógnitas forem iguais a l e em cada termo da equação
existir uma única incógnita.
1. Carla aplicou R$ 500 a taxa de 3% de juros simples.
Qual será o montante após 8 meses de aplicação?
Primeiro é necessário calcular os juros:

J = C*i*t
J = 500 x 0,03 x 8 = 120

Em seguida, já é possível calcular o montante:

M (montante) = C+J
M = 500 + 120 = 620

Carla terá um montante de R$ 620 reais.


Conjunto Solução
2.6 Sistemas Lineares
O estudo dos sistemas de equações lineares é de Chamamos de conjunto solução de uma equação linear o
fundamental importância em Matemática e nas ciências em conjunto formado por todas as suas soluções.
geral. Você provavelmente já resolveu sistemas do primeiro
grau, mais precisamente aqueles com duas equações e duas Observação: Em uma equação linear com 2 incógnitas, o
incógnitas. Vamos ampliar esse conhecimento conjunto solução pode ser representado graficamente pelos
desenvolvendo métodos que permitam resolver, quando pontos de uma reta do plano cartesiano.
possível, sistemas de equações do primeiro grau com
qualquer número de equações e incógnitas. Esses métodos Assim, por exemplo, na equação
nos permitirão não só resolver sistemas, mas também 2x + y = 2
classificá-los quanto ao número de soluções.
Algumas soluções são (1, 0), (2, -2), (3, -4), (4, -6), (0, 2), (-
1,4), etc. Representando todos os pares ordenados que são
soluções da equação dada, temos:

151
Equação Linear Homogênea

Uma equação linear é chamada homogênea quando o seu


termo independente for nulo.

pois é solução de suas 2 equações:

(3)-(4) = -l e 2.(3) + (4) = 10


Observação: Toda equação homogênea admite como
solução o conjunto ordenado de “zeros” que chamamos Resolução de um Sistema 2 x 2
solução nula ou solução trivial.
Resolver um sistema linear 2 x 2 significa obter o conjunto
Exemplo solução do sistema.

(0, 0, 0) é solução de 3x + y - z – 0 Os dois métodos mais utilizados para a resolução de um


sistema linear 2x2 são o método da substituição e o método
Equações Lineares Especiais da adição.

Dada a equação: Para exemplificar, vamos resolver o sistema 2 x 2 abaixo


usando os dois métodos citados.

Da equação (II), obtemos x = y -1, que substituímos na


equação (I)
Sistema Linear 2 x 2

Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de equações


lineares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
Fazendo y = 2 na equação (I), por exemplo, obtemos:
Assim:
S = {(1,2)}

Multiplicamos a equação II por 3 e a adicionamos, membro


Um par (α1 , α2 ) é solução do sistema linear 2 x 2 se, e a membro, com a equação I.
somente se, for solução das duas equações do sistema.

152
Exemplo

2x+3y=6(I) e 2x+3y=5(II)

Substituindo 2x+3y da equação (I) na equação (II) obtemos:


6=5 que é uma igualdade falsa. Se num sistema 2x2 existir
um número real que, multiplicado por uma das equações,
resulta uma equação com os mesmos coeficientes da outra
equação do sistema, porém com termos independentes
diferentes, dizemos que não existe par ordenado que seja
solução do sistema.
Fazendo x = 1 na equação (I), por exemplo, obtemos:
Assim: S = {(1,2)}
Exemplo
Sistema Linear 2 x 2 com infinitas soluções

Quando uma equação de um sistema linear 2 x 2 puder ser


obtida multiplicando-se a outra por um número real, ao
tentarmos resolver esse sistema, chegamos numa igualdade
que é sempre verdadeira, independente das incógnitas.
Nesse caso, existem infinitos pares ordenados que são
soluções do sistema.
Multiplicando-se equação (I) por 2 obtemos:
2x+4y=10

Que tem os mesmo coeficientes da equação (II), porém os


termos independentes são diferentes.

Note que multiplicando-se a equação (I) por (-2) obtemos a Se tentarmos resolver o sistema dado pelo método de
equação (II). Resolvendo o sistema pelo método da substituição, obtemos uma igualdade que é sempre falsa,
substituição temos: independente das incógnitas.

- 16= -16 é uma igualdade verdadeira e existem infinitos


pares ordenados que são soluções do sistema.

10=7 é uma igualdade falsa e não existe par ordenado que


seja solução do sistema.

Classificação

De acordo com o número de soluções, um sistema linear 2x2


pode ser classificado em:
Sistema Linear 2 x 2 com nenhuma solução
- Sistema Impossíveis ou Incompatíveis: são os sistemas
Quando duas equações lineares têm os mesmos coeficientes, que não possuem solução alguma.
porém os termos independentes são diferentes, dizemos que - Sistemas Possíveis ou compatíveis: são os sistemas que
não existe solução comum para as duas equações, pois apresentam pelo menos uma solução.
substituindo uma na outra, obtemos uma igualdade sempre
falsa. - Sistemas Possíveis Determinados: se possuem uma única
solução.
- Sistemas Possíveis Indeterminados: se possuem infinitas

153
soluções.

Sistema Linear m x n

Chamamos de sistema linear M x n ao conjunto de m


equações a n incógnitas, consideradas simultaneamente, que
podem ser escrito na forma:

Forma Matricial
Consideremos o sistema linear M x n:

Sendo A a Matriz incompleta do sistema chamamos,


respectivamente, as matrizes

Matriz Incompleta
Chamamos de matriz incompleta do sistema linear a matriz
formada pelos coeficientes das incógnitas.

154
de matriz incógnita e matriz termos independentes. E
dizemos que a forma matricial do sistema é A.X=B, ou seja:

Substituindo z = 4 na equação (V)

2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:

Sistemas Lineares – Escalonamento (I)

Resolução de um Sistema por Substituição Resolvemos um


sistema linear m x n por substituição, do mesmo modo que
fazemos num sistema linear 2 x 2. Assim, observemos os
exemplos a seguir.
Resolução
Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
Exemplos
equações (II) e (III), temos:
- Resolver o sistema pelo método da substituição.
x + 2y – z = -1 → x = -2y + z - 1

Na equação (II)

2(-2y + z - 1) – y + z = 5 →5y + 3z = 7 (IV)

Resolução Na equação (III)


Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
equações (II) e (III), temos: (-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)

x + 2y – z - 1→ x = -2y + z - 1 Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e


(V):
Na equação (II)

2(-2y + z - 1) – y + z = 5 → -5y + 3z = 7 (IV)

Na equação (III) (-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3


(V) Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
equação (IV), temos:
Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e
(V):

Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na


equação (IV), temos:

155
Exemplos

Existem dois tipos de sistemas escalonados: Tipo: número


de equações igual ao número de incógnitas.

Observação: Podemos observar que a resolução de sistemas Notamos que os sistemas deste tipo podem ser analisados
pelo método da substituição pode ser demasiadamente longa pelo método de Cramer, pois são sistemas n x n. Assim,
e trabalhosa, quando os sistemas não apresentam alguma sendo D o determinante da matriz dos coeficientes
forma simplificada como no primeiro exemplo. No entanto, (incompleta), temos:
quando o sistema apresenta a forma simples do segundo
exemplo, que denominamos “forma escalonada”, a
resolução pelo método da substituição é rápida e fácil.

Veremos, a seguir, como transformar um sistema linear m x


n qualquer em um sistema equivalente na “forma
escalonada”.

Sistemas Lineares Escalonados

Dizemos que um sistema linear é um sistema escalonado


quando:
Como D ≠ 0, os sistemas deste tipo são possíveis e
- Em cada equação existe pelo menos um coeficiente determinados e, para obtermos a solução única, partimos da
nãonulo; n-ésima equação que nos dá o valor de xn ; por substituição
nas equações anteriores, obtemos sucessivamente os valores
- O número de coeficiente nulos, antes do primeiro
coeficiente não-nulo, cresce “da esquerda para a direita, de
equação para equação”. Exemplo

156
Resolver o sistema: Fazendo z = α, temos:

Resolução

Agora para continuar fazemos o mmc de 2, e teremos:

Tipo: número de equações menor que o número de


incógnitas. Para resolvermos os sistemas lineares deste tipo,
devemos transformá-los em sistemas do 1º tipo, do seguinte
modo:

- As incógnitas que não aparecem no inicio de nenhuma das Observações: Para cada valor real atribuído a α,
equações do sistema, chamadas variáveis livres, devem ser encontramos uma solução do sistema, o que permite
“passadas” para os segundos membros das equações. concluir que o sistema é possível e indeterminado.
Obtemos, assim, um sistema em que consideramos
incógnitas apenas as equações que “sobraram” nos primeiros - A quantidade de variáveis livres que um sistema apresenta
membros é chamada de grau de liberdade ou grau de indeterminação
do sistema.
. - Atribuímos às variáveis livres valores literais, na verdade Sistema Lineares – Escalonamento (II)
“valores variáveis”, e resolvemos o sistema por substituição.
Escalonamento de um Sistema
Exemplo
Todo sistema linear possível pode ser transformado num
Resolver o sistema: sistema linear escalonado equivalente, através das
transformações elementares a seguir.

- Trocar a ordem em que as equações aparecem no sistema.

Resolução
A variável z é uma “variável livre” no sistema. Então:

- Inverter a ordem em que as incógnitas aparecem nas


equações.

157
- Multiplicar (ou dividir) uma equação por um número real
não-nulo.

O sistema obtido está escalonado e é do 1º tipo (nº de


equações igual ao nº de incógnitas), portanto, é um sistema
possível e determinado.

2º) Escalonar e classificar o sistema:

Multiplicamos a 2ª equação de S por 2, para obtermos S1 .

- Adicionar a uma equação uma outra equação do sistema,


previamente multiplicada por um número real não-nulo.

Multiplicamos a 1ª equação do S por -2 e a adicionamos à 2ª O sistema obtido está escalonado e é do 2º tipo (nº de
equação para obtermos s1. equações menor que o nº de incógnitas), portanto, é um
sistema possível e indeterminado.
Para transformarmos um sistema linear (S) em outro,
equivalente e escalonado (S1), seguimos os seguintes (*) A terceira equação foi eliminada do sistema, visto que
passos. ela é equivalente à segunda equação. Se nós não tivéssemos
percebido essa equivalência, no passo seguinte obteríamos
- Usando os recursos das três primeiras transformações na terceira equação: 0x+0z=0, que é uma equação satisfeita
elementares, devemos obter um sistema em que a 1ª equação para todos os valores reais de x e z.
tem a 1ª incógnita com o coeficiente igual a 1. - Usando a
quarta transformação elementar, devemos “zerar” todos os 3º) Escalonar e classificar o sistema:
coeficientes da 1ª incógnita em todas as equações restantes.

- “Abandonamos” a 1ª equação e repetimos os dois


primeiros passos com as equações restantes, e assim por
diante, até a penúltima equação do sistema.

Exemplos

1º) Escalonar e classificar o sistema:

158
Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado
ou impossível, devemos conseguir um sistema escalonado
equivalente pelo método de eliminação de Gauss.

O sistema obtido é impossível, pois a terceira equação nunca


será verificada para valores reais de y e z. Assim, para a≠6, o sistema é possível e determinado. Para
a≠6, temos:
Observação

Dado um sistema linear, sempre podemos “tentar” o seu


escalonamento. Caso ele seja impossível, isto ficará evidente
pela presença de uma equação que não é satisfeita por
que é um sistema impossível.
valores reais (exemplo: 0x + 0y = 3). No entanto, se o
sistema é possível, nós sempre conseguimos um sistema
Assim, temos:
escalonado equivalente, que terá nº de equações igual ao nº
a≠6 → SPD (Sistema possível e determinado)
de incógnitas (possível e determinado), ou então o nº de
a=6 → SI (Sistema impossível)
equações será menor que o nº de incógnitas (possível e
02 – Discutir, em função de a, o sistema:
indeterminado).

Este tratamento dado a um sistema linear para a sua


resolução é chamado de método de eliminação de Gauss.

Sistemas Lineares – Discussão (I)

Discutir um sistema linear é determinar; quando ele é:


- Possível e determinado (solução única);
- Possível e indeterminado (infinitas soluções);
- Impossível (nenhuma solução), em função de um ou mais
parâmetros presentes no sistema.

Estudaremos as técnicas de discussão de sistemas com o


auxílio de exemplos.

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de Assim, para a≠-3 e a≠2, o sistema é possível e determinado.
Incógnitas
Para a=-3, temos:
Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº
de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente
calculamos o determinante D da matriz dos coeficientes
(incompleta), e:

1º) Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.


2º) Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou
impossível.

159
Para a=2, temos:

Assim, temos:

Sistemas com Número de Equações Diferente do Número


de Incógnitas

Quando o sistema linear apresenta número de equações


03 – Discutir, em função de m e k, o sistema: diferente do número de incógnitas, para discuti-lo, devemos
obter um sistema escalonado equivalente pelo método de
eliminar de Gauss.

Exemplos

01 – Discutir, em função de m, o sistema:

Assim, para m≠+1 e m≠-1, o sistema é possível e


determinado. Para m=1, temos:

Assim, temos:

Assim, temos:
02 – Discutir, em função de k, o sistema:

160
01 – Classifique e resolva o sistema:

Resolução:

Resolução

Como D≠0, o sistema é possível e determinado admitindo só


a solução trivial, logo:

02 – Classifique e resolva o sistema:


Sistemas Lineares – Discussão (II)
Sistema Linear Homogêneo

Já sabemos que sistema linear homogêneo é todo sistema


cujas equações têm todos os termos independentes iguais a
zero.

São homogêneos os sistemas:

Como D=0, o sistema homogêneo é indeterminado. Fazendo


Observe que a dupla (0,0) é solução do sistema 01 e a terna o escalonamento temos:
(0,0,0) é solução do sistema 02.

Todo sistema linear homogêneo admite como solução uma


sequência de zero, chamada solução nula ou solução trivial.
Observamos também que todo sistema homogêneo é sempre
possível podendo, eventualmente, apresentar outras soluções
além da solução trivial, que são chamadas soluções próprias. Teremos, então:

Discussão e Resolução

Lembre-se que: todo sistema linear homogêneo tem ao


menos a solução trivial, portanto será sempre possível.

Vejamos alguns exemplos:

161
numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2 para o 2º
termo até an para o n-ésimo termo. Dizemos que o termo an
é também chamado termo geral das sequências, em que n é
um número natural diferente de zero. Evidentemente,
daremos atenção ao estudo das sequências numéricas.

As sequências podem ser finitas, quando apresentam um


último termo, ou, infinitas, quando não apresentam um
último termo. As sequências infinitas são indicadas por
reticências no final.

Exemplos:

- Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, 7, 11,


13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita
com a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc.

- Sequência dos números ímpares positivos: (1, 3, 5, 7, 9,


11, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com a1 =
1; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 9; a6 = 11 etc.

Note que variando t obteremos várias soluções, inclusive a - Sequência dos algarismos do sistema decimal de
trivial para t=0. numeração: (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Notemos que esta é
uma sequência finita com a1 = 0; a2 = 1; a3 = 2; a4 = 3; a5
03 – Determine K de modo que o sistema abaixo tenha = 4; a6 = 5; a7 = 6; a8 = 7; a9 = 8; a10 = 9.
solução diferente da trivial.
1. Igualdade
As sequências são apresentadas com os seus termos entre
parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões que
apresentarem os mesmos termos em ordem diferente serão
consideradas sucessões diferentes.

Duas sequências só poderão ser consideradas iguais se, e


somente se, apresentarem os mesmos termos, na mesma
ordem.

Exemplo
Resolução
O sistema é homogêneo e, para apresentar soluções A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à
diferentes da trivial, devemos ter D=0 sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z =
15; e t = 17.

Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3, 2, 1)


são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos
elementos, eles estão em ordem diferente.

Formula Termo Geral

Podemos apresentar uma sequência através de uma


determina o valor de cada termo an em função do valor de n,
2.6.1 Progressão Aritmética e Geométrica ou seja, dependendo da posição do termo. Esta formula que
Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas determina o valor do termo an e chamada formula do termo
sequências como, por exemplo, a sucessão de cidades que geral da sucessão.
temos numa viagem de automóvel entre Brasília e São Paulo
ou a sucessão das datas de aniversário dos alunos de uma Exemplos
determinada escola.
- Determinar os cincos primeiros termos da sequência cujo
Podemos, também, adotar para essas sequências uma ordem termo geral e igual a: an = n – 2n,com n € N* a Teremos:

162
determinar um termo no “meio” da sequência sem a
necessidade de determinarmos os termos intermediários,
como ocorre na apresentação da sequência através da lei de
recorrências.

Observação 2

- Determinar os cinco primeiros termos da seqüência cujo Algumas sequências não podem, pela sua forma
termo geral é igual a: “desorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de
números naturais primos que já “destruiu” todas as
tentativas de se encontrar uma formula geral para seus
termos.

Artifícios de Resolução

Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas


alguns elementos da PA, é possível, através de artifícios de
resolução, tornar o procedimento mais simples:

PA com três termos: (a – r), a e (a + r), razão igual a r.


PA com quatro termos: (a – 3r), (a – r), (a + r) e (a + 3r),
razão igual a 2r.
PA com cinco termos: (a – 2r), (a – r), a, (a + r) e (a + 2r),
razão igual a r.

Exemplo

– Determinar os números a, b e c cuja soma é, igual a 15, o


Lei de Recorrências
produto é igual a 105 e formam uma PA crescente.
Uma sequência pode ser definida quando oferecemos o valor
Teremos:
do primeiro termo e um “caminho” (uma formula) que
Fazendo a = (b – r) e c = (b + r) e sendo a + b + c = 15,
permite a determinação de cada termo conhecendo-se o seu
teremos: (b – r) + b + (b + r) = 15 → 3b = 15 → b = 5.
antecedente. Essa forma de apresentação de uma sucessão é
dita de recorrências.
Assim, um dos números, o termo médio da PA, já é
conhecido. Dessa forma a sequência passa a ser: (5 – r), 5 e (
Exemplos
5 + r ), cujo produto é igual a 105, ou seja:
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em
que:

Teremos:
Sendo a PA crescente, ficaremos apenas com r= 2.
Finalmente, teremos a = 3, b = 5 e c= 7.

Propriedades

P1 : para três termos consecutivos de uma PA, o termo


médio é a media aritmética dos outros dois termos:

Observação 1 Exemplo

Devemos observar que a apresentação de uma sequência


através do termo geral é mais pratica, visto que podemos

163
Portanto, para três termos consecutivos de uma PA o termo
médio é a média aritmética dos outros dois termos.

Termos Equidistantes dos Extremos

Numa sequência finita, dizemos que dois termos são


equidistantes dos extremos se a quantidade de termos que
precederem o primeiro deles for igual à quantidade de
termos que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão:

Considerando que todas estas parcelas, colocadas entre


parênteses, são formadas por termos equidistantes dos
extremos e que a soma destes termos é igual à soma dos
extremos, temos:

Propriedade
Numa PA com n termos, a soma de dois termos
equidistantes dos extremos é igual à soma destes extremos. E, assim, finalmente:
Exemplo Sejam, numa PA de n termos, ap e ak termos
equidistantes dos extremos.

Exemplo
- Ache a soma dos sessenta primeiros termos da PA (2 , 5,
8,...).

164
Observação: Para determinar a razão de uma PG, basta
efetuar o quociente entre dois termos consecutivos: o
posterior dividido pelo anterior.

Progressão Geométrica (PG)


As classificações geométricas são classificadas assim:
PG é uma sequência numérica onde cada termo, a partir do
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
segundo, é o anterior multiplicado por uma constante q
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
chamada razão da PG.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior.
Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q >
1.

- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrario ao


do anterior. Isto ocorre quando q < 0.

- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre


quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de
razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
estacionaria.

- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre


quando a1 = 0 ou q = 0.

Formula do Termo Geral

A definição de PG está sendo apresentada por meio de uma


lei de recorrências, e nos já aprendemos nos módulos
anteriores que a formula do termo geral é mais pratica. Por
isso, estaremos, neste item, procurando estabelecer, a partir
da lei de recorrências, a fórmula do termo geral da
progressão geométrica.

Vamos considerar uma PG de primeiro termo a1 e razão q.

Assim, teremos:

165
Exemplo

Considere uma PG crescente formada de três números.


Determine esta PG sabendo que a soma destes números é 13
e o produto é 27.

Vamos considerar a PG em questão formada pelos termos a,


b e c, onde a = e c = b. q.
Assim,

Temos:

Artifícios de Resolução Sendo a PG crescente, consideramos apenas q = 3. E, assim,


a nossa PG é dada pelos números: 1, 3 e 9.
Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas
alguns elementos da PG, é possível através de alguns Propriedades
elementos de resolução, tornar o procedimento mais
simples. P1 : Para três termos consecutivos de uma PG, o quadrado
do termo médio é igual ao produto dos outros dois.
PG com três termos:

166
Observação: Se a PG for positive, o termo médio será a
media geométrica dos outros dois:

Evidentemente que por qualquer um dos “caminhos” o


resultado final é o mesmo. É somente uma questão de forma
de apresentação.

Observação: Para q = 1, teremos sn = n . a1

Soma dos termos de uma PG

Soma dos n Primeiros Termos de uma PG

167
Observação: Quando a PG é não singular (sequência com
termos não nulos) e a razão q é de tal forma que q | ≥ 1, a
serie é divergente. Séries divergentes não apresentam soma
finita.

Exemplos

- A medida do lado de um triângulo equilátero é 10.


Unindose os pontos médios de seus lados, obtém-se o
segundo triângulo equilátero. Unindo-se os pontos médios
dos lados deste novo triangulo equilátero, obtém-se um
terceiro, e assim por diante, indefinidamente.

Calcule a soma dos perímetros de todos esses triângulos.

Solução:

Devemos notar que a cada novo termo calculado, na PG, o


seu valor numérico cada vez mais se aproxima de zero.
Dizemos que esta é uma progressão geométrica convergente.

Por outro lado, na série, é cada vez menor a parcela que se


acrescenta. Desta forma, o ultimo termos da série vai
tendendo a um valor que parece ser o limite para a série em
estudo. No exemplo numérico, estudado anteriormente,
nota-se claramente que este valor limite é o número 8.

Bem, vamos dar a esta discussão um caráter matemático. É


claro que, para a PG ser convergente, é necessário que cada
termo seja, um valor absoluto, inferior ao anterior a ele.

Assim, temos que:

PG convergente → | q | < 1
Ou
PG convergente → -1 < 1
2.7 Análise combinatória e probabilidade
Resta estabelecermos o limite da série, que é o Sn para Análise combinatória
quando n tende ao infinito, ou seja, estabelecermos a soma Análise combinatória é uma parte da matemática que estuda,
dos infinitos termos da PG convergente. ou melhor, calcula o número de possibilidades, e estuda os
métodos de contagem que existem em acertar algum número
Vamos partir da soma dos n primeiros termos da PG: em jogos de azar. Esse tipo de cálculo nasceu no século
XVI, pelo matemático italiano Niccollo Fontana (1500-
1557), chamado também de Tartaglia. Depois, apareceram
os franceses Pierre de Fermat (1601- 1665) e Blaise Pascal
(1623-1662). A análise desenvolve métodos que permitem
contar, indiretamente, o número de elementos de um
Estando q entre os números -1e 1 e, sendo n um expoente conjunto. Por exemplo, se quiser saber quantos números de
que tende a um valor muito grande, pois estamos somando quatro algarismos são formados com os algarismos 1, 2, 3,
os infinitos termos desta PG, é fácil deduzir que qn vai 4, 5, 6, 7 e 9, é preciso aplicar as propriedades da análise
apresentando um valor cada vez mais próximo de zero. Para combinatória. Veja quais propriedades existem:
valores extremamente grandes de n não constitui erro
considerar que qn é igual a zero. E, assim, teremos:

168
- Princípio fundamental da contagem
– Fatorial Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por
- Arranjos simples 10 elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.
- Permutação simples
- Combinação ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se
- Permutação com elementos repetidos diferenciam pela natureza de um dos elemento.

Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que a ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados
Regra do Produto, um princípio combinatório que indica distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela
quantas vezes e as diferentes formas que um acontecimento ordem dos elementos.
pode ocorrer. O acontecimento é formado por dois estágios
caracterizados como sucessivos e independentes: Quando os elementos de um determinado conjunto A forem
algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes algarismos
• O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos. pretendemos obter números, neste caso, os agrupamentos de
• O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos. 13 e 31 são considerados distintos, pois indicam números
diferentes.
Desse modo, podemos dizer que o número de formas
diferente que pode ocorrer em um acontecimento é igual ao
produto m . n

Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e


inicialmente ela quer se decidir qual o modelo e a cor do seu Conclusão: Os agrupamentos...
novo veículo. Na concessionária onde Alice foi há 3 tipos de
modelos que são do interesse dela: Siena, Fox e Astra, sendo 1. Em alguns problemas de contagem, quando os
que para cada carro há 5 opções de cores: preto, vinho, azul, agrupamentos se diferirem pela natureza de pelo menos um
vermelho e prata. Qual é o número total de opções que Alice de seus elementos, os agrupamentos serão considerados
poderá fazer? distintos. ac = ca, neste caso os agrupamentos são
denominados combinações.
Resolução: Segundo o Principio Fundamental da Contagem,
Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela poderá optar Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o
por 15 carros diferentes. Vamos representar as 15 opções na problema é saber quantas retas esses pontos determinam. 2.
árvore de possibilidades: Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela ordem de
seus elementos, os problemas de contagem serão agrupados
e considerados distintos. ac ≠ ca, neste caso os
agrupamentos são denominados arranjos. Pode ocorrer: O
conjunto A é formado por algarismos e o problema é contar
os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número natural n,


representado por n!, é o produto de todos os inteiros
positivos menores ou iguais a n. A notação n! foi
introduzida por Christian Kramp em 1808. A função fatorial
é normalmente definida por:

Generalizações: Um acontecimento é formado por k estágios


sucessivos e independentes, com n1 , n2 , n3 , … , nk Note que esta definição implica em particular que 0! = 1,
possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum número
ocorrer este acontecimento é n1 , n2 , n3 , … , nk é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois este faz com
que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1) funcione para n
Técnicas de contagem: = 0.
Na Técnica de contagem não importa a ordem. Os fatoriais são importantes em análise combinatória. Por

169
exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar n diferem entre si somente pela ordem de seus elementos.
objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são
chamados permutações) E o número de opções que podem Cálculo do número de permutação simples:
ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial.
O número total de permutações simples de n elementos
indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1)
(n – 2) . … . (n – k + 1), temos:

Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições em que


um grupo se torna diferente do outro pela ordem ou pela
natureza dos elementos componentes. Seja A um conjunto
com n elementos e k um natural menor ou igual a n. Os
arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os Combinações Simples: são agrupamentos formados com os
agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem elementos de um conjunto que se diferenciam somente pela
entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos. natureza de seus elementos. Considere A como um conjunto
com n elementos k um natural menor ou igual a n. Os
Cálculos do número de arranjos simples: agrupamentos de k elementos distintos cada um, que
Na formação de todos os arranjos simples dos n elementos diferem entre si apenas pela natureza de seus elementos são
de A, tomados k a k: denominados combinações simples k a k, dos n elementos
n → possibilidades na escolha do 1º elemento. de A.
n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois um
deles já foi usado. Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com
n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois dois elementos distintos. Com os elementos de A podemos
deles já foi usado. formar 4 combinações de três elementos cada uma: abc –
. abd – acd – bcd Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas:
.
n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento, pois Exemplo: abc obteremos P3 = 6 arranjos disdintos.
l-1 deles já foi usado.

No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o número


total de arranjos simples dos n elementos de A (tomados k a
k), temos:

Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações obtemos


todos os arranjos 3 a 3:

Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!


Podemos também escrever:

Permutações: Considere A como um conjunto com n


elementos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A,
são denominados permutações simples de n elementos. De
acordo com a definição, as permutações têm os mesmos (4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos
elementos. São os n elementos de A. As duas permutações

170
elementos, de k a k, são combinações de k elementos não
necessariamente distintos. Em vista disso, quando vamos
calcular as combinações completas devemos levar em
Cálculo do número de combinações simples: O número total consideração as combinações com elementos distintos
de combinações simples dos n elementos de A representados (combinações simples) e as combinações com elementos
por C n,k, tomados k a k, analogicamente ao exemplo repetidos. O total de combinações completas de n elementos,
apresentado, temos: de k a k, indicado por C*n,k

a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k,


obtemos Pk arranjos distintos.

b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos distintos.


Cálculo de Probabilidade
A probabilidade é uma parte da Matemática que estuda a
chance de ocorrência dos possíveis resultados em
experimentos aleatórios.

Quando falamos na chance de ganhar na loteria ou na


possibilidade de ter um dia chuvoso, ou na chance de que
uma lâmpada se queime em menos de um mês, estamos
falando em probabilidades. cada um dos resultados ou
alternativas possíveis, associa-se um número entre 0 e 1, que
indica a chance de ocorrência. Quanto mais próximo de 0,
menor a chance, e quanto mais próximo de 1, maior a
chance.

Experimento aleatório

O experimento aleatório é definido como um experimento


que, ao ser repetido sob as mesmas condições, produz
resultados diferentes. De modo simples, são experimentos
Arranjos Completos: Arranjos completos de n elementos, de
cujos resultados não podem ser previamente conhecidos.
k a k são os arranjos de k elementos não necessariamente
Um exemplo clássico de experimento aleatório é o
distintos. Em vista disso, quando vamos calcular os arranjos
lançamento de uma moeda ao ar.
completos, deve-se levar em consideração os arranjos com
elementos distintos (arranjos simples) e os elementos
Nesse experimento, conhecemos os possíveis resultados:
repetidos. O total de arranjos completos de n elementos, de k
cara ou coroa. No entanto, não podemos dizer, com toda
a k, é indicado simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k =
certeza, qual desses dois resultados vamos obter.
nk
O que podemos dizer é que há 50% de chance de sair cara e
Permutações com elementos repetidos
50% de chance de sair coroa, ou seja, probabilidade igual a
0,5 para cada um dos resultados.
Considerando:
α elementos iguais a a,
Espaço amostral
β elementos iguais a b,
Um espaço amostral é o conjunto de todos os possíveis
γ elementos iguais a c, …,
resultados de um experimento aleatório.
λ elementos iguais a l,
Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos.
Em geral, o espaço amostral é representado pela letra grega
Simbolicamente representado por Pn α , β, γ, …, λ o número
de permutações distintas que é possível formarmos com os n Ômega (maiúscula).
elementos:
Vamos ver alguns exemplos:

Espaço amostral no lançamento de uma moeda


Representando cara por k e coroa por c, então, o espaço
amostral é:
Combinações Completas: Combinações completas de n

171
Já vimos que o espaço amostral no lançamento de um dado
é:

Espaço amostral de duas moedas

Considere que a moeda seja lançada duas vezes seguidas.


Qual o espaço amostral?
Chamamos de C o evento sair face ímpar:

C = {1, 3, 5} → evento sair face ímpar

Assim, calcular a probabilidade de sair face ímpar é o


Espaço amostral de um dado mesmo que calcular a probabilidade do evento C.

No lançamento de um dado, os resultados possíveis são Temos 6 resultados possíveis no lançamento do dado e 3
faces de 1, 2, 3, 4, 5 ou 6 pontos. resultados favoráveis ao evento C, então:

Desse modo, temos o seguinte espaço amostral:

Qualquer resultado ou subconjunto de um experimento


aleatório é chamado de evento aleatório, sendo representado, Portanto, a probabilidade de sair face ímpar é 0,5 ou 50%.
comumente, por letras maiúsculas do alfabeto.
2.8 Estatística: média, moda e mediana
Assim, no experimento do dado, por exemplo, podemos ter As mais importantes medidas de tendência central são a
vários eventos aleatórios: média aritmética, média aritmética para dados agrupados,
média aritmética ponderada, mediana, moda, média
A = {2} → evento sair face igual a 2 geométrica, média harmônica, quartis.
B = {1, 2, 3} → evento sair face menor que 4
C = {1, 3, 5} → evento sair face ímpar Quando se estuda variabilidade, as medidas mais
importantes são: amplitude, desvio padrão e variância.
Como calcular probabilidade
Considere um experimento aleatório com espaço Medidas Fórmula
Média
aritmética
Média
aritmética
amostral , onde os eventos têm igual chance de para dados
ocorrência. agrupados
Média
Então, para calcular a probabilidade de um evento A, aritmética
utilizamos a seguinte fórmula de probabilidade: ponderada
1) Se n é impar, o valor é central, 2) se n é par,
Mediana
o valor é a média dos dois valores centrais
Moda Valor que ocorre com mais frequência.
Média
geométrica
Média
harmônica
Em que , ou seja, a probabilidade é
sempre um número entre 0 e 1. Quartil

Exemplo: Calcule a probabilidade de sair face ímpar no Sendo a média uma medida tão sensível aos dados, é preciso
lançamento de um dado. ter cuidado com a sua utilização, pois pode dar uma imagem
distorcida dos dados.

172
observações que são muito maiores ou muito menores do
Pode-se mostrar que, quando a distribuição dos dados é que as restantes (outliers).
"normal", então a melhor medida de localização do centro é
a média. Por outro lado a média reflete o valor de todas as
observações.
A distribuição normal é uma das mais importantes e que
surge com mais frequência nas aplicações (esse fato justifica Como já vimos, a média ao contrário da mediana, é uma
a grande utilização da média). medida muito influenciada por valores "muito grandes" ou
"muito pequenos", mesmo que estes valores surjam em
A média possui uma particularidade bastante interessante, pequeno número na amostra. Estes valores são os
que consiste no seguinte: se calcularmos os desvios de todas responsáveis pela má utilização da média em muitas
as observações relativamente à média e somarmos esses situações em que teria mais significado utilizar a mediana.
desvios, o resultado obtido é igual a zero.
A partir do exposto, deduzimos que se a distribuição dos
A média tem uma outra característica, que torna a sua dados:
utilização vantajosa em certas aplicações: quando o que se
pretende representar é a quantidade total expressa pelos 1. for aproximadamente simétrica, a média aproxima-se da
dados, utiliza-se a média. mediana.
2. for enviesada para a direita (alguns valores grandes como
Na realidade, ao multiplicar a média pelo número total de "outliers"), a média tende a ser maior que a mediana.
elementos, obtemos a quantidade pretendida. 3. for enviesada para a esquerda (alguns valores pequenos
como "outliers"), a média tende a ser inferior à mediana.
Moda
Define-se moda como sendo: o valor que surge com mais Definição de Média Aritmética
frequência se os dados são discretos, ou, o intervalo de
classe com maior frequência se os dados são contínuos. Quando se divide a soma de todas as ocorrências pela
quantidade de ocorrências.
Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se
imediatamente o valor que representa a moda ou a classe 2.9 Trigonometria no Triângulo Retângulo
modal. Os triângulos retângulos são aqueles que possuem um
Esta medida é especialmente útil para reduzir a informação ângulo reto. Chamamos de ângulo reto na Geometria Plana
de um conjunto de dados qualitativos, apresentados sob a os ângulos que medem 90°. Os ângulos que medem menos
forma de nomes ou categorias, para os quais não se pode de 90° são chamados de agudos. É importante lembrar que a
calcular a média e por vezes a mediana. soma das medidas internas dos ângulos de um triângulo
qualquer é igual a 180°.
Mediana
A mediana, é uma medida de localização do centro da Como os triângulos retângulos possuem um ângulo reto,
distribuição dos dados, definida do seguinte modo: então os outros ângulos são, necessariamente, agudos, isto é,
medem menos que 90°.
Ordenados os elementos da amostra, a mediana é o valor
(pertencente ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, Por esse motivo, as medidas dos ângulos agudos são
50% dos elementos da amostra são menores ou iguais à chamadas de medidas complementares.
mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à mediana.
Exemplo:
Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, depois Seja o triângulo ABC, retângulo em C, da figura seguir:
de ordenada a amostra de n elementos:

Se n é ímpar, a mediana é o elemento médio.


Se n é par, a mediana é a semi-soma dos dois elementos
médios.

Considerações a respeito de média e mediana


Como medida de localização, a mediana é mais robusta do
que a média, pois não é tão sensível aos dados.
Os lados do triângulo retângulo são chamados de:
1- Quando a distribuição é simétrica, a média e a mediana • Cateto Adjacente
coincidem. • Cateto Oposto
2- A mediana não é tão sensível, como a média, às

173
• Hipotenusa ângulo e a medida da hipotenusa.

Em qualquer triângulo retângulo, os lados que formam o


ângulo reto são chamados de catetos, o lado oposto ao
Tangente
ângulo reto é chamado de hipotenusa e os ângulos agudos
A Tangente de um ângulo agudo em todo triângulo
são chamados de complementares.
retângulo é a razão entre a medida cateto oposto a esse
ângulo e a medida do cateto adjacente a esse ângulo.
Teorema de Pitágoras
O Teorema de Pitágoras diz que:

A soma dos quadrados das medidas dos catetos é igual ao


quadrado da medida da hipotenusa. Ângulos Notáveis
Entre os ângulos agudos de um triângulo, existem três que
O enunciado acima é equivalente a fórmula: aparecem com mais frequência em problemas de
trigonometria evolvendo triângulos. Esses ângulos são
a² = b² + c² chamados de ângulos notáveis, são os ângulos
de 30°, 45° e 60°. A tabela a seguir mostra as medidas
Onde: desses ângulos.
• a é a hipotenusa;
• b e c são são os catetos. Relações Trigonométricas 30° 45º 60°

O Teorema de Pitágoras pode ser aplicado para encontrar as Seno 1/2 √2/2 √3/2
medidas dos lados de um triângulo retângulo quando
conhecemos dois deles. Cosseno √3/2 √2/2 1/2

Relações Trigonométricas no Triângulo Retângulo Tangente √3/3 1 √3


Através da razão entre os lados do triângulo podemos definir
as principais razões trigonométricas, são elas:
• Seno Relações entre Seno, Cosseno e Tangente no Triângulo
• Cosseno Retângulo
• Tangente
Seja o triângulo ABC, reto em A, com lados a, b e c da
Exemplo: figura a seguir:
Considere o triângulo ABC, reto em C, da figura seguir:

As razões trigonométricas básica são obtidas através das


relações entre os lados do triângulo. Vamos exemplificar
cada uma delas.

Seno
O Seno de um ângulo agudo em todo triângulo retângulo é a
razão entre a medida do cateto oposto a esse ângulo e a
medida da hipotenusa. Observando a figura do triângulo acima podemos definir:

Cosseno Dessa forma, se dividirmos:


O Cosseno de um ângulo agudo em qualquer triângulo
retângulo é a razão entre a medida do cateto adjacente a esse

174
pelo menos três elementos que caracterizam a lógica de sua
formação.

Vejamos:
Obtemos:
Assinale a alternativa que completa a seguinte série: 9, 16,
25, 36:
A) 45
B) 49
C) 61
A tangente de um ângulo no triângulo é a razão entre o seno D) 63
e o cosseno desse ângulo. Assim: E) 72

A primeira dica que podemos te dar é: Sempre que


aparecer os seguintes números: 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81,
100, etc. pense em números ao quadrado.

Agora se dividirmos o Teorema de Pitágoras a² = b² + • 2 ao quadrado: 4;


c² por a², teremos: • 3 ao quadrado: 9;
• 4 ao quadrado: 16;
e assim sucessivamente.

Assim, a resposta é a letra B.


Se substituirmos:
Sabendo que A = {1/4, 16/9, 25/36, 64/49, x}, o valor de x
é:
A) 100/81
B) 25/56
Obtemos: C) 0
D) 81/100
sen²(B) + cos²(B) = 1 E) 58/96

Dessa forma, concluímos que a soma do quadrado do seno e Usaremos a mesma dica da questão anterior. Estamos
do cosseno é igual a 1. falando de números ao quadrado. Basta reparar no padrão.

Além disso, o sen(B) = cos(C) e sen(C) = cos(B).

Portanto, em relação aos ângulos agudos, concluímos que o Estamos seguindo na sequência dos números quadrados de
seno desse ângulo é igual ao cosseno do complemento desse 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Porém fazendo zigue zague.
ângulo, e vice-versa.

Então, temos as seguintes expressões:


• sen²(θ) + cos²(θ) = 1
• cos(θ) = sen(90° – θ)
sen(θ) = cos(90° – θ) Seria lógico assumir que teremos os números 81 e 100, os
próximos da sequência na resposta. A resposta é a letra D.
2.10 Sequência lógica
A lógica na organização das sequências numéricas Observando a sequência (2, 5, 11, 23, 47, 95, ...) verifica-se
simples que, do segundo termo em diante, cada número é obtido a
O raciocínio lógico pode ser considerado um dos integrantes partir do anterior, de acordo com certa regra. Nessas
dos mecanismos dos processos cognitivos superiores da condições, o sétimo elemento dessa sequência é:
formação de conceitos e da solução de problemas, sendo A) 197
parte do pensamento. A finalidade das Sequências lógicas, B) 191
Lógica sequencial ou Raciocínio sequencial é descobri um C) 189
padrão para sequências, sejam elas numéricas, entre objetos, D) 187
figuras, letras, pessoa, etc. Há várias formas de se E) 185
estabelecer uma sequência, mas o importante é que existem

175
Mais algumas dicas. A primeira coisa a se fazer nesses casos
é verificar quantos números já temos na sequência e qual o Agora, basta continuarmos com o padrão, até chegarmos ao
número que a questão está pedindo. X e Y.
29 x2 = 58 (a)
Temos 6 números e a questão está pedindo o sétimo, ou seja, 58 +3 = 61 (X)
o próximo. 61 x2 = 122 (b)
122 +3 = 125 (Y)
2, 5, 11, 23, 47, 95, x
Agora, precisamos somar o X e o Y. Pois é isso que a
O próximo passo é verificar o que está mudando de um questão está pedindo. 61 + 125 = 186.
número para outro. Alternativa D.
2 +3 = 5
5 +6 = 11 Considere que os termos da sequência 820, 824, 412, 416,
11 +12 = 23 208, 212, 106, ...) são obtidos sucessivamente segundo
23 +24 = 47 determinado padrão. Mantido esse padrão, obtêm-se o
47 +48 = 95 décimo e o décimo primeiro termos dessa sequência, cuja
95 +?? = x soma é um número compreendido entre:
• Do 2 pro 5 estamos somando 3;
• Do 5 pro 11 estamos somando 6, ou 3+3; A) 0 e 40
• Do 11 pro 23 estamos somando 12, ou 6+6; B) 40 e 80)
• Do 23 pro 47 estamos somando 24 ou 12+12; C) 80 e 120
• Do 47 pro 95 estamos somando 48 ou 24+24; D) 120 e 160
• Do 95 pro x, somaremos 48+48 = 96; E) 160 e 200
• 95+96 = 191;
Vamos do começo. Temos 7 números e precisamos do
Alternativa B. décimo e do décimo primeiro.

Considere que os termos da sucessão (2, 5, 10, 13, 26, 29, 820, 824, 412, 416, 208, 212, 106, a, b, X, Y.
...) obedecem a uma lei de formação. Somando o oitavo e o
décimo termos dessa sucessão obtém-se: O próximo passo é identificar o padrão.
A) 197 820 -4 = 824
B) 191 824 -412 = 412
C) 189
D) 186 Opa, parece que temos uma divisão por 2. Vamos ver se isso
E) 185 se confirma nos próximos números.
412 +4 = 416
Qual o primeiro passo? Exato, identificar quantos números a 416 /2 = 208
questão já nos deu e qual número ela está pedindo. Vamos
lá, temos 6 números e precisamos do oitavo e do décimo. Isso mesmo, o nosso padrão é somar 208 +4 = 212
2, 5, 10, 13, 26, 29, a, X, b, Y 212 /2 = 106
106 +4 = 110 (a)
Precisamos encontrar o X e o Y e somá-los. Mas primeiro 110 /2 = 55 (b)
precisamos identificar o padrão. 55 +4 = 59 (X)
2 +3 = 5 59 /2 = 29,5 (Y)
5 +5 = 10
10 +3 = 13 4 e dividir por 2. Agora basta seguir até o X e Y.
13 +13 = 26 Somando X e Y. 59 + 29,5 = 88,5. Está entre 80 e 120.
26 +3 = 29
Alternativa C.
Dica: Se você puder usar, na hora de encontrar o padrão, Considere que os termos da sequência seguinte foram
operações de multiplicação e quadrado, use-as ao invés da sucessivamente obtidos segundo determinado padrão: (3, 7,
soma. Repare que o padrão nessa questão está usando 15, 31, 63, 127, 255, ...). O décimo termo dessa sequência é:
multiplicação por 2.
2 +3 = 5 A) 1537
5 x2 = 10 B) 1929
10 +3 = 13 C) 1945
13 x2 = 26 D) 2047
26 +3 = 29 E) 2319

176
A) X * Y = 1530
Temos 7 números e precisamos do décimo. B) Y = X+3
3, 7, 15, 31, 63, 127, 255, a, b, X. C) X = Y+3
D) Y = 2x
Vamos procurar qual o padrão. E) X/Y = 33/34
3 +4 = 7
7 +8 = 15 Temos 11 números e precisamos do 13 e do 14.
15 +16 = 31
12, 15, 9, 18, 21, 15, 30, 33, 27, 54, 57, a, X, Y
Parece bem óbvio que estamos somando múltiplos de 4 a
cada número. Vamos tentar identificar o padrão.
• +4; 12 +3 = 15
• +8 ou 4+4; 15 -6 = 9
• +16 ou 8+8; 9 +9 = 18
18 +3 = 21
Seguindo: 21 -6 = 15
16 +32 = 63 15 +15 = 30
63 +64 = 127
127 +128 = 255 Parece que identificamos nosso padrão! E parece que
255 +256 = 511 (a) estamos trabalhando com multiplicação. Soma 3, Subtrai 6,
511 +512 = 1023 (b) Multiplica por 2.
1024 +1024 = 2047 (X) 12 +3 = 15
15 -6 = 9
Alternativa D. 9 x2 = 18
18 +3 = 21
Considere a sequência (16, 18, 9, 12, 4, 8, 2, X). Se os 21 -6 = 15
termos dessa sequência obedecem a uma lei de formação, o 15 x2 = 30
termo X deve ser igual a: 30 +3 = 33
A) 12 33 -6 = 27
B) 10 27 x2 = 54
C) 9 54 +3 = 57
D) 7 57 -6 = 51 (a)
E) 5 51 x2 = 102 (X)
102 +3 = 105 (Y)
Temos 7 números e precisamos do oitavo, o próximo da
sequência. Vamos tentar identificar o padrão. Agora, basta encontrarmos a alternativa correta. Vamos
16 +2 = 18 deixar a primeira por último porque vai dar muito trabalho.
18 -9 = 9 B) Y=X+3 > 105=102+3 > 105=105.

Parece que temos uma divisão por 2! Vamos ver se isso se Alternativa B!
confirma. O próximo termo da sequência numérica 3, 6, 12, 21, 36, 60,
16 +2 = 18 99, ... é:
18 /2 = 9 A) 117
9 +3 = 12 B) 128
12 /3 = 4 C) 159
D) 162
Não se confirmou. Mas acho que encontramos nosso padrão. E) 198
Soma 2, divide por dois. Soma 3, divide por 3. Seguimos.
Temos 7 números e precisamos do oitavo. Vamos ver se
4 +4 = 8 identificamos um padrão.
8 /4 = 2 3 +3 = 6
2 +5 = 7. 6 +6 = 12
12 +9 = 21
Alternativa D. 21 +15 = 36
Os termos da sequência (12, 15, 9, 18, 21, 15, 30, 33, 27, 54, 36 +24 = 60
57, ...) são sucessivamente obtidos através de uma lei de 60 +39 = 99
formação. Se x e y são, respectivamente o décimo terceiro e
o décimo quartos termos dessa sequência, então: De cara é complicado ver qual o padrão dessa questão. Mas

177
repare uma coisa: C) 55 e 70
• Na primeira somamos 3; D) 40 e 55
• Na segunda somamos 6, ou 3+3; E) 25 e 40
• Na terceira somamos 9, ou 6+3;
• Na quarta somamos 15 ou 9+6; Bom, você pode resolver a multiplicação e ver qual o
• Na quinta somamos 24, ou 15+9; resultado. Mas iria demorar. Mas observe que temos um
• Na sexta somamos 39, ou 24+15; padrão. 11 x 11. São dois dígitos no numerador, e o
resultado vai até o número 2 e retorna: 121.
Estamos somando a soma das duas anteriores!
• Na próxima somaremos 24+39 = 63. 111 x 111. São três dígitos no numerador. O resultado vai
• 99+63 = 162 até o 3 e retorna: 12.321.

Alternativa D. A questão nos pede 111.111.111 x 111.111.111. São 9


dígitos no numerador, logo, a resposta deverá ir até o 9 e
Os termos da sequência (8, 10, 8, 12, 10, 16, 14, 22, 20, 30, retornar: 12.345.678.987.654.321. Agora basta somar tudo
28, ...) obedecem a uma lei de formação. De acordo com isso e teremos 81.
essa lei, os três termos que devem imediatamente suceder o
número 28 são, respectivamente A resposta é a alternativa B
A) 26, 26 e 24 Qual o próximo número da sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18,
B) 24, 32 e 30 19.
C) 34, 32 e 40 A) 20
D) 32, 30 e 42 B) 200
E) 40, 38 e 52 C) 25
D) 201
Temos 11 números e precisamos do número das posições
12, 13 e 14. Vamos chamá-los de x, y e z. Agora vamos ver Colocamos essa questão apenas pra te mostrar que as vezes
o que está acontecendo a solução é bem mais simples do que parece, e para que
8 +2 = 10 você se lembre caso veja uma questão semelhante.
10 -2 = 8
8 +4 = 12 Perceba:
12 -2 = 10
10 +6 = 16 Dois
16 -2 = 14 Dez
Doze
Estamos somando, sendo que a cada soma, aumentamos o Dezesseis
valor em 2. E em seguida estamos diminuindo 2. Seguindo: Dezessete
14 +8 = 22 Dezoito
22 -2 = 20 Dezenove
20 +10 = 30
30 -2 = 28 A) Vinte
28 +12 = 40 (x) B) Duzentos
40 -2 = 38 (y) C) Vinte e Cinco
38 +14 = 52 (z) D) Duzentos e Um
A resposta é a alternativa E.
Estamos falando de uma sequência onde todos os números
Na sequência de operações seguinte, os produtos obtidos começam com a letra D. Adicionalmente estamos em uma
obedecem a determinado padrão. sequência crescente, logo 200.
1x1=1 Alternativa B.
11 x 11 = 121
111 x 111 = 12.321 Na sequência lógica de números representados nos
1.111 x 1.111 = 1.234.321 hexágonos da figura abaixo, observa-se a ausência de um
11.111 x 11.111 = 123.454.321 deles que pode ser:

Assim sendo, é correto afirmar que, ao se efetuar


111.111.111 x 111.111.111, obtém-se um número cuja soma
dos algarismos está compreendida entre:
A) 85 e 100
B) 70 e 85

178
operações adição e multiplicação representadas por “+” e
“·”, respectivamente. Então, as seguintes propriedades são
válidas para x, y e z:

1 – Associatividade
(x + y) + z = x + (y + z)
(x·y)·z = x·(y·z)

2 – Comutatividade
x+y=y+x
a) 76 x·y = y·x
b) 10
c) 20 3 – Existência de elemento neutro (1 para a multiplicação e
d) 78 0 para a adição)
Resolvendo:
Observamos, portanto, que a diferença entre 24 e 22 é 2, x+0=x
assim a diferença entre os números vai aumentando 2 x·1 = x
unidades.
28-24=4 4 – Existência de elemento oposto (ou simétrico).
34-28=6 x + (– x) = 0
42-34=8 x· 1 = 1
52-42=10 x
64-52=12
78-64=14 5 – Distributividade (também chamada de propriedade
Resposta D. distributiva da multiplicação sobre a adição)
x·(y + z) = x·y + x·z
2.11 Álgebra básica
Álgebra é o ramo da Matemática que generaliza a Essas cinco propriedades são válidas para todos os
aritmética. Isso significa que os conceitos e operações números reais x, y e z, uma vez que essas letras foram
provenientes da aritmética (adição, subtração, multiplicação, usadas para representar qualquer número real. Elas também
divisão etc.) serão testados e sua eficácia será comprovada são válidas para as operações adição e multiplicação.
para todos os números pertencentes a determinados • Expressões algébricas
conjuntos numéricos.
Na Matemática, expressão é a uma sequência de operações
A operação “adição”, por exemplo, realmente funciona em matemáticas realizadas com alguns números. Por exemplo: 2
todos os números pertencentes ao conjunto dos números + 3 – 7 é uma expressão numérica. Quando essa expressão
naturais? Ou existe algum número natural muito grande, envolve números desconhecidos (incógnitas), ela é chamada
próximo ao infinito, que se comporta de maneira diferente de expressão algébrica. Uma expressão algébrica que
dos demais ao ser somado? A resposta para essa pergunta é possui apenas um termo é chamada de monômio.
dada pela álgebra: Primeiramente, é definido o conjunto dos Qualquer expressão algébrica que seja resultado de soma
números naturais e a operação soma; depois, é comprovado ou subtração entre dois monômios é chamada de polinômio.
que a operação soma funciona para qualquer número
natural. Expressões algébricas, monômios e polinômios são
exemplos de elementos pertencentes à álgebra, pois são
Nos estudos de álgebra, letras são utilizadas para constituídos a partir de operações realizadas com números
representar números. Essas letras tanto podem representar desconhecidos. Lembre-se de que um número desconhecido
números desconhecidos quanto um número qualquer pode representar qualquer número de um conjunto
pertencente a um conjunto numérico. Se x é um número par, numérico.
por exemplo, então x pode ser 2, 4, 6, 8, 10,.... Dessa
maneira, x é um número qualquer pertencente ao conjunto • Equações
dos números pares e fica evidente o tipo de número que x é: Equações são expressões algébricas que possuem uma
um múltiplo de 2. igualdade. Dessa forma, equação é um conteúdo da
Matemática que relaciona números a incógnitas por
• Propriedades das operações matemáticas intermédio de uma igualdade.
Sabendo que um número qualquer pertencente a um
conjunto pode ser representado por uma letra, considere os A presença da incógnita é o que classifica a equação como
números x, y e z como pertencentes ao conjunto dos expressão algébrica. A presença da igualdade permite
números reais e as

179
encontrar a solução de uma equação, isto é, o valor
numérico da incógnita. Dessa forma, dado um conjunto qualquer, com elementos
quaisquer (números ou não), é possível definir uma
Exemplos operação “adição”, uma operação “multiplicação” e verificar
a existência ou não das propriedades dessas operações, bem
1) 2x + 4 = 0 como a validade de “equações”, “funções”, “polinômios”
2) 4x – 4 = 19 – 8x etc.
3) 2x2 + 8x – 9 = 0
• Funções

A definição formal de função é a seguinte: função é uma


regra que relaciona cada elemento de um conjunto a um
único elemento de um segundo conjunto.

Essa regra é matematicamente representada por uma


expressão algébrica que possui uma igualdade, mas que
relaciona incógnita a incógnita. Esta é a diferença entre
função e equação: a equação relaciona uma incógnita a um
número fixo; na função, a incógnita representa todo um
conjunto numérico. Por esse motivo, dentro de funções, as
incógnitas são chamadas de variáveis, já que elas podem
assumir qualquer valor dentro do conjunto que representam.
Como envolve expressões algébricas, função é também um
conteúdo pertencente à Álgebra, uma vez que as letras
representam qualquer número pertencente a um conjunto de
números qualquer.

Exemplos:
1) Considere a função y = x2, em que x é qualquer número
real.

Nessa função, a variável x pode assumir qualquer valor


dentro do conjunto dos números reais. Como a regra que
liga os números representados por x aos números
representados por y é uma operação matemática básica,
então, y também representa números reais. O único detalhe a
respeito disso é que y não pode representar um número real
negativo nessa função, uma vez que y é resultado de uma
potência de expoente 2, que sempre terá resultado positivo.
2) Considere a função y = 2x, em que x é um número
natural.

Nessa função, a variável x pode assumir qualquer valor


dentro do conjunto dos números naturais. Esses números são
os inteiros positivos, portanto, os valores que y pode assumir
são os números naturais múltiplos de 2. Dessa maneira, y é
um representante do conjunto dos números pares.

• Da álgebra clássica à álgebra abstrata

Os conceitos relacionados até aqui compõem a álgebra


clássica. Essa parte da álgebra está mais ligada aos
conjuntos dos números naturais, inteiros, racionais,
irracionais, reais e complexos e é estudada tanto no ensino
fundamental quanto no ensino superior. A outra parcela da
álgebra, conhecida como abstrata, estuda essas mesmas
estruturas, mas para conjuntos quaisquer.

180
CADERNO DE QUESTÕES: A tabela a seguir apresenta a variação do número de clientes
CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS que almoçaram em um restaurante em relação ao dia
anterior durante a sua primeira semana de funcionamento:

Primeira semana Número de clientes


Domingo ?
Segunda‐feira Aumentou 20%
Terça‐feira Diminuiu 25%
Questão 1 Quarta‐feira Aumentou 50%
Quinta‐feira Igual ao da quarta‐feira
Sexta‐feira Aumentou um terço
Sábado Igual ao da sexta‐feira

Se o número total de clientes dessa primeira semana foi


igual a 564, então o número de clientes que almoçaram no
restaurante, no dia de sua inauguração, foi igual a
a) 40.
b) 50.
c) 60.
d) 70.

Questão 3
Com cinco operadores de telemarketing trabalhando seis
horas por dia, um produto é oferecido a determinado número
de clientes em 16 semanas. Assim, com quatro operadores,
trabalhando com a mesma carga horária diária, porém com
produtividade 20% menor, o número de semanas necessário
para realizar o mesmo serviço será
a) 14.
b) 18.
c) 20.
d) 25.

Questão 4
Uma Progressão Aritmética temos que o segundo termo
mais o quarto termo dão igual a 40 e o oitavo termo mais o
décimo termo dá igual a 100. Então o valor do décimo
primeiro termo da progressão é:
(Disponível em: a) 65.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/guerra-entre- b) 60.
faccoes-rivais-faz-disparar-indices-de-homicidios-em-boa- c) 75.
vista.ghtml.) d) 70.

Mediante o exposto anterior, a taxa de crescimento da guerra Questão 5


de facções de 2017 para 2018, em porcentagem, foi de: A soma dos termos de uma progressão finita de razão 4 é
920 e a soma dos 3 primeiros termos dessa sequência é 36.
(Considere os cálculos de divisão com duas casas decimais O número de termos dessa progressão é:
e sem arredondamento, apenas com o resultado do cálculo, a) 18.
considerando duas casas decimais.) b) 19.
a) 218%. c) 20.
b) 236%. d) 21.
c) 418%.
d) 536%. Questão 6
Carlos criou uma poupança para seu filho, quando o mesmo
Questão 2 completou três anos e, desde então, depositou mensalmente

181
certa quantia. Inicialmente, depositou R$ 50,00 por mês. comparecimento de 100 pessoas que pagaram os ingressos
Quando seu filho completou quatro anos, alterou a com valor integral e com valor de "meia". No total, o valor
mensalidade para R$ 125,00; quando completou cinco anos, arrecadado foi de R$700,00 e todas as pessoas pagaram
alterou a mensalidade para R$ 200,00 e, assim, ingresso. Sabendo que o preço do ingresso foi R$ 10,00 para
sucessivamente, até o momento que seu filho completou 18 inteira e R$ 5,00 para meia, o número de pessoas que
anos, ocasião em que parou de depositar a mensalidade. pagaram meia foi de:
a) 40
Dessa forma, foi depositado na poupança o total, em reais, b) 50
de: c) 60
d) 70
(Desconsidere o juro oferecido pelo banco.)
a) R$ 98.000,00. Questão 12
b) R$ 103.500,00.
c) R$ 110.250,00.
d) R$ 117.600,00.

Questão 7
Uma cultura tem, inicialmente, 81 bactérias. Sabendo-se que
essa população triplica a cada 4 horas, o tempo necessário,
em horas, para que o número de bactérias chegue a 59 049, é
igual a:
a) 24.
b) 20.
c) 18.
d) 16.

Questão 8
O nono termo de uma progressão geométrica é 32 e sua Nem sempre os terrenos disponíveis são planos e sem
razão é –2. Dessa forma, a soma dos três primeiros termos é: obstáculos físicos para a construção de imóveis. Em muitos
a) 1/8. casos, principalmente em regiões já desenvolvidas, os
b) 2/7. terrenos irregulares são a única opção. No entanto, apesar de
c) 3/8. dificultarem a construção de um projeto, tornando-o muitas
d) 4/7. vezes mais caro que um projeto executado em um terreno
plano, os terrenos irregulares geralmente possuem um preço
Questão 9 mais baixo do que a média de mercado e, dependendo da
O segundo e o sexto termos de uma progressão geométrica localização, essa opção pode ser uma alternativa muito
de razão positiva são, respectivamente, iguais a 2,25 e 2.916. rentável a médio e longo prazo. Além do mais, através de
Sobre essa sequência, marque a afirmativa verdadeira. um projeto arquitetônico bem elaborado que utiliza a favor
a) Sua razão é igual a 8. as irregularidades naturais do terreno, ele pode ter o custo
b) O menor termo inteiro é 81. bastante reduzido e com um resultado ainda mais
c) Seu primeiro termo é igual a 1/8. interessante do que um projeto em terreno comum,
d) Apresenta como razão um número decimal. justamente por causa dessas diferenças como é o caso dessa
construída em um terreno irregular com formato triangular.
Questão 10 A planta da casa foi projetada de forma reta no terreno, e a
O valor de x no sistema linear a seguir é: base triangular e irregular/maior do terreno foi destinada
para opaisagismo e garagem que também ajudaram a
valorizar a fachada.

(Disponível em
https://www.google.com.br/search?q=terreno+em+forma+
de+triangulo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahU
a) 1.
KEwjmkJG7
b) 2.
8OHaAhUGEpAKHebUBqwQ_AUICygC&biw=1366&bih=
c) 3.
662#imgrc=cWr7nzMT-yZDwM.)
d) 4.
Supondo que dentro da casa apresentada existe um jardim de
Questão 11
inverno em forma de um triângulo retângulo com uma
Um cinema fez promoção para um filme e teve o

182
hipotenusa medindo 5 m e seus lados (catetos) possuem
dimensões desconhecidas, chamadas de b e c. A área deste dimensões: A área total desse
jardim, determinada por esse triângulo, sabendo que b<c, paralelepípedo mede:
chamando essas medidas respectivamente de b e c, sabendo a) 480 cm 2.
que esse espaço tem 12 m de perímetro é: b) 550 cm 2.
a) 4 m². c) 580 cm 2.
b) 6 m². d) 620 cm 2.
c) 12 m².
d) 14 m². Questão 17
Questão 13 Com cm² de tecido cobriu‐se um poliedro convexo
O valor da área total de um cubo (Hexaedro) com volume de regular formado por 20 faces triangulares. Com o intuito de
512 cm3 é: costurar todas as arestas desse poliedro, o comprimento de
a) 256 cm2 linha necessário para essa costura, em cm, é:
b) 256 cm2 a) 80.
c) 384 cm2 b) 100.
d) 324 cm2 c) 120.
d) 150.
Questão 14
Sobre os cilindros, sólidos geométricos classificados como Questão 18
corpos redondos, pois, se colocados sobre uma superfície
plana levemente inclinada, rolam, analise as afirmativas a
seguir.

I. Os elementos de um cilindro são: bases, altura, eixo,


secção transversal e geratrizes.

II. Os cilindros são classificados como: retos e oblíquos.

III. A planificação do cilindro é .


A planificação de um reservatório é dada pela figura acima.
IV. A área do cilindro é dada pela seguinte expressão: A = Qual será o valor de x para que esse reservatório tenha
2πr(h + r). capacidade igual a 50 litros?
a) 50 cm.
V. O volume do cilindro é obtido pelo produto da área da b) 25 cm.
base por sua altura, ou seja, V = 2πr²h. c) 10 cm.
d) 5 cm.
Estão INCORRETAS apenas as afirmativas
a) I e III. Questão 19
b) I e V. Dentro de uma caixa em forma de cubo encontra-se uma
c) II e V. segunda caixa também em formato cúbico, ocupando 12,5%
d) III e V. do volume da maior. Assinale a razão entre as arestas destas
duas caixas:
Questão 15 a) 1/2
Um prisma reto possui como base um hexágono regular cujo b) 2/3
c) 1/4
apótema mede . Considerando que o prisma d) 2/5
possui altura de 5 cm, sua área lateral mede, em cm2: e) 1/8
a) 96.
b) 120. Questão 20
c) 144. Um trabalhador recebeu uma indenização trabalhista de
d) 180.

Questão 16 R$3.600,00 e usou desse valor para aplicar em um


Um paralelepípedo cujo volume é 750 3
cm tem investimento a juros simples, à taxa de 3% ao mês durante
dois anos. Os juros obtidos dessa aplicação no final desse
período serão de:

183
a) R$1.725,00 de 4% ao mês tenha seu valor dobrado?
b) R$1.728,00 a) 1 ano e 11 meses.
c) R$1.732,00 b) 1 ano e 8 meses.
d) R$1.735,00 c) 2 anos e 1 mês.
d) 2 anos e 3 meses.
Questão 21 e) 2 anos e 5 meses.
Pedro decidiu investir seu dinheiro e, para isso, fez as
seguintes movimentações: Questão 26
De acordo com algumas implicações lógicas, analise as
I. Investiu todo o dinheiro a juros simples de 5% a.m. afirmativas a seguir.
II. Após 8 meses, retirou metade do montante do
investimento e investiu em outra aplicação com juros I. Se p é verdadeira e q é verdadeira, então p Λ q é
simples de 10% a.m. verdadeira.
III. Depois de 10 meses, retirou 2/5 do montante da II. Se p é verdadeira ou q é verdadeira, então p V q é falsa.
aplicação anterior e aplicou em um investimento com juros III. Se p é verdadeira e p ⟶ q é verdadeira, então q é
simples de 5% a.m. verdadeira.
IV. Após 15 meses, retirou o dinheiro de todas as aplicações IV. Se ~p é verdadeira e p V q é verdadeira, então q é
e verificou que formara um montante de R$ 26.418,00. verdadeira.
V. Se ~q é verdadeira e p ⟶ q é verdadeira, então ~p é
Dessa forma, o dinheiro que Pedro possuía inicialmente, em verdadeira.
R$, era: VI. Se p V q é verdadeira, p ⟶ r é verdadeira e q ⟶ r é
a) 4.800,00. verdadeira, então r é verdadeira.
b) 5.600,00. VII. p V [q Λ (~q)] ⇔ p.
c) 6.000,00. VIII. p ⟶ q ⇔ (~p) V p.
d) 7.200,00.
Estão INCORRETAS apenas as afirmativas
Questão 22 a) I e II.
Se Joelma investe R$ 2.000,00 a uma taxa de juros simples b) II e VIII.
de 1/10 do valor, qual será o montante que ele receberá no c) I, II, VI e VIII.
final do investimento? d) III, IV, V e VI.
a) R$ 200,00
b) R$ 2.200,00 Questão 27
c) R$ 100,00 A tabela-verdade com proposições lógicas terá sua coluna
d) R$ 1.100,00 equivalência completada na ordem:

Questão 23
O montante produzido por um capital de R$12.000,00
aplicado à taxa de juros simples de 1,5% ao mês foi de
R$15.780,00. O tempo da aplicação expresso em anos é: a)
1,25
b) 1,5
c) 1,35
d) 1,75 a) p ⇔ q, F, F, V, V. b) p ⇔ q, V, F, V, F. c) p ⇔ q, V, V,
e) 1,85 F, F. d) p ⇔ q, V, F, F, V.
Questão 28
Questão 24 Devido à seca que assola o nosso país agora em 2017, uma
Um capital de R$50.000,00 foi aplicado da seguinte fábrica de doces não está conseguindo matéria-prima para a
maneira: 40% à taxa de 5% ao mês e o restante à taxa i. Se o fabricação. P: se não há matéria-prima para fabricação ou
total de juros produzidos em um mês foi de R$2.800,00, indicação de como solucionar uma irrigação do plantio para
qual o valor de i? que haja produção, então não há produção de leite ou
a) 5,2% produção de frutas para produção de doces. Na proposição
b) 5,8% P, a negação do consequente estaria corretamente expressa
c) 6% por: “há produção de leite ou há produção de frutas”.
d) 5,5% Concluímos que a NEGAÇÃO pode ser escrita como:
e) 6,2% a) Há produção de leite ou há produção de frutas.
b) Há produção de leite ou não há produção de frutas.
Questão 25 c) Não há produção de leite ou há produção de frutas.
Qual o tempo necessário para que um capital aplicado à taxa d) Não há produção de leite ou não há produção de frutas.

184
Questão 29
A negação de “Se acerto esta questão, então tenho bom
chute” é equivalente a:
a) Não acerto essa questão e tenho bom chute.
b) Acerto essa questão e não tenho bom chute.
c) Não acerto essa questão ou tenho bom chute.
d) Nem acerto essa questão, nem tenho bom chute. d)

Questão 30
Cristovão e Luíza almoçam juntos todos os dias. Sabe-se
que se Cristóvão come carne vermelha, então Luíza come
peixe. Pode-se concluir que:
a) Se Cristóvão come peixe, então Luíza não come carne
vermelha.
b) Se Luiza come carne vermelha, então Cristóvão come
peixe.
Questão 32
c) Se Cristóvão não come carne vermelha, então Luíza não
Sabendo que a sequência (4, 14, 15, ...) segue um padrão
come peixe.
lógico, logo o próximo termo é:
d) Se Luíza não come peixe, então Cristóvão não come
a) 40.
carne vermelha.
b) 16.
e) Se Cristóvão come peixe, então Luíza come carne
c) 20.
vermelha.
d) 31.
Questão 31
Questão 33
Observe a sequência de figuras a seguir:
Observe as figuras no quadro a seguir.

A partir da figura 5, essa sequência é sempre repetida na


mesma ordem. A figura formada a partir da sobreposição
das figuras 139, 288 e 426 é dada por:
a)

Qual das figuras preenche corretamente os espaços em


b) branco no quadro apresentado?
a)

c)
b)

185
Questão 36
Analise a figura a seguir.

c)

A soma dos números que preenchem os 4 quadrinhos em


d) branco é:
a) 133.
b) 134.
c) 135.
d) 136.

Questão 37
Observe a sequência de figuras a seguir:

Questão 34
Uma sequência lógica numérica, com n ∈∈ N, é definida
pela seguinte lei de formação:

A figura que substitui corretamente a interrogação é:


a)

A diferença entre o 2016º e o 2017º termos dessa sequência


é:
a) 1007.
b) 1009.
c) 2015.
d) 2018. b)
Questão 35
Alexandre desenhou polígonos e, dentro dos mesmos, fez
vários pontos obedecendo a certa lógica sequencial e
matemática, como mostrado na figura a seguir.

c)

O número de pontos que o sexto termo dessa sequência


deverá possuir para que se mantenha a lógica de Alexandre
é:
a) 18 pontos.
b) 20 pontos.
c) 24 pontos.
d) 30 pontos. d)

186
1, 3, 8, 24, 29, 87,...

O primeiro número de quatro algarismos dessa sequência é:


a) 1.859.
b) 2.544.
c) 3.526.
d) 4.653.
Questão 38
Observe a sequência a seguir. Questão 43
Assinale a figura que DIFERE das demais. a)
X;X+6;X+2;X+8;X+4;...

Sabe-se que o 15º termo dessa sequência vale 26. O valor de


“X” é:
a) 12.
b) 14.
c) 16.
d) 18.

Questão 39 b)
Analise a sequência numérica a seguir.

1; 3; 6; 4; 2; 4; 8; 6; 3; 5; 10; 8; 4; 6; 12; 10; 5; ...

A soma dos quatro próximos termos dessa sequência é igual


a
a) 35.
b) 37.
c) 39.
d) 41.
c)
Questão 40
Analise a seguinte sequência lógica numérica:

4, 16, 15, 3, 18, 17, 5, 17,...

Considerando que essa sequência possui 10 termos, a soma


dos últimos dois termos é
a) 10.
b) 17.
c) 20.
d) 23. d)

Questão 41
Considere a seguinte sequência lógica numérica:

5, 3, 6, 4, 8, 6...

O próximo termo da sequência anterior é


a) 8.
b) 9.
c) 10.
d) 12.
Questão 44
Questão 42 Considere a lista de animais a seguir:
Observe a sequência numérica a seguir:
GORILA, LAGOSTA, _____________, GATO, TOURO,

187
ROUXINOL.

O animal que preenche corretamente a lacuna anterior é


a) cavalo.
b) coelho.
c) formiga. b)
d) marreco.
e) tartaruga.

Questão 45
Sabe-se que a relação entre os números é igual para todos os
triângulos a seguir. c)

A soma de todos os números que substituem corretamente as d)


3 interrogações é igual a
a) 185.
b) 198.
c) 210.
d) 228.
e)
Questão 46
Observe a sequência abaixo:

JESUSJESUSJESUSJESUSJESUSJESUSJESUS...

A letra que ocupará a 61ª posição será:


a) J
b) E Questão 48
c) S A sequência a seguir é formada por 10 números:
d) U
5, 10, 2, 8, 9, 4, 6, ____, ____, ____.
Questão 47
Observe as linhas formadas pelas figuras. Os 3 últimos números dessa sequência são, respectivamente,
a) 1, 3 e 7.
b) 1, 7 e 3.
c) 3, 1 e 7.
d) 7, 1 e 3.
e) 7, 3 e 1.

Questão 49
Seja a sequência de letras U, ____, T, Q, C, ____, S, ____,
N, ____.

As letras que completam corretamente as lacunas são

a) todas vogais.
b) todas consoantes.
c) duas consoantes e duas vogais.
d) três vogais e uma consoante.
e) três consoantes e uma vogal.
A figura que substitui o quadrado com (?) é
a) Questão 50

188
Qual é a soma dos valores X, Y e Z na sequência: 2, 5, 4, 10, GABARITO
8, 20, X, 40, 32, Y, Z?
a) 152 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
b) 158 A C D B C B A C B B
c) 160 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
d) 154 C A C D D B C A A B
e) 165 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C B D C C B D A B D
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
D A D A D B D A C C
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
D B C E C A A E E C

189
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO eficiência.
E CONSTITUICIONAL
LEGALIDADE
3. A administração pública: princípios da administração O princípio da legalidade, que é uma das principais garantias
pública de direitos individuais, remete ao fato de que a
Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei
Para compreender os Princípios da Administração Pública é permite, ou seja, só pode ser exercido em conformidade com
necessário entender a definição básica de princípios, que o que é apontado na lei, esse princípio ganha tanta
servem de base para nortear e embasar todo o ordenamento relevância pelo fato de não proteger o cidadão de vários
jurídico e é tão bem exposto por Reale (1986, p. 60), ao abusos emanados de agentes do poder público. Diante do
afirmar que: exposto, Meirelles (2000, p. 82) defende que:

“Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que “Na Administração Pública não há liberdade nem vontade
servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer
de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é
dada porção da realidade. Às vezes também se denominam permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular
princípios certas proposições, que apesar de não serem significa “poder fazer assim”; para o administrador público
evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como significa “deve fazer assim”.”
fundantes da validez de um sistema particular de
conhecimentos, como seus pressupostos necessários.” Deste modo, este princípio, além de passar muita segurança
jurídica ao indivíduo, limita o poder do Estado, ocasionando
Assim, princípios são proposições que servem de base para assim, uma organização da Administração Pública. Como já
toda estrutura de uma ciência, no Direito Administrativo não afirmado, anteriormente, este princípio além de previsto
é diferente, temos os princípios que servem de alicerce para no caput do art. 37, vem devidamente expresso no rol de
este ramo do direito público. Direitos e Garantias Individuais, no art. 5º, II, que afirma
que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Os princípios podem ser expressos ou implícitos, vamos nos alguma coisa senão em virtude da lei”.
deter aos expressos, que são os consagrados no art. 37 da
Constituição da República Federativa do Brasil. Em relação “Assim, o princípio da legalidade é o da completa submissão
aos princípios constitucionais, Meirelles (2000, p.81) afirma da Administração às leis. Este deve tão-somente obedecê-
que: “Os princípios básicos da administração pública estão las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de
consubstancialmente em doze regras de observância todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto
permanente e obrigatória para o bom administrador: é, o Presidente da República, até o mais modesto dos
servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes obsequiosos
Legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder
publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação direito Brasileiro.”
e supremacia do interesse público.
No mais, fica claro que a legalidade é um dos requisitos
Os cinco primeiros estão expressamente previstos no art. necessários na Administração Pública, e como já dito, um
37, caput, da CF de 1988; e os demais, embora não princípio que gera segurança jurídica aos cidadãos e limita o
mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto que, poder dos agentes da Administração Pública.
ao daqueles, foram textualmente enumerados pelo art. 2º da
Lei federal 9.784, de 29/01/1999.” MORALIDADE
Tendo por base a “boa administração”, este princípio
Destarte, os princípios constitucionais da administração relaciona-se com as decisões legais tomadas pelo agente de
pública, como tão bem exposto, vêm expressos no art. 37 da administração publica, acompanhado, também, pela
Constituição Federal, e como já afirmado, retoma aos honestidade. Corroborando com o tema, Meirelles (2000, p.
princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade ou 84) afirma: “É certo que a moralidade do ato administrativo
finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, que serão juntamente a sua legalidade e finalidade, além de sua
tratados com mais ênfase a posteriori. Em consonância, Di adequação aos demais princípios constituem pressupostos de
Pietro conclui que a Constituição de 1988 inovou ao trazer validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima”.
expresso em seu texto alguns princípios constitucionais.
O caput do art. 37 afirma que a administração pública direta Assim fica claro, a importância da moralidade na
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Administração Publica. Um agente administrativo ético que
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios usa da moral e da honestidade, consegue realizar uma boa
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e administração, consegue discernir a licitude e ilicitude de

190
alguns atos, além do justo e injusto de determinadas ações, agentes da Administração Pública.
podendo garantir um bom trabalho.
EFICIÊNCIA
IMPESSOALIDADE Este princípio zela pela “boa administração”, aquela que
Um princípio ainda um pouco conturbado na doutrina, mas, consiga atender aos anseios na sociedade, consiga de modo
a maioria, dos doutrinadores, relaciona este princípio com a legal atingir resultados positivos e satisfatórios, como o
finalidade, ou seja, impõe ao administrador público que só próprio nome já faz referência, ser eficiente. Meirelles
pratique os atos em seu fim legal, Mello (1994, p.58) (2000, p 90) complementa: “O Princípio da eficiência exige
sustenta que esse princípio “se traduz a idéia de que a que a atividade administrativa seja exercida com presteza,
Administração tem que tratar a todos os administrados sem perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno
discriminações, benéficas ou detrimentosas”. Para a garantia princípio da função administrativa, que já não se contenta
deste princípio, o texto constitucional completa que para a em se desempenhar apenas com uma legalidade, exigindo
entrada em cargo público é necessário a aprovação em resultados positivos para o serviço público e satisfatório
concurso público. atendimento as necessidades da comunidade e de seus
membros.
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
É um princípio que é implícito da Constituição Federal A eficiência é uma característica que faz com que o agente
brasileira, mas que é explícito em algumas outras leis, como público consiga atingir resultados positivos, garantindo à
na paulista, e que vem ganhando muito força, como afirma sociedade uma real efetivação dos propósitos necessários,
Meirelles (2000). É mais uma tentativa de limitação ao como por exemplo, saúde, qualidade de vida, educação, etc.
poder púbico, como afirma Di Pietro (1999, p. 72): “Trata-se
de um princípio aplicado ao direito administrativo como INTERESSE PÚBLICO
mais uma das tentativas de impor-se limitações à Também chamado de Princípio da Finalidade, é o resultado
discricionariedade administrativa, ampliando-se o âmbito de pela busca dos interesses da sociedade, regulamentado pela
apreciações do ato administrativo pelo Poder Judiciário.” Lei 9.784/99, que trata dos processos administrativos no
âmbito da Administração Pública Federal. Consoante o
Esse princípio é acoplado a outro que é o da assunto, Meirelles (2000, p. 95) corrobora afirmando que:
proporcionalidade, pois, como afirma Di Pietro (1999, p. “Com o nome de interesse público, a Lei 9.784/99 coloca-o
72), “a proporcionalidade dever ser medida não pelos como um dos princípios de observância obrigatória pela
critérios pessoais do administrador, mas segundo padrões Administração Pública, correspondendo ao “atendimento a
comuns na sociedade em que vive”. fins de interesse gerais vedados a renúncia total ou parcial
de poderes ou competência, salvo autorização em lei”.”
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Para que os atos sejam conhecidos externamente, ou seja, na Assim, este princípio é o dispositivo que trata dos interesses
sociedade, é necessário que eles sejam publicados e da coletividade. Visa contribuir com a maioria dos
divulgados, e assim possam iniciar a ter seus efeitos, indivíduos da sociedade, e o Estado tem papel relevante
auferindo eficácia ao termo exposto. Além disso, relaciona- nisto, uma vez que foi criado para garantir uma organização
se com o Direito da Informação, que está no rol de Direitos e cumprir os interesses gerais da sociedade com o bem-estar
e Garantias Fundamentais. Di Pietro (1999, p.67) demonstra da coletividade. A primazia da esfera do público sobre o
que: privado levou a Supremacia do Interesse Público, e assim
“O inciso XIII estabelece que todos têm direito a receber dos algumas funções do Estado necessitaram ser ampliadas.
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou Como exemplo tem-se a própria ampliação de serviços
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo públicos, ou como o poder de polícia que agora começou a
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas prezar pela ordem social, sempre objetivando trabalhar pelo
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e interesse da coletividade (DI PIETRO, 1999). Concluindo a
do Estado.” temática, temos Mello (1994, p.44) afirmando: “O princípio
da supremacia do interesse publico sobre o interesse privado
Como demonstrado acima, é necessário que os atos e é princípio geral de direito inerente a qualquer sociedade. E
decisões tomados sejam devidamente publicados para o a própria condição de sua existência. Assim, não se radica,
conhecimento de todos, o sigilo só é permitido em casos de em seu dispositivo específico algum da Constituição, ainda
segurança nacional. “A publicidade, como princípio da que inúmeros aludam ou impliquem manifestações concretas
administração pública, abrange toda atuação estatal, não só dele, como por exemplo, os princípios da função social da
sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, propriedade, da defesa do consumidor ou do meio ambiente
também, de propiciação de conhecimento da conduta interna (art. 170, incisos III, V, VI) ou em tantos outros. Afinal, o
de seus agentes” (MEIRELLES, 2000, p.89). Busca-se deste princípio em causa é um pressuposto lógico do convívio
modo, manter a transparência, ou seja, deixar claro para a social.”
sociedade os comportamentos e as decisões tomadas pelos

191
Além desta supremacia do interesse público, temos outro modo implícito ou explícito a prática de atos
princípio que merece ser analisado que é o da administrativos com liberdade de escolha sobe
indisponibilidade do interesse público, que aponta que o oportunidade, conteúdo e conveniência. A
administrador público no uso de suas atribuições e em nome discricionariedade somente recorre de atribuição da lei, em
do interesse público não pode dispor dos interesses do povo, casos que sejam utilizados conceitos indeterminados só
assim segundo Meirelles (2000, p. 95): poderão reconhecer a discricionariedade quando a lei
autorizar.
“Segundo o qual a administração pública não pode dispor
desse interesse geral nem renunciar a poderes que a lei lhe Não se deve confundir discricionariedade com arbítrio; no
deu para tutela, mesmo porque ela não é titular do interesse primeiro caso significa a liberdade de ação administrativa
público, cujo titular é o Estado, que, por isso, mediante lei dentro dos limites da lei, em que é autorizado, legal e válido;
poderá autorizar a disponibilidade ou renúncia.” É no segundo caso significa a ação que é contrária a lei, ela é
necessário que haja de fato uma real busca pelos interesses sempre e legitima e invalida. Daí vê que a discricionariedade
públicos emanada da administração púbica, para que seja ela é sempre relativa e parcial, no que toca a competência, a
cumprido seu real papel. forma e a finalidade do ato em que sempre segue os modos
da lei.
3.1 Poderes administrativos Ex : Autorização para porte de arma; Exoneração de um
Os Poderes Administrativos são inerentes à Administração ocupante de cargo em comissão.
Pública e possuem caráter instrumental, ou seja, são
instrumentos de trabalho essenciais para que a Poder Hierárquico
Administração possa desempenhar as suas funções O executivo dispõe as funções de seu órgãos, no que ordena
atendendo o interesse público. Os poderes são verdadeiros e rever as atuações dos agentes, assim estabelecendo
poderes-deveres, pois a Administração não apenas pode relações de subordinação no quadro pessoal dos servidores.
como tem a obrigação de exercê-los. Não deve confundir o poder hierárquico com poder
disciplinar, a hierarquia subordina-se no meio de vários
CLASSIFICAÇÃO DOS PODERES órgãos e dos agentes do executivo com distribuição de
função de cada ente. Assim não há hierarquia no poder
➢ Poder Vinculado judiciário e legislativo são privativos de função executiva.
➢ Poder Discricionário
➢ Poder Hierárquico O objetivo do poder hierárquico é ordenar, coordenar,
➢ Poder Disciplinar corrigir e controlar os atos administrativos internos da
➢ Poder Regulamentar Administração. O objetivo de ordenar é repartir e escalar
➢ Poder de Polícia funções de atividade da Administração entre os agentes do
Poder de seu cargo; coordena as funções para obter
Poder vinculado funcionamento dos serviços de cada órgão; corrige os erros
Também chamado de poder regrado, é o Direito Positivo administrativos pela prática de atos inferiores;
que confere Administração Pública com finalidade de atos e coordena as funções no sentido de manter o
de própria competência impondo os elementos e requisitos funcionamento dos serviços dos cargos do órgão.
para sua formalização. Ele significa dizer que o agente
público fica a preso ao que diz a lei, sendo assim o No poder hierárquico surgem faculdades implícitas para o
administrador tem o mínimo sobre a liberdade de ação, em superior na função de dar ordens e fiscalizar o cumprimento
caso que desobedeça a lei o ato é considerado nulo. de órgão, delegar e avocar atribuições e rever os atos dos
inferiores. A faculdade de dar ordens significa o dever de
Impõe ao agente público que observe atentamente o determinar os atos ou conduta em caso concreto; fiscalizar é
princípio da legalidade no que deve ser atendidos os o ato de vigiar, para manter os padrões legais de cada
requisitos que formem expressos na lei. atividade administrativa; avocar é chamar as funções
atribuídas a um ente subordinado; e rever os atos de
Assim, Ë o Poder que tem a Administração Pública de inferiores que é apreciar os atos em todos os aspectos desde
praticar certos atos "sem qualquer margem de liberdade". A a competência até a forma.
lei encarrega-se de prescrever, com detalhes, se, quando e
como a Administração deve agir, determinando os Há uma divergência entre subordinação e vinculação
elementos e requisitos necessários. administrativa que não se devem ser confundidas, a
Ex : A prática de ato (portaria) de aposentadoria de servidor subordinação admite os meios de controle do superior sobre
público. o inferior e decorre do poder hierárquico; a vinculação
decorre do poder de supervisão sobre a entidade que é
Poder Discricionário vinculada.
Esse é o poder que concede a Administração, na forma de

192
Resumindo: O poder hierárquico É aquele pelo qual a Quando revestido de todos os seus requisitos formais e
Administração distribui e escalona as funções de seus materiais, o ato administrativo se diz eficaz; todavia, pode
órgãos, ordena e rever a atuação de seus agentes, estabelece apresentar vícios ou defeitos, cuja gravidade enseja a
a relação de subordinação entre os servidores públicos de seguinte classificação para os atos mal formados:
seu quadro de pessoal. No seu exercício dão-se ordens, inexistência; nulidade; anulabilidade e irregularidade.
fiscaliza-se, delega-se e avoca-se.
Atributos:
Poder Disciplinar Requisitos
Tem a função de punir as infrações dos servidores e das Os requisitos dos atos administrativos são: competência,
demais pessoas que disciplinam órgão e outros serviços da finalidade, forma, motivo e objeto. Quanto ao ato da
Administração. administração, é o ato praticado pelos órgãos e entes
vinculados à estrutura do poder executivo, o ato
É visto que o poder disciplinar se correlaciona o poder administrativo é diferente, em comparação é expressamente
hierárquico, mas há diferenças entre eles; no poder diverso. porém existem atos da administração que são atos
hierárquico a Administração Pública distribui as funções administrativos, entretanto a diferença entre os dois na
executivas; já no poder disciplina controla o desempenho grande maioria das vezes é flagrante.
das funções e as condutas dos servidores. A característica do
poder disciplinar é que ela não está vinculada a definição da Elementos
lei sobre a sanção ou infração funcional. Conteúdo, que é a declaração de que o vínculo empregatício
está extinto, é de se observar que aqui não está sendo
Ex : Aplicação de pena de suspensão ao servidor público. questionado se o conteúdo é licito ou ilícito.

Poder Regulamentar Forma, que por sua vez é a maneira pela qual um ato se
O poder regulamentar tem a função de dispor os Chefes de revela para o mundo jurídico. Da mesma forma não se
Executivo a explicar a lei para que possa ser executada de discute se o ato é válido ou não, não se está discutindo
forma correta. Esse poder é inerente ao Chefe do Executivo validade e existência, essa característica é independente.
previsto no Art. 84, IV, CF.
Pressupostos
Sobre o poder de chefiar sobre Administração também está Competência, que por sua vez é o conjunto de atribuições
o poder de regulamentar a lei e suprir, quando o Executivo normativamente estabelecidas que autorizam a alguém a
expedir o regulamento autônomo ou a execução da lei, ele expedição de um ato jurídico, as competências são
não deve invadir as reservas legais que são as matérias atribuídas por território, hierarquia e por matéria.
disciplinadas por lei que afetam garantias e direitos
individuais. Vontade, o ato administrativo é espécie de ato jurídico, por
sua vez o ato jurídico denota a mais clara expressão de
Regulamentar significa o ato administrativo em modo geral vontade humana.
e também normativo que é feito pelo Chefe do Executivo em
forma de decreto para explicar a aplicação da lei. Motivo, alguns doutrinadores chamam de motivo de fato. O
motivo é o acontecimento da realidade que autoriza ou
Poder de Polícia determina a prática de um ato administrativo, os motivos
Também conhecido como poder de polícia administrativa alegados ficam presos ao ato para fins de determinação de
em que a Administração Pública sobre ações que possam legalidade ou ilegalidade. Se o motivo for falso ou
afetar a coletividade sua competência é de policiar de que inexistente o ato será considerado inválido.
dispõe do poder de regular a matéria ficando sujeitos a
regulamentação de policiamento da União, sobre os Classificação:
interesses da região compete a polícia estadual, e os Quanto à natureza da atividade: atos da administração ativa,
interesses locais pertencem ao policiamento do município. atos da administração consultiva, atos da administração
controladora, atos da administração verificadora e atos da
3.2 Atos administrativos administração contenciosa.
Ato emanado de órgão competente, no exercício legal de
suas funções e em razão destas, ato administrativo é todo • Quanto à estrutura do ato: atos concretos e atos
aquele que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, abstratos.
transferir, modificar ou extinguir direitos, ou impor • Quanto aos destinatários dos atos: atos individuais
obrigações aos administrados ou a si própria. Já e atos gerais.
os fatos administrativos não se preordenam à produção de • Quanto aos efeitos: atos constitutivos e atos
efeitos jurídicos. declaratórios.
• Quanto à posição jurídica da administração: atos de

193
império e atos de gestão. • Alvará: é a formula utilizada para expedição de
• Quanto ao grau de liberdade da administração em autorizações e licenças.
sua prática: atos discricionários e atos vinculados. • Instrução: é a formula de expedição de normas
• Quanto à função da vontade administrativa: atos gerais de orientação interna das repartições.
negociais ou negócios jurídicos e atos puros ou • Aviso: de utilização restrita, só são utilizados nos
meros atos administrativos. ministérios militares.
• Quanto aos resultados sobre a esfera jurídica dos • Circular: é a formula pela qual as autoridades
administrados: atos ampliativos e atos restritivos. superiores transmitem ordens uniformes a
• Quanto à formação do ato: atos unilaterais e atos funcionários subordinados. Veicula regras de
bilaterais. caráter concreto, ainda que geral, por abranger
uma categoria de subalternos encarregados de
Espécies de Atos Administrativos: determinadas atividades.
• Admissão: é o ato unilateral pelo qual a • Ordem de serviço: são veiculadas por via de
administração vinculadamente faculta a alguém a circular.
inclusão em estabelecimento governamental para • Resolução: forma pela qual se exprime a
gozo de um serviço público. deliberação de órgãos colegiados.
• Permissão: é o ato unilateral pelo qual a • Parecer: opinião técnica de órgão de consulta.
administração faculta precariamente a alguém a • Ofício: são “cartas oficiais”, o meio de
prestação de serviço público ou defere a utilização comunicação formal para os agentes
especial de um bem público. (precedidas de administrativos.
licitação – art. 175, CF – portanto atos • Despacho: decisões finais ou intermediárias de
vinculados). autoridades, sobre a matéria submetida a sua
• Concessão: é designação genérica de formula pela apreciação.
qual são expedidos atos ampliativos da esfera
jurídica de alguém – art. 175, CF. (Ora caráter Extinção:
unilateral, ora caráter bilateral). Através do cumprimento do prazo ou cumprimento da
• Autorização: é o ato unilateral pelo qual a finalidade, perecimento do sujeito ou do objeto, renúncia do
administração, discricionariamente, faculta o beneficiário (ato unilateral), ou ainda pela retirada do ato
exercício da atividade material. (anulação ou revogação).
• Aprovação: é o ato unilateral pelo qual a
administração, discricionariamente, faculta a Conceito de Revogação:
prática de ato jurídico ou manifesta sua Revogação é a forma de desfazimento do ato administrativo
concordância com o ato jurídico já praticado, a por motivo de inoportunidade ou inconveniência, quem pode
fim de lhe dar eficácia. (Aprecia conveniência e revogar é somente a administração pública (de ofício ou
oportunidade relativas ao ato ainda não editado). provocada), através do princípio da isonomia da forma, com
Dupla modalidade: – aprovação prévia e a finalidade de atender o interesse da administração.
aprovação a posteriori.
• Licença: é o ato vinculado, unilateral, pelo qual a Conceito de Anulação:
administração faculta a alguém o exercício de uma Anulação é a forma de desfazimento do ato administrativo
atividade, uma vez demonstrado pelo interessado por motivo de ilegalidade do ato (invalidade), quem pode
o preenchimento dos requisitos legais exigidos. anular é a administração pública (de ofício ou provocado) e
• Homologação: é o ato vinculado pelo qual a o Judiciário (provocado), através do princípio da isonomia
administração concorda com o ato jurídico já da forma com a finalidade de restabelecimento da ordem
praticado, uma vez verificada a consonância dele (Princípio da legalidade).
com os requisitos legais condicionadores de sua
valida emissão. 3.3 Licitações e contratos administrativos
As licitações são o meio pelo qual empresas públicas ou que
Tipos de Atos Administrativos e suas respectivas lidam com recursos públicos realizam a compra ou
definições: contratação de bens e serviços. Elas são a modalidade de
• Decreto: é a formula pela qual o chefe do poder processo administrativo que antecede a confirmação de
executivo expede atos de sua competência contratos administrativos entre o Estado e as organizações
privativa (art. 84, CF). da iniciativa privada.
• Portaria: é a fórmula pela qual as autoridades de
nível inferior ao chefe do poder executivo, de Contrato administrativo, por sua vez, é o nome dado a
conteúdo amplo, dirigido a subordinados e qualquer acordo feito entre o poder público e a iniciativa
transmitindo decisões de efeito interno. privada, na presença de condições como: consenso,
formação de vínculo e estabelecimento de obrigações

194
recíprocas. pessoa individualmente e devem ser cobrados por taxas. São
Originalmente, as licitações são promovidas pela exemplos os serviços de fornecimento de energia elétrica e
Administração Pública que busca por produtos ou serviços de água.
com o melhor custo-benefício, ou seja, o menor preço com a
maior qualidade possível. Entretanto, é cada vez mais Quais são os serviços públicos essenciais?
comum encontrar licitações abertas por empresas da Os serviços públicos chamados de essenciais são aqueles
iniciativa privada. considerados urgentes e que podem causar danos caso sejam
interrompidos ou não fornecidos. Os serviços essenciais são
Para garantir que esses critérios sejam atendidos, os ligados às garantias de condições de saúde e de segurança,
processos licitatórios abertos são sempre acompanhados por que são indispensáveis para a vida digna dos cidadãos.
editais que normatizam as condições e exigências para a Assim, a lei determina que a prestação destes serviços não
contratação. O edital de licitação deverá apresentar, de pode ser interrompida.
forma clara, o objeto do contrato administrativo, a
experiência e abrangência necessária ao fornecedor do bem A lei nº 7.783/89 (Lei de Greve) definiu quais são os
ou serviço a ser adquirido. serviços públicos essenciais:

A finalidade das licitações é permitir que os processos de ➢ tratamento e fornecimento de água,


compra do Estado sejam realizados da forma mais ➢ distribuição de energia elétrica,
democrática possível, abrindo espaço para que diversas ➢ fornecimento de gás e outros tipos de combustível,
empresas concorram pelo direito de vender ao Governo com ➢ serviços médicos e hospitalares,
as mesmas condições. Com a finalidade de garantir ➢ distribuição e venda de medicamentos,
parâmetros justos para isso e o respeito ao princípio ➢ venda de alimentos,
da isonomia, foram criadas leis que regulamentam os ➢ serviços funerários,
contratos administrativos realizados nestes processos. ➢ transporte coletivo,
➢ tratamento de esgoto,
O decreto que regula as licitações no Brasil é a Lei nº 8.666, ➢ recolha de lixo,
de 21 de junho de 1993. Em seu art. 3º estão estabelecidos ➢ serviços de telecomunicações,
os princípios constitucionais que devem ser observados em ➢ guarda e controle de substâncias radioativas e de
todo e qualquer processo licitatório, são eles a: materiais nucleares,
➢ atividades de processamento de dados dos serviços
➢ isonomia; essenciais,
➢ legalidade; ➢ controle do tráfego aéreo,
➢ impessoalidade; ➢ serviços de compensação bancária.
➢ moralidade;
➢ igualdade; Princípios do serviço público
➢ publicidade;
A prestação de serviço público deve seguir os seguintes
➢ probidade administrativa; princípios: eficiência, continuidade, segurança, regularidade,
➢ vinculação ao instrumento convocatório; atualidade, generalidade/universalidade e modicidade
➢ julgamento
tarifária.
➢ objetivo.
Princípio da eficiência
3.4 Serviços públicos
Este princípio significa que os serviços públicos devem ser
Serviço público é uma atividade desenvolvida com a oferecidos aos cidadãos da maneira mais eficiente possível,
participação do Estado. É a prestação de serviços que têm tanto em relação à prestação do serviço como aos resultados
a finalidade de atender necessidades da sociedade. No
obtidos.
serviço público sempre existe a participação do Estado no
fornecimento dos serviços, ainda que de forma indireta. A
Princípio da continuidade
prestação de serviços públicos pelo Estado é garantida pela
Este princípio tem a função de garantir que os serviços
Constituição Federal de 1988 e os serviços são criados e públicos sejam prestados de forma contínua, sem
fiscalizados pelo Estado, através dos seus governos. interrupções. O princípio da continuidade é relacionado com
a eficiência, ou seja, os serviços devem ser oferecidos de
Serviços públicos gerais e individuais
maneira contínua e com a maior qualidade possível.
Os serviços públicos podem ser gerais ou individuais. Os
Existem três situações de exceção para a continuidade de um
gerais são os destinados ao atendimento da população em serviço público: em situação de emergência, por problemas
geral e são financiados pelos valores dos impostos, como o técnicos nas instalações ou por falta de pagamento do
fornecimento de iluminação pública e a segurança pública.
utilizador.
Os serviços individuais são os que são prestados a cada

195
Princípio da segurança
O princípio da segurança tem a função de garantir que a Já o serviço público descentralizado não é prestado
prestação dos serviços públicos seja feita de maneira segura, diretamente pelo Estado, é oferecido por pessoas (físicas ou
sem colocar os seus usuários em risco. jurídicas) que têm concessão ou permissão para executar um
serviço público em nome do Estado. O serviço público
Princípio da regularidade descentralizado pode ser oferecido quando o Estado faz uma
A regularidade estabelece que o Estado tem a obrigação de permissão, concessão ou uma parceria público-privada para
promover a prestação de serviços públicos. O a prestação de um serviço.
descumprimento desta obrigação por parte do Estado pode
causar danos aos cidadãos que são usuários ou beneficiários Permissão de serviço público
de um serviço. Em alguns casos a ausência na prestação do A permissão de um serviço público acontece quando a
serviço pode gerar ao Estado a obrigação de indenizar os Administração Pública permite que um particular (pessoa
usuários pelo serviço não prestado. física ou jurídica), que não faz parte da Administração,
preste um serviço público.
Princípio da atualidade
Este princípio tem a função de garantir que a prestação de A permissão é dada depois de um processo de licitação e é
serviço público deve acontecer de acordo com as mais formalizada por um contrato de adesão entre a
modernas técnicas disponíveis. Administração Pública e o particular. A Administração
Pública tem o direito de revogar o contrato de permissão,
Princípio da generalidade/universalidade não sendo necessário indenizar o particular pela quebra do
De acordo com este princípio os serviços públicos devem contrato.
ser acessíveis a todos os cidadãos, sem restrições de acesso e
sem discriminações. Os serviços prestados devem ser Concessão de serviço público
capazes de atingir a maior quantidade possível de pessoas. A A concessão ocorre quando a Administração concede a
generalidade e a universalidade para garantir a igualdade de execução do serviço público a uma empresa. Só pessoas
acesso aos serviços públicos. jurídicas ou consórcios de empresas podem receber a
concessão de um serviço público, ou seja, uma pessoa física
Princípio da modicidade tarifária não é autorizada pela lei a receber uma concessão. Na
A modicidade tarifária significa que a prestação de um concessão o serviço é prestado em nome da empresa que
serviço público deve ser remunerada a preços acessíveis recebe a concessão, sendo permitida a cobrança de taxa dos
para garantir que os usuários do serviço não deixem de ter usuários do serviço.
acesso a ele em razão de preços inacessíveis para o seu
poder aquisitivo. As taxas cobradas pelos serviços Para receber uma concessão é preciso que a empresa
oferecidos pelo Estado devem ser as mais baratas possíveis. participe de uma licitação na forma de concorrência. De
acordo com a lei, todas as concessões devem ser feitas por
Princípio da cortesia processos de licitação. A concessão é formalizada através de
O princípio da cortesia é relacionado com o bom um contrato administrativo entre o Estado e a empresa, e a
atendimento que deve ser prestado no serviço público. De rescisão do contrato pode resultar em dever de indenizar a
acordo com este princípio, o atendimento a todos os usuários parte prejudicada.
de um serviço público deve ser feito com educação
(cortesia) e de modo adequado e respeitoso. Parceria público-privada
A parceria público-privada (PPP) também é uma forma de
Características dos serviços públicos concessão de um serviço público a um particular, através de
➢ São as principais características do serviço público: um contrato administrativo. É diferente da concessão
➢ são direcionados ao interesse coletivo, porque neste caso existe a obrigação de uma contraprestação
➢ existem para suprir necessidades dos cidadãos, financeira (pagamento) do Estado ao seu parceiro privado.
➢ devem ser prestados pelo Estado ou por seus
agentes autorizados, A PPP pode acontecer de duas formas: patrocinada ou
➢ devem trazer benefícios aos usuários. administrativa. Na patrocinada, além de existir a obrigação
de que o Estado faça uma contraprestação financeira ao
Como os serviços públicos são prestados? parceiro privado, existe a cobrança de taxa do usuário do
Os serviços podem ser oferecidos de duas serviço. Na administrativa a Administração é usuária de um
formas: centralizados ou descentralizados. O serviço contrato de prestação de serviços com a parceira privada.
público é centralizado quando é prestado diretamente por Neste caso não existem taxas do usuário, mas a
órgãos que fazem parte da Administração Pública. Podem Administração também deve fazer uma contraprestação
ser prestados por órgãos e agentes públicos federais, financeira ao parceiro privado.
estaduais ou municipais.

196
concurso público. Entretanto, são regidos pela CLT –
3.5 Servidores públicos: regime especial, regime Consolidação das Leis Trabalhista – e estão localizados na
trabalhista, expediente funcional e organizacional. administração pública indireta, especialmente nas
Regime especial Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. Os
O Regime Especial visa disciplinar uma categoria empregados públicos não gozam da garantia constitucional
específica de servidores, qual seja: os servidores da estabilidade.
temporários. A Constituição Federal remeteu para a lei a
disposição dos casos de contratação desses servidores. Por fim, os contratados ocupam função pública, podem
Os pressupostos do Regime Especial são: ser vistos na Administração Pública direta ou indireta,
desde que atenda aos dois requisitos exigidos pela Carta
- Determinabilidade temporal da contratação (prazo Magna de 1988, em seu artigo 37, inciso IX, quais sejam:
determinado); necessidade de contratação temporária; e excepcional
- Temporariedade da função; interesse público. Ademais, estão sujeitos ao regime
- Excepcionalidade do interesse público que obriga o especial e são selecionados através de processo seletivo
recrutamento. simplificado.

Regime trabalhista Vale ressaltar que não são apenas os contratados que
Esse regime é constituído das normas que regulam a ocupam função pública. Sobre o tema, cumpre colacionar
relação jurídica entre o Estado e o empregado. O regime as palavras do professor Dirley da Cunha Junior:
em tela está amparado na Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT - (Decreto-Lei nº 5.452, de 01/05/43), “Todo cargo ou emprego público tem função, mas pode
razão pela qual essa relação jurídica é de natureza haver função sem cargo e sem emprego. A função sem
contratual. cargo e sem emprego é denominada função autônoma, que
na forma da Constituição atual, abrange: A função
3.6 Cargo, Emprego e Função pública temporária – exercida por servidores temporários na
As expressões cargo, emprego e função pública, embora forma do art. 37, IX da CF – e a função de confiança –
possam confundir não possuem o mesmo significado e são prevista no art. 37, V, da CF, e exercida exclusivamente
empregadas para retratar realidades diferentes dentro da por servidores públicos titulares de cargos efetivos e que
estrutura da administração pública. É certo que todos se destinam a apenas às atribuições de direção, chefia e
aqueles que ocupam um cargo, um emprego ou atuam em assessoramento”.
uma determinada função pública são chamados de agentes
públicos. Diante do explanado, verifica-se que:

Os agentes públicos podem ser, conforme leciona o ➢ Cargo público é aquele ocupado por servidor
professor Guilherme Pena de Moraes, agentes políticos, público;
servidores estatais ou particulares em colaboração com o ➢ Emprego público é aquele ocupado por
estado. A primeira e ultima espécie de agentes públicos – empregado público que pode atuar em entidade
agentes políticos e particulares em colaboração com o privada ou pública da Administração indireta;
Estado – serão explanados em outro artigo, publicado ➢ Função é um conjunto de atribuições destinadas
futuramente. Quanto aos servidores estatais, estes serão aos agentes públicos, abrangendo à função
tratados como mais rigor. temporária e a função de confiança.

Os servidores estatais podem ser: servidores públicos; 3.7 Órgãos Públicos


empregados públicos; e contratados. Os servidores Costuma-se dizer que órgão público é uma unidade com
públicos são aqueles que ocupam cargo público perante a atribuição específica dentro da organização do Estado. É
Administração Pública direta (União, Estados, DF e composto por agentes públicos que dirigem e compõem o
Municípios) e à Administração Pública indireta autárquica órgão, voltado para o cumprimento de uma atividade estatal.
e fundacional (Autarquias e Fundações Públicas). Eles Os órgãos públicos formam a estrutura do Estado, mas não
estão sujeitos ao regime estatutário e são escolhidos têm personalidade jurídica, uma vez que são apenas parte de
através de concurso público. Além disso, possuem uma estrutura maior, essa sim detentora de personalidade.
estabilidade, que é uma garantia constitucional de Como parte da estrutura maior, o órgão público não tem
permanência no serviço público após 3 (três) anos de vontade própria, limitando-se a cumprir suas finalidades
estágio probatório e aprovação em avaliação especial de dentro da competência funcional que lhes foi determinada
desempenho. pela organização estatal.

Por sua vez, os empregados públicos são os que ocupam A classificação dos órgãos públicos varia de acordo com
emprego público e também são selecionados mediante os critérios a seguir:

197
Desta forma, os órgãos são classificados como: Autônomos,
Quanto a estrutura Subordinados, Subalternos e Independentes.
Quanto à estrutura interna, os órgãos públicos podem ser
simples (ou unitários) ou compostos. Órgão independentes.
São os órgãos com maior status na Administração Pública.
Órgãos Simples ou Unitários. Suas atribuições decorrem diretamente da Constituição
São aqueles constituídos por um único centro de atribuições, Federal. Eles representam os Poderes do Estado e não são
sem subdivisões internas, como ocorre com as seções devem subordinação hierárquica ou funcional a nenhum
integradas em órgãos maiores. outro órgão. Os agentes públicos ocupantes dos órgão
independentes são chamados de agentes políticos. Como
Órgãos Compostos. exemplos, citamos: Câmara dos Deputados; Chefia do
São órgãos constituídos por vários outros órgãos. Como Executivo, Tribunais e Ministérios Públicos.
exemplo, podemos citar os Ministérios de Estado, as
Secretarias Estaduais e Municipais. Órgãos Autônomos.
Os órgãos compostos compreendem órgãos menores e que São órgãos localizados na cúpula da Administração, mas
se subdividem até o nível de órgãos unitários, que não mais subordinados diretamente à chefia dos órgãos
comportam divisões internas. independentes. Eles gozam de autonomia administrativa,
financeira e técnica. Também participam das decisões
Quanto a composição governamentais. Como exemplos, podemos citar:
Em relação à composição, os órgão podem ser singulares ou Ministérios de Estado, Secretarias de Estado e de Município,
colegiados. o Serviço Nacional de Informações e o Ministério Público
(inseri o MP na lista de órgãos independente e autônomos
Órgãos Singulares. porque a doutrina diverge acerca do tema).
Também conhecidos como unipessoais, os órgãos singulares
são aqueles integrados por um único agente público. Como Órgãos Superiores.
exemplos desses órgãos, podemos citar: Presidência da São órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à
República; Promotoria de Justiça; Diretoria de uma escola subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia. Esses
etc. órgãos não gozam de autonomia administrativa nem
financeira. Exemplos: Departamentos, Coordenadorias,
Órgãos Colegiados. Divisões, Gabinetes.
Também conhecidos como pluripessoais, os órgãos
colegiados são constituídos por vários agentes públicos. Órgãos Subalternos.
Consequentemente, as decisões são tomadas por deliberação São aqueles que se acham subordinados hierarquicamente a
coletiva. Como exemplos, podemos citar o Conselho órgãos superiores de decisão, exercendo principalmente
Nacional de Justiça, órgão do Poder Judiciário, e as Juntas funções de execução, como as realizadas por seções de
Administrativas e de Recursos e Infrações, que julgam expediente, de pessoal, de material, de portaria, zeladoria
recursos contra penalidades de trânsito. etc.

Quanto a esfera de atuação. 3.8 Improbidade administrativa


Órgãos Centrais. A Improbidade Administrativa trata-se de um ato ilícito
São órgãos que exercem atribuições em todo o território (ilegal) realizado por um agente público o qual se contrapõe
nacional, estadual ou municipal, conforme o caso específico. aos princípios Administrativos constitucionais. Importante
Por exemplo, os Ministérios de Estado têm atribuição em ressaltar que será considerada improbidade quando o agente
todo o território nacional. As Secretarias Estaduais atual em público cometer o ato no exercício da função pública ou em
todo o território do Estado e as Secretarias Municipais atividade que desta decorra.
atuam em todo o território do Município.
A corrupção é um exemplo de improbidade administrativa,
Órgãos Locais. pois o agente público age de má fé e desonestidade com o
São aqueles que têm atuação apenas sobre uma parte do objetivo de atingir um benefício próprio ou de terceiros.
território, como as Delegacias Regionais da Receita Federal, Mesmo sendo considerado uma ação ilícita, esta não é um
as Delegacias de Polícia, os Postos de Saúde. crime, conforme definido através da Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992, conhecida como "Lei da Improbidade
Quanto a posição estatal; Administrativa (LIA)", que apresenta as sanções que os
A classificação dos órgão públicos quanto à posição estatal agentes públicos devem ser submetidos caso estejam
é a mais cobrada em concursos públicos. Por isso, é envolvidos em atos de improbidade.
importante que você memorize esse critério.
Conceito de Improbidade Administrativa

198
O conceito de improbidade administrativa pode ser artigo 37 de nossa Carta Magna:
considerado, sem prejuízo das sanções na esfera penal, civil
ou administrativa, aqueles que praticam atos que lesam os 1. Suspensão dos direitos políticos;
princípios ou patrimônio da Administração Pública, bem 2. Perda da função pública;
como auferem vantagem patrimonial indevida em razão do 3. Indisponibilidade de bens;
cargo, função, mandato, ficam sujeitos às sanções previstas 4. Ressarcimento ao erário.
na Lei de Improbidade Administrativa.
Ocorre que além das punições previstas na Constituição, a
Sujeito Ativo e Passivo Lei de Improbidade Administrativa amplia esse rol
São sujeitos ativos da prática de atos de improbidade exemplificativo, tratando, por exemplo, da impossibilidade
administrativa o agente público, a quem cabe atuar em nome de contratar com a Administração Pública e de receber
do Estado e em prol do interesse da coletividade, assim incentivos fiscais, condenação ao pagamento de multa cível,
como o particular que com ele concorre. dentre outros.

A atuação do particular nesse sentido se verifica quando Na Lei da Improbidade Administrativa, vale destacar a
esse se beneficia do ilícito praticado pelo agente público, tipificação das três principais modalidades deste ato ilícito:
quando o induz à prática do ato ou mesmo o pratica de modo
concorrente. ➢ Enriquecimento ilícito: quando um agente público usa
o seu cargo e função como "arma" para adquirir
Quanto aos sujeitos passivos, ou seja, as vítimas da vantagem econômica para si ou terceiros, prejudicando
improbidade administrativa têm-se, em primeiro plano, a deste modo a União.
sociedade, que deveria ter seus interesses protegidos pelo ➢ Ações que provoquem dados ao erário: ocorre
Estado e seus representantes. Além da coletividade, também quando o agente público usa os recursos financeiros da
são sujeitos passivos as empresas que possuem patrimônio União para fins particulares. Consiste no desvio de
de origem pública, bem como a própria Administração dinheiro público e aplicação de verbas públicas para o
Pública. enriquecimento do funcionário, por exemplo.
➢ Violação à princípio da Administração: qualquer tipo
Ofensa aos Princípios da Administração Pública de conduta que viole os princípios da honestidade,
Uma das formas de improbidade administrativa diz respeito lealdade, legalidade e imparcialidade às instituições
ao ato que ofenda os princípios que devem reger a atuação públicas. A fraude de um concurso público é um
da Administração Pública e que se encontram disciplinados exemplo de violação que se enquadra nesta modalidade.
no artigo 37 da Constituição Federal de 1988.
3.9 Processo administrativo
Nesse sentido, observe o que diz o artigo 11 da Lei nº Processo ou procedimentos administrativos é uma sucessão
8.429/1992. de atos que tendem a um resultado final. Portanto para haver
um processo administrativo é necessário haver uma sucessão
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que de atos ordenados os quais compõem uma cadeia, sendo
atenta contra os princípios da administração cada um destes atos autônomos concomitantes para culminar
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de determinado fim. Carlos Ari Sundfeld (31ª Editora 2014)
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às mencionando o ato administrativo nos trás a orientação de
instituições […] que entre a Lei e o ato administrativo existe um intervalo,
pois se trata de uma manifestação de vontade do requerente
Essencial ainda a leitura do artigo constitucional abaixo ou de ofício quando verificada a exigência de assim
colacionado, responsável por dispor sobre a conhecida proceder.
expressão “LIMPE”, que representa os princípios a serem
observados pelo Estado, haja vista a proteção da supremacia Requisitos do Procedimento
do interesse público sobre o privado. Ao menos três requisitos são necessários para a que exista
um procedimento; cada um dos atos da cadeia deve ser
Art. 37. A administração pública direta e indireta de autônomo; estes atos têm que ter conexão e deve haver uma
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito causa que provoque a necessidade de sucessão destes atos
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios até que atinja o ato final. Esta tese e sustentada pelo
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi monografista Jesús G. Perez (31ª Editora 2014).
ciência [….]
Importância do procedimento administrativo
A improbidade administrativa é crime contra a O procedimento administrativo é importante para controlar
Administração Pública, e desta forma, quem o tiver as fases do processo até a formação da decisão judicial; é
praticado será punido com as seguintes sanções, segundo o necessário, pois, sem este rito de gerência seria impossível

199
ao Poder Público manter a celeridade dos processos. Esta um bem como abrir concursos para preenchimento de cargo
necessidade surgiu a partir do momento em que o Estado público.
deixou de ser Estado Liberal, e assumiu o papel cuidador da
esfera social e econômica. Na fase instrutória a administração deverá colher os
subsídios para a tomada de decisão; nesta fase será ouvido
Esta mudança fez com que o Estado expandisse suas aquele que será alcançado pela decisão e fazer exames
intervenções nas propriedades dos indivíduos, exigindo dos periciais estudos técnicos que ajudaram a ensejar a próxima
particulares o ajustamento de suas condutas. fase.

Com o desenvolvimento tecnológico, novo sistema de vida Já na fase dispositiva a administração resolve algo.
foi necessário, tornando altamente necessário a organização,
regulamentação e fiscalização dos comportamentos Ao atingir a fase controladora ou integrativa as autoridades
individuais e coletivos para evitar distúrbios inconvenientes analisam as possíveis ilegalidades e legitimidades das etapas
a ponto de tornar a vida em sociedade insustentável. Estas anteriores.
modificações na alteraram o equilíbrio entre o legislativo e o
judiciário porque mudou profundamente o rito de tomada de E por fim a fase da comunicação que transmite a decisão de
decisões que se tornou mais proativa. forma estabelecida pelo regimento.

Objetivo do processo administrativo Princípios do procedimento


Os procedimentos administrativos atendem a dois requisitos, Existem pelo menos nove princípios aplicáveis às fases do
ou seja, resguardar os administrados e manter a procedimento.
transparência da atuação administrativa estatal. Principio da audiência do interessado: Concede ao
administrado a oportunidade de manifestar-se a desenrolar
Espécies de procedimentos procedimentos com sua participação.
Dentre as espécies de procedimento podemos ressaltar os Princípio da acessibilidade aos elementos do expediente: É
procedimentos internos, que se desenrolam no seio da facultada a parte o exame de toda documentação constante
Administração; os procedimentos externos que participam nos autos.
os administrados; os procedimentos recursais ou revisionais; Principio da ampla instrução probatória: Direito de
os procedimentos contenciosos que são manifestados para fornecer provas, averiguar e estar presente em correções
resguardar interesse de terceiros como, por exemplo, o técnicas se necessário.
registro de marcas e patentes; procedimentos restritivos ou Principio da motivação: Obrigatoriedade de todas as
ablativos, nos casos de cassação de concessões de serviços; decisões terem fundamento normativo quanto fundamento
procedimento em vista de atos ampliativos, para a concessão fático, explicitando as razões técnicas, lógicas e jurídicas.
de patentes e permissões; e ainda os procedimentos Principio da reversibilidade: Direito concedido ao
concorrenciais utilizados nas promoções de licitações de administrado de recorrer de uma decisão judicial
serviço ou concursos para provimento de cargo público. desfavorável também conhecido como duplo grau de
jurisdição.
O procedimento ampliativo pode ser dividido em duas Princípio de lealdade e boa-fé: Todo o procedimento deve
funções diferentes: De iniciativa própria do interessado, ser regido de maneira lhana, sincera evidenciando qualquer
como pedido de permissão; e de iniciativa da administração comportamento ardiloso.
pública como, por exemplo, aquisição de bem público. Principio da celeridade processual: A administração deve
conduzir o processo de forma que os resultados sejam
Os procedimentos restritivos também são divididos entre alcançados o mais breve possível.
meramente restritivos, por exemplo, publicações de sanções; Princípio da oficialidade: Uma vez desencadeado pela
e sancionadores, que preordenam a aplicação de uma administração ou pela parte, a administração não poderá
sanção. transmitir a caso a um terceiro.
Princípio da gratuidade: O procedimento administrativo
Fases do Processo não pode ser causa de ônus econômicos ao administrado.
Pietro Virga (31ª Editora 2014) discorre que as fazes do Principio do informalismo: A administração não poderá
processo são sistematizados em cinco etapas: fase da ater-se a rigorismos formais ao considerar as manifestações
iniciativa, fase instrutória, fase dispositiva, fase controladora do administrado.
e a fase da comunicação.
Fundamentos constitucionais dos princípios do
Fase da iniciativa corresponde ao momento do impulso do procedimento administrativo
procedimento, pode advir de um administrado ao requerer Os princípios instrução probatória, da motivação, da
alguma autorização, quanto pode se originar de uma decisão reversibilidade e do direito representado tem fundamento no
de ex officio da administração ao declarar a expropriação de art. 5º, LV da Constituição federal, segundo o qual “Aos

200
litigantes, em processo administrativo, e aos acusados em participarem deverão ser praticados no prazo de cinco dias.
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com As intimações em geral deverão ser feitas com antecedência
os meios e recursos a ela inerentes”. de três dias uteis da data da eventualidade.

Quanto aos princípios; ablatórios de direito, da audiência do Os prazos para os órgãos consultivos emitirem seu parecer,
interessado e o da ampla instrução probatória, decorre do salvo norma especial é de 15 dias. Tratando se de parecer
artigo 1º II, cujo fundamento da república e a “cidadania”. obrigatório o processo não seguirá sem a apresentação do
mesmo.
O princípio da motivação encontra embasamento no art. 1º
II, no art 5º XXXIII, XXXIV e LXXII da constituição O Prazo para manifestação de o interessado manifestar após
federal. o encerramento é de 10 dias.

O princípio da revisibilidade encontra fundamento no artigo Para a administração pública decidir o processo
5º XXXIV da constituição federal. administrativo o prazo é de 30 dias, a partir do encerramento
O princípio da lealdade e boa-fé tem seu fundamento no art. da instrução. Prorrogação por igual período se
37, cuput da Constituição Federal. expressamente motivada.
O princípio da verdade material encontra fundamento no art.
2° da Constituição Federal. Para o administrado interpor recurso a autoridade que
O princípio da lealdade processual está estruturado no art. proferiu a decisão, salvo disposição diversa específica, o
5°, LXXVIII da Constituição Federal. prazo é de 10 dias, contados a partir da decisão recorrida.
O fundamento do princípio da oficialidade esta contemplada
no art. 2° da Constituição Federal. Após a interposição do recurso a autoridade terá 5 dias uteis
O princípio da gratuidade nos procedimentos está previsto para apresentação de alegações.
no art. 5° da Constituição Federal.
O princípio do informalismo encontra embasamento no art. O prazo para a autoridade que proferiu a decisão
5°, inciso II, em seu parágrafo 2° da Constituição Federal. reconsiderá-la é de cinco dias, os quais não ocorrendo levará
o processo à instância superior.
Obrigatoriedades da adoção de procedimento
administrativo formalizado O recurso administrativo se a lei não fixar prazo diferente
Todos os casos em que seja obrigatório um procedimento deverá ser decidido no prazo máximo de 30 dias.
administrativo externo será interrompidos os princípios
constitucionais inerentes ao mesmo. O direito da administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis aos administrados decai
A obrigatoriedade se dará sempre que um interessado em cinco anos, contados da data em que forma praticada,
provocar manifestação administrativa, cuja previsão que a salvo comprovada a má fé, e no caso de efeitos patrimoniais
fundamenta se encontra no Art. 5º XXXIV “a” CF; quando a contínuos o prazo de decadência contar-se-á da percepção
providência administrativa a ser tomada tiver efeitos do primeiro pagamento. Como a lei não estabelece prazo
imediatos, Art. 5º LIV; quando a providência administrativa para a hipótese de comprovada a má fé, há de se entender
a ser tomado versar sobre matéria que envolva litígio, que será o da regra geral prevista no Art. 205 do Código
controversas sobre os direitos do administrado ou implique Civil, isto é o de Dez anos.
imposição de sanções Art. 5º LV; quando a Constituição
diretamente o exigir, como é nos casos dos procedimentos Revogações, anulação e convalidação
para concursos públicos, Art. 37 II, de obras, serviços e A administração pode revogar seus atos inconvenientes e
alienações, Art. 37 XXI, concessões e permissões. Art. 175. inoportunos, respeitados os direitos adquiridos consagrando
o princípio de agir com probidade. Porém nos casos de
Prazos processuais convalidação a anulação deve ocorrer sendo ou não
Os prazos começam a correr a partir da cientificação oficial, obrigatório.
excluindo se o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento, salvo se nele não houver expediente na Não contrariando um principio básico do ordenamento
repartição ou se for encerrado antes da hora normal, caso em jurídico, o princípio da segurança jurídica e nem ao
que se prorroga para o primeiro dia útil seguinte. Se princípio da legalidade, a convalidação é um ato que serve
expresso em meses ou anos contar-se-ão de data em data, e de forma a restaurá-la.
se no mês não houver o dia do cumprimento da obrigação
será adequado para o último dia do mês. 3.10 Constituição da República Federativa do Brasil
3.10.1 Dos Princípios Fundamentais – arts. 1º ao 4º
Inexistindo disposição específica, os atos do órgão
responsável pelo processo e dos administrados que dele TÍTULO I

201
Dos Princípios Fundamentais nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela nos termos desta Constituição;
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e alguma coisa senão em virtude de lei;
tem como fundamentos: III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
I – a soberania; desumano ou degradante;
II – a cidadania; IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
III – a dignidade da pessoa humana; anonimato;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
V – o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
emana do povo, que o exerce por meio de representantes imagem;
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. suas liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República assistência religiosa nas entidades civis e militares de
Federativa do Brasil: internação coletiva;
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de
II – garantir o desenvolvimento nacional; crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
desigualdades sociais e regionais; imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, em lei;
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
discriminação. científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
relações internacionais pelos seguintes princípios: imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
I – independência nacional; dano material ou moral decorrente de sua violação;
II – prevalência dos direitos humanos; XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
III – autodeterminação dos povos; podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
IV – não intervenção; caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
V – igualdade entre os Estados; ou, durante o dia, por determinação judicial;
VI – defesa da paz; XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das
VII – solução pacífica dos conflitos; comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
IX – cooperação entre os povos para o progresso da hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
humanidade; investigação criminal ou instrução processual penal;
X – concessão de asilo político. XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará estabelecer;
a integração econômica, política, social e cultural dos povos XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e
da América Latina, visando à formação de uma comunidade resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
latino-americana de nações. exercício profissional;
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo
3.10.2 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
art. 5º entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
TÍTULO II XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
Dos Direitos e Garantias Fundamentais locais abertos ao público, independentemente de
CAPÍTULO I autorização, desde que não frustrem outra reunião
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos vedada a de caráter paramilitar;
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, cooperativas independem de autorização, sendo vedada a

202
interferência estatal em seu funcionamento; direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em pessoal;
julgado; XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a Judiciário lesão ou ameaça a direito;
permanecer associado; XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
XXI – as entidades associativas, quando expressamente jurídico perfeito e a coisa julgada;
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
judicial ou extrajudicialmente; XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a
XXII – é garantido o direito de propriedade; organização que lhe der a lei, assegurados:
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; a) a plenitude de defesa;
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para b) o sigilo das votações;
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por c) a soberania dos veredictos;
interesse social, mediante justa e prévia indenização em d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; contra a vida;
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem
competente poderá usar de propriedade particular, pena sem prévia cominação legal;
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
dano; XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, direitos e liberdades fundamentais;
desde que trabalhada pela família, não será objeto de XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
financiar o seu desenvolvimento; de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, como crimes hediondos, por eles respondendo os
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: omitirem;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
atividades desportivas; constitucional e o Estado Democrático;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
associativas; sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais patrimônio transferido;
privilégio temporário para sua utilização, bem como XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará,
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, entre outras, as seguintes:
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo a) privação ou restrição da liberdade;
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico b) perda de bens;
e econômico do País; c) multa;
XXX – é garantido o direito de herança; d) prestação social alternativa;
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País e) suspensão ou interdição de direitos;
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou XLVII – não haverá penas:
dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
favorável a lei pessoal do de cujus; do art. 84, XIX;
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do b) de caráter perpétuo;
consumidor; c) de trabalhos forçados;
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos d) de banimento;
informações de seu interesse particular, ou de interesse e) cruéis;
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; sexo do apenado;
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade
pagamento de taxas: física e moral;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de L – às presidiárias serão asseguradas condições para que

203
possam permanecer com seus filhos durante o período de por:
amamentação; a) partido político com representação no Congresso
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o Nacional;
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da b) organização sindical, entidade de classe ou associação
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime associados;
político ou de opinião; LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
autoridade competente; dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
sem o devido processo legal; LXXII – conceder-se-á habeas data:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; dados de entidades governamentais ou de caráter público;
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
meios ilícitos; por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
julgado de sentença penal condenatória; popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
pública, se esta não for intentada no prazo legal; custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
social o exigirem; LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária fixado na sentença;
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
propriamente militar, definidos em lei; forma da lei:
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se a) o registro civil de nascimento;
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz b) a certidão de óbito;
competente e à família do preso ou à pessoa por ele LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
indicada; data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os cidadania;
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assistência da família e de advogado; assegurados a razoável duração do processo e os meios que
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis garantam a celeridade de sua tramitação; (Incluído pela EC
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; n. 45/2004)
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela LXXIX – é assegurado, nos termos da lei, o direito à
autoridade judiciária; proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais.
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, (Incluído pela EC n. 115/2022)
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fiança; fundamentais têm aplicação imediata.
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém República Federativa do Brasil seja parte.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
poder; Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger respectivos membros, serão equivalentes às emendas
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou constitucionais. (Incluído pela EC n. 45/2004)
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
no exercício de atribuições do Poder Público; (Incluído pela EC n. 45/2004)
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado

204
3.10.3 Dos Direitos Sociais - arts. 6º ao 11º XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos;
CAPÍTULO II XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no
Dos Direitos Sociais mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a um terço a mais do que o salário normal;
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à salário, com a duração de cento e vinte dias;
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Constituição. (Redação dada pela EC n. 90/2015) XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de incentivos específicos, nos termos da lei;
vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
familiar, garantida pelo poder público em programa no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
permanente de transferência de renda, cujas normas e XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a normas de saúde, higiene e segurança;
legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela EC n. XXIII – adicional de remuneração para as atividades
114/2021) penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV – aposentadoria;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
de outros que visem à melhoria de sua condição social: nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária escolas; (Redação dada pela EC n. 53/2006)
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos
preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; de trabalho;
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
involuntário; XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
III – fundo de garantia do tempo de serviço; empregador, sem excluir a indenização a que este está
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após
previdência social, com reajustes periódicos que lhe a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela EC
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação n. 28/2000)
para qualquer fim; a) (Revogada) (Redação dada pela EC n. 28/2000)
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade b) (Revogada) (Redação dada pela EC n. 28/2000)
do trabalho; XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
convenção ou acordo coletivo; cor ou estado civil;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a
que percebem remuneração variável; salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração deficiência;
integral ou no valor da aposentadoria; XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual,
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou
sua retenção dolosa; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão partir de quatorze anos; (Redação dada pela EC n. 20/1998)
da empresa, conforme definido em lei; XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com
XII – salário-família pago em razão do dependente do vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
pela EC n. 20/1998) trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
compensação de horários e a redução da jornada, mediante atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a
acordo ou convenção coletiva de trabalho; simplificação do cumprimento das obrigações tributárias,
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX,
coletiva; XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à

205
previdência social. (Redação dada pela EC n. 72/2013)
CAPÍTULO III
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, DA NACIONALIDADE
observado o seguinte:
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a Art. 12. São brasileiros:
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a I - natos:
intervenção na organização sindical; a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
em qualquer grau, representativa de categoria profissional serviço de seu país;
ou econômica, na mesma base territorial, que será definida
pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
podendo ser inferior à área de um Município; mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses República Federativa do Brasil;
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
judiciais ou administrativas; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, brasileira competente ou venham a residir na República
para custeio do sistema confederativo da representação Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
sindical respectiva, independentemente da contribuição atingida a maioridade, pela nacionalidade
prevista em lei; brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado nº 54, de 2007)
a sindicato;
II - naturalizados:
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho; a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado brasileira, exigidas aos originários de países de língua
nas organizações sindicais; portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a idoneidade moral;
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta residentes na República Federativa do Brasil há mais de
grave nos termos da lei. quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no
atendidas as condições que a lei estabelecer.
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e previstos nesta Constituição. (Redação dada pela
sobre os interesses que devam por meio dele defender. Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
comunidade. nesta Constituição.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
da lei. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e I - de Presidente e Vice-Presidente da República;


empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
de discussão e deliberação. III - de Presidente do Senado Federal;

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
assegurada a eleição de um representante destes com a
V - da carreira diplomática;
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto
com os empregadores. VI - de oficial das Forças Armadas.

3.10.4 Da Nacionalidade – arts. 12º ao 13º VII - de Ministro de Estado da Defesa. (Incluído

206
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
República e Senador;
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado
brasileiro que: e do Distrito Federal;
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
nacional; d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
Revisão nº 3, de 1994) sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
reeleitos para um único período subsequente. (Redação dada
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela EC n. 16/1997)
pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
b) de imposição de naturalização, pela norma
seis meses antes do pleito.
estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
como condição para permanência em seu território ou para o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda
grau ou por adoção, do Presidente da República, de
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
República Federativa do Brasil. meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. condições:
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios da atividade;
poderão ter símbolos próprios. II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passará
3.10.5 Dos Direitos Políticos - arts. 14º ao 16º automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
CAPÍTULO IV inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
Dos Direitos Políticos proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato considerada vida pregressa do
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para contra a influência do poder econômico ou o abuso do
todos, e, nos termos da lei, mediante: exercício de função, cargo ou emprego na administração
I – plebiscito; direta ou indireta. (Redação dada pela ECR n. 4/1994)
II – referendo; § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
III – iniciativa popular. Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos; corrupção ou fraude.
II – facultativos para: § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
a) os analfabetos; segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
b) os maiores de setenta anos; temerária ou de manifesta má-fé.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, municipais as consultas populares sobre questões locais
durante o período do serviço militar obrigatório, os aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à
conscritos. Justiça Eleitoral até noventa dias antes da data das eleições,
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: observados os limites operacionais relativos ao número de
I – a nacionalidade brasileira; quesitos. (Incluído pela EC n. 111/2021)
II – o pleno exercício dos direitos políticos; § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
III – o alistamento eleitoral; submetidas às consultas populares nos termos do
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a
V – a filiação partidária; utilização de propaganda gratuita no rádio e na televisão.
VI – a idade mínima de: (Incluído pela EC n. 111/2021)

207
3.10.7 Dos Municípios – arts. 29º ao 31º
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de: CAPÍTULO IV
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada Dos Municípios
em julgado;
II – incapacidade civil absoluta; Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
durarem seus efeitos; aprovada por dois terços dos membros da Câmara
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. respectivo Estado e os seguintes preceitos:
I – eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição simultâneo realizado em todo o País;
que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação II – eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
dada pela EC n. 4/1993) primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do
mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art.
3.10.6 Da Organização Político Administrativa – arts. 18º 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil
e 19º eleitores; (Redação dada pela EC n. 16/1997)
TÍTULO III III – posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
Da Organização do Estado janeiro do ano subsequente ao da eleição;
IV – para a composição das Câmaras Municipais, será
CAPÍTULO I observado o limite máximo de: (Redação dada pela EC n.
Da Organização Político-Administrativa 58/2009)1
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
Art. 18. A organização político-administrativa da República (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela EC n. 58/2009)
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
termos desta Constituição. habitantes; (Redação dada pela EC n. 58/2009)
§ 1º Brasília é a Capital Federal. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de habitantes; (Redação dada pela EC n. 58/2009)
origem serão reguladas em lei complementar. d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta
ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem mil) habitantes; (Incluída pela EC n. 58/2009)
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
da população diretamente interessada, através de plebiscito, 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e
e do Congresso Nacional, por lei complementar. vinte mil) habitantes; (Incluída pela EC n. 58/2009)
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão (cento e sessenta mil) habitantes; (Incluída pela EC n.
de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos 58/2009)
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
da lei. (Redação dada pela EC n. 15/1996) (trezentos mil) habitantes; (Incluída pela EC n. 58/2009)
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
e aos Municípios: (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela EC
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, n. 58/2009)
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
representantes relações de dependência ou aliança, 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse 600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela EC n.
público; 58/2009)
II – recusar fé aos documentos públicos; j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000
si. (setecentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela EC n.
58/2009)

208
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 19/1998)
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até VI – o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela EC n. Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente,
58/2009) observado o que dispõe esta Constituição, observados os
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um seguintes limites máximos: (Redação dada pela EC n.
milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela EC n. 25/2000)
58/2009) a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluída pela EC n.
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída 25/2000)
pela EC n. 58/2009) b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) Estaduais; (Incluída pela EC n. 25/2000)
habitantes; (Incluída pela EC n. 58/2009) c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos
habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) Deputados Estaduais; (Incluída pela EC n. 25/2000)
habitantes; (Incluída pela EC n. 58/2009) d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída Deputados Estaduais; (Incluída pela EC n. 25/2000)
pela EC n. 58/2009) e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos
até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; Deputados Estaduais; (Incluída pela EC n. 25/2000)
(Incluída pela EC n. 58/2009) f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e
de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída pela (Incluída pela EC n. 25/2000)
EC n. 58/2009) VII – o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da
de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 receita do Município; (Incluído pela EC n. 1/1992)
(quatro milhões) de habitantes; (Incluída pela EC n. VIII – inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
58/2009) palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais do Município; (Renumerado do inciso VI pela EC n. 1/1992)
de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até IX – proibições e incompatibilidades, no exercício da
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; (Incluída pela EC vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
n. 58/2009) Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais Constituição do respectivo Estado para os membros da
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até Assembleia Legislativa; (Renumerado do inciso VII pela EC
6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela EC n. n. 1/1992)
58/2009) X – julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais (Renumerado do inciso VIII pela EC n. 1/1992)
de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 XI – organização das funções legislativas e fiscalizadoras da
(sete milhões) de habitantes; (Incluída pela EC n. 58/2009) Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX pela EC n.
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais 1/1992)
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 XII – cooperação das associações representativas no
(oito milhões) de habitantes; e (Incluída pela EC n. 58/2009) planejamento municipal; (Renumerado do inciso X pela EC
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de n. 1/1992)
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluída XIII – iniciativa popular de projetos de lei de interesse
pela EC n. 58/2009) específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
V – subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara (Renumerado do inciso XI pela EC n. 1/1992)
Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI; 39, § XIV – perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I; (Redação dada pela EC n. parágrafo único. (Renumerado do inciso XII pela EC n.

209
1/1992) local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
essencial;
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e os União e do Estado, programas de educação infantil e de
demais gastos com pessoal inativo e pensionistas, não ensino fundamental; (Redação dada pela EC n. 53/2006)
poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da
somatório da receita tributária e das transferências previstas União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159 desta Constituição, população;
efetivamente realizado no exercício anterior: (Redação dada VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento
pela EC n. 109/2021) territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
I – 7% (sete por cento) para Municípios com população de parcelamento e da ocupação do solo urbano;
até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela EC n. IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
58/2009) local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
II – 6% (seis por cento) para Municípios com população estadual.
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil)
habitantes; (Redação dada pela EC n. 58/2009) Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
III – 5% (cinco por cento) para Municípios com população Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e
entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
mil) habitantes; (Redação dada pela EC n. 58/2009) Municipal, na forma da lei.
IV – 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do
um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Redação dada Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
pela EC n. 58/2009) Municípios, onde houver.
V – 4% (quatro por cento) para Municípios com população § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará
milhões) de habitantes; (Incluído pela EC n. 58/2009) de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da
VI – 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Câmara Municipal.
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
milhões e um) habitantes. (Incluído pela EC n. 58/2009) anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o legitimidade, nos termos da lei.
gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela EC § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
n. 25/2000) de Contas Municipais.
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
Municipal: (Incluído pela EC n. 25/2000) 3.10.8 Da Administração Pública – arts. 37º ao 41º
I – efetuar repasse que supere os limites definidos neste
artigo; (Incluído pela EC n. 25/2000) CAPÍTULO VII
II – não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou Da Administração Pública
(Incluído pela EC n. 25/2000) SEÇÃO I Disposições Gerais
III – enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei
Orçamentária. (Incluído pela EC n. 25/2000) Art. 37. A administração pública direta e indireta de
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste artigo. Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
(Incluído pela EC n. 25/2000) legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela EC n.
Art. 30. Compete aos Municípios: 19/1998)
I – legislar sobre assuntos de interesse local; I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
couber; em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, (Redação dada pela EC n. 19/1998)
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da II – a investidura em cargo ou emprego público depende de
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos aprovação prévia em concurso público de provas ou de
prazos fixados em lei; provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
legislação estadual; as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela EC n.
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse 19/1998)

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III – o prazo de validade do concurso público será de até 19/1998)
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; XIV – os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de público não serão computados nem acumulados para fins de
convocação, aquele aprovado em concurso público de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela EC
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade n. 19/1998)
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na XV – o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
carreira; empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto
V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º; 150, II;
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em 153, III; e 153, § 2º, I; (Redação dada pela EC n. 19/1998)
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso
assessoramento; (Redação dada pela EC n. 19/1998) XI: (Redação dada pela EC n. 19/1998)
VI – é garantido ao servidor público civil o direito à livre a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela EC n.
associação sindical; 19/1998)
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
limites definidos em lei específica; (Redação dada pela EC científico; (Redação dada pela EC n. 19/1998)
n. 19/1998) c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá pela EC n. 34/2001)
os critérios de sua admissão; XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
determinado para atender a necessidade temporária de sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
excepcional interesse público; sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de público; (Redação dada pela EC n. 19/1998)
que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou XVIII – a administração fazendária e seus servidores fiscais
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na precedência sobre os demais setores administrativos, na
mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada pela forma da lei;
EC n. 19/1998) XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade
funções e empregos públicos da administração direta, de economia mista e de fundação, cabendo à lei
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos atuação; (Redação dada pela EC n. 19/1998)
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais XX – depende de autorização legislativa, em cada caso, a
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, anterior, assim como a participação de qualquer delas em
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra empresa privada;
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, obras, serviços, compras e alienações serão contratados
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do mediante processo de licitação pública que assegure
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio igualdade de condições a todos os concorrentes, com
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, cumprimento das obrigações.
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do XXII – as administrações tributárias da União, dos Estados,
Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
Públicos; (Redação dada pela EC n. 41/2003) carreiras específicas, terão recursos prioritários para a
XII – os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do realização de suas atividades e atuarão de forma integrada,
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo inclusive com o compartilhamento de cadastros e de
Poder Executivo; informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído
XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer pela EC n. 42/2003)
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
pessoal do serviço público; (Redação dada pela EC n. campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,

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informativo ou de orientação social, dela não podendo aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído
responsável, nos termos da lei. pela EC n. 20/1998)
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
na administração pública direta e indireta, regulando remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
especialmente: (Redação dada pela EC n. 19/1998). artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
I – as reclamações relativas à prestação dos serviços (Incluído pela EC n. 47/2005)
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar,
interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela EC n. em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
19/1998) Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio
II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de
informações sobre atos de governo, observado o disposto no Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela EC n. 19/1998) centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do
III – a disciplina da representação contra o exercício Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais
administração pública. (Incluído pela EC n. 19/1998) e dos Vereadores. (Incluído pela EC n. 47/2005)
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto
penal cabível. permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino,
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem mantida a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de EC n. 103/2019)
ressarcimento. § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos pública, inclusive do regime geral de previdência social,
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o tempo de contribuição. (Incluído pela EC n. 103/2019)
responsável nos casos de dolo ou culpa. § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao servidores públicos e de pensões por morte a seus
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a
indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga
(Incluído pela EC n. 19/1998) regime próprio de previdência social. (Incluído pela EC n.
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos 103/2019)
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá § 16. Os órgãos e entidades da administração pública,
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das
administradores e o poder público, que tenha por objeto a políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, avaliado e dos resultados alcançados, na forma da lei.
cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela EC n. 19/1998) (Incluído pela EC n. 109/2021)
I – o prazo de duração do contrato; (Incluído pela EC n.
19/1998) Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela EC
(Incluído pela EC n. 19/1998) III – a remuneração do n. 19/1998)
pessoal. (Incluído pela EC n. 19/1998) I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do
receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de sua remuneração;
pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela EC n. III – investido no mandato de Vereador, havendo
19/1998) compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do

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cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada Municípios disciplinará a aplicação de recursos
a norma do inciso anterior; orçamentários provenientes da economia com despesas
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção produtividade, treinamento e desenvolvimento,
por merecimento; modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço
V – na hipótese de ser segurado de regime próprio de público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no produtividade. (Incluído pela EC n. 19/1998)
ente federativo de origem. (Redação dada pela EC n. § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
103/2019) carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído pela
SEÇÃO II EC n. 19/1998)
Dos Servidores Públicos § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter
(Redação dada pela EC n. 18/1998) temporário ou vinculadas ao exercício de função de
confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os efetivo. (Incluído pela EC n. 103/2019)
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
regime jurídico único e planos de carreira para os servidores Art. 40. O regime próprio de previdência social dos
da administração pública direta, das autarquias e das servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
fundações públicas.2 contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de
componentes do sistema remuneratório observará: (Redação pensionistas, observados critérios que preservem o
dada pela EC n. 19/1998) equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela EC n.
I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade 103/2019)
dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído pela EC § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
n. 19/1998) social será aposentado: (Redação dada pela EC n. 103/2019)
II – os requisitos para a investidura; (Incluído pela EC n. I – por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo
19/1998) em que estiver investido, quando insuscetível de
III – as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela EC n. readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização
19/1998) de avaliações periódicas para verificação da continuidade
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria,
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos na forma de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada
servidores públicos, constituindo-se a participação nos pela EC n.103/2019)
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, II – compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos tempo de contribuição, aos setenta anos de idade, ou aos
entre os entes federados. (Redação dada pela EC n. 19/1998) setenta e cinco anos de idade, na forma de lei complementar;
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o (Redação dada pela EC n. 88/2015)
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, III – no âmbito da União, aos sessenta e dois anos de idade,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei se mulher, e aos sessenta e cinco anos de idade, se homem,
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
natureza do cargo o exigir. (Incluído pela EC n. 19/1998) Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em em lei complementar do respectivo ente federativo.
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, (Redação dada pela EC n. 103/2019)
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201
disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela EC n. 19/1998) ou superiores ao limite máximo estabelecido para o regime
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos geral de previdência social, observado o disposto nos §§ 14
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a a 16. (Redação dada pela EC n. 103/2019)
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela EC n. serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo.
19/1998) (Redação dada pela EC n. 103/2019)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
publicarão anualmente os valores do subsídio e da diferenciados para concessão de benefícios em regime
remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§
EC n. 19/1998) 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pela EC n. 103/2019)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º-A Poderão ser estabelecidos por lei complementar do

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respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime
diferenciados para aposentadoria de servidores com geral de previdência social, e ao montante resultante da
deficiência, previamente submetidos a avaliação adição de proventos de inatividade com remuneração de
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em
interdisciplinar. (Incluído pela EC n. 103/2019) comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração,
§ 4º-B Poderão ser estabelecidos por lei complementar do e de cargo eletivo. (Incluído pela EC n. 20/1998)
respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em
diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de regime próprio de previdência social, no que couber, os
agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial requisitos e critérios fixados para o regime geral de
dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o previdência social. (Redação dada pela EC n. 103/2019)
inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente,
do art. 144. (Incluído pela EC n. 103/2019) de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 4º-C Poderão ser estabelecidos por lei complementar do exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato
respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição eletivo, ou de emprego público, o regime geral de
diferenciados para aposentadoria de servidores cujas previdência social. (Redação dada pela EC n. 103/2019)
atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo
associação desses agentes, vedada a caracterização por Poder Executivo, regime de previdência complementar para
categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela EC n. servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o
103/2019) limite máximo dos benefícios do regime geral de
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima previdência social para o valor das aposentadorias e das
reduzida em cinco anos em relação às idades decorrentes da pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que o disposto no § 16. (Redação dada pela EC n. 103/2019)
comprovem tempo de efetivo exercício das funções de § 15. O regime de previdência complementar de que trata o
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e § 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade
médio fixado em lei complementar do respectivo ente contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será
federativo. (Redação dada pela EC n. 103/2019) efetivado por intermédio de entidade fechada de previdência
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos complementar ou de entidade aberta de previdência
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a complementar. (Redação dada pela EC n. 103/2019)
percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
próprio de previdência social, aplicando-se outras vedações, disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que
regras e condições para a acumulação de benefícios tiver ingressado no serviço público até a data da publicação
previdenciários estabelecidas no regime geral de previdência do ato de instituição do correspondente regime de
social. (Redação dada pela EC n. 103/2019) previdência complementar. (Incluído pela EC n. 20/1998)
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
tratar da única fonte de renda formal auferida pelo cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente
dependente, o benefício de pensão por morte será concedido atualizados, na forma da lei. (Incluído pela EC n. 41/2003)
nos termos de lei do respectivo ente federativo, a qual tratará § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
exercício ou em razão da função. (Redação dada pela EC n. para os benefícios do regime geral de previdência social de
103/2019) que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, EC n. 41/2003)
conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
EC n. 41/2003) respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou que tenha completado as exigências para a aposentadoria
municipal será contado para fins de aposentadoria, voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá
observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo fazer jus a um abono de permanência equivalente, no
de serviço correspondente será contado para fins de máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até
disponibilidade. (Redação dada pela EC n. 103/2019) completar a idade para aposentadoria compulsória. (Redação
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de dada pela EC n. 103/2019)
contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído pela § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
EC n. 20/1998) previdência social e de mais de um órgão ou entidade
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes todos os Poderes, órgãos e entidades autárquicas e
da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como fundacionais, que serão responsáveis pelo seu

214
financiamento, observados os critérios, os parâmetros e a serviço. (Redação dada pela EC n. 19/1998)
natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
o § 22. (Redação dada pela EC n. 103/2019) servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
§ 21. (Revogado pela EC n. 103/2019) § 22. Vedada a proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
instituição de novos regimes próprios de previdência social, aproveitamento em outro cargo. (Redação dada pela EC n.
lei complementar federal estabelecerá, para os que já 19/1998)
existam, normas gerais de organização, de funcionamento e § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros obrigatória a avaliação especial de desempenho por
aspectos, sobre: (Incluído pela EC n. 103/2019) comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela EC
I – requisitos para sua extinção e consequente migração para n. 19/1998)
o regime geral de previdência social; (Incluído pela EC n.
103/2019)
II – modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos
recursos; (Incluído pela EC n. 103/2019)
III – fiscalização pela União e controle externo e social;
(Incluído pela EC n. 103/2019)
IV – definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído
pela EC n. 103/2019)
V – condições para instituição do fundo com finalidade
previdenciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele
dos recursos provenientes de contribuições e dos bens,
direitos e ativos de qualquer natureza; (Incluído pela EC n.
103/2019)
VI – mecanismos de equacionamento do deficit atuarial;
(Incluído pela EC n. 103/2019)
VII – estruturação do órgão ou entidade gestora do regime,
observados os princípios relacionados com governança,
controle interno e transparência; (Incluído pela EC n.
103/2019)
VIII – condições e hipóteses para responsabilização
daqueles que desempenhem atribuições relacionadas, direta
ou indiretamente, com a gestão do regime; (Incluído pela EC
n. 103/2019)
IX – condições para adesão a consórcio público; (Incluído
pela EC n. 103/2019)
X – parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias.
(Incluído pela EC n. 103/2019)

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os


servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público. (Redação dada pela EC n.
19/1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação
dada pela EC n. 19/1998)
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
(Incluído pela EC n. 19/1998)
II – mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa; (Incluído pela EC n. 19/1998)
III – mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa. (Incluído pela EC n. 19/1998)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga,
se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de

215
CADERNO DE QUESTÕES: b) Poder vinculado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO E c) Poder discricionário.
CONSTITUCIONAL. d) Poder arbitrário.

