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09/09/2020 Análise ergonômica das condições de trabalho de um setor de secretaria

Análise ergonômica das condições de trabalho


de um setor de secretaria
Análisis ergonómico de las condiciones de trabajo de un sector de secretaría
Ergonomic analysis of working conditions of a sector of secretary

Camila Rosa Gonçalves


camila.rosa89@gmail.com
Roberta Cristina Rocha
robertinha.rocha@hotmail.com
Cristina Endo
UNIFA FIBE – Centro Univ ersitário
cris_endo@ig.com.br
Bebedouro, SP
(Brasil) Oswaldo Luiz Stamato Taube
ostaube@ig.com.br
Gabriel Pádua da Silva
gabriel_padua@hotmail.com
Bruno Ferreira
brunof22@me.com

Resumo
A ergonomia é uma ciência que estuda diferentes aspectos ocupacionais, tais como: fatores ambientais, posturais, operacionais e organizacionais, ritmo, turno,
carga e intensidade de trabalho. Esta ciência busca a melhoria das condições de trabalho do homem. A tualmente, exige-se do funcionário grande eficiência e rapidez
em suas ativ idades, geralmente desenv olv idas por turnos extenuantes e fatigantes associados a mov imentos com alta repetitiv idade, posturas incorretas e fatores
ambientais desfav oráv eis à saúde e bem estar do trabalhador. A postura sentada é comumente adotada nos postos de trabalho, dev ido ao aumento na frequência do
uso de computadores e máquinas eletrônicas no ambiente, em que o trabalhador permanece. Nesta postura, há uma maior sobrecarga, principalmente na coluna
lombar, com alterações posturais da coluna, podendo resultar em problemas músculo-esqueléticos. O presente estudo objetiv ou analisar as condições ergonômicas
relacionadas às condições de trabalho e sugeriu recomendações corretiv as que facilitem o trabalho e minimizem possív eis lesões. Este estudo foi realizado no setor de
secretaria de um centro univ ersitário do interior do estado de São Paulo, em que, foram analisados aspectos físicos e estruturais do setor por intermédio de
observ ação direta armada com aplicação de check list (Couto, 2007), Rula Rapid Upper Limb Assessment
( ) e condições posturais atrav és de imagens captadas por
câmera digital fotográfica e analisadas pelo SA PO (Software de A v aliação Postural na v ersão 0.68). De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, o setor
foi considerado liv re de riscos biomecânicos com certo grau de repetitiv idade indicando a necessidade de alterações no setor.
Unitermos: Ergonomia. LER-DORT. Postura.

A bstract
Ergonomics is a science that studies different occupational aspects, such as env ironmental, posture, management of the labor activ ities and other aspects as
frequency , shift, load and work intensity , and this science try to reach an improv ement of work ing conditions. Nowaday s, there is a huge demand in work activ ities
lik e efficiency and fast results, and employ ee hav e to work a lot and reproduce repetitiv e mov ements, in a poor body posture and in an unhealthy env ironment.
Sitting position is a v ery common posture in work places, when people work with computers and electronic dev ices. Usually , this position is adopted for a long time
and results in a big strain to v ertebral lumbar column and painful conditions. This study had analy zed ergonomics conditions related to work place and had suggested
some recommendations in order to mak e work easier and minimize injuries. The study was carried out in a Univ ersity located in north region of the state of São
Paulo, and were analy zed an office env ironment through direct observ ation and application of Couto’s check list (Couto, 2007) and RULA (Rapid Upper Limb
A ssesment), and authors has analy zed some photos by using SA PO (Software de A v aliacao Postural). A ccording to the results obtained in the present study , the
office was considered risk - free with biomechanical degree of repeatability indicating needs for changes in work place.
Keywords: Ergonomics. LER-DORT. Posture.

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://w w w .efdeportes.com/

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Introdução

A ergonomia é uma ciência que estuda várias condições ocupacionais, como: fatores ambientais, posturais, operacionais e
organizacionais, além do ritmo, turno, carga e intensidade de trabalho (LIDA, 1990). Grandjean (1998) define a ergonomia por uma
disciplina que permite ao profissional modificar o posto de trabalho para o trabalhador, buscando através de análises e pesquisas a
melhoria das condições ocupacionais conforme as necessidades de cada funcionário.

