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MANUTENÇÃO

DOS SOLOS

PROF. JÚLIO OLIVEIRA


A conservação do solo consiste em dar uso e manejo adequados a ele, considerando
características químicas, físicas e biológicas, visando à manutenção de seu equilíbrio ou sua
recuperação. Por meio de práticas de conservação, é possível manter a fertilidade do solo e
evitar problemas comuns, como erosão e compactação.
As principais práticas de conservação dos solos sugeridas por
especialista tem como o objetivo o manejo sustentável, segundo as leis
ambientais vigentes no país. São elas:
Terraços agrícolas no Peru, criados pelo Império Inca

Terraceamento e
curvas de nível –
em regiões de maior
declividade, deve-se
construir curvas de nível
ou degraus
(terraceamento) no
terreno para reduzir a
velocidade de
escoamento da água. Isso
também potencializa a
infiltração, evitando
assim, a erosão e o
desgaste prematuro do
solo.
Café plantado em curvas de
nível no Sul de Minas Gerais.
➢ Rotação de culturas – utilizadas para evitar a adubação química e também a exaustão
do solo. Isso é feito trocando-se as culturas a cada novo plantio, de forma que as
necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo. O cultivo de várias plantas
numa mesma área (policultura) provoca a diminuição das pragas, evitando, assim, a
utilização de agrotóxicos.

Plantação de
(batata, aveia,
centeio, ervilha)
na Polônia.
➢ Adubação orgânica – A adubação orgânica promove a interação entre biodiversidade, ciclos
biológicos das espécies vegetais e animais e atividade biológica do solo, que restauram, mantêm e
promovem a harmonia ecológica do sistema.
Outra forma importante de manutenção
pedológica é a preservação da mata
ciliar, que contribui para impedir a
passagem de rejeitos, que procedem das
margens acidentadas
(planaltos) dos rios.
Adubação Verde
Definida como prática na qual
plantas atuam como ferramentas
para melhorar as qualidades
químicas e físicas do solo, a
adubação verde ganha cada vez
mais adeptos por sua praticidade
e retorno financeiro.

Geralmente são utilizadas


plantas leguminosas para a
adubação verde, justamente por
serem fixadoras de nitrogênio,
possibilitando assim o retorno
deste nutriente ao solo.

Lavoura de milho e feijão na mesma área.


Análise de solos

A amostragem dos solos para avaliação


da fertilidade deve ser feita de três a
cinco meses antes do plantio,
retirando-se de 12 a 15 amostras
simples para uma área de 12 a 15
hectares. Recomenda-se amostrar em
duas profundidades: entre 0 e 25
centímetros e entre 26 e 50 centímetros.
SAFs para recuperação ambiental são
Sistemas sistemas produtivos que podem ter base na
sucessão ecológica, análogos aos
ecossistemas naturais, em que árvores
Agroflorestais exóticas ou nativas são consorciadas com
culturas agrícolas, trepadeiras, forrageiras,
SAFs arbustivas, de acordo com um arranjo
espacial e temporal preestabelecido, com
alta diversidade de espécies e interações
entre elas.
Em geral, nos SAFs, são realizados
Sistemas plantios de sementes e/ou de mudas. Os
recursos e o retorno da produção são
gerados permanentemente e em diversos
Agroflorestais estratos. Os SAFs otimizam o uso da terra,
conciliando preservação ambiental e
SAFs produção de alimentos, conservando o solo
e diminuindo a pressão pelo uso da terra
para produção agrícola. Podem ser
utilizados para restaurar florestas e
recuperar áreas degradadas.
O plantio de
espécies exóticas
com espécies
nativas de
ocorrência
regional não
pode ultrapassar
50% da área total
a ser recuperada.
Calagem do solo
➢ Acidez e alcalinidade: essas características dos
solos são medidas pelo pH (potencial de
hidrogênio), numa escala que vai de 0 a 14. O pH
da água pura é 7; esse também é o valor ideal
para o solo.

• Solos ácidos tem pH inferior a 7 e, solos


alcalinos, superiores a esse número.
• Tanto a acidez quanto a alcalinidade excessivas
são prejudiciais ao solo, fazendo com que ele
demande métodos corretivos. No caso do solo
ácido utiliza-se o calcário (calagem) e no solo
alcalino, o enxofre.
Processos de degradação dos solos
➢Desmatamento: a retirada da
vegetação natural favorece a quebra
do equilíbrio original, potencializando
o desgaste celerado do solo.
➢Queimadas: provocam a extinção dos nutrientes minerais, orgânicos e
gasosos que compõem os solos.
➢Exploração intensiva: o solo
utilizado intensivamente e sem os
devidos cuidados, principalmente para
a monocultura, tende a perder
nutrientes, pois os vegetais consomem
do solo esses elementos. Pode ocorrer
também a compactação do solo,
resultante do pisoteamento excessivo
do gado.
Ex: utilização intensiva do solo para cultivo de
cana-de-açúcar.
Processos erosivos
Voçorocas Voçoroca
Também conhecida como boçoroca, é
um fenômeno geológico que
corresponde à formação de grandes
cavidades na terra, causada por
processo erosivo decorrente da ação
das chuvas e outras intempéries.
Ocorre mais frequentemente em solos
expostos por causa da retirada da
vegetação que os protegia, deixando-
os mais suscetíveis ao carregamento
de materiais pelas enxurradas,
ficando consequentemente mais
pobres, secos e improdutivos.
Na maioria das vezes, as voçorocas formam-se a partir
de sulcos que, com o processo erosivo, evoluem para
ravinas nas vertentes (áreas inclinadas).
✓ Os agentes mais importantes do processo de erosão são:

• As águas correntes.
• A ação dos rios (erosão fluvial)
• As águas correntes sob forma de torrentes e enxurradas.