Questão 4:
O é o poder conferido à administração
pública para expedir atos administrativos de caráter geral e
abstrato com efeito erga omnes. É um mecanismo que serve
para editar normas complementares à lei, porém as normas
são sempre inferiores à legislação, de forma que seu
exercício de dá somente conforme lei.

Assinale a alternativa que corresponde de forma CORRETA


Questão 1: à afirmativa acima.
De acordo com os poderes administrativos.
a) Poder Regulamentar.
I - O poder vinculado é aquele que estabelece que a única b) Poder Discricionário.
conduta da administração é aquela estabelecida por lei, logo c) Poder de Polícia.
o administrador pode ou não praticar o ato definido em Lei. d) Poder Hierárquico.

II - O poder vinculado é aquele subordinado à Lei e é ela Questão 5:


que estabelece margem de atuação do administrador. Este No que se refere ao Poder Disciplinar, analise os itens a
último deve identificar qual deve usar de acordo como caso seguir:
concreto, observado a oportunidade e convivência.
I - O Poder disciplinar visa proteger os valores sociais,
III - Poder discricionário é aquele subordinado à lei e é ela vedando a prática de condutas que possam atentar contra a
que estabelece margem de atuação do administrador. Este segurança pública.
último deve identificar qual deve usar de acordo como caso
concreto, observado a oportunidade e convivência. II - Pode-se resumir o Poder Disciplinar como a prerrogativa
conferida à Administração Pública para, na forma e nos
Analisadas as afirmativas, assinale a alternativa CORRETA: limites legais, condicionar ou restringir o uso de bens,
exercício de direitos e prática de atividades privadas.
a) Somente a afirmativa III é verdadeira.
b) Somente a afirmativa I e III são verdadeiras. III - O poder disciplinar é o poder de punir internamente as
c) Somente a afirmativa I é verdadeira. infrações funcionais dos servidores e decorre da supremacia
d) Somente a afirmativa II é verdadeira. especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se
vinculam à Administração.
Questão 2:
Assinale a alternativa CORRETA sobre os Poderes da Analisadas as assertivas, assinale a alternativa CORRETA:
Administração: a) Apenas a assertiva I é falsa.
b) Apenas a assertiva II é falsa.
a) Quando a lei atribui determinada competência, definido c) Apenas a assertiva III é verdadeira.
todos os aspectos da conduta a ser adotada, não deixando d) Todas as assertivas são verdadeiras.
margem de liberdade para o agente, fala-se do Poder e) Todas as assertivas são falsas.
Discricionário.
b) O Poder disciplinar é um poder interno, não permanente Questão 6:
e discricionário. Acerca dos poderes da administração, assinale a alternativa
c) O Poder Vinculado é aquele que dispõe o Executivo para CORRETA:
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos. a) No uso do Poder Disciplinar não há discricionariedade.
d) Todas as alternativas estão corretas. b) No Poder Discricionário ao invés do legislador definir
no plano da norma um único padrão de comportamento,
Questão 3: delega ao destinatário da atribuição a incumbência de avaliar
O poder conferido por lei ao administrador público para que, a melhor solução diante das peculiaridades da situação
nos limites nela previstos e com certa parcela de liberdade, concreta.
adote, no caso concreto, a solução mais adequada de c) O poder Vinculado é aquele em que a lei atribui
satisfazer o interesse público, é o que chamamos de: determinada competência definindo todos os aspectos da
a) Poder executivo. conduta a ser adotada, como exemplo, pode-se citar o

216
decreto expropriatório. em larga escala gerando soluções de bom grado ao público
d) O Poder Hierárquico é interno e não permanente. alvo.
c) Conjunto de regras que regulam a relação funcional
Questão 7: entre o servidor e o Estado.
Relativamente aos poderes administrativos, assinale a d) Qualquer ação de relação entre empregado e patrão em
alternativa CORRETA: qualquer instância relatada.
a) Pode-se falar em poder vinculado quando a lei atribui
determinada competência definindo todos os aspectos da Questão 11:
conduta, sem atribuir margem de escolha. Como exemplo, O edital do concurso público é uma peça escrita que tem a
tem-se o decreto expropriatório. finalidade de divulgar as informações referentes ao certame,
b) O poder discricionário não é exercido acima ou além da especificamente quanto às regras relativas à competição.
lei, mas sujeita-se a ela. Sua discricionariedade está limitada Deve-se ressaltar que o edital do concurso não pode
a própria lei. contrariar as normas constitucionais e infraconstitucionais
c) No poder disciplinar não há discricionariedade, uma vez correlatas. Portanto, ao se afirmar que o edital é a lei do
que, os agentes públicos que cometam infrações funcionais concurso, não significa que o mesmo poderá regulamentar
devem ser punidos com a mesma rigidez usada pela lei matéria reservada à lei, substituindo-a. No entanto, é comum
penal. que alguns editais tragam informações que deverão constar
d) O poder de polícia em sentido amplo tratado por grande em leis, a exemplo das atribuições dos cargos, remuneração,
parte da doutrina inclui somente as limitações carga horária, dentre outras, porém, não significando que as
administrativas à liberdade e propriedade privadas, deixando informações constantes no edital prevalecerão sobre aquelas
de fora as restrições impostas por dispositivos legais. contidas na lei. São elementos indispensáveis quando da
elaboração dos editais, EXCETO:
Questão 8: a) Cargos/Vagas Ofertadas: Conforme já afirmado, o edital
Os poderes constituem o instrumento que é utilizado pela de concurso não poderá contrariar ou tentar substituir a lei.
administração pública para cumprir as suas finalidades. Os Assim, apesar da importância quanto às informações do
principais poderes administrativos são: número de cargos/vagas a ser ofertado no concurso público,
é necessário salientar, mais uma vez, que os cargos devem
I- Poder vinculado. estar previstos em lei, ou, no caso do Poder Legislativo, por
II- Poder discricionário. meio de resolução (lembrando que o Legislativo também
III- Poder hierárquico. poderá criar cargo por meio de lei).
IV- Poder regulamentar. b) Cadastro de Reserva: Com a mudança jurisprudencial
V- Poder disciplinar. que passou a reconhecer, como um direito subjetivo, a
nomeação dos candidatos aprovados em concurso público,
Estão CORRETOS os itens: dentro do número de vagas ofertadas no edital, a
a) II, III e IV, apenas. Administração Pública passou a utilizar-se da previsão de
b) I, IV e V, apenas. cadastro de reserva para se livrar da obrigatoriedade de
c) II e V, apenas. nomeação. Devese observar que não há ilegalidade na
d) I, II, III, IV e V. existência do cadastro de reservas, quando formado pelo
contingente de candidatos aprovados e classificados dentro e
Questão 9: fora do número de vagas ofertadas no edital do concurso,
Em relação aos poderes administrativos, uma coisa parece cuja finalidade será o aproveitamento desses candidatos para
clara à maioria dos doutrinadores, a de que o exercício do ocupação das vagas surgidas durante e após a validade do
poder não é uma faculdade do administrador, é um “poder- certame.
dever”, a ser usado em benefício da coletividade. Esse c) Inscrição: A inscrição no concurso público é o ato pelo
poder, portanto, reveste-se da qualidade de: qual os candidatos manifestam seu interesse em concorrer às
a) Irrenunciável. vagas ofertadas.
b) Facultativo. d) Taxa: taxa de inscrição tem como finalidade custear as
c) Personalíssimo. despesas com a realização do concurso público, portanto, o
d) Inclusivo. valor deve ser fixado dentro dos limites necessários ao
custeio, incluindo a remuneração da empresa contratada para
Questão 10: realização do certame (se for o caso), não comprometendo o
De acordo com as atuais regras do Regime trabalhista, o acesso dos potenciais candidatos.
regime estatutário está CORRETAMENTE representado
em: Questão 12:
a) Todos os serviços que não estão disponíveis no país e Considerando os conhecimentos acerca do que dispõe a
que o servidor deve conseguir solucionar. Constituição Federal de 1988, em seu Art. 38, analise a
b) Produção de conhecimento gerada pelo servidor público situação hipotética a seguir:

217
responsável nos casos de dolo ou culpa.
d) São estáveis após dois anos de efetivo exercício os
Roberto é servidor público municipal e pretende candidatar- servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
se a vereador nas eleições do ano de 2020. Caso seja eleito e virtude de concurso público.
investido para exercer mandato de vereador:
Questão 15:
a) Havendo compatibilidade de horários, perceberá as Sobre a nomeação para cargo público no Município de
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da Paulo Afonso-BA, assinale a opção CORRETA conforme a
remuneração do cargo eletivo. Lei nº 1.364/2017:
b) Roberto deverá ser exonerado do cargo e não poderá
mais prestar concurso para função pública. a) A nomeação far-se-á, em caráter efetivo, para exercer
c) Roberto deverá ser afastado do cargo, emprego ou cargo de confiança.
função, não lhe sendo facultado optar pela sua remuneração b) A nomeação far-se-á, em caráter temporário, quando se
para não haver prejuízo no cargo eletivo. tratar de cargo de provimento efetivo.
d) Na hipótese de ser segurado de regime próprio de c) A nomeação para cargos de provimento efetivo depende
previdência social, Roberto não poderá permanecer filiado a prévia habilitação em concurso público de provas ou de
esse regime, no ente federativo de origem. provas e títulos , obedecidos a ordem de classificação e o
prazo de validade.
Questão 13: d) Todas estão incorretas.
Assinale a alternativa INCORRETA, conforme a
Constituição Federal Brasileira. Questão 16:
Ainda de acordo com o citado Estatuto, São requisitos
a) São estáveis após três anos de efetivo exercício os básicos para investidura em cargo público municipal,
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em EXCETO:
virtude de concurso público. a) Nacionalidade brasileira ou assemelhada.
b) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor b) Idade mínima de 18(dezoito) anos.
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, c) Quitação com as obrigações militares e eleitorais.
se estável, reconduzido ao cargo de origem, com direito a d) Atender às demais exigências legais e regulamentares
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em para provimento, específicas em razão das atribuições do
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de cargo.
serviço.
c) Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o Questão 17:
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração A demissão do servidor público será aplicada, EXCETO:
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado a) Revelação de segredo apropriado em razão do cargo.
aproveitamento em outro cargo. b) Procedimento desidioso, entendido como tal a falta ao
d) Como condição para a aquisição da estabilidade, é dever de diligência no cumprimento de suas funções.
obrigatória a avaliação especial de desempenho por c) Acumulação remunerada de cargos, empregos ou
comissão instituída para essa finalidade. funções públicas.
d) Ofensa física, em serviço, a servidor público ou a
Questão 14: particular, salvo em legítima defesa, própria ou de outrem.
De acordo com as disposições constitucionais acerca da
Administração Pública, assinale a alternativa CORRETA. Questão 18:
Acerca dos regimes aplicáveis aos servidores estatuários,
a) Os atos de improbidade administrativa importarão a assinale a alternativa INCORRETA:
perda dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na a) Os cargos vitalícios são aqueles ocupados pelos
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação magistrados, membros do Ministério Público e do Tribunal
penal cabível. de Contas. Nos cargos vitalícios o estágio probatório é de
b) A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de dois anos, após esse período os servidores adquirem
contribuição decorrente de cargo, emprego ou função estabilidade.
pública, exceto do Regime Geral de Previdência Social, b) Aqueles que ocupam cargos vitalícios só podem perder
acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido o cargo por meio de sentença judicial transitada em julgado.
tempo de contribuição. c) O cargo efetivo é a condição de todos os cargos
c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito públicos, com exceção dos cargos vitalícios. O período
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos probatório do cargo efetivo é de três anos.
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a d) O servidor ocupante de cargo efetivo pode perder o
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o cargo por meio de processo disciplinar administrativo.

218
Questão 19: a) A finalidade da licitação é formalizar a contratação da
De acordo com as atuais regras do Regime trabalhista, o proposta mais vantajosa para o poder público, além de abrir
regime estatutário está corretamente representado em: a possibilidade para qualquer interessado tenha condições de
a) Todos os serviços que não estão disponíveis no país e participar, desde que preenchidos os requisitos legais.
que o servidor deve conseguir solucionar. b) Não se subordinam as normas da licitação às entidades
b) Conjunto de regras que regulam a relação funcional controladas direta ou indiretamente pela união, estados,
entre o servidor e o Estado. Distrito Federal e municípios.
c) Produção de conhecimento gerada pelo servidor público c) O procedimento licitatório deve obedecer aos princípios
em larga escala promovendo soluções de bom grado ao expressos na constituição federal de 1988.
público alvo. d) O edital é considerado como um ato administrativo,
d) Toda ação de relação entre empregado e patrão em submisso a lei, do qual tanto a administração quando os
qualquer instância relatada. particulares deverão obedecer.

Questão 20: Questão 22:


Em regra, a Administração Pública no momento em que Acerca dos princípios que regem a Licitação, assinale a
precisar celebrar contratos deverá ser precedida pelo alternativa CORRETA:
processo liciatório, entende-se como licitação:
a) O princípio da isonomia consiste na busca pela melhor
a) Procedimento administrativo fundamentado por lei, do proposta é uma das finalidades da licitação.
qual o ente público no exercício da função administrativa e b) Pelo princípio da Vinculação ao instrumento
as entidades privadas que exercem função pública, definem convocatório a Administração Pública e os participantes do
e expõem para todos os interessados, através de um certame, além de cumprirem as regras legais, não podem
instrumento convocatório que estabelece todos os critérios a desatender às normas e condições presentes no instrumento
serem obedecidos, a possibilidade de apresentar alguma convocatório.
proposta, do qual será escolhida aquela que seja mais c) Pelo princípio da inalterabilidade do Edital são vedadas
vantajosa para o ente público, com observância ao princípio preferências quanto à naturalidade, à sede e ao domicílio dos
da isonomia. licitantes.
b) Procedimento administrativo fundamentado por decreto, d) Pelo princípio do sigilo das propostas os envelopes
do qual o ente público no exercício da função contendo as propostas dos licitantes podem ser abertos e
administrativa, excluído as entidades privadas que exercem seus conteúdos divulgados.
função pública, dispõem para todos os interessados, através
de um instrumento convocatório que traz todos os critérios a Questão 23:
serem obedecidos, a possibilidade de apresentar alguma A aquisição de acervos para bibliotecas públicas segue as
proposta, do qual será escolhida aquela que seja mais diretrizes da legislação brasileira, dependendo do valor,
vantajosa para o ente público, com observância ao princípio obedece a uma determinada modalidade licitatória.
da isonomia.
c) Procedimento administrativo fundamentado por lei, do É VERDADEIRA a opção que define a Tomada de Preço:
qual o ente público no exercício da função administrativa, a) É a modalidade de licitação entre interessados
inclusive as entidades privadas que exercem a função devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
pública, dispõem para todos os interessados, através de um condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
instrumento convocatório que traz todos os critérios a serem anterior à data do recebimento das propostas, observada a
obedecidos, a possibilidade de apresentar alguma proposta, necessária qualificação.
do qual será escolhida aquela que seja mais vantajosa para o b) É a modalidade de licitação que pode ser feita numa
particular, com observância ao princípio da isonomia. compra direta nas distribuidoras, sem necessidade de
d) Procedimento administrativo fundamentado por decreto, registro e cadastramento.
do qual o ente público no exercício da função c) É a modalidade de licitação entre interessados
administrativa, excluídas as entidades privadas que exercem devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
função pública, dispõem para todos os interessados, através condições exigidas para cadastramento até o penúltimo dia
de um instrumento convocatório que traz todos os critérios a anterior à data do recebimento das propostas, observada a
serem obedecidos, a possibilidade de apresentar alguma necessária qualificação.
proposta, do qual será escolhida aquela que seja mais d) É a modalidade de licitação que pessoas físicas ou
vantajosa para o particular, com observância ao princípio da jurídicas podem participar, devidamente cadastrados e
isonomia. atenderem as condições exigidas para cadastramento até o
penúltimo dia anterior à data do recebimento das propostas,
Questão 21: observadas a necessária qualificação.
Sobre licitação, assinale a alternativa INCORRETA.

219
Questão 24: seus contratos para melhor atender o interesse público,
Acerca das modalidades de licitação, assinale a alternativa respeitados os direitos dos contratados, isso devido a sua
CORRETA: característica de mutabilidade.
a) As modalidades de licitação são cinco: concorrência, b) Nos contratos administrativos assim como nos contratos
tomada de preços, convite, concurso e leilão. civis deve existir uma isonomia, igualdade entre as partes,
b) Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer para que haja prejuízos aos administrados.
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou c) Nos contratos administrativos não pode haver cláusulas
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração exorbitantes, pois garantem prerrogativas excepcionais a
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital uma das partes.
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de d) Os contratos administrativos são unilaterais, ou seja,
45 (quarenta e cinco) dias. criam obrigações apenas para os administrados como forma
c) Convite é a modalidade entre interessados devidamente de garantir a preservação do interesse público.
cadastrados ou que atendam às condições do edital até três
dias antes da data do recebimento das propostas, observada a Questão 28:
necessária qualificação. Quando dizemos que umas das características de um
d) Concurso é a modalidade de licitação entre pessoas com contrato administrativo é ser ONEROSO, significa que
qualidade específica comprovada para ingresso em cargos estamos dizendo que o mesmo:
da Administração. a) Tem equivalência extrínseca entre as prestações.
b) Possui remuneração exigida pela contraprestação do
Questão 25: objeto contratado.
Relativamente às modalidades de licitação, assinale a c) Em regra, a forma é verbal, mas poderá ser escrita para
alternativa CORRETA: pequenas compras.
a) Nos casos em que a modalidade de licitação cabível seja d) Possui caráter social, ou seja, os contratos deve, ser
o convite, é vedado à Administração utilizar a tomada de executtados pela empresa.
preços.
b) A concorrência é a modalidade de licitação obrigatória Questão 29:
no caso de compras e alienações de bens imóveis. Em se tratando de Contratos Administrativos, leia o seguinte
c) O convite é a modalidade de licitação entre interessados texto e responda:
do ramo pertinente ao seu objeto, devidamente cadastrados,
escolhidos e convidados em número mínimo de três pela “Conferem à Administração um patamar de desigualdade
unidade administrativa. em face do particular. Estas ultrapassam o comum dos
d) O instrumento convocatório da modalidade convite é o contratos, garantindo a prerrogativa de: modificá-los,
edital de convocação. unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de
interesse público, respeitados os direitos do contratado;
Questão 26: rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no
No que se refere às modalidades licitatórias, julgue os itens inciso I do art. 79 da Lei 8.666/93 e fiscalizá-los a
a seguir: execução”.

I- A concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso Estamos falando de:


e o leilão são as cinco modalidades de licitação previstas na a) Cláusulas Exorbitantes.
Constituição Federal. b) Cláusulas de Adesão.
II- Em um mesmo processo licitatório, a Administração c) Cláusulas Pétreas.
Pública pode combinar as várias modalidades de licitação d) Cláusulas de Barreira.
para atender melhor ao interesse público.
III- Nos casos em que a modalidade de licitação cabível seja Questão 30:
convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços. O atraso superior a noventa dias dos pagamentos devidos
pela Administração decorrentes de obras já recebidas
É CORRETO o que se afirma em: assegura ao contratado:
a) I e III. a) O direito de suspender o cumprimento de suas
b) Apenas III. obrigações até que seja normalizada a situação, salvo em
c) I e II. caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem
d) Apenas II. interna ou guerra.
b) O direito de suspender o cumprimento de suas
Questão 27: obrigações por prazo indeterminado, salvo em caso de
Acerca das características dos contratos administrativos, calamidade pública ou guerra.
assinale a alternativa CORRETA: c) O direito de rescindir unilateralmente o contrato, com
a) A Administração Pública pode alterar unilateralmente direito à indenização por danos emergentes, salvo em caso

220
de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
ou guerra. III- São Poderes da União, independentes e harmônicos
d) O direito de anular o contrato, com direito à indenização entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
por danos emergentes, salvo em caso de guerra, grave
perturbação da ordem ou calamidade pública.
É CORRETO afirmar que:
Questão 31: a) A assertiva II é falsa.
Conforme a Constituição Federal de 1998 a República b) As assertivas I e II são falsas.
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos c) As assertivas II e III são verdadeiras.
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em d) Todas as assertivas são verdadeiras.
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
a) A soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, Questão 35:
os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o Em relação aos requisitos básicos para investidura em cargo
pluralismo político. público na guarda municipal, analise os itens abaixo:
b) A soberania, a cidadania, a independência nacional, o
pluralismo político e a livre iniciativa. I. Brasileiro(a) nato ou naturalizado.
c) A cidadania, a autodeterminação dos povos, os valores II. Gozo dos direitos políticos.
sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo III. Quitação com as obrigações militares e eleitorais.
político. IV. Nível médio completo de escolaridade.
d) A soberania, os valores sociais do trabalho e da livre V. Idade mínima de 21 (vinte e um) anos.
iniciativa, a independência nacional, a autodeterminação dos VI. Aptidão física, mental e psicológica.
povos e a dignidade da pessoa humana. VII. Idoneidade moral comprovada por investigação social e
certidões expedidas perante o Poder Judiciário estadual,
Questão 32: federal e distrital.
m relação aos princípios que regem a República Federativa VIII. Outros requisitos poderão ser estabelecidos em lei
do Brasil em suas relações internacionais, marque o item estadual.
INCORRETO:
Dos itens acima quantos estão INCORRETOS:
a) Repúdio ao protecionismo e ao separatismo. a) 1.
b) Igualdade entre os Estados. b) 2.
c) Autodeterminação dos povos. c) 3.
d) Não intervenção. d) 4.

Questão 33: Questão 36:


De acordo com nossa atual Constituição Federal a República Sobre os princípios fundamentais (Art. 1º ao 4º) contidos na
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Constituição Federal (CF) de 1988, é correto afirmar que:
estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado democrático de direito e tem como fundamentos, a) A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado
EXCETO: Democrático de Direito.
a) Monopólio Político. b) O Legislativo e o Executivo são dependentes do
b) Soberania. Judiciário.
c) Cidadania. c) O Poder Executivo é exercido pelo Congresso Nacional.
d) Dignidade. d) Todo o poder emana do Governo Federal.

Questão 34: Questão 37:


Acerca dos princípios fundamentais da Constituição Federal, Acerca dos princípios fundamentais, conforme a
julgue os itens a seguir: Constituição Federal, assinale a alternativa CORRETA:

a) A República Federativa do Brasil, formada pela união


I- A República Federativa do Brasil buscará a integração dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
econômica, política, social e cultural dos povos da América constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
Latina, visando à formação de uma comunidade latino- um de seus fundamentos a soberania.
americana de nações. b) Constitui-se um dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, igualdade entre os Estados.
II- Constituem objetivos fundamentais da República c) A autodeterminação dos povos é um dos princípios pelo
Federativa do Brasil a soberania, a independência nacional e qual rege-se a República federativa do Brasil em suas
a não intervenção. relações internacionais.

221
d) A solução pacífica dos conflitos é um dos fundamentos a) O alisamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os
da República federativa do Brasil. maiores de 18 anos e para maiores de 70 anos.
b) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
Questão 38: República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
Acerca da nacionalidade, conforme a Constituição, assinale e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
a alternativa CORRETA: seis meses antes do pleito.
a) São brasileiros natos os que, na forma da lei, adquiram a c) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países Eleitoral no prazo de dez dias contados da diplomação,
de língua portuguesa apenas residência por um ano instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
ininterrupto e idoneidade moral. corrupção ou fraude.
b) De maneira nenhuma a lei poderá estabelecer distinção d) A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na
entre brasileiros natos e naturalizados. data de sua publicação, se aplicando à eleição que ocorra em
c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe até um ano da data de sua vigilância.
brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República Questão 42:
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de Sobre o art. 18 da Constituição Federal de 1988, é
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira, são CORRETO afirmar que:
brasileiros natos.
d) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro a) É vedada a possibilidade de desmembramento ou
que adquirir outra nacionalidade, sem ressalvas. incorporação de Estados e territórios.
b) A República Federativa do Brasil compreende a União,
Questão 39: os Estados e os Municípios.
No que se refere aos direitos políticos, conforme disposição c) Compete à União declarar a guerra e celebrar a paz.
constitucional, assinale a alternativa CORRETA: d) Todas as alternativas estão erradas.
a) A idade mínima requisitada para os cargos políticos são
critérios de inelegibilidade. Questão 43:
b) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça No que se refere à organização do Estado e das
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, competências comuns, concorrentes e privativas, assinale a
instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, alternativa CORRETA.
corrupção ou fraude.
c) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os a) É competência comum da União, dos Estados, do
maiores de dezoito anos e para os maiores de dezesseis e Distrito Federal e dos Municípios, promover programas de
menores de dezoito anos. construção de moradias e a melhoria das condições
d) Os estrangeiros podem se alistar como eleitores. habitacionais e de saneamento básico, além de combater as
causas da pobreza e os fatores de marginalização,
Questão 40: promovendo a integração social dos setores desfavorecidos.
A Soberania Popular se manifesta quando a todos são b) Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se
asseguradas condições da vida e cidadania; e será exercida: ou desmembrar-se para anexarem-se a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação
( ) Pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto com da população diretamente interessada, através de referendo,
valor igual. e do Congresso Nacional, por lei complementar.
( ) Pelo plebiscito. c) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
( ) Pelo referendo. legislar concorrentemente sobre trânsito e transporte, sobre
( ) Pela iniciativa do legislativo no processo popular. as diretrizes da polícia nacional de transportes e sobre
( ) Pela ação fiscalizada da administração pública. direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico.
A sequência CORRETA é: d) É competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, combater as causas da
a) V,V,V,F,F. pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a
b) V,V,V,V,V. integração social dos setores desfavorecidos sobre educação,
c) V,V,F,F,V. cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
d) F,F,V,V,V. desenvolvimento e inovação.

Questão 41: Questão 44:


No que se refere aos direitos políticos, conforme a Toda atividade municipal deve ser autorizada por lei,
Constituição Federal, assinale a alternativa CORRETA: fundamentada na Constituição da República. Sobre o poder
do município, julgue os itens:

222
b) V, F, F, V.
I- O Município desempenha, em conjunto com a União e o c) F, F, V, V.
Estado, um papel essencial estabelecido em lei, que é d) V, V, F, F.
assegurado constitucionalmente como objetivo fundamental
da República, que é construir uma sociedade livre, justa e Questão 46:
solidária, garantir o desenvolvimento, erradicar a pobreza, De acordo com a Constituição Federal, no que se refere aos
reduzir as desigualdades e promover o bem de todos, sem cargos, empregos e funções públicas, assinale a alternativa
preconceitos. INCORRETA:
a) A investidura em cargo ou emprego público depende de
II- O Município dispõe de autonomia para tratar dos aprovação prévia em concurso público de provas ou de
assuntos de interesse local e essa autonomia, pressupõe a provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
aptidão para se governar livremente e de legislar. do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
III- A autonomia política do município consiste na eleição livre nomeação e exoneração.
direta de seus dirigentes – agentes políticos. b) O prazo de validade do concurso público será de até dois
anos, prorrogável uma vez, por igual período.
IV- A autonomia administrativa do município corresponde à c) Durante o prazo improrrogável previsto no edital de
capacidade de estabelecer e receber dos habitantes os convocação, aquele aprovado em concurso público de
tributos estabelecidos por competência constitucional. provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
V- A autonomia financeira do município corresponde ao carreira.
exercício do poder de polícia municipal, à prestação de d) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
serviços públicos e à concretização de obras e ao aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
atendimento de necessidades da coletividade. em lei, sendo vetado aos estrangeiros.

Estão CORRETOS os itens: Questão 47:


Conforme o que dispõe a Constituição Federal no Capítulo
a) I, II, III e IV. VII “Da Administração Pública” o concurso público terá
b) I, II e III. validade:
c) I e IV.
d) II, III e V. a) De até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período.
Questão 45: b) De até um ano, prorrogável uma vez, por igual período.
Em relação ao artigo 37 da Constituição Federal, atribua V c) De até dois anos, improrrogáveis.
para item verdadeiro e F para item falso: d) De até um ano, improrrogáveis.

I. O prazo de validade do concurso público será de até dois Questão 48:


anos, prorrogável duas vezes, por igual período. ( ) Quando se informa que a função pública deve atender a dois
requisitos da Carta Magna de 1988, em seu artigo 37, é
II. Os vencimentos dos cargos do Poder Judiciário poderão porque ela está corretamente retratada no item:
ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo e Poder
Legislativo, conforme legislação específica. ( ) a) Ocupado por empregado público que pode atuar em
entidade privada ou pública.
III. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito b) Sempre será ocupado em funções efetivas e permanentes.
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos c) Conjunto de atribuições destinadas aos agentes públicos,
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a abrangendo a função temporária e a função de confiança.
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o d) Efetivamente ocupado por servidor público.
responsável nos casos de dolo ou culpa. ( )
Questão 49:
IV. Os atos de improbidade administrativa importarão a Um vereador de uma cidade do interior de Minas Gerais
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a acaba de ser eleito. A partir do artigo 38 da Constituição
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na Federal esse servidor da administração direta poderá:
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível. ( ) a) Ter seu tempo de serviço contado para todos os efeitos
legais, exigido o afastamento para o exercício de mandato
Respondidos os itens a sequência CORRETA é: eletivo.
a) F, V, V, V. b) Perder o cargo se tiver um mandato eletivo federal,

223
estadual ou distrital.
c) Não receber remuneração caso ocorra incompatibilidade
de horário com outro mandato eletivo.
d) Ter rescindido seu benefício previdenciário já que o
mandato eletivo não permite acúmulo de valores futuros.

Questão 50:
Acerca que dispõe a Constituição Federal sobre os
servidores públicos, assinale a alternativa INCORRETA:

a) A União, os Estados e o Distrito Federal manterão


escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
servidores públicos, constituindo-se a participação nos
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
entre os entes federados.
b) Os Poderes Executivos, Legislativo e Judiciário
publicarão anualmente os valores do subsídio e da
remuneração dos cargos e empregos públicos.
c) O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de
serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
d) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga,
se estável, reconduzindo ao cargo de origem, com direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
serviço.

224
GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A B C A C B B D A C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
B A B C C A C A B A
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
B B A B B B A B A A
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
A A A A B A C C B A
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
B D A B C D A C A D

225
NOÇÕES DE INFORMÁTICA suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na
nuvem.
4. Noções de sistema operacional (ambiente Linux e Algumas funcionalidades de importantes acrescentada por
Windows) está· versão são:
É importante perceber que em 2014 foi lançada a primeira • Bitlocker – oferece a possibilidade de criptografar o disco
versão pública para testes (technical preview), mais rígido do computador para fornecer mais segurança aos seus
precisamente em 1º de outubro. J· a versão oficial teve seu dados.
lançamento em 29 de julho de 2015. O Windows 10 foi • Conexão de área de trabalho remota – premite que o
disponibilizado em 190 países e em 111 idiomas à época do computador seja acessado e controlado remotamente.
lançamento, e como parte de uma força-tarefa para alcançar Imagine que você consegue acessar o computador do seu
os usuários chineses, a Microsoft anunciou uma parceria concorrente, a partir da sua m·quina, e ver o que ele está
com as empresas Qihoo e Tencent para ajudar a promover e estudando neste momento. Além disso, ao movimentar o
distribuir o Windows 10 na China. mouse e o teclado, você estar· manipulando o computador
dele.
O Windows 10 trouxe de volta o Menu Iniciar e tornou • Máquinas virtuais - Um software de ambiente
possível alternar entre o modo tradicional de trabalho - para computacional em que um sistema operacional ou programa
usuários de PCs tradicionais - e outro modo para tablets e pode ser instalado e executado. De maneira mais
computadores híbridos compatíveis com telas sensíveis ao simplificada, podemos dizer que a m·quina virtual funciona
toque. como um “computador dentro do computador”.

É importante lembrar que o objetivo do Windows 10 foi Ingresso em domínio (rede corporativa) – Domínio È um
unificar a plataforma em todos os tipos de dispositivos, agrupamento lógico de computadores em rede que
apesar do enfoque especial nos desktops. Existem compartilham recursos em um banco de dados de segurança
aplicativos para a nova versão do sistema operacional que comum, onde a administração e autenticação são
são multidispositivo e que podem ser baixados na Windows centralizadas. Existe um diretório onde todas as contas de
Store. usuário são armazenadas, este banco é chamado de Active
Directory e um usuário precisa somente de uma conta para
O Windows 10 apresenta 7 versões: Windows 10 Home, ter acesso ao mesmo e obter recursos compartilhados no
Windows 10 Pro, Windows 10 Education, Windows 10 domínio. Os domínios apresentam grande facilidade de
Enterprise, Windows 10 Mobile, Windows 10 Mobile administração e controle, e são expansíveis (escaláveis),
Enterprise, e Windows 10 IoT Core. Vamos agora passar um podendo suportar desde pequenos grupos até milhares de
pouco pelas versões e tentar entender as funcionalidades estações.
presentes em cada uma delas.
Observe que essas funcionalidades nem sempre são
Versões importantes para computadores pessoais. Contudo, são
Confira abaixo quais serão as 7 versões do Windows 10. importantes em ambientes coorporativos. Essas duas são as
Windows 10 Home: Esta È a versão mais simples, destinada principais versões no contexto de concursos públicos,
aos usuários domésticos que utilizam PCs, notebooks, vejamos algumas características das demais versões.
tablets e dispositivos 2 em 1. Windows 10 Mobile: Essa È a versão do Windows 10
Foi disponibilizada gratuitamente em formato de atualização destinada aos aparelhos móveis, que engloba os dispositivos
(durante o primeiro ano de lançamento) para usuários do de tela pequena e sensíveis ao toque, como smartphones e
Windows 7 e do Windows 8.1. tablets.
Conta com a maioria das funcionalidades apresentadas: Windows 10 Enterprise: Essa versão È construída sobre o
• Cortana como assistente pessoal (em mercados Windows 10 Pro e È destinada ao mercado corporativo.
selecionados) Conta com recursos de segurança digital que são prioridade
• Navegador Microsoft Edge para perfis corporativos. Possui como característica de
• O recurso Continuum para os aparelhos compatíveis licenciamento por volume.
• Windows Hello (reconhecimento facial, Ìris e digitais para Windows 10 Education: Construído sobre o Windows 10
autenticação) Enterprise, a versão Education È destinada a atender as
• Streaming de jogos do Xbox One • Alguns dos primeiros necessidades do ambiente educacional. Os funcionários,
apps universais, como Photos, Maps, Mail, Calendar, Music administradores, professores e estudantes poderão aproveitar
e VÌdeo. os recursos. Possui seu método de distribuição baseado em
um licenciamento acadêmico. Lembro que o Centro de
Windows 10 Pro: Assim como a Home, essa versão também Informática da UFPE disponibilizava por meio do programa
È destinada para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 o sistema operacional para os alunos, professores e
em 1. A versão Pro difere-se do Home em relação à certas funcionários.
funcionalidades que não estão presentes na versão mais Windows 10 Mobile Enterprise: Projetado para
básica. Essa È a versão recomendada para pequenas smartphones e tablets do setor corporativo.
empresas, graças aos seus recursos para segurança digital, Windows 10 IoT Core: Claro que a Microsoft não deixaria

226
de pensar no setor de IoT (Internet of Things, ou internet das o TPM 2.0 ou um pen drive. Em computação, Trusted
coisas), que está· em forte crescimento e disseminação no Platform Module (TPM) È tanto o nome dado a uma
mercado nos últimos anos. Trata-se da intenção de interligar especificação publicada que detalha as características de um
todos os dispositivos à rede e coordenar a utilização do criptoprocessador seguro, capaz de armazenar chaves
mesmo. Um exemplo interessante seria sua máquina de criptográficas que protejam informações, quanto o nome
fazer pão, você pode programar para enviar uma mensagem genérico de implementações desta especificação,
do seu celular para a máquina que prepara seu pão e deixa frequentemente denominadas de "chip TPM" ou "TPM
quentinho no momento que você chegar em casa. Security Device" (Dell). A especificação TPM È obra do
Trusted Computing Group.
Requisitos para instalação • O Hyper-V Cliente exige um sistema de 64 bits com
Como requisitos mínimos de hardware necessários para recursos de SLAT (conversão de endereço de segundo nível)
instalação do Windows 10 temos: e 2 GB adicionais de RAM. Para conhecimento, a função do
Hyper-V permite criar e gerenciar um ambiente de
• Processador de 1 gigahertz (GHz) ou mais rápido ou SoC computação virtualizado, usando a tecnologia de
(System on a Chip - Sistema em um Chip. Um único chip È virtualização interna do Windows Server.
capaz de conter processador, memória e até placa de vídeo). • O recurso Miracast exige uma placa de vídeo que de
• Memória RAM de 1 gigabyte (GB) para versão 32 bits e 2 suporte a WDDM (Windows Display Driver Model) 1.3 e
gigabytes (GB) para versão 64 bits. um adaptador Wi-Fi que de suporte a Wi-Fi Direct.
• Espaço em disco rígido (HD) de 16 gigabytes (GB) para Exclarecendo, o Miracast È uma tecnologia sem fio que o
versão 32 bits e 20 gigabytes (GB) para versão 64 bits. computador pode usar para projetar sua tela em televisões,
• Placa gráfica (vídeo) com suporte a DirectX9 ou posterior projetores e media players de streaming compatíveis com
com driver WDDM 1.0. Miracast. Você pode usá-la para compartilhar suas tarefas
• Tela com resolução mínima de 800x600 pixels. no computador, fazer uma apresentação de slides ou até
jogar seu jogo favorito em uma tela maior.
Além destes requisitos mínimos de hardware, existem • O recurso Wi-Fi Direct Printing requer um adaptador Wi-
requisitos adicionais para usar determinados recursos. Fi que de suporte a Wi-Fi Direct e um dispositivo que de
Abaixo listamos os requisitos de acordo com o recurso. suporte a Wi-Fi Direct Printing. Esse recurso serve para
Esses requisitos são menos relevantes dos que os vistos configurar e utilizar a impressora sem utilização de cabos.
acima, mas vão apresentar alguns conceitos importantes para • O recurso InstantGo funciona apenas com computadores
o entendimento das funcionalidades do sistema operacional. projetados para Modo de Espera Conectado. O InstantGo
liga instantaneamente e mantém os blocos e outros serviços
• O reconhecimento de voz varia de acordo com o microfone online atualizados.
do dispositivo. Para melhorar a experiência de fala, você • A criptografia de dispositivo requer um computador com
precisar· dos seguintes itens: InstantGo e TPM 2.0.

• Grupo de microfones de alta fidelidade. Novidades do Windows 10


▪ Driver de hardware com a geometria do conjunto de
microfones exposta. A Microsoft na versão mais nova do Windows, a 10,
• O Windows Hello È necessário uma câmera com apresenta algumas novidades para melhorar a interação com
iluminação infravermelho especializada em reconhecimento o usuário e trazer mais segurança no acesso ao sistema. Já
facial ou um leitor de impressão digital que de suporte ao apresentamos algumas dessas funcionalidades
Windows Biometric Framework. anteriormente. Vamos revisitar esses conceitos abaixo e
• A autenticação de dois fatores / em duas etapas requer o apresentar outras novidades que foram implementadas:
uso de um PIN, Biometria (leitor de impressão digital ou
câmera com iluminação infravermelho) ou um telefone com • Plataforma unificada - permite que o mesmo Windows 10
recursos de Wi-Fi ou Bluetooth. utilizado em computadores seja usado em tablets,
• O recurso de toque, precisa de um tablet ou um monitor smartphones e outros aparelhos.
que de suporte a multitoque. • Assistente pessoal - A Cortana È acionada por voz ou texto
• Para alguns recursos È necessário ter uma conta da na barra de tarefas, ao lado do menu Iniciar. Apresenta
Microsoft. informações relacionadas ao clima e localização, pode
• O Logon Seguro (Ctrl + Alt + Del) em tablets sem um mostrar lembretes, além de selecionar notícias baseadas em
teclado funciona apenas em tablets com o botão Windows, preferências do usuário. A figura abaixo apresenta a logo do
pois a combinação de teclas em um tablet feita da seguinte assistente.
forma: o botão Windows + botão de energia. • Central de ações - este recurso permite acesso rápido ao
• Alguns jogos e programas podem exigir uma placa gráfica “modo tablet”, bluetooth, wi-fi, brilho da tela, modo avião,
compatível com DirectX 10 ou posterior para proporcionar o modo noturno, notas e configurações.
desempenho ideal. • Áreas de trabalho virtuais - a partir do botão “Task view”
• O recurso BitLocker To Go exige um pen drive. na barra de tarefas podem ser criadas áreas de trabalho
• O BitLocker exige o TPM (Trusted Platform Module) 1.2, virtuais, que terão seus apps e widgets próprios, como

227
páginas de um smartphone. operacional. Vejamos a comparação:
• Microsoft Edge - em substituição ao Internet Explorer, a
Microsoft desenvolveu um novo navegador nativo para o
Windows 10. O programa tem como caracterìsticas a leveza,
a rapidez e o layout baseado em padrões da web. Outro
ponto interessante È que o Edge È o leitor de pdf padrão do
Windows. Vejamos na figura abaixo a interface padrão da
ferramenta.

Ambiente Linux

Linux é uma cópia do Unix feito por Linus Torvalds, junto


com um grupo de hackers pela Internet. Seguiu o padrão
POSIX (família de normas definidas para a manutenção de
compatibilidade entre sistemas operacionais), padrão usado
• Continuum - esta funcionalidade permite que smartphones pelas estações UNIX e desenvolvido na linguagem de
compatíveis com a tecnologia possam se conectar a um programação, C.
monitor e trabalhar através dele como se estivesse em um
computador. O Microsoft Continuum permite que a Em 1991, Linus Torvalds, finlandês, criou um clone do
transição entre o uso de um dispositivo mobile e uma sistema Minix (sistema operacional desenvolvido por
experiência de desktop seja feita de forma fluida, direta e Andrew Tannenbaun que era semelhante ao UNIX) e o
intuitiva. chamou de Linux. LINUS + UNIX = LINUX.
• Windows Hello - novo sistema de segurança digital para
autenticação nas plataformas da Microsoft. O sistema inclui Composição do Linux
métodos de reconhecimento por digitais, rosto e Iris. O
Windows Hello È uma maneira mais pessoal de entrar em
seus dispositivos Windows 10. Basta seu olhar ou um toque.
Você receber· segurança de nível empresarial sem precisar
digitar uma senha. Veja na figura acima uma ideia da
verificação facial ofericada pelo Hello.

Herança do Windows 8
Seguindo a mesma linha das outras versões do Windows, a
Microsoft manteve alguns recursos do Windows 8 na versão
10. Entre elas podemos encontrar: • Onedrive integrado, que
pode ser acessado diretamente pelo Windows Explorer;
• Windows Store (Loja Windows) que permite a instalação
de programas e recursos, sendo eles pagos ou não;
Por ser um Sistema Operacional, o Linux tem a função de
• Integração com o Xbox. O Windows 7 não tem integração
gerenciar todo o funcionamento de um computador, tanto a
com o Xbox, mas as versıes 8.1 e 10 têm. A diferença È que
parte de Hardware (parte física) como a parte de Software
no Windows 8.1 o modo multiplayer È pago, enquanto que
(parte Lógica).
no Windows 10 È gratuito.

Comparativos de recursos

Falamos de algumas funcionalidades que foram herdadas do


Windows 8. Da mesma forma, foram herdadas algumas
funcionalidades do Windows 7, onde a principal È o retorno
do menu Iniciar. A tabela abaixo apresentar alguns dos
recursos presentes nas últimas versões do sistema

228
inúmeras interfaces gráficas, genericamente conhecidas
como ambiente X. As mais usadas no ambiente Linux são:
Unity, Gnome, KDE, XFCE, LXDE, Cinnamon, Mate etc.

O Linux Ubuntu, versão 18.04, utiliza a Interface gráfica


GNOME 3. Veja:

O Sistema Operacional Linux é composto pelos seguintes


componentes.

Kernel (núcleo): é o coração do Sistema Operacional. Ele


representa a camada mais baixa de interface com o
hardware, pois faz a comunicação mais básica entre ele e o
software, sendo responsável por gerenciar os recursos do
sistema. No caso do Linux, o código-fonte (receita do
programa) é aberto, disponível para qualquer pessoa ter
Principais Características do Linux
acesso, assim podendo modificá-lo.
Software livre: segundo a Free Software Foundation
Shell (concha): o intérprete de comandos é a interface entre (Fundação para o Software Livre), é considerado livre
o usuário e o sistema operacional. A interface Shell funciona
qualquer programa que pode ser copiado, usado, modificado
como o intermediário entre o sistema operacional e o
e redistribuído de acordo com as necessidades de cada
usuário graças às linhas de comando escritas por ele. A sua
usuário. Em outras palavras, o software é considerado livre
função é ler a linha de comando, interpretar seu significado,
quando atende a esses quatro tipos de liberdades definidas
executar o comando e devolver o resultado pelas saídas. Na pela fundação. Nada impede que um desenvolvedor cobre
verdade, a interface Shell é um arquivo executável, pelas modificações feitas, pois há custos como em qualquer
encarregado de interpretar comandos, transmiti-los ao
outra atividade, porém a diferença está na filosofia do
sistema e devolver resultados.
Software Livre, a qual visa ao espírito de liberdade e não o
lucro.
O Linux possui vários tipos de Shell. Os mais populares são:
sh (Bourne shell), o bash (Bourne again shell), o csh (C Multiusuário: permite que vários usuários acessem o
Shell), o Tcsh (Tenex C shell), o ksh (Korn shell) e o zsh
sistema ao mesmo tempo. Geralmente o conceito se aplica a
(Zero shell).
uma rede, na qual podemos ter um servidor e várias pessoas
acessando simultaneamente.
Prompt de comando: é a forma mais arcaica de o usuário
interagir com o Kernel por meio do Shell. Código aberto (Open Source): qualquer pessoa pode ter
acesso ao código-fonte (receita) do programa.

Multitarefa: permite que diversos programas rodem ao


mesmo tempo, ou seja, você pode estar digitando um texto
no Libre Office Writer e ao mesmo tempo trabalhar na
planilha de vendas do Calc, por exemplo. Sem contar os
inúmeros serviços disponibilizados pelo Sistema que estão
rodando em background (segundo plano) e você nem
percebe.

Multiplataforma: o Linux roda em diversos tipos de


plataformas de computadores, sejam eles x86 (32bits) ou
x64 (64bits). As distribuições mais recentes do Ubuntu estão
abolindo as arquiteturas de 32 bits.
Interface gráfica (GUI): conhecida também como
gerenciador de desktop/área de trabalho, é a forma mais Multiprocessador: permite o uso de mais de um
recente de o usuário interagir com o sistema operacional. processador no mesmo computador.
A interação é feita por meio de janelas, ícones, botões,
menus e utilizando o famoso mouse. O Linux possui Protocolos: pode trabalhar com diversos protocolos de rede

229
(TCP/IP). tudo que há no sistema, excluir e criar partições na raiz (/)
manipular arquivos e configurações especiais do sistema,
Case Sensitive: diferenciar letras maiúsculas (caixa alta) de coisa que o usuário comum não pode fazer. Representado
letras minúsculas (caixa baixa). Exemplo: ARQUIVO1ºdt é pelo símbolo: #.
diferente de arquivo1ºdt.
Usuário comum (padrão): é o usuário que possui restrições
O Linux permite no máximo 255 caracteres em nomes de a qualquer alteração no sistema. Esse usuário não consegue
arquivos e diretórios. causar danos ao sistema devido a todas essas restrições.
Representado pelo símbolo: $.
O caractere ponto “.”, antes de um nome, renomeia o
arquivo para arquivo oculto. Por questões de segurança, procure sempre usar o
O caractere não aceito em nomes de arquivos e diretórios no usuário comum e evitar o uso do usuário ROOT.
Linux é a barra normal “/”.
Sistema de arquivos: um sistema operacional necessita de
Preemptivo: é a capacidade de tirar de execução um uma estrutura que possa dar suporte a ele para acessar e ler o
processo em detrimento de outro. O Linux interrompe um disco rígido. Esse recurso, que constrói uma base estrutural
processo que está executando para dar prioridade a outro. para o sistema operacional, é o sistema de arquivos. Então,
um sistema de arquivos é uma espécie de gerenciador e
Licença de uso (GPL): GPL (licença pública geral) permite organizador que irá permitir o sistema operacional ler os
que os programas sejam distribuídos e reaproveitados, arquivos que estão no HD (disco rígido).
mantendo, porém, os direitos do autor por forma a não
permitir que essa informação seja usada de uma maneira que O sistema de arquivos é criado no momento da formatação
limite as liberdades originais. A licença não permite, por do HD (disco rígido). Os principais sistemas de arquivos do
exemplo, que o código seja apoderado por outra pessoa, ou Linux são: EXT/3/4, ReiserFS, XFS, que possuem a
que sejam impostas sobre ele restrições que impeçam que tecnologia de Journaling (recurso que permite recuperar um
seja distribuído da mesma maneira que foi adquirido. sistema após um desastre no disco).

A GPL baseia-se em quatro liberdades, são elas: Veja:

liberdade 0 – liberdade para executar o programa para


quaisquer propósitos; liberdade 1 – liberdade para estudar
como o programa trabalha e adaptá-lo às suas necessidades.
Ter acesso ao código-fonte é essencial para isso; liberdade 2
– liberdade de redistribuir cópias de forma que você possa
ajudar outras pessoas;
liberdade 3 – liberdade para melhorar o programa e
disponibilizar as melhorias para o público, de forma que
toda a comunidade possa se beneficiar disso. Ter acesso ao
código-fonte é essencial também para isso.

Memória Virtual (paginada/paginação): a memória


virtual é uma área criada pelo Linux no disco rígido (HD) do
computador de troca de dados que serve como uma extensão
da memória principal (RAM). Por exemplo, se você possui 1 Gerenciador de boot (inicialização): é possível que, em
Gb de RAM livre e quer executar um programa que ocupa um mesmo, computador o usuário tenha instalado 2 (dois)
1,2 Gb de RAM, deverá carregar os primeiros 1 Gb para sistemas operacionais. O recurso é possível particionando
rodar o início do programa e os 0,2 Gb restantes serão (dividindo) o HD (disco rígido); o computador irá interpretar
armazenados na memória virtual, para depois serem 2 (dois) discos físicos. Basta instalar o Linux em uma
copiados para a memória principal a fim de serem partição e o Windows na outra. Para isso teremos softwares,
executados. gerenciadores de boot (inicialização), que terão a função de
gerir o carregamento do sistema que o usuário escolher ao
Bibliotecas compartilhadas: são arquivos que possuem ligar o computador. Os gerenciadores de boot mais usados
módulos que podem ser reutilizáveis por outras aplicações. no Linux são: LILO e o GRUB. No Windows o DualBoot.
Em vez de o software necessitar de ter um módulo próprio,
poderá recorrer a um já desenvolvido e mantido pelo sistema Vantagem: não exige uma máquina potente por conta de o
(arquivo.so). sistema ser carregado de forma independente. Basta ter um
bom espaço em disco para a instalação dos 2 (dois).
Administrador (Super usuário/Root): é o usuário que tem
todos os privilégios do sistema. Esse usuário pode alterar Desvantagem: por rodar de maneira independente, não é

230
possível carregar os 2 (dois) ao mesmo tempo. Para trocar
de um sistema para outro, é necessário reiniciar (boot) o Obs.: Dependendo de sua distribuição e de seu shell, a linha
computador. de comandos pode ter um formato ligeiramente diferente do
que é mostrado nos exemplos. No Ubuntu Linux, por
Existe também a possibilidade de ter 2 (dois) sistemas exemplo, o segundo exemplo fica na seguinte forma:
operacionais na mesma máquina sendo executados proffabricio@prof: ~$
simultaneamente. Basta usar um software conhecido como
máquina virtual. Com a máquina virtual instalada, existe a Nos exemplos, a palavra existente antes do símbolo @ diz
possibilidade de executar um sistema dentro do outro. qual o nome do usuário que está usando o terminal (lembre-
se de que no Linux é necessário ter um usuário para utilizar
Sistema Operacional Monolítico: sistema composto por o sistema). Os nomes que aparecem depois do @ indicam o
apenas 1 (um) Kernel, responsável por todas as execuções computador que está sendo acessado seguido do diretório.
de processos do Sistema.
O caractere que aparece no final indica qual o poder do
As Distribuições Linux usuário. Se o símbolo for #, significa que usuário tem
poderes de administrador (root). Por outro lado, se o
Algumas empresas e organizações de voluntários decidiram símbolo for $, significa que este é um usuário comum,
juntar os programas do Linux em “pacotes” próprios aos incapaz de acessar todos os recursos que um administrador
quais elas dão suporte. Esses “pacotes” são chamados de acessa. Independente de qual seja, é depois do caractere que
distribuições. O Linux se refere ao Kernel, já o conjunto de o usuário pode digitar os comandos.
aplicativos que são executados no Kernel se chamam
distribuição.

As mais famosas distribuições do Linux são: Red Hat,


Ubuntu, Conectiva, Mandriva, Debian, Slackware, Fedora,
Open Suse, Apache (WebServer), Fenix, Kurumim, Kali,
Kalango, Turbo Linux, Chrome – OS, BackTrack, Arch
Linux e o Android (Linux usados em dispositivos móveis;
Smartphone, Tablets, Relógios…).

O Edital da PCPR usa em sua abordagem a distribuição


Ubuntu 14 ou superior.

Comandos do Linux

Agora, entraremos na parte mais “chata” de estudar do


Os Comandos Básicos do Linux
Linux, os comandos do Prompt (bash, sh, shell script…).
Existem dezenas de comandos, mas, para facilitar o seu
O Linux é case sensitive, seus comandos têm que ser
estudo, separei os que já foram pedidos nos principais
digitados em letras minúsculas, salvo algumas letras de
concursos.
comandos opcionais, que podem ter tanto em maiúscula
como em minúscula, mas terá diferença de resposta de uma
Se o Linux que você utiliza entra direto no modo gráfico ao
para a outra.
ser inicializado, é possível inserir comandos no sistema por
meio de uma aplicação de terminal. Esse recurso é
A relação a seguir mostra os comandos seguidos de uma
facilmente localizável em qualquer distribuição. Se o
descrição.
computador que você acessa não estiver com o modo gráfico
ativado, será possível digitar comandos diretamente,
bg: colocar a tarefa em background (segundo plano).
bastando se logar. Quando o comando é inserido, cabe ao
cal: exibe um calendário.
interpretador de comandos executá-lo. O Linux conta com
cat arquivo: mostra o conteúdo de um arquivo. Por
mais de um, sendo os mais conhecidos o bash e o sh.
exemplo, para ver o arquivo concurso. txt, basta digitar cat
concurso.txt. É utilizado também para concatenar arquivos
Quando um terminal é acessado, uma informação aparece no
exibindo o resultado na tela. Basta digitar: $ cat arquivo1 >
campo de inserção de comandos. É importante saber
arquivo2.
interpretá-la. Para isso, veja os exemplos abaixo:
cd diretório: abre um diretório. Por exemplo, para abrir a
pasta /mnt, basta digitar cd /mnt.
Para ir ao diretório raiz a partir de qualquer outro, digite
apenas cd.
Cd–: volta para o último diretório acessado (funciona como

231
a função “desfazer”).
Cd~: funciona como o “home”, ou seja, vai para o diretório Opções mais utilizadas:
do usuário.
Cd..: “volta uma pasta”. -d: especifica o caractere delimitador;
chattr: modifica atributos de arquivos e diretórios. -f: informa a posição do campo.
chmod: comando para alterar as permissões de arquivos e
diretórios. Exemplo de uso:
chown: executado pelo root permite alterar o proprietário ou
grupo do arquivo ou diretório, alterando o dono do arquivo # cut -d “:” -f 1,3,5 /etc/passwd
ou grupo.
Mostrará as colunas 1, 3 e 5 do arquivo /etc/passwd com o
# chown usuário arquivo delimitador “:”.
# chown usuário diretório date: mostra a data e a hora atual.
df: mostra as partições usadas, espaço livre em disco.
Obs.: Para saber quem é o dono e qual o grupo que é o diff arquivo1 arquivo2: indica as diferenças entre dois
proprietário da pasta, basta dar o comando: # ls -l / arquivos, por exemplo: diff calc.c calc2.c.
dir: lista os arquivos e diretórios da pasta atual; comando
Dessa forma você poderá ver os proprietários das pastas e “ls” é o mais usado e conhecido para Linux. dir é comando
dos arquivos. típico do Windows.
du diretório: mostra o tamanho de um diretório. emacs:
Por exemplo, para passar o diretório mp3 que pertence a abre o editor de textos emacs.
root, sendo a nova dona Maria, digite: fg: colocar a tarefa em foreground (primeiro plano).
file arquivo: mostra informações de um arquivo.
# chown Maria /mp3 find diretório parâmetro termo: o comando find serve
para localizar informações. Para isso, deve-se digitar o
Maria é a nova proprietária da pasta mp3, e /mp3 é o comando seguido do diretório da pesquisa mais um
diretório que foi mudado o proprietário, lembrando que, da parâmetro (ver lista abaixo) e o termo da busca. Parâmetros:
forma como foi executado o comando acima, ele alterou
somente do diretório /mp3, as subpastas dentro dele name – busca por nome
continuam com o proprietário antigo. type – busca por tipo
size – busca pelo tamanho do arquivo
Para incluir os subdiretórios, acrescente -R; exibir o mtime – busca por data de modificação
resultado, -c. Exemplo: find /home name tristania

# chown -c -R daia /mp3 finger usuário: exibe informações sobre o usuário indicado.
free: mostra a quantidade de memória RAM disponível.
Outro exemplo é alterar o grupo que pertence o diretório. grep: procura por um texto dentro de um arquivo.
Por exemplo, o diretório /mp3 pertence a Maria e o grupo é gzip: compactar um arquivo.
root. Se quero que pertença ao grupo inf, fica assim:
Entre os parâmetros disponíveis, tem-se:
# chown Maria:inf /mp3 -c – extrai um arquivo para a saída padrão;
Para incluir os subdiretórios, acrescente -R; exibir o -d – descompacta um arquivo comprimido;
resultado, -c. -l – lista o conteúdo de um arquivo compactado;
# chown -c -R Maria:inf /mp3 -v – exibe detalhes sobre o procedimento;
-r – compacta pastas;
clear: elimina todo o conteúdo visível, deixando a linha de -t – testa a integridade de um arquivo compactado.
comando no topo, como se o sistema acabasse de ter sido
acessado. halt: desliga o computador.
help: ajuda.
cp origem destino: copia um arquivo ou diretório para history: mostra os últimos comandos inseridos.
outro local. Por exemplo, para copiar o arquivo concurso.txt id usuário: mostra qual o número de identificação do
com o nome concurso2.txt para /home, basta digitar cp usuário especificado no sistema.
concurso.txt / home/ concurso 2.txt. ifconfig: é utilizado para atribuir um endereço a uma
interface de rede ou configurar parâmetros de interface
cut: o comando Cut é um delimitador de arquivos, o qual de rede.
pode ser utilizado para delimitar um arquivo em colunas,
número de caracteres ou por posição de campo. -a – aplicado aos comandos para todas as interfaces do
sistema.
Sintaxe: # cut -ad – aplicado aos comandos para todos “down” as

232
interfaces do sistema. –o
-au – aplicado aos comandos para todos “up” as interfaces Usa a listagem longa sem os donos dos arquivos (mesma
do sistema. coisa que -lG).
A seguinte operação dos parâmetros será especificada: -p
Mesma coisa que -F, mas não inclui o símbolo ‘*’ em
Up arquivos executáveis. Essa opção é típica de sistemas Linux.
Marca a interface “up”. Habilita a interface depois de um -R
“ifconfig down”. Ocorre automaticamente quando Lista diretórios e subdiretórios recursivamente.
configurado o endereço em uma interface. Configurando --full-time
esse “Flag”, não há efeito se o ifconfig estiver “down”. Lista data e hora completa.

Down Classificação da Listagem


Marca a interface “down”. Quando uma interface está
marcada down, o sistema não tentará transmitir mensagens A listagem pode ser classificada usando-se as seguintes
por meio daquelas interfaces. Se possível, a interface será opções:
resetada para desabilitar a recepção. Essa ação não -f Não classifica, e usa -au para listar os arquivos.
desabilitará o roteador usando a interface. -r Inverte a ordem de classificação. -c Classifica pela data de
alteração.
kill: encerra processos em andamento. Envia sinais aos -X Classifica pela extensão.
processos. -U Não classifica, lista os arquivos na ordem do diretório.
ls: lista os arquivos e diretórios da pasta atual. lshw: fornece informações detalhadas da configuração do
Opções: hardware e do sistema instalado. Relata a exata configuração
-a, --all da memória, cache e placa-mãe, versão e velocidade da CPU
Lista todos os arquivos (inclusive os ocultos) de um e algo mais.
diretório. lspci: esse comando exibe informações sobre dispositivos
-A, --almost-all PCI (Peripheral Controller Interconnect).
Lista todos os arquivos (inclusive os ocultos) de um
diretório, exceto o diretório atual e o de nível anterior. Algumas opções do comando:
-B, --ignore-backups
Não lista arquivos que terminam com ~ (Backup). -v: mostra informações detalhadas.
--color=PARAM -k: exibe informações sobre drivers e módulos do kernel.
Mostra os arquivos em cores diferentes, conforme o tipo de --version: exibe informações sobre o aplicativo.
arquivo. PARAM pode ser: lpr arquivo: imprime o arquivo especificado.
never – nunca lista em cores (mesma coisa de não usar o lpq: mostra o status da fila de impressão.
parâmetro --color). always – sempre lista em cores conforme lprm: remove trabalhos da fila de impressão.
o tipo de arquivo. ln: criar links (atalhos).
auto – somente colore a listagem se estiver em um terminal. ln: hardlink. Se o arquivo for alterado, o link também será.
d, --directory Lista os nomes dos diretórios em vez do Ln -s: link simbólico, semelhante ao do Windows. Se o
conteúdo. -f Não classifica a listagem. arquivo for alterado, quebra o link.
-F lynx: abre o navegador de internet de mesmo nome.
Insere um caractere após arquivos executáveis (‘*’), man: manual interno do Linux (Help).
diretórios (‘/’), soquete (‘=’), link simbólico (‘@’) e pipe mv origem destino: tem a mesma função do comando cp, só
(‘|’). Seu uso é útil para identificar de forma fácil tipos de que, em vez de copiar, move o arquivo ou o diretório para o
arquivos nas listagens de diretórios. destino especificado. Comando também utilizado para
-G, --no-group renomear arquivos.
Oculta a coluna de grupo do arquivo. mkdir diretório: cria um diretório, por exemplo:
-h, --human-readable mkdir concursos cria uma pasta de nome concurso.
Mostra o tamanho dos arquivos em Kbytes, Mbytes, Gbytes. mount: é utilizado para montar um dispositivo na hierarquia
-H no sistema de arquivos do Linux.
Faz o mesmo que -h, mas usa unidades de 1000 em vez de nice/renice: altera a prioridade dos processos.
1024 para especificar Kbytes, Mbytes, Gbytes. passwd: altera sua senha. Para um administrador mudar a
-l senha de um usuário, basta digitar passwd seguido do nome
Usa o formato longo para listagem de arquivos. Lista as deste. ps: mostra os processos em execução.
permissões, data de modificação, donos, grupos etc.
-n O comando ps possibilita uma listagem de todos os
Usa a identificação de usuário e grupo numérico em vez dos processos em execução na máquina. Esse comando possui
nomes. algumas opções, como:
-L, --dereference Lista o arquivo original, e não o link
referente ao arquivo. -a: lista os processos de todos os usuários;

233
-e: lista as variáveis de ambiente no momento da -w – pede confirmação antes de cada ação no comando;
inicialização do processo; -x – extrai arquivos de um arquivo tar existente;
-x: lista todos os processos que não foram iniciados no -z – comprime o arquivo tar resultante com o gzip;
console; -C – especifica o diretório dos arquivos a serem
-f: lista uma árvore de execução de comandos; armazenados (note que, nesse caso, a letra é maiúscula).
-u: exibe o nome do usuário e a hora de início do processo.
pwd: mostra o diretório em que você está. telnet: ativa o serviço de Telnet em uma máquina. Para
reboot: reinicia o sistema imediatamente (pouco acessar esse computador a partir de outros por Telnet, basta
recomendável, preferível shutdown -r now). digitar telnet nomedamáquina ou telnet IP. Por exemplo:
rm arquivo: apaga o arquivo especificado. telnet 192.168.0.10. Após abrir o Telnet, digite help para
-d: remove um diretório. conhecer suas funções.
-f: ele não pede autorização para o usuário e ignora os top: exibe a lista dos processos, conforme os recursos de
arquivos não localizados. memória consumidos.
-r: deleta o conteúdo de todos os subdiretórios. touch: é usado para criar arquivos. Além disso, ele ainda
-i: pergunta se realmente deseja apagar o arquivo. pode mudar a data e a hora de acesso e ou modificação de
rmdir diretório: apaga o diretório especificado, desde que arquivos.
vazio.
set: Exibir as variáveis do sistema e do usuário. As opções mais usadas são:
shutdown: desliga ou reinicia o computador. -a: muda somente a data e a hora de acesso para a atual;
Shutdown -r now: reinicia o computador; shutdown -h -m: muda somente a data e a hora de modificação para a
now: desliga o computador. atual;
-t datahora: muda a hora e a data para o data/hora definidos.
O parâmetro now pode ser mudado. Por exemplo: digite
shutdown -r +10 e o sistema irá reiniciar daqui a 10 minutos. Exemplos: fabriciomelo@macbook:$ touch arquivo1
Criei um arquivo de nome arquivo1.
sort: permite ordenar o conteúdo do arquivo.
startx: abrir o ambiente gráfico. su: passa para o usuário uname: mostra informações do sistema operacional e do
administrador, isto é, root (perceba que o símbolo $ mudará computador. Digite uname -a para obter mais detalhes.
para #). useradd usuário: cria uma nova conta usuário, por
sudo: permite que um usuário em particular execute vários exemplo, useradd aluno cria o usuário aluno.
comandos como superusuário sem que possua sua senha, ou userdel usuário: apaga a conta do usuário especificado.
seja, sem a senha do root. system: o comando system chama uptime: mostra as horas que seu computador está ligado. vi:
as funções do sistema. inicia o editor de textos vi.
tail: pode ser utilizado para examinar as últimas linhas de whereis nome: procura pelo binário do arquivo indicado,
um arquivo. O comando $ tail / etc/passwd irá exibir as dez útil para conhecer seu diretório ou se ele existe no sistema.
últimas linhas do arquivo /etc/passwd. w: mostra os usuários logados atualmente no computador
(útil para servidores).
É possível também especificar o número de linhas a serem wc: faz a contagem em unidade do conteúdo de um arquivo,
exibidas, em vez das dez linhas que o comando adota como linhas, caracteres e palavras.
padrão: who: mostra quem está usando o sistema.
$ tail -n 20 /etc/passwd Whoami: lista o nome da conta associada ao login atual.
Uma diretiva muito útil é “-f”, que permite a visualização
dinâmica de um arquivo, ou seja, as linhas são exibidas na Uso da Barra Invertida no Prompt
tela na medida em que são geradas. No sistema operacional Linux, a barra invertida (\) é pouco
utilizada. Na utilização para designar diretórios, por
Obs.: O comando head faz justamente o inverso do tail. exemplo, a barra comum (/) é utilizada. No Linux a barra
invertida possui apenas duas finalidades, sendo a primeira
tar arquivo.tar.gz: extrai um arquivo compactado em delas proteger um caractere que possui um significado
tar.gz. especial (curingas e metacaracteres), para que ele seja
interpretado como um caractere comum. E a segunda é
Na linha acima, tar é o comando. Em parâmetros, é possível indicar que um comando irá continuar na próxima linha.
utilizar várias opções. Estas são as principais:
Entendendo as Permissões no Linux
-c – cria um novo arquivo tar; As permissões são um dos aspectos mais importantes do
-t – exibe o conteúdo de um arquivo tar; Linux (na verdade, de todos os sistemas baseados em Unix).
-p – mantém as permissões originais do(s) arquivo(s); Elas são usadas para vários fins, mas servem principalmente
-r – adiciona arquivos a um arquivo tar existente; para proteger o sistema e os arquivos dos usuários.
-f – permite especificar o arquivo tar a ser utilizado; Manipular as permissões é algo muito interessante, tanto
-v – exibe detalhes da operação; quanto complexo. Mas tal complexidade não deve ser

234
interpretada como dificuldade, e sim como grande variedade Chmod
de configurações, o que permite criar vários tipos de
proteção de arquivos e diretórios. Como você deve saber, Exemplo: chmod 623 recado.txt
somente o superusuário (root) tem ações irrestritas no
sistema, justamente por ser o usuário responsável pela Leia-se: chmod (nome do comando) 6 (permissão do
configuração, administração e manutenção do Linux. Cabe a proprietário de acordo com a tabela) 2 (permissão dos
ele, por exemplo, determinar o que cada usuário pode grupos de acordo com a tabela) 3 (permissão do usuário
executar, criar, modificar etc. Naturalmente, a forma usada comum de acordo com a tabela) recado.txt (nome do
para determinar o que o usuário pode fazer é a determinação arquivo).
de permissões. Irei, agora, explicar as configurações de
permissões de arquivos e diretórios, assim como modificá- Se a permissão estivesse: -rwxrwxrwx
las. Observe: Passaria para: -rw—w—wx

Exemplo: chmod 623 estudar.txt


1º passo: divida as permissões; isole o primeiro caractere,
pois ele se refere ao tipo de arquivo. O traço (-) é de um
arquivo comum (estudar.txt – arquivo de texto). Depois
divida as permissões de 3 em 3. -|rwx|rwx|rwx

Cada conjunto de três letras e cada número do comando


chmod refere-se a um tipo de usuário:

1º – Proprietário (u).
2º – Grupos de usuários (g).
Observe que a figura acima exibe uma listagem dos arquivos 3º – Usuários comuns (o)
presentes no Linux. No lado esquerdo, são exibidas as
permissões dos arquivos.

Detalhando as Permissões
Tipos de arquivos (observe a primeira letra à esquerda): Obs.: Coloque o número 4 acima do proprietário (u), o
“d” Arquivo do tipo diretório (pasta) número 2 acima do grupo (g) e o número 1 acima do comum
“-” Arquivo comum (arquivo de texto, planilha, imagens…) (o). Nunca mude essa ordem! Observe que a soma dos 3
“l” Link (atalho) números forma todas as permissões da tabela.

Tipos de permissões (o que os usuários poderão fazer com 3º passo: some as combinações. Proprietário: 6 (soma de 4
os arquivos): (ler) + 2 (gravar)). Grupos de usuários: 2 (gravar). Comum:
r: read (ler) 3 (soma de 2 (gravar) + 1 (executar)).
w: writer (gravar)
x: execute (executar) 4º passo: reescreva o resultado das permissões: rw--w—wx
“-”: não permitido
Estrutura de Diretórios e Arquivos
Tipos de usuários (serão três categorias de usuários): O Linux, assim como o Windows, possui seu sistema de
Proprietário (u) gerenciamento de arquivos, que pode variar de acordo com a
Grupos de usuários (g) distribuição. Os mais conhecidos são: Konqueror, Gnome,
Usuário comum (o) Dolphin, Krusader, Pcman, XFE…

Tabela de permissões (a tabela é composta de oito O Linux Ubuntu adota o Nautilus como gerenciador de
combinações): arquivos. Veja:

0: sem permissão
1: executar
2: gravar
3: gravar/executar
4: ler
5: ler/executar
6: ler/gravar
7: ler/gravar/executar

Comando para alterar uma permissão:

235
hdb, sdb, cdrom etc.
/opt – Possui os softwares que não fazem parte da instalação
padrão do GNU/Linux.
/proc – É criado na memória (portanto, não ocupa espaço
em disco) pelo kernel e fornece informações sobre ele e os
processos ativos.
/root – Diretório local do superusuário (root).
/run – O diretório /run é relativamente novo e oferece aos
aplicativos um local padrão para armazenar arquivos
temporários, como soquetes e identificações de processos.
Esses arquivos não podem ser armazenados em /tmp, pois os
arquivos localizados em /tmp podem ser apagados.
/sbin – Contém arquivos referentes à administração e
manutenção de hardware e software.
/snap – Arquivos de implantação e um sistema de
Enquanto no Windows a partição raiz geralmente é “C:\”, gerenciamento de pacotes que foi projetado e construído
os programas são instalados em “C:\Arquivos de pela Canonical para o sistema operacional Ubuntu phone.
Programas” e os arquivos do sistema em C:\WINDOWS, no Com o suporte a Snap instalado em sua distribuição, já é
GNU/Linux, é basicamente o contrário: o diretório raiz é possível instalar aplicativos diversos para o Linux.
representado pela barra “/”, que pode ficar armazenado no /srv – O diretório /srv contém “dados para serviços
disco físico ou em uma unidade de rede, e todos os arquivos prestados pelo sistema”. Se você usa o servidor Apache em
e pastas do sistema ficam dentro dele. um site, provavelmente armazena os arquivos do seu site em
um diretório dentro do /srv.
Como esses diretórios são padronizados, provavelmente irão /sys – A pasta sys tem basicamente a mesma finalidade
aparecer na sua prova futuramente. Vejamos: atribuída ao diretório proc.
/tmp – Arquivos temporários.
/ – Diretório raiz, armazena todos os outros. /usr – É o diretório com o maior número de arquivos,
/bin – Armazena os executáveis dos comandos básicos do incluindo bibliotecas (/usr/lib) e executáveis (/usr/bin) dos
sistema. principais programas.
/boot – É onde ficam o kernel e os arquivos de boot /usr/X11 – Arquivos do sistema do gerenciador de janelas.
(inicialização) do sistema. /cdrom – O diretório /cdrom não /usr/man – Manuais online.
faz parte do padrão FHS, mas você pode encontrá-lo no /var – Arquivos variáveis, que mudam com frequência.
Ubuntu e em outras versões do sistema operacional. É um Comparação entre as unidades de disco do Windows com as
local temporário para CD-ROMs inseridos no sistema. No unidades Linux
entanto, o local padrão para a mídia temporária está dentro
do diretório /media.
/dev – Dispositivos de entrada/saída (disquete, disco rígido,
paca de som etc.). Todos os arquivos contidos nesse
diretório (/dev/hda, /dev/dsp, /dev/fd0 etc) são ponteiros
para dispositivos de hardware.
/etc – Armazena os arquivos de configuração do sistema,
como se fossem o arquivo de registro do Windows.
/home – Aqui ficam as pastas e os arquivos dos usuários.
O root tem acesso a todas elas, mas cada usuário só tem Teclas de atalhos
acesso às suas próprias pastas. O Linux Ubuntu contém uma quantidade de teclas de
/lib – Bibliotecas do sistema, como se fosse o diretório atalhos interessante. A grande maioria segue o padrão que já
System32 do Windows. é utilizado pelos softwares da Microsoft, porém o idioma
/lib64 – Bibliotecas do sistema, arquitetura 64 bits. segue o Inglês. Veja as principais:
/media – O diretório /media contém subdiretórios em que os
dispositivos de mídia removível inseridos no computador Atalhos Gerais
são montados. Por exemplo, quando você insere um CD,
DVD, pen drive em seu sistema Linux, um diretório será Ctrl + Q -> Fechar o aplicativo ativo.
criado automaticamente dentro do diretório /media. Você Ctrl + A -> Selecionar tudo.
pode acessar o conteúdo do CD dentro desse diretório. Ctrl + S -> Salvar o documento ou alterações feitas.
/mnt – Ponto de montagem para dispositivos de hardware Ctrl + P -> Imprimir o documento.
que estão em /dev. O leitor de CD encontrado em /dev/fd0, Ctrl + C -> Copiar o conteúdo selecionado.
por exemplo, será montado em /mnt/cdrom. Ao contrário do Ctrl + V -> Colar o conteúdo da área de transferência.
Windows, no qual os discos e partições aparecem como C:, Ctrl + X -> Cortar o conteúdo selecionado.
D:, E:, no GNU/Linux, eles aparecem como hda1, hda2, Atalhos de Teclado com o Gnome

236
Ctrl + Alt + Barra de espaço -> Reiniciar o Gnome. interagir com as novas opções.
Alt + F2 -> Abrir a caixa “Executar comando”.
Alt + F4 -> Fechar a janela atual.
Alt + Tab -> Alternar entre janelas.
Ctrl + Alt + F1 -> Mudar para o primeiro terminal ou tty1
(sem modo gráfico).
Alt + Print -> Tirar uma captura de tela da tela ativa.
Atalhos de Terminal Seta para cima ou para baixo ->
Pesquisar entre o histórico de comandos usados.
Ctrl + C -> Matar o processo atual ou em execução.
Ctrl + U -> Excluir a linha atual.
Tabulador -> Completar a palavra de acordo com os
arquivos que existem no diretório.

4.1 Edição de textos, planilhas e apresentações Trabalho em conjunto


(ambientes Microsoft Office e BrOffice) Se o GoogleDocs conquistou muitos usuários graças à sua
Quando falamos de edição de texto, edição de planilhas ou plataforma online que permite trabalhar de forma
apresentações estamos falando de softwares (programas de colaborativa, a Microsoft também passa a integrar algo do
computador) criados para esse propósito. Em ambas as gênero em seu pacote de aplicativos. No Microsoft Word,
funções acima existem inúmeros programas que entram Microsoft Excel e Microsoft PowerPoint, graças ao novo
nessas categorias, porém vamos falar um pouco dos mais conceito de Web App, agora é possível trabalhar de maneira
conhecidos. online e em tempo real na edição de documentos.

O que são editores de texto? Editores de texto são quaisquer


softwares feitos com o objetivo de “escrever”, escrever um
trabalho escolar, uma carta, um artigo, um livro e etc…
temos alguns exemplos famosos no mercado, como o
Microsoft Word e o Bloco de Notas do Windows.

Editores de planilhas são ferramentas com o objetivo de


construir gráficos e tabelas, são usadas formulas de forma a
organizar e facilitar o trabalho, tornando mais automatizado
e fácil de editar. O maior exemplo de editor de planilhas é
certamente o Microsoft Excel, porém tanto no Libre Office
quanto no BrOffice existem aplicativos similares.
Mobilidade
Por fim, os editores de apresentações. Apresentações, O Office 2010 aposta também na mobilidade como
também conhecidos como “slides”, um editor de diferencial para interação com o usuário. A proposta é que
apresentação é uma ferramenta feita para, é claro, seja possível trabalhar a partir de um smartphone ou até
apresentações visuais, passar conteúdos, gráficos e imagens virtualmente. Para isso, basta ao salvar o arquivo no seu
em qualquer tipo de apresentação ficou muito mais fácil. O desktop enviá-lo também para o live space. Ao acessá-lo
maior exemplo de ferramenta do tipo ainda é certamente o virtualmente você pode editar o texto como desejar e, ao
Microsoft Power point. voltar para o seu desktop, automaticamente a versão mais
recente é aberta, caso você esteja conectado à internet.
Noções dos ambientes Microsoft Office e BROffice

Microsoft Office:

A versão do pacote Office 2010 reúne os aplicativos mais


conhecidos da empresa como Word, Excel, Power Point,
Access, Outlook e Publisher.

Enfoque nos aspectos visuais


A aposta da empresa, mais uma vez, recai nos elementos
visuais de fácil identificação por parte do usuário. A ideia é
trazer novas ferramentas que transformem a concepção do
seu trabalho em uma experiência dinâmica com cores e
elementos visuais. Além disso, um pacote de temas e Personalização de vídeos no PowerPoint
SmartArt layouts gráficos dá uma ideia a você de como Agora é possível editar trechos e incluir alguns efeitos

237
simples em vídeos dentro do PowerPoint. Além disso, a juntamente com marketing agressivo, tornaram o Excel um
edição de dados e gráficos ficou ainda mais fácil, uma vez dos mais populares aplicativos de computador até hoje. É,
que o programa adota o trabalho por layers (camadas), com grande vantagem, o aplicativo de planilha
similar ao de editores de imagens como o Adobe Photoshop. eletrônica dominante, disponível para essas plataformas e o
tem sido desde a versão 5 em 1993 e sua inclusão como
parte do Microsoft Office.

Microsoft InfoPath (Microsoft Office InfoPath) é um


aplicativo da Microsoft utilizado para desenvolver dados no
formato XML. Ele padroniza os vários tipos de formulários,
o que ajuda a reduzir os custos do desenvolvimento
personalizado de cada empresa.O programa entrou em ação
no pacote do Office 2003 foi incluído também no Office
2007 e Office 2010. Não está disponível na versão Microsoft
Works 6.0.

O Microsoft Office OneNote, habitualmente referido


como Microsoft OneNote, é uma ferramenta para
anotações, coleta de informações e colaboração multi-
Compressão de emails em uma única categoria usuário desenvolvida pela Microsoft.
Esta novidade é do Outlook, mas você já deve conhecer algo
similar se possui uma conta do Gmail. Suas trocas de emails Embora muitos sistemas anteriores tenham se baseado em
agora passam a ser agrupadas em um único tópico. Um texto de fluxo linear (simples listas), OneNote visualiza as
exemplo: suponha que em uma conversa com um amigo notas em uma página bidimensional. OneNote acrescenta
você troquem dez mensagens entre si. também características modernas, tais como desenhos,fotos,
áudio e vídeo (multimídia), bem como compartilhamento
Todas são listadas em um único tópico e organizadas da multi-usuário de notas.
mais nova para a mais antiga. Isso evita que sua caixa de
mensagens seja poluída por dezenas de confirmações de Uma ferramenta muito útil para busca de anotações é a
leitura ou respostas simples que caberiam em uma caixa de ferramenta busca que o OneNote oferece. Todas as notas são
conversação. indexadas, o que significa que em um tempo muito curto o
software tem a capacidade de encontrar arquivos e textos.
A busca ocorre igualmente dentro dos textos de figuras e nas
palavras gravadas por áudio, já que o programa possui
reconhecimento de texto e fala automáticos. Uma versão
web do OneNote é parte integrante do OneDrive ou Office
Web Apps e possibilita aos usuários que editem notas
através de uma navegador de internet (browser).
Diferentemente do Outlook Express, que é usado
basicamente para receber e enviar e-mail, o Microsoft
Outlook além das funções de e-mail, ele é um calendário
Com o Microsoft Access é possível desenvolver desde completo, onde você pode agendar seus compromissos
aplicações simples como por exemplo, um cadastro de diários, semanais e mensais. Ele traz também um rico
clientes, controle de pedidos até aplicações mais complexas, gerenciador de contatos, onde você pode além de cadastrar o
como por exemplo, todo o controle operacional, nome e email de seus contatos, todas as informações
administrativo e financeiro de uma pequena ou até mesmo relevantes sobre os mesmos, como endereço, telefones,
de uma média ou grande empresa, pois os aplicativos Ramo de atividade, detalhes sobre emprego, Apelido, etc.
desenvolvidos podem rodar perfeitamente numa rede de Oferece também um Gerenciador de tarefas, as quais você
computadores e os dados armazenados pelo sistema podem pode organizar em forma de lista, com todos os detalhes
ser publicados na Intranet ou até mesmo na Internet. sobre determinada atividade a ser realizada. Conta ainda
com um campo de anotações, onde ele simula aqueles post-
O Microsoft Office Excel é um editor de planilhas its, papeis amarelos pequenos autoadesivos. Utilizado
produzido pela Microsoft para computadores que utilizam geralmente no sistema operacional Windows.
o sistema operacional Microsoft Windows, além de
computadores Macintosh da Apple Inc. e dispositivos Microsoft PowerPoint é um programa utilizado para
móveis como o Windows Phone, Android ou o iOS. Seus criação/edição e exibição de apresentações gráficas,
recursos incluem uma interface intuitiva e capacitadas originalmente escrito para o sistema operacional Windows e
ferramentas de cálculo e de construção de gráficos que, portado para a plataforma Mac OS X. A versão para
Windows também funciona no Linux através da camada de

238
compatibilidade Wine. Há ainda uma versão mobile para os profissionais de informações podem sincronizar
smartphones que rodam o sistema Windows Phone. facilmente conteúdo online e offline com um site designado
do SharePoint ou colaborar com parceiros externos e
O PowerPoint é usado em apresentações, cujo objetivo é membros da equipe externa por meio de espaços de trabalho
informar sobre um determinado tema, podendo compartilhados. O SharePoint Workspace 2010 está incluído
usar:imagens, sons, textos e vídeos que podem ser animados no Microsoft Office Professional Plus 2010.
de diferentes maneiras. O PowerPoint tem suporte a objetos
OLE e inclui uma ferramenta especial de formatação de O Microsoft Word é um processador de texto produzido
texto (WordArt), modelos de apresentação pré-definidos, pela Microsoft. Foi criado por Richard Brodie para
galeria de objetos gráficos e uma gama de efeitos de computadores IBM PC com o sistema operacional DOS em
animação e composição de slides. 1983. Mais tarde foram criadas versões para o Apple
Macintosh (1984), SCO UNIX e Microsoft Windows
O formato nativo do PowerPoint é o PPT, para arquivos de (1989). Faz parte do conjunto de aplicativos Microsoft
apresentações, e o PPS, para apresentações diretas. A partir Office. Utiliza atualmente como extensão padrão dos
da versão 2007 do programa, a Microsoft introduziu o arquivo de texto: “.docx”.
formato .PPTX. Para executar o Powerpoint em máquinas
que não o tenham instalado, é necessário usar o software LibreOffice
PowerPoint Viewer, uma vez que o PowerPoint não tem O LibreOffice é um pacote de escritório assim como o MS
suporte nativo para outros formatos como o SWF, o PDF e Office. Embora seja um software livre, pode ser instalado
mesmo o OpenDocument Format. Os arquivos do em vários sistemas operacionais, como o MS Windows, Mac
PowerPoint em geral são lidos sem problemas por outros OS X, Linux e Unix. Ao longo dos anos, passou por várias
softwares similares como o Impress. modificações em seu projeto, mudando até mesmo de nome,
mas mantendo os mesmos aplicativos. É importante
Microsoft Publisher é um programa da suite Microsoft conhecer esse histórico da suíte para entender sua evolução
Office, que é basicamente usado para diagramação ao longo do tempo. StarOffice: inicialmente, o projeto era
eletrônica, como elaboração de layouts com texto, gráficos, um software pertencente à empresa alemã Star Division, que
fotografias e outros elementos. Esse programa é comparado desistiu de dar continuidade ao projeto e decidiu doá-lo a
com softwares tais como o QuarkXPress, Scribus, Adobe uma comunidade internacional de software livre chamada
InDesign e Draw. Foi criado em 1991. OpenOffice.org.

É capaz de criar
• Publicações para impressão;
• Páginas da Web (que não requerem conexão com a
internet ao criar uma página da web);
• Edições de e-mail.
• Criar panfletos
• Boletins informativos
SharePoint Workspace 2010 sucede e é o novo nome do
Microsoft Office Groove 2007. O SharePoint Workspace
2010 é um aplicativo cliente que oferece acesso interativo
rápido e a qualquer instante a bibliotecas de documentos e
listas no Microsoft SharePoint Server 2010 e no Microsoft
SharePoint Foundation 2010. O SharePoint Workspace 2010
também oferece opções para criar espaços de trabalho
conjuntos do e espaços de trabalho da Pasta Compartilhada.
O SharePoint Workspace 2010 é mais versátil que o
Microsoft Office Groove 2007 e pode ser integrado ao OpenOffice: o projeto internacional virou um software livre,
Microsoft SharePoint Server 2010 ou ser executado de patrocinado pela Sun Microsystems, a criadora do Java.
forma independente.

O Microsoft SharePoint Workspace 2010 fornece um cliente


para Microsoft SharePoint Server 2010 e Microsoft
SharePoint Foundation 2010, o qual habilita a sincronização
em tempo real do conteúdo da área de trabalho com
documentos e listas do SharePoint. O SharePoint Workspace
2010 também oferece opções para criação de espaços de
trabalho de colaboração do Groove e pastas compartilhadas
sincronizadas. Com o uso do SharePoint Workspace 2010,

239
BrOffice: o projeto OpenOffice foi trazido para o Brasil,
mas na hora de registrar sua patente, já havia outro produto
registrado com essa marca. Por causa disso, foi preciso
registrá-lo como BrOffice, porém, mantendo todos os Obs.: os arquivos do LibreOffice são arquivos de formato
aplicativos da suíte. aberto e, por isso, pertencem à família de documentos
abertos ODF (Open Document Format). Cuidado, pois ODF
não é uma extensão, mas, sim, uma família de documentos
estruturada internamente pela linguagem XML. Por isso,
você pode se deparar com questões falando sobre arquivos
ODF de texto, que são da extensão.odt, ou ainda arquivos
XML de documentos abertos de planilha, que são arquivos
com a extensão .odt.

Writer – Editor de Textos


O Writer é o editor de textos do LibreOffice, que também
trabalha com edição básica de imagens, tabelas e gráficos.
Ele é compatível com o MS Word, abrindo, editando e
salvando os arquivos.docx.

LibreOffice: a Sun Microsystems foi comprada pela Oracle,


e esta passou a ser patrocinadora do projeto. Porém, sua
política de gestão não agradou a comunidade responsável
pelo projeto, resultando na divisão entre elas. Daí para
frente, em 2012, a comunidade criou uma nova organização Principais Barras de Ferramentas
de software livre chamada The Document Foundation Barra de Títulos: exibe o nome do documento. Se o usuário
(TDF), desenvolvendo um novo pacote de escritório não fornecer nome algum, o Writer sugere o nome Sem
software livre chamado LibreOffice, mantendo novamente título 1. Quando um arquivo é criado, ele fica na memória
todos os aplicativos do pacote anterior. Entretanto, o projeto RAM com esse nome até que seja salvo pelo usuário. O
OpenOffice continuou com a Apache Software Foundation e usuário pode salvá-lo com esse nome ou pode escolher outro
não mais OpenOffice.org. Algumas bancas estão cobrando o nome na hora de salvá-lo. Se aparecer outro nome diferente
Apache OpenOffice em vez do LibreOffice, o que não é o de Sem título 1, significa que o arquivo foi salvo de fato,
nosso caso. Esse é um breve histórico do LibreOffice com seja no disco, seja numa mídia removível, seja em uma
suas várias transformações. Veremos, agora, os aplicativos unidade de rede ou na nuvem.
que compõem essa suíte de escritório e suas
funcionalidades. Menu: dá acesso a todas as funcionalidades do Writer,
categorizando por temas de funcionalidades.

Barra de ferramentas padrão: está presente em todos os


aplicativos do LibreOffice e é igual para todos eles, por isso
tem esse nome “padrão”.

Barra de ferramentas de formatação: essa barra apresenta as

240
principais funcionalidades de formatação de fonte e • Normal: modo de exibição padrão como o documento será
parágrafo. exibido em uma
página;
Principais Menus • Web: exibe o documento como se fosse uma página web
Os menus organizam o acesso às funcionalidades do num navegador;
aplicativo. Eles são praticamente os mesmos em todos os • Marcas de Formatação: exibe os caracteres não
aplicativos, mas suas funcionalidades variam de um para imprimíveis, como os de
outro. Veremos os principais menus do Writer. quebra de linha, de parágrafo, de seção, tabulação e espaço.
Tais caracteres
Arquivo: esse menu trabalha com as funcionalidades de são exibidos apenas na tela, não são impressas no papel
arquivo, tais como: (CTRL+F10);
• Navegador: permite navegar nos vários objetos existentes
• Novo: essa funcionalidade cria um novo arquivo do Writer no documento,
ou de qualquer outro dos aplicativos do LibreOffice; como tabelas, links, notas de rodapé, imagens etc. (F5);
• Abrir: abre um arquivo do disco local ou removível ou da • Galeria: exibe imagens e figuras que podem ser inseridas
rede local existente do Writer; no documento;
• Abrir Arquivo Remoto: abre um arquivo existente da • Tela Inteira: suprime as barras de ferramenta e menus
nuvem, sincronizando todas as alterações remotamente; (CTRL+SHIFT+J).
• Salvar: salva as alterações do arquivo local desde o último Inserir: nesse menu, é possível inserir inúmeros objetos ao
salvamento; texto, tais como:
• Salvar • Quebra de página: insere uma quebra de página e o cursor
é posicionado no
Arquivo Remoto: sincroniza as últimas alterações não salvas início da próxima página a partir daquele ponto em que a
no arquivo lá na nuvem; quebra foi inserida;
• Salvar como: cria uma cópia do arquivo atual com as • Quebra manual: permite inserir uma quebra de linha, de
alterações realizadas desde o último salvamento; coluna e de página;
• Exportar como PDF: exporta o arquivo atual no formato • Figura: insere uma imagem de um arquivo;
PDF. Permite definir restrições de edição, inclusive com • Multimídia: insere uma imagem da galeria LibreOffice,
senha; uma imagem digitalizada de um scanner ou vídeo;
• Enviar: permite enviar o arquivo atual por e-mail no • Gráfico: cria um gráfico do Calc, com planilha de dados
formato.odt,.docx,.pdf. Também permite compartilhar o embutida no Writer;
arquivo por bluetooth; Objeto: insere vários tipos de arquivos, como do Impress e
• Imprimir: permite imprimir o documento em uma do Calc dentre
impressora local ou da rede; outros;
• Assinaturas digitais: assina digitalmente o documento, • Forma: cria uma forma geométrica, tipo círculo, retângulo,
garantindo sua integridade e autenticidade. Qualquer losango etc.;
alteração no documento assinado viola a assinatura, sendo • Caixa de Texto: insere uma caixa de texto ao documento;
necessário assinar novamente. Editar: esse menu possui • Anotação: insere comentários em balões laterais;
funcionalidades de edição de conteúdo, tais como: • Hiperlink: insere hiperlink ou link para um endereço da
• Desfazer: desfaz a(s) última(s) ação(ões); internet ou um servidor FTP, para um endereço de e-mail,
• Refazer: refaz a última ação desfeita; para um documento existente ou para
• Repetir: repete a última ação; um novo documento (CTRL+K);
• Copiar: copia o item selecionado para a área de • Indicador: insere um marcador ao documento para rápida
transferência; localização posteriormente;
• Recortar: recorta ou move o item selecionado para a área • Seção: insere uma quebra de seção, dividindo o documento
de transferência; em partes separadas com formatações independentes;
• Colar: cola o item da área de transferência; • Referências: insere referência a indicadores, capítulos,
• Colar Especial: cola o item da área de transferência títulos, parágrafos
permitindo escolher o formado de destino do conteúdo numerados do documento atual;
colado; • Caractere Especial: insere aqueles caracteres que você não
• Selecionar Tudo: seleciona todo o documento; encontra no
• Localizar: localiza um termo no documento; teclado do computador, tais como ©, ≥, ∞;
• Localizar e Substituir: localiza e substitui um termo do • Número de Página: insere numeração nas páginas na
documento por outro fornecido; posição atual do cursor;
• Ir para a página: permite navegar para uma página do • Campo: insere campos de numeração de página, data, hora,
documento. título, autor,
Exibir: esse outro menu define as várias formas que o assunto;
documento é exibido na • Cabeçalho e Rodapé: insere cabeçalho e rodapé ao
tela do computador. Vejas as principais funcionalidades: documento;

241
• Formatar: esse menu trabalha com a formatação de fonte,
parágrafo, página, formas e figuras;
• Texto: formata a fonte do texto;

• Listas: transforma os parágrafos em estrutura de tópicos


com marcadores ou numeração. Veja as duas
funcionalidades de listas:

Clonar Formatação: essa ferramenta é chamada de “pincel


de formatação” no MS Word e faz a mesma função, ou seja,
clona a formatação de um item selecionado e a aplica a
outro;

• Limpar Formatação Direta: limpa a formatação do texto


selecionado, deixando a formatação original do modelo do
documento;

• Caractere...: diferentemente do MS Word, o Write chama a


fonte de caractere. Muito cuidado! Pois várias questões já
• Espaçamento: formata o espaçamento entre as linhas, entre engaram muitos candidatos(as) com isso! Perceba algo bem
os parágrafos e também o recuo do parágrafo. Veja as discreto, que é o sinal de reticência após o nome Caractere.
principais funcionalidades de espaçamento: Isso indica que abrirá a caixa de diálogo da funcionalidade
correspondente. Veja a caixa de diálogo de formatação de
caractere;

• Alinhar: alinha o parágrafo uniformemente em relação às


margens. Veja as principais formatações de alinhamento de
parágrafos:

• Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo


de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de
formatação (tachado, sublinhado, sombra etc.), a posição do
texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as
letras do texto), inserir hiperlink, aplicar realce (cor de
fundo do texto) e bordas;

242
• Parágrafo...: abre a caixa de diálogo de formatação de tais como:
parágrafo. Veja a janela correspondente e suas • Ortografia e Gramática: essa ferramenta aciona o corretor
funcionalidades; ortográfico para fazer a verificação de ocorrências de erros
em todo o documento. Ela corrige por alguma sugestão do
dicionário, permite inserir novos termos ao dicionário ou
apenas ignora as ocorrências daquele erro (F7);
• Verificação Ortográfica Automática: marca
automaticamente com um sublinhado ondulado vermelho as
palavras que possuem erros ortográficos ou que não
pertencem ao dicionário (SHIFT+F7);
• Dicionário de Sinônimos: apresenta sinônimos e antônimos
da palavra selecionada;
• Idioma: define o idioma do corretor ortográfico;
• Contagem de palavras: faz uma estatística do documento,
contando a quantidade de caracteres, palavras, linhas,
parágrafos e páginas;
• Autocorreção: substitui automaticamente uma palavra ou
termo do texto por outra. O usuário define quais termos
serão substituídos;
• Marcadores e Numeração: abre a caixa de diálogo de • Autotexto: insere automaticamente um texto por meio de
formatação de marcadores e de numeração numa mesma atalhos, por exemplo, um tipo de saudação ou finalização do
janela. Perceba que a mesma função de formatação já foi documento;
vista por meio dos botões de formatação. Essa mesma • Mala Direta: cria uma mala direta, que é uma
formatação é encontrada aqui na caixa de diálogo de correspondência endereçada a vários destinatários. É
marcadores e numeração; formada por uma correspondência (carta, mensagem de e-
• Página...: abre a caixa de diálogo de formatação de mail, envelope ou etiqueta) e por uma lista de destinatários
páginas. Aqui, encontramos a orientação do papel, que é se (tabela, planilha, banco de dados ou catálogo de endereços
o papel é horizontal (paisagem) ou vertical (retrato); contendo os dados dos destinatários).
• Figura: formata figuras inseridas ao texto;
• Caixa de Texto e Forma: formata caixas de texto e formas Principais Teclas de Atalho
inseridas no documento;
• Disposição do Texto: define a disposição que os objetos Separei para você as principais teclas de atalho do Writer, já
como imagens, formas e figuras ficarão em relação ao texto. fazendo uma comparação com as teclas do Word, ordenadas
de A a Z.
Estilos: esse menu trabalha com estilos do texto. Estilos são
o conjunto de formatação de fonte, parágrafo, bordas,
alinhamento, numeração e marcadores aplicados em
conjunto. Existem estilos predefinidos, mas é possível
também criar estilos e nomeá-los. Também é possível editar
os estilos existentes. Os estilos são usados na criação dos
sumários automáticos.

Tabelas: esse menu trabalha com tabelas. Um peguinha


muito comum em prova é afirmar que as tabelas podem ser
inseridas por meio do menu Inserir. Errado! As tabelas são
inseridas por aqui, no menu Tabelas.
As seguintes funcionalidades são encontradas nesse menu:

• Inserir Tabela: insere uma tabela ao texto;


• Inserir: insere linha, coluna e célula à tabela existente;
• Excluir: exclui linha, coluna e tabela;
• Selecionar: seleciona célula, linha, coluna e tabela;
• Mesclar: mescla as células adjacentes de uma tabela,
transformando-as em uma única tabela. Atenção! O
conteúdo de todas as células é preservado; Memorize-as, pois sempre são cobradas em prova.
• Converter: converte texto em tabela ou tabela em texto;
• Fórmulas: insere fórmulas matemáticas na célula da tabela, Seleção do Texto com o Mouse
tais como soma, multiplicação, média, contagem etc. A seleção do texto com o mouse se dá com o clique do
Ferramentas: esse menu trabalha com diversas ferramentas, botão esquerdo do mouse. Existe a seleção com o clique

243
SOBRE o texto e a seleção com o clique À MARGEM
ESQUERDA do texto. Veja abaixo as duas formas de
seleção e as quantidades de cliques que envolvem essas
ações. Isso é muito importante, pois tem sido muito cobrado
em prova.

Calc – Planilhas Eletrônicas


O Calc é o aplicativo de planilhas eletrônicas do
LibreOffice. Assim como o MS Excel, ele trabalha com
células e fórmulas. Veremos as principais funcionalidades
do Calc e suas fórmulas. O LibreOffice aproveita os vários
menus dos aplicativos, sendo que muitos deles são apenas
uma repetição tanto no Writer quanto no Calc e no Impress.
Portanto, apresentarei apenas aquelas funcionalidades que
são específicas apenas do Calc para não ser tão repetitivo,
ok? Vamos lá então. Principais Fórmulas

Vejamos, agora, as principais funções na planilha a seguir,


com base na qual resolveremos as funções que virão.

=HOJE () Insere a data atual do sistema operacional na


célula. Essa data sempre será atualizada toda vez que o
arquivo for aberto. Existe uma tecla de atalho que também
insere a data atual do sistema, mas não como função, apenas
a data como se fosse digitada pelo usuário. Essa tecla de
atalho é CTRL+;. =AGORA () Insere a data e a hora atuais
do sistema operacional. Veja como é seu resultado após
digitada na célula.

=SOMA (C3:C7) Como eu disse, as funções levarão em


conta a Planilha Orçamento Pessoal. Essa função é a mais
cobrada em prova, embora seja bem simples, pois tem o
papel de apenas somar os argumentos que estão dentro dos
parênteses.
No nosso caso, ela somará as células de C3 até C7, ou seja,

244
os valores R$ 2.000,00, R$ 100,00, R$ 500,00, R$ 60,00 e difícil, não? Vamos tentar entender desta forma: analise
R$ 40,00, resultando em R$ 2.700,00. linha por linha do intervalo B3:B7. Então, vamos lá! Qual o
valor de B3? Resposta: C. Ele satisfaz o critério “D”, ou
=POTÊNCIA(C7;2) Essa função é uma potência, que eleva seja, é igual a D? Resposta: não. Então não somamos nada.
o primeiro argumento (C7), que é a base, ao segundo Vamos para a próxima linha: B4. Qual o valor de B4?
argumento (2), que é o expoente. Portanto, segundo nossa Resposta: C. Ele satisfaz o critério “D”? Resposta: não.
planilha, devemos elevar a base 40 ao expoente 2, Então não somamos nada. Vamos para a próxima linha: B5.
resultando em 1600. Qual o valor de B5? Resposta: D. Ele satisfaz o critério
“D”? Resposta: sim. Então vamos para o intervalo de soma
=MÁXIMO(C3:C11) Essa função escolhe o maior valor do C3:C7, na mesma linha que satisfez o critério, ou seja, C5 e
argumento, ou seja, o maior valor entre C3 e C11, que, no o somamos, o que dá R$ 500,00. Vamos para a próxima
nosso caso, é R$ 2.100,00. linha: B6. Qual o valor de B6? Resposta: D. Ele satisfaz o
critério “D”? Resposta: sim. Então vamos para o intervalo
=MÍNIMO(C3:C11) Essa função faz exatamente o contrário de soma C3:C7, na mesma linha que satisfez o critério, ou
da anterior, ou seja, escolhe o menor valor entre C3 e C11, seja, C6 e o somamos, o que dá R$ 560,00. Vamos para a
que é R$ 40,00. próxima linha: B7. Qual o valor de B7? Resposta: D. Ele
satisfaz o critério “D”? Resposta: sim. Então vamos para o
=MÉDIA(C5:C8) Essa função calcula a média aritmética ou intervalo de soma C3:C7, na mesma linha que satisfez o
média simples do argumento, que é a soma dos valores critério, ou seja, C7 e o somamos, o que dá R$ 600,00. Esse
dividida pela sua quantidade. Atenção! Essa função será é o resultado da nossa função.
sempre a média aritmética. Essa função considera apenas
valores numéricos e não vazios. Portanto, se no intervalo de =SE(C9>C10;“ATENÇÃO”;”OK”) Essa função testa
células C5:C8 existir uma célula vazia ou com texto em vez valores, permitindo escolher um dentre dois valores
de número, essa célula não será considerada. No nosso caso possíveis. A sua estrutura é a seguinte:
em questão, queremos calcular a média do intervalo C5 até
C8. Devemos então somar as células de C5 até C8 e depois
dividir pela quantidade de células numéricas desse intervalo.
Isso é feito da seguinte forma: (R$ 500,00 + R$ 60,00 + R$ A condição é uma expressão lógica e dá como resultado
40,00)/3, que resulta em R$ 200,00. Perceba que a soma dos VERDADEIRO ou FALSO. O resultado1 é escolhido se a
valores é dividida por 3, pois a célula C8 está vazia e não é condição for verdadeira; o resultado2 é escolhido se a
considerada. condição for falsa. Os resultados podem ser: “texto” (entre
aspas sempre), número, célula (não pode intervalo, apenas
=CONT.SE(C3:C7;“>=500”) Essa função é formada por uma única célula), fórmula.
dois argumentos: o primeiro é o intervalo de células que
serão consideradas na operação; o segundo é o critério.
Portanto, essa função conta a quantidade de células do
intervalo C3 até C7, que são maiores ou iguais a 500. No
nosso caso, o resultado é 2, pois são apenas as células C3
(R$ 2.000,00) e C5 (R$ 500,00). Veja que é apenas a
quantidade de células, não a soma de seus valores. Se o
critério for uma expressão lógica que usa os operadores Voltando à nossa função, vamos lê-la conforme a dica: Se
lógicos ou um texto, deve estar entre aspas. C9>C10 for verdadeiro, ENTÃO escolha ATENÇÃO,
=SOMASE(C3:C7;“>=500”) Agora, em vez de contar, nós SENÃO escolha OK. Sabemos que C9= R$ 600,00 e C10=
vamos somar os valores das células que satisfazem o R$ 2.100,00. Então C9>C10 é FALSO. Pulamos para o
critério. A estrutura dessa função é exatamente igual à SENÃO e escolhemos OK, que será o resultado inserido na
anterior. Então, precisamos somar os valores maiores ou célula onde esta fórmula for escrita.
iguais a 500. Como vimos, apenas os valores R$ 2.000,00 e
R$ 500,00 satisfazem o critério, resultando em R$ 2.500,00. =PROCV(“LUZ”;A3:C7;3;FALSO) A função PROCV
serve para procurar valores em um intervalo vertical de uma
=SOMASE(B3:B7;“D”;C3:C7) Mais uma vez, vamos falar matriz e devolve para o usuário um valor de outra coluna
da função SOMASE, porém, agora vamos usá-la com 3 dessa mesma matriz, mas da mesma linha do valor
argumentos e não apenas 2. Como é isso? Por que a encontrado.
diferença? Porque na SOMASE de apenas 2 argumentos,
somamos os mesmos valores que estão sendo comparados
com o critério, ou seja, lá nós comparamos os valores de
C3:C7 com o critério 500. Neste SOMASE de 3
argumentos, vamos comparar o intervalo B3:B7 com o Essa é a estrutura do PROCV, na qual “valor” é o valor
critério “D” e somaremos os valores do intervalo C3:C7, usado na pesquisa; “matriz” é todo o conjunto de células
mas só aqueles que satisfizeram o critério anterior. Que envolvidas; “coluna_resultado” é o número da coluna dessa

245
matriz onde o resultado se encontra; “valor_aproximado”
diz se a comparação do valor da pesquisa será apenas
aproximada ou terá que ser exatamente igual ao procurado.
O valor usado na pesquisa tem que estar na primeira coluna
da matriz, sempre! Ou seja, ela procurará o valor pesquisado
na primeira coluna da matriz.

Voltando à nossa função, queremos encontrar o valor gasto


com luz no mês de janeiro. Veja então que o que será
pesquisado é a palavra “luz”, e que o nome das despesas
deve estar na primeira coluna da matriz, que
coincidentemente é a primeira coluna da nossa planilha.
Veja ainda que as despesas do mês de janeiro estão na
coluna C, que deve ser então a coluna 3 da nossa matriz.
Assim, PROCV procura a palavra Luz e a encontra na linha 4.2 Redes de computadores
7 (procura verticalmente na coluna 1 da nossa matriz, não se Explicando de uma maneira bem simples, uma rede de
esqueça disso), daí ela vai até a coluna 3 da matriz, que na computadores é quando dois ou mais computadores
nossa planilha é a coluna C, mantendo-se na linha 7 e conseguem se comunicar, ou seja, trocarem dados entre si.
encontra o valor que estamos procurando, ou seja, o valor Estes computadores (nós na rede) interligados através de
gasto com luz em janeiro, R$ 40,00. uma comunicação digital (link de dados),
tendo procedimentos específicos (protocolo de rede),
Impress – Apresentação de Slides conseguem compartilhar informações entre si.
O Impress é o aplicativo de apresentação de slides do Estas redes além de compartilhar, internet, dados e
LibreOffice. Ele também permite exportar os slides como mensagem também conseguem compartilhar equipamentos
imagens, exportar a apresentação como PDF, podendo-se como uma impressora.
escolher quais slides serão exportados, bem como restringir
edições no PDF e ainda inserir senha de acesso. O Impress Vantagens de se ter uma rede de computadores:
também é compatível com o MS PowerPoint, permitindo • Agiliza a comunicação entre os usuários da rede
criar, abrir, editar e salvar arquivos no formato.PPTX. • Videoconferência com melhor qualidade
Vejamos as principais funcionalidades e comandos do • Podem compartilhar arquivos, inclusive qualquer
Impress. um pode alterá-lo
• Compartilhar equipamentos de uso comum com
uma impressora por exemplo.
• Troca de informação mais segurança

Uma rede de computadores pode ser através de cabo ou sem


fio.

Equipamentos utilizados

HUB: Ele também é conhecido como concentrador. Ele é


usado para conectar uma rede de computadores. Ele controla
o tráfego de várias redes. Seu sistema de trabalho é mais
simples do que um roteador ou switch.

Switch: Usado para conectar vários dispositivos como


computadores, impressoras e servidores.

Roteador: Conectar e compartilhar a internet.

Access point: Conecta dispositivos sem fio, como celulares


e tablets. Ele também aumenta o alcance da internet.
Principais Teclas de Atalho
É possível utilizar teclas de atalho para auxiliar durante uma Modem: É Um dispositivo ao qual está conectada
apresentação de slides. Veja as principais teclas mais uma linha telefônica, permitindo a transmissão de dados.
cobradas em prova.
Tipos de redes de computadores:

246
PAN (Personal Area Network): É uma rede de curtíssima
distância. Ex.: Bluetooth Servidor FTP: Armazena arquivo para ser acessados via
LAN (Local Area Networks): Rede local. É uma rede internet
privada de curta distância contida em um mesmo local como Servidor de e-mail: Correio eletrônico.
um escritório, uma casa, um prédio ou um campus Servidor webmail: Você acessa seu e-mail através da
universitário e tem alguns quilômetros extensão. Alguns internet
dizem que pode chegar no máximo de 10 km. TOPOLOGIA

MAN (Metropolitan Area Network): Rede Barramento ou Linear


metropolitana. Tem um alcance maior que a LAN e menor
que a WAN. Ele atinge algumas dezenas de quilômetros.
Ex.: Uma cidade ou região metropolitana.

WAN (Wide Area Network): Rede de longa distância. É


utilizada para interligar equipamentos com distâncias
maiores como cidades, estados ou entre países. A rede
global que conhecemos como internet é uma rede do tipo
WAN. Mundial.

Redes de computadores sem fio


As principais rede como a LAN, MAN e WAN tem suas
versões Wireless como WLAN, WMAN e WWAN São vários computadores ligados fisicamente por meio de
um cabo. Em cada ponta desse cabo tem terminadores para
PAN (Personal Area Network): É uma rede de curtíssima evitar a perda de dados. Apenas um computador de cada vez
distância. Ex.: Bluetooth. consegue enviar dados enquanto todos os outros recebem ao
mesmo tempo os dados que lhe são enviados. Se dois
A diferença entre as redes LAN e VPN é que a LAN não computadores tentarem enviar ao mesmo tempo ocorre um
necessita de internet para funcionar. bloqueio e a transmissão é reiniciada.
Modos de Transmissão
“Trata-se de uma topologia simples e de fácil
Analógico: Sinal analógico é transmitido por meio de implementação, pois todos os computadores são
ondas, e varia em função do tempo; interligados por meio de um cabo contínuo, de modo que
Digital: O Sinal digital não varia de acordo com o tempo, todos os dados enviados para o cabo serão entregues a
pode assumir somente dois valores 0 e 1; todos os computadores interligados. Esse tipo de topologia
é indicado para redes simples, já que um barramento único
é limitado em termos de distância, gerenciamento e
quantidade de tráfego”. Esta definição caiu 2019 para a
O computador que prefeitura de Anapu – PA banca INAZ do Pará
fornece o serviço em uma rede de computadores é o
servidor, e o que acessa o serviço é o cliente. Anel:

Tipos de servidor:
Servidor Web: Ele é responsável pelas solicitações feitas na
internet, geralmente através de um navegador.

Servidor DNS: Os servidores DNS (Domain Name System,


ou sistema de nomes de domínios) é responsável de localizar
e converter os endereços de sites em números IP que são os
endereços que digitamos para localizar algo na internet.

Servidor de impressão: Organiza os pedidos de impressão


feitos na rede.

Servidor Proxy: É uma ponte entre você e a internet.


Quando você digita o endereço no navegador ele conectará
você diretamente ao site acessado. Ele é um intermediário
para dar mais segurança, pois funciona como um firewall ou Os computadores são conectados em série, por um único
filtro de conteúdo. cabo igual na de barramento, mas forma um círculo fechado

247
formando um anel, ou seja, não tem extremidades. Se um
computador falhar, atrapalhará toda a rede. Todos
computadores recebem a informação, mas somente o
computador que for o destino da mensagem consegue
processar e responder.

Estrela ou radial

É uma topologia física baseada numa estrutura hierárquica


onde tem uma barra central onde outras barras menores se
conectam há uma série de barras interligadas.

É como se tivesse várias redes interligadas através de nós


centrais. É mais fácil a manutenção deste sistema do que na
de Barramento ou Anel.
Nesta topologia toda a informação deve passar por uma
central (concentrador/ centralizador) que conecta todos os
Topologia Híbrida ou Mista
outros equipamentos evitando que algum computador receba
informações destinadas a outro.

A rede que usa switch, hub ou roteador é ligada por vários


cabos e garante que somente o destinatário receba os dados.
Esta rede tem um desempenho melhor que do que a de
barramento.

Malha ou mesh

É a topologia mais utilizada em grandes redes. A topologia é


adaptada em função do ambiente. Com isso, o custo é mais
baixo, além de facilitar a expansão.

Esta topologia é a combinação de duas ou mais topologias


de rede como a de anel, estrela ou outras.

Protocolos de rede ou de internet


São Protocolos de rede são um grupo de normas que permite
qualquer computador conectado à internet se comunicar com
Os computadores se conectam entre si, ponto a ponto, outro também conectado na internet.
através de cabos e dispositivos. Nesta topologia tem vários
caminhos para se chegar em um determinado destino. Através desta comunicação qualquer pessoa pode navegar
Apesar de fácil implantação ela tem um alto custo. na internet, baixar arquivos e acessar qualquer site.

Árvore ou Hierárquica Existem vários tipos de protocolos, mas falarei somente


das principais:

Protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol –


Protocolo de Controle de Transmissão/ Internet
Protocol – Protocolo de Internet) – São dois protocolos
em um. É um tipo de protocolo de aplicação de rede para
internet. Ele organiza o envio e recebimento de dados na
internet. O protocolo TCP/IP é orientado à conexão,

248
permitindo a interconexão de múltiplas redes de comutação
de pacotes.
Protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocol) – faz a
transferência do hipertexto, texto, imagens, vídeos, áudio e
etc… para que haja comunicação entre os sites e os usuários.
Ele conecta o cliente (você) e o servidor, que é onde o site
que você quer acessar está hospedado.
Protocolo HTTPS (Hyper Text Transfer Secure)-
Protocolo de Transferência de Hipertexto Seguro. É a
mesma coisa que o HTTP. A diferença é que ele tem mais
segurança para você acessar. Ele tem aquele cadeado na
barra de endereço.
Protocolo FTP (File Transfer Protocol) – Protocolo de
transferência de arquivos. Através dele você faz
transferência de arquivos (download e upload). Ele é muito São vários computadores ligados fisicamente por meio de
utilizado pelos sites para subir aquivos para os servidores um cabo. Em cada ponta desse cabo tem terminadores para
dos sites. O FTP usa duas conexões TCP/IP para transferir o evitar a perda de dados. Apenas um computador de cada vez
arquivo: consegue enviar dados enquanto todos os outros recebem ao
Conexão de controle: Envia informações de controle como mesmo tempo os dados que lhe são enviados. Se dois
identificação de usuário, senha ou comandos. Conexão de computadores tentarem enviar ao mesmo tempo ocorre um
dados: Para enviar os arquivos. bloqueio e a transmissão é reiniciada.
Protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration
Protocol) – Protocolo de Configuração Dinâmica de “Trata-se de uma topologia simples e de fácil
Endereços de Rede. É ele que consegue um endereço de IP implementação, pois todos os computadores são
automaticamente em seu computador. interligados por meio de um cabo contínuo, de modo que
Protocolo SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – todos os dados enviados para o cabo serão entregues a
Protocolo de Transferência de Correio Simples é um todos os computadores interligados. Esse tipo de topologia
protocolo essencial para a trocas de mensagens eletrônicas. é indicado para redes simples, já que um barramento único
Ele só envia os e-mails é limitado em termos de distância, gerenciamento e
Protocolo POP3 (Post Office Protocol 3) – Protocolo de quantidade de tráfego”. Esta definição caiu 2019 para a
Correios. Ele é usado para mensagens eletrônicas, ou seja, prefeitura de Anapu – PA banca INAZ do Pará
os e-mails. Tipos de servidor:
Servidor Web: Ele é responsável pelas solicitações feitas na Anel:
internet, geralmente através de um navegador.
Servidor DNS: Os servidores DNS (Domain Name System,
ou sistema de nomes de domínios) é responsável de localizar
e converter os endereços de sites em números IP que são os
endereços que digitamos para localizar algo na internet.
Servidor de impressão: Organiza os pedidos de impressão
feitos na rede.
Servidor Proxy: É uma ponte entre você e a internet.
Quando você digita o endereço no navegador ele conectará
você diretamente ao site acessado. Ele é um intermediário
para dar mais segurança, pois funciona como um firewall ou
filtro de conteúdo.
Servidor FTP: Armazena arquivo para ser acessados via
internet
Servidor de e-mail: Correio eletrônico.
Servidor webmail: Você acessa seu e-mail através da
internet
TOPOLOGIA

Barramento ou Linear Os computadores são conectados em série, por um único


cabo igual na de barramento, mas forma um círculo fechado
formando um anel, ou seja, não tem extremidades. Se um
computador falhar, atrapalhará toda a rede. Todos
computadores recebem a informação, mas somente o
computador que for o destino da mensagem consegue
processar e responder.

249
Estrela ou radial

É uma topologia física baseada numa estrutura hierárquica


onde tem uma barra central onde outras barras menores se
Nesta topologia toda a informação deve passar por uma conectam há uma série de barras interligadas.
central (concentrador/ centralizador) que conecta todos os
outros equipamentos evitando que algum computador receba É como se tivesse várias redes interligadas através de nós
informações destinadas a outro. centrais. É mais fácil a manutenção deste sistema do que na
de Barramento ou Anel.
A rede que usa switch, hub ou roteador é ligada por vários
cabos e garante que somente o destinatário receba os dados. Topologia Híbrida ou Mista
Esta rede tem um desempenho melhor que do que a de
barramento.

Malha ou mesh

É a topologia mais utilizada em grandes redes. A topologia é


adaptada em função do ambiente. Com isso, o custo é mais
baixo, além de facilitar a expansão.

Esta topologia é a combinação de duas ou mais topologias


de rede como a de anel, estrela ou outras.

Os computadores se conectam entre si, ponto a ponto, Protocolos de rede ou de internet


através de cabos e dispositivos. Nesta topologia tem vários São Protocolos de rede são um grupo de normas que permite
caminhos para se chegar em um determinado destino. qualquer computador conectado à internet se comunicar com
Apesar de fácil implantação ela tem um alto custo. outro também conectado na internet.

Árvore ou Hierárquica Através desta comunicação qualquer pessoa pode navegar


na internet, baixar arquivos e acessar qualquer site.

Existem vários tipos de protocolos, mas falarei somente


das principais:

Protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol –


Protocolo de Controle de Transmissão/ Internet
Protocol – Protocolo de Internet) – São dois protocolos
em um. É um tipo de protocolo de aplicação de rede para
internet. Ele organiza o envio e recebimento de dados na

250
internet. O protocolo TCP/IP é orientado à conexão,
permitindo a interconexão de múltiplas redes de comutação Lembre-se: a Internet também é conhecida como rede
de pacotes. pública ou rede externa. Já parou para pensar como todas
essas informações circulam nessa imensa rede? Como que
Protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocol) – faz a milhões de pessoas em seus equipamentos conseguem trocar
transferência do hipertexto, texto, imagens, vídeos, áudio e informações 24 horas por dia, em altíssima velocidade?
etc… para que haja comunicação entre os sites e os usuários. Você sabia que ao enviar uma mensagem do seu Whatsapp
Ele conecta o cliente (você) e o servidor, que é onde o site para alguém, essa mensagem é encaminhada ao servidor do
que você quer acessar está hospedado. Whatsapp lá nos EUA para, depois, encaminhar para a
pessoa a qual enviou? Agradecemos a uma grande estrutura
Protocolo HTTPS (Hyper Text Transfer Secure)- física que está por trás de tudo isso. Uma espécie de espinha
Protocolo de Transferência de Hipertexto Seguro. É a dorsal da rede.
mesma coisa que o HTTP. A diferença é que ele tem mais
segurança para você acessar. Ele tem aquele cadeado na Intranet
barra de endereço. É uma rede de computadores privada que assenta sobre a
suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
Protocolo FTP (File Transfer Protocol) – Protocolo de um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma
transferência de arquivos. Através dele você faz empresa, que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou
transferência de arquivos (download e upload). Ele é muito colaboradores internos, na qual são utilizados os mesmos
utilizado pelos sites para subir aquivos para os servidores programas e protocolos de comunicação empregados na
dos sites. O FTP usa duas conexões TCP/IP para transferir o Internet, TCP/IP.
arquivo:
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em
Conexão de controle: Envia informações de controle como corporações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de
identificação de usuário, senha ou comandos. Conexão de documentos, formulários, notícias da empresa etc.) é
dados: Para enviar os arquivos. constante, pretendendo reduzir os custos e ganhar
Protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration velocidade na divulgação e distribuição de informações.
Protocol) – Protocolo de Configuração Dinâmica de Apesar do seu uso interno, acessando aos dados
Endereços de Rede. É ele que consegue um endereço de IP corporativos, a intranet permite que computadores
automaticamente em seu computador. localizados numa filial, se conectados à internet com uma
Protocolo SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – senha, acessem conteúdos que estejam na sua matriz. Ela
Protocolo de Transferência de Correio Simples é um cria um canal de comunicação direto entre a empresa e os
protocolo essencial para a trocas de mensagens eletrônicas. seus funcionários/ colaboradores, tendo um ganho
Ele só envia os e-mails significativo em termos de segurança.
Protocolo POP3 (Post Office Protocol 3) – Protocolo de
Correios. Ele é usado para mensagens eletrônicas, ou seja, Conceitos e modos de utilização de tecnologias,
os e-mails. Ele acessa a caixa de e-mail e baixa os e-mails ferramentas, aplicativos e procedimentos associados a
para o computador. internet/intranet
Ele acessa a caixa de e-mail e baixa os e-mails para o
computador. Basicamente é uma rede mundial de computadores
conectados através de um endereço de IP válido, usando um
Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e protocolo chamado de TCP/IP, nas quais usuários trocam
procedimentos de internet e intranet informações.

A Internet é um sistema global de redes de computadores Sigla de Transmission Control Protocol / Internet Protocol
interligadas que utilizam um conjunto próprio de protocolos (Protocolo de Controle de Transmissão / Protocolo Internet)
(TCP/IP), com o propósito de servir progressivamente A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é
usuários no mundo inteiro. responsável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho
para o transporte dos pacotes).
História
A função do protocolo TCP/IP é identificar os computadores
ARPANET: Rede da Agência para Projetos de Pesquisa de uma forma única. Com isso ele utiliza um número de IP
Avançada, foi uma rede de comutação de pacotes, e a para poder enviar e receber informações e elas cheguem ao
primeira rede a implementar o conjunto de protocolos lugar correto. Na internet existem várias outras redes
TCP/IP. Ambas as tecnologias se tornaram a base técnica da conectadas como empresas públicas, privadas educacionais
Internet. A ARPANET foi inicialmente financiada pela e de governos. Nela você acessa os serviços de e-mail, faz
Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) do downloads, procura informações dentre muitos outros
Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A ARPANET serviços.
foi desativada em 1990, dando vida à INTERNET.

251
Intranet seu computador para o servidor de hospedagem.
É uma rede de computadores privada que assenta sobre a Servidor WEB: Para você entrar em um site é necessário
suíte de protocolos da Internet, porém, é de uso exclusivo de que seu navegador entre em contato com o servidor Web do
um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma site para poder acessar seus conteúdos, ou seja, as páginas
empresa, que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou HTML, os arquivos de som, imagem, vídeos ou qualquer
colaboradores internos. outra coisa que estiver na página que você está acessando.

Utiliza uma rede local (LAN). O servidor WEB é um software que verifica a segurança da
sua solicitação HTTP para navegar na página e depois gera a
Os dispositivos conectados à rede tanto na internet quanto informação para atendê-lo.
na intranet usam os mesmos protocolos de rede TCP / IP.
4.3 Programas de navegação (Microsoft Internet
Assim como os sites acessíveis na Internet, os sites Explore, Edge, Mozilla Firefox e Google Chrome e
hospedados pela intranet também são acessíveis por meio de similares)
navegadores da Web, mas com acesso limitado.
As informações estão espalhadas por diversos pontos da
Os usuários da Intranet também podem conversar sobre seus internet, e sem uma forma simples de se chegar até elas, de
aplicativos de mensageria personalizados, como os nada serviriam. Assim, cada conteúdo está indicado por
comunicadores G talk ou yahoo, disponíveis na Internet. um endereço próprio ao qual o navegador se refere quando
necessita de determinada informação. Os endereços
É o mesmo serviço de internet, mas somente dentro de um utilizados nos navegadores funcionam da mesma maneira
grupo (empresas) na qual somente as pessoas autorizadas que os números de telefone ou endereços de casas. Ao
acessam (funcionários). Esta comunicação pode ser feita digitarmos o endereço do website (um espaço com conteúdo
tanto no mesmo local (matriz da empresa) ou distante (filial na internet), o conteúdo do site é exibido.
em outro lugar).
Na intranet você pode liberar ou limitar acessos. Internet Explorer

Ex.: impressora para todos os departamentos e dados


contábeis somente para o departamento de contabilidade.

Este acesso normalmente é feito através de senhas e


protegida por um Firewall (parede de proteção contra dados
maliciosos)tornando a intranet mais segura do que a internet.

Aplicativos e procedimentos: O Internet Explorer é um navegador web que foi criado em


meados de 1995 e foi embutido no sistema Windows, ambos
Firewall: Barreira de segurança criados pela Microsoft. Ele foi incluído no sistema pela
Correio eletrônico: Comunicação entre usuários na rede primeira vez no Windows 95 e esse é um dos principais
Navegadores: Aplicativo para navegar na internet (Google motivos do navegador ser um dos mais usados no planeta, já
Chrome, internet Explorer, Firefox e etc..) que acompanha a adoção do sistema operacional.
Roteador: equipamento para se conectar na rede. Atualmente a versão utilizada é a do Internet Explorer 11,
Download: baixar arquivos (receber) que também vem instalada nos smartphones com sistema
Upload: Subir arquivo (enviar) Windows Phone.
HTML - Hyper Text Markup Language (Linguagem de
Marcação de Hiper Texto). Trata-se de uma linguagem Atalhos do Internet Explorer
utilizada para produzir páginas da Internet. Um dos conteúdos mais importantes sobre os navegadores
HTTP ou Hyper Text Transfer Protocol (Protocolo de são as teclas de atalho utilizadas no navegador. Os atalhos
Transferência de Hipertexto): Navegação na internet (links) correspondem à digitação de teclas combinadas que
HTTPS - Hyper Text Transfer Protocol Secure (Protocolo executam determinada função no navegador.
de Transferência de Hiper Texto Seguro
SMTP e POP são os protocolos de serviços da internet Vejamos os principais atalhos do Internet Explorer:
responsáveis pelo envio e recepção de mensagens
eletrônicas, e-mail.
Servidor Proxy tem a função de mediar as comunicações da
rede de uma empresa ou usuário (local) com a Internet (rede
externa).
Servidor FTP (File Transfer Protocol) é um protocolo
utilizado para a transferência de arquivos entre dois
computadores via internet, ou seja, ele transfere arquivos do

252
Mozilla Firefox

Já o Firefox, é um navegador web de código aberto e Google Chrome


multiplataforma com versões para Windows, OS X (Mac),
Linux e Android. Ser um navegador de código aberto
significa que o seu código fonte é disponibilizado para que
os usuários possam estudar, modificar e distribuir o software
de graça para qualquer um e para qualquer finalidade.
A Mozilla, criadora do Firefox, é uma organização sem fins
lucrativos.

Atalhos do Firefox O Google Chrome é o mais popular navegador disponível


para Windows, Mac (Mac OS), Linux (Ubuntu), Android e
iOS – só não possui versão para Windows Phone. Como seu
nome deixa claro, o browser é desenvolvido pelo Google, é
grátis e tem versão em Português. A primeira versão foi
liberada em 2008 e recebe atualizações constantemente. O
navegador conseguiu se diferenciar de seus concorrentes
devido ao uso de plugins. Sua popularização também se deu
pela quantidade de smartphones com sistema Android, que
já trazem o Chrome como navegador padrão.Atalhos no
Google Chrome

253
sempre o mesmo computador. Já os programas Outlook
Express e Mozilla Thunderbird além de ser também um
correio eletrônico também são considerados clientes de e-
mail.

Clientes de Email

Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de


computador que permite compor, enviar e receber e-mails a
partir de um servidor de e-mail, o que exige cadastrar uma
conta de e-mail e uma senha para seu correto
funcionamento. Há diversos clientes de e-mails no mercado
que, além de manipular emails, podem oferecer recursos
diversos.

Os principais clientes de email do mercado são:

Outlook Express: cliente de emails nativo do sistema


operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma
versão mais simplificada e que, em geral, vem por padrão no
sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft
Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft Office
possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail,
recursos de calendário.

Mozilla Thunderbird: é um cliente de emails e notícias


open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
4.4 Programas de correio eletrônico (E-mail do Windos,
(mesma criadora do Mozilla Firefox).
Mozilla Thunderbird e similares)
Correio Eletrônico (do inglês e-mail): É um aplicativo para
A diferença entre o cliente de e-mail e o Webmail é o
enviar e receber mensagens através de uma rede de
armazenamento dos e-mails, ou seja, se você estiver sem
computadores. Estas mensagens são armazenadas na caixa
internet você não conseguirá acessa-los pelo webmail e com
postal, onde você pode ler, apagar, escrever, anexar arquivos
o cliente de e-mail sim.
dentre outras funções.
Agora veremos algumas características dos dois programas
É um modo assíncrono de comunicação, ou seja, o
de correio eletrônico:
remetente e destinatário não precisam estar presentes ao
mesmo tempo no momento do envio da mensagem.Os
Características do Outlook Express
aplicativos de correio eletrônico são os clientes de e-mail
(Microsoft Outlook e Mozilla Thunderbird) e os webmail
(Yahoo e Gmail).

A diferença entre os clientes de e-mail e os webmail (Yahoo


ou Gmail) é que no webmail seus e-mail estão armazenados
na internet e você só consegue acessar com a internet ativa
(on-line), já os clientes de e-mail ele faz baixa os e-mail e Instalado juntamente com o Microsoft Internet Explorer,
armazena no computador e você pode acessar sem internet o Outlook Express é um sofisticado aplicativo que permite
(off-line). além da utilização de outros serviços on-line, gerenciar uma
ou mais contas de e-mail com plena autonomia, tornando
Webmail muito mais agradável e simples a execução desta tarefa que
cada vez mais, faz corriqueiramente parte do nosso
Webmail é uma interface da internet que permite o usuário cotidiano.
ler e escrever e-mail usando um navegador. A maior
vantagem do webmail é o fato de não ser necessário possuir Através de um layout simples que pode ser personalizado
um programa específico para a leitura ou envio de pelo usuário, o Outlook Express apresenta na sua janela de
mensagens de correio eletrônico, qualquer computador trabalho, os seguintes controles que podem ser alternados
ligado à internet com um navegador é suficiente. Isto através do pressionamento da tecla Tab:
também significa que ao contrário de outros protocolos de
comunicação na web, como o POP3 não é necessário utilizar Uma lista hierárquica para a navegação por entre as pastas

254
onde as mensagens podem ser organizadas segundo critérios Está incluído um modo de exibição em três colunas verticais
de classificação. para acessar seu e-mail.

Uma lista com as mensagens disponíveis dentro da pasta Tem três modos exclusivos de exibição. Selecione o layout
previamente selecionada. de sua barra de ferramentas. Personalize seus botões da
barra de ferramentas e use a Visualização para classificar
Um painel para a visualização da mensagem selecionada na rapidamente seu e-mail.
lista de mensagens.
Verificador Ortográfico Embutido:
Uma lista com os contatos cadastrados no catálogo de O verificador ortográfico inteligente mantém seu e-mail
endereços. O layout descrito acima permite uma navegação profissional.
rápida pelas mensagens dispostas nas diversas pastas, onde a
manutenção das principais ações do correio eletrônico, como Não há necessidade de softwares verificadores ortográficos
ler, excluir, criar, encaminhar e responder mensagens, são de terceiros. O Mozilla Thunderbird vem com um
facilitadas pelas opções disponíveis em itens na barra de verificador ortográfico integrado, que foi desenvolvido pelo
menus, através de menus popups ou ainda através de Projeto Mozdev Spellchecker.
comandos executados diretamente através de teclas de
atalho. O Mozilla Thunderbird oferece recursos de segurança para
nível corporativo e governamental como S/MIME,
Principais características: assinaturas digitais, criptografia de mensagens, suporte para
certificados e dispositivos de segurança.
Suporte aos protocolos SMTP ( Simple Mail Transfer
Protocol), POP3 ( Post Office Protocol 3) e IMAP ( Internet Diferentemente de muitos outros produtos, o Mozilla
Mail Access Protocol); Thunderbird não permite executar scripts por padrão. Isto
resulta em um produto mais seguro do que outros clientes de
Suporte a grupos de notícias e diretórios através dos mail e ajuda a impedir a distribuição de vírus pela Web.
protocolos LDAP (Lightweight Directory Access Protocol),
MHTML (Multipurpose Internet Mail Extension Hypertext Funcionalidade Ilimitada Através de Extensões
Markup Language), HTML (Hypertext Markup Language), O Mozilla Thunderbird já é distribuído com ótimos recursos
S/MIME (Secure/Multipurpose Internet Mail Extensions) e como suporte para IMAP/POP, suporte para mensagens
NNTP (Network News Transfer Protocol); HTML, labels, busca rápida, um ótimo catálogo de
endereços, confirmação de respostas, filtragem avançada de
Ferramentas de migração que importam automaticamente mensagens, complementação de endereços LDAP,
suas configurações, entradas do catálogo de endereços e ferramentas de importação, poderoso sistema de busca e a
mensagens existentes de outros softwares, tais como Eudora, capacidade de gerenciar múltiplas contas de e-mail e
Netscape e Microsoft Exchange Server; newsgroup.

Permite a personalização de mensagens eletrônicas através Além disso, o Mozilla Thunderbird permite-lhe incluir
da utilização de planos de fundo e imagens diferentes, recursos adicionais do jeito você precisar através de
tornando-as semelhantes a papéis de carta. extensões. Extensões são ferramentas poderosas que
Características do Mozilla Thunderbird ajudam-lhe a construir um cliente mail que atenda às suas
necessidades específicas. Dê uma olhada em várias nas
extensões disponíveis.

Com os temas você pode mudar a aparência e o visual do


Mozilla Thunderbird. Um tema pode simplesmente alterar
os ícones da barra de ferramentas ou pode alterar cada
O Mozilla Thunderbird remove spam e ajuda a manter sua componente da aparência do programa. Você pode baixar e
Caixa de Entrada limpa. instalar temas com apenas alguns cliques.
As ferramentas analisam seu e-mail e identificam aqueles Tecnologia Multi-Plataforma Roda nas plataformas
que muito provavelmente são spam. Você pode fazer com Windows, Linux ou Macintosh.
que seus e-mails não solicitados sejam apagados
automaticamente ou colocá-los em uma pasta especial. Absolutamente Livre
A Mozilla Foundation produz software Livre, também
Para ativar os filtros de Spam vá em Ferramentas > Anti- conhecido como software de código aberto. Isto significa
spam…, clique na aba Filtros Adaptáveis e marque a opção que você pode usá-lo sem restrições, mesmo para uso
Identificar spam ao receber mensagens. corporativo. De fato, mesmo o código fonte está disponível
para você dar uma olhada.

255
4.5 Sítios de busca na internet Por exemplo: Pesquisa sobre nutrição. Você não quer saber
sobre nutrição esportiva, então você digita a palavra nutrição
Hoje na internet tem bilhões de informações e os buscadores -esportiva. Com isso, a busca trará tudo sobre nutrição
são sites especializados em buscar uma informação no meio excluindo nutrição exportiva.
de um universo enorme grande de informações. Nele você
digita uma palavra ou uma combinação de palavras e ele Atenção: O sinal fica junto do termo que você quer eliminar.
buscará esta informação. Neste sites nós temos
os mecanismos de busca (search engines) que são 4.5.1 Grupos de discussão
efetivamente os buscadores. Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela
Internet que permitem que um grupo de pessoas troque
Pesquisa na internet mensagens via e-mail entre todos os membros do grupo.
Este mecanismo de busca funciona da seguinte forma: Essas mensagens, geralmente, são de um tema de interesse
Ele faz uma busca em todos os sites procurando as palavras em comum, onde as pessoas expõem suas opiniões,
chaves que você digitou. Por mais eficiente que seja ele não sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é um grupo onde
consegue ler a internet inteira. várias pessoas podem participar sem, geralmente, ter um
pré- requisito, as informações nem sempre são confiáveis.
O buscador organiza tudo que encontrou levando em
consideração a quantidade de links externos que acessaram Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.
determinada página, ou seja, quanto mais links melhor será com.br, que auxiliam na criação e uso de grupos de
seu posicionamento na busca. discussão, mas um grupo pode ser montado
independentemente, onde pessoas façam uma lista de e –
A busca também pode ser ainda mais específico através de mails e troquem informações.
filtros como por imagem, vídeo, notícias, shopping dentre
outras.
Basicamente todos nós utilizamos o Google para fazer Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos
pesquisas e abaixo coloquei duas observações que costuma criar um grupo de discussão no Google Groups. Para isso,
cair em concursos. alguns passos serão necessários:

Colocar palavras entre aspas: 1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos
Colocando entre aspas você localiza exatamente como esta quando estudamos os sites de busca.
escrita. 2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar
no menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
Ex.: “o filho chorou a noite” só aparecerão os sites que as 3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em
frases estão exatamente assim. “Grupos”.

Você pode colocar também palavras chaves entre aspas e


colocar o sinal de mais(+) ou o de menos(-)

Ex.: “Concurso PRF”-“ensino médio” ; Você excluirá da


pesquisa o ensino médio

“Concurso PRF”+“ensino médio” ; você incluirá também o


ensino médio na pesquisa.

Especificar melhor a busca por imagem


Você pode ser mais específico na busca por imagem
selecionando por tamanho, cor, se ela tem direito autoral,
tipo (se quer foto, desenho ou animação) e tempo (qualquer
dia ou dia específico).
Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar
Exclusão de termos (-)
um grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...”
Quando você digita uma alguma coisa no Google, aparece
todos os resultados relacionados com o termo pesquisado,
mas muitas vezes você tem certeza do que não quer que seja
pesquisado, pois não tem nada a ver com que Você procura.
É possível eliminar termos relacionados com a sua pesquisa.
Basta digitar o sinal menos (-) antes da palavra que quer
eliminar.

256
Os convidados a participarem do grupo receberão o convite
em seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser
Passo 2 – Criando um grupo Seguiremos alguns passos realizada depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em
propostos pelo website. muitos casos, as mensagens de convite são identificadas
pelos servidores de mensagens como Spams e por esse
Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é motivo são automaticamente enviadas para a pasta Spam dos
Profale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo destinatários.
endereço de e – mail do grupo e endereço do grupo na web
vão sendo automaticamente preenchidos. Podemos inserir O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde poderá:
uma descrição grupo, que servirá para ajudar as pessoas a visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de
saberem do que se trata esse grupo, ou seja, qual sua discussão, convidar ou adicionar membros, e ajustar as
finalidade e tipo de assunto abortado. configurações do seu grupo.
Após a inserção do comentário sobre as intenções do grupo, Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de
podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, discussão, será aberta uma página semelhante a de criação
nudez ou material sexualmente explícito. Antes de entrar de um e – mail. A linha “De”, virá automaticamente
nesse grupo é necessário confirmar que você é maior de 18 preenchida com o nome do proprietário e o endereço do
anos. grupo. A linha “Para”, também será preenchida
automaticamente com o nome do grupo. Teremos que
Escolheremos também, o nível de acesso entre: digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar
mensagem”.
“Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer
pessoa pode participar, mas somente os membros podem A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde
postar mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer as pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a
pessoa pode ler os arquivos. Qualquer pessoa pode um fórum) ou encaminha via e-mail para outras pessoas.
participar, mas somente os administradores podem postar
mensagens.” O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O
proprietário também tem que se cadastrar e inserir
“Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é preciso informações como nome do grupo, convidados, descrição e
ser convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não outras, mas ambas as ferramentas acabam tornado o grupo
aparecem nos resultados de pesquisa públicos do Google de discussão muito semelhante ao fórum. Para criar um
nem no diretório.” grupo de discussão da maneira padrão, sem utilizar
ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar um e
Após este passo, teremos que adicionar os membros do – mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de
grupo e faremos isto através de um convite que será enviado endereços dos convidados, possibilitando a troca de
aos e – mails que digitaremos em um campo especial para informações via e – mail.
esta finalidade. Cada destinatário dos endereços cadastrados
por nós receberá um convite e deverá aceitá-lo para poder A mensagem do convite também será digitada por nós, mas
receber as mensagens e participar do nosso grupo. o nome, o endereço e a descrição do grupo, serão
adicionados automaticamente. Nesta página teremos o botão
“Convidar”. Quando clicarmos nele, receberemos a seguinte
mensagem:

257
elas leem sobre você. Pode-se dizer que redes sociais são
uma categoria das mídias sociais.

Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange


diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas
redes sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o
que compreendíamos como mídia antes da existência da
internet: rádio, TV, jornais, revistas. Quando a mídia se
tornou disponível na internet, ela deixou de ser estática,
passando a oferecer a possibilidade de interagir com outras
pessoas.

No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que


são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão.
Os convidados a participarem do grupo receberão o convite Mídias sociais são lugares em que se pode transmitir
em seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser informações para outras pessoas.
realizada depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em
muitos casos, as mensagens de convite são identificadas Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook,
pelos servidores de mensagens como Spams e por esse profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos
motivo são automaticamente enviadas para a pasta Spam dos específicos como o Youtube que compartilha vídeos.
destinatários. O proprietário do grupo terá acesso a uma tela
onde poderá: visualizar os membros do grupo, iniciar um As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube,
novo tópico de discussão, convidar ou adicionar membros, e Instagram, Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e
ajustar as configurações do seu grupo. agora mais recentemente, o Tik Tok.

Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de Facebook


discussão, será aberta uma página semelhante a de criação
de um e – mail. A linha “De”, virá automaticamente Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos
preenchida com o nome do proprietário e o endereço do pessoais de seus membros.
grupo. A linha “Para”, também será preenchida
automaticamente com o nome do grupo. Teremos que O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que
digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar reúne muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto
mensagem”. para gerar negócios quanto para conhecer pessoas,
relacionar-se com amigos e família, informar-se, dentre
A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde outros.
as pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a
um fórum) ou encaminha via e-mail para outras pessoas. WhatsApp

O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O É uma rede para mensagens instantânea. Faz também
proprietário também tem que se cadastrar e inserir ligações telefônicas através da internet gratuitamente.
informações como nome do grupo, convidados, descrição e
outras, mas ambas as ferramentas acabam tornado o grupo A maioria das pessoas que têm um smartphone também o
de discussão muito semelhante ao fórum. Para criar um têm instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o
grupo de discussão da maneira padrão, sem utilizar apelido de “zap zap”.
ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar um e
– mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas
endereços dos convidados, possibilitando a troca de operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem
informações via e – mail. debitar do consumo do pacote de dados. Por isso, muita
gente se informa através dele.
4.5.2 Redes sociais
Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da YouTube
internet, por pessoas e organizações que se conectam a partir
de interesses ou valores comuns9 . Muitos confundem com Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
mídias sociais, porém as mídias são apenas mais uma forma
de criar redes sociais, inclusive na internet. O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da
atualidade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais
O propósito principal das redes sociais é o de conectar de 1 bilhão de horas de vídeos visualizados diariamente.
pessoas. Você preenche seu perfil em canais de mídias
sociais e interage com as pessoas com base nos detalhes que Instagram

258
corporativo
Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
2.7 Computação na nuvem (cloudcomputing)
O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas
para acesso por meio do celular. E, embora hoje seja
possível visualizar publicações no desktop, seu formato
continua sendo voltado para dispositivos móveis. É possível
postar fotos com proporções diferentes, além de outros
formatos, como vídeos, stories e mais.

Os stories são os principais pontos de inovação do


aplicativo. Já são diversos formatos de post por ali, como
perguntas, enquetes, vídeos em sequência e o uso de GIFs.

Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram


Cenas, uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode
produzir vídeos de 15 segundos, adicionando música ou
áudios retirados de outro clipezinho. Há ainda efeitos de
corte, legendas e sobreposição para transições mais limpas –
lembrando que esta é mais uma das funcionalidades que
atuam dentro dos stories.

Twitter

Rede social que funciona como um microblog onde você


pode seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo
real as atualizações que seus contatos fazem e eles as suas.
Computação em nuvem (cloud computing) é uma
O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para tecnologia que permite acesso remoto a programas
cá está em declínio, mas isso não quer dizer todos os (softwares), arquivos (documentos, músicas, jogos, fotos,
públicos pararam de usar a rede social. vídeos) e serviços por meio da internet.

A rede social é usada principalmente como segunda tela em Digamos que você tenha que entregar um trabalho de escola
que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo e você esqueceu-se de imprimi-lo. Como resolver uma
na TV, postando comentários sobre noticiários, reality situação como esta? Simples, através do computador da
shows, jogos de futebol e outros programas. Nos últimos escola com acesso a internet, você pode acessar seus
anos, a rede social acabou voltando a ser mais utilizada por arquivos pessoais e imprimir o trabalho. Isto porque com a
causa de seu uso por políticos, que divulgam informações computação em nuvem os seus dados não estão confinados
em primeira mão por ali. em um disco rígido de seu computador, eles estão
disponíveis na web. Como por exemplo, o Google Docs,
LinkedIn onde você pode criar documentos e armazená-los on-line.

Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede Os principais fornecedores deste tipo de tecnologia são
quer manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, Microsoft, Salesforce, Skytap, HP, IBM, Amazon e Google.
como um emprego por exemplo. Os clientes da computação em nuvem para ter acesso a
serviços completos precisam pagar pelos recursos que
A maior rede social voltada para profissionais tem se utilizam. Muitos acham esta tecnologia uma boa forma de
tornado cada vez mais parecida com outros sites do mesmo economizar dinheiro com hardware, software e serviços,
tipo, como o Facebook. A diferença é que o foco são principalmente as empresas. Grandes organizações, ao
contatos profissionais, ou seja: no lugar de amigos, temos utilizar a computação em nuvem, não precisam comprar, por
conexões, e em vez de páginas, temos companhias. Outro exemplo, um conjunto de softwares ou licenças de software
grande diferencial são as comunidades, que reúnem para cada funcionário. Em vez disso, contrataria um serviço
interessados em algum tema, profissão ou mercado de computação em nuvem e pagaria uma taxa.
específicos.
As principais características da computação em nuvem são a
É usado por muitas empresas para recrutamento de agilidade, escalabilidade, acesso em qualquer local e por
profissionais, para troca de experiências profissionais em diferentes aparelhos (telefones celulares, laptops e PDAs),
comunidades e outras atividades relacionadas ao mundo permite o compartilhamento de recursos por um grande

259
grupo de usuários, serviços fáceis de usar, não sendo Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
necessária instalação. Porém, o quesito segurança preocupa
um pouco. Assim como tem surgido tecnologias como esta Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela
para facilitar o acesso às informações, paralelamente pessoas permanecerá no sistema mesmo que o computador seja
especializadas em invadir computadores e programas, os reiniciado
"hackers" podem invadir nossos dados e roubá-los. No
entanto, estas empresas fornecedoras da computação em Copiar: Selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C
nuvem investem muito em segurança, nos chamados e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V.
“antivírus em nuvem”. Pode também clicar com o botão direito do mouse
selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar
4.6 Conceitos de organização e de gerenciamento de novamente como o botão direito do mouse e selecionar
informações, arquivos, pastas e programas colar.

WINDOWS EXPLORER Excluir: Pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete


O Windows Explorer é um gerenciador de informações, ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
arquivos, pastas e programas do sistema operacional
Windows da Microsoft. Organizar: Você pode organizar do jeito que quiser como,
por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas,
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de conteúdo, lista com detalhes. Estas funções estão na barra de
arquivo ou Explorador de arquivos. cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.

O seu arquivo é chamado de Explorer.exe Movimentar: Você pode movimentar arquivos e pastas
clicando Ctrl + X na arquivo ou pasta e ir para onde você
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no quer colar o arquivo e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão
botão Iniciar→ Programas→ Acessórios direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de
destino e clicar novamente no botão direito do mouse e
selecionar colar.

LOCALIZANDO ARQUIVOS E PASTAS


No Windows Explorer tem duas:

Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o


arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma
opção de Pesquisar. Clicando nesta opção terão mais opções
para você refinar a sua busca.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a


muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir,
renomear, excluir históricos, ter acesso ao prompt de
comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre
que você selecionar algum arquivo.

A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que Arquivos ocultos:
você quer encontrar no computador. As pastas mais São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema.
utilizadas são as de Download, documentos e imagens. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer
alguma alteração, poderá danificar o Sistema Operacional.
As operações básicas com arquivos do Windows
Explorer são: Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo
Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam
Criar pasta: Clicar no local que quer criar a pasta e clicar espaço no disco.
com o botão direito do mouse e ir em novo→ criar pasta e
nomear ela. Você pode criar uma pasta dentro de outra pasta Tipos de arquivos:
para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos,
salvar dentro de uma mesma pasta um arquivo com o arquivos de som, imagem, planilhas e etc.. Alguns arquivos
mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente.

260
são universais podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas informação que seria a confiabilidade, integridade,
temos outros que dependem de um programa específico disponibilidade, autenticidade, auditoria, privacidade e
como os arquivos do Corel Draw que necessita o programa legalidade.
para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua
extensão. A extensão são aquelas letras que ficam no final Os mais importantes deste são:
do nome do arquivo.
Princípio da confiabilidade: São procedimentos para
Exemplos: restringir as informações para que sejam acessadas somente
.txt: Arquivo de texto sem formatação por pessoas autorizadas.
.html: Texto da internet
.rtf: Arquivo do Wordpad Princípio da integridade: Verificação de que as
informações não foram alteradas.
.doc e .docx: Arquivo do editor de texto Word com
formatação Princípio da disponibilidade: Informações sempre
disponíveis de forma oportuna quando pedidas por pessoas
Costuma cair em concursos se depois do arquivo estar autorizadas.
armazenado em disco se ele pode ser alterado. Sim é
possível. Resumindo estes princípios: O sistema de informação tem
que ser legais e corretas, estar sempre disponível, ser
Você consegue alterar vários tipos como um documento do acessado somente por pessoas autorizadas e que tenha como
Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto rastrear seu uso.
do libreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões
que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o Controles físicos: são barreiras que limitam o acesso de
arquivo inutilizável. pessoas fisicamente a informação. Ex: Guardas e portas.