Segundo Wisner (1994), a ergonomia complementa o trabalho por intermédio de boas condições, por meio de melhorias na
segurança, conforto e eficácia para que então, o trabalhador possa usufruir de melhores condições ocupacionais e desta forma
desenvolver atividades com suas ferramentas, máquinas e dispositivos.

Durante a revolução industrial ocorreram grandes avanços e desenvolvimento do trabalho, forçando os trabalhadores a realizarem
suas tarefas como uma máquina, transformando-o em um fantoche, destinado a desempenhar atividades cotidianas cansativas e
monótonas, exigindo o seu máximo, tornando-se mais suscetível a lesões ocupacionais (MOTA, 2002).

Entretanto, devido à introdução e ascensão da tecnologia, o homem foi substituído pelas máquinas, tendo em vista que as mesmas
realizavam as atividades de vários trabalhadores, sem a necessidade de pausas e sem desenvolverem ciclos lesivos, levando a um
decréscimo do trabalho manual que favoreceu a diminuição de movimentos repetitivos (GUBERT, 2001).

Os movimentos repetitivos podem contribuir para a sobrecarga das estruturas musculoesqueléticas resultando em lesões importantes
advindas principalmente pela prática ocupacional. O termo LER (Lesões por Esforços Repetitivos), utilizado no Brasil a partir da década de
1999, foi substituído pelo termo DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) (RANNEY, 2000). Segundo Aguiar (1998),
LER se caracteriza por inflamações que podem comprometer ligamentos, nervos, tendões, músculos, sinóvias e fáscias, em conjunto ou

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não á degenerações de tecidos. Esse ciclo lesivo atinge principalmente membros superiores, região escapular e pescoço, por uso repetido
ou desacerbado de determinados grupos musculares durante qualquer atividade física ou ocupacional. Devido ao uso incorreto e repetitivo
de algumas posturas, em ambientes inapropriados, os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) atingem
principalmente os membros superiores, em diferentes ambientes ocupacionais, podendo incapacitá-los de realizar suas atividades, sendo
atualmente uma das maiores causas de afastamento do trabalho no Brasil (MILLENDER, 1992).

A postura sentada é atualmente adotada nos postos de trabalho, devido ao aumento na frequência do uso de computadores e
máquinas eletrônicas no ambiente, em que, o trabalhador permanece. Nesta postura, há uma maior sobrecarga, principalmente na
coluna lombar, pois o peso corporal é suportado pela tuberosidade isquiática levando a exigente atividade muscular do dorso e ventre
para que a postura ereta seja mantida (LIDA, 1990). Segundo Moraes (2010) a postura sentada comparada com a posição de decúbitos
gera um grande gasto enérgico, favorecendo a fraqueza dos músculos abdominais, alterações posturais da coluna vertebral, assim como
desenvolve déficits nos sistemas: respiratório, digestório e musculoesquelético (sobrecarga muscular, capsular e ligamentar).

Apesar de fazer parte do cotidiano humano, a posição sentada, segundo Saliba (2004), gera comprometimentos funcionais ao
trabalhador que permanece sobre essa posição durante grande parte do ciclo de trabalho, favorecendo o aparecimento de alterações
como: o sedentarismo, as hipercifoses, hiperlordoses e dificuldade circulatória de membros inferiores. Para Coury (1995), estas
sobrecargas geradas pela postura sentada são percebidas de forma gradual gerando sensações de peso, dormências e dores em pernas,
braços, coluna e mãos.

No Brasil, há normas regulamentadoras (NR) que visam estabelecer as diretrizes para um planejamento da organização, com
implantação de medidas para o controle e prevenção de segurança do ambiente de trabalho, dentre elas encontra-se a NR-17, que
protege a saúde do trabalhador e estabelece parâmetros que permitem as adaptações das condições de trabalho, oferecendo a
adequação do conforto, segurança e o bem-estar dentro do ambiente de trabalho (BRASIL, 2002).

Contemporaneamente, mesmo com os avanços científicos encontrados na área ergonômica, nota-se uma literatura pouco desenvolvida
em relação às avaliações do trabalho. Porém as referências científicas existentes se fortalecem dentro da temática sobre estimativas que
traçam de um modo geral, a LER/DORT como doenças ocupacionais mais prevalentes entre a população trabalhadora (BRASIL, 2002).

