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CIV 650 – Análise Experimental de Estruturas

Projete um transdutor de deslocamento a partir de uma viga em


balanço, com capacidade máxima de 5 mm. Especifique as
dimensões, a posição dos extensômetros e os circuitos.

t
20 d

50 20

bloco de alumínio strain gages lâmina de aço

50 b

70 15 L - 15

Figura 68-1 – Esquema do transdutor de deslocamento.

Será projetado um transdutor de deslocamentos constituído de uma lâmina e aço engastada


num bloco de alumínio. O bloco de alumínio deverá sofrer um rasgo, perfurado com o
auxílio de um broca, onde a lâmina de aço será colada com um adesivo apropriado, visando
promover o engastamento da lâmina no bloco, de forma que quando o bloco de alumínio
estiver firmemente fixado a alguma estrutura, a lâmina de aço se comporte como uma viga
em balanço.
As dimensões do bloco de alumínio estão indicadas na figura 73-1. As dimensões da viga
serão determinadas em função das condições estabelecidas.
A partir da análise de tensões na viga, é possível determinar as dimensões e a carga
correspondente ao deslocamento máximo prescrito dmax = 5,0 mm.
As propriedades da seção da viga à flexão são:
bt3
I= (68.1)
12
I I 2bt3 bt2
W = = = = (68.2)
y t/2 12t 6
A flecha na extremidade de uma viga em balanço sujeita a uma carga concentrada é dada
por:
P L3
d= (68.3)
3EI
Da expressão (68.3) deduz-se a carga correspondente ao deslocamento máximo prescrito
dmax = 5,0 mm, ou seja:
3d E I
P= (68.4)
L3

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A tensão na viga, na seção de engastamento, será dada por:


M 6 PL E bt3 18 d E b t 3 L 3 d E t
σ= = = 6 × 3d = = (68.5)
W bt 2 L3 12b t 2 12 b t 2 L3 2 L2

Admitindo para o material da lâmina as seguintes propriedades:


E = 20500 kN/cm²
fy = 25 kN/cm²
t = 0,8 mm

e impondo que a tensão máxima deva ser σ ≤ 0,5 fy = 25/2 = 12,5 kN/cm², para evitar fadiga
do material e garantir que a lâmina trabalhe em regime elástico, pode-se escrever:
3d E t 3 × 0,5 × 20500 × 0,08
σ= 2
= 12,5 = ⇒ L = 9,92 ⇒ adotar L = 120 mm
2L 2 L2

Pode-se verificar na expressão (68.5) que a largura da viga não influencia na tensão. Assim,
adota-se uma largura suficiente para fixar com folga os extensômetros: b = 8,0 mm.
Estabelecidas as dimensões da lâmina, pode-se determinar a carga correspondente ao
deslocamento máximo prescrito dmax = 5,0 mm:

3 d E I 3 × 0,5 × 20500 × 0,8 × 0,08 3


P= = = 0,0006074 kN = 60,74 gf (68.6)
L3 12 × 12 3
A força necessária para fletir a viga produzindo o deslocamento dmax = 5 mm na extremidade
do balanço é de apenas 60,74 gf. Como é uma força muito pequena, em relação à magnitude
das cargas usuais nos ensaios, praticamente não influenciará em nada nas forças aplicadas.
Na seção da viga onde serão instalados os extensômetros, as deformações serão:
σ 6 P (L − 1,5) 18 d E b t 3 (L − 1,5) 3 d t (L − 1,5)
εf = = = = (68.7)
E E bt2 12 E b t 2 L3 2 L3
3 × 0,5 × 0,08 × (12 − 1,5)
εf = = 364,58 µε
2 × 12 3
Segundo Dally & Hilley[2], para evitar fadiga de um elemento sensor de aço a deformação
máxima é de 2300 µε. Neste caso, como εf ≈ 365 µε, não há problema.
Dally & Hilley[2] recomendam ainda que a relação ∆E/V em um transdutor deve ficar entre
0,001 e 0,003. Essa é a faixa ideal para que se tenha uma voltagem suficiente para
sensibilizar a maioria dos SADs e, ao mesmo tempo, não sobrecarregar os extensômetros.
Em uma ponte de Wheatstone com sensibilidade apenas ao esforço de flexão, tem-se:
Vk
∆E = α εf (68.8)
4
sendo k o fator gage e α o fator multiplicador da deformação de flexão medida, em função
da configuração da ponte. O maior multiplicador que se consegue é α = 4, com 4
extensômetros ligados em ponte completa.