Criptografia do Windows: Controles lógicos: são barreiras que impedem ou limitam o


Nas versões Vista, 7, 8 e 10 do Windows é possível é acesso à informação direto na máquina, onde poderia ser
possível usar criptografia para proteger todos os arquivos acessado online ou por pessoas que não autorizada que
que estejam armazenados na unidade em que o Windows chegaram até a fonte da informação. Ex.: Criptografia,
esteja instalado. Nesse caso, os arquivos que forem sistemas biométricos dentre outros.
adicionados a essa unidade serão automaticamente
criptografados. A ferramenta é BitLocker. Se a criptografia Mecanismos de segurança de controles lógicos:
do dispositivo não estiver disponível em seu dispositivo,
talvez você consiga ativar a criptografia do BitLocker Criptografia:
padrão. Note que o BitLocker não está disponível no É uma maneira de codificar uma informação para que
Windows 10 Home Edition. somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la
através de uma chave que é usada tanto para criptografar e
Recurso Otimizar unidades do Windows 8.1: descriptografar a informação.

além de organizar os arquivos no disco, tem o objetivo de Tem duas maneiras de criptografar informações:
melhorar o desempenho desse dispositivo de Criptografia simétrica (chave secreta)
armazenamento. Criptografia assimétrica (chave pública)

Ele faz o mesmo que o “Desfragmentador de Discos” do Criptografia simétrica


Windows 7. Houve apenas uma troca de nomes, mantendo Utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma
as mesmas funcionalidades. Conforme você vai utilizando o palavra ou apenas uma sequência de letras aleatórias, é
computador ele acaba fragmentando os arquivos, quebrando aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo
em pedacinhos dentro do sistema, Com o Desfragmentador de uma determinada maneira. Tanto o emissor quanto o
ele junta estes pedaços novamente melhorando o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta
desempenho da máquina. para poder ler a mensagem.

São bibliotecas padrão do Windows: Criptografia assimétrica


Documentos Tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é
Imagens disponibilizada para qualquer pessoa que queira enviar uma
Músicas mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em
Vídeos segredo, para que somente você saiba.

4.7 Segurança da informação Qualquer mensagem que foi usada a chave pública só
Existem alguns princípios básicos da segurança da poderá ser descriptografada pela chave privada.

261
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela isso você é redirecionado para o site que é exatamente igual
só poderá ser descriptografada pela chave pública ao verdadeiro para você colocar suas informações.
correspondente.
SPYWARE:
Na Criptografia assimétrica é mais lento o processamento
para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem. São programas espiões com a função de pegar informações
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura sobre suas atividades no computador e transmiti-las para
digital. outra pessoa ou entidade sem a sua autorização. Criminosos
utilizam para pegar informações financeiras como contas
Assinatura Digital: É muito usado com chaves públicas e bancárias, senhas ou informações de seu cartão de crédito.
permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a Mas nem todos os spywares tem objetivos ruins, como por
integridade da informação recebida. Além disso, uma exemplos as empresas de publicidade que entendendo
assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente melhor seu perfil ele mostrará anúncio que surtirão mais
não pode alegar que não realizou a ação. A chave é efeito. Mas normalmente o spyware do bem pedirá sua
integrada ao documento, com isso se houver alguma autorização para se instalar.
alteração de informação invalida o documento.
Formas de segurança e proteção:
Sistemas biométricos: Utilizam características físicas da
pessoa como os olhos (retina), dedos (digitais), palma da Controles de acesso através de senhas para quem acessa,
mão ou voz. com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma
pessoa que está acessando o sistema é quem ela diz ser.
Formas de se roubar dados ou invadir computadores:
Vírus através de download, sites suspeitos, e-mails e pen Se for empresa e os dados a serem protegidos são
drive são os métodos mais comuns extremamente importantes, pode-se colocar uma
identificação biométrica como os olhos ou digital.
Trojans como o Back-orifice instalados no micro
Bugs de segurança do Windows, IE, Netscape, ICQ ou de Evite colocar senhas com dados conhecidos como data de
qualquer programa que estiver instalado no micro. nascimento ou placa do seu carro.

Portas TCP abertas As senhas ideais devem conter letras minúsculas e


Antivírus desatualizados maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ %
Senhas fracas & *.

MALWARE: Instalação de antivírus com atualizações constantes.

Malware (software malicioso) é qualquer software Todos os softwares do computador devem sempre estar
desenvolvido para a finalidade de fazer mal a um sistema de atualizados, principalmente os softwares de segurança e
computador. A ameaça de software mal-intencionado sistema operacional. No Windows a opção recomendada é
facilmente pode ser considerada como a maior ameaça à instalar atualizações automaticamente.
segurança da Internet. Anteriormente, vírus foram, mais ou
menos, a única forma de malware. Hoje em dia, a ameaça Procedimentos de segurança
tem crescido para incluir network-aware worms, cavalos de
Tróia, spyware, adware e assim por diante. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO:
PHISHING:
Existem alguns princípios básicos da segurança da
Método para roubar dados pessoais. Pode acontecer de informação que seria a confiabilidade, integridade,
várias formas, mas as mais utilizadas são duas: disponibilidade, autenticidade, auditoria, privacidade e
legalidade.
1.Mensagens instantâneas (Whatsapps) ou e-mail contendo
links para você clicar: Eles roubam contatos de pessoas e Os mais importantes deste são:
mandam estas mensagens como fosse essas pessoas e pedem
para você clicar em algum link. Princípio da confiabilidade: São procedimentos para
restringir as informações para que sejam acessadas somente
2.Construções de páginas inteiras como de instituições por pessoas autorizadas.
bancárias, PayPal, Dropbox, sites do governo entre outros.
Eles mandam e-mail para pedir atualizações, validação, Princípio da integridade: Verificação de que as
confirmação de dados da conta ou dizendo que sua conta foi informações não foram alteradas.
bloqueada por acesso ilegal ou algum outro problema. Com

262
Princípio da disponibilidade: Informações sempre só poderá ser descriptografada pela chave pública
disponíveis de forma oportuna quando pedidas por pessoas correspondente.
autorizadas. Na Criptografia assimétrica é mais lento o processamento
para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Resumindo estes princípios: O sistema de informação tem Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura
que ser legais e corretas, estar sempre disponível, ser digital.
acessado somente por pessoas autorizadas e que tenha como
rastrear seu uso. Assinatura Digital: É muito usado com chaves públicas e
permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a
Este resumo tem muito a ver com as empresas, mas você, integridade da informação recebida. Além disso, uma
como usuário pessoal deve também proteger seu assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente
computador, pois existem criminosos digitais chamados de não pode alegar que não realizou a ação. A chave é
hackers que tem como objetivo roubar suas informações integrada ao documento, com isso se houver alguma
pessoais ou mesmo somente danificar a sua máquina. alteração de informação invalida o documento.

Para se montar um sistema de segurança existem os Sistemas biométricos: Utilizam características físicas da
controles físicos e lógicos que são as barreiras para evitar os pessoa como os olhos (retina), dedos (digitais), palma da
ataques. mão ou voz.

Controles físicos: são barreiras que limitam o acesso de 4.7.1 Noções de vírus, worms e pragas virtuais
pessoas fisicamente a informação. Ex: Guardas e portas. O vírus é um programa ou parte de um programa que tem a
capacidade de se multiplicar, ou seja, ele faz cópias de si
Controles lógicos: são barreiras que impedem ou limitam o mesmo infectando os arquivos do computador e outras
acesso à informação direto na máquina, onde poderia ser máquinas. Eles ficam ocultos no sistema até que seja
acessado online ou por pessoas que não autorizada que acionado, ou seja, ele fica inativo no sistema até ser
chegaram até a fonte da informação. Ex.: Criptografia, executado pelo usuário sem perceber e assim infectar o
sistemas biométricos dentre outros. computador. A infecção pode ocorrer de várias maneiras
como por exemplos, clicar em anexos vindo por e-mail,
Mecanismos de segurança de controles lógicos: fazer download em sites não confiáveis, sistema operacional
desatualizado ou mesmo conectar pendrive sem passar um
Criptografia: antivírus antes.
É uma maneira de codificar uma informação para que
somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la Stealth: É uma característica dos vírus usa técnicas para
através de uma chave que é usada tanto para criptografar e disfarçar quaisquer modificações feitas no sistema infectado,
descriptografar a informação. escondendo-se e dificultando a ação dos antivírus. Ele tem a
capacidade de se remover da memória temporariamente para
Tem duas maneiras de criptografar informações: evitar que o antivírus o detecte

Criptografia simétrica (chave secreta) Vírus Time Bomb (bomba relógio)


Criptografia assimétrica (chave pública) É um malware de contagem regressiva. Ele normalmente é
pego através de anexos em e-mail. Ele é instalado, mas só
Criptografia simétrica será acionado da data ou momento previamente definida
Utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma pelo seu desenvolvedor.
palavra ou apenas uma sequência de letras aleatórias, é
aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo Vírus de boot (vírus de inicialização)
de uma determinada maneira. Tanto o emissor quanto o Depois de carregados na memória (RAM) eles alteram o
receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta setor de boot de todos os discos do computador, ou seja, ele
para poder ler a mensagem. infecta o sistema quando o computador é iniciado.

Criptografia assimétrica Worms


Tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é Ele é um malware muito parecido com os vírus, pois
disponibilizada para qualquer pessoa que queira enviar uma também se multiplica, mas é bem mais perigoso do que um
mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em vírus, pois ele é um programa autônomo, ou seja, não
segredo, para que somente você saiba. necessita de ser acionado pelo usuário para ser ativado e
além disso ele é mais rápido e se espalha pela rede
Qualquer mensagem que foi usada a chave pública só contaminando outras máquinas, por meio de internet, e-mail,
poderá ser descriptografada pela chave privada. pendrive e etc.

Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela Cavalos de Troia (Trojans)

263
Igual ao cavalo de Troia da Guerra entre Gregos e troianos, Backdoor
este malware finge ser um software legítimo para enganar o É um programa que abre uma porta de acesso não autorizado
usuário e abrir as portas para que uma pessoa acesse seu pelo proprietário do sistema para que o invasor retorne para
computador ou colete seus dados sem seu consentimento. o computador invadido. Depois de instalado ele deixa esta
porta aberta permanente para que este invasor possa
Esta pessoa por ter acesso ao seu computador pode enviar continuar invadindo remotamente.
spans, infectar outros computadores e atacar seu servidor.
Ransomware
Ação maliciosa mais comum é o furto de informações Ele tem a intenção de bloquear o acesso do usuário a
sensíveis contidas no computador infectado determinados arquivos ou todo o computador, para exigir
pagamento para desbloquear este acesso. Ele criptografa o
Os Cavalos de Troia (Trojans) são divididos em dois computador e assim que for pago pelo usuário ele envia uma
módulos: o Servidor (instalado no computador da vítima) e chave de descriptografia para ele acessar novamente o
o Cliente (instalado no computador do hacker). computador.

Spyware Rootkit
São software espiões com o objetivo de coletar informações São vários programas com o objetivo de esconder um
sobre suas atividades no computador e transmiti-las para invasor ou código malicioso no computador invadido. Ele
outra pessoa ou entidade sem a sua autorização. Os Hackers normalmente não é usado para invadir o sistema e sim para
costumam roubar dados financeiros como senhas e manter a invasão. Ele oculta processos e arquivos em
informações bancárias. algumas partes do sistema para remover evidências de sua
existência. Ele funciona como um backdoor, que deixa uma
Ação maliciosa mais comum é o furto de informações porta aberta para o invasor entrar sempre que quiser.
sensíveis contidas no computador infectado. Ele também são
usados pelas empresas de publicidade, pois entendendo Keylogger (Registrador de teclado)
melhor o usuário ele mostrará uma publicidade mais É um programa que registra tudo que o usuário digita no
qualificada. Mas as empresas sérias pedem autorização para teclado. A instalação pode ser feita por contaminação como
o usuário antes de instalar na máquina. qualquer malware para roubar senhas gerais, dados
bancários ou mesmo ser instalado por uma pessoa direto na
Adware máquina, como por exemplos uma empresa para monitorar
São programas que exibe uma grande quantidade de as atividades de seus funcionários ou pais que querem vigiar
anúncios sem o consentimento do usuário. Ele exibe os filhos sem serem percebidos.
anúncios conforme o seu perfil de navegação. Ele também
pode deixar seu computador vulnerável para a invasão de 4.8 Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-
outros malware. Este programa é muito usado por spyware etc)
desenvolvedores de software gratuitos como jogos por
exemplo, mas nesta situação é pedido a permissão ao Antivírus
usuário através da licença de uso do aplicativo.
Os antivírus são programas de computador concebidos para
Bot e botnet prevenir, detectar e eliminar vírus de computador. Existe
É um programa que abre uma porta no computador para ser uma grande variedade de produtos com esse intuito no
acessado remotamente. Este computador é conhecido como mercado, e a diferença entre eles está nos métodos de
zumbi por ser controlado remotamente. Sua infecção e detecção, no preço e nas funcionalidades. Para o usuário
propagação é parecida com a do worms, ou seja, é um doméstico, existe a opção de utilizar um antivírus gratuito
programa autônomo, não necessitando ser acionado pelo ou um pago. A diferença está nas camadas a mais de
usuário para se propagar. A infecção pode ocorrer por IRC, proteção que a versão paga oferece, além do suporte técnico
servidores, e redes do tipo P2P, entre outros mecanismos. realizado por equipe especializada.

Ação maliciosa mais comum é o furto de informações Métodos de identificação para impedir a entrada de vírus:
sensíveis contidas no computador infectado.
• Escaneamento de vírus conhecidos – Assim que
Hijackers (sequestrador de navegador) um novo vírus é descoberto, o antivírus desmonta
São software que capturam navegadores de internet. Eles seu código e o separa em grupos de caracteres
tem o objetivo de alterar a página inicial do navegador para chamados de string que não são encontrados em
exibir publicidades ou obrigar a acessar determinados links e outros programas do computador. A partir daí, a
impedem o usuário de alterá-la. Normalmente a pessoa que string começa a identificar esse vírus, enquanto que
desenvolve estes Hijackers ganha com a exibição de o antivírus faz uma varredura pelo sistema para
propaganda ou acesso aos sites. identificá-lo em algum programa. Caso encontrado,
o antivírus notifica o usuário e deleta o arquivo

264
automaticamente, enviando para um espaço que que serão aceitas ou negadas. Se, por exemplo, um hacker
pode ser visualizado posteriormente pelo usuário. tentar acessar a rede, ou até mesmo um único computador
• Sensoreamento heurístico – Trata-se do segundo ligado à internet, e há um firewall configurado
passo de uma execução quando o usuário solicita o adequadamente, o acesso dele será interceptado e
escaneamento da máquina. O antivírus, por meio de bloqueado. O mesmo vale para os worms, pragas que
um método complexo e muitas vezes sujeito a utilizam a rede para se disseminarem.
erros, realiza a varredura de todo o sistema em
busca de instruções que não são executáveis nos Os firewalls podem se apresentar sob duas formas: software
programas usuais. Muitas vezes pode apresentar e hardware. A primeira, mais comum, são programas que o
erros por necessitar gravar sobre ele mesmo, ou usuário instala na máquina para realizar o controle das
outro arquivo, dentro de um processo de conexões, tanto as que entram, como as que saem.
reconfiguração ou atualização.
• Busca algorítmica – trata-se de uma busca que Já sob a forma de hardware, temos equipamentos específicos
utiliza algoritmos para encontrar os resultados. que reforçam a segurança de uma rede. Esses geralmente são
• Checagem de integridade – refere-se ao empregados em redes de grande porte, principalmente em
mecanismo que registra dígitos verificadores em empresas que necessitam de mais segurança a suas
um banco de dados para que possa ser consultado máquinas, uma vez que são equipamentos nem um pouco
futuramente pelo antivírus com objetivo baratos. Embora utilizar os dois tipos seja o ideal para
comparativo. Quando uma nova checagem é reforçar a segurança de uma rede, dispor de um bom
realizada, o sistema utiliza o banco de dados com software e navegar com cautela pela Internet são medidas
as informações armazenadas para fazer triviais que ajudarão, e muito, a impedir que o computador
comparações a fim de se certificarem de que não — ou rede — seja invadido por um hacker.
existem alterações nos dígitos verificadores.
4.8.1 Procedimentos de backup
Antispywares Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro
Um antispyware é um software de segurança que tem o dispositivo de armazenamento como HD externo,
objetivo de detectar e remover adwares e spywares. A armazenamento na nuvem ou pen drive por exemplo, para
principal diferença de um anti-spyware de um antivírus é a você não perder os dados originais de sua máquina devido a
classe de programas que eles removem. Adwares e spywares vírus, dados corrompidos ou outros motivos e assim
são consideradas áreas “cinza”, pois nem sempre é fácil conseguir restaurá-los (recuperá-los).
determinar o que é um adware e um spyware. Muitos
antivírus já incorporam detecção de spyware e adware, mas Tipos de Backup
um antispyware específico ainda faz parte da programação
de segurança da maioria dos usuários. Backups completos (normal): Cópias de todos os
arquivos, independente de backups anteriores. Conforma a
Firewall quantidade de dados ele pode ser é um backup demorado.
Firewall em português é o mesmo que parede corta-fogo, um Ele marca os arquivos copiados
tipo de parede, utilizada principalmente em prédios, e que
contém o fogo em casos de incêndio. O firewall da Backups incrementais: É uma cópia dos dados criados e
informática faz jus ao nome, funcionando de maneira alterados desde o último backup completo (normal) ou
análoga ao mecanismo de contenção de fogo. Ao invés de incremental, ou seja, cópia dos novos arquivos criados.
barrar o avanço deste, age interceptando e impedindo a Por ser mais rápidos e ocupar menos espaço no disco ele
difusão de conexões não autorizadas e/ou nocivas em uma tem maior frequência de backup. Ele marca os arquivos
rede. copiados.

O firewall realiza a filtragem de pacotes e então bloqueia as Backups diferenciais: Da mesma forma que o backup
transmissões não permitidas, mas não impede o uso incremental, o backup diferencial só copia arquivos criados
malicioso de serviços que ele esteja autorizado a liberar. ou alterados desde o último backup completo (normal), mas
Alguns autores definem firewall como: Um firewall é uma isso pode variar em diferentes programas de backup. Juntos,
combinação de hardware e software que isola da Internet a um backup completo e um backup diferencial incluem todos
rede interna de uma organização, permitindo o os arquivos no computador, alterados e inalterados. No
gerenciamento do fluxo de tráfego e dos recursos da rede e o entanto, a diferença deste para o incremental é que cada
controle, pelo administrador de rede, do acesso ao mundo backup diferencial mapeia as modificações em relação ao
externo. último backup completo. Ele é mais seguro na manipulação
de dados. Ele não marca os arquivos copiados.
Um firewall trabalha controlando o tráfego em uma rede,
usando para isso um conjunto de regras. Ele determina qual Marcar o arquivo significa que ele já foi copiado, mas
o conteúdo poderá trafegar pela rede, bem como as conexões para o sistema ele desmarca quando o arquivo é copiado.
Caiu em prova:

265
consegue enviar seus arquivos pela internet e deixá-los
O becape dos dados que emprega uma combinação de guardados em segurança em questão de segundos.
becapes normal e incremental é um método mais rápido e
requer menor espaço de armazenamento, em relação aos Os arquivos enviados são automaticamente salvos e
demais tipos de becape. Entretanto, por meio desse becape, a distribuídos em vários servidores diferentes. Assim, se
recuperação de arquivos pode tornar-se difícil e lenta, pois o algum dos servidores falhar, o usuário nunca fica sem acesso
conjunto de becape poderá estar armazenado em diversos aos seus arquivos disponíveis nos outros servidores. E
discos ou fitas. também nunca perde o que guardou lá.

Com a finalidade de substituir, de forma rápida, sistemas Tipos de armazenamento em nuvem


críticos de uma organização em caso de falha de disco,
dispositivos de backup podem ser utilizados. Tal Uma nuvem pode ser pública, ou seja, é disponibilizada
procedimento visa a manter a disponibilidade da para todo um universo de clientes e as interações ocorrem
informação. por meio de protocolos na internet.

Devem ser feito testes constantes dos backups para evitar Privada – Disponível apenas para um grupo de usuários, e
dados corrompidos ou outros problemas e ser tarde demais não para o público em geral. Dessa maneira, é possível ter
para recuperar. Estes testes devem do backup devem ser recursos como firewalls da empresa e hosting interno que
periódicos e logo após eles terem sido gerados. garantem maior segurança aos dados confidenciais. A opção
por uma nuvem privada é mais cara, mas traz outra
Não é necessário fazer backup de arquivos de sistema e vantagem: maiores possibilidades de customização nas
aplicativos, pois eles são facilmente reinstalados. soluções.

4.9 Armazenamento de dados na nuvem (cloudstorage) Nuvem comunitária – È um meio termo entre a nuvem
O armazenamento em nuvem é uma tecnologia que permite pública e privada. Ela não é aberta a qualquer usuário da
guardar dados na internet através de um servidor online internet, mas ao mesmo tempo, não fica restrita apenas a
sempre disponível. Nele, o usuário pode armazenar uma organização. Trata-se de um ambiente compartilhado
arquivos, documentos e outras informações sem precisar de por instituições que têm interesses em comum.
um HD no seu computador.
A classificação do armazenamento em nuvem também pode
Armazenamento em nuvem é uma tecnologia recente que ser feita de acordo com a tecnologia utilizada.
permite que o usuário de internet guarde todos os seus dados
em um servidor online É possível armazenar, editar, No all flash, por exemplo, os dados são armazenados em
compartilhar e excluir arquivos, documentos, fotos, vídeos, memória flash, com velocidade de leitura e gravação
contatos e aplicativos livremente. altíssima.

O armazenamento em nuvem dispensa a necessidade de um No Standard, o modelo mais comum, é utilizada a memória
armazenamento local. Seja em um computador desktop, um flash, em que ficam os dados “quentes”, e discos, nos quais
notebook, um smartphone ou um tablet, não é necessário ter ficam guardados os dados “frios”.
um HD (disco rígido) físico para guardar informações. Tudo
fica guardado e disponível em um ambiente digital. Para Modelo enterprise, composto por discos performáticos, em
acessar esses arquivos armazenados em nuvem, o usuário que a velocidade não é um grande atrativo, porém a
precisa apenas de uma conexão estável com a internet. É tolerância a falhas é uma vantagem.
com ela que acontece o gerenciamento e a edição de
arquivos e pastas guardados no servidor online. Isso pode Por fim, temos também o armazenamento em nuvem
ser feito de qualquer lugar de distância e a qualquer hora do específico para backups, que utiliza discos volumétricos e
dia, desde que haja internet para uso. tem como característica baixo desempenho, custo acessível e
muito espaço disponível.
Como funciona o armazenamento em nuvem?
Grandes empresas de tecnologia, como a Microsoft, o
Google e a Apple, mantêm centros de dados com milhares
servidores ligados 24 horas durante o ano inteiro.

Esses servidores, que têm altíssima capacidade de


armazenamento e estão localizados a quilômetros de
distância do usuário, estão conectados à internet.

Quando o usuário acessa um serviço de armazenamento em


nuvem, ele entra em pelo meno um desses servidores. Nele,

266
CADERNO DE QUESTÕES:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Questão 1:
Assinale a alternativa que apresenta o principal elemento da
Barra de Tarefas, com o qual é possível visualizar menus
que dão acesso a programas do Windows 7.
https://www.tecmundo.com.br/windows-7/9677-dicasdo-
a) Botão iniciar. windows-7-conhecendo-a-area-de-trabalho-video-.htm.
b) Atalhos.
c) Ícones. Na área de trabalho do Windows 7 quando se clica com o
d) Painel de controle. botão direito sobre a tela, depois em exibir e desmarca o
item destacado na imagem. O desktop:
Questão 2:
No Windows 7, a barra que tem a função de avisar quais são a) Organizará os ícones por tipo e tamanho.
os aplicativos em uso, mostrando um retângulo pequeno b) Não exibirá os ícones e os gadgets.
com a descrição do aplicativo ativo, é denominada de: c) Substituirá os ícones padrão.
d) Não exibirá os ícones.
a) Barra de menus.
b) Barra de endereços. Questão 6:
c) Barra de ferramentas de acesso rápido. De modo geral, o papel da barra de tarefas, no Windows 7, é
d) Barra de tarefas. dar acesso aos programas instalados no computador,
permitindo alternar entre janelas abertas e abrir outras ou
Questão 3: acessar rapidamente certas configurações do Windows. Ela
No Windows 7 as teclas Win + D combinadas deverá: se divide em três seções:
a) Exibir o Desktop. a) O plano de fundo, os ícones e a barra de ferramentas.
b) Bloquear o computador. b) O painel de controle, os programas e o Windows
c) Abrir o Windows Explorer. Explorer.
d) Minimizar todas as janelas. c) O Explorer, os jogos e os ícones (meu computador e
lixeira).
Questão 4: d) O botão e o menu Iniciar, a super barra e a área de
No Windows 7 quais teclas combinadas são utilizadas para notificação.
selecionar todos os itens da área de trabalho?
a) CTRL+C. Questão 7:
b) CTRL+A. “Esta opção sai do perfil do usuário que estava usando o
c) CTRL+Y. computador, mas não finaliza nenhum programa”. Essa
d) CTRL+X. afirmativa refere-se a qual procedimento do Windows 7:
a) Trocar usuário.
Questão 5: b) Bloquear.
c) Desligar.
d) Fazer Logoff.

Questão 8:
Uma maneira de renomear um arquivo é abrir o arquivo e
salvá-lo com outro nome. Porém, há outra forma de realizar
esta ação, qual seja:
a) 1. clique para abrir Opções de Pasta e Pesquisa. 2. Clique
na guia Modo de Exibição Renomear.

267
b) 1. Em Configurações avançadas, clique em Mostrar Referente a operações com janelas, relacione as colunas, de
arquivos, pastas e unidades ocultas. 2. Clique em Renomear. cima para baixo.
Clique em OK.
c) 1. Clique com o botão direito do mouse sobre arquivo A. Barra de Título.
que deseja renomear e, em seguida, clique em Propriedades. B. Barras de Rolagem.
2) Clique na guia Geral, marque a caixa de seleção C. Botão Minimizar.
renomear, e clique em OK. D. Botão Maximizar.
d) 1. Clique com o botão direito do mouse no arquivo que
você deseja renomear e clique em Renomear. 2) Digite o ( ) Ocupa a tela inteira do monitor.
novo nome e pressione Enter. ( ) Permite ocultar a Janela.
( ) Apresenta o nome do programa em uso e/ou nome do
Questão 9: documento atualmente aberto.
Renato pretende fechar um programa que está travado na ( ) Serve para ver informações que estão fora de visão no
sua máquina. Qual dos atalhos abaixo Renato deve usar no momento.
teclado que está conectado a sua máquina que tem instalado
o Sistema Operacional Windows 7 para abrir a janela Após a correlação, assinale a alternativa que agrupa a
Gerenciador de Tarefas do Windows? sequência CORRETA.
a) Ctrl + Shift + Esc.
b) Ctrl + Shift + G. a) A-B-D-C
c) Ctrl + Shift + PageDown. b) D-C-A-B
d) Ctrl + Shift + Home. c) B-A-C-D
d) C-D-B–A
Questão 10:
Para esvaziar a lixeira no Windows 8, deve- se clicar com o Questão 14:
botão direito do mouse sobre o ícone da lixeira e selecionar Analise a situação abaixo e responda corretamente o que se
no menu de contexto “Esvaziar Lixeira”. Outra forma seria: pede.
a) Abrir a Lixeira, no menu Arquivo clicar em Excluir
Histórico. Para redimensionar uma janela, tornando-a menor ou maior,
b) Abrir a Lixeira, no menu Início clicar em Esvaziar aponte para qualquer borda ou canto da janela. Quando o
Lixeira. ponteiro do mouse mudar para uma seta com duas pontas,
c) Abrir a Lixeira, no menu Arquivo clicar em Esvaziar clique com o botão esquerdo do mouse e arraste para obter o
Lixeira. tamanho desejado.
d) Abrir a Lixeira, no menu Gerenciar clicar em Esvaziar
Lixeira. Com base nessa informação, e supondo que você abriu o
Bloco de Notas, e este encontra-se maximizado, para
Questão 11: realizar a tarefa de redimensionar no tamanho desejado,
No Windows 10 para criar uma área de trabalho virtual deve deve-se primeiro:
ser pressionado as seguintes teclas.
a) Minimizar o bloco de notas.
a) Botão do Windows+D b) Apertar "enter" no bloco de notas.
b) Ctrl+D c) Dar dois cliques com o botão esquerdo do mouse, na
c) Alt+D barra de menus do bloco de notas.
d) Botão do Windows+Ctrl+D. d) Restaurar o bloco de notas.

Questão 12: Questão 15:


No Windows 10 o____________________, alterna do modo Analise o enunciado a seguir:
PC para tablet. Utilizando esse recurso é possível conectar
os portáteis a um monitor e trabalhar nele como se estivesse Permite o acesso a diversos recursos para configuração do
em um computador. Com base no texto, assinale a sistema e dos hardwares existentes no computador, porém
alternativa que completa CORRETAMENTE a lacuna: algumas das aplicações só devem ser alteradas por usuários
que tenham conhecimentos avançados, pois, se mal
a) Multitarefa. utilizadas, elas podem danificar o sistema
b) Segundo plano.
c) Continuum. Diante do exposto, assinale a alternativa que corresponde
d) Cortana. corretamente à descrição anteposta.

Questão 13: a) Regedit.

268
b) Painel de Controle. a) Padrão.
c) Dispositivos e impressora. b) Científico.
d) Mapear Unidade de Rede. c) Dinâmica.
d) Programador.
Questão 16:
Sobre o Windows Explorer, correlacione os tipos de Questão 20:
seleções permitidas nele (primeira coluna) com as suas Por definição, atalho é um(a):
respectivas descrições (segunda coluna). a) conjunto de tarefas que o Windows deve executar.
b) arquivo que aponta para outro arquivo.
A - Seleção individual c) forma de automatizar tarefas quando o Windows inicia
B - Seleção em lista ou quando ele é fechado.
C - Seleção aleatória d) tipo de programa para o Windows (assim como o Word
é um editor de texto).
( ) Seleciona vários objetos, contendo intervalo entre eles.
( ) É acionado através do mouse ou utilizando a tecla Questão 21:
"SHIFT" juntamente com as setas de navegação do teclado. No Word 2013, se um documento estiver aberto e for
( ) Seleciona um objeto de cada vez. pressionada a tecla F1, abrirá a janela:
a) Substituir.
Após a correlação, assinale a alternativa que agrupa a b) Ajuda.
sequência CORRETA. c) Localizar.
d) Navegação
a) C - B - A.
b) A - C - B. Questão 22:
c) B - A - C. Em relação ao Word assinale o item INCORRETO:
d) B - C - A. a) O Word é um editor de texto, onde podemos criar cartas,
ofício, digitar currículo.
Questão 17: b) A fabricante do Word é a empresa Microsoft.
O Bloqueio Dinâmico, uma função do Windows 10 que c) O Word faz parte do pacote de programas chamado
sincroniza seu celular com seu computador, bloqueando o Microsoft Office.
PC automaticamente se seu celular ficar afastado dele. Para d) Quando instalamos o Windows, o Word vem instalado
ativar essa opção, basta ir a: junto, pois faz parte dos acessórios do Windows, tais como:
a) Opções gráficas > Teclas de Atalho > Ativar. Paint, Bloco de Notas, WordPad, Windows Explorer.
b) Configurações > Contas > Opções de entrada.
c) Notificações e ações > Ações Rápidas > Modo Tablet. Questão 23:
d) Configurações > Armazenamento > Sensor de __________ é um pequeno programa que podemos criar
Armazenamento. dentro do Word, do Excel e do Access para automatizar
tarefas, como formatar caracteres e transmitir dados pela
Questão 18: Internet.
Leia o enunciado e preencha a lacuna com a resposta a) Macro.
correta, retirada de um dos itens abaixo: b) Clip-art.
c) Parágrafo.
Resolução refere-se ao tamanho (largura x altura) em pixels d) Acessórios.
de um objeto gráfico, nesse caso, a própria Área de trabalho.
Todo e qualquer monitor possui uma resolução máxima com Questão 24:
a qual ele pode ser usado, chamada Resolução Quando criamos um documento no Word 2016, ele pode ser
_____________, e essa configuração é a que melhor se salvo, impresso ou enviado por e-mail. Para trabalhar com
encaixa nele. essas opções deve-se acessar a área de gerenciamento de
a) Final. documentos denominada Backstage, para fazer isso utiliza-
b) Standart. se o atalho:
c) Predominante.
d) Nativa. a) Alt+A
b) Alt+S
Questão 19: c) Alt+O
O aplicativo Calculadora para Windows 10 é uma d) Alt+X
calculadora da área de trabalho que inclui diferentes modos
de exibição. Dos itens abaixo, qual NÃO corresponde a um Questão 25:
dos modos de exibição? Assinale a alternativa que apresenta o atalho utilizado para

269
acessar o menu Referências no Word 2016:

a) Alt+O
b) Alt+V
c) Alt+K
d) Alt+S

Questão 26:
Para selecionar todo um documento em uma só ação, no
Word, a fim de copiá-lo ou cortá-lo para posterior colagem
em outro documento, são usadas as teclas:
a) Ctrl + C
b) Shift + T
c) Ctrl + T
d) Shift + D

Questão 27: Quais teclas deverão ser pressionadas para que a linha
No Microsoft Office Excel, é CORRETO afirmar que: marcada (5) seja ocultada da Tabela?
a) A Auto Soma exibe a soma das células selecionadas.
b) A função Classificar permite classificar os dados em a) Delete.
ordem crescente ou decrescente. b) Ctrl+9.
c) A combinação de teclas “CTRL” “V” corresponde à c) Ctrl+ Shift + Delete.
função Colar. d) Ctrl+9.
d) Todas estão corretas.
Questão 31:
Questão 28: Qual função do Excel é utilizada para inserir células, linhas
Que item representa uma sintaxe correta para somar o ou colunas no meio dos dados de uma planilha?
intervalo de células de A1 até A10 no Excel? a) CTRL + Sinal de adição (+).
a) soma(A1-A10) b) CTRL + Sinal de subtração (-).
b) =soma(A1:A10) c) CTRL + D.
c) =soma[A1/A10] d) CTRL + R.
d) total(A1/A10)
Questão 32:
Questão 29: Sobre o Excel, assinale o item CORRETO:
No Microsoft Excel, a ação “Salvar Como” pode ser a) A célula é identificada por dois caracteres, a coluna e o
acionada pelo Menu: número da linha.
b) As linhas são identificadas por letras.
a) Arquivo, Salvar Como ou pela tecla de atalho F12. c) As colunas são identificadas por números.
b) Arquivo, Salvar Como ou pela tecla de atalho F19. d) O total de células em cada planilha equivale à soma do
c) Editar, Salvar Como ou pela tecla de atalho F10. número de colunas pelo número de linhas.
d) Editar, Salvar Como ou pela tecla de atalho F9.
Questão 33:
Questão 30: Em se tratando das possibilidades de aplicação do Microsoft
A planilha a seguir foi elaborada a partir do MS Excel 2016 Office Excel, analise os itens abaixo:
e exibe informações financeiras:
I. Publicidade- Com o uso de suas ferramentas para a
elaboração de logomarcas, desenhos e outros materiais.
II. Contabilidade - Com o uso dos recursos de cálculo de
demonstrativos de contabilidade, tais quais: fluxo de caixa e
lucros.
III. Relatórios - Mensuração de desempenho de um projeto e
análise de variação de resultados.

Analisados os itens é CORRETO afirmar que:


a) Apenas o item I está incorreto.
b) Apenas o item II está incorreto.
c) Apenas o item III está incorreto.
d) Todos os itens estão incorretos.

270
Questão 34: Questão 40:
Um arquivo no MS Power Point 2013 é gerado em qual Para tornar o Internet Explore seu navegador padrão é
extensão? necessário que:
a) . pptm a) Clique no menu e selecione Opções Preferências. No
b) .pptx painel Geral e clique em Tornar Padrão.
c) .ppt b) Clique em Ferramentas e Preferências a partir da barra
d) .pdf de menus ou simplesmente pressione Ctrl+F12.
c) Selecione o botão Ferramentas e em Opções da Internet.
Questão 35: Clique na guia Programas e em Tornar padrão.
O Power Point é um software que permite realizar d) No canto superior direito, clique em Mais. Clique em
apresentações através de dispositivos. Se durante a edição de Configurações. Na seção "Navegador padrão", clique em
slides for necessário iniciar a apresentação do slide que está Fazer do Google Chrome o navegador padrão.
sendo editado, deve-se pressionar as seguintes teclas:
a) Alt + F5. Questão 41:
b) Shift+F5. Atalho do teclado CTRL+N, no Internet Explorer, deverá
c) F5. abrir um(a):
d) F4. a) Nova janela.
b) Painel de favoritos.
Questão 36: c) Página aos favoritos.
O Office 365 Personal, disponível para PC ou Mac e tablet, d) Caixa de diálogo de impressão.
é um pacote que dá ao usuário uma série de benefícios. Este
pacote é uma versão: Questão 42:
a) Física sem possibilidade de atualizações. Sobre a utilização do atalho “ctrl+k” no navegador Internet
b) Física com atualizações constantes. Explorer, na versão 8.x, no sistema operacional Windows
c) Digital de uso compartilhado. XP, assinale a alternativa CORRETA.
d) Digital de uso pessoal.
Obs: Utilizando instalação padrão (Português Brasil). A
Questão 37: utilização do caractere “+” é apenas para interpretação.
Qual o conceito de INTERNET? a) Disponibiliza uma janela com um campo para informar
a) É uma rede global de computadores, interligada por um novo endereço URL para ser redirecionado.
equipamentos e protocolos de comunicação. b) Restaura a janela do navegador retornando ao tamanho
b) Conjunto de regras que os equipamentos envolvidos no definido antes de maximizar.
processo de comunicação deve seguir para que a ligação c) Duplica a guia atual em uma nova guia, ou seja, abre o
entre os mesmos permaneça estável. endereço da guia atual na nova guia.
c) Representação gráfica das informações. d) Imprime a página atual ou o quadro ativo.
d) Linhas e colunas com funções para trabalhar com
números. Questão 43:
Quando se quer enviar uma cópia do documento, os
Questão 38: endereços nesse campo não aparecem no escopo do e-mail.
Podemos dizer que internet é um conjunto de redes
interligadas através de Backbones que é o termo principal a) Para.
utilizado para: b) CC.
a) Interpretar as páginas da web. c) CCo.
b) Enviar mensagens instantâneas pelos sites. d) Assunto.
c) Solicitar informação em qualquer lugar do mundo por
meio de sites. Questão 44:
d) Identificar a rede principal pela qual os dados de todos Assinale a alternativa que apresenta, no e-mail, a opção de
os clientes da Internet passam. enviar a mensagem selecionada para outra pessoa:

Questão 39: a) Responder


é o ato de transferir arquivos do b) Responder a todos.
computador de um usuário para a Web. c) Encaminhar.
a) EndLoad d) Enviar.
b) Upload
c) NumLoad Questão 45:
d) Download O correio eletrônico (e-mail) é o serviço básico de

271
comunicação na rede. Ele é muito rápido, envia e recebe
mensagens em questão de minutos. Enviar dados via correio I. O Sistema Operacional Windows consiste em
eletrônico é muito fácil. Tudo o que você precisa é ter componentes no modo núcleo e componentes no modo
acesso a rede, dispor de um programa de correio eletrônico e usuário. ( )
conhecer o endereço da pessoa com quem deseja se
comunicar. NÃO é um programa de correio eletrônico: II. No modo usuário há três tipos que são importantes para o
a) Netscape Navigator. Windows de maneira singular: subsistemas de ambiente,
b) Outlook Web App. DLLs e processos de serviço. A biblioteca de ligação
c) Entourage 2008 Web Services Edition. dinâmica (DLL), é código sendo ligado a programas
d) Outlook 2011 para Mac. executáveis em tempo real em vez de tempo de compilação.
()
Questão 46:
A primeira ferramenta desenvolvida para tentar organizar as III. No Windows, quase todas as bibliotecas são DLLs,
informações na Internet foram os ______________. Neles, desde a biblioteca de sistema ntdll.dll, que é carregada em
as páginas são rastreadas (visitadas) e organizadas todo processo. ( )
(indexadas e armazenadas) por assunto. Indique
corretamente o item que possui a palavra correta que IV. As DLLs diminuem a eficiência do sistema permitindo
completa a lacuna. que código comum não seja compartilhado entre processos,
a) Robôs. assim aumenta o tempo de carregamento dos programas. ( )
b) Diretórios.
c) Sistema de busca. Respondidos os itens a sequência CORRETA é:
d) Mecanismos de busca. a) V V V F.
b) F V V V.
Questão 47: c) F V F V.
Em se tratando de Internet, é INCORRETO afirmar que: d) V V V V.
a) A Internet não é de modo algum uma rede, mas sim um
vasto conjunto de redes diferentes que utilizam certos Questão 50:
protocolos comuns e fornecem determinados serviços Consagrado como a melhor e mais eficiente ferramenta de
comuns. motor de busca na Internet, o Google possui uma série de
b) Os elementos que formam a base da Internet são o características e recursos exclusivos que tornam suas buscas
modelo de referência TCP/IP e a pilha de protocolos ainda mais precisas e práticas online. Existem símbolos e
TCP/IP. palavras específicas que fazem o buscador acionar pesquisas
c) A definição mais correta é a de que uma máquina está na mais sofisticadas, enriquecendo seus resultados.
Internet quando executa a pilha de protocolos TCP/IP, tem
um endereço IP e pode enviar pacotes IP a todas as outras Fonte: Disponível em
máquinas da Internet. https://www.techtudo.com.br/dicas-etutoriais/
d) Até o início da década de 2010, a Internet era um noticia/2014/10/guia-de-dicas-google-aproveite-aomaximo-
verdadeiro reduto de pesquisadores ligados às universidades, ferramenta-de-busca.html. Acessado em 21 nov de
ao governo e à indústria. Uma nova aplicação, a WWW 2018.
(World Wide Web), mudou essa realidade e atraiu para a
rede milhares de novos usuários, sem a menor pretensão Indique o item que possui o exemplo da forma correta para
acadêmica. pesquisar uma palavra ou frase exata no Google.
a) Related: consulpam.com.br.
Questão 48: b) Link: consulpam.com.br.
Um servidor é um sistema de computação que fornece c) “Portal de tecnologia”.
serviços a uma rede de computadores. Há diversos tipos de d) Games – IOS.
servidores. Um servidor DNS é responsável pela(o):
a) Compartilhamento de hardware e aumentar a eficiência
energética.
b) Conversão de endereços de sites em endereços IP e vice-
versa.
c) Armazenagem de arquivos para dar acesso à internet.
d) Mecanismo de imagens digitais.

Questão 49:
Sobre o Sistema Operacional Windows, marque V para itens
verdadeiros e F para itens falsos:

272
GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D A B D D A D A D
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
D C B D B A B D C B
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
B D A C D C D B A B
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
A A A B B D A D B C
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
A C C D A B D B A C

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS – DIDÁTICA E Em tal contexto, dá-se destaque ao processo educacional
LEGISLAÇÃO brasileiro, relacionando os entes comumente responsáveis
pela educação pública e privada, bem como pelo aparato
5. Educação, escola, professores e comunidade. legal a respeito da educação, visando a esclarecer possíveis
A educação, na atualidade, é vista como um dos pilares das razões para a educação ora ofertada.
sociedades, acompanhada por saúde e segurança, todos de
ordem pública, embora não seja possível ignorar a atuação ORIGEM DA EDUCAÇÃO PÚBLICA, CONCEITO E
da iniciativa privada em tais segmentos, nem tampouco ENTIDADES EDUCADORAS
ignorar a fragilidade de tais pilares frente às novas Estudar a evolução da educação pública consiste em um
demandas sociais. trabalho minucioso de historiografia, podendo ser realizado
por todos aqueles que buscam compreender melhor os
Nesta vertente, a educação enfrenta crise gerencial, caminhos trilhados pela educação, repensar a origem de
estrutural, resultando em um dos campos com maiores conceitos ainda utilizados e refletir a respeito dos
índices de insatisfação das sociedades e ocasionando acontecimentos que marcaram a história e cujas
problemas cujas soluções parecem estar distantes. consequências manifestam-se na educação de agora.

Para entender melhor o processo de ensino-aprendizagem De um modo ou de outro, é possível considerar que todas as
existente na atualidade, principalmente no Brasil, faz-se nações se depararam com a educação pública, sendo que
oportuno estudar a história da educação pública e de como algumas tiveram grandes destaques, como os gregos e suas
esta evoluiu ao longo do tempo, relembrando as civilizações escolas, que se tornaram objetos de estudos. Assim, de
antigas e enfatizando a educação do Brasil colônia até o acordo com a filosofia de cada nação, estabeleceu-se uma
início do século XXI. forma de educação pública, como bem representa Jaeger
(1994):
Com tal intuito, realizou-se a presente atividade, apoiada em
obras literárias de história da educação, bem como estudos A educação participa na vida e no crescimento da sociedade,
recentes de pesquisadores e professores, sem pretensão de tanto no seu destino exterior como na sua estruturação
exaurir o tema, mas com o objetivo de apontar uma interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o
sequência, resumida e sequenciada, de fatos ocorridos e desenvolvimento social depende da consciência dos valores
algumas de suas implicações. que regem a vida humana, a história da educação está
essencialmente condicionada pelos valores válidos para cada
Ainda como objetivo, este texto pretende facilitar a sociedade. (JAEGER, 1994, p. 56)
compreensão do processo evolutivo da educação pública,
relacionando possíveis motivos da atual ineficácia desta e de EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
como está se encontra agora, de modo a propiciar reflexões No Brasil, o direito à educação pública foi ignorado e
e incentivar a busca por uma escola pública com real descumprido por muito tempo, não tendo, ainda, alcançado
qualidade, gerando o exercício da democracia e da cidadania um patamar satisfatório, revelando, em análise histórica
efetivas. mais profunda, que o poder público não priorizou políticas
públicas, tampouco construiu uma ordem jurídica
Notadamente, percebeu-se, ao longo do trabalho, que a educacional homogênea e eficaz (LIMA, 2008).
educação pública não conseguiu, com o decorrer do tempo,
nem consegue agora, atingir todos os cidadãos como seria Considerando o contexto de colonização do Brasil, é
esperado, fato apontado pelos pesquisadores estudados. Ao possível entender as dificuldades políticas para o
contrário, ela acaba funcionando como motivo de exclusão estabelecimento de uma educação pública, bem como os
social, a partir do momento que limita o acesso à resultados a que se chegou, observando-se a inércia do
modalidade como o ensino superior e/ou técnico[2], e Estado e ação ostensiva da Igreja católica.
também exclui de forma perversa ao certificar que
determinados alunos concluíram o chamado ensino De início, sem interesse em povoamento da colônia
fundamental sem o conhecimento mínimo esperado[3] para brasileira, o Estado Português não investiu e não se
atuação em sociedade ou para dar seguimento aos estudos preocupou com questões de educação pública. A mesma
nos moldes estabelecidos. ausência de povoamento implicou em desestruturar familiar,
deixando a educação, a cargo da Igreja católica, por meio
Considerando a necessidade de boa compreensão dos atuais dos jesuítas, a qual fora direcionada a catequizar os índios, o
processos educacionais, tanto de escolas públicas quando de que permaneceu durante muito tempo.
escolas privadas, faz-se oportuna a busca pela história da
evolução da educação pública, no mundo e no Brasil, Mais tarde, com o povoamento e a mudança de rumo
contrastando-a com o surgimento e evolução da escola político, tornou-se oportuno e necessário iniciar o processo
privada, relacionando, ainda, os maiores problemas e de educação pública, o qual não atingiu ainda suas funções
desafios da educação atual. mais importantes, posto que não apenas exclui parte da
população, mas também educa mal outra parte, a exemplo

274
das universidades, que não oferecem vagas para todos, e do manifestações culturais.
ensino fundamental, do qual muitos alunos saem Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada
semianalfabetos. nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
Abordar a questão da educação pública no Brasil significa educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
pensar em como se deu o processo de ensino imposto pelos qualificação para o trabalho.
colonizadores, sem deixar de considerar, entretanto, que os Art. 12 Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
povos que habitavam esta terra tinham seus próprios meios normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
de educação, de transmissão de conhecimentos, valores e incumbência de:
regras de convivência em sociedade. Para tanto, parece VI – Articular-se com as famílias e a comunidade, criando
conveniente nova divisão em grupos, relacionando família, processos de integração da sociedade com a escola;
Igreja, Estado e iniciativa privada no contexto educacional, VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus
como forma de abordar, de modo rápido, a educação no filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a
Brasil do período colonial ao início do século XXI. frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a
execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada
a) Família pela Lei nº 12.013, de 2009) (grifei) (BRASIL, Lei
De modo natural, as famílias iniciam o processo de 9.394/96)
educação de seus membros através do repasse de hábitos
simples como alimentação, higiene, convivência, e a partir De forma clara, nota-se a busca por um esforço conjunto em
daí são introduzidos valores sociais que podem ser prol da educação e da formação de cidadãos, o que enfrenta
fundamentais à formação de um bom cidadão. ainda muitos desafios na atualidade (alguns serão
apresentados a seguir).
No Brasil, como em muitos lugares, a influência familiar
contou com uma época de grande rigidez, sob o domínio b) Igreja
patriarcal, onde a palavra do pai era lei e poder, sendo o No Brasil colonial a Igreja realizou praticamente todo o
único regime familiar admitido (VIANNA, 2011). Nesse trabalho relativo à educação, por meio das ações dos jesuítas
sentido, a obrigação de obediência a pai e mãe vinha do fato e sua atuação na catequização dos índios, dentro dos moldes
de terem sido eles os geradores e da própria natureza que se considerava como educação, introduzindo-se os
(BOBBIO e BOVERO, 1986). chamados métodos pedagógicos e desprezando-se as formas
de aprendizagens naturais indígenas.
O núcleo familiar responsabilizava-se por diferentes frentes
de atuação, a exemplo da educação preparatória das moças O fato é que a Igreja, do início da colonização até meados
para o casamento e dos rapazes para o trabalho e estudos, do século XX, exerceu grande influência sobre o processo
variando de acordo com as condições socioeconômicas e educacional no Brasil, chegando mesmo a exercer o domínio
culturais de cada família e também da época. do assunto durante a era colonial, mantendo-se presente e
atuante durante o Império e as primeiras décadas da
Grande parte das famílias necessitava de toda a mão de obra República.
disponível, bem como não tinha recursos para garantir
educação a sua prole. Desta forma, sem contar com um Durante dois séculos, os jesuítas, iniciando com o Padre
sistema educacional público e de livre acesso, muitos Manoel da Nóbrega, exerceram a função de educadores no
continuavam sem estudo algum, perpetuando as classes Brasil, aplicando a pedagogia da Companhia de Jesus, que
dominantes. oferecia ensino gratuito, favorecendo a expansão dos
colégios e das fronteiras geográficas. Tal período durou até
Com o advento da revolução industrial, as famílias passaram 1759, quando os jesuítas foram, então, expulsos do Brasil
por severas transformações e o processo de educação fora pelo Marquês de Pombal.
bastante alterado, passando por muitas mudanças estruturais
de cunho econômico, político e social até chegar aos dias Momento de relevância histórica, destaca-se também o
atuais, permanecendo ainda em mudanças. chamado Padroado, confirmado no Brasil em 1827, que foi
um estatuto medieval, da Península Ibérica, pelo qual os
No Brasil, há previsão expressa de atuação conjunta entre países Espanha, Portugal e Brasil passaram a ter o poder de
famílias e Estado como sendo os responsáveis pela educação nomeação de pessoas para cargos eclesiásticos, ao preço de
de crianças e adolescentes, a exemplo do que temos na Lei construções de igrejas e manutenção do clero, o que
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, de permitiu aos reis o direito de nomear bispos, controlar
1996: documentos e até arrecadar tributos (CURY, 2005).

Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se Pelo Padroado, o clero passa a subordinar-se ao poder real,
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no depender economicamente do Estado, mas de modo que
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos assegurasse a obediência dos súditos ao rei. Ainda, as
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas famílias, principalmente rurais, passaram a ser estimuladas à

275
formação dos padres, havendo época de sinônimo de grande De 1549 a 1759 – A educação pública ficou a cargo dos
prestígio ter um padre na família. jesuítas, que catequizavam e ensinavam ao mesmo tempo,
claro que com um enfoque maior na parte religiosa, pois
Atuando junto às famílias rurais, em colégios e escolas visavam também os novos fiéis para a Igreja católica. Foram
urbanas, além de internatos e semi-internatos para as elites duzentos anos de prática pedagógica religiosa, por meio
agrárias, a Igreja continuava como instituição de forte do Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos), pedagogia
presença nos meios sociais, sendo inclusive religião oficial o utilizada pela Companhia de Jesus. A educação representou
catolicismo, até que houve o surgimento do Estado Laico, uma forma de classificação social, chegando a ser disputada,
conforme explica com maestria Cury (2005), ao afirmar que: com demanda maior do que a capacidade de atendimento
No Brasil, durante décadas a Igreja católica foi uma das (RIBEIRO, 2003).
poucas instituições presentes em todo o território nacional.
O interior distante, quase inacessível, a fez forjar laços com De 1759 à 1827 – Período marcado pela chamada reforma
grupos rurais e, durante a Colônia e o Império, com os pombalina (Marquês de Pombal) e as chamadas aulas régias,
índios. A evangelização, as missões, cultos, peregrinações e que consistiram numa tentativa de se iniciar a educação
festas formam uma outra face da presença educadora da pública oriunda do Estado e com base em ideias iluministas,
Igreja. Sua ligação urbana não era menos forte, ocorrendo a expulsão dos jesuítas, mas sem uma educação
especialmente no setor de assistência social com destaque devidamente estruturada que substituísse o trabalho que eles
para os orfanatos, asilos e santas Casas de misericórdia. Esta realizavam.
característica assistencialista da Igreja combinou-se com a
educação das elites em colégios e instituições. As famílias A intenção foi de causar uma ruptura do sistema educacional
influentes ajudavam no estabelecimento de obras sociais e e buscar o desenvolvimento nacional, surgindo o ensino
seus filhos e filhas formam-se nos colégios e internatos. público propriamente dito.
(CURY, 2005, p. 63)
Surgiram cursos profissionalizantes, de ensino médio e de
c) Estado ensino superior, e cursos militares, estruturando-se o ensino
Com o surgimento do capitalismo e a influência da em primário, secundário e superior, havendo, entretanto,
industrialização, bem como a mudança de rumo político, o descompasso entre as necessidades e os objetivos propostos
Brasil passou a necessitar de mão de obra voltada ao (GHIRALDELLI Jr., 2009).
trabalho urbano, o que requeria certo nível de conhecimento,
fato que influenciou a educação. Da mesma forma, as Pretendendo alcançar desenvolvimento e progresso da
mulheres inseriram-se no mercado de trabalho, alterando a cultura, a reforma pombalina adotou uma série de medidas,
forma de educação doméstica. apresentadas por Saviani (2007):

O Estado teve que se reorganizar, inspirado pelas ideias do Subordinou os organismos políticos e sociais ao poder
iluminismo político e também do liberalismo clássico, o que central; enquadrou a nobreza eliminando os privilégios de
ocasionou rupturas com o pensamento religioso dominante, nascimento; nobilizou os agentes da indústria e comércio;
fazendo-se imprescindível o estabelecimento de um sistema neutralizou os conflitos de classe; extinguiu a Confraria do
educacional, dando origem a estudos e discussões, cujo Espírito Santo da Pedreira ou Mesa dos Homens de
resultado foi posteriormente materializado sob a forma da Negócios (1755), criando a Junta do Comércio (1756) e
LDB, na busca por um direcionamento do ensino brasileiro, a Aula do Comércio (1759); instituiu a política dos
abrindo espaço ao poder público e ao poder privado, de diretórios visando a subtrair os indígenas do controle
forma complementar. eclesial (1757); expulsou os jesuítas (1759); vinculou a
Igreja ao Estado, tornando-a independente de Roma (1760);
Entre as principais linhas de ação relativas à educação criou o Colégio dos Nobres (fundado em 1761 e aberto em
pública no Brasil, vale destacar algumas, de modo 1766); aboliu a diferença entre cristãos velhos e novos
exemplificativo[4], citadas por obras literárias e estudiosos (1768), criou a Real Mesa Censória (1768); secularizou a
da história da educação brasileira, de modo a esclarecer Inquisição, tornando-a um instrumento do Estado (1769); e
como se deu a política educacional do país. decretou a reforma dos estudos menores (1759) e maiores
(1772). (SAVIANI, 2007, p. 58)
Tratando especificamente das ações tomadas pós 1500, há
quem divida a história da educação pública em períodos, a De 1827 a 1890 – O governo imperial tenta, por meio dos
exemplo de dois períodos – história luso-brasileira até 1822 governos das províncias, organizar a educação pública
e a história nacional após 1822 – (FERREIRA, 1966), seis enquanto responsabilidade do Estado, mas sem conseguir,
períodos englobando de 1549 até os dias atuais (SAVIANI, entretanto, sucesso significativo.
2008) e os oito períodos previstos por Ribeiro (2003). De
tais autores, juntamente com os trabalhos de Cury (2005), D. João VI, em 30 de junho de 1821, então Regente do
Ghiraldelli Jr (2009), pode-se estabelecer, de forma Reino português, decretou permissão de ensino a todo e
simplificada, uma sequência de passos da educação pública qualquer cidadão, bem como autorizou a abertura de escolas
brasileira. de primeiras letras. Isso, é claro, fora apenas manobra

276
política para atender a interesses do Estado, entre eles a Em 1988 – A Constituição Cidadã torna-se um marco
garantia da propriedade privada, a extinção da Inquisição, a histórico no campo dos direitos sociais e entre eles a
promoção da liberdade de imprensa e a separação de educação ganha acentuado destaque, sendo prevista, no art.
poderes (CURY, 2005). 205, como dever do Estado, da família e da sociedade. A
Constituição estabelece, ainda, a responsabilização das
A educação pública é, por tal decreto, ampliada, mas autoridades públicas competentes por eventuais ofertas
também autorizada à iniciativa privada, ao mesmo tempo em irregulares de ensino fundamental.
que se reconhece a impotência do Estado. Vale lembrar que
a educação é ofertada somente aos cidadãos, o que, à época, Ficam estabelecidas legalmente as escolas públicas e
excluía a maioria das pessoas. Do autor logo acima citado, privadas[5] (lucrativas ou não lucrativas), sendo que as não
tem-se a reprodução de um trecho do decreto e que vale lucrativas seriam as filantrópicas, comunitárias e
nova apresentação: confessionais, divisão mantida mais tarde pela LDB de
1996, que também especifica os limites e condições de
As Cortes Gerais Extraordinárias e Constitucionais da funcionamento das escolas privadas.
Nação Portuguesa, considerando a necessidade de facilitar
por todos os modos a instrução da mocidade no Nos ano de 1990 e seguintes – Ocorre a chamada Reforma
indispensável estudo das primeiras letras; atendendo a que do Estado, onde o Estado dá origem a um novo enfoque
não é possível estabelecer, como convém, escolas em todos educacional, qual seja o quantitativo, implantando as
os lugares deste Reino por conta da Fazenda Pública; e chamadas medidas gerenciais, buscando descentralizar ações
querendo assegurar a liberdade que todo o cidadão tem de e inovar o conceito de avaliação como forma de reestruturar
fazer o devido uso de seus talentos; não seguindo daí a educação pública (FONSECA E OLIVEIRA, 2005).
prejuízos públicos, decretam que da publicação deste em
diante seja livre a qualquer cidadão o ensino e a abertura de DESAFIOS E PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO
Escolas de primeiras letras, em qualquer parte deste Reino, PÚBLICA BRASILEIRA
quer seja gratuitamente, quer por ajuste dos interessados, Dentre os entraves do sistema educacional brasileiro, não se
sem dependência de exame ou de alguma licença. (CURY, pode esquecer da problemática questão dos recursos
2005, p. 36) públicos, os quais, historicamente, são mal aplicados,
desviados, surrupiados mesmo. Fatos que vêm desde o
Analisando o trecho do Decreto citado é possível questionar: período colonial, era do paternalismo, oportunismo,
há semelhanças com a atual realidade da educação no coronelismo, até os dias atuais, em que surgem denúncias
Brasil? escandalosas de desvio de dinheiro público, ao mesmo
tempo em que são veiculadas notícias de escolas caindo aos
Notadamente, a Fazenda Pública continua sendo insuficiente pedaços e de crianças sem acesso ao ensino regular.
para garantir educação pública a todos e em muitos lugares
onde há educação pública não se conhece o conceito de De uma forma cruel, a improbidade administrativa parece
qualidade, o que certamente ocasiona os prejuízos públicos fazer parte da cultura brasileira, e na educação isso é uma
mencionados no Decreto. constante. Ocorrem ações que vão desde o superfaturamento
de verduras entregues a uma pequena unidade escolar até o
De 1890 a 1931 – São implantados os chamados grupos desvio de grandes verbas públicas, bem como repasse
escolares, ou seja, criação de escolas primárias nos Estados, irregular de dinheiro à instituição privada.
podendo ser considerados como o marco inicial da educação
pública, muito embora alguns dos tais grupos funcionassem Por outro lado, como possível resultado de tantas tentativas
nas residências dos professores, hábito que foi comum até o infrutíferas de se estabelecer um sistema educacional por
início do século XX. parte do Estado, das mudanças ocorridas nos contextos
familiares e das ações de improbidade já mencionadas, a
De 1931 a 1961 – Surgimento de Universidades públicas, educação pública brasileira se depara com a grave questão
com regulamentação das escolas superiores, secundárias e da violência nos ambientes escolares.
primárias em âmbito nacional, já sob um cenário pedagógico
inovador e com as discussões acirradas a respeito da LDB, Já no início do século XXI, a representante da Organização
com a participação de professores, pesquisadores e das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –
governantes. UNESCO, no Brasil, Mirian Abramovay (2002), apresenta
pesquisa onde destaca a violência escolar, afirmando que:
De 1961 a 1996 – Ocorre o processo de unificação da
educação nacional, em todas as esferas (federal, estadual e Várias pesquisas no Brasil têm buscado o mapeamento desse
municipal), incluindo também a rede privada de educação, fenômeno, assim como as causas e os efeitos sobre os
observando-se a LDB de 1964 e posteriores alterações. alunos, os professores e o corpo administrativo e técnico das
Neste período não se pode deixar de destacar o advento da instituições de ensino. Embora sejam estudos ainda
Constituição Federal de 1988. incipientes, por focarem, em sua maioria, situações regionais
ou localizadas, os resultados obtidos apontam os principais

277
tipos de violência (ABRAMOVAY, 2002 p. 93). capazes de ampliar o grau de gerenciamento, ou melhor, o
grau de controle sobre a produção do trabalho docente.
Na busca por solução do problema violência escolar, seja Ao buscar formas de controle de qualidade da educação
pela aplicação da legislação ora em vigor, ou por novas leis, pública em setores não específicos pedagógicos, mas
a violência escolar precisa ser combatida para que se tenha precipuamente econômicos, o que se tem é um controle de
um ambiente propício à aprendizagem, como ensinam as quantitativo e não de qualidade real.
autoras acima citadas:
Estudando a relação entre os critérios econômicos e sociais,
Afinal, a sociologia nos ensina que um ambiente pedagógico qualificadores da educação pública, a pesquisadora Silva
pacífico e estimulante é condição prévia para a (2009) afirma que as políticas sociais do país, apresentam
aprendizagem e o processo educativo como um todo. Por uma transposição direta do conceito de qualidade, na qual é
isso mesmo, superar as violências nas escolas é um própria dos negócios comerciais, ao campo dos direitos
investimento de seguro retorno em favor do padrão de sociais, incluindo-se nestes a educação pública. A
qualidade. (ABRAMOVAY, 2002 p. 95) participação ativa e constante de técnicos dos mecanismos
financeiros internacionais e nacionais na definição das
Corroborando os dados apontados pela OCDE, e, na políticas sociais, principalmente a educação, corrobora a
verdade, antecipando-os, diversos professores e implementação do conceito de qualidade, do setor da
pesquisadores publicaram trabalhos noticiando a lastimável produção econômica, sob a questão da educação e da escola,
questão da violência nas escolas brasileiras, destacando-se o num processo de descaracterização da educação pública,
trabalho denominado A vitimização de professores e a reconhecendo-a como um direito social.
“alunocracia” na escola básica[6], onde as pesquisadoras
Tânia Mendes e Juliana Torres, em 2007, analisando a Como resultado da interação entre família, Estado, Igreja e
violência na esfera pedagógica entre alunos e professores, iniciativa privada, no Brasil, e considerando a problemática
denunciam uma triste realidade vivenciada em escolas atual da educação pública, vale destacar o posicionamento
brasileiras. da autora acima citada, posto sua pertinência ao analisar
que, um olhar crítico voltado à trajetória da sociedade
Confirmando o teor do trabalho mencionado, o Sindicato brasileira revela o distanciamento entre as classes sociais,
dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul – visto as concepções políticas e as medidas econômicas de
SINPRO/RS, visando a auxiliar os profissionais da privilégio fornecidas para poucos, bem como um processo
educação, como resultado do VIII CEPEP, instituiu, em de expansão constante de exclusão social à maioria. Se
2007, o Núcleo de Apoio ao Professor contra a Violência passaram séculos de omissão e de ocultamento sobre as
(NAP), com o objetivo de atender e acolher professores demandas da sociedade, onde suas manifestações, na
vitimados, em situações de constrangimento e violências em maioria das vezes eram tratadas como caso de polícia e
razão do exercício de suas funções como professores. desordem pública. No Brasil, mesmo que estas
manifestações tenham sido realizadas desde a época das
Através do NAP, o SINPRO/RS lançou, em 2012, o livro O províncias, o anseio dos docentes por uma educação de
professor sob pressão – Prevenção e enfrentamento da qualidade foi atendido através da precariedade e da
violência no ambiente de trabalho, onde a Professora Cecília insuficiência das escolas para a magnitude e a expectativa da
M. M. Farias organiza trabalhos de 12 autores (professores, demanda.
psicólogos, membros do Poder Judiciário, entre outros),
apresentando uma análise especializada de situações de Da falta de ações políticas governamentais efetivas e
violência vivenciadas no ambiente de trabalho, apontando eficientes no campo educacional, o que se teve ao longo da
possíveis caminhos para a sua prevenção e enfrentamento história da educação no Brasil e que parece repetir-se ainda
por parte dos profissionais e instituições de ensino. nos dias de hoje, é um processo educacional falho e
deficiente, que prega mais a quantidade do que a qualidade,
Percebe-se que o Brasil, no intuito de atender os parâmetros não atendendo aos interesses dos cidadãos, das sociedades,
impostos por organismos internacionais, e assim demonstrar da economia e do próprio Estado.
atuação no campo de política pública educacional, acaba
seguindo o padrão estabelecido de qualidade, mas oriundo Educação, para contribuir positivamente com a sociedade e
de uma lógica comercial, valendo destacar, a este respeito, o o Estado, precisa ter qualidade e requer participação ativa de
posicionamento de Fonseca e Oliveira (2005), afirmando todos, sob comando do Estado. Neste sentido, Balestreri
que todas essas mudanças afetam significativamente o (2004) afirma que não existe outro caminho, a não ser a
âmbito da educação, principalmente no que diz respeito a educação, aquela educação que não se confunde com mera
educação escolar, alterando finalidades, valores e práticas escolarização. A educação que trata a respeito de
educativas. Assim, sob este contexto, ultimamente reformas descobertas e construção de valores sociais. Coisa para os
e políticas educacionais tem sido empregada em países pais que são muito mais do que “guardadores”, para as
centrais e periféricos, buscando ajustar a educação escolar escolas que atuam verdadeiramente como transmissoras de
aos parâmetros da reestruturação capitalista através da conhecimento, para os militantes de direitos humanos que –
implementação de uma lógica mercantil e de mecanismos não negando a importância democrática das denúncias –

278
conseguem ir além das emergências do dia a dia , para os comunidade — essa parceria é importante para todos.
comunicadores que não são apenas socializadores de
notícias, para os advogados, promotores e juízes que Se a escola está inserida em um bairro que tem problemas
transcendem o formalismo legal mecânico, para os policiais sociais, por exemplo, ela precisa conhecer esse cenário, para
que se sabem pedagógicos, sujeitos relevantemente fazer, de fato, parte dele e ter participação ativa na solução
importantes do que banais cumpridores de ordens das adversidades que o afligem. Com o engajamento de
inquestionáveis, sem qualquer sentido pessoalmente todos, é possível pensar ações conjuntas e conquistar
assumido. melhorias para toda a região.

As famílias, de modo geral, deixaram de educar Essa atitude gera reconhecimento para a escola e cria uma
adequadamente as crianças e adolescentes, ocasionando uma reputação positiva junto aos moradores do bairro, o que a
frágil transmissão de valores éticos, morais, políticos, fortalece e promove o serviço escolar. A comunidade
fundamentais à diversidade existente em todos os meios. também colhe frutos, já que passa a contar com uma nova
parceira.
Mediante políticas públicas infrutíferas no campo
educacional, a educação pública ofertada pelo Estado não Além disso, os benefícios chegam até os alunos. A
atende às necessidades das pessoas no mundo escola infantil, ao se aproximar da comunidade, tem mais
contemporâneo, resultado de uma busca por grandes condições para atuar no desenvolvimento integral das
quantidades em um processo em que a qualidade fora crianças, oferecendo uma educação cidadã, solidária e
relevada a segundo plano. democrática.

Assim, a educação atual oferecida pela escola pública (e A participação da família no cotidiano escolar
também pela escola privada) não consegue, nos níveis A parceria com a família é uma ponte para a relação entre
primários da educação, a formação que a mesma escola escola e comunidade. Muitos alunos moram no bairro, por
pública cobra nas universidades, a exemplo dos alunos de isso, a participação das famílias abre as portas da escola
cursos universitários de engenharia que não têm infantil para a população.
conhecimentos de matemática suficientes ou os alunos dos
cursos de direito que não sabem redigir um texto, É importante que os pais e responsáveis sintam-se acolhidos
destacando que tais conhecimentos são esperados de um pela equipe pedagógica e tenham canais de comunicação
aluno que concluiu o ensino médio. efetivos com a escola. Eles devem ser incluídos não só
quando for preciso resolver alguma questão do aluno, mas
O Estado, desta forma, ao longo do tempo, deixou de em diversos momentos da rotina escolar.
atender um direito fundamental de todo e qualquer cidadão,
qual seja o direito à educação pública, de qualidade, mas Quando as famílias têm uma imagem positiva da escola, elas
atendeu, tanto quanto possível às classes dominantes ao expressam isso nas suas relações pessoais e sociais. Ao
fornecer-lhes cidadãos de pouco estudo interessados em participarem do cotidiano escolar, os pais podem falar sobre
vender sua força de trabalho como forma de sobrevivência. isso no bairro e construir novas parcerias entre a gestão e a
Observa-se no descaso histórico educacional brasileiro o comunidade.
motivo de tantos problemas atuais, como a desigualdade
social, a exclusão e a marginalização de classes sociais, uma Comunidade
vez que a educação, efetiva e de qualidade, é o ente que Quando se fala da relação entre escola infantil e
poderia ter impedido tais ocorrências se tivesse recebido a comunidade, a responsabilidade social deve ser um dos
atenção necessária. valores. É importante que a equipe escolar procure conhecer
os movimentos sociais do bairro e pensem em formas de
Resta trabalhar a formação e atuação de educadores, colaborar nas suas reivindicações.
familiares e sociedade para que juntos, cobrem do Estado (e
contribuam também) atitudes que possam minimizar estes O apoio às causas sociais do bairro pode se dar através da
problemas nas gerações futuras. inserção dos temas no planejamento das professoras. A
educação na escola infantil precisa considerar a cultura e a
O papel da escola história das crianças. A cidade e o bairro onde elas nasceram
A escola, principalmente a de educação infantil, tem um e vivem faz parte da vida delas, portanto, as professoras
papel fundamental no desenvolvimento das crianças e na podem incluir esses aspectos ao planejar suas práticas
construção da cidadania. Sua função ultrapassa a prática pedagógicas.
dentro das salas de aula.
Por meio da execução de projetos é possível enriquecer a
Assim, a atuação dos educadores influencia não apenas as aprendizagem das crianças e ainda estimular a relação entre
crianças e suas famílias, mas também o bairro em que a escola e comunidade. Quando for abordada a história do
escola se insere e a sociedade como um todo. A presença bairro, por exemplo, podem ser realizadas entrevistas com
dessa instituição deve ser um diferencial positivo na figuras importantes para a comunidade.

279
Contudo, conhecer a didática como a concretização da teoria
Pode ser pensado, também, um projeto que mapeie as ruas poderá consumar aquilo que o professor almejou no decorrer
do bairro, proporcionando que as crianças conheçam a do seu planejamento, atendendo, assim, as diferentes formas
diversidade de moradias, comércios, opções de lazer e de educar, as diversas concepções pedagógicas e as
serviços. Em uma atividade sobre profissões, os alunos reflexões docentes, considerando o ensinar/aprender um
podem visitar alguma loja nas proximidades ou o processo em constante mudança.
profissional pode ser convidado para conversar com as
crianças na escola. O conhecimento sobre algo é essencial para o professor que
usando dos seus muitos métodos norteará a sua didática
Além disso, é possível pensar em práticas pedagógicas que pedagógica, tendo em vista as necessidades específicas em
abordem algumas problemáticas do bairro com as crianças. cada contexto, em cada turma e em cada aluno. Todavia, ao
Se a coleta de lixo é uma questão importante, por exemplo, se pensar na didática, surgem certas dificuldades ao longo
as professoras podem propor um projeto em que os alunos do planejamento, uma vez que o mesmo deve originar-se de
conscientizem a população sobre a importância de conservar objetos concretos e que venham focalizar, exclusivamente, o
as ruas. público alvo.

Outra possibilidade para escolas que fiquem próximas a rios Faz-se necessário levar em consideração que a didática é
ou praças é realizar campanhas de limpeza, revitalização e uma norteadora teórica/científica, imprescindível à tarefa
plantio de árvores. Em épocas de epidemia de alguma pedagógica cotidiana, onde há um sinalizador do ensino-
doença é possível realizar projetos de conscientização sobre aprendizagem significativo dia após dia.
os sintomas e o tratamento.
Enfim, a meu ver, a didática pedagógica não é outra coisa
Ações simples, como caminhadas pelo bairro e entrega de senão a prática docente propriamente dita, consumadora
panfletos, podem fazer a diferença. O envolvimento das daquilo que se objetivou previamente. Ou seja, é um
crianças chama atenção e conquista a simpatia de toda a cumprimento legal da teoria e trilhamento absoluto no
comunidade para as causas defendidas no projeto. caminho que se programou. Como a arte e a ciência da
pedagogia, procura-se compreendê-la, ainda, como espaço
Para que exista uma verdadeira relação entre escola e de estudos dinâmicos voltados à prática docente com base
comunidade, o espaço escolar pode ser um lugar de na programação teórica, tendo como objetivo a ponte que ela
convivência no bairro. Abrir os portões para a participação faz entre ambas.
dos moradores nos eventos escolares é uma ação bastante
positiva. De maneira alguma, poderia fazer-se uma educação e
qualidade se não for levado em consideração a didática
A equipe pode realizar palestras sobre assuntos relevantes e como objeto essencial no processo educativo. Ela é um
convidar a todos. O convite pode ser estendido também em suporte imprescindível a prática educativa, pois oferece
culminâncias de projetos e exposições dos trabalhos das embasamento para a efetivação do ensino-aprendizagem,
crianças. As festas tradicionais para a nossa cultura, como o eliminando discrepâncias existentes entre teoria e prática.
natal, podem ser aproveitadas como momento de
confraternização entre todos. A disciplina didática na formação docente
Nota-se, nitidamente, que o grave problema existente na
Com ações como essas, a relação entre escola e comunidade educação em trono da didática consiste na dissociação entre
se fortalece em uma verdadeira parceria e as pessoas passam teoria e prática. Uma vez que a teoria é o caminho e a
a respeitar e reconhecer ainda mais a equipe pedagógica. prática a ação, essa separação entre ambas impossibilita o
Uma escola infantil cidadã e socialmente responsável se professor a consumar o que previamente planejou, ou seja, a
integra à comunidade e faz a diferença! ambiguidade de suas inter-relações reduzirá, ao extremo, o
praticismo.
5.1 Papel da didática na formação de educadores.
A didática, caminho programado pela teoria, tem sido Os profissionais da educação precisam ter um pleno domínio
considerada uma ampla e indispensável sinalizadora na das bases teóricas científicas e tecnológicas, e sua
aplicabilidade dos conteúdos programáticos a que o articulação com as exigências concretas do ensino, pois é
professor utiliza para ministrar suas aulas. No entanto, há através desse domínio que ele poderá estar revendo,
um equívoco quando se espera que ela seja algo definido e analisando e aprimorando sua prática educativa.
delimitada garantindo uma prática eficaz. É absolutamente (LIBÂNEO, 2002, p. 28).
impossível usá-la como manual de orientação, passo a passo,
uma vez que a sua impregnação depende da necessidade à A prática da formação docente jamais poderia ser aleatória,
proporção que vai surgindo. A didática do professor é desprovida de planejamento, metas e ações, mas deve
considerada flexível, tendo em vista que cada turma e cada apontar objetivos a serem alcançados com a impregnação da
indivíduo exigirá práticas diferenciadas. didática, pois esta guiará pelo caminho viável as proposições
que se almejou dentro das possibilidades.

280
Sendo assim, podemos dizer que a didática é a ciência
Percebe-se, portanto, dentro dessa linha de raciocínio que a imprescindível que preocupa-se de usar adequadamente suas
didática contribui, maciçamente, para a efetivação da prática estratégias de ensino, visando estimular nos alunos a
educativa de maneira correta e bem sucedida. Ela fornece fomentação do aprender, despertando neles a necessidade da
aos profissionais da educação subsídios metodológicos e crítica, da criatividade e da formação para o pleno exercício
estratégias para a conclusão das metas programadas ao da cidadania. É sabido que não basta a transferência de
longo do processo educativo. conhecimentos, mas o oferecimento de possibilidades para a
produção e/ou construção própria do indivíduo.
Segundo Comênio, séc. XII, a didática identifica-se como
norma técnica de ensinar, por entrelaçar nas concepções dos “O processo de ensino-aprendizagem é uma seta de mão
docentes o melhor cominho que conduzirá as propostas dupla, de um lado, o professor ensina e aprende e, do outro,
pedagógicas mais eficientes para o ensino-aprendizagem. o estudante aprende e ensina.” (FREIRE, 1996).
Devendo estar conexa com a teoria, a didática faz-se
necessário no contexto dos saberes, especialmente na área É obvio que a mudança da sociedade depende da mudança
pedagógica. no ensino que, por sua vez, depende de nossa formação e da
transformação das práticas docentes. Esse efeito atingiria
Qualquer atividade que não tenha a didática como mera tanto a esfera pedagógica quanto a governamental e política.
conscientizadora de objetivos, abre a probabilidade de
lacunas à vulnerabilidade e desnorteio do que antes fora Libâneo acredita que só podemos mudar em nós mesmos a
projetado. Considerada componente curricular desde 1930, a partir do momento em que houver mudanças no meio e nas
didática é também considerada com um conjunto de regras práticas do fazer. Para ele a prática pedagógica ultrapassa
organizadas e delineadoras dos trabalhos pedagógicos uma exigência da vida, promovendo nos indivíduos
buscando o seu aprimoramento e evitando os efeitos conhecimentos e experiências em todos os ramos da ciência,
negativos do espontaneísmo. tornando-os aptos a atuar na sociedade, transformando-a.

A didática extrapola os limites e supera as ineficiências A disciplina da didática


quando impregnada corretamente. Por isso os professores O processo do ensino-aprendizagem avançará a partir da
devem ampliar as suas reflexões no sentido do relevante fundamentação da didática na dialética, sendo que é uma
importância do seu papel nas atividades docentes. O seu área em constante mudança e isenta de objetivos que a deixe
emprego na formação docente viabiliza melhor relação entre pronta e acabada. Considerada a “arte de ensinar”, é
professor e aluno e deve ser feito em linguagem simples imprescindível no processo pedagógico com tendências
para que as informações sejam assimiladas eficazmente na distintas na visão do homem e do mundo, flexibilizando,
qualidade, na avaliação e no planejamento pedagógico. sempre, o papel do professor, do aluno, as metodologias, as
avaliações e a forma de ensinar. Ela converte objetivos
Deve ser levado em conta, também, a diversificação de sócio-políticos e pedagógicos em outros de ensino, métodos
recursos didáticos pedagógicos, uma vez que há diferentes e conteúdos vinculados ao ensino-aprendizagem através das
formas de aprender e que podem ser encontradas nos capacidades mentais dos educandos.
métodos oferecidos. Todavia, não basta didatizar, é preciso
oferecer algo saboroso que gere fomentação e “apetite” nos De modo que a didática opera na capacidade crítica e
educandos, tendo em vista que uma boa didática depende da desenvolvimentista dos docentes para que eles analisem,
motivação metodológica e do dom de ensinar. explicitamente, a realidade do ensino, refletindo-o “como”
ensinar, para que ensinar, o que ensinar etc. (LIBÂNEO,
Por ser o aluno o investigador e sujeito da aprendizagem, a 1990).
didática deve possibilitar a manifestação de suas várias
atividades. Segundo Cipriano Lukesi, é admissível que a Em outras palavras, a disciplina de didática institui diretrizes
didática vai além da técnica de ensinar. Ela auxilia na sinalizadoras das atividades pedagógicas, investiga o
organização do pensamento, na escolha de um método desenvolvimento do ensino-aprendizagem e sonda as
aceitável de ensino e sinaliza o melhor caminho da ineficiências sujeitas a reflexões-ações por parte do
aplicabilidade. professor. Isento da didática, o professor não disporia da
ferramenta essencial para a cooperação entre professor/aluno
É absolutamente correto afirmar que a integração da didática e jamais ocorreria a delineação entre o ensinar e o aprender.
na formação docente mobiliza a inter-relação disciplinar
para a reflexão sobre as atividades pedagógicas A didática, como disciplina, é a essência nas estratégias de
caracterizando-se como meditação entre os conhecimentos ensino e têm o papel de realizar a transformação da teoria à
teóricos-científicos da área escolar. Quando o professor atua prática pedagógica. Com base na teoria, cabe ao professor a
de forma responsável e segura em relação aos conteúdos organização da didática, utilizando materiais que lhe deem
ministrados, com uso de materiais suporte que facilitariam a suporte na facilitação do ensino-aprendizagem, sujeito a
compreensão dos alunos, estaria didatizando e, reflexão-ação para o cumprimento dos objetivos propostos.
consequentemente, efetivando o que realmente objetivou. Há uma variedade de elementos que compõem a didática

281
pedagógica sendo a metodologia, o planejamento e a responder apenas que linha de ensino utilizamos, se
avaliação os mais importantes. Todos sujeitos a utilizamos linha tradicional, baseada em métodos de
flexibilização, uma vez que cada indivíduo tem uma maneira memorização, baseado em livros didáticos, aulas apenas
diferente de entender, ao tempo em que a prática docente se expositivas ou outras características. Também o professor
encontra em constante processo de mudança. pode falar como se usasse uma linha progressista rompendo
a cultura do ensino baseado na memorização, utilizando
Todavia, cada professor possui as suas próprias concepções trabalhos de campos, outros métodos para dar aula, por
e metodologias que o nortearão em seus planejamentos e em exemplo, utilizar a música como suporte da matéria.
sua didática em sala de aula. Logicamente em cada assunto,
em cada docente e em cada aluno há necessidades É comum um professor ter diversas didáticas dentro de sala
específicas e à medida em que elas surgem, a didática deve de aula, pois cada aluno tem sua forma melhor de assimilar
flexibilizar-se. um conteúdo. Muitos deles apenas aprendem
contextualizando o tema no seu dia-a-dia (fazendo) ou
Torna-se necessário considerar a didática como algo que aprende com aulas expositivas, trabalhos de campo, de
concretize a teoria nos trabalhos pedagógicos cotidianos, diversas formas, devido a vários indivíduos terem sua
tendo em vista, a importância da sua eficácia como ponte ao apreensão da realidade e sua singularidade. Às vezes parece
acesso ensino-aprendizagem. que seria mais fácil homogeneizar a escola, os corpos dos
alunos, para que todos recebessem o conhecimento de uma
Há, algum tempo, a didática era interpretada como disciplina mesma maneira, ignorando a cultura produzida e trazida do
metodológica de ensino que tinha como missão “ensinar”. aluno e sufocando suas singularidades com intuito de
Existia, inclusive, manuais ou receitas prontas que transformar todos em iguais para que as ideias pedagógicas
orientavam os professores a se portarem em sala de aula. venham ter sucesso. No entanto, a didática escolhida por um
Porém a verdadeira função da didática vai além dessas professor não deve homogeneizar, mas sim tentar agregar
premissas, isso porque a visão humana e de mundo conhecimento em muitos alunos com base na diversidade,
modifica-se à proporção que surge a necessidade. O não com um relativismo absoluto, mas também mostrando
conhecimento didático deixou sua estagnação e partiu em as singularidades, porque o processo de absorção do ensino,
busca das melhores estratégias de ensinar e das mais como já foi citado, é de um caráter subjetivo e individual.
acessíveis formas de aprender.
Não é possível analisar a temática didática sem confrontar o
Contudo, a didática tem a sua essência a partir do seu caráter teórico e prático, pois apenas na teoria é pouco
oferecimento de formas variadas de ensinar e de provável encontrarmos um método didático que nos auxilie
compreender a construção do ensino-aprendizagem com a na profissão docente, sem olharmos a prática, como a
aplicação diversificada de metodologias que surtam efeito realidade das escolas, como a cultura, não em seu caráter
para a concretização dos seus objetivos. isolado, mas numa questão multi/intercultural. Não tem
como utilizar uma didática em Geografia de trabalhar apenas
No processo ensino-aprendizagem o docente deve variar, com uma escola global, sendo que os alunos não conseguem
reflexivamente, suas metodologias na busca de resultados nem identificar os limites territoriais dos seus bairros, a
que lhe satisfaçam, pois a tarefa de trabalhar, de forma dinâmica do seu local.
explícita e segura, está incumbida, exclusivamente no
professor. Se o professor deixar de preocupar-se no Ao passar dos anos, o estudo sobre a didática, tem
remanejamento dos conteúdos e de suas estratégias, continuado em pouco destaque nas universidades. Sabemos
instigando e orientando os seus alunos a respeito da que há estudos maravilhosos sobre o assunto, porém o
importância dos estudos e da formação para a vida, enfoque dado pelas universidades não são as didáticas
certamente não obterá êxito no seu trabalho pedagógico. A referente a escola. Há diversos fatores desse desprestígio um
razão prática é essencial para a conclusão da teoria que se deles poderia ser o mal prestígio econômico do professor do
planejou. Essa conclusão é a confirmação da sua verdade. ensino básico, logo seria melhor estudar didática aplicada no
Quando o professor não faz com que o aluno aprenda, o ensino superior, tendo em vista que o prestígio econômico
induz a aceitar uma falsa verdade e sem valor científico. dos professores são mais consideráveis do que na escola,
sendo que atualmente até na universidade os professores não
“A didática concretiza planos e credibiliza o trabalho estão sendo tão prestigiados economicamente. Mas, a
docente, dando suporte para a consumação da problemática é que a universidade tem o foco principal em
cientificidade, deixando de ser algo aleatório, mas didática para o nível superior, temos as exceções, porém isto
autêntico”. (GRIFO nosso) é evidente.

5.2 A revisão da didática. Tempo: categoria principal do estudo histórico da


Muitos professores já escutaram a pergunta: Qual é a didática
didática que você utiliza em sala de aula? Como podemos A didática tem um caráter efêmero, pois cada época há uma
responder a didática trabalhada com os alunos antes de realidade escolar ou acadêmica ou um caráter mais global
conhecermos uma parte de suas subjetividades? Podemos como uma mudança de sistema econômico, assuntos que

282
interferem profundamente as práticas de ensino, pois cada problemas de sua vivência, pois os alunos são ensinados a
valor tem que fazer parte de uma história, senão a didática se pensar em contextos socioculturais específicos, mostrando
torna sem sentindo para as práticas contemporâneas. No que a educação não é imparcial, sempre há um porquê de
mundo contemporâneo, onde a globalização tecnológica é estar aprendendo algo. Então, que recursos o professor
expandida diariamente, a educação não é imutável, ela difere utilizará para que se aproxime da construção do
conforme o tempo e as suas práticas também, muitas vezes a conhecimento e a utilização prática para o aluno? A
tecnologia se alia a didática pedagógica para um melhor Pedagogia e Psicologia do pensar estão engajadas nessas
entendimento do conteúdo. inquietações, tendo em vista que cada aluno tem sua
individualidade e o professor é um mediador, todavia não
Há uma mudança, digamos, de referencial e de contexto conduz todas as subjetividades do aluno.
mesmo. Você está vivendo um novo momento agora, você
já tem agora essa questão da globalização, essa questão do Em sala de aula podemos desenvolver aptidões dos alunos
novo modelo, digamos, um novo momento do próprio para construírem seu aprendizado cognitivamente, por
capitalismo, com novos focos de exploração e tudo o mais, e exemplo, fazendo uma pesquisa entre os alunos perguntando
isso muda toda uma expectativa global em termos assim a prática de ensino que mais o ajuda a pensar e relacionar o
“que trabalhador agora eu preciso formar? O que é conhecimento teórico com sua vivência. A didática na
importante? Qual o perfil desse trabalhador para dar conta maioria das vezes aparece para raciocinar conceitos, para
desse momento? Etc.. Para atender exatamente os interesses tirar do mundo da imaginação e colocar num lugar mais
do capitalismo hoje, sempre (...) ( Vera Maria Candau, palpável para o aluno, sem subestimá-los. Ainda há modelos
2006, p.482) consagrados de didática que aparecem em determinada
época não apenas para inovar, mas também melhorar a
O texto tirado do livro Educação intercultural e cotidiano capacidade cognitiva de assimilação dos conteúdos. Até no
escolar, Vera Maria Candau, nos faz refletir sobre as fases meio da educação vemos a construção da superioridade
do ensino da didática na universidade de acordo com o estrangeira, onde tudo das nações nomeadas desenvolvidas
tempo, tendo em vista que os fixos e fluxos da totalidade do são modelos para o uso nos países que estão buscando o
ensino são baseados no tempo, que é sinônimo de mudança. “desenvolvimento”, pois muitos destes modelos com
O estudo da didática nos anos 80 era tido como caráter vertentes estrangeiras, muitas vezes não se aplicam com a
transformador, pois a sociedade brasileira estava vivendo realidade local, entretanto pelo fato de ser uma “didática
uma ruptura de sistema político, então a didática seria norte-americana”, a didática é ovacionada e se torna um
voltada a redemocratização. Nos anos 90, vemos a modelo a se seguir.
necessidade ao enfoque teórico-metodológico a necessidade
de rotular o tipo de professor, podemos dizer que esse Como já foi falado, nem sempre a didática mais eficaz para
enfoque teórico-metodológico que contribuiu com as uma escola ou para uma turma, será eficaz para uma outra
inquietações de pessoas ao perguntar que tipo de professor turma ou escola. Se pensarmos assim, ignoraremos as
você se considera, como foi perguntado no começo do singularidades.
artigo. Antes de 2000, começamos a ver o enfoque do
estudo da didática incorporada ao multiculturalismo, a qual O estudo da didática nos mostra que mesmo com todas as
serviu para problematizar a diversidade, não mostrando limitações e desvalorização do docente, professores se
como algo dado, mas sim como uma herança de dedicam estudando e pesquisando a didática que está ao
contribuições transcendentes de outras culturas, mostrando alcance de um determinado momento, não parando de
que não só o conhecimento formal é o correto de se ensinar, criticar as limitações ou parando de lutar pela sua
ou que só a cultura dominante, a herança europeia é a valorização, mas também mostrando a responsabilidade de
verdade inquestionável. Com essa linha didática se auxiliar os alunos num período de desvalorização do
questiona esses valores dominantes que apenas reforçam trabalho docente e uma desvalorização de determinadas
etnocentrismo e preconceitos. disciplinas, muitas vezes vinda da continuidade do discurso
de vocação para docência. Muitas vezes devemos utilizar o
Além disso, devemos salientar que nos anos 80 além do imaginário para ter uma apreensão do real, por exemplo,
caráter romântico do entendimento da didática houve uma numa situação em que de nenhuma maneira uma escola não
forte onda tecnicista aliada a políticas da época, atualmente cede transporte para fazer algum trabalho de campo para
vemos uma retomada desse caráter impulsionado pelas alunos do ensino fundamental, os mesmos ficarão sem
políticas neoliberais. conhecer um local devido as limitações burocráticas nas
escolas? Às vezes podemos utilizar a tecnologia para ter a
Didática e sua prática apreensão do real, sem estar no local, não sendo a melhor
O papel principal da didática seria ajudar a construção do maneira de trabalhar, mas ainda assim é melhor do que
conhecimento, desenvolvendo o processo de interpretação e deixar de exemplificar algo, por causa da desvalorização por
organização do aluno, não algo como dado, mas sim, ela apenas.
desenvolvido cognitivamente. Mesmo que, a didática do
professor seja uma didática tecnicista, o aprendizado do 5.3 O processo de ensino.
aluno por esse método deve ser útil para lidar com O ensino é a ação e o efeito de ensinar (instruir, doutrinar e

283
amestrar com regras ou preceitos). Trata-se do sistema e do pela humanidade que deve ser objeto de aprendizagem pelos
método de instruir, constituído pelo conjunto de estudantes, para cumprir os objetivos (O que se ensina e
conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém. aprende?).
O ensino é uma forma de passar o conhecimento de uma
pessoa para outra de maneira sistemática. E esse sistema • Método - Consiste no modo, ou seja, a sequência que se
pode existir tanto em escolas e universidade como também deve seguir no PEA para que os alunos se apropriem do
dentro de determinadas empresas, a fim de que seus conteúdo e cumpram os objetivos (Como se ensina e
colaboradores adquiram habilidades necessárias para aprende?).
desempenharem suas atividades de maneira ainda mais
eficiente. • Meios - São os objetos materiais que se utilizam no PEA
como suporte dos métodos, para que os alunos se apropriem
O ensino implica a interação de três elementos: o professor do conteúdo de uma maneira mais eficiente e eficaz e
ou docente; o aluno, estudante ou discente; e o objeto de cumpram os objetivos (Com que se ensina e aprende?).
conhecimento. A tradição enciclopedista supõe que o
professor é a fonte do conhecimento e o aluno, um mero • Formas organizativas - A organização externa que o
receptor ilimitado do mesmo. Sob esta perspectiva, o processo adota em consonância com o conteúdo a assimilar
processo de ensino é a transmissão de conhecimentos do e os objetivos a atingir pelos estudantes (Como organizar a
docente para o estudante, através de diversos meios e relação-estudante/aluno?)
técnicas.
• Avaliação - Express as transformações alcançadas pelos
Porém, para as correntes atuais como a cognitiva, o docente alunos, que satisfazem ou não o objetivo (Em que medida se
é um fornecedor do conhecimento, atua como nexo entre aprendeu?).
este e o estudante por intermédio de um processo de
interação. Portanto, o aluno compromete-se com a sua 5.4 Os componentes do processo didático: ensino e
aprendizagem e toma a iniciativa na busca do saber. aprendizagem.
Falar sobre a importância da didática no ensino e
Componentes do processo de ensino: objetivos; aprendizagem tem uma grande relação com os conceitos que
conteúdos; métodos; estratégias pedagógicas e meios. se emprega para os termos “ensinar” e “aprender”.
Os componentes do Processo de Ensino-Aprendizagem,
também chamados de Categorias da Didática, são O ato de ensinar não pode ser percebido como algo
organizados por componentes pessoais e não pessoais. mecânico e, portanto que não necessita de reajustes
constantes, a forma de ensinar, os meios utilizados, e a
Os componentes pessoais são os seguintes: O Professor e o forma de avaliação devem passar por um processo que
Aluno. E os componentes não pessoais são os seguintes: permita que a aprendizagem seja realmente alcançada. Para
problema, objeto, objetivo, conteúdo, método, meios, isso este deve ter plena noção de seu papel como mediador
formas organizativas e avaliação. dos alunos.

Na Didática Tradicional, que preferimos chamar "Didática Como acontece a aprendizagem


Arcaica", não se consideram componentes do problema nem Aprender é o processo de assimilação de qualquer forma
o objeto, mas, a sua introdução no estudo da Didática, pelo de conhecimento, desde o mais simples onde a criança
pedagogo Carlos Álvarez de Zayas (Pedagogía como aprende a manipular os brinquedos, aprende a fazer contas,
Ciencia, 1998), demonstrou a sua validade e utilidade. lidar com as coisas, nadar, andar de bicicleta etc., até
processos mais complexos onde uma pessoa aprende a
• Problema - É o componente do PEA que expressa a escolher uma profissão, lidar com as outras. Dessa forma as
necessidade social. Constitui a situação presente no objeto pessoas estão sempre aprendendo (LIBÂNEO, 1994). Para
de estudo e que requer a ação de um sujeito para a sua que se possa haver aprendizagem é necessário que haja todo
transformação, para satisfazer a necessidade e cumprir o um processo de assimilação onde o aluno com a orientação
objetivo (Por que se ensina e aprende?). do professor passa a compreender, refletir e aplicar os
conhecimentos que foram obtidos, assim à aprendizagem é
• Objeto - Consiste na parte da realidade portadora do observada com a colocação em prática por parte do aluno
problema. Ao desenvolver-se, tranforma-se na solução para dos conhecimentos que foram transmitidos durante uma aula
o problema, alcançando o objetivo (Que se desenvolve?). ou atividade. Para que se possa haver a aprendizagem é
preciso um processo de assimilação ativa que para ser
• Objetivo - São as finalidades ou as aspirações que se efetivo necessita de atividades práticas em várias
pretendem alcançar no PEA para conseguir as modalidades e exercícios, nos quais se pode verificar a
transformações desejadas nos alunos/estudantes (Por que se consolidação e aplicação prática de conhecimentos e
ensina e aprende?). habilidades (LIBÂNEO, 1994). É de conhecimento,
entretanto, que tal prática não anula as outras, mas que o
• Conteúdo - Constitui aquela parte da cultura acumulada processo de assimilação ativo é composto de diversos

284
componentes como os objetivos, conteúdos, métodos e empírico e do senso comum é preciso conteúdos com caráter
formas organizativas. Outro fator de suma importância é a científico e sistemático, dentre os diversos pontos que o
motivação que pode acontecer de duas formas distintas, autor cita, vale destacar que o aluno precisa ter assimilado o
intrínseca e extrínseca, ela é um fator muito importante para conteúdo anterior antes que um novo seja transmitido. E o
que aconteça a aprendizagem. professor anos após anos necessita de um aprimoramento e
atualização da matéria que leciona (LIBÂNEO, 1994).
“A motivação é intrínseca quando se trata de objetivos Outro fator problema na relação ensino-aprendizagem é a
internos, como a satisfação de necessidades orgânicas ou falta de conhecimento por parte dos alunos com relação ao
sociais, a curiosidade, a aspiração pelo conhecimento; é que está lhe sendo exigido naquela matéria, por isso é de
extrínseca, quando a ação da criança é estimulada de fora, fundamental importância que o professor deixe claro o que
como as exigências da escola, a expectativa de benefícios pretende que os alunos absorvam com o conteúdo que está
sociais que o estudo pode trazer, a estimulação da família, sendo passado. Somente assim o estudante poderá ser
do professor ou dos demais colegas. (LIBÂNEO, 1994, p. estimulado ao conteúdo. O ensino torna-se efetivado quando
88)” existe a assimilação de conhecimento, por isso Libâneo
(1994, p. 159) deixa claro com relação à assimilação de
Para que a aprendizagem seja efetivada é preciso que o conhecimento, “a assimilação de conhecimentos não é
professor organize o conteúdo de uma maneira a atender as conseguida se os alunos não demonstram resultados sólidos
necessidades do aluno para que o aluno descubra suas e estáveis por um período mais ou menos longo.” Portanto o
possibilidades. Aprender de forma alguma pode ser ensino é uma relação onde o professor põe em prática o tripé
comparado ou relacionado com a decoração de conteúdos objetivo, conteúdo e método e dessa forma obtém a
que em nada acrescenta nos pensamentos e habilidades do aprendizagem do aluno como resultado.
estudante. A aprendizagem é algo que modifica o
pensamento, não se trata de uma estagnação onde os 5.5 Tendências pedagógicas no Brasil e a didática
conteúdos em nada influenciam na forma do individuo agir.
Para que se possa haver a aprendizagem o aluno necessita PEDAGOGIA LIBERAL
ser estimulado com conteúdos de seu alcance, textos que TRADICIONAL/CONSERVADORA
tratem de sua realidade. Somente quando o aluno demonstra
através de ações alguma forma de mudança crítica podemos Ensino humanístico de cultura
dizer que realmente existiu a aprendizagem. geral; ensino tradicional de caráter
verbalista, autoritário e inibidor
O processo de ensino da participação do aluno;
Ensinar é a atividade que tem por finalidade que o outro conteúdos enciclopédicos e
obtenha o conhecimento. Para que se tenha um ensino de descontextualizados; valorização
forma que realmente agregue valor é preciso que o professor do conteúdo, do intelectual, da
como sendo um transmissor de conhecimentos se utilize de disciplina, do diretivismo;
PRESSUPOSTOS
métodos e técnicas adequadas que tenham base não apenas educação centrada no professor,
TEÓRICOS
no contexto geral como o local, assim a necessidade básica que deve ter domínio dos
do aluno será encarada como uma ponte para o ensino e não conteúdos; ensinar é repassar
como um obstáculo. Segundo Libâneo (1994, p. 90) “a conhecimentos; criança:
relação entre ensino e aprendizagem não é mecânica, não é capacidade de assimilação igual a
uma simples transmissão do professor que ensina para um do adulto, porém menos
aluno que aprende.” Ele mesmo concluiu que é algo bem desenvolvida; programas de ensino
diferente disso “é uma relação recíproca na qual se são baseados na “progressão
destacam o papel dirigente do professor e a atividade dos lógica”.
alunos.” Dessa forma podemos perceber que “O ensino visa
estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o processo de Johann Friedrich Herbart
aprendizagem dos alunos.” Ensinar envolve toda uma (1776/1841) – “A prática da
estrutura que tem por finalidade alcançar a aprendizagem do TEÓRICOS OU reflexão metódica, baseado na
aluno através de conteúdo. A relação de ensino e REPRESENTANTES clareza, na associação, no método
aprendizagem não deve ter como base a memorização, por e no sistema. João Amós Comênio;
outro lado os alunos também não devem ser deixados de Soren Kierkegaard.
lado sozinhos procurando uma forma de aprender o assunto,
o professor nesse caso sendo apenas um facilitador
(LIBÂNEO, 1994). Segundo Libâneo (1994, p. 91) “O
processo de ensino, ao contrário, deve estabelecer
exigências e expectativas que os alunos possam cumprir e,
com isso, mobilizem suas energias. Tem, pois o papel de
impulsionar a aprendizagem e, muitas vezes, a precede.”
Para que os alunos possuam um ponto de vista que fuja do

285
Inatista: com vertentes na teologia – A aprendizagem é receptiva e
e com interpretações errôneas da mecânica, desconsidera as
Teoria da Evolução, da genética e características próprias de cada
CORRENTE
da embriologia; O homem traz as idade. – Os programas devem ser
PSICOLÓGICA PRESSUPOSTOS
qualidades básicas (percepção, organizados em sequência lógica,
DE
valores, hábitos, crenças), sem se considerar as características
APRENDIZAGEM
basicamente prontas ao nascer. próprias de cada idade. – O aluno
responde as situações novas de
Concepção humanista tradicional: forma semelhante às respostas
– centra-se na essência do dadas em situações anteriores.
CORRENTE
intelecto, no conhecimento; –
FILOSÓFICA
Homem: constituído por uma Valorização de aspectos cognitivos
essência imutável. e quantitativos com ênfase na
memorização; Verificação dos
– Preparação intelectual e moral FUNÇÃO DA
resultados através de
dos alunos para assumir seu papel interrogatórios orais e escritos,
AVALIAÇÃO
na sociedade. – Ensino provas, exercícios e trabalhos de
profissionalizante para os menos casa; O aluno deve reproduzir na
PAPEL DA
capazes. – Saber igual para todos. íntegra o que foi ensinado;
ESCOLA
– Elitista. – Compromisso da Classificatória.
escola é com a cultura, os
problemas sociais pertencem à Predomínio até 1930. Escolas que
sociedade. seguem filosofias humanistas
clássicas ou científicas. Vertentes:
MANIFESTAÇÕES
– São conhecimentos e valores Católica (monopólio jesuítico até
sociais acumulados através dos 1759); Leiga (liberalismo clássico
tempos e repassados aos alunos – de 1759 a 1930).
CONTEÚDOS DE como verdades absolutas. – São
ENSINO separados das experiências dos
alunos e das realidades sociais. –
Intelectualista. – Determinados PEDAGOGIA LIBERAL RENOVADA
pelos órgãos oficiais. PROGRESSIVISTA/PROGRESSIVA (ESCOLA
NOVA)
– Exposição e demonstração
verbal da matéria e/ou por meios Os problemas sociais pertencem à
de modelos. – Ênfase nos sociedade; a ênfase na cultura
MÉTODOS DE exercícios, na repetição de esconde a realidade das diferenças
ENSINO conceitos, ou fórmulas, na de classe; aprender é uma
memorização. – Visa disciplinar a atividade de descoberta. A
mente e formar hábitos. – Alunos aprendizagem é um ato individual,
passivos. uma construção subjetiva do
conhecimento; o aluno é o centro
– Autoridade do professor que do processo de ensino;
exige atitude receptiva do aluno. – PRESSUPOSTOS autoaprendizagem; aluno
RELAÇÃO Impede qualquer canal de TEÓRICOS solidário, respeitador das regras,
PROFESSOR X comunicação. – O professor participante; o ambiente é um
ALUNO transmite o conteúdo em forma de meio estimulador; a motivação
verdade. – A disciplina é imposta depende da força de estimulação
pela coação. do problema e das disposições
internas para aprender;
valorização do aspecto
psicológico (testes e
inteligência) do sentimento, da
subjetividade.

286
– Dewey (1859-1952) – aprender RELAÇÃO
– O professor é auxiliador no
fazendo; – Decroly – centro de PROFESSOR X
desenvolvimento livre da criança.
interesses – Montessory (1870- ALUNO
1952) – Métodos ativos e
individualização do ensino; –
Claparede (1873-1940) – PRESSUPOSTOS DE É baseada na motivação e na
TEÓRICOS OU
Educação funcional e APRENDIZAGEM estimulação de problemas.
REPRESENTANTES
diferenciada; – Piaget (1896-1980)
– estudos sobre os processos de
construção do pensamento na Valorização dos aspectos afetivos
criança; – Brasil: Anísio Teixeira, (atitudes); Valorização da
Lourenço Filho, Fernando atividade do aluno pela descoberta
Azevedo, Lauro de Oliveira Lima. pessoal que passa a compor a
estrutura cognitiva; Preocupação
FUNÇÃO DA com participação, interesse,
Interacionismo Construtivista – AVALIAÇÃO socialização e conduta
Piaget: – Psicologia do (assiduidade, responsabilidade,
desenvolvimento: enfoque nos higiene, pontualidade); Avaliação
processos cognitivos da criança; – somativa e formativa; Ênfase na
CORRENTE O homem constrói o autoavaliação a partir de critérios
PSICOLÓGICA conhecimento durante sua vida, na internos do organismo.
interação homem-meio; –
Biopsicologização da sociedade,
da educação e da escola; – Testes 19332: Manifesto dos Pioneiros da
de inteligência e de personalidade Educação Nova, encabeçado por
Fernando Azevedo; 1934:
Constituição; 1940: psicologismo
Concepção humanista moderna: – MANIFESTAÇÕES
Pedagógico; 1950: Sociologismo
centra-se na existência, na vida, na Pedagógico; 1960: Economismo
atividade – a natureza humana é Pedagógico; Surge a figura do
ativa, subjetiva; – “O homem é a Orientador Educacional.
CORRENTE
fonte de todos os atos”, é um ser
FILOSÓFICA
autônomo, criado para a liberdade,
sem ser determinado pelo meio
social; Predispõe-se a fazer a
equalização social. PEDAGOGIA LIBERAL RENOVADORA NÃO-
DIRETIVA (ESCOLA NOVA

– A escola deve adequar as


necessidades individuais ao meio
social, por meio de experiências
PAPEL DA ESCOLA
que devem satisfazer, ao mesmo
tempo, os interesses do aluno e as
exigências sociais.

– parte das experiências vividas


CONTEÚDOS DE
pelos alunos frente às situações
ENSINO
problemas.

– Por meio de experiências,


MÉTODOS DE
pesquisas e método de solução de
ENSINO
problemas.

287
Favorece o amadurecimento – Baseia-se na busca dos
emocional, a autonomia e as conhecimentos pelos próprios
possibilidades de autorrealização alunos. – Parte dos interesses do
CONTEÚDOS DE
do aluno, pelo desenvolvimento da educando. – Ênfase nos processos
ENSINO
valorização do seu “eu”; de desenvolvimento das relações e
aprendizagem significa da comunicação e fica secundária a
modificação das próprias transmissão de conteúdos.
percepções; valoriza as
PRESSUPOSTOS experiências dos alunos; as
TEÓRICOS atividades acontecem de acordo – Aceitação da pessoa e do aluno.
com a realidade do aluno (segundo – Métodos usuais são dispensados.
suas experiências individuais); o – Método baseado na facilitação
ensino é centrado no aluno; o MÉTODOS DE da aprendizagem, ajudando-o a se
professor é um mero facilitador da ENSINO organizar, utilizando técnicas de
aprendizagem; a motivação da sensibilização, onde os sentimentos
aprendizagem é o desejo de de cada um possam ser expostos
adequação pessoal na busca de sem ameaças.
autorrealização.

– Educação centralizada no aluno


– Rousseau (1712-1778) – enfatiza RELAÇÃO e o professor é quem garantirá um
aspectos da orientação não-diretiva PROFESSOR X relacionamento de respeito
– Carl Rogers (1902/1987) – ALUNO (facilitador da aprendizagem). – O
TEÓRICOS OU
método não-diretivo: concepção aluno necessita de aceitação plena.
REPRESENTANTES
terapêutica e aconselhamento; –
Summerhill (escola de Alexander
Neill). PRESSUPOSTOS
– Aprender é modificar as
DE
percepções da realidade.
APRENDIZAGEM
Psicologia terapêutica; Psicologia
CORRENTE humanista: ênfase nas relações
PSICOLÓGICA interpessoais e no crescimento que A relevância do aprendido se dá
delas resulta. em relação ao “eu”; Privilegia a
FUNÇÃO DA autoavaliação; Atividades
AVALIAÇÃO avaliativas: debates, seminários,
Concepção humanista moderna: murais pedagógicos, relatórios de
ênfase na importância do pesquisa.
CORRENTE
desenvolvimento das habilidades
FILOSÓFICA
mentais, como observação, análise,
reflexão e criatividade. Educação centrada no estudante;
MANIFESTAÇÕES
prática pedagógica antiautoritária.

– Formação de atitudes. – Deve


favorecer a pessoa um clima de
PAPEL DA autodesenvolvimento e realização
ESCOLA pessoal. – Acentua mais os PEDAGOGIA LIBERAL TECNICISTA
problemas psicológicos do que os
pedagógicos ou sociais.

288
Aprendizagem é modificação de – É modeladora do
desempenho; o aluno é comportamento humano, por
submetido a um processo de meio de técnicas específicas;
controle do comportamento, a manter a ordem social. –
fim de ser levado a atingir Organizar o processo de
objetivos previamente aquisição de habilidades,
estabelecidos; o ensino é atitudes e conhecimentos
organizado em função de pré- PAPEL DA ESCOLA específicos para que os
requisitos; Ensino: processo de indivíduos se integrem na
condicionamento/reforço da máquina do sistema social
resposta que se quer obter, global. – Emprega tecnologia
PRESSUPOSTOS
acontece através da: comportamental para se
TEÓRICOS
operacionalização dos objetivos produzir indivíduos
e mecanização do processo; não competentes para o mercado de
se preocupa com o processo trabalho.
mental do aluno, mas sim com o
produto desejado; busca-se a
“eficiência”, a “eficácia”, a – São informações ordenadas
“qualidade”, a “racionalidade”, numa sequência lógica e
a “produtividade” e psicológica. – É matéria de
“neutralidade” na escola, que ensino apenas o que é redutível
deve funcionar como uma CONTEÚDOS DE
ao conhecimento observável e
ENSINO
empresa. mensurável. – o conteúdo é
sistematizado em manuais,
livros didáticos, nos módulos de
– Skinner. – Mager (ensino por ensino, etc.
objetivos operacionais). –
TEÓRICOS OU Gagné (ensino por hierarquias).
REPRESENTANTES – Bloom (classificação Procedimentos e técnicas para
científica dos objetivos). – MÉTODOS DE
a transmissão e recepção de
Cosete Ramos. ENSINO
informações.

CORRENTE
Behaviorista; PROFESSOR: – Administra as
Comportamentalista; condições de transmissão da
PSICOLÓGICA
Instrumentalista; Ambientalista. matéria. – É um elo entre a
verdade científica e o aluno. –
Não há comunicação pessoal
Concepção Analítica – Não RELAÇÃO com o aluno e vice-versa. – As
pressupõe uma visão de PROFESSOR X relações afetivas e pessoais
homem, nem de um “sistema ALUNO pouco importam para o
filosófico”; busca efetuar a desenvolvimento do processo
CORRENTE
análise lógica da linguagem ensino-aprendizagem.ALUNO:
FILOSÓFICA
educacional; – neopositivista: o – Indivíduo responsivo. – Não
conhecimento científico é participa da elaboração do
analítico, requer exatidão e programa educacional.
clareza.

– Aprendizagem baseada no
desempenho → o aluno sai da
PRESSUPOSTOS DE situação de aprendizagem
APRENDIZAGEM diferente de como entrou. –
Condicionamento operante
(Skinner).

289
Ênfase na produtividade do – Transformação da personalidade
PAPEL DA
aluno; uso de testes objetivos; num sentido libertário e
ESCOLA
FUNÇÃO DA realização de exercícios autogestionário.
AVALIAÇÃO programados; diretamente
ligada aos objetivos
estabelecidos. – As matérias são colocadas, mas
CONTEÚDOSDE não exigidas. – Resultam das
ENSINO necessidades de interesses
Surge em meados da década de manifestos pelo grupo.
50, introduzido efetivamente no
final dos anos 60, com
predomínio a partir de 1978; – – Vivência grupal na forma de
MANIFESTAÇÕES
Leis 5.540/68, 5.692/71: marcos auto-gestão. – Os alunos tem
da implantação do modelo; liberdade de trabalhar ou não,
Surge a figura do Supervisor MÉTODOS DE
ficando o interesse pedagógico na
escolar ENSINO
dependência de suas necessidades
ou das do grupo. – Eliminam-se os
livros-textos.

PEDAGOGIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA


– Não diretividade, sem obrigações
e ameaças. – O professor é um
Questionamento da ordem social orientador e catalizador
RELAÇÃO
existente; preocupação com a (dinamizador), e os alunos livres. –
PROFESSOR X
educação política dos indivíduos e Ele se mistura ao grupo para uma
ALUNO
com o desenvolvimento de pessoas reflexão comum, não devendo
mais livres; profunda ligação entre impor suas concepções e ideias,
educação e os planos de mudança não transformar o aluno em objeto.
PRESSUPOSTOS
social; o ensino deve desenvolver
TEÓRICOS
todas as possibilidades da criança
(integralidade), sem abandonar – Crescimento pessoal e grupal. –
nenhum aspecto mental ou físico, Aprendizagem informal, via grupo
intelectual ou afetivo; defesa da PRESSUPOSTOS e a negação de toda a forma de
auto-gestão; rejeitam toda forma de DE repressão. – Relevância da
governo. APRENDIZAGEM experiência, da atividade prática
que é incorporada e utilizada em
situação nova.
– Freinet (1896-1966) – Educação
pelo trabalho e pedagogia do bom
senso. – Lobrot (discípulo de Não prevê nenhum tipo de
TEÓRICOS OU Freinet) – Pedagogia institucional e avaliação em relação aos
FUNÇÃO DA
REPRESENTANTES autogestão pedagógica. – Maurício conteúdos; A avaliação ocorre nas
AVALIAÇÃO
Tragtenberg – auto-gestão situações vividas, experimentadas
institucional. – Miguel Gonzales pelos alunos.
Arroyo.

Antiautoritarismo e auto-gestão
CORRENTE são os princípios fundamentais da
XXXXX proposta pedagógica anarquista
PSICOLÓGICA MANIFESTAÇÕES
(abrange várias correntes:
libertários, psicanalistas e
Anarquismo – uma corrente que sociólogos)
CORRENTE
defende “o caminho da liberdade é
FILOSÓFICA
a própria liberdade”.

290
PEDAGOGIA PROGRESSISTA LIBERTADORA – Educador ↔ educando ↔
relação dialógica. – Trabalho
educativo → grupos de discussão.
Teoria do conhecimento aplicada à MÉTODOS DE
– O professor é animador, que
educação, que é sustentada por ENSINO
deve caminhar junto, intervindo o
uma concepção em que educador e mínimo possível. – Troca de
educando aprendem juntos numa experiências.
relação dinâmica na qual a prática,
orientada pela teoria, reorienta
essa teoria, num processo de RELAÇÃO – A relação é de igual para igual,
constante aperfeiçoamento; a PROFESSOR X horizontalmente. – Não autoritária.
educação é sempre um ato ALUNO – Não diretiva.
político; educação
PRESSUPOSTOS problematizadora,
TEÓRICOS conscientizadora; o fundamental
na educação é que os educandos – Educação problematizadora
se reconheçam enquanto sujeitos como força motivadora da
aprendizagem. – Aprender é um
histórico-sociais, capazes de PRESSUPOSTOS
ato de tomar conhecimento da
transformar a realidade; a DE
realidade concreta e só tem sentido
categoria pedagógica da APRENDIZAGEM
se resulta de uma análise crítica
conscientização preocupa-se com
a formação da autonomia dessa realidade, ou seja, resolvendo
intelectual do sujeito para intervir situação problema.
na realidade; crítica à “educação
bancária”.
Prática emancipadora; vivencia
FUNÇÃO DA entre educador e educandos no
AVALIAÇÃO processo de grupos pela
TEÓRICOS OU – Paulo Freire. – Moacir Gadotti; –
compreensão e reflexão crítica
REPRESENTANTES Rubem Alves.

Primeira experiência: Movimento


CORRENTE
XXXXX de Cultura Popular no Recife
PSICOLÓGICA
MANIFESTAÇÕES (1964); Projeto de Educação de
Adultos: Círculo de Cultura e
Centro de Cultura.
Paulo Freire faz uma síntese de
CORRENTE tendências como: neotomismo,
FILOSÓFICA humanismo, fenomenologia,
existencialismo e neomarxismo.
PEDAGOGIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL
DOS CONTEÚDOS (LIBÂNEO) OU HISTÓRICO-
– Não atua em escolas, porém visa CRÍTICA (SAVIANI)
levar professores e alunos a atingir
PAPEL DA
um nível de consciência da
ESCOLA
realidade em que vivem na busca
da transformação social.

– Temas geradores. – Extraído da


vida prática dos educandos. – O
importante não é a transmissão do
CONTEÚDOS DE
conteúdo específico, mas despertar
ENSINO
uma nova forma de relação com a
experiência vivida. – Emerge do
saber popular.

291
Defende a escola como – Dermeval Saviani, Jamil Cury,
socializadora dos Gaudêncio Frigotto, Luiz Carlos
conhecimentos e saberes de Freitas, Acácia Zeneida
universais; a ação educativa Kuenzer, Demerval Luckesi, G.
pressupõe uma articulação Namo de Mello, Paolo Nosella,
entre o ato político e o ato TEÓRICOS OU José Carlos Libâneo (Pedagogia
pedagógico; interação professor- REPRESENTANTES Crítico-Social dos Conteúdos); –
aluno-conhecimento e contexto Influências de autores
histórico-social; a inter- internacionais como: Marx,
subjetividade é mediada pela Gramsci, G. Snyders, M.
competência do professor em Manacorda, Makarenko,
situações objetivas; a interação Suchodolski, B. Charlot.
social é o elemento de
compreensão e intervenção na
prática social mediada pelo Corrente sócio-histórica:
conteúdo; concepção dialética CORRENTE
Vigotski, Luria, Leontiev e
da história (movimento e PSICOLÓGICA
Wallon.
transformação); pressupõe a
práxis educativa que se revela
numa prática fundamentada CORRENTE
teoricamente; a natureza e Materialismo Histórico-dialético.
FILOSÓFICA
especificidade da educação
refere-se ao trabalho não-
material, que na escola pública
PRESSUPOSTOS – Para o mundo adulto e suas
não se subordina ao capital; a
TEÓRICOS contradições, fornecendo-lhe um
tarefa desta pedagogia em
relação à educação escolar instrumental por meio da
implica: a) Identificação das PAPEL DA aquisição de conteúdos (difusão
formas mais desenvolvidas em ESCOLA dos conteúdos) e da socialização,
que se expressa o saber para uma participação organizada
objetivo produzido e ativa na democratização da
historicamente, reconhecendo sociedade.
as condições de sua produção
e compreendendo as suas
principais manifestações, bem Conteúdos culturais universais
como as tendências atuais de CONTEÚDOSDE que são incorporados pela
transformação; b) Conversão do ENSINO humanidade frente à realidade
saber objetivo em saber escolar social.
de modo a torná-lo assimilável
pelos alunos das camadas
populares no espaço e tempo – O método parte de uma relação
escolares; c) Provimento dos direta da experiência do aluno
meios necessários para que os confrontada como saber
MÉTODOS DE
alunos não apenas assimilem o sistematizado. – Vai-se da ação
ENSINO
saber objetivo enquanto até a síntese. – Adota-se o livro,
resultado, mas apreendam o visando ao desenvolvimento
processo de sua produção, bem crítico.
como as tendências de sua
transformação.

292
• Aspecto científico: a Pedagogia moderna apoia-se nos
– Papel do aluno como dados apresentados pelas ciências, principalmente aquelas
PARTICIPADOR e do professor que estudam o comportamento humano nas áreas da
como MEDIADOR entre o saber Psicologia, Biologia, Sociologia, Antropologia, Economia,
RELAÇÃO e o aluno. – Abrir perspectivas a Ciências Políticas, que por sua vez dá um grande contributo
PROFESSOR X partir dos conteúdos relacionados para a compreensão do comportamento humano.
ALUNO com o estilo de vida dos alunos,
tendo consciência inclusive dos • Aspecto técnico: refere-se a técnica educativa, como
contrastes entre sua própria educar e ensinar. Este aspecto situa-se entre o filosófico e o
cultura e a do aluno. científico, entre o que deve ser e o que é, ligando o ideal ao
real.

– Aprender é desenvolver a O aspecto técnico estuda os métodos e os processos


capacidade de processar educativos, as técnicas de trabalho escolar, as normas para a
informações e lidar com os comparação da parte estática e dinâmica da escola
PRESSUPOSTOS estímulos do ambiente,
DE organizando os dados 5.7 Didática e Metodologia.
APRENDIZAGEM disponíveis da experiência. – O interesse em tornar a escola um espaço significativo para
Aprendizagem significativa, o desenvolvimento dos sujeitos que a frequentam tem
baseada nas estruturas cognitivas acompanhado nossa trajetória profissional. Os modos de
já estruturadas nos alunos. ensinar e aprender foram se constituindo em objetos de
nossa atenção, seja na pesquisa seja na prática cotidiana.
Nesse percurso, uma afirmação de Vigotski1 tem sido
Prática emancipadora; Função extremamente provocativa e desencadeadora de nossas
diagnóstica (permanente e reflexões: "[...] uma correta organização da aprendizagem da
contínua) – meio de obter criança conduz ao desenvolvimento mental" (Vygostky,
informações necessárias sobre o 1998, p. 115).
FUNÇÃO DA desenvolvimento da prática
AVALIAÇÃO pedagógica para a Essa afirmação suscita, quase automaticamente, a
intervenção/reformulação desta pergunta: o que seria uma correta organização da
prática e dos processos de aprendizagem? Sem ter a Didática como foco, Vigotski
aprendizagem; pressupõe tomada tangencia um aspecto nuclear desse campo do
de decisão. conhecimento, a organização do ensino. Induz-nos, assim, a
entender que a interação entre Teoria Histórico-Cultural e
Didática pode ser um caminho promissor para o
Marco teórico: 1979; A prática encaminhamento da prática pedagógica. Nesse sentido,
pedagógica propõe uma temos procurado investigar, compreender e produzir
interação entre conteúdo e conhecimentos sobre a organização do ensino.
MANIFESTAÇÕES
realidade concreta, visando a
transformação da sociedade Nesse percurso de investigação, com o apoio do Grupo de
(ação-compreensão-ação); Pesquisa Ensino Aprendizagem e Conteúdo Escolar,
pudemos chegar a uma espécie de síntese de princípios
didáticos e ações docentes que se mostram favoráveis à
aprendizagem. É essa síntese que apresentamos neste artigo.
5.6 Aspectos fundamentais da Pedagogia. Unidade entre Função da Escola e Encaminhamentos
A Pedagogia apresenta três aspectos fundamentais que são, Didáticos
aspecto filosófico, científico e aspecto técnico. Nosso pressuposto é o de que a educação, em sentido
amplo, é o processo de humanização caracterizado pela
• Aspecto filosófico: basea-se nos principais fundamentos da apropriação dos bens culturais produzidos pela humanidade
educação, tais como, as relações da educação com a vida, os no decorrer da história. Parte dessa apropriação é direta:
valores, os ideais e as finalidades da educação. Este aspecto ocorre por meio da participação dos sujeitos na cultura.
procura responder as seguintes questões: Outra, porém, não pode ser captada diretamente pelos
— O que deve ser a educação? sujeitos em sua interação com o mundo; trata-se do
— Para onde a educação deve conduzir as suas gerações? conhecimento teórico. Propiciar o acesso a esse bem cultural
Este aspecto, também procura estabelecer as diretrizes da específico, que não está garantido aos sujeitos por outras
educação de acordo com os valores de cada povo e de cada práticas culturais, que não se adquire por meio da vivencia e
época. da empiria, é o papel que cabe às instituições de ensino. É
por essa especificidade da instituição escolar que se

293
valorizam os conhecimentos sistematizados pelas diferentes Entre 1980 e 1990, quando essa teoria se tornou
ciências - os conhecimentos teóricos - como conteúdos conhecida no Brasil, a Didática passava por um momento de
centrais da atividade pedagógica. autorreflexão e de recuo no trato das questões do ensino.
Como denunciam vários pesquisadores (André,
Com a perspectiva do desenvolvimento humano, 2008; Amaral, 2004; Libâneo, 2008; Marcondes; Leite;
juntamente com a valorização do conteúdo escolar, surge Leite, 2011; Oliveira, 2011; Pimenta, 2008; Sforni, 2008),
um desafio: criar modos de tornar esses conhecimentos inicialmente, no campo da Didática, evitou-se
acessíveis a todos, já que nem toda forma de transmissão de o tecnicismo (década de 1980); posteriormente, adotaram-se
conhecimentos científicos caminha nessa direção. Como perspectivas de formação advindas das políticas neoliberais
bem demonstra Davidov2 (1988), a escolarização contribui (década de 1990 e início deste século), dentre as quais se
para a humanização dos sujeitos quando propicia o destacam as discussões sobre sua própria identidade, os
desenvolvimento de um tipo de pensamento que, sob a base estudos de novos temas típicos da pós-modernidade e as
dos conceitos científicos, favorece uma nova relação com os pesquisas sobre formação de professores com foco nas
objetos e fenômenos. Nesse tipo de pensamento, representações, nos saberes, nas aprendizagens docentes.
denominado por Davidov (1982) de pensamento teórico, o
conceito científico não seria um simples meio de descrição e Em suma, esse campo não tem se destacado pelas
classificação do mundo objetivo. investigações sobre o caráter didático do ensino. Na
produção acadêmica brasileira observa-se uma lacuna entre
O conceito é tratado aqui como forma da atividade as teorias que versam sobre a aprendizagem e aquelas que,
mental mediante a qual se reproduz o objeto por princípio, deveriam se ocupar da organização didática da
idealizado e o sistema de suas conexões, que atividade de ensino. Assim, considerando que a função
refletem em sua unidade a generalidade e a principal da escola é a socialização do conhecimento
essência do movimento do objeto material. O produzido historicamente e consolidado nas diversas áreas
conceito aparece tanto como forma de reflexo do do conhecimento, entendemos que o domínio desses
objeto material, como meio de sua reprodução conteúdos e dos meios de favorecer sua apropriação pelos
mental, de sua estrutura, ou seja, como singular estudantes são conhecimentos necessários ao professor.
operação mental (Davydov, 1982, p. 300, Segundo Moraes e Torriglia:
destaques do autor).
[...] é na relação entre o campo disciplinar e o
Para levar à formação do pensamento teórico, é preciso campo da Didática que se constrói o ser e se
que o ensino de conceitos científicos esteja assentado em produz o conhecimento docente. Ou seja, a
procedimentos didáticos voltados para a apropriação do apropriação do conhecimento científico - do
conceito como atividade mental, o que em muito se conteúdo das disciplinas que compõem o campo
diferencia do modelo de ensino conceitual próprio da disciplinar, das formas de sua produção e sua
tradição escolar e materializado em livros didáticos e socialização - deve articular-se aos modos de sua
apostilas. Organizar o ensino nessa perspectiva é, portanto, transmissão (Moraes; Torriglia, 2003, p. 50).
um grande desafio já que implica trilhar caminhos ainda
pouco conhecidos. Reconhecer que a disciplina de Didática é responsável
por oferecer conhecimentos acerca de modos de transmitir
Entendemos que é fundamental enfrentar esse desafio e os conteúdos curriculares não significa reduzi-la à dimensão
realizar pesquisas sobre a organização didática do ensino, técnica e sim que os modos de transmissão do conhecimento
produzindo conhecimentos para apoio ao trabalho docente. são o núcleo em torno do qual giram os conteúdos teóricos
da formação docente.
Na antiga URSS, com base nas produções de Vigotski,
segundo Bogoyavlensky e Menchinskaya (1977), promoveu- Evitar o tecnicismo não significa negar a necessidade de
se um trabalho conjunto entre a Psicologia e a Didática com conhecimentos acerca da dimensão técnica e operacional do
a finalidade de dinamizar a aprendizagem de conteúdos trabalho docente. Afinal, o problema não é a técnica em si,
curriculares. mas o uso da técnica da qual se desconhecem a origem, a
razão e os resultados. O conhecimento da técnica em seus
A colaboração de psicólogos acadêmicos, por um aspectos apenas operacionais, de fato, enrijece o trabalho e
lado, e de quantos se interessavam pela aliena o professor, torna-o mero executor de procedimentos
metodologia e a didática, por outro, facilitou o cujos significados lhe são alheios. Assim, para que a prática
debate e a escolha dos projetos de investigação do professor não se caracterize por essa alienação, a saída
mais importantes para a escola (Bogoyavlensky; não está na desvalorização de discussões sobre metodologias
Menchinskaya, 1977, p. 156). e técnicas de ensino, mas no oferecimento de conhecimentos
teóricos sobre elas. Para que a ação do professor não seja
Todavia, em terras brasileiras, a Teoria Histórico-Cultural uma repetição irrefletida de procedimentos presentes em
não desencadeou o mesmo processo. livros didáticos ou em modelos de aula disponíveis na mídia,
o conhecimento acerca das bases teóricas nas quais as

294
metodologias e técnicas estão assentadas faz-se necessário. formação social da consciência; c) a definição da
Essa é uma condição, embora não a única, para que ele seja educação como um processo de apropriação da
sujeito de sua própria ação. experiência social da humanidade; d) a defesa do
desenvolvimento do psiquismo como resultado da
A reflexão sobre as ações docentes e discentes, orientada atividade prática humana, mediada pelos signos e
pelo fim que se deseja atingir, é inerente ao processo de instrumentos; e) o entendimento de que as funções
planejamento da atividade de ensino. Ou seja, tão importante psíquicas superiores são primeiro compartilhadas
quanto à clareza sobre o que se deseja produzir (o tipo de entre os sujeitos (interpsíquicas) e posteriormente
aprendizagem almejada) é o domínio dos meios que tornam internalizadas (intrapsíquicas); f) a defesa de que
possível essa produção. Não basta ao professor concordar a apropriação dos conhecimentos é sempre uma
com pressupostos vigotskianos de que o papel da escola é a atividade mediada por outras pessoas
humanização dos sujeitos, de que o conteúdo escolar é (colaboração dos mais experimentes) (Nascimento,
importante para essa finalidade ou de que é sua função 2010, p. 102).
mediar esses conhecimentos; é necessário também que ele
domine os instrumentos necessários para fazê-lo. A autora considera que tais princípios têm um potencial
prático para a organização do ensino, mas, por si mesmos,
As discussões acerca da função da escola e a definição não se constituem como princípios didáticos.
dos encaminhamentos didáticos formam uma unidade. Os
cursos de formação, ao considerarem essa unidade, podem De fato, nas discussões sobre as contribuições da Teoria
oferecer aos professores conhecimentos que os auxiliem a Histórico-Cultural para o ensino, a tônica tem sido a
levar em conta o objeto do conhecimento e a atividade repetição desses princípios educacionais amplos, sendo raro
necessária ao estudante para que este se aproprie desse o diálogo com a Didática (Sforni, 2013). Assim, fica ao
saber, enfim, que os auxiliem a compreender e organizar o encargo do professor fazer a transposição, nada simples,
ensino. Trata-se de um conhecimento acerca do objeto de desses princípios para a prática pedagógica. Talvez seja por
ensino (conteúdo), sobre o sujeito da aprendizagem e, isso que, embora essa teoria conste como pressuposto
principalmente, sobre as relações entre os dois em situação teórico nos PPPs (projetos político-pedagógicos) de algumas
de ensino. escolas, não se observa uma modificação significativa na
organização cotidiana do seu ensino, especialmente no que
É fato que as teorias não oferecem respostas definitivas e se refere à estruturação do conteúdo, às metodologias de
diretas para o enfrentamento de todos os desafios da ensino e à avaliação da aprendizagem.
docência, mas o reconhecimento desse fato não as torna
dispensáveis. Os conhecimentos sobre a didática e os Concordamos com Nascimento (2010) quando afirma
processos de ensino e aprendizagem constituem que, para elaborar um modo geral de ação educativa, "[...]
instrumentos simbólicos valiosos para que o professor precisamos realizar um movimento tanto de aprofundamento
analise e redefina sua prática. Por meio desses destes conceitos presentes na teoria histórico-cultural,
conhecimentos, ele adquire a flexibilidade necessária para quanto de novas elaborações teóricas que partam deles"
pensar e redefinir os princípios e ações conforme as (Nascimento, 2010, p. 103). Essas novas elaborações
situações particulares e singulares encontradas nas teóricas, em nosso entendimento, não podem prescindir do
condições concretas de cada sala de aula. Pode, portanto, diálogo com a própria prática pedagógica. Por meio da
analisar o concreto pela mediação dos conhecimentos análise de dados de campo, é possível elucidar, referendar,
teóricos de sua área de atuação, adquirindo, assim, domínio redimensionar e/ou reestruturar esses conceitos tendo em
sobre sua própria atividade. vista a aprendizagem de um tipo específico de
conhecimento, o teórico, em um contexto particular, a sala
Experimentos Didáticos como Metodologia de Pesquisa de aula.
Com foco específico no papel da atividade interpsíquica
para a promoção do desenvolvimento humano, os autores da Nesse sentido, experimentar modos de organização do
Teoria Histórico-Cultural deixam pistas para pensarmos a ensino e acompanhar o seu impacto na aprendizagem dos
organização de um ensino com a mesma finalidade. Assim, estudantes tem sido nosso caminho para atingir esse fim. Em
embora essa teoria não tenha sido produzida com a nossos projetos de pesquisa, utilizamos uma metodologia
finalidade pedagógica de orientar a ação docente, podemos inspirada nos princípios do método genético
identificar nela princípios educativos. Nascimento (2010), experimental de Vigotski (1993) para o estudo da elaboração
compartilhando desse mesmo entendimento, destaca alguns de conceitos e no experimento formativo, elaborado por
desses princípios: Zankov e utilizado por Davydov (1988).
Segundo Zankov:
A despeito de ser uma teoria da ciência
psicológica, podemos identificar, na teoria A aplicação do experimento na investigação
histórico-cultural, alguns princípios educativos científica permite estudar as relações de
gerais, tais quais: a) a concepção de homem como determinadas facetas do processo e achar as
um sujeito histórico; b) a compreensão da causas que condicionam a necessidade de que

295
apareça o fenômeno dado. Desse modo, o professores nos momentos de planejamento, execução e
experimento permite evidenciar as leis da esfera avaliação do ensino. Os estudos de Moura (1996; Moura,
da realidade objeto de estudo (Zankov apud 2001; Moura, 2010), Núñez (2009) e, mais recentemente,
Aquino, 2013, p. 240)3. de Nascimento (2010) também apontam princípios ou ações
didáticas com base nessa perspectiva teórica e, assim, foram
Considerando que nossas pesquisas não se situam no tomados como referência em nosso trabalho.
campo da Psicologia e sim no da Educação, já que são
movidas pela necessidade de investigar procedimentos Observamos uma estreita sintonia entre as produções
didáticos que favoreçam a aprendizagem e o desses autores, especialmente quanto às orientações
desenvolvimento dos estudantes, utilizamos o procedimento didáticas que apresentam, ou seja, notamos que seus textos
metodológico denominado de experimento didático4. expressam os resultados de um ensino pautado na Teoria
Histórico-Cultural e na Teoria da Atividade. Por isso, mais
Nesse caso, o pesquisador planeja atividades de ensino do que simplesmente referendá-los, optamos por destacar os
especialmente para fins da pesquisa, cuja intenção é intervir princípios por eles apresentados e que foram
para colocar em movimento os processos que visa investigar. intencionalmente colocados em movimento nos
Para isso, atua como professor ou em conjunto com o experimentos realizados por nosso grupo. Assim, a síntese
professor da sala de aula. que ora apresentamos teve por base: a) as obras de autores
da Teoria Histórico-Cultural (Vigotski, Luria, Leontiev,
Para o método do experimento formativo é Elkonin, Galperin e Davidov); b) as obras de autores
característico a intervenção ativa do investigador brasileiros que, apoiados nessa teoria, têm refletido a
nos processos psíquicos que ele estuda. [...] Para respeito da Didática (Moura, Núñez e Nascimento) e c) os
nós, se pode chamar ao experimento formativo dados coletados durante experimentos didáticos realizados
experimento genético modelador, o que traduz a em sala de aula por nosso grupo de pesquisa. Ressaltamos
unidade entre a investigação do desenvolvimento que os dados das pesquisas de campo realizadas por esse
psíquico das crianças e sua educação e ensino grupo foram decisivos na definição dos princípios que
(Davidov, 1988, p. 196, grifos do autor. deveríamos abordar neste artigo.

As fontes de pesquisa são aulas videogravadas, materiais Destacamos cinco princípios orientadores da ação
escritos e outros tipos de material produzidos pelo docente:
professor/pesquisador e pelos estudantes durante a 1. Princípio do ensino que desenvolve
intervenção. Na análise, a atenção do pesquisador volta-se 2. Principio do caráter ativo da aprendizagem
tanto para os dados do ensino quanto para os da 3. Princípio do caráter consciente
aprendizagem, já que a intenção é identificar o efeito da 4. Princípio da unidade entre o plano material (ou
interação entre esses dois processos. materializado) e o verbal
5. Principio da ação mediada pelo conceito
Experimentos didáticos realizados em diferentes áreas do
currículo escolar da Educação Básica resultaram na Destacamos também as ações docentes que materializam
identificação de alguns princípios didáticos e ações docentes cada um desses princípios na atividade de ensino.
que se mostraram favoráveis à aprendizagem. Esses
resultados, portanto, podem sinalizar para os professores P RINCÍPIO DO E NSINO QUE D ESENVOLVE
algumas possibilidades de organização do ensino. Orientar-se pelo princípio do ensino
desenvolvimental6 implica considerar que, ao planejar,
Cada um dos experimentos5 do grupo teve uma executar e avaliar o ensino, o norte deve ser o próximo
especificidade, seja pelo nível de ensino e pela área do desenvolvimento dos estudantes.
conhecimento em que foi realizado, seja pela própria Analisemos o argumento apresentado por Davidov e
singularidade dos proponentes e executores. Embora isso Markova:
tenha acarretado modos diferenciados de ação e focos Se a assimilação é a reprodução pela criança da
específicos na análise dos dados, algumas ações se experiência socialmente elaborada e o ensino é a
repetiram, evidenciando seu valor pedagógico em todos os forma de organização desta assimilação, aceita
experimentos. São essas ações e os correspondentes nas condições históricas concretas na sociedade
princípios que as orientaram que procuramos relatar neste dada, o desenvolvimento se caracteriza,
artigo. principalmente, pelos avanços qualitativos no nível
e na forma das capacidades, nos tipos de atividade
Princípios Didáticos e Ações Docentes Favoráveis à etc. dos quais se apropria o indivíduo (Davídov;
Aprendizagem Márkova, 1987, p. 322).
Ao defender um ensino voltado para o desenvolvimento
do pensamento teórico pelos estudantes, nosso objetivo não A experiência socialmente elaborada, sistematizada em
é criar uma Didática com base na Teoria Histórico-Cultural forma de linguagem, compõe os conteúdos das diferentes
e sim identificar alguns princípios que possam orientar os áreas do conhecimento, os quais, quando apropriados pela

296
criança, promovem seu desenvolvimento. Assume-se, Embora cada criança seja única, as crianças
portanto, que essa experiência é o conteúdo central do obviamente compartilham traços comuns com as
ensino com a perspectiva desenvolvimental. outras crianças. Sendo da mesma tradição, as
crianças na mesma classe tem um grande volume
Ao caracterizar o desenvolvimento por avanços de conhecimento e habilidades em comum. O
qualitativos no nível e na forma das capacidades e nos tipos ensino pode ser construído com base nesses
de atividades do sujeito, os autores deixam implícito o aspectos comuns, se levar em conta que as
processo de passagem de um nível de desenvolvimento a crianças variam em sua velocidade e forma de
outro. Torna-se, então, uma exigência conhecer o nível de aprendizagem (Hedegaard, 2002, p. 224).
desenvolvimento presente dos estudantes para planejar ações
adequadas à passagem para o próximo nível. Embora esse Atuando com base nesses aspectos, é possível organizar
nível inicial possa ser identificado por meio de avaliação situações de ensino em sala de aula, atendendo a todos e, ao
formal do desempenho dos estudantes, conta-se também mesmo tempo, a cada um dos estudantes. Um levantamento
com avaliações informais resultantes da observação, da acerca dos conhecimentos e das habilidades de cada
análise de atividades dos estudantes, dos diálogos com a estudante, com a finalidade de conhecer o que é comum à
turma, dentre outros procedimentos. turma e avaliar seu desenvolvimento atual e potencial,
oferece ao professor a possibilidade de atuar coletivamente,
Segundo os professores, a maior dificuldade que eles sem que isso constitua uma negação da especificidade do
enfrentam ao atuar sobre o desenvolvimento dos estudantes desenvolvimento de cada aluno.
nas situações de ensino específicas do contexto escolar
relaciona-se ao fato de a sala de aula ser um espaço coletivo, Esse levantamento inicial serve como referência para o
não individual, de aprendizagem. Assim, ao mesmo tempo professor selecionar os conteúdos e definir o modo de
em que o professor tem a clareza de que é necessário atuar abordá-los. Assim, além de integrar o planejamento do
sobre a Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP), enfrenta ensino, constitui-se como parâmetro para acompanhar o
o desafio de fazê-lo em uma sala de aula composta por processo, ou seja, oferece elementos para que o professor
alunos com diferentes níveis de desenvolvimento. Isso realize a avaliação contínua do processo. Comparando o
parece inviabilizar a efetivação de uma prática ponto de partida e a expectativa de aprendizagem, este tem
comprometida com o desenvolvimento, nos termos da condições de, quando necessário, redirecionar as ações de
Teoria Histórico-Cultural. ensino ainda durante o percurso. Os dados iniciais também
são uma referência para avaliação final do processo, pois
Em nossas pesquisas, temos procurado adequar esse oferecem parâmetros para a verificação do que se modificou
princípio geral ao contexto particular em que ocorrem as nos conhecimentos e habilidades dos estudantes, após uma
situações de ensino, diferenciando atividades coletivas e aula, unidade de ensino ou curso.
atendimentos individualizados. Embora na sala de aula
prevaleçam atividades coletivas, é possível contemplar as Enfim, o levantamento inicial, aliado à clareza do
duas situações: o atendimento individualizado pode professor sobre o desenvolvimento esperado do aluno, serve
acontecer em alguns momentos da aula, mas, sobretudo, em como parâmetro para as avaliações inicial, contínua e final
horários e espaços próprios para isso. do processo de aprendizagem dos estudantes, bem como
para a da eficácia do caminho percorrido pelo professor. Isso
No caso do ensino individualizado, parece não haver significa que a identificação da Zona de Desenvolvimento
dificuldade para a atuação específica sobre a Zona de Próximo não é apenas um procedimento que precede a aula,
Desenvolvimento Próximo; no entanto, essa atuação não mas também um norte para as ações do professor ao longo
pode ser descartada nas situações coletivas de ensino. Em da intervenção pedagógica.
nossos experimentos didáticos, procuramos identificar o que
poderia ser chamado de Zona de Desenvolvimento Próximo A perspectiva do desenvolvimento dos estudantes precisa
da turma, ou seja, procuramos identificar os conhecimentos ser materializada na forma de abordagem dos conteúdos e
e capacidades que são comuns à turma, as aprendizagens nas ações a serem realizadas pelos alunos, pois o
que, de modo geral, já estão consolidadas e as que merecem pensamento teórico vincula-se ao desenvolvimento das
investimento. O desenvolvimento de cada criança ocorre de Funções Psíquicas Superiores, que se desenvolvem com a
forma singular, no entanto, há traços comuns entre própria atividade do sujeito. Ou seja, a atenção, a percepção,
estudantes de uma mesma sala de aula, seja porque a memória, o raciocínio, a imaginação, o sentimento
participaram de situações sociais de desenvolvimento desenvolvem-se à medida que são ativados. Tais atividades,
semelhantes, seja porque frequentaram a mesma sala de no entanto, não se reduzem a exercícios para o
aula, a mesma escola, seja ainda porque participaram ou desenvolvimento dessas funções: devem ser realizadas com
participam da mesma comunidade. Enfim, os estudantes de os conteúdos curriculares, colocando, de maneira integrada,
uma sala estão envoltos em uma mesma cultura na escola e essas funções em movimento. Cada atividade escolhida ou
na comunidade e partilham um histórico semelhante. Essa elaborada pelo professor deve ser analisada em seu potencial
também é a compreensão de Hedegaard: para a mobilização das funções psíquicas. Com base nessa
análise, algumas atividades podem ser consideradas mais

297
adequadas ou menos adequadas para a sala de aula. Tarefas procedimento de ensino dos conceitos é o defeito
como siga o modelo, defina, exemplifique, liste, dentre fundamental do método verbal de ensino,
outras do gênero tendem a exigir dos estudantes pouca puramente escolástico, que todos condenam. Este
atividade psíquica, diferenciando-se, assim, de outras método substitui o domínio dos conhecimentos
tarefas, como explique, analise, justifique, demonstre, vivos pela assimilação de esquemas verbais mortos
argumente. Enfim, tarefas que exigem o uso do conceito e vazios (Vygotski, 1993, 185).
para serem adequadamente respondidas tendem a ativar a
atenção, a memória, o raciocínio, ou seja, um conjunto de A aprendizagem dos conceitos científicos é valorizada
funções que, colocadas em movimento, são desenvolvidas. por essa perspectiva teórica porque possibilita a "[...]
transformação qualitativa no desenvolvimento do psiquismo
É fato que a atividade mental do estudante é algo da criança" (Davídov; Márkova, 1987, p. 324). No entanto,
subjetivo e não pode ser captada diretamente pelo professor; essa transformação não ocorre se, no ensino, a linguagem
no entanto, resulta em manifestações externas, como os (definição do conceito) for dissociada do pensamento
gestos e a linguagem oral, que podem sinalizar a atividade conceitual (processos psíquicos mediados pelo conceito).
mental que o aluno está realizando com o conteúdo. Mais do
que verificar se a resposta do aluno está certa ou errada, é Para que haja unidade ente linguagem e pensamento, ou,
preciso observar se, em sua explicitação verbal durante a dito de outra forma, para que de fato se aprendam conceitos
realização das atividades, ele está caminhando em direção à e não apenas palavras ou procedimentos vazios de
abstração e à generalização do conteúdo ou se está preso à significado, é necessário que o estudante atue mentalmente
situação particular da atividade realizada. Nesse sentido, tal com o conceito. Nesse sentido, o princípio ativo da
explicitação verbal pode se apresentar como um diagnóstico aprendizagem implica a participação efetiva do aluno na
da eficácia do ensino sobre a Zona de Desenvolvimento elaboração da síntese conceitual, na qual estão aliados
Próximo. pensamento e linguagem.