Materiais e métodos

Este estudo avaliou sete postos de trabalho de funcionários do setor de secretariado, analisando a relação entre o indivíduo
trabalhador e o mobiliário existente no setor ocupacional. Foi realizado no setor de secretaria de um centro universitário do interior do
estado de São Paulo, após autorização prévia e parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa. Todos os sete trabalhadores anuíram o
termo de consentimento livre e esclarecido e foram devidamente informados sobre todos os itens existentes nesta pesquisa segundo as
recomendações do Conselho Nacional de Saúde – 196/96 CNS e assinaram uma autorização para a utilização de suas imagens na
pesquisa.

Os funcionários foram submetidos à análise da tarefa e da atividade por intermédio de uma análise observacional direta desarmada,
em que os pesquisadores observaram o ambiente, sem questionar ou interferir no trabalho. Esta análise teve por objetivo conhecer o
setor a ser trabalhado com relação a: modo como o indivíduo se mantém na postura sentada; a disposição do mobiliário, altura das
mesas, cadeiras, monitor, apoio para os pés; iluminação e presença de ruídos. Durante este processo de observação, foi realizada
também uma entrevista não estruturada desarmada, em que, foram colhidos dados sobre as características e forma de realização do
trabalho, questionando os trabalhadores sobre a carga horária, intervalo, quadros álgicos ao final do dia e funções específicas de cada
funcionário no setor (LIDA, 1990).

No processo de análise dos dados encontrados nesta avaliação foi utilizada metodologia preconizada pela AET (Análise Ergonômica do
Trabalho), que consiste de cinco etapas: análise da demanda, análise da tarefa, análise da atividade, diagnóstico ergonômico e
recomendação ergonômica (ABRAHÃO, 2009).

Durante a avaliação observacional direta armada realizou-se registros fotográficos do posto de trabalho do funcionário obtidas através
de uma máquina digital Samsung® S860 - 8.1, posicionada em um tripé a uma altura de 0,68 cm do chão. A distância entre a lente focal
da câmera e o corpo do funcionário foi idealizada de forma individual. As imagens foram captadas em vista unilateral, com o funcionário
em posição sentada, em seu posto real de trabalho. Foram realizadas marcações nos seguintes pontos de referência: glabela, mento,
trago auricular, acrômio, processo espinhoso de C7 e T3, epicôndilo lateral, linha média entre o processo estiloide da ulna e cabeça do
rádio, trocânter maior do fêmur, linha articular do joelho, ponto medial da patela, tuberosidade anterior da tíbia, linha média da perna,
maléolo lateral, tendão de Aquiles, região de calcâneo e ponto médio entre a cabeça do 2° e 3° metatarso.

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Os registros fotográficos foram avaliados pelo Software de Avaliação Postural (SAPO) na versão 0.68, programa que avalia condições
posturais e angulações articulares por meio de registros fotográficos comparando-as com valores de referencia. (AVALIAÇÃO..., 2009).

A valiação postural por meio do Software de A valiação Postural

Foram utilizados também dois checklists de Couto (2007). O primeiro avalia condições mobiliárias como cadeiras, mesa de trabalho,
porta-documentos, teclado, monitor de vídeo, gabinete e CPU, interação e layout, sistema de trabalho e avaliação do ambiente, e o
segundo avalia riscos biomecânicos de distúrbios musculoesqueléticos em membros superiores investigando a sobrecarga física, força
realizada com as mãos, postura do trabalhador, esforços estáticos, repetitividade e ferramentas de trabalho. Em ambos os checklists para
cada fator negativo encontrado no posto de trabalho atribuía-se o valor de um ponto. Ao final foi realizada a somatória de pontos de cada
item permitindo determinar o risco ergonômico, realizando regra de três.

Para o critério de interpretação dos dados dos checklists, em cada um dos itens pesquisados no primeiro questionário, foi realizada a
somatória total considerando: de 91 a 100% dos pontos uma condição ergonômica excelente, de 71 a 90% boa, de 51 a 70% razoável,
31 a 50% ruim e menos que 31% dos pontos uma condição ergonômica péssima.