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Adotando-se extensômetros com k = 2,1, obtém-se:


∆E 2,1 ∆E
= × 0,00036458 × α ⇒ α = 5224,49 (68.9)
V 4 V
Para ∆E/V = 0,001 → α = 5,225 (68.10)
Para ∆E/V = 0,003 → α = 15,674 (68.11)
Os resultados em (68.10) e (68.11) revelam que a deformação nos sensores está pequena, ou
seja, não produziriam uma voltagem suficiente para sensibilizar o sistema nem se utilizando
4 extensômetros em ponte completa. A solução é alterar as dimensões do transdutor, visando
amplificar a deformação nos extensômetros. Como o deslocamento na extremidade da viga é
fixado, pode-se diminuir o comprimento da barra, aumentando assim o giro da seção da viga
e, consequentemente, a deformação nos extensômetros. Adotando L = 100 mm, a
deformação de flexão no extensômetro passa a ser
3 d t (L − 1,5) 3 × 0,5 × 0,08 × (10 − 1,5)
εf = = = 510 µε (68.12)
2 L3 2 × 10 3
Adotando-se extensômetros com k = 2,1, obtém-se:
∆E 2,1 ∆E
= × 0,000510 × α ⇒ α = 3734,83 (68.13)
V 4 V
Para ∆E/V = 0,001 → α = 3,7 (68.14)
Para ∆E/V = 0,003 → α = 11,2 (68.15)

Tendo em vista o multiplicador requerido na ponte, será adotada uma ponte completa,
utilizando-se 4 extensômetros ativos (α = 4), como mostrado na figura 68-2. A locação dos
extensômetros está indicada na figura 68-3.

R1 R4
V
+ Vs -

R2 R3

Figura 68-2 – Esquema da ligação dos strain gages do transdutor.

As deformações nos extensômetros R1, R2, R3 e R4 serão dadas por:


ε1 = ε n + ε f + ε T (68.10)

ε 2 = ε n − ε f + εT (68.11)

ε3 = ε n + ε f + εT (68.12)

ε 4 = ε n − ε f + εT (68.13)

k (ε 1 − ε 2 + ε 3 − ε 4 )
V
Para a ponte de Wheatstone, tem-se que: VS = (68.14)
4

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Substituindo as expressões (68.10), (68.11), (68.12), (68.13) em (68.14), obtém-se:

k (ε n + ε f + εT − ε n + ε f − εT + ε n + ε f + εT − ε n + ε f − εT )
V
VS = (68.15)
4
Vk
Simplificando, VS = 4ε f
4

A voltagem de saída será função apenas da deformação devido ao esforço de flexão na viga.
As influências de qualquer força normal extra, decorrente de não-linearidade geométrica, e
da temperatura se anulam em função da configuração da ponte de Wheatstone. Vale ressaltar
que com os 4 extensômetros em ponte completa consegue-se amplificar a deformação de
flexão com o fator α=4, conforme o desenvolvimento mostrou ser necessário.

R1 e R3 t = 0,8mm
20 d = 5mm
R2 e R4

50 20

4 extensômetros
bloco de alumínio ( 2 por cima e 2 por baixo )
lâmina de aço

50 b = 8mm

70 15 85mm

Figura 68-3 – Locação dos strain gages do transdutor.

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