Em síntese, podemos destacar algumas ações docentes Não estamos, com isso, aderindo à concepção de que o
motivadas pelo princípio do ensino que desenvolve: estudante, individualmente, constrói seu próprio
conhecimento; nossa perspectiva é a de uma elaboração
a) avaliação do nível de desenvolvimento atual e previsão conjunta entre professores e estudantes, orientada pelo
do nível de desenvolvimento esperado; professor.
b) uso de atividades com os conceitos que mobilizam as
Funções Psíquicas Superiores; Esse princípio tem por base a compreensão de que,
c) criação de situações em que os estudantes expressem mediante o ensino, desenvolvem-se, conjuntamente, forma e
verbalmente o que e como estão pensando (como estão conteúdo do pensamento. Não se trata de uma acumulação
atuando mentalmente com os conceitos). conhecimentos já em sua síntese, em sua definição verbal ou
"[...] cobertura verbal", como nomeia Davidov (1987, p.
P RINCÍPIO DO C ARÁTER A T IVO DA A PRENDIZAGEM 148), mas sim de uma apropriação do processo lógico-
A defesa de que o objetivo principal da escola é a histórico de elaboração do conceito e, ao mesmo tempo, do
transmissão-assimilação do conhecimento sistematizado não desenvolvimento conjunto de formas de pensamento mais
pode ser confundida com a aceitação de um modelo linear e complexas.
mecânico de transmitir e assimilar conhecimentos. À
valorização do conteúdo deve ser aliado o principio do [...] o caráter real dos conhecimentos não consiste
caráter ativo da aprendizagem para que não sejam, em nas abstrações verbais, mas sim nos
nome da teoria, defendidas metodologias tradicionais de procedimentos de atividade do sujeito
ensino que foram criticadas pelo próprio Vigotski: cognoscente, para quem a transformação dos
objetos, a fixação dos meios de tais
A experiência pedagógica nos ensina não menos transformações constituem um componente tão
do que a investigação teórica que o ensino direto indispensável dos conhecimentos como sua
de conceitos é impossível e, na verdade cobertura verbal (Davídov, 1987 p. 148).
pedagogicamente infrutífero. O professor que tenta
seguir esse caminho geralmente não conseguira O estabelecimento dessa relação ativa com o
mais que uma assimilação irrefletida de palavras, conhecimento permite ao aluno compreendê-lo como
um simples verbalismo, que simula e imita os produção humana em movimento, como resposta às
conceitos correspondentes na criança, mas na necessidades humanas produzidas ao longo da história, não
verdade esconde um vácuo. Em tais casos, a como verdade atemporal, absoluta e imutável.
criança não adquire conceitos, mas palavras,
assimila mais com a memória do que com o No processo de elaboração da síntese pelos estudantes,
pensamento e sente-se impotente diante de ações mentais de reflexão e análise são colocadas em
qualquer tentativa de empregar com sentido o movimento e, portanto, desenvolvidas. Nos experimentos
conhecimento assimilado. Em essência, este realizados por nosso grupo de pesquisa (Rodrigues,

298
2006; Cavaleiro, 2009; Belieri, 2012; Oliveira, 2013), provisórias;
observamos que, quando os estudantes participam c) orientação do processo de elaboração de sínteses
ativamente da elaboração da síntese, eles têm maior conceituais pelos estudantes.
facilidade para generalizar o conhecimento aprendido,
aplicando o conhecimento abstrato a situações concretas. P RINCÍPIO DO C ARÁTER C ONSCIENTE
Além disso, a necessidade e o motivo para aprender um Considerar que o estudante deve ser consciente da
determinado conteúdo não existem a priori no aluno, são aprendizagem parece óbvio; afinal, em princípio, os alunos
criados no decorrer da atividade. Portanto, oferecer o estão na escola com a consciência de que, nesse local,
conteúdo sem que o aluno esteja envolvido com as realizam atividades cuja finalidade é a aprendizagem de
problematizações relacionadas a tal conteúdo, sem que conteúdos específicos. No entanto, Leontiev (1983) alerta-
esteja inserido na compreensão das razões humanas da nos para o fato de que, muitas vezes, a própria organização
elaboração dessa síntese, assemelha-se a oferecer a da atividade leva o estudante a se afastar daquilo que seria o
alguém respostas a perguntas que não fez. A falta de sentido conteúdo de aprendizagem. Alguns exemplos: para ensinar
da informação para o sujeito manifesta-se em sua apatia conceitos históricos, o professor utiliza-se de um filme, um
diante dela. É, portanto, necessário criar a necessidade e o drama ambientado em um determinado momento histórico,
motivo no estudante, o que significa inseri-lo no horizonte mas os alunos ficam atentos ao aspecto romanesco e não ao
investigativo que deu origem ao conceito (Davidov, 1988), contexto histórico retratado no filme; o professor recorre a
tendo a síntese como elaboração abstrata do percurso de sua receitas para ensinar unidades de medidas de massa e de
elaboração. volume, mas a atenção dos alunos volta-se mais para a
Algumas atividades favorecem a formação de receita em si do que para as unidades de medida; o professor
necessidades e motivos para a apropriação do conhecimento trabalha com um projeto ambiental que integra
pelos alunos. É o caso de jogos; situações problema criadas conhecimentos biológicos e geográficos, mas os alunos
por meio de narrativas reais ou imaginárias, semelhantes às prendem-se ao discurso da conscientização e pouco aos
vividas pelos homens quando elaboram determinados conceitos de biologia e geografia.
conhecimentos; problemas relacionados a fenômenos Situações desse tipo levam os professores a considerar
cotidianos; filmes; notícias, etc. Tais situações que, se os conteúdos foram ensinados, devem ter sido
problema desencadeiam nos estudantes ações mentais aprendidos. Quando percebem que isso não aconteceu, não
inerentes ao conceito que é objeto de estudo. Por essa conseguem compreender a razão. Acontece que, nesses
razão, Moura (1996; 2001) inclui a criação do problema casos, mesmo estando contido na atividade, o conteúdo não
desencadeador da aprendizagem como um dos elementos foi objeto da atividade mental dos estudantes e, portanto,
fundamentais no planejamento da atividade de ensino e, não resultou em aprendizagem.
dependendo da idade e da área de conhecimento, a forma de Segundo Leontiev (1983), o conteúdo pode ter
fazer isso pode ser adequada ou não. Além das situações sido percebido pelo aluno, mas não conscientizado, pois o
problema, as tarefas coletivas que exigem discussão e plano da percepção é amplo, ao passo que o da atenção -
elaboração conceituais em grupo mostram-se favoráveis ao objeto da consciência - é estreito, tem foco específico. Se,
processo ativo do estudante. Dentre essas tarefas, no aluno, não surge uma atividade mental com o conteúdo
destacamos o estabelecimento de diálogo entre os alunos de central de ensino, a tendência é sua atenção deslocar-se para
um grupo com a finalidade de elaborar a síntese, bem como outro conteúdo, normalmente mais estimulante aos sentidos
as situações intergrupos, cuja finalidade é apresentar essas ou mais emocionante, conforme demonstram os exemplos.
sínteses para os demais (Bernardes, 2012). Isso evidencia que, se o ensino direto de conceitos é
Observamos nos experimentos (Rodrigues, infrutífero, como afirma Vigotski (1993), caso não sejam
2006; Cavaleiro, 2009; Belieri, 2012; Oliveira, 2013) que tomados alguns cuidados, também a criação de situações
esses momentos em grupo, orientados e acompanhados pelo que contextualizam o conceito pode não ser tão favorável à
professor, induzem o aluno a ter mais cuidado na aprendizagem. No caso de situações problema, se o
explicitação verbal de seu pensamento do que quando seu estudante se mantiver atrelado à especificidade do problema,
interlocutor é apenas o professor. Ao se dirigir aos colegas, se considerar um problema prático e não teórico, não
para ser entendido, ele não pode elaborar e apresentar seus conseguirá se apropriar do conhecimento geral que se
argumentos com meias palavras, como faz com o professor. pretende ensinar por meio da situação particular
Explicar algo ou negociar significados com os colegas é apresentada. Como afirma Nascimento (2010):
diferente de dialogar com o professor e exige do aluno mais
clareza na elaboração e na explicitação dos argumentos. A solução de um problema de aprendizagem
Em síntese, podemos destacar algumas ações docentes constitui-se mais na explicitação de um modo geral
motivadas pelo princípio do caráter ativo da aprendizagem: de ação por parte do educando e, portanto, na
apropriação de um conceito pelo estudante, do que
a) elaboração de situações problema que permitam inserir na resolução concreta do problema, ainda que
o estudante no horizonte investigativo que deu origem ao essa resolução sempre se dê. Em outras palavras,
conceito; a resolução concreta de um problema deve ser
b) previsão de momentos em que os alunos dialoguem considerada como um caso particular da
entre si e elaborem sínteses coletivas, mesmo que sejam resolução geral do problema, isto é, do modo geral

299
de ação para resolver aqueles tipos de problemas No movimento abstrato/concreto e concreto/abstrato, a
(Nascimento, 2010, p. 115). mediação da linguagem verbal (oral e escrita) é
fundamental, já que pode tornar os processos conscientes,
O mesmo pode ocorrer com a contextualização de destacar o que é essencial da atividade realizada e focar o(s)
conceitos por meio de projetos interdisciplinares: se a ênfase conceito(s) nela contidos.
recair mais no tema do projeto do que nos conceitos
científicos presentes, estes podem não ser tão favoráveis à A linguagem (do professor, dos alunos, dos textos
aprendizagem dos conceitos. Se estes não forem o foco da científicos) é mediadora entre os dois planos: material e
atenção e da atividade mental dos estudantes durante a mental é condição para a abstração do conteúdo, para a
realização do projeto (Sforni, 2010), por mais rico que seja, passagem da ação externa, plano material, para o
ele pode não resultar na aprendizagem esperada. pensamento teórico. A exposição do professor, o texto
científico e as interações verbais entre os estudantes
Durante os experimentos foi possível reconhecer que a favorecem a transição do ilustrativo para o pensamento
transição da situação singular, apresentada como conceitual. Ou seja, a linguagem científica/teórica é
desencadeadora do ensino de conceitos, para a abstração fundamental para que os estudantes possam abstrair da ação
daquilo que é essencial, o que poderia ser caracterizado externa material, ilustrativa, os elementos essenciais que a
como um modo geral de ação, não é algo simples. Os tornaram objeto de aprendizagem.
estudantes tanto podem se fixar na situação singular quanto
se desviar para aspectos secundários do problema. Em A leitura de textos científicos pelos estudantes é
ambos os casos, não chegam à abstração e, por decorrência, fundamental para que as sínteses provisórias, resultantes das
à generalização. Portanto, é a consciência do conteúdo discussões com o grupo acerca do problema desencadeador
central da atividade e das razões de suas ações que leva o de aprendizagem, sejam ampliadas e avancem na direção da
aluno a reconhecer nas ações realizadas um modo geral de compreensão e do uso da linguagem própria da área de
ação e generalizar o conhecimento, não se restringindo ao conhecimento em pauta.
modelo da atividade oferecida. Ou seja, não basta que o
conteúdo esteja contido na atividade, tampouco basta a ação Em síntese, podemos destacar algumas ações docentes
do aluno: é preciso que este tome consciência da relação da motivadas pelo princípio da unidade entre o plano material
sua ação com o conteúdo da atividade. (ou materializado) e o verbal:
a) organização de atividades que coloquem em interação
Nesse sentido, é necessário que o professor também tenha o plano material ou materializado (ilustrativo) e a linguagem
consciência do conteúdo central da atividade para que, verbal (oral e escrita);
assim, possa prever ações que dirijam a atenção dos b) uso de textos científicos e clássicos da respectiva área
estudantes para o objeto da aprendizagem. As interações de conhecimento.
verbais entre professor e estudantes favorecem o
acompanhamento do tipo de relação que o aluno está P RINCÍPIO DA A ÇÃO M E DIADA PELO C ONCEITO
estabelecendo com o conteúdo: se está preso a situações Se os conceitos científicos são mediadores sociais na
particulares ou periféricas ou se está voltado para o que é interação do sujeito com os fenômenos, a apropriação desses
nuclear na atividade proposta. mediadores significa a possibilidade de tê-los como
instrumento simbólico que orientam as ações mentais
Em síntese, podemos destacar algumas ações docentes (Leontiev, 1978). Nesse sentido, no planejamento de ensino
motivadas pelo princípio do caráter consciente da cabe prever a contextualização do conceito, não apenas em
atividade: termos de sua presença na realidade imediata, mas também
em termos de seu movimento lógico-histórico de elaboração.
a) elaboração de atividades que tenham potencial para
promover o modo de ação geral com o conceito; O lógico reflete não só a história do próprio objeto
b) previsão de ações mentais para que o conteúdo central como também a história do seu conhecimento. Daí
da atividade seja o foco da consciência dos estudantes; a unidade entre o lógico e o histórico ser premissa
c) atenção para as explicitações verbais dos estudantes, as necessária para a compreensão do processo de
quais sinalizam se eles estão estabelecendo relação entre o movimento do pensamento, da criação da teoria
particular e o geral. científica. À base do conhecimento dialético do
histórico e do lógico resolve-se o problema da
P RINCÍPIO DA U NIDADE ENTRE O P LANO M ATER IA L correlação entre o pensamento individual e o
( OU M A TERIAL IZA DO ) E O V ERBAL social; em seu desenvolvimento intelectual
A necessidade de criação de situações problema que individual o homem repete em forma resumida
sejam desencadeadoras da aprendizagem e a necessidade de toda a história do pensamento humano. A unidade
ascensão do abstrato ao concreto implicam a necessidade de entre o lógico e o histórico é premissa
interação entre o plano material (fenômenos ou objetos), ou metodológica indispensável na solução de
representações dele (ilustrações, mapas, filmes, maquetes, problemas de inter-relação do conhecimento e da
etc.), e o plano mental (atuação com as abstrações). estrutura do objeto e conhecimento da história de

300
seu desenvolvimento (Kopnin, 1978, p. 186). Na avaliação não se considera a definição do conceito
como sinônimo de sua aprendizagem, o que não significa
A contextualização não deve ser apresentada aos alunos prescindir dessa definição e sim que é necessário ir além
como uma narrativa histórica, seja por meio de um texto seja dela. Também não se considera que a repetição de
por aula expositiva: deve permear as atividades e ser procedimentos adquiridos por meio de treinamentos ou de
destinada a inserir os estudantes em situações semelhantes resolução de listas de exercícios revele aprendizagem.
àquelas que gestaram a necessidade de elaboração do Considera-se que houve aprendizagem quando essa
conceito. Esse tipo de tarefa escolar leva o aluno a linguagem é internalizada pelo aluno, levando-o a realizar
compreender os conceitos como instrumentos simbólicos operações mentais com o conceito em novas situações, com
criados pelos homens para atender às suas necessidades de novos objetos e diante de novos fenômenos. Dito de outra
compreensão e intervenção no mundo. forma, na avaliação, é preciso verificar se o aluno adquiriu
formas de ações gerais ou procedimentos que o tornam
Nos experimentos, durante a elaboração do plano de capaz de resolver uma categoria de problemas que, para
ensino, antes de definirmos as tarefas de aprendizagem, foi além das diferenças e semelhanças empíricas, são
fundamental analisar o conteúdo, de forma a identificar sua vinculados à mesma base conceitual.
essência como instrumento simbólico. Orientamo-nos pela
seguinte indagação: esse conceito permite compreender e Durante o processo de ensino ou em seu final, é possível
atuar sobre quais fenômenos? Para tanto, assumimos o encontrar alguns indícios desse tipo de apropriação, de
pressuposto de que conhecer a origem e o desenvolvimento operação mental com o conceito. Tais indícios revelam-se
do conceito na história ajuda-nos identificar sua essência na linguagem do estudante, à medida que ele explica
como instrumento da atividade humana, leva-nos a determinados fenômenos; na incorporação da explicação
compreender "[...] a que propósito e por que, em que base, conceitual em suas argumentações; na resolução autônoma
com que potencial o objeto veio a existir nessa forma e não de atividades que, embora se diferenciem em seus aspectos
em outra" (Pasqualini, 2010, p. 44). externos, em suas manifestações particulares, relacionam-se
à mesma base conceitual estudada; na forma como,
Identificada sua essência, é preciso prever o movimento dependendo do conteúdo, ele age no plano material.
necessário ao pensamento do estudante para a apreensão do
objeto. Nesse momento, precisamos pensar em tarefas de Ao final dos experimentos realizados, após o trabalho
aprendizagem que induzam o aluno a ir se aproximando do sistematicamente orientado pelo professor, com a intenção
conceito. de captar esses indícios de aprendizagem, levamos os
estudantes a analisar novas situações empíricas. Procuramos
Para que seja apropriado como instrumento do verificar se eles interagiam com essas situações de um modo
pensamento, o conceito precisa estar contido nas tarefas de teórico, mediado pelos conceitos, ou se as entendiam apenas
aprendizagem que exijam dos estudantes operações mentais como um fenômeno particular, novo, sem estabelecer
de transição do universal para o particular e vice-versa. Esse relação com os conceitos estudados. Concluímos que essas
não é um percurso natural, espontâneo. Por isso, nas atividades de avaliação são ferramentas importantes para
primeiras situações de ensino de um novo conteúdo, como verificar se o aluno realiza a ascensão do abstrato ao
foi exposto anteriormente, as ações precisam ser concreto.
acompanhadas e orientadas constantemente pelo professor,
de modo que, com sua ajuda, o aluno possa fazer o que não Em síntese, podemos destacar algumas ações docentes
poderia fazer sozinho: no caso da aprendizagem conceitual, motivadas pelo princípio da ação mediada pelo conceito:
a transição do universal para o particular e vice-versa. Aos
poucos, é preciso incluir outras atividades e novos a) análise da gênese do conceito no seu aspecto lógico-
problemas, de forma a levar o aluno a usar o conceito de histórico para buscar o que é nuclear no conceito;
forma mais autônoma. Nesse momento, pode-se evidenciar, b) elaboração de problemas desencadeadores com a
de forma mais clara, se houve apropriação do conceito. finalidade de levar os alunos a resolvê-los por meio da
mediação do conceito;
Atividades que exigem a realização de ações mentais c) inclusão de novos problemas de aprendizagem ao final
mediadas pelos conceitos (matemáticos, artísticos, do processo de estudo para analisar se os alunos operam
filosóficos, físicos, químicos, históricos, etc...) tornam mentalmente com o conceito.
possível, ao estudante, a apropriação do conceito como
instrumento simbólico na sua interação com a realidade. 5.8 Disciplina, uma questão de autoridade ou de
Esse é o fim esperado do ensino de conceitos: a apreensão participação?
do concreto pela mediação do abstrato. Portanto, esse ponto A relação entre professor e aluno é hierárquica. Isso
de chegada, conforme o caminho a ser organizado e significa que as funções de cada um e as condições dentro
orientado pelo professor constitui, por isso mesmo, o do relacionamento não são simétricas, ou seja, eles possuem
principal aspecto a ser considerado na avaliação da responsabilidades e possibilidades diferentes um com o
aprendizagem. outro.

301
Em outro prisma, a relação aluno e instituição de ensino é níveis de comando. Também ajuda na possibilidade de se
igualmente hierárquica, mas se transfere para uma esfera apelar a instâncias maiores diante de situações injustas ou de
organizacional. Nessas situações, é preciso compreender abuso de poder disciplinar, o que, infelizmente, não é raro
bem o conceito de disciplina na educação e sua importância de acontecer.
na continuidade das relações interpessoais ou institucionais.
A cadeia hierárquica se mostrará, na vida profissional, um
Podemos definir disciplina na educação como um conjunto aprendizado de extremo valor, pois o aluno aprenderá a lidar
de regras que determinam a responsabilidade do com líderes, gerentes, chefes, diretores e supervisores e, por
professor/escola em relação ao aluno e os deveres de outro lado, a lidar com subordinados. Essa consciência de
obediência e civilidade do aluno em relação ao colocação dentro de uma cadeia clara de comando auxilia a
professor/escola. Portanto, a disciplina torna possível a se posicionar estrategicamente dentro de uma empresa ou
execução das atividades de ensino, mediante a observância órgão público, de forma que se consiga crescer nela e a
da autoridade e das normas de conduta. participar da “gestão com pessoas” e não “gestão de
pessoas”.
É certo que os alunos não podem desrespeitar ou destratar
professores, devendo agir com diligência e nos limites da Consciência institucional
boa convivência. Igualmente, os professores não podem Aliada à ideia da obediência da cadeia hierárquica está a
abusar da sua posição de poder, agindo com consciência institucional, ou visão organizacional do todo.
responsabilidade e cuidado na execução de suas funções. A Significa que o aluno, enquanto na escola ou faculdade,
disciplina, portanto, norteia as relações hierárquicas dentro aprende que faz parte de uma instituição maior e mais
da instituição de ensino, determinando os papéis devidos, complexa, na qual se enquadra em determinada medida.
bem como as relações respeitosas entre as partes, que, com Sabe, ainda, que para além de sua posição existem outras
certeza, colaboram para a solidez do processo de ensino- que se organizam em níveis complexos e disciplinares.
aprendizagem.
Portanto, a disciplina na educação também tem como
A obediência à estrutura disciplinar é essencial para uma benefício a capacidade de o aluno e futuro profissional
série de boas condutas e garante ensinamentos importantes adquirir uma perspectiva situacional acerca de como está
para a vida pessoal e profissional do aluno. inserido em uma determinada organização. Esse tipo de
consciência facilita muito a alocação no mercado de
Respeito às autoridades trabalho, além de uma visão 360 graus nas diversas áreas da
A disciplina na educação ensina o respeito às autoridades, na empresa.
figura de professores, coordenadores, diretores ou reitores
da instituição. A partir dessa concepção, que é construída do Convivência pacífica
ensino de base até a universidade, o aluno passa a descobrir A disciplina na educação prima por uma coexistência
que, para além do núcleo familiar, existe uma série de outras pacífica entre alunos, professores, coordenadores,
relações não simétricas que demandam obrigações e funcionários, diretores e outros cargos, zelando por respeito
deveres. mútuo e deferência devida. Assim sendo, quando há uma
política disciplinar consistente, a instituição tem a ganhar
Por isso, ao incutir uma noção de respeito à autoridade, está com uma convivência tranquila. Ademais, na ocorrência de
se preparando o aluno para a vida em outras organizações, situações que fogem ao ordinário, a própria dinâmica
como órgãos públicos, governamentais ou empresas. Essa é disciplinadora instaurada ajuda a restituição da paz.
uma noção muito importante, pois extrapola a relação
sanguínea de autoridade para a construção social, que pode Ao longo do tempo, esse tipo de pensamento educacional,
ser privada — em caso de empresas e escolas — ou mesmo internalizado pelo aluno, acaba sendo benéfico para as
legal e pública — quando falamos de autoridades policiais, demais áreas da vida, sejam elas pessoais, afetivas, culturais,
judiciais etc. sociais ou profissionais. Aqueles que experienciaram a
disciplina na educação tende, portanto, a respeitar o próximo
Obediência à cadeia hierárquica e as instituições, criando um meio ambiente salutar que
Um outro aspecto muito relevante da disciplina na educação colaboram para o crescimento próprio e institucional.
é o conhecimento da existência da cadeia hierárquica e a sua
obediência, assim como a possibilidade de se entender como Organização pessoal e profissional
ela se desenvolve. Assim, em uma escola, desde o ensino A disciplina tem muita correlação com organização e rotina,
fundamental até a faculdade, descobre-se que há, acima do atributos essenciais para o sucesso da vida profissional.
professor, a coordenação, a direção, bem como instâncias Liga-se, ainda, à habilidade de se programar, cumprir
hierarquicamente superiores. prazos, demandas, executar as tarefas designadas e adquirir
a consciência das próprias limitações, o que se mostra em
Na escola ou na faculdade, a obediência à cadeira uma capacidade de aprimorar os estudos. Para empresas,
hierárquica garante a ordem e a continuidade do status quo, esse é um diferencial imenso, pois é o tipo de profissional
uma normalidade nas formas de interação entre os diversos ideal a qualquer cargo. Com organização na vida pessoal e

302
profissional, o aluno conseguirá obter melhores notas, boas As metodologias de ensino exercem um papel importante
referências, aprendizado singular e realização de suas para as relações escolares, afinal, elas indicam a missão e os
obrigações. valores da instituição. Dessa forma, impactam na condução
das aulas, no espaço que os alunos têm para se manifestar e
Identificação de abuso de poder na forma de avaliação.
Em revés, há de se tomar cuidado especial quando a relação Por esse motivo, se o objetivo é tornar a sala de aula
hierárquica remete a uma posição de abuso de poder. O um ambiente mais acolhedor, uma boa alternativa é
reconhecimento desse assédio é algo que também se adquire buscar metodologias modernas e variadas, que permitam
quando se encontra em um ambiente disciplinado, visto que acompanhar melhor o desempenho dos estudantes e suas
se pode, dessa forma, identificar o comportamento dificuldades. A dica é observar qual das propostas
desviante. Ao aluno, caberá, com os bons exemplos, saber contemporâneas faz mais sentido para a sua sala de aula.
quando há uma situação que excede as responsabilidades do
superior hierárquico e procurar as devidas instâncias para 3. Crie uma cultura de feedback na relação entre professor
lidar com o problema. e aluno

A disciplina na educação é, portanto, importante para a A abertura ao diálogo é a base para estabelecer uma boa
formação psicopedagógica e profissional de todos os alunos. relação entre professor e aluno. Criar uma cultura de
Em situações normais, o respeito à autoridade que exerce o feedback é um dos caminhos para favorecer a escuta e
comando com responsabilidade e diligência atua como um melhorar a educação. Isso acontece porque permite que o
guia hábil e capaz de elevar até a excelência o estudante. professor conheça melhor as necessidades dos alunos e o
que pode ser feito para atendê-las.
5.9 O relacionamento na sala de aula.
A relação entre professor e aluno é essencial para que a Algumas iniciativas, como rodas de conversa, trabalhos que
vivência escolar aconteça de forma plena e prazerosa. É a estimulem a expressividade e espaço para participação nas
partir desse contato que se constrói um vínculo importante aulas são boas maneiras de obter feedbacks. Além disso,
para superar as dificuldades, sanar as dúvidas e desbravar o manter a receptividade para demandas específicas dos
conhecimento. Nesse sentido, afetividade e estudantes é fundamental.
inteligência estão muito conectadas.
Não basta, no entanto, ter bons canais e espaços de
Estabelecer uma boa conexão entre educador e aluno é comunicação se não houver alguma ação a partir disso.
essencial para o percurso escolar e a cognição social. Como Nesse sentido, é importante que o estudante sinta que suas
resultado, a aprendizagem flui melhor e a inteligência contribuições são levadas em consideração. Dessa forma, o
socioemocional é favorecida. aluno se torna protagonista em sua aprendizagem e a
instituição pode ajustar a rotina para se tornar cada vez mais
Exemplos de métodos que promove a relação acolhedora.
professor/aluno.
1. Fomente o senso de pertencimento 4. Mantenha contato mais próximo com a família
O sentimento de pertencimento em sala de aula é essencial É válido destacar que a boa relação envolve não apenas
para o bom desenvolvimento dos estudantes. Quando os professores e alunos, mas toda a comunidade escolar, o que
alunos percebem que são importantes para a comunidade inclui as famílias dos estudantes. A presença dos
escolar e que aquele ambiente é seguro, envolvem-se mais responsáveis pelo aluno na escola ajuda a desenvolver a
em suas atividades e ajudam na preservação do espaço. colaboração entre essas duas esferas e a construir uma visão
mais positiva a respeito da educação.
Na mesma direção, esse acolhimento melhora o
envolvimento e a participação nas aulas, bem como nas Do mesmo modo, é importante que os professores
ações propostas pelo professor. Alguns caminhos para isso transmitam confiança à família, para que ela tenha a
são: tranquilidade em relação à experiência escolar dos filhos.
Essa sintonia beneficia muito o estudante, que se
• promover atividades em grupo; sente amparado e encorajado em seu processo de
• escutar atentamente os estudantes; aprendizagem.
• realizar ações que contemplem a família e a
comunidade; 5. Estabeleça uma relação de igualdade
• envolver os alunos nos cuidados com a escola; Uma tendência importante da educação na
• incentivar o autocuidado e autoconhecimento dos contemporaneidade é a desconstrução da figura autoritária
alunos; do professor e, até mesmo, da ideia de que ele detém todo o
• coordenar projetos sociais. conhecimento. Nesse contexto, o professor passa a atuar
como um parceiro do estudante na construção do seu
2. Invista em metodologias variadas e modernas conhecimento, com a função de indicar os caminhos e
orientar a aprendizagem.

303
A partir dessa proposta, o educador também tem a aprender entre si, com colegas de outras faixas etárias, com
oportunidade de aprender enquanto ensina e a relação que se as merendeiras e a equipe de limpeza. Da mesma forma, a
mantém em sala de aula passa a ser mais afetuosa. Ao educação ganha quando os professores trocam experiências
contrário do que algumas pessoas podem acreditar, isso não entre si e assumem uma postura menos hierárquica diante de
desmerece a importância do professor, pois reforça o seu seus alunos, ou quando os gestores dialogam e interagem
papel de agente de aprendizagem. com outras escolas.

6. Desestimule a cultura do medo Ainda para Freire, no processo pedagógico, esses


Na mesma linha de pensamento da dica anterior, a cultura papéis devem ser assumidos conscientemente — todos que
do medo e da rigidez pode comprometer a relação entre fazem parte da comunidade escolar não são apenas sujeitos
professor e aluno. Essa distância gera frustração e tensão nos do “ensinar” e do “aprender”, e sim, seres humanos com
estudantes e prejudica o vínculo. As metodologias histórias e trajetórias únicas, em um território específico.
inovadoras mostram a efetividade das propostas baseadas na Assim, faz-se indispensável reconhecer o outro em toda sua
criatividade e na expressividade dos estudantes. complexidade, em suas esferas biológicas, sociais, culturais,
afetivas, linguísticas, entre outras.
Basear o ensino em respeito, parceria e compreensão é uma
forma de estimular os alunos e ter mais proximidade. Além Nesta perspectiva, a relação de ensino-aprendizagem
disso, é importante que a escola seja inclusiva e tenha promove o diálogo entre o conteúdo curricular e os
acessibilidade em sua infraestrutura. Vale ressaltar, ainda, a conteúdos únicos, compostos pelas vivências, histórias e
importância de acolher a cultura dos jovens e incorporar individualidade de cada um que circula pelos territórios
os elementos que são do interesse deles nas aulas. educativos, sejam estes dentro ou fora da escola.

7. Aposte em tecnologias para construir pontes e variar as Quais são as exigências de um processo eficaz de ensino-
formas de aprendizado aprendizagem?
A tecnologia pode ser uma importante aliada da educação,
pois oferece mais dinamismo e novos recursos para a Não há dúvidas de que o processo de ensino-
aprendizagem. Dessa forma, possibilita ao professor o aprendizagem sofreu profundas modificações para se
acompanhamento mais personalizado dos estudantes, adaptar às novas oportunidades e exigências da era digital. A
permitindo que ele conheça as dificuldades, os interesses e o tecnologia é um elemento cada vez mais presente em todas
desempenho de cada um. as esferas de nossas vidas, e a educação não é exceção.

Nesse contexto, a tecnologia oferece alternativas para Desde o advento da Internet, os computadores pessoais e os
aumentar a proximidade e enriquecer o cotidiano escolar. dispositivos inteligentes, não só mudaram a maneira como
Para algumas metodologias, inclusive, ela é necessária. ensinamos, como também a nossa relação com o
Similarmente, permite oferecer conteúdo mais atrativos e aprendizado. Entretanto, muitas organizações educacionais e
aprofundar os conhecimentos fora da sala de aula. Para ter universidades ainda não estão alinhadas com esse novo
sucesso nesse empreendimento, não basta usar ferramentas paradigma.
modernas, também é preciso verificar sua coerência com os
alunos recebidos. As instituições educacionais precisam ter
uma infraestrutura tecnológica que garanta a
A relação entre professor e aluno é essencial para que a competitividade dos alunos na Indústria 4.0. Assim como a
educação aconteça plenamente. Isso acontece porque a capacidade deles de pensar e desenvolver as soluções que a
docência requer cuidado, empatia e atenção com o outro. sociedade necessita.
Em contrapartida, os alunos se sentem mais reconhecidos e
valorizados, o que melhora o dia a dia em sala de aula e Independentemente do nível de tecnologia
favorece o desenvolvimento. disponível, existem certos critérios que são comuns a todos
os métodos eficazes de ensino-aprendizagem. Esses critérios
5.10 O processo de ensinar e aprender. se enquadram nas categorias de “ambiente de
Nas palavras do educador Paulo Freire, não existe ensino aprendizagem”, “professor” e “aluno”.
sem aprendizagem. Para ele e vários educadores
contemporâneos, educar alguém é um processo dialógico, 1. Características relacionadas com o ambiente de
um intercâmbio constante. Nessa relação de ensino- aprendizagem:
aprendizagem, educador e educando trocam de papéis o • Trata-se de um ambiente seguro em termos físicos,
tempo inteiro: o educando aprende ao passo que ensina e o psicológicos e emocionais.
educador ensina e aprende com o outro. • São incentivadas a inclusão e as relações interpessoais
positivas.
Assim, em uma escola, todos são educadores e educandos. • As expectativas do aluno e do professor são claras.
As relações de ensino-aprendizagem se estabelecem de • É estimulado o aprendizado ativo.
múltiplas maneiras: as crianças e adolescentes têm muito a

304
olha para o interesse de um grupo. Cortella (2010, pg.106)
2. Características relacionadas ao professor: fala que a ética, no seu sentido de conjunto de princípios e
• É um facilitador da aprendizagem ativa, do uso valores, é usada para “responder as três grandes perguntas
adequado da tecnologia e do trabalho em equipe. da vida humana: QUERO? DEVO? POSSO?”. A ética na
• Promove atividades e projetos nos quais os alunos educação também está no auge, mas será que realmente se
podem realmente colocar seus conhecimentos em entende o que isso significa?
prática.
• Encoraja os alunos a aceitarem a responsabilidade pelo Quando se fala de ética na educação logo se pensa na
próprio processo de aprendizagem. conduta do professor em relação a seus educandos. A ética
• Adapta-se aos talentos, interesses e estilos de gira em todos os princípios e valores que norteiam a ação
aprendizagem de cada aluno. estabelecendo regras para o bem comum, tanto no individual
• Cria conexões significativas de interesse, apreciação e como no coletivo, assim estabelece princípios gerais. Boff
respeito com os estudantes. aponta que “Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda
a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia
3. Características relacionadas ao aluno: saudável: materialmente sustentável psicologicamente
• Aceita a responsabilidade e a cocriação do próprio integrada e espiritualmente fecundada” (1997). No caso da
aprendizado. educação gira em torno dos educandos.
• Pode conectar os conhecimentos teóricos que adquire
aos projetos e problemas da vida real. O Estatuto da Criança e do Adolescente, LEI Nº 8.069, de
13 de julho de 1990, Art. 53 fala que a criança e o
• Participa ativamente, colabora e assume compromissos
adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
em projetos de equipe.
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
• É capaz de assumir riscos com uma atitude de
cidadania e qualificação para o trabalho. Sendo assim, o
confiança em si mesmo, em seus pares e no facilitador.
professor precisa trabalhar e empenhar-se para que isso
• Utiliza a tecnologia de maneira ética e responsável. ocorra. Seja em suas atitudes docentes, nas relações com os
educandos, na postura do professor em sala, no chamar a
5.11 O compromisso social e ético dos professores. atenção nas conversas, no relacionamento com os
O trabalho docente constitui o exercício profissional do profissionais da escola ou na forma como se comporta na
professor e este é seu primeiro compromisso com a sociedade, a ética se faz presente como algo muito
sociedade. Sua responsabilidade é preparar os alunos para se fundamental.
tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no
trabalho, nas associações de classes, na vida cultural e O que é ética afinal?
política. É uma atividade fundamentalmente social, porque Cortella (2010, pg.106) nos apresenta a seguinte definição:
contribui para a formação cultural e científica do povo, “A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa
tarefa indispensável para outras conquistas democráticas. conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira
entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. A ética
A característica mais importante da atividade profissional do é aquilo que orienta a sua capacidade de decidir, julgar,
professor é a mediação entre o aluno e a sociedade, entre as avaliar.”
condições de origem do aluno e sua destinação social na
sociedade, papel que cumpre provendo as condições e os As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil
meios. (DCMsEI) fala sobre três princípios: éticos, estéticos e
políticos. Sobre os princípios éticos comenta-se: “Princípios
O sinal mais indicativo da responsabilidade profissional do éticos: valorização da autonomia, da responsabilidade e do
professor é seu permanente empenho na instrução e respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes
educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades culturas, identidades e singularidades”. Torna-se necessário
de modo que estes dominem os conhecimentos básicos e as que o professor em todo tempo aja com responsabilidade e
habilidades, capacidades físicas e intelectuais, tendo em forme em seus educandos uma atitude ética diante da vida.
vista prepará-los para enfrentar os desafios da vida prática Dentro da ética estão contidas posturas bem definidas, pois
no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da os professores tornam-se modelo para seus educandos. O
sociedade. (Libâneo,J.C.) professor não pode pensar no educando apenas em sala de
aula visando somente às notas para serem aprovados em sua
Falar de ética nos dias atuais tornou-se comum, faz parte do matéria. Sendo um ser que vive em sociedade, cabe a ele
nosso vocabulário. Logo nos vem à mente o relacionamento, com responsabilidade ajudar seu educando a se integrar na
como viver com o outro que é diferente, porém, não um sociedade de forma ativa e participativa.
estranho, mas um ser humano como nós que, de certa forma,
anda conosco, como diz Cortella: “ser humano é ser junto” Para a atuação do professor, seja com os educandos ou com
(2010, pg.117). o corpo docente, é necessário possuir um estilo de vida
equilibrado, desapegado de vícios que prejudiquem a si
A ética não olha apenas para o interesse de uma pessoa, ela mesmo e aos outros. Suas ações precisam conter: afeto,

305
alegria, sobriedade, moderação e em seu modelo de fala desenvolva, tornando-se crítico diante do que vê e lê, um
deve usar palavras cultas e não chulas ou gírias. Diante questionador, sendo autor da sua própria história, saindo da
disso, não se pode deixar de pensar na importância das plateia e indo ao palco. Cury (2003, pg. 66) em suas sábias
vestimentas, que não devem ser inconvenientes como: palavras afirma que:
rasgadas, transparentes, curtas ou apertadas. É propício o
uso de algo que lhe caia bem, seja descente e que combine “É estimular o aluno a pensar antes de reagir, a não ter medo
com ele/ela, ou seja, usar algo que mostre seu estilo, do medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua própria
lembrando que até nisso será copiado. A ética está presente história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar
em tudo. Cortella (2010, pg.107) diz que: “A ética é uma não apenas com fatos lógicos e problemas concretos, mas
plantinha frágil que deve ser regada diariamente.” Isso também com as contradições da vida”.
acontece no nosso cotidiano.
Vamos fazer um cálculo: um educando na educação infantil,
om o corpo docente ou a gestão, seu relacionamento deve fica 5 dias por semana, em média 5 anos, se contarmos
acontecer de forma singela e colaborativa, pois ambos estão berçário, maternal I, maternal II, jardim I e jardim II, mais
traçando objetivos para caminhos que os levarão a um só ou menos 8h por dia, lembrando que essa é a primeira fase
objetivo, a uma educação de qualidade, a uma aprendizagem do ensino fundamental. Dez anos na segunda fase do ensino
significativa e ao crescimento de seus educandos. Ainda fundamental contando com a pré-escola. Aqui ele fica
precisamos observar que é preciso tomar certos cuidados, apenas 4h por dia. Ao todo são 15 anos. O ano letivo tem
principalmente, na sala dos professores nos intervalos, nos 220 dias, então, vamos aos números. Nosso educando ficará
momentos de estudos e, é claro, na sua vida individual, 3.300 dias, 110 meses em média. Na educação infantil o
dentre, os quais se podem relacionar: educando ficou em média 8.800h e na segunda fase do
ensino fundamental 8.800h, no total: 17.600 horas. Com
- Comentário de ordem pessoal ou profissional negativa de tantas horas no centro de educação infantil e no fundamental
outro docente ou de um educando; é inadmissível que ele saia apenas com conceitos científicos.
- Falar mal da instituição fora do espaço de trabalho Durante todo esse tempo e passando por tantos professores
depreciando a direção, coordenação e outros; que têm o dever de lhe proporcionar uma educação de
- Se isolar em sua sala não permitindo que alguém lhe qualidade, precisa sair com suas potencialidades físicas,
forneça sugestões para melhorar sua prática e não preste cognitivas, sociais, afetivas e psicomotoras desenvolvidas.
auxílio a um colega quando este necessita; Assim será capaz de intervir e provocar mudanças onde
- Ano após ano em sala, adquirindo experiência, se estiver.
autoavalia como o “super professor”, pensando que sabe
tudo, fechando-se, assim, para o aprendizado que acontece 5.12 O currículo e seu planejamento.
do educando para ele. A escola, não é apenas um espaço social emancipatório ou
libertador, mas também é um cenário de socialização da
Como é possível um professor permanecer na educação, no mudança. Sendo um ambiente social, tem um duplo
trato com os educandos quando se está nesse cargo porque currículo, o explicito e o formal, o oculto e informal. A
não tem outra profissão ou simplesmente esperando a prática do currículo é geralmente acentuada na vida dos
aposentadoria? O professor precisa acreditar na educação e alunos estando associada às mensagens de natureza afetiva e
ter convicção de que ela pode mudar a sociedade. Tem papel às atitudes e valores. O Currículo educativo representa a
fundamental, ele influencia na maneira de pensar e agir dos composição dos conhecimentos e valores que
educandos. caracterizam um processo social. Ele é proposto pelo
trabalho pedagógico nas escolas.
No livro “O tosco” o psicólogo Gilberto nos conta, de forma
direta e simples, fatos da própria vida e nos mostra como a Atualmente, o currículo é uma construção social, na
vida de um educando pode ser mudada com a ação positiva acepção de estar inteiramente vinculado a um momento
do professor. No decorrer da história é relatado (2009, pg. histórico, à determinada sociedade e às relações com o
75): conhecimento. Nesse sentido, a educação e currículo são
vistos intimamente envolvidos com o processo cultural,
“- Me da um abraço? Pediu o professor. – O que? Não deu como construção de identidades locais e nacionais.
nem tempo. O professor me abraçou. Não lembrava de um
abraço. Constrangido, bem desajeitado, dei um abraço. Ou Hoje existem várias formas de ensinar e aprender e umas
melhor recebi um abraço.” delas é o currículo oculto. Para Silva, o currículo oculto é
“o conjunto de atitudes, valores e comportamentos que não
Os educandos têm direito a ter uma educação prazerosa e de fazem parte explícita do currículo, mas que são
qualidade. É fundamental que o professor cumpra as regras e implicitamente ensinados através das relações sociais, dos
normas da nossa educação. Para que a educação se torne rituais, das práticas e da configuração espacial e temporal
com sabor e alcance seus objetivos, não dá para se pensar da escola”.
em apenas ensinar o conteúdo de determinada matéria, mas
é necessário investir no educando para que ele se Ao pensarmos no homem como um ser histórico, também

306
refletiremos em um currículo que atenderá, em épocas é compreender e descrever fenômenos da prática curricular.
diferentes a interesses, em certo espaço e tempo histórico. É através da teoria que teremos a compreensão do objeto e
Existe uma diferença conceitual entre currículo, que é o intenções de um determinado grupo social. Temos como
conjunto de ações pedagógicas e a matriz curricular, que é a teorias do currículo:
lista de disciplinas e conteúdos do currículo.
• Teorias tradicionais: ela tem como objetivo
O Currículo, não é imparcial, é social e culturalmente principal preparar para aquisição de habilidades
definido, reflete uma concepção de mundo, de sociedade e intelectuais através de práticas de memorização.
de educação, implica relações de poder, sendo o centro da Esse tipo de currículo teve origem nos Estados
ação educativa. A visão do currículo está associada ao Unidos e tem como base a tendência conservadora,
conjunto de atividades intencionalmente desenvolvidas para baseada nos princípios de Taylor, esse que igualava
o processo formativo. o sistema educacional ao modelo organizacional e
administrativo das empresas.
O currículo é um instrumento político que se vincula à • Teorias críticas: argumenta que não existe uma
ideologia, à estrutura social, à cultura e ao poder. A cultura é teoria neutra, já que toda teoria está baseada nas
o conteúdo da educação, sua essência e sua defesa, e relações de poder. Isso está implícito nas
currículo é a opção realizada dentro dessa cultura. As teorias disciplinas e conteúdos que reproduzem
críticas nos informam que a escola tem sido um lugar de a desigualdade social que fazem com que muitos
subordinação e reprodução da cultura da classe dominante, alunos saem da escola antes mesmo de aprender as
das elites, da burguesia. Porém, com a pluralidade cultural, habilidades das classes dominantes. Percebe o
aparece o movimento de exigência dos grupos culturais currículo como um campo que prega a liberdade e
dominados que lutam para ter suas raízes culturais um espaço cultural e social de lutas.
reconhecidas e representadas na cultura nacional, pois por • Teorias pós-críticas: nessa perspectiva o currículo
trás das nossas diferenças, há a mesma humanidade. é tido como algo que produz uma relação de
gêneros, pois predomina a cultura patriarcal. Essa
Há várias formas de composição curricular, mas os teoria critica a desvalorização do desenvolvimento
Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que os cultural e histórico de alguns grupos étnicos e os
modelos dominantes na escola brasileira, conceitos da modernidade, como razão e ciência.
multidisciplinar e pluridisciplinar, marcados por uma Outra perspectiva desse currículo é a
forte fragmentação, devem ser substituídos, na medida do fundamentação no pós-estruturalismo que acredita
possível, por uma perspectiva interdisciplinar e que o conhecimento é algo incerto e indeterminado.
transdisciplinar. Questiona também o conceito de verdade, já que
leva em consideração o processo pelo qual algo se
Para elaboração de um currículo escolar devemos levar em tornou verdade.
consideração as vertentes caracterizadas pela: ontologia
(trata da natureza do ser); epistemologia (define a natureza É por causa dessa divergência entre as teorias curriculares
dos conhecimentos e o processo de conhecer); axiologia que a escola deve procurar discutir qual currículo ela quer
(preocupa-se com a natureza do bom e mau, incluindo o adotar para se chegar ao objetivo desejado. Essa escolha
estético). As ciências nos mostram que não há deve ser pensada a partir da concepção do seu Projeto
desenvolvimento sustentado sem o capital social, gerador de Politico Pedagógico, esse que deve fundamentar a prática
inovação, de responsabilidade e de participação cívica. E teórica da instituição e as inquietudes dos alunos.
que a escolarização é a condição fundamental de acesso à
cultura, ao sentido crítico, à participação cívica, ao 5.13 O Projeto Pedagógico da escola.
reconhecimento do belo, e ao respeito pelo outro. O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um importante
instrumento de planejamento e gestão educacional de uma
O currículo escolar abrange as experiências de escola. Ele serve para guiar as ações que podem aprimorar o
aprendizagens implementadas pelas instituições escolares e processo de aprendizagem dos alunos.
que deverão ser vivenciadas pelos estudantes. Nele estão Quando feito de forma colaborativa e engajada, o PPP pode
contidos os conteúdos que deverão ser abordados no ajudar a melhorar índices educacionais de uma escola, como
processo de ensino-aprendizagem e a metodologia utilizada a taxa de evasão e reprovação. Mas, para isso, é preciso
para os diferentes níveis de ensino. haver a participação de todos os envolvidos da comunidade
escolar.
Ele deve contribuir para construção da identidade dos alunos
na medida em que ressalta a individualidade e o contexto Entenda, a seguir, o que é o PPP e veja algumas dicas para
social que estão inseridos. Além de ensinar um determinado elaborar esse documento.
assunto, deve aguçar as potencialidades e a criticidade dos
alunos. O que é um Projeto Político Pedagógico?
O Projeto Político Pedagógico (PPP), ou Projeto
Nessa perspectiva, a função da teoria curricular

307
Pedagógico, é um documento que reúne os objetivos, O mais comum é elaborar o PPP por meio de um Conselho
metas e diretrizes de uma escola. Ele deve ser elaborado de Classe, mas a escola pode realizar reuniões e outros
obrigatoriamente por toda instituição de ensino, segundo a métodos que melhor se adequem à realidade da comunidade
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). escolar.

Um dos objetivos do PPP é promover a autonomia • Definir a missão e visão da escola


na gestão administrativa e pedagógica, por meio de ações
que se adequam à realidade, identidade, diversidade cultural Assim como uma empresa, a escola deve definir sua missão
e religiosa de cada instituição escolar – além de considerar a e valores, assim como sua razão de existir. É essencial que
especificidade de cada escola. eles sejam objetivos e condizentes com o restante do PPP, já
que a escola não poderá mudá-los por um tempo
O PPP também fortalece a identidade escolar por registrar determinado.
objetivos de maneira clara e definir como a escola e outros
agentes dessa comunidade (professores, gestores, alunos, Além disso, é importante evitar afirmações genéricas ou
pais) podem trabalhar para alcançá-los. que estejam fora do escopo do plano de ação da escola.

É importante que o PPP não seja visto como parte da • Avaliar os indicadores educacionais da escola
burocracia escolar, mas sim como um instrumento usado por
toda a comunidade para melhorar o ensino na instituição. Antes de começar a traçar o plano de ação para os projetos,
a escola precisa coletar e avaliar os indicadores
Quais são os pilares do PPP? educacionais. Entender como está o processo de
O Projeto Político Pedagógico é diferente e único em cada aprendizagem e rendimento escolar dos estudantes vai servir
instituição, podendo haver flexibilização quanto ao como guia na elaboração do PPP.
conteúdo. Entretanto, ele deve seguir três pilares básicos. Por exemplo, se uma escola verificar que o 1° ano do Ensino
Médio teve um índice de evasão de 30% no último ano,
1º pilar: Projeto poderá estabelecer como meta diminuir para 15% e elaborar
O documento precisa reunir diversos projetos que deverão tarefas que possam ajudar a escola alcançar esse objetivo.
ser executados em um tempo determinado. É uma forma de
pensar no futuro, tendo o presente como ponto de partida. • Desenvolver um plano de ação

É importante que o PPP tenha um plano de ação bem Todo projeto que constar no PPP deve ter um plano de ação
definido para guiar a escola e a comunidade escolar em cada estabelecido. Ou seja, a escola precisa definir como
projeto proposto no documento. pretende alcançar determinado objetivo e também qual
será o prazo. Além disso, é necessário indicar quais agentes
2º pilar: Político vão fazer parte das ações (professores, gestores escolares,
A escola desenha um papel político na sociedade por ser um pais, alunos…).
importante agente social. Nesse sentido, o ambiente
educacional deve atuar como meio que auxilia o aluno a O plano de ação pode envolver diversas atividades, como
se desenvolver enquanto cidadão crítico, capaz de palestras, eventos, atividades extracurriculares, projetos
transformar a realidade em que está inserido, tanto comunitários e até mesmo a compra de equipamentos para a
individualmente como coletivamente. ampliação de espaços estudantis.
Cabe à escola definir quais ações melhor se encaixam em
3º pilar: Pedagógico cada objetivo, desde que sejam coerentes e estejam dentro
Não há dúvidas que o principal pilar de uma escola é a da realidade da rotina e estrutura da escola e da comunidade
educação. Dessa forma, é essencial que o PPP escolar.
tenha atividades e ações educacionais que contribuam
para o processo de aprendizagem dos alunos. • Definir as diretrizes e normas que serão usadas como
guia
Como elaborar um Projeto Político Pedagógico?
Cada escola é livre para elaborar o PPP de acordo com os É fundamental que o documento siga orientações, diretrizes,
próprios parâmetros. Porém, alguns pontos podem ajudar na currículos, normas e demais dispositivos legais dos órgãos
construção do documento. educacionais de todas as esferas (federal, estadual e
municipal). Nesse sentido, adequar o PPP à Base Nacional
• Envolver toda a comunidade escolar Comum Curricular (BNCC) será importante para
O PPP deve ser elaborado de forma coletiva e colaborativa, alcançar um ótimo desenho de aprendizagem.
incluindo todos os agentes da comunidade escolar, incluindo
também pais e professores. Nesse sentido, a escola precisa • Esclarecer como será a formação de professores
definir de que forma ocorrerá a colaboração.

308
O PPP deve conter também qual será a formação oferecida pedagógicas que serão desenvolvidas durante a aplicação da
pela escola para que os professores adquiram a capacitação disciplina. É um roteiro onde são correlacionados os
necessária para colocar os planos de ação em prática. Dessa conteúdos com as metas que se pretende alcançar durante e
forma, a instituição de ensino contribui para a formação ao final da cadeira, descrevendo métodos e técnicas para
continuada dos docentes. atingir os objetivos.
Embora seja um instrumento direcionador, um plano de
Principais erros que devem ser evitados na elaboração do PPP ensino e aprendizagem pode ser alterado. No entanto, a
Infelizmente, algumas escolas podem cometer alguns erros orientação melhor para os alunos é que o professor /
durante e após a elaboração do PPP. Vamos conferi-los ministrante siga o roteiro preestabelecido, visto que, há
abaixo? estudantes que guiam a organização dos seus estudos pela
programação do plano. Neste caso, qualquer alteração
• Copiar o PPP de outra escola poderá resultar em prejuízo do aluno.
Cada instituição escolar tem realidades únicas. Por isso, não
é recomendado copiar o PPP de outra escola, já que não é Plano de aula
viável adotar os objetivos e ações de um contexto na qual a O plano de aula é um documento elaborado pelo professor
escola não faz parte. para definir o tema da aula, seu objetivo, o que exatamente
será ensinado, a metodologia a ser utilizada e a avaliação a
• Não envolver a comunidade escolar ser utilizada para analisar a assimilação do que foi ensinado,
A colaboração dos agentes da comunidade escolar para dentre outras coisas.
elaboração do PPP é fundamental para adequar as ações e
objetivos à realidade da unidade de ensino. Isso também Confira um passo a passo de como elaborar um plano de
inclui as famílias dos estudantes, pois eles também farão aula, veja um modelo e consulte exemplos de documentos
parte do processo de desenvolvimento escolar. prontos.

• Não revisar o PPP Como fazer um plano de aula


As metas e objetivos da escola podem ser alcançadas antes Através do plano de aula, o professor deve fazer uma
do prazo, mudarem com o tempo ou deixarem de fazer reflexão detalhada sobre o tema, e pode identificar, por
sentido para a comunidade escolar. Dessa forma, a exemplo, pontos onde os alunos possam apresentar
instituição de ensino precisa revisar o PPP para reavaliar os dificuldades e como solucionar eventuais problemas.
projetos propostos no documento.
O PPP é um documento que deve acompanhar as mudanças 1. Reflita sobre o público-alvo
da escola. Por isso, ele deve passar por constantes Antes de começar a redigir o plano de aula, o professor deve
atualizações, com objetivo de manter-se alinhado ao refletir sobre seu público-alvo: os alunos.
contexto da comunidade escolar. Qualquer estratégia adotada para a abordagem de um tema
será muito mais eficaz se direcionada à realidade desse
• Não medir os resultados público; o que funciona para uma determinada turma pode
Após a elaboração e implementação do plano de ação, é não funcionar para outra.
importante que a escola analise o andamento das atividades. Durante essa reflexão, o professor deve considerar uma
Não fazer esse processo pode ser um erro, pois impede que a contextualização que inclua, por exemplo, questões
instituição de ensino avalie quais ações estão dando certo e o culturais, econômicas, físicas, sociais, etc.
que pode ser feito para melhorar o desempenho escolar a
curto, médio e longo prazo. 2. Escolha o tema da aula
Com base no plano de ensino, planejamento que envolve
5.14 O Plano de Ensino e Plano de Aula. tarefas e objetivos docentes para um ano letivo completo, o
Plano de ensino professor deve escolher um tema.
Plano de ensino é uma programação das atividades O tema é a definição daquilo que será abordado na aula;
pedagógicas que serão desenvolvidas durante a aplicação da algo bastante específico dentro de uma disciplina, e que será
disciplina. É um roteiro onde são correlacionados os desdobrado detalhadamente em conteúdos.
conteúdos com as metas que se pretende alcançar durante e Em uma aula de português, por exemplo, "vozes verbais"
ao final da cadeira, descrevendo métodos e técnicas para pode ser um tema de aula.
atingir os objetivos. Plano de ensino é uma programação das
atividades pedagógicas que serão desenvolvidas durante a 3. Defina o objetivo a ser alcançado
aplicação da disciplina. O objetivo é aquilo que o professor deseja que os alunos
aprendam com a aula. Em uma aula de português cujo tema
É um roteiro onde são correlacionados os conteúdos com as é "vozes verbais", por exemplo, o professor pode definir
metas que se pretende alcançar durante e ao final da cadeira, como objetivos:
descrevendo métodos e técnicas para atingir os objetivos. • Os alunos devem saber diferenciar as três vozes
Plano de ensino é uma programação das atividades verbais: voz passiva, voz ativa e voz reflexiva.
• Os alunos devem estar aptos a fazer conversão

309
entre vozes. Exemplo: passar uma frase da voz necessidade de selecionar recursos mais específicos. Um
ativa para a voz passiva. professor de química, por exemplo, pode precisar de um
microscópio ou de um tubo de ensaio.
É importante referir que não existe um limite de objetivos
por plano de aula. 7. Defina a metodologia a ser utilizada
A metodologia consiste nos métodos escolhidos pelo
4. Defina o conteúdo a ser abordado professor para orientar o aprendizado do aluno, ou seja, nos
O conteúdo é um item do plano de aula que está diretamente caminhos que ele escolherá para conduzir a aula.
relacionado ao tema, pois é subordinado a ele, e ao objetivo
da aula. Essa parte da aula é de fundamental importância, pois a
estratégia utilizada pelo professor tanto pode funcionar
Através da exposição e da exploração dos conteúdos, o como um grande agente motivador quanto desestimular
professor conduz o aprendizado dos alunos de forma a totalmente o aluno.
atingir os objetivos que predefiniu em seu planejamento de
aula. Em determinadas disciplinas, uma aula expositiva, por
exemplo, pode funcionar melhor do que uma aula conduzida
Para o tema "vozes verbais", por exemplo, o professor pode por meio de exercícios, e vice-versa.
definir como conteúdo os conceitos de voz ativa, voz
passiva e voz reflexiva. Alguns exemplos de metodologia:
• Aplicação de exercícios.
5. Decida a duração da aula • Aula expositiva.
A duração da exploração de determinado tema fica a critério • Dramatização.
do professor, tendo em conta o conteúdo programático que • Estudo de caso.
ele deve seguir. • Estudo dirigido.
• Estudo de texto.
Não é obrigatório que cada tema seja explorado em uma
• Mapa conceitual.
única aula. Se assim entender, o professor pode, por
• Painel.
exemplo, destinar duas ou mais aulas para a exploração de
• Pesquisa de campo.
determinado conteúdo.
• Seminário.
Essa decisão está relacionada a fatores como o planejamento • Solução de problemas.
escolar anual e a fixação do que foi ensinado. No caso de o
professor concluir que uma única aula não será suficiente 8. Escolha como avaliar o aprendizado dos alunos
para que a turma fique esclarecida, ele pode alocar duas ou A conclusão de uma aula dá-se com a etapa de avaliação,
três aulas para explorar determinado assunto. momento onde o professor considerará a real assimilação do
conteúdo por parte do aluno.
6. Selecione os recursos didáticos
Os recursos didáticos são materiais de apoio que auxiliam o Essa etapa também tem como finalidade avaliar se os
professor de forma pedagógica, facilitando o desenvolver da objetivos predefinidos pelo professor foram alcançados.
aula.
Diferentemente do que muitos pensam, a aplicação de uma
Tais recursos também são utilizados para motivar os alunos prova com atribuição de nota ao aluno não é a única forma
e incentivar o interesse deles no tema abordado. de fazer essa validação. Na verdade, há diversas maneiras de
realizar tal análise.
Alguns exemplos de recursos didáticos:
• Apagador. Alguns exemplos de avaliação:
• Aparelho de DVD. • Participação do aluno em sala de aula.
• Cartaz. • Prova escrita.
• Computador. • Prova oral.
• Filme. • Exercícios de fixação.
• Jogo. • Trabalho feito em sala de aula.
• Mapa. • Trabalho de casa.
• Música.
9. Informe as referências utilizadas
• Projetor.
Por fim, o professor deve indicar as referências utilizadas
• Quadro negro ou branco.
como fonte para a elaboração de seu plano de aula.
• Reportagem.
• Televisão. É importante salientar que o termo "referências" não
Dependendo da disciplina, o professor pode sentir a abrange unicamente livros e outros materiais impressos.

310
como definir e caracterizar essas competências que precisam
Em uma era onde a tecnologia e os recursos digitais estão ser desenvolvidas e aprimoradas?
cada vez mais presentes na educação, é natural que o
educador consulte conteúdo online como mais-valias na As habilidades cognitivas e socioemocionais, como:
preparação de suas aulas. criatividade, empatia, autocontrole, autoestima, inteligência
emocional, pensamento crítico, pensamento científico e
Assim sendo, sites, documentos e demais conteúdos online comunicação devem ser especificadas e trabalhadas
utilizados como fonte também podem ser indicados como progressivamente de maneira significativa para que esse
referências. universo seja de fato assimilado e usado nos nossos três
âmbitos: intrapessoal, interpessoal e cognitiva.
Modelo de plano de aula
Agora que você já conferiu o passo a passo para a Habilidades intrapessoais, interpessoais e cognitivas
elaboração de um plano de aula, consulte abaixo um modelo As habilidades intrapessoais concebem a capacidade de
que pode ser aplicado a diferentes níveis escolares. olhar para si mesmo, com o desenvolvimento e ampliação
do autocontrole emocional, compreensão do próprio
desenvolvimento, autoestima, autovalorização e
autocuidado. As habilidades interpessoais envolvem a
aptidão de lidar com o outro, lidar com a capacidade de
expressar opiniões com uma comunicação assertiva e não
violenta, lidar com as diferenças de forma empática e, por
fim, as habilidades cognitivas abrangem as áreas do
aprendizado, da memória, da elaboração de novas
estratégias, do raciocínio lógico e do pensamento crítico.

A importância do professor na educação socioemocional


No decorrer do processo educacional, o professor
desenvolve com as crianças e adolescentes as ferramentas
adequadas e essenciais para prepará-los como
indivíduos: promove discussões reflexivas, estimula o
hábito de leitura, incentiva a prática de jogos, realiza
atividades que exercitem o cérebro e proporciona
momentos de partilha.

No entanto, além da parte cognitiva, o docente desempenha


um papel fundamental no desenvolvimento de competências
socioemocionais. O papel do professor na educação
socioemocional é proporcionar ferramentas para que seus
estudantes desenvolvam a expressividade afetiva, a
interação e socialização social, a empatia, a imersão no
5.15 Relações professor-aluno: a atuação do professor universo cultura e, principalmente, a autonomia e o senso
como incentivador e aspectos socioemocionais. crítico. Os benefícios se estendem por toda a vida, uma
Estamos diante de um dos maiores e mais promissores vez que essas capacidades devem ser estimuladas
desafios na educação do século XXI: o de elencar, continuamente para garantir performance e qualidade de
desenvolver e promover competências e habilidades vida.
socioemocionais.
A aprendizagem Socioemocional
Mas, por que precisamos enfrentar esse desafio? Porque a Já é sabido que aspectos sociais e emocionais das pessoas
promoção da educação socioemocional desempenha um são estudados desde o início do século XX. A temática foi
papel essencial nos processos de ensino e pautada em várias reflexões de pensadores como Vygotsky e
aprendizagem, resultando em um impacto positivo nas Jean Piaget e, hoje, neste momento chamado de novo
notas acadêmicas, nas relações intrapessoais e mundo, colocar em prática as novas habilidades do século
interpessoais e na futura vida profissional dos XXI se faz ainda mais necessário no âmbito escolar.
estudantes.
A aprendizagem socioemocional começou a ganhar força
A escola desenvolvendo competências porque aumenta a capacidade dos alunos de
A escola é um dos contextos mais propícios para aumentar aprenderem e melhorarem significativamente as suas
a criatividade, a solidariedade, o compromisso e outras atitudes e comportamentos para lidarem de maneira
diversas habilidades nas crianças e adolescentes. Mas, assertiva e ética com os desafios diários.

311
Partindo do entendimento que o ser humano é um ser composto pelos referenciais que dizem respeito aos
relacional – que precisa estar em contato com outras objetivos e metas estabelecidas para cada uma das
pessoas, criar vínculos e gerar conexões – quanto mais dimensões de gestão da escola: pedagógica, administrativa,
positivas e construtivas forem suas relações, mais saudáveis recursos humanos, recursos financeiros e resultados
serão as suas emoções, ideias e atitudes, por isso, o educacionais.
ambiente escolar necessita ser um espaço que propague
confiança, respeito, colaboração e comprometimento de - O plano curricular ou de ensino constitui-se no
todas as partes. referencial com os fundamentos de cada disciplina. Nele
devem estar expressos as expectativas de aprendizagem, os
No desempenho da aprendizagem socioemocional, a conteúdos previstos e as propostas de avaliação para cada
intervenção é fundamental. O papel do professor na ano/série.
educação socioemocional é desenvolver e transmitir
ferramentas para que os alunos sejam capazes de resolver - Em coerência com o planejamento da escola e com o plano
soluções por si mesmos, que desenvolvam autonomia para de ensino, o plano de aula deve constituir-se na organização
conseguir lidar com questões sociais e emocionais de forma didática do processo de ensino destinado a cada turma,
saudável. levando em consideração tanto as defasagens como os
conhecimentos prévios dos alunos de modo a garantir que
Professor e a autonomia dos estudantes todos os alunos alcancem os objetivos de aprendizagem
O papel do professor na Educação Socioemocional de contidos no plano de ensino; contudo, enquanto instrumento
seus estudantes é primordial, único e fundamental na personalizado de trabalho deve ser desenvolvido para atingir
construção da inteligência emocional, pois desempenha a os objetivos de cada turma em separado.
função de transpor aprendizagens como: reconhecer-se
como um ser único com suas singularidades e Planejar o processo educativo significa, portanto, organizar,
particularidades, potencializar habilidades sociais para racionalizar e coordenar a ação docente visando à
projeto de vida e, principalmente, ensinar ferramentas para articulação entre os programas curriculares (oficiais ou de
que seus alunos adquiram autonomia para lidar com as redes privadas), a prática da sala de aula e as problemáticas
emoções e situações sociais por si mesmos. inerentes ao contexto social e cultural onde cada instituição
está inserida. Nesse sentido, quanto maior a clareza do
Em toda essa trajetória, o professor da Educação docente no que diz respeito ao conceito de planejamento e
Socioemocional tem o comprometimento de mediar o ao ato de planejar propriamente dito, maior liberdade e
processo e a condução sempre com ações bem planejadas, autonomia serão aplicadas no processo de ensino e
estruturadas e previamente elaboradas para que os alunos se aprendizagem. Logo, a tarefa de ensinar não pode ser
sintam apoiados, seguros e colaborativos. concebida como um processo cujos resultados estão
definidos e podem ser pré-determinados como produto de
5.16 O planejamento escolar: importância. Requisitos uma ação mecanizada, pois a sala de aula constitui-se como
gerais. espaço privilegiado de negociação, formação do pensamento
O ato de planejar está associado à organização de uma crítico e de produção de novos sentidos ao conhecimento
determinada ação. No âmbito das atividades escolares o formal a partir de situações de aprendizagem previamente
planejamento é fundamental para o desenvolvimento do planejadas.
processo de ensino-aprendizagem e para o bom
funcionamento da escola, pois é imprescindível para orientar Tipos e Níveis de Planejamento
a ação educativa de acordo com as necessidades e
possibilidades de cada instituição. Não se pretende, aqui, explorar e esgotar todos os tipos e
níveis de planejamento, mesmo porque, como aponta
Ao realizar seu planejamento, a escola define qual o tipo de Gandin (2001, p. 83), é impossível enumerar todos tipos e
formação vai oferecer e organiza as etapas do trabalho a ser níveis de planejamento necessários à atividade humana.
realizado, o que servirá de eixo condutor aos professores de Vamos nos deter, então, nos que são essenciais para a
diferentes componentes curriculares. O planejamento educação:
também é um momento de reflexão sobre a ação pedagógica
e de tomada de decisões sobre as estratégias que serão a) Planejamento Educacional – também denominado
utilizadas e quais formas de avaliação serão aplicadas no Planejamento do Sistema de Educação, “[...] é o de maior
decorrer do processo de ensino. abrangência, correspondendo ao planejamento que é feito
em nível nacional, estadual ou municipal. Incorpora e
De acordo com Celso Vasconcelos, o planejamento reflete as grandes
escolar deve ser estruturado e articulado através de três políticas educacionais.” (VASCONCELLOS, 2000, p.95).
níveis: o planejamento da escola, o plano de ensino ou
plano curricular e o plano de aula. b) Planejamento Escolar ou Planejamento da Escola –
atividade que envolve o processo de reflexão, de decisões
- O planejamento da escola é o plano integral da instituição sobre a organização, o funcionamento e a proposta

312
pedagógica da instituição. "É um processo de estudo, de trabalho e de convivência social.
racionalização, organização e coordenação da ação docente,
articulando a atividade escolar e a problemática do contexto Elementos dos conteúdos de ensino
social." (LIBÂNEO, 1992, p. 221). Os conteúdos de ensino compõem se de quatros elementos:
conhecimentos sistematizados, habilidades, atitudes e
c) Planejamento Curricular – é o "[...] processo de tomada convicções.
de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão
sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. Como escolher os conteúdos
Portanto, essa modalidade de planejar constitui um A escolha e definição dos conteúdos de ensino é tarefa do
instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a professor. O professor na escolha dos conteúdos leccionados
preocupação é com a proposta geral das experiências de deve ter domínio de algumas questões fundamentais;
aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante,
através dos diversos componentes curriculares." Que conteúdos os alunos deverão adquirir a fim de se
(VASCONCELLOS, 1995, p. 56). tornarem preparados e aptos para enfrentarem as exigências
da vida social como a profissão, o exercício da cidadania, a
d) Planejamento de Ensino – é o "[...] processo de decisão produção de novos conhecimentos, as lutas pela melhoria
sobre a atuação concreta dos professores no cotidiano de seu das condições de vida e de trabalho;
trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações em
constante interações entre professor e alunos e entre os Que métodos e procedimentos didático-pedagógicos são
próprios alunos." (PADILHA, 2001, p. 33). necessários para viabilizar o processo de transmissão-
assimilação de conteúdos pelo qual são desenvolvidas as
É importante esclarecer que do planejamento resultará capacidades mentais e práticas dos alunos de modo a
o plano. Ficou confuso? Vamos esclarecer! adquirirem métodos próprios de pensamento e ação

Critério de seleção dos conteúdos


Plano é um documento utilizado para o registro de decisões Libânio (1994),para a seleção dos conteúdos propõe cinco
do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com critérios a saber:
que fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a
discussão (planejamento) sobre fins e objetivos, culminando • Correspondência entre objetivos gerais e
com a definição dos mesmos, pois somente desse modo é conteúdos- os conteúdos do ensino devem espelhar
que se pode responder as questões indicadas acima. Segundo os objetivos da sociedade conjuntamente com os
Padilha (2001), o plano é a "apresentação sistematizada e conteúdos sistematizados (conhecimento científico)
justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar." afim de formar um cidadão consciente;
Plano tem a conotação de produto do planejamento. Ele é na • Carácter científico-facilita o aluno “encaixar”
verdade um guia com a função de orientar a prática, é a temas secundários em um tema central permitindo
formalização do processo de planejar. não só estabelecer o volume da matéria, mas
também uma interdependência entre o
Dentro da categoria plano, devemos, ainda, dar uma atenção conhecimento novo e o conhecimento anterior
especial ao plano global da instituição: o PPP - Projeto • Relevância social- os conteúdos devem incorporar
Político-Pedagógico que é também um produto do no programa as experiências e vivências dos alunos
planejamento. A sua construção deve envolver e articular na situação social concreta devendo os conteúdos
todos os que participam da realidade escolar: corpo docente, refletir objetivos educativos esperados em relação à
discente e comunidade. Segundo Vasconcellos (1995, sua participação na vida social;
p.143), "[...] é um instrumento teórico-metodológico que • Acessibilidade e solidez- os conteúdos a serem
visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só leccionados devem estar de acordo com as
que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, capacidades e níveis dos alunos;
orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma • Conteúdos Clássicos- clássico é aquilo que se
metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação firmou como fundamental, como essencial, que
de todos os agentes da instituição." resistiu ao tempo.
5.17 Os conteúdos de ensino Objetivos do ensino
Conteúdos de ensino são conjuntos de conhecimentos, Objetivos do ensino são aqueles previstos para um
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudes de atuação determinado grau ou ciclo numa escola ou numa certa área
social, organizadas pedagógica-didaticamente, tendo em de estudos, e que serão alcançados a longo prazo. Mas
vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua também existem os objetivos de ensino específicos que
prática de vida. Os conteúdos de ensino englobam: podem ser definidos como aqueles definidos
conceitos, ideias, factos, processos, princípios, leis especificamente para uma disciplina, uma unidade de ensino
científicas, regras, habilidades cognitivas, modos de ou uma aula. Os objetivos do ensino expressam, portanto,
atividades métodos de compreensão e aplicação, hábito de

313
propósitos definidos, explícitos quanto ao desenvolvimento mecanismo de exclusão e até mesmo de punição para alguns
das qualidades humanas que todos os indivíduos precisam estudantes.
adquirir para se capacitarem para as lutas sociais de
transformação da sociedade. Contudo, a prática avaliativa deve ser revista para não ser
mais utilizada somente com finalidade classificatória ou
Funções objetivas específicas seletiva, mas sim com propósitos diagnósticos e inclusivos.
A função dos objetivos específicos é ajudar o professor/a: Uma maneira de colocar isso em prática é usar a avaliação
• Definir os conteúdos determinando os como um espelho para que a escola, os professores e
conhecimentos e conceitos a serem assimilados e as também os estudantes voltem o olhar para si mesmos,
habilidades a serem desenvolvidas para que o aluno buscando as transformações das suas práticas e
possa aplicar o conteúdo na vida prática; desenvolvimento.
• Fixar padrões e critérios para avaliar o próprio
trabalho docente – auto avaliação – com fins ao O que é avaliação escolar
panejamento; A avaliação escolar corresponde a um dos componentes do
• Comunicar, de modo mais claro e preciso, seus processo de ensino-aprendizagem que busca comparar o que
propósitos de ensino aos próprios alunos, aos pais e foi adquirido com o que se pretende alcançar.
a outros educadores.
Dessa maneira, a avaliação tem como objetivo diagnosticar
Importância dos objetivos do ensino como a escola e o professor estão contribuindo para o
Os objetivos de ensino são importantes no desenvolvimento desenvolvimento dos alunos. Nesse sentido, ela pode ser
do trabalho docente, pois o fato de que a prática educativa é vista de dois tipos:
socialmente determinada, respondendo às exigências e
expectativas dos grupos e classes sociais existentes na • avaliação processual: que se refere a uma
sociedade, cujos propósitos são antagónicos em relação ao avaliação contínua;
tipo de homem a educar e às tarefas que este deve • avaliação pontual: é a avaliação que se preocupa
desempenhar nas diversas esferas da vida prática. com os resultados.

5.18 A relação objetivo-conteúdo-método. Por meio da avaliação, é possível analisar os resultados


Objetivo é o que se espera que a turma aprenda em (quantitativos e qualitativos) obtidos para perceber se os
determinadas condições de ensino. É ele que orienta quais objetivos propostos foram alcançados.
conteúdos devem ser trabalhados e quais encaminhamentos
didáticos são necessários para que isso ocorra. Um resultado quantitativo é o que pode ser mensurado por
meio das notas e de informações. Já o resultado qualitativo
Conteúdo é o conjunto de valores, conhecimentos, refere-se ao produto do processo de ensino-aprendizagem,
habilidades e atitudes que o professor deve ensinar para sendo observado de forma contínua e global.
garantir o desenvolvimento e a socialização do estudante.
Pode ser classificado como conceitual (que envolve a Assim, o trabalho docente pode ser reorientado. Logo, a
abordagem de conceitos, fatos e princípios), procedimental avaliação é uma reflexão do processo educativo que
(saber fazer) e atitudinal (saber ser). abrange, principalmente, o aluno e o professor.

E conceito é a definição de um determinado termo. Um Funções da avaliação


exemplo: se o objetivo é o aluno identificar o que é um A avaliação apresenta três funções pedagógicas. São elas:
inseto no contexto dos demais invertebrados, o professor
deve eleger como conteúdo animais invertebrados, 1. Função diagnóstica
apresentar o conceito de inseto e explicar o aspecto que o A função diagnóstica é realizada no início do processo de
diferencia dos animais que não possuem ossos. ensino-aprendizagem, com o objetivo de direcionar o
trabalho do professor. Nessa fase são levantados os
Observe que é preciso definir primeiro os objetivos de conhecimentos prévios dos alunos, para que o docente possa
ensino e aprendizagem para depois selecionar e organizar os verificar como colocar em prática o seu planejamento, de
conteúdos. forma a atender as características e necessidades dos alunos.

5.19 Avaliação da aprendizagem, Funções da avaliação e 2. Função formativa


Princípios da avaliação. A função formativa é realizada durante todo o processo de
Um tema bastante importante que envolve o processo ensino-aprendizagem para acompanhar o desenvolvimento
de aprendizagem é a avaliação escolar e suas implicações dos alunos. Assim, a função formativa proporciona, tanto ao
pedagógicas. professor quanto aos estudantes, as informações necessárias
para corrigir possíveis dificuldades de aprendizagem,
Vistas de forma tradicional, as provas e notas se tornam um estimulando todos a continuarem a se desenvolver. Nessa
fase se utiliza o famoso feedback de forma a reorientar os

314
envolvidos em suas tarefas de forma positiva. A avaliação escolar e suas implicações pedagógicas também
atingem os pais ou responsáveis. Ao comunicar o resultado
3. Função somativa do desempenho dos alunos, é importante que o professor
A função somativa é sempre realizada no final do processo. mostre para eles quais foram os critérios utilizados para a
Essa função classifica os alunos quanto ao nível de avaliação, pois muitos foram educados somente pelo sistema
aproveitamento e desenvolvimento. Nessa fase também são de avaliação tradicional. Assim, todas as propostas de
oferecidas as informações necessárias para o registro das avaliação ditas acima, podem parecer difíceis de serem
atividades que foram desempenhadas pelos alunos. entendidas por eles em um primeiro momento.

Agora que você já sabe o que é a avaliação e as suas 5.20 Superação da reprovação escolar.
principais funções, acompanhe o próximo tópico sobre As questões vinculadas ao fracasso escolar não são
avaliação escolar e suas implicações pedagógicas. isoladas umas das outras, são geradas por uma sucessão de
acontecimentos presentes na sociedade, como a falta de
Avaliação escolar e suas implicações pedagógicas estrutura familiar, a situação econômica, diretrizes
Uma das implicações que a avaliação escolar traz para o curriculares e políticas educacionais, a dificuldade no
ensino são os seus benefícios para os alunos e até mesmo acesso à escola, as condições físicas das escolas, professores
para os educadores. desmotivados e mal preparados, fatores psicológicos, enfim,
uma série de fatores que contribuem para o crescimento
No caso dos estudantes, ela é importante para verificar como estrondoso do fracasso nas escolas públicas.
está o andamento do seu aprendizado. Ela também permite
que se busquem novos métodos para impulsionar os estudos No livro Cuidado, Escola! Apresentado
e incentivar a autoavaliação. brilhantemente por Paulo Freire, podemos encontrar uma
escola que por trás da aparência que se diga “boa”, as coisas
Além disso, ela permite que os educadores verifiquem se os vão mal: mal com os alunos, que sentem-se oprimidos e
estudantes conseguiram atingir as metas definidas. Dessa pressionados por um sistema que tem atitudes ditadoriais,
forma, é possível traçar um novo direcionamento às que estimula a concorrência entre os mesmos, que de tão
ações pedagógicas para que os objetivos sejam atingidos. preocupados, ficam doentes ou descontam suas frustrações
nos colegas ou na estrutura física da escola. As coisas vão
Contudo, o momento de encarar o resultado das avaliações é mal também com os pais: preocupados com resultados,
sempre um ponto delicado para ambos os lados. Quando o acabam não considerando os meios nos quais a educação
assunto for o resultado das provas, é muito importante que formal se concretiza. Freire, 1971, diz que os pais têm que
os professores devolvam as avaliações para os alunos aprender tudo de novo quando o primeiro filho vai para a
tomando alguns cuidados. escola e, provavelmente, começar outra vez na hora que o
segundo filho, porque cada professor ensina de um jeito.
Por exemplo, a tradicional e temível caneta vermelha. Ela Esta proposta que o autor nos traz vem do pressuposto de
pode não ser a melhor estratégia de devolução, uma vez que os pais sempre esperam que todos aprendam igual, de
que, além de ser uma cor chamativa, também se relaciona ao que professores ensinem igual para todos os alunos e esta
significado de alerta, trazendo sempre a ideia de “perigo” e não é a realidade. Na visão dos pais, a escola é a
“errado”. oportunidade única que os filhos têm de conseguirem um
futuro bom, um bom emprego, ou seja, “ser alguém na
Por outro lado, existe uma forma interessante para contribuir vida”. Quando a vida escola dos filhos não vai bem, sentem-
com o resultado da avaliação. Uma delas é devolver a prova se frustrados, culpados e preocupados com o futuro das
com anotações à parte, não somente anotando o que é certo crianças.
ou errado. Assim, o aluno saberá todos os pontos a serem
melhorados evitando o constrangimento e a sensação de que As coisas também não vão nada bem com os
“errou tudo” ao ver sua avaliação “rabiscada”. professores: sentem-se julgados pelo sistema e pelos pais,
colocando a culpa na maioria das vezes no Estado, nos pais,
Isso é extremamente importante para que o aluno possa se nos próprios alunos, etc. Freire, 1971, descreve as faltas
autoavaliar, o que colabora bastante com o seu crescimento frequentes dos professores como dos sintomas detectados
no âmbito escolar e também no seu desenvolvimento que a escola vai mal: ter que frequentar as salas de aula,
enquanto ser humano. tornou-se algo penoso. As faltas trata-se de uma reação de
fuga.
Já os casos que precisam de alguma atenção especial, a
conversa continua sendo a melhor solução para isso. Pois, Os ideiais e expectativas que são esperados em torno
falar abertamente com o aluno, é muito melhor do que o da escola são inúmeros, e ao longo dos anos, esperava que a
expor na frente da turma, situação que pode lhe causar escola trouxesse qualificação, intrução, preparação para o
vergonha e constrangimento e gerar um impacto negativo na mercado de trabalho, mas o que podemos ver e analisar são
sua educação. números cada vez mais crescentes de uma escola que
fracassa.

315
Porém, a cultura encontrada na escola nada tem haver
Antigamente, as civilizações faziam sua prática com a cultura das crianças: ela é uma cultura na qual
educativa através da aquisição de instrumentos de trabalho, podemos chamar de dominante, criada por pessoas da elite.
ou seja, o aprendizado era constante e se relacionava com o Nidelcoff, 1978, coloca que numa sociedade de classes
dia a dia do povo. Todo adulto ensinava, aprendia-se e a como a nossa, a classe dominante difunde e impõe seus
partir da própria experiência e da experiência dos outros. critérios culturais que passam a ser, por esse motivo, “o
Aprendia fazendo, o que tornava inseparáveis o saber, a vida correto”. E ainda aponta:
e o trabalho. (FREIRE, 1971, p. 25).
A cultura “oficial” – que a escola difunde – expressa
Na idade média, o conhecimento passou a ser um então as maneiras de pensar e de viver dos setores
instrumento da escola, e ficava sob responsabilidade da dominantes e médios, já que estes últimos têm sempre os
igreja a transmissão dos saberes. Mas, estes espaços de olhos postos nos primeiros. Para defini-la de alguma
educação e instrução ficaram reservados às elites por muitos maneira, vamos chamá-la de “cultura burguesa”, ainda que
séculos, e os trabalhadores, operários e os pobres recebiam a estejamos conscientes de imprecisão do
instrução no seu dia a dia. A cultura livresca, refinada e termo.(NIDELCOFF, 1978, p. 35).
letrada convivia harmoniosamente com o meio de origem
dos alunos e correspondia às suas aspirações. (FREIRE, A escola deveria ser um ambiente de valorização das
1971, p. 27). culturas, de reconhecimento de aprendizagem
individualizada, e não totalitária. Há sem dúvida, uma clara
Com o passar dos tempos, a burguesia começou a exclusão daqueles que não atingem aos níveis de ensino
notar que a classe trabalhadora também necessitava de um propostos pelo sistema educacional, que não aprende dentro
mínimo de instrução, para que as atividades no trabalho dos padrões exigidos para que as escolas se exaltem sobre
fossem mais harmoniosas. Freire, 1971, coloca que os índices e resultados de educação.
“ignorantes” deveriam socializar-se, isto é, deveriam ser
“educados” para tornar-se bons cidadãos e trabalhadores Ter acesso à escola não significa garantia de ensino
disciplinados. E assim, consequentemente, foram criadas as de qualidade e igual à todos. Para explicar os diversos
chamadas escolas para os pobres. Mas, o acesso a educação fatores que influenciam o fracasso escolar, alguns criam o
e a cultura torna-se algo indissociável para a democratização conceito de que crianças que provem de familias de baixa
do ensino, e com isso, a classe trabalhadora reveindica uma renda não aprendem ou não estão interessadas em ir à
escola igualitária, onde todos, idependente da classe social, escola. Esses conceitos vem na maioria dos casos para
tenha acesso e as mesmas oportunidades e cultura. Mas, eximir a culpa da escola sobre o seu não cumprimento do
quando os filhos dos trabalhadores começam a frequentar seu papel perante à sociedade.
esta “escola para todos”, há um choque de culturas, de
saberes, e com isso, não se sentem inseridos no espaço Forgiarini (2007), expõe que as explicações que se
escolar, iniciando assim, uma onde de evasão e repetência. tem utilizado para o fracasso nas escolas, em nada têm
contribuído para reverter essa situação, pois as explicações
Freire, 1971, coloca que é verdade que os filhos dos baseiam-se em mitos construídos sob forte influência
operários, lavradores e assalariados de baixa renda vêm ideológica. Podemos dizer também que as práticas
tendo maior acesso à escola. No entanto, suas possiblidades pedagógicas no interior das escolas contribuem na produção
de êxito permanecem muito menores do que as dos filhos de do fracasso escolar, o que requer que sejam revistas, por
outras categorias sociais. meio de uma reflexão sobre os seus principais elementos
estruturantes, sendo eles: relação professor-aluno;
Um dos fatores que podemos definir claramente metodologia de trabalho do professor; currículo; avaliação e
como influenciador na questão do fracasso dentro das gestão escolar. Faz-se necessário, no entanto, não perder de
escolas é o fato de que a instituição escolar não leva em vista que os processos de ensino-aprendizagem são
consideração as diferenças sociais e familiares de seus mediados pelo contexto sociocultural, pelas condições em
alunos, pois, é obvio que alunos que dispõe de tempo para que se efetivam a aprendizagem e o desenvolvimento, pelos
estudar, que possuem de pais que paticipam e auxiliam nas processos organizacionais e, consequentemente, pela
lições, que vivem em ambientes onde não há conflitos ou dinâmica em que se constrói o projeto político-pedagógico.
marginalidade, obtém maiores resultados dentro da escola
do que aqueles alunos que trazem um contexto social Segundo Saviani:
diferente. A escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos
instrumentos que possibilitem o acesso ao saber elaborado
A cultura é outro fator determinante: quando a (ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse
criança chega à escola, traz consigo experiências pessoais saber. [...]o saber sistematizado, a cultura erudita, é uma
vividas de seu contexto social e familiar. O desenvolvimento cultura letrada. Daí que a primeira exigência para o acesso a
de sua inteligência, de sua personalidade, de sua afetividade, esse tipo de saber é aprender a ler e escrever. Além disso, é
foi construído pela assimilação destas atitudes e destes preciso também aprender a linguagem dos números, a
valores. linguagem da natureza e a linguagem da sociedade. Está aí o

316
conteúdo fundamental da escola elementar: ler, escrever, seus membros se disponham a estabelecer um novo projeto
contar, os rudimentos das ciências naturais e das ciências de reflexão e ação (NAGEL, 1989, p.10).
sociais (história e geografia humanas) (SAVIANI, 1991, p. O problema do fracasso escolar deve ser desvelado
23). para que sejam tomadas atitudes cabíveis no enfrentamento
Ainda de acordo com Patto (1999), é possível do problema em questão.
perceber que o Fracasso Escolar persiste ao longo da história
da escola pública brasileira e parece estar imune às ações já Os fatores extraescolares são um dos atributos
desenvolvidas na tentativa de sua superação. As explicações empregados ao fracasso escolar. Neles encontramos a fome,
que se tem utilizado para o mesmo nos meios escolares e na as péssimas condições econômicas, falta de moradia
sociedade, em nada têm contribuído para reverter essa adequada, dificuldade de acesso à escola, enfim, fatores nos
situação, pois as explicações baseiam-se em mitos quais se encontram as classes sociais menos privilegiadas.
construídos sob forte influência ideológica.
Segundo Marchesi e Gil, 2004:
Para Marchesi e Gil (2004), o fracasso escolar não é
um desastre natural, mas sim um fenômeno produzido pela O termo fracasso escolar transmite a idéia de que o
ação dos seres humanos. E pode-se dizer ainda, que o aluno “fracassado” não progrediu praticamente nada durante
fracasso escolar é um resultado desejado, produzido pela seus anos escolares, nem no âmbito de seus conhecimentos
ação humana. nem no seu desenvolvimento pessoal e social. (PORTO
ALEGRE, 2004, p. 17).
Ao analisarmos desta forma, vimos que os fatores
atribuídos ao surgimento do fracasso escolar tem mais a ver Analisando a seguinte afirmação dos autores
com os fatores internos das crianças do que aos fatores podemos ver que o termo “fracasso” está exposto em um
externos da escola. Mas a avaliação escolar também é outro sentido amplo, não considerando as aprendizens
fator a ser considerado. significativas que o aluno trouxe durante o ano letivo, mas
sim uma aprendizagem no total, como um todo. Não
Conforme explica Luckesi, (2002): podemos padronizar a forma de aprender e de ensinar,
assim, exigir que todos os alunos sejam iguais dentro da
A avaliação da aprendizagem não é e não pode escola, aprendendo por “etapas”. Mas, uma cultura criada ao
continuar sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e longo dos anos determina o que e como os alunos devem
submete a todos. Chega de confundir avaliação da aprender, sem levar em consideração, as aprendizagens
aprendizagem com exames. A avaliação da aprendizagem, obtidas fora do contexto escolar, no dia-a-dia, da educação
por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e não-formal.
construtiva, diversa dos exames, que não são amorosos, são
excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A 5.21 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -Lei
avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, n.º 9.394/96, de 20/12/96.
excluem, marginalizam. (LUCKESI, 2002, p.1).
• Estabelece as diretrizes e bases da educação
As escolas têm utilizado a avaliação não como forma nacional.
de analisar o processo de ensino-aprendizagem em sua TÍTULO I
totalidade, mas sim, de uma forma excludente, onde quem Da Educação
não tira notas altas é reprovado sem que haja uma
compreensão maior deste processo. A avaliação Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se
classificatória é apontada como um dos fatores que levam ao desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
fracasso escolar, visto que os alunos que não conseguem trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
tirar notas satisfatórias em exames são reprovados ou movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
encaminhados para salas de recuperação. Essas salas de manifestações culturais.
recuperação já trazem consigo um ambiente de exclusão, § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
pois ali são enviados todos aqueles que não conseguem de desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
alguma forma acompanhar o aprendizado do restante da instituições próprias.
turma. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
trabalho e à prática social.
Nesse sentido, Nagel afirma:
A escola não pode esperar por Reformas Legais para Do Ensino Fundamental.
enfrentar a realidade que lhe afoga. Além do mais, a atitude
de esperar “por decretos” [...] reflete o descompromisso de Seção III
muitos e a responsabilização de poucos com aquilo que Do Ensino Fundamental
deveria ser transformado. A escola tem uma vida interior
que, sem ser alterada por códigos legislativos, pode trabalhar Seção III
com o homem em nova dimensão, bastando para isso que Do Ensino Fundamental

317
Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima II - interconfessional, resultante de acordo entre as
de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela
por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: elaboração do respectivo programa.
Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é
de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública a partir parte integrante da formação básica do cidadão e constitui
dos seis anos, terá por objetivo a formação básica do disciplina dos horários normais das escolas públicas de
cidadão mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.114, ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade
de 2005) cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de
duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, 22.7.1997)
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
formação básica do cidadão, mediante: (Redação procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
dada pela Lei nº 11.274, de 2006) religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, admissão dos professores. (Incluído pela Lei nº 9.475,
tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da de 22.7.1997)
escrita e do cálculo; § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,
II - a compreensão do ambiente natural e social, do constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a
sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em definição dos conteúdos do ensino
que se fundamenta a sociedade; religioso. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
III - o desenvolvimento da capacidade de Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala
e habilidades e a formação de atitudes e valores; de aula, sendo progressivamente ampliado o período de
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos permanência na escola.
laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das
que se assenta a vida social. formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o § 2º O ensino fundamental será ministrado
ensino fundamental em ciclos. progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão de ensino.
regular por série podem adotar no ensino fundamental o
regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação 5.21.1 Da Educação de Jovens e Adultos.
do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas
do respectivo sistema de ensino. Seção V
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em Da Educação de Jovens e Adultos
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de Art. 37. A educação de jovens e adultos será
aprendizagem. destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
ensino a distância utilizado como complementação da Art. 37. A educação de jovens e adultos será
aprendizagem ou em situações emergenciais. destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das própria e constituirá instrumento para a educação e a
crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela
no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Lei nº 13.632, de 2018)
Criança e do Adolescente, observada a produção e § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
distribuição de material didático adequado. (Incluído aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
pela Lei nº 11.525, de 2007). estudos na idade regular, oportunidades educacionais
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
incluído como tema transversal nos currículos do ensino interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos
fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011). e exames.
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o
constitui disciplina dos horários normais das escolas acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante
públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus ações integradas e complementares entre si.
para os cofres públicos, de acordo com as preferências § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-
manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em se, preferencialmente, com a educação profissional, na
caráter: forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
I - confessional, de acordo com a opção religiosa do 2008)
aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e
orientadores religiosos preparados e credenciados pelas exames supletivos, que compreenderão a base nacional
respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de

318
estudos em caráter regular. IV - educação especial para o trabalho, visando a sua
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se- efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições
ão: adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos
os maiores de quinze anos; oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
maiores de dezoito anos. psicomotora;
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos V - acesso igualitário aos benefícios dos programas
educandos por meios informais serão aferidos e sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do
reconhecidos mediante exames. ensino regular.
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
5.21.2 Da Educação Especial nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação
matriculados na educação básica e na educação superior, a
CAPÍTULO V fim de fomentar a execução de políticas públicas destinadas
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, Parágrafo único. A identificação precoce de alunos
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para com altas habilidades ou superdotação, os critérios e
educandos portadores de necessidades especiais. procedimentos para inclusão no cadastro referido
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar cadastramento, os mecanismos de acesso aos dados do
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para cadastro e as políticas de desenvolvimento das
educandos com deficiência, transtornos globais do potencialidades do alunado de que trata o caput serão
desenvolvimento e altas habilidades ou definidos em regulamento.
superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
2013) estabelecerão critérios de caracterização das instituições
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
especializado, na escola regular, para atender às exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e
peculiaridades da clientela de educação especial. financeiro pelo Poder Público.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, Parágrafo único. O Poder Público adotará, como
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
das condições específicas dos alunos, não for possível a sua educandos com necessidades especiais na própria rede
integração nas classes comuns de ensino regular. pública regular de ensino, independentemente do apoio às
§ 3º A oferta de educação especial, dever instituições previstas neste artigo. (Regulamento)
constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a Parágrafo único. O poder público adotará, como
seis anos, durante a educação infantil. alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos educandos com deficiência, transtornos globais do
do caput deste artigo, tem início na educação infantil e desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. própria rede pública regular de ensino, independentemente
4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação do apoio às instituições previstas neste
dada pela Lei nº 13.632, de 2018) artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos CAPÍTULO V-A
educandos com necessidades especiais: (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS
educandos com deficiência, transtornos globais do Art. 60-A. Entende-se por educação bilíngue de
desenvolvimento e altas habilidades ou surdos, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras),
2013) como primeira língua, e em português escrito, como segunda
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos língua, em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de
e organização específicos, para atender às suas necessidades; surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de
II - terminalidade específica para aqueles que não surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração superdotação ou com outras deficiências associadas,
para concluir em menor tempo o programa escolar para os optantes pela modalidade de educação bilíngue de
superdotados; surdos. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
III - professores com especialização adequada em § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
nível médio ou superior, para atendimento especializado, educacional especializado, como o atendimento educacional
bem como professores do ensino regular capacitados para a especializado bilíngue, para atender às especificidades
integração desses educandos nas classes comuns; linguísticas dos estudantes surdos. (Incluído pela Lei nº

319
14.191, de 2021) altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências
§ 2º A oferta de educação bilíngue de surdos terá associadas materiais didáticos e professores bilíngues com
início ao zero ano, na educação infantil, e se estenderá ao formação e especialização adequadas, em nível
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) superior. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
§ 3º O disposto no caput deste artigo será efetivado Parágrafo único. Nos processos de contratação e de
sem prejuízo das prerrogativas de matrícula em escolas e avaliação periódica dos professores a que se refere
classes regulares, de acordo com o que decidir o estudante o caput deste artigo serão ouvidas as entidades
ou, no que couber, seus pais ou responsáveis, e das garantias representativas das pessoas surdas. (Incluído pela Lei nº
previstas na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto 14.191, de 2021)
da Pessoa com Deficiência), que incluem, para os surdos
oralizados, o acesso a tecnologias assistivas. (Incluído pela 5.22 A LDB e a formação dos profissionais da Educação.
Lei nº 14.191, de 2021) A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de
Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 desta Lei, os 1996, tem sido mais utilizada para fazer referência às novas
sistemas de ensino assegurarão aos educandos surdos, surdo- exigências do governo relacionadas ao exercício da
cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com profissão para o ensino básico.
altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências
associadas materiais didáticos e professores bilíngues com Dessa forma, o Conselho Nacional de Educação (CNE)
formação e especialização adequadas, em nível definiu princípios orientadores amplos e diretrizes para um
superior. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) programa nacional de formação de professores, para sua
Parágrafo único. Nos processos de contratação e de organização no tempo e no espaço e para a estruturação dos
avaliação periódica dos professores a que se refere cursos. As discussões a respeito da formação de professores
o caput deste artigo serão ouvidas as entidades no âmbito do governo federal incluem, ainda, a definição de
representativas das pessoas surdas. (Incluído pela Lei nº competências e áreas de desenvolvimento profissional.
14.191, de 2021)
Segundo o artigo 62 da LDB: “A formação de docentes para
CAPÍTULO V-A atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em
(Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades
DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na
Art. 60-A. Entende-se por educação bilíngue de educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino
surdos, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade
escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), normal”. Assim, de acordo com as novas exigências para a
como primeira língua, e em português escrito, como segunda formação de professores, pela LDB, a partir de 2007 só
língua, em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de serão admitidos professores habilitados em nível superior.
surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de
surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência As orientações da LDB para formação em nível superior
auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou criaram várias dúvidas e conflitos a respeito de duas novas
superdotação ou com outras deficiências associadas, organizações: os institutos superiores de educação (local
optantes pela modalidade de educação bilíngue de onde a formação de professores deveria acontecer) e os
surdos. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) cursos normais superiores (que forneceria a habilitação
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio desejada). Os cursos de Pedagogia, por sua vez, ficaram em
educacional especializado, como o atendimento educacional dúvida sobre seu papel.
especializado bilíngue, para atender às especificidades
linguísticas dos estudantes surdos. (Incluído pela Lei nº Como a política de formação de professores ainda causa
14.191, de 2021) dúvidas, estabeleceu-se, por enquanto, que o curso de
§ 2º A oferta de educação bilíngue de surdos terá Pedagogia ficaria orientado para quem desejasse seguir
início ao zero ano, na educação infantil, e se estenderá ao carreira administrativa, como diretor e supervisor
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) educacional. O normal superior seria exclusivamente para a
§ 3º O disposto no caput deste artigo será efetivado docência. No entanto, o normal superior tem sido oferecido
sem prejuízo das prerrogativas de matrícula em escolas e apenas por instituições privadas e as universidades públicas
classes regulares, de acordo com o que decidir o estudante continuam com o curso de Pedagogia.
ou, no que couber, seus pais ou responsáveis, e das garantias
previstas na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto A figura do Instituto Superior de Educação também causa
da Pessoa com Deficiência), que incluem, para os surdos polêmica já que não está definida. O Instituto não precisa ser
oralizados, o acesso a tecnologias assistivas. (Incluído pela fundado em uma universidade ou faculdade isolada e alguns
Lei nº 14.191, de 2021) educadores entendem que a própria faculdade de Pedagogia
Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 desta Lei, os pode se enquadrar nessa denominação.
sistemas de ensino assegurarão aos educandos surdos, surdo-
cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com A LDB, no entanto, não excluiu a importância dos cursos

320
normais de nível médio, que servirão às regiões que sofrem assediador de uma pretensa superioridade frente à vítima.
a falta de professores qualificados, como o Norte e Esse desequilíbrio geralmente surge das diferenças entre
Nordeste. Além disso, quem tem formação de magistério em raças, classes sociais, credos religiosos, gênero
segundo grau pode continuar atuando. A partir de 2007, o ou orientação sexual e aparência física. Com o avanço das
quadro muda só para quem inicia carreira. tecnologias de comunicação e a onipresença da Internet
como uma espaço de interações sociais, as práticas de
Muitos acreditam que o prazo estipulado pela LDB para bullying não se resumem mais aos ambientes escolares ou
formação de todos os professores em nível superior não de outras instituições mas também se ampliaram para o
conseguirá ser cumprido. No entanto, a Secretaria de mundo virtual:
Educação Superior do MEC admite que o objetivo das
mudanças, mais que impor regras, é “induzir os professores o ciberbullying tornou o tema ainda mais complexo, já que o
que já estão dando aula a buscar o nível superior”. anonimato que se desfruta na rede deu mais condições para a
ação inconsequente daqueles que praticam o bullying contra
O objetivo das novas exigências é que o Brasil chegue perto suas vítimas.
dos indicadores de qualidade de países desenvolvidos,
precisando, para isso, resolver o problema dos professores Dessa forma, uma terceira característica que define a prática
leigos, que dão aula sem estarem habilitados. Segundo o de bullying é de que ela se refere a um ato intencional, quer
MEC, “todo o aparato legal que vem sendo produzido no dizer, aquela pessoa ou grupo que realiza o bullying contra
campo da formação de professores, volta-se, integralmente, uma vítima tem a intenção expressa de provocar dor ou
para a superação de uma formação insuficiente, cujos dano, seja físico ou emocional. Nesse sentido, interessa mais
resultados, a grosso modo, têm sido observado no saber quais são os motivos que geram esse comportamento
desempenho de seus egressos”. hostil do que simplesmente condenar os agressores. Isso
porque, como dito, a natureza sistemática e a assimetria de
As mudanças pretendidas pela reforma do ensino poder que se mostram no bullying possuem explicações
recomendam que as instituições sigam as “diretrizes para a estruturais. Pesquisas apontam que os motivos dos
formação dos professores” que foram estabelecidas pelo agressores geralmente estão relacionados a alguma tipo de
CNE. ressentimento, mostrando que aqueles que praticam
o bullying são também, de alguma forma, vítimas das
5.23 Temas contemporâneos: bullying, o papel da escola, mesmas assimetrias de poder que se encontram na
a escolha da profissão. sociedade.

5.23.1 Bullying No Brasil, a Lei 13185 de 2015 tipifica o bullying e cria o


O bullying é o ato sistemático de importunação, ameaça e de Programa de Combate à Intimidação Sistemática. Nela, além
uso de violência, física ou emocional, sobre um indivíduo de definir a prática em si, estão previstas medidas de
por uma ou mais pessoas. O termo bullying tem sua raiz no prevenção e combate a serem adotadas por escolas e as
verbo da língua inglesa bully, que expressa a ação de comunidades com foco na conscientização e no apoio
machucar ou ofender alguém mais fraco ou de fazê-lo tomar psicológico e pedagógico às vítimas. No entanto, o
uma atitude que este não deseja. Embora o ato de enfrentamento do bullying deve ser entendido como uma
importunação e intimidação seja costumeiro nas interações tarefa de toda a sociedade, uma vez que não se trata de
entre grupos e pessoas, o termo bullying ganhou projeção superar uma postura individual, mas uma verdade cultura
sobretudo a partir dos constantes atentados em colégios que permeia nossas vidas.
nos Estados Unidos. Dessa forma, tornou-se uma
preocupação central para pensar as práticas pedagógicas e, 5.23.2 Papel da escola
principalmente, as relações sociais que se descortinam na O papel da escola é socializar o conhecimento seu dever é
relação entre escola, família e sociedade. atuar na formação moral dos alunos, é essa soma de esforço
que promove o pleno desenvolvimento o indivíduo como
Uma das características do bullying é seu caráter repetitivo, cidadão. A escola é o lugar onde a criança deverá encontrar
ou seja, trata-se de uma prática de abuso que acontece com os meios de se prepara para realizar seus projetos de vida, a
regularidade e em um determinado contexto. Portanto, o qualidade de ensino é, portanto, condição necessária tanto na
bullying, mais do que uma ação isolada motivada por uma sua formação intelectual quanto moral, sem formação de
briga pontual, é uma prática que se baseia na intimidação qualidade a criança poderá ver seus projetos frustrados no
constante e permanente. É a cotidianização desses assédios futuro.
que mina paulatinamente a autoestima e transforma a vida
das vítimas do bullying em um pesadelo de perseguição e Os professores e toda a comunidade escolar, a forma de
depreciação, ao passo que as ofensas vão sendo avaliação são transmissores de normas e valores que
interiorizadas pelas vítimas, refletindo negativamente na norteiam e preparam o indivíduo para viver coletividade.
capacidade de formação de uma autoimagem não distorcida. Assim, é importante que as questões de vida em sociedade
Essa repetição, por sua vez, pauta-se em uma assimetria de façam parte, com clareza, da organização curricular, levando
poder, em uma percepção por parte do grupo ou indivíduo a ética ao centro de reflexão e do exercício da cidadania.

321
A convivência deve ser organizada de modo que os Além das questões individuais da escolha do curso, os
conceitos como justiça, respeito e solidariedade que sejam jovens também sofrem com influências externas, como a
compreendidos, assimilados e vividos, com esse proposto à pressão social, a expectativa e prospecção dos pais em
escola se desafiam a instalar uma atitude crítica, que levará relação a eles.
o aluno a identificar possibilidades de reconhecer seus Todas essas questões influenciam na hora da tomada de
limites nas ações e nos relacionamentos a partir dos valores decisão dos estudantes e é por isso que a escola precisa
que os orientam. entender bem todas essas questões a fundo para saber como
orientar os alunos em cada um desses quesitos.
Formar uma escola democrática que esta sempre atenta à
qualidade do relacionamento entre seus alunos, professores, Como orientar os estudantes no processo de escolha da
pais e dirigentes, já que já praticam, as relações sociais são profissão:
os melhores mestres em questão e moralidade. Professor a
cooperação o diálogo reforçam o respeito mútuo, tão 1. Conheça bem os alunos de sua escola
determinante para o convívio democrático, então educador o A primeira dica para ajudar os alunos de sua escola a
seu desafio é, então esta alerta para o conhecimento e as escolherem uma profissão de maneira tranquila e até quem
informações que possam orientar os princípios da sabe, gostosa, passa por conhecer bem os jovens que
construção da cidadania na escola. frequentam a instituição.

“Lembre-se está na LDB- Lei Diretrizes e Base Da Para além de números, os alunos precisam ser tratados como
Educação Nacional- que e dever da escola o compromisso jovens que estão apenas começando a viver e, portanto,
de educar os alunos dentro dos princípios democráticos.” necessitam (e muito!) de orientação. No entanto, para que
essa orientação seja bem direcionada, é necessário conhecer
Fazer com que o aluno perceba que há coerência entre esses os interesses e atividades que esses jovens gostam. Mostre
valores e o que ele espera da vida, então não há dúvida, ele que você se interessa pelo que eles gostam de fazer fora do
se tornará uma pessoa que se auto- respeito, pelo simples ambiente escolar.
fato de respeitar esses valores. O papel da escola é
justamente esse: fazer compreensível o significado dos Munidos desse conhecimento será possível orientá-los
conceitos das normas e valores, se esforçarem para torná-los corretamente, explicando as implicações, dificuldades e
visíveis, assimilar os valores no seu comportamento ao pontos positivos de cada área profissional. É bem
conscientizá-los na sua relação com os outros alunos interessante contar com profissionais da área da psicologia
afirmando sua autonomia, estabelecer limites ao exercício da disponíveis para conversar com seus alunos individualmente
liberdade, contribuir para uma convivência democrática. sobre seus medos e expectativas.

Desta forma, a escola deve preocupar-se, possibilitando 2. Saiba orientar os jovens levando em consideração as
condições para que a sociedade que a abriga ingresse em seu habilidades escolares
meio, assumindo assim seu compromisso como local de
transmissão de saber e construção do conhecimento o papel Uma das dúvidas mais recorrentes dos jovens é sobre suas
da escola neste mundo que se transforma, deve estar habilidades. Muitas vezes eles têm mais facilidade em
equilibrado entre uma função sistêmica de preparar cidadãos matérias das áreas de humanas, mas não sabem se isso é um
tanto para desenvolver suas qualidades como para a vida em indício ou não de que devem seguir profissões dessa área.
sociedade. Ao mesmo tempo, deve exercitar sua função Em outros momentos, ainda que tenham facilidade em
crítica ao estudar os principais problemas que interferem em determinadas matérias, querem seguir profissões
sua localidade, devendo apontar soluções. completamente diferentes, às vezes por vontade própria,
outras vezes por pressões sociais.
5.23.3 Escolha da profissão
Antes de propriamente entender qual o papel da escola e O seu papel é orientar e, mais uma vez, estabelecer um
como ela pode auxiliar os alunos em sua decisão diálogo aberto com os educandos. Eles estão cheios de
profissional, é importante entender o que afinal os jovens dúvidas, que você, como uma pessoa em que eles confiam,
levam em consideração na hora dessa escolha. pode ajudar a sanar.

Eles consideram várias questões para escolher um curso, É relevante estimular os professores a identificarem as
como o status social dessa profissão, se ele será bem habilidades dos alunos e também conversarem com eles
sucedido em sua escolha, se o curso selecionado é muito sobre isso, orientando-os sobre as profissões em que se
difícil e se o mercado para esta área está aquecido. dariam bem.

Os jovens também pensam em como suas aptidões e 3. Oriente os jovens em relação aos pais
habilidades podem ajudá-lo na hora de fazer um curso que Esteja aberto a ouvir os alunos quando eles vierem falar
irá construir seu futuro profissional. sobre as expectativas de seus pais.

322
Os pais, em muitas ocasiões, projetam em seus filhos Mostre a eles que qualquer profissão é digna e o que é
questões particulares que não são pertinentes a eles, o que é importa é que eles sejam bons profissionais no que quer que
muitíssimo normal. Afinal, pais não são super-heróis e nem optem por fazer. Escolher uma profissão de maior prestígio
nascem sabendo como criar filhos, eles vão aprendendo não é garantia de sucesso. O sucesso está intimamente
durante o percurso. atrelado à felicidade. Escolher profissões que te fazem feliz
faz muito mais sentido do que escolher algo só por um
Seria interessante que a escola oferecesse uma orientação possível retorno financeiro, que não é não garantido.
para os pais e responsáveis dos alunos, eles também
precisam ser pontos de apoio para seus filhos, mas antes 6. Saiba como apoiar as decisões dos alunos
precisam se conhecer, resolver suas questões particulares e A escola deve saber como apoiar as decisões de seus alunos,
aprender a apoiar sem projeções e cobranças excessivas. quer eles optem por medicina quer optem por música. Cada
decisão é individual e deve ser comemorada com a mesma
4. Mantenha os jovens bem informados em relação ao empolgação.
mercado de trabalho
Uma outra maneira de auxiliar na escolha profissional dos Uma escola que forma estudantes capazes de passar nos
jovens de sua escola é mantê-los sempre bem informados cursos e universidades mais concorridos realmente atrai
sobre o mercado de trabalho. matrículas. No entanto, ser uma instituição que preza pelo
bem estar de seus alunos, formando verdadeiros cidadãos
Apesar de sempre atentos às questões tecnológicas, nem também é um atrativo para que os pais matriculem seus
sempre os jovens sabem entender as mudanças no mercado filhos.
de trabalho. O advento de novas profissões causadas pelo
intenso uso das redes sociais é uma novidade quente, que É importante promover a diversidade dentro da instituição e
certamente irá mexer com as intenções profissionais dos isso passa também por comemorar as aprovações em
jovens. profissionais de licenciatura, artes e demais outras.

Várias profissões do futuro (e presente) estão atreladas à 7. Promova passeios a feiras profissionais
internet. Se o aluno gosta muito de escrever e ainda tem uma Uma outra super dica é promover passeios a feiras de
aptidão voltada à comunicação, ele vai gostar de saber que o profissão. Durante todo um dia os alunos poderão ver como
marketing, principalmente de conteúdo, é uma profissão funciona um pouquinho de cada curso e profissão.
super em alta e com ótimas expectativas.
Várias universidades promovem esse tipo de passeio,
Além do marketing há outras profissões super interessantes abrindo suas portas para apresentar aos jovens sobre os
relacionadas à internet, como: diferentes cursos, áreas de atuação etc. É uma atividade
realmente válida, uma vez que além de auxiliar os alunos,
• dados e inteligência artificial; leva-os para fora do ambiente escolar, o que os deixa mais
• desenvolvimento de produtos; relaxados.
• especialistas em inteligência artificial;
• cientista de dados. 8. Leve profissionais de diferentes áreas para conversar
com os alunos
Esses são só exemplos de profissões voltadas ao mundo A última dica é um pouco mais prática e tem a ver com levar
tecnológico. Além disso, profissões voltadas à economia profissionais de diferentes áreas para dentro da sala de aula.
verde serão bastante recorrentes. Os alunos podem querer levar seus pais, parentes ou
conhecidos. Os professores também podem levar pessoas
É substancial manter os jovens informados em relação a que conhecem de diferentes áreas. Essa dica é super
essas mudanças profissionais e é dever da escola mantê-los interessante porque os profissionais poderão contar um
alerta sobre isso. pouco de sua rotina diária.

5. Converse com jovens em relação às áreas profissionais Além disso, eles poderão mencionar como foi esse processo
menos valorizadas de escolha, contando como escolheram a profissão, se foi
A quinta dica tem a ver com profissões menos valorizadas. uma decisão tranquila ou não. Poderão mencionar, inclusive,
A escola pode e deve orientar os jovens de sua instituição se mudaram de ideia durante o percurso optando por uma
sobre essas profissões. outra área. Tudo isso trará tranquilidade aos alunos,
mostrando que profissionais bem sucedidos também
Em algumas ocasiões, os jovens se interessam por áreas de passaram por todas as etapas que eles estão passando no
“menor” prestígio social, como as áreas voltadas à educação, momento.
artes, entre outras, mas podem pensar em não as escolher
por medo de julgamentos sociais. É dever das escolas 5.24 Teorias do currículo.
orientar os alunos em relação a essas questões. O currículo escolar abrange as experiências de
aprendizagens implementadas pelas instituições escolares e

323
que deverão ser vivenciadas pelos estudantes. Nele estão crise relacionada a esse indicador: quando, por exemplo, o
contidos os conteúdos que deverão ser abordados no orçamento foi gravemente prejudicado ou quando a saída de
processo de ensino-aprendizagem e a metodologia utilizada estudantes refletiu na perda de confiança em relação à marca
para os diferentes níveis de ensino. da instituição.

Ele deve contribuir para construção da identidade dos alunos No entanto, o ideal é atuar de maneira preditiva, antecipando
na medida em que ressalta a individualidade e o contexto esse tipo de comportamento e evitando que ele se torne
social que estão inseridos. Além de ensinar um determinado realidade. É disso que se trata a gestão de permanência:
assunto, deve aguçar as potencialidades e a criticidade dos de saber como reter alunos em vez de consertar cenários
alunos. em que já há evasão.

Nessa perspectiva, a função da teoria curricular Essa subdivisão da gestão concentra esforços no estudo dos
é compreender e descrever fenômenos da prática curricular. possíveis motivos de evasão, observando o comportamento
É através da teoria que teremos a compreensão do objeto e da comunidade acadêmica e percebendo se existem
intenções de um determinado grupo social. Temos como insatisfações coletivas que podem provocar esse problema.
teorias do currículo:
Para conseguir atuar com boas práticas de gestão
• Teorias tradicionais: ela tem como objetivo educacional, é necessário se preparar para entender a visão
principal preparar para aquisição de habilidades dos alunos em relação ao estabelecimento. Indo além, é
intelectuais através de práticas de memorização. preciso engajá-los de maneira que se tornem não apenas
Esse tipo de currículo teve origem nos Estados fiéis como, também, defensores da marca.
Unidos e tem como base a tendência conservadora,
baseada nos princípios de Taylor, esse que igualava Qual a importância da gestão da permanência em
o sistema educacional ao modelo organizacional e momentos de crise?
administrativo das empresas.
• Teorias críticas: argumenta que não existe uma Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, as aulas
teoria neutra, já que toda teoria está baseada nas em diversas IEs do País foram temporariamente suspensas.
relações de poder. Isso está implícito nas O retorno das atividades presenciais ainda não tem data
disciplinas e conteúdos que reproduzem definida, o que fez com que muitas escolas rapidamente
a desigualdade social que fazem com que muitos implementassem ferramentas virtuais para transmitir
alunos saem da escola antes mesmo de aprender as conteúdos e dar continuidade ao calendário escolar.
habilidades das classes dominantes. Percebe o
currículo como um campo que prega a liberdade e O cenário pode parecer desafiador em um primeiro
um espaço cultural e social de lutas. momento, mas é preciso que haja um trabalho conjunto de
• Teorias pós-críticas: nessa perspectiva o currículo professores e gestores para que realmente seja possível
é tido como algo que produz uma relação de proporcionar uma experiência significativa de
gêneros, pois predomina a cultura patriarcal. Essa aprendizagem aos alunos.
teoria critica a desvalorização do desenvolvimento
cultural e histórico de alguns grupos étnicos e os Ou seja, o atual período de isolamento social exige que os
conceitos da modernidade, como razão e ciência. diretores tomem ações urgentes para frear ou, até mesmo,
Outra perspectiva desse currículo é a minimizar a evasão escolar. A gestão da permanência,
fundamentação no pós-estruturalismo que acredita portanto, é uma das medidas mais eficientes nesse sentido,
que o conhecimento é algo incerto e indeterminado. contribuindo diretamente para diminuir os impactos dos
Questiona também o conceito de verdade, já que momentos de maior crise.
leva em consideração o processo pelo qual algo se
tornou verdade. Quais são as melhores iniciativas para garantir a
permanência de alunos?
É por causa dessa divergência entre as teorias curriculares
que a escola deve procurar discutir qual currículo ela quer Implementar uma estratégia de gestão de permanência pode
adotar para se chegar ao objetivo desejado. Essa escolha ser uma excelente alternativa para garantir estabilidade
deve ser pensada a partir da concepção do seu Projeto nas finanças em tempos de crise e alta competitividade.
Político Pedagógico, esse que deve fundamentar a prática Para isso, você deve saber como manter alunos de maneira
teórica da instituição e as inquietudes dos alunos. eficiente.

5.25 Acesso, permanência com sucesso do aluno na O mais indicado nesse momento é planejar ações e
escola. atividades para se tornar ainda mais presente no cotidiano
Na maioria das instituições de ensino que sofrem com a escolar. Por exemplo, conhecer os estudantes de perto e
evasão, as ações são tomadas pela direção apenas após uma entender como o trabalho dos professores e funcionários
influencia o processo de ensino é uma das boas práticas que

324
podem ser implementadas. problemas institucionais, que pode provocar a evasão, é a
falta de acompanhamento dessas transformações.
Isso permitirá que o diretor avalie precisamente as causas da Estar em um espaço que parece continuar em uma década
evasão e consiga elaborar soluções que auxiliem a reverter a anterior pode causar um verdadeiro estranhamento ao aluno.
situação. Portanto, é recomendado tomar medidas Esse desconforto pode levar à falta de engajamento e ao
preventivas para evitar a desmotivação e, desligamento.
consequentemente, o abandono dos estudos. Para lidar com essa questão, investir em tecnologias e
sistemas modernos é fundamental, pois eles trazem
Confira abaixo as 10 dicas que separamos com as melhores recursos que já fazem parte da realidade do aluno dentro das
iniciativas para garantir a permanência da comunidade salas de aula.
acadêmica na instituição de ensino.
Determinadas ferramentas, como a realidade virtual,
1. Conhecer os alunos os games, os chatbots de atendimento, os ambientes virtuais
Para saber como manter estudantes, é preciso entender de aprendizagem e as redes sociais são apenas
primeiro o cenário social em que vivemos e no qual a maior algumas inovações que podem ser incorporadas para manter
parte dos alunos cresceu. Estamos em um momento de os alunos engajados e enxergando valor na sua instituição.
constantes mudanças na sociedade, em que tudo acontece de
maneira muito veloz. 4. Ter uma cultura sólida
A criação de uma cultura institucional sólida é mais uma das
Além disso, a tecnologia é um fator de grande influência na dicas para conquistar alunos. De fato, diversos
mentalidade dos alunos atuais, que são nativos digitais. Eles estabelecimentos de ensino têm visão, missão e valores.
são extremamente conectados e mais desejosos de agilidade Porém, por vezes, muitos desses conceitos não saem do
em todos os processos. papel ou não são incorporados por todos os colaboradores.

Todo esse contexto faz parte do estudante moderno, de suas Situações de evasão podem ter como origem o desânimo
preferências e expectativas. Junto a isso, estão a localidade com atitudes localizadas que não representam a visão que a
da instituição e o cenário socioeconômico da comunidade gestão tem. Garantir que todos falem a mesma língua é
acadêmica. importante para evitar esse tipo de mal-entendido.

Portanto, conhecer todos esses aspectos dos alunos que estão Ter uma cultura que seja constantemente propagada e
matriculados na IE é o trunfo que vai ajudar a gestão reafirmada nas ações da IE pode garantir maior
a pensar estratégias mais bem direcionadas e com maior engajamento de toda comunidade acadêmica e melhores
grau de aceitação do público. índices de satisfação dos alunos.

2. Apostar na presença on-line 5. Trabalhar com um sistema de gestão educacional


Se não tiver presença digital, a IE simplesmente perde a Gerir a permanência de alunos é um processo estratégico, o
oportunidade de estar nos mesmos espaços frequentados por qual pode se beneficiar muito da tecnologia, que hoje atua
seus alunos: as redes sociais. É nesses locais que eles como parceira de qualquer gestão. No caso das instituições
interagem, compartilham interesses, criticam e absorvem de ensino, um sistema especializado pode compor a
diferentes conhecimentos. iniciativa implementada.

A instituição é uma fatia importante da rotina educativa e, se Um sistema de gestão educacional traz como uma das
ela não está inserida nesses locais de forma relevante, a principais vantagens a coleta e organização dos dados dos
conexão pode acabar se enfraquecendo entre as duas partes. alunos. Isso possibilita que a direção tenha uma visão ampla
Para garantir presença on-line, além de investir na sobre informações que são preciosas para a tomada de
participação em redes sociais, é possível apostar em decisões.
conteúdos relevantes que gerem autoridade para a
instituição, como é o caso dos blogs e de alguns canais, Outro aspecto de um sistema dedicado é a agilidade na
como o YouTube. realização de processos comuns à rotina acadêmica. A
rapidez em tarefas simples, como geração de boletos e
O marketing digital também é um aliado, possibilitando a declarações, acesso a notas e a calendários, é excelente para
criação de campanhas personalizadas que podem ser atrair a atenção positiva dos estudantes.
direcionadas para públicos específicos. Esse tipo de
iniciativa é interessante tanto para a captação quanto para a Sistemas assim também podem ser integrados a ferramentas
retenção de alunos. de atendimento automatizadas. Esse é mais um recurso
que favorece a conexão com os alunos, promovendo uma
3. Observar as tendências comunicação mais transparente.
Como mencionamos, o estudante atual é constantemente
bombardeado por novidades e mudanças. Um dos grandes 6. Ter uma visão empática do aluno

325
É importante entender que a evasão escolar nas IEs é uma oportunidade e segurança para se expressarem.
realidade e, por isso, a gestão deve analisar Existem diferentes formas de garantir a participação dos
criteriosamente as maiores necessidades dos estudantes e discentes nas decisões da escola. Diante desse cenário, a
elaborar formas de resolver ou minimizar suas demandas. direção e os professores precisam oferecer formas para que
os estudantes emitam suas opiniões, o que pode ser feito por
É preciso ter em mente que antecipar o problema, meio de debates e discussões em sala de aula.
entendendo suas causas, é uma estratégia necessária para
impedir o abandono dos estudos. A IE também pode eleger representantes de turma para
serem porta-vozes dos discentes, tendo maior facilidade para
Existe uma série de ações que podem ser tomadas nesse apresentar as causas, reivindicações e propostas dos demais
sentido, como oferecer apoio psicológico para que os alunos colegas. Mesmo que pareçam trabalhosas em um primeiro
se sintam mais acolhidos. O auxílio também é uma forma de momento, as práticas são fundamentais para a melhoria do
demonstrar que os discentes sempre terão a quem recorrer, relacionamento da escola com a comunidade acadêmica.
caso necessitem de ajuda com seus problemas.
9. Adotar práticas adequadas para a nova realidade
A gestão da permanência também diz respeito ao tratamento Mais do que nunca, definir práticas que atendam às
empático que a direção tem com os estudantes. Portanto, demandas da nova realidade é imprescindível para a
estimular e manter práticas de assistência e que contribuem continuidade das atividades pedagógicas. O gestor, portanto,
para o bom convívio da comunidade acadêmica é uma deve incentivar o corpo docente a desenvolver
necessidade mais do que vital para combater a evasão competências para que a IE não sofra tantos impactos no
escolar. cronograma de aulas.

7. Criar condições para o engajamento Contar com o apoio dos professores nesse momento é
Outra grande dica é criar condições para que os alunos se fundamental para assegurar que os alunos tenham acesso
sintam engajados a prosseguir os estudos na instituição de a todos os conteúdos e que não percam nenhuma matéria
ensino, mesmo diante dos atuais desafios. Assim, é importante.
imprescindível que a escola oriente os estudantes sobre o
novo cronograma e o prazo das atividades que serão Até porque os educadores sabem o que é melhor para as
realizadas, mantendo uma comunicação eficiente e turmas, reconhecendo quais são as metodologias e os
transparente. formatos que podem fazer diferença no processo de
aprendizagem.
Estimular o diálogo e a troca de ideias também é outra
forma de compartilhar expectativas e visões de como serão Com isso, a gestão terá mais chances de tomar decisões e
as aulas. Isso porque, quando a IE oferece oportunidades optar por estratégias que estejam alinhadas às novas
de fortalecimento do vínculo com a comunidade necessidades e, também, à atual realidade. Assim, será
acadêmica, o processo de ensino acaba sendo mais possível atender às expectativas dos alunos e manter
interessante e atrativo. o engajamento escolar por mais tempo.

A interação, além de humanizar a experiência, fornece 10. Instruir os alunos sobre as tecnologias
informações valiosas para o corpo docente. Entendendo as Caso a IE implemente um sistema para dar seguimento ao
necessidades dos alunos, fica mais simples para os calendário escolar, também será essencial instruir os
professores elaborarem as aulas alinhadas às demandas de estudantes em relação às tecnologias de ensino. Isso será
aprendizagem. vital para ter um melhor aproveitamento das aulas e para
que os discentes cumpram com a entrega de trabalhos e
Outro fator que pode influenciar positivamente, não apenas atividades dentro do prazo estipulado pelo professor.
o engajamento, mas também a retenção, é
o acompanhamento constante do desempenho escolar. Mesmo que muitos estudantes tenham familiaridade com a
tecnologia, é possível que alguns discentes apresentem
A quantidade de acessos no ambiente virtual, o tempo de dificuldade em relação às funcionalidades da plataforma de
permanência na plataforma e os trabalhos entregues, por aprendizagem virtual. A situação pode representar a perda
exemplo, podem ser utilizados pela gestão para identificar o do desempenho e fazer com que alguns conteúdos não sejam
nível de envolvimento dos estudantes. tão bem explorados pelos alunos.

8. Pensar na comunidade acadêmica ao tomar decisões A IE, nesse caso, tem um papel essencial para garantir o
estratégicas alinhamento da comunidade acadêmica com o novo formato
É fundamental que a IE, antes de definir ações estratégicas, implementado para a continuidade das atividades
leve em consideração as necessidades dos alunos. Isso pedagógicas.
porque uma das formas de evitar a evasão escolar é,
justamente, oferecer um espaço onde os estudantes têm Entendemos como fazer uma gestão da permanência de

326
alunos com eficiência pode ser desafiador. No entanto, com • Incentivar os funcionários de todos os níveis a
ações e ferramentas certas, a gestão pode atuar com continuarem sua educação regularmente (lifelong
mais assertividade e proporcionar maior satisfação com o learning).
andamento das práticas de ensino. Além disso, é preciso entender que a gestão de
aprendizagem acontece considerando 4 diferentes
5.26 Gestão da aprendizagem. perspectivas:
A Gestão da aprendizagem é a capacidade de aplicar e
gerenciar estratégias pedagógicas e conteúdo que entregam Individual
resultados para os alunos. Um Sistema de Gestão da Quando um colaborador aprende novas habilidades ou se
Aprendizagem (do inglês: Learning Management System) sente livre para ter ideias sobre sua função,
LMS, também chamado de plataforma e-learning ou ainda a produtividade e o desempenho geralmente melhoram.
sistema de gestão de cursos de formação, disponibiliza uma É crucial, portanto, que esse colaborador seja incentivado a
série de recursos, síncronos e assíncronos, que dão suporte compartilhar esses conhecimentos e experiências aos
ao processo de aprendizagem. colegas.

Dentro das organizações, essa estratégia é importantíssima Grupo


para que o processo de treinamento e desenvolvimento Grupos também podem aprender novas habilidades juntos.
ocorra de forma assertiva. Ela pode ser feita de diversas Quando as pessoas passam a maior parte do tempo
maneiras, sendo que o objetivo é avaliar todas as estratégias trabalhando em uma equipe, elas tendem a se coordenar de
de desenvolvimento que podem ser aplicadas dentro da tal forma que aprendem como um grupo.
empresa, escolhendo as que trazem melhores resultados.
Ou seja, se tornam mais sincronizadas, eliminam gargalos e
Esse processo foi por muito tempo feito manualmente, o que trabalham juntas em prol dos objetivos (agilidade, qualidade
exigia bastante organização das empresas e atrasava a etc.).
tomada de decisões. Desse modo, era difícil identificar
dificuldades de aprendizagem nos colaboradores e os Organizacional
materiais que não estavam sendo interessantes para o O aprendizado organizacional é o processo da organização,
desenvolvimento deles. como um todo, obter conhecimento e usá-lo de modo a se
adaptar a novos cenários ou perseguir novas metas.
Com o avanço da tecnologia, muitas organizações passaram
a contar com uma plataforma LMS (Learning Management Interorganizacional
System) para acompanhar o desenvolvimento dos Um tipo mais raro de aprendizagem, normalmente
colaboradores em seus processos de capacitação. Isso trouxe específico de alguns modelos de negócios, como grandes
mais agilidade para o processo, permitindo que mudanças redes de franquias ou empresas com várias operações em
fossem feitas para melhorar a qualidade dos treinamentos. diferentes locais.

Na prática, a gestão de aprendizagem funciona de acordo No caso das franquias, pode ser visto como o aprendizado
com os processos produtivos da empresa: ela conceitualiza constante da matriz sobre as melhores práticas de gestão
um produto ou serviço, cria a solução e, após vendê-lo, para as unidades — o que é compartilhado com os
reflete sobre o mesmo. É assim que a aprendizagem franqueados, visando melhorar os resultados.
acontece no ambiente de trabalho.
5.27 Planejamento e gestão educacional.
Mas o que seria “refletir” sobre o produto ou serviço? A gestão escolar é uma espécie de modelo educacional
Basicamente, o ato da equipe interagir entre si e com players elaborado pelas instituições de ensino. O intuito é
de fora da empresa para encontrar problemas e as soluções impulsionar e coordenar diferentes dimensões das
para os mesmos. habilidades, dos talentos e, também, da dita competência
educacional, aprimorando o ensino.
Esse é um dos aspectos-chave da teoria de aprendizagem
organizacional. Vale ressaltar que tal conceito se diferencia de
“administração acadêmica” ou “administração escolar”. O
Desse modo, ao estabelecer processos de gestão do objetivo da gestão escolar é aplicar princípios e estratégias
conhecimento, as empresas deveriam: essenciais para ampliar a eficácia dos processos dentro da
instituição e, assim, promover uma consistente melhoria do
• Valorizar as lições que o fracasso pode ensinar; ensino ofertado aos estudantes.
• Permitir que indivíduos e equipes desafiem o status
quo da organização; Ao definir a gestão como elemento prioritário em seu
• Desenvolver uma cultura que valorize o escopo de ações, a escola adquire a capacidade de se
compartilhamento de conhecimento; concentrar na promoção do crescimento, da coordenação e
da organização das condições básicas para afiançar um

327
progresso sustentável. • aprimorar as metodologias de ensino;
• elaborar e implementar projetos pedagógicos;
Na gestão da escola, a preocupação é lidar com todos os • definir metas para otimizar a relação de
aspectos pertinentes às rotinas educacionais. Seu foco ensino/aprendizagem.
primordial é a obtenção de resultados, de empenho na
execução de uma liderança exemplar, de relevância do 2. Gestão administrativa da escola
currículo e da participação ativa dos pais. O objetivo principal da gestão administrativa da escola é
gerenciar os recursos materiais, físicos e financeiros da
O que é a gestão escolar online instituição.
A gestão escolar online é a administração da educação
utilizando tecnologias da informação. O gestor pode usar a A gestão é responsável por cuidar do patrimônio e assegurar
internet para gerenciar a secretaria de educação, escolas, a coerência de sua utilização. Para garantir que sua atuação
alunos e professores. Existem alguns equipamentos e seja exemplar, é imprescindível:
sistemas que podem ajudar na gestão escolar conectada,
como: • Manter um estado de constante atenção às
• Computadores normas e leis educacionais;
• Tablets • Prezar pela manutenção dos bens da empresa;
• Smartphones • Ter atenção com as atividades rotineiras da
• Notebooks secretaria (e de outras áreas) e com operações
• Smart tv pertinentes, de forma a ensejar um melhor
• Roteador e rede wifi trabalho do corpo docente.
• Switch de rede
• Rede 4G 3. Gestão financeira da escola
A funcionalidade da gestão financeira escolar consiste em
O que é a gestão escolar participativa gerir os recursos financeiros. Fica sob sua alçada, por
Entre os tipos de gestão escolar existe a participativa. A exemplo, realizar um levantamento de todas as receitas e
gestão escolar participativa é aquela em que a comunidade despesas, definir o destino dos recursos, fazer a distribuição
participa ativamente do planejamento, execução e apropriada do dinheiro de acordo com as demandas de cada
fiscalização dos gastos dos recursos da escola. As decisões atividade e setor etc.
são tomadas pelo conselho escolar, formado por
representantes dos pais, alunos, professores, coordenadores, A gestão escolar financeira competente é aquela capaz de
secretários e diretores escolares. garantir que todos os setores tenham suas demandas
atendidas e possam funcionar de forma plena e satisfatória,
O que é gestão escolar democrática contribuindo para que a organização alcance seus objetivos
A gestão escolar democrática tem como princípio a de negócios.
participação de toda a comunidade escolar na gestão da
instituição de ensino. Isto requer o envolvimento de pais, 4. Gestão de recursos humanos da escola
alunos, professores, diretores, coordenadores pedagógicos, Obviamente, a sua escola apresenta uma preocupação
secretários escolares, secretários de educação e até prefeitos. contínua com os seus recursos humanos. A gestão de RH
envolve lidar com o corpo docente, o corpo discente, os pais
Os 7 pilares da gestão educacional e os funcionários.
Para que seja viável a construção da autonomia da escola,
em todos os sentidos (financeiro, acadêmico, O setor de recursos humanos deve prezar por uma boa
pedagógico, redução de custos, otimização de processos, relação com todo esse contingente de pessoas ligado direta e
aproveitamento do tempo etc.), a gestão escolar pode se indiretamente aos processos da instituição. Contudo, o foco
assentar em 6 pilares norteadores, capazes de trazer deve ser majoritariamente o engajamento e a motivação dos
autonomia em todos os sentidos. Veja quais são eles: colaboradores, para que eles possam desenvolver as
habilidades necessárias para a obtenção de um melhor
1. Gestão pedagógica da escola desempenho da escola.
Esse é o pilar mais importante de todos. Ele deve ser a
prioridade máxima da instituição, uma vez que está direta e 5. Gestão da comunicação da escola
intimamente ligada à atividade-fim da empresa. Sendo A gestão de recursos humanos e a comunicação estão, de
assim, a gestão pedagógica está relacionada a elementos de fato, conectadas uma à outra. Mas esta última diz respeito
máxima relevância, tais como: somente à comunicação realizada internamente na
instituição.
• planejar e organizar o sistema educacional;
• gerir os recursos humanos; Ela trata também da comunicação feita para além dos muros
• melhorar as práticas educacionais; da escola, ou seja, com a comunidade exterior, com o

328
“público”. que se quer chegar do seu trabalho sistemático e contínuo.

6. Gestão de tempo e qualidade do ensino Através da avaliação institucional todos se tornam agentes
Por gestão do tempo, entendemos aqui o ato de estimular e de mudanças e atuantes na gerência pelas prioridades
proporcionar que todos os setores tenham condições de sociais, pois a produção científica e a construção da
aumentar a produtividade. E, também, de fazer com que os cidadania são os elementos fundamentais a serem avaliados.
procedimentos internos apresentem um elevado nível de Ela é uma exigência da atual conjuntura que tem como
excelência. princípio uma sociedade democrática. É uma forma
necessária de administração do ensino e serve como
Nesse caso, os gestores devem organizar e coordenar o melhoria da qualidade da instituição.
trabalho, de modo que a equipe obtenha um ótimo
desempenho e, consequentemente, reduza ineficiências.
É por isso que ao mudar alguma coisa na instituição deve-se
estudar como se pretende investigar o que caracteriza um
7. Controle acadêmico escolar
processo de avaliação institucional de uma forma que
O controle acadêmico faz referência à gestão dos alunos,
permita a reformulação de princípios administrativos /
englobando:
pedagógicos e que produza mecanismos para a efetivação de
• Gestão de matrículas dos alunos uma avaliação democrática.
• Gestão de documentos dos alunos
• Gestão de transferência e remanejamento de
A avaliação institucional ultrapassa as questões das
alunos
aprendizagens individuais, buscando compreender as
• Gestão das turmas dos alunos relações e as estrutras de caráter público e social das
• Gestão dos diários dos professores Universidades. Essas que tem devem ser avaliadas como
• Gestão das notas dos alunos forma de compreender e aprimorar seus compromissos com
• Gestão da frequência dos alunos a sociedade.
• Gestão da carga horária dos alunos
• Gestão dos conteúdos ministrados pelos
professores Esta avaliação é dividida em duas modalidades:

5.28 Avaliação institucional, de desempenho e de • Autoavaliação: Ela é Coordenada pela Comissão


aprendizagem. de Avaliação de cada instituição, sendo orientada
pelas diretrizes Nacionais e por um roteiro da auto-
Avaliação institucional avaliação institucional da Comissão Nacional de
A avaliação institucional é vista como instrumento de Avaliação (CONAES).
melhoria e de qualidade acadêmica e cientifica. Ela busca • Avaliação externa: Se baseia nos padrões nos
uma compreensão global das Universidades. Essa avaliação instrumentos de avaliação e relatórios das auto-
tem como objetivo compreender e avaliar todos os processos avaliações, sendo orientada por uma visão que
produzidos pela Universidade, intervindo criticamente na busca integrar uma natureza formativa e de
comunidade acadêmica e científica. É preciso encarar a regulação a partir de uma visão globalizada. Ela é
Universidade como uma instituição com movimentos Realizada por comissões constituídas por membros
fortemente pedagógicos e pluralistas, já que seu cotidiano é cadastrados e capacitados do Inep e do órgão do
feito de processos diferenciados e convergentes. Cabe a ela governo federal.
encontrar caminhos que preservem a pluralidade social,
respeitando a igualdade de cada cidadão. Deve contemplar Avaliação de Desempenho
as características individuais das instituições que se fazem Os jovens do século XXI não têm se contentado mais com
presentes nos diversos contextos do país. Dessa forma, os mesmos métodos avaliativos do ensino tradicional.
haverá a possibilidade de preservação da identidade de cada Intuitivamente, eles já querem ser cada vez mais
uma. protagonistas de seu processo de ensino-aprendizagem e
contar com métodos que acompanhem seu desenvolvimento
É preciso pensar numa avaliação capaz de identificar os pleno.
pontos fracos para que, em seguida, os erros possam ser
corrigidos e possamos ter uma Universidade de qualidade. As escolas então devem se adequar e trazer a tecnologia para
De acordo com Sobrinho (1995) a avaliação da dentro das salas de aula, para acompanhar e melhorar o
Universidade deve ultrapassar a simples medição e desempenho escolar desses alunos.
quantificação e buscar compreender os significados das
relações que constroem a Universidade. O processo Nesse sentido, o relatório de desempenho escolar surge para
de avaliação da Universidade requer que a instituição substituir o boletim e trazer modernidade e humanidade ao
tenha um julgamento de valores a respeito dos resultados ensino.

329
adjetivos, como excelente, ótimo, satisfatório etc. A
1. Elabore um roteiro para orientar os professores avaliação de desempenho escolar deve servir para avaliar a
A nossa primeira dica de como fazer uma avaliação de aprendizagem particular do aluno e não para compará-lo
desempenho escolar é: elabore um roteiro para orientar com os demais colegas.
professores. Isso porque sabemos que, assim como toda a
comunidade escolar, os educadores possuem várias tarefas Porém, é substancial que a avaliação aponte os pontos em
diárias, como elaboração de aulas e atividades, correção de que a criança ou o adolescente devem melhorar. É
avaliações e demais afazeres. interessante também lembrar aos educadores que não
utilizem uma linguagem muito técnica, já que a avaliação de
Então, a estruturação de um roteiro, que contenha todas as desempenho assumirá a posição de um boletim e será lida
orientações possíveis de como fazer uma avaliação de por alunos e pais e deve ser entendida por eles.
desempenho escolar, viria para otimizar o tempo dos
educadores. Reforçamos, por fim, que as avaliações de desempenho são
individuais e, portanto, devem conter informações
Para produzir um roteiro com todas as informações somente do aluno em questão, sem citar quaisquer
pertinentes sugerimos a você que pesquise outras escolas outros colegas de turma.
que já adotam esse tipo de avaliação de aprendizagem e
busque por modelos que possam te mostrar qual conteúdo 2. Convoque reuniões e discuta se as instruções foram
um relatório de desempenho deve ter, como deve ser a claras o suficiente
linguagem etc. A nossa segunda dica de como fazer uma avaliação de
desempenho escolar é: convoque reuniões e discuta se as
Uma dica preciosa é ser bastante didático neste roteiro que instruções foram claras o suficiente.
você vai preparar, indicando como deve ser e o que conter
cada parte da avaliação. Isso é importante porque nem todos Essa é uma dica extremamente válida, já que a avaliação de
os educadores têm uma relação assim tão íntima com a desempenho escolar é um método novo e é comum que
produção de textos descritivos sobre o desempenho dos mesmo que as orientações sejam claras o suficiente existem
alunos. dúvidas e mesmo erros na elaboração das avaliações.

A seguir vamos te mostrar um modelo de roteiro de Portanto, até que a etapa de adaptação passe, é necessário
avaliação de desempenho escolar que você pode apresentar a fazer reuniões para saber dos educadores as principais
seus educadores. Acompanhe! dúvidas e saná-las quantas vezes forem necessárias para
produzir uma avaliação que possa, de fato, descrever
• primeiro parágrafo: procure inserir os o desempenho escolar dos estudantes.
objetivos gerais. Sugerimos que você
instrua o educador a indicar quais foram 3. Revise as avaliações de desempenho feitas pelos
os projetos trabalhados com o estudante professores
em sua disciplina, ressaltando o que ele A nossa terceira dica de como fazer uma avaliação de
buscava avaliar, seus objetivos e desempenho escolar é: revise as avaliações de desempenho
interesses. feitas pelos professores.
• segundo e terceiro parágrafos:
desenvolva as observações feitas, o que Para que as avaliações estejam alinhadas com que o que a
precisou ser realizado em relação ao escola busca passar aos pais e aos próprios estudantes, você
projeto. Neste ponto, é importante deixar e sua equipe pedagógica precisam regularmente passar um
claro ao educador que ele deve descrever o pente fino nas avaliações elaborados pelos educadores. Isso
modo como o aluno avançou em relação é fundamental para que não haja divergências.
aos projetos trabalhados, o nível de
aprendizagem alcançada, as dificuldades 4. Capacite os professores
apresentadas etc. Em quarto lugar de nossa lista de como fazer uma avaliação
• último parágrafo: conclua o texto, de desempenho escolar é: capacite os professores.
fazendo os apontamentos necessários.
Tente mostrar ao educador que ele deve Como mencionamos acima, muitos educadores não possuem
explicitar aqui quais foram as intervenções o hábito de produzir textos descritivos com frequência.
feitas para que o estudante superasse as
dificuldades encontradas. Portanto, é substancial investir em oficinas de produção
de texto, para que eles saibam como desenvolver o
Lembrando que a linguagem de uma avaliação de pensamento por meio de palavras e consigam escrever
desempenho escolar deve ser formal e não apresentar termos textos descritivos, que possam ser bem compreendidos
que julguem ou classifiquem os alunos. Por isso, evite usar por pais e alunos.

330
5. Saiba qual a sua responsabilidade enquanto os estudantes a aceitação do outro e de
coordenador pedagógico uma opinião distinta, favorecendo um
Elegemos como quinta dica de como fazer uma avaliação de ambiente saudável e livre de bullying
desempenho escolar é: saiba qual a sua responsabilidade escolar;
enquanto coordenador pedagógico. • autoavaliações, onde os estudantes podem
desenvolver competências
Saber como fazer uma avaliação de desempenho escolar é socioemocionais, como autogestão, sendo
uma tarefa que vai exigir muito de toda comunidade escolar, sinceros em relação à nota que acham que
sobretudo do coordenador pedagógico. merecem em determinada disciplina;
• sala de aula invertida: em que é o
Durante as outras dicas nós falamos que você é muito estudante procura sobre determinado
importante na orientação de como os professores deverão assunto em casa e apenas tira dúvidas com
fazer uma avaliação de desempenho escolar. Mas é o professor;
importante que você tenha consciência de como você e sua • gamificação: que é a utilização de jogos
equipe são importantes para alcançar os resultados que dentro de sala de aula, trazendo o celular
esperam. como um aliado e não como um vilão;
• utilização do ensino híbrido: aqui, os
Portanto, tenha consciência de que seu papel é fundamental professores poderão avaliar como os
para a boa elaboração de uma avaliação de desempenho alunos conseguem utilizar os meios
escolar e, claro, você deve contar com uma equipe de apoio tecnológicos para produzir conhecimento
muito competente para te dar o suporte que precisa e para sobre determinado conteúdo.
que juntos vocês passem aos pais e alunos a mensagem de
que a sua escola é a melhor opção para eles. 7. Guie-se pelas diretrizes da BNCC
A nossa sétima dica de como fazer uma avaliação de
6. Utilize métodos avaliativos alternativos desempenho escolar é: guie-se pelas diretrizes da BNCC.
A avaliação de desempenho escolar será usada para medir o
desenvolvimento dos alunos durante um período de tempo, A BNCC é um documento que veio para guiar todo o
que pode ser um bimestre, um semestre ou um ano. currículo da Educação Básica brasileira (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). E a
E para produzir um bom relatório de desempenho, antes de avaliação de desempenho escolar casa muito bem com o que
qualquer coisa, será preciso pensar em quais os métodos prega a Base.
avaliativos deverão ser dados aos alunos durante o período
de tempo estabelecido. Isso porque a Base Nacional Comum Curricular acredita que
os alunos do século XXI devem ser desenvolvidos em todos
Os métodos deverão ser pensados em conjunto com os os aspectos: educacional e socioemocional, para que
professores, pois são eles quem irão manusear o resultado consigam enxergar qual o seu lugar dentro da sociedade.
encontrado e posteriormente passá-lo à avaliação de
desempenho escolar. Além disso, as diretrizes da BNCC direcionam as escolas a
empregarem um ensino que enxerga a individualidade do
Assim como a própria avaliação de desempenho escolar, aluno e mostra a ele de maneira clara quais são os seus
os métodos vêm para modificar o ensino tradicional, que pontos positivos e quais os seus pontos de atenção.
tem se mostrado insuficiente para acompanhar a Geração Z,
que já nasceu imersa aos benefícios e desafios Portanto, recomendamos que você, sua equipe e os
proporcionados pelo mundo virtual. educadores de escola esmiucem a BNCC na hora de pensar
em atividades avaliativas que comporão a avaliação de
Pensando nisso, nós separamos alguns métodos que você desempenho.
pode sugerir aos professores que façam com os alunos para
conseguirem produzir uma boa avaliação de desempenho Usem a Base como uma espécie de manual mesmo. Ela com
escolar. Confira: certeza irá guiá-lo no melhor caminho possível para
• rodas de conversa. Neste caso, seria proporcionar aos estudantes a excelência em ensino, que sua
interessante que os professores usassem escola busca oferecer.
gravadores e/ou fizessem filmagens para
consultar cada colocação dos alunos em Avaliação da Aprendizagem
relação aos conteúdos (para as matérias da Avaliar para aprender
área de humanas essa é uma ótima Avaliar para aprender: essa é a melhor maneira de conduzir
estratégia de avaliação); a avaliação da aprendizagem. Por meio dos resultados, os
• trabalhos em grupo, o que além de educadores devem estar preparados para ver muito mais do
produzir uma boa avaliação de que simplesmente notas, aproveitando o momento para criar
desempenho, ainda ajuda a trabalhar com

331
maneiras de fazer com que os alunos — que têm • observe o comportamento dos estudantes,
particularidades e ritmos diversos — absorvam o conteúdo especialmente nos primeiros dias de aula
ensinado. (habilidades, com quem cada aluno se relaciona
etc.);
Para ilustrar a importância da avaliação da aprendizagem • converse com a turma e com cada aluno
nas escolas, imaginaremos a situação de um paciente que separadamente;
busca auxílio médico para sanar suas dores e obter um • promova debates em sala para coletar as visões e
diagnóstico. Em vez de deixar o consultório com uma opiniões dos estudantes;
prescrição ou um encaminhamento, ele tem em mãos um • realize atividades como produções textuais, jogos e
boletim: saúde nota 4. Ninguém se contentaria com isso, não dinâmicas, com o mesmo fim.
concorda?
Vale lembrar que as informações levantadas na avaliação
Trazendo esse exemplo para o contexto educacional, diagnóstica não devem ser utilizadas para fazer distinções
podemos levantar uma reflexão: será que apenas os números entre os alunos, como “bons” ou “ruins”.
no boletim são suficientes para avaliar um aluno? Todo o
seu processo de aprendizagem pode mesmo ser resumido Formativa
em notas? Se é papel da escola ensinar, deveria caber a ela, A avaliação diagnóstica comumente evolui,
também, fazer o “diagnóstico” de cada aluno, entendendo as posteriormente, para a avaliação formativa,
dificuldades e conduzindo o processo de aprendizagem da complementando o que foi proposto pelo professor em seu
maneira mais adequada. planejamento. Por meio dela, é possível fazer o
acompanhamento ou recuperação paralela, resgatando o
Por que avaliar? conhecimento nos alunos e auxiliando-os na revisão das
É claro que, para os grupos escolares, ver que seus alunos informações, cada um em seu ritmo.
concluíram o ensino com sucesso, tornando-se cidadãos e
até mesmo profissionais que contribuem com o andamento Essa intervenção de acompanhamento coloca o professor no
da sociedade, é de grande valor. Sem falar nos rankings, papel de mediador, transformando, também, sua postura —
observados por muitos pais e responsáveis antes já que classificar o aluno com uma nota, como vimos, não é
de matricularem os seus filhos em determinada escola. a estratégia mais eficaz.