Enquanto, no segundo, procedeu-se a somatória de pontos os quais de 0 a 3 representam ausência de riscos biomecânicos, de 4 a 6
fatores biomecânicos pouco significativos, entre 7 e 9 pontos fatores de moderada importância representando riscos improváveis, porém
possíveis, 10 e 14 pontos fatores biomecânicos significativos indicando riscos e de 15 ou mais pontos alto risco e fatores biomecânicos
muito significativos.

Como forma de avaliação dos riscos de lesões ocupacionais e com o objetivo de identificar esforços ou movimentação repetitiva,
principalmente de membros superiores, foi utilizado o método RULA ( Rapid Upper Limb Assessment). Esta ferramenta é constituída de 3
etapas: Seleção da postura; pontuação das posturas e contagem de pontuações por meio de uma tabela de score (MCATAMNEY;
CORLETT, 1993).

Os segmentos avaliados foram as regiões do braço, antebraço, punho e mão; pescoço, tronco e membros inferiores.

Ao final da análise e somatória de pontos, um escore de 1 a 7 foi padronizado, apresentando pontuações proporcionais de 1 a 2 sendo
considerada como posturas aceitáveis; de 3 a 4 representa certo grau de repetitividade ou carregamento de carga indicando a
necessidade de alterações no setor; pontuação de 5 a 6 demonstram posturas fora do alcance do trabalhador ou que exijam certa força

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muscular e indica que investigações e alterações devem ser realizadas rapidamente; 7 é considerado atividades com alto grau de
repetitividade e força onde investigações e alterações devem ser realizadas imediatamente (MCATAMNEY; CORLETT, 1993).

Foi realizada também uma avaliação antropométrica do mobiliário no setor estudado, em que se realizaram mensurações do maior e
menor indivíduo para que fosse possível realizar o percentil maior e menor do posto de trabalho. Os parâmetros mensurados foram: o
comprimento do antebraço, comprimento do braço total, largura do assento, comprimento femoral, altura dos olhos, altura do monitor,
distância do monitor até os olhos, vão livre sob a mesa, altura poplítea, altura do assento, altura da mesa, altura radial, altura da coxa,
largura do encosto, largura do tronco, distancia do teclado, angulação da cadeira e vão livre da mesa.

Resultados

Na observação direta desarmada constatou-se que existem três setores. A primeira é a secretaria de professores, em que uma
secretária atende exclusivamente os professores, realizando entrega de diários e provas, microfones, chaves de salas, a outra secretária
realiza suas atividades com função exclusiva de atender a reitora da universidade. O setor de secretaria acadêmica abriga três
trabalhadoras que exercem a função de atender solicitações de alunos, ou seja, históricos, transferências, solicitação de documentos,
dentre outros. Na secretaria de coordenadores é realizado atendimento pessoal aos alunos e coordenadores e assuntos referentes ao
comitê de ética em pesquisa.

Na secretaria acadêmica há casos em que as funcionárias ficam posicionadas de lado uma em relação à outra e dividem a mesma
mesa, além de realizar funções do mesmo setor em mesa individual. Os setores de secretarias de professores e coordenadores possuem
mesas individuais. As funções são executadas na posição sentada com trabalhos de forma informatizada.

Figuras 1 a 4

Verificou-se durante os dados antropométricos que a largura do encosto e do assento não atende às necessidades do menor indivíduo
que, apesar de menor estatura, possui medidas maiores que a trabalhadora mais alta, quando se trata da largura de ombros e quadril.

Nas medidas dos monitores de vídeo que tanto na situação do individuo maior quanto no menor, encontram-se na altura adequada, e a
distância em relação aos olhos encontra-se 3 cm acima do que o indicado no indivíduo mais alto, enquanto, as medidas do trabalhador
menor apresentaram-se dentro do recomendado.

Medidas antropométricas e mobiliárias do setor de secretaria

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Os resultados obtidos na análise biofotogramétrica, foram realizadas por intermédio do Software de Avaliação Postural (SAPO) com
base nas médias das angulações articulares da região de cotovelo, quadril, joelho e tornozelo. Constatou-se a necessidade de boas
condições na regulagem das cadeiras, pois as angulações encontradas para o quadril, o joelho e tornozelo encontram-se maiores que os
valores de referência, indicando altura incorreta do mobiliário. Foi possível observar ainda que a mesa encontra-se baixa, tendo em vista
que se podem observar valores elevados para a flexão de cotovelo.