A erosão é um processo natural que é


potencializado pelas ações antrópicas.
A erosão, geralmente,
traz diversos problemas
socioambientais e
prejuízos econômicos.
Um dos problemas
ambientais é o
assoreamento,
que é o depósito de
sedimentos nos rios,
geralmente provocados
pela erosão,
normalmente
intensificadas pelo
desmatamento e a
consequente maior
exposição do solo.
➢ Desertificação: é um fenômeno típico das
regiões de clima semiárido, caracterizado pela
formação de condições ambientais do tipo
desértico.

A desertificação afeta
atualmente cerca de um terço
da população mundial (1,3
bilhão de pessoas), mais da
metade de todas as terras
secas e um quarto da área
terrestre total do mundo.

A desertificação provoca rachaduras no solo, impossibilitando


de ser fértil e aproveitável.
Área desertificada em Gilboés, Piauí.
Área desertificada em Crato no Ceará.
Esse processo corresponde à perda da capacidade produtiva dos solos, tornando-os áridos e com
baixa fertilidade. O nome está associado ao fato de o fenômeno provocar grandes alterações nas
paisagens, resultando em algo semelhantes a um deserto.
Arenização
A arenização consiste no processo de formação de bancos de areia no solo, em um fenômeno parecido com a
desertificação, diferenciando-se desta por manifestar-se em áreas de clima úmido e relativamente chuvoso, além
de ser comum em solos de composição previamente arenosa, como o solo dos Pampas no Rio Grande do Sul.
A região sudoeste do RS (bioma dos Pampas) apresenta 15 municípios
com sérios problemas de arenização.

O clima dos Pampas é o


subtropical úmido e seus
solos arenosos são
suscetíveis a erosão
causando a formação de
bancos de areia.
Salinização: é comum nas regiões áridas, semiáridas e também em regiões que,
em tempos geológicos mais antigos, foram cobertas por oceanos. A constante irrigação
do solo também pode provocar esse fenômeno, devido à evaporação da água, que pode
facilitar o afloramento do sal.

Irrigação Evaporação Acúmulo de sais

Chuva ou irrigação, pode trazer sal para a superfície devido a ação de capilaridade
Os solos apresentam sais em
níveis diferenciados. Quando
este nível se eleva, chegando
a uma concentração muito
alta, pode prejudicar o
desenvolvimento de algumas
plantas mais sensíveis, ou
mesmo impedir o
desenvolvimento de
praticamente todas as
espécies.

Exemplo de solos com alto nível de


salinização, no Colorado, EUA.
No Brasil, áreas
degradas da
caatinga (clima
semiárido)
apresentam
elevado índice
de salinização
dos solos.
LATERIZAÇÃO E LIXIVIAÇÃO Esses processos resultam
na perda dos nutrientes
dos solos. São
observados, com certa
frequência no território
nacional, e, apesar de ter
fatores naturais
envolvidos, esses
problemas vêm se
intensificando pela ação
antrópica, prejudicando a
produtividade dos solos.
Consiste no acúmulo de
óxidos hidratados de
alumínio e ferro,
alterando a composição e
a coloração do solo, que
se torna avermelhado. É
causada, principalmente,
pelo intemperismo

Laterização químico decorrente da


ação das chuvas ou da
irrigação, sendo um
processo mais comum nas
regiões quentes e úmidas,
de climas tropicais e
equatoriais.
Pode intensificar-se
pela exposição do solo,
por exemplo, com
desmatamentos e
queimadas, uma vez
que a cobertura vegetal
auxilia na proteção dos

Laterização solos contra desgastes


dos altos índices
pluviométricos. Solos
laterizados tendem a
tornar-se ácidos e com
pouca presença de
matéria orgânica, pois
em geral, a lixiviação,
também é intensa.
ÁREA DE CANGA - LATERIZAÇÃO OU FERRALITIZAÇÃO

Embora faça parte do processo de formação dos latossolos, a laterização dificulta o


desenvolvimento das raízes de plantas e reduz a fertilidade dos solos.
Lixiviação: Processo comum nas
áreas equatoriais, consiste na extração ou
solubilização seletiva de constituintes
químicos de uma rocha ou solo pela ação
de uma fluido infiltrante (água,
normalmente).

Com a lixiviação, muitos minerais são


levados (os chamados minerais
hidrossolúveis: sódio, potássio, cálcio e
outros), facilitando o afloramento dos
minerais pesados, como o hidróxido de
alumínio e ferro, e favorecendo o
empobrecimento do solo
Obrigado!

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