Esse é certamente um bom motivo para executar a avaliação Com a avaliação formativa, o foco está no desenvolvimento
da aprendizagem, mas definitivamente não deve ser o único. do aluno. Cabe ao educador tomar decisões e elaborar
Diversas escolas pecam em visar apenas números e acabam, formas de adequar suas práticas em sala de aula, com o
como já comentamos no início do artigo, gerando uma objetivo de fazer com que os alunos aprendam, e não
grande pressão por notas satisfatórias. Mas, será mesmo que simplesmente tirem notas mais altas.
esse é o único objetivo de uma prova?
Ela pode ser aplicada por meio dos seguintes passos:
A seguir, veremos que existem diferentes tipos de avaliação
da aprendizagem — o que pode ser útil para que sua escola • rever os cadernos e os deveres de casa e observar
passe a encarar as provas por meio de óticas diferentes: mais diariamente o desempenho de cada aluno nas
construtivas e realmente voltadas para as necessidades dos diversas atividades da classe;
alunos. • fazer testes ao final de cada unidade ou projeto para
acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e
Quais os tipos de avaliação existentes? redirecionar estratégias.
Bom, comentamos até então sobre a importância da
avaliação da aprendizagem. Agora, chegou o momento de Autoavaliação
conhecer os tipos de avaliações oferecidas. Veja! A autoavaliação funciona para que o estudante possa refletir
e descrever quais foram as dificuldades encontradas em
Diagnóstica determinado assunto e como ele se comportou diante dos
A avaliação diagnóstica ajuda o professor a entender o desafios. A medida visa, sobretudo, colocar o discente
comportamento do aluno e, consequentemente, o modo como protagonista do seu próprio processo de apreensão do
como ocorre a construção do conhecimento em cada caso. A conhecimento, gerando uma postura mais autônoma e
partir dos dados coletados, ele tem as informações certas curiosa diante dos conteúdos apresentados.
para criar ações direcionadas às necessidades dos estudantes
individualmente. É recomendado que essa ferramenta seja Avaliação somativa
aplicada no início do processo de ensino-aprendizagem. Para Nesse tipo de avaliação de aprendizagem, as notas e os
tanto, siga as orientações abaixo: conceitos são atribuídos com o intuito de promover alguns
estudantes para outra classe ou curso. Geralmente, ela é
• consulte o histórico escolar e a ficha de anotações aplicada em cada bimestre, podendo ser feita por meio de
do aluno;

332
provas ou trabalhos, que avaliam quantos conteúdos os continuada.
alunos conseguiram absorver. O coordenador pedagógico tem grande importância no
espaço escolar. Ele promove a integração dos professores,
Sendo assim, a avaliação somativa abrange todo o conteúdo dos alunos e de todos que fazem parte do processo de
visto ao longo do ano escolar, servindo como um indicador ensino-aprendizagem, estabelecendo, de forma harmoniosa,
prévio do que foi alcançado e quais aspectos ainda as relações interpessoais. É um profissional que atua entre a
são desafiadores para a escola. No entanto, o educador direção e os professores.
precisa ter clareza de todas as etapas do processo de ensino
para que a avaliação seja feita de forma integrada. Cabe ao coordenador ser um agente articulador, que tenha
uma rotina de trabalho pautada na ação-reflexão, visando
Como garantir uma boa avaliação de aprendizagem? um ensino de qualidade. O trabalho desse profissional é
A melhor maneira de garantir uma boa avaliação começa complexo, pois tem que coordenar todas as atividades
com mudanças nas visões dos próprios educadores. O que escolares mediando a atuação dos professores.
muitos professores confundem é o uso das ferramentas
avaliativas (provas) com a gestão da aprendizagem dos Conforme Libâneo (2001), o coordenador pedagógico
alunos. Os exames são formalidades que, sozinhos, não responde pela integração e articulação do trabalho
fornecem diagnósticos concretos. pedagógico na escola. Está diretamente em contato com a
equipe de professores, de alunos e de pais. Ainda, tem como
Um processo de ensino tem início, meio e fim. Sendo assim, função refletir sobre as práticas de ensino, auxiliar na
o educador não deve simplesmente usar provas para avaliar construção de situações de aprendizagem, dando o suporte
sem fazer o acompanhamento de cada aluno, verificando se didático pedagógico aos docentes.
o aprendizado está ou não acontecendo.
“Essa tarefa de coordenar o pedagógico não é uma tarefa
Isso pode acabar fazendo com que a nota seja utilizada para fácil. É muito complexa porque envolve clareza de
“rotular” o aluno — o que é muito preocupante, pois, um posicionamentos políticos, pedagógicos, pessoais e
estudante que não obteve um bom resultado no exame pode administrativos. Como toda ação pedagógica, esta é uma
ter, sim, aprendido os conceitos da disciplina, mas não ação política, ética e comprometida, que somente pode
formulado as respostas corretas na prova, em razão de frutificar em um ambiente coletivamente engajado com os
motivos externos, como nervosismo e ansiedade. pressupostos pedagógicos assumidos (FRANCO, 2008, p.
128).”
Abaixo, reunimos algumas boas práticas para conduzir a
avaliação da aprendizagem. Acompanhe: Diante disso, o coordenador pedagógico atua para formar
pessoas que o acompanhem em suas tarefas e prepará-las
• encarar a avaliação como reorientação — as para as transformações. Necessita ter motivação,
avaliações devem servir como “termômetro” para responsabilidade, dinamismo, criatividade e capacidade de
alterações no plano de aula e elaboração de atender às necessidades emergentes no cotidiano escolar.
estratégias mais eficazes, que garantam um Isso requer um constante aprendizado, para atualizar-se e
processo de ensino-aprendizagem eficaz; conhecer as contribuições dos educadores sobre os
• propiciar a autoavaliação por parte dos alunos — a processos de capacitação de lideranças educacionais. Os
autoavaliação é um instrumento importante e que gestores precisam sensibilizar-se de que seu papel na escola
coloca o aluno como protagonista de sua própria hoje é muito mais de um líder do que de um burocrata.
aprendizagem. Ela pode ser feita de maneira oral Espera-se que assuma essa função como um membro ativo
ou escrita, permitindo que o aluno relate também da comunidade escolar (FRANCO, 2008).
suas inseguranças e preocupações;
• diversificar as formas de avaliação — as provas “O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele,
tradicionais, de forma ou outra, acabam sendo sozinho, não pode administrar todos os problemas da
temidas por muitos alunos. Uma forma de tirar essa escola. O caminho é a descentralização, isto é, o
pressão é diversificar as aplicações da ferramenta, compartilhamento de responsabilidades com alunos, pais,
propondo atividades em grupo, projetos de professores e funcionários. O que se chama de gestão
leitura ou trabalhos interdisciplinares; democrática onde todos os atores envolvidos no processo
• comunicação entre professor e aluno — o diálogo participam das decisões. Uma vez tomada, trata-se as
entre educador e estudante é fundamental. Todo decisões coletivamente, participativamente, é preciso pô-las
aluno precisa de feedback ou orientação sobre o em práticas. Para isso, a escola deve estar bem coordenada
seu desempenho e deve ter espaço para comentar o e administrada. Não queremos dizer com isso que o sucesso
que o aflige. da escola reside unicamente na pessoa do gestor ou em uma
estrutura administrativa autocrática na qual ele centraliza
5.29 O professor: formação e profissão. todas as decisões. Ao contrário, trata-se de entender o papel
Coordenação pedagógica como espaço de formação do gestor como líder cooperativo, o de alguém que consegue
aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da

333
comunidade escolar e articular a adesão e a participação De acordo com a base teórica de Sartori (2012, p. 44), na
de todos os segmentos da escola na gestão em um projeto perspectiva de melhorar e dinamizar as práticas educativas e
comum. “O diretor não pode ater-se apenas às questões ter uma melhor “eficiência e eficácia” nos processos
administrativas. Como dirigente, cabe-lhe ter uma visão de pedagógicos, o papel da coordenação pedagógica de uma
conjunto e uma atuação que apreenda a escola em seus escola “é o de orientar, de motivar, de problematizar, de
aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e desafiar o coletivo de professores da escola, instigando o
culturais” (LIBÂNEO, 2005, p.332).” desejo, a satisfação, o comprometimento com a prática
docente”. O coordenador pedagógico, para ser respeitado,
Nessa visão, o coordenador pedagógico precisa precisa ter habilidades; ser um profissional com formação -
compreender as vivências e experiências que acontecem no amparado no conhecimento científico e atualizado - e passar
dia a dia da escola, diagnosticando pontos críticos para confiança aos colegas professores. É fundamental ao
promover o crescimento educacional, político e ético para coordenador saber coordenar, cobrar e incentivar para que
poder interferir e dialogar de maneira consciente no trabalho os professores realizem a docência com dedicação e
pedagógico. Para coordenar o processo pedagógico ele responsabilidade na formação dos sujeitos – alunos.
necessita desenvolver habilidades específicas para a função,
devendo persistir e estar pré-disposto a desafiar-se e desafiar A ação de coordenar requer planejamento, um plano de
o corpo docente (SARTORI, 2012). trabalho com objetivos, metas e ações a serem alcançadas,
estabelecendo um cronograma de curto e médio prazo, que
Entre as habilidades específicas da função, está também a de auxiliem o coordenador a ter um melhor aproveitamento do
mediar conflitos. É necessário que o coordenador período em que permanece na escola. O plano de trabalho
pedagógico tenha qualidades e habilidades para saber ouvir, ajuda a construir a identidade do coordenador pedagógico e
que tenha “empatia e congruência”, que seja “sensível”, a dar legitimidade a sua função no espaço escolar.
permitindo uma relação de confiança para o “ouvir-falar”.
Esta atitude fortalecerá relações e poderá contribuir para que No decorrer do ano letivo, são várias as situações que
o professor se torne uma pessoa “mais aberta à nova alteram o planejamento previsto. Dessa forma, a rotina
experiência” (ALMEIDA, 2009). pedagógica acaba por ser, em alguns momentos, deixada de
lado. O mesmo pode acontecer com o projeto da escola, o
Por isso, faz-se necessário um profissional consciente de qual pode perder o rumo. Nesse sentido, o plano de ação da
suas atribuições que priorize a formação de seus professores coordenação pedagógica de uma escola necessita estar em
e a orientação que fortaleça a relação entre a teoria e a consonância e harmonia com o projeto político pedagógico,
prática. Lima e Santos (2007) relatam algumas competências pois é ele que define os rumos políticos e pedagógicos em
para o coordenador: que o plano deve estar amparado. Esse plano também
precisa ser muito claro e amplamente pensado, estudado e
• É importante que transformem o seu olhar, divulgado para todos os setores que constituem a escola.
ampliando a sua escuta e modificando a sua fala,
quando a leitura da realidade assim o requerer. Uma das estratégias para não perder o foco do projeto da
• É necessário que a consciência coletiva seja escola é o plano de trabalho. O mesmo condiciona um
respeitada, a ponto de se flexibilizar mais os trabalho, no qual a participação e integração de alunos,
planejamentos e que os mesmos sejam sempre professores e o coordenador pedagógico estejam aliadas a
construídos do e a partir do olhar coletivo. uma dinâmica ativa e coerente, que se constitua em um
• Ter a capacidade de olhar de maneira inusitada, de resultado positivo, contribuindo para um desenvolvimento
cada dia poder perceber o espaço da relação e, eficaz dos sujeitos e da instituição.
consequentemente, da troca e da aprendizagem. -
Ser capaz de perceber o que está acontecendo a sua Não havendo um planejamento estruturado, podem ocorrer
relação com o professor e deste com o seu grupo de dificuldades na função do coordenador. Sempre há
alunos. tendências a realizar atividades que não são direcionadas à
• Poder perceber os pedidos que estão emergindo, formação pedagógica desempenhando várias outras funções,
quais os conhecimentos demandados e, então, compreende-se claramente a importância do papel de
consequentemente, necessários para o momento e líder democrático que se exige do gestor.
poder auxiliar o professor (p. 77-90).
Nesse sentido, não existe uma receita pronta para solucionar
Diante dessas competências, fica evidente que é de os desafios que estão presentes no dia a dia do coordenador
fundamental importância que o coordenador esteja ciente da pedagógico. Ele precisa direcionar as ações da escola para a
sua real função na escola. Dessa forma, ele precisa ter um integração do ensino e aprendizagem tomando como base a
momento para o seu planejamento, bem como, requer-se formação continuada dos professores, buscando alternativas
dele uma boa e atualizada formação docente, apoiada em que considerem todas as novas exigências educacionais
fundamentos, princípios e conceitos do processo pedagógico (OLIVEIRA, 2009).
e didático.
Para isso, alunos, professores e o coordenador pedagógico

334
necessitam ter uma relação baseada nos conceitos da gestão educadores de profissão, devemos dominar ainda os saberes
democrática, em que a escola é gerida por um colegiado, o pedagógicos, que têm na Didática seu eixo articulador
qual conta com a participação de integrantes de todas as (VASCONCELOS, 2011, p. 33).”
instâncias envolvidas, promovendo o compartilhamento de
decisões e informações na gestão pedagógica da escola Nós professores somos uma ferramenta importante na
(PARO, 2001). Nesse sentido, “[...] a gestão da escola educação do país, estamos levando adiante uma educação
configura-se em um ato político, pois requer sempre uma para formar pessoas. Precisamos parar e refletir!
tomada de posição. Ou seja, a gestão escolar não é neutra, Infelizmente, ainda não nos reconhecemos como
pois todas as ações desenvolvidas na escola envolvem responsáveis pela crise do conhecimento. Precisamos estar
atores e tomadas de decisões [...] ações simples, como a comprometidos com o resgate da dignidade profissional do
limpeza e a conservação do prédio escolar, até ações mais professor, seja na formação inicial ou na continuada. E
complexas, como as definições pedagógicas, indicam uma quando nos referimos à formação continuada necessitamos
determinada lógica e um horizonte de gestão, pois são ações contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento
que expressam interesses e compromissos que permeiam um profissional do professor, permitindo que seja realizada uma
determinado cotidiano escolar (DOURADO, 2002, p. 158).” reflexão sobre a própria prática docente. É fundamental
articular novos conhecimentos nas práticas dos professores,
Quanto à gestão pedagógica, precisamos pensar que o proporcionando mudanças e transformações na docência
coordenador pedagógico, muitas vezes, não teve uma (SACRISTÁN, 1999).
formação específica para atuar. Muitos coordenadores vêm
de cursos de licenciatura, nos quais não recebem formação “A reflexão possibilita transformar o mal-estar, a revolta, o
voltada aos aspectos de coordenação de processos desânimo, em problemas, os quais podem ser
pedagógico, o que demanda a necessidade de buscar diagnosticados e até resolvidos com mais consciência, com
formação em serviço. Desse modo, para Clementi: “Cada mais método. Ou seja, uma prática reflexiva nas reuniões
vez mais fica explicitada a necessidade de os profissionais pedagógicas, nas entrevistas com a coordenação
se aprofundarem e estudarem para desenvolver um trabalho pedagógica, nos cursos de aperfeiçoamento, nos conselhos
consciente e responsável. Constata-se, no entanto, que a de classe, etc... - leva a uma relação ativa e não queixosa
formação continuada deles está dependendo muito mais de com os problemas e dificuldades (PERRENOUD, 1999, p.
uma mobilização pessoal do que um investimento por partes 68).”
das escolas (2001, p. 63).”
O professor refletindo sobre sua prática proporciona que
Formação Continuada de Professores cada um construa seu próprio conhecimento, “dentro deste
A escola precisa criar políticas de formação continuada, enfoque o docente enfrenta necessariamente a tarefa de gerar
tendo o coordenador pedagógico como articulador desse novo conhecimento para interpretar e compreender a
processo. A formação dos professores deve ser realizada na específica situação em que se move” (PÉREZ GÓMES,
própria escola, assim, torna-se possível a todos discutirem as 1998, p. 373). Por sua vez Nóvoa (1995), destaca que a
reais necessidades, bem como, os problemas enfrentados no formação continuada é fundamental, pois, os professores
dia a dia no espaço escolar. O termo formação continuado é enfrentam várias situações com características únicas e
usado para definir o conjunto de formação vivenciado pelos específicas. Durante a formação inicial, nem tudo é
profissionais da educação e que acontece paralelo ao abordado com tanta especificidade. Dessa forma, a formação
exercício da docência (PERRENOUD, 1993). Segundo continuada estimula o docente a enfrentar as diversas
Vasconcelos (2011), uma exigência hoje dos educadores é a situações emergentes no dia a dia da sala de aula. Com uma
formação didática. Ela se torna especial, pois, refere-se à formação inicial frágil, é imprescindível que o professor
complexidade da atividade docente, tendo relação com a busque novos conhecimentos, estando aberto a discutir as
frágil formação inicial dos professores. A didática é um dos tendências atuais, buscando conceitos que contribuam na
campos teóricos mais específicos da atividade do professor prática pedagógica em sala de aula (PERRENOUD, 1993).
“dominar bem uma área de conhecimento não nos faz Refletir e reinventar novas propostas para a escola exige
professores, mas especialistas naquela área” reflexão constante. Isso não se reduz à formação de
(VASCONCELOS, 2011, p. 33). Mas, o que é necessário competências e habilidades imediatistas, pontuais e
para que nos tornemos professores? Para Vasconcelos individualistas, mas à necessidade de uma reflexão que
(2011), devemos dominar cada vez mais os saberes estimule o senso crítico e que este ultrapasse as paredes da
pedagógicos que têm na didática o seu eixo articulador. É sala de aula e alcance toda a sociedade (PERRENOUD,
necessário outros saberes, para além de ministrar aulas, haja 1999).
vista que “a Didática é um dos campos teóricos (ou teórico-
metodológicos) mais específicos da função docente, pois Vasconcelos (2011) aponta alguns fatores subjacentes ao
dominar bem uma área de conhecimento não nos faz desinteresse pela formação continuada: falta de interesse na
professores, mas especialistas naquela área; se profissão de professor pelo quadro de desprestígio da
adicionarmos saberes éticos e de cultura geral, passamos a profissão; falhas na formação e falta de esforço para exercer
ser pessoas interessantes especialistas em determinada área a profissão; “imprinting escolar”: professor acha que já sabe
de conhecimento. Mas para que nos tornemos professores, ensinar, assim, reproduz o que aprendeu. Por vezes,

335
desenvolve uma prática de caráter instrutor e não mediador;
desprezo pela formação didática; falta querer do professor.
Nesse sentido, reforçamos o papel do coordenador
pedagógico como articulador do processo de formação
contínua dos docentes. Ele tem a responsabilidade e o
compromisso associado ao processo de formação continuada
na própria escola. Ele precisa orientar e estimular os
professores à sensibilização sobre a necessidade de uma
nova postura, acreditando na possibilidade de transformar,
acolher, provocar, animar e questionar o crescimento do
grupo – dos professores.

336
CADERNO DE QUESTÕES: treinamento de todas as pessoas que visitam a empresa,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS avaliação de desempenho e remuneração.
c) Planejamento de mão-de-obra, recrutamento e seleção,
treinamento, avaliação de desempenho e remuneração.
d) Planejamento de operações, recrutamento e seleção,
treinamento, avaliação de desempenho e remuneração.

Questão 5
Dentro da estrutura organizacional a área de recursos
humanos tem maior poder de influenciar na organização
Questão 1 quando está ligada à:
As relações interpessoais se desenvolvem através de um a) Área de Pesquisa e Desenvolvimento.
processo de interação entre ambas partes. Sobre relações b) Área de Marketing.
interpessoais é CORRETO afirmar: c) Área de Operações.
a) Deve-se sempre incentivar a boa qualidade das relações d) Administração Geral.
interpessoais.
b) A qualidade das relações interpessoais não interfere na Questão 6
qualidade do trabalho desenvolvido. A área de gestão de pessoas desempenha uma função
c) Deve-se buscar somente o aprimoramento técnico, não estratégica nas organizações:
levando em consideração as relações interpessoais. a) As empresas têm procurado selecionar pessoas baseando-
d) Postura, sorriso e olhar não fazem parte do processo de se em critérios técnicos que retratam menor preocupação
interação entre as pessoas. com habilidades na execução de tarefas coma iniciativa e o
comprometimento.
Questão 2 b) É preciso ter pessoas com atitude, fator mais importante
Acerca das relações humanas no ambiente de trabalho, é na prestação de serviços de qualidade.
CORRETO afirmar: c) A busca por profissionais com iniciativa e atitude deixa
a) As relações humanas no trabalho são essenciais para o de ser uma obrigação das instituições de saúde, pois pessoas
estabelecimento de um clima organizacional produtivo e assim não permitem que as promessas de qualidade sejam
harmonioso. cumpridas, havendo uma falta de sintonia entre a alta
b) O relacionamento interpessoal é um componente administração que pensa e que a linha de frente está
importante para o ambiente de trabalho, mas não interfere na autorizada a fazer.
eficácia do trabalho em equipe. d) O maior patrimônio das instituições de saúde é o médico.
c) A importância das relações humanas no trabalho está
intimamente associada à construção de um ambiente Questão 7
competitivo e improdutivo. A função de recursos humanos compreende 4 (quatro)
d) O relacionamento interpessoal harmonioso é aquele em processos básicos que se dividem em processos menores.
que os colaboradores compartilham suas preocupações e Esses processos começam antes de as pessoas ingressarem
anseios particulares. na organização, quando as buscamos no mercado de
trabalho, e prosseguem quando elas saem ou se aposentam.
Questão 3 Há uma evolução constante nesses processos, motivada
São objetivos da função de recursos humanos, ou da gestão pelos desafios e oportunidades do ambiente, pelos avanços
de pessoas: na tecnologia, pelas mudanças nas políticas e na filosofia da
a) Encontrar, atrair e dispensar as pessoas de que a organização e pela qualidade e quantidade dos recursos
organização necessita. humanos disponíveis. Os 4 (quatro) processos básicos
b) Encontrar, atrair e manter as pessoas de que a referenciados são:
organização necessita. a) Aquisição de pessoas, definição de cargos das pessoas,
c) Encontrar, distrair e manter as pessoas de que a delegação de responsabilidade e orientação de pessoas.
organização necessita. b) Aquisição de pessoas, responsabilidade das pessoas,
d) Esperar, mandar e manter as pessoas de que a gestão hierárquica das pessoas e desenvolvimento de
organização necessita. pessoas.
c) Aquisição de pessoas, remuneração das pessoas, planos
Questão 4 de carreira das pessoas e treinamento de pessoas.
Além dos seus objetivos principais, a função recursos d) Aquisição de pessoas, implementação de cargos e
humanos tem como componentes: salários, gestão de carreira de pessoas e manutenção de
a) Planejamento de mão-de-obra, recrutamento, entrevistar pessoas.
todas as pessoas que visitarem a empresa, treinamento,
avaliação de desempenho e remuneração. Questão 8
b) Planejamento de mão-de-obra, recrutamento e seleção, São 4 os tipos de entrevista realizados em uma empresa, são

269
elas: várias funções.
a) Seleção, avaliação, esclarecimento e disciplinares. II – Maior interdisciplinaridade retroativa da organização
b) Seleção, avaliação, reavaliação e interdisciplinares. autossustentável e multivariada no tempo.
c) Seleção, avaliação, conhecimento e disciplinares. III – Maior flexibilidade para a estrutura organizacional e
d) Seleção, avaliação, restabelecimento e interdisciplinares. salarial devido à existência de cargos amplos.

Questão 9 Das assertivas colocadas acima, as verdadeiras são:


A Avaliação de Desempenho é um processo sistemático de a) I e II.
apreciação do comportamento do funcionário frente aos b) I e III.
conhecimentos, habilidades e atitudes considerados c) II e III.
indispensáveis ao desempenho da função. Por ter a d) I, II e III.
participação de um Avaliador, este método pode apresentar
erros e propensões, sendo comum este acontecimento. Sobre Questão 12
esse assunto, associe a Coluna 1de acordo com Coluna 2 e São vantagens e fatores condicionantes da participação nos
em seguida, marque a opção CORRETA que representa a lucros e nos resultados:
sequência desta questão: a) Diminui a importância da convergência de esforços e
COLUNA 1 transparência na divulgação dos resultados.
1. Efeito Halo/ Horn. b) Leva a uma visão limitada do negócio e transparência na
2. Efeito tendência central. divulgação dos resultados.
3. Efeito de fatos recentes. c) Reduz a resistência a mudanças e visão clara do vínculo
4. Efeito semelhança. entre ações individuais, ações grupais resultados setoriais,
COLUNA 2 resultados globais e influências externas.
(.....)Ocorre quando ao avaliar são considerados apenas os d) Aumento a resistência a mudanças e visão clara do
últimos acontecimentos e não o desempenho de todo o vínculo entre ações individuais, ações grupais resultados
período de avaliação. setoriais, resultados globais e influências externas.
(.....)Ocorre quando o avaliador tem a tendência de avaliar o
funcionário à semelhança de si próprio. Questão 13
(.....) Ocorre quando o líder estende a todos os indicadores Muitas mudanças sociais e políticas vêm ocorrendo ao longo
de desempenho aspectos positivos ou negativos. dos tempos em nosso território nacional. Durante o período
(.....) Ocorre quando o líder não quer comprometer-se com colonial e imperial essas mudanças eram lentas e graduais,
avaliações muito boas ou muito ruins, para evitar porém, a partir da década de 1930 passaram a formatar
explicações de extremos de desempenho junto a sua equipe grandes mudanças. Dentre as opções abaixo uma apresenta
de trabalho, assim, atribui a nota média. características verdadeiras que desencadearam essas
a) 1, 2, 3, 4. mudanças, aponte-a:
b) 3, 4, 1, 2. a) Na divisão entre fatores internos e externos, o maior
c) 4, 3, 1, 2. causador foi a Revolução constitucionalista de 1932 que
d) 2, 3, 1, 4. modificou totalmente a forma política brasileira.
b) Na política interna, as oligarquias estavam favoráveis ao
Questão 10 Governo e seu modelo, com isso a mudança foi estritamente
Essas formas de remuneração compõem a base de um no âmbito econômico.
sistema de remuneração: c) Com as mudanças geradas nesse período, o país deslocou
a) A remuneração por competências, salário indireto e a seu eixo industrial e político para outras regiões, produzindo
participação acionária. um fenômeno chamado de êxodo urbano.
b) A remuneração por habilidades, previdência d) O principal fator, segundo Carvalho, foi uma crise
complementar e participação acionária. externa que influenciou diretamente na exportação do café,
c) A remuneração por habilidades, a remuneração por modificando a economia nacional.
competências e o salário indireto.
d) A remuneração funcional, a remuneração por habilidade e Questão 14
a remuneração por competências. De acordo com o título 1 – Educação, da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Brasileira, A educação abrange os
Questão 11 processos formativos que se desenvolvem, EXCETO:
Nos sistemas de remuneração tradicionais, os salários são a) Em ambientes inóspitos.
vinculados aos cargos. Esses são avaliados de acordo com b) Na vida familiar.
um conjunto de fatores com responsabilidades, escolaridade c) Em convivência humana.
e autoridade. Por sua vez, o sistema de remuneração por d) No trabalho.
habilidades exige uma abordagem mais dinâmica gerando:
I – Maior multifuncionalidade, pois os profissionais Questão 15
trabalham em equipes auto gerenciáveis desempenhando Os princípios e fins da Educação Nacional, de acordo com a

270
Lei de Diretrizes e Bases tem como agentes que tem o dever formada pelos níveis de educação abaixo representados,
de serem educadores: EXCETO:
a) Agente público e Escola. a) Educação Superior.
b) Criança e Escola. b) Educação de Jovens e Adultos.
c) Família e Estado. c) Ensino Fundamental. d) Ensino Médio.
d) Escola Particular e Escola Pública.
Questão 21
Questão 16 Para a LDB, a avaliação de aprendizagem é um processo
Referente aos Princípios e Fins da Educação Nacional necessário para o bom andamento do ensino público em
presentes nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional nosso país, essa avaliação deve ter como característica:
assinale a opção CORRETA: a) Ser centrada no diagnóstico e não na classificação.
a) O ensino deve ser ministrado desprivilegiando a b) Estabelecer a classificação para poder melhor analisar o
experiência extraescolar. desempenho de cada aluno.
b) Desvinculação entre a educação escolar e o trabalho é c) Fornecer informações sobre o processo pedagógico para
base para o ensino. que o mesmo não seja alterado durante o período de ensino.
c) O ensino deve considerar a liberdade de aprender, d) Ser individualizada para que o aluno não se sinta menos
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte inteligente que seu colega de turma.
e o saber.
d) Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições Questão 22
do educando são obrigações do Estado. De acordo com A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394/96 (LDB), no que se refere à
Questão 17 Educação Básica, prevê, em seu artigo 24:
O artigo 6º do Título 3 da LDB retrata sobre o Ensino I. A carga horária mínima anual será de oitocentas horas,
Fundamental e sua especificidade com relação a matrícula distribuídas por um mínimo de duzentos dias letivos de
escolar. Sobre ela assinala a única opção CORRETA. efetivo trabalho escolar, excluindo o tempo reservado aos
a) É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos exames finais, quando houver.
menores, a partir dos quatro anos de idade. II. A carga horária mínima anual será de oitocentas horas,
b) É dever das escolas efetuar a matrícula dos menores, a distribuídas por um mínimo de duzentos dias letivos de
partir dos sete anos de idade. efetivo trabalho escolar, incluindo o tempo reservado aos
c) É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos exames finais, quando houver.
menores, a partir dos sete anos de idade. III. Poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de
d) É dever das escolas efetuar a matrícula dos menores, a séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na
partir dos quatro anos de idade. matéria, exceto para o ensino de línguas estrangeiras, artes,
ou outros componentes curriculares;
Questão 18 IV. A avaliação do desempenho do aluno será contínua e
A autorização de funcionamento e avaliação de qualidade cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
pelo Poder Público, de acordo com o artigo 7º do Título 3 da os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
LDB está CORRETAMENTE representada na opção: os de eventuais provas finais.
a) Para o ensino na iniciativa privada.
b) Somente para as entidades do terceiro setor. Assinale a alternativa CORRETA.
c) Para as escolas comunitárias sem fins lucrativos, a) I, II.
exclusivamente. b) II e III.
d) Para as escolas públicas geridas pela União. c) I e IV.
d) III e IV.
Questão 19
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases é dever do Estado em Questão 23
relação a educação escolar pública, garantir: De acordo com a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da
a) Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e Educação. CAPÍTULO II - Da Educação Básica, Seção I –
da criação artística, segundo a capacidade de cada um. Art.23. § 2º O calendário escolar deverá adequar-se as
b) Ensino Médio, obrigatório e gratuito, inclusive para peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a
aqueles que não tiveram acesso na idade adequada. critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso
c) Educação Infantil gratuita às crianças de até 7 (sete) anos reduzir o número de:
de idade. a) horas letivas previsto nesta lei.
d) Oferta de ensino diurno regular, adequado às condições b) número de funcionários.
do educando. c) número de alunos.
d) número de professores.
Questão 20
Da composição dos níveis escolares, a Educação Básica é

271
Questão 24 Questão 28
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) De acordo com a LDB Art. 59. Os sistemas de ensino
Seção V - Art. 37. A educação de jovens e adultos será assegurarão aos educandos com necessidades especiais,
destinada a que público? EXCETO:
a) Aqueles que desejam antecipar seus estudos. a) Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
b) Aqueles que apresentam necessidades de revisar os organização específicos, para atender às suas necessidades.
conteúdos já estudados. b) Terminalidade específica para aqueles que não puderem
c) Aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
d) Aqueles que ainda não escolheram que profissão seguir. para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados.
Questão 25 c) Professores com especialização adequada em nível médio
São modalidades de ensino contempladas pela educação ou superior, para atendimento especializado, bem como
básica. professores do ensino regular capacitados para a integração
I. Educação de jovens e adultos desses educandos nas classes comuns.
II. Educação especial d) Acesso diferenciado aos benefícios dos programas sociais
III. Educação indígena suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
IV. Educação profissional regular.

A partir dessa análise, pode-se concluir que estão Questão 29


CORRETOS De acordo com o artigo 67 da Lei de Diretrizes e Bases –
a) apenas os itens I, e II. LDB, os sistemas de ensino devem promover a valorização
b) apenas os itens III e IV. dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive:
c) apenas os itens I, II e III. a) Um ingresso que deve ser por concurso público ou por
d) todas as alternativas estão corretas. contrato permanente daqueles que já possuem grande
titulação.
Questão 26 b) Um aperfeiçoamento profissional continuado, desde que
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - não atrapalhe sua carga horária de ensino.
Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de c) Um período para planejar além de sua carga horária de
ensino devem assegurar aos alunos: trabalho estabelecida.
a) O acesso irrestrito a educação de forma única em todo o d) Uma progressão funcional que verifica sua habilitação ou
território nacional. titulação, além de uma avaliação de desempenho.
b) Currículo, métodos, recursos e organização específicos
para atender às suas necessidades. Questão 30
c) Tratamento diferenciado a quem possui necessidade A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional considera
especial, incluindo na nota final. profissionais da educação escolar básica os que, nela
d) Conhecimento geral associado aos problemas dos estando em efetivo exercício e tendo sido formados em
deficientes para que os mesmos sejam privilegiados na sala cursos reconhecidos, são eles:
de aula. I- Professores habilitados em nível médio ou superior para a
Questão 27 docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e
De acordo com a lei de Diretrizes e Bases da Educação médio.
Nacional, Lei nº 9.394/96 (LDB), que, no capítulo V, Art. II- Profissionais com notório saber reconhecido pelos
58º da Educação Especial, afirma: respectivos sistemas de ensino.
a) O atendimento educacional será feito nas escolas, em III-Profissionais graduados que tenham feito
salas diferenciadas, ou na própria residência do aluno, complementação pedagógica, conforme disposto pelo
sempre que ele se recusar ir à escola. Conselho Nacional de Educação.
b) O atendimento educacional será feito em classes, escolas
ou serviços especializados, sempre que, em função das Assinale a opção CORRETA:
condições específicas dos alunos, não for possível a sua a) Apenas os itens I e II são verdadeiros.
integração nas classes comuns de ensino regular. b) Os itens I, II e III são verdadeiros.
c) Não haverá professores com especialização, pois todos os c) Apenas os itens II e III são verdadeiros.
professores de educação infantil estão aptos para o trabalho d) Apenas os itens I e III são verdadeiros.
com alunos que apresentam necessidades especiais.
d) A oferta de educação especial, dever constitucional do Questão 31
Estado, tem início na faixa etária de três a seis anos, durante De acordo com a LDB. Art. 67, os sistemas de ensino
a educação infantil. promoverão a valorização dos profissionais da educação,
assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos
planos de carreira do magistério público:

272
I - Ingresso por concurso público de provas e títulos e c) Desenvolver a didática de ensino.
indicações de profissionais aptos a avaliar. d) Conhecer o único estágio de aprendizagem.
II - Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento periódico remunerado para esse fim. Questão 36
III - Piso salarial profissional. A formação da teoria didática para investigar as ligações
IV - Progressão funcional baseada na titulação ou entre o ensino e aprendizagem ocorreu no século XVII,
habilitação, e na avaliação do desempenho. quando João Amós Comênio (1592-1670), um pastor
V - Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, protestante, escreveu sobre didática, a Didática Magna. A
incluído na carga de trabalho. didática de Comênio se assentava nos seguintes
VI - Condições adequadas de trabalho quando for possível. princípios, EXCETO:
a) A educação é um direito natural de todos e tem finalidade
As alternativas que indicam a forma de valorização dos de conduzir à felicidade com Deus.
profissionais da Educação segundo a LDB são: b) O homem deve ser educado de acordo com o seu
desenvolvimento natural, as características de idade e
a) Apenas os itens I, II, III e VI. capacidade para o conhecimento.
b) Apenas os itens II, III, IV e V. c) Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da
c) Apenas os itens I, IV, V e VI. observação das coisas e dos fenômenos naturais.
d) Apenas os itens I, III e V. d) O método intuitivo consiste da observação indireta das
coisas para o registro de impressões na mente do aluno.
Questão 32
Com base no Decreto 7.611 de 2011 que estabelece o Questão 37
Atendimento Educacional, em seu artigo 3º que trata como Analise as proposições apresentadas abaixo e assinale a
objetivo ao atendimento especializado, visa: opção que apresenta característica CORRETA acerca do
a) Garantir condições de acesso, mesmo que a instituição estágio operacional concreto:
não tenha suporte para esse acesso. a) Se dá aproximadamente entre os quatro e os seis anos de
b) Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e idade.
pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de b) A criança atinge o uso das operações completamente
ensino e aprendizado. lógicas pela primeira vez.
c) Promover parcerias com centro de especialidades c) O pensamento passa a ser dominado pelas percepções.
educacionais. d) A criança não consegue nessa fase resolver nenhum tipo
d) Oferecer serviços de apoio especializado e de de problema.
continuidade de estudos para todas as modalidades.
Questão 38
Questão 33 As Crianças com alterações no conteúdo da elaboração
De acordo com o Decreto 7.611 de 2011a União deverá gráfica necessitam de uma estimulação especial para que
prestar apoio técnico e financeiro aos agentes destacados encontrem na escrita uma forma agradável de receber
abaixo EXCETO: informações ou manifestar suas ideias. Essa estimulação
a) Instituições com fins lucrativos. pode ser considerada:
b) Instituições filantrópicas. a) Motivação para a leitura.
c) Sistemas públicos de ensino dos municípios. b) Utilização de um único material para aprendizado.
d) Instituições confessionais. c) Realização das atividades no lugar da criança.
d) Proibição de qualquer tentativa espontânea de
Questão 34 decodificação.
O artigo 1º do Decreto 7.611 de 17 de novembro de 2011
estabelece corretamente: Questão 39
a) O ensino religioso obrigatório nas escolas particulares. O ensino na educação básica especial faz com que o
b) A formatação da educação básica para todas as crianças. professor faça parte de diversas ações em sala de aula que
c) O dever do Estado com a educação das pessoas público- dependem de ações rápidas para o processo de ensino e
alvo da educação especial. aprendizagem. Os estudos de Vygotsky acerca do erro estão
d) A diversidade cultural e sexual tratada como doença retratados CORRETAMENTE:
incurável. a) O erro deve ser ignorado pelo professor, pois não pode
atrapalhar o processo de aprendizagem.
Questão 35 b) O erro deve ser descoberto pelo professor e faz com que o
A partir da psicologia educacional, professores e alunos são aluno não faça trabalhos em grupo.
auxiliados ao melhor entendimento do processo de c) O erro deve ser visto pelo professor como parte do
educação. Um dos benefícios criados é: processo ensino-aprendizagem.
a) Nunca aceitar as diferenças. d) O erro traz prejuízos no processo de ensino e deve ser
b) Tratar todo estudante da mesma forma, sem distinção. excluído da sala de aula.

273
a) Convencional.
Questão 40 b) Diagnóstica.
Pelo estudo de Piaget: É o estágio em que há o nascimento c) Simbólica.
das operações (lógico – matemática). A criança consegue d) Formativa.
compreender a partir do concreto algumas abstrações como
os números e as próprias relações sociais. Qual o estágio que Questão 45
apresenta essas definições? A avaliação é um processo de ensino e aprendizagem, que
a) Estágio operatório formal. deve ser realizada de forma continua e sistemática, onde não
b) Estágio sensório motor. devemos priorizar somente resultados, mas investigar,
c) Estágio pré-operatório. interrogar e buscar identificar conhecimentos e dificuldades
d) Estágio operatório concreto. de cada aluno. De acordo com os estudos de Bloom (1993),
a avaliação apresenta três tipos de funções, que são:
Questão 41 a) Analítica, Controladora e Classificatória.
O homem é o sujeito ativo dentro do processo de b) Somativa, Formativa e Evolutiva.
aprendizagem, pois entende o conhecimento como o c) Classificatória, Analisadora e Compulsiva.
resultado da interação homem-meio. A interação social é um d) Atitudinal, Gradativa e Evolutiva.
elemento definidor de nossas ações e de nossos
comportamentos sociais. Esse pensamento é contribuição Questão 46
de: Itens fundamentais que o processo de avaliação formativa e
a) Wallon. permanente propõe:
b) Piaget. a) Verificar aprendizagem e obter notas.
c) Vygotsky. b) Obter notas para aprovação ou reprovação e analisar
d) Paulo Freire. desempenhos.
c) Possibilitar o diagnóstico como ponto de partida para o
Questão 42 trabalho, considerando os objetivos propostos.
O desenvolvimento humano passou a ser o objeto de estudo d) Obter resultados a partir de projetos de conteúdo
da ciência. Grandes questionamentos foram iluminando a específicos.
mente de pesquisadores atrás de respostas bem como os
seres humanos se transformavam e construíam suas Questão 47
características como o Inatismo, que tem como O ensino em sala de aula possui diversas características,
característica: dentre estas estão as atividades que o professor deve
a) O aluno vai demonstrando seu progresso ao longo dos realizar. Sobre as atividades descritas, a opção CORRETA
anos de estudo. é:
b) Não nascemos prontos, por isso o conhecimento vai se a) Possibilitem desenvolver a independência de pensamento,
solidificando ao longo dos anos de estudo. criatividade e o gosto pelo estudo.
c) A vida em sociedade modifica todo o processo de b) Assegurem com profundidade e solidez os conteúdos que
desenvolvimento. estão sendo transmitidos.
d) É uma das mais vistas e encontradas em salas de aulas. c) Permitam aplicar conteúdos estudados como forma de
Muitos professores pensam que tal aluno não aprende conhecer o saber de cada aluno.
porque não é capaz. d) Sejam coletivizadas e com conteúdos que mostrem a
capacidade do melhor aluno.
Questão 43
Nenhum nome teve mais influência sobre a educação Questão 48
brasileira nos últimos 30 anos do que o da psicolinguista Segundo Libâneo (1993), o plano de aula é um instrumento
argentina Emília Ferreiro que se tornou uma espécie de que sistematiza todos os conhecimentos, atividades e
referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser procedimentos que se pretende realizar em uma determinada
ligado ao: aula, visando alcançar os objetivos propostos. Sobre o plano
a) Ensino tradicional. de aula e as etapas que o constituem, analise as assertivas e
b) Ensino por ciclos. marque a CORRETA.
c) Construtivismo. I – Justificativa: O motivo pelo qual irá se trabalhar
d) Ensino de adultos. determinado assunto.
II – Metodologia: A forma como irá ser trabalhado o
Questão 44 assunto.
Dentre os tipos de avaliação, a que faz parte da proposta III – Objetivos Específicos: O que os alunos irão alcançar
pedagógica de toda instituição de ensino, a qual pauta-se por com esse assunto.
avaliar o nível de rendimento dos alunos frente aos IV – Etapas previstas: Previsão do tempo, onde o professor
conteúdos ministrados é a: poderá organizar tudo o que irá trabalhar em pequenas
etapas.

274
V – Avaliação: Todo o material que o professor irá utilizar
para fazer a avaliação.

a) Somente I, II e IV estão corretas.


b) Somente II e IV estão corretas.
c) Somente, II, III e V estão corretas.
d) Somente I, III e IV estão corretas.

Questão 49
De acordo com o Referencial Curricular Nacional, o
trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor
tenha uma competência polivalente. Isso significa
corretamente que:
a) Direcionar uma formação simples do profissional que
deve tornar-se, detentor do conhecimento, refletindo
constantemente sobre sua teoria.
b) Trabalhar com conteúdo de naturezas diversas que
abrangem desde cuidados básicos essenciais até
conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas
do conhecimento.
c) Funcionar ensinando seus pares, afastando-se das famílias
e a comunidade para somente ter informações necessárias
para o trabalho que desenvolve.
d) Gestão única de conteúdo específico que favorece um
ensino mais enriquecedor e estimulado pelo ambiente.

Questão 50
Bullying é uma prática de atos de violência sejam físicos ou
psicológicos, que são cometidos por um ou mais agressores
contra uma determinada vítima. Sobre as consequências
deste ato, é CORRETO afirmar:
a) Os autores ainda crianças que praticam o Bullying tem
pouca probabilidade de se tornarem adultos com
comportamentos violentos.
b) Nem todos que sofrem o Bullying, são capazes de ficar
com sequelas. Somente aqueles que possuem baixa
autoestima sofrem com tal ato.
c) Troca de colégio e abandono de estudos pode acontecer
como forma de solucionar o medo e a falta de amigos que o
alvo possa vir a sentir.
d) As testemunhas, apesar de não sofrerem as agressões
diretamente, podem se sentir incomodados e inseguros sobre
o que fazer para ajudar.

275
GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A A B C D B C A B D
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
B C D A C C A A A A
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
A C A C D B B D D B
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
B B A C C D B A C D
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
B D C D A C A A B D

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
6.14 O plano de ensino e o plano de aula
6. Educação, escola, professores e comunidade Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi discutida no tópico 5.14 página 309 deste material.
discutida no tópico 5. Página 274 deste material.
6.15 Relações professor-aluno: a atuação do professor
6.1 Papel da Didática da formação de educadores como incentivador e aspectos socioemocionais
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.1 página 280 deste material. discutida no tópico 5.15 página 311 deste material.

6.2 A revisão da Didática 6.16 O planejamento escolar: importância, requisitos


Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi gerais; os conteúdos de ensino; a relação objetivo-
discutida no tópico 5.2 página 282 deste material. conteúdo- método
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
6.3 O Processo de ensino discutida no tópico 5.16 página 312 deste material.
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.3 página 283 deste material. 6.17 Os conteúdos de ensino
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
6.4 Os componentes do processo didático: ensino e discutida no tópico 5.17 página 314 deste material.
aprendizagem
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.18 A relação objetivo-conteúdo-método
discutida no tópico 5.4 página 284 deste material. Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.18 página 314 deste material.
6.5 Tendências pedagógicas no Brasil e a Didática
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.19 A LDB e a formação dos profissionais da Educação
discutida no tópico 5.5 página 285 deste material. Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.22 página 320 deste material.
6.6 Aspectos fundamentais da Pedagogia
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.20 Temas contemporâneos: bullying, o papel da escola,
discutida no tópico 5.6 página 293 deste material. a escolha da profissão
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
6.7 Didática e metodologia discutida no tópico 5.23 página 321 deste material.
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.7 página 293 deste material. 6.21 Teorias do Currículo
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
6.8 Disciplina, uma questão de autoridade ou de discutida no tópico 5.24 página 323 deste material.
participação?
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.22 Acesso, permanência com sucesso do aluno na escola
discutida no tópico 5.8 página 301 deste material. Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.25 página 324 deste material.
6.9 O relacionamento na sala de aula
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.23 Gestão da aprendizagem
discutida no tópico 5.9 página 303 deste material. Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.26 página 327 deste material.
6.10 O processo de ensinar e aprender
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.23.1 Planejamento e gestão educacional
discutida no tópico 5.10 página 304 deste material. Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.27 página 327 deste material.
6.11 O compromisso social e ético dos professores
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi 6.24 Avaliação institucional, de desempenho e de
discutida no tópico 5.11 página 305 deste material. aprendizagem
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
6.12 O currículo e seu planejamento discutida no tópico 5.28 página 329 deste material.
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.12 página 306 deste material. 6.25 Professor: formação e profissão
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
6.13 O projeto pedagógico da escola discutida no tópico 5.29 página 333 deste material.
Prezado(a) candidato(a), a discussão solicitada já foi
discutida no tópico 5.13 página 307 deste material.

345
6. 30 Plano Nacional de Educação avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet;
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. II - analisar e propor políticas públicas para assegurar
Aprova o Plano Nacional de a implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
Educação - PNE e dá outras III - analisar e propor a revisão do percentual de
providências. investimento público em educação.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que § 2º A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: vigência deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e
Art. 1º É aprovado o Plano Nacional de Educação - Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará
PNE, com vigência por 10 (dez) anos, a contar da estudos para aferir a evolução no cumprimento das metas
publicação desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao estabelecidas no Anexo desta Lei, com informações
cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição organizadas por ente federado e consolidadas em âmbito
Federal. nacional, tendo como referência os estudos e as pesquisas de
Art. 2º São diretrizes do PNE: que trata o art. 4º , sem prejuízo de outras fontes e
I - erradicação do analfabetismo ; informações relevantes.
II - universalização do atendimento escolar; § 3º A meta progressiva do investimento público em
III - superação das desigualdades educacionais, com educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e
ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas poderá ser ampliada por meio de lei para atender às
as formas de discriminação; necessidades financeiras do cumprimento das demais metas.
IV - melhoria da qualidade da educação; § 4º O investimento público em educação a que se
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com referem o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e
ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a a meta 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados
sociedade; na forma do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do
VI - promoção do princípio da gestão democrática da Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, bem como
educação pública; os recursos aplicados nos programas de expansão da
VII - promoção humanística, científica, cultural e educação profissional e superior, inclusive na forma de
tecnológica do País; incentivo e isenção fiscal, as bolsas de estudos concedidas
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de no Brasil e no exterior, os subsídios concedidos em
recursos públicos em educação como proporção do Produto programas de financiamento estudantil e o financiamento de
Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às creches, pré-escolas e de educação especial na forma do art.
necessidades de expansão, com padrão de qualidade e 213 da Constituição Federal.
equidade; § 5º Será destinada à manutenção e ao
IX - valorização dos (as) profissionais da educação; desenvolvimento do ensino, em acréscimo aos recursos
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos vinculados nos termos do art. 212 da Constituição
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. Federal, além de outros recursos previstos em lei, a parcela
Art. 3º As metas previstas no Anexo desta Lei serão da participação no resultado ou da compensação financeira
cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não pela exploração de petróleo e de gás natural, na forma de lei
haja prazo inferior definido para metas e estratégias específica, com a finalidade de assegurar o cumprimento da
específicas. meta prevista no inciso VI do art. 214 da Constituição
Art. 4º As metas previstas no Anexo desta Federal.
Lei deverão ter como referência a Pesquisa Nacional por Art. 6º A União promoverá a realização de pelo
Amostra de Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os menos 2 (duas) conferências nacionais de educação até o
censos nacionais da educação básica e superior mais final do decênio, precedidas de conferências distrital,
atualizados, disponíveis na data da publicação desta Lei. municipais e estaduais, articuladas e coordenadas pelo
Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o Fórum Nacional de Educação, instituído nesta Lei, no
escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir âmbito do Ministério da Educação.
informação detalhada sobre o perfil das populações de 4 § 1º O Fórum Nacional de Educação, além da
(quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência. atribuição referida no caput :
Art. 5º A execução do PNE e o cumprimento de suas I - acompanhará a execução do PNE e o
metas serão objeto de monitoramento contínuo e de cumprimento de suas metas;
avaliações periódicas, realizados pelas seguintes instâncias: II - promoverá a articulação das conferências
I - Ministério da Educação - MEC; nacionais de educação com as conferências regionais,
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados estaduais e municipais que as precederem.
e Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado § 2º As conferências nacionais de educação realizar-
Federal; se-ão com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o
III - Conselho Nacional de Educação - CNE; objetivo de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a
IV - Fórum Nacional de Educação. elaboração do plano nacional de educação para o decênio
§ 1º Compete, ainda, às instâncias referidas subsequente.
no caput : Art. 7º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
I - divulgar os resultados do monitoramento e das Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao

346
alcance das metas e à implementação das estratégias objeto Municípios deverão aprovar leis específicas para os seus
deste Plano. sistemas de ensino, disciplinando a gestão democrática da
§ 1º Caberá aos gestores federais, estaduais, educação pública nos respectivos âmbitos de atuação, no
municipais e do Distrito Federal a adoção das medidas prazo de 2 (dois) anos contado da publicação desta Lei,
governamentais necessárias ao alcance das metas previstas adequando, quando for o caso, a legislação local já adotada
neste PNE. com essa finalidade.
§ 2º As estratégias definidas no Anexo desta Lei não Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes
elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou orçamentárias e os orçamentos anuais da União, dos
de instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão
entre os entes federados, podendo ser complementadas por formulados de maneira a assegurar a consignação de
mecanismos nacionais e locais de coordenação e dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas
colaboração recíproca. e estratégias deste PNE e com os respectivos planos de
§ 3º Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito educação, a fim de viabilizar sua plena execução.
Federal e dos Municípios criarão mecanismos para o Art. 11. O Sistema Nacional de Avaliação da
acompanhamento local da consecução das metas deste PNE Educação Básica, coordenado pela União, em colaboração
e dos planos previstos no art. 8º . com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
§ 4º Haverá regime de colaboração específico para a constituirá fonte de informação para a avaliação da
implementação de modalidades de educação escolar que qualidade da educação básica e para a orientação das
necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a políticas públicas desse nível de ensino.
utilização de estratégias que levem em conta as identidades § 1º O sistema de avaliação a que se refere
e especificidades socioculturais e linguísticas de cada o caput produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos:
comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
informada a essa comunidade. desempenho dos (as) estudantes apurado em exames
§ 5º Será criada uma instância permanente de nacionais de avaliação, com participação de pelo menos
negociação e cooperação entre a União, os Estados, o 80% (oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano
Distrito Federal e os Municípios. escolar periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados
§ 6º O fortalecimento do regime de colaboração entre pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica;
os Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de II - indicadores de avaliação institucional, relativos a
instâncias permanentes de negociação, cooperação e características como o perfil do alunado e do corpo dos (as)
pactuação em cada Estado. profissionais da educação, as relações entre dimensão do
§ 7º O fortalecimento do regime de colaboração entre corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a
os Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de infraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos
arranjos de desenvolvimento da educação. disponíveis e os processos da gestão, entre outras relevantes.
Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os § 2º A elaboração e a divulgação de índices para
Municípios deverão elaborar seus correspondentes planos de avaliação da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento
educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em da Educação Básica - IDEB, que agreguem os indicadores
consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas mencionados no inciso I do § 1º não elidem a
neste PNE, no prazo de 1 (um) ano contado da publicação obrigatoriedade de divulgação, em separado, de cada um
desta Lei. deles.
§ 1º Os entes federados estabelecerão nos respectivos § 3º Os indicadores mencionados no § 1º serão
planos de educação estratégias que: estimados por etapa, estabelecimento de ensino, rede
I - assegurem a articulação das políticas educacionais escolar, unidade da Federação e em nível agregado nacional,
com as demais políticas sociais, particularmente as culturais; sendo amplamente divulgados, ressalvada a publicação de
II - considerem as necessidades específicas das resultados individuais e indicadores por turma, que fica
populações do campo e das comunidades indígenas e admitida exclusivamente para a comunidade do respectivo
quilombolas, asseguradas a equidade educacional e a estabelecimento e para o órgão gestor da respectiva rede.
diversidade cultural; § 4º Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb
III - garantam o atendimento das necessidades e dos indicadores referidos no § 1º .
específicas na educação especial, assegurado o sistema § 5º A avaliação de desempenho dos (as) estudantes
educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e em exames, referida no inciso I do § 1º , poderá ser
modalidades; diretamente realizada pela União ou, mediante acordo de
IV - promovam a articulação interfederativa na cooperação, pelos Estados e pelo Distrito Federal, nos
implementação das políticas educacionais. respectivos sistemas de ensino e de seus Municípios, caso
§ 2º Os processos de elaboração e adequação dos mantenham sistemas próprios de avaliação do rendimento
planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos escolar, assegurada a compatibilidade metodológica entre
Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão esses sistemas e o nacional, especialmente no que se refere
realizados com ampla participação de representantes da às escalas de proficiência e ao calendário de aplicação.
comunidade educacional e da sociedade civil. Art. 12. Até o final do primeiro semestre do nono ano
Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e os de vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao

347
Congresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste situação de acessibilidade, entre outros indicadores
Poder, o projeto de lei referente ao Plano Nacional de relevantes;
Educação a vigorar no período subsequente, que incluirá 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em
diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias para o próximo creches certificadas como entidades beneficentes de
decênio. assistência social na área de educação com a expansão da
Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei oferta na rede escolar pública;
específica, contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o 1.8) promover a formação inicial e continuada dos
Sistema Nacional de Educação, responsável pela articulação (as) profissionais da educação infantil, garantindo,
entre os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para progressivamente, o atendimento por profissionais com
efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano formação superior;
Nacional de Educação. 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação,
Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua núcleos de pesquisa e cursos de formação para profissionais
publicação. da educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e
Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da Independência propostas pedagógicas que incorporem os avanços de
e 126º da República. pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às
DILMA ROUSSEFF teorias educacionais no atendimento da população de 0
Guido Mantega (zero) a 5 (cinco) anos;
José Henrique Paim Fernandes 1.10) fomentar o atendimento das populações do
Miriam Belchior campo e das comunidades indígenas e quilombolas na
Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.6.2014 - educação infantil nas respectivas comunidades, por meio do
Edição extra redimensionamento da distribuição territorial da oferta,
ANEXO limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de
METAS E ESTRATÉGIAS crianças, de forma a atender às especificidades dessas
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil comunidades, garantido consulta prévia e informada;
na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e
de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches fomentar a oferta do atendimento educacional especializado
de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) complementar e suplementar aos (às) alunos (as) com
das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
PNE. habilidades ou superdotação, assegurando a educação
Estratégias: bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, educação especial nessa etapa da educação básica;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de 1.12) implementar, em caráter complementar,
expansão das respectivas redes públicas de educação infantil programas de orientação e apoio às famílias, por meio da
segundo padrão nacional de qualidade, considerando as articulação das áreas de educação, saúde e assistência social,
peculiaridades locais; com foco no desenvolvimento integral das crianças de até 3
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja (três) anos de idade;
inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de 1.13) preservar as especificidades da educação
frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) infantil na organização das redes escolares, garantindo o
anos oriundas do quinto de renda familiar per capita mais atendimento da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em
elevado e as do quinto de renda familiar per capita mais estabelecimentos que atendam a parâmetros nacionais de
baixo; qualidade, e a articulação com a etapa escolar seguinte,
1.3) realizar, periodicamente, em regime de visando ao ingresso do (a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade
colaboração, levantamento da demanda por creche para a no ensino fundamental;
população de até 3 (três) anos, como forma de planejar a 1.14) fortalecer o acompanhamento e o
oferta e verificar o atendimento da demanda manifesta; monitoramento do acesso e da permanência das crianças na
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do educação infantil, em especial dos beneficiários de
PNE, normas, procedimentos e prazos para definição de programas de transferência de renda, em colaboração com as
mecanismos de consulta pública da demanda das famílias famílias e com os órgãos públicos de assistência social,
por creches; saúde e proteção à infância;
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade
respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional correspondente à educação infantil, em parceria com órgãos
de construção e reestruturação de escolas, bem como de públicos de assistência social, saúde e proteção à infância,
aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria preservando o direito de opção da família em relação às
da rede física de escolas públicas de educação infantil; crianças de até 3 (três) anos;
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a
PNE, avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 colaboração da União e dos Estados, realizarão e publicarão,
(dois) anos, com base em parâmetros nacionais de a cada ano, levantamento da demanda manifesta por
qualidade, a fim de aferir a infraestrutura física, o quadro de educação infantil em creches e pré-escolas, como forma de
pessoal, as condições de gestão, os recursos pedagógicos, a planejar e verificar o atendimento;

348
1.17) estimular o acesso à educação infantil em 2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em
tempo integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) especial dos anos iniciais, para as populações do campo,
anos, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares indígenas e quilombolas, nas próprias comunidades;
Nacionais para a Educação Infantil. 2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 ensino fundamental, garantida a qualidade, para atender aos
(nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) filhos e filhas de profissionais que se dedicam a atividades
anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por de caráter itinerante;
cento) dos alunos concluam essa etapa na idade 2.12) oferecer atividades extracurriculares de
recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. incentivo aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades,
Estratégias: inclusive mediante certames e concursos nacionais;
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e 2.13) promover atividades de desenvolvimento e
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os estímulo a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a
Municípios, deverá, até o final do 2º (segundo) ano de um plano de disseminação do desporto educacional e de
vigência deste PNE, elaborar e encaminhar ao Conselho desenvolvimento esportivo nacional.
Nacional de Educação, precedida de consulta pública Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento
nacional, proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17
desenvolvimento para os (as) alunos (as) do ensino (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência
fundamental; deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e para 85% (oitenta e cinco por cento).
Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata Estratégias:
o § 5º do art. 7º desta Le i, a implantação dos direitos e 3.1) institucionalizar programa nacional de
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que renovação do ensino médio, a fim de incentivar práticas
configurarão a base nacional comum curricular do ensino pedagógicas com abordagens interdisciplinares estruturadas
fundamental; pela relação entre teoria e prática, por meio de currículos
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento escolares que organizem, de maneira flexível e
individualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento em dimensões como ciência, trabalho, linguagens,
do acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se a aquisição de
beneficiários de programas de transferência de renda, bem equipamentos e laboratórios, a produção de material didático
como das situações de discriminação, preconceitos e específico, a formação continuada de professores e a
violências na escola, visando ao estabelecimento de articulação com instituições acadêmicas, esportivas e
condições adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos culturais;
(as), em colaboração com as famílias e com órgãos públicos 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e
de assistência social, saúde e proteção à infância, colaboração com os entes federados e ouvida a sociedade
adolescência e juventude; mediante consulta pública nacional, elaborará e encaminhará
2.5) promover a busca ativa de crianças e ao Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 2º
adolescentes fora da escola, em parceria com órgãos (segundo) ano de vigência deste PNE, proposta de direitos e
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as)
adolescência e juventude; alunos (as) de ensino médio, a serem atingidos nos tempos e
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que etapas de organização deste nível de ensino, com vistas a
combinem, de maneira articulada, a organização do tempo e garantir formação básica comum;
das atividades didáticas entre a escola e o ambiente 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
comunitário, considerando as especificidades da educação Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata
especial, das escolas do campo e das comunidades indígenas o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e
e quilombolas; objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a configurarão a base nacional comum curricular do ensino
organização flexível do trabalho pedagógico, incluindo médio;
adequação do calendário escolar de acordo com a realidade 3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de
local, a identidade cultural e as condições climáticas da forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva,
região; integrada ao currículo escolar;
2.8) promover a relação das escolas com instituições 3.5) manter e ampliar programas e ações de correção
e movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de de fluxo do ensino fundamental, por meio do
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) acompanhamento individualizado do (a) aluno (a) com
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que rendimento escolar defasado e pela adoção de práticas como
as escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; aulas de reforço no turno complementar, estudos de
2.9) incentivar a participação dos pais ou recuperação e progressão parcial, de forma a reposicioná-lo
responsáveis no acompanhamento das atividades escolares no ciclo escolar de maneira compatível com sua idade;
dos filhos por meio do estreitamento das relações entre as 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino
escolas e as famílias; Médio - ENEM, fundamentado em matriz de referência do

349
conteúdo curricular do ensino médio e em técnicas Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
estatísticas e psicométricas que permitam comparabilidade Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as
de resultados, articulando-o com o Sistema Nacional de matrículas dos (as) estudantes da educação regular da rede
Avaliação da Educação Básica - SAEB, e promover sua pública que recebam atendimento educacional especializado
utilização como instrumento de avaliação sistêmica, para complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo
subsidiar políticas públicas para a educação básica, de dessas matrículas na educação básica regular, e as
avaliação certificadora, possibilitando aferição de matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais
conhecimentos e habilidades adquiridos dentro e fora da atualizado, na educação especial oferecida em instituições
escola, e de avaliação classificatória, como critério de acesso comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
à educação superior; lucrativos, conveniadas com o poder público e com atuação
3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de exclusiva na modalidade, nos termos da Lei nº 11.494, de 20
ensino médio integrado à educação profissional, de junho de 2007 ;
observando-se as peculiaridades das populações do campo, 4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a
das comunidades indígenas e quilombolas e das pessoas com universalização do atendimento escolar à demanda
deficiência; manifesta pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três)
3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o anos com deficiência, transtornos globais do
monitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no observado o que dispõe a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
escolar e à interação com o coletivo, bem como das nacional;
situações de discriminação, preconceitos e violências, 4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos
práticas irregulares de exploração do trabalho, consumo de multifuncionais e fomentar a formação continuada de
drogas, gravidez precoce, em colaboração com as famílias e professores e professoras para o atendimento educacional
com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de
à adolescência e juventude; comunidades quilombolas;
3.9) promover a busca ativa da população de 15 4.4) garantir atendimento educacional especializado
(quinze) a 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
com os serviços de assistência social, saúde e proteção à serviços especializados, públicos ou conveniados, nas
adolescência e à juventude; formas complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as)
3.10) fomentar programas de educação e de cultura com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
para a população urbana e do campo de jovens, na faixa altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede
etária de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, pública de educação básica, conforme necessidade
com qualificação social e profissional para aqueles que identificada por meio de avaliação, ouvidos a família e o
estejam fora da escola e com defasagem no fluxo escolar; aluno;
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos 4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares
turnos diurno e noturno, bem como a distribuição territorial de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições
das escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de
demanda, de acordo com as necessidades específicas dos saúde, assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar
(as) alunos (as); o trabalho dos (as) professores da educação básica com os
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
ensino médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
e filhas de profissionais que se dedicam a atividades de 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
caráter itinerante; promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
motivada por preconceito ou quaisquer formas de deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta
discriminação, criando rede de proteção contra formas de transporte acessível e da disponibilização de material
associadas de exclusão; didático próprio e de recursos de tecnologia assistiva,
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos assegurando, ainda, no contexto escolar, em todas as etapas,
cursos das áreas tecnológicas e científicas. níveis e modalidades de ensino, a identificação dos (as)
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) alunos (as) com altas habilidades ou superdotação;
a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais 4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua
acesso à educação básica e ao atendimento educacional e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, língua, aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do
especializados, públicos ou conveniados. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24
Estratégias: e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de

350
leitura para cegos e surdos-cegos; desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação de 0
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a (zero) a 17 (dezessete) anos;
exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e 4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura
promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e e nos demais cursos de formação para profissionais da
o atendimento educacional especializado; educação, inclusive em nível de pós-graduação, observado o
4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento disposto no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos
do acesso à escola e ao atendimento educacional referenciais teóricos, das teorias de aprendizagem e dos
especializado, bem como da permanência e do processos de ensino-aprendizagem relacionados ao
desenvolvimento escolar dos (as) alunos (as) com atendimento educacional de alunos com deficiência,
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
habilidades ou superdotação beneficiários (as) de programas ou superdotação;
de transferência de renda, juntamente com o combate às 4.17) promover parcerias com instituições
situações de discriminação, preconceito e violência, com comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
vistas ao estabelecimento de condições adequadas para o lucrativos, conveniadas com o poder público, visando a
sucesso educacional, em colaboração com as famílias e com ampliar as condições de apoio ao atendimento escolar
os órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à integral das pessoas com deficiência, transtornos globais do
infância, à adolescência e à juventude; desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
4.10) fomentar pesquisas voltadas para o matriculadas nas redes públicas de ensino;
desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos, 4.18) promover parcerias com instituições
equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
à promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das lucrativos, conveniadas com o poder público, visando a
condições de acessibilidade dos (as) estudantes com ampliar a oferta de formação continuada e a produção de
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas material didático acessível, assim como os serviços de
habilidades ou superdotação; acessibilidade necessários ao pleno acesso, participação e
4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos
interdisciplinares para subsidiar a formulação de políticas globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
públicas intersetoriais que atendam as especificidades superdotação matriculados na rede pública de ensino;
educacionais de estudantes com deficiência, transtornos 4.19) promover parcerias com instituições
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
superdotação que requeiram medidas de atendimento lucrativos, conveniadas com o poder público, a fim de
especializado; favorecer a participação das famílias e da sociedade na
4.12) promover a articulação intersetorial entre construção do sistema educacional inclusivo.
órgãos e políticas públicas de saúde, assistência social e Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até
direitos humanos, em parceria com as famílias, com o fim de o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental.
desenvolver modelos de atendimento voltados à Estratégias:
continuidade do atendimento escolar, na educação de jovens 5.1) estruturar os processos pedagógicos de
e adultos, das pessoas com deficiência e transtornos globais alfabetização, nos anos iniciais do ensino fundamental,
do desenvolvimento com idade superior à faixa etária de articulando-os com as estratégias desenvolvidas na pré-
escolarização obrigatória, de forma a assegurar a atenção escola, com qualificação e valorização dos (as) professores
integral ao longo da vida; (as) alfabetizadores e com apoio pedagógico específico, a
4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais fim de garantir a alfabetização plena de todas as crianças;
da educação para atender à demanda do processo de 5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional
escolarização dos (das) estudantes com deficiência, periódicos e específicos para aferir a alfabetização das
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular os
ou superdotação, garantindo a oferta de professores (as) do sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos
atendimento educacional especializado, profissionais de instrumentos de avaliação e monitoramento, implementando
apoio ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos e
guias-intérpretes para surdos-cegos, professores de Libras, alunas até o final do terceiro ano do ensino fundamental;
prioritariamente surdos, e professores bilíngues; 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias
4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a
indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como
para o funcionamento de instituições públicas e privadas que o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino
prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos em que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas,
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou preferencialmente, como recursos educacionais abertos;
superdotação; 5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que
Educação, nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo
competentes, a obtenção de informação detalhada sobre o escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas
perfil das pessoas com deficiência, transtornos globais do as diversas abordagens metodológicas e sua efetividade;

351
5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, das escolas da rede pública de educação básica, de forma
indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver 6.7) atender às escolas do campo e de comunidades
instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo
língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade integral, com base em consulta prévia e informada,
cultural das comunidades quilombolas; considerando-se as peculiaridades locais;
5.6) promover e estimular a formação inicial e 6.8) garantir a educação em tempo integral para
continuada de professores (as) para a alfabetização de pessoas com deficiência, transtornos globais do
crianças, com o conhecimento de novas tecnologias desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando
estimulando a articulação entre programas de pós- atendimento educacional especializado complementar e
graduação stricto sensu e ações de formação continuada de suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais
professores (as) para a alfabetização; da própria escola ou em instituições especializadas;
5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com 6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de
deficiência, considerando as suas especificidades, inclusive permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão
a alfabetização bilíngue de pessoas surdas, sem da jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com
estabelecimento de terminalidade temporal. atividades recreativas, esportivas e culturais.
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em
mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo
forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes
dos (as) alunos (as) da educação básica. médias nacionais para o Ideb:
Estratégias: IDEB 2015 2017 2019 2021
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de Anos iniciais do 5,2 5,5 5,7 6,0
educação básica pública em tempo integral, por meio de ensino fundamental
atividades de acompanhamento pedagógico e Anos finais do 4,7 5,0 5,2 5,5
multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma ensino fundamental
que o tempo de permanência dos (as) alunos (as) na escola,
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2
ou sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a
7 (sete) horas diárias durante todo o ano letivo, com a Estratégias:
ampliação progressiva da jornada de professores em uma 7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação
única escola; interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos
construção de escolas com padrão arquitetônico e de e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as)
mobiliário adequado para atendimento em tempo integral, alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio,
prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças respeitada a diversidade regional, estadual e local;
em situação de vulnerabilidade social; 7.2) assegurar que:
6.3) institucionalizar e manter, em regime de a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos
colaboração, programa nacional de ampliação e 70% (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino
reestruturação das escolas públicas, por meio da instalação fundamental e do ensino médio tenham alcançado nível
de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos
informática, espaços para atividades culturais, bibliotecas, de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e
auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
equipamentos, bem como da produção de material didático e b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as)
da formação de recursos humanos para a educação em estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham
tempo integral; alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos
6.4) fomentar a articulação da escola com os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de
diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o
equipamentos públicos, como centros comunitários, nível desejável;
bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e 7.3) constituir, em colaboração entre a União, os
planetários; Estados, o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à nacional de indicadores de avaliação institucional com base
ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados no perfil do alunado e do corpo de profissionais da
nas escolas da rede pública de educação básica por parte das educação, nas condições de infraestrutura das escolas, nos
entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema recursos pedagógicos disponíveis, nas características da
sindical, de forma concomitante e em articulação com a rede gestão e em outras dimensões relevantes, considerando as
pública de ensino; especificidades das modalidades de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata 7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das
o art. 13 da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, em escolas de educação básica, por meio da constituição de
atividades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a

352
serem fortalecidas, destacando-se a elaboração de 7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar,
planejamento estratégico, a melhoria contínua da qualidade certificar e divulgar tecnologias educacionais para a
educacional, a formação continuada dos (as) profissionais da educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio e
educação e o aprimoramento da gestão democrática; incentivar práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a
7.5) formalizar e executar os planos de ações melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem, assegurada a
articuladas dando cumprimento às metas de qualidade diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com
estabelecidas para a educação básica pública e às estratégias preferência para softwares livres e recursos educacionais
de apoio técnico e financeiro voltadas à melhoria da gestão abertos, bem como o acompanhamento dos resultados nos
educacional, à formação de professores e professoras e sistemas de ensino em que forem aplicadas;
profissionais de serviços e apoio escolares, à ampliação e ao 7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os
desenvolvimento de recursos pedagógicos e à melhoria e (as) estudantes da educação do campo na faixa etária da
expansão da infraestrutura física da rede escolar; educação escolar obrigatória, mediante renovação e
7.6) associar a prestação de assistência técnica padronização integral da frota de veículos, de acordo com
financeira à fixação de metas intermediárias, nos termos especificações definidas pelo Instituto Nacional de
estabelecidos conforme pactuação voluntária entre os entes, Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO, e
priorizando sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da financiamento compartilhado, com participação da União
média nacional; proporcional às necessidades dos entes federados, visando a
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de reduzir a evasão escolar e o tempo médio de deslocamento a
avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de partir de cada situação local;
forma a englobar o ensino de ciências nos exames aplicados 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos
nos anos finais do ensino fundamental, e incorporar o de atendimento escolar para a população do campo que
Exame Nacional do Ensino Médio, assegurada a sua considerem as especificidades locais e as boas práticas
universalização, ao sistema de avaliação da educação básica, nacionais e internacionais;
bem como apoiar o uso dos resultados das avaliações 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência
nacionais pelas escolas e redes de ensino para a melhoria de deste PNE, o acesso à rede mundial de computadores em
seus processos e práticas pedagógicas; banda larga de alta velocidade e triplicar, até o final da
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação década, a relação computador/aluno (a) nas escolas da rede
da qualidade da educação especial, bem como da qualidade pública de educação básica, promovendo a utilização
da educação bilíngue para surdos; pedagógica das tecnologias da informação e da
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de comunicação;
ensino, de forma a buscar atingir as metas do Ideb, 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão
diminuindo a diferença entre as escolas com os menores escolar mediante transferência direta de recursos financeiros
índices e a média nacional, garantindo equidade da à escola, garantindo a participação da comunidade escolar
aprendizagem e reduzindo pela metade, até o último ano de no planejamento e na aplicação dos recursos, visando à
vigência deste PNE, as diferenças entre as médias dos ampliação da transparência e ao efetivo desenvolvimento da
índices dos Estados, inclusive do Distrito Federal, e dos gestão democrática;
Municípios; 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da
resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional educação básica, por meio de programas suplementares de
de avaliação da educação básica e do Ideb, relativos às material didático-escolar, transporte, alimentação e
escolas, às redes públicas de educação básica e aos sistemas assistência à saúde;
de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 7.18) assegurar a todas as escolas públicas de
Municípios, assegurando a contextualização desses educação básica o acesso a energia elétrica, abastecimento
resultados, com relação a indicadores sociais relevantes, de água tratada, esgotamento sanitário e manejo dos
como os de nível socioeconômico das famílias dos (as) resíduos sólidos, garantir o acesso dos alunos a espaços para
alunos (as), e a transparência e o acesso público às a prática esportiva, a bens culturais e artísticos e a
informações técnicas de concepção e operação do sistema de equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício
avaliação; escolar, garantir a acessibilidade às pessoas com deficiência;
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da 7.19) institucionalizar e manter, em regime de
educação básica nas avaliações da aprendizagem no colaboração, programa nacional de reestruturação e
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA, aquisição de equipamentos para escolas públicas, visando à
tomado como instrumento externo de referência, equalização regional das oportunidades educacionais;
internacionalmente reconhecido, de acordo com as seguintes 7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos
projeções: digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a
todas as escolas públicas da educação básica, criando,
PISA 2015 2018 2021 inclusive, mecanismos para implementação das condições
Média dos resultados em 438 455 473 necessárias para a universalização das bibliotecas nas
matemática, leitura e ciências instituições educacionais, com acesso a redes digitais de
computadores, inclusive a internet;

353
7.21) a União, em regime de colaboração com os civil, articulando a educação formal com experiências de
entes federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 educação popular e cidadã, com os propósitos de que a
(dois) anos contados da publicação desta Lei, parâmetros educação seja assumida como responsabilidade de todos e
mínimos de qualidade dos serviços da educação básica, a de ampliar o controle social sobre o cumprimento das
serem utilizados como referência para infraestrutura das políticas públicas educacionais;
escolas, recursos pedagógicos, entre outros insumos 7.29) promover a articulação dos programas da área
relevantes, bem como instrumento para adoção de medidas da educação, de âmbito local e nacional, com os de outras
para a melhoria da qualidade do ensino; áreas, como saúde, trabalho e emprego, assistência social,
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas esporte e cultura, possibilitando a criação de rede de apoio
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do integral às famílias, como condição para a melhoria da
Distrito Federal e dos Municípios, bem como manter qualidade educacional;
programa nacional de formação inicial e continuada para o 7.30) universalizar, mediante articulação entre os
pessoal técnico das secretarias de educação; órgãos responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o
7.23) garantir políticas de combate à violência na atendimento aos (às) estudantes da rede escolar pública de
escola, inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas educação básica por meio de ações de prevenção, promoção
à capacitação de educadores para detecção dos sinais de suas e atenção à saúde;
causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente
adoção das providências adequadas para promover a voltadas para a promoção, prevenção, atenção e atendimento
construção da cultura de paz e um ambiente escolar dotado à saúde e à integridade física, mental e emocional dos (das)
de segurança para a comunidade; profissionais da educação, como condição para a melhoria
7.24) implementar políticas de inclusão e da qualidade educacional;
permanência na escola para adolescentes e jovens que se 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e
encontram em regime de liberdade assistida e em situação financeira da União, em articulação com o sistema nacional
de rua, assegurando os princípios da Lei nº 8.069, de 13 de de avaliação, os sistemas estaduais de avaliação da educação
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente; básica, com participação, por adesão, das redes municipais
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos de ensino, para orientar as políticas públicas e as práticas
sobre a história e as culturas afro-brasileira e indígenas e pedagógicas, com o fornecimento das informações às
implementar ações educacionais, nos termos das Leis nºs escolas e à sociedade;
10.639, de 9 de janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 7.33) promover, com especial ênfase, em
2008, assegurando-se a implementação das respectivas consonância com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e
diretrizes curriculares nacionais, por meio de ações da Leitura, a formação de leitores e leitoras e a capacitação
colaborativas com fóruns de educação para a diversidade de professores e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e
étnico-racial, conselhos escolares, equipes pedagógicas e a agentes da comunidade para atuar como mediadores e
sociedade civil; mediadoras da leitura, de acordo com a especificidade das
7.26) consolidar a educação escolar no campo de diferentes etapas do desenvolvimento e da aprendizagem;
populações tradicionais, de populações itinerantes e de 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os
comunidades indígenas e quilombolas, respeitando a Municípios e o Distrito Federal, programa nacional de
articulação entre os ambientes escolares e comunitários e formação de professores e professoras e de alunos e alunas
garantindo: o desenvolvimento sustentável e preservação da para promover e consolidar política de preservação da
identidade cultural; a participação da comunidade na memória nacional;
definição do modelo de organização pedagógica e de gestão 7.35) promover a regulação da oferta da educação
das instituições, consideradas as práticas socioculturais e as básica pela iniciativa privada, de forma a garantir a
formas particulares de organização do tempo; a oferta qualidade e o cumprimento da função social da educação;
bilíngue na educação infantil e nos anos iniciais do ensino 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
fundamental, em língua materna das comunidades indígenas melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o
e em língua portuguesa; a reestruturação e a aquisição de mérito do corpo docente, da direção e da comunidade
equipamentos; a oferta de programa para a formação inicial escolar.
e continuada de profissionais da educação; e o atendimento Meta 8: elevar a escolaridade média da população de
em educação especial; 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar,
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de
específicas para educação escolar para as escolas do campo vigência deste Plano, para as populações do campo, da
e para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e
os conteúdos culturais correspondentes às respectivas cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média
comunidades e considerando o fortalecimento das práticas entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto
socioculturais e da língua materna de cada comunidade Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
indígena, produzindo e disponibilizando materiais didáticos Estratégias:
específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com 8.1) institucionalizar programas e desenvolver
deficiência; tecnologias para correção de fluxo, para acompanhamento
7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade pedagógico individualizado e para recuperação e progressão

354
parcial, bem como priorizar estudantes com rendimento óculos, em articulação com a área da saúde;
escolar defasado, considerando as especificidades dos 9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e
segmentos populacionais considerados; adultos, nas etapas de ensino fundamental e médio, às
8.2) implementar programas de educação de jovens e pessoas privadas de liberdade em todos os estabelecimentos
adultos para os segmentos populacionais considerados, que penais, assegurando-se formação específica dos professores
estejam fora da escola e com defasagem idade-série, e das professoras e implementação de diretrizes nacionais
associados a outras estratégias que garantam a continuidade em regime de colaboração;
da escolarização, após a alfabetização inicial; 9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação inovadores na educação de jovens e adultos que visem ao
da conclusão dos ensinos fundamental e médio; desenvolvimento de modelos adequados às necessidades
8.4) expandir a oferta gratuita de educação específicas desses (as) alunos (as);
profissional técnica por parte das entidades privadas de 9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que
serviço social e de formação profissional vinculadas ao integrem os segmentos empregadores, públicos e privados, e
sistema sindical, de forma concomitante ao ensino ofertado os sistemas de ensino, para promover a compatibilização da
na rede escolar pública, para os segmentos populacionais jornada de trabalho dos empregados e das empregadas com
considerados; a oferta das ações de alfabetização e de educação de jovens
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e e adultos;
assistência social, o acompanhamento e o monitoramento do 9.11) implementar programas de capacitação
acesso à escola específicos para os segmentos populacionais tecnológica da população jovem e adulta, direcionados para
considerados, identificar motivos de absenteísmo e os segmentos com baixos níveis de escolarização formal e
colaborar com os Estados, o Distrito Federal e os para os (as) alunos (as) com deficiência, articulando os
Municípios para a garantia de frequência e apoio à sistemas de ensino, a Rede Federal de Educação
aprendizagem, de maneira a estimular a ampliação do Profissional, Científica e Tecnológica, as universidades, as
atendimento desses (as) estudantes na rede pública regular cooperativas e as associações, por meio de ações de
de ensino; extensão desenvolvidas em centros vocacionais
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a
pertencentes aos segmentos populacionais considerados, em efetiva inclusão social e produtiva dessa população;
parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e
à juventude. adultos, as necessidades dos idosos, com vistas à promoção
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população de políticas de erradicação do analfabetismo, ao acesso a
com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três tecnologias educacionais e atividades recreativas, culturais e
inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da esportivas, à implementação de programas de valorização e
vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e compartilhamento dos conhecimentos e experiência dos
reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de idosos e à inclusão dos temas do envelhecimento e da
analfabetismo funcional. velhice nas escolas.
Estratégias: Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos,
e adultos a todos os que não tiveram acesso à educação nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à
básica na idade própria; educação profissional.
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com Estratégias:
ensino fundamental e médio incompletos, para identificar a 10.1) manter programa nacional de educação de
demanda ativa por vagas na educação de jovens e adultos; jovens e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e e à formação profissional inicial, de forma a estimular a
adultos com garantia de continuidade da escolarização conclusão da educação básica;
básica; 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e
9.4) criar benefício adicional no programa nacional adultos, de modo a articular a formação inicial e continuada
de transferência de renda para jovens e adultos que de trabalhadores com a educação profissional, objetivando a
frequentarem cursos de alfabetização; elevação do nível de escolaridade do trabalhador e da
9.5) realizar chamadas públicas regulares para trabalhadora;
educação de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
em regime de colaboração entre entes federados e em adultos com a educação profissional, em cursos planejados,
parceria com organizações da sociedade civil; de acordo com as características do público da educação de
9.6) realizar avaliação, por meio de exames jovens e adultos e considerando as especificidades das
específicos, que permita aferir o grau de alfabetização de populações itinerantes e do campo e das comunidades
jovens e adultos com mais de 15 (quinze) anos de idade; indígenas e quilombolas, inclusive na modalidade de
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante educação a distância;
da educação de jovens e adultos por meio de programas 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos
suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive jovens e adultos com deficiência e baixo nível de
atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de escolaridade, por meio do acesso à educação de jovens e

355
adultos articulada à educação profissional; estaduais de ensino;
10.5) implantar programa nacional de reestruturação 11.3) fomentar a expansão da oferta de educação
e aquisição de equipamentos voltados à expansão e à profissional técnica de nível médio na modalidade de
melhoria da rede física de escolas públicas que atuam na educação a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e
educação de jovens e adultos integrada à educação democratizar o acesso à educação profissional pública e
profissional, garantindo acessibilidade à pessoa com gratuita, assegurado padrão de qualidade;
deficiência; 11.4) estimular a expansão do estágio na educação
10.6) estimular a diversificação curricular da profissional técnica de nível médio e do ensino médio
educação de jovens e adultos, articulando a formação básica regular, preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao
e a preparação para o mundo do trabalho e estabelecendo itinerário formativo do aluno, visando à formação de
inter-relações entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do qualificações próprias da atividade profissional, à
trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a contextualização curricular e ao desenvolvimento da
organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às juventude;
características desses alunos e alunas; 11.5) ampliar a oferta de programas de
10.7) fomentar a produção de material didático, o reconhecimento de saberes para fins de certificação
desenvolvimento de currículos e metodologias específicas, profissional em nível técnico;
os instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e 11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de
laboratórios e a formação continuada de docentes das redes educação profissional técnica de nível médio pelas entidades
públicas que atuam na educação de jovens e adultos privadas de formação profissional vinculadas ao sistema
articulada à educação profissional; sindical e entidades sem fins lucrativos de atendimento à
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e pessoa com deficiência, com atuação exclusiva na
continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à modalidade;
educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e 11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à
com apoio de entidades privadas de formação profissional educação profissional técnica de nível médio oferecida em
vinculadas ao sistema sindical e de entidades sem fins instituições privadas de educação superior;
lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, com 11.8) institucionalizar sistema de avaliação da
atuação exclusiva na modalidade; qualidade da educação profissional técnica de nível médio
10.9) institucionalizar programa nacional de das redes escolares públicas e privadas;
assistência ao estudante, compreendendo ações de 11.9) expandir o atendimento do ensino médio
assistência social, financeira e de apoio psicopedagógico que gratuito integrado à formação profissional para as
contribuam para garantir o acesso, a permanência, a populações do campo e para as comunidades indígenas e
aprendizagem e a conclusão com êxito da educação de quilombolas, de acordo com os seus interesses e
jovens e adultos articulada à educação profissional; necessidades;
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de 11.10) expandir a oferta de educação profissional
jovens e adultos articulada à educação profissional, de modo técnica de nível médio para as pessoas com deficiência,
a atender às pessoas privadas de liberdade nos transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
estabelecimentos penais, assegurando-se formação ou superdotação;
específica dos professores e das professoras e 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão
implementação de diretrizes nacionais em regime de média dos cursos técnicos de nível médio na Rede Federal
colaboração; de Educação Profissional, Científica e Tecnológica para
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento 90% (noventa por cento) e elevar, nos cursos presenciais, a
de saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem relação de alunos (as) por professor para 20 (vinte);
considerados na articulação curricular dos cursos de 11.12) elevar gradualmente o investimento em
formação inicial e continuada e dos cursos técnicos de nível programas de assistência estudantil e mecanismos de
médio. mobilidade acadêmica, visando a garantir as condições
Meta 11: triplicar as matrículas da educação necessárias à permanência dos (as) estudantes e à conclusão
profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade dos cursos técnicos de nível médio;
da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e
expansão no segmento público. regionais no acesso e permanência na educação profissional
Estratégias: técnica de nível médio, inclusive mediante a adoção de
11.1) expandir as matrículas de educação profissional políticas afirmativas, na forma da lei;
técnica de nível médio na Rede Federal de Educação 11.14) estruturar sistema nacional de informação
Profissional, Científica e Tecnológica, levando em profissional, articulando a oferta de formação das
consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação instituições especializadas em educação profissional aos
territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e dados do mercado de trabalho e a consultas promovidas em
culturais locais e regionais, bem como a interiorização da entidades empresariais e de trabalhadores
educação profissional; Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa
profissional técnica de nível médio nas redes públicas líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18

356
(dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade forma da lei;
da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por 12.10) assegurar condições de acessibilidade nas
cento) das novas matrículas, no segmento público. instituições de educação superior, na forma da legislação;
Estratégias: 12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a
12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura necessidade de articulação entre formação, currículo,
física e de recursos humanos das instituições públicas de pesquisa e mundo do trabalho, considerando as necessidades
educação superior, mediante ações planejadas e econômicas, sociais e culturais do País;
coordenadas, de forma a ampliar e interiorizar o acesso à 12.12) consolidar e ampliar programas e ações de
graduação; incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de
12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e
expansão e interiorização da rede federal de educação internacional, tendo em vista o enriquecimento da formação
superior, da Rede Federal de Educação Profissional, de nível superior;
Científica e Tecnológica e do sistema Universidade Aberta 12.13) expandir atendimento específico a populações
do Brasil, considerando a densidade populacional, a oferta do campo e comunidades indígenas e quilombolas, em
de vagas públicas em relação à população na idade de relação a acesso, permanência, conclusão e formação de
referência e observadas as características regionais das profissionais para atuação nessas populações;
micro e mesorregiões definidas pela Fundação Instituto 12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, uniformizando formação de pessoal de nível superior, destacadamente a que
a expansão no território nacional; se refere à formação nas áreas de ciências e matemática,
12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média considerando as necessidades do desenvolvimento do País, a
dos cursos de graduação presenciais nas universidades inovação tecnológica e a melhoria da qualidade da educação
públicas para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, básica;
um terço das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de 12.15) institucionalizar programa de composição de
estudantes por professor (a) para 18 (dezoito), mediante acervo digital de referências bibliográficas e audiovisuais
estratégias de aproveitamento de créditos e inovações para os cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às
acadêmicas que valorizem a aquisição de competências de pessoas com deficiência;
nível superior; 12.16) consolidar processos seletivos nacionais e
12.4) fomentar a oferta de educação superior pública regionais para acesso à educação superior como forma de
e gratuita prioritariamente para a formação de professores e superar exames vestibulares isolados;
professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de 12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas
ciências e matemática, bem como para atender ao défice de ociosas em cada período letivo na educação superior
profissionais em áreas específicas; pública;
12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência 12.18) estimular a expansão e reestruturação das
estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições instituições de educação superior estaduais e municipais
públicas, bolsistas de instituições privadas de educação cujo ensino seja gratuito, por meio de apoio técnico e
superior e beneficiários do Fundo de Financiamento financeiro do Governo Federal, mediante termo de adesão a
Estudantil - FIES, de que trata a Lei nº 10.260, de 12 de programa de reestruturação, na forma de regulamento, que
julho de 2001, na educação superior, de modo a reduzir as considere a sua contribuição para a ampliação de vagas, a
desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de acesso e capacidade fiscal e as necessidades dos sistemas de ensino
permanência na educação superior de estudantes egressos da dos entes mantenedores na oferta e qualidade da educação
escola pública, afrodescendentes e indígenas e de estudantes básica;
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos
altas habilidades ou superdotação, de forma a apoiar seu e qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os
sucesso acadêmico; procedimentos adotados na área de avaliação, regulação e
12.6) expandir o financiamento estudantil por meio supervisão, em relação aos processos de autorização de
do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata cursos e instituições, de reconhecimento ou renovação de
a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição reconhecimento de cursos superiores e de credenciamento
de fundo garantidor do financiamento, de forma a dispensar ou recredenciamento de instituições, no âmbito do sistema
progressivamente a exigência de fiador; federal de ensino;
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do 12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de
total de créditos curriculares exigidos para a graduação em Financiamento ao Estudante do Ensino Superior - FIES, de
programas e projetos de extensão universitária, orientando que trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, e do
sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência Programa Universidade para Todos - PROUNI, de que trata
social; a Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005, os benefícios
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da destinados à concessão de financiamento a estudantes
formação na educação superior; regularmente matriculados em cursos superiores presenciais
12.9) ampliar a participação proporcional de grupos ou a distância, com avaliação positiva, de acordo com
historicamente desfavorecidos na educação superior, regulamentação própria, nos processos conduzidos pelo
inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na Ministério da Educação;

357
12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios ENADE e, no último ano de vigência, pelo menos 75%
multifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas (setenta e cinco por cento) dos estudantes obtenham
definidas pela política e estratégias nacionais de ciência, desempenho positivo igual ou superior a 75% (setenta e
tecnologia e inovação. cinco por cento) nesse exame, em cada área de formação
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e profissional;
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente 13.9) promover a formação inicial e continuada dos
em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação (as) profissionais técnico-administrativos da educação
superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do superior.
total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. Meta 14: elevar gradualmente o número de
Estratégias: matrículas na pós-graduação stricto sensu , de modo a
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e
da Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei nº 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.
10.861, de 14 de abril de 2004, fortalecendo as ações de Estratégias:
avaliação, regulação e supervisão; 14.1) expandir o financiamento da pós-
13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de graduação stricto sensu por meio das agências oficiais de
Desempenho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o fomento;
quantitativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz 14.2) estimular a integração e a atuação articulada
respeito à aprendizagem resultante da graduação; entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das Nível Superior - CAPES e as agências estaduais de fomento
instituições de educação superior, fortalecendo a à pesquisa;
participação das comissões próprias de avaliação, bem como 14.3) expandir o financiamento estudantil por meio
a aplicação de instrumentos de avaliação que orientem as do Fies à pós-graduação stricto sensu ;
dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a 14.4) expandir a oferta de cursos de pós-
qualificação e a dedicação do corpo docente; graduação stricto sensu , utilizando inclusive metodologias,
13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos recursos e tecnologias de educação a distância;
de pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de 14.5) implementar ações para reduzir as
instrumento próprio de avaliação aprovado pela Comissão desigualdades étnico-raciais e regionais e para favorecer o
Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES, acesso das populações do campo e das comunidades
integrando-os às demandas e necessidades das redes de indígenas e quilombolas a programas de mestrado e
educação básica, de modo a permitir aos graduandos a doutorado;
aquisição das qualificações necessárias a conduzir o 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-
processo pedagógico de seus futuros alunos (as), graduação stricto sensu , especialmente os de doutorado,
combinando formação geral e específica com a prática nos campi novos abertos em decorrência dos programas de
didática, além da educação para as relações étnico-raciais, a expansão e interiorização das instituições superiores
diversidade e as necessidades das pessoas com deficiência; públicas;
13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades, 14.7) manter e expandir programa de acervo digital
direcionando sua atividade, de modo que realizem, de referências bibliográficas para os cursos de pós-
efetivamente, pesquisa institucionalizada, articulada a graduação, assegurada a acessibilidade às pessoas com
programas de pós-graduação stricto sensu ; deficiência;
13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho 14.8) estimular a participação das mulheres nos
de Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano cursos de pós-graduação stricto sensu , em particular aqueles
do curso de graduação pelo Exame Nacional do Ensino ligados às áreas de Engenharia, Matemática, Física,
Médio - ENEM, a fim de apurar o valor agregado dos cursos Química, Informática e outros no campo das ciências;
de graduação; 14.9) consolidar programas, projetos e ações que
13.7) fomentar a formação de consórcios entre objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós-
instituições públicas de educação superior, com vistas a graduação brasileiras, incentivando a atuação em rede e o
potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano fortalecimento de grupos de pesquisa;
de desenvolvimento institucional integrado, assegurando 14.10) promover o intercâmbio científico e
maior visibilidade nacional e internacional às atividades de tecnológico, nacional e internacional, entre as instituições de
ensino, pesquisa e extensão; ensino, pesquisa e extensão;
13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média 14.11) ampliar o investimento em pesquisas com
dos cursos de graduação presenciais nas universidades foco em desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como
públicas, de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas incrementar a formação de recursos humanos para a
instituições privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em inovação, de modo a buscar o aumento da competitividade
2020, e fomentar a melhoria dos resultados de das empresas de base tecnológica;
aprendizagem, de modo que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 14.12) ampliar o investimento na formação de
60% (sessenta por cento) dos estudantes apresentem doutores de modo a atingir a proporção de 4 (quatro)
desempenho positivo igual ou superior a 60% (sessenta por doutores por 1.000 (mil) habitantes;
cento) no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - 14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o

358
desempenho científico e tecnológico do País e a 15.7) garantir, por meio das funções de avaliação,
competitividade internacional da pesquisa brasileira, regulação e supervisão da educação superior, a plena
ampliando a cooperação científica com empresas, implementação das respectivas diretrizes curriculares;
Instituições de Educação Superior - IES e demais 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs; cursos de formação de nível médio e superior dos
14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e profissionais da educação, visando ao trabalho sistemático
promover a formação de recursos humanos que valorize a de articulação entre a formação acadêmica e as demandas da
diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica educação básica;
e do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no 15.9) implementar cursos e programas especiais para
semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de assegurar formação específica na educação superior, nas
emprego e renda na região; respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das nível médio na modalidade normal, não licenciados ou
IES e das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a licenciados em área diversa da de atuação docente, em
produção e registro de patentes. efetivo exercício;
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a 15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no médio e tecnológicos de nível superior destinados à
prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política formação, nas respectivas áreas de atuação, dos (as)
nacional de formação dos profissionais da educação de que profissionais da educação de outros segmentos que não os
tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº do magistério;
9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os 15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência
professores e as professoras da educação básica possuam desta Lei, política nacional de formação continuada para os
formação específica de nível superior, obtida em curso de (as) profissionais da educação de outros segmentos que não
licenciatura na área de conhecimento em que atuam. os do magistério, construída em regime de colaboração entre
Estratégias: os entes federados;
15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano 15.12) instituir programa de concessão de bolsas de
estratégico que apresente diagnóstico das necessidades de estudos para que os professores de idiomas das escolas
formação de profissionais da educação e da capacidade de públicas de educação básica realizem estudos de imersão e
atendimento, por parte de instituições públicas e aperfeiçoamento nos países que tenham como idioma nativo
comunitárias de educação superior existentes nos Estados, as línguas que lecionem;
Distrito Federal e Municípios, e defina obrigações 15.13) desenvolver modelos de formação docente
recíprocas entre os partícipes; para a educação profissional que valorizem a experiência
15.2) consolidar o financiamento estudantil a prática, por meio da oferta, nas redes federal e estaduais de
estudantes matriculados em cursos de licenciatura com educação profissional, de cursos voltados à complementação
avaliação positiva pelo Sistema Nacional de Avaliação da e certificação didático-pedagógica de profissionais
Educação Superior - SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de experientes.
14 de abril de 2004, inclusive a amortização do saldo Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50%
devedor pela docência efetiva na rede pública de educação (cinquenta por cento) dos professores da educação básica,
básica; até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos
15.3) ampliar programa permanente de iniciação à (as) os (as) profissionais da educação básica formação
docência a estudantes matriculados em cursos de continuada em sua área de atuação, considerando as
licenciatura, a fim de aprimorar a formação de profissionais necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de
para atuar no magistério da educação básica; ensino.
15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para Estratégias:
organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação 16.1) realizar, em regime de colaboração, o
inicial e continuada de profissionais da educação, bem como planejamento estratégico para dimensionamento da demanda
para divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos; por formação continuada e fomentar a respectiva oferta por
15.5) implementar programas específicos para parte das instituições públicas de educação superior, de
formação de profissionais da educação para as escolas do forma orgânica e articulada às políticas de formação dos
campo e de comunidades indígenas e quilombolas e para a Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
educação especial; 16.2) consolidar política nacional de formação de
15.6) promover a reforma curricular dos cursos de professores e professoras da educação básica, definindo
licenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a diretrizes nacionais, áreas prioritárias, instituições
assegurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo formadoras e processos de certificação das atividades
a carga horária em formação geral, formação na área do formativas;
saber e didática específica e incorporando as modernas 16.3) expandir programa de composição de acervo de
tecnologias de informação e comunicação, em articulação obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários,
com a base nacional comum dos currículos da educação e programa específico de acesso a bens culturais, incluindo
básica, de que tratam as estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste obras e materiais produzidos em Libras e em Braille, sem
PNE; prejuízo de outros, a serem disponibilizados para os

359
professores e as professoras da rede pública de educação profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no
básica, favorecendo a construção do conhecimento e a mínimo, dos respectivos profissionais da educação não
valorização da cultura da investigação; docentes sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem
subsidiar a atuação dos professores e das professoras da vinculados;
educação básica, disponibilizando gratuitamente materiais 18.2) implantar, nas redes públicas de educação
didáticos e pedagógicos suplementares, inclusive aqueles básica e superior, acompanhamento dos profissionais
com formato acessível; iniciantes, supervisionados por equipe de profissionais
16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós- experientes, a fim de fundamentar, com base em avaliação
graduação dos professores e das professoras e demais documentada, a decisão pela efetivação após o estágio
profissionais da educação básica; probatório e oferecer, durante esse período, curso de
16.6) fortalecer a formação dos professores e das aprofundamento de estudos na área de atuação do (a)
professoras das escolas públicas de educação básica, por professor (a), com destaque para os conteúdos a serem
meio da implementação das ações do Plano Nacional do ensinados e as metodologias de ensino de cada disciplina;
Livro e Leitura e da instituição de programa nacional de 18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da
disponibilização de recursos para acesso a bens culturais Educação, a cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de
pelo magistério público. vigência deste PNE, prova nacional para subsidiar os
Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mediante
das redes públicas de educação básica de forma a equiparar adesão, na realização de concursos públicos de admissão de
seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com profissionais do magistério da educação básica pública;
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de 18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais
vigência deste PNE. da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos
Estratégias: Municípios, licenças remuneradas e incentivos para
17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da qualificação profissional, inclusive em nível de pós-
Educação, até o final do primeiro ano de vigência deste graduação stricto sensu ;
PNE, fórum permanente, com representação da União, dos 18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da
trabalhadores da educação, para acompanhamento da Educação, em regime de colaboração, o censo dos (as)
atualização progressiva do valor do piso salarial nacional profissionais da educação básica de outros segmentos que
para os profissionais do magistério público da educação não os do magistério;
básica; 18.6) considerar as especificidades socioculturais das
17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o escolas do campo e das comunidades indígenas e
acompanhamento da evolução salarial por meio de quilombolas no provimento de cargos efetivos para essas
indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de escolas;
Domicílios - PNAD, periodicamente divulgados pela 18.7) priorizar o repasse de transferências federais
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito
IBGE; Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica
17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais
do Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira da educação;
para os (as) profissionais do magistério das redes públicas 18.8) estimular a existência de comissões
de educação básica, observados os critérios estabelecidos permanentes de profissionais da educação de todos os
na Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação sistemas de ensino, em todas as instâncias da Federação,
gradual do cumprimento da jornada de trabalho em um para subsidiar os órgãos competentes na elaboração,
único estabelecimento escolar; reestruturação e implementação dos planos de Carreira.
17.4) ampliar a assistência financeira específica da Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois)
União aos entes federados para implementação de políticas anos, para a efetivação da gestão democrática da educação,
de valorização dos (as) profissionais do magistério, em associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à
particular o piso salarial nacional profissional. consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
existência de planos de Carreira para os (as) profissionais da União para tanto.
educação básica e superior pública de todos os sistemas de Estratégias:
ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da 19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias
educação básica pública, tomar como referência o piso da União na área da educação para os entes federados que
salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos tenham aprovado legislação específica que regulamente a
termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a
Estratégias: legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a
18.1) estruturar as redes públicas de educação básica nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios
de modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação
PNE, 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos da comunidade escolar;

360
19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de
(às) conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e acompanhamento da arrecadação da contribuição social do
controle social do Fundeb, dos conselhos de alimentação salário-educação;
escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos (às) 20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do
representantes educacionais em demais conselhos de ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos
acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses do art. 212 da Constituição Federal, na forma da lei
colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado, específica, a parcela da participação no resultado ou da
equipamentos e meios de transporte para visitas à rede compensação financeira pela exploração de petróleo e gás
escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; natural e outros recursos, com a finalidade de cumprimento
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os da meta prevista no inciso VI do caput do art. 214 da
Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Constituição Federal ;
Educação, com o intuito de coordenar as conferências 20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que
municipais, estaduais e distrital bem como efetuar o assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei
acompanhamento da execução deste PNE e dos seus planos Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a transparência
de educação; e o controle social na utilização dos recursos públicos
19.4) estimular, em todas as redes de educação aplicados em educação, especialmente a realização de
básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios audiências públicas, a criação de portais eletrônicos de
estudantis e associações de pais, assegurando-se-lhes, transparência e a capacitação dos membros de conselhos de
inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento acompanhamento e controle social do Fundeb, com a
nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os colaboração entre o Ministério da Educação, as Secretarias
conselhos escolares, por meio das respectivas de Educação dos Estados e dos Municípios e os Tribunais de
representações; Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de 20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de
conselhos escolares e conselhos municipais de educação, Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP,
como instrumentos de participação e fiscalização na gestão estudos e acompanhamento regular dos investimentos e
escolar e educacional, inclusive por meio de programas de custos por aluno da educação básica e superior pública, em
formação de conselheiros, assegurando-se condições de todas as suas etapas e modalidades;
funcionamento autônomo; 20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste
19.6) estimular a participação e a consulta de PNE, será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial -
profissionais da educação, alunos (as) e seus familiares na CAQi, referenciado no conjunto de padrões mínimos
formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos estabelecidos na legislação educacional e cujo
escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares, financiamento será calculado com base nos respectivos
assegurando a participação dos pais na avaliação de insumos indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem
docentes e gestores escolares; e será progressivamente reajustado até a implementação
19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ;
administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos 20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ
de ensino; como parâmetro para o financiamento da educação de todas
19.8) desenvolver programas de formação de etapas e modalidades da educação básica, a partir do cálculo
diretores e gestores escolares, bem como aplicar prova e do acompanhamento regular dos indicadores de gastos
nacional específica, a fim de subsidiar a definição de educacionais com investimentos em qualificação e
critérios objetivos para o provimento dos cargos, cujos remuneração do pessoal docente e dos demais profissionais
resultados possam ser utilizados por adesão. da educação pública, em aquisição, manutenção, construção
Meta 20: ampliar o investimento público em e conservação de instalações e equipamentos necessários ao
educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar ensino e em aquisição de material didático-escolar,
de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do alimentação e transporte escolar;
País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, 20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e
o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do será continuamente ajustado, com base em metodologia
decênio. formulada pelo Ministério da Educação - MEC, e
Estratégias: acompanhado pelo Fórum Nacional de Educação - FNE,
20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e pelo Conselho Nacional de Educação - CNE e pelas
sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da Comissões de Educação da Câmara dos Deputados e de
educação básica, observando-se as políticas de colaboração Educação, Cultura e Esportes do Senado Federal;
entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. 20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e
60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e o art. 211 da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos,
do § 1º do art. 75 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de por lei complementar, de forma a estabelecer as normas de
1996, que tratam da capacidade de atendimento e do esforço cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
fiscal de cada ente federado, com vistas a atender suas Municípios, em matéria educacional, e a articulação do
demandas educacionais à luz do padrão de qualidade sistema nacional de educação em regime de colaboração,
nacional; com equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos

361
recursos e efetivo cumprimento das funções redistributiva e sociedade em geral e do poder público assegurar, com
supletiva da União no combate às desigualdades absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
educacionais regionais, com especial atenção às regiões vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
Norte e Nordeste; lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
20.10) caberá à União, na forma da lei, a respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
complementação de recursos financeiros a todos os Estados, Parágrafo único. A garantia de prioridade
ao Distrito Federal e aos Municípios que não conseguirem compreende:
atingir o valor do CAQi e, posteriormente, do CAQ; a) primazia de receber proteção e socorro em
20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de quaisquer circunstâncias;
Responsabilidade Educacional, assegurando padrão de b) precedência de atendimento nos serviços públicos
qualidade na educação básica, em cada sistema e rede de ou de relevância pública;
ensino, aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas c) preferência na formulação e na execução das
por institutos oficiais de avaliação educacionais; políticas sociais públicas;
20.12) definir critérios para distribuição dos recursos d) destinação privilegiada de recursos públicos nas
adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
considerem a equalização das oportunidades educacionais, a Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto
vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de qualquer forma de negligência, discriminação,
de gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na exploração, violência, crueldade e opressão, punido na
instância prevista no § 5º do art. 7º desta Lei. forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
seus direitos fundamentais.
* Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em
conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e
6.30.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei a condição peculiar da criança e do adolescente como
nº8.069/1990 pessoas em desenvolvimento.
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Título II
Dispõe sobre o Estatuto da Dos Direitos Fundamentais
Texto compilado
Criança e do Adolescente e Capítulo I
Vigência
dá outras providências. Do Direito à Vida e à Saúde
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
Lei: sociais públicas que permitam o nascimento e o
Título I desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
Das Disposições Preliminares de existência.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema
criança e ao adolescente. Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso
Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e aos programas e às políticas de saúde da mulher e de
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada,
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica- atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e
se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no
vinte e um anos de idade. âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os nº 13.257, de 2016)
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, níveis de atendimento, segundo critérios médicos
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o e hierarquização do Sistema.
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, § 1 o O atendimento pré-natal será realizado por
em condições de liberdade e de dignidade. profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei 13.257, de 2016)
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem § 2º A parturiente será atendida preferencialmente
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.
raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição § 2 o Os profissionais de saúde de referência da
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da
econômica, ambiente social, região e local de moradia ou gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto,
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela
comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de Lei nº 13.257, de 2016)
2016) § 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.

362
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado Art. 9º O poder público, as instituições e os
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos empregadores propiciarão condições adequadas ao
alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de submetidas a medida privativa de liberdade.
apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de § 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde
2016) desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as materno e à alimentação complementar saudável, de forma
consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
12.010, de 2009) Vigência § 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
ser também prestada a gestantes ou mães que manifestem unidade de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº
interesse em entregar seus filhos para adoção. (Incluído pela 13.257, de 2016)
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
ser prestada também a gestantes e mães que manifestem obrigados a:
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a I - manter registro das atividades desenvolvidas,
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito
de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) anos;
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- sua impressão plantar e digital e da impressão digital da
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela
pela Lei nº 13.257, de 2016) autoridade administrativa competente;
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre III - proceder a exames visando ao diagnóstico e
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre nascido, bem como prestar orientação aos pais;
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído necessariamente as intercorrências do parto e do
pela Lei nº 13.257, de 2016) desenvolvimento do neonato;
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao
saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, neonato a permanência junto à mãe.
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras VI - acompanhar a prática do processo de
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela amamentação, prestando orientações quanto à técnica
Lei nº 13.257, de 2016) adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. (Incluído
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às § 1º Os testes para o rastreamento de doenças no
consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) recém-nascido serão disponibilizados pelo Sistema Único de
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e Saúde, no âmbito do Programa Nacional de Triagem
à mulher com filho na primeira infância que se encontrem Neonatal (PNTN), na forma da regulamentação elaborada
sob custódia em unidade de privação de liberdade, pelo Ministério da Saúde, com implementação de forma
ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do escalonada, de acordo com a seguinte ordem de
Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de
articulação com o sistema de ensino competente, visando ao 2021) Vigência
desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de
13.257, de 2016) 2021) Vigência
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de a) fenilcetonúria e outras
Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada hiperfenilalaninemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com 2021) Vigência
o objetivo de disseminar informações sobre medidas b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº
preventivas e educativas que contribuam para a redução da 14.154, de 2021) Vigência
incidência da gravidez na adolescência. (Incluído pela Lei nº c) doença falciforme e outras
13.798, de 2019) hemoglobinopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o 2021) Vigência
disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
público, em conjunto com organizações da sociedade civil, e 2021) Vigência
serão dirigidas prioritariamente ao público e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei
adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) nº 14.154, de 2021) Vigência

363
f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
14.154, de 2021) Vigência § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente
g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e
14.154, de 2021) Vigência outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou
II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de reabilitação.
2021) Vigência § 2 o Incumbe ao poder público fornecer
a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos,
2021) Vigência órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao
b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e
de 2021) Vigência adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas
c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº às suas necessidades específicas. (Redação dada pela Lei nº
14.154, de 2021) Vigência 13.257, de 2016)
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos § 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
graxos; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência frequente de crianças na primeira infância receberão
III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela formação específica e permanente para a detecção de sinais
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência nº 13.257, de 2016)
V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência deverão proporcionar condições para a permanência em
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de
pelo teste do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada internação de criança ou adolescente.
periodicamente, com base em evidências científicas, Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à
considerados os benefícios do rastreamento, do diagnóstico saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e
e do tratamento precoce, priorizando as doenças com maior de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
prevalência no País, com protocolo de tratamento aprovado para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
e com tratamento incorporado no Sistema Único de responsável, nos casos de internação de criança ou
Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de
poderá ser expandido pelo poder público com base nos maus-tratos contra criança ou adolescente serão
critérios estabelecidos no § 2º deste artigo. (Incluído pela obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências
§ 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de legais.
puerpério imediato, os profissionais de saúde devem Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de
informar a gestante e os acompanhantes sobre a importância castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
do teste do pezinho e sobre as eventuais diferenças tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
existentes entre as modalidades oferecidas no Sistema Único comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade,
de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela Lei nº sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada
14.154, de 2021) Vigência pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 11. É assegurado atendimento médico à criança e Parágrafo único. As gestantes ou mães que
ao adolescente, através do Sistema Único de Saúde, manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção
garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância e
para promoção, proteção e recuperação da saúde. da Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da 2009) Vigência
criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único § 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse
de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
e serviços para promoção, proteção e recuperação da encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e
saúde. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005) da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas
cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por de entrada, os serviços de assistência social em seu
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o componente especializado, o Centro de Referência
princípio da equidade no acesso a ações e serviços para Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
pela Lei nº 13.257, de 2016) Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
§ 1º A criança e o adolescente portadores de atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância
deficiência receberão atendimento especializado. com suspeita ou confirmação de violência de qualquer
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

364
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
programas de assistência médica e odontológica para a tratamento cruel ou degradante, como formas de correção,
prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
pais, educadores e alunos. pelos agentes públicos executores de medidas
Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
crianças nos casos recomendados pelas autoridades cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído
sanitárias. pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do se: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança
à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma ou o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº
transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de 13.010, de 2014)
cuidado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010,
Lei nº 13.257, de 2016) de 2014)
§ 3 o A atenção odontológica à criança terá função b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
13.257, de 2016) b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados 13.010, de 2014)
odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores
seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada
instrumento construído com a finalidade de facilitar a de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los
detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento
criança, de risco para o seu desenvolvimento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina,
psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (Vigência) educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem
Capítulo II prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas,
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade que serão aplicadas de acordo com a gravidade do
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas I - encaminhamento a programa oficial ou
em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos comunitário de proteção à família; (Incluído pela Lei nº
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas 13.010, de 2014)
leis. II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
Art. 16. O direito à liberdade compreende os psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
seguintes aspectos: III - encaminhamento a cursos ou programas de
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
comunitários, ressalvadas as restrições legais; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
II - opinião e expressão; especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - crença e culto religioso; V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; 2014)
V - participar da vida familiar e comunitária, sem VI - garantia de tratamento de saúde especializado à
discriminação; vítima. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
VI - participar da vida política, na forma da lei; 2022) Vigência
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo
Art. 17. O direito ao respeito consiste na serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de
inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da outras providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da 2014)
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e Capítulo III
crenças, dos espaços e objetos pessoais. Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da Seção I
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer Disposições Gerais
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser
constrangedor. criado e educado no seio da sua família e,
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de excepcionalmente, em família substituta, assegurada a

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convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei
presença de pessoas dependentes de substâncias nº 12.962, de 2014)
entorpecentes. § 5 o Será garantida a convivência integral da criança
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser com a mãe adolescente que estiver em acolhimento
criado e educado no seio de sua família e, institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a § 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe
convivência familiar e comunitária, em ambiente que especializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509,
garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela de 2017)
Lei nº 13.257, de 2016) Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e
sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
devendo a autoridade judiciária competente, com base em § 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
relatório elaborado por equipe interprofissional ou interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando
possibilidade de reintegração familiar ou colocação em inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária
2009) Vigência poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe,
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido mediante sua expressa concordância, à rede pública de saúde
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá e assistência social para atendimento
sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
devendo a autoridade judiciária competente, com base em § 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos
relatório elaborado por equipe interprofissional ou termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas § 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor
no art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de e de não existir outro representante da família extensa apto a
2017) receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em decretar a extinção do poder familiar e determinar a
programa de acolhimento institucional não se prolongará por colocação da criança sob a guarda provisória de quem
mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada programa de acolhimento familiar ou institucional. (Incluído
pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de pela Lei nº 13.509, de 2017)
2009) Vigência § 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai
programa de acolhimento institucional não se prolongará por indicado, deve ser manifestada na audiência a que se refere
mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade o § 1 o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a
que atenda ao seu superior interesse, devidamente entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação dada § 6 o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de
pela Lei nº 13.509, de 2017) 2017)
§ 3 o A manutenção ou reintegração de criança ou § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência
adolescente à sua família terá preferência em relação a nem o genitor nem representante da família extensa para
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída confirmar a intenção de exercer o poder familiar ou a
em programas de orientação e auxílio, nos termos do guarda, a autoridade judiciária suspenderá o poder familiar
parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provisória de
101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído pela Lei nº
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 13.509, de 2017)
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
adolescente à sua família terá preferência em relação a (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída seguinte à data do término do estágio de
em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
termos do § 1 o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. § 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores -
101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta manifestada em audiência ou perante a equipe
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) interprofissional - da entrega da criança após o nascimento,
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do a criança será mantida com os genitores, e será determinado
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento
de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Incluído
hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, pela Lei nº 13.509, de 2017)

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§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) compartilhados no cuidado e na educação da criança,
§ 10. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de
2017) suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
e crianças acolhidas não procuradas por suas famílias no 2016)
prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais
acolhimento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa do pátrio poder poder familiar . (Expressão substituída pela
de acolhimento institucional ou familiar poderão participar Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por
13.509, de 2017) si só autorize a decretação da medida, a criança ou o
§ 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e adolescente será mantido em sua família de origem, a qual
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais
instituição para fins de convivência familiar e comunitária e de auxílio.
colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, § 1 o Não existindo outro motivo que por si só
moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente
pela Lei nº 13.509, de 2017) será mantido em sua família de origem, a qual deverá
§ 2 o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de
2017) auxílio. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas § 1 o Não existindo outro motivo que por si só
maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente
adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos pelo será mantido em sua família de origem, a qual deverá
programa de apadrinhamento de que fazem parte. (Incluído obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas
pela Lei nº 13.509, de 2017) oficiais de proteção, apoio e promoção. (Redação dada pela
§ 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou Lei nº 13.257, de 2016)
adolescente a fim de colaborar para o seu § 2 o A condenação criminal do pai ou da mãe não
desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese
§ 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão,
apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962,
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou de 2014)
adolescentes com remota possibilidade de reinserção § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não
familiar ou colocação em família adotiva. (Incluído pela Lei implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese
nº 13.509, de 2017) de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão
§ 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser ou contra filho, filha ou outro descendente. (Redação dada
executados por órgãos públicos ou por organizações da pela Lei nº 13.715, de 2018)
sociedade civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder
§ 6 o Se ocorrer violação das regras de familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento
apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e pelos contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem
serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a como na hipótese de descumprimento injustificado dos
autoridade judiciária competente. (Incluído pela Lei nº deveres e obrigações a que alude o art. 22. (Expressão
13.509, de 2017) substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do Seção II
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e Da Família Natural
qualificações, proibidas quaisquer designações Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade
discriminatórias relativas à filiação. formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou
em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e
que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade próximos com os quais a criança ou adolescente convive e
judiciária competente para a solução da mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela
divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
as determinações judiciais. origem da filiação.

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Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela Lei
descendentes. nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente
direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem etnia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
Seção III federal responsável pela política indigenista, no caso de
Da Família Substituta crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
Subseção I perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
Disposições Gerais acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á 2009) Vigência
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da Art. 29. Não se deferirá colocação em família
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta substituta a pessoa que revele, por qualquer modo,
Lei. incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça
§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente ambiente familiar adequado.
deverá ser previamente ouvido e a sua opinião devidamente Art. 30. A colocação em família substituta não
considerada. admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros
§ 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem
será previamente ouvido por equipe interprofissional, autorização judicial.
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de Art. 31. A colocação em família substituta
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua estrangeira constitui medida excepcional, somente
opinião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº admissível na modalidade de adoção.
12.010, de 2009) Vigência Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o
§ 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o responsável prestará compromisso de bem e fielmente
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
afetividade, a fim de evitar ou minorar as conseqüências Subseção II
decorrentes da medida. Da Guarda
§ 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
será necessário seu consentimento, colhido em material, moral e educacional à criança ou adolescente,
audiência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
2009) Vigência inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
decorrentes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de estrangeiros.
2009) Vigência § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
§ 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo
ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou ser deferido o direito de representação para a prática de atos
outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade determinados.
de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a
o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído condição de dependente, para todos os fins e efeitos de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência direito, inclusive previdenciários.
§ 5 o A colocação da criança ou adolescente em § 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em
família substituta será precedida de sua preparação gradativa contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
e acompanhamento posterior, realizados pela equipe medida for aplicada em preparação para adoção, o
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos não impede o exercício do direito de visitas pelos pais,
responsáveis pela execução da política municipal de garantia assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto
do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do
12.010, de 2009) Vigência Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 6 o Em se tratando de criança ou adolescente 2009) Vigência
indígena ou proveniente de comunidade remanescente de Art. 34. O poder público estimulará, através de
quilombo, é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
de 2009) Vigência acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
I - que sejam consideradas e respeitadas sua adolescente órfão ou abandonado.
identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, Art. 34. O poder público estimulará, por meio de
bem como suas instituições, desde que não sejam assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o

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acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
adolescente afastado do convívio familiar. (Redação dada Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência disposição de última vontade, se restar comprovado que a
§ 1 o A inclusão da criança ou adolescente em medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra
programas de acolhimento familiar terá preferência a seu pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação dada
acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
caráter temporário e excepcional da medida, nos termos Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) no art. 24.
§ 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou Subseção IV
casal cadastrado no programa de acolhimento familiar Da Adoção
poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda, Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído se-á segundo o disposto nesta Lei.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. É vedada a adoção por procuração.
§ 3 o A União apoiará a implementação de serviços de § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
acolhimento em família acolhedora como política pública, qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos
os quais deverão dispor de equipe que organize o de manutenção da criança ou adolescente na família natural
acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta
residências de famílias selecionadas, capacitadas e Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
acompanhadas que não estejam no cadastro de § 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído
adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, § 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando- devem prevalecer os direitos e os interesses do
se o repasse de recursos para a própria família adotando. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o guarda ou tutela dos adotantes.
Ministério Público. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao
Subseção III adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
Da Tutela sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
a pessoa de até vinte e um anos incompletos. § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado
civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
incompletos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de parentes.
2009) Vigência § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a seus descendentes, o adotante, seus ascendentes,
prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem
poder poder familiar e implica necessariamente o dever de de vocação hereditária.
guarda. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de Art. 42. Podem adotar os maiores de vinte e um anos,
2009) Vigência independentemente de estado civil.
Art. 37. A especialização de hipoteca legal será Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
dispensada, sempre que o tutelado não possuir bens ou anos, independentemente do estado civil. (Redação dada
rendimentos ou por qualquer outro motivo relevante. pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. A especialização de hipoteca legal § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
será também dispensada se os bens, porventura existentes adotando.
em nome do tutelado, constarem de instrumento público, § 2º A adoção por ambos os cônjuges ou concubinos
devidamente registrado no registro de imóveis, ou se os poderá ser formalizada, desde que um deles tenha
rendimentos forem suficientes apenas para a mantença do completado vinte e um anos de idade, comprovada a
tutelado, não havendo sobra significativa ou provável. estabilidade da família.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou § 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os
qualquer documento autêntico, conforme previsto no adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
parágrafo único do art. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação
janeiro de 2002 - Código Civil , deverá, no prazo de 30 dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o mais velho do que o adotando.
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta § 4º Os divorciados e os judicialmente separados
Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência poderão adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão a guarda e o regime de visitas, e desde que o estágio de

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convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade cumprido no território nacional, será de no mínimo quinze
conjugal. dias para crianças de até dois anos de idade, e de no mínimo
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os trinta dias quando se tratar de adotando acima de dois anos
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que de idade.
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só,
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do a dispensa da realização do estágio de
período de convivência e que seja comprovada a existência convivência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não 2009) Vigência
detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido
concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de no caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual
2009) Vigência período, mediante decisão fundamentada da autoridade
§ 5º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência,
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30
demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada (trinta) dias (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente
Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será
Civil . (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no vez, mediante decisão fundamentada da autoridade
curso do procedimento, antes de prolatada a judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
sentença. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar artigo, deverá ser apresentado laudo fundamentado pela
reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos equipe mencionada no § 4 o deste artigo, que recomendará
legítimos. ou não o deferimento da adoção à autoridade
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela
o pupilo ou o curatelado. equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
pais ou do representante legal do adotando. responsáveis pela execução da política de garantia do direito
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído
tenham sido destituídos do pátrio poder poder pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
familiar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de § 5 o O estágio de convivência será cumprido no
2009) Vigência território nacional, preferencialmente na comarca de
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz,
de idade, será também necessário o seu consentimento. em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de competência do juízo da comarca de residência da
convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por
caso. sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de mandado do qual não se fornecerá certidão.
convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
ou adolescente e as peculiaridades do caso. (Redação dada § 2º O mandado judicial, que será arquivado,
pela Lei nº 13.509, de 2017) cancelará o registro original do adotado.
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado § 3º Nenhuma observação sobre a origem do ato
se o adotando não tiver mais de um ano de idade ou se, poderá constar nas certidões do registro.
qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do § 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua
conveniência da constituição do vínculo. residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado 2009) Vigência
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do § 4º A critério da autoridade judiciária, poderá ser
adotante durante tempo suficiente para que seja possível fornecida certidão para a salvaguarda de direitos.
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. (Redação § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência poderá constar nas certidões do registro. (Redação dada pela
§ 2º Em caso de adoção por estrangeiro residente ou Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do

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adotante e, a pedido deste, poderá determinar a modificação jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância
do prenome. e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do responsáveis pela execução da política municipal de garantia
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
modificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 4 o Sempre que possível e recomendável, a
§ 6º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito preparação referida no § 3 o deste artigo incluirá o contato
em julgado da sentença, exceto na hipótese prevista no art. com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou
42, § 5º, caso em que terá força retroativa à data do óbito. institucional em condições de serem adotados, a ser
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos
o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência execução da política municipal de garantia do direito à
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese 2009) Vigência
prevista no § 6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força § 5 o Serão criados e implementados cadastros
retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de estaduais e nacional de crianças e adolescentes em
2009) Vigência condições de serem adotados e de pessoas ou casais
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se 2009) Vigência
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, § 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
garantida a sua conservação para consulta a qualquer residentes fora do País, que somente serão consultados na
tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de cadastros mencionados no § 5 o deste artigo. (Incluído pela
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº § 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria
12.955, de 2014) de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
única vez por igual período, mediante decisão fundamentada 2009) Vigência
da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de § 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo
2017) de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e
Art. 48. A adoção é irrevogável. adolescentes em condições de serem adotados que não
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das
origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à
processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no §
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção § 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar
poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
(dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e posterior comunicação à Autoridade Central Federal
assistência jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 10. A adoção internacional somente será deferida
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais
o pátrio poder poder familiar dos pais naturais. (Expressão habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada nacional referidos no § 5 o deste artigo, não for encontrado
comarca ou foro regional, um registro de crianças e interessado com residência permanente no Brasil. (Incluído
adolescentes em condições de serem adotados e outro de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pessoas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de § 10. Consultados os cadastros e verificada a
2009) Vigência ausência de pretendentes habilitados residentes no País com
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia perfil compatível e interesse manifesto pela adoção de
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério criança ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será
Público. realizado o encaminhamento da criança ou adolescente à
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer das 2017)
hipóteses previstas no art. 29. § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente,
precedida de um período de preparação psicossocial e sempre que possível e recomendável, será colocado sob

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guarda de família cadastrada em programa de acolhimento brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação 12.010, de 2009) Vigência
criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo I - que a colocação em família substituta é a solução
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de adequada ao caso concreto; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência 2009) Vigência
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor I - que a colocação em família adotiva é a solução
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado adequada ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº
previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei 13.509, de 2017)
nº 12.010, de 2009) Vigência II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído colocação da criança ou adolescente em família substituta
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art.
II - for formulada por parente com o qual a criança ou 50 desta Lei; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
adolescente mantenha vínculos de afinidade e 2009) Vigência
afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou colocação da criança ou adolescente em família adotiva
guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da
adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e com perfil compatível com a criança ou adolescente, após
não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; (Redação
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - que, em se tratando de adoção de adolescente,
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que desenvolvimento, e que se encontra preparado para a
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme medida, mediante parecer elaborado por equipe
previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de interprofissional, observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art.
2009) Vigência 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a 2009) Vigência
pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente com § 2º A autoridade judiciária, de ofício ou a
deficiência, com doença crônica ou com necessidades requerimento do Ministério Público, poderá determinar a
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (Incluído apresentação do texto pertinente à legislação estrangeira,
pela Lei nº 13.509, de 2017) acompanhado de prova da respectiva vigência.
Art. 51 Cuidando-se de pedido de adoção formulado § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão
por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção
observar-se-á o disposto no art. 31. internacional de criança ou adolescente brasileiro. (Redação
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado § 3º Os documentos em língua estrangeira serão
fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção juntados aos autos, devidamente autenticados pela
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das autoridade consular, observados os tratados e convenções
Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por
Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo n o 1, de 14 tradutor público juramentado.
de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto n o 3.087, de § 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção
21 de junho de 1999 . (Redação dada pela Lei nº 12.010, de das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
2009) Vigência adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na 2009) Vigência
qual o pretendente possui residência habitual em país-parte § 4º Antes de consumada a adoção não será permitida
da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à a saída do adotando do território nacional. (Revogado pela
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto n o 3.087, Art. 52. A adoção internacional poderá ser
de 21 junho de 1999 , e deseja adotar criança em outro país- condicionada a estudo prévio e análise de uma comissão
parte da Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de estadual judiciária de adoção, que fornecerá o respectivo
2017) laudo de habilitação para instruir o processo competente.
§ 1º O candidato deverá comprovar, mediante Parágrafo único. Competirá à comissão manter
documento expedido pela autoridade competente do registro centralizado de interessados estrangeiros em
respectivo domicílio, estar devidamente habilitado à adoção, adoção.
consoante as leis do seu país, bem como apresentar estudo Art. 52. A adoção internacional observará o
psicossocial elaborado por agência especializada e procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as
credenciada no país de origem. seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
§ 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente 2009) Vigência

372
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em internacional, com posterior comunicação às Autoridades
adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de
pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central imprensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei nº
em matéria de adoção internacional no país de acolhida, 12.010, de 2009) Vigência
assim entendido aquele onde está situada sua residência § 3 o Somente será admissível o credenciamento de
habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência organismos que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de
II - se a Autoridade Central do país de acolhida 2009) Vigência
considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para I - sejam oriundos de países que ratificaram a
adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados
a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - satisfizerem as condições de integridade moral,
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará competência profissional, experiência e responsabilidade
o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
IV - o relatório será instruído com toda a III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
documentação necessária, incluindo estudo psicossocial formação e experiência para atuar na área de adoção
elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
autenticada da legislação pertinente, acompanhada da 2009) Vigência
respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº 12.010, IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo
de 2009) Vigência ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas
V - os documentos em língua estrangeira serão pela Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluída pela
devidamente autenticados pela autoridade consular, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
observados os tratados e convenções internacionais, e § 4 o Os organismos credenciados deverão
acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público ainda: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
2009) Vigência condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer competentes do país onde estiverem sediados, do país de
exigências e solicitar complementação sobre o estudo acolhida e pela Autoridade Central Federal
psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
no país de acolhida; (Incluída pela Lei nº 12.010, de II - ser dirigidos e administrados por pessoas
2009) Vigência qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com
VII - verificada, após estudo realizado pela comprovada formação ou experiência para atuar na área de
Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de
legislação estrangeira com a nacional, além do Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal
preenchimento por parte dos postulantes à medida dos Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal
requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da III - estar submetidos à supervisão das autoridades
legislação do país de acolhida, será expedido laudo de competentes do país onde estiverem sediados e no país de
habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento
máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei nº 12.010, de e situação financeira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência 2009) Vigência
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado IV - apresentar à Autoridade Central Federal
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades
Juízo da Infância e da Juventude do local em que se desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das
encontra a criança ou adolescente, conforme indicação adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será
efetuada pela Autoridade Central Estadual. (Incluída pela encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluída
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a
autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
internacional sejam intermediados por organismos Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
credenciados. (Incluída pela Lei nº 12.010, de anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de
2009) Vigência cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira cidadania do país de acolhida para o adotado; (Incluída pela
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção VI - tomar as medidas necessárias para garantir que

373
os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento 2009) Vigência
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº 12.010, de descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
2009) Vigência organismos estrangeiros encarregados de intermediar
§ 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
4 o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
a suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
§ 6 o O credenciamento de organismo nacional ou ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo
internacional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente (Incluído
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7 o A renovação do credenciamento poderá ser Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no
concedida mediante requerimento protocolado na exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo
Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias processo de adoção tenha sido processado em conformidade
anteriores ao término do respectivo prazo de com a legislação vigente no país de residência e atendido o
validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que será automaticamente recepcionada com o reingresso no
concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº § 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na
12.010, de 2009) Vigência Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a
§ 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de
judiciária determinará a expedição de alvará com Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
autorização de viagem, bem como para obtenção de § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em
passaporte, constando, obrigatoriamente, as características país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez
da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da
eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
direito, instruindo o documento com cópia autenticada da Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o
decisão e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade
nº 12.010, de 2009) Vigência competente do país de origem da criança ou do adolescente
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver
poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que
situação das crianças e adolescentes adotados (Incluído pela comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência determinará as providências necessárias à expedição do
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei
credenciados, que sejam considerados abusivos pela nº 12.010, de 2009) Vigência
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o
devidamente comprovados, é causa de seu Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos
descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é
2009) Vigência manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído
ser representados por mais de uma entidade credenciada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
para atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluído § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência prevista no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se
ano, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a
2009) Vigência comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com 12.010, de 2009) Vigência
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o
familiar, assim como com crianças e adolescentes em Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido
condições de serem adotados, sem a devida autorização deferida no país de origem porque a sua legislação a delega
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos não tenha aderido à Convenção referida, o processo de
sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela

374
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à
Capítulo IV escola.
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
trabalho, assegurando-se-lhes: I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
I - igualdade de condições para o acesso e II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão
permanência na escola; escolar, esgotados os recursos escolares;
II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - elevados níveis de repetência.
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo Art. 57. O poder público estimulará pesquisas,
recorrer às instâncias escolares superiores; experiências e novas propostas relativas a calendário,
IV - direito de organização e participação em seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com
entidades estudantis; vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua ensino fundamental obrigatório.
residência. Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a
irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.845, de Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
2019) União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
ciência do processo pedagógico, bem como participar da voltadas para a infância e a juventude.
definição das propostas educacionais. Capítulo V
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
agremiações recreativas e de estabelecimentos congêneres Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
assegurar medidas de conscientização, prevenção e quatorze anos de idade, salvo na condição de
enfrentamento ao uso ou dependência de drogas aprendiz. (Vide Constituição Federal)
ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
adolescente: nesta Lei.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases
própria; da legislação de educação em vigor.
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá
gratuidade ao ensino médio; aos seguintes princípios:
III - atendimento educacional especializado aos I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular ensino regular;
de ensino; II - atividade compatível com o desenvolvimento do
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças adolescente;
de zero a seis anos de idade; III - horário especial para o exercício das atividades.
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº assegurada bolsa de aprendizagem.
13.306, de 2016) Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada previdenciários.
um; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às assegurado trabalho protegido.
condições do adolescente trabalhador; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em
VII - atendimento no ensino fundamental, através de regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
programas suplementares de material didático-escolar, assistido em entidade governamental ou não-governamental,
transporte, alimentação e assistência à saúde. é vedado trabalho:
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de
público subjetivo. um dia e as cinco horas do dia seguinte;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo II - perigoso, insalubre ou penoso;
poder público ou sua oferta irregular importa III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e
responsabilidade da autoridade competente. ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
§ 3º Compete ao poder público recensear os IV - realizado em horários e locais que não permitam
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e a freqüência à escola.

375
Art. 68. O programa social que tenha por base o V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade visem a garantir os direitos da criança e do adolescente,
governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
deverá assegurar ao adolescente que dele participe responsáveis com o objetivo de promover a informação, a
condições de capacitação para o exercício de atividade reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de
regular remunerada. castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para
desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem a articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
sobre o aspecto produtivo. conjunta focados nas famílias em situação de violência, com
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo participação de profissionais de saúde, de assistência social
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa
de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído pela Lei
Art. 69. O adolescente tem direito à nº 13.010, de 2014)
profissionalização e à proteção no trabalho, observados os VII - a promoção de estudos e pesquisas, de
seguintes aspectos, entre outros: estatísticas e de outras informações relevantes às
I - respeito à condição peculiar de pessoa em consequências e à frequência das formas de violência contra
desenvolvimento; a criança e o adolescente para a sistematização de dados
II - capacitação profissional adequada ao mercado de nacionalmente unificados e a avaliação periódica dos
trabalho. resultados das medidas adotadas; (Incluído pela Lei nº
Título III 14.344, de 2022) Vigência
Da Prevenção VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa
Capítulo I humana, de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou
Disposições Gerais degradante e as formas violentas de educação, correção ou
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. 2022) Vigência
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e IX - a promoção e a realização de campanhas
os Municípios deverão atuar de forma articulada na educativas direcionadas ao público escolar e à sociedade em
elaboração de políticas públicas e na execução de ações geral e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento aos direitos humanos das crianças e dos adolescentes,
cruel ou degradante e difundir formas não violentas de incluídos os canais de denúncia existentes; (Incluído pela
educação de crianças e de adolescentes, tendo como Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) X - a celebração de convênios, de protocolos, de
I - a promoção de campanhas educativas permanentes ajustes, de termos e de outros instrumentos de promoção de
para a divulgação do direito da criança e do adolescente de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e
serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de entidades não governamentais, com o objetivo de
tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de implementar programas de erradicação da violência, de
proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, tratamento cruel ou degradante e de formas violentas de
de 2014) educação, correção ou disciplina; (Incluído pela Lei nº
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, 14.344, de 2022) Vigência
do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e
Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos
e do Adolescente e com as entidades não governamentais profissionais nas escolas, dos Conselhos Tutelares e dos
que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas referidos no
criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de inciso II deste caput, para que identifiquem situações em
2014) que crianças e adolescentes vivenciam violência e agressões
III - a formação continuada e a capacitação dos no âmbito familiar ou institucional; (Incluído pela Lei nº
profissionais de saúde, educação e assistência social e dos 14.344, de 2022) Vigência
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa XII - a promoção de programas educacionais que
dos direitos da criança e do adolescente para o disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade
desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, da pessoa humana, bem como de programas de
à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao fortalecimento da parentalidade positiva, da educação sem
enfrentamento de todas as formas de violência contra a castigos físicos e de ações de prevenção e enfrentamento da
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de violência doméstica e familiar contra a criança e o
2014) adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução 2022) Vigência
pacífica de conflitos que envolvam violência contra a XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de os níveis de ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à
2014) identificação e à resposta à violência doméstica e

376
familiar. (Incluído pela Lei nº 14.344, de Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
2022) Vigência exibirão, no horário recomendado para o público infanto
Parágrafo único. As famílias com crianças e juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas,
adolescentes com deficiência terão prioridade de culturais e informativas.
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que transmissão, apresentação ou exibição.
atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e
devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel
reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
casos de maus-tratos praticados contra crianças e haja venda ou locação em desacordo com a classificação
adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) atribuída pelo órgão competente.
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo
atuem nas áreas da saúde e da educação, além daquelas às deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da
quais se refere o art. 71 desta Lei, entre outras, devem obra e a faixa etária a que se destinam.
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a Art. 78. As revistas e publicações contendo material
reconhecer e a comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
casos de crimes praticados contra a criança e o ser comercializadas em embalagem lacrada, com a
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de advertência de seu conteúdo.
2022) Vigência Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
comunicação de que trata este artigo, as pessoas sejam protegidas com embalagem opaca.
encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao
profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,
crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
injustificado retardamento ou omissão, culposos ou alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os
dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
pessoa em desenvolvimento. apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não seja permitida a entrada e a permanência de crianças e
excluem da prevenção especial outras decorrentes dos adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
princípios por ela adotados. público.
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção Seção II
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, Dos Produtos e Serviços
nos termos desta Lei. Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao
Capítulo II adolescente de:
Da Prevenção Especial I - armas, munições e explosivos;
Seção I II - bebidas alcoólicas;
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e III - produtos cujos componentes possam causar
Espetáculos dependência física ou psíquica ainda que por utilização
Art. 74. O poder público, através do órgão indevida;
competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
não se recomendem, locais e horários em que sua qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
apresentação se mostre inadequada. V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais
especificada no certificado de classificação. ou responsável.
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às Seção III
diversões e espetáculos públicos classificados como Da Autorização para Viajar
adequados à sua faixa etária. Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou
somente poderão ingressar e permanecer nos locais de responsável, sem expressa autorização judicial.
apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de
responsável. 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde

377
reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
expressa autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
13.812, de 2019) garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar
§ 1º A autorização não será exigida quando: de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da 2009) Vigência
criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob
mesma região metropolitana; forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial,
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades
na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de
região metropolitana; (Redação dada pela Lei nº 13.812, de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2019) Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
b) a criança estiver acompanhada: I - municipalização do atendimento;
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) II - criação de conselhos municipais, estaduais e
anos estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
13.812, de 2019) deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro assegurada a participação popular paritária por meio de
grau, comprovado documentalmente o parentesco; organizações representativas, segundo leis federal, estaduais
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo e municipais;
pai, mãe ou responsável. III - criação e manutenção de programas específicos,
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais observada a descentralização político-administrativa;
ou responsável, conceder autorização válida por dois anos. IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: da criança e do adolescente;
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
responsável; Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
expressamente pelo outro através de documento com firma para efeito de agilização do atendimento inicial a
reconhecida. adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, VI - mobilização da opinião pública no sentido da
nenhuma criança ou adolescente nascido em território indispensável participação dos diversos segmentos da
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro sociedade.
residente ou domiciliado no exterior. VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
Parte Especial Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
Título I encarregados da execução das políticas sociais básicas e de
Da Política de Atendimento assistência social, para efeito de agilização do atendimento
Capítulo I de crianças e de adolescentes inseridos em programas de
Disposições Gerais acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se
criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em
articulado de ações governamentais e não-governamentais, família substituta, em quaisquer das modalidades previstas
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
Art. 87. São linhas de ação da política de 2009) Vigência
atendimento: VII - mobilização da opinião pública para a
I - políticas sociais básicas; indispensável participação dos diversos segmentos da
II - políticas e programas de assistência social, em sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem VIII - especialização e formação continuada dos
II - serviços, programas, projetos e benefícios de profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
assistência social de garantia de proteção social e de primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
prevenção e redução de violações de direitos, seus da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela
agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº Lei nº 13.257, de 2016)
13.257, de 2016) IX - formação profissional com abrangência dos
III - serviços especiais de prevenção e atendimento diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus- intersetorialidade no atendimento da criança e do
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; adolescente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela
IV - serviço de identificação e localização de pais, Lei nº 13.257, de 2016)
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; X - realização e divulgação de pesquisas sobre
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa desenvolvimento infantil e sobre prevenção da
dos direitos da criança e do adolescente. violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

378
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e 2009) Vigência
dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei,
e do adolescente é considerada de interesse público bem como às resoluções relativas à modalidade de
relevante e não será remunerada. atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos
Capítulo II da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído
Das Entidades de Atendimento pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Seção I II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
Disposições Gerais atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e
Art. 90. As entidades de atendimento são pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº
responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim 12.010, de 2009) Vigência
como pelo planejamento e execução de programas de III - em se tratando de programas de acolhimento
proteção e sócio-educativos destinados a crianças e institucional ou familiar, serão considerados os índices de
adolescentes, em regime de: (Vide) sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família
I - orientação e apoio sócio-familiar; substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; 2009) Vigência
III - colocação familiar; Art. 91. As entidades não-governamentais somente
I V - abrigo; poderão funcionar depois de registradas no Conselho
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade
V - liberdade assistida; judiciária da respectiva localidade.
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação Parágrafo único. Será negado o registro à entidade
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) que:
VI - semi-liberdade; § 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.594, de 2012) (Vide) a) não ofereça instalações físicas em condições
VII - internação. adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº segurança;
12.594, de 2012) (Vide) b) não apresente plano de trabalho compatível com os
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de princípios desta Lei;
2012) (Vide) c) esteja irregularmente constituída;
Parágrafo único. As entidades governamentais e não- d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
governamentais deverão proceder à inscrição de seus e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções
programas, especificando os regimes de atendimento, na e deliberações relativas à modalidade de atendimento
forma definida neste artigo, junto ao Conselho Municipal prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e
dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará 12.010, de 2009) Vigência
comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. § 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro)
§ 1 o As entidades governamentais e não anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da
governamentais deverão proceder à inscrição de seus Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o
programas, especificando os regimes de atendimento, na cabimento de sua renovação, observado o disposto no §
forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos 1 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá 2009) Vigência
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade abrigo deverão adotar os seguintes princípios:
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 92. As entidades que desenvolvam programas
§ 2 o Os recursos destinados à implementação e de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os
manutenção dos programas relacionados neste artigo serão seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos 2009) Vigência
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência I - preservação dos vínculos familiares;
Social, dentre outros, observando-se o princípio da I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e 2009) Vigência
parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído pela Lei nº II - integração em família substituta, quando
12.010, de 2009) Vigência esgotados os recursos de manutenção na família natural ou
§ 3 o Os programas em execução serão reavaliados extensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 2009) Vigência
Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo- II - integração em família substituta, quando
se critérios para renovação da autorização de esgotados os recursos de manutenção na família de origem;
funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de III - atendimento personalizado e em pequenos

379
grupos; autoridade competente, fazendo comunicação do fato até o
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co- 2º dia útil imediato.
educação; Art. 93. As entidades que mantenham programa de
V - não desmembramento de grupos de irmãos; acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; determinação da autoridade competente, fazendo
VII - participação na vida da comunidade local; comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
VIII - preparação gradativa para o desligamento; da Infância e da Juventude, sob pena de
IX - participação de pessoas da comunidade no responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
processo educativo. 2009) Vigência
Parágrafo único. O dirigente de entidade de abrigo e Parágrafo único. Recebida a comunicação, a
equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito. autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se
§ 1 o O dirigente de entidade que desenvolve necessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as
programa de acolhimento institucional é equiparado ao medidas necessárias para promover a imediata reintegração
guardião, para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei familiar da criança ou do adolescente ou, se por qualquer
nº 12.010, de 2009) Vigência razão não for isso possível ou recomendável, para seu
§ 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem encaminhamento a programa de acolhimento familiar,
programas de acolhimento familiar ou institucional institucional ou a família substituta, observado o disposto no
remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) § 2 o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada 2009) Vigência
criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta Lei. (Incluído internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - observar os direitos e garantias de que são titulares
§ 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes os adolescentes;
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
permanente qualificação dos profissionais que atuam direta objeto de restrição na decisão de internação;
ou indiretamente em programas de acolhimento institucional III - oferecer atendimento personalizado, em
e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes, pequenas unidades e grupos reduzidos;
incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de
e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de respeito e dignidade ao adolescente;
2009) Vigência V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
§ 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade preservação dos vínculos familiares;
judiciária competente, as entidades que desenvolvem VI - comunicar à autoridade judiciária,
programas de acolhimento familiar ou institucional, se periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos impossível o reatamento dos vínculos familiares;
de assistência social, estimularão o contato da criança ou VII - oferecer instalações físicas em condições
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Incluído segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
§ 5 o As entidades que desenvolvem programas de adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
acolhimento familiar ou institucional somente poderão IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos,
receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos odontológicos e farmacêuticos;
princípios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela X - propiciar escolarização e profissionalização;
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de
§ 6 o O descumprimento das disposições desta Lei lazer;
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de XII - propiciar assistência religiosa àqueles que
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desejarem, de acordo com suas crenças;
destituição, sem prejuízo da apuração de sua XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluído XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos
§ 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) resultados à autoridade competente;
anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção XV - informar, periodicamente, o adolescente
à atuação de educadores de referência estáveis e internado sobre sua situação processual;
qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) contagiosas;
Art. 93. As entidades que mantenham programas de XVII - fornecer comprovante de depósito dos
abrigo poderão, em caráter excepcional e de urgência, pertences dos adolescentes;
abrigar crianças e adolescentes sem prévia determinação da XVIII - manter programas destinados ao apoio e

380
acompanhamento de egressos; Ministério Público ou representado perante autoridade
XIX - providenciar os documentos necessários ao judiciária competente para as providências cabíveis,
exercício da cidadania àqueles que não os tiverem; inclusive suspensão das atividades ou dissolução da
XX - manter arquivo de anotações onde constem data entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus 2009) Vigência
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, § 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as
acompanhamento da sua formação, relação de seus organizações não governamentais responderão pelos danos
pertences e demais dados que possibilitem sua identificação que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes,
e a individualização do atendimento. caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações das atividades de proteção específica. (Redação dada pela
constantes deste artigo às entidades que mantêm programa Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de abrigo. Título II
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações Das Medidas de Proteção
constantes deste artigo às entidades que mantêm programas Capítulo I
de acolhimento institucional e familiar. (Redação dada pela Disposições Gerais
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
da comunidade. I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que responsável;
em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, III - em razão de sua conduta.
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Capítulo II
Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus- Das Medidas Específicas de Proteção
tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
Seção II ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
Da Fiscalização das Entidades substituídas a qualquer tempo.
Art. 95. As entidades governamentais e não- Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
Tutelares. comunitários.
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de Parágrafo único. São também princípios que regem a
contas serão apresentados ao estado ou ao município, aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
conforme a origem das dotações orçamentárias. 2009) Vigência
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na
dirigentes ou prepostos: Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
I - às entidades governamentais: 2009) Vigência
a) advertência; II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
b) afastamento provisório de seus dirigentes; aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. que crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei
II - às entidades não-governamentais: nº 12.010, de 2009) Vigência
a) advertência; III - responsabilidade primária e solidária do poder
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
públicas; crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados,
d) cassação do registro. é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas
Parágrafo único. Em caso de reiteradas infrações de governo, sem prejuízo da municipalização do
cometidas por entidades de atendimento, que coloquem em atendimento e da possibilidade da execução de programas
risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº
comunicado ao Ministério Público ou representado perante 12.010, de 2009) Vigência
autoridade judiciária competente para as providências IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
da entidade. direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
§ 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por consideração que for devida a outros interesses legítimos no
entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

381
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257,
privada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2016)
VI - intervenção precoce: a intervenção das V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
autoridades competentes deve ser efetuada logo que a psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
situação de perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
12.010, de 2009) Vigência auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser VII - abrigo em entidade;
exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e à proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei VIII - colocação em família substituta.
nº 12.010, de 2009) Vigência VIII - inclusão em programa de acolhimento
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em 2009) Vigência
que a criança ou o adolescente se encontram no momento IX - colocação em família substituta. (Incluído pela
em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser excepcional, utilizável como forma de transição para a
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para colocação em família substituta, não implicando privação de
com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, liberdade.
de 2009) Vigência § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento
X - prevalência da família: na promoção de direitos e familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
na proteção da criança e do adolescente deve ser dada como forma de transição para reintegração familiar ou, não
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sendo esta possível, para colocação em família substituta,
sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível, não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº
que promovam a sua integração em família 12.010, de 2009) Vigência
substituta; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas
X - prevalência da família: na promoção de direitos e emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso
na proteção da criança e do adolescente deve ser dada sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar
sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, é de competência exclusiva da autoridade judiciária e
que promovam a sua integração em família importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou
adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e legal o exercício do contraditório e da ampla
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem defesa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ser informados dos seus direitos, dos motivos que § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser
determinaram a intervenção e da forma como esta se encaminhados às instituições que executam programas de
processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar I - sua identificação e a qualificação completa de seus
nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei
e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada nº 12.010, de 2009) Vigência
pela autoridade judiciária competente, observado o disposto II - o endereço de residência dos pais ou do
nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº responsável, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
dentre outras, as seguintes medidas: 2009) Vigência
I - encaminhamento aos pais ou responsável, IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
mediante termo de responsabilidade; convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 2009) Vigência
III - matrícula e freqüência obrigatórias em § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
estabelecimento oficial de ensino fundamental; do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
auxílio à família, à criança e ao adolescente; individual de atendimento, visando à reintegração familiar,

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ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a
contrário de autoridade judiciária competente, caso em que realização de estudos complementares ou de outras
também deverá contemplar sua colocação em família providências indispensáveis ao ajuizamento da
substituta, observadas as regras e princípios desta demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada
§ 5 o O plano individual será elaborado sob a comarca ou foro regional, um cadastro contendo
responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em
de atendimento e levará em consideração a opinião da regime de acolhimento familiar e institucional sob sua
criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a
responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência situação jurídica de cada um, bem como as providências
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em
outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência família substituta, em qualquer das modalidades previstas no
I - os resultados da avaliação art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público,
II - os compromissos assumidos pelos pais ou o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e
responsável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do
2009) Vigência Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas deliberar sobre a implementação de políticas públicas que
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou permitam reduzir o número de crianças e adolescentes
responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja afastados do convívio familiar e abreviar o período de
esta vedada por expressa e fundamentada determinação permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela
judicial, as providências a serem tomadas para sua Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
colocação em família substituta, sob direta supervisão da Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Capítulo serão acompanhadas da regularização do
2009) Vigência registro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
no local mais próximo à residência dos pais ou do assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à
responsável e, como parte do processo de reintegração vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de autoridade judiciária.
origem será incluída em programas oficiais de orientação, de § 2º Os registros e certidões necessários à
apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o regularização de que trata este artigo são isentos de multas,
contato com a criança ou com o adolescente custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração deflagrado procedimento específico destinado à sua
familiar, o responsável pelo programa de acolhimento averiguação, conforme previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de
familiar ou institucional fará imediata comunicação à dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, 2009) Vigência
pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é
prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de paternidade pelo Ministério Público se, após o não
reintegração da criança ou do adolescente à família de comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
qual conste a descrição pormenorizada das providências qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento
tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de
da entidade ou responsáveis pela execução da política absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para 2016)
a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou § 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência requerida do reconhecimento de paternidade no assento de
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela
o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de Lei nº 13.257, de 2016)
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a Título III
realização de estudos complementares ou outras Da Prática de Ato Infracional
providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da Capítulo I
demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Disposições Gerais
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta
o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de descrita como crime ou contravenção penal.