Média e valores individuais da biofotogrametria computadorizada nos funcionários da secretaria geral

Para avaliação dos cheklists foi possível classificar a cadeira, o teclado, gabinete e CPU como tendo condição ergonômica excelente; a
iluminação foi classificada como boa condição ergonômica; a mesa de trabalho, monitor de vídeo, interação e layout, apresentaram
condições ergonômicas razoáveis enquanto o sistema de trabalho e os porta-documentos foram considerados respectivamente como
condições ruim e péssima do ponto de vista ergonômico.

Após a classificação individual de cada item, foi realizada a média dos valores com um score de 66% classificando o setor com
condições ergonômicas razoáveis.

A valiação das condições do mobiliário - Check list de Couto (2007)

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De acordo com os resultados encontrados no segundo checklist de Couto e também pelo RULA, o setor foi considerado livre de riscos
biomecânicos com presença de certo grau de repetitividade indicando a necessidade de alterações no setor (Tabela 4).

Resultados da avaliação simplificada do fator biomecânico no risco para distúrbios

musculoesqueléticos de membros inferiores relacionados ao trabalho (Couto, 2007) e método RULA

Discussão

Na ergonomia, o relacionamento entre o homem e seu trabalho por intermédio da compreensão de aspectos fisiológicos e psicológicos
são fatores imprescindíveis para que seja possível encontrar uma condição de trabalho ideal para os funcionários de cada setor. A
ergonomia estende por uma vasta gama de áreas de atuação não abrangendo apenas máquinas, mas também todo o ambiente físico,
aspecto organizacional para controle e programação de bons resultados que são esperados pela empresa. Nesta área de atuação ocorre
uma adaptação das condições de trabalho do homem, melhorando as condições de segurança, satisfação e o bem-estar entre o
trabalhador e seu ambiente de trabalho, tendo como resultado final a produtividade (LIDA, 1990).

Desta forma, nesta pesquisa objetivou-se demonstrar a análise do posto de trabalho de secretariado para demonstrar possíveis
comprometimentos neste setor. Com a identificação dos fatores de risco identificados torna-se possível buscar adaptações para melhor
atender cada posto de trabalho.

De acordo com os objetivos propostos neste estudo obtiveram-se resultados que classificam o ambiente avaliado como condições
ergonômicas razoáveis, livre de riscos biomecânicos, certo grau de repetitividade com relação às posturas adotadas durante as atividades
e irregularidades em determinados mobiliários, referindo-se principalmente às cadeiras.

Segundo Grandjean (1998) a postura sentada permite precisão de movimentos, alívio de desconforto em pernas, baixo gasto
energético da musculatura de membros inferiores, e alívio da circulação sanguínea quando comparado com a postura de pé, porém,
responsabiliza tal postura por problemas musculares como a flacidez de músculos abdominais, o aumento da pressão de discos
intervertebrais da coluna lombar devido à retroversão pélvica desfavorecendo ainda o sistema digestório e respiratório. No presente
estudo, observaram-se condições em que os funcionários permaneciam por longos períodos na postura sentada, sem queixas relatadas
nem mesmo pelo funcionário mais antigo no setor, levantando a hipótese de que isto tenha ocorrido, talvez, por receio de que tais
informações pudessem prejudicar sua condição de estabilidade no emprego.

Embora possa ocasionar inúmeros problemas, a postura sentada, se bem posicionada pode reduzir de forma significativa o surgimento
de condições patológicas. De acordo com Bartolomeu et al. (1999), uma boa providência a ser tomada para a redução de sobrecarga na
coluna lombar é a utilização do encosto da cadeira. Segundo o autor, o individuo deve permanecer apoiado e o encosto deve ter uma
inclinação de 100 a 110°, valores estes, que estão presentes na avaliação do setor estudado. Recomenda que o indivíduo sentado deve
estar posicionado com ângulos de 90° para as articulações do quadril, joelhos e tornozelos, com os pés apoiados estabilizando a coluna,
o que não corrobora com os resultados obtidos no presente estudo.