383
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores IV - liberdade assistida;
de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. V - inserção em regime de semi-liberdade;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser VI - internação em estabelecimento educacional;
considerada a idade do adolescente à data do fato. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em
corresponderão as medidas previstas no art. 101. conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
Capítulo II gravidade da infração.
Dos Direitos Individuais § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua admitida a prestação de trabalho forçado.
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por § 3º Os adolescentes portadores de doença ou
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária deficiência mental receberão tratamento individual e
competente. especializado, em local adequado às suas condições.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos
identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo arts. 99 e 100.
ser informado acerca de seus direitos. Art. 114. A imposição das medidas previstas nos
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
local onde se encontra recolhido serão incontinenti suficientes da autoria e da materialidade da infração,
comunicados à autoridade judiciária competente e à família ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob sempre que houver prova da materialidade e indícios
pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação suficientes da autoria.
imediata. Seção II
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser Da Advertência
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e verbal, que será reduzida a termo e assinada.
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, Seção III
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não Art. 116. Em se tratando de ato infracional com
será submetido a identificação compulsória pelos órgãos reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
confrontação, havendo dúvida fundada. ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
Capítulo III prejuízo da vítima.
Das Garantias Processuais Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade,
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua a medida poderá ser substituída por outra adequada.
liberdade sem o devido processo legal. Seção IV
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre Da Prestação de Serviços à Comunidade
outras, as seguintes garantias: Art. 117. A prestação de serviços comunitários
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
infracional, mediante citação ou meio equivalente; por período não excedente a seis meses, junto a entidades
II - igualdade na relação processual, podendo assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos
confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as congêneres, bem como em programas comunitários ou
provas necessárias à sua defesa; governamentais.
III - defesa técnica por advogado; Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
necessitados, na forma da lei; jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
autoridade competente; prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou trabalho.
responsável em qualquer fase do procedimento. Seção V
Capítulo IV Da Liberdade Assistida
Das Medidas Sócio-Educativas Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
Seção I que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
Disposições Gerais acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
seguintes medidas: entidade ou programa de atendimento.
I - advertência; § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo
II - obrigação de reparar o dano; mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser
III - prestação de serviços à comunidade; prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,

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ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. § 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a deste artigo não poderá ser superior a três meses.
supervisão da autoridade competente, a realização dos § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III
seguintes encargos, entre outros: deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
I - promover socialmente o adolescente e sua família, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
social; havendo outra medida adequada.
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento Art. 123. A internação deverá ser cumprida em
escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
matrícula; daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação
III - diligenciar no sentido da profissionalização do por critérios de idade, compleição física e gravidade da
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; infração.
IV - apresentar relatório do caso. Parágrafo único. Durante o período de internação,
Seção VI inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
Do Regime de Semi-liberdade pedagógicas.
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser Art. 124. São direitos do adolescente privado de
determinado desde o início, ou como forma de transição liberdade, entre outros, os seguintes:
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
externas, independentemente de autorização judicial. Ministério Público;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
profissionalização, devendo, sempre que possível, ser III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
utilizados os recursos existentes na comunidade. IV - ser informado de sua situação processual, sempre
§ 2º A medida não comporta prazo determinado que solicitada;
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à V - ser tratado com respeito e dignidade;
internação. VI - permanecer internado na mesma localidade ou
Seção VII naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
Da Internação responsável;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e
em desenvolvimento. asseio pessoal;
§ 1º Será permitida a realização de atividades X - habitar alojamento em condições adequadas de
externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo higiene e salubridade;
expressa determinação judicial em contrário. XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, XII - realizar atividades culturais, esportivas e de
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão lazer:
fundamentada, no máximo a cada seis meses. XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua
internação excederá a três anos. crença, e desde que assim o deseje;
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida. daqueles porventura depositados em poder da entidade;
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos XVI - receber, quando de sua desinternação, os
de idade. documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério § 2º A autoridade judiciária poderá suspender
Público. temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § se existirem motivos sérios e fundados de sua
o
1 poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade prejudicialidade aos interesses do adolescente.
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade
Art. 122. A medida de internação só poderá ser física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
aplicada quando: adequadas de contenção e segurança.
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante Capítulo V
grave ameaça ou violência a pessoa; Da Remissão
II - por reiteração no cometimento de outras infrações Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
graves; para apuração de ato infracional, o representante do
III - por descumprimento reiterado e injustificável da Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma
medida anteriormente imposta. de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e

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conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
personalidade do adolescente e sua maior ou menor adolescente, definidos nesta Lei.
participação no ato infracional. Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a Conselho Tutelar composto de cinco membros, eleitos pelos
concessão da remissão pela autoridade judiciária importará cidadãos locais para mandato de três anos, permitida uma
na suspensão ou extinção do processo. reeleição.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir pela comunidade local para mandato de três anos, permitida
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas uma recondução. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de
previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi- 12.10.1991)
liberdade e a internação. Art. 132. Em cada Município e em cada Região
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1
poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da
pedido expresso do adolescente ou de seu representante administração pública local, composto de 5 (cinco)
legal, ou do Ministério Público. membros, escolhidos pela população local para mandato de
Título IV 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável novo processo de escolha. (Redação dada pela Lei nº
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou 12.696, de 2012)
responsável: Art. 132. Em cada Município e em cada Região
I - encaminhamento a programa oficial ou Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1
comunitário de proteção à família; (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais administração pública local, composto de 5 (cinco)
ou comunitários de proteção, apoio e promoção da membros, escolhidos pela população local para mandato de
família; (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de de escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019)
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
psiquiátrico; I - reconhecida idoneidade moral;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de II - idade superior a vinte e um anos;
orientação; III - residir no município.
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e
acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
VI - obrigação de encaminhar a criança ou quanto a eventual remuneração de seus membros.
adolescente a tratamento especializado; Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o
VII - advertência; local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar,
VIII - perda da guarda; inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros,
IX - destituição da tutela; aos quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder 12.696, de 2012)
familiar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº
2009) Vigência 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído
arts. 23 e 24. pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº
opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou 12.696, de 2012)
responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
como medida cautelar, o afastamento do agressor da de 2012)
moradia comum. V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696,
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, de 2012)
a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a Parágrafo único. Constará da lei orçamentária
criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído municipal previsão dos recursos necessários ao
pela Lei nº 12.415, de 2011) funcionamento do Conselho Tutelar.
Título V Parágrafo único. Constará da lei orçamentária
Do Conselho Tutelar municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
Capítulo I necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
Disposições Gerais remuneração e formação continuada dos conselheiros
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro

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constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção testemunhas, de forma a prover orientação e aconselhamento
de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso acerca de seus direitos e dos encaminhamentos
de crime comum, até o julgamento definitivo. necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Art. 135. O exercício efetivo da função de 2022) Vigência
conselheiro constituirá serviço público relevante e XV - representar à autoridade judicial ou policial
estabelecerá presunção de idoneidade moral. (Redação dada para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio
pela Lei nº 12.696, de 2012) ou do local de convivência com a vítima nos casos de
Capítulo II violência doméstica e familiar contra a criança e o
Das Atribuições do Conselho adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: 2022) Vigência
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses XVI - representar à autoridade judicial para requerer
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas a concessão de medida protetiva de urgência à criança ou ao
no art. 101, I a VII; adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, familiar, bem como a revisão daquelas já
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; concedidas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
III - promover a execução de suas decisões, podendo 2022) Vigência
para tanto: XVII - representar ao Ministério Público para
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, requerer a propositura de ação cautelar de antecipação de
educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; produção de prova nas causas que envolvam violência
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº
de descumprimento injustificado de suas deliberações. 14.344, de 2022) Vigência
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de
que constitua infração administrativa ou penal contra os sua competência, ao receber comunicação da ocorrência de
direitos da criança ou adolescente; ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua constitua violência doméstica e familiar contra a criança e o
competência; adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
VI - providenciar a medida estabelecida pela 2022) Vigência
autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as
VI, para o adolescente autor de ato infracional; informações reveladas por noticiantes ou denunciantes
VII - expedir notificações; relativas à prática de violência, ao uso de tratamento cruel
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de ou degradante ou de formas violentas de educação, correção
criança ou adolescente quando necessário; ou disciplina contra a criança e o adolescente; (Incluído
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
da proposta orçamentária para planos e programas de XX - representar à autoridade judicial ou ao
atendimento dos direitos da criança e do adolescente; Ministério Público para requerer a concessão de medidas
X - representar, em nome da pessoa e da família, cautelares direta ou indiretamente relacionada à eficácia da
contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, proteção de noticiante ou denunciante de informações de
inciso II, da Constituição Federal ; crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a
XI - representar ao Ministério Público, para efeito das criança e o adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
ações de perda ou suspensão do pátrio poder. 2022) Vigência
XI - representar ao Ministério Público para efeito das Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao
adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os
nº 12.010, de 2009) Vigência motivos de tal entendimento e as providências tomadas para
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos a orientação, o apoio e a promoção social da
grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente
adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações quem tenha legítimo interesse.
articuladas e efetivas direcionadas à identificação da Capítulo III
agressão, à agilidade no atendimento da criança e do Da Competência
adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
responsabilização do agressor; (Incluído pela Lei nº competência constante do art. 147.
14.344, de 2022) Vigência Capítulo IV
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou Da Escolha dos Conselheiros
testemunha de violência doméstica e familiar, ou submetido Art. 139. O processo eleitoral para a escolha dos
a tratamento cruel ou degradante ou a formas violentas de membros do Conselho Tutelar será estabelecido em Lei
educação, correção ou disciplina, a seus familiares e a Municipal e realizado sob a presidência de Juiz eleitoral e a

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fiscalização do Ministério Público. residência.
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco,
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do residência e, inclusive, iniciais do nome e
Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de
12.10.1991) 12.11.2003)
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro autoridade judiciária competente, se demonstrado o interesse
domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da e justificada a finalidade.
eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Capítulo II
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no Da Justiça da Infância e da Juventude
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de Seção I
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Disposições Gerais
§ 3 o No processo de escolha dos membros do Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão
Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, criar varas especializadas e exclusivas da infância e da
prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em
Capítulo V plantões.
Dos Impedimentos Seção II
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Do Juiz
Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o
sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa
cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. função, na forma da lei de organização judiciária local.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do Art. 147. A competência será determinada:
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
judiciária e ao representante do Ministério Público com II - pelo lugar onde se encontre a criança ou
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício adolescente, à falta dos pais ou responsável.
na comarca, foro regional ou distrital. § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
Título VI autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
Do Acesso à Justiça regras de conexão, continência e prevenção.
Capítulo I § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
Disposições Gerais autoridade competente da residência dos pais ou
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao abrigar a criança ou adolescente.
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. § 3º Em caso de infração cometida através de
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja
que dela necessitarem, através de defensor público ou mais de uma comarca, será competente, para aplicação da
advogado nomeado. penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as
Infância e da Juventude são isentas de custas e transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão competente para:
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e I - conhecer de representações promovidas pelo
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na Ministério Público, para apuração de ato infracional
forma da legislação civil ou processual. atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses extinção do processo;
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
quando carecer de representação ou assistência legal ainda IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
que eventual. individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, adolescente, observado o disposto no art. 209;
policiais e administrativos que digam respeito a crianças e V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. em entidades de atendimento, aplicando as medidas
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato cabíveis;
não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco e infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;

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VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento,
adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; ponto de vista técnico.
b) conhecer de ações de destituição do pátrio Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de
poder poder familiar , perda ou modificação da tutela ou servidores públicos integrantes do Poder Judiciário
guarda; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou de
2009) Vigência quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o por esta Lei ou por determinação judicial, a autoridade
casamento; judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos termos
d) conhecer de pedidos baseados em discordância do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio (Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de
poder poder familiar ; (Expressão substituída pela Lei nº 2017)
12.010, de 2009) Vigência Capítulo III
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, Dos Procedimentos
quando faltarem os pais; Seção I
f) designar curador especial em casos de apresentação Disposições Gerais
de queixa ou representação, ou de outros procedimentos Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei
judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
ou adolescente; legislação processual pertinente.
g) conhecer de ações de alimentos; Parágrafo único. É assegurada, sob pena de
h) determinar o cancelamento, a retificação e o responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos
suprimento dos registros de nascimento e óbito. processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, na execução dos atos e diligências judiciais a eles
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade,
desacompanhado dos pais ou responsável, em: prioridade absoluta na tramitação dos processos e
a) estádio, ginásio e campo desportivo; procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução
b) bailes ou promoções dançantes; dos atos e diligências judiciais a eles referentes. (Incluído
c) boate ou congêneres; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
d) casa que explore comercialmente diversões § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis
eletrônicas; aos seus procedimentos são contados em dias corridos,
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento,
televisão. vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o
II - a participação de criança e adolescente em: Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
b) certames de beleza. corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
a) os princípios desta Lei; Público.
b) as peculiaridades locais; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
c) a existência de instalações adequadas; para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de
d) o tipo de freqüência habitual ao local; sua família de origem e em outros procedimentos
e) a adequação do ambiente a eventual participação necessariamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010,
ou freqüência de crianças e adolescentes; de 2009) Vigência
f) a natureza do espetáculo. Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste Seção II
artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder Poder
determinações de caráter geral. Familiar
Seção III (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
Dos Serviços Auxiliares 2009) Vigência
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de Art. 155. O procedimento para a perda ou a
sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção suspensão do pátrio poder poder familiar terá início por
de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça provocação do Ministério Público ou de quem tenha
da Infância e da Juventude. legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei nº
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre 12.010, de 2009) Vigência
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação Art. 156. A petição inicial indicará:

389
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; local incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o envio
do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em de ofícios para a localização. (Incluído pela Lei nº 13.509,
se tratando de pedido formulado por representante do de 2017)
Ministério Público; Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
III - a exposição sumária do fato e o pedido; constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja
desde logo, o rol de testemunhas e documentos. nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar despacho de nomeação.
a suspensão do pátrio poder poder familiar , liminar ou Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento
ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado
mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída defensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e apresentação de documento que interesse à causa, de ofício
independentemente de requerimento do interessado, a ou a requerimento das partes ou do Ministério Público.
realização de estudo social ou perícia por equipe Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
presença de uma das causas de suspensão ou destituição do cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em
poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 igual prazo.
desta Lei, e observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
2017 . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária
indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1 o deste dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual
artigo, de representantes do órgão federal responsável pela prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
política indigenista, observado o disposto no § 6 o do art. 28 § 1º Havendo necessidade, a autoridade judiciária
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) poderá determinar a realização de estudo social ou perícia
§ 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, por equipe interprofissional, bem como a oitiva de
precedida de entrevista da criança ou do adolescente perante testemunhas.
equipe multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos § 1 o A autoridade judiciária, de ofício ou a
da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído pela Lei requerimento das partes ou do Ministério Público,
nº 14.340, de 2022) determinará a realização de estudo social ou perícia por
§ 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a
de criança ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma
Ministério Público e encaminhará os documentos das causas de suspensão ou destituição do poder familiar
pertinentes. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022) previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de janeiro de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta
dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a Lei . (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a
testemunhas e documentos. requerimento das partes ou do Ministério Público,
Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os determinará a oitiva de testemunhas que comprovem a
meios para a citação pessoal. presença de uma das causas de suspensão ou destituição do
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei
os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , ou no
de 2014) art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser 2017)
citado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) § 2º Se o pedido importar em modificação de guarda,
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
houver procurado o citando em seu domicílio ou residência criança ou adolescente.
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, § 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades
informar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
qualquer vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar profissional ou multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo,
a citação, na hora que designar, nos termos do art. 252 e de representantes do órgão federal responsável pela política
seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015 (Código indigenista, observado o disposto no § 6 o do art. 28 desta
de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em § 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509,

390
de 2017) procedimento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação
§ 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da Art. 163. O prazo máximo para conclusão do
criança ou adolescente, respeitado seu estágio de procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do
implicações da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o
2009) Vigência adolescente com vistas à colocação em família
§ 4 o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
forem identificados e estiverem em local Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou
conhecido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a suspensão do poder familiar será averbada à margem do
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles registro de nascimento da criança ou do
forem identificados e estiverem em local conhecido, adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ressalvados os casos de não comparecimento perante a Seção III
Justiça quando devidamente citados. (Redação dada pela Lei Da Destituição da Tutela
nº 13.509, de 2017) Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
§ 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de procedimento para a remoção de tutor previsto na lei
liberdade, a autoridade judicial requisitará sua apresentação processual civil e, no que couber, o disposto na seção
para a oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) anterior.
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade Seção IV
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por Da Colocação em Família Substituta
cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos
desde logo, audiência de instrução e julgamento. de colocação em família substituta:
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do I - qualificação completa do requerente e de seu
Ministério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência
poderá determinar a realização de estudo social ou, se deste;
possível, de perícia por equipe interprofissional. II - indicação de eventual parentesco do requerente e
§ 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou
de 2017) adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério III - qualificação completa da criança ou adolescente
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se e de seus pais, se conhecidos;
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por IV - indicação do cartório onde foi inscrito
escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte certidão;
minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
máximo de cinco dias. se-ão também os requisitos específicos.
§ 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se destituídos ou suspensos do pátrio poder poder familiar , ou
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por houverem aderido expressamente ao pedido de colocação
escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o em família substituta, este poderá ser formulado diretamente
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) em cartório, em petição assinada pelos próprios
minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) requerentes. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) 2009) Vigência
§ 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a Parágrafo único. Na hipótese de concordância dos
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para pais, eles serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela representante do Ministério Público, tomando-se por termo
Lei nº 13.509, de 2017) as declarações.
§ 4 o Quando o procedimento de destituição de poder Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
necessidade de nomeação de curador especial em favor da aderido expressamente ao pedido de colocação em família
criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de substituta, este poderá ser formulado diretamente em
2017) cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
Art. 163. A sentença que decretar a perda ou a dispensada a assistência de advogado. (Redação dada pela
suspensão do pátrio poder poder familiar será averbada à Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
margem do registro de nascimento da criança ou § 1 o Na hipótese de concordância dos pais, esses
adolescente. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante
2009) Vigência do Ministério Público, tomando-se por termo as
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do declarações. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

391
§ 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
juiz: (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) requerimento das partes ou do Ministério Público,
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as determinará a realização de estudo social ou, se possível,
partes, devidamente assistidas por advogado ou por defensor perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a
público, para verificar sua concordância com a adoção, no concessão de guarda provisória, bem como, no caso de
prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do adoção, sobre o estágio de convivência.
protocolo da petição ou da entrega da criança em juízo, Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
tomando por termo as declarações; e (Incluído pela Lei nº provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
13.509, de 2017) adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pela Lei nº 13.509, de 2017) 2009) Vigência
§ 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo
será precedido de orientações e esclarecimentos prestados pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o
pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público,
Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária
irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de em igual prazo.
2009) Vigência Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da
§ 3 o O consentimento dos titulares do poder familiar tutela, a perda ou a suspensão do pátrio poder poder
será colhido pela autoridade judiciária competente em familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de
audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre colocação em família substituta, será observado o
manifestação de vontade e esgotados os esforços para procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste
manutenção da criança ou do adolescente na família natural Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
ou extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) observado o disposto no art. 35.
§ 4 o O consentimento prestado por escrito não terá Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-
validade se não for ratificado na audiência a que se refere o se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no
§ 3 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de art. 47.
2009) Vigência Parágrafo único. A colocação de criança ou
§ 4 o O consentimento prestado por escrito não terá adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de
validade se não for ratificado na audiência a que se refere o acolhimento familiar será comunicada pela autoridade
§ 1 o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo
2017) de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 5 o O consentimento é retratável até a data da 2009) Vigência
publicação da sentença constitutiva da adoção. (Incluído Seção V
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
§ 5 o O consentimento é retratável até a data da Art. 171. O adolescente apreendido por força de
realização da audiência especificada no § 1 o deste artigo, e ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
os pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10 judiciária.
(dez) dias, contado da data de prolação da sentença de Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de
extinção do poder familiar. (Redação dada pela Lei nº ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
13.509, de 2017) policial competente.
§ 6 o O consentimento somente terá valor se for dado Parágrafo único. Havendo repartição policial
após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, especializada para atendimento de adolescente e em se
de 2009) Vigência tratando de ato infracional praticado em co-autoria com
§ 7 o A família substituta receberá a devida orientação maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada,
por intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço que, após as providências necessárias e conforme o caso,
do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos encaminhará o adulto à repartição policial própria.
técnicos responsáveis pela execução da política municipal Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional
de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106,
§ 7 o A família natural e a família substituta receberão parágrafo único, e 107, deverá:
a devida orientação por intermédio de equipe técnica I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da o adolescente;
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos II - apreender o produto e os instrumentos da
responsáveis pela execução da política municipal de garantia infração;
do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº III - requisitar os exames ou perícias necessários à
13.509, de 2017) comprovação da materialidade e autoria da infração.

392
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a concedida a remissão pelo representante do Ministério
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de Público, mediante termo fundamentado, que conterá o
ocorrência circunstanciada. resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou judiciária para homologação.
responsável, o adolescente será prontamente liberado pela § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
autoridade policial, sob termo de compromisso e autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
responsabilidade de sua apresentação ao representante do cumprimento da medida.
Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente despacho fundamentado, e este oferecerá representação,
permanecer sob internação para garantia de sua segurança designará outro membro do Ministério Público para
pessoal ou manutenção da ordem pública. apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.
policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
representante do Ministério Público, juntamente com cópia Ministério Público não promover o arquivamento ou
do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a judiciária, propondo a instauração de procedimento para
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais
atendimento, que fará a apresentação ao representante do adequada.
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. § 1º A representação será oferecida por petição, que
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
policial. À falta de repartição policial especializada, o podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
adolescente aguardará a apresentação em dependência pela autoridade judiciária.
separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer § 2º A representação independe de prova pré-
hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. constituída da autoria e materialidade.
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
policial encaminhará imediatamente ao representante do conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
ocorrência. Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver judiciária designará audiência de apresentação do
indícios de participação de adolescente na prática de ato adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
infracional, a autoridade policial encaminhará ao manutenção da internação, observado o disposto no art. 108
representante do Ministério Público relatório das e parágrafo.
investigações e demais documentos. § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de cientificados do teor da representação, e notificados a
ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
compartimento fechado de veículo policial, em condições § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados,
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, apresentação.
devidamente autuados pelo cartório judicial e com § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada
informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, responsável.
de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
representante do Ministério Público notificará os pais ou estabelecimento prisional.
responsável para apresentação do adolescente, podendo § 1º Inexistindo na comarca entidade com as
requisitar o concurso das polícias civil e militar. características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
artigo anterior, o representante do Ministério Público § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
poderá: adolescente aguardará sua remoção em repartição policial,
I - promover o arquivamento dos autos; desde que em seção isolada dos adultos e com instalações
II - conceder a remissão; apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de
III - representar à autoridade judiciária para aplicação cinco dias, sob pena de responsabilidade.
de medida sócio-educativa. Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos

393
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441,
qualificado. de 2017)
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a I – será precedida de autorização judicial devidamente
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
proferindo decisão. da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
medida de internação ou colocação em regime de semi- II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério
liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o Público ou representação de delegado de polícia e conterá a
adolescente não possui advogado constituído, nomeará demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos
defensor, designando, desde logo, audiência em policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
continuação, podendo determinar a realização de diligências quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
e estudo do caso. permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, nº 13.441, de 2017)
no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada
testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, sua efetiva necessidade, a critério da autoridade
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
interprofissional, será dada a palavra ao representante do § 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público
Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo poderão requisitar relatórios parciais da operação de
tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais infiltração antes do término do prazo de que trata o inciso II
dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida do § 1 º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
proferirá decisão. § 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
não comparecer, injustificadamente à audiência de I – dados de conexão: informações referentes a hora,
apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
determinando sua condução coercitiva. Internet (IP) utilizado e terminal de origem da
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
do procedimento, antes da sentença. endereço de assinante ou de usuário registrado ou
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
qualquer medida, desde que reconheça na sentença: identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
I - estar provada a inexistência do fato; atribuído no momento da conexão.
II - não haver prova da existência do fato; § 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet
III - não constituir o fato ato infracional; não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
para o ato infracional. Art. 190-B. As informações da operação de
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz
adolescente internado, será imediatamente colocado em responsável pela autorização da medida, que zelará por seu
liberdade. sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
de internação ou regime de semi-liberdade será feita: acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
I - ao adolescente e ao seu defensor; Público e ao delegado de polícia responsável pela operação,
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus com o objetivo de garantir o sigilo das
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far- Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a
se-á unicamente na pessoa do defensor. sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e
Seção V-A nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Parágrafo único. O agente policial infiltrado que
Adolescente” deixar de observar a estrita finalidade da investigação
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº
internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 13.441, de 2017)
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto- poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as

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informações necessárias à efetividade da identidade fictícia se possível.
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 1º No procedimento iniciado com o auto de
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata infração, poderão ser usadas fórmulas impressas,
esta Seção será numerado e tombado em livro especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.
específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 2º Sempre que possível, à verificação da infração
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser contrário, dos motivos do retardamento.
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
e ao Ministério Público, juntamente com relatório apresentação de defesa, contado da data da intimação, que
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) será feita:
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
citados no caput deste artigo serão reunidos em autos lavrado na presença do requerido;
apartados e apensados ao processo criminal juntamente com II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
o inquérito policial, assegurando-se a preservação da habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº III - por via postal, com aviso de recebimento, se não
13.441, de 2017) for encontrado o requerido ou seu representante legal;
Seção VI IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante
Atendimento legal.
Art. 191. O procedimento de apuração de Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
irregularidades em entidade governamental e não- legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do
governamental terá início mediante portaria da autoridade Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual
judiciária ou representação do Ministério Público ou do prazo.
Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade
fatos. judiciária procederá na conformidade do artigo anterior, ou,
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a sendo necessário, designará audiência de instrução e
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-
entidade, mediante decisão fundamentada. ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária,
documentos e indicar as provas a produzir. que em seguida proferirá sentença.
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo Seção VIII
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
instrução e julgamento, intimando as partes. Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações no Brasil, apresentarão petição inicial na qual
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. conste: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº
definitivo de dirigente de entidade governamental, a 12.010, de 2009) Vigência
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a 2009) Vigência
substituição. III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a casamento, ou declaração relativa ao período de união
autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das estável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no
processo será extinto, sem julgamento de mérito. Cadastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao 2009) Vigência
dirigente da entidade ou programa de atendimento. V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela
Seção VII Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído
Proteção à Criança e ao Adolescente pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 194. O procedimento para imposição de VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído
penalidade administrativa por infração às normas de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
proteção à criança e ao adolescente terá início por VIII - certidão negativa de distribuição
representação do Ministério Público, ou do Conselho cível. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério

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Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído política municipal de garantia do direito à convivência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela § 3 o É recomendável que as crianças e os
equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo adolescentes acolhidos institucionalmente ou por família
técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela acolhedora sejam preparados por equipe interprofissional
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência antes da inclusão em família adotiva. (Incluído pela Lei nº
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos 13.509, de 2017)
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
12.010, de 2009) Vigência participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a
III - requerer a juntada de documentos autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
complementares e a realização de outras diligências que decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
entender necessárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
2009) Vigência designando, conforme o caso, audiência de instrução e
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Parágrafo único. Caso não sejam requeridas
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial,
preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5
ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
execução da política municipal de garantia do direito à cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
convivência familiar, que inclua preparação psicológica, crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº
orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças 12.010, de 2009) Vigência
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de § 1 o A ordem cronológica das habilitações somente
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela § 2 o A recusa sistemática na adoção das crianças ou
execução da política municipal de garantia do direito à adolescentes indicados importará na reavaliação da
convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção habilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da 2009) Vigência
Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e § 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no
estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe
adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com interprofissional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
necessidades específicas de saúde, e de grupos de 2017)
irmãos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova
§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa adoção, será dispensável a renovação da habilitação,
obrigatória da preparação referida no § 1 o deste artigo bastando a avaliação por equipe interprofissional. (Incluído
incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de pela Lei nº 13.509, de 2017)
acolhimento familiar ou institucional em condições de serem § 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo
adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e habilitado, à adoção de crianças ou adolescentes indicados
avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da dentro do perfil escolhido, haverá reavaliação da habilitação
Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo concedida. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
programa de acolhimento familiar ou institucional e pela § 5 o A desistência do pretendente em relação à
execução da política municipal de garantia do direito à guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou do
convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de
2009) Vigência adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e
§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa na vedação de renovação da habilitação, salvo decisão
obrigatória da preparação referida no § 1 o deste artigo judicial fundamentada, sem prejuízo das demais sanções
incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de previstas na legislação vigente. (Incluído pela Lei nº 13.509,
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob de 2017)
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da
Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa prorrogável por igual período, mediante decisão
de acolhimento familiar e institucional e pela execução da fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº

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13.509, de 2017) qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a
Capítulo IV apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito
Dos Recursos devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de
Infância e da Juventude fica adotado o sistema recursal adoção e de destituição de poder familiar, em face da
do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 5.869, relevância das questões, serão processados com prioridade
de 11 de janeiro de 1973 , e suas alterações posteriores, com absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando
as seguintes adaptações: vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento
Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução sem revisão e com parecer urgente do Ministério
das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em
Processo Civil) , com as seguintes adaptações: (Redação mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta)
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dias, contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010,
I - os recursos serão interpostos independentemente de 2009) Vigência
de preparo; Parágrafo único. O Ministério Público será intimado
II - em todos os recursos, salvo o de agravo de da data do julgamento e poderá na sessão, se entender
instrumento e de embargos de declaração, o prazo para necessário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela
interpor e para responder será sempre de dez dias; Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a
declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa instauração de procedimento para apuração de
será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº responsabilidades se constatar o descumprimento das
12.594, de 2012) (Vide) providências e do prazo previstos nos artigos
III - os recursos terão preferência de julgamento e anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dispensarão revisor; Capítulo V
IV - o agravado será intimado para, no prazo de cinco Do Ministério Público
dias, oferecer resposta e indicar as peças a serem Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
trasladadas; (Revogado pela Lei nº 12.010, de nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei
2009) Vigência orgânica.
V - será de quarenta e oito horas o prazo para a Art. 201. Compete ao Ministério Público:
extração, a conferência e o conserto do traslado; (Revogado I - conceder a remissão como forma de exclusão do
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência processo;
VI - a apelação será recebida em seu efeito II - promover e acompanhar os procedimentos
devolutivo. Será também conferido efeito suspensivo relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
quando interposta contra sentença que deferir a adoção por III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
estrangeiro e, a juízo da autoridade judiciária, sempre que os procedimentos de suspensão e destituição do pátrio
houver perigo de dano irreparável ou de difícil poder poder familiar , nomeação e remoção de tutores,
reparação; (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais
VII - antes de determinar a remessa dos autos à procedimentos da competência da Justiça da Infância e da
superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, Juventude; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho 2009) Vigência
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo IV - promover, de ofício ou por solicitação dos
de cinco dias; interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior administradores de bens de crianças e adolescentes nas
instância dentro de vinte e quatro horas, independentemente hipóteses do art. 98;
de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos V - promover o inquérito civil e a ação civil pública
autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os
intimação. definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no Federal ;
art. 149 caberá recurso de apelação. VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz instruí-los:
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será a) expedir notificações para colher depoimentos ou
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
irreparável ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído polícia civil ou militar;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência b) requisitar informações, exames, perícias e
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou documentos de autoridades municipais, estaduais e federais,

397
da administração direta ou indireta, bem como promover Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
inspeções e diligências investigatórias; for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
c) requisitar informações e documentos a particulares defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei,
e instituições privadas; hipótese em que terá vista dos autos depois das partes,
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências podendo juntar documentos e requerer diligências, usando
investigatórias e determinar a instauração de inquérito os recursos cabíveis.
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de Art. 203. A intimação do Ministério Público, em
proteção à infância e à juventude; qualquer caso, será feita pessoalmente.
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e Art. 204. A falta de intervenção do Ministério
garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e Art. 205. As manifestações processuais do
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na representante do Ministério Público deverão ser
defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis fundamentadas.
afetos à criança e ao adolescente; Capítulo VI
X - representar ao juízo visando à aplicação de Do Advogado
penalidade por infrações cometidas contra as normas de Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
da responsabilidade civil e penal do infrator, quando na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de
cabível; que trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
de atendimento e os programas de que trata esta Lei, respeitado o segredo de justiça.
adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
necessárias à remoção de irregularidades porventura integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
verificadas; Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a
XII - requisitar força policial, bem como a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
colaboração dos serviços médicos, hospitalares, será processado sem defensor.
educacionais e de assistência social, públicos ou privados, § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
para o desempenho de suas atribuições. nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
XIII - intervir, quando não for parte, nas causas cíveis constituir outro de sua preferência.
e criminais decorrentes de violência doméstica e familiar § 2º A ausência do defensor não determinará o
contra a criança e o adolescente. (Incluído pela Lei nº adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz
14.344, de 2022) Vigência nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as efeito do ato.
ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
esta Lei. indicado por ocasião de ato formal com a presença da
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não autoridade judiciária.
excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Capítulo VII
Ministério Público. Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e
§ 3º O representante do Ministério Público, no Coletivos
exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as
se encontre criança ou adolescente. ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
§ 4º O representante do Ministério Público será assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não
responsável pelo uso indevido das informações e oferecimento ou oferta irregular:
documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. I - do ensino obrigatório;
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o II - de atendimento educacional especializado aos
inciso VIII deste artigo, poderá o representante do portadores de deficiência;
Ministério Público: III - de atendimento em creche e pré-escola às
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, crianças de zero a seis anos de idade;
instaurando o competente procedimento, sob sua III – de atendimento em creche e pré-escola às
presidência; crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela
b) entender-se diretamente com a pessoa ou Lei nº 13.306, de 2016)
autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente IV - de ensino noturno regular, adequado às
notificados ou acertados; condições do educando;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos V - de programas suplementares de oferta de material
serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e didático-escolar, transporte e assistência à saúde do
ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita educando do ensino fundamental;
adequação. VI - de serviço de assistência social visando à

398
proteção à família, à maternidade, à infância e à executivo extrajudicial.
adolescência, bem como ao amparo às crianças e Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses
adolescentes que dele necessitem; protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; ações pertinentes.
VIII - de escolarização e profissionalização dos § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
adolescentes privados de liberdade. normas do Código de Processo Civil.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
exercício do direito à convivência familiar por crianças e atribuições do poder público, que lesem direito líquido e
adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se
2009) Vigência regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
X - de programas de atendimento para a execução das Art. 213. Na ação que tenha por objeto o
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
proteção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
XI - de políticas e programas integrados de providências que assegurem o resultado prático equivalente
atendimento à criança e ao adolescente vítima ou ao do adimplemento.
testemunha de violência. (Incluído pela Lei nº 13.431, de § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e
2017) (Vigência) havendo justificado receio de ineficácia do provimento final,
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
não excluem da proteção judicial outros interesses justificação prévia, citando o réu.
individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e da § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
adolescência, protegidos pela Constituição e pela lei. ou na sentença, impor multa diária ao réu,
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos cumprimento do preceito.
pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito
único pela Lei nº 11.259, de 2005) em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças desde o dia em que se houver configurado o
ou adolescentes será realizada imediatamente após descumprimento.
notificação aos órgãos competentes, que deverão comunicar Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
companhias de transporte interestaduais e internacionais, Adolescente do respectivo município.
fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005) trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o
processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de
Federal e a competência originária dos tribunais superiores. crédito, em conta com correção monetária.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados recursos, para evitar dano irreparável à parte.
concorrentemente: Art. 216. Transitada em julgado a sentença que
I - o Ministério Público; impuser condenação ao poder público, o juiz determinará a
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito remessa de peças à autoridade competente, para apuração da
Federal e os territórios; responsabilidade civil e administrativa do agente a que se
III - as associações legalmente constituídas há pelo atribua a ação ou omissão.
menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em
defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, julgado da sentença condenatória sem que a associação
dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
autorização estatutária. Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Art. 218. O juiz condenará a associação autora a
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos pagar ao réu os honorários advocatícios arbitrados na
interesses e direitos de que cuida esta Lei. conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , quando
associação legitimada, o Ministério Público ou outro reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão associação autora e os diretores responsáveis pela
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua propositura da ação serão solidariamente condenados ao
conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por

399
perdas e danos. aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar
periciais e quaisquer outras despesas. contra a criança e o adolescente, é vedada a aplicação de
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor penas de cesta básica ou de outras de prestação pecuniária,
público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, bem como a substituição de pena que implique o pagamento
prestando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto isolado de multa. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção. 2022) Vigência
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar pública incondicionada.
a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista
Público para as providências cabíveis. no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de
prazo de quinze dias. reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
pessoa, organismo público ou particular, certidões, reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o Seção II
qual não poderá ser inferior a dez dias úteis. Dos Crimes em Espécie
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o
todas as diligências, se convencer da inexistência de dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
fundamento para a propositura da ação cível, promoverá o de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à
informativas, fazendo-o fundamentadamente. parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de declaração de nascimento, onde constem as intercorrências
informação arquivados serão remetidos, sob pena de se do parto e do desenvolvimento do neonato:
incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Superior do Ministério Público. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
promoção de arquivamento, em sessão do Conselho Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
Superior do Ministério público, poderão as associações de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames
de informação. referidos no art. 10 desta Lei:
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a Pena - detenção de seis meses a dois anos.
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Público, conforme dispuser o seu regimento. Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que autoridade judiciária competente:
couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
1985 . Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
Título VII procede à apreensão sem observância das formalidades
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas legais.
Capítulo I Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável
Dos Crimes pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
Seção I comunicação à autoridade judiciária competente e à família
Disposições Gerais do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes Pena - detenção de seis meses a dois anos.
praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal. autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei constrangimento:
as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao Pena - detenção de seis meses a dois anos.
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua
§ 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o autoridade, guarda ou vigilância a tortura: (Revogado pela
adolescente, independentemente da pena prevista, não se Lei nº 9.455, de 7.4.1997

400
Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 1 o Incorre na mesma pena quem, nas condições
§ 1º Se resultar lesão corporal grave: (Revogado pela referidas neste artigo, contracena com criança ou
Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : adolescente. (Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº
Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela 10.764, de 12.11.2003)
Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 2 o A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito)
§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: (Revogado anos: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : I - se o agente comete o crime no exercício de cargo
Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado ou função;
pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : II - se o agente comete o crime com o fim de obter
§ 3º Se resultar morte: (Revogado pela Lei nº 9.455, para si ou para outrem vantagem patrimonial.
de 7.4.1997 : Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar,
Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo
pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
apreensão: § 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo participação de criança ou adolescente nas cenas referidas
fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
liberdade: contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do I – no exercício de cargo ou função pública ou a
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: pretexto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 2008)
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de II – prevalecendo-se de relações domésticas, de
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem coabitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. III – prevalecendo-se de relações de parentesco
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem,
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. Art. 241. Fotografar ou publicar cena de sexo
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior adolescente:
com inobservância das formalidades legais ou com o fito de Pena - reclusão de um a quatro anos.
obter lucro: Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer,
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação,
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave inclusive rede mundial de computadores ou internet,
ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo
12.11.2003) explícito envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
pena correspondente à violência. Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 240. Produzir ou dirigir representação teatral, § 1 o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei
televisiva ou película cinematográfica, utilizando-se de nº 10.764, de 12.11.2003)
criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo,
pornográfica: intermedeia a participação de criança ou adolescente em
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. produção referida neste artigo;
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, nas II - assegura os meios ou serviços para o
condições referidas neste artigo, contracena com criança ou armazenamento das fotografias, cenas ou imagens
adolescente. produzidas na forma do caput deste artigo;
Art. 240. Produzir ou dirigir representação teatral, III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede
televisiva, cinematográfica, atividade fotográfica ou de mundial de computadores ou internet, das fotografias, cenas
qualquer outro meio visual, utilizando-se de criança ou ou imagens produzidas na forma do caput deste artigo.
adolescente em cena pornográfica, de sexo explícito ou § 2 o A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito)
vexatória: (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) anos: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

401
I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do § 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão
exercício de cargo ou função; manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela
II - se o agente comete o crime com o fim de obter Lei nº 11.829, de 2008)
para si ou para outrem vantagem patrimonial. Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou meio de adulteração, montagem ou modificação de
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
meio, inclusive por meio de sistema de informática ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha material produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança pela Lei nº 11.829, de 2008)
ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e constranger, por qualquer meio de comunicação, criança,
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
I – assegura os meios ou serviços para o multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre
trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
2008) I – facilita ou induz o acesso à criança de material
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 11.829, de 2008)
§ 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
o
1 deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela com o fim de induzir criança a se exibir de forma
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata 11.829, de 2008)
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro compreende qualquer situação que envolva criança ou
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança
11.829, de 2008) ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (Incluído
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e pela Lei nº 11.829, de 2008)
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
se de pequena quantidade o material a que se refere arma, munição ou explosivo:
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação
tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente,
e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes
I – agente público no exercício de suas possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por
funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) utilização indevida:
II – membro de entidade, legalmente constituída, que Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa, se
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o o fato não constitui crime mais grave.
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou
referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a
2008) criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa
III – representante legal e funcionários responsáveis causa, outros produtos cujos componentes possam causar
de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede dependência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº
de computadores, até o recebimento do material relativo à 13.106, de 2015)
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela

402
Lei nº 13.106, de 2015) que se atribua ato infracional:
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente Pena - multa de três a vinte salários de referência,
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
qualquer dano físico em caso de utilização indevida: em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
23.6.2000) artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa. da publicação ou a suspensão da programação da emissora
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da até por dois dias, bem como da publicação do periódico até
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em por dois números. (Expressão declarada inconstitucional
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da pela ADIN 869).
unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária
foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de
boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017) regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca
§ 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o para a prestação de serviço doméstico, mesmo que
gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a autorizado pelos pais ou responsável: (Vide Lei nº 13.431,
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas de 2017) (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.431, de
no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 2017) (Vigência)
23.6.2000) Pena - multa de três a vinte salários de referência,
§ 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a aplicando-se o dobro em caso de reincidência,
cassação da licença de localização e de funcionamento do independentemente das despesas de retorno do adolescente,
estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) se for o caso. (Revogado pela Lei nº 13.431, de
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de 2017) (Vigência)
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os
penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº deveres inerentes ao pátrio poder poder familiar ou
12.015, de 2009) decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão
pela Lei nº 12.015, de 2009) substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo Pena - multa de três a vinte salários de referência,
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da Art. 250. Hospedar criança ou adolescente,
internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) desacompanhado dos pais ou responsável ou sem
§ 2 o As penas previstas no caput deste artigo são autorização escrita destes, ou da autoridade judiciária, em
aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou hotel, pensão, motel ou congênere:
induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de Pena - multa de dez a cinqüenta salários de referência;
25 de julho de 1990 . (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
Capítulo II determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze
Das Infrações Administrativas dias.
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, hotel, pensão, motel ou congênere: (Redação dada pela Lei
envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra nº 12.038, de 2009).
criança ou adolescente: Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, 2009).
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. § 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o
entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze)
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
Pena - multa de três a vinte salários de referência, § 2 º Se comprovada a reincidência em período
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem definitivamente fechado e terá sua licença cassada. (Incluído
autorização devida, por qualquer meio de comunicação, pela Lei nº 12.038, de 2009).
nome, ato ou documento de procedimento policial, Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,

403
84 e 85 desta Lei: 2009) Vigência
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou e de adolescentes em condições de serem adotadas, de
espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada adolescentes em regime de acolhimento institucional ou
sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
especificada no certificado de classificação: Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência, dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os interessada em entregar seu filho para adoção: (Incluído pela
limites de idade a que não se recomendem: Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
duplicada em caso de reincidência, aplicável, (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de
separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de 2009) Vigência
divulgação ou publicidade. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso garantia do direito à convivência familiar que deixa de
de sua classificação: (Expressão declarada inconstitucional efetuar a comunicação referida no caput deste
pela ADI 2.404). artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária inciso II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de
poderá determinar a suspensão da programação da emissora 2015)
por até dois dias. Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou 10.000,00 (dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106,
congênere classificado pelo órgão competente como de 2015)
inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao Medida Administrativa - interdição do
espetáculo: estabelecimento comercial até o recolhimento da multa
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na aplicada. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do Disposições Finais e Transitórias
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados
quinze dias. da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às
fita de programação em vídeo, em desacordo com a diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao
classificação atribuída pelo órgão competente: que estabelece o Título V do Livro II.
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
dias. Art. 260. Os contribuintes do imposto de renda
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. poderão abater da renda bruta 100% (cem por cento) do
78 e 79 desta Lei: valor das doações feitas aos fundos controlados pelos
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos Direitos da
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo Criança e do Adolescente, observado o seguinte:
de apreensão da revista ou publicação. I - limite de 10% (dez por cento) da renda bruta para
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento pessoa física;
ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o II - limite de 5% (cinco por cento) da renda bruta para
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou pessoa jurídica.
sobre sua participação no espetáculo: Art. 260. Os contribuintes poderão deduzir do
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em imposto devido, na declaração do Imposto sobre a Renda, o
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá total das doações feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e
determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze do Adolescente - nacional, estaduais ou municipais -
dias. devidamente comprovadas, obedecidos os limites
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de estabelecidos em Decreto do Presidente da
providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros República. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído 12.10.1991) (Vide)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente

404
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do § 4º O Ministério Público determinará em cada
imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação comarca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda incentivos fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº
devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base 8.242, de 12.10.1991)
no lucro real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de § 5 o A destinação de recursos provenientes dos
2012) (Vide) fundos mencionados neste artigo não desobriga os Entes
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda Federados à previsão, no orçamento dos respectivos órgãos
apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste encarregados da execução das políticas públicas de
Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de assistência social, educação e saúde, dos recursos
10 de dezembro de 1997 . (Redação dada pela Lei nº 12.594, necessários à implementação das ações, serviços e
de 2012) (Vide) programas de atendimento a crianças, adolescentes e
§ 1º - As deduções a que se refere este artigo não famílias, em respeito ao princípio da prioridade absoluta
estão sujeitas a outros limites estabelecidos na legislação do estabelecido pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e
imposto de renda, nem excluem ou reduzem outros pelo caput e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído
benefícios ou abatimentos e deduções em vigor, de maneira pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
especial as doações a entidades de utilidade § 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei
o
pública. (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção n 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , a dedução de que
de efeito) trata o inciso I do caput : (Redação dada pela Lei nº 12.594,
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem de 2012) (Vide)
atendidas com os recursos captados pelos Fundos Nacional, I - será considerada isoladamente, não se submetendo
Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do a limite em conjunto com outras deduções do imposto;
Adolescente, serão consideradas as disposições do Plano e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de II - não poderá ser computada como despesa
Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar, bem como operacional na apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº
as regras e princípios relativos à garantia do direito à 12.594, de 2012) (Vide)
convivência familiar previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-
nº 12.010, de 2009) Vigência calendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em
atendidas com os recursos captados pelos fundos nacional, sua Declaração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº
estaduais e municipais dos direitos da criança e do 12.594, de 2012) (Vide)
adolescente, serão consideradas as disposições do Plano § 1 o A doação de que trata o caput poderá ser
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de deduzida até os seguintes percentuais aplicados sobre o
Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e imposto apurado na declaração: (Incluído pela Lei nº
Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira 12.594, de 2012) (Vide)
Infância. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de
§ 2º Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional 2012) (Vide)
dos Direitos da Criança e do Adolescente fixarão critérios de II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de
utilização, através de planos de aplicação das doações 2012) (Vide)
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente III - 3% (três por cento) a partir do exercício de
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de 2012. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
guarda, de criança ou adolescente, órfãos ou abandonado, na § 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela
forma do disposto no art. 227, § 3º, VI, da Constituição Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Federal . I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais imposto sobre a renda apurado na declaração de que trata o
dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de inciso II do caput do art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594,
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações de 2012) (Vide)
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei
atenção integral à primeira infância em áreas de maior nº 12.594, de 2012) (Vide)
carência socioeconômica e em situações de b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído
calamidade. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2016) c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído
regulamentará a comprovação das doações feitas aos fundos, pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou
12.10.1991) deduções em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de

405
2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a § 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo
data de vencimento da primeira quota ou quota única do pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os
imposto, observadas instruções específicas da Secretaria da valores doados mês a mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide) § 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve
§ 4 o O não pagamento da doação no prazo conter a identificação dos bens, mediante descrição em
estabelecido no § 3 o implica a glosa definitiva desta parcela campo próprio ou em relação anexa ao comprovante,
de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao informando também se houve avaliação, o nome, CPF ou
recolhimento da diferença de imposto devido apurado na CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº
Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais 12.594, de 2012) (Vide)
previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o
2012) (Vide) doador deverá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
apurado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no documentação hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos 2012) (Vide)
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente II - baixar os bens doados na declaração de bens e
municipais, distrital, estaduais e nacional direitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração,
concomitantemente com a opção de que trata o caput , no caso de pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de
respeitado o limite previsto no inciso II do art. 2012) (Vide)
260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) III - considerar como valor dos bens
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. doados: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
260 poderá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
2012) (Vide) declaração do imposto de renda, desde que não exceda o
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas valor de mercado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão
anualmente. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) não será considerado na determinação do valor dos bens
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro doados, exceto se o leilão for determinado por autoridade
do período a que se refere a apuração do imposto. (Incluído judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um
Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dedução perante a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
devem ser depositadas em conta específica, em instituição Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela
financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que administração das contas dos Fundos dos Direitos da
trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
2012) (Vide) municipais devem: (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela 2012) (Vide)
administração das contas dos Fundos dos Direitos da I - manter conta bancária específica destinada
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e exclusivamente a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela
municipais devem emitir recibo em favor do doador, Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
assinado por pessoa competente e pelo presidente do II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído
Conselho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) III - informar anualmente à Secretaria da Receita
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês,
2012) (Vide) identificando os seguintes dados por doador: (Incluído pela
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(CNPJ) e endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594,
12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas b) valor doado, especificando se a doação foi em
(CPF) do doador; (Incluído pela Lei nº 12.594, de espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
2012) (Vide) 2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; Art. 260-H. Em caso de descumprimento das
e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério

406
Público. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos
do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas
divulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº pela autoridade judiciária.
12.594, de 2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
12.594, de 2012) (Vide) alterações:
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas 1) Art. 121 ............................................................
de atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço,
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
III - os requisitos para a apresentação de projetos a profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
municipais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de
calendário e o valor dos recursos previstos para catorze anos.
implementação das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 2) Art. 129 ...............................................................
12.594, de 2012) (Vide) § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva hipóteses do art. 121, § 4º.
destinação, por projeto atendido, inclusive com § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
cadastramento na base de dados do Sistema de Informações 3) Art. 136.................................................................
sobre a Infância e a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
12.594, de 2012) (Vide) contra pessoa menor de catorze anos.
VI - a avaliação dos resultados dos projetos 4) Art. 213 ..................................................................
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e Pena - reclusão de quatro a dez anos.
municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 5) Art. 214...................................................................
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
cada Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos Pena - reclusão de três a nove anos.»
incentivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. (Incluído Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dezembro de 1973 , fica acrescido do seguinte item:
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos "Art. 102 ....................................................................
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
atuar de ofício, a requerimento ou representação de qualquer União, da administração direta ou indireta, inclusive
cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) fundações instituídas e mantidas pelo poder público federal
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da promoverão edição popular do texto integral deste Estatuto,
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à que será posto à disposição das escolas e das entidades de
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de atendimento e de defesa dos direitos da criança e do
cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação atualizada adolescente.
dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente Art. 265-A. O poder público fará periodicamente
nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indicação ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente
dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas nos meios de comunicação social. (Incluído pela Lei nº
bancárias específicas mantidas em instituições financeiras 13.257, de 2016)
públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Parágrafo único. A divulgação a que se refere
Fundos. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do adequada a crianças e adolescentes, especialmente às
Brasil expedirá as instruções necessárias à aplicação do crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (Incluído pela
disposto nos arts. 260 a 260-K. (Incluído pela Lei nº 12.594, Lei nº 13.257, de 2016)
de 2012) (Vide) Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos sua publicação.
direitos da criança e do adolescente, os registros, inscrições Parágrafo único. Durante o período de vacância
e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e deverão ser promovidas atividades e campanhas de
91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária divulgação e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
da comarca a que pertencer a entidade. Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 ,
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e
aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os as demais disposições em contrário.
recursos referentes aos programas e atividades previstos Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência
nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos e 102º da República.

407
6.31 Prática Educativa-Interdisciplinar mediador da aprendizagem. Deve provocar e questionar o
aluno, levando-o ao sucesso de suas pesquisas e
Entre os princípios pedagógicos que estruturam as áreas de conseqüentemente suas respostas desejadas. A escola
conhecimento destaca-se como principal, a compreende professor e aluno, envolvidos emocionalmente,
interdisciplinaridade. a essa junção só surgirá aprendizagem se o professor lançar
desafios e o aluno ser capaz de enfrentá-los. Del Prette e
“Para observância da interdisciplinaridade é preciso
entender que as disciplinas escolares resultam de recortes e Del Prette (2001) ressaltam que as escolas são ambientes
seleções arbitrários, historicamente constituídos, expressões ideais para o ensino de uma conduta social de qualidade. O
de interesses e relações de poder que ressaltam, ocultam ou professor encontra no ambiente escolar um campo fértil, não
negam saberes (Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino só para o ensino-aprendizagem de habilidades acadêmicas,
Médio. Brasília: MEC, 2002, pág. 88)” mas também um espaço de interação mútua que o possibilita
levar o aluno a crescer, respeitar-se e respeitar os outros. O
Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade não tem a professor tem em suas mãos a possibilidade de elaborarem
pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de objetivos e procedimentos que tenham por meta melhorar ou
utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver promover a competência social e as relações interpessoais
um problema ou compreender um determinado fenômeno dos alunos.
sob diferentes pontos de vista. “A interdisciplinaridade tem
uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber O professor deverá ser capaz de inovar, variar suas técnicas
diretamente útil e utilizável para resolver às questões e aos de ensinar, buscar qualidade e não se deter em quantidades
problemas sociais contemporâneos (Parâmetros Curriculares de conteúdos, ter bom relacionamento com as crianças, e
Nacionais - Ensino Médio. Brasília: MEC, 2002, p. 34)”. além do mais ser amigo. O professor deve ensinar seus
alunos para conviverem em sociedade, valorizar sempre as
A interdisciplinaridade serve como um principal questões sociais como dignidade, caráter, bondade e
complemento no conhecimento escolar transmitindo como honestidade. Do ponto de vista cognitivo, Bassedas et al.
uma nova dinâmica na metodologia aplicada. Esse conceito (1996) consideram que cabe ao professor o papel de
fica mais claro quando se considera realmente de que todo orientação e ajuda com o objetivo de possibilitar aos alunos
conhecimento mantém um diálogo permanente com outros a aprendizagem de determinados conteúdos. O professor
conhecimentos que pode ser de questionamento, de desempenha papel fundamental na organização de atividades
confirmação e de aplicação. Segundo os Parâmetros e na formulação de situações que propiciem aos alunos
Curriculares. oportunidades de aprendizagem de forma significativa.

(...) É importante enfatizar que a interdisciplinaridade supõe Do ponto de vista afetivo, estes autores consideram que o
um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, professor representa confiança para o aluno, poder social,
um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse intelectual e um modelo (possível) a seguir, além da
sentido ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, conseqüente motivação do desejo de saber. Ressaltam,
professores e alunos de explicar, compreender, intervir, ainda, que a importância da qualidade do vínculo afetivo
mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e entre o professor e seus alunos exerce grande influência
atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários. sobre o relacionamento que crianças e jovens estabelecem
Explicação, compreensão, intervenção são processos que entre si.
requerem um conhecimento que vai alem da descrição da
realidade mobiliza competências cognitivas para deduzir, A interdisciplinaridade acontece naturalmente se houver
tirar inferências ou fazer previsões a partir do fato observado sensibilidade para o contexto, mas sua prática e
(Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. sistematização demandam trabalho didático de um ou mais
Brasília: MEC, 2002, p. 88 e 89). professores. Por falta de tempo, interesse ou preparo, o
exercício docente na maioria das vezes ignora a intervenção
Ainda prevalece o modelo antigo de aprendizagem no qual de outras disciplinas na realidade ou fato que está
existe a informação dada pelo professor e a assimilação pelo trabalhando com os alunos.
aluno. A aprendizagem escolar depende de uma interação
complexa entre alunos, professores, conteúdos, tarefas e do Há inúmeras formas de realizar atividades ou trabalhos
próprio contexto educacional. Como na escola o interdisciplinares. Muitos professores do ensino fundamental
aprendizado é um resultado desejável, é o próprio objetivo trabalham de modo interdisciplinar. Mesmo o professor
do processo escolar, a intervenção é um processo disciplinarista pode realizar a interdisciplinaridade de um
pedagógico privilegiado. O professor tem o papel explícito professor só, identificando e fazendo relações entre o
de intervir e provocar nos alunos avanços que não correriam conteúdo de sua disciplina e o de outras, existentes no
espontaneamente. (FRISON, 2000 p. 129) currículo ou não. Numa mesma área de conhecimento as
possibilidades de abordagem interdisciplinar são ainda mais
No mundo atual, moderno e informativo o professor já não é amplas, seja pelo fato de um professor assumir mais de uma
mais o provedor de conhecimento, agora ele atua como disciplina da área, seja pela proximidade entre elas que

408
permite estabelecer conexões entre os conteúdos. personalidade, processa informações, trabalha o
desenvolvimento cognitivo e motor e organiza suas
Por mais que os professores possam contribuir para que a emoções,entre outros benefícios que iram contribuir para seu
aprendizagem se realize será o próprio aluno que deverá ser desenvolvimento.
capaz de elaborar os próprios conteúdos de aprendizagem.
Ele é o agente transformador que vai modificar enriquecer e Hoje, a imagem de infância é enriquecida, também, com o
construir novos métodos de interpretação de conhecimentos. auxílio de concepções psicológicas e pedagógicas, que
O aluno será sempre um agente da aprendizagem, sempre se reconhecem o papel do brinquedo, da brincadeira, como
atualizando e sendo orientados pelo professor deverá buscar fator que contribui para o desenvolvimento e para a
sempre, fazendo leitura extraclasse, pesquisando, construção do conhecimento infantil (KISHIMOTO, 2017,
aprofundando e melhorando seus conhecimentos. p. 111).

A construção do conhecimento sobre os conteúdos escolares Alguns professores entendem que no momento em que as
é influenciada pelo meio ambiente, pelos meios de crianças estão brincando elas estão aprendendo a lidar com
comunicação, professores e colegas. O professor deve lançar suas limitações e a respeitar o outro. Brincando a criança
problemas atuais, além dos tradicionais, explorar mais como pode despertar seus pensamentos para resolução de
usar símbolos, ideias, imagens que reflitam a realidade. problemas que lhe são importantes, e o modo como ela
brinca revela o seu mundo interior, proporcionando-lhe que
Cabe ao professor tornar suas experiências bem sucedidas aprenda fazendo e realizando.
para que haja mudanças de comportamento, o aluno por si Na teoria piagetiana:
só constrói suas relações consigo mesmo sendo capaz de
aprender. A brincadeira não aparece em si, mas serve para revelar
mecanismos cognitivos da criança. É urna forma de
Tudo que se aprende e se ensina na sala de aula, são expressão da conduta que não parte de um conceito
inevitavelmente transmitidos aos pais e ao ambiente específico, mas empresta características metafóricas como
familiar, pois são esses fatores que interferem na espontâneo, prazeroso, provenientes do Romantismo e da
aprendizagem dos alunos dia a dia. Quando são captados, Biologia. (KISHIMOTO; 2017, p. 122).
estudados, discutidos e avaliados, tais conteúdos causam
mudanças significativas no diálogo, tanto no cotidiano Na Educação Infantil, as disciplinas que contém atividades
escolar como na comunidade e na família, pois os alunos lúdicas favorecem a construção de significados de
transmitem seus conhecimentos adquiridos na escola de conhecimentos próprios do mundo da criança. As atividades
maneira prazerosa e positiva. lúdicas trazem muitas vantagens para o processo de ensino e
aprendizagem, são componentes essenciais para o
Segundo Hamze (s/d), aprendizagem é um processo de desenvolvimento das crianças, mas os professores precisam
mudança de comportamento obtido através da experiência criar propostas pedagógicas que juntem o aprendizado e a
construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais diversão que o jogo e brincadeira permitem.
e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre
estruturas mentais e o meio ambiente. De acordo com a nova Fazer uso da ludicidade dentro da sala de aula tem uma
ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é grande importância na prática de ensino e significa a
coautor do processo de aprendizagem dos alunos. Nesse possibilidade de uma educação tendo em vista a formação
enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é integral da criança nos seus aspectos afetivos, emocionais e
construído e reconstruído continuamente. cognitivos (LACERDA, p. 15).

Dentro desse contexto, o trabalho interdisciplinar pode Através das brincadeiras as crianças têm a possibilidade de
requerer que uma vez pode ser simples, parte da prática desenvolver as funções psicológicas superiores como
cotidiana dos alunos A interdisciplinaridade é uma proposta atenção, memória, controle da conduta, entre os aspectos.
que visa superar o tratamento do conhecimento escolar. Por Através dos jogos e brincadeiras crianças liberam suas
essa perspectiva, os múltiplos conhecimentos se interligam e energias e transformam sua realidade.
se relacionam com a realidade na comunidade na qual o
aluno esta inserido. Através dos jogos e brincadeiras, a criança molda sua
personalidade, autonomia, criatividade, locomoção e tantas
Desta forma, quanto maior o diálogo melhor será o outras áreas. O importante é que as crianças se sintam livres
entendimento escolar, ressaltando e valorizando as para criar, reformar e construir tendo um pleno contato com
aprimorações da aprendizagem. a natureza, em que o mesmo aprenderá brincando,
construindo sempre um respeito para com suas limitações e
6.32 Jogos e brincadeiras no processo de ensino e para com o ciclo natural da vida. (LACERDA, p.15)
aprendizagem
A influência do brincar no desenvolvimento da criança é
Através dos jogos e brincadeiras a criança desenvolve a indispensável para a formação do caráter e da

409
particularidade, da pessoa, ele vai incorporar valores. Dessa
forma, o professor sempre deve planejar as situações de suas O tratamento de todos os alunos deve ser igual. Então, todos
atividades lúdicas, sempre proporcionando tempo para essas os alunos devem receber o mesmo tratamento. O educador é
brincadeiras, oferecendo deste modo um brincar de o personagem que, além dos pais, será um espelho para a
qualidade. criança. Assim, uma boa educação tem o papel de
transformá-la no futuro em um homem ou uma mulher que
Vale ressaltar que a escola precisa atingir seus objetivos de faça a diferença na sociedade.
desenvolver ações voltadas para suprir as reais necessidades
das crianças que envolva o cuidar, o brincar e o educar, pois Na educação Infantil o professor precisa estar atento a
a criança aprende brincando e interagindo com o adulto. demanda de sua sala, a fim de envolver as crianças em todos
Esse tripé da educação é essencial para o desenvolvimento os processos de ensino, mantendo-as interessadas,
da aprendizagem, uma vez que através da interação com motivadas, curiosas e felizes no ambiente escolar. É muito
outras crianças e a mediação do educador a criança se sinta importante que esse profissional esteja em uma constante
protegida e adaptada ao ambiente. (LACERDA, p.15) busca por aprender sobre o desenvolvimento da criança.

Talvez nem todos os professores tenham notado ainda como O papel do professor está incluído a necessidade de ser
é importante o brincar para o desenvolvimento físico e modelo para aquele a quem ensina. Educar pode ser
psíquico do seu aluno. Nos jogos e brincadeiras o aluno age recompensador se o professor instigar seus alunos na busca
como se fosse a realidade delas, e isto, contribui de forma do aprender, do prazer em conhecer e no da busca do
especial para o seu desenvolvimento. conhecimento, ou seja, um conhecimento que faça do aluno
alguém melhor e não apenas um arquivo ambulante de
As formas em que os professores iram trabalhar são informações. Na hora dos jogos e brincadeiras o professor
fundamentais para o sucesso do ensino, as vezes muitos não deve desenvolver o pensamento crítico a criatividade, a
tem a compreensão de que maneira ligar os jogos e comunicação e a colaboração. O professor na educação atual
brincadeiras com a aprendizagem. não é o de determinar o que o aluno deve pensar, mas sim,
desenvolver no aluno a capacidade de pensar por si mesmo.
Em síntese, nossa hipótese é que esse recorte do trabalho
com jogos expressa uma das possibilidades de se coordenar Os Professores devem trabalhar a ludicidade com seus
pedagogia diferenciada com avaliação formativa. Pedagogia alunos para um melhor ensino-aprendizagem. Mas antes de
diferenciada porque permite ao professor criar e gerir pensar que o lúdico é uma ferramenta de ensino e
situações de aprendizagens mais condizentes com as atuais aprendizagem é necessário que parem de pensar que o
condições educacionais. (PASSOS; 2004, p. 8) lúdico é apenas uma diversão nas horas livres ou um
passatempo, e passar a ser encarado como uma ferramenta
O Professor deve estar ciente que o brincar é um direito da de muita importância no ensino-aprendizagem. Os
criança, e que ela liga todas as áreas do conhecimento, é profissionais da educação são preparados para ajudar o
uma forma dela descobrir o mundo delas. Ele deve aluno em seu processo de aprendizagem, organizando e
enriquecer o brincar deve fazer o intermédio, criando selecionando as informações e direcionando as atividades
desafio e estimulando o processo ensino aprendizagem. escolares.

A mediação só terá sucesso quando o professor interagir O professor e a peça fundamental para criar gerações mais
com a criança. Ele deve conhecer o jogo, criar e propor, bem preparadas para lidar com os desafios do mundo. Os
situações desafiadoras, observar as tentativas da criança alunos podem ser hoje, os personagens principais na sala de
durante o jogo, apoiando-o quando surgirem as dificuldades. aula, mas uma coisa que nunca irá mudar é que o
protagonista é o professor para o bom aprendizado.
A educação pode ajudar a desenvolver o potencial de cada
criança, considerando suas limitações e possibilidades. Para 6.33 Função do Planejamento: uma ação coletiva
isso, o professor precisa incluir em suas praticar a pedagogia
da compreensão e do humanismo, e não a pedagogia da O planejamento escolar é um plano elaborado
intolerância, do pensamento único, da desvalorização. Ele periodicamente para definir as atividades futuras da escola.
deve entender o ato de brincar como uma prática educativa e No entanto, além das questões que podem parecer
oferecer as crianças um ambiente com espaços e materiais meramente burocráticas — como distribuição dos conteúdos
organizados que propiciem desafios e diferentes pela grade de horários, definição das turmas, elaboração
manifestações infantis. do calendário escolar, etc. — esse documento é fundamental
para entender como a escola pode cumprir sua missão diante
É interessante que os profissionais tenham uma boa de suas demandas e obstáculos particulares.
interação, criando um bom trabalho em grupo com outros
profissionais, reconhecendo a criança como um ser inteiro, Em primeiro lugar, o planejamento serve para questionar e
isso são características que o professor deve cultivar precisar o que será ensinado e por quais motivos. Assim, ele
respeitando os demais profissionais, e familiares. esboça as intenções da instituição de ensino, explicitando o

410
que cada turma ou professor espera atingir ao final do planejamento é uma oportunidade para que a escola
período letivo contemplado no plano. repense sua missão, bem como a participação
dos professores e coordenadores em seu cumprimento.
No momento de esclarecer o que será ensinado, ou seja,
o conteúdo de cada disciplina, para cada ano e em cada Ao confrontar a realidade da escola com as intenções da
etapa, é importante basear-se nas diretrizes repassadas pelo equipe e elaborar um plano de ação, o planejamento provoca
MEC — por meio da Base Nacional Comum Curricular um questionamento que ajuda a gerar soluções para
(BNCC), por exemplo — e pelas secretarias municipais e concretizar os ideais da escola, ao mesmo tempo em que traz
estaduais. esses objetivos para o dia a dia da instituição.

Além disso, cabe lembrar que a escola também tem Dessa forma, toda a equipe pode trabalhar junta em prol
liberdade para acrescentar seus próprios projetos e da mesma missão, sendo constantemente relembrada do
conteúdos no currículo. É sobretudo neste ponto que entra a contexto e do papel de cada um pelo planejamento geral.
questão do para quê e da própria identidade da escola. Isso possibilita que cada membro da equipe direcione seu
próprio trabalho para o objetivo que toda a escola tem em
Isso porque o planejamento não deve limitar-se aos comum, facilitando a realização do que foi proposto e
conteúdos curriculares previstos por lei, mas deve focar-se aliando todo o plano da instituição com sua missão e seus
ainda em cumprir a missão proposta pela escola em valores.
seu Projeto Político Pedagógico (PPP), considerando seus
valores e o tipo de cidadão que pretende formar. Revisar e reavaliar o que já foi feito

Outro ponto indispensável nesse momento e que contempla Outro ponto importante do planejamento é que ele obriga a
tanto a questão curricular em si quanto sua finalidade, é a equipe pedagógica a rever as ações e os resultados do
necessidade de se considerar a progressão dos alunos pelo passado a fim de manter as atitudes positivas e mudar
conhecimento de uma maneira mais macroscópica. Isso aquelas que não têm levado a escola a alcançar seus
significa não perder de vista, no planejamento de cada série, objetivos.
o panorama de todo um ciclo de aprendizado em que cada
nova etapa exigirá o domínio de conhecimentos prévios. Por consequência, a cada novo planejamento surge a
oportunidade de avaliar o que foi feito no planejamento
Trata-se, em suma, de um projeto muito amplo, e que anterior e, assim, pensar em novas estratégias para que a
exatamente por isso deve ser elaborado com o apoio de toda instituição continue avançando continuamente, sempre
a equipe pedagógica e deve ser revisto periodicamente. atenta aos novos desafios e às demandas que possam surgir
de dentro ou de fora da escola.
Se o passo anterior concentra-se de uma maneira mais
teórica nas intenções da escola para o próximo período Nesse sentido, é muito importante pensar no planejamento
letivo, neste ponto deve-se compreender a realidade em que escolar não como algo estático e definitivo, mas como um
a instituição está inserida. documento norteador que deve ser sempre revisado com
base na realidade da instituição.
Nesta parte do planejamento, devem-se analisar dois
aspectos da realidade escolar: Trocar ideias e experiências entre os docentes

• a realidade interna, que reflete a infraestrutura da A elaboração de cada novo planejamento também representa
instituição, a qualificação e o número dos docentes, uma oportunidade de incentivar a troca de ideias e
os resultados dos alunos nas últimas etapas, as experiências entre professores e coordenadores.
principais dificuldades enfrentadas pela gestão
pedagógica, entre outros; Além de reportar problemas e obstáculos relativos ao
• a realidade externa, que inclui, por exemplo, o planejamento anterior, chamando a atenção para o que deve
relacionamento com os pais e responsáveis dos ser modificado no próximo ano, o encontro de toda a equipe
alunos e com a comunidade escolar, além do docente e pedagógica possibilita, por exemplo, o
cumprimento das exigências do mercado e do compartilhamento de soluções encontradas por cada um no
governo. enfrentamento de desafios em comum, assim como
Pesquisas, análises, avaliações diagnósticas e coleta de conhecimentos adquiridos no dia a dia ou na formação
depoimentos de todos os membros da comunidade podem continuada.
ser úteis para ajudar a compreender a situação da escola de
maneira mais apurada e completa. Dessa forma, todos podem aprender uns com os outros,
os laços entre as diferentes partes da equipe se estreitam e,
Transformar ideias em realidade claro, a escola levanta propostas mais eficientes para
Longe de ser apenas um requisito burocrático ou um cumprir sua missão com a participação quem mais entende
documento cujas propostas não vão sair do papel, o da sua realidade particular.

411
recursos do FUNDEB, quanto ao cômputo das matrículas
Conciliar os interesses de toda a comunidade dos alunos da educação regular da rede pública que recebem
Atendimento Educacional Especializado, sem prejuízo do
Considerando todo o contexto de atuação da instituição de cômputo dessas matrículas na educação básica regular; na
ensino (isto é, relações internas entre discentes, docentes e Resolução CNE/CEB 04/09 que oferece subsídios legais
funcionários; assim como externas, com os pais, o governo e para a implementação do Atendimento Educacional
toda a comunidade), o planejamento articula todos os Especializado (AEE), que ocorre nas salas de recursos
interesses diversos com o papel da própria escola a fim de multifuncionais.
atingir seu objetivo final — educar seus alunos — da melhor
forma possível. O Atendimento Educacional Especializado deverá ser
oferecido no contra turno de suas aulas regulares; na
Portanto, além de possibilitar a troca de experiências entre Convenção Internacional da ONU, que estabelece os
os membros da equipe de coordenação pedagógica e parâmetros legais para que os países signatários estabeleçam
docente, o planejamento escolar também é o momento suas políticas internas de proteção e direitos das pessoas
de dar voz ao conselho de pais e à comunidade, a fim de com deficiência.
combinar os interesses de todos aqueles que de alguma
forma têm participação na escola, tornando-a mais 6.35 Teorias da aprendizagem e desenvolvimento infantil
democrática e consciente das demandas externas.
Teoria Vygotskyana
6.34 Diretrizes funcionais e legais da educação inclusiva Segundo o estudioso, o desenvolvimento da linguagem
implica o desenvolvimento do pensamento, já que é pelas
No Brasil, a inclusão educacional da pessoa com deficiência palavras que o pensamento ganha existência. Para ele, a
é um direito constitucional. Todas as pessoas envolvidas linguagem tem duas funções básicas: intercâmbio social e
nesse processo e as redes de ensino precisam se preparar e pensamento generalizante. O intercâmbio social é bem
se adequar para esta nova realidade. As diretrizes legais para visível em bebês, por exemplo: por meio de gestos,
o processo de inclusão na rede regular de ensino estão expressões e sons, eles demonstram sentimentos, desejos e
contidas: na Lei 9394/96, que dispõe as Diretrizes e Bases necessidades. O pensamento generalizante ocorre quando se
da Educação Nacional. fala uma palavra: ao dizer, por exemplo, frango, o
pensamento classifica a palavra em “animais” e remete à
O Capítulo V desta lei está dedicado à Educação Especial. imagem dele.
Orienta sobre o atendimento especializado, a necessidade de
currículo, métodos, técnicas e recursos educativos que Assim, as funções psicológicas superiores, ou seja, as ações
atendam às necessidades dos alunos, bem como de e os pensamentos inteligentes que só são encontrados no
professores especializados para esse fim. Garante a homem (como pensar, refletir, organizar, categorizar,
matrícula de alunos com deficiência no ensino regular, generalizar e outros), são construídas ao longo de sua
dispondo também sobre a terminalidade específica para história social. Os pilares da teoria de aprendizagem de
aqueles que não apresentaram condições de conclusão do Vygotsky são:
Ensino Fundamental. Prevê a aceleração de estudos para os
superdotados e a educação especial para o trabalho visando • as funções psicológicas têm suporte biológico, pois
a integração dos alunos com deficiência na vida em são produtos da atividade cerebral. O cérebro é um
sociedade; na Política de Educação Especial na Perspectiva sistema aberto, com estruturas que são moldadas ao
da Educação Inclusiva, publicada pelo MEC em 2008, que longo da história do homem e de seu
orienta a constituição de políticas públicas promotoras de desenvolvimento individual;
uma educação de qualidade para todos os alunos. • o funcionamento psicológico tem como base as
relações sociais dentro de um contexto histórico;
Em relação ao atendimento do público da Educação Especial • a cultura é parte essencial do processo de
suas diretrizes tratam sobre a transversalidade da educação construção da natureza humana;
especial desde a educação infantil até a educação superior; a • a relação entre o homem e o mundo é mediada por
organização do Atendimento Educacional Especializado; a sistemas simbólicos, que auxiliam a atividade
formação de professores, a participação da família e da humana.
comunidade no processo de inclusão; a necessidade de
acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e Conceitos de aprendizagem
equipamentos, nos transportes, na comunicação e
informação. As observações de Vygotsky foram obtidas a partir de um
estudo com primatas. Ao avaliar os animais, o teórico
Quanto à implementação das políticas públicas destaca a percebeu que existe uma inteligência prática em ação, já que
necessidade de articulação intersetorial onde a rede de eles conseguem atingir um nível em que podem resolver
ensino está inserida; no Decreto Federal 7.611/11 que, problemas ao seu redor com o uso de instrumentos.
dentre outras determinações, dispõe sobre a distribuição dos

412
A partir disso, ele formulou alguns conceitos.
O processo de educação ocorre, então, por meio da
Linguagem e pensamento mediação semiótica. Ela, por sua vez, atua na construção de
processos mentais superiores.
A fase da resolução de problemas no entorno foi chamada
pelo psicólogo de “linguagem pré-intelectual”. Essa construção de Vygotsky é prolongada e complexa, pois
Paralelamente, o estudioso percebeu que os primatas usam passa por uma série de transformações qualitativas em que
expressões faciais, gritos e urros para se comunicar — algo um estágio é precondição para o próximo (que é uma
que chamou de “pensamento pré-verbal”. ampliação ou uma inovação de um antecedente).

Quando analisou crianças, ele notou que elas passam por um Internalização
processo semelhante. Depois, por volta dos dois anos de Para o estudioso, o ambiente tem papel fundamental no
idade, a linguagem pré-intelectual e o pensamento pré- desenvolvimento intelectual da criança. Ou seja, o
verbal se unem e dão origem à linguagem intelectual e ao desenvolvimento ocorre de fora para dentro. Assim, a
pensamento verbal. internalização, que permite absorver o conhecimento vindo
do contexto, é fundamental.
Nesse momento, seu vocabulário ganha mais consistência,
ela passa a questionar o que lhe intriga e sua linguagem e As influências sociais, então, em vez de biológicas, são a
seu pensamento passam a ser internalizados. Isso ocorre em base da teoria de aprendizagem de Vygotsky. A
três momentos: internalização está diretamente relacionada à repetição: a
criança se apropria da fala do outro e a torna sua.
• fala social (ou exterior): a comunicação engloba
elementos do entorno e tem como finalidade apenas Isso ocorre no processo de socialização, já que, quando se
a comunicação com adultos; relaciona com o adulto, a criança reconstrói as formas
• fala egocêntrica: a prioridade não é ser ouvida pelo culturais, o pensamento, as significações e os usos das
adulto, mas ela ainda não saber expressar sua fala palavras. Em resumo, todos os dias, em todos os lugares, a
apenas para si; criança observa o que as pessoas dizem, como o dizem, o
• fala interior: quando atinge a potencialidade da que fazem e por que o fazem. Ela, então, internaliza tudo
reflexão. isso e o transforma em sua propriedade. Para isso, ela recria,
dentro de si, as conversações e demais interações
Mediação semiótica observadas.
A mediação é um conceito central da teoria de
aprendizagem de Vygotsky e representa a intervenção de um Esse processo é essencial para o crescimento do
elemento intermediário em uma relação. Os mediadores funcionalismo psicológico humano. Afinal, ele compreende
podem ser instrumentos ou signos. uma atividade externa que deve ser mudada para tornar-se
uma atividade interna: assim, ela começa como interpessoal
Instrumentos são objetos criados pelo homem para facilitar e se torna intrapessoal. Dessa forma, quando uma criança
sua vida e signos são fatores psicológicos que auxiliam nos está na cozinha, por exemplo, e a mãe lhe diz apenas para
processos internos. A significação pressupõe a criação e o não mexer no fogo, ela perde a chance de lhe ensinar algo.
uso de signos por meio dos quais é possível construir novas Se, ao contrário, disser que, se mexer no fogo ela pode se
conexões cerebrais. machucar, a criança pode internalizar esse aprendizado e
usá-lo em outras circunstâncias.
Com isso, a partir dos processos mentais elementares ocorre
o desenvolvimento mental superior, que usa a mediação Assim, os adultos podem ajudar a ampliar o conhecimento
semiótica. Tanto os instrumentos quanto os signos ajudam o da criança e facilitar sua aprendizagem por meio das
homem a agir no mundo. interações que têm com ela. Dessa forma, sempre que há
algum tipo de troca, há aprendizagem, já que o homem não é
Assim, quando o indivíduo cria uma lista de supermercado, um ser passivo.
por exemplo, ele está usando signos. Afinal, trata-se de um
suporte psicológico que pode auxiliá-lo, mais tarde, a fazer Zonas de desenvolvimento
as compras no mercado. Como na teoria de aprendizagem de Vygotsky, o
desenvolvimento da criança está diretamente relacionado à
De acordo com o teórico, quando nasce, a criança interage sua socialização, ele categorizou esse processo em três
com o ambiente de forma típica e peculiar. A forma mais níveis.
elementar de relação do homem com o ambiente tem uma
ligação direta de estímulo-resposta. É por isso, por exemplo, 1. Zona de desenvolvimento real: refere-se às etapas
que se retira a mão rapidamente ao ter contato com uma já alcançadas pela criança e que permitem que ela
superfície quente. solucione problemas de forma independente.
2. Zona de desenvolvimento potencial: é a capacidade

413
que a criança tem de desempenhar tarefas desde
que seja ajudada por adultos ou companheiros mais A criança começa, então, a entender o que as sensações
capazes. significam e como seus movimentos podem levar a
3. Zona de desenvolvimento proximal: é a distância alterações no mundo exterior. Isso acontece porque a
entre as zonas de desenvolvimento real e potencial. inteligência é anterior à fala: ou seja, há uma inteligência
Ou seja, é o caminho a ser percorrido até o prévia, sem linguagem, que permite perceber o real.
amadurecimento e a consolidação de funções.
Nos primeiros meses de vida, o bebê ainda não controla as
Isso significa que, antes mesmo de frequentar a escola, a ações motoras de forma consciente. Com o tempo, ele ganha
criança desenvolve seu potencial a partir das trocas consciência dos movimentos: perto dos 9 meses, começa a
estabelecidas e adquire conhecimento. Quando vai para o diferenciar os objetos e o próprio corpo.
ambiente escolar, ela se familiariza com esse mundo e sai da
zona de desenvolvimento real para, com auxílio do A partir daí, passa a testar as possibilidades: estica o braço
professor, atingir seu desenvolvimento potencial. para puxar o móbile, tira e coloca a chupeta na boca e assim
por diante. Nessa etapa, a criança ainda tem dificuldades
A noção de desenvolvimento remete a um contínuo de com tudo o que não pode ver, tocar ou sentir.
evolução. Assim, é como se o indivíduo caminhasse ao
longo do ciclo vital. Essa evolução nem sempre é linear e Ou seja, ela acha que só existe o que está em seu campo
ocorre nos aspectos afetivo, cognitivo, social e motor. O sensorial. É por isso que, quando se esconde um brinquedo,
processo inclui tanto a maturação biológica quanto as por exemplo, ela não o procura: para ela, aquilo deixou de
interações com o meio. existir.

A cultura ao redor do indivíduo é uma das principais O mesmo ocorre quando não vê a mãe. Como pensa que ela
influências nesse processo. Pela interação social, cada deixou de existir, é comum que comece a chorar. Conforme
pessoa aprende, se desenvolve, cria formas de agir no recebe estímulos, a criança passa a perceber que nem sempre
mundo e amplia os meios de atuar no complexo contexto os objetos que estão fora do alcance da sua visão deixam de
que a cerca. existir.

Teoria piagetiana A percepção das três dimensões do espaço e o


William Fritz Piaget, um biólogo, psicólogo e epistemólogo reconhecimento no espelho vêm após 1 ano de idade. Por
suíço, concluiu que tanto os organismos vivos podem se volta dos 18 meses, a criança passa a ter a capacidade de
adaptar a um novo meio quanto existe uma relação evolutiva representar um significado a partir de um significante.
entre eles e o ambiente. Assim, nesse estágio, o campo da inteligência aplica-se a
situações e ações concretas.
Assim, a criança reconstrói ações e ideias quando se
relaciona com novas experiências proporcionadas pelo Estágio pré-operatório
ambiente. Para ele, o conhecimento humano é construído a Engloba as idades de 2 a 7 anos. Esse estágio se inicia com a
partir da interação entre o homem e o meio. Para adaptar-se capacidade do pensamento representativo — ou seja, a
ao ambiente, o indivíduo deve equilibrar uma ação com criança começa a gerar representações da realidade no
outras ações. próprio pensamento. É uma etapa representada pela
capacidade de pensar um objeto por meio de outro.
A base desse processo está na assimilação e na acomodação.
De acordo com Piaget, para adquirir pensamento e Tudo isso possibilita o rápido desenvolvimento da fala e as
linguagem, a criança passa por várias fases de brincadeiras de “faz de conta”. Nessa fase, há um
desenvolvimento psicológico, do individual para o social. egocentrismo evidente, mas isso faz parte
do desenvolvimento cognitivo comum. É por isso que a
Assim, sua evolução mental ocorre a partir de suas criança fala sozinha e raramente considera o que foi dito
potencialidades e da sua interação com o meio. O progresso para ela.
mental acontece de forma lenta e em estágios: sensório-
motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório- Além disso, na cabeça dela, as coisas acontecem por si
formal. mesmas: uma bola rola porque tem vontade (não pela ação
da física), o sol se põe para que ela vá dormir (não porque o
Entenda melhor sobre eles a seguir! dia acaba). Esse pensamento representativo é o que permite
o desenvolvimento do pensamento lógico.
Estágio sensório-motor
Essa fase inclui, em geral, crianças de 0 a 2 anos e é a etapa É comum que, nessa fase, a criança se confunda com
da percepção-ação. O pequeno se concentra em sensações e números e quantidades. A mesma quantidade de bebida em
movimentos, já que ocorre o desenvolvimento inicial das copos de formatos diferentes, por exemplo, a faz crer que se
coordenações e das relações de ordem entre as ações. tratam de quantidades distintas. O mesmo ocorre com um

414
biscoito partido ao meio e dois biscoitos: para ela, é a desenvolvimento infantil onde pode ser identificada a
mesma coisa. existência de etapas diferenciadas por necessidades e
interesses que lhe garantem coerência e unidade onde uma
Nesse período, ocorre a introdução à moralidade (chega-se etapa e básica e necessária para o surgimento da própria.
ao universo dos valores, das regras, das noções de certo e
errado) e à linguagem. Ao serem apresentadas a novas Esse desenvolvimento envolve fatores orgânicos e fatores
situações, entretanto, ainda não são capazes de julgá-las — e sociais que é a soma da maturidade mais da aprendizagem
fazem o que têm vontade. É preciso paciência até que sejam social e cultural (linguagem/conhecimento) obedecendo a
capazes de perceber sozinhas. um ritmo de desenvolvimento, não sequencial e não linear,
isto é, descontinuo.
Estágio operatório-concreto
Ocorre dos 7 aos 12 anos e é marcado pelo início do “A psicogenética Walloniana contrapõe-se às concepções
pensamento lógico concreto. Aqui, a criança começa a que veem no desenvolvimento uma linearidade, (…)”,
manipular mentalmente as representações do que (GALVÃO, 1996:41).
internalizou nos estágios anteriores. Isso só ocorre, porém,
com coisas concretas, já que conceitos abstratos ainda não Wallon considera ainda fatores como afetividade e a
são compreensíveis para ela. cognição no que diz respeito ao desenvolvimento humano.
Como já citado: “Wallon vê o desenvolvimento da pessoa
Nessa fase, ela já compreende que dois copos diferentes como uma construção progressiva em que se sucedem fases
podem ter a mesma quantidade de suco e que duas metades com predominância alternadamente afetiva e cognitiva”.
de um biscoito não são equivalentes a dois biscoitos. (idem: 43).

Outra noção mais bem desenvolvida é a da moral: as regras Ele considera cinco estágios psicogenéticos, são eles:
fazem mais sentido e, em situações simples, a criança já estagio impulsivo-emocional, estagio sensório-motor e
consegue julgar o que é correto. projetivo, estagio de personalismo, estagio categonal e
estagio da adolescência.
Estágio operatório-formal
Após os 12 anos, já na pré-adolescência, a criança passa a Nesses estágios o que é determinante é a relação acumulo e
ter um modo de pensar adulto e é capaz de assimilar dispersão da energia. “(…) a momentos predominantemente
hipóteses e conceitos abstratos. Ou seja, ela já faz afetivos, isto é, subjetivos e de acumulo de energia, sucedem
representações abstratas e operações com conceitos que não outros que são predominantemente cognitivos, isto é,
têm formas físicas, como os da matemática. objetivos e de dispêndio de energia. É o que Wallon chama
de predominância funcional”. (ibid:45).
Além disso, ela passa a compreender experiências
vivenciadas por outras pessoas. Esse processo começa no • Estágios psicogenéticos Wallonianos.
estágio anterior, para objetos concretos, e nessa fase leva a
criança a entender o ponto de vista dos outros. A linguagem, No que se refere à sucessão dos estágios vale considerar que
então, é usada como suporte do pensamento conceitual. há uma alternativa entre as formas de atividades que
assumem a predominância em cada estágio. A cada nova
Em resumo, segundo a teoria de aprendizagem de Vygotsky, fase surge uma nova orientação da atividade e do interesse
a criança nasce inserida em um meio social (sua família) e da criança. “do eu para o mundo, das pessoas para as
nele estabelece suas primeiras relações com a linguagem a coisas”. Isso é o que implica no princípio de alternância
partir da interação com os outros. No dia a dia, isso acontece funcional.
espontaneamente durante o processo de uso da linguagem.
• Estagio impulsivo emocional – abrange o primeiro
Afinal, segundo ele, o homem se produz na e pela ano de vida é marcado principalmente por estados
linguagem. Essa relação é mediada por instrumentos e inerentes a emoção, propício para a interação da
signos. É justamente a partir deles que o pensamento e a criança com o meio e a realidade exterior, mediada
linguagem se associam para permitir o desenvolvimento no pela afetividade.
sentido funcional. • Estágio sensório-motor e projetivo – vai até o
terceiro ano. É pertinente dizer que nesse estágio o
As práticas pedagógicas devem, então, trabalhar no sentido interesse da criança se volta para exploração
de esclarecer a importância da fala no processo de interação sensório-motora do mundo físico. “outro marco
com o outro. Isso é especialmente importante na educação fundamental deste estagio é o desenvolvimento da
infantil, já que é o momento inicial do contato da criança função simbólica da linguagem”. (GALVÃO,
com o mundo externo, fora do ambiente familiar. 1996: 44).

Teoria interacionista de Wallon Inversamente ao que ocorre no estágio anterior, neste


Wallon considera uma complexa dinâmica do

415
predomina as relações cognitivas com o meio. interesse da escola. Ainda com base em Wallon muitas
escolas têm buscado trabalhar a questão relacional
• Estágio de personalismo – é o estágio que abrange professor/conhecimento e de como esse elemento interfere
a faixa dos três anos aos seis anos de idade, cuja na aprendizagem dos alunos.
tarefa central é o processo de formação de
personalidade. A formação da consciência de si, Hoje a concepção de avaliação como parte do processo de
que ocorre por meio das interações sociais, se aprendizagem e de avaliação continuada e de que uma
orienta o interesse da criança para as pessoas, aprendizagem desencadeia má série de outras aprendizagens
definindo o retorno da predominância das relações de forma descontinua que não seria necessário saber alguns
afetivas. conteúdos para aprender outros (ideia dos pré-requisitos) é
• Estágio categorial – ocorre por volta dos seis anos, basicamente validada na teoria da aprendizagem numa
quando já consolidada a função simbólica e concepção Walloniana.
diferenciada a personalidade, a criança faz
importantes avanços no campo de inteligência: 6.36 Eixos do trabalho pedagógico na educação infantil:
o cuidar e o educar
“os processos intelectuais dirigem o interesse da criança Para começarmos a entender a profundidade desse assunto,
para as coisas, para o conhecimento e conquistas do mundo vamos olhar o que o RCN (Referencial Curricular Nacional)
exterior, imprimindo a suas relações como o meio, diz:
preponderância do aspecto cognitivo”. (GALVÃO, 1996
:44). “Contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação
infantil significa compreendê-lo como parte integrante da
• Estágio da adolescência – a crise da puberdade vem educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e
romper com a tranquilidade afetiva que marca o instrumentos que extrapolem a dimensão pedagógica. Ou
estágio categorial e gera a necessidade de uma seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo
redefinição dos contornos da personalidade, o que demanda a integração de vários campos de conhecimentos e
implica na ressignificação de questões pessoais, a cooperação de profissionais de diferentes áreas...’
morais e existenciais, numa retomada de
predominância afetiva. O cuidar na educação infantil não é somente garantir a saúde
• Aplicação e implicações da teoria de Wallon na e o bem estar físico das crianças, e sim o seu
educação. desenvolvimento como um todo. Essa cooperação de muitas
áreas são as responsáveis pelo crescimento emocional e
No que diz respeito à aplicação das teorias da aprendizagem social que os alunos irão passar durante o seu tempo na
no sentido de motivar o aluno a aprender, o primeiro aspecto instituição escolar.
dessa teoria considerada pela escola é o fato de tanto o fator
afetividade quanto o fator cognição contribuem igualmente e O RCN também nos mostra o que é educar:
necessariamente para a aprendizagem. Antes apenas os
fatores cognitivos eram considerados no que diz respeito à “Nas últimas décadas, os debates em nível nacional e
aprendizagem. internacional apontam para a necessidade de que as
instituições de educação infantil incorporam de maneira
Outro aspecto muito em voga ultimamente em educação e integrada as funções de educar e cuidar, não mais
que é contribuição de Wallon para a aprendizagem é o fato diferenciando nem hierarquizando os profissionais e
desta não ser um processo linear e continuo, e que mesmo instituições que atuam com as crianças pequenas e/ou
estando orientado em fases a aprendizagem é um processo aqueles que trabalham com as maiores. As novas funções
descontinuo. para a educação infantil devem estar associadas a padrões de
qualidade.
A teoria de Wallon dá margens ainda a acreditar que existem
fatores em que naturalmente a pessoa está mais motivada Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento
para aprender determinadas coisas, que em outras fases. Dá que consideram as crianças nos seus contextos sociais,
margens ainda a concepção de que mesmo não sendo a fase ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e
em que a pessoa está naturalmente mais voltada para práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados as
aprender, o objeto de interesse da pessoa pode ser mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados
manipulado para a aprendizagem ou afetado para o conhecimentos para a construção de uma identidade
interesse, visto ser um objeto conhecido. autônoma.

A escola associa o elemento de interesse do aprendiz em Portanto, como nós é mostrado, o educar e o cuidar é uma
cada fase a conteúdos que a tem objetivo trabalhar, assim ela relação mutua onde em muitos casos representam a mesma
torna atraente para o aluno o conteúdo escolar do aluno em coisa. A intenção das duas é zelar pelo desenvolvimento da
muitos casos não pode mais ser dissociado dos objetos de criança, para que a mesma possa construir sua própria
identidade.

416
mesmo uma pequena pracinha, ou embaixo de uma árvore.
Quando se propõe a trabalhar com crianças bem pequenas, Esse simples ato já é uma atividade recreativa,
deve-se ter como princípio, conhecer seus interesses e principalmente para demonstrar cores e sensações as
necessidades. Isso significa saber verdadeiramente quem são crianças. Há quem prefira se sentar e ficar descansando,
saber um pouco da história de cada uma, conhecer a família, quem gosta de andar observando o verde e os animais que
as características de sua faixa etária e a fase de ali habitam.
desenvolvimento em que se encontra, além de considerar o
tempo que permanecem na escola. Só assim pode-se As atividades recreativas coletivas são muito importantes,
compreender quais são as reais possibilidades dessas fonte de interatividade e coletividade é desenvolvido.
crianças, lembrando que, para elas, a fase inicial é a porta de Também podemos relacionar a fala que é muito estimulada
entrada para uma vida social mais ampla, longe do ambiente ao trocar palavras com os coleguinhas durante a recreação.
familiar.
O tradicional cinema também é uma poderosa ferramenta de
Cuidar e educar é impregnar a ação pedagógica de lazer, pode ser montado na salinha de aula um momento de
consciência, estabelecendo uma visão integrada do atividade com filmes e apresentação de teatros com
desenvolvimento da criança com base em concepções que fantoches e até mesmo um teatro ensaiado com a turma de
respeitem a diversidade, o momento e a realidade, peculiares acordo com a idade escolar.
à infância. Desta forma, o educador deve estar em
permanente estado de observação e vigilância para que não Recreação com atividade física, arte e brincadeiras
transforme as ações em rotinas mecanizadas, guiadas por É bastante comum que as pessoas se sintam bem praticando
regras. Consciência é a ferramenta de sua prática, que atividades físicas, seja aquela brincadeira com bolas ou
embasa teoricamente, inova tanto a ação quanto à própria mesmo aquele caminhar de leve pelo pátio da escola ou
teoria. Cuidar e educar implica reconhecer que o local livre que esteja disponível para visitação, passeios
desenvolvimento, a construção dos saberes, a constituição escolares sem dúvida são bem divertidos e uma atividade
do ser não ocorre em momentos e de maneira extracurricular que as crianças adoram. O esporte sempre foi
compartimentada. uma atividade recreativa, inclusive sendo estimulada na
educação.
6.37 Recreação: atividades recreativas
A recreação é a práticas de atividades lúdicas, que envolvem A música, artesanato e todos os processos artísticos também
a espontaneidade, a liberdade de expressão, a criatividade, a são consideradas atividades de recreação. Organizar uma
alegria, o prazer de forma individual ou coletiva. As mostra cultural infantil, com apresentação de atividades
atividades recreativas envolvendo jogos, brinquedos e desenvolvidas pelos alunos através de pinturas, projetos com
brincadeiras podem ser desenvolvidas em escolas, clubes, coral e apresentação de peças teatrais.
empresas, acampamentos, dentre outros espaços. No
contexto escolar além dos aspectos citados, as atividades Do mesmo modo, as brincadeiras e jogos também são muito
recreativas visam o desenvolvimento integral dos educandos prazerosos. Seja aquelas brincadeiras clássicas, ou mesmo
nos aspectos cognitivos, afetivos, sociais e motores. os jogos digitais tecnológicos, o importante é o
desenvolvimento infantil e estimular a imaginação.
A recreação possui como principais objetivos: integrar o
indivíduo ao meio social; desenvolver o conhecimento Atividades de recreação para educação infantil
mútuo e a participação grupal; facilitar o agrupamento por Existem alguns exemplos de atividades que podem ser feitas
idade ou afinidades; desenvolver ocupação para o tempo na educação infantil como formas de recreação, são elas:
ocioso; adquirir hábitos de relações interpessoais; desinibir e
desbloquear; desenvolver a comunicação verbal e não- • Pintar
verbal; descobrir habilidades lúdicas; desenvolver adaptação • Música
emocional; descobrir sistemas de valores; dar evasão ao • Desenhar a si mesmo
excesso de energia e aumentar a capacidade mental do • Caixa de sensações
indivíduo. (VIEIRA, 2016).
22.2 Aprendizagem: leitura/escrita
Atividades recreativas
Um dos processos de integração da criança na escola se dá
A recreação é uma atividade de lazer, mas não é uma prática através da aquisição da leitura e da escrita. Entender o
específica. Cada pessoa se diverte mais com algo específico, processo de alfabetização das crianças através da leitura e
portando as atividades recreativas são bastante variáveis. escrita, condição esta fundamental a integração na vida
social, oferece oportunidades de compreensão e respeito do
Recreação e Lazer universo da relação que influencia na construção da
existência da criança e é nesse momento que o
Uma boa alternativa de recreação infantil é procurar algum desenvolvimento humano ocorre a partir do entendimento
local sossegado e em contato com a natureza, pode ser

417
do significado do mundo. observando e utilizando a escrita em diferentes contextos,
com efeito, é possível afirmar que é preciso oferecer
A leitura não pode ser vista unicamente limitada à inúmeras oportunidades para que, as crianças sintam-se
transmissão de conteúdos em sala de aula, mas também visa motivadas através da leitura e dessa maneira as diferentes
formar o hábito como aquisição de conhecimentos formas de escrita acontecem com mais autonomia.
constantes para a vida. É interessante que a leitura seja
aplicada com encantamento. Sendo assim a criança vai 2. Leitura nos anos iniciais: desafios e perspectivas.
buscar aprender e compreender mais e mais. Desta forma,
este artigo visa contribuir com um estudo dirigido a A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos
profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem, imaginar e que está ligado à escrita. Ler não é unicamente
principalmente os professores alfabetizadores, sobre a interpretar símbolos gráficos, mas interpretar o mundo em
importância e construção da leitura e escrita na que vivemos. A leitura é um dos ingredientes da civilização,
alfabetização. sendo um elo integrador do ser humano e a sociedade em
que vive.
Como a capacidade de compreensão não vem
automaticamente, nem está plenamente desenvolvida, ela Para que esse processo ocorra, o planejamento da
precisa ser exercitada e ampliada em diversas atividades, alfabetização deve oferecer aos alunos oportunidades de
que podem ser realizadas antes que a criança tenha acesso a todo tipo de material escrito, pois, aprende-se a ler
aprendido a decodificar o sistema de escrita. Os professores e escrever, deste modo, através de situações significativas de
contribuem para o desenvolvimento dessa capacidade, uso da leitura e da escrita. A leitura e a escrita estão presente
quando buscam formas interessantes de ensinar aos alunos, na vida das crianças, sempre buscando compreensão e
sendo mediador do conhecimento, motivando-os cada vez significados para o mundo. Muitas vezes o conceito de
mais a aprenderem. A mediação do professor é muito leitura está relacionado apenas com os códigos linguísticos.
importante, pois, favorecerá a compreensão das crianças. E
para que esta compreensão aconteça, ele precisa oferecer No entanto é preciso considerar o processo de formação
tarefas prazerosas e proporcionar aos alunos a familiaridade social do ser, suas capacidades e cultura social. Para muitas
com diversos gêneros textuais em que elas irão analisar, crianças o ato de ler não traz nenhum sentido, pois são
comparar, interpretar, sistematizar e consequentemente o treinadas apenas a decodificar letras e a não refletir sobre o
aprendizado se dará de forma reflexiva. que leem, logo, essa prática mecânica pode levá-los a
analfabetos funcionais, ou seja, a criança ler, mais essa
O domínio da escrita como o da leitura abrange capacidades leitura não tem nenhum significado e valor para ela.
que são adquiridas no processo de alfabetização, incluindo
desde as primeiras formas de registro alfabético até a O ato de ler não é apenas decodificar, é atribuir sentido ao
produção autônoma de textos. texto, é compreender, interpretar e acima de tudo ser capaz
de eficazmente fazer relações com o que já foi percebido e
No processo de construção da aprendizagem da leitura e vivenciado. “Ler não equivale a decodificar as grafias em
escrita as crianças cometem “erros”. Os erros nessa sons e que, portanto, a leitura não pode ser reduzida a puro
perspectiva, não são vistos como faltas ou equívocos, eles decifrado” FERREIRO e TEBEROSKY, (1999, p.37). Na
são esperados, pois se referem a um momento evolutivo no concepção das autoras fica evidenciado que quando a
processo de aprendizagem. Eles têm um importante papel no criança ainda não sabe ler não é impecílio para ela ter ideias
processo de ensino, porque informam o adulto sobre o modo sobre as características que deve possuir um texto escrito
próprio das crianças pensarem naquele momento. E para que permita um ato de leitura.
escrever, mesmo com “erros”, permite as crianças
avançarem, uma vez que só escrevendo é possível enfrentar De acordo com Freire, 1994, p.12: O aprendizado é em
certas contradições e com as intervenções feitas pelo última instância solitário, embora se desenvolva na
professor, irá superá-las. convivência com os outros e com o mundo. O mesmo autor
continua dizendo: (...) a decifração da palavra fluía
É importante no momento de construção da aprendizagem naturalmente da leitura do mundo particular (...) fui
da criança que o ambiente sala de aula, seja atrativo e alfabetizado no chão do quintal da minha casa, à sombra das
equipado de tal forma que sejam interessantes para as mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo
crianças, ativando o desejo de produzir e o prazer de estarem dos meus pais. O chão foi o quadro-negro; gravetos o meu
ali. O professor por sua vez, deverá atuar como mediador, e giz. Por isso, é que ao chegar à escolinha particular de
ser antes de tudo um leitor. Precisa ler para os alunos, ler Eunice Vasconcelos (...) já estava alfabetizado.
com eles e saber ouvir com entusiasmo as leituras dos textos
que eles próprios produzem e escolhem para ler. Logo, o ingresso da criança no ambiente escolar é carregado
de conhecimentos prévios e experiências vivenciadas, no
No início da vida escolar, para que as crianças aprendam a que diz respeito à leitura de mundo, adquirido na interação
ler e a escrever com melhor qualidade é preciso que tenham com outras crianças e adultos. O que lhe falta, no entanto, é
acesso a diversificados e bons modelos de leitura, sistematizar esse aprendizado para a decodificação e

418
interpretação dos códigos linguísticos.
Se uma criança for introduzida ao processo de leitura através
Cabe ao educador, por meio da interação pedagógica, de uma técnica que a obrigue a processar a leitura por
promover a realização da aprendizagem com o maior grau pequenas partes, acompanhando letras na escrita, fazendo
de significado possível, uma vez que esta nunca é absoluta- com que cada pedaço seja processado, o resultado será uma
sempre é possível estabelecer relação entre o que se aprende leitura aos trancos e barrancos, muito diferente da fluência
e a realidade, conhecer as possibilidades de observação, normal de quem fala espontaneamente. (p.143).
reflexão e informação (...). (PCN-Introdução, p.53).
O aprendizado da leitura na alfabetização é de grande
A criança é um ser em processo de transformação, por isso, relevância para a continuidade nos estudos. Se o professor
se faz necessário desenvolver atividades pedagógicas ler para os alunos soletrando, consequentemente, eles irão
significativas que auxiliam na aprendizagem, incorporando ler da mesma forma. É preciso que o professor faça sempre
os conhecimentos prévios das mesmas e assim ajudá-las a as leituras em voz alta, com ritmo e entonação, para que os
construir a sua aprendizagem de forma significativa. alunos leiam também com fluência e a compreensão dos
textos ocorrerá muito mais facilmente.
O professor como mediador na aprendizagem de seus
alunos, precisa valorizar tudo que a criança já sabe. O ato de Muitas vezes acha-se que a criança não está desenvolvendo
ler é de suma importância na vida de uma criança em sua determinadas habilidades na escola em consequência de
construção como ser social porque estará descobrindo o alguma dificuldade de aprendizagem ou culpam-se os
universo através das palavras e se enriquecendo com novas interesses e hábitos diferentes da criança, mas, poucas vezes
ideias e experiências. A medida que ela estabelece um questiona-se o papel do modelo de aprendizagem ao qual se
contato com a leitura além das aprendizagens que obterá, está aderindo. É preciso que o professor examine sua prática
também terá uma visão ampla do mundo, desenvolvendo seu pedagógica, pois, inúmeras vezes, observamos que existem
raciocínio, criando assim um palco de possibilidades. muitas crianças que ainda não aprenderam a ler e escrever
convencionalmente e são tratados como “incapazes”. Isso é
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a sério. Cabe aos educadores, a escola, buscarem meios,
leitura é um: Processo no qual o leitor realiza um trabalho estratégias, maneiras eficientes de se trabalhar com esses
ativo de construção de significados do texto, a partir do seu alunos para que possam ter um melhor desenvolvimento na
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que aprendizagem.
se sabe sobre a língua: característica do gênero, do portador
do sistema escrita, etc. (PCN, 1997, p.53). O ideal é que o professor em seu trabalho pedagógico
envolva atividades lúdicas de leitura e escrita, bem como o
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais ambiente alfabetizador deve ser convidativo, portanto, a sala
(PCN), o leitor aciona conhecimentos prévios com ideias, de aula onde as crianças passam grande parte do dia, tem
hipóteses, visão de mundo sobre o assunto, atribuindo um que ser motivadora, espaço de muitas leituras.
sentido a algo escrito.
6.38 O cotidiano na creche: espaço, rotina, afetividade,
É necessário que desde cedo sejam disponibilizados e a alimentação, higiene, cuidados essenciais
criança esteja em contato com textos de diferentes gêneros,
isso lhe favorecerá compreender o sistema da leitura que é o • Higiene das mãos
caminho essencial para a construção de valores e visão de
mundo. Muitas doenças podem ser evitadas apenas com a higiene
correta das mãos, principalmente as doenças respiratórias.
Aprender a ler como se a leitura fosse um ato mecânico, Por exemplo: se uma criança está com o nariz escorrendo ou
separado da compreensão é um desastre que acontece todos tossindo porque está gripada ou resfriada, e tosse na mão, ou
os dias. Estudar palavras soltas, sílabas isoladas, ler textos limpa o nariz com as mãos e depois pega um brinquedo, os
idiotas e repetir sem fim exercícios de cópia, resulta em vírus, bactérias, ou outros microrganismos podem
desinteresse e rejeição em relação à escrita. (CARVALHO, contaminar os brinquedos. Nesse caso, se outra criança
2001, p.11). pegar o brinquedo, e levar as mãos à boca ou olhos, ela pode
se infectar. Por isso é importante à higiene das mãos tanto de
“Às vezes, por razões absurdas, certas professoras de quem está doente, quanto de quem não está.
alfabetização, induzem os alunos a uma pronuncia
completamente artificial dos segmentos que compõem as Também é importante limpar as mãos periodicamente, antes
palavras, julgando que assim facilitam o trabalho de leitura e depois de brincar, e antes de comer. É muito difícil que a
da criança”. (CAGLIARI, 2009, p.142). Nessa perspectiva criança não se exponha a microrganismos, porque existem
se a leitura realizada pela criança for forçada a fazê-la muitas oportunidades, mas a vantagem de ter as medidas da
soletrando, quando ela acaba de ler, não sabe dizer o que leu higiene é diminuir essas chances de infecção, além de
e essa leitura não teve nenhum sentido para ela. Cagliari reduzir a gravidade da doença, para que seja mais leve.
(2009), ainda acrescenta:

419
• Higienize os brinquedos das crianças com frequência Janelas e varandas oferecem sérios riscos às crianças, uma
vez que a altura de queda pode ser significativa e causar
Uma recomendação é que os brinquedos sejam higienizados lesões graves. Para eliminar este tipo de situação, o ideal é o
periodicamente, sempre que houver manipulação por uma uso de telas de proteção.
criança, ou em um ambiente onde as crianças compartilhem
os mesmos brinquedos. Águas e sabão são suficientes para a Isso evita que os alunos caiam e também não retira a
higienização, mas fique atento às instruções do produto possibilidade de ventilação.
sobre a melhor maneira de lavar. Caso não possa ser lavado
com água, álcool e antissépticos podem servir como opção. Procure bons fornecedores para garantir um bom preço,
mais segurança na escola e facilidades na instalação.
• Fique atento aos sintomas de doenças em crianças
Se há sintomas da doença, é recomendado que a criança não Contudo, é importante saber qual tela será utilizada, pois
seja levada a creche, pois há contato físico próximo, e a elas podem ter diferentes especificações. Existem, por
probabilidade de transmissão para os outros é muito grande. exemplo, redes de 3 cm, 5 cm, 7 cm e 10 cm. Elas evitam
não só as quedas, mas também a entrada de pombos e outros
Entretanto, o tempo em que a criança ficará afastada animais.
depende do atendimento médico e o grau da doença. Já em
casos onde a criança tem algum outro tipo de problema Os materiais utilizados para fabricação desses itens são a
como asma ou imunodeficiência, por exemplo, e há um risco poliamida e polietileno. O diferencial é a absorção de água
maior de infecção, a preocupação em consultar um médico em redes de poliamida, fazendo com que a sujeira fique em
deve ser maior. evidência.

O período de transmissão da doença normalmente coincide Outros elementos importantes são os ganchos que seguram
com os dias de manifestação da doença. Por exemplo: Se a as redes. O ideal é investir nos de aço inox para que a
criança está com febre, coriza ou tosse, é nesse período que durabilidade seja mantida e a segurança também.
há a maior chance de contágio. Passados alguns dias da
doença, por mais que ainda haja algum sintoma, ela não é Por fim, fique atento à garantia. Bons fornecedores
mais infectante. Nem todas as doenças funcionam dessa costumam oferecer até três anos, mas o material funciona
maneira, mas a maioria segue esta regra. bem por até sete. Mantenha inspeções constantes para
avaliar as condições e evitar machucados e acidentes.
• Mantenha janelas abertas e os ambientes arejados
Principalmente em regiões onde existe maior contraste entre Preferência às rampas
as estações, e faz frio, a tendência é que as pessoas fiquem
em locais fechados. Para manter o aquecimento, ou evitar Como sabemos, não é muito comum vermos várias crianças
que entre vento, costuma-se fechar as janelas e ficar juntas e quietinhas conversando durante o intervalo. A
aglomerado por muitas horas no mesmo local. Nessas realidade é completamente outra, de muita agitação e
condições, a chance de transmissão de uma pessoa para a brincadeiras. Com isso, é comum que se machuquem ao
outra é muito maior do que se as pessoas estivessem em um descerem as escadas rapidamente, o que traz risco de graves
ambiente arejado. lesões.

É recomendado que dentro do possível, o ambiente sempre Etienne da Costa Weinem, formada em pedagogia, com
fique limpo e arejado. As janelas não precisam ficar abertas mais de oito anos de experiência na área e diretora da
o dia todo. Algumas vezes ao dia são suficientes, mesmo em Tutores Petrópolis (reforço escolar e aulas particulares),
regiões onde faz frio. conta que foi testemunha de um acidente muito
sério envolvendo uma criança pequena e escadas, na época
• Mantenha as vacinas sempre em dia que trabalhou em colégios. Após perder o equilíbrio e bater
Várias doenças podem ser prevenidas através da vacinação. com o rosto em um dos degraus, o aluno teve de ir
Por isso é importante que todas as crianças sejam vacinadas, imediatamente à emergência de um hospital próximo para
se possível no momento indicado. Se a criança for vacinada ser atendido.
o mais precocemente possível, dentro do que é indicado,
diminuem as chances de contrair infecções. Os profissionais Esse é um dos vários exemplos de acidentes que ocorreram.
que lidam com as crianças também precisam se proteger, Portanto, a indicação é que, onde for possível, trocar as
pois a transmissão pode ocorrer tanto entre crianças quanto escadas por rampas. Isso minimiza os riscos de acidente e
do adulto para a criança. também facilita o acesso para deficientes físicos.

Segurança Alerta para a fase oral

Utilização de telas para evitar acidentes com crianças Crianças muito pequenas passam pela fase oral, em que tudo
é levado à boca. É muito difícil manter um controle total

420
sobre o que estão fazendo. Contudo, passar orientações para • evitar escorregões;
que não peguem nada do chão ou mastiguem objetos é • prevenir acidentes mais graves;
essencial. • proporcionar um aspecto visual lúdico.

Essa fase também traz consequências na hora de conflitos Criando um espaço de recreação seguro
entre os alunos. Quando há desentendimento entre eles, uma Planejar desde o início o espaço de recreação é fundamental
das formas mais utilizadas para machucar os colegas ou se para que ele tenha o máximo de atributos de segurança.
defender é a mordida. Um dos exemplos também dado pela Primeiramente, é importante definir bem o local onde será o
Etienne. parquinho. Leve em consideração as seguintes diretrizes
para definir:
As mordidas podem machucar muito os outros colegas. O
que deve ser um ponto de atenção para os coordenadores • Local deve ser arejado, com boa circulação de ar;
pedagógicos e professores, pois isso pode trazer problemas • Distante de jardins e estruturas de concreto;
sérios no relacionamento com os responsáveis dos alunos. • Distante da rua;
• Longe do estacionamento ou do fluxo de carros;
Passe orientações diariamente
• Distante de piscinas;
Um fator que aumenta as chances de acidentes é a falta de
• Longe de janelas;
crédito dada a algumas medidas básicas de segurança de
segurança na escola. Por considerarem algumas orientações • Distante de áreas de grande fluxo de pessoas;
óbvias, os alunos acabam por ignorá-las. • Distante de tomadas.
É o caso de:
Depois de definido o local, é hora de escolher os brinquedos
• não correr nos corredores e escadas; que farão parte do playground. Os módulos de plástico são
os mais indicados, pois não possuem pontos de saliência –
• amarrar os tênis para evitar tropeços;
pregos e quinas -, que podem ocasionar lesões.
• utilizar sapatos adequados às práticas esportivas;
Os brinquedos de metal e madeira possuem características
Esses são alguns exemplos de medidas que devem ser
que oferecem mais risco. Farpas, por exemplo, machucam
seguidas à risca, uma vez que os alunos podem se machucar
muito e são encontradas com frequência. Já os brinquedos
gravemente. Procure salientar esses itens diariamente e
de metal, quando expostos ao sol tendem a esquentar e
monitorar a fim de minimizar os riscos.
podem causar queimaduras.
Dê atenção especial ao playground
Dê preferência a brinquedos que não possuem mais de
um metro de altura
O playground da escola é um local de muita movimentação
e também o que oferece mais risco aos alunos. Segundo
A grande maioria das crianças gostam de aventura, mas para
Etienne, é no parquinho onde há o maior número de
proporcionar estes momentos também é necessário estar
acidentes graves.
atento para não colocar a saúde dos pequenos em risco. Por
exemplo, para serem divertidos os playgrounds não
São diversas as causas de machucados nos playgrounds:
precisam ser muito altos. De acordo com a ABNT, não é
indicado que o ponto mais alto dos brinquedos tenha mais de
• quedas; 1 metro de distância do chão. Além disso, é recomendado
• arranhões; que os equipamentos de playground tenham as plataformas
• escorregões; cercadas com as barras na vertical, para evitar que sejam
• queimaduras; escaladas, assim como módulos com acentos possuam
• outros. algum encosto que sirva de barreira para evitar as quedas.

Atenção com as normas da ABNT Se optar por caixas de areia, é importante trocar
É extremamente indicado que tudo que envolva o parquinho periodicamente e utilizar areias atóxicas. Pois, quando
seja cuidadosamente escolhido. Isso envolve brinquedos, pequenas, as crianças levam tudo à boca, por isso, a
materiais, áreas ao entorno e piso adequado. A escolha sobre necessidade do uso deste tipo de material.
o brinquedo de playground apropriado também é essencial.
Evite brinquedos com correntes
Segundo normas da ABNT, os pisos de segurança devem É comum encontrar castelos, escorregas ou outros
fazer parte dos playgrounds para evitar acidentes com os brinquedos infantis que possuam correntes. Nesse caso,
alunos. Os pisos de borracha costumam ser os mais porém, a diversão pode acabar em desastre. Isso porque os
indicados para este fim e têm por característica: dedinhos de quem está brincando podem acabar ficando
presos nos elos das correntes, correndo o risco de serem
• absorver o impacto das quedas; torcidos, quebrados ou até mesmo amputados.

421
Aposte no plástico
Já a cada doze meses, a inspeção deve ser certificada por
Brinquedos de madeira são lindos, mas escondem um grave especialistas ou instituições acreditadas pelo INMETRO. A
perigo: as farpas. Por isso, evitar esse material é um ótimo manutenção dos playgrounds é fundamental para garantir
jeito de prevenir acidentes durante atividades recreativas. que o número de acidentes com crianças diminua.
É importante ficar de olho o tempo todo. Bons fornecedores
Muitas escolas acabam recorrendo, então, aos brinquedos de de brinquedos e pisos de borracha podem auxiliar na hora da
metal. O grande problema é que, se expostos ao sol, esse manutenção. Cuide para escolher aqueles que oferecem
tipo de material pode causar queimaduras graves nos acompanhamento após a adesão dos produtos.
pequenos.
Ficando atento à localização, infraestrutura e manutenção, as
Por isso, o ideal é que os módulos dos escorregadores, chances de diminuir os acidentes com crianças são muito
escaladores, trepa-trepa, assentos, entre outros, sejam de maiores. Baixe o nosso e-book para você relembrar quais
plástico, que não soltam farpas ou queimam a criança. são as medidas que deixam o playground mais seguro,
sempre que precisar. Afinal de contas, o que importa é a
Cuidado com os espaçamentos entre os brinquedos alegria e a tranquilidade das crianças.
Quem não acha lindo brinquedo com ponte? Esse módulo,
porém, pode causar sérios problemas. Isso porque os Além da diversão, é muito importante que as crianças
pezinhos das crianças são muito pequenos e facilmente se tenham segurança no parquinho das escolas.
encaixam entre os vãos, podendo ficar presos, torcer ou
quebrar. Como o número de alunos é muito grande e nessa idade a
energia é praticamente infinita, implementar medidas para
Outras fendas podem causar estrangulamento das mãos e prevenir acidentes é fundamental.
cabeça. Atenção a estes espaçamentos e evite-os o máximo.
Oriente o uso para garantir segurança no parquinho
Se quiser utilizar areia, use a atóxica Além das normas da ABNT, é interessante que você estipule
O ideal é que o piso da área de recreação seja de algumas diretrizes internas. Elas podem dar ainda mais
borracha. Entretanto podem existir as famosas “caixinhas de segurança no parquinho da escola. Existem algumas crianças
areia”. um pouco mais agitadas, que vez ou outra podem acabar se
machucando caso não sejam orientadas.
Nesse caso, a utilização de areia atóxica traz mais
segurança. Ela não possui componentes químicos Por isso é muito válido que você determine horário para
prejudiciais à saúde dos pequenos. Mas lembre-se que é utilização do espaço, proíba certas atitudes que possam
normal também que as crianças saiam muito sujas, dando colocar em risco outras crianças e algumas orientações que
muito trabalho para você e para os pais. Além disso a areia é você considere útil, como faixa etária, limitar o número de
muito sujeita à contaminação por diferentes fatores. alunos, restringir entrada de alimentos, entre outras.

As orientações de saúde também devem ser seguidas. O Cuide com a exposição ao sol
ideal é que a troca da areia ocorra anualmente, a Uma dica que vai proporcionar segurança no parquinho é o
higienização a cada seis meses, a camada superficial deve local onde ele será instalado. Evite que ele seja muito
ser retirada diariamente e a caixa coberta em horários que exposto ao sol, pois isso pode trazer desconforto e mal estar
não estiverem sendo utilizada. nas horas de brincadeiras.

Como nessa fase as crianças colocam muitos objetos na Caso esta não seja uma opção invista em toldos para garantir
boca, não seria surpresa se isso também acontecesse com a sombra nos momentos mais quentes. Isso também pode
areia, certo? Então reforço que a utilização da areia não é o aumentar o tempo da diversão, uma vez que com
ideal. temperaturas mais amenas, as crianças cansam menos.

Fazendo a manutenção correta do parquinho Evite o fluxo de carros


Os parquinhos infantis devem receber inspeção visual O local onde será o parquinho deve estar longe do fluxo de
rotineira para evitar acidentes com crianças. Nessa inspeção carros ou ambientes perigosos. O ideal é ter uma área mais
devem ser analisadas as condições dos brinquedos, isolada, que garanta mais segurança aos alunos.
drenagem do local e demais aspectos que possam impactar
na segurança do playground. Vale lembrar que na infância, os pequenos têm o costume de
“fugir” e de estar distraídos. Às vezes em questão de
A cada três meses, a área de recreação deve receber minutos é possível perdê-los de vista. Por isso, fica ainda
uma inspeção registrada. No documento devem ser mais difícil a harmonia entre fluxo de veículos e crianças.
indicados os pontos a serem adaptados ou simplesmente
ratificar que o ambiente está em condições de uso. Limite o espaço para diminuir acidentes

422
Outra medida que pode agregar mais segurança no com a espessura.
parquinho, é o uso de cercas, canteiros, muretas e outros
elementos que limitem o espaço de lazer. Isso evita que as
crianças se percam ou acessem outros ambientes, saindo do
controle dos responsáveis.

No caso da utilização de barreiras, mantenha a


acessibilidade com o uso de portões que devem abrir para o
lado externo.

Verifique as condições do terreno


Um fator de relevância ao parquinho infantil é o seu terreno.
O relevo pode apresentar algumas demandas específicas. Uma das medidas mais importantes à segurança no
Você deve verificar a inclinação e drenagem do espaço e parquinho da escola é o piso utilizado na área. Solos de
caso seja necessário o uso de grelhas e ralos para concreto e outros materiais rígidos podem ocasionar lesões
escoamento da água, estas devem ser embutidas no piso com sérias aos alunos.
vão máximo de 15mm.
Portanto, você deve procurar soluções que previnam este
Fique atento às características do solo para não ter tipo de situação.
problemas a longo prazo. Respeitar suas particularidades
pode representar economia em manutenção posteriormente. Uma ótima alternativa é o uso de piso de borracha. Eles
absorvem o impacto e minimizam as chances de acontecer
Mantenha a harmonia no uso do espaço algum acidente.
Como na hora de se divertir a euforia toma conta, com ela
vem o barulho. Os horários de intervalo costumam ser Além da segurança, os pisos de borracha contam com
diferentes entre as turmas da escola. Enquanto alguns estão diversos benefícios, como:
estudando, outros estão na hora do recreio.
• excelente aspecto estético/visual;
Imagine, então, se o parquinho for localizado muito próximo • fácil limpeza
às salas de aula. Quem estiver estudando próximo ao local • pode ser sustentável/ecológico;
terá dificuldades de concentração. Isso é mais um motivo • baixo custo de manutenção;
para você pensar bem antes de determinar o local em que
será o playground da escola Incidentes mais comuns, como pequenos arranhões, já
trazem transtorno e exigem um procedimento apropriado,
Utilize piso de borracha mas a parte mais difícil muitas vezes é lidar com os pais.
Como o maior percentual dos acidentes são em decorrência
de queda dos brinquedos – 48% -, as medidas de segurança Para evitar situações desconfortáveis com os responsáveis
mais importantes visam justamente solucionar este problema pelos alunos da escola, vale muito a pena investir em
em específico. Os pisos de borracha possuem a característica segurança. Desta forma, você mostra que oferece o máximo
de absorver impacto e, por isso, podem ser aliados decisivos de medidas para que as atividades realizadas sejam feitas
para evitar lesões graves. sem riscos.

Segundo normas da ABNT, os playgrounds infantis já Saúde


devem inclusive seguir as orientações que recomendam o Pensar as ações de saúde em creche é pensar um trabalho
uso de piso de segurança para áreas de recreação. Nem substancialmente distinto daquele que desenvolvido pelos
sempre é o que acontece, o que dificulta a redução das profissionais em serviços de saúde. Em primeiro lugar, trata-
estatísticas. se de um atendimento a grupos de crianças, coletivo, e não
um atendimento individualizado, essencialmente voltado
Existem diferentes espessuras de piso emborrachado e cada para a promoção da saúde infantil. Devemos focar em
uma delas é capaz de absorver impacto de diferentes alturas oferecer ambiente físico e emocional saudável, com
de queda. O ideal é que na hora da aquisição, seja condições para que as potencialidades das crianças se
perguntado ao vendedor a capacidade de absorção. manifestem em sua plenitude.

Pergunte também sobre certificações de instituições Além disso, devemos proporcionar os cuidados adequados
acreditadas pelo INMETRO. Isso dará a certeza de que o para o atendimento das necessidades essenciais das crianças,
piso instalado será capaz de conferir mais segurança e evitar que envolvem relações respeitosas e sustentadoras entre as
acidentes com crianças. crianças e entre elas e os adultos, práticas de alimentação,
sono e higiene adequadas, oportunidades para brincadeiras e
Capacidade de absorção de impacto dos pisos de acordo desenvolvimento da criatividade e autonomia. Enfim, a

423
creche deve proporcionar as melhores condições para o No caso das crianças resfriadas, aumentar a oferta de água é
desenvolvimento infantil e a formação sujeitos, cidadãos. E uma estratégia adequada para fluidificar o catarro,
esse trabalho em parceria da creche com o profissional de facilitando sua eliminação. Essa ação é simples e viável, e
saúde tem suas peculiaridades, está em construção. alcança um grande número de pessoas, crianças e
trabalhadores, na creche. Tal e qual propor assoar o nariz,
A saúde no espaço da creche conta com o conhecimento e a que as crianças estão aptas a fazer desde muito cedo, a partir
intimidade que a equipe pedagógica e as famílias têm sobre de um ano e meio de idade aproximadamente.
cada criança: sabemos o estado normal dos nossos pequenos
e podemos identificar quando seu comportamento não está Minimizar a contaminação
como em todos os dias.
É preciso estar muito atento, pois muitas vezes os
A creche com sua rotina e o tempo extenso de trabalho com profissionais atuam como disseminadores de doenças entre
as crianças é também um ambiente privilegiado para as crianças enquanto lhes prestam os cuidados. Quando
acontecer a aprendizagem sobre temas do campo da saúde: limpamos o nariz das crianças com um lenço de papel, a
humidade e os microrganismos presentes na secreção
• Nutrição e práticas de alimentação passam para as mãos da educadora, que não consegue lavar
• Higiene a mão ou higienizá-la com álcool gel a todo o momento. Os
• Sono micróbios vivos permanecem na mão dos profissionais e são
• Relações sociais afetivas e construtivas levados para outra criança na hora de alimenta-la, escovar
seus dentes, ou mesmo limpar seu nariz. Desse modo
Prevenção e recuperação de doenças leves dissemina-se a doença.
Na creche, muitas vezes encontram-se presentes também
crianças com agravos ou problemas de saúde leves, como Contaminação pela fralda
resfriado. Ainda que as ações de saúde devam levar em
conta o grupo de crianças, quando uma está doente, ela As crianças que usam fralda estão sujeitas a um maior risco
necessita de cuidados específicos voltados para favorecer de contaminação, porque o conteúdo da fralda pode vazar
sua recuperação. quando está muito cheia. Crianças com fezes na fralda e
sentadas no chão, por exemplo, poderão contaminar esse
Há possibilidade de se contemplar alguns desses cuidados espaço. Brinquedos que tocarem o local contaminado
no ambiente da creche, lembrando sempre que não serão também ficarão comprometidos e, sem querer, outra criança
praticados por profissionais de saúde e, portanto, serão coloca o tal brinquedo na boca e a transmissão se estabelece!
limitados às possibilidades dos trabalhadores da educação. Qual a solução? Trabalhar o desfralde tão logo se constate
que a criança apresenta condições para isso, tais como:
Sono e limpeza do nariz
• ela é capaz de identificar o desejo de evacuar e
Ao respirarmos, o ar deve entrar em nosso corpo pelo nariz. consegue segurar,
A passagem pelo nariz e cavidade nasal umidifica, aquece e • comunica o desejo ao adulto,
limpa o ar que respiramos. Assim, quando a criança está • dirige-se para o local apropriado às evacuações
resfriada é importante limpar e desobstruir seu nariz antes da (banheiro),
hora do sono e das refeições para que possa dormir e se • abaixa sua calça sem ajuda (roupa com elástico na
alimentar melhor. Para isso, pode-se despertar a atenção cintura de preferência),
para a presença de secreção nasal e ensinar as crianças a • coloca-se sentada no vaso sanitário e lá permanece
assoar o nariz para eliminá-la. até terminar a eliminação para ser limpa por um
adulto.
Aumentar a oferta de líquidos/Hidratação
Afastamento da criança doente
De modo geral, oferecer líquidos adicionais durante o dia é
benéfico às crianças doentes. Devemos buscar aumentar a Não é possível afastar toda a criança doente da creche. Isso
ingestão de líquidos, oferecendo-os em canecas 30 minutos vai esvaziá-la por completo e muitas crianças ficarão muitos
antes das refeições e a partir de uma hora e meia depois. dias em casa, prejudicando sua adaptação à instituição.
Quando a criança doente está com o estado geral bom, feliz,
Água deve estar ao alcance dos pequenos em todos os brincando, alimentando-se razoavelmente e bebendo
ambientes. E além disso, devemos sempre lembrá-los de líquidos, isto indica que ela tem condições de permanecer na
beber oferecendo-lhes. Crianças raramente pedem água, pois creche. Às vezes, a creche precisa oferecer uma atividade e
não querem parar de brincar. um cantinho mais tranquilo com colchonete, e uma
alimentação “especial”, por exemplo. Crianças doentes
Resfriados podem não se alimentar no ritmo e na quantidade habitual,
por isso oferecer-lhes alimentos frios de sua preferência,

424
várias vezes ao dia, pode facilitar sua aceitação. A creche indeterminado, enquanto a criança suportar bem. Se ela
pode dispor de pequenos lanchinhos (às vezes até mais começar a tremer, pare com o procedimento imediatamente,
atrativos) para oferecer nos momentos em que ela estiver se pois os tremores e calafrios são mecanismos que produzem
sentindo melhor, como gelatina, frutas ou sucos, calor e a elevação da temperatura o corpo. mantenha a
sanduichinho de queijo branco e peito de peru. criança com roupas leves e apropriadas à temperatura e em
ambiente arejado.
Mas uma criança que chora com frequência, está inapetente
e caída, demonstrando claramente que sua permanência está A convulsão febril não é provocada pela febre alta. Crianças
lhe causando ainda mais desconforto e sofrimento, deve com histórico de convulsão febril são mais suscetíveis a ter
então ir para a casa porque a creche não tem condições de novamente – mas não necessariamente! Convulsões febris
oferecer o que ela precisa. são raras e ocorrem em crianças susceptíveis, não causando
danos ao sistema nervoso na maioria das vezes.
Medicação
Convulsões febris
Creche não deve medicar, nem para controlar a febre!
As convulsões não tem um padrão de manifestação. podem
A creche deve se responsabilizar por administrar apenas ocorrer a perda da consciência, endurecimento, estiramento
medicamentos encaminhados, com receita médica, como ou flexão dos membros, espasmos ou tremores, eliminação
antibióticos e outros, de necessidade pontual e bem de xixi ou cocô, baba ou vômito. Não se pode forçar a
justificada, nos horários coincidentes com o período em que distensão ou flexão dos membros contraídos porque isso
a criança fica na instituição. Por outro lado, vitaminas e pode ferir e machucar. Não ofereça nada para ela beber, nem
outras substâncias devem ser administradas pelas famílias, mesmo remédios, durante a convulsão. Em geral, as
nos momentos que as crianças estão em casa. convulsões febris são raras e de curta duração.

Febre Como cuidar da criança durante a convulsão?

O que é febre? É um mecanismo de defesa do organismo • Coloque a criança voltada para um dos lados para
quando estamos com alguma infecção ou outro problema. evitar que se engasgue e sufoque com a saliva ou
Febre não é uma doença em si mesma. vômito, sem introduzir nada em sua boca.;
• Cuide da cabeça para não bater, apoiando-a numa
Temos um centro termorregulador que regula a temperatura superfície macia como almofada, ou colo de
interna do corpo em torno de 37-37,5o C (a temperatura alguém;
medida nas axilas fica em torno de 36-36,5o C). No contato • Folgue ou abra a blusa para liberar qualquer
com vírus ou bactéria, ocorre a ativação da produção de restrição à respiração e retire correntinhas, se
substâncias que agem nesse centro, que alteram a regulação houver;
da temperatura para cima. A alteração, então, não é livre, é • NUNCA DÊ NADA PARA A CRIANÇA TOMAR
controlada pelo centro termorregulador, e a temperatura só ENQUANTO ESTIVER inconsciente, nem mesmo
seria danosa acima de 41o C. remédios!
• Após a convulsão a criança pode ficar sonolenta.
Os antitérmicos devem ser utilizados com indicação médica Cheque se está consciente e deixe-a dormir;
para combater a febre particularmente quando vem • Ao término, ligue para os responsáveis e narre todo
acompanhada de desconforto, mas eles não são vitais e a o acontecimento com detalhes para que eles
creche não deve administrá-los. Quando a criança apresentar possam relatar o ocorrido para o profissional de
febre, a família deve ser comunicada, alertando-a sobre o saúde. Peça que venham buscar a criança
estado geral da criança e outros sintomas presentes. imediatamente e levem-na para avaliação em
serviço de saúde.
Crianças com febre, mas que correm, brincam e participam,
podem permanecer na creche. Esta decisão pode ficar a Conjuntivite
cargo da família depois de ser comunicada. A maior parte das conjuntivites é viral e a sintomatologia é
mais leve. As conjuntivites bacterianas causam dor e
Dar banho morno nesses momentos é bom, mas fica congestionamento mais intenso nos olhos, produzindo
complicado na creche. As compressas frias são mais fáceis bastante secreção. Entretanto ambas são contagiosas e, nesse
de lidar. Coloca-se compressas de água fria (não gelada!) estado, as crianças não devem frequentar a creche.
nas axilas, cabeça e pescoço, e virilha, e deixa-se por 5 ou
10 minutos, até perceber que a compressa ficou quente. Isso Afastamento dos profissionais
significa que houve perda de calor. Segue-se trocando as
compressas por 20 minutos aproximadamente para então Em caso de gripe, que muitas vezes vem acompanhada de
medir novamente a temperatura corporal da criança. A sintomas intensos, e de conjuntivite, é preferível que o
aplicação de compressas pode acontecer por tempo

425
professor fique afastado do trabalho direto com as crianças planejar é carregada de intencionalidades, por isso, o
nos grupos, pois poderá disseminar a doença para as planejamento deve ser uma ação pedagógica comprometida
crianças. Pode-se deixá-lo dedicado às atividades de e consciente.
planejamento, organização de estoque, relatório e até em
áreas externas, sem que estabeleça contato com as crianças. Dimensão técnica – o saber técnico é aquele que permite
viabilizar a execução do ensino, é o saber fazer a atividade
Alimentação profissional. No caso da prática do planejamento
educacional, o saber técnico determina a competência para
Todos conhecem a importância de uma alimentação organizar as ações que serão desenvolvidas com visando à
saudável durante toda a vida. Sem uma alimentação aprendizagem dos alunos. Cabe ao professor saber fazer,
balanceada os riscos de doenças cardíacas, diabetes, elaborar, organizar a prática docente. Veja, na unidade 1, o
deficiências imunológicas entre outros problemas. Por isso que diz Morin (1999) sobre as quatro aprendizagens
na infância, crianças que estão na educação infantil, devem fundamentais para alicerçarem o conhecimento. Verifique
ter uma alimentação saudável. que a dimensão técnica é a segunda aprendizagem: aprender
a fazer - para poder agir sobre o meio envolvente. A
Incentivar o hábito nas crianças de ingerir alimentos como dimensão técnica do conhecimento é o aprender do aluno a
frutas, legumes e verduras é essencial para que elas cresçam fazer fazendo.
e se tornem adultos. Na educação infantil de algumas
escolas os pais das crianças são incentivados a optarem por Etapas do planejamento
opções de lanches saudáveis ao arrumarem os lanches dos Por ser uma atividade de natureza prática, o planejamento
filhos e diversas cantinas escolares estão banindo as frituras organiza-se em etapas sequenciais, que devem ser
das prateleiras. rigorosamente respeitadas no ato de planejar:

Existem também atividades que os professores podem fazer 1.Diagnóstico sincero da realidade concreta dos alunos.
para incentiva a alimentação saudável na educação infantil. Estudo real da escola e a sua relação com todo contexto
Algumas oficinas ensinando as crianças a montarem pratos social que está inserida.
decorados com frutas e verduras, ensinar as crianças a
fazerem sopas, montar murais com a informação nutricional 2.Vamos relembrar a unidade 2 deste módulo: os alunos e os
dos alimentos. Confeccionar um mural com alimentos não professores possuem uma experiência social e cultural que
saudáveis e alimentos que devem ser consumidos com não pode ser ignorada pelo planejamento.
moderação.
3.Organização do trabalho pedagógico. Nesta etapa os
Essas são algumas maneiras de trabalhar uma alimentação elementos da Didática são sistematizados através de
saudável na educação infantil e, com o passar dos anos, escolhas intencionais. Definição de objetivos a serem
essas crianças se tornaram adultos saudáveis que podem alcançados, escolha de conteúdos a serem aprendidos pelos
repassar essas dicas para os seus filhos. É preciso reconhecer alunos e a seleção das atividades, técnicas de ensino, que
a importância da escola no futuro alimentar das crianças. serão desenvolvidas para que a aprendizagem dos alunos se
efetive. Esse momento representa a organização da
6.39 Didática: métodos, técnicas, recursos/material metodologia de ensino.
didático
Planejamento 4. Sistematização do processo de avaliação da
aprendizagem. Avaliação entendida como um meio, não um
Todo planejamento deve retratar a prática pedagógica da fim em si mesma, mas um meio que acompanha todo
escola e do professor. No entanto, a história da educação processo da metodologia de ensino. A avaliação deve
brasileira tem demonstrado que o planejamento educacional diagnosticar, durante a aplicação da metodologia de ensino,
tem sido uma prática desvinculada da realidade social, como os alunos estão aprendendo e o que aprenderam, para
marcada por uma ação mecânica, repetitiva e burocrática, que a tempo, se for necessário, a metodologia mude seus
contribuindo pouco para mudanças na qualidade da procedimentos didáticos, favorecendo a reelaboração do
educação escolar. Por isso, caro(a) aluno(a), ao estudar esta ensino, tendo em vista a efetiva aprendizagem.
unidade, reflita sobre a importância do planejamento como
uma prática crítica e transformadora do pedagogo; por isso, Requisitos para o planejamento
faz-se necessário que você compreenda as duas dimensões
que constituem o planejamento: • Conhecer em profundidade os conceitos centrais e
leis gerais da disciplina, conteúdos básicos, bem
Dimensão política – toda ação humana é eminentemente como dos seus procedimentos investigativos (e
uma ação política. O planejamento não pode ser uma ação como surgiram historicamente na atividade
docente encarada como uma atividade neutra, científica).
descompromissada e ingênua. Mesmo quando o docente
“não” planeja, ele traduz uma escolha política. A ação de • Saber avançar das leis gerais para a realidade

426
concreta, entender a complexidade do a análise dos conceitos do assunto; além da forma oral,
conhecimento para poder orientar a aprendizagem. pode-se avaliar pela forma escrita: resumo, entrega de
questionário, de perguntas e/ ou dúvidas, esquema etc.
• Escolher exemplos concretos e atividades práticas Equívocos nos procedimentos ao utilizar a técnica de ensino:
que demonstrem os conceitos e leis gerais, os
conteúdos e os assuntos de maneira que todos os • Superar o tradicionalismo (Unidade 1), evitando o
entendam. monólogo do professor.

• Iniciar o ensino do assunto pela realidade concreta • Não pode ser mecanismo de improvisação do professor. A
(objetos, fenômenos, visitas, filmes), para que os aula expositiva deve preceder de uma introdução,
alunos formulem relações entre conceitos, ideias- desenvolvimento e conclusão, mesmo que sejam somente 50
chave, das leis particulares às leis gerais, para minutos de aula.
chegar aos conceitos científicos mais complexos.
• É preciso ter cuidado com a mecanização, como a aula
• Saber criar problemas e saber orientá-los (situações expositiva, em muitas escolas, é o único recurso de ensino
de aprendizagem mais complexas, com maior grau que o professor dispõe ela acaba tornando repetitiva e
de incerteza que propiciam em maior medida a mecânica.
iniciativa e a criatividade do aluno).
2. Estudo de texto
Metodologia
Entendemos por método, a articulação de uma teoria de Descrição: exploração de ideias a partir do estudo crítico de
compreensão e interpretação da realidade com uma prática um texto, busca de informações e exploração em textos.
específica. Estudamos, na unidade 2, o que é método e a Operações do pensamento: investigação, obtenção e
organização da metodologia de ensino. O processo de organização das informações; identificação; interpretação;
ensino-aprendizagem para se efetivar como ação didática análise; comparação e reelaboração.
percorre um caminho estruturado pela dimensão técnica.
Lembremos que, neste momento, a técnica não se insere na Procedimentos na realização da atividade:
Pedagogia tecnicista explicitada, na unidade 1. A técnica
aqui tem o caráter crítico-social e criativo. Ela deve atender 1.Contexto do texto – data, tipo de texto, autor e dados.
à realidade social do aluno e ser coerente com sua dimensão 2.Análise temática – tema, problema, tese, ideia central,
política, isto é, definição clara do para que e para quem a linha de explicação, imagens, exercícios etc.
técnica esteja sendo aplicada. 3.Análise interpretativa – extrapolação do texto, discussão
de questões relacionadas ao texto. 4.Problematização –
As técnicas, por sua vez, organizam-se em torno de formulação de novas ideias/problemas a partir do texto.
procedimentos didáticos, que são passos, atividades, ações 5.Síntese – reelaboração, conclusão.
que o professor e os alunos desenvolverão durante a
realização da técnica. Podemos dizer que uma técnica de Avaliação:
ensino é um conjunto de procedimentos sistematizados a • Produção oral – comentário ou exposição do aluno,
partir das aprendizagens que serão desenvolvidas pelos apresentando a análise e a síntese do que foi explorado/
alunos. investigado no texto.

Este esquema síntese foi elaborado pela autora a partir do • Produção escrita – interpretação dos conteúdos
capítulo 3 do livro de Anastasiou (2003). fundamentais e elaboração de novos
argumentos/problemas/ideias. Criação de um novo texto.
1. Aula expositiva dialogada Descrição: os professores
levam os alunos a questionarem, interpretarem e discutirem Equívocos nos procedimentos ao utilizar a técnica de ensino:
o conteúdo a partir do reconhecimento e da identificação • O estudo do texto deve ser acompanhado de um
com a realidade e com conteúdo prévios. Deve propor a comportamento crítico e dinâmico, evitando a leitura linear,
superação da passividade intelectual dos alunos. Operações estática e reprodutora.
do pensamento: obtenção e organização das informações;
identificação; interpretação; decisão; comparação e resumo. • Não pode encerrar a técnica na própria leitura. Deve ser
precedido da escrita de uma redação ou de um novo texto
Procedimentos na realização da atividade: o professor (desenho, pintura, poesia, grafismo etc.).
contextualiza o conteúdo; com a exposição, mobiliza as
estruturas mentais do aluno; estabelece conexões entre o 3. Discussão e Debate Descrição:
conteúdo e a realidade; suscita a participação, as críticas e as organização de ensino tipo reunião, onde todos devem
dúvidas. Avaliação: participação quando pergunta, questiona participar do debate de um tema ou problema determinado.
e responde. Ao participar, deve apresentar a compreensão e Operações do pensamento: busca de suposições/hipóteses;
organização e interpretação dos dados; análise; crítica e

427
resumo. Procedimentos na realização da atividade: pode ser uma apresentação em forma de monólogo, em que
o aluno discorre sobre um tema sem interrupções e sem
procedimentos na realização da atividade: questionamentos.
• O grupo deve apresentar um estudo integrado, não pode ser
1.O professor explica os objetivos da discussão. uma apresentação dividida em partes fragmentadas e
2. Delimita o tempo e as funções dos participantes descontinuas.
(coordenação, debatedores e grupo de síntese). Todas as • A temática apresentada deve ser resultado de uma
funções podem ser exercidas por todos. profunda investigação e das aprendizagens do grupo, não
3. Ao final, relatos das sínteses/resumos. Avaliação: pode ser uma apresentação de generalizações, nem leituras
• Produção oral – a participação como debatedor e de textos já publicados.
sintetizador.
• Produção escrita – síntese / resumo / relatório. Avaliação
A avaliação escolar é parte integrante do processo de
Equívocos nos procedimentos ao utilizar a técnica de ensino: ensino– aprendizagem, e não uma etapa ou momento
isolado. Faz parte da metodologia de ensino, está
• Uma discussão ou um debate se realiza a partir do que se diretamente imbricada com os objetivos, os conteúdos e os
sabe. Não podemos participar de um debate quando não procedimentos metodológicos expressos no planejamento e
conhecemos o conteúdo da discussão, deveremos ter desenvolvidos no decorrer do ensino. Você, na unidade 1,
cuidado com o “achismo”. estudou as tendências pedagógicas e verificou que a
avaliação representa uma determinada concepção de
• É preciso que o objetivo do debate e da discussão seja o educação.
confronto de ideia e não a agitação dos grupos, não se pode
usar a técnica de modo desordeiro em meio ao barulho e à Avaliar é um ato de decisão e julgamento que deve ser
gritaria. crítico e consciente, tanto do professor quando avalia, como
do aluno quando realiza sua autoavaliação. Assim como a
• O debate e a discussão devem vir precedidos de muita metodologia, a escolha pelos instrumentos de avaliação
participação e respeitando um processo democrático. depende da concepção de ensino que o professor carrega no
seu referencial. Hoffmann, (2005, p.111-113) apresenta-nos
4. Seminário a avaliação a partir de duas concepções de educação:
Conhecido como técnica de ensino socializado. Descrição:
estudo em grupo menor sob a orientação do professor, onde
diversos temas são investigados e problemas são resolvidos,
os resultados são apresentados formalmente ao grupo maior
para o debate, a discussão e a crítica.

Operações do pensamento: busca de suposições/hipóteses;


organização e interpretação dos dados; análise; crítica e
resumo. Procedimentos na realização da atividade:

• Distribuição e escolha das temáticas que serão


investigadas.
• Estudo aprofundado das temáticas ou problema sob 6.40 Desenvolvimento da linguagem oral, escrita,
diferentes perspectivas. audição e leitura, métodos, técnicas e habilidades,
• Construção dos relatórios para a Discussão e o Debate. instrumentos/atividades pedagógicas
• Delimitação do tempo e as funções dos participantes As crianças desde que nascem dispõem de uma inteligência
(coordenação, debatedores e grupo de síntese). Todas as própria que orienta suas ações no mundo, inteligência esta
funções podem ser exercidas por todos. que vai se modificando a partir das interações estabelecidas
• Apresentação do seminário. com o outro este que dá significados as suas expressões,
• Construção do relatório escrito, que pode ser em forma de gestos, sons, fazendo com que tenham uma participação
resumo, apresentando as principais ideias que foram ativa no mundo. A partir dessa interação e do diálogo com
discutidas, debatidas e criticadas. outras pessoas, a criança desenvolve uma inteligência
Avaliação: denominada verbal, essa inteligência é guiada pela
• Produção oral – a participação como debatedor e linguagem agindo sobre as ideias. A criança começa a
sintetizador. comparar, classificar, inferir, deduzir etc., criando
• Produção escrita – síntese / resumo / relatório. modalidades de memória e imaginação indicando situações
de desejo e objetos do mundo externo, as crianças utilizam
Equívocos nos procedimentos ao utilizar a técnica de ensino: palavras que especifica características próprias, servindo de
instrumento para o diálogo e para o pensamento discursivo.
• O seminário sempre é precedido de debate e discussão, não

428
representações de situações.
Segundo Oliveira, Mello e Vitória (2011), a interação da
criança desde o nascimento, quando ela se comunica, A linguagem oral é o sistema pelo qual o homem comunica
dialoga com a mãe transforma-se interiormente seus sentimentos e ideias, acontece através da fala, não é um
possibilitando uma nova forma de pensar. As crianças são processo inato, é uma habilidade que se constrói no âmbito
frequentemente colocadas em um mundo de diálogos, e a social, ou seja, a criança nasce com a capacidade para
maneira como se dirigem a outras pessoas é seguindo uma desenvolvê-la, e a figura materna tornase uma das principais
estrutura de diálogos já vivenciados. fontes de colaboração nesse processo.

Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão Toda comunicação se faz na interação, é impossível pensar
prazer e que revelam seu esforço para comunicar-se com os em palavras, linguagem, sem ser na interação com o outro.
outros. Os adultos e crianças mais velhas interpretam essa As palavras possuem seus significados, não sendo o mesmo
linguagem peculiar, dando sentido á comunicação dos para todas as pessoas, o sentido se dá a partir da interação do
bebês. A construção da linguagem oral implica, portanto, na sujeito como seu interlocutor nos diferentes discursos.
verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre (BAKHTIN, apud AUGUSTO, 2011).
pessoas que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês,
os adultos, principalmente, tendem a usar uma linguagem Em primeiro lugar, vamos tratar o desenvolvimento da
simples, breve e repetitiva, que facilita o desenvolvimento oralidade na perspectiva Vigotskiana. Nesta perspectiva a
da linguagem e da comunicação (BRASIL, 1998, p. 125). relação do ser humano com o mundo é estabelecida por
meio da linguagem. Vigotski (1984) afirma que o contato da
A criança pequena tem dificuldades de separar o seu papel criança com a linguagem é através da relação com o outro.
do papel de uma pessoa na qual esteja interagindo. Por
exemplo, ela põe o dedo na tomada elétrica doméstica e diz Quando a mãe trata de maneira significativa os balbucios
“não”!” em tom repreensivo balança a cabeça para os lados. das crianças conversando com elas, ela transmite como
Podemos observar que nessa situação a criança está funciona o discurso em nossa língua, e torna a criança um
exercendo os dois papeis o da criança curiosa e o do adulto sujeito falante. A aquisição da língua não é um processo
repreendendo-lhe. apenas natural, para aprender a falar é preciso compreender
a linguagem, a mediação do adulto é fundamental nesse
A criança com suas experiências e vivencias aprende a olhar processo, é como se fosse um ponto de referência para a
de diferentes maneiras as situações ocorridas no cotidiano, e compreensão da linguagem. “Nesse sentido pode-se dizer
o outro tem papel significativo indicando certas ações e a que o adulto é a [...] instancia da língua constituída”
criança deverá considera-las. (VIGOTSKI, 1984, p. 53).

Ao observarmos a interação da criança com o adulto na Dessa forma, conforme afirma Augusto (2011), o papel do
etapa da Educação Infantil, temos um exemplo de que a adulto é essencial na mediação dos discursos infantis, então
criança já aponta diferenciações de papeis colocando-se no ao conversar o professor encontra ali um sujeito com
lugar do outro. Oliveira, Mello e Vitória (2011, p. 48), características próprias de pensamento o professor faz-se
afirmam que “seu pensamento se torna mais complexo à entender e as crianças pensam o mundo com os seus
medida que ela interage com seu meio, ampliando seus recursos com o que lhes são próprios.
recursos de linguagem e de coordenação de suas ações com
as de seus parceiros.”. Na concepção sociointeracionista “a interação que o
indivíduo estabelece com o meio, em especial com outros
A criança vai construindo significados atribuído a uma indivíduos em situações sócio determinadas é essencial para
situação sendo assim registrado, e ela vai adquirindo a formação do pensamento e da personalidade.”
experiências gradativamente, por exemplo, um cheiro está (OLIVEIRA, MELLO E VITÓRIA, 2011, p. 45).
relacionado à comida, ou quando a professora se direciona a
criança com a mamadeira ela coloca-se de pé no berço. Quando somos questionados sobre algo temos a necessidade
de pensar a respeito, fazemos isso através de um “diálogo
Após várias experiências em diversas situações, de interação interior”, mentalmente questionamo-nos sobre o assunto. É
com outras pessoas as crianças vão tornando-se capazes de um processo que depende de um tipo de fala, a fala interna,
distanciar-se da realidade e criar símbolos para substituir originada de um pensamento, o pensamento discursivo,
outras realidades, por exemplo, utilizar uma boneca como se podendo ser notado em várias situações, por exemplo: no
fosse um bebê. “Tais aquisições possibilitam a criança novas planejamento de uma ação, quando analisamos um conceito
formas de trabalhar com símbolos, até que pode usar signos etc.
para representar o objeto ou a situação.” (OLIVEIRA,
MELLO e VITÓRIA, 2011, p.49). O diálogo interior é produzido através das oportunidades
que o indivíduo tem de dialogar com outras pessoas “que
O processo de construção de símbolo está intrinsicamente tentam coordenar suas ideias, argumentos e significações”
associado à aquisição da linguagem e o jogo de (OLIVEIRA, MELLO E VITÓRIA, 2011, p. 45). Dessa

429
forma, se o indivíduo não tiver oportunidade de dialogar ele problemas práticos em seu ambiente, com o auxílio de
não estará preparado para pensar. algum instrumento (por exemplo, ela é capaz de subir em
um banquinho para alcançar um brinquedo que está no alto)
Vigotski(apud OLIVEIRA, 2003)trabalha com duas funções essa ação realizada pela criança não é mediada pela
básicas da linguagem a primeira conhecida como linguagem, Vigotski (1984) denomina esse estágio como
Intercâmbio Social: é através dos sistemas de linguagem pré-linguístico do pensamento.
criados e utilizados pelo homem para comunicarem-se entre
seus semelhantes. Essa função de comunicação pode ser Diante disso, as possibilidades de diálogo que a criança
observada no comportamento dos bebes, que mesmo não encontra em seu meio e do significado que o adulto atribui
falando convencionalmente e nem compreendendo o aos seus gestos e expressões elas aprendem a utilizar a
significado das palavras se expressam através de gestos e linguagem como meio de comunicação e instrumento de
sons suas necessidades e desejos. pensamento. Nesse momento, o pensamento e a linguagem
interligam-se, o pensamento passa a ser verbal e a fala
De acordo com Oliveira (2003), para que ocorra racional.
comunicação entre os indivíduos é necessário à utilização de
signos para traduzir pensamentos, ideias e vontades de Vigotski (1984) afirma que há dois níveis de
forma precisa. A palavra cachorro, por exemplo, tem um desenvolvimento, sendo eles zona de desenvolvimento real e
significado preciso, compartilhado pelos usuários da língua zona de desenvolvimento potencial. Zona de
portuguesa. Independente dos cachorros concretos que um desenvolvimento real é determinada pelas ações das crianças
indivíduo conheça, ou do medo de cachorro que alguém sem a ajuda do outro, já a zona de desenvolvimento
possa ter, a palavra cachorro denomina um certo conjunto de potencial constitui-se por ações que a criança realiza com a
elementos do mundo real. (OLIVEIRA, 2003, p. 43) ajuda do outro, e que depois poderá realizar sozinha.

É a partir desse fenômeno que ocorre a segunda função de Partindo desse pressuposto, observamos que a aquisição da
linguagem: pensamento generalizante essa função torna a linguagem oral é um processo de apropriação que se dá
linguagem um instrumento de pensamento é através da através da aproximação com a fala do outro, seja ela da mãe,
linguagem que ocorre a mediação entre o sujeito e o objeto do pai, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na
do conhecimento. televisão e no rádio, é a partir dessa interação que as
crianças começam a falar ampliando assim seu vocabulário.
Rego (2003), afirma que a relação entre o pensamento e a Segundo Brasil (1998), essa ampliação da capacidade de
fala passa por várias mudanças ao longo da vida do comunicação oral acontece gradativamente, por um processo
indivíduo, mesmo sendo distintos o pensamento e a fala de idas e vindas e as crianças tem ritmos próprios na
encontram-se originando um “pensamento psicológico mais conquista da capacidade linguística e acontece em tempos
sofisticado”. diferentes de uma criança para a outra.

A aquisição da linguagem é um fator marcante no Vigotski (1984, p.103) pondera que “ao longo da evolução
desenvolvimento do homem, a linguagem, capacidade do pensamento e da fala tem início uma conexão entre
tipicamente humana faz com que as crianças se utilizem de ambos, que depois se modifica e se desenvolve”, partindo
instrumentos que as auxiliam na resolução de situações dessa perspectiva podemos observar que na complexidade
difíceis planejando soluções para seus problemas, as do desenvolvimento da linguagem oral cabe ao professor
palavras e signos são para elas um meio de contato social proporcionar ao aluno um ambiente propício a fim de
com outras pessoas (VIGOTSKI, 1984). estimula-lo para que ele possa se expressar em suas diversas
modalidades.
Conforme pondera Rego (2003, p. 64), “tanto nas crianças
como nos adultos, a função primordial da fala é o contato Para Oliveira et. al. (2011) a representação da criança em
social, a comunicação, isto quer dizer que o situações imaginária permite que ela dirija seu
desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela comportamento não apenas pela percepção imediata dos
necessidade de comunicação”. objetos mais também pelo significado da situação, regras e
papéis representados.
O choro, o balbucio, são formas de expressões manifestadas
pelos bebês em seus primeiros meses de vida, apesar de não Mesmo as crianças não nomeando os objetos utilizados em
indicar significado específico podem ser sinal de suas ações, podemos perceber e identificar a partir do
desconforto ou prazer, essas expressões também são uma significado que ela atribui à situação. Pode-se observar que a
forma do bebê estabelecer contato com as pessoas de seu criança planeja ações afastando-se do presente, mas sua fala
meio. Vigotski (1984), chama essa fase de estágio pré- não diferencia atos de objetos. Também podemos observar a
intelectual do desenvolvimento da fala. “diferenciação linguística indicativa da ocorrência de um
processo mais elaborado de pensamento, quando uma
As crianças antes de começarem a falar demonstram uma criança planeja uma ação, explica-a ao outro, procura um
inteligência prática que é a capacidade de resolução de objeto ou confirma hipóteses sobre seu uso” (OLIVEIRA et.

430
al. 2011, p.51). fala que eles irão aperfeiçoando-se e descobrindo a função
social que ela possui.
A criança vai construindo conhecimento a partir da relação
estabelecida com o mundo, envolvendo aspectos da Por falta de técnicas e objetivos o trabalho com a oralidade
realidade, interagindo com outras pessoas e assim torna-se rotineiro na sala de aula, sem finalidade e conteúdo.
modificando sua forma de agir, pensar e sentir. Em segundo O professor tem que criar um ambiente tranquilo a fim de
lugar, vamos tratar o desenvolvimento da oralidade na estimular os alunos levando-os a comunicar suas ideias.
perspectiva Piagetiana. Nesse sentido, a oralidade é Espontaneamente as crianças utilizam de suas relações
imprescindível na vida do ser humano, é uma habilidade interpessoais fazendo uso das palavras em várias
construída socialmente é ensaiada pelas crianças desde os circunstancias percebendo com maior facilidade a função
primeiros momentos de suas vidas. No primeiro ano a social da linguagem desenvolvendo diferentes habilidades,
comunicação ocorre a partir de troca de experiências construindo hábitos de relacionar-se socialmente e vencendo
interpessoais com a família e professores. a timidez.

Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 125), “a construção Em um ambiente propício as crianças terão a possibilidade
da linguagem oral implica, portanto, na verbalização e na de discutir, falar, manifestar-se livremente. Um dos
negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas que principais objetivos de se trabalhar a oralidade é desenvolver
buscam comunicar-se.”. As crianças desde muito cedo nas crianças as capacidades linguísticas, falando e
utilizam principalmente a oralidade para comunicar-se escutando.
mesmo antes de falarem fluentemente, para diversos meios:
perguntar, pedir, solicitar objetos, etc., mesmo não sabendo É importante entender a diversidade de possibilidades a
falar entendem os adultos conversando com elas. serem trabalhadas com as crianças, no desenvolvimento oral
delas, compreendendo como elas aprendem a se comunicar.
Podemos considerar que a fala se dá a partir da interação
estabelecida pelas crianças desde que nascem, as situações O trabalho com a oralidade em sala de aula é de extrema
cotidianas em que os adultos falam com ou perto delas importância, a fala é essencial em nossa vida e devemos
fazem com que as mesmas conheçam e apropriem-se do considerar que o desenvolvimento oral se dá a partir das
mundo discursivo e dos contextos em que a linguagem oral é vivências envolvendo o uso das práticas linguísticas, os
produzida. professores de educação infantil devem planejar e em suas
ações pedagógicas conter atividades cotidianas envolvendo a
Nesse sentido o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 49), indica que fala, e a reflexão sobre a língua.
“a capacidade de uso da língua oral que as crianças possuem
ao ingressar na escola foi adquirida no espaço privado: Dessa forma, por meio da expressão oral as crianças
contextos comunicativos, informais, coloquiais, familiares”. ampliam seus universos de comunicação, expressando
Nessa perspectiva a escola em suas práticas deve ensinar aos opiniões e ideias, sentimentos e emoções, argumentam,
alunos o significado e a importância da fala, os professores comunicando-se com maior facilidade. Partindo do exposto
devem apresentar as crianças várias formas de se a oralidade é uma habilidade imprescindível para o convívio
comunicarem, conversando com elas e levando-as a se social em diversas práticas, o professor deve considerar a
expressarem. oralidade como fator essencial fazendo com que os alunos se
tornem sujeitos falantes, participantes da sociedade.
É importante que os adultos ao falarem com as crianças
tenham cuidado com a própria fala pois são para elas Para Craidy e Kaercher (2001), observamos a curiosidade
modelo de falantes, falar de forma clara sem imitar o jeito que os pais e os adultos têm sobre o que fazer com as
que elas falam, sem infantilizações. As diversas crianças ou o que realizar junto com elas quando elas ainda
possibilidades e situações comunicativas e expressivas irá não sabem falar, é como se a fala fosse a única forma de
desenvolver as capacidades linguísticas das crianças. interação entre o adulto e a criança.

Esta ampliação do repertório linguístico da criança poderá Os pais questionam frequentemente sobre o
acontecer de situações como dar recados, pedir informações, desenvolvimento da fala de seus filhos: “Quando é que ela
buscar algum material o professor oportuniza ao aluno fazer vai começar a falar?”, “Posso contar histórias pra ele mesmo
o uso contextualizado da linguagem, com significado e de ele não sabendo falar?”, “Mesmo ele não falando entende o
formas comuns iniciando as conversações. O professor deve que eu falo?”. São perguntas que trazem uma equivocada
possibilitar a todos os alunos a participação em momentos hipótese de que a fala se dará naturalmente.
de fala incentivando-os a falar. A participação das crianças
nestas atividades envolvendo a oralidade possibilitará o O desenvolvimento oral das crianças ao contrário de que
desenvolvimento de competências como, ler e escrever. muitos pensam não ocorre naturalmente, mas sim na relação
que ela estabelece com o adulto e também com outras
A escola deve expor os alunos a uma diversidade de usos da crianças (CRAIDY e KAERCHER, 2001)
fala, estimulando-os a falar pois é através do exercício da

431
De acordo com o que discorremos vimos que é essencial roda de histórias para a expressão das narrativas infantis, o
perceber que oralidade é um processo dinâmico que se ato de contar histórias sempre existiu, veio de várias
desenvolve a partir de situações que sejam altamente gerações passadas, serviam para educar as crianças explicar
significativas para as crianças (AUGUSTO, 2011). os mistérios da natureza. No Brasil o hábito de contar
histórias veio da tradição dos povos indígenas e também dos
É importante que o professor valorize essa prática, negros através de lendas e mitos.
dedicando-se ao desenvolvimento desse processo a partir de
atividades que possam ser organizadas e trabalhadas As narrativas que os professores contam, são a base para a
diariamente. Craidy e Kaercher (2001), ponderam que construção das histórias das crianças essa construção se dá
atualmente as crianças passam horas na frente da televisão, pela interação com o mundo representado pelo adulto e pelo
esta que ocupa muitas vezes o lugar e a companhia dos pais. uso da linguagem.
Observamos que as crianças ficam aos cuidados das avós ou
de outras pessoas para os pais irem trabalhar e no final do A leitura e contação de histórias também é uma
dia quando voltam para casa à mãe encaminha as atividades possibilidade que beneficia a criança fazendo com que ela
domesticas sem tempo para um diálogo com as crianças não pronuncie melhor as palavras e se comunique melhor de
contando-lhes uma história e os carinhos acabam sendo forma geral.
excluídos. E é aí que a televisão entra em cena, enquanto a
mãe cuida dos afazeres do lar as crianças assistem tevê, após O reconto de histórias as crianças podem ouvir e recontar
o jantar estão todos cansados e os carinhos e diálogos histórias, produzindo-as enriquecendo sua linguagem,
resumem-se a poucas palavras como “boa noite”. estimulando sua imaginação. A estratégia de reconto de
histórias além de estimular o gosto pela oralidade também
Na educação infantil deve ser explorado com as crianças o poderá ser de grande valia para a avaliação do
processo de ler e escrever sem o compromisso de alfabetizá- desenvolvimento linguístico da criança.
los até o final deste período. A prática dos professores nas
instituições deve conter conhecimento e experiências dos Com o apoio de livros, fantoches ou caixa de histórias, o
estudos sobre as teorias do ler e escrever integrando-os a professor pode iniciar uma história e compartilha-la com a
esse universo lendo e escrevendo juntos, professor e aluno. criança, propondo perguntas que lhes sirvam de roteiro para
contar um trecho a mais, completando assim à narrativa do
Craidy e Kaercher (2001), afirmam que a criança deve professor. Além da roda de histórias o momento do faz de
entender a função social da leitura e da escrita, o porquê contas são importantes contextos para a construção das
aprender, qual a função da leitura e da escrita na vida das narrativas, sendo mais um dos motivos pelos quais os
pessoas, a criança tem que ter clareza “qual o sentido e o professores precisam alimentar as brincadeiras das crianças
valor de saber ler e escrever na sociedade em que vivemos, é propondo diversas possibilidades.
preciso, em relação às crianças, discutir o valor dessa
linguagem tanto na vida delas- presente, imediata e A roda de conversa deve ser uma atividade permanente e
cotidiana-, quanto os motivos pelos quais ela existe neste diária, é um momento de interação e diálogo entre os alunos,
planeta.” (p. 142). o professor age mediando as conversas propondo situações
para que as crianças possam se expressar com essa atividade
Brincar com textos orais, também, é um recurso importante o professor consegue dispor situações de trabalho com a
para a oralidade da criança. Segundo Augusto (2011), a oralidade. Com a roda de conversa “as crianças podem
língua oferece experiência para as crianças, pois brincar com ampliar suas capacidades comunicativas, como a fluência
as palavras é função exercida pelos falantes. “Brincar com para falar, perguntar, expor suas ideias, dúvidas e
palavras é motivo de diversão para as crianças, não é por descobertas” (BRASIL, 1998, p. 138), ampliando assim seu
acaso que as crianças, na educação infantil, entram em vocabulário e valorizando atividades em grupo como forma
contato com esse verdadeiro acervo popular.” (AUGUSTO, de aprendizagem.
2011, p. 56).
Outra sugestão para trabalhar a oralidade com as crianças é a
dramatização que segundo Craidy e Kaercher (2001, p. 78),
Repetir parlendas brincar com cantigas de rodas, trava- “é representar, ao vivo, narrações ou ações. Personagens,
língua e adivinhas é um exemplo do uso que as crianças enredo, tema, ação e diálogos são elementos considerados
fazem desse imenso repertorio oral. Trabalhar textos orais é básicos na dramatização”. A dramatização designa diversas
extremamente importante, pois a criança terá uma bagagem formas de atividades como: teatro infantil, brinquedos
desse conhecimento que ela levará por toda a educação dramatizados, fantoches, teatrinho de sombras, etc. As
infantil. O professor ao trabalhar com essa temática não terá crianças são orientadas a expressarem-se, assim ganham
dificuldades, pois a tradição oral brasileira tem um vasto bons padrões de linguagem, pronunciando-a corretamente.
repertório de textos orais e brincadeiras cantadas.
Outra possibilidade de desenvolvimento da linguagem oral é
A produção de narrativas é outra possibilidade para o o trabalho com a poesia que é essencialmente um texto para
desenvolvimento da oralidade. Para isso pode-se utilizar da ser oralizado trazendo para as crianças significado. Ao ouvir

432
belas poesias as crianças manifestam de forma espontânea as •Na medida do possível, realizar uma correção menos
emoções e sentimentos. O professor deve selecionar as punitiva e que valorize aquilo que é feito pelos alunos.
poesias a serem trabalhadas com as crianças para fácil
compreensão, através da poesia as crianças aprendem as No Brasil a profissão é regularizada pela Lei de Diretrizes e
palavras, seus significados enriquecendo o vocabulário. Bases da Educação (LBD). Entre as atribuições para o
professor definidas pela lei estão:
A música também é de grande importância nesse processo,
pois além do professor estar estimulando a sensibilidades, a • Elaborar a proposta pedagógica;
entonação, o ritmo ele também trabalha o texto oral, a • Elaborar o plano de trabalho (planejamento);
pronuncia de palavras, o vocabulário. A estratégia de • Zelar pela aprendizagem dos alunos: além de
utilizar-se a música nesse processo de desenvolvimento da ensinar é necessário cuidar para que todos os
linguagem favorece o trabalho desenvolvido pelo professor. alunos aprendam realmente;
A criança tem que ter contato com a música explorando-a, e • Elaborar estratégias de recuperação para aqueles
através da mesma aproximando-se do universo da oralidade alunos que não obtiveram notas satisfatórias;
de maneira lúdica e divertida. • Ministrar os dias letivos de horas-aula;
• Colaborar com atividades entre a escola e a
O professor deve observar a letra, o ritmo a melodia para comunidade escolar: além de envolver os pais no
que seja de fácil entendimento das crianças com a música, processo de ensino dos filhos, a comunidade deve
podem ser trabalhados também o vocabulário, a pronuncia ser convidada a participar da realidade escolar.
correta das palavras, os textos orais, entre diversas outras
possibilidades. 6.42 Decroly, Maria Montessouri, Freinet, Rosseau,
Vygotsky, Piaget, Paulo Freire
Chaer e Guimarães (2012), afirmam que o professor deve
observar o desenvolvimento oral das crianças, avaliando-as Decroly
a fim de detectar progressos e avanços. É importante que o Nasceu em 1871, em Renaix, na Bélgica, seu pai era
professor identifique também as dificuldades planejando industrial e sua mãe foi professora de música. Estudou na
atividades que possa ajudar esses alunos a expressarem-se Universidade de Gand. Iniciou sua vida acadêmica no curso
cada vez melhor, corrigindo a forma de como pronunciam as de Ciências biológicas, manifestando grande interesse pelas
palavras. Cabe ao professor substituir esses maus hábitos investigações laboratoriais e posteriormente formou-se em
por formas convencionais a serem faladas. Medicina em 1896.
Foi médico neuropsiquiatra, psicólogo e professor da cidade
6.41 Papel do professor de Bruxelas
Os professores exercem diversas funções no processo Embora indisciplinado na infância por não concordar com o
educativo. O professor desempenha uma série de tarefas no autoritarismo em sala de aula e por vezes se comportar de
meio escolar de extrema importância, esse profissional deve forma rebelde, se tornou um pioneiro no ensino onde não
ter diversos tipos de atividades em desenvolvimento para há autoritarismo e a pressão da religião. Tinha como ideia
atingir um índice cada vez maior de aprendizado. globalizar e romper com a rigidez dos métodos escolares.
Visualizava uma escola centrada no aluno e não no
Dentre os muitos papéis executado pelo professor, os professor. Seu fundamento era que o aluno podia conduzir o
principais são: próprio aprendizado e aprender a aprender, tendo como
objetivo educar as crianças para a vida através da vida,
• Despertar nos alunos o interesse e vontade de buscar seus segundo Decroly o propósito fundamental da educação era
objetivos com seus próprios esforços, o professor deve ser aprender a viver com sucesso.
um mero orientador do processo. Para Decroly a criança necessita de :
• Compreender a si mesma, suas necessidades,
• Elaborar atividades que valorizam o potencial de cada
desejos e sonhos.
aluno e que sejam planejadas e ofereça desafios aos alunos.
• Conhecer seus órgãos e quais são as suas funções.
• Identificar suas necessidades e ter autonomia para
• Instituir pesquisas que force os alunos a realizar estudos
executá-las.
argumentativos e que haja inter-relação entre os temas do
passado e do presente. Quando a pesquisa é feita pela • Conhecer seus hábitos e como eles a defendem e a
internet o professor deve ficar atento e orientar os alunos ajudam.
para que não aconteça simplesmente cópia. • Conhecer seus membros, suas habilidades motoras
e quais são suas funções.
• Sempre que possível dialogar com os pais e propor • Compreender seus sentidos.
algumas recomendações acerca de como agir com os filhos • Entender porque sente fome, sede e frio.
em casa para que esse tenha um rendimento escolar
satisfatório. Além do autoconhecimento, conhecer a natureza que a
cerca, o ser humano, suas necessidades e como administrar

433
suas necessidades. Educação e por outras subáreas da psicologia necessárias
para o desenvolvimento das atividades (ANTUNES 2007,
Decroly construiu a ideia dos centros de “interesses”. Os apud BARBOSA, 2012 p. 163 – 173).
centros de interesses é uma metodologia de ensino onde se
enfatiza as condições sociais, psicológicas e fisiológicas do O autor nos diz ainda que a Psicologia Educacional e a
desenvolvimento infantil, para ele existem seis centros de Psicologia da Escolar estão intimamente relacionadas, mas
interesses, os quais devem ser decididos de acordo com as não são iguais, não podendo reduzir-se uma à outra, pois
necessidades da criança e da sua integridade. Toda sua vida cada uma possui sua autonomia. A primeira é a área do
escolar deve ser voltada para os centros: conhecimento que tem como objetivo compreender os
fenômenos psicológicos envolvidos no processo educativo.
• A criança e a família. A outra é considerada um campo de atuação profissional,
• A criança e a escola. sendo possível realização de intervenções no espaço escolar
• A criança e o mundo animal. ou a ele relacionado.
• A criança e o mundo vegetal.
• A criança e o mundo geográfico. Segundo Santrock (2010, p. 2) “a psicologia é o estudo
• A criança e o universo. científico do comportamento e dos processos mentais. A
Cada centro de interesse segue três etapas de aprendizagem: Psicologia Educacional é o ramo da psicologia dedicado à
observação direta das coisas, associação das coisas compreensão do ensino e da aprendizagem no ambiente
observadas e a forma da criança se expressar os seus educacional”. Temos então uma área muito abrangente que
pensamentos por meio da linguagem, do desenho, das quando descrita em seus mínimos detalhes pode nos render
figuras e suas atividades manuais. um livro com milhares de páginas.

Decroly, é um representante da tendência liberal Mesmo com esta íntima relação entre psicologia e
Renovada Progressiva, onde o papel da escola é de educação Bock (2003, p. 78) afirma que nem sempre foi
adequar as necessidades individuais ao meio social, os assim:
conteúdos devem ser estabelecidos a partir das experiências
vividas pelos alunos frene às situações problemas. o Enquanto a concepção dominante, na educação ocidental,
método deve se dá por meio de experiências e pesquisas de foi a chamada Escola Tradicional, não houve necessidade de
soluções de problemas. A relação do professor com o uma Psicologia para acompanhar a prática educativa. A
aluno ocorre dentro da visão onde o professor é auxiliador Psicologia só se tornou necessária quando o Movimento da
no desenvolvimento livre da criança, e a aprendizagem é Escola Nova revolucionou a educação e construiu demandas
baseada na motivação e na estimulação de problemas. específicas para a psicologia do desenvolvimento e da
aprendizagem.
22.7 Psicologia da educação
A autora explica que a Educação Tradicional compreende
De acordo com Antunes (2007 apud BARBOSA 2012 p. experiências e concepções pedagógicas que a caracterizam e
163 – 173) a Psicologia Educacional pode ser descrita como de certa forma orientaram a educação desde o século XVIII
uma subárea da psicologia que é considerada uma área de até o século XX. Processos educativos que tiveram espaço
conhecimento a qual entendemos como corpus sistemático e principalmente nas escolas religiosas.
organizado de saberes científicos, produzidos de acordo com
procedimentos definidos, referentes à determinados Esta concepção tradicional pensou na educação como um
fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes da trabalho de desenraizamento do mal natural do ser humano.
realidade, fundamentado em questões ontológicas, Acreditava-se que o homem nascia dotado de uma natureza
epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. É humana dupla: uma parte era corrompida pelo pecado
importante considerarmos as diversas concepções, original e a outra era considerada essencial,
abordagens e teorias que constituem esta área de consideravelmente boa e construtiva.
conhecimento.
À educação cabia somente desenvolver a parte boa do ser
Assim podemos afirmar que a Psicologia da Educação ou humano, impedindo que a parte corrompida se manifestasse
Psicologia Educacional é uma subárea de conhecimento, que nas pessoas, e para isso utilizou-se o instrumento básico do
tem como vocação a produção de saberes relativos aos saber. O conhecimento era visto como único instrumento
fenômenos psicológicos constituinte do processo educativo. capaz de dar ao homem o autocontrole necessário para
aquilo que é ruim no homem fosse controlado.
Diferentemente da Psicologia da Educação/Educacional, a
Psicologia Escolar é definida pelo âmbito profissional com A Pedagogia da Escola tradicional já recebia o aluno como
um campo de ação determinado, ou seja, é a escola e as um ser humano corrompido. Suas ações no ambiente escolar
relações que aí se estabelecem; baseia sua atuação nos de certa forma demonstravam isto: alunos inquietos, ora
fundamentos teóricos adquiridos através da Psicologia da curiosos, ora destrutivos, indisciplinados, se deixados
sozinhos, sem regras e sem vigilância. Perversos, com

434
hábitos inaceitáveis como pegar as coisas dos outros aprendizagem. É importante destacar que antes de Dewey,
indevidamente, masturbar-se, não respeitarem os mais as pessoas acreditavam que as crianças deviam permanecer
velhos e autoridades, não cumprir com as tarefas e sentadas e em silêncio de modo que aprendiam
responsabilidades. passivamente e de uma maneira mecânica, em contraste a
esta crença ele trouxe que as crianças aprendem realizando.
Estes alunos deveriam ser expostos a um modelo de
aperfeiçoamento humano para poderem desenvolver sua O teórico nos traz ainda mais uma contribuição, afirmando
parte da natureza humana essencial. Este modelo era que a educação deve focar a criança em sua totalidade
desenvolvido pelos professores e alguém escolhido para dar enfatizando também a adaptação da criança ao ambiente,
nome à escola e que deveria ser cultuado e seus feitos elas devem ser educadas de modo que possam ser
deveriam ser divulgados aos alunos para que eles estimuladas a pensar e também a se adaptar ao seu ambiente
conhecessem e soubessem sempre que modelo a seguir. Por fora da escola, as crianças devem aprender a serem mais
isso, as escolas públicas sempre levam o nome de alguém autônomas e solucionadoras de problemas de maneira
(geralmente de um homem) considerado aprimorado pela reflexiva. Para Dewey toda criança merece ter uma
cultura (BOCK, 2003). educação de qualidade sem diferenciação de classe, raça ou
sexo, ele lutou para que todas as crianças de uma maneira
Esta escola era regida ainda por outros princípios, conforme geral tivessem uma educação competente.
nos cita Bock (2003): disciplinas e regras rígidas para que os
alunos pudessem ir corrigindo seus desvios. Princípios e Thorndike, outro percursor da Psicologia Educacional
códigos morais eram estabelecidos, impostos, divulgados e enfocou a avaliação e a mediação e promoveu os princípios
repetidos exaustivamente. Deveriam a ser aprendidos a básicos e científicos da aprendizagem. Argumentou que uma
qualquer custo, e para garantir que os resultados fossem das tarefas mais importantes da escola é a de desenvolver as
alcançados, eram contratados vigilantes disciplinares como habilidades de raciocínio das crianças, se diferenciando ao
agentes educacionais da escola. fazer estudos científicos aprofundados e precisos sobre o
ensino e aprendizagem (BEATTY, 1998 apud SANTROCK
Para que a Psicologia? Na verdade, não havia necessidade 2010, p. 3). Promoveu também a ideia de que a Psicologia
alguma de qualquer conhecimento sobre o ser humano e seu Educacional deve ter uma base científica e deve enfocar
desenvolvimento, de modo que já se sabia tudo sobre a principalmente a mediação. (O’DONNEL e LEVIN 2001
natureza corrompida e também já se sabia de seu potencial apud SANTROCK 2010, p.3).
para criar, cooperar, ser honesto, desenvolver relações
estáveis e saudáveis, respeitar a autoridade, ser Discutindo sobre o início da Psicologia da Educação, nos
intelectualmente aprimorado e ser dotado de coerência. deparamos com as diversas transformações que ocorreram
no mundo através dos anos. Segundo Bock (2003, p. 81) “as
O campo da Psicologia Educacional foi criado por grandes grandes guerras trouxeram uma valorização da infância,
estudiosos e pioneiros da Psicologia no final do século IX. tomada como o futuro. A escola também respondeu a estas
Os três principais pioneiros de destaque no início da história novas ideias com a proposta da Pedagogia da Escola Nova,
da Psicologia Educacional são Willian James, John Dewey e que se pôs no avesso às ideias da Escola Tradicional”. A
Edward Lee Thorndike. James lançou um livro intitulado criança passou a ser vista como naturalmente boa. Sua
Principles of Psychology e ministrou diversas palestras natureza humana era dividida em duas: a parte boa, que
através de uma série intitulada Talks to Teacher, em que vinha desde o nascimento e a outra corruptível. A escola
discutia as aplicações da psicologia na educação de crianças, passou a ter a responsabilidade de manter a criança na
argumentando que os experimentos laboratoriais em bondade e na espontaneidade que a caracterizavam.
psicologia muitas vezes não conseguem nos dizer, de
maneira eficiente, como ensinar as crianças. Enfatizou ainda A escola passou a ser espaço de liberdade e comunicação,
a importância de se observar o processo de lugar onde a criança poderia manifestar sua afetividade
ensino/aprendizagem em sala de aula para aprimorar a expressa como carinho ou agressividade; sua criatividade
educação, trazendo como recomendação que os professores expressa como construção ou destruição; sua liberdade
iniciem as aulas em um ponto além do nível de expressa como obediência ou rebeldia. Todas as atitudes
conhecimento e compreensão da criança a fim de infantis foram tomadas de maneira naturais, como boas e
desenvolver a mente delas (SANTROCK, 2010). desejáveis. Mas é importante destacar que a escola se
manteve atenta e vigilante no que diz respeito ao
De acordo com Santrock (2010), John Dewey por sua vez desenvolvimento psíquico da criança.
tornou-se a força motriz da aplicação na prática da
psicologia. Estabeleceu o primeiro e mais importante Os chamados vigilantes disciplinados foram substituídos por
laboratório de Psicologia Educacional nos EUA, mas vigilantes do desenvolvimento pedagogos e psicólogos. As
precisamente na Universidade de Chicago no ano de 1894, regras foram extintas, permaneciam somente aquelas
continuando seu trabalho inovador na Universidade de construídas pela equipe da escola. Nenhuma preocupação
Colúmbia. Muitas ideias importantes partiram deste teórico, com a disciplina, pois na bagunça se visualizava o interesse
nos mostrando que a criança é um ser em constante e ativa pelo saber, pela construção coletiva, pela troca (BOCK

435
2003). Eles vão incentivar e viabilizar, portanto, as iniciativas
impulsionadas pela criatividade natural da criança, pois são
No que se refere à comunicação na Escola Nova esta era elas que geram aprendizagem e autonomia. Nesse processo,
prioridade. O professor foi colocado em uma posição a valorização do tocar, mexer, explorar, montar e pegar na
modesta sem grande influência, afinal era um representante mão é enfatizada, contrapondo a passividade característica
dos adultos, visto sempre como um mundo corrompido. O da linha tradicional de ensino.
professor passou então a ter a função de organizador das
condições de aprendizagem, devendo prover materiais e O professor passa a ser o guia o e incentivador desse
situações que propiciem o aprendizado. As técnicas autoaperfeiçoamento, e não o centro da sala de aula.
pedagógicas se tornaram ativas. Alunos em atividades
constantes, vivendo a satisfação do aprendizado e da O respeito aos processos infantis
descoberta (BOCK 2003). O conhecimento do método e a percepção de si mesmo
como um “adulto preparado” — um dos pilares da
Bock (2003) considera que as escolas já não faziam culto à metodologia montessoriana — levam o professor a
grandes homens e, portanto, mudaram seus nomes reconhecer as crianças enquanto agentes de seu próprio
aproveitando ideias ou símbolos de grupalização, troca, desenvolvimento. Essa forma de enxergar o processo
descobertas, jogos ou termos que fizessem referência à educativo gera empatia, e o resultado é um educador que
infância. A cultura, como saber, continuou a ser instrumento respeita a criança e seu ritmo.
básico de trabalho, mas agora o mais importante era
estimular perguntas e não mais formular respostas que na Aqui, o professor pode não ser a fonte de todo o
verdade não respondiam nenhuma delas, como na Escola conhecimento — ele não leva a criança pela mão até onde se
Tradicional. Curiosidade, interesse, motivação, experiência, acha que ela deve chegar — mas auxilia na trajetória que ela
eram palavras muito importantes no vocabulário da Escola mesma vai delineando à medida que descobre seus
Nova. interesses e vence desafios.

Maria Montessouri De fato, é interessante destacar que, a menos que a criança


diga o contrário, o educador não costuma tocá-la.
O autoconhecimento
Começamos destacando uma tendência percebida por Maria O estabelecimento de limites
Montessori: a criança, por estar em vias de No entanto, atenção: o respeito à criança e a seus processos
desenvolvimento, direciona seus esforços para aperfeiçoar a não significa que o educador ficará apenas assistindo
si mesma, mesmo que de forma inconsciente. Suas enquanto ela faz mau uso dos recursos disponibilizados, ou
interações com o mundo resultam em uma construção desrespeita os colegas. Pelo contrário, é tarefa dele agir
interna. assertivamente nesses casos, deixando bem claro quais são
os limites aceitos.
Com o adulto, esse trabalho é externo. Isso porque ele já
errou, já caiu, já tropeçou e já se descobriu enquanto agente Independência é um conceito frequentemente trabalhado na
do mundo; ele conhece suas habilidades e interesses muito metodologia Montessori, mas é importante que a criança
bem. Os professores montessorianos precisam nutrir essa entenda o que é disciplina para poder empregar a liberdade
consciência dos processos internos e externos para que de forma construtiva.
possam, então, compreender seus alunos e auxiliá-los em
sua trajetória. Espera-se que os pequenos reponham os materiais
multissensoriais em seu devido lugar após utilizá-los, por
Acima de tudo, são pessoas comprometidas com o exemplo. É dever do professor apresentar a todo aluno essa
autoconhecimento! dinâmica e zelar para que ela seja respeitada.

O contato com a metodologia A correção dos erros


Depois de passar por esse processo de autoconhecimento, é Os materiais multissensoriais criados por Maria Montessori
tarefa do professor entender os pilares que sustentam a foram projetados para que a criança chegue sozinha ao erro,
metodologia montessoriana: e o que o corrija. O professor, contudo, está sempre presente
para dar auxílio e incentivar esse caminho de aprendizado e
• a autoeducação; evolução.
• a educação como ciência;
• a educação cósmica; Nem sempre a criança indicará que precisa de ajuda,
• o ambiente preparado; entretanto, e aí entra a capacidade de observação do adulto
• o adulto preparado; preparado. Ele percebe os indícios de que algo não está
• a criança equilibrada. correto e busca a melhor maneira de agir.

Talvez a criança não consiga escolher um material para

436
interagir, então é função do professor ajudá-la nesse educativa”. Por isso, aos poucos, modela a construção do
processo de decisão. De qualquer forma, o erro é visto como projeto político pedagógico”. (OLIVEIRA, 1995, p.143)
um trampolim para a aprendizagem. Assim, um aluno jamais
pode ser tratado de maneira condescendente porque errou. Nascido em 1896, no sul da França em Gars, situado nos
Alpes Marítimos, na Região da Provence, Freinet, passou
O ideal é fornecer as ferramentas adequadas — suporte, sua infância na Provence e estudou na Escola Normal de
direcionamentos, materiais — para que ele entenda o que Nice. Segundo Oliveira (1995), Freinet nasceu e viveu sua
não deu certo e aprenda como consertar. infância em uma região pobre, lugar onde predominava a
cultura agrícola, conviveu entre o “antigo” e o “moderno”
A organização do ambiente com os modos de produção caminhando para o capitalismo,
É também responsabilidade do professor Montessori mas ainda com marcas de produção medieval. Em 1914,
apresentar a criança à sala de aula e a seus recursos, abrindo- com o início da Primeira Guerra Mundial, Freinet
lhe espaço para que ela explore esse novo mundo interrompeu seus estudos, sendo chamado para a guerra; em
livremente. 1916 foi ferido nos pulmões quando estava no front.
Segundo Sampaio (1989), Freinet foi atingido nos pulmões
O professor deve ser um conhecedor da organização durante o combate, porém com esperança buscou seu
montessoriana. objetivo de trabalhar como professor, mesmo com sequelas
do incidente, que permaneceu durante sua carreira.
Dessa forma, ele colabora para que a criança entenda a
organização à sua volta, mostrando como ela deve respeitá- Em 1920, foi nomeado para a Escola de Bar-sur-Loup, onde
la e trabalhar para mantê-la, além de garantir que ele tenha inicia seus “tateamentos” experimentais com os alunos,
acesso aos recursos disponibilizados. primeiramente marcado pelo interesse em relação à
Como nas salas de aula montessorianas temos crianças de natureza, a escola se situava na zona rural, onde o público
diferentes idades interagindo, o educador deve estimular um era formado por filhos de camponeses e proletariados da
senso de cooperação e cuidado coletivo com o ambiente. região. De acordo com Oliveira (1995), Freinet foi
influenciado por Rousseau, que preconizava um retorno à
O professor na escola Montessori natureza; contudo, com responsabilidades de transformação
Você já deve ter percebido que no método Montessori, a social.
criança é o foco do processo de aprendizagem. É a partir de
seu contato com os estímulos visuais, olfativos, auditivos e Segundo Rousseau (2004), “Emilio não será por muito
principalmente palpáveis que o fenômeno da educação tempo empregado sem sentir ele próprio a desigualdade das
acontece. Aqui, o trabalho manual é sempre incentivado. condições.” Essa frase do livro revela a visão do autor
quanto as contradições da sociedade, as injustiças, enfim
Assim, o professor é um facilitador da evolução individual e Rousseau propõe em sua teoria diversas bases que
coletiva da turma. Para poder fazer isso, suas principais influenciou Freinet , certamente essa crítica da vida em uma
técnicas são a observação e a escrita. O educador se faz sociedade marcada por injustiças e diferenças sociais é das
presente caso perceba que um aluno ou uma situação precisa mais importantes; dentre outras, a valorização da cultura da
de sua intervenção. Pode parecer simples, mas essa prática infância, a educação da criança no convívio com a natureza,
exige treinamento intelectual, prático e emocional. valorizando as liberdade individuais, resguardado as
crianças ao máximo das coerções sociais, não negando os
O educador em sala de aula dedica-se a uma única tarefa: ganhos da civilização, mas sugerindo caminhos e formas de
acompanhar o aluno e providenciar os instrumentos de que propor um reencontro da espécie humana com o primordial.
ele necessita para evoluir. É interessante notar, portanto, que
a relação entre educador e aluno é sempre uma relação Uma das primeiras técnicas que implantou em sua sala de
de colaboração. aula é a Aula Passeio, conhecida também como aula das
Descobertas que, ao favorecer o contato com a natureza,
Essas foram nossas explicações sobre a natureza do papel do oportunizava o conhecimento do entorno, bem como a
professor na escola Montessori. Ele observa e percebe o que experimentação com o meio.
é necessário ao aprendizado em cada caso específico, agindo
a partir daí. Em 1924 participou, em Montreux, na Suíça, do Congresso
da Liga Internacional para a Educação Nova. Entrou em
Freinet contato com as metodologias propostas e trouxe para sua
Celestin Freinet trabalhou como professor no início do obra, como docente, muito do que aprendeu com os
século passado no sul da França, sua vida e obra se pioneiros do Movimento Escolanovista, com ressalvas.
entrelaçam de maneira profunda de acordo com suas
filosofias e desejos. O materialismo escolar constitui, Nesse mesmo ano ainda, 1924, Freinet, realizou a primeira
verdadeiramente, a pedra angular da obra de Freinet. É nele, correspondência dos seus alunos com os alunos de uma
e concretamente, através da elaboração de “ferramentas” e escola da Bretagne, no Norte da França. Experiência que
“técnicas de trabalho que se corporifica sua proposta marcou sua pedagogia baseava-se em que cada criança inicia

437
a correspondência com um colega bretão, com o intuito de Trabalho em Equipes; de Decroly, a concepção de Centros
ampliar a visão em relação a um fenômeno, acontecendo um de Interesse; de Profit, apreende a concepção de cooperativa
rompimento do isolamento social e comunicativo, que se escolar; de Ferrière, a noção de escola ativa. Certamente, se
amplia para além das cartas, contemplando a troca de faz notória em sua obra que essas práticas educativas foram
elementos da cultura. A correspondência pode e deve ser transformadas em “subversivas”, no sentido de trabalhar
também um instrumento de conscientização e de com as crianças formas de cultivar o pensamento crítico, e
organização da visão de mundo dessas crianças. inseridas em uma realidade especifica; portanto, nesse
(OLIVEIRA, 1995). sentido, se distancia da filosofia da Escola Nova
(OLIVEIRA,1995).
Vejamos o que diz Freinet sobre uma das experiências que
viveu com sua turma de alunos (Freinet,1977, p. 23). Freinet percebe então que há uma educação nova
Começamos, a partir daí, a viver a vida dos nossos colegas relativamente fácil de ser implantada nas escolas que
de Tregunc. Nós os acompanhávamos pelo pensamento nas possuem material educativo e instalações escolares capazes
caças à tropeira ou nas pescas milagrosas. O mar tinha de possibilitar a atividade da criança e a individualização do
chegado até nós e tremíamos de medo com os nossos amigos ensino. Mas na escola de Bar-sur-Loup, o problema é bem
nos dias de tempestades. Quanto a nós contávamos a eles a diferente. A lembrança da sua salinha de aula, nua e
colheita da flor de laranjeira e das azeitonas, as festas do empoeirada, vem-lhe a memória e aperta-lhe o coração. Ele
Carnaval e a fabricação dos perfumes. A nossa Provença toma ainda mais consciência da dependência estreita que
inteirinha ia-se assim para Tregunc. (FREINET, 1977). une a escola e o meio, do quanto a sociedade condiciona a
escola e ao ensino. Não há pedagogia sem que sejam
Em 1926, Freinet utiliza a imprensa na escola, o que foi a preenchidas as condições econômicas favoráveis que
grande revolução didático-metodológica de seu legado, pois permitem a experimentação e a pesquisa. Não há educação
essa ferramenta possibilitou a ruptura de uma educação ideal, só há educação de classes (apud. FREINET, Elise
instrutiva, baseada no livro didático, que continha um 1981, p. 26)
conteúdo alijado a vida da comunidade onde a escola estava
inserida, possibilitando à criança imprimir seu pensamento Essa afirmação de Élise revela o quanto o contexto acima
em forma de texto, oportunizando o processo de pensar, citado das influências que Freinet recebeu de grandes
construir de fato e materialmente seu texto, utilizando os pensadores das áreas da Filosofia, Psicologia e Pedagogia, o
tipos (letrinhas móveis de tipografia), cada palavra, cada quanto é significativa nossa formação no percurso da vida,
frase com pontuações, acentuações, parágrafos, tecendo a sob a influência de uma gama de pessoas, livros, situações
história em páginas que iam se transformando em livretos que da vida cotidiana, na busca da construção da identidade
com capa, título e autor e, depois, de forma incrivelmente profissional que se constrói coletivamente. De acordo com
possível imprimir seu texto na prensa. Em continuidade a Freinet (1974), esse processo é libertador, uma construção
autoria e a promoção do protagonismo, esse texto seria não alienada. Faz uma crítica a escola que não prepara para
publicado, fruído em rodas de conversa, distribuído entre as a vida, tão pouco projeta o futuro, e não se alinha com seu
famílias e finalmente faria parte da biblioteca escolar da presente. Constata que a Escola alienada, que ficou no
classe. passado que já não constrói nada, vivendo de saudosismos e
alijada das transformações das condições de vida da
O trabalho com a produção de textos livres foi a gênese da sociedade. Revela sua realidade histórica em que a educação
concepção do materialismo escolar, retratado nas opções tem uma visão já utilitarista da cultura colocando toda a
metodológicas que valorizavam as condições e meios didática no aprendizado formal, tendo como base a cultura
materiais na concretização do projeto pedagógico. A relação da escrita desconectada com a vida e que, já desde os anos
direta do homem com o mundo físico e social, segundo 40 no século passado, valendo até os dias atuais, dita
Freinet (1975) é feita pelo trabalho (atividade coletiva) que escolhas curriculares, desprezando formação humanística,
dá sentido e significado à ação; portanto, considerado ponto filosófica, com vistas a responder uma exigência do
importante dessa pedagogia, que visa favorecer mercado e do capital.
transformação do contexto social a partir da Educação.
Obviamente alinhado com o pensamento materialista
Freinet toma como base para suas técnicas e propostas o marxista que pressupõe a concepção significativa do
trabalho que realiza o homem, tanto social como trabalho, apresentado por Karl Marx “O processo de
produtivamente, ou seja, o homem como produtor de coisas trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e
úteis, para o indivíduo e para a sociedade. Nesse sentido, diz abstratos, é atividade orientada a um fim para produzir
que o trabalho é uma necessidade que o homem tem desde a valores de uso, apropriação do natural para satisfazer a
mais tenra idade. Por meio de atelier para produção de necessidades humanas [...].” (MARX,1985, p.153). Freinet
coisas úteis desenvolver-se o hábito de participar, observar, publica o primeiro livro, A Imprensa na Escola, em janeiro
fazer, criar, relatar, imaginar, ir a busca de algo, concluir e de 1927. Em abril desse mesmo ano publica o primeiro
gostar do que faz. número da Revista La Gerbe (O Ramalhete), com textos,
poemas e desenhos autênticos das crianças, alunos de
Completamente sob a influência de Cousinet, adotou o Freinet e de seus correspondentes. A Técnica do Texto

438
Livre, na época foi trabalhada em algumas escolas de encontros de professores para trocarem conhecimentos e
aplicação como nos revela Elise Freinet. Aos poucos criarem formas de ensinar com ferramentas que
eminentes pedagogos se interessaram pela experiência. Foi incentivavam nas crianças a necessidade de produzirem,
assim que Adolphe Ferrière, o mestre da Escola Nova, criarem em um ciclo virtuoso. Vejamos o que pensa Freinet
inscreveu “ A casa dos Pequeninos”, do Instituto Jean sobre a Cooperativa e seus objetivos: “Não nos demos como
Jacques Rosseau, em Genebra, numa equipe de objetivo mudar a mentalidade dos educadores: é o meio e a
correspondência interescolar. Dois colégios de aplicação de técnica escolares que queremos modificar, pois sabemos que
Escolas Normais aderiram por sua vez ao Movimento, que esta evolução material será o elemento decisivo da evolução
se toma o nome de Material Impresso na Escola.(FREINET, nova, da educação popular”. (FREINET,1932, p. 68).
E. 1981, p. 23)
O movimento educativo que estava se desenvolvendo
A Imprensa na escola promove a possibilidade de as questionava a opressão que impunha uma única leitura a
crianças produzirem seus próprios textos; outra importante todos, textos que não condiziam com a vida das pessoas
técnica Freinet é a Correspondência Escolar que, segundo daquela escola, não contavam suas histórias, que, tampouco,
Élise Freinet (1981), é uma metodologia que permite a eram construídas por seus atores. Não havia pertencimento,
expansão do universo infantil é motivador e agregador do essa pedagogia ressignifica a escola de maneira que as
trabalho realizado, contribui para o letramento e o crianças produzem seus textos, manualmente os imprimem,
conhecimento de mundo. leem-nos e depois divulgam em suas casas ou na biblioteca
da classe. O texto e a leitura são a concretude do
Segundo Freinet (1975), em 1925, participou da delegação pensamento que, para se fazer real e útil, foi matéria prima
que vai visitar as escolas russas, onde entra em contato com do trabalho.
a Pedagogia pelo Trabalho de Pistrak, que questiona a
neutralidade, há então um incômodo de posicionar-se diante Foi na época muito divulgada a ideia “Abaixo os manuais
das mazelas do mundo, colocando-se como educador escolares”, em palestras em congressos e encontros de
comprometido com uma didática diferenciada. professores, fator este que lhe custou perseguições políticas,
não o impedindo de publicar um livro com esse título. Esta é
Segundo Sampaio (1989), Freinet continua sua busca por uma premissa da Pedagogia Freinet presente em toda gama
boas práticas educativas em diversos lugares, cita a de práticas educativas: aproximar as crianças da vida e do
Alemanha, em que visita escolas em Hamburgo, no pós contexto social. Como será uma aula onde os alunos não
guerra, onde a filosofia anarquista vigorava, integral, com farão, todos ao mesmo tempo, o mesmo dever, onde não
réguas construídas pelo coletivo, porém havia o cruzarão todos os braços ouvindo indolentemente recitar a
questionamento e a comparação com sua escola na zona lição do dia? Podemos afirmar que se fossemos capazes de
rural com as especificidades locais. dar aos nossos alunos a possibilidade de trabalhar segundo
as suas necessidades e seus gostos poderíamos ter de intervir
Toda essa experiência marca a Pedagogia de Freinet, para organizar o trabalho e a atividade da nossa comunidade,
determinando mais à frente os instrumentais e as técnicas mas todos os problemas ordinários da disciplina escolar não
por ele desenvolvidas. Em 1927, foi realizado o Primeiro teriam mais razão de ser. (FREINET apud BARBOSA,
Congresso do Movimento da Escola Moderna, em Tours, 2006, p.102)
momento em que a experiência de Freinet se expande e
reúne 50 escolas com a presença inclusive de escolas Em 1935, inicia uma nova empreitada na cidade de Vence,
estrangeiras. Esse congresso foi um marco do início do constrói com ajuda de companheiros do Movimento de
Movimento Internacional da Escola Moderna, uma educação, sindicalistas, uma escola cooperativa que recebe
pedagogia nova se impõe. Esse movimento impulsiona imigrantes, judeus refugiados e filhos de camponeses da
outras escolas a experimentarem, tatearem no campo da região, onde livremente continuou a desenvolver as técnicas
pedagogia ativa, onde a criança cria, trabalha, produz. pedagógicas emancipatórias. (OLIVEIRA, 1935).
Inicia-se a partir da Imprensa na sala de aula, uma
tecnologia para a Escola Moderna da década de 20 muito Com o advento de um governo popular na época, segundo
potente e revolucionária. Élise (1981), iniciase então a base para pensar uma escola
onde poderia aliar as reivindicações da escola com aos
Nesse tempo, nasce a Cooperativa do Ensino Laico (CEL) sonhos em anseios da luta de classe.
que reúne educadores interessados nas práticas educativas
que já eram consideradas revolucionárias. Na cooperativa A Tecnológica Pedagogia de Célestin Freinet
auto gestada, onde havia a produção de ferramentas para a
concretude dos ideais do Movimento da Escola Moderna Nasce uma pedagogia pelo trabalho, sendo este a produção
que estava nascendo, com uma forma de ver o mundo, humana que dá sentido à existência, que emancipa e traz
intervir nele, a partir de técnicas educativas que colocavam a felicidade. A Livre Expressão princípio freinetiano que
criança no centro da pedagogia, como produtora de coisas baliza as técnicas ou práticas pedagógicas que têm o
úteis, que alteravam a sua realidade interna e externa. Além potencial de promover, a partir da interação, a emancipação
de produzir materiais educativos, a cooperativa promovia das ideias, criatividade, produções autorais e comunicação.

439
A educação primeira é a que mais importa, e essa primeira
Segundo Élise (1979), o elemento central da obra de educação cabe incontestavelmente às mulheres: se o Autor
Célestin Freinet é a livre expressão. Para ele, “a livre da natureza tivesse querido que pertencesse aos homens, ter-
expressão não é invenção do cérebro particularmente lhes-ia dado leite para alimentarem as crianças. Falai,
privilegiado: é a própria manifestação da vida. (...) a vida portanto, às mulheres, de preferência em vossos tratados de
prepara-se pela vida” (FREINET, 1979, p. 25). educação; pois além de terem a possibilidade de para isso
atentar mais de perto que os homens, e de nisso influir cada
Para o autor a comunicação é uma necessidade da criança, e vez mais, o êxito as interessa também muito mais, porquanto
é essa compreensão que justifica a livre expressão como em sua maioria as viúvas se acham quase à mercê de seus
princípio vertebral na estruturação de suas técnicas de filhos e que sente contra o choque das opiniões humanas.
ensino. “Essa comunicação, que se concretiza por meio de (ROUSSEAU, 1995, p. 9-10).
diferentes linguagens, tem na expressão verbal seu elemento
central” (FREINET, 1979). Segundo Rousseau as coisas acontecem corretamente
quando são realizadas pela natureza, mas com a alteração do
Cada uma dessas metodologias/técnicas está enraizada em homem as coisas pioram. Por isso, o homem não pode ficar
intencionalidades, objetivos, que permeiam o campo do abandonado e sem diretrizes. Por tanto ele necessita da
conhecimento, da democracia, da ética, do desenvolvimento família e do Estado para poder se desenvolver plenamente,
humano, linguístico e social. Em um dinamismo que tem com isso, Rousseau procura justificar a importância e
como premissa a participação ativa da criança no processo objetivo da educação, afirmando que “moldam-se as plantas
ensino aprendizagem. Vejamos o que diz Freinet quanto ao pela cultura, e os homens pela educação”.
antagonismo da antiga escola e dessa nova proposta. Dê à
criança todas as explicações que você quiser sobre a O primeiro período de uma criança de 0 a 5 anos de idade, é
natureza, sobre a cultura, sobre o crescimento das plantas. de pura vida física, tende a fortalecer o corpo, evitando
Palavras e palavras e noções inúteis e perigosos. É em força, por outro lado, o desenvolvimento intelectual e moral
contato com a cultura, com as plantas e com o solo e só em da criança é muito ruim para ele possuir mais palavras que
função de sua própria experiência, que o aluno se ideias e saber mais coisas do que na verdade se pode pensar.
impregnará desses conhecimentos. E isto é válido para as
ciências, o cálculo, a literatura” (apud CABRAL, 1978, Contudo partindo do pressuposto de que a educação molda
FREINET, p. 86) os homens o teórico segue defendendo que tal educação
deve iniciar já na infância. Então o suíço filósofo segue
A Pedagogia Freinet é também conhecida como Pedagogia afirmando que o estado da infância é importante para o
do Sucesso, pois reconhece nas produções do estudante e na amadurecimento do homem, sendo a educação um processo.
cooperação entre pares as possibilidades do “tateamento” O homem é desprovido de recursos naturais que o façam
experimental, de criação autêntica, autoral e emancipatória, forte, tais como garras, dentes e etc.
com a superação do erro. Pedagogia da Cooperação, pois no
bojo das práticas educativas prima por ações que buscam o A importância da criança: saber o necessário para viver
trabalho de comunicação direta, escuta qualificada dos melhor
pares, além de trabalhos em equipes com práticas laboriosas Longe de atentar demasiado para que Emílio não se
e democracia no interior da escola. Pedagogia do Bom machuque, me aborreceria que não se machucasse nunca e
Senso que relaciona dialeticamente o pensamento e a ação, crescesse sem conhecer a dor. Sofrer é a primeira coisa que
ou a teoria e a pratica. A vida da criança é considerada na deve aprender e a que terá mais necessidade de saber. É de
aquisição do conhecimento é ponto de partida e chegada, crer que as crianças só são pequenas e frágeis para
pois é transformada e transforma a partir do que aprende, em receberem essas importantes lições sem perigo. Se a criança
uma relação dialética e dialógica com o mundo, lembrando cair naturalmente, não quebrará a perna, se chocar contra um
Paulo Feire quando diz que “O mundo não é está sendo”. pedaço de pau não quebrará o braço, se apossar de um ferro
(FREIRE, 1998) aguçado não se cortará muito fundamento. Nunca soube de
alguém ter visto uma criança em liberdade se matar, se
Rousseau estropiar, nem se machucar demasiado, a menos que a
Segundo Jean-Jacques Rousseau, a educação primeira é que tenham absurdamente colocado em lugar elevado, ou
faz toda diferença na vida das crianças e são as mulheres sozinha perto do fogo, ou deixado instrumentos perigosos a
que tem os deveres de estar educando de seus filhos, isto é, seu alcance. Que dizer desse amontoado de coisas que
desde amamentação. Essa educação deve vir da família, reúnem ao redor da criança para defendê-la contra a dor, até
partindo da mãe, pois o autor da natureza deu o dom de que já crescida, continue a mercê deles, sem coragem e sem
produzir leite para a mulher, além dessa perspectiva, ela experiência, que se acredite morrer á primeira picada e
também pode acompanhar seu filho mais de perto do que o desmaie vendo sua primeira gota dce sangue.
homem, a mãe pode influir e instruir seu filho como deve ser
feito, para assim crescer um homem bom. Então disse Nossa mania pedente de educar é sempre a de ensinar ás
Rousseau: crianças o que aprenderiam muito melhor sozinhas e
esquecer o que somente nós lhes poderíamos ensinar.

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Haverá coisa mais tola do que o cuidado que tomamos para
ensina-lhes a andar, como se tivéssemos visto alguém que, Desigualdade entre forças e desejos
por negligência de sua ama, não soubesse andar quando Embora, até a adolescência, todo curso da vida seja um
grande. E, ao contrário, quanta gente vemos andando mal tempo de fraqueza, há um momento, na duração dessa
porque lhe ensinaram mal a andar. primeira idade, em que o progresso das forças, tendo
ultrapassado o das necessidades, o animal em crescimento,
É importante que corra, se debata, caia cem vezes por dia, ainda absolutamente fraco, torna-se forte relativamente.
tanto melhor. Aprenderá mais cedo a levantar-se. O bem- Suas necessidades não estando todas desenvolvidas, suas
estar da liberdade compensa muitas machucaduras. Eles forças, no presente, são mais do que suficiente para provê-
terão muitas contusões, em compensação estará sempre las. Como homem seria muito fraco, como menino é muito
alegre, se os vossos tiverem menos, mostrar-se-ão sempre forte.
contrariados, sempre acorrentados, sempre tristes, e desse
modo não terão nenhum aproveito positivo. De onde vem à fraqueza do homem? Da desigualdade que se
encontra entre a força e seus desejos. São nossas paixões
Não sabemos o que seja felicidade ou desgraça absoluta. que nos tornam fracas, pois fora preciso, para contenta-las,
Tudo se mistura nesta visa; nela não se aprecia nenhum mais forças do que nos dá a natureza. Diminuí, pois os
sentimento puro, não se fica dois momentos no mesmo desejos; será como se aumentásseis as forças, quem pode
estado, as afeições de nossas almas bem como as mais do que deseja, as tem, de resto; é certamente um ser
modificações de nossos corpos são comuns a todos, mas em muito forte. Eis o terceiro estado da infância e aquele de que
diferentes medidas. Mais feliz é aquele que sofre menos me cabe agora falar. Continuo a chama-lo infância, na falta
pena; o mais miserável que sente menos prazeres. Sempre de um termo mais adequado para exprimi-lo; porquanto essa
mais sofrimentos do que gozos; eis a diferença comum a idade aproxima-se da adolescência sem ser ainda a da
todos. A felicidade do homem nesta terra não passa, puberdade.
portanto de um estado negativo; deve-se medi-la pela menor
quantidade de males que ele sofre. Aos doze ou treze anos as forças da criança desenvolvem
muito mais rapidamente que suas necessidades. A mais
Todo sentimento de pena é inseparável do desejo de se violenta, a mais terrível não se faz ainda sentir; o próprio
libertar; toda ideia de prazer é insuperável do desejo de órgão permanece imperfeito e parece, para sair da
goza-lo; todo desejo supõe privação e todas as privações são imperfeição, esperar que sua vontade o leve a isso. Pouco
penosas. Está, portanto na desproporção entre nossos sensível ás injúrias do ar e das estações, a criança as enfrenta
desejos, nossas faculdades aquilo em que consiste nossa sem dificuldade, seu calor em desenvolvimento serve-lhe de
miséria. Um ser sensível, cujas faculdades igualassem os roupa; seu apetite serve de condimento; tudo que pode
desejos, seria um ser absolutamente feliz. alimentar é bom na sua idade, se tem sono deita-se no chão e
dorme, vê-se por toda parte cercada de tudo que lhe é
Assim é que a natureza, que tudo faz da melhor maneira necessário, nenhuma necessidade imaginária a atormenta, a
institui inicialmente. Ela só lhe dá de imediato os opinião nada pode contra ela, seus desejos não vão além de
desnecessários a sua conservação e as faculdades suficientes seus braços. Não somente ela pode bastar-se a si mesmo,
para satisfazer. Ela põe todas às outras como que em reserva como tem ainda mais força de que precisa, é o único
tendo de sua alma para se desenvolverem ai se preciso, e em momento de sua vida em que isso acontece.
um estado primitivo que o equilíbrio do poder e desejo se
encontram e que o homem não é feliz. Logo que as No estado de fraqueza e de insuficiência, o cuidado de nos
faculdades virtuais se põem em ação, a imaginação a nativa conservarmos concentrar-nos dentro de nós; no estádio de
de todas, desperta e se coloca á frente delas. É a nação que potência e de força, o desejo de expandir nosso ser nos leva
nos apresenta a medida das possibilidades, de como o mal, e além e faz lançarmo-nos tão longe quanto possível; mas
que, por conseguinte excita e alimenta o pela esperança de como o mundo intelectual ainda nos é desconhecido, nosso
satisfazê-los. Mas o objeto que dar de início, ao alcance da pensamento não vai mais longe do que nossos olhos e nosso
mão, foge mais depressa do que podemos perseguir quando entendimento só se estendem com o espaço que mede.
imaginamos poder atingi-lo, transforma e se mostra ao longe Transformemos nossas sensações em ideias, mas não
diante de nós. Não vendo o espaço percorrido, não lhe pulemos de repente dos objetos sensíveis aos objetos
damos nenhum valor; o que a percorrer aumenta, estende-se intelectuais. É pelos primeiros que devemos chegar aos
sem cessar. Assim nota-se sem chegar ao fim, que quanto outros. Que os sentidos sejam sempre os guias em nossas
mais se pode ganhar sobre nós, mais a felicidade se afasta de primeiras operações do espírito, nenhum outro livro senão o
nós. Acredita-se que o homem tem um vivo amor peal do mundo, nenhuma outra instrução senão os fatos. A
conservação e isso é verdade; mas não se vê que esse amor é criança que lê não pensa, só lê, não se instrui, aprende
igual o sentimos, é em grande parte obra dos homens. palavras.
Naturalmente o homem só se preocupa com conservá-la na
medida em que os meios estão em seu poder, logo que tais Tornai vossos alunos atentos aos fenômenos da natureza,
meios o escapam se tranquiliza e morre sem se atormentar muito breve o tornareis curioso. Mas, para alimentar sua
inultimente. curiosidade, não vos apresseis nunca em satisfazê-la. Ponde

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os problemas ao seu alcance e deixai-o que os resolva. pois isto não pode ser limitado a uma simples adaptação. Na
Quando vejo um homem tomado por amor dos verdade, o que se propõe como objetivo da educação é
conhecimentos deixar-se seduzir por seu encanto e correr de justamente a superação desse meio social, ou seja, quando a
um a outro sem saber parar. Durante a primeira infância o criança pode, de forma autônoma, compreender o ambiente
tempo era longo; só procurávamos perdê-lo, de medo de mal e se posicionar frente a ele. Essa abordagem corrobora
o empregar. Agora é o contrário e não temos mais bastante bastante com as investigações de Paulo Freire, que
para fazer tudo que seria útil. Pensai em que as paixões se preconizou uma pedagogia baseada na autonomia da
aproximam e que logo que baterem a porta, vosso aluno só criança, através da palavra e da tomada de consciência sobre
prestará atenção a elas. A idade serena da inteligência é tão ela mesmo e sobre o Mundo. Para Vygotsky (2003), essa
curta, passa tão rapidamente, tem tantas utilizações concepção do papel docente o empodera sobremaneira,
necessárias, que seria loucura querer que baste para tornar muito mais do que a tradicional visão do professor único
sábia uma criança. Não se trata de ensinar-lhe as ciências e detentor do conhecimento, que o deposita em seus alunos
sim de dar-lhe inclinação para amar e métodos para às unilateralmente. De fato, quando o docente se dá conta da
aprender, quando a inclinação se tiver desenvolvido sua capacidade de influenciar, através das situações de
bastante. aprendizagem e da organização do ambiente social, ele é
capaz de mobilizar e impulsionar processos internos de
A lei da necessidade, sempre renascente, ensina desde cedo mediação em cada aluno, uma forma muito mais fecunda de
o homem a fazer o que não lhe agrada a fim de prevenir um desenvolver a aprendizagem.
mal que lhe desagradaria mais ainda. Tal é o emprego da
previdência e desta previdência bem ou mal regrada nasce Por fim, para o psicólogo, o processo de ensino e
toda a sabedoria ou toda a miséria humana. Todo homem aprendizagem e o desenvolvimento da criança se dão em
quer ser feliz; mas para chegar a sê-lo seria preciso começar uma situação extremamente dinâmica, onde avanços e
por saber o que é a felicidade. A felicidade do homem é tão recuos são perfeitamente naturais. Professor, aluno e
simples quanto sua vida; consiste em não sofrer: a saúde, a ambiente interagem de múltiplas formas, em uma
liberdade, o necessário a constituem. complexidade de relações e heterogeneidade de cada
processo. Assim, a psicologia contribui com a pedagogia ao
Vygostsky mapear essa profunda dialética e colocar o docente num
Vygotsky (2003) concebe a função do professor como sendo papel privilegiado de organizador dessa situação.
de uma importância tremenda, pois seria ele que, a partir da
organização dos espaços, do currículo, do conteúdo e da Em Piaget (apud GOMES & BELLINI, 2009), encontramos
sala, proporcionaria as experiências adequadas para que o muitas aproximações com o pensamento de Vygotsky, nesse
desenvolvimento do conhecimento do aluno ocorra, numa sentido. Em suas pesquisas, o suíço descobriu que o
relação dialética entre aquilo que já tem sido acumulado e desenvolvimento da aprendizagem está intrinsecamente
sedimentado e as novas situações de aprendizagem relacionado ao desenvolvimento biológico da criança, o que
propostas na escola. Mesmo o professor não se encontra inclui seu sistema nervoso central e consequentemente suas
livre desse processo, pois as suas próprias experiências funções mentais. Quando exposto a uma situação de
sedimentam suas ações educativas, dialogando com o aprendizagem, a criança mobiliza suas estruturas prévias em
conteúdo e com as experiências de cada aluno na sala. confronto com a estrutura pedagógica proposta, e isso não é
um processo de soma, mas principalmente de troca. Piaget
Dessa forma, o psicólogo russo argumenta que a experiência destaca que somente a exposição da criança a uma situação
do aluno deve ser considerada em todos os momentos do ou objeto de aprendizagem, por si só, não garante que o
processo de ensino aprendizagem, pois é através delas que a conhecimento seja gerado. É preciso que a criança exerça
criança consegue codificar e reelaborar o conhecimento alguma ação (que ele chama de operação) sobre, de forma a
proposto na situação de aprendizagem. Desprezar essa promover sua aprendizagem.
experiência é encarar a criança como um receptáculo vazio,
ou uma folha em branco, que poderia ser preenchida Piaget considera que, ao longo do desenvolvimento do corpo
somente através da vontade do professor em incutir e da aprendizagem, a criança vai construindo uma série de
determinados conhecimentos. Essa perspectiva, além de estruturas internas, progressivamente, de forma a conseguir
ignorar o processo psicológico de interação entre os lidar com objetos e situações ao longo de seu crescimento.
conhecimentos prévios, traduzidos pelo autor como Essas estruturas são classificadas em estágios, e assim tem-
“atividades pessoais do aluno”, e as situações propostas pela se o estágio sensório-motor, o estágio de representação pré-
escola, acaba também por ignorar a heterogeneidade operacional, o estágio das operações concretas e o estágio
presente em qualquer agrupamento de crianças, que das operações formais ou hipotético-dedutivas. Em sua
possuem diferentes experiências e, portanto, interagem de pesquisa, o autor identifica essas estruturas e as relaciona
forma diferente com as situações de aprendizagem com os conteúdos de aprendizagem, estabelecendo uma
propostas. conexão direta entre os estágios das estruturas internas e os
estímulos pedagógicos sobre as quais elas operam. Como
O autor ainda argumenta que o processo educativo não exemplo, ele demonstra a contagem de objetos, que antecede
acaba nessa simples interação entre o aluno e o ambiente, a criação de uma lógica matemática e que, conforme seu

442
desenvolvimento criará a noção de número e, a partir disso, construído. Assim, os leitores acionariam o conhecimento
as deduções lógicas que prescindirão dos objetos físicos. O prévio a partir de pistas fornecidas pelo texto escrito, as
aluno, portanto, é visto como um sujeito ativo na sua quais permitiriam fazer predições sobre um evento, sem que
aprendizagem, e Piaget denomina o processo interno em que todas as suas variáveis fossem conhecidas.
as estruturas da criança e as situações pedagógicas com as
quais eles lidam de “equilibração”, processo ativo e interno Nesse sentido, iremos a seguir enfocar no espaço escolar
que permite o desenvolvimento da aprendizagem. Somente o como uma dimensão importantíssima, e muitas vezes
reforço externo do professor, para ele, não é suficiente para sonegada ou subestimada na perspectiva interacionista da
criar esse processo. aprendizagem. Nosso objetivo é ressaltar como a simples
organização do espaço, disposição dos ambientes e dos
Portanto, para o autor, o papel do docente não pode se objetos pode contribuir para a interatividade produtiva das
limitar a simplesmente exercer um reforço externo para crianças na escola, tentando dessa forma incorporar os
provocar a aprendizagem. É preciso pensar em situações de estudos de Vygotsky e de Piaget na atividade docente.
assimilação de realidades experimentais, que possam se
adequar aos esquemas e estruturas internas dos alunos, para A organização do espaço escolar é fundamental para o
que eles possam realizar a “equilibração”. A experiência e a trabalho pedagógico, e se relaciona diretamente com a
operação sobre o objeto são, nesse sentido, fundamentais. aprendizagem dos alunos e com a proposta pedagógica do
Isso não quer dizer que o enfoque deva estar no empirismo, professor e da instituição escolar, conforme estudado por
mas sim que a construção de experiências é apenas um Vygotsky. Um ambiente físico adequado e planejado
elemento, e que a principal operação da aprendizagem será propicia à criança uma ecologia cultural de aprendizagem
feita internamente pelo aluno, de acordo com o seu próprio adequada à construção de metas.
desenvolvimento.
Para exemplificar essa afirmativa, uma sala de aula
Dessa forma, percebe-se que os dois autores se aproximam organizada simetricamente, com as fileiras dispostas uma
bastante em suas considerações sobre o papel do professor. atrás da outra, é inadequada caso o objetivo da atividade
Piaget, no entanto, aprofunda seu olhar sobre os processos pedagógica seja promover a interação entre os alunos. Seria
internos de desenvolvimento da aprendizagem da criança, mais adequada para situações de aprendizagem que
enquanto Vygotsky enfoca na relação entre esses processos priorizam o silêncio, a individualidade e os métodos de
internos e o meio social, nomeadamente a figura do ensino mais tradicionais, onde o professor é o único detentor
professor e os objetivos da escola, e como eles interagem do conhecimento. Isso não quer dizer que um espaço
com as experiências próprias dos alunos. bagunçado promova necessariamente a interação, pois a
criança precisa ter acesso às ferramentas de aprendizagem
Para Vygotsky (1998) o funcionamento mental no ser dispostas no espaço, criando seu próprio espaço e, conforme
humano é oriundo de processos sociais, pois não se pode Piaget explicita, operando com os objetos. A interação
estudar o comportamento do indivíduo em contexto isolado, precisa ser mediada pelo professor, com objetos de
mas em interação com outros indivíduos. Afirma também aprendizagem organizados em temas e a formação de grupos
que esse processo de interação social é responsável por de estudantes.
transformações no comportamento, pois os processos sociais
e psicológicos são moldados por formas de mediação e se A escola, quando não se constitui de um espaço de vida
dão a partir da transformação de objetos em signos culturais. infantil, mas sim em um ambiente institucional no qual não
existem momentos lúdicos, prazerosos e significativos, nem
Essa visão enseja que o processo de ensinar e aprender estão com oportunidades de interação e colaboração das crianças
intimamente relacionados, no sentido que a interação em grupos com relativa autonomia, está em desacordo com
permite que eles aconteçam ao mesmo tempo, como num as teorias do desenvolvimento infantil expostas nesse artigo.
evento dialógico (PAVIANI, 2011). Muitos estudiosos A disposição das fileiras de carteiras ou berços de forma a
prospectaram campos de pesquisa nos quais a perspectiva evitar os contatos visuais, a exigência do silêncio e da
interacionista se desenvolveu, sempre procurando entender “disciplina” a todo o momento, sem nenhum espaço ou
as formas de comunicação através de um ponto de vista atividades planejadas com jogos e brincadeiras, que
relacional, ou seja, onde dois sujeitos dialogam e se envolvam crianças das mais variadas idades, são exemplos
influenciam mutuamente. cotidianos de uma escola que não leva em consideração as
teorias construtivistas, nas quais a interação é fundamental
A própria leitura, o ato de ler e compreender um texto, é para a construção cognitiva da criança.
uma atividade de interação. Kleiman (1989) explica que a
leitura envolve tanto os conhecimentos prévios do leitor Em termos de desenvolvimento infantil, a organização do
quanto os sentidos por ele construídos por meio do texto, em espaço escolar deve propiciar possibilidades de exploração
uma atividade cognitiva fundamentalmente construtiva. Daí das atividades físicas que auxiliam no desenvolvimento da
a concepção segundo a qual ler é interagir com o texto. criança, que por sua vez, segundo Piaget, está relacionado às
Neste processo de construção do sentido textual, cabe ao competências do educando para fazer atividades mais
leitor relacionar os dados textuais com o conhecimento já complexas, como andar, correr, pular, pegar as coisas, falar,

443
etc. A escola precisa estimular essas atividades e criar filosofia, nas disciplinas de lógica e, sobretudo,
situações adequadas para que elas aconteçam. epistemologia. Teve maior contato com as obras de Kant,
Bergson e Husserl, posicionando-se mais explicitamente no
Tendo em vista que a aprendizagem é um processo interior do estruturalismo. A apropriação que Piaget fez das
individual, e que é preciso garantir os alunos a suas próprias obras destes filósofos foi marcada por um espírito crítico
maneiras de interpretar situações e informações, operando direcionado a investigar a epistemologia, baseado numa
sobre elas e realizando o que Piaget chamou de interlocução com a biologia. Tal percurso permitiu-lhe uma
“equilibração”, e que o ambiente social no qual ela está construção consistente e profunda que denominou
inserida contribui decisivamente, através da interação, para epistemologia genética (COSTA, 1997, p. 06).
o processo de aprendizagem, o papel do professor é garantir
esses espaços de interação entre os alunos, bem como de Nessa perspectiva, o indivíduo, a partir do ponto de vista
zelar pelas características e ritmos individuais de biológico, age por instinto para atender as suas necessidades,
aprendizagem. Quanto mais diversificado e heterogêneo for processo que o direciona a adaptar-se ao meio. Sob essa
um ambiente ou espaço de aprendizagem, mais concepção naturalizante, o ser humano é compreendido
possibilidades de interação produtiva para o processo de como um ser biológico cercado pelo meio social que está
ensino. correlacionado ao meio ambiente. Esse aspecto da
concepção naturalizante de Piaget de o homem ser
Piaget compreendido como um ser biológico envolvido pelo meio
O epistemólogo, em sua obra, colocou em evidência a social que corresponde, nesse sentido, ao meio ambiente
atividade do sujeito diante do mundo exterior e que lhe é pode ser evidenciado em outro autor piagetiano: O homem é
independente. Piaget recusou as explicações do empirismo um produto do meio e o meio é um produto do homem. A
tradicional de que existiriam estruturas endógenas no ação humana produz a cultura e a cultura produz o homem.
indivíduo que propiciavam o desenvolvimento da No começo estava, pois, a ação do organismo. Agir, é então,
inteligência. Pois, para o pensador, o conhecimento é o esforço para restabelecer o equilíbrio. A afetividade é a
resultado da interação do sujeito com o objeto, sendo que energética da ação. A inteligência é sua estratégia. A
essa interação depende de fatores internos que são energética está ligada ao próprio processo vital. Assim, a
modificados a cada etapa de desenvolvimento das estruturas inteligência é aprendida (LIMA, 1973, p. 35).
mentais, por meio das quais acontece o desenvolvimento
psíquico: O desenvolvimento psíquico, que começa quando Essa concepção de meio social como um organismo explica
nascemos e termina na idade adulta, é compatível ao a compreensão de Piaget acerca da condição humana, ou
crescimento orgânico: como este, orienta-se, essencialmente, seja, ele a compreende como o prolongamento natural do
para o equilíbrio. Da mesma maneira que um corpo está em processo de adaptação que é comum a todo organismo vivo.
evolução até atingir um nível relativamente estável – Para Piaget, as leis da organização social dos homens são as
caracterizado pela conclusão do crescimento e pela mesmas que de uma organização animal, ou seja, são de
maturidade dos órgãos -, direção de uma forma de equilíbrio idêntica natureza a de uma organização biológica.
final, representada pelo espírito adulto. O desenvolvimento, Retornando à questão do conhecimento, essas considerações
portanto, é uma equilibração progressiva, uma passagem permitem afirmar que o conhecimento para Piaget se revela
contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado por meio de uma construção indefinida, em que não há
de equilíbrio superior (PIAGET, 1983, p. 11). conhecimento absoluto: Quanto à necessidade de recuar à
gênese, como indica o próprio termo “epistemologia
Segundo Piaget, o processo de estruturação mental é o genética”, convém dissipar desde logo um possível
resultado de uma equilibração progressiva entre uma esfera equívoco, que seria de certa gravidade se importasse em
e outra, ou seja, “o desenvolvimento mental é uma opor a gênese às outras fases da elaboração contínua dos
construção contínua, comparável à edificação de um grande conhecimentos. A grande lição contida no estudo da gênese
prédio que, à medida que se acrescenta algo, ficará mais ou das gêneses é, pelo contrário, mostrar que não existem
sólido, ou à montagem de um mecanismo delicado, cujas jamais conhecimentos absolutos. [...] Afirmar a necessidade
fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma de recuar à gênese não significa de modo algum conceder
flexibilidade, e uma mobilidade das peças” (PIAGET, 1983, um privilégio a talou qual fase considerada primeira,
p. 12). absolutamente falando: é, pelo contrário, lembrar a
existência de uma construção indefinida e, sobretudo,
Para a compreensão dessas ideias de Piaget e para insistir no fato de que, para compreender suas razões e seu
fundamentar a afirmação de que Piaget tem uma base mecanismo, é preciso conhecer todas as suas fases, ou, pelo
naturalizante e, portanto, defende uma concepção biológica menos, o máximo possível (PIAGET, 1970, p. 130).
de indivíduo e do conhecimento, recorre-se à Costa (1997):
Piaget licenciou-se em biologia sobre moluscos. Tais Essa passagem esclarece mais uma vez que o conhecimento
estudos permitiram-lhe incorporar as discussões decorrentes para o pensador se origina de etapas sucessivas:
da teoria da evolução de Darwin. E, para a psicologia, a equilibração, assimilação, acomodação e o indivíduo é quem
biologia não é uma ciência qualquer, mas aquela que marcou conduz esse processo. Trazendo essas pontuações para a
profundamente sua constituição. Piaget interessou-se por educação escolar, pode-se perceber como Piaget

444
compreende o processo educativo. Em sua obra Para onde invés de se contentar com a transmissão de soluções já
vai a educação? (1973), Piaget afirma que o futuro do ensino prontas (PIAGET, 1973, p. 18).
deve se abrir cada vez mais à interdisciplinaridade e às
necessidades do cotidiano e, para isso, o ambiente de Por compreender que a aprendizagem ocorre por meio de
aprendizagem deve ser organizado com práticas pedagógicas um processo de acomodação às estruturas, Piaget defende os
que estimulem o espírito de liberdade nos estudantes, de métodos ativos por acreditar que proporcionem o
modo que eles possam reconstruir suas verdades: A primeira desenvolvimento da experimentação. Assim, Piaget
que aparece particularmente indispensável, consiste na privilegia o desenvolvimento das habilidades e aptidões,
previsão de programas mistos, incluindo horas de ciências (o afirmando que os sistemas de ensino precisam considerar as
que aliás já está em uso), durante as quais, porém, o aluno vocações dos indivíduos e priorizar a pesquisa espontânea,
possa entregar-se a experiências por conta própria, e não deixando com que toda verdade seja reinventada ou
determinadas em pormenores. A segunda solução (que nos reconstruída pelo aluno e não simplesmente transmitida. As
parece dever ser acrescentada à outra) volta a dedicar melhores aulas continuarão sendo letra morta se não se
algumas horas de psicologia (no quadro da filosofia ou da apoiarem sobre a própria experiência, assim como a
futura epistemologia geral) ou experiências de psicologia inteligência das leis da física é impossível sem a
experimental ou psicolinguística, etc. (PIAGET, 1973, p. manipulação de um material concreto. Quanto à experiência
28). da solidariedade, é necessário que a criança a refaça por si
mesma, pois as experiências dos outros – no terreno
Nesse sentido, Piaget é enfático na orientação de que o espiritual ainda mais que no terreno material – nunca
aluno deve conduzir a sua aprendizagem e para o instruíram ninguém e, por uma fatalidade da natureza
epistemólogo, os métodos ativos é que são os responsáveis humana, cada nova geração é convocada a reaprender o que
pelo desenvolvimento livre dos indivíduos. Assim, eles os outros já tinham descoberto por conta própria (PIAGET,
devem desenvolver o máximo de experimentação, pois, para 1998, p. 66).
Piaget, se os indivíduos não passarem pela experiência será
adestramento e não educação. Para Piaget existem dois tipos O professor, nesse contexto, assume a posição de
de relações sociais: as relações sociais de coação social e as colaborador, ou seja, incentiva que o indivíduo realize as
relações sociais de cooperação. A coação social é toda suas experiências e chegue às suas próprias considerações. É
relação entre dois ou mais indivíduos na qual intervém um importante ressaltar que Piaget enfatiza, nesse processo,
elemento de prestígio ou autoridade, sendo que nesse tipo de apenas o fato de que o professor deve conhecer as
relação o indivíduo é coagido, daí a necessidade das relações particularidades do desenvolvimento psicológico do
de cooperação para que ele seja colocado numa posição na indivíduo e fazer uso dos métodos ativos.
qual não há hierarquias (PIAGET, 1977).
Nesse sentido, para evidenciar ainda mais o pensamento de
A partir dessa afirmação, pode-se constatar que Piaget ao Piaget sobre o papel do professor no processo educativo,
definir as relações de coação social considera o adulto Coll (1996), um pensador que construtivista, ao escrever
enquanto aquele que coage a criança, desse modo, ao sobre a construção do conhecimento na escola, defende que
associar essa ideia à educação escolar, significa o construtivismo está organizado a partir de três ideias
compreender que o professor, por ser a figura de prestígio fundamentais: 1) o aluno é o responsável por sua
ou autoridade, exerce exatamente a função de coagir o aprendizagem; 2) no ambiente escolar, o conhecimento que
indivíduo, atrapalhando-o no processo de aprendizagem bem já foi elaborado tem que ser reconstruído pelo aluno; 3) o
como no desenvolvimento da autonomia. Por isso, na professor tem o papel de orientador no processo de
concepção de Piaget toda forma de transmissão seria reconstrução do conhecimento. A tarefa do professor é “(...)
coerção, pois o adulto por estar numa posição de prestígio encadear os processos de construção do aluno com o saber
levaria o indivíduo a aceitar suas posições. Para Piaget, o coletivo culturalmente organizado” (COLL, 1996, p. 396).
grupo (outras crianças) contribuiria muito mais que o Esse autor destaca que o professor deve orientar o aluno
próprio professor. Sendo assim, para ele o indivíduo deve se para que ele aprenda por si mesmo.
guiar livremente no processo educativo e o professor deve
assumir o papel de colaborador: O primeiro receio (e para Assim, a respeito da concepção de Piaget sobre o processo
alguns, a esperança) de que se anule o papel do mestre, em de educação, faz-se uma crítica, pois o indivíduo se forma
tais experiências, e que, visando ao pleno êxito das massas, na apropriação dos resultados da história social e se objetiva
seja necessário deixar os alunos totalmente livres para no interior dessa própria história. Essa relação entre
trabalhar ou brincar segundo melhor lhes aprouver. Mas é apropriação e objetivação só se efetiva no interior de
evidente que o educador continua indispensável, a título de relações com outros indivíduos, no interior de uma
animador, para criar as situações e armar os dispositivos determinada prática social. No que tange a educação escolar,
iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança, e para defende-se que é imprescindível a mediação, realizada por
organizar, em seguida, contra exemplos que levem à outros indivíduos, entre a pessoa que realiza o processo de
reflexão e obriguem ao controle das situações demasiado apropriação e a significação social da objetivação a ser
apressadas: o que se deseja é que o professor deixe de ser apropriada. Em outras palavras, reconhece-se que o
um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao professor tem uma função decisiva nessa prática educativa,

445
pois conduz o processo de apropriação, pelos alunos, do do real pelo pensamento humano. E, essa ideia acarreta um
conhecimento histórica e socialmente produzido. problema na questão das relações sociais, pois, nessa
concepção, elas se tornam dependentes unicamente de
Essa passagem explicita bem o pensamento de Piaget acerca processos intrassubjetivos: A ausência de compreensão do
da história. Ele se refere à disciplina como mentiras sociais processo histórico marca as diferentes vertentes teóricas
impostas ao indivíduo e mais uma vez reafirma a vinculadas à tradição liberal, cuja matriz intelectiva de todas
necessidade dos indivíduos recriarem suas próprias as esferas sociais e do indivíduo está subordinada às leis da
verdades. O epistemólogo defende que não é possível natureza, e por isso, a compreensão de que a sociedade é
reinventar a história, tendo em vista que os fatos já estão uma mera extensão do seu movimento, e os homens, seres
dados, o que dificulta, por exemplo, a realização de vivos e culturais em processo de adaptação ao meio
experiências nessa área do conhecimento. Sendo assim, ambiente. Esta vertente teórica negligencia que, o
outro ponto a ser destacado na análise é o caráter de conhecimento é, antes de tudo, extração das leis existentes
relativismo subjetivista de Piaget, pois ao considerar que o na natureza e na sociedade. Isso quer dizer que os
conhecimento é construção (fazendo uma analogia com o pensadores adeptos desta corrente, não conseguiram
processo de evolução dos seres vivos), a questão deixa de compreender a dimensão histórica das relações sociais, nem
ser se um conhecimento é mais verdadeiro do que o outro e tampouco as relações sociais existentes entre indivíduo e
passa a ser se um conhecimento é mais desenvolvido ou gênero humano, em sua dimensão mediata e imediata
mais evoluído do que outro. Tanto é que a superação do (SARTÓRIO, 2010, p. 224).
egocentrismo cognitivo em Piaget não diz respeito à noção
de abandono de um conhecimento menos verdadeiro e sua Pela análise estendida até aqui, observa-se que Piaget está
superação para um conhecimento que corresponda mais à justamente inserido nessa vertente explicitada pela autora.
realidade, mas à ideia de que os indivíduos consigam Os estudos de Piaget estão embasados num modelo
coordenar os vários pontos de vista. A objetividade, nesse biológico de desenvolvimento dos seres vivos e não no
sentido, é entendida não como correspondência do desenvolvimento humano histórico e social. Assim, essa
conhecimento à realidade objetiva, mas como a capacidade negação do construtivismo piagetiano em expor afirmações
de relativização dos pontos de vista. sobre a realidade, transformando a verdade numa condição
subjetiva, origina por si mesma, na aceitação da realidade
A transmissão do conhecimento ou como chama Piaget, a fetichizada da sociedade capitalista e, essa realidade aparece
transmissão social está submetida e se restringe à questão da como sendo a única alternativa para o indivíduo
reinvenção, isto é, o indivíduo assimila a realidade às suas (MARSIGLIA, 2011). Piaget expressa uma concepção
estruturas de pensamento e aos seus esquemas de ação. A alienante do conhecimento demonstrada na necessidade de
transmissão do conhecimento não fornece ao sujeito que interação entre organismo e meio, ficando essas relações na
conhece o desenvolvimento dos instrumentos psicológicos condição de um cotidiano alienado e, construindo, assim,
que permitem a aprendizagem, ela se manifesta na um saber descompromissado com a emancipação humana.
dependência do processo interno de reinvenção dos
mecanismos cognitivos. Assim, embora haja o Compreende-se que negar à educação a tarefa da
reconhecimento por parte de Piaget da transmissão social, transmissão do conhecimento significa defender uma
observa-se que ela está submetida aos processos concepção distorcida do que seja uma escola democrática.
psicológicos de reestruturação do real. Estabelecendo-se o critério da verdade de acordo com o
subjetivismo do indivíduo, faz com que o currículo escolar
O conhecimento, dessa maneira, é resultado de um processo perca a referência de quais conteúdos escolares devam ser
causal em que os indivíduos se adéquam ao meio. Não se ensinados. A educação deixa de priorizar a aquisição de
trata, portanto, do conhecimento resultar de um empenho conhecimentos sistematizados e historicamente acumulados
por representar corretamente a realidade e transformá-la, pela humanidade para privilegiar o processo do “aprender a
pois, uma ideia só será verdadeira se for construída pelo aprender”. De acordo com Duarte (1999), as pedagogias do
indivíduo e não recebida de fora. O critério para a verdade “aprender a aprender” têm se firmado de modo hegemônico
está no interior do indivíduo, já que para o construtivismo nos diferentes discursos (construtivismo, pedagogia das
piagetiano a construção do conhecimento é um processo competências, pedagogia de projetos, teoria do professor
interno e solitário: O construtivismo estabelece que o sujeito reflexivo, etc.). O lema “aprender a aprender” de acordo
cognoscitivo constrói o conhecimento. Isto pressupõe que com o autor significa uma atitude negativa em relação à
cada sujeito tem que construir seus próprios conhecimentos educação escolar. Essa atitude está baseada em quatro
e que não os pode receber construídos de outros. A princípios compartilhados pelas pedagogias do “aprender a
construção é uma tarefa solitária, no sentido de que é aprender”: a aprendizagem que ocorre sem a transmissão do
realizada no interior do sujeito, e só pode ser efetuada por conhecimento tem maior valor educativo; o processo de
ele mesmo. Essa construção dá origem à sua organização construção do conhecimento tem mais valor do que o
psicológica (DELVAL, 1998, p. 16). conhecimento em si mesmo; uma atividade será realmente
educativa se conduzida e despertada pelos desejos e
Com isso, verifica-se que a verdade para Piaget não pode ser interesses dos alunos; a escola tem por objetivo principal
transmitida, pois a verdade nada mais é que a organização desenvolver uma capacidade de adaptação ao meio social

446
nos indivíduos. Para Duarte (1999), o discurso das Há que se considerar que, embora os processos de
pedagogias do “aprender a aprender” de que elas estão aprendizagem não se restrinjam apenas aos que ocorrem em
voltadas às necessidades de uma nova sociedade, mascara contexto escolar, a escola é um ambiente formal de
um processo que acentua a divisão de classes, pois essas aprendizagem. Isso põe em evidência o caráter individual da
pedagogias não têm como proposta a superação do aprendizagem e a necessidade permanente de revisão e
capitalismo e, por isso, guiam a relação educação e avaliação dos processos de ensinar e aprender desenvolvidos
sociedade de maneira idealista. no contexto escolar. Também há que se reconhecer que cada
pessoa aprende de maneira singular, o que denota a
Nesse sentido, defende-se a apropriação universal das existência de diferentes estilos de aprendizagem, os quais
conquistas produzidas historicamente pelo trabalho humano, demandam um adequado planejamento e utilização de
que estão objetivadas na cultura material e intelectual, pois estratégias de ensino que contemplem tal diversidade
essa apropriação é condição ao desenvolvimento
ontogenético e ocorre pelas e nas relações sociais. Parte-se Características da aprendizagem
da concepção de que a formação dos indivíduos deve A aprendizagem é um processo permanente e contínuo, que
humanizá-los, assegurando-lhes a apropriação da cultura. se reflete em todas as nossas ações. “Explicar o mecanismo
Sendo assim, considera-se que o acesso ao conhecimento da aprendizagem é esclarecer a maneira pela qual o ser
produzido pela humanidade é uma das condições para que humano se desenvolve, toma conhecimento do mundo em
haja a compreensão da realidade objetiva pelos indivíduos e, que vive, organiza sua conduta e se ajusta no meio físico e
consequentemente de instrumentos que proporcionam a social” (CAMPOS, 2014, p. 16).
transformação da sociedade capitalista.
Campos (2014) apresenta algumas características da
6.43 Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento aprendizagem, resultantes da contribuição das diferentes
teorias:
Psicologia da aprendizagem

A preocupação e interesse em desvendar os mistérios da


aprendizagem humana surgiram ainda na antiguidade. No
século XIX, o desenvolvimento das disciplinas científicas,
entre elas a Psicologia, fortaleceu estudos que resultaram no
desenvolvimento de diferentes teorias acerca dos processos
de construção do conhecimento. No século XX, diversas
pesquisas ancoradas em observações e experimentos
colaboraram para a abertura de um campo de estudos que,
posteriormente, iria se estruturar em torno de diferentes
teorias cognitivas ou teorias de aprendizagem, decisivas para
a compreensão das diferentes variáveis envolvidas nos
processos de construção e desenvolvimento do
conhecimento e sua relação com o sujeito que aprende.

O processo de aprendizagem é complexo, envolve fatores


internos de natureza biológica e psicológica que interagem
entre si e com o meio externo. Abrange hábitos que vão
sendo formados pelo sujeito em compasso com a
assimilação de valores sociais e culturais a que tem acesso
no decorrer de seu processo de socialização. Deste modo,
envolve o enfrentamento de exigências externas, de natureza
social, as quais mobilizam o sujeito para que este
desenvolva respostas que possam atender a tais exigências Para que a aprendizagem ocorra de maneira satisfatória,
satisfatoriamente. além de outros aspectos, deve-se considerar que cada
estudante apresenta uma inclinação à aquisição do
Ao relacionar-se com as pessoas e com os objetos, o ser conhecimento por diferentes canais sensoriais. A estas
humano constitui vínculos e vai desenvolvendo distintas diferentes tendências de aprendizado, dá-se o nome de
formas de conhecer e aprender, baseadas tanto nas estilos de aprendizagem. Para Campbell, Campbell e
experiências individuais quanto nas experiências coletivas. Dickinson (2000, p. 161) “Os estilos de aprendizagem
Tais experiências possibilitam a construção de modelos de referem-se às diferenças individuais na maneira como a
aprendizagem que se elaboram e se modificam conforme as informação é compreendida, processada e comunicada”.
interações que se estabelecem com os objetos do
conhecimento, com os outros e consigo mesmo. A respeito dos estilos de aprendizagem, várias são as teorias
que buscam defini-los e classificá-los. Dentre elas, merece

447
destaque a desenvolvida por Fernald e Keller e Orton- que as dificuldades são tão expressivas que podem gerar
Gilingham, que propõe o modelo VAC (VISUAL, confusão no diagnóstico.
AUDITIVO e CINESTÉSICO). Este modelo é baseado nos
sentidos e compreende três estilos: Fatores psicógenos: Estão relacionados a traumas e
conflitos internos, onde o não-aprender se constitui como
• Estilo visual: o indivíduo tem inclinação ao aprendizado inibição (restrição da capacidade) ou como sintoma, defesa
utilizando estímulos visuais, estabelece relações entre ideias (medo de relembrar ou viver novamente alguma situação
e conceitos a partir de imagens. O uso de fotos, vídeos, traumática). O olhar do profissional não deve estar voltado
demonstrações e outros recursos visuais é indicado. A para o problema de aprendizagem em si, mas para o que ele
observação e a leitura podem ser métodos de estudo representa. Tomemos como exemplo crianças que não
interessantes para estes estudantes. conseguem lidar com frustrações, seja quando contrariadas
ou diante de erros cometidos; elas podem evitar a tentativa
• Estilo Auditivo: o indivíduo tem inclinação ao aprendizado da aprendizagem pelo medo do fracasso. Outro exemplo são
utilizando estímulos auditivos, estabelece relações entre os erros ortográficos que a criança pode apresentar em
ideias e conceitos a partir de sons, especialmente da função da dificuldade de atribuir significado à aprendizagem
linguagem falada. O estudo deve priorizar o ouvir e o falar. ou a atribuição inadequada de significados à aprendizagem
O aluno pode ler em voz alta, utilizar recursos audiovisuais. escolar.
Em sala de aula a explicação do professor é de grande
importância. Fatores ambientais: Dizem respeito ao ambiente concreto
do sujeito, “às possibilidades reais que o meio lhe fornece, à
• Estilo Cinestésico: o indivíduo tem inclinação ao quantidade, à qualidade, à frequência e à abundância dos
aprendizado por meio dos movimentos corporais. O uso de estímulos que constituem seu campo de aprendizagem
experiências que envolvem tocar, sentir e explorar é de habitual” (PAÍN, 1995, p. 33). Incluem-se as condições de
grande relevância. Indica-se o uso de atividades práticas, moradia, trabalho, acesso ao lazer, esportes, aos bens
pois o tocar e o fazer são importantes para estes alunos. culturais, ao grau de consciência e participação social. Como
exemplo podemos citar um aluno de 10 anos que chega à
Fatores que interferem no processo de aprendizagem escola com um vocabulário restrito e rudimentar aprendido
dos irmãos mais velhos, demonstrando dificuldades na
Paín (1985) entende que a aprendizagem está relacionada a aprendizagem da leitura e escrita. Os estímulos ambientais
quatro fatores (orgânicos, específicos, psicógenos e não tiveram a qualidade necessária para garantir que ele se
ambientais), a partir dos quais pode-se compreender os apropriasse das estruturas linguísticas necessárias ao
problemas de aprendizagem. domínio da língua, podendo ser a causa das dificuldades de
aprendizagem que tem apresentado.
Fatores orgânicos: Referem-se ao funcionamento
anatômico, como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e 6.44 A psicogênese e a educação
do Sistema Nervoso Central. Quando sadio, o sistema Emilia Ferreiro, psicóloga argentina, propôs um novo olhar
nervoso apresenta ritmo, plasticidade e equilíbrio, sobre a alfabetização. Suas ideias constituem uma nova
garantindo um funcionamento harmonioso. Porém, havendo teoria, intitulada Psicogênese da Língua escrita. Suas
lesões ou desordens corticais a aprendizagem fica pesquisas, realizadas na Argentina e no México, juntamente
comprometida. Por exemplo: lesões neurológicas, com Ana Teberosky, foram motivadas pelos altos índices de
deficiência auditiva, deficiência visual, podem trazer, como fracasso escolar apresentados por estes países.
consequência, problemas cognitivos com maior ou menor
gravidade. Apesar de, por si sós, não caracterizarem um As pesquisadoras argentinas buscaram, em contato direto
problema de aprendizagem, tais problemas podem com alunos de várias partes do continente, a resposta para
comprometer a aprendizagem. esse fracasso escolar. Juntando os conhecimentos da
psicolinguística e a teoria psicológica e epistemológica de
Fatores específicos: Referem-se à adequação perceptivo- Jean Piaget, Emília e Ana mostraram como a criança
motora. São desordens específicas ligadas a determinadas constrói diferentes hipóteses sobre o sistema de escrita,
áreas cerebrais também específicas, que abrangem questões antes mesmo de chegar a compreender o sistema alfabético.
cognitivas/perceptivas e motoras, mas sem possibilidade de Suas ideias chegaram ao Brasil na década de 80 e, a
verificação de sua origem orgânica. Citamos como exemplo princípio, foram consideradas, erroneamente, como um novo
a dislexia. O aluno com dislexia não possui nenhuma lesão método de alfabetização.
na estrutura anatômica cerebral, mas uma desordem no
funcionamento do cérebro, específica da área de leitura e Ela afirma que todos os conhecimentos têm uma gênese,
escrita. Tal desordem dificulta a decodificação dos símbolos explicitando quais são as formas iniciais de conhecimento da
gráficos registrados pelo cérebro, não havendo uma língua escrita. Por meio de sua teoria, explica como as
constância na construção mental daquele símbolo, que se crianças chegam a ser leitores, antes de sê-lo. Ao contrapor-
expressa na dificuldade de leitura e escrita. O aluno com se à concepção associacionista da alfabetização, a
dislexia não tem deficiência intelectual, mas há casos em Psicogênese da Língua Escrita apresenta um suporte teórico

448
construtivista, no qual o conhecimento aparece como algo a reconhecido pela escola (WEISZ, 2000).
ser produzido pelo indivíduo, que passa a ser visto como
sujeito e não como objeto do processo de aprendizagem. 6.45 A psicologia dialética e a educação
Para a dialética, os objetivos humanos são os objetivos da
Processo este dialético, por meio do qual este indivíduo se sociedade; por essa razão, seu objeto de estudo são as leis do
apropria da escrita e de si mesmo como usuário/produtor da desenvolvimento da sociedade. Não simplifica o processo de
mesma. A partir desta concepção, demonstrou que a pensamento científico, não o reduz à dedução lógico-formal
aprendizagem da escrita não está vinculada à fala e que, e não dá margem para especulações. À lógica dialética cabe
mesmo quando a criança já estabelece a relação entre fala e estudar o pensamento e suas leis visando descobrir as leis
escrita, esta relação não é do tipo fonema/grafema. gerais do desenvolvimento dos fenômenos do mundo
exterior, além de revelar as leis do desenvolvimento do
Os filhos do analfabetismo são alfabetizáveis; não próprio conhecimento e esclarecer a relação deste com os
constituem uma população com uma patologia específica, fenômenos da realidade objetiva.
que deva ser atendida por sistemas especializados de
educação; eles têm o direito a serem respeitados, enquanto A dialética toma como ponto de partida a realidade objetiva,
sujeitos capazes de aprender (EMÍLIA FERREIRO, 1986). uma vez que todo conhecimento começa pela experiência,
pela prática e a ela volta dialeticamente. Na relação com a
Por meio de suas ideias, procura demonstrar que o natureza, pelo trabalho, o homem foi produzindo os bens de
analfabetismo e o fracasso escolar são problemas de que necessita, criando uma realidade humano-social.
dimensões sociais e não consequências de vontades Apreende o objeto, modificando-o com seus instrumentos
individuais. Afirma que a desigualdade social e econômica físicos à medida que realiza uma atividade específica, a
se manifesta, também, na desigualdade de oportunidades práxis3 . Com relação à práxis, na II Tese sobre Feuerbach,
educacionais. Marx assim se expressa: A questão de saber se cabe ao
pensamento humano uma verdade objetiva não é uma
Classifica a repetência como a repetição do fracasso e a questão da teoria, mas uma questão prática. Na prática tem o
evasão como expulsão encoberta. Propõe, por meio de sua homem de provar a verdade, isto é, a realidade e o poder, a
teoria, uma mudança de ponto de vista. Até então, os natureza interior de seu pensamento. A disputa acerca da
métodos de alfabetização partiam de uma concepção realidade ou não realidade de um pensamento que se isola da
psicológica, em que a aprendizagem da leitura e da escrita é prática é uma questão puramente escolástica (MARX, 2009,
realizada de forma mecânica: aquisição de técnica para p. 123-124, grifos do autor).
decifrar o texto; resposta sonora a estímulos gráficos.
A práxis constitui-se um momento da prática social; coloca
Com as pesquisas na área da psicolinguística, a partir de o pensamento em contato com a realidade objetiva. Um
1962, há uma nova visão, de que a criança procura processo de pensar e agir com a prática social existente para
ativamente compreender a natureza da língua falada à sua transformá-la. Objetivando a elaboração de propostas
volta, formula hipóteses, busca regularidade, ou seja, voltadas à orientação da prática educativa numa perspectiva
reconstrói a linguagem. dialética, Saviani (2010) delineia as teorias críticas de
educação, entre elas, anuncia a pedagogia histórico-crítica.
Há grande influência de Piaget em sua teoria. Ferreiro
concebe a teoria de Piaget como uma teoria geral dos A pedagogia histórico-crítica, uma concepção dialética da
processos de aquisição do conhecimento, que é resultado da educação, conforme pensada e estruturada por Saviani
atividade do próprio sujeito e não de métodos ou pessoas, ou (1984, 2008), empenha-se em compreender os fundamentos
seja, o sujeito é produtor do seu próprio conhecimento. do materialismo histórico, articulando a educação com uma
concepção que se contraponha à visão liberal.
No entender de Weisz, em sua teoria, descobre a "história da
aprendizagem", ao fazer perguntas piagetianas sobre as Diferentemente da concepção liberal, a concepção dialética
aprendizagens que, acreditava-se, não eram construídas e tem como objetivo formar um homem que participe do
sim ensinadas, como a aprendizagem da leitura, da escrita, projeto coletivo de transformação social. Para isso, a
da soma. Com isso, muda o enfoque da pergunta, como educação pela mediação do pedagógico deve centrar-se na
observamos na afirmação de WEISZ: análise das condições de vida, dos interesses, das
necessidades e contradições concretas dos homens, para
Em vez de indagar como se deve ensinar a escrever, ela inserção no projeto histórico e social de transformação da
perguntou como alguém aprende a ler e escrever, sociedade e de si mesmo. Ao explicitar os fundamentos
independente do ensino. Ela considerou uma coisa que todos (filosóficos, históricos, econômicos e políticosociais) que a
sabiam: que muitas crianças chegam à escola, antes do sustenta, anuncia que a inspiração decorre das investigações
ensino oficial, já alfabetizadas. As crianças leem, mas não de Marx sobre as condições históricas da produção da
estão socialmente autorizadas a fazer isso, antes do existência humana, cujos resultados aparecem na forma da
professor ensinar. Na verdade, os meninos trabalham muito sociedade atual dominada pelo capital. Uma concepção
para construir esse conhecimento, que acaba não pedagógica tendo como suporte teórico o materialismo

449
histórico-dialético. É, pois, no espírito de suas investigações Ensinar na perspectiva histórica e crítica (dialética), não
que essa proposta pedagógica se inspira. Frise-se: é de significa “[...] transmitir um conteúdo, pronto, definido a
inspiração que se trata e não de extrair dos clássicos do priori por especialistas, embora seja incluído no processo
marxismo uma teoria pedagógica. Pois, como se sabe, nem [...]” (MARTINS, 1989, p.176). Significa possibilitar aos
Marx, nem Engels, Lênin ou Gramsci desenvolveram teoria acadêmicos, neste caso, futuros professores, a apreensão do
pedagógica em sentido próprio. Assim, quando esses autores conhecimento que, uma vez produzido histórica e
são citados, o que está em causa não é a transposição de seus socialmente pelos seres humanos, alcançaram validade
textos para a pedagogia e, nem mesmo, a aplicação de suas universal tornando-se mediadores na compreensão da
análises ao contexto pedagógico. Aquilo que está em causa é realidade social, na qual se encontra o gênero humano.
a elaboração de uma concepção pedagógica em consonância
com a concepção de mundo e de homem própria do Aprender nessa perspectiva resulta de uma atividade de
materialismo (SAVIANI, 2010, p. 422). quem apreende, se apropria do objeto de estudo. Significa
não apenas assimilação do “[...] saber objetivo enquanto
E, enquanto base psicológica, Saviani (2010), recorre à resultado, mas apreender o processo de sua produção bem
psicologia históricocultural desenvolvida por Vigotski e seus como as tendências de sua transformação” (SAVIANI,
colaboradores, argumentando: Entendo que há uma 2012, p. 9). Ao professor cabe mobilizar o aluno para esse
afinidade teórica mais forte de pressupostos histórico-sociais processo.
da pedagogia histórico-crítica com a escola de Vigotsky [...]
Uma das características da pedagogia histórico-crítica é a 6.46 O desenvolvimento infantil, inteligência, afetividade
busca do resgate da importância do trabalho pedagógico, da e o corpo na aprendizagem
especificidade deste trabalho. Também na escola de A Afetividade, ao contrário do que pensa o senso comum,
Vigotsky isto aparece com ênfase muito grande. A análise não é simplesmente o mesmo que amor, carinho, dizer
de Vigotsky evidencia que a inteligência se desenvolve e sempre SIM, ou seja, sentimento apenas positivo, mas,
que neste desenvolvimento, a criança conta com a relação segundo Wallon.
com o adulto, fato ao qual dá a maior importância.
Sistematizar esta relação é justamente a questão pedagógica O termo se refere à capacidade do ser humano de ser afetado
por excelência (SAVIANI, 2003, p. 19). positiva ou negativamente tanto por sensações internas
como externas. A Afetividade é um dos conjuntos
Se a preocupação central da educação é o ser humano, sua funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o
formação e instrução, recorrer à psicologia histórico-cultural ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do
significa buscar subsídios teóricos capazes de orientar o conhecimento. (in SALLA, 2011 pag.1).
pensamento, o processo formativo de conceitos, a prática
pedagógica. Ao analisar o processo formativo de conceitos Apesar de Piaget e Vygotsky terem, em seus estudos, dado
Vigotski (2001) efetua uma distinção entre o processo de importância ao papel da Afetividade no processo de
desenvolvimento de conceitos espontâneos e o processo de aprendizagem, foi Wallon que trabalhou mais
desenvolvimento de conceitos científicos, um aspecto de profundamente esta questão, colocando que a vida psíquica
grande relevância para repensar a Didática. Vigotski, evolui a partir de três dimensões: motora, afetiva e psíquica,
também ancorado em Marx e Engels, caminha no sentido de que coexistem, atuam e se desenvolvem de forma integrada
compreender o homem enquanto um ser histórico que se e, mesmo que em determinado momento uma dimensão
constrói nas relações com a natureza e com os outros pareça dominar, essa dominância se alterna e as conquistas
homens. Para o autor, o homem modifica a natureza, ocorridas em uma são incorporadas às outras.
dominando-a pelo trabalho. Reside, portanto, no trabalho a
diferença fundamental entre o homem e os demais animais, Ao longo do trajeto elas alternam preponderâncias, e a
base da teoria histórico-cultural. O processo de trabalho afetividade reflui para dar espaço à intensa atividade
intervém decisivamente na formação das propriedades cognitiva, assim que a maturação põe em ação o
humanas, nas particularidades psicofísicas requeridas à sua equipamento sensório-motor necessário à exploração da
realização e, da mesma forma, instaura um dinamismo de realidade. (DANTAS, 1992 pag.90)
transmissão dessas conquistas às novas gerações,
absolutamente distinto dos padrões animais. As formas de Para Wallon, “a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto
existência social instituídas pelo trabalho engendram novas do ponto de vista da construção da pessoa quanto do
propriedades no homem, posto que não transforme apenas o conhecimento”. Para ele, a emoção, uma das dimensões da
seu ambiente real de vida, mas, sobretudo, a sua forma de Afetividade, é instrumento de sobrevivência inerente ao
viver (MARTINS, 2013, p38-39, grifos da autora). homem, é “fundamentalmente social” e “constitui também
uma conduta com profundas raízes na vida orgânica”.
Ancoradas no materialismo histórico-dialético, ou seja, (DANTAS 1992 pag.85)
comungando dos mesmos princípios, fundamentos e
pressupostos teóricos (filosófico-epistemológicos) a Para Piaget a Afetividade é uma energia impulsionadora das
pedagogia histórico-crítica e a teoria histórico-cultural, ações do sujeito, o que Wallon complementa dizendo: “a
constituem referências para (re) pensarmos a Didática. afetividade é um componente permanente da ação”. (in

450
SILVA, 2014 pag. 1). se valorizar a mediação social que, segundo Wallon (in
Dantas 1991, pag.92) “está na base do desenvolvimento: ela
Segundo Wallon, o desenvolvimento humano acontece em é a característica de um ser “geneticamente social”
cinco estágios, nos quais são expressas as características de radicalmente dependente dos outros seres para subsistir e se
cada espécie e revelam todos os elementos que constituem a construir enquanto ser da mesma espécie”.
pessoa:
O educador francês Henry Wallon, ao estudar o
- impulsivo-emocional (de 0 a 1 ano): onde o sujeito revela desenvolvimento humano, não colocou a inteligência como
sua afetividade por meio de movimentos, do toque, numa o elemento mais importante desse processo, mas a atuação
comunicação não-verbal; integrada de três dimensões psíquicas: a motora, a afetiva e
a cognitiva, sendo que a evolução ocorre quando há uma
- sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos): a criança já fala e integração entre o equipamento orgânico da pessoa e o meio
anda, tendo o seu interesse voltado para os objetos, para o em que ela vive, responsável por permitir/auxiliar o
exterior, para a exploração do meio; desenvolvimento das potencialidades próprias de cada um.
(SALLA, 2011).
- personalismo (3 a 6 anos): fase da diferenciação, da
formação do “eu”, da descoberta de ser diferente do “outro”; A Teoria da Afetividade de Wallon veio questionar o ensino
tradicional com seu autoritarismo, falta de criatividade, forte
- categorial (6 a 10 anos): organização do mundo em característica abstrata, exigindo um aluno passivo, sem
categorias leva a um melhor entendimento das diferenças personalidade, e sem levar em conta o caráter afetivo, social
entre o “eu” e o “outro”; e político da educação, pois, a Escola, como um fato social,
deve: “refletir a realidade concreta na qual esse sujeito vive,
- puberdade, adolescência (11 anos em diante): acontece atua e, muitas vezes, procura modificar”. (LAKOMY, 2003
uma nova crise de oposição, ou seja, o conflito eu-outro p.60).
retorna, desta vez como busca de uma identidade autônoma,
o que possibilita maior clareza de limites, de autonomia e de E isso requer uma educação voltada para o desenvolvimento
dependência. É nessa fase que o indivíduo se reconhece afetivo, social e intelectual de forma integrada, formando,
como Ser único, com personalidade, com valores, com assim “indivíduos autônomos, pensantes, ativos, capazes de
sentimentos. (in MAHONEY & ALMEIDA, 2005 p.22) participar da construção de uma sociedade contextualizada”.
(LAKOMY, 2003 p.60).
Em todos os estágios do desenvolvimento humano, segundo
a teoria de Wallon, a Afetividade está presente em maior ou Esse é um direito inalienável de toda criança, pois, segundo
menor grau, haja vista a interação indispensável a esse Wallon:
processo, para a formação desse indivíduo como ser social,
cultural e inserido, de fato, no meio em que vive. Todas as crianças, sejam quais forem suas origens
familiares, sociais, étnicas, tem direito igual ao
Wallon destaca em seus estudos, que a Afetividade se desenvolvimento máximo que sua personalidade comporta.
expressa de três maneiras: 1. Emoção: exteriorização da Elas não devem ter outra limitação além de suas aptidões
afetividade, aparece desde o início da vida do ser humano e (IN LAKOMY p. 60)
é expressa com movimentos de espasmos e contrações,
liberando sensações de mal-estar ou bem-estar. Nessa teoria, Tanto na Teoria de Piaget – Construtivismo, no Sócio-
a emoção é vista como indispensável à sobrevivência do ser, interacionismo de Vygotsky como na Teoria de Wallon, as
e, pela sua contagiosidade “ela fornece o primeiro e mais interações – com objetos, com pessoas, com o meio -, são
forte vínculo entre os indivíduos e supre a insuficiência da imprescindíveis para o desenvolvimento do ser humano.
articulação cognitiva nos primórdios da história do ser e da
espécie”. (DANTAS, 1992 pag.85). 2. Sentimento: expressa Para Piaget, “a inteligência humana somente se desenvolve
a afetividade sem arrebatamento, com controle, pela mímica no indivíduo em função de interações sociais que são, em
e também pela linguagem, o que o diferencia da emoção. geral, demasiadamente negligenciadas” (LA TAILLE, 1992
Tem caráter cognitivo. 3. Paixão: está presente a partir da p.11).
fase do personalismo e se caracteriza pelo autocontrole no
domínio de uma situação, exteriorizando-se através de Para Vygotsky, “a história da sociedade e o
ciúmes e exigência de exclusividade, entre outros. desenvolvimento humano caminham juntos’, sendo o
(MAHONEY & ALMEIDA, 2004 pag.21) conhecimento internalizado e transformado pela criança
através da sua interação ou trocas sociais com as pessoas
A afetividade, portanto, assim como o ato motor e a que a rodeiam. (LAKOMY, 2003 p.38).
cognição, está presente durante toda a vida do sujeito
devendo, pois, ser levada em conta em todo estudo sobre o Para esses autores, assim como para Wallon, a Afetividade é
desenvolvimento do ser humano, tanto no plano individual, elemento intrínseco do processo de desenvolvimento, mais
como no social, cultural, cognitivo. Nesse contexto há que especificamente da aprendizagem, o que acontece não só na

451
escola, mas na família, na rua, nos momentos de diversão. No último estágio – puberdade e adolescência – o recurso
principal da aprendizagem do ponto de vista afetivo é a
O ser humano, como visto, é movido pela afetividade, tanto oposição que aprofunda e possibilita a identificação das
na sua forma positiva quanto na negativa, ou seja, um elogio diferenças entre ideias, sentimentos, valores próprios e do
lhe afeta positivamente, enquanto uma reprimenda ou crítica outro. Deve-se também permitir a expressão e discussão
lhe afeta negativamente, sendo que, nos dois casos, a dessas diferenças de forma que resulte em relações
Afetividade opera como elemento de desenvolvimento no solidárias. Em todas as fases desse processo é importante a
sentido de criar mecanismos de compreensão, aceitação, colocação de limites, que facilitarão a vivência, garantindo o
defesa ou administração das sensações desencadeadas. bem-estar de todos.

Ao se falar em aprendizagem, deve-se ter em mente o Para Wallon (in Mahoney & Almeida, 2004 p.25), os
processo ensino-aprendizagem, já que uma não acontece princípios reguladores dos recursos da aprendizagem são os
sem o outro e isso é a forma mais concreta do que se nomeia mesmos para crianças e adultos, com diferenciação no
“interação social”, ou seja, não existe ensino-aprendizagem tempo e na abertura.
sem as interações, sem as trocas, sem o convívio, o que pode
ser melhor vivenciado, intermediado, levado a cabo pela via O professor também é afetado pelo meio, pelas interações –
da afetividade e a compreensão das suas implicações no pela emoção, sentimento e paixão -, mas, como adulto, tem
processo. maiores recursos para reagir de forma equilibrada,
controlada, para assim colaborar na solução dos conflitos,
Wallon, na sua Teoria dos Estágios, explica que no estágio entendendo que a qualidade da relação, consequentemente
impulsivo-emocional: da aprendizagem, é avaliada pela forma como foram
resolvidos os conflitos.
O recurso da aprendizagem é a fusão com os outros. O
processo ensino-aprendizagem exige respostas corporais, Há que se entender que uma dificuldade de aprendizagem se
contatos epidérmicos, daí a importância de se ligar ao seu constitui, também, de uma dificuldade de ensino, não
cuidador, que segure, carregue, embale. Através dessa fusão, cabendo, aí, culpados ou inocentes, pois todos têm igual
a criança participa intensamente do ambiente e, apesar de responsabilidade no sucesso/fracasso do processo. “Quando
percepções, sensações nebulosas, pouco claras, vai se não são satisfeitas as necessidades afetivas, estas resultam
familiarizando e apreendendo esse mundo, portanto, em barreiras para o processo ensino-aprendizagem e,
iniciando um processo de diferenciação”. (MAHONEY & portanto, para o desenvolvimento, tanto do aluno como do
ALMEIDA, 2005 p.22). professor” (MAHONEY & ALMEIDA, 2004 p.26)

No segundo estágio – sensório-motor e projetivo – deve Com a crescente desvalorização do trabalho docente, do
haver, por parte da família, a disposição de oferecer professor como profissional, da Escola como instituição de
situações e espaços diversos a fim de que as crianças formação – não só de instrução -, a educação está em crise
participem de forma igual, assim como a atenção para lhes de identidade, de objetivos, de comprometimento. O
responder sobre o mundo exterior, facilitando-lhes a professor não alfabetiza porque “isso é dever da família”;
diferenciação entre elas e os objetos. não revê conteúdos indispensáveis à aprendizagem de
outros, porque “isso era obrigação do professor da série
No terceiro estágio – personalismo – é necessário que o anterior”; não reprova “porque o sistema manda aprovar”;
processo ensino-aprendizagem ofereça à criança diferentes ou reprova em massa porque “comigo é dureza”. Com as
atividades, assim como a possibilidade dela escolher salas de aula muito cheias, o professor “não tem condição de
atividades que lhe sejam mais agradáveis. É importante das dar uma atenção individualizada”; se tem pouco aluno, o
as respostas certas, assim como reconhecer e respeitar as professor “não tem condição de preparar aulas mais
diferenças que certamente irão aparecer. Nesse estágio o interessantes e motivadoras por causa da sua carga horária
professor, se for o caso, deve mostrar que a criança é muito grande e estressante”; enfim, o atendimento das
conhecida e reconhecida, viabilizando momentos de necessidades dos alunos, especialmente a afetividade, é
convivência com outras crianças de idades diferentes, com completamente esquecida, desprezada.
oportunidades para que elas se expressem.
Outro elemento importante no processo ensino-
No estágio categorial, início de fato do período escolar, a aprendizagem, na atualidade, é o uso maciço da informática
aprendizagem ocorre especialmente pela descoberta de pelos alunos, o que pode ser positivo se o professor
diferenças e semelhanças entre objetos, imagens, ideias, com acompanha as mudanças e utiliza as novas ferramentas que
predomínio da razão, expressada em representações claras e estão disponibilizadas na sociedade e também na escola;
precisas. É importante entender que todo novo pode ser negativo se o professor não acompanha, “não gosta
conhecimento traz um período de imperícia que, com o e não tem tempo” de interagir com as mudanças e ainda se
tempo, se desmancha com as atividades propostas e se coloca “contra” as novidades trazidas pelas TICs.
transforma em competência através da aprendizagem.
Há que se destacar a diferença entre “educador” e

452
“professor”, pois, segundo Muniz (Revista ABPp), professor papel mais importante para articular este processo na fase
é profissão e como tal, há aos milhares, enquanto educador é inicial de vida da criança, é construído conforme o
vocação. “E toda vocação nasce de um grande amor, de uma relacionamento e o convívio que ela tem, sendo este
grande esperança. ”(ALVES,1986 citado por MUNIZ s/d). aprendizado levado para as relações a serem construídas fora
do espaço físico habitual, para o mundo externo.
É urgente, portanto, a conscientização por parte do
educador, da importância, sua como pessoa e da sua Daí que a família deve aproveitar ao máximo, esse tempo e
metodologia, da sua forma de trabalhar e da sua postura, da as oportunidades próprias do dia-a-dia no lar, para orientar
sua visão de aluno e de professor, para a formação do sujeito seu filho sobre tudo e qualquer coisa, respondendo aos
global, completo, com o atendimento das suas demandas questionamentos, tirando dúvidas, aconselhando. Importa
cognitivas mas também afetivas, para que, na realidade, muito mais a atenção e importância dadas, do que o
possa formar não só profissionais, mas cidadãos, pois serão ensinamento propriamente dito, haja visto que muitos pais
estes que, de fato, construirão uma sociedade igualitária, não tem o conhecimento adequado sobre muito do que as
justa e solidária. crianças querem saber.

Como foi posto por Wallon, a criança é um ser Portanto, essa atenção da família tem um peso enorme na
“geneticamente social”, isto é, depende dos outros, das formação daquela criança, pois, conforme Nunes (2009
interações para sobreviver, para se desenvolver. E isto é p.19):
corroborado por Piaget (inLa Taille, 1992 p.11) que diz:
A criança que cresce acreditando que é uma pessoa
Se tomarmos a noção do social nos diferentes sentidos do merecedora de valor tem sua capacidade produtiva e criativa
termo, isto é, englobando tanto as tendências hereditárias estimulada, adapta-se com mais desembaraço a novas
que nos levam à vida em comum e à imitação, como as situações, tende a ser mais coerente e ponderada em suas
relações “exteriores” (no sentido de Durkheim) dos escolhas, é mais aberta e receptiva ao diálogo e acata os
indivíduos entre eles, não se pode negar que, desde o limites com mais condescendência. ”
nascimento, o desenvolvimento intelectual é,
simultaneamente, obra da sociedade e do indivíduo. Vale frisar que colocar limites, cobrar acordos feitos,
recriminar o errado, também são formas de demonstrar afeto
Por conseguinte, fica clara a importância da família, e e ajudam na formação do sujeito responsável, ético,
também da escola como instituição formadora, para o solidário, cidadão.
desenvolvimento global desse ser.
Ao chegar à Escola, a criança já traz um arsenal de vivências
Desde o seu nascimento a criança inicia o seu processo de e experiências – positivas e negativas -, que não podem ser
aprendizagem e desenvolvimento, mediado pela família, seu negligenciadas pelo professor e demais agentes da
primeiro núcleo de interação. Sabe-se, no entanto, que a instituição. E não se pode simplesmente dizer que “não sou
família é, hoje, uma instituição em crise, onde os filhos já responsável pelo que aconteceu antes de mim”, porque o
não são a sua “razão de ser”, ou seja, na grande maioria dos “antes” tem influência no “depois” e o professor terá tudo a
casos, o filho é uma obrigação, muito mais de financeira, ver com isso.
material, do que afetiva. E isso tem prejudicado
sobremaneira, a vida de muitas crianças e jovens, que não O professor não é mais apenas o responsável por “ensinar”
conviveram com o afeto em suas representações mais conteúdos, mas o responsável por ajudar o aluno a aprender
positivas, como o amor, o carinho, o conselho, a reprimenda e isso muda todo o processo, pois se não há aprendizagem, o
amorosa, a escuta atenciosa, o Sim e o Não explicados, fracasso é do aluno e do professor. E esse fracasso nem
enfim, atitudes que fazem toda a diferença na construção do sempre estará relacionado à incompetência do professor,
sujeito que irá influir positivamente na sociedade. ausência ou deficiência de metodologias e recursos, ou à
falta de atenção, indisciplina, “problemas” do aluno. Há um
São essas atitudes que dirigidas à criança, a fazem aprender aspecto pouco percebido ou levado em conta por todos, e
a se ver e ao mundo, de forma mais positiva e isso facilita que pode ser o elemento que está faltando nesse processo e
tanto o aprendizado quanto os relacionamentos, dando-lhe que é determinante para que ocorra a aprendizagem que se
mais segurança “para que não desenvolva receio de errar quer, e se consiga o sucesso que se busca: a Afetividade.
enquanto aprende, enfrentando os desafios que surgem de
forma mais confiante e aprendendo também a se relacionar É sabido que a pobreza afetiva prejudica o sujeito,
num sentido mais amplo. (NUNES 2009 pag.18). principalmente o jovem que, até por conta da impulsividade
própria da idade, tende a arriscar-se de forma temerária já
Para Souza (in Silva 2011 p.4), a família é a base para o que lhe faltam boas e construtivas referências. Ao contrário,
desenvolvimento de um indivíduo, pois que as primeiras se ele conta com referências positivas “e com orientação, ele
interações se dão no meio familiar, ou seja, o primeiro desenvolve o poder de filtrar as informações que lhe
contato da criança com o mundo começa dentro de casa chegam, a partir da tomada de consciência de como agem as
mediado pelos familiares presentes neste lar, e por isso o pessoas de bom caráter” (NUNES, 2009 p.123).

453
possibilidades onde se pode beber sem limites”. (NUNES,
O professor, antes de “diagnosticar” o aluno como deficiente 2009 p.21).
ou “com problemas”, deve buscar conhecê-lo melhor, por
inteiro, para entendê-lo e assim ajudá-lo, numa troca O entendimento da íntima relação existente entre emoção e
significativa que conduz à aprendizagem de fato, e não só do cognição, afetividade e aprendizagem, é indispensável para
aluno mas também do professor, que atualmente deve se ver o alcance de uma aprendizagem significativa, que perpassa
“como mediador, facilitador. Para que haja um excelente os muros da escola e os boletins de notas, pois, segundo
aprendizado é necessário que o aluno não seja forçado a Wallon:
fazer nada, mas que aja por si só, por seus próprios esforços,
pois na relação precisa existir respeito mútuo” (SANTOS, A escola comete erros porque desconhece as várias fases do
2012 p.117) desenvolvimento da mente humana; erra também por não
conhecer conteúdos culturais que possam contextualizar
Segundo a Professora Telma Vinha, numa entrevista para a concretamente os alunos e persevera no erro ainda mais, por
Revista Nova Escola (2013 pag.20) os papéis da família e da desconhecer as histórias de vida de cada um. (In
escola com relação à educação das crianças, estão muito MAHONEY &ALMEIDA, 2004 p.24).
misturados e da mesma forma que a família espera que a
escola resolva o “problema”, a escola pede que os pais Portanto, a Afetividade deve ser considerada altamente
disciplinem seus filhos. Daí que uma culpa a outra, o que relevante, “uma vez que a tendência intelectualista,
não resolve a questão, já que é justamente essa criança que generalizada na escola na atualidade, parece ignorar os
mais precisa de atenção, no caso, da escola. determinantes afetivos e emotivos do pensamento e da
conduta do aluno” (MAHONEY & ALMEIDA, 2004 p.24).
Para Wallon (in Mahoney & Almeida, 2004) é importante o
professor saber sobre afetividade, pois que a emoção (um Para Briggs (in Bezerra 2006, p.7) “ajudar as crianças a
dos seus aspectos mais importantes) é contagiosa, daí que o desenvolver sua autoestima é a chave de uma aprendizagem
comportamento do aluno influencia a dinâmica da sala de bem sucedida”, que é o que todo professor deseja ou deveria
aula e a postura do professor e este deve estar preparado desejar, sob pena de ele próprio não se orgulhar e nem se
para colaborar na solução dos conflitos, lembrando que estes sentir feliz com o trabalho que realiza. O que também é uma
são parte importante do processo ensino-aprendizagem. A questão de afetividade.
forma como o professor se coloca frente aos conflitos e
como estes são resolvidos, reflete nas relações do aluno com E Nunes complementa:
o conhecimento e com os outros.
O papel da afetividade na educação não deve ser o de mero
Conforme destaca Nunes (2009 p.85): coadjuvante, mas sim o de ocupar o centro do palco junto
aos conteúdos e métodos pedagógicos que fazem parte do
A autoridade e postura firme do educador abrem caminho currículo escolar formal, que por si só já contribuem
para os acordos e ajustes porque fazem com que o aluno inestimavelmente para o crescimento de crianças e jovens.
perceba que o educador é quem conduz, orienta, media e (2009 p.123).
auxilia a turma, mas não o faz em regime de opressão.
Crianças sentem o que isso significa e, na grande maioria Sendo assim, há que se inserir definitivamente a afetividade
das vezes, respondem positivamente a esta dinâmica. O como elemento integrador do processo de ensino-
educador que assim atua irradia segurança à criança, aprendizagem, de forma a contribuir decisivamente para o
estimulando nela a criatividade, o poder de expressão, de sucesso do processo como conseqüência da melhoria das
demonstração de sentimentos, e colocando os limites relações em sala de aula.
necessários para o desempenho de todos, fazendo isso
sempre baseado no bom senso. Corpo e aprendizagem
A Psicopedagogia trabalha com sujeitos, particularmente
A atuação do professor está intimamente ligada à sua crianças que, por diferentes razões, são impedidas de se
formação inicial (graduação) e à formação continuada apropriar do conhecimento formalizado pela escola de
(extensão, especialização etc.) indispensáveis à sua maneira desejante. Deparar-se com essas dificuldades gera
capacitação para agir o mais adequadamente possível a fim nos adultos uma série de sentimentos que vão desde o
de realizar um trabalho eficiente e prazeroso. assombro/ perplexidade até a condenação da instituição
escolar. O que faz com que uma criança não possa aceder a
Todo trabalho, que se queira de qualidade, é mais custoso este conhecimento?
mas nem por isso mais difícil e Nunes alerta que um
educador consciente busca a melhor maneira de levar seu Cordiè (1996) aponta que o fracasso escolar entendido como
aluno ao conhecimento, sendo não somente mestre, mas um sintoma surgiu a partir da modernidade, em função das
também, guia, amigo, parceiro, conselheiro e motivador. modificações econômicas e, consequentemente, do ideal
Agindo assim, ele fará com que “os horizontes se abram social que preconizava a produtividade como o caminho
cada vez mais, tornando a educação uma fonte de natural do ser humano. No século XIX surgiu a escolaridade

454
obrigatória e, junto com ela, a necessidade de acompanhar através de um sintoma, remete atentar não tanto aos
um currículo escolar elaborado em função das novas conteúdos que não estejam sendo aprendidos quanto à
tecnologias que atendiam ao ideário da produtividade. O não operação cognitiva que esteja fraturada (Paín, 1973), na
cumprimento desse novo ideal fez com que o fracasso se medida em que a mesma está relacionada ao não
instalasse no âmbito da aprendizagem, visto que a representado e não simbolizado ao nível da interação
constituição do sujeito pressupõe relações afetivas que estão parental-filial.
necessariamente atravessadas pelas expectativas e
exigências socioculturais. Freud (1921/1990a), iniciando suas investigações
psicanalíticas com mulheres que sofriam sintomas histérico-
Uma das abordagens possíveis para o entendimento do conversivos, já se deparava com a dificuldade de diferenciar
fracasso na aprendizagem ocorre a partir de uma intercessão as instâncias somática e psíquica; de seus estudos clínicos,
de saberes oriundos da Psicanálise e da Psicopedagogia. É a concluiu que o ego, em um primeiro momento, é um ego-
partir deste pressuposto que trabalharemos as ideias deste corpo.
texto.
Para a psicanálise, a noção de corpo não é dada, mas
Paín (1973) aponta que uma dificuldade de aprendizagem construída na relação com o outro. Quando a criança nasce,
pode se expressar através de uma inibição ou de um não diferencia o que dela faz parte e do que dela não o faz.
sintoma. O sintoma aparece na obra freudiana como sendo Para que isso aconteça, é necessário que esse organismo que
uma formação de compromisso ou uma formação nasce encontre um outro ser que lhe deposite e ofereça
substitutiva, ou seja, um acordo entre as instâncias psíquicas enunciados que o reconheçam como sujeito (Aulagnier,
para que uma moção pulsional seja descarregada pelo id, 1990). Nesse sentido, um organismo somente se torna um
apesar das manifestações do superego. O ego se vê impelido sujeito desde que tenha sido pensado, antecipado por outro
a fazer um acordo entre ambos, deixando a moção pulsional (Aulagnier, 1989). Desde a concepção o feto é antecipado
ser descarregada, mesmo que deformada, tendo, como custo, pelos pais como sendo alguém que possui características
parte de sua autonomia. Assim, em termos freudianos, próprias que estão relacionadas aos desejos narcisistas
somente poderíamos considerar sintomatológico um desses pais. Assim, desde a gestação esse corpo que está por
comportamento que se estabelecesse após a passagem pelo nascer é marcado a partir de enunciados que o antecipam
conflito edípico. Já, a respeito da inibição, Freud (1926, como sujeito. Quando do nascimento, os pais precisam
citado por Paín, 1973) refere ser esta uma limitação normal reorganizar seu bebê imaginado de acordo com as
de uma função que não carrega necessariamente um características do bebê da realidade (Horstein, 1994) para
componente patológico. As funções egoicas que ele aponta poder entrar em relação com ele, negociando, a partir de
passíveis de inibições referem-se à função sexual, função de então, as expectativas narcísicas e idealizadas.
nutrição, função de locomoção e à inibição do trabalho.
Nesse sentido, a diferenciação entre inibição e sintoma Paín e Jarreau (1996) apontam para uma diferenciação entre
refere-se à formação de uma nova operação psíquica, já que organismo e corpo. Organismo refere-se a uma "estrutura
uma inibição pode se tornar sintomática desde que material que conserva a estabilidade do ser humano através
represente um conflito. Nesse sentido, Paín (1973) lembra de uma programação reguladora.... é capaz de registrar as
que o sintoma seria a transformação de uma determinada coordenações sensório-motoras adquiridas de modo a que
função egoica. sejam utilizadas pelo sujeito de maneira automática ... é uma
memória de funcionamento. A capacidade representativa só
O problema da formação de um sintoma na infância foi pode se desenvolver na condição de que uma parte de suas
muito debatido pela Psicanálise. Muitos consideravam a aquisições seja disponível sem passar pela consciência.... Se
impossibilidade de submeter uma criança a um atendimento o organismo pode ser comparado a um registrador, o corpo
psicanalítico, visto que, por não ter passado pelo conflito constitui um instrumento de música. Ele é o ato vivido,
edípico, o comportamento inadequado não poderia ser presença. Na arte o possível passa pelo corpo e esse por três
considerado sintomatológico, uma vez que as três instâncias planos" (p. 53).
ainda não haviam se constituído (não esqueçamos que o
superego é o herdeiro doComplexo de Édipo). Superada essa O plano das coordenações sensório-motoras, o plano dos
questão a partir do entendimento de que a criança faz afetos, o plano da constituição do eu, todos em conjunto,
sintoma onde o ideal parental de não castração falha participam da constituição do corpo. No primeiro plano, há
(Melman, 1995), adentramos em um mundo no qual as uma coordenação entre as percepções e as ações que vão
representações da criança vão se formando a partir de formando esquemas de ações e de significações. Por
representações que os pais encenam na interação (Aulagnier, exemplo, o reconhecimento ocular de um círculo irá incluir
1990). Ou seja, a formação da representação da criança está o gesto para sua produção como possível traçado no papel.
influenciada por aquilo que o Outro primordial representa Para ser automatizado é necessário que, na execução de um
sobre ela; nesse sentido, pensamos que a formação do gesto, o corpo encontre um máximo de eficácia e
sintoma na criança também aponta para aquilo que, flexibilidade considerando os mecanismos de assimilação e
nascisicamente, os pais representam sobre a criança. Pensar acomodação descritos por Piaget (1971).
a problemática da aprendizagem, quando esta se manifesta

455
Em relação ao plano dos afetos, precisamos considerar que,
no corpo, a emotividade encontra ressonância. Esta é Inicialmente, então, a experiência somática se impõe sendo
expressa em toda e qualquer produção considerando até as metabolizada em experiência psíquica. Nesse sentido
memórias mais primitivas inscritas no corpo. O plano da sofrimento orgânico é sofrimento psíquico. Para que não
constituição do eu relaciona-se à primeira imagem tenha consequências avassaladoras, é necessário que esse
identificatória com ele mesmo. "Pode-se dizer que no início, sofrimento possa ser falado pelo outro no intuito de impedir
o sujeito é seu corpo: não somente a forma de seu corpo o desinvestimento do corpo e do pensar. Assim, podemos
como tal como ela lhe é restituída pelo espelho, mas, perceber a relação das primeiras inscrições somáticas com
sobretudo, seu corpo eficaz, esse instrumento que obedece, esse inicio da representatividade e do pensar sobre. Se há
quando ele quer alcançar alguma coisa. Portanto, toda algo que falha nessas primeiras inscrições do corpo,
representação assinala, ao mesmo tempo, um eu-proprietário possivelmente haverá uma falha na capacidade do
(do corpo enquanto causa) e um eu-autor (da obra enquanto pensamento. Nesse sentido, o corpo é considerado, para
efeito)." (Paín & Jarreau, 1996). Aulagnier (1990), um mediador entre duas psiques – a
própria e a materna e entre a psique e o mundo.
O organismo é, então, considerado uma infraestrutura
sensorial e de inscrição. O corpo é aquele que "toma corpo Na clínica com crianças percebe-se o poder patogênico de
primeiramente na eficácia dos gestos aprendidos através dos algumas representações jogadas na criança quando bebê.
quais se incorpora ao outro e domina a ação sobre os objetos Dolto (1992) refere que a imagem do corpo é testemunha
e posteriormente em sua imagem estática em espelhos e das primeiras inscrições libidinais acontecidas na relação
retratos. O corpo será rapidamente instituído, simbolizado com o Outro primordial. Nesse sentido, a autora refere ser a
através de um nome e do uso de um pronome" (Paín, 1998, imagem do corpo o todo vivido relacional, partindo de que a
p. 6). relação mãe/bebê é fundamental e fundante do sujeito.

Paín (1973) refere que uma das condições internas da Para pensar na importância da representação do corpo na
aprendizagem diz respeito ao "corpo como infraestrutura sintomatologia futura de uma criança se faz necessário
neurofisiológica ou organismo" (p. 25) que garante a diferenciar os conceitos de imagem corporal e esquema
conservação, coordenação dos esquemas e a dinâmica de sua corporal. Esquema corporal é o corpo em si a partir do qual
disponibilidade atual, sendo necessário considerar "o corpo a imagem corporal vai se constituir. O esquema corporal é
como mediador da ação e comoassento do eu formal" (p. aquilo que nos define enquanto pertencentes a determinada
25). É pelo corpo que o sujeito manifesta sua rigidez, espécie; é evolutivo e independe das relações com os outros
flexibilidade, forma de caminhar, de pegar os objetos, ou e, assim "reporta o corpo atual no espaço à experiência
seja, é com o "corpo que se aprende. As condições do imediata" (Dolto, 1992, p. 15). O esquema corporal objetiva
mesmo – sejam constitucionais, herdadas ou adquiridas, a intersubjetividade e, nesse sentido, pode ser o intérprete da
favorecem ou retardam os processos cognitivos, imagem corporal. A autora enfatiza o vivido relacional da
especialmente os da aprendizagem" (p. 25). imagem corporal fazendo com que o corpo físico ou
esquema corporal seja aquilo que vai possibilitar que a
Cabe ressaltar que Aulagnier (1990) refere que a relação imagem corporal se estabeleça. É o estabelecimento da
psique-soma tem origem no empréstimo que a psique faz da imagem corporal que possibilita a saída do homem
atividade sensorial, sendo as primeiras representações biológico, como espécie, para o homem cultural. Isso
produzidas a partir do material somático. Violante (2001), implica na possibilidade de relacionar-se com o outro. Nesse
para explicar essa ideia, retoma o postulado piagetiano aspecto, vemos como a concepção de organismo e corpo de
(Piaget, 1971) de que a inteligência, em um primeiro Paín e Jarreau (1996) assemelha-se ao esquema corporal e
momento, é sensório-motora, ou seja, apoia-se nas imagem corporal de Dolto.
percepções sensoriais. A criança, nesse período, organiza
seu conhecimento através das informações que lhe chegam a Dolto (1992) tem uma concepção muito particular do que
partir do olfato, tato, paladar, sons, costurando-as pode ser considerado um bebê. Para a autora, o bebê é desde
visualmente pela observação do corpo do outro (não o início da sua vida um ser predisposto à comunicação,
esqueçamos a necessidade da criança colocar os dedos na inserido desde o nascimento em relações linguageiras com
boca, nariz, olhos do adulto quando no início da constituição aqueles que cuidam dele. Nesse aspecto, a autora insiste na
da diferença eu-outro). Violante lembra que, antes de necessidade de se falar com a criança, e até mesmo com um
constituir sua própria imagem, a criança precisa construir os bebê recém-nascido, sobre tudo aquilo que o perturba ou faz
primeiros esquemas vocais. Para que isso aconteça é sintoma. Ela parte do princípio de que o bebê entende
necessário que, em um tempo anterior, ela tenha sido falada absolutamente tudo o que um adulto entenderia. Nesse
e tenha lhe sido acionado o desejo de escutar. Isso é aspecto, não é necessário fazer adaptações nas palavras, mas
fundamental, pois na medida em que a criança é convocada entrar em comunicação com o bebê a partir e através da sua
a escutar, vão sendo transmitidos os enunciados que a imagem corporal. Para a autora, imagem corporal é o todo
identificam como sujeito e, junto com isso, as interpretações vivido relacional de um sujeito e é considerada testemunha
sobre seu estado original, ou seja, sobre suas sensações das inscrições libidinais do corpo na relação com o outro
corporais. primordial.