Couto (1995) e Grandjean (1998) recomendam que o ângulo do tronco e quadril sejam maiores que 90° e menores que 110°,
coincidindo com os resultados obtidos no setor avaliado. Entretanto, apesar do setor estudado encontrar-se dentro dos valores
recomendados para alguns autores, a postura das funcionárias não parece ser a mais adequada para a situação, pois estas perdem
contato com o chão e apresentam um mau alinhamento postural, reduzindo a estabilidade da coluna vertebral como ilustra as figuras 5 e
6.

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Uma recomendação para o caso da falta de contato com o solo, seria o uso de apoio para os pés. Apesar de não disponível no setor
analisado, Schmitz (2002) afirma que quando presente em setores como este, geralmente não são utilizados por falta de orientação e
conhecimento da utilidade deste acessório.

Ao observar as condições do encosto das cadeiras, denotou-se que esses mobiliários não atendem às necessidades do funcionário,
pois possui apenas uma convexidade (Figura 7) e não acomodam as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral como no caso da cadeira
ilustrada na Figura 8. Desta forma, as funcionárias não utilizam o encosto, pois além de não acomodar a coluna vertebral ele ainda se
encontra muito baixo em relação à altura do trabalhador (Figura 9).

Durante o estudo, foi possível constatar que as mesas não são reguláveis, entretanto, sua altura atende às necessidades da funcionária
de menor estatura assim como da maior. Com relação às dimensões, nenhuma das mesas dispõe de espaço suficiente para a extensão
dos membros inferiores se houver a necessidade de descansá-los, como demonstrado na Figura 10.

Para Lida (1990) o espaço livre abaixo da mesa, deve ser de um metro, permitindo a extensão dos joelhos do trabalhador. Patussi
(2005) indica, durante a avaliação de um setor informatizado de uma empresa bancária, que para a realização de tarefas informatizadas,
um espaço inferior da mesa de 80 cm seria o suficiente para se trabalhar com conforto, porém nenhumas dessas medidas indicadas
foram encontradas no setor estudado, obtendo-se valores menores que a metade do sugerido por outros autores.

Conclusão

Constatou-se diante dos dados analisados, que o setor apresentou condições ergonômicas razoáveis, livre de riscos biomecânicos, e
certo grau de repetitividade com relação às posturas adotadas durante as atividades e irregularidades em determinados mobiliários,
referindo-se principalmente às cadeiras.

A implantação de projetos ergonômicos no setor é importante para prevenir diversas doenças ocupacionais, que poderiam acarretar na
menor produtividade no trabalho assim como em condições inadequadas de saúde.

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Referências bibliográficas

ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Edgard Blucher, 2009.
AVALIAÇÃO postural. 2009. Disponível em: http://medidaseavaliacao postural. blogspot. com.br/2009/11/sapo-software-de-
avaliacao-postural.html. Acesso em: 19 jun.2012.

BARTOLOMEU, T. A. et al. Avaliação do mobiliário de um laboratório de informática destinada a crianças de 5 a 11 anos. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ERGONOMIA, 9., Salvador, 1999.

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COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995.
COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: conteúdo básico: guia prático. Belo Horizonte: Ergo: 2007.
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
GUBERT, K. B . Os determinantes da atividade em uma central de atendimento: o caso do Disque-Saúde. 2001. Dissertação
(Mestrado)- Universidade de Brasília, Brasília, 2001.

LIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1990.


MILLENDER L. H. Occupational disorders of the upper extremity. New York: Churchill Livingstone, 1992.
MOTA, M. B.; BRAICK, P. R. História das cavernas ao terceiro milênio. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002.
PATUSSI, A. P. Definição de critérios de avaliação ergonômica para mesas de trabalho informatizado. 2005. Dissertação (Mestrado
Profissionalizante em Engenharia)- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia, Porto Alegre, 2005.

RANNEY, D. Distúrbios osteomusculares crônicos relacionados ao trabalho. São Paulo: Roca, 2000.
SALIBA, T. M . Curso básico de segurança e higiene ocupacional. São Paulo: LTR, 2004.
WISNER, A. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo: Fundacentro, 1994.
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