456
para as castrações futuras. Nesse momento primordial, mãe
Sendo assim, segundo a autora, é o circuito libidinal que e bebê transformam os comportamentos biologicamente
responde pela condição de ser do sujeito, pois dá conta da preestabelecidos em comportamentos com algum sentido
busca constante de complementação. É o corpo que está afetivo.
subjacente a qualquer comunicação inter-humana, sendo o
primeiro mediador entre o sujeito e o mundo. A castração oral refere-se ao desmame, o que impossibilita
que a pulsão se satisfaça no corpo materno. Pode ser
O conceito de imagem do corpo derivou das observações da entendida como um prolongamento da castração umbilical,
sua prática clínica com crianças neuróticas, da necessidade considerando o aspecto da separação corpo a corpo. O efeito
de utilizar algo que mediasse a criança e seu corpo (no humanizante dessa castração é a possibilidade da mãe não
adulto essa mediação acontece pela utilização da linguagem ser mais a única intérprete da linguagem da criança. O bebê
verbal) a partir do qual pudesse surgir material associativo começa a querer se comunicar sentindo muito prazer em
que viabilizasse uma psicanálise. A eficácia na utilização de brincar com os barulhos que saem da boca e estabelecendo
materiais gráficos e modelagens fez com que Dolto pudesse longas conversas não somente com a mãe, mas, também,
depreender dessa prática o conceito de imagem corporal, com seus brinquedos. Se estes brinquedos não tivessem sido
retirando o acento da clínica e ampliando-o para o apresentados seria impossível que o processo de olhar para
entendimento da constituição subjetiva da criança na relação outro lugar tivesse se iniciado. Não estaria aqui o esboço das
com o outro. futuras sublimações, tão necessárias para a aprendizagem
formal? Não estaria aí o efeito das metabolizações maternas
A imagem corporal muda em função das castrações. dos estados físicos do bebê?
Segundo a autora, as operações psicológicas de castração
humanizam as pulsões. O termo castração tem um No que concerne à castração anal, o que está em jogo é a
significado bastante diferente daquele cunhado por Freud interdição do prazer obtido pela manipulação materna no
(1924, citado por Dolto, 1992) e seguido pelos outros corpo da criança. A partir dessa castração a criança adquire
teóricos da psicanálise. Para Dolto (1992), as castrações autonomia motora, dispensando os cuidados dos adultos
referem-se às provas que a criança deve passar ao longo da para alimentar-se, ir ao banheiro, vestir-se. A importância
primeira infância para humanizar-se. São provações que dessa castração está associada à maior independência dos
acontecem na relação com o outro quando este a priva da cuidados da mãe, propiciando à criança o vislumbre da
satisfação corpo a corpo que até então lhe era permitida. A possibilidade de se independizar dos desejos maternos a seu
castração, então, lhe é possibilitada pelo Outro e é esta respeito. O fator humanizante dessa castração refere-se à
forma de doação que determinará como esta castração será possibilidade de adquirir a noção adequada do que é lícito e
recebida pela criança. Segundo a autora, para que uma ilícito e de não prejudicar os outros. Esse efeito humanizante
castração não tenha consequências patogênicas, ela terá que se faz possível pela capacidade de maior domínio do corpo e
necessariamente passar pela linguagem, garantindo, para a a aquisição da noção dos limites físico-corporais. Além
criança, a partir da mediação da palavra, a satisfação disso, pelo controle esfincteriano propriamente dito, a
pulsional que está sendo interditada pelo adulto. Com isto criança passa a saber que pode fazer determinadas coisas em
percebe-se também a importância dos aspectos culturais na determinados lugares e não em todos, como até pouco tempo
obra da autora, já que esses interditos não são caprichos dos atrás. Além dessas, temos, ainda, a passagem da criança pela
adultos, mas acontecem porque também neles esta satisfação experiência do espelho, ou seja, momento no qual ela se
pulsional foi interditada, estando, os adultos, submetidos a reconhece como sendo diferente daquilo que até então ela se
essa ordem maior (ordem da cultura). Neste sentido fica bem pensava. A experiência do espelho é vivida pela criança
marcado o poder humanizante das castrações. Outra questão também como castração humanizante, já que, por um lado,
fundamental é que a castração tem que ser dada e implica, ela perde a possibilidade de confundir-se com os objetos do
por parte do outro, um ato de doação. Para que isto possa seu cotidiano; mas, por outro, vai adquirindo uma
acontecer sem ambiguidades, aquele que oferece a castração identidade. Nesta identidade, com certeza, estão colocadas
também deve se sentir castrado, ou seja, impedido de que todas as expectativas parentais e os resquícios das castrações
aquela satisfação aconteça no corpo a corpo com o bebê. humanizantes dos momentos subjetivos anteriores. Do ponto
de vista psicopedagógico, a possibilidade de enunciar "eu",
Dolto (1992) desenvolve em sua teoria, consoante com o viabilizada pela passagem pelo espelho, potencializa a
desenvolvimento psicossexual do indivíduo, o conjunto de experiência de reconhecer-se autor de sua própria
castrações com as quais os sujeitos precisam lidar. Castração experiência.
umbilical é aquela que ocorre no parto e funda o sujeito. Ela
acontece nos dois polos da relação. Pelo lado dos pais
acontece a renúncia do bebê imaginado, aceitando o estatuto
civil e diferenciado desse novo sujeito. Do lado da criança A constituição do corpo e a aprendizagem
acontece um deslocamento do cordão umbilical para a boca,
o que implica em uma passagem de um tipo de existência Fernandez (1991) refere que a aprendizagem organiza-se a
fetal para um outro tipo de existência no qual as vias partir de quatro níveis: a inteligência (autoconstruída na
respiratórias são acionadas. Essa castração servirá de matriz interação); o desejo (sendo desejo do desejo do outro); o

457
organismo (herdado e individual) e o corpo (construído significações inconscientes do aprender" (p. 66), pois diz
especularmente). respeito ao investimento primordial desejante sobre aquele
corpo.
A inteligência vai se construindo a partir dos esquemas
sensório-motores, pela via das interações com os objetos "É necessário que o ensinante [mãe ] experimente um prazer
oferecidos pelos outros e pela capacidade e possibilidade de corporal (intelectual e desejante) com seus componentes de
manipulação desses objetos (Fernandez, 1991). "A identidade ... para que o aprendente possa conectar-se com
inteligência tende a objetivar, a buscar generalidades, a sua máquina desejante-imaginativa-pensante ... se [o
classificar, a ordenar, a procurar o que é semelhante, o ensinante ] não experimenta prazer, se não há circulação de
comum" (p. 73). Se, por um lado, a inteligência conforma a uma experiência de prazer comum pela via do corpo e de
elaboração objetivante, o desejo conforma a elaboração uma experiência de comunicação de autorias, o aprendente
subjetivante, pois faz com que cada pessoa tenha uma não receberá o 'conhecimento-prazer' de que necessita, numa
experiência única que está relacionada com a história afetiva forma apta para assimilá-lo e reconstituí-lo, isto é, aprendê-
e libidinal de cada um. Para Dolto (1992) o desejo é lo" (Fernandez, 2001, p. 67).
acionado pela constituição da imagem corporal pelo
testemunho das inscrições libidinais ou, como refere Para a autora, o significado da alimentação diz respeito às
Aulagnier (1990), acionado pela colocação em cena e a necessidades de incorporação e, nesse sentido, o aprender
apropriação dos enunciados identificantes oferecidos pelo está inconscientemente ligado à alimentação; por sua vez o
Outro primordial. Por isso, desejo do desejo do Outro. Paín significado da fome está associado ao desejo de conhecer
(1988) refere que, teoricamente, podem-se propor duas acionado pela função positiva da ignorância. Primeiramente,
dimensões para a constituição do sujeito. Por um lado a para saciar a fome/aprender, é necessário que o outro lhe
inteligência, que sistematiza o conhecimento a partir da ofereça a comida/conhecimento. Para assimilar a
construção de um mundo coerente e objetivo. Por outro, a comida/conhecimento, é necessário um comportamento
dimensão do desejo, a partir da qual o sujeito poderá ativo do bebê para transformar e incorporar o que lhe é
instaurar o mundo intersubjetivo. oferecido. A digestão do alimento/conhecimento é realizada
pelas operações de seriação e classificação. Mas, para que a
O organismo, como foi dito anteriormente, é considerado criança efetivamente aprenda, é necessário que o ensinante
uma infraestrutura sensorial no qual a inscrição de um corpo signifique aquilo que transmite como algo bom a ser
vai se estabelecer. Fernandez (2001) refere que a oferecido para alguém significativo e único. Assim, o prazer
aprendizagem tem uma fonte somática e, de acordo com sentido pelo ensinante é tomado pelo aprendente como
como o corpo foi constituído na relação com o outro, a desejo de conhecer e este prazer passa, necessariamente,
criança terá uma modalidade própria do aprender. A pelo corpo.
importância do corpo para a aprendizagem refere-se a que é
pelo organismo/corpo que a criança entra em contato com o Segundo a autora, se isso não ocorre "a inteligência tem
outro. A primeira experiência de satisfação (Freud, disponível suas operações, mas o corpo, através do sintoma
1905/1990b) ocorre no momento em que a mãe, sentindo da aprendizagem (a inteligência e corporeidade
que seu filho lhe pede leite, oferece-lhe um para além.É por aprisionadas), pode representar a permissão não outorgada e
causa desse para além que a criança aceita, que poderá sair a não autorização do sujeito aprendente para recordar,
do estado de puro orgânico para encontrar a matéria-prima manter, desfrutar e usar o conhecido, ou pode representar
dos significados afetivos e culturais (Aulagnier, 1990). frustradamente, através da inibição cognitiva, o direito a não
conhecer" (p. 69).
Na medida em que a aprendizagem é um processo "cuja
matriz é vincular e lúdica e sua raiz corporal" (Fernández, Com relação ao olhar, como base somática do aprender,
1991, p. 48), seu desdobramento criativo vai se Fernandez (2001) pensa em uma linha na qual, em um
desenvolvendo pela/na articulação da inteligência e do extremo se encontra "o exibir eo esconder; no centro situam-
desejo e no equilíbrio das assimilações e acomodações. se o mostrar eo guardar; e, no outro extremo, marcando a
patologia, junto ao exibir do ensinante, encontro o evitar o
"A modalidade de aprendizagem, tal como a entendo, é um olhar do aprendente, junto ao esconder do ensinante o espiar
molde relacional, armado entre a mãe como ensinante e o do aprendente. Só frente ao mostrar-guardar do ensinante
filho como aprendente, que continua construindo-se nas instala-se um espaço que permite aprender-olhar"
posteriores relações entre os personagens aprendentes e (Fernandez, 2001, p. 70, grifos do autor).
ensinantes (pais, irmãos, avós, vizinhos, grupo de
pertencimento, meios de comunicação, professores) ao Partindo do olhar que se estabelece entre ensinante e
longo de toda a vida" (Fernandez, 2001, p. 66). aprendente e tomando como base os quadros
psicopatológicos da psicanálise, a autora aponta para tipos
Existem dois processos de origem biológica que orientam a de vínculos específicos. O tipo de vínculo perverso se
formação da modalidade de aprendizagem: a alimentação e estabelece entre um ensinante que se exibe, mostra-se
o olhar. Em relação à alimentação, a autora refere que "é a conhecedor e perverte o ensinar. Por sua vez, o aprendente
fonte somática da modalidade de aprendizagem e das inibe seu pensamento, expulsa e cospe o conhecimento. O

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tipo de vínculo neurótico refere-se a um ensinante que pelos cuidadores primários. Para Freud (1905/1990b)
esconde um conhecimento secreto e um aprendente que existem duas pulsões que envolvem, desde seu início, outras
somente pode conhecer espiando e perturbando o processo pessoas como objetos sexuais – a pulsão de ver/exibir e a da
do conhecimento ou mesmo não mostrando o que aprendeu crueldade. Se bem que, posteriormente, elas se liguem à vida
porque não está autorizado pelo ensinante. No processo genital, no início aparecem como autônomas. É inegável
neurótico, há um deslocamento da culpa do ensinante para o que, para a criança pequena, não há motivo para a vergonha
aprendente. No vínculo psicótico, o ensinante desmente o em relação ao seu corpo ou ao corpo do outro desnudo ou
conhecimento formulado pelo aprendente que, por sua vez, mesmo do ímpeto cruel em relação, por exemplo, a um
pode não encontrar outra saída senão utilizar seu inseto. A inibição frente à dor do outro se desenvolve
pensamento para alucinar ou anular sua capacidade tardiamente na criança. É necessário pensar na influência
pensante. Já no vínculo sadio, o ensinante mostra/guarda o destas duas pulsões para o acesso ao conhecimento.
conhecimento sem culpa e conhece que desconhece. Isso
permite que o aprendente se aproprie do conhecimento e Freud, em Tres ensayos de teoría sexual (1905/1990b)
possa efetivamente aprender. aponta para a relação da pulsão epistemofílica com as
teorias sexuais infantis. A pulsão de saber não é
A aprendizagem formalizada pela escola não acontece por considerada, pelo autor, como um componente pulsional
fora das marcas das primeiras aprendizagens da criança a elementar, nem pode ser totalmente subordinado
partir dos primeiros vínculos afetivos. A criança, nesse exclusivamente à sexualidade. Esta pulsão trabalha com a
sentido, tende a repetir não somente os estilos e energia da pulsão escópica e da forma sublimada do
relacionamentos iniciais com os outros, mas, também, o apoderamento do objeto. A atividade de investigação da
estilo de aprender – somente pode aprender de acordo com criança é acionada, para Freud, pela ameaça da perda de
as primeiras apresentações do mundo objetivo que foram amor da mãe pela chegada de um irmãozinho. Nem todas as
metabolizadas e significadas a partir das inscrições crianças têm irmãos, mas a importância desta observação
libidinais. reside no fato de, em algum momento de nossas vidas, nos
depararmos com a incógnita do nascimento e,
Podemos pensar que é pela capacidade sublimatória materna consequentemente, do desejo do outro frente a nós mesmos.
que um sujeito surge e é penetrado pela linguagem, Para Freud a gênese da pulsão de saber encontra-se na
desenvolvendo as primeiras representações e, pergunta sobre o nascimento das crianças. Esta pergunta
consequentemente, a renúncia do estado de infans. Nesse pode estar ligada com a necessidade de dar conta da falta
sentido, a capacidade sublimatória materna é importante materna, justamente no momento em que a criança se depara
porque permitirá que ela deseje seu filho, não como com a perda da completude e da unidade eu-outro. Em
instrumento de satisfação pulsional, mas como aquele que, termos lacanianos este fato está relacionado com o
colocado no lugar de ideal, poderá fazer e ser mais do que ingressono Édipo, momento no qual a criança pergunta: o
ela própria. É o olhar da mãe para outra direção, permitindo que afinal o outro quer de mim?, já que, se o outro quer, o
a entrada do objeto de conhecimento, que possibilitará que outro deseja e, se deseja, não é completo. Para que esse
ambos saiam do êxtase narcísico, acionando a capacidade movimento ocorra faz-se necessário que a mãe aponte para a
sublimatória na criança. falta, a qual, em um primeiro momento, encontra-se nela,
pois muitas vezes não soube o que fazer com seu filho ou,
Ao nomear a criança, a mãe a limita, ao mesmo tempo em simplesmente, voltou-se para outros interesses. Desde seus
que oferece enunciados significantes palpáveis que passam a primórdios, a relação com o saber está relacionada com
ser encenados na relação. Sabemos que o ato de nomeação aquilo que Freud denominou de enigma da Esfinge.
permite o ingresso da criança ao mundo simbólico,
momento no qual a mãe passa a pintar a tela (corpo do bebê) As teorias sexuais infantis se impõem, para a criança, como
com as tintas (enunciados identificantes maternos) forma de dar conta da incógnita do desejo da mãe. Nesse
oferecidas pela sua história (parafraseando Aulagnier, 1990). aspecto, Bergès e Balbo (2001) referem que a dúvida sobre
Para que um eu se constitua é necessário que seja antecipado o saber materno faz com que a criança construa uma
por outro. As primeiras manifestações do bebê colocarão à hipótese que lhe permite montar sua teoria e,
prova as emoções dessa mãe que terá o poder de modificá- consequentemente, a mãe é capaz de se tolerar
las e isso transformará a expressão de necessidade do corpo desconhecendo algo da sua criança. Assim, é como se fosse
do bebê em uma demanda a eladirigida (Aulagnier, 1990). É uma carta branca que a mãe lhe oferece de saber algo que
justamente por esta intervenção do outro e a transformação ela própria não sabe. Como refere Aulagnier (1990), o saber
do puramente orgânico que falamos em pulsão e não em sobre as origens está na origem do saber. Para que isto
instinto e, consequentemente, diferenciamos organismo de ocorra é necessário renunciar à certeza.
corpo e esquema corporal de imagem corporal.
Bergés e Balbo (2001) referem que cada um de nós está
Pulsão, considerada para Freud (1915/1990c) um conceito preso à sua teoria, que não é geral, mas que instrumentaliza
limítrofe entre o somático e o psíquico, diz respeito à o sujeito na sua relação com o mundo e com a possibilidade
inserção do organismo, biologicamente programado, em de saber sobre si. As teorias sexuais infantis estão na
corpo, que sofre das sobre-determinações culturais trazidas origem, segundo os autores, do pensamento, da relação com

459
a verdade e da necessidade de recalcar certas verdades. As 1994, p. 70); assim, uma ideia aceita ou rechaçada não
verdades recalcadas são as respostas mentirosas que os acontecerá pelo amor ou ódio sentido por determinada voz,
adultos oferecem para as crianças e, estas, pela devoção ao já que a voz continuará sendo investida. O que será colocado
adulto, acabam recalcando a hipótese tecida anteriormente. à prova será a ideia enunciada por essa voz. Aqui se
Este processo, por outro lado, pode instaurar algo encontra a diferença entre sublimação e idealização. A
fundamental para o pensamento – a dúvida. A dúvida nos criança, para poder pensar, precisa sublimar. A sublimação
faz continuar trilhando algo, nos faz continuar a pensar. implica realizar certos ideais em nome próprio.

Horstein (1994), apoiando-se em Aulagnier, refere que uma A sublimação pode ser considerada um destino da pulsão
das funções do eu é o pensar, que se estabelece a partir dos que é processada a partir da historicidade identificatória de
enunciados identificantes oferecidos pelo outro materno. O um sujeito (Horstein, 1993). Ela permite que sejam
pensar possibilita nomear imagens, afetos, refletir sobre si deslocados, simbolicamente, os objetos primordiais. O autor
mesmo e se reconhecer pela possibilidade de assumir como refere que sublimação e idealização resultam de um trabalho
seus alguns daqueles enunciados identificantes que o outro psíquico de elaboração que separa a pulsão do seu apoio
lhe ofereceu. Assim, "o que é dizível constitui a qualidade primitivo, conduzindo-a para outra direção. A diferença
característica das produções do eu. Aquilo que não está reside em que, na idealização, a modificação ocorre somente
enlaçado à representação de palavra não tem existência para no objeto, sendo, então, considerada um fenômeno parcial.
o eu, o que não quer dizer que não sofra dos seus efeitos"
(Horstein, 1994, p. 63). O eu, para enfrentar as mudanças do Já na sublimação, algo especial ocorre com a finalidade e o
seu meio, lugar onde se encontram os objetos de prazer, vê- objeto da pulsão: "Sem desaparecer, a sexualidade alcança
se condenado a investir. O eu é historiado, visto que é um valor social e ético mais elevado. A sublimação somente
necessário ancorar-se em certos referentes (memória) que pode ser definida pelas vicissitudes de uma história singular
garantam a sua permanência. Isto é fundamental para poder e pela valorização que uma atividade passa a ter por estar
investir na atualidade, tempo impossível de ser agarrado, em concordância ou discordância com os valores coletivos
mas que permite vislumbrar um futuro. Assim, a entrada na ... A sublimação, à diferença da adaptação, transgride
cena do eu refere-se à possibilidade deste ter sido, desde sua frequentemente os valores que são admitidos no campo
pré-história, historiado. O eu pode, então, metabolizar as cultural. Por isso, uma das questões a desenvolver é o apoio,
representações fantasmáticas, transformando-as em mas também a divergência, do ideal do eu com os ideais
representações relacionais. O eu faz um trabalho coletivos" (Horstein, 1993, pp. 60-61).
interpretativo da realidade que percebe, caso contrário, corre
o risco de desaparecer. Uma questão importante para pensar a sublimação refere-se
à dimensão estética como uma dimensão do pensamento.
"Estás condenado por e para toda a vida a uma colocação em Nela a comoção nos envolve gratuitamente antes de poder
pensamentos e em sentidos do teu próprio espaço corporal, codificar este aparecimento. Estes fenômenos simplesmente
dos objetos-meta de teus desejos, desta realidade com a qual nos envolvem em uma dimensão afetiva harmônica com a
deverás co-habitar, que lhe assegure para sempre nossa, mas que não é nossa (Paín, 1998). Ou seja, podemos
permanecer como suportes privilegiados de teus pensar em algo que está, ao mesmo tempo, fora e dentro de
investimentos" (Aulagnier, citado por Horstein, 1994, p. 67). nós mesmos. Fora porque não é nosso, mas dentro porque
"Este veredicto marca o eu desde seu surgimento na cena conseguimos decodificá-lo e harmonizá-lo com nosso corpo.
psíquica: pensar seu corpo, pensar seu estatuto desejante e a Algo similar ao processo de estranhamento (Freud,
realidade que deverá proteger do risco do desinvestimento 1919/1990d), mas às avessas, pois gera em nós um deixar
definitivo" (Horstein, 1994, p. 67). nos levar pela situação. Esta noção de estrutura estética foi
pensada, pela autora, a partir dos escritos de Meltzer &
Assim, a tarefa do eu é pensar, investir e sofrer: pensar e Williams (1994), no qual a hipótese é de que, para o bebê
investir para não sumir da cena; sofrer é o preço a ser pago saciado e relaxado, o mundo aparece-lhe como uma unidade
para se manter nela. que é esteticamente interessante. Disso decorre a
disponibilidade do ser humano de captar as situações
O processo secundário é caracterizado pela tentativa de internas e externas harmonicamente.
estabelecer uma relação causal dos fenômenos que se
apresentam para o eu. A interpretação elaborada e a A estética é considerada como uma estrutura própria do
colocação de sentido precisam ser garantidas pela corpo que se encontra aquém da linguagem e da ação. O
verificação. A dúvida se instaura sendo, para Horstein corpo, na dimensão estética, seria aquele que vivencia a
(1990), o equivalente da castração. A partir de então, o eu presença atual das coisas. Tem a capacidade, por um lado,
poderá aceitar ou não uma ideia em função do de ser capturado quando em tensão, o que permite o
prazer/desprazer acarretado, mas precisará submeter esses surgimento da emoção, e, por outro, de ser capturado
enunciados à prova. Nesse processo, a instância terceira é quando distraído, o que permite a surpresa. A sensação
colocada para desempenhar um papel de garantia. A dúvida estética passa necessariamente pelo corpo, pela capacidade
instaura um processo de separação do "investimento da voz deste de metabolizar as exigências do mundo, de dar um
que enuncia, do investimento do enunciado" (Horstein, sentido ao que nos convoca. Assim, a função da dimensão

460
estética do pensamento culmina, para Paín, em um atividade psíquica que transforma a imagem para a ação em
pressentimento – sentimento prévio que permitirá significar estímulos para os procedimentos musculares adequados.
o que vem de fora/dentro.
Pode-se assim dizer que a psicomotricidade é um termo
Nesse sentido, não está "nem no pensamento lógico- usado para uma concepção de movimento organizado e
simbólico nem no contorno marcado pelo horizonte integrado, de acordo com as experiências vividas pelo
histórico, mas, no encontro contingente mas não arbitrário sujeito cuja ação é o resultado da sua individualidade,
do sujeito e o limite pensável para sua época. Não o limite linguagem e socialização.
entre o desejável e o proibido, que marca a distância do
prazer à realidade, tão estudado pela psicanálise, mas o No início, a psicomotricidade fixava-se apenas no
limite próprio ao imprevisível, ao imprepensável, ainda que desenvolvimento motor. Depois, estudou a relação entre o
seja pela imaginação" (Paín, 1998, p. 11). desenvolvimento motor e intelectual da criança e só agora
estuda a lateralidade, a estruturação espacial, a orientação
É por algo ser imprevisível e incognoscível que se permitirá temporal e as suas relações com o desenvolvimento
pensar além da memória e das expectativas, permitindo que intelectual da criança.
vários cenários se estabeleçam.
Psicomotricidade na Educação Infantil
"Sem o fundamento estético a formulação do pensamento A educação psicomotora é uma educação global que
não sairia das suas dobradiças para ganhar espaços associa as potencialidades intelectuais, afetivas, sociais e
desmedidos e absurdos. A estética é a substância da motoras da criança, dando-lhe segurança, equilíbrio e
ignorância que se orienta a uma manifestação enigmática" permitindo o seu desenvolvimento, organizando
(Paín, 1998, p. 12). corretamente as suas relações com os diferentes meios em
que deve evoluir.
Nesse sentido, quando se pensa que a aprendizagem passa
necessariamente pelo corpo, potencializa-se o seu sentido Refere-se a uma formação de base indispensável a toda a
estético de ser o meio de captura da incógnita, da surpresa, criança, seja ela normal ou com problemas, pois responde a
do mistério. Não é à toa que Freud (1905/1990b) coloca que uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento
o que aciona a pulsão de saber na criança é a iminência da funcional, tendo em conta as possibilidades da criança, e
perda de amor da mãe que a retira do estado de êxtase e a ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibra-se através
convoca a tentar responder sobre o enigma da esfinge, ou do intercâmbio com o ambiente humano.
seja, todos os porquês possíveis e impossíveis de serem
pensados e não respondidos. É ação pedagógica que tem como objetivo principal o
desenvolvimento motor e mental da criança, com a
Assim, Horstein (1994) refere que na relação sublimada o finalidade de levá-la a dominar o próprio corpo e a adquirir
objeto do pensamento é desejado por si mesmo, pois revela uma inibição voluntária, propõe, tem no movimento
uma parte da verdade, não para impor ao outro uma espontâneo, sua diretriz fundamental, pois, em qualquer
rivalidade mortífera, mas para negociá-lo narcisicamente. O movimento, existe um condicionante afetivo que determina
encontro com o pensamento do outro oferece um exemplo um comportamento intencional.
de prazer sublimado na atividade discursiva. "Nesses casos a
comunicação repousa sobre um jogo identificatório onde os Acredita-se que é sempre uma ação motriz, por menos que
limites do narcisismo são superados em proveito de um seja que regula o aparecimento e o desenvolvimento das
funcionamento recíproco" (p. 58). formações mentais, é pelo aspecto motor que a criança
estabelece os primeiros contatos com a linguagem
6.47 Psicomotricidade socializada.
Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através
do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo 6.48 Literatura Infantil
interior e exterior, podendo ser definida como a capacidade O livro infantil possui características estéticas que envolvem
de determinar e coordenar mentalmente os movimentos a literatura de uma forma geral e, ainda que seja
corporais. peculiarmente definido pelo destinatário, a obra infantil
A palavra "psicomotricidade" vem do termo grego psiché = pode levar o leitor a uma abrangente compreensão de sua
alma e do verbo latino moto = mover frequentemente, agitar existência.
fortemente.
Nessa perspectiva, pode-se afirmar que em qualquer
A psicomotricidade está relacionada com o processo de possibilidade de delimitar o conceito de literatura infantil
maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições existirá o parâmetro de identificação do leitor com o texto
cognitivas, afetivas e orgânicas, sendo sustentada pelo que manuseia.
movimento, intelecto e afeto.
No entanto, sabemos que embora o texto seja consumido
É a capacidade psíquica de realizar movimentos, através da pela criança, é o adulto que elabora a obra. Mesmo que não

461
seja o público alvo, como o livro Robinson Crusoé, de Em tempo, é importante ressaltar que a mesma lógica que a
Daniel Defoe, ao longo dos tempos, algumas histórias para criança utiliza na linguagem está presente no desenho. E que
adultos cativam o público infantil. estímulos e recursos são importantes para que ela possa se
desenvolver, alimentar seus pensamentos, sua imaginação e
Na literatura brasileira, foi Monteiro Lobato o primeiro compreender a realidade com a possibilidade de
autor que deu voz às crianças por meio dos personagens, desdobramento de suas capacidades afetivas e intelectuais.
com a preocupação de ressaltar características infantis como
curiosidade, criatividade, teimosia e imaginação. E fez Resumindo
compreender que não basta apenas falar sobre a criança, mas A literatura infantil é um gênero literário definido pelo
que é preciso ver o mundo através dos seus olhos, ajudando- público a que se destina. Certos textos são considerados
a a ampliar esse olhar nas mais variadas direções. pelos adultos como sendo próprios à leitura pela criança e é,
a partir desse juízo, que recebem a definição de gênero e
As linguagens simples, cotidianas, com frases curtas e com passam a ocupar determinado lugar entre os demais livros.
uso de recursos como a onomatopeia, divertem o leitor
infantil e chamam sua atenção. É possível dizer que essas Portanto, o que é classificado como literatura infantil não
estratégias de adaptação são necessárias para adequar a independe da concepção que a sociedade tem da criança e de
situação da história ao sujeito que vai vivenciá-la, ou seja, seu entendimento do que seja infância. Mas os dois
para colocar a criança em sintonia com o texto. conceitos são instáveis, uma vez que variam em diferentes
épocas e culturas. Vários teóricos, entre eles Peter Hunt,
O psicólogo russo Liev Vygotsky revelou que o diálogo estabeleceram uma característica distintiva a partir da qual
facilita o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e se pode conceituar o que é literatura infantil: o livro para
da atenção por meio da interação social. Vygotsky acentuou crianças pode ser definido a partir do leitor implícito - isto é,
ainda que palavra e ação estão completamente fundidas para a partir do tipo de leitor que o texto prevê. Os principais
a criança. Assim, ao arranjar a sequência de palavras, ela traços do leitor implícito do texto infantil são: um leitor em
organiza o mundo para si e toma consciência do que sabe, formação e com vivências limitadas por força da idade.
pensa e sente.
Sendo assim, o texto deve ser adequado à competência
Na corrente construtivista, o suíço Jean Piaget, em suas linguística da criança para ler os signos, assim como às suas
concepções, buscava fatores universais do desenvolvimento experiências de vida. Elas podem permitir, ou não, que o
humano para as suas teorias. No livro “A representação do texto produza certos sentidos no leitor. Há, ainda, uma
mundo real da criança”, de 1973, Jean Piaget explorou as terceira competência: a competência textual, da qual
explicações da infância para o funcionamento do universo - depende a relação entre texto e leitor que efetiva a leitura.
um exemplo, quando alguém pergunta a um aluno da pré- Exemplo: um livro com muitas páginas, letras miúdas,
escola o que é um ser vivo. A reposta pode ser tudo o que se pouco espaçamento, ausência de ilustração requer do leitor
move ou caminha por conta própria. Portanto, na mente de maturidade (competência) que uma criança pequena não
uma criança, o vento pode ser uma coisa viva e não tem.
simplesmente um fenômeno da natureza.
Um livro de literatura infantil, portanto, constitui uma
O pensamento da criança e as histórias a ela dirigidas forma de comunicação que prevê a faixa etária do possível
também podem ser representados por meio da observação do leitor, atende aos seus interesses e respeita as suas
desenho. Segundo Piaget, até aproximadamente sete anos de possibilidades. A estrutura e o estilo das linguagens verbais
idade, a criança pensa e vê o mundo do mesmo modo que e visuais procuram adequar-se às experiências da criança.
desenha. Os educadores que ministram aulas para crianças Os temas são apresentados de modo a corresponder às
até essa faixa etária podem ter familiaridade com essa expectativas dos pequenos e, ao mesmo tempo, superá-las,
afirmação. mostrando algo novo. A literatura infantil apresenta
diversas modalidades de processos verbais e visuais. As
Na área da literatura, através da ilustração, também é melhores obras são aquelas que respeitam seu público,
possível compreender aspectos importantes do permitindo ao leitor infantil possibilidades amplas de dar
desenvolvimento infantil. O livro “O pequeno príncipe”, de sentido ao que lê.
Saint-Exupéry, mostra a oposição entre o realismo
intelectual e o realismo visual quando o narrador-criança A mediação do professor é decisiva na relação que a criança
expressa perplexidade aos adultos que pensaram que o irá estabelecer com a literatura infantil, pois a ele cabe
desenho mais importante da sua vida – uma jiboia comendo escolher o livro, promover sua leitura e conversar a respeito
um elefante – fosse apenas um chapéu. na sala de aula. Também será tarefa sua ensinar a criança a
manipular o livro como objeto e descobrir nele o que só com
Essa estreita ligação entre obra e leitor deve incitar os a visão e a manipulação é possível descobrir.
educadores a fazerem um esforço para compreender o
desenvolvimento e a aprendizagem, para que a criança possa
se tornar um leitor competente.

462
6.49 Letramento e alfabetização da leitura e escrita no cotidiano. Além da capacidade de
A alfabetização e o letramento são processos importantes interpretação e de lidar com as demandas sociais
que introduzem a criança no mundo da escrita e da leitura.
Aprender a ler, a escrever e a se comunicar através da língua Transformando um aluno alfabetizado em letrado
e da escrita é fundamental para a inserção social. Dessa A criança entra em contato com a escrita antes mesmo de
forma, o processo de alfabetização é sempre um momento entrar na escola. No entanto, é importante ajudá-la a se
muito aguardado pelos pais e um desafio para os inserir no mundo letrado, desenvolvendo a consciência
professores. fonológica e promovendo a aprendizagem das letras.

No entanto, é importante ressaltar que uma criança Inserir a criança no meio letrado, ajuda na alfabetização. Ao
alfabetizada não é necessariamente, letrada. Existem tornar a leitura e a escrita presentes nas atividades do dia a
diferenças importantes entre esses dois conceitos e é preciso dia, pais e professores ajudam a criança a construir uma
saber identificá-las para oferecer as oportunidades certas relação com o mundo das letras e da língua.
para a criança se desenvolver nos dois processos.
Dessa forma, alfabetizar sem inserir a criança no mundo da
Diferenças entre letramento e alfabetização escrita e da leitura, no seu cotidiano, não irá torná-la letrada.
No Brasil, segundo a lei, o processo de alfabetização deve Saber ler e escrever simplesmente, não significa que a
ocorrer nos dois primeiros anos do ensino fundamental. Os criança tenha aprendido o som da palavra ou que a
professores buscam as melhores metodologias para ajudar os compreende em diferentes contextos. A criança passa por
alunos na aprendizagem das habilidades de leitura e escrita. fases na alfabetização até se tornar apta para ler e escrever.
É muito importante respeitar o tempo de cada criança e
Antes de falarmos sobre atividades que favorecem ambos os prepará-las para ao aprendizado da decodificação, sem pular
processos, precisamos entender a diferença entre etapas. Dessa forma, pode ser alfabetizada e se tornar capaz
alfabetização e letramento. Embora façam parte de um de usar esse conhecimento em sua vida diária.
mesmo processo, são conceitos diferentes.
O professor pode ajudá-la nessa travessia, de passar de
Alfabetização é o processo de aquisição de leitura, de alfabetizada a letrada, usando recursos que fazem parte da
técnicas e habilidades para a prática da leitura e da escrita. vida dela, interpretando as histórias que lê, promovendo o
Quando a criança domina o sistema de escrita ela conquistou contato com a musicalidade e ajudando-a em suas
habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de dificuldades. Ainda que as diferenças entre alfabetização e
decodificação de grafemas em fonemas. Podemos dizer que letramento sejam sutis, é importante compreendê-las, porque
ela está alfabetizada. afetam o desenvolvimento das crianças.

Já o letramento é um conjunto de práticas que dizem da Ao planejar as atividades, o professor precisa ter clareza
capacidade de usar diferentes materiais escritos, ou seja, a sobre as habilidades que quer trabalhar, se elas têm relação
habilidade de interpretar e aplicar a leitura e a escrita no com o cotidiano dos alunos e, principalmente, se são
cotidiano. capazes de desenvolver o vocabulário e a interpretação.

Dessa forma, o papel do professor é ser mediador desse Atividades que favorecem esses processos são: leitura de
conhecimento, desenvolvendo as habilidades de seus alunos. histórias com debate, análise de textos de jornais e revistas,
Na alfabetização, a criança aprende a decodificar os receitas culinárias e atividades lúdicas. Algumas ferramentas
elementos da escrita, o que não significa que ela será capaz digitais ajudam na alfabetização e letramento, como livros,
de interpretar o contexto do que lê, por exemplo. Esse jogos e aplicativos.
processo passa por etapas: como memorizar o alfabeto e
reconhecer as letras e as sílabas. O letramento é um processo 6.49.1 A construção dos conhecimentos matemáticos e
de aprofundamento da alfabetização, pois não se trata científicos pela criança
apenas da decodificação da língua, mas da sua interpretação A matemática tem uma importância fundamental para o
e domínio. desenvolvimento integral das capacidades e habilidades do
ser humano, na Educação Infantil ela auxilia no
Um aluno alfabetizado, capaz de compreender uma história desenvolvimento do raciocínio lógico e na capacidade de
que lê e se expressar com clareza a respeito desse criação. Quando pensamos matematicamente sobre um
entendimento é um indivíduo letrado. Portanto, a criança problema estamos desenvolvendo as habilidades de unir,
alfabetizada sabe ler e escrever e a letrada sabe usar a leitura separar, subtrair, corresponder. Quando usados essas
e a escrita de acordo com as demandas sociais. ferramentas na Educação Infantil, a criança passa a construir
conhecimentos matemáticos, que auxiliam na ampliação das
A criança letrada pode organizar discursos, interpretar textos capacidades perceptivas e motoras que são necessárias para
e refletir sobre o que lê. Assim, podemos dizer que as o seu desenvolvimento. Um dos princípios de Piaget (1976)
principais diferenças entre alfabetização e letramento se é que ensinar matemática na educação infantil vai muito
relacionam com a qualidade de domínio e frequência do uso além de ensinar a contar.

463
significativa para as crianças.
Os fundamentos para o desenvolvimento matemático das
crianças estabelecem-se nos primeiros anos. Nesse aspecto o ensino da matemática na educação infantil
deve ter por objetivo a apropriação dos diferentes usos e
A aprendizagem matemática constrói-se através da funções sociais do número, apropriação da linguagem
curiosidade e do entusiasmo das crianças e cresce matemática, a construção de formas convencionais ou não
naturalmente a partir das suas experiências [...]. A vivência dos registros, entre outros.
de experiências matemáticas adequadas desafia as crianças a
explorarem ideias relacionadas com padrões, formas, Assim as aprendizagens devem proporcionar experiências e
número e espaço duma forma cada vez mais sofisticada situações de exploração e manipulação de objetos
(PIAGET, 1976, p.73). comparando-os, sequenciando ou ordenando-os. Também
devem contá-los, quantificá-los, numerá-los e fazendo
É na Educação Infantil que é instigada na criança o estimativas.
alargamento do pensamento lógico, por meio das atividades
diversificadas que são apresentadas e construídas pelas Usar a contagem em diferentes situações registrando, por
possibilidades de flexibilidade, curiosidade e descoberta. O exemplo, o resultado dos jogos e brincadeiras, assim como
objetivo deste trabalho é analisar o estudo da matemática na participar de jogos de faz de conta envolvendo a compra e
Educação Infantil a fim de compreender a importância desse venda, dentre outras tantas experiências propícias ao
ensino para o desenvolvimento da criança. aprendizado da matemática.

A educação infantil, como primeira etapa da educação Na Educação Infantil, podemos entender como uma
básica, ganha relevância a partir da Lei de Diretrizes e Bases possibilidade de instrumentar a criança não só para a vida,
da Educação Nacional, em especial no Referencial mas também para o aprimoramento do raciocínio lógico, da
Curricular nacional da Educação Infantil quando aponta que inventividade e da capacidade de criação. Os conteúdos
se deve garantir experiências em contextos significativos matemáticos devem ser trabalhos na educação infantil de
que explorem relações quantitativas, medidas, formas e modo onde a criança construa seus conceitos matemáticos
orientações espaciotemporais e ultimamente, maior de forma livre, por meio de brincadeiras, atividades lúdicas,
importância na Base Nacional Curricular Comum (BNCC). onde a criança participe ativamente, assim despertando a sua
curiosidade, a partir do seu modo de interpretar o mundo
Aprende-se e ensina-se por meio de experiências e nas passando a valorizar as suas potencialidades.
relações que se estabelecem na escola. E isso se dá de forma
planejada e não algo que acontece de qualquer jeito O objetivo de trabalhar a matemática com as crianças na
(SALLES; FARIA, 2012). educação infantil é de que seja ampliada as suas habilidades,
aumentar sua capacidade de resolver problemas,
Essas experiências vivenciadas devem ser planejadas de desenvolvendo sua argumentação por meio de
forma consciente pelos professores, uma vez que, a escola e questionamentos sobre resultados, construindo assim a
o professor devem se comprometer com aquilo que fazem e própria autonomia da criança.
acima de tudo precisam refletir sobre seu fazer de modo a
tornarem-se conscientes daquilo que estão propondo. Um dos vários objetivos da matemática é de ensinar as
pessoas a resolverem problemas, com as crianças essas
Nesse sentido a matemática precisa ser cada vez mais situações-problemas são representadas pelos jogos.
trabalhada e explorada na educação infantil, uma vez que o Trabalhar a matemática de forma lúdica na Educação
contar: sejam os alunos presentes em sala de aula, a Infantil faz com que as crianças sintam maior prazer em
quantidade de materiais a ser distribuído, a construção da aprender, pois as brincadeiras e os jogos fazem com que eles
agenda ou do calendário são instrumentos presentes no dia a se envolvam com a matemática de forma mais prazerosa
dia dessa etapa, o que dá significado ao conhecimento para eles.
matemático nesta fase.
As crianças na educação infantil se dispersam muito
A matemática está presente tanto no cotidiano da criança, facilmente pois, ainda estão desenvolvendo sua capacidade
quanto nas experiências oferecidas dentro da escola em suas de atenção, as brincadeiras nesse caso auxiliam no ensino da
diferentes situações. Seja nas relações quantitativas, nas matemática com os pequenos, pois as crianças se sentem
grandezas, medidas, formas ou relações espaço temporais. atraídas pelas atividades que são voltadas para o seu mundo.
Outros conceitos matemáticos são importantes de serem
explorados na educação infantil como ordem, classificação, Sem dúvidas o jogo é um ótimo instrumento para se
inclusão hierárquica até a construção do número. Para isso é trabalhar a matemática com as crianças, porém o professor
preciso uma ação intencional e planejada do professor deve ter noção dos conteúdos e das habilidades que estão
visando promover intervenções adequadas visando presentes nas brincadeiras e os jogos devem ser
promover um ambiente matemático em que as desenvolvidos com algum objetivo para ser apenas usado
aprendizagens se deem de forma contextualizada e para o lazer da criança. Sendo assim os professores devem

464
estar preparados para utilizar esse instrumento de ensino, Sendo assim, a tarefa do professor é propor às crianças
fazendo com que as aulas se tornem produtivas. atividades que abram horizontes, ou seja, que as façam
perceber que o espaço e o tempo não se restringem ao
A matemática trabalhada de forma lúdica auxilia numa boa espaço e tempo que é próprio delas.
aprendizagem para a criança, os jogos auxiliam na formação
de atitude, como enfrentar desafios, buscar soluções, É importante ressaltar que o professor reconheça e respeite
desenvolver críticas, criação de estratégias e da as fases de desenvolvimento psicomotor de cada criança,
possibilidade de alterar as brincadeiras quando o resultado para que realize atividades que estejam ao alcance do nível
não for satisfatório. de compreensão delas. Os estágios que Piaget criou
Sensório-Motor, Pré-Operatório, Operatório Concreto e
6.49.2 Desenvolvimento das noções de tempo e espaço Operatório Formal, ajudam os professores a melhor entender
pela criança como a criança se desenvolve, para que se possa pensar a
As noções espaço-temporais são essenciais na construção da prática pedagógica, de acordo com momento em que ela se
aprendizagem das crianças. O professor age como facilitador encontra, respeitando seus limites. (PERÔNIO, 2011)
do processo que auxilia as crianças à alcançarem tais
aprendizagens tão importantes para a organização do seu Ribeiro (2001) desenvolve em sua obra algumas etapas da
dia-a-dia. Espaço e tempo são elementos que fazem parte do construção do espaço, que são as relações topológicas,
cotidiano das pessoas, em diversas esferas. Cabe aos projetivas e euclidianas. A relação topológica é
educadores de Educação Infantil a função de fornecer essencialmente prática, ou seja, ela representa o espaço das
subsídios necessários para a construção dessas noções pelas ações da criança. Através das brincadeiras ela vai
crianças. dominando o espaço e estabelecendo relações com ele. A
partir dos dois ou três anos de idade, a criança começa a
Silva e Frezza (2010), parafraseando Piaget (1937), manifestar a sua função simbólica. Nesse desenvolvimento,
concordam com a necessidade da construção dessas noções, ela consolida a noção de espaço representativo, torna-se
argumentando que o corpo constitui-se em ponto de partida capaz de interiorizar suas ações e de representar o espaço
de toda noção de espaço e tempo. Entretanto, nos primórdios através do desenho e da descrição.
da vida, esse mesmo corpo sequer tem noção de sua posição
no tempo e no espaço. As relações projetivas são relações flexíveis, onde as
crianças utilizam noções de esquerda e direita ou em cima,
As noções espaço-temporais são desenvolvidas a partir da embaixo, à frente, atrás, e que podem ser alteradas de acordo
realidade concreta e próxima das crianças, pois, segundo com a ótica de quem está observando. A princípio, essas
Ribeiro (2001), elas não têm condições de compreender relações são estáticas, pois as crianças só reconhecem o seu
imediatamente os conceitos de espaço e tempo, já que esses ponto de vista. Somente quando elas superam a fase
são conceitos abstratos e de difícil apreensão. Este autor egocêntrica é que conseguem perceber o ponto de vista de
ainda argumenta que o tempo é extremamente mais abstrato outros.
e de compreensão mais difícil que o espaço, portanto
aconselha-se que o trabalho do ensino escolar seja iniciado Quando as crianças passam a dominar a noção de
por atividades que envolvam as noções espaciais e aos descentração, elas conseguem se orientar através dos pontos
poucos introduzir as noções temporais. cardeais (norte, sul, leste e oeste). A partir disso, surge a
possibilidade de dominar espaços distantes. Esse domínio
Dessa forma, compreendemos que o papel do professor é corresponde ao pleno desenvolvimento das construções
propor atividades que subsidiem o desenvolvimento das espaciais pelas crianças. “A aquisição desses novos pontos
noções espaço-temporais pelas crianças, “... através da de referência caracteriza a existência de relações
exploração e organização de seu espaço e tempo vividos, euclidianas. A criança já aponta a posição dos objetos
espaço e tempo mais próximos, espaço e tempo de ação.” independente da sua presença.” (RIBEIRO, 2001. p. 64)
(RIBEIRO, 2001. p. 39)
No que diz respeito ao tempo, a humanidade sempre
Para que essas noções sejam desenvolvidas efetivamente, as percebeu a necessidade da padronização da medição no
experiências vivenciadas no ambiente escolar pelas crianças tempo. Algumas referências se destacaram e tiveram grande
devem partir das experiências de vida delas, do que abrangência cultural e geográfica, como o calendário
conhecem e daquilo que é mais concreto e próximo a elas, gregoriano e a influência da lua e do sol.
reconhecendo e valorizando as noções trazidas para a escola. Assim como na construção do espaço, o trabalho do
A criança deve ser levada a compreender a existência dos professor rumo ao desenvolvimento das noções de tempo
diferentes espaços-tempos ocupados, partindo sua pelas crianças deve partir das noções mais próximas às mais
aprendizagem dos espaços próximos aos mais distantes. distantes, das relações familiares às mais complexas.
Mostrando também que os diferentes espaços que ela ocupa
não são só seus e que o lugar, uma vez ocupado, modifica-se É essencial que a criança domine as noções de antes, durante
com o tempo. (RIBEIRO, 2001. p. 58) e depois para que tenha acesso aos conceitos mais abstratos.
Quando chegam à escola, os pequenos costumam se

465
inquietar com a partida dos pais. Isso se dá, em grande parte, semelhança, diferença, lateralidade, alternância e
porque eles ainda não são capazes de visualizar quando irão reversibilidade. Nesse contexto, o conhecimento das
reencontrar a família - a duração dessa separação, expressões: em cima de, em baixo de, em frente, ao lado de,
justamente. Essa questão também é trabalhada com a atrás, perto e longe, ajudam na compreensão da localização
vivência da rotina escolar, em que a sequência de atividades no espaço. Para que as crianças se familiarizem com essas
permite antecipar o que farão antes de voltar para casa. Com expressões, é necessário que estas façam parte do repertório
isso, são capazes de mensurar o tempo, ainda que do professor. Dessa forma, elas se tornarão palavras do
intuitivamente, e iniciam-se nos princípios de medição. cotidiano das crianças, no qual elas possam sempre utilizá-
(GURGEL, 2009) las para localizarem a si mesma e também outros objetos no
espaço em que vivem.
Essa citação deixa claro que, partindo dos acontecimentos
cotidianos e das próprias mensurações do tempo, as crianças É importante que o professor, ao trabalhar as noções de
são, aos poucos, introduzidas em noções mais abstratas e localização no espaço, inicie utilizando a criança como
convencionadas. referencial, pois ela tende a perceber o espaço a partir de si
mesma. Scortegagna e Brandt defendem essa ideia quando
Ribeiro (2001) defende três noções temporais consideradas afirmam que: “As primeiras noções construídas pela criança
fundamentais para auxiliar a criança a situar-se são referentes ao espaço prático, da ação, que ela constrói
historicamente: a ordenação, a duração e a simultaneidade. por meio dos sentidos e através dos seus próprios
deslocamentos”. Quando a criança conseguir se localizar no
A ordenação temporal permite que a criança compreenda os espaço, o professor deve introduzir outros referenciais de
acontecimentos e entenda a relação de causalidade e localização que não seja ela própria.
consequência desses acontecimentos. Partindo dos aspectos
familiares e presentes no cotidiano, é possível que, aos Para trabalhar a lateralidade, inicialmente o professor pode
poucos, sejam introduzidas sucessões de fatos históricos pedir que as crianças andem pela sala livremente e parem ao
mais longínquos. Um dos objetivos da ordenação temporal é seu comando. Quando elas pararem o professor pode
traçar a distinção entre tempo linear e tempo cíclico, que perguntar onde elas estão, dando-lhes possibilidades de
permite a compreensão das ações do homem dentro de referenciais a serem indicados (o que ou quem está do seu
determinado contexto histórico. lado direito/esquerdo? quem ou o que está atrás ou na
frente?). Assim a criança conhece a sua própria localização
As noções de duração temporal situam a criança com no espaço. Quando a criança conseguir se perceber e se
relação às curtas, médias e longas durações temporais. Isso localizar, o professor pode trabalhar a localização de outros
possibilitará a precisão temporal e a relação de diferentes componentes no espaço, como brinquedos espalhados no
acontecimentos ocorridos na mesma época. chão ou a localização da mobília da sala, por exemplo.
Nessa situação, podem ser feitas perguntas como: está em
Através do domínio do conceito de simultaneidade a criança baixo de que? está em cima de que?
pode relacionar e analisar a contemporaneidade dos
acontecimentos, possibilitando a compreensão dos contextos As noções de lateralidade, compreendidas pelas crianças, já
de época, suas diferenciações e relações internas. É um pressupõem o conhecimento dos pontos cardeais que serão
trabalho complexo, que exige esforço e orientação aprendidos no Ensino Fundamental. Dentro da mesma
sistemática do professor. atividade proposta acima, pode-se trabalhar as noções de
perto e longe, na qual as crianças digam qual o colega está
Compreender as ações do homem em determinado tempo e mais perto e qual está mais longe dele. Ao compreender
espaço, exige que as crianças tenham em mente a noção essas noções, a criança começa a entender a ideia de
desses dois aspectos. Nesse sentido, é de extrema vizinhança.
importância a figura do professor como facilitador e como
promissor de atividades que favoreçam o desenvolvimento O professor também deve ajudar a criança a desenvolver as
das noções de espaço e tempo pelas crianças, necessárias à noções de semelhança e diferença. Ele pode propor
formação integral delas. diferentes percursos para que as crianças marquem com o
giz os caminhos percorridos. Quando os caminhos forem
A construção de noções espaciais na educação infantil - riscados no chão é interessante que se discuta qual caminho
situações pedagógicas foi o mais longo, qual foi o mais perto, que caminhos são
semelhantes e por que.
O professor é um grande aliado no processo de construção
do espaço pela criança, pois é ele quem vai auxiliá-la nas Uma brincadeira que é bem conhecida pelas crianças e
suas descobertas espaciais e propor situações pedagógicas também ajuda muito na compreensão das noções espaciais é
que favoreçam o entendimento do espaço vivido por ela. a amarelinha, pois através dela as crianças adquirem as
noções de vizinhança, direção, ordenação, reversibilidade,
Para que as crianças compreendam o espaço em que vivem, separação e alternância. Por exemplo, a noção de vizinhança
é fundamental que elas adquiram a noção de localização, com as casas que estão dispostas uma do lado da outra,

466
como as casas dois e três, as casas cinco e seis; a noção de Seguindo essa ideia acima citada, a escola deve promover o
direção com as casas que estão dispostas no meio entre a estímulo para a aprendizagem significativa em todos os seus
casa um e o céu; a noção de ordenação na numeração das aspectos, envolvendo todas as ciências, dessa forma, a
casas de um até dez e o céu; a noção reversibilidade quando Educação Infantil torna-se um artefato de um conhecimento
volta do céu até o um; a noção de separação e alternância rico e intenso vivenciado pela criança em influência mútua
quando saltar de uma casa para outra. com a realidade, (Perez, 2005).

Quando a criança já tiver tomado consciência de si no A criança no ensino sistematizado necessita entender e
espaço é importante que o professor proporcione a ela o compreender em que espaço ela esta, e o que e de que forma
conhecimento do espaço da sala, pois depois de seu próprio irá aprender neste espaço. Dessa forma, o professor deverá
corpo a sala é um dos espaços mais próximos a ser desenvolver atividades lúdicas e diversificadas para o
percebido. Para que haja a compreensão do espaço da sala, o desenvolvimento das noções espaciais de Geografia na
professor pode deixar que as crianças andem e explorem Educação Infantil. Nesse sentido, RIBEIRO & MARQUE
livremente todos os espaços dela. Depois que elas tiverem (2001, p. 41) afirmam que: As atividades lúdicas podem ser
feito essa exploração, o professor pede que façam um propiciadas situações que possibilitem o desenvolvimento
desenho representando a sala, e através dos desenhos elas das noções espaciais e sua representação. Por esta razão,
irão expressar o que perceberam no espaço. É claro que no estas atividades devem ser acompanhadas de palavras
início eles não estarão maduros o suficiente para representar chaves: em cima de; em baixo de; em frente/ atrás; ao lado
todo o espaço da sala, mas aos poucos eles irão de; perto/longe.
amadurecendo e produzirão desenhos mais completos.
Portanto, as atividades lúdicas devem ter uma
6.49.3 O cotidiano na construção do conhecimento fundamentação pedagógica sobre um determinado assunto
histórico e geográfico sistematizado, promovendo, um conhecimento transmitido
A ciência da Geografia esta presente em muitos aspectos do pelo brincar, pois é mais gratificante para a criança aprender
nosso cotidiano, fazendo refletir que o conhecimento brincando do que aprender de maneira tradicional, baseado
geográfico é uma exigência cada vez maior da nossa na repetição do professor e na reprodução da criança. Além
sociedade como um todo, ou seja, esse conhecimento esta disso, com os exercícios das atividades lúdicas, a criança
atrelada a política, a economia, a leitura de mundo que a pode aprender espontaneamente, de maneira prazerosa,
criança tem com relação ao espaço, aos negócios, entre noções de espaço e tempo, aprendizagem básica para
outros aspectos. conviver na sociedade e no mundo.

A Geografia na Educação Infantil pode ampliar na criança o O educador na sala de aula pode e deve trabalhar com a
desenvolvimento das noções de representação e orientação Geografia, pois esta se configura como uma ciência onde os
de lugar, paisagem, lateralidade, espaço e tempo, com aspectos como a noção de espaço e tempo são relevantes
estratégias de ensino que possam vir a ajudá-la no seu para a criança entender o lugar onde está construindo sua
desenvolvimento cognitivo, cultural e social ao longo da aprendizagem e sua evolução como ser social. O estudo da
vida. Geografia é importante porque proporciona às crianças, em
seu nível de conhecimento, que elas conheçam sobre os
Sendo assim, é relevante ressaltar que a geografia é uma lugares em que vivem, podendo fazer relações com outros
ciência que deve ser abordada desde a Educação Infantil lugares, pois elas convivem com ambientes familiar e
desde os aspectos mais inusitados, como a noção de espaço escolar, entre outros, e questionam e apresentam suas
que a criança necessita entender e compreender para que próprias concepções sobre a natureza e a sociedade.
esta possa vir a desenvolver habilidades para o seu
desenvolvimento cognitivo, cultural e social. Desse modo, a Geografia deve ser estudada mediante as
relações das experiências, observações, reflexões, entre
O professor deverá utilizar estratégias diversificadas que outros aspectos, fazendo com que o aluno possa
envolvam as crianças desde cedo ao contado com a compreender o porquê que determinadas ações, como por
geografia, pois esta é permanente em todo o processo da exemplo, conhecer o 5 bairro da sua escola, é relevante para
vida dos indivíduos. Quando se fala em Geografia na o seu progresso intelectual, salientando aos poucos o
Educação Infantil refletiram-se os questionamentos acerca entendimento do contexto social do qual a criança está
de como trabalhar com esta ciência de maneira atrativa para inserida.
com os alunos. Cabe ao professor e a escola disponibilizar
métodos adequados para o incentivo desse estudo, nesse Quando pensamos em Geografia na Educação Infantil,
aspecto, RIBEIRO & MARQUES (2001, p.38) estabelecem analisa-se logo o espaço geográfico em que a escola se
que “cabe à escola acompanhar a criança desde suas encontra. Quando a criança frequenta a Educação Infantil
necessidades mais elementares promovendo sua socialização pela primeira vez, o espaço da escola e da sala de aula
e também possibilitando à criança a aquisição dos primeiros precisão ser atrativos para chamar a atenção da criança, pois
conhecimentos sistematizados”. esta vai se deparar com um espaço desconhecido e com
pessoas desconhecidas a princípio. Por isso, faz-se

467
necessário a organização e o funcionamento do espaço. educador auxilie na construção das regras, fornecendo-lhes
diálogos a cerca dos sistemas de valores e de conduta,
O ambiente da escola e da sala de aula deve propiciar facilitando, assim, a vida em sociedade, ou seja, a criança
interações da criança como outras crianças, da criança com o necessitará internalizar o que é correto, como fazer e para
educador e da criança com o espaço e com o brinquedo. que fazer, e assim, aprendem desde cedo, que em uma
Nesse sentido, (PEREZ, 2005, p. 89) expõem que: A sociedade há regras a serem seguidas, e a brincadeira é um
interação é um fator predominante na relação meio que facilitará esse entendimento.
desenvolvimento/aprendizagem. É através das suas inter-
relações com os outros sociais que a criança se desenvolve O ensino de história na contemporaneidade ainda encontra-
culturalmente e individualmente. Por ser basicamente um ser se sobre influencia de uma visão positivista que privilegia o
social, a criança necessita do outro para o seu estudo de datas e heróis, entretanto as novas perspectivas
desenvolvimento e aprendizagem. apontam para uma nova metodologia de ensino que não
deve se limitar apenas a ligação desses fatos. Ensinar
Deste modo, o espaço é fundamental no processo da história deve ir além de números e nomes “É preciso ligar o
aprendizagem. Os educadores e educadoras podem orientar- fato a temas e aos sujeitos que o produziram para buscar
se para o ensino da Geografia seja satisfatório. Analisando a uma explicação.” (BITTEMCOURT, 2004, p.183) Para
teoria de Vygotsky citado por Davis e Oliveira (1994), o tanto, as análises documental e conceitual se fazem
espaço é essencial, pois a criança interage permanentemente importantes quando são utilizadas de maneira investigativa
nele, abordando atividades no cotidiano, privilegiando a de forma a organizar os fatos promovendo a reflexão.
importância das interações sociais, para que sobrevenham as
operações superiores, percebida como a capacidade de Mas, para melhor utilizar tais análises é preciso uma
refletir e agir sobre o mundo no nível mais abstrato. fundamentação teórica a respeito do processo de aquisição
do conhecimento pela criança, o docente precisa considerar
Seguindo a ideia acima, é interessante ressaltar o processo alguns pontos como; a idade do sujeito, que será abordado
de aprendizagem, pois segundo Davis e Oliveira (1994) este nos estudos de Piaget através das fases de desenvolvimento
é caracterizado por ser um processo através do qual a da criança, que conceitos são considerados fundamentais em
criança se apropria ativamente do conhecimento da cada fase e como estes conceitos serão aprendidos pelos
experiência humana, daquilo que o seu grupo social alunos. Nos estudos realizados por Piaget e Vygotsky
conhece. Analisa-se que na Educação Infantil, o brincar é podemos observar algumas considerações acerca da
uma estratégia fundamental na aquisição desse processo, formação de conceitos e desenvolvimento cognitivos.
porém, a que se salientar que os espaços devem ser amplos
para os desenvolvimentos das atividades lúdicas, nesse Com relação ao desenvolvimento cognitivo Piaget aponta “a
aspecto, o Referencial Curricular Nacional para a Educação construção do conhecimento pelo sujeito, partindo da gênese
Infantil RCNE (BRASIL, 1998 P. 40) estabelece que: Os do pensamento racional”. Isso diz respeito às formas de
espaços externos e internos devem ser amplos o suficiente convívio em um determinado meio, suas adaptações
para acolher as manifestações da motricidade infantil. Os orgânicas, biológicas e cognitivas, segundo o autor essa
objetos, brinquedos e materiais devem auxiliar as atividades maturidade é adquirida através de processos internos
expressivas e instrumentais do movimento. realizados pelos alunos ao confrontar-se com um
conhecimento novo. Assim diz Piaget: O funcionamento
Destarte, a que se ressaltar o espaço como instrumento constante dos dois processos – assimilação/acomodação –
fundamental no que se refere ao desenvolvimento das corresponde ao princípio de desenvolvimento das estruturas
crianças, e evidenciar que segundo Lei de Diretrizes e Bases mentais e crescimento da capacidade cognitiva: o sujeito
da Educação Nacional LDB, nº 939496 (2001) a Educação responde por meio de compensações ativas aos desafios
Infantil é a primeira etapa da educação básica, e esta exteriores, aos desequilíbrios criados pelos problemas
necessita ser bem estruturada para que os alunos possam vir enfrentados, pelos conflitos. (BITTEMCOURT, 2004,
a progredir de maneira significativa em todo o processo de p.185).
aprendizagem, valorizando, assim, os componentes como, o
brinquedo, o espaço, as brincadeiras, entre outros, para a A criança ao assimilar o mundo a sua volta adquire certo
assimilação da criança no seu desenvolvimento corporal e nível de conhecimento que lhe proporciona um estágio de
intelectual. acomodação, quando confrontada com um conhecimento
novo desenvolve estruturas mentais e crescimento da
Seguindo novamente a teoria da Vygtsky aput por Davis e capacidade cognitiva por meio de mecanismos de
Oliveira (1994), a imaginação é a habilidade que os sujeitos compensação aos desafios que se apresentam, então a um
possuem de formar aspectos, ou seja, construir imagens desequilíbrio em suas estruturas cognitivas para que possa
mentais acerca do mundo real. compreender e assimilar o conhecimento novo, até que se
suceda um novo processo de acomodação frente ao que foi
Assim sendo, reflete-se que as crianças desde muito cedo já apreendido.
seguem regras, e nas brincadeiras eles constroem noções de
certo e errado, e é interessante que nesse momento o Para Piaget é importante respeitar este processo interno de

468
aquisição do conhecimento que a criança passa, assim como saúde física e mental de forma integrada.
as fases de seu desenvolvimento: estágio sensório-motor (até
dois anos), estágio pré-operatório (dos dois aos 6/7 anos), Os jogos e suas brincadeiras trazem em geral benefícios,
estágio operatório-concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos), estágio conhecimento e diversão para todas as idades, além de
das operações formais (dos 11/12 até a vida adulta). Embora oportunizar o aperfeiçoamento de nossas qualidades e a
sua teoria propicie respostas pedagógicas, ele nunca se superação de nossas dificuldades.
preocupou em como fazer, como ensinar, Piaget também
não se dedicou à relação sujeito/sujeito, nem à interação A atividade lúdica tem o objetivo de produzir prazer e
mediada pelo outro, isto é, pela linguagem. diversão. Quem pratica esta atividade percebe que ela vem
acompanhada de inúmeras brincadeiras para enriquecer
Esse foi o enfoque de Vygotsky, que além de considerar a nossos conhecimentos de forma prazerosa na educação. Nos
importância da linguagem para o desenvolvimento da jogos e brincadeiras as crianças desenvolvem a coordenação,
criança considera o conhecimento prévio como ponto a atenção, a imitação introduz-se às regras, imaginação e
positivo na construção de conceitos. No que concerne ao memória. Por isso, a importância de nós professores
ensino de história deve-se levar em conta suas vivencias e trabalharmos o lúdico, com as crianças no ensino da
experiências. Assim afirma BITTEMCOURT (2004) ao matemática.
dizer que: A psicologia social enfatiza as relações entre
desenvolvimento cognitivo, o amadurecimento intelectual e Quem brinca sabe que a alegria se encontra precisamente no
as condições nesse processo, sobretudo a organização desafio e na dificuldade letras, palavras, números, formas,
familiar, a saúde e as condições econômicas, entre outras bichos, plantas, objetos, comidas, músicas, todos são
contingências forçam o indivíduo a resolver problemas e se desafios que fazem as crianças refletirem sob contagem,
“reequilibrar” de modos diversos em seu processo e nem seriação, tempo, quantidade, tamanho, velocidade, entre
sempre na faixa etária prevista. ( p.188) outros.

Nessa afirmativa pode-se destacar a diferença no 6.51 A recreação e os jogos no desenvolvimento infantil
pensamento desses dois pensadores; Piaget relaciona à A educação traz com ela muitos desafios a serem
aquisição do conhecimento a idade em que se encontra o trabalhados. Quando se pensa em educação imagina o ser
sujeito e Vygotsky ao conhecimento de mundo que o sujeito em sua totalidade, gestos e preferências.
adquire em sua vida. De fato, são pontos importantes e
nenhum menos relevante do que o outro, ambos os conceitos Os educadores almejam alunos que queiram mais
devem ser considerados no processo de aprendizagem, porém isso não acontece, já que o que
ensino/aprendizagem. encontramos são alunos desestimulados para executar
algumas atividades escolares inclusive nas aulas de
Muito próximo ao pensamento de Vygotsky, ainda nessa educação física.
perspectiva, Paulo Freire vem defender a leitura de mundo
que traz cada aluno e a importância que o professor tem para Nas escolas percebe-se a preocupação em ensinar todo o
a mediação na construção dessa leitura para que não se torne conteúdo proposto, imaginando assim que quanto mais
evasiva, mais rica em suas reflexões. A história escolar não conhecimento transmitir ao aluno, mais ele irá se
pode ignorar os conceitos espontâneos formados por desenvolver, mas sabe se que isso não é verdade, já que os
intermédio de tais experiências. alunos só assimilam as coisas quando fazem sentidos a eles.

Ao ensinar história deve-se ter em mente que é preciso As crianças por serem naturalmente lúdicas, ao praticar
compreender a história de forma reflexiva, e não como atividades recreativas explorando a si mesma e o ambiente
conteúdo pronto e acabado. Ensinar história vai além dos ao seu redor, expande suas emoções organizando assim a
livros didáticos, é uma discussão transformadora em que o relação ao seu redor.
sujeito (a criança) deve compreender-se inserido no
processo histórico como ser transformador da realidade em As atividades físicas das moderadas as mais agitadas são
que esta inserida e transformada por esta realidade. Nas comuns no cotidiano das crianças e na educação física
discussões devem sobrepor as interpretações críticas e escolar. Essas atividades podem ser decisivas no processo de
reflexivas, para que a criança compreenda os fatos históricos formação do desenvolvimento e aprendizagem infantil. O
da forma como realmente eles aconteceram. desenvolvimento da criança acontece através do lúdico 1. Ela
precisa do brincar para crescer, precisa do jogo como
6.50 O lúdico na aprendizagem equilibração para o mundo2.
Lúdico é a forma de desenvolver a criatividade, os
conhecimentos, através de jogos, música e dança. O intuito é Os gestos lúdicos encontrados nas atividades recreativas
educar, ensinar, se divertindo e interagindo com os outros. O permitem à criança a capacidade de se adaptar a novos
lúdico está em suas diversas modalidades, como brinquedos, desafios, aumentando sua integração física e social, melhora
brincadeiras, jogos acompanhando nossa trajetória de vida, de valores éticos e morais, desbloqueando sua timidez, além
do nascimento à terceira idade, contribuindo para a nossa de descobrir suas habilidades através da ludicidade,

469
aumentando com isso sua capacidade mental de raciocínio. A respeito do tema proposto, pode se verificar opiniões
O brincar implica uma dimensão evolutiva. Crianças de posta de forma diferente, que por fim acabam no mesmo
diferentes idades, com características específicas tem formas sentido, como a respeito da recreação que vem do latim
diferentes de brincar”3. recrear e significa “criar novamente” no sentido positivo,
ascendente e dinâmico 7. É um momento onde o indivíduo
Constatou-se na sociedade uma mudança no estilo de vida sacia seus anseios voltados para o lazer. Como complemento
cultural das crianças dentro de seu cotidiano e como desse conceito, pode dizer que a recreação contempla um
consequência vem diminuindo as práticas de atividades conjunto de atividades de caráter lúdico e recreativo, que se
físicas e lúdicas que ocorriam com mais frequência destinam a promover o entretenimento e o divertimento 8.
antigamente, e como resultado vem diminuindo todos os
benefícios que esses movimentos proporcionavam. A recreação vai além da ludicidade, extravaso, satisfação e
prazer de fazer alguma atividade motivadora. Recrear é
Esta pesquisa de origem bibliográfica tem como objetivo educar, pois a recreação permite criar e satisfazer o espírito
apresentar o que a recreação pode contribuir para o estético do ser humano, ricos em possibilidades culturais,
desenvolvimento da criança através do lúdico já que é uma permite escapar do desagradável, utilizando excesso de
medida pouco utilizada como recurso pedagógico. energia ou diminuindo tensão emocional 9.

Embora haja pouco estudo comprovado em relação à ligação A recreação também contribui na formação motora e
entre a recreação, o desenvolvimento infantil e seu possibilita expressar sentimentos além de desenvolver
comportamento, isto tem sido bastante observado por também o lado cognitivo.
investigadores de diversos tipos de comportamento dos
humanos, com foco nas crianças. Pesquisas recentes Recreação significa satisfação e alegria naquilo que faz.
demonstram interesses na relação entre as atividades lúdicas Retrata uma atividade que é livre e espontânea e na qual o
e o aspecto de desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e interesse se mantém por si só, sem nenhuma coação interna
social. ou externa de forma obrigatória ou opressora, afora e
prazer10.
A ludicidade como ferramenta pedagógica é extremamente
valiosa, uma vez que traz inúmeros benefícios para o Por tanto através da recreação pode-se haver divertimento e
desenvolvimento da criança, por estimular a criança a aprendizagem podendo essa prática também ser utilizada
crescer na linha de socialização, aumentando sua dentro da sala de aula.
criatividade, expressão corporal, a autoafirmarão e
participação no processo de aprendizagem. Afirma que em A recreação traz inúmeros benefícios, fazendo com que
se tratando de contribuir com a educação do indivíduo, a todos participem com grande satisfação de atividades, sem
recreação tem uma função compensadora pois lhe dá uma melindre e com muita criatividade independente dos
satisfação pessoal, possibilitando o reencontro com os recursos disponíveis, além de permitir que haja
movimentos, com alegria, à descontração necessária à vida, aprendizagem com as pessoas que estejam envolvidas nas
na qual não temos mais tempo pra pensar, pra rir ou sonhar, tarefas e desenvolve muitas habilidades como equilíbrio,
então, vamos nos recrear, divertir, recobrar o ânimo com a propriocepção, confiança, lealdade, força, atenção, agilidade
recreação. em tomar decisões e principalmente adquirir bons hábitos na
convivência social que é de grande importância na fase
Os autores mais relevantes sobre o tema tiveram suas infantil, já que ao criar as atividades é importante estar
definições expostas no quadro abaixo a respeito da atividade atento ao objetivo, respeitando cada etapa e interferindo
recreativa no desenvolvimento infantil, porém o foco quando necessário e ressaltando que as crianças façam
abordado por todos foi a ludicidade que tem como objetivo o observações e explorações para melhor descoberta
divertimento, alegria e lazer trazendo com ela a privilegiando com isso a aprendizagem. São justamente as
aprendizagem. Contudo, que foi observado na definição de regras que fazem com que a criança se comporte de forma
recreação na visão de alguns autores, outras atribuições mais avançada do habitual para sua idade11.
específicas como desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor
e social dentre outros foram citadas. Sendo assim a recreação tem grande influência não só na
infância, mas em todas as fases da vida, sendo essencial que
A recreação é importante não só na infância, mas em todas haja esse momento de lazer. As atividades devem ser
as fases da vida. Essas atividades devem ser espontâneas, espontâneas trazendo prazer em executá-las, pois a mesma
prazerosa. De tudo que foi pesquisado percebe se a traz grande benefício na aprendizagem. Para a criança,
influência da atividade recreativa no aprendizado infantil já brincar é viver. A própria história da humanidade nos mostra
que é um momento voltado para o lazer, satisfação, alegria que as crianças sempre brincaram, brincam hoje e
fazendo com que as crianças adquiram conhecimentos de certamente continuarão brincando12.
forma lúdica.
São muitos aspectos a serem desenvolvidos através da
recreação, sendo considerado como principais a integração

470
do indivíduo no meio social, conhecimento mútuo e
participação em grupo independente da afinidade, fazendo Para elas, não há um modo de se expressar por meio da arte,
com que o sujeito desenvolva maior relação interpessoal, apenas uma vontade e um impulso nato de expressar suas
deixando o ser mais desinibido fazendo com de descubram e percepções do mundo que ainda estão sendo construídas. A
desenvolvam sua comunicação, habilidade lúdica, adaptação arte pode ter várias funções no desenvolvimento da criança.
emocional e extravase sua energia contida aumentando com
isso sua capacidade intelectual. Expressar as emoções
As emoções são uma parte indissociável dos humanos,
Ao falar da recreação como fator educacional, em relação às entretanto, na infância tudo é novo e está aí para ser
instituições escolares de um modo geral verifica se que descoberto e é assim também com as emoções das crianças.
lúdico não é tão valorizado, ou seja, quer dizer que na E à medida que compreendem como o mundo funciona, elas
concepção dela, esta atividade é considerada como algo encontram dentro de si, maneiras para se expressar sobre o
improdutiva, que não traz lucro e não produz nenhum valor. que vivenciam, interpretando, assim, a realidade que as
Porém novas concepções vêm se formando para transformar cerca. Por meio da arte, as crianças expressam seus
a criança não ser globalmente desenvolvido, ou seja, um ser sentimentos primeiro rabiscando, depois desenhando,
mental afetivo e social. pintando, cantarolando, dançando e inventando personagens.

Há uma grande diferença entre uma aula e um momento de Desenvolver a criatividade


recreação durante a aula, pois na aula estará sempre o O afloramento da criatividade também é facilitado pela arte.
objetivo cultural e formativo, enquanto a recreação, tem Qualquer que seja a forma como a criança se sinta
como apenas o fato de recrear. Neste caso, o espírito é muito confortável em expressar seu talento artístico, ela tem papel
mais lúdico, realizando atividades simples em busca do fundamental em seu desenvolvimento intelectual. E isso
prazer e diversão. acontece porque a expressão artística reflete sua imaginação,
de visualizar o mundo além do óbvio e, também, de criar
Como forma de enriquecimento para o desenvolvimento da alternativas para seus problemas. Um rabisco que a criança
criança no momento da recreação, através desta atividade faça, demonstra que é capaz de criar com o que tiver à sua
ocorre a evolução. Por saber que o brincar é a principal disposição.
atividade da criança, quando ela não está dedicada a uma
atividade que seja muito necessário como se alimentar, Estimular a escrita
dormir e outros. Todas as crianças brincam se não estão O rabisco citado acima não dará lugar apenas aos desenhos
cansadas, doentes ou impedidas. que, mais tarde, as crianças farão, mas, também, às palavras
que um dia escreverão. Pensando nos primeiros seres
Alguns autores afirmam que o brincar tem um papel humanos, há registros de rabiscos feitos em cavernas,
importante, inclusive sinalizando quando a criança tem datados antes mesmo de desenvolverem a fala. Era
algum tipo de problema motor, cognitivo dentre outros. rabiscando que eles desenhavam sua impressão sobre o
Assim, o lúdico transforma-se em uma das formas mais mundo. Dessa forma, podemos concluir que, ao rabiscar, as
importante do comportamento humano, desde o nascimento crianças treinam suas habilidades com o lápis, as quais serão
até a morte. É absolutamente essencial a sobrevivência e a necessárias para a escrita. Ao utilizar lápis de cor, canetinha,
estruturação o processo do desenvolvimento humano15. pincel giz de cera e até os dedos para desenhar, os
movimentos que a criança fará com as mãos auxiliarão em
O fato de brincar tem grande valor na infância, já que isso sua alfabetização.
estimula criando possibilidade para o meio social e através
dessa ludicidade a criança associa a ilusão e sua imaginação Aguçar a percepção com os cinco sentidos
com a realidade. As brincadeiras ocorridas na escola têm O reconhecimento que a criança tem de si e dos outros
que estar sempre buscando alcançar um objetivo, seja para a também é estimulado pela expressão artística, isso porque,
alfabetização, seja para o repasse de boas maneiras, ou com enquanto ela cria personagens com características
quaisquer fins educativos. Isto porque, a brincadeira, em seu peculiares, sua sensibilidade é aguçada e, também, sua
todo, é um período de aprendizagem significativa para a capacidade de observação e percepção. Por essa
criança, independentemente de onde ocorra. interpretação, a criança reconhece tanto nela quanto nas
outras crianças as semelhanças e as diferenças. Quando ela
6.52 O papel das Artes na educação infantil faz modelagens de massinha e escolhe brinquedos de certas
A arte reflete a história e a cultura vivenciada por uma cores e formatos, ela está recebendo, absorvendo e
pessoa, levando-se em consideração seus valores estéticos interpretando informações de maneira completa, aguçando
de beleza, harmonia e equilíbrio. Tudo isso, é facilmente seus cinco sentidos.
percebido por um adulto, mas para uma criança, a
manifestação do universo infantil é algo natural, sem que ela 6.53 A rotina na educação infantil
se dê conta de que está expressando tudo o que vivência A rotina diária é o desenvolvimento prático do
naquele momento da sua vida — ainda que tenha tido planejamento. É também a sequência de diferentes
apenas poucas experiências. atividades que acontecem no dia-a-dia da creche e é esta

471
sequência que vai possibilitar que a criança se oriente na a lidar com o heterogêneo e conviver naturalmente com as
relação tempo-espaço e se desenvolva. Uma rotina adequada diferenças. A educação inclusiva constitui um paradigma
é um instrumento construtivo para a criança, pois permite educacional fundamentado na concepção de direitos
que ela estruture sua independência e autonomia, além de humanos, contextualizando as circunstâncias históricas da
estimular a sua socialização. produção da exclusão dentro e fora da escola.

Atividades de organização coletiva A Educação Especial é de responsabilidade de todos, sem


As crianças definem o que desejam fazer, e para isso é exclusividade ou exclusão dos poderes públicos e
necessário que o ambiente, em termos de materiais e particulares. A partir de trocas diferenciadas e significativas,
espaços, dê condições. Já as crianças maiores podem a criança ampliará suas chances de se apropriar com mais
participar na própria organização das atividades. Uma festa, qualidade do saber sistematizado. A sociedade precisa ser
por exemplo, é uma atividade coletiva que pode ser inclusiva e para isso acontecer é necessário identificar
organizada junto com as crianças. O mesmo pode ser feito contradições, paradoxos e promover rupturas. É preciso
com relação a um passeio, uma visita fora da instituição. sonhar, enfrentar pesadelos, superar o conformismo e não
desistir da utopia.
Atividades de cuidado pessoal
Não devemos separar o “cuidar” do “educar”. Uma das O contexto de conquistas legais, os avanços tecnológicos e
preocupações básicas das atividades de cuidado pessoal é as novas concepções no campo pedagógico, assim como a
com a saúde, entendendo a saúde como sendo o bem-estar assimilação da educação como direito impõem uma
físico, psicológico e social da criança. A higiene, o sono e a mudança irreversível em relação aos modelos e parâmetros
alimentação são algumas das principais condições para a sua de educação escolar.
vida, é necessária uma atenção maior em relação à limpeza e
aos hábitos adequados de higiene. Também a alimentação é A Educação Inclusiva na educação infantil, supõe uma
muito importante e não deve ser encarada com momento de atenção especializada, sem estigmas ou discriminações, tem
dificuldade e de tensão. a intenção de acompanhar os avanços do conhecimento e
das lutas sociais, visando constituir políticas públicas
Atividades dirigidas promotoras de uma educação de qualidade para todos os
Na creche, as atividades dirigidas são aquelas que o estudantes, em seus diferentes ritmos, cultura e estilos de
professor realiza com uma ou poucas crianças, procurando aprendizagem.
chamar a atenção pra algum elemento novo do ambiente,
como uma figura, uma brincadeira com som etc. No As escolas inclusivas devem reconhecer as diversas
momento em que as crianças aprendem a andar é relevante necessidades dos alunos e dar uma resposta a cada uma
realizar passeios pela creche. O adulto deve coordenar delas, assegurando educação de qualidade a todos, através
inúmeras atividades com as crianças, a partir de certa idade, de currículo apropriado, modificações organizacionais,
tais como: contar histórias, fazer teatro com fantoches, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias. Para isso,
ensinar músicas e brincadeiras de roda, brincar de esconde- as crianças com necessidades especiais devem receber os
esconde. O interessante é propor atividades à criança e apoios extras que necessitam para que tenham uma educação
deixá-la segura para escolher a forma de participar. Isso efetiva.
significa respeitar seu ritmo, confiar na criança, na sua
capacidade de ação e na liberdade que tem para expressar O papel da escola se apresenta, portanto, como uma
seus sentimentos. instituição que promova educação com qualidade,
respeitando a diversidade e ampliando cada vez mais os
Atividades livres (isto é, menos dirigidas pelo professor) recursos necessários para a aprendizagem dos sujeitos como
Estas atividades devem fazer parte d programação diária de cidadãos, é um campo aberto essas probabilidades ou
todos os grupos de crianças, desde o berçário até a turma dos possibilidades de real inclusão escolar e social.
maiores. Cabe a este organizar espaços e momentos para que
as crianças livremente explorem o ambiente e escolham suas O trabalho das instituições ao sujeito com necessidade
atividades específicas, mas é sempre interessante que o especial deve estar amparado pela LDB, oferecendo recursos
professor intervenha na coordenação das brincadeiras segundo suas necessidades, ou seja, aquelas relacionadas a
quando assim for necessário e integre-se como participante. condições, limitações ou necessidades especiais, estamos em
diferentes estágios de garantia de condições de vida da nossa
6.54 Educação Inclusiva na educação infantil população, na educação, uma variação enorme em questões
A educação inclusiva implica numa possibilidade legal de regionais, o direito à educação para todos é uma
educação para todos, isto é a educação que visa reverter o determinação da Constituição Federal, nacional e não
percurso da exclusão, ao criar condições, estruturas e importa a região ou a condição dela.
espaços para uma diversidade de educandos. Assim, a escola
será inclusiva quando conseguir transformar não apenas a Portanto deve haver a flexibilidade e adaptações
rede física, mas, a postura, as atitudes e a mentalidade dos curriculares, metodologias de ensino e recursos didáticos
educadores e da comunidade escolar em geral, para aprender diferenciados e processos de avaliação adequados ao

472
desenvolvimento dos educandos os que possuem outro. Contudo, a capacidade de pensar, de criar, de
necessidades educacionais especiais, sendo relevante e enfrentar situações e resolver problemas, está intrínseca
pertinente os serviços de apoio pedagógico especializado, nessas atividades.
realizado, nas classes comuns, mediante a cooperação de
professor especializado em educação especial. No entendimento de Proscêncio (2010), para explorar todo o
conteúdo de corpo e movimento é necessário que a
6.55 Corporeidade e aprendizagem na educação infantil professora esteja preparada para isso. Tendo conhecimento e
As instituições de Educação Infantil compõem um contexto vivência nessa área, para que possa compreender os corpos e
de desenvolvimento da criança, são espaços de socialização, os movimentos das crianças e possa entender que o
vivências e interações. Segundo Proscêncio (2010), nesse movimento é uma forma pela qual o homem se relaciona
contexto escolar ampliam os relacionamentos sociais da com o mundo.
criança iniciados no convívio familiar, com função de
complementar e não de substituir o papel educativo da Estudos mostram que a atividade física na pré-escola não
família, buscando integrar o cuidado e a educação. cultiva a liberdade e a potencialidade dos corpos em
movimento, seja individualmente, seja em grupo, pois os
A criança enquanto se desenvolve, percebe e vivencia o atos pedagógicos são voltados à busca do silêncio e da
mundo à sua volta, e as experiências e informações que imobilidade, os quais traduzem crianças disciplinadas. E o
recebe do meio em que vive (da sua cultura de modo geral: corpo, neste sistema escolar, é encarado como duas partes
família, escola, religião, meios de comunicação, entre distintas e separadas, em que somente a cabeça deve atuar
outros) ficam impressas em seu corpo, em todos os aspectos (MOREIRA, 1995; PROSCÊNCIO, 2010).
do movimento.
Entretanto, o processo formativo dos educadores que atuam
É nesse sentido, que o entendimento de corpo corresponde a com as crianças pequenas deve contemplar a aprendizagem
considerar a totalidade do ser humano, no qual todas as e o conhecimento das reações e sensações ao toque, à
dimensões: física, intelectual, psicológica, ética, afetiva, música, à dança, à investigação e experimentação do
moral, social e cultural se complementam em um único ser. movimento, ao conhecimento de si. Pois, ao pensar em
E a corporeidade é a nossa presença no mundo. É a maneira corpo e movimento, em corporeidade na educação infantil,
como as relações e interações que estabelecemos com o pensamos nas interações entre os profissionais e as crianças.
outro e com o mundo influenciam e contribuem para nossa
formação como seres humanos. E, ainda, compreender o Não basta o profissional somente observar, é preciso fazer
modo como isso vem orientar nossa atuação na sociedade, junto, explorar o espaço, em busca da ampliação de seu
enfim, é o olhar sobre o nosso ser estar no mundo. repertório de movimentos, de modo que percebam sua
capacidade de superação por meio da reelaboração dos
Segundo Enricone (2007), essas experiências e informações, movimentos. Segundo o estudo de Proscêncio (2010), os
num primeiro momento, não podem ser entendidas como propósitos educativos não podem se perder no dia a dia
conhecimento, pois só há conhecimento quando aprendemos envolvendo apenas a diversão e o cuidado de crianças.
o significado da informação, e não apenas quando temos
acesso a ela. E a criança, ao vivenciar novas experiências, Para Mattos e Neira (2003), o movimento é o meio de
torna-se construtora de seu próprio desenvolvimento, pois expressão fundamental das crianças na Educação Infantil,
dá, por meio dos novos esquemas de ação, significados às logo, temos, todos os educadores, a obrigatoriedade de
suas vivências. compreender esse movimento muito além de um olhar
biológico ou fisiológico, o corpo que corre, cresce e sua é o
A partir do momento que se propõe a repensar a Educação mesmo que sente, conhece e se expressa.
Infantil com função educativa, há que se repensar também a
função do profissional que ensina a criança nessa fase. Pois, A criança descobre o mundo a cada dia, portanto a educação
pensar em melhoria na qualidade da educação dos pequenos infantil é um lugar de descobertas, é o embrião para os
é pensar na qualificação dos educadores que, por sua vez, demais espaços de convivência social, no qual ela terá
implica pensar ou repensar o seu processo formativo. Cabe contato com outras crianças e adultos advindos de outros
recordar que, Palma e Palma (2007, p. 5) diz que tornar-se contextos sociais e culturais. Dentro desse contexto, essa
professora ou professor é, portanto, um processo complexo, diversidade é enriquecedora para a formação da criança.
dinâmico, evolutivo, que compreende diversas etapas
formativas [...], e são compreendidas como um conjunto Além disso, o professor deve estar atento ao corpo e ao
variado de aprendizagem. movimento da criança, pois ela demonstra em sua expressão
corporal seus sentimentos, portanto cada um tem suas
No entanto na educação infantil, os conteúdos relacionados maneiras de se relacionar e interagir com o outro, seu modo
ao corpo e ao movimento estimulam a percepção e de pensar, sua forma de aprender.
consciência corporal da criança; desenvolvem noções de
espaço, a individualidade e coletividade no movimento, a Diante dessa realidade, Mattos e Neira (2003), ressaltam que
socialização; a percepção do seu próprio ritmo e com o o professor é então o mediador, que ajuda as crianças em

473
suas construções, ou seja, um especialista em interagir com muitos momentos como o próprio aprendiz. Entretanto, o
o aluno e sua preocupação deve ser o como fazer para professor como mediador favorece as relações de troca e
possibilitar uma aprendizagem mais eficiente e menos construção de conhecimento, bem como a cooperação mútua
trabalhosa para a criança. e reflexão crítica; busca a reelaboração dos conteúdos para
que a aprendizagem seja significativa para o aluno; revê
Para especificar um pouco mais sobre a corporeidade, conceitos, através da corporeidade.
Moreira (2005), salienta que esta se define voltar os sentidos
para sentir a vida; olhar o belo e respeitar o não tão belo; 6.56 O registro do desenvolvimento infantil como
cheirar o odor agradável e batalhar para não haver podridão; avaliação
escutar palavras de incentivo, carinho, de odes ao encontro, A Educação Infantil até os anos finais do século XX foi
e ao mesmo tempo buscar silenciar, ou pelo menos não excluída das discussões sobre educação escolar, juntamente
gritar, nos momentos de exacerbação da racionalidade e do a avaliação dessa formação, que ainda se falta até a
confronto; tocar tudo com o cuidado e a maneira como atualidade. Dessa forma, se evencia que a Constituição
gostaria de ser tocado; saborear temperos bem preparados, Federal (CF) 1988, não aborda especificamente sobre
discernindo seus componentes sem a preocupação de isolá- Educação Infantil, assim como com a Lei de Diretrizes e
los, remetendo essa experiência a outras no sentido de tornar Bases (LDBs) de 1961 (4.024/61) e a de 1971 (5.692/71).
a vida mais saborosa e daí transformar sabor em saber.
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica,
Ela tem sido definida e restrita nos dicionários como tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança
qualidade daquilo que é corpóreo. Corpóreo é definido como de até 5 anos, em seus aspectos físico, psicológico,
corporal, material, relativo a corpo. E qual é a definição para intelectual e social, complementando a ação da família e da
corpo? Depende-se da perspectiva pela qual ele é abordado, comunidade. É na LDB 9394/96 de 1996 que a avaliação na
do método utilizado, do objetivo da investigação sobre ele. Educação Infantil começou a ser abordada. O artigo 31, ao
Cada área de conhecimento apresenta suas definições para citar sobre avaliação apresenta que: “Na educação infantil a
corpo. avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do
seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo
No entanto, para o estudo das estruturas e sistemas do corpo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, 1996,
humano existe a Anatomia; as funções físicas, mecânicas e p.10).
bioquímicas que são tratadas pela Fisiologia. Atualmente,
fala-se nos corpos criados em laboratórios: os ciborgues ou O primeiro documento voltado somente para a Educação
biocibernéticos. Para a Biologia, corpo é um organismo Infantil e que aborda uma forma de avaliação surgiu em
vivo; já para a química, uma porção de matéria. Que 1998, denominado Referencial Curricular Nacional de
corpo/corporeidade é esse que desejamos discutir nesse Educação Infantil (RCNEI), no volume 1.
estudo? É o corpo que se desloca, que se move, que fala, que
pensa, que ri e chora, que sente a dor e a alegria, que é capaz Esse documento aborda assuntos sobre a Educação Infantil
de abraçar, mas também de bater, que ama e odeia, que se que ainda não haviam sido tratados (pelo menos não da
comunica e se expressa. maneira apropriada), trazendo assim olhares preocupados
para essa área. O RCNEI, volume 1 traz:
Para freire (1991), o corpo é nossa realidade terrena, em que
se prova pela motricidade. Se há um sensível e um [...] uma reflexão sobre creches e pré-escolas no Brasil,
inteligível, um cérebro e um espírito, estão todos integrados situando e fundamentando concepções de criança, de
numa mesma realidade. Pois, nada significariam, sequer educação, de instituição e do profissional, que foram
seriam fora da totalidade que os integra. Esses corpos em utilizadas para definir os objetivos gerais da educação
movimento, corpos vivos, ativos e comunicativos são seres infantil (BRASIL, 1998, p. 9).
humanos em construção, em constante processo de
aprendizagem. É o primeiro documento que fala sobre observação, registro
e formação normativa na Educação Infantil.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, a escola trata o ser
humano de formal dual, separado em corpo e mente em sala A observação e o registro se constituem nos principais
de aula, valorizando a mente sobre o corpo, no qual o instrumentos de que o professor dispõe para apoiar sua
movimento corporal, muitas vezes, é interpretado como prática. Por meio deles o professor pode registrar,
indisciplina. Sendo o corpo do aluno tratado como contextualmente, os processos de aprendizagem das
corpo/objeto, com movimentos mecânicos, manipuláveis crianças; a qualidade das interações estabelecidas com
pela educação, dóceis, insensíveis, indiferentes e previsíveis outras crianças, funcionários e com o professor e
(MOREIRA, 2005). acompanhar os processos de desenvolvimento obtendo
informações sobre as experiências das crianças na
Por meio desse processo, enfatiza-se que mediar o instituição. Esta observação e seu registro fornecem aos
conhecimento significa estabelecer pontes entre aquele que professores uma visão integral das crianças ao mesmo tempo
aprende e o conhecimento, e ser capaz de se enxergar em que revelam suas particularidades. (BRASIL, 1998, p. 58-

474
59). conhecimentos quantos vivências que promovem
aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de
Em 2010 é elaborada as Diretrizes Curriculares Nacionais experiências” (BRASIL, 2017, s. p.).
para a Educação Infantil (DCNEI), com objetivo auxiliar a
organização das propostas pedagógicas no âmbito da Esse histórico da avaliação envolvendo os principais
Educação Infantil. O novo documento abordou o assunto da documentos que tratavam da Educação Infantil teve uma
avaliação escolar, levando em consideração suas lenta progressão, pois, a Educação Infantil não era vista
peculiaridades e finalidades específicas, contrariando os como uma fase tão importante que merecia uma atenção
documentos passados. Trouxe conceitos, reflexões textuais e especial como era feito com o Ensino Fundamental e Médio.
atenção, mostrando assim a necessidade de Tardiamente, esse assunto ganhou forças nas discussões
acompanhamento e precauções voltadas à Educação Infantil. escolares e na contemporaneidade temos um documento
completo sobre a Educação Infantil, envolvendo a avaliação
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de forma detalhada e com excelência.
Infantil, sobre as avaliações, falam que:
A BNCC (2017, p. 42) em seu tópico 3.2 mostra em quadros
As instituições de Educação Infantil devem criar “Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para a
procedimentos para acompanhamento do trabalho educação infantil” em 5 (cinco) campos de experiência,
pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das sendo eles: “O eu, o outro e o nós”; “corpo, gestos e
crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou movimentos”; “traços, sons, cores e formas”; “escuta, fala,
classificação (BRASIL, 2010, p. 29). pensamento e imaginação” e; “espaços, tempos,
quantidades, relações e transformações”. Cada campo de
Hoffmann (1992) e Libâneo (1994) já trabalhavam com essa experiência detalha o objetivo para cada faixa etária da
ideia de avaliar sem julgamento, respeitando assim, o tempo Educação Infantil, sendo respectivamente, elas para bebês
de desenvolvimento de cada criança. Sabendo que nem (zero a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (1 ano e 7
todas as crianças desenvolvem as mesmas habilidades ao meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (4 anos a 5
mesmo tempo que outras, não podemos avaliar todas da anos e 11 meses).
mesma maneira e nem passar atividades esperando as
respostas iguais. Como temos observado, a avaliação perpassa todas as etapas
da educação, desde a educação infantil até o mais alto grau
As DCNEI no tópico “Avaliação” apresentam os requisitos entre os profissionais da universidade. Diante disso, nesse
necessários para sustentar a Educação Infantil. Conforme o item discutimos a avaliação na educação infantil, a etapa
documento são: base da nossa educação. Para Hoffmann (2012) a avaliação
na Educação Infantil é, pois, “um conjunto de
A observação crítica e criativa das atividades, das procedimentos didáticos que se estendem por um longo
brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; tempo e em vários espaços escolares, de caráter processual e
Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e visando, sempre, a melhoria do objeto avaliado”
crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); A (HOFFMANN, 2012, p. 13).
continuidade dos processos de aprendizagens por meio da
criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de Consideramos que é na educação infantil, que a avaliação da
transição vividos pela criança (transição casa/instituição de aprendizagem ainda faz sentido e tem sido efetivamente
Educação Infantil, transições no interior da instituição, concretizada em várias unidades escolares, de acordo com
transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino os estudos já realizados. Relatamos isso, pois observamos
Fundamental); Documentação específica que permita às durante a realização dos nossos estágios obrigatórios (e não)
famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças durante a graduação em Pedagogia, que os professores
e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da dispõem de muito mais recursos e instrumentos para
criança na Educação Infantil; A não retenção das crianças na comporem a avaliação de seus alunos, do que em outras
Educação Infantil (DCNEI, 2010 p. 29). etapas da educação.

Após 7 (sete) anos das DCNEI, foi criada a Base Nacional Os professores da educação infantil têm a sua disposição
Comum Curricular (BNCC), aprovada e homologada em instrumentos naturais e espontâneos para realizarem a
dezembro de 2017. avaliação, uma vez que eles podem analisar as observações
obtidas a partir do cotidiano das crianças, das brincadeiras
Atualmente, é o documento mais completo que já foi feito e que foram propostas pelos docentes ou até mesmo criadas a
que envolve a Educação Infantil detalhadamente partir das crianças, dos desenhos produzidos pelas crianças,
apresentando as competências e habilidades que poderão ser dos diálogos gerados, por exemplo, a partir das rodas de
desenvolvidas com os estudantes nessa fase de formação. conversas, entre tantas outras possibilidades existentes.

As aprendizagens na Educação Infantil, ditas essenciais, De acordo com Micarello (2010), as referências para realizar
trabalham com: “[...] comportamentos, habilidades e processos de avaliação devem ser buscadas na própria

475
criança e não em padrões pré-estabelecidos aos quais ela Vale destacar que mesmo, o professor propondo tarefas e
deve corresponder. Vale ressaltar que avaliar o atividades em grupo, a avaliação deverá ser realizada com
desenvolvimento de uma criança é uma ação complexa e olhar individualizado para cada criança. O professor deverá
exige da escola um olhar de extrema atenção, um ser sempre um mediador no processo de desenvolvimento da
conhecimento sobre o aprender e o desenvolver do aluno, criança. É isso a necessidade para as outras etapas e
para que assim, através de metodologias de avaliação ou de modalidades da nossa educação: o professor como mediador
instrumentos variados seja possível aferir de maneira mais do processo de ensino e de aprendizagem e de uma
sistematizada, contemplando o indivíduo e seus avanços avaliação mediadora.
(SILVA; URT, 2014, p. 63).
6.57 Plano Anual de Educação Continuada (PAEC)
Segundo Carneiro (2010), a avaliação na educação infantil A Portaria MAPA nº 482, de 28 de maio de 2012, que
consiste no acompanhamento do desenvolvimento infantil e dispõe sobre o desenvolvimento de ações de educação
por isso, precisa ser conduzida de modo a fortalecer a continuada no âmbito do MAPA, estabelece e traz diretrizes
prática docente no sentido de entender que avaliar a para o Plano Anual de Educação Continuada (PAEC), em
aprendizagem e o desenvolvimento infantil implica sintonia conformidade com o disposto no Decreto nº 5.707, de 23 de
com o planejamento e o processo de ensino. Por isso, a fevereiro de 2006.
forma, os métodos de avaliar e os instrumentos assumem um
papel de extrema importância, tendo em vista que O PAEC orienta as ações de capacitação dos servidores e
contribuem para a reflexão necessária por parte dos empregados do MAPA. Aprovado pelo Comitê Gestor de
profissionais acerca do processo de ensino. (CARNEIRO, Educação Continuada (CGEC), o Plano compreende, entre
2010, p. 6). outros aspectos, as seguintes informações:

Silva e Urt, nos alertam que o trabalho na Educação Infantil I - a definição das competências a serem desenvolvidas;
se faz a partir de vários olhares (professores e crianças), o II - as metodologias de capacitação a serem implementadas;
conhecimento é construído de maneira mediada, III - a quantidade de servidores a serem capacitados; e
fundamentado por meio do diálogo, da reflexão, do IV - as ações de capacitação voltadas a servidores e
planejamento e da avaliação, em que o professor, como empregados do MAPA.
responsável direto, visa desenvolver seu trabalho de forma
correta (SILVA; URT, 2014, p. 75). Comitê Gestor de Educação Continuada
O Comitê Gestor de Educação Continuada (CGEC) tem a
A partir das observações levantadas pelas pesquisadoras, é finalidade de definir e aprovar normas e procedimentos dos
preciso observar alguns pontos, que merecem discussões. programas de educação continuada da Escola Nacional de
Quando as autoras levantam que o trabalho na educação Gestão Agropecuária, bem como os critérios de participação
infantil se faz a partir de vários olhares, devemos observar dos servidores. Além disso, tem como finalidade zelar pelo
que a avaliação também deverá ser realizada a partir de cumprimento desses atos nos órgãos e unidades
vários olhares. descentralizadas do Ministério, assegurando o crescimento
pessoal e profissional dos servidores, com vistas à promoção
Entretanto, devemos nos atentar, que tal olhar deverá ser do desenvolvimento sustentável e da competitividade do
individualizado para cada criança. Temos que respeitar as agronegócio, gestão do conhecimento e gestão por
individualidades, particularidades e especificidades de cada competências, em benefício da sociedade brasileira.
criança, o ritmo de desenvolvimento de cada uma, levando
em consideração que “a avaliação na educação infantil é O CGEC, de caráter deliberativo, será composto pelos
marcada por diversos âmbitos que demandam um olhar titulares das seguintes unidades ou cargos:
multifacetado e diferentes linguagens” (FARIA; I - Secretaria-Executiva – SE, que o presidirá;
BESSELER, 2014, p. 161). II - Diretoria de Programa da Secretaria-Executiva;
III - Gabinete do Ministro – GM;
Segundo Hoffmann (2012), a avaliação mediadora tem IV - Consultoria Jurídica – CONJUR;
como característica a observação individualizada da criança, V - Secretaria de Aquicultura e Pesca – SAP;
a ação reflexiva sobre os diversos comportamentos do VI - Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA;
educando, o planejamento como forma intencional de propor VII - Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e
atividades significativas. do Cooperativismo – SMC;
VIII - Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio
Frente ao exposto, o professor atento a avaliação como – SRI; IX - Secretaria de Política Agrícola – SPA;
processo, como análise diagnóstica e que tem a concepção X - Departamento de Administração – DA;
de que a avaliação servirá a ele para uma tomada de decisão, XI - Departamento da Comissão Executiva da Plano da
deverá avaliar cada aluno na sua individualidade, avaliar o Lavoura Cacaueira – CEPLAC;
progresso e desenvolvimento de cada aluno XII - Coordenação Geral de Apoio às Superintendências –
individualmente, considerando os avanços mínimos. CGAS;
XIII - Instituto Nacional de Meteorologia – INMET; e

476
XIV - Escola Nacional de Gestão Agropecuária – seja do vencimento, seja das demais vantagens.
ENAGRO/SE.
Acompanhamento e Avaliação dos Resultados
Objetivo do PAEC A avaliação das ações do PAEC será realizada pela Enagro
Estabelecer diretrizes para execução de eventos internos e juntamente com o CGEC, tendo como objetivo a elevação
externos de capacitação e desenvolvimento, destinados ao da capacitação dos servidores decorrentes dos programas
aprimoramento e aperfeiçoamento das competências estabelecidos, além de verificar a eficácia da capacitação e
técnicas e comportamentais dos servidores do MAPA, a fim do treinamento, analisando se o mesmo atendeu às
de desenvolver a aprendizagem individual, de grupos, necessidades institucionais.
organizacional e de rede para a cidadania e a melhoria dos
serviços prestados ao sistema agropecuário. A participação Os eventos de capacitação e treinamento serão avaliados a
dos servidores do MAPA em ações de capacitação previstas partir de Avaliação da Ação de Aprendizagem, que são
no PAEC está vinculada à disponibilidade orçamentária que encaminhadas aos participantes ao final do evento, por meio
custeará as despesas de eventos de capacitação. de um formulário on-line com o objetivo de verificar a
participação do servidor, domínio do conteúdo ministrado
Objetivos Específicos do PAEC pelo instrutor e sua interação com a turma, local de
• Capacitar o servidor para desenvolvimento de ações e de realização do curso e papel do coordenador.
gestão pública, contribuindo para o seu aprimoramento
como profissional e cidadão;
• Tornar públicas as ações de capacitação desenvolvidas no
âmbito do MAPA;
• Trabalhar as fragilidades de capacitação com base nas
atribuições regimentais;
• Favorecer as iniciativas de capacitação que contemplem
um maior número de servidores a um menor custo para o
erário; e
• Desenvolver nos servidores as competências requeridas
para o alcance dos objetivos de cada unidade do MAPA.

Formas da operacionalização do Plano de Capacitação

Evento interno: tem conteúdo programático definido pelo


MAPA e é executado por educadores internos ou por
instituição pública ou privada, ou ainda por profissionais
liberais, e é realizado com recursos próprios ou em regime
de cooperação com outras instituições, nas dependências do
MAPA ou de instituições parceiras.

Evento externo: é o evento totalmente promovido e


organizado por outra instituição que não o MAPA. Evento
de curta duração: é evento com carga horária menor ou igual
a oitenta e oito horas-aula.

Evento de média duração: é o evento com carga horária


superior a oitenta e oito e inferior a trezentas e sessenta
horas-aula.

Evento de longa duração: é o evento com carga horária igual


ou superior a trezentas e sessenta horas-aula.

Com ônus: quando implicar a concessão, total ou parcial, de


inscrições, passagens, diárias ou outras taxas, assegurados
ao servidor o vencimento e demais vantagens do cargo ou
função.

Com ônus limitado: quando implicar apenas a manutenção


do vencimento e demais vantagens do cargo ou função. Sem
ônus: quando não acarretar qualquer despesa para o MAPA,

477
Questão 1 b) Teoria de Piaget.
Tanto a Didática como a Metodologia estudam os métodos c) Método Empirista.
de ensino, no entanto, o que as diferem são os pontos de d) Método de ações educativas locais.
vista que cada um possibilita. Analise as afirmativas e
marque a opção CORRETA. Questão 6
“Atualmente está em voga falar em aprendizagem ativa e
(.....) A metodologia estuda os métodos de ensino, metodologias ativas. Em poucas palavras, o sentido dessas
classificando-os e descrevendo-os com juízo de valor. expressões está relacionado a colocar o aluno como
protagonista da aprendizagem, construindo o conhecimento
(.....) A didática faz um julgamento ou uma crítica do valor em situações práticas. A aprendizagem ativa pode ser
dos métodos de ensino. definida como: ‘atividades que ocupam o aluno em fazer
alguma coisa e, ao mesmo tempo, o leva a pensar sobre as
(.....) Podemos ser metodológicos sem sermos didáticos. coisas que está fazendo’.”

(.....) Metodologia é o “para que este ensino será utilizado” e Nesse contexto, é INCORRETO afirmar que:
Didática é “como o ensino será aplicado”. a) A exploração dessas características e marcas demanda
a) V, V, F, V. reconsiderar o currículo e as metodologias que colocam o
b) F, F, V, V. professor no centro do processo educativo e focam a
c) F, V, V, F. aprendizagem ativa.
d) V, F, F, V. b) Destaca-se como um dos desafios à educação o repensar
sobre novas propostas educativas que superem a instrução
Questão 2 ditada pelo livro didático, centrada no dizer do professor e
Jean-Ovide Decroly foi diretor da Escola "École d'Ermitage" na passividade do aluno.
(1907), e criou um método que se destaca em: c) Criar situações de aprendizagem em que os aprendizes
a) Em relação a expressão, trabalhou intensivamente no fazem coisas, colocam conhecimentos em ação, pensam e
ramo da matemática. conceituam o que fazem, constroem conhecimentos sobre os
b) A palavra estudada ser a única forma e meio de se conteúdos nas atividades que realizam, bem como
expressar. desenvolvem estratégias cognitivas, capacidade crítica e
c) Condenava o ensinar a partir de trabalhos manuais, reflexão sobre suas práticas.
desenhos ou esportes. d) É importante considerar as práticas sociais inerentes à
d) Conciliar medidas psicológicas e educativas na prática cultura digital, marcadas pela participação, criação,
educacional com as crianças. invenção, abertura dos limites espaciais e temporais da sala
de aula e dos espaços formais de educação, integrando
Questão 3 distintos espaços de produção do saber, contextos e culturas,
A partir da psicologia educacional, professores e alunos são acontecimentos do cotidiano e conhecimentos de distintas
auxiliados ao melhor entendimento do processo de naturezas.
educação. Um dos benefícios criados é:
a) Nunca aceitar as diferenças. Questão 7
b) Tratar todo estudante da mesma forma, sem distinção. “Segundo Libâneo (2013), ‘para desenvolver o pensamento
c) Desenvolver a didática de ensino. independente e criativo não é suficiente o conhecimento do
d) Conhecer o único estágio de aprendizagem. tema, mas é necessário o ensino de habilidades e
capacidades, isto é, os métodos de adquirir e aplicar os
Questão 4 conhecimentos’. Também os PCNEM (Parâmetros
O ordenamento sistematizado das ações a serem Curriculares Nacionais para o Ensino Médio) propõem que o
desenvolvidas num planejamento de uma disciplina, sendo o sentido de aprendizagem na área propicie um aprendizado
caminho utilizado pelo professor para colocar o aluno em útil à vida e ao trabalho, no qual as informações, o
contato com o conteúdo da sua disciplina é conhecido por: conhecimento, as competências, as habilidades e os valores
a) Ações pedagógicas. desenvolvidos sejam instrumentos reais de percepção,
b) Método. satisfação, interpretação, julgamento, atuação,
c) Abordagem intrínseca. desenvolvimento pessoal ou de aprendizado permanente,
d) Exclusão de plano. evitando tópicos cujos sentidos só possam ser
compreendidos em outra etapa de escolaridade.”
Questão 5
Método educacional que partia da ideia da globalização do (PCNEM, 2000.)
ensino para romper com a rigidez dos programas escolares
onde elaborou a ideia de “centros de interesse” que seriam A análise do trecho anterior nos ajuda a inferir que a prática
uma espécie de ideias-força em torno das quais convergem educativa do professor de Biologia deverá exercer uma
as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno: didática e uma metodologia que:
a) Método Decroly. a) Sejam satisfatórias, onde alunos, professores e

478
comunidade opinem, julguem, avaliem o ensino, a seja, destacar os melhores, minimizando os problemas dos
aprendizagem e a forma como os instrumentos alunos com dificuldades.
metodológicos são conduzidos.
b) Sejam práticas, adaptando as metodologias dentro da Questão 10
realidade de cada escola, dispensando aquelas formas de Segundo Gasparin (2009), para o desenvolvimento da
ensino em que não é possível aplicá-las por falta de estrutura dialética marxista como método educativo toma-se como
na escola. marco referencial epistemológico a teoria dialética do
c) Sejam educativas, utilizando as modernas tecnologias de conhecimento, tanto para fundamentar a concepção
informação e comunicação para explicar os conteúdos aos metodológica e o planejamento de ensino-aprendizagem,
alunos numa abordagem científica e completa, preparando- quanto a ação docente-discente. A ideia é possibilitar aos
os para alcançar índices satisfatórios nas avaliações internas alunos que eles se apropriem do conhecimento e, com isso,
e externas. se modifiquem e modifiquem a realidade em que estão
d) Sejam dinâmicas, utilizando metodologias que combinem inseridos, provocando, assim, alterações na infra e na
conhecimento teórico com a percepção mental do que é superestrutura. Para isso, Gasparin utiliza as cinco fases do
ensinado, utilizando formas variadas de comunicação, método dialético, a saber:
objetivando o desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas dos alunos frente a uma atitude crítica e 1. Prática social do conteúdo.
cidadã. 2. Problematização.
3. Instrumentalização.
Questão 8 4. Catarse.
“O método de ensino-aprendizagem-treinamento se constitui 5. Prática social final do conteúdo.
em uma das grandes ferramentas às quais o professor pode
recorrer para organizar sua planificação e construir seu Considerando essas fases, relacione-as adequadamente com
processo de ensino-aprendizagem-treinamento na escola. as características a seguir.
Assim, os métodos de ensino dos esportes estão divididos
em tradicionais e ativos.” (Greco, 2012.) Com relação aos ( ) É o momento em que os alunos serão confrontados com o
métodos ativos, assinale a afirmativa correta. conteúdo. É nesta etapa em que os alunos, sujeitos do
a) Produzem jogadores supostamente mais habilidosos. conhecimento, são apresentados aos conceitos científicos e,
b) Invertem o conceito de ensino dos esportes e partem da com a ajuda do professor, compara-os com seus próprios
aprendizagem tática do jogo. conhecimentos.
c) Grande porcentagem das crianças consegue ter pouco
acesso em virtude da ênfase no desempenho, isto é, no fazer. ( ) As principais interrogações levantadas na prática social a
d) Em sua abordagem, apresenta-se ênfase na aprendizagem respeito de determinado conteúdo, em consonância com os
da técnica em primeiro momento, ou do jogo, na sua íntegra. objetivos de ensino e que orientam todo o trabalho a ser
desenvolvido pelo professor e pelos alunos. Essa fase
Questão 9 consiste, na verdade, em selecionar e discutir as origens na
“A escola cria suas próprias desigualdades, a economia cria prática social.
suas próprias desigualdades, a cultura cria suas
desigualdades, a política cria suas desigualdades... As ( ) É a realidade, que também é o ponto de partida. Porém,
desigualdades de cada um desses domínios podem e apesar da referência ser a realidade, ela é diferente. Isso
precisam ser combatidas. Mas há desigualdades e injustiças porque no início é a visão do todo, naturalizada, caótica. No
novas quando as desigualdades produzidas por uma esfera final, é a visão do todo novamente, mas reconstruído,
de justiça provocam automaticamente desigualdades em compreendido pelo todo e pelas partes. Neste momento, o
outra esfera.” aluno tem um novo posicionamento perante a prática social.

(Dubet, 2004, p. 549.) ( ) É a fase de aproximação do aluno ao conteúdo. Os


conteúdos não interessam a priori e, automaticamente, aos
Um sistema escolar justo deveria assegurar um combate aprendentes. É necessário relacioná-los aos conceitos
constante às desigualdades, promovendo ações justas – ou empíricos trazidos por eles. O professor necessita incentivar
que pelo menos não reproduzam a injustiça – tais como: o aprendente a olhar para a sua realidade, para a sua prática
a) A adoção de um modelo meritocrático em que só quem social e, aos poucos, associá-la ao conteúdo que será
produz de fato seja premiado. proposto.
b) Trabalhar com projetos que ampliem a igualdade de
direitos e de oportunidades e onde as coisas sejam decididas ( ) É nesta etapa que os alunos deverão mostrar o quanto se
coletivamente. aproximaram da solução destes, mesmo que de forma ainda
c) Promover o acesso a bens escolares materiais, incompleta, ou com os conceitos já assimilados, mas ainda
estabelecendo conteúdos resumidos e estanques, que possam não totalmente construídos. Esta é a fase em que o educando
ser entendidos por todos. sistematiza e manifesta que assimilou. Este é o momento de
d) Um programa que privilegie a discriminação positiva, ou expressão do aluno, daquilo que ele aprendeu, de forma oral

479
ou escrita. desenvolvimento.

A sequência está correta em a) I-F, II – F, III-F, IV – F.


a) 1, 2, 3, 4, 5. b) I-F, II-V, III-V, IV- F.
b) 3, 2, 5, 1, 4. c) I-V, II-V, III-F, IV-V.
c) 5, 1, 4, 3, 2 d) I-V, II-F, III-V, IV –F.
d) 4, 3, 2, 1, 5. e) I-F, II-F, III-V, IV-V.
e) 2, 5, 1, 4, 3.
Questão 13
Questão 11 Segundo Libâneo. “Aula é toda situação didática que se põe
“A didática foi concebida como base de uma reforma objetivos, conhecimentos, problemas, desafios, com fins
educacional importante pela primeira vez no século XVII, instrutivos e formativos”. LIBÂNEO, J.C.Didática . São
com João Amós Comenius, em sua obra ‘Didática Magna’. Paulo: Cortez, 2009, p. 178.
Nesta época ele havia observado que a educação se dava de
maneira muito espontânea, permeada de puro praticismo, A definição acima está representada na(s) gravura(s):
não havia sistematização, organização ou planejamento.
Com o objetivo de organizar e sistematizar a educação,
Comenius escreveu a ‘Didática Magna’ (...)”.

(COMENIUS, João Amos. (1996). Didática Magna. São


Paulo: Martins Fontes.)

Com relação à didática, é correto afirmar que


a) desde o seu surgimento, a didática tornou fundamento da
prática educativa, constituindo-se num conjunto de
conhecimentos que interliga a teoria e a prática educativa.
b) investiga os fundamentos, as condições e os modos de
realização do ensino, ocupa-se dos métodos, conteúdos e
organização da aula. Ela oferece embasamento para a
relação ensino-aprendizagem, eliminando a dicotomia entre
teoria e prática.
c) fundamenta a ação docente; é através dela que a teoria e a
prática se consolidam de forma viável e eficaz, pois ela se
ocupa do processo de ensino nas várias dimensões, não se
restringindo à educação escolar, mas investiga e orienta a
formação do educador na sua totalidade.
d) a dissociação entre teoria e prática possibilita os
profissionais da educação articular a prática em proveito da
teoria. Como resultado dessa separação, a prática educativa
tende a criar a espontaneidade e a praticidade nas práticas
escolares. Nesse sentido, a didática visa a contribuir para a) I.
essa concepção ambígua de interação. b) II.
c) III.
Questão 12 d) II E III.
Assinale a alternativa correta: e) I E II.

I) Os conteúdos de ensino caracterizam-se como saberes Questão 14


historicamente organizados e verdades absolutas que se A formação da teoria didática para investigar as ligações
adequam as exigências sociais. entre o ensino e aprendizagem ocorreu no século XVII,
quando João Amós Comênio (1592-1670), um pastor
II) Método de ensino refere-se aos meios para se alcançar os protestante, escreveu sobre didática, a Didática Magna. A
objetivos gerais e específicos de ensino. didática de Comênio se assentava nos seguintes princípios,
EXCETO:
III) Em relação a avaliação escolar, quando falamos de a) A educação é um direito natural de todos e tem finalidade
função diagnóstica, a avaliação é realizada no início do de conduzir à felicidade com Deus.
processo para direcionar o trabalho do professor. b) O homem deve ser educado de acordo com o seu
desenvolvimento natural, as características de idade e
IV) A avaliação na função formativa é realizada no final do capacidade para o conhecimento.
processo, classificando os alunos quanto ao nível de c) Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da

480
observação das coisas e dos fenômenos naturais. pedagogo escolar é, portanto, organizar o trabalho
d) O método intuitivo consiste da observação indireta das administrativo e financeiro, todavia deve exercer uma gestão
coisas para o registro de impressões na mente do aluno. democrática, que leve em consideração a opinião de todos os
sujeitos que compõem a escola e flexíveis para a tomada de
Questão 15 decisões.
Johann Friedrich Herbart (1766-1841) estabeleceu quatro
critérios didáticos que deveriam ser seguidos rigorosamente, Questão 18
são eles: Henrique é pedagogo em uma instituição pública federal e
a) Clareza, associação, sistematização e Método. está interessado em implementar um projeto de trabalho,
b) sistematização, método, informação e vivencia. junto aos funcionários que supervisiona, inspirado em uma
c) Clareza, associação, vivencia e sistematização. perspectiva da pedagogia centrada em situações-problema,
d) Associação, esquematização, sistematização e vivencia. numa abordagem por competências. Para que o trabalho
planejado possa de fato acontecer, será necessário que
Questão 16 Henrique e os funcionários estabeleçam um novo contrato
“Trata-se de um método universal de ensinar tudo a todos. E pedagógico, no qual caberá aos funcionários,
de ensinar com tal certeza, que seja impossível não prioritariamente, demonstrar as seguintes habilidades e
conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou competências
seja, sem nenhum enfado ou aborrecimento para os alunos e a) ouvir orientações, cumprir ordens, seguir as regras do
para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e jogo, fazer anotações, expor suas ideias, fazer testes.
para outros.” O trecho refere-se b) receber ordens, escutar, tomar notas, fazer exercícios com
a) a métodos da Escola Ativa de Dewey. aplicação, realizar testes, fazer pesquisas.
b) à Didática Magna de Comenius. c) prestar atenção às explicações, fazer anotações livres,
c) aos princípios gerais da Escola de Summerhill. responder perguntas, realizar tarefas de casa, receber
d) aos preceitos da Escola Anarquista no Brasil. críticas.
d) comprometer-se, participar de um esforço coletivo para
Questão 17 elaborar um projeto, ensaiar, errar, expor suas dúvidas,
Segundo Libâneo (2008) (...), pedagogo é o profissional que explicar seus raciocínios, comunicar-se.
atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou
indiretamente ligadas à organização e aos processos de Questão 19
transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo Segundo Sawaia (2002), a finalidade da Psicopedagogia
em vista objetivos de formação humana (...). Quando nos contemporânea continua sendo a aprendizagem e a relação
referimos à educação, podemos atribuir diversas funções do sujeito com a aprendizagem. Isto não significa deixar de
sobre o papel do pedagogo no processo educacional. Acerca lado a compreensão do fenômeno dificuldade de
destas funções, assinale a afirmativa INCORRETA. aprendizagem. Para definir o que seja dificuldade de
a) O pedagogo tem como objetivo organizar e orientar o aprendizagem, é preciso considerar o contexto e o
trabalho dos demais profissionais para que a escola atinja referencial teórico usado para fazer sua leitura. O que é
suas metas, pois a construção de uma escola democrática é considerado dificuldade num contexto pode não ser
um dos principais desafios do século XXI. E a escola, para considerado em outro, podendo ser entendido como
ser democrática, necessita, portanto, do trabalho pedagógico pertinente ao processo de ensino aprendizagem.
e ações humanas que envolvam todos os sujeitos da ação
educativa. Os instrumentos utilizados no diagnóstico e na intervenção
b) O trabalho educativo deve estar orientado para a dependem dos conceitos de aprendizagem e de dificuldade
formação do indivíduo de maneira integral, que vise o de aprendizagem e, portanto, dos referenciais teóricos.
desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos, físicos e Apesar dessas dissonâncias, é possível destacar alguns
sociais. A aprendizagem deve ser, portanto, mediada por pontos comuns presentes no discurso psicopedagógico que
práticas pedagógicas construtivas que levem o sujeito à expressam a práxis psicopedagógica:
prática reflexiva, sendo capaz de exercer sua autonomia,
criatividade, sensibilidade e humanidade. De acordo com o texto analise as proposições:
c) O pedagogo deve orientar e mediar o trabalho pedagógico
desenvolvido na instituição de ensino, exercendo um papel I. Aprendizagem como processo: implica analisar as
central como articulador do processo educativo, mas sozinho respostas a partir da compreensão do processo de produção e
não tem poder para estimular a participação da comunidade na intervenção sobre ele, ao invés de considerar somente a
na gestão da escola. Esse é um desafio político e social, produção;
engendrado em bases complexas da organização da
sociedade, extrapolando as ações pelas quais o pedagogo II. Aprendizagem como apropriação do conhecimento:
responde. implica não só na consideração das possibilidades
d) O pedagogo é o responsável pelo conjunto institucional, cognitivas, mas também nas possibilidades psíquicas, mais
bem como integrar os diversos setores da escola, além de ser especificamente nas possibilidades de simbolização daquele
responsável pelas atividades burocráticas. A função do que aprende,

481
para lidar com situações complexas e, muitas vezes,
III. Aprendizagem como articulação entre saberes prévios e inesperadas.
novos conhecimentos: implica considerar as experiências de
vida e os interesses daquele que aprende como fundamento ( ) O psicopedagogo deve ter sensibilidade para captar
para a aquisição de novos conhecimentos. aspectos emocionais expressos objetivamente ou não.

IV. Aprendizagem como transmissão do conhecimento A sequência está correta em


através do outro: implica considerar aquele que ensina como a) V, V, V, V, V.
parte integrante da relação entre o que aprende e o b) V, F, V, F, V.
conhecimento. c) F, F, V, V, V.
d) V, F, V, V, V.
a) I, II e III estão Corretas.
b) I e II estão Corretas. Questão 22
c) I, II, III e IV estão Corretas. Bossa (2007) traz a seguinte contribuição: o objeto de
d) III e IV estão corretas. estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois
e) II, III e IV estão corretas. enfoques: preventivo e terapêutico. Considerando a
psicopedagogia preventiva, analise.
Questão 20
Qual dessas atribuições não é do Psicopedagogo: I. Neste enfoque, considera‐se o objeto de estudo da
a) Participação na construção, no acompanhamento e na psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento,
avaliação da proposta pedagógica da escola. enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser
b) Orientação a alunos e pais. educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações
c) Orientação profissional. de tais processos.
d) Diagnóstico dos discentes e tratamento, assim como
análise e intervenção em nível institucional, especialmente II. Neste enfoque, não se deve restringir apenas à escola,
no que diz respeito à subjetividade social da escola, visando mas ir também à família e à comunidade, pois estas poderão
delinear estratégias de trabalho favorecedoras das mudanças esclarecer, de forma mais ou menos sistemática, professores,
necessárias para a otimização do processo educativo. pais e administradores sobre as características das diferentes
e) Elaboração e coordenação de projetos educativos etapas do desenvolvimento, o progresso nos processos de
específicos (em relação, por exemplo, à violência, ao uso de aprendizagem, as condições psicodinâmicas da
drogas, à gravidez precoce, ao preconceito, entre outros). aprendizagem, as condições determinantes de dificuldades
de aprendizagem.
Questão 21
Enquanto mediador dos processos de aprendizagem, o III. Este enfoque considera o objeto de estudo da
psicopedagogo deveria trabalhar com as competências e psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma
habilidades necessárias à sua profissionalização. Para metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de
tanto, Beauclair (2004) elenca algumas características aprendizagem.
formativo-pessoais que sustentam a formação profissional e
a prática do psicopedagogo. Acerca do exposto, Estão corretas as afirmativas
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para a) I, II e III.
as falsas. b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
( ) O psicopedagogo deve ser capaz de construir vínculos d) II e III, apenas.
baseados na confiança recíproca e no respeito mútuo,
favorecendo o desenvolvimento da autonomia, tanto quanto Questão 23
possível. A Psicologia da Gestalt surge no final do século passado e
defende que o comportamento deve ser estudado nos seus
( ) O psicopedagogo deve ser “continente” da ansiedade da aspectos mais globais e não ser analisado de maneira isolada
criança; entretanto, quando se trata de outros membros da do contexto. É um conceito central da Gestalt:
escola ou da família, deve manter-se indiferente, pois sua a) Inconsciente.
práxis não abrange o atendimento aos professores e b) Estágio do personalismo.
familiares. c) Ego.
d) Percepção.
( ) O psicopedagogo deve ser capaz de desenvolver razoável
tolerância às situações de frustração, algumas delas Questão 24
inevitáveis na prática. De acordo com Costa-Val (2001), “a alfabetização, na
medida em que proporciona a condição básica de acesso ao
( ) O psicopedagogo deve ter desenvolvido um bom nível ‘mundo da escrita’, deveria ser o suficiente para que as
operacional de pensamento que lhe possibilite flexibilidade crianças pudessem desenvolver seu conhecimento

482
linguístico-discursivo dos gêneros escritos, assim como o I- O meio pelo qual o texto é apresentado na escola pode
fazem, intuitiva e assistematicamente, com os gêneros orais. limitar a acessibilidade do aluno com deficiência e privá-lo
No entanto, por fatores diversos, nem sempre é isso que da participação nas aulas.
acontece”. Para que os alunos possam desenvolver suas
habilidades relativas ao texto escrito, a autora afirma que II- O texto com símbolos apoia o aumento de vocabulário
cabe ao professor assumir um papel importante por meio da: gráfico dos alunos que utilizam a comunicação alternativa.

I. Criação de oportunidades de exercício efetivo da leitura e III- Os textos devem somente ser impressos em tamanhos
da escrita. grandes e de fácil entendimento para que o aluno possa
participar então, desses momentos.
II. Orientação de reflexões sistemáticas sobre os recursos
composicionais e expressivos mais usuais nos gêneros IV- O professor deve observar o grupo leitor, então com
discursivos escritos. esse olhar, elaborar textos de fácil acesso e de preferência
que sejam de conhecimento da turma, assim facilita o
III. Análise da coloquialidade, manifestada nas formas processo da leitura.
linguísticas segmentais, recursos prosódicos e gestos.
V- Alunos com impedimentos na expressão oral utilizam as
Está correto o que se afirma apenas em pranchas de comunicação para expressarem sua
a) II. compreensão e interpretação daquilo que está sendo lido.
b) III. a) Somente I, III e V estão corretas.
c) I e II. b) Somente II, III e IV estão corretas.
d) I e III. c) Somente I, II e V estão corretas.
e) II e III. d) Somente II e V estão corretas.

Questão 25 Questão 28
Rojo (2012) afirma que, diferentemente do conceito de Dentre as atividades de estímulo da leitura e da escrita a
letramentos (múltiplos), que apenas aponta para a motivação para a leitura e elaboração gráfica apresenta
multiplicidade e variedades das práticas letradas, o conceito características CORRETAS no item:
de multiletramentos aponta para dois tipos específicos e a) Crianças que compreendem o conteúdo da elaboração
importantes de multiplicidade presente em nossa sociedade gráfica necessitam de uma estimulação especial para que
urbana e contemporânea; assinale-os. encontrem na forma escrita ou oral onde receber
a) A multissemiose e a pluralidade cultural. informações ou manifestar suas ideias.
b) A diversidade discursiva e o plurilinguismo. b) Crianças com alterações no conteúdo da elaboração
c) A diversidade de gênero e a pluralidade étnica. gráfica necessitam de uma estimulação especial para que
d) A pluralidade textual e a diversidade linguística. encontrem na escrita uma forma agradável de receber
e) A multiplicidade estética e a pluralidade semântica. informações ou manifestar suas ideias.
c) Todas as crianças devem receber os mesmos estímulos e
Questão 26 com mesma intensidade para que encontrem na escrita uma
A variedade de esferas envolvidas em todas as práticas forma agradável de receber informações ou manifestar suas
sociais de leitura e produção de textos joga por terra a noção ideias.
de que usar a escrita envolve apenas questões de língua e, d) A escola é a única capaz de oferecer subsídios de uma
certamente, torna qualquer prática de letramento uma melhor leitura para as crianças
atividade em que se inter-relacionam diversos
conhecimentos. Questão 29
“Discussões sobre a natureza e a importância da
(Kleiman e Souza, 1999, Pág. 94.) alfabetização em geral e da científica, em particular, atingem
desde pesquisadores, trabalhando isoladamente, até
Diante do exposto, são considerados tipos de conhecimento instituições do porte e escopo da UNESCO que investem
que se configuram como letramento, EXCETO: hoje grandes quantidades de recursos e procuram integrar a
a) De ritos. comunidade de educadores em ciências do mundo (...).”
b) De tipo social. (INEP, 1992, p. 6.) Sendo uma temática relevante a ser
c) Do sistema escrito. trabalhada pelos professores de Ciências, o que seria
d) De relações de poder. “alfabetização científico-tecnológica”?
e) De valores e hábitos do grupo. a) Aquisição de habilidades e competências que permitam
aos alunos executarem pesquisas científicas.
Questão 27 b) Vincular ao ensino as contribuições científicas, visto que
Sobre o acesso a leitura, analise as afirmativas e marque a o progresso social é consequência do progresso tecnológico.
opção CORRETA. c) Compreensão da ação da superioridade teórica e prática
da ciência, na busca de resoluções dos problemas principais

483
da humanidade. entre si, que sublinha a natureza arbitrária dos signos.
d) De significado amplo e complexo, busca democratizar os
conhecimentos científico-tecnológicos visando uma ação ( ) A Linguística Distribucional, desenvolvida pelo
dialógica e participativa de professores e alunos na canadense Leonard Bloomfield, concebe a língua como
construção do trabalho pedagógico. condicionamento social formada a partir de respostas e
estímulos.
Questão 30
A incorporação do termo letramento no campo da educação ( ) A abordagem Gerativista tem suas premissas nas ideias
brasileira, associada com a ampliação do Ensino de Noam Chomsky e sua obra Syntactic Structures (1957).
Fundamental para nove anos, gerou uma série de dúvidas Através de suas pesquisas em torno de uma gramática
entre os professores dos anos iniciais do Ensino transformacional, Chomsky defende a ideia de que a
Fundamental, especialmente entre os que se dedicam ao linguagem está introduzida na natureza humana e não em
trabalho com turmas de primeiro ano. Muitas dessas dúvidas seu contexto social.
se referem ao conceito e à proposta de letramento.
Assinale a alternativa que contém a
Sobre alfabetização e letramento, marque V ou F, conforme sequência CORRETA de preenchimento de parênteses, da
sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas. parte superior para a inferior.
a) C – E – C – C – E
( ) Saber ler e escrever é para o indivíduo uma possibilidade b) E – C – E – E –C
de existência política e cultural. c) E – E – C – C – C
d) C – C –E – E – E
( ) A leitura e a escrita deixam de se associar à mera
habilidade de reconhecimento e de manipulação das letras Questão 32
do alfabeto, alicerçadas na diversidade de situações de vida Paulo Reglus Neves Freire - Nasceu em Recife, em 19 de
e na pluralidade de circunstâncias comunicativas, em mais setembro de 1921 e faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio
de um tipo de demanda e em mais de um espaço social. de 1997. Formado em Direito, começou sua vida
profissional como professor de Língua Portuguesa. Sua
( ) Ler e escrever são habilidades estabelecidas em torno da principais obras são, EXCETO:
mera decodificação e interpretação dos símbolos e sinais. a) Pedagogia do Oprimido.
b) Psicopedagogia da linguagem escrita.
( ) O conceito de letramento envolve um conjunto de c) Pedagogia da Esperança.
práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico d) Pedagogia da Autonomia.
e como tecnologia, em contextos específicos, para objetivos
específicos. Questão 33
Texto 1 - Sofrendo a Gramática (a matéria que ninguém
A alternativa que indica a sequência correta, de cima para aprende) (fragmento)
baixo, é a
a) V V V F Passei grande parte da vida estudando, discutindo e
b) V F V F escrevendo a respeito de gramática, e me preocupo bastante
c) V V F V com a atitude que as pessoas têm para com essa disciplina.
d) F V V V Muitas vezes, percebi um certo espanto diante da
e) F F V V informação de que o estudo da gramática é a minha
ocupação principal; já escutei resmungos no sentido de que
Questão 31 eu "soube unir o inútil ao desagradável". Qual será o motivo
Marque (C) para as sentenças corretas e (E) para as erradas. desse alto índice de rejeição?

( ) Com o advento do século XXI, inaugura-se um novo Outras disciplinas há que são tão ou mais difíceis, como por
paradigma dos estudos das línguas naturais, manifestado exemplo, a matemática e a química e, para alguns, a história.
especialmente no deslocamento da abordagem historicista Mas nenhuma suscita reações tão violentas como a
para a descritivista. gramática; parece fácil aceitar que alguém seja matemático,
geógrafo, especialista em cogumelos ou grande autoridade
( ) A ―Linguística Moderna‖ inicia-se, portanto, sob a na fisiologia dos morcegos; mas um gramático é uma pessoa
égide de uma abordagem estrutural (Estruturalismo) que todos consideram excêntrica ou coisa pior. Existe com
proposta por Ferdinand de Saussure em seu Curso de certeza algum fator de repugnância associado a essa
Linguística Geral (1916). disciplina, e vale a pena especular um pouco a respeito.

( ) A partir do binário langue/parole, o Estruturalismo Vamos começar isolando alguns sintomas. Primeiro, alguns
saussuriano pondera que a língua é apenas um professores, alunos e pais de alunos advogam a supressão
conglomerado de elementos heterogêneos e dissonantes pura e simples do ensino gramatical. Outros reagem e, nessa

484
discussão, os argumentos se radicalizam: uns sustentam que do ensino de conteúdos gramaticais.
a gramática "não serve para nada"; outros, que "sem
gramática não é possível aprender português". Não deve ser III- De acordo com os PCNs, o conhecimento resultante da
nem uma coisa nem outra. Mas é um sintoma de que há algo reflexão assistemática, circunstancial e fortemente marcada
de errado no reino da gramática. Não existem controvérsias pela intuição de todo falante da língua deveria ser a
como essa no que diz respeito à física, à biologia ou ao abordagem prioritária no Ensino de Língua materna.
inglês.
IV- Uma solução plausível para o impasse seria abolir
Outro sintoma é o seguinte: ao chegar aí pelo segundo ano definitivamente qualquer sistematização de regras no Ensino
do segundo grau, os jovens já estão fazendo planos para sua Fundamental, relegando o ensino da gramática normativa
vida futura. No caso de querer cursar a universidade, alguns somente ao Ensino Médio.
pretendem ir para direito, outros gostariam de se dedicar à
geologia ou à astrofísica. Quantos sonham em se tornar Assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(s):
gramáticos? Alguns, possivelmente, mas nunca encontrei a) Todas as alternativas estão incorretas, exceto III.
um sequer. Por ser difícil demais? Não pode ser; a gramática b) Todas as alternativas são corretas, exceto a II.
não tem por que ser mais difícil do que outros estudos c) As alternativas I, III, IV são incorretas.
científicos. Afinal, o que há de esquisito com essa tão odiada d) Apenas a alternativa IV está correta.
matéria?
Questão 34
O terceiro sintoma é de preocupar. Imaginemos um aluno de Texto 1 - Sofrendo a Gramática (a matéria que ninguém
terceiro ano primário e um de terceiro colegial. O primeiro aprende) (fragmento)
sabe um pouco de matemática — digamos, as quatro
operações. Não vou afirmar que todo aluno de terceiro ano Passei grande parte da vida estudando, discutindo e
primário saiba as quatro operações; mas muitos sabem, e escrevendo a respeito de gramática, e me preocupo bastante
não é absurdo um professor entrar na sala esperando que com a atitude que as pessoas têm para com essa disciplina.
todos saibam. Já o aluno de terceiro colegial tem de saber Muitas vezes, percebi um certo espanto diante da
mais do que as quatro operações. Afinal, ele tem oito anos a informação de que o estudo da gramática é a minha
mais de escolaridade; e, correspondentemente, o professor ocupação principal; já escutei resmungos no sentido de que
de matemática espera mais dele do que de um aluno de eu "soube unir o inútil ao desagradável". Qual será o motivo
primário. Mas com a gramática a situação é outra. O aluno desse alto índice de rejeição?
de terceiro ano primário já está estudando as classes de
palavras e a análise sintática — e não sabe. Ao chegar ao Outras disciplinas há que são tão ou mais difíceis, como por
terceiro colegial, continua estudando a análise sintática e as exemplo, a matemática e a química e, para alguns, a história.
classes de palavras — e continua não sabendo. Um professor Mas nenhuma suscita reações tão violentas como a
de português, mesmo que de colegial, não pode entrar na gramática; parece fácil aceitar que alguém seja matemático,
sala esperando que os alunos dominem a análise sintática, ou geógrafo, especialista em cogumelos ou grande autoridade
que possam distinguir uma preposição de um advérbio, sob na fisiologia dos morcegos; mas um gramático é uma pessoa
pena de graves decepções. E eles estudam esse assunto há que todos consideram excêntrica ou coisa pior. Existe com
oito anos, às vezes mais! Decididamente, alguma coisa está certeza algum fator de repugnância associado a essa
muito errada. disciplina, e vale a pena especular um pouco a respeito.

(PERINI, Mário A. Sofrendo a Gramática (a matéria que Vamos começar isolando alguns sintomas. Primeiro, alguns
ninguém aprende). In: Sofrendo a gramática. São Paulo: professores, alunos e pais de alunos advogam a supressão
Ática, 1997, pp.47-49.) pura e simples do ensino gramatical. Outros reagem e, nessa
discussão, os argumentos se radicalizam: uns sustentam que
O fragmento do texto do linguista Mário Perini retrata, de a gramática "não serve para nada"; outros, que "sem
maneira contundente, algumas das questões prementes que o gramática não é possível aprender português". Não deve ser
professor de língua Portuguesa enfrenta em relação ao nem uma coisa nem outra. Mas é um sintoma de que há algo
Ensino da própria língua materna no quotidiano escolar. de errado no reino da gramática. Não existem controvérsias
Nesse sentido, podemos AFIRMAR: como essa no que diz respeito à física, à biologia ou ao
inglês.
I- A discrepância entre o ensino ideal e real da gramática em
sala de aula se deve ao uso indiscriminado do Livro Didático Outro sintoma é o seguinte: ao chegar aí pelo segundo ano
imposto pela unidade escolar do segundo grau, os jovens já estão fazendo planos para sua
vida futura. No caso de querer cursar a universidade, alguns
II- Diante do exposto, uma alternativa interessante seria o pretendem ir para direito, outros gostariam de se dedicar à
contraponto de privilegiar, na prática de ensino da língua geologia ou à astrofísica. Quantos sonham em se tornar
materna, os vários mecanismos e operações de construção gramáticos? Alguns, possivelmente, mas nunca encontrei
de textos em detrimento à abordagem tradicional restritiva um sequer. Por ser difícil demais? Não pode ser; a gramática

485
não tem por que ser mais difícil do que outros estudos se vistes meu amigo?
científicos. Afinal, o que há de esquisito com essa tão odiada e ai Deus, se verrá cedo?
matéria? Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
O terceiro sintoma é de preocupar. Imaginemos um aluno de
terceiro ano primário e um de terceiro colegial. O primeiro e ai Deus, se verrá cedo?
sabe um pouco de matemática — digamos, as quatro Se vistes meu amigo,
operações. Não vou afirmar que todo aluno de terceiro ano o por que eu sospiro?
primário saiba as quatro operações; mas muitos sabem, e e ai Deus, se verrá cedo?
não é absurdo um professor entrar na sala esperando que Se vistes meu amado,
todos saibam. Já o aluno de terceiro colegial tem de saber o por que hei gram coidado?
mais do que as quatro operações. Afinal, ele tem oito anos a por que hei gram coidado? e ai Deus, se verrá cedo?
mais de escolaridade; e, correspondentemente, o professor
de matemática espera mais dele do que de um aluno de Cantar guaiado
primário. Mas com a gramática a situação é outra. O aluno
de terceiro ano primário já está estudando as classes de Cecília Meireles
palavras e a análise sintática — e não sabe. Ao chegar ao
terceiro colegial, continua estudando a análise sintática e as Também cantarei guaiado
classes de palavras — e continua não sabendo. Um professor - ai, verde terra! ai, verde mar!
de português, mesmo que de colegial, não pode entrar na - por haver buscado tanto
sala esperando que os alunos dominem a análise sintática, ou e ter tão pouco que amar!
que possam distinguir uma preposição de um advérbio, sob
pena de graves decepções. E eles estudam esse assunto há Morrerei sem ter contado
oito anos, às vezes mais! Decididamente, alguma coisa está - ai, verde terra! ai, verde mar! -
muito errada. quantas bagas do meu pranto
ficam no mundo a rolar.
(PERINI, Mário A. Sofrendo a Gramática (a matéria que
ninguém aprende). In: Sofrendo a gramática. São Paulo: Mas em meu lábio cerrado
Ática, 1997, pp.47-49.) - ai, verde terra! ai, verde mar!- fica o vestígio do canto,
ai, do grande canto guaiado
Perini sustenta: "Primeiro, alguns professores, alunos e pais para quem o interpretar...
de alunos advogam a supressão pura e simples do ensino
gramatical. Outros reagem e, nessa discussão, os argumentos Sobre os textos Martin Codax e Cecília Meireles podemos
se radicalizam: uns sustentam que a gramática "não serve AFIRMAR:
para nada"; outros, que "sem gramática não é possível
aprender português". Não deve ser nem uma coisa nem I - A equidistância linguística e espaço-temporal das duas
outra. Mas é um sintoma de que há algo de errado no reino formas poemáticas impossibilita toda e qualquer
da gramática.". Indique a alternativa que não incorra em erro circunstância interpretativa intersemiótica, replicando
em relação ao ensino de gramática: especialmente na segunda instância uma hipotética
a) Sistematização exaustiva dos preceitos retóricos e multiplicação e a multiplicidade de códigos, inerente aos
gramaticais dos manuais tradicionais, aliados aos exercícios textos sincréticos;
de análise sintática;
b) A ilogicidade da organização sequencial dos conteúdos II- "Cantar guaiado", não obstante compartilhe de certas
linguísticos nos livros didáticos em geral constitui-se como particularidades da lírica e da métrica galego-portuguesa,
uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo professor no apresenta algumas confluências e nuances da filosofia de
contexto docente; cunho existencial inerente da sociedade coeva, manifestado
c) Abordagem do ensino pela explanação da nomenclatura do mesmo modo em outras produções de autores coetâneos
linguística de todas as partículas mínimas dos vocábulos, a da poetisa como no poema "Pneumotórax";
fim de facilitar a compreensão morfossintática global das
frase, orações e períodos; III- O suporte original do texto suplantado por Cecília
d) Na prática escolar, as atividades que contemplem os Meireles permite que infiramos que a carga semântica lírico-
conteúdos gramaticais devem se constituir como uma amorosa redimensionada pela autora de "Romanceiro da
continuidade de atividades e reflexões epilinguisticas; Inconfidência" em sua produção contemporânea se
justifique a incongruência linguística e ortográfica do
Questão 35 primeiro exemplo.
Cantiga d’amigo a) Todas as alternativas estão corretas.
Martin Codax b) Todas as alternativas estão incorretas, exceto I.
c) Todas as alternativas estão incorretas, exceto II.
Ondas do mar de Vigo, d) Todas as alternativas estão corretas, exceto III.

486
realizados em um espaço mais controlador.
Questão 36
“Em seus estudos Wallon apontou a influência decisiva que III – Por meio dos jogos as crianças estabelecem regras
o meio tem sobre a aprendizagem e o desenvolvimento sobre si mesmo e sobre o grupo.
psíquico da criança. Para este autor, desde as primeiras
inserções da criança no mundo, ela já é exposta a uma IV – O espaço físico é o mediador da brincadeira e
linguagem afetiva (tônica) que facilitará seu ajustamento ao aprendizagem entre as crianças.
novo ambiente, evidenciando a motricidade como
característica existencial e essencial deste processo. Assim, V – A brincadeira ajuda a criança a compreender melhor o
em seus estudos, pontuou alguns estádios do mundo em que vive.
desenvolvimento infantil, ressaltando, sempre, a importância a) Somente II e IV estão corretas.
da função tônica, para a aprendizagem e relação.” b) Somente I, III e V estão corretas.
c) Somente I, II e III estão corretas.
(Gonçalves, 2010.) d) Somente II, IV e V estão corretas.

Assinale a alternativa que apresenta corretamente os Questão 40


estágios do desenvolvimento infantil segundo Wallon. Na atualidade as opções apresentadas a seguir são
a) Atenção, codificação e planificação. determinadas como objetivos da educação infantil,
b) Tonicidade, praxia global e praxia distal. EXCETO em:
c) Alicerce motor, plano motor e automotização. a) Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de
d) Corpo vivido, corpo percebido e corpo representado. forma cada vez mais independente.
b) Descobrir e conhecer progressivamente seu corpo.
Questão 37 c) Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e
Na educação infantil devem-se oferecer as crianças crianças.
situações intencionadas e direcionadas, para que assim, elas d) Brincar expressando sentimentos, mas sem demonstrar
consigam crescer em seu processo de desenvolvimento. emoções e desejos nessa idade.
Cuidado e educação são dois elementos complementares e
não opostos. Ao cuidar e educar uma criança deve-se levá-la Questão 41
a manifestar: A recreação é o meio de a criança conhecer a realidade que a
a) Postura autônoma criando assim, hábitos e capacidade de cerca, manipulando a realidade, explorando, criando e
realizar sozinha algumas ações. recriando, desenvolvendo e exercitando, tudo se torna uma
b) Algumas aprendizagens significativas, porém, não tão tarefa de alegria, portanto ela deve ser:
elaboradas. a) Planejada e equilibrada para ter sentido.
c) Alegria em estar realizando ações de adultos, e isso, não é b) Direcionada a proporcionar ao aluno somente lazer.
um hábito tão saudável para a criança. c) Improvisada para poder servir de atividade curricular.
d) Oportunidades de virar um mini adulto, o que faz a d) Individualizada para comprometer a educação locativa.
infância perder seu significado.
Questão 42
Questão 38 Segundo Amaral (2009), os jogos cooperativos são
Os dois princípios apontados na Educação Infantil são atividades que requerem um trabalho em equipe para
indispensáveis para organizar e pensar o planejamento do alcançarem metas mutualmente aceitáveis. Não é necessário
trabalho pedagógico com as crianças pequenas. Assinale a que os indivíduos que cooperam tenham os mesmos
alternativa que apresenta corretamente esses princípios: a) a objetivos, porém seu alcance deve proporcionar satisfação
escrita corretamente e o obedecer. para todos os integrantes do grupo. É um espaço rico onde
b) o ensinar e o alfabetizar. se produzem infinitas situações que exigem a participação
c) o aprender a brincar e ler. na solução de problemas. Para Broto (2001), os principais
d) o educar e o cuidar. eixos da pedagogia cooperativa são:
e) o desenvolvimento as atitudes de comportamento a) Convivência, consciência e transcendência.
adequadas e o aprender a escrever b) Reflexão, crítica e tomada de decisão coletiva.
c) Discussão, convivência e transposição de regras e valores.
Questão 39 d) Empatia entre os participantes, comunicação padronizada
Os jogos e brincadeiras proporcionam as crianças, aprender e cooperação e solidariedade.
de forma prazerosa. Analise as assertivas abaixo e marque a
opção CORRETA. Questão 43
O uso dos jogos e das brincadeiras na educação escolar tem
I – Por meio dos jogos e brincadeiras as crianças interagem sido defendido por diferentes abordagens sobre educação e
umas com as outras desenvolvendo suas habilidades. sobre o desenvolvimento e a aprendizagem.

II – As brincadeiras são melhores aproveitadas quando Em relação a essa temática, analise as afirmativas a seguir.

487
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e
I. Segundo Cipriano Luckesi, toda atividade que permite que ponto final!
o indivíduo vivencie sua inteireza e sua autonomia em um afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas,
espaço-tempo que gera autoconhecimento pode ser entre vírgulas e estar entre vírgulas pode ser aposto
considerada lúdica. e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
II. Para Vygotski, a brincadeira se configura como uma um sujeito e sua oração
situação privilegiada de aprendizagem infantil, à medida que sua pressa e sua verdade,sua fé
fornece uma estrutura básica para mudanças das que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou
necessidades e da consciência. não que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
III. Piaget, Vigotski e Wallon possuem a mesma concepção separados ou adjuntos, nominais ou não
acerca do papel do jogo, o que implica uma mesma façamos parte do contexto da crônica
categorização seguindo as idades e papéis sociais: jogos de e de todas as capas de edição especial...
exercício, jogos simbólicos e jogos de regras.
a) Há características do ensino tradicional, abordando os
IV. Ao utilizar o jogo como recurso pedagógico, o professor aspectos gramaticais.
deve considerar a organização do espaço físico, a escolha b) Une-se o construtivismo aos conceitos da gramática.
dos objetos e dos brinquedos e o tempo que o jogo irá c) O construtivismo é abordado e os aspectos gramaticais
ocupar em suas atividades diárias. não.
d) É perceptível o tradicionalismo em detrimento aos
A alternativa em que todas as afirmações são corretas é a conceitos gramaticais.
a) I e III apenas. e) Não passa de um texto para entreter o público.
b) II e III apenas.
c) I, II e IV. Questão 47
d) I, III e IV. Ferreiro e Teberosky (1986) desenvolveram, em suas
e) II, III e IV. pesquisas, aspectos propriamente linguísticos da
psicogênese da língua escrita, quando descrevem o aprendiz
Questão 44 formulando hipóteses a respeito do código da escrita,
Cada criança tem seu próprio ritmo de aprendizagem, no percorrendo um caminho que pode ser representado em
entanto, ela necessita de estímulos para se desenvolver cada quatro níveis: pré‐silábico, silábico, silábico‐alfabético e
vez mais. Um destes fatores de desenvolvimento é a alfabético. Essa construção demonstra que a pesquisa segue
linguagem e ela tende a seguir etapas, sobre isso, a produção uma linha regular e organizada em períodos. Sobre este
de sentenças gramaticais e a formulação de questões se dão pressuposto, assinale a afirmativa INCORRETA.
a partir dos: a) Ocorre o período da distinção entre o modo de
a) 3 anos. representação icônica (imagens) ou não icônica (letras,
b) 2 anos. números e sinais).
c) 4 anos. b) Ocorre o período da fonetização da escrita, quando
d) 5 anos aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo
período silábico e terminando no alfabético.
Questão 45 c) Ocorre o período da construção de formas de
Os métodos de alfabetização podem ser divididos em diferenciação, controle progressivo das variações sobre o
analíticos e sintéticos. Assinale a opção que apresenta eixo qualitativo (variedade de grafias) e o eixo quantitativo
apenas métodos analíticos: (quantidade de grafias).
a) Silábico, fônico e alfabético. d) Ocorre o período em que a escrita é uma construção real
b) Palavração, alfabético e fônico. como sistema de representação, cuja criança não reinventa
c) Global, local e intermediário. as letras e os números, mas utiliza os textos das cartilhas,
d) Palavração, Setenciação e Global. para que se oriente na alfabetização.

Questão 46 Questão 48
Ao relacionar o texto abaixo com características Trabalhar com a disciplina de Artes na Educação Infantil é
educacionais, conclui-se que: promover um mundo de imaginação e criatividade. Sobre
esse conteúdo está CORRETO afirmar:
Sem horas e sem dores a) A criança é um campo fértil para a imaginação e os
Respeitável público pagão a partir de sempre professores precisam dar comando para que elas venham
toda cura pertence a nós toda resposta e dúvida desenvolver seus conhecimentos.
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser b) A mente humana é naturalmente investida de curiosidade,
todo verbo é livre para ser direto e indireto basta deixar a criação acontecer, com modelos
nenhum predicado será prejudicado estereotipados.

488
c) Para garantir oportunidades para a expressão viva da GABARITO
criança, precisamos considerar que expressar é responder a
uma solicitação de alguém, e assim, mobilizar os sentidos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
em torno de algo significativo. C D C B A A D B B B
d) A criança tem o direito de se expressar do jeito dela, com 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
a estética que lhe é peculiar e de todas as formas possíveis. D B E D A B D D C D
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Questão 49 D B D C A C C B D C
Utilizar as diferentes linguagens ajustadas às diferentes
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
intenções e situações de comunicação, de forma a
B B C D C D A D B D
compreender e ser compreendido, expressar suas ideias,
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu
processo de construção de significados, enriquecendo cada A A C A D D D D C D
vez mais sua capacidade expressiva. As opções abaixo
apresentam formatos diferentes, EXCETO:
a) Linguagem escrita.
b) Linguagem oral.
c) Linguagem artística.
d) Linguagem corporal.

Questão 50
O ensino das artes na Educação infantil, baseado nas
diretrizes da educação básica, possui como objetivo
principal:
a) Espaços institucionais domésticos que constituem
estabelecimentos educacionais privados.
b) Local em que se educam e cuidam de crianças de 0 a 12
anos de idade.
c) Funcionam em período diurno, sempre em jornada
integral.
d) O enriquecimento da criança e seu nível cultural, que a
levará a um desenvolvimento no seu todo humano.

489
REFERÊNCIAS
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