Você está na página 1de 7

Curso: Cálculo Estrutural e Fundações

Disciplina: Dimensionamento de Estruturas de Concreto Protendido


Aluno: Leandro de Almeida Carneiro

Observamos na Unidade 2 que, assim como as demais estruturas, às de concreto protendidas


devem ser verificadas quanto aos estados últimos de ruptura e de serviço. Além disso, os
elementos devem ter seus traçados definidos por critérios dependentes da força de protensão
aplicada. Por fim, as perdas que podem ocorrer na protensão do concreto devem ser levadas
em consideração para um dimensionamento mais preciso.

Peço que leiam o artigo denominado "Análise das Perdas de Protensão em Vigas de Concreto
Protendido Pós-Tracionadas". Lá temos um modelo de viga T que foi analisada por meio das
perdas diferidas de protensão na página 6. Para esta viga:

Seção Transversal Viga do Estudo

Determine as cargas a serem aplicadas a esta viga, sendo que a carga permanente contemple o
peso da laje e uma parede de alvenaria de altura (em metros) igual ao último número do seu
ano de nascimento e largura de 15cm. A carga variável é de 50 + o último número de seu dia de
nascimento. A viga é considerada bi-apoiada. A laje a ser aplicada possui uma espessura de 20
cm, com um revestimento cerâmico e suponha que seja uma laje única (sem outras lajes ao
redor) e quadrada.

1. Definir a combinação do estado último de ruptura (combinação normal)


2. Definir a combinação do estado limite de serviço de acordo com nível de concreto
protendido mostrado no artigo. Calcule também os estados limites para o nível 3.
3. De acordo com o tópico 4.7 da apostila de Paulo Sérgio Barros "Fundamentos do
Concreto Protendido", há dois processos para verificações de tensões nas seções
transversais ao longo do vão. Escreva um resumo, com equações e imagens, explicando
os dois métodos e usando um deles para o cálculo da sua viga.

Dados:

• Vão adotado foi de 20 metros;


• Fck = 40 Mpa;
• Peso próprio = 40 kN/m² ∙ 0,20 cm = 8 kN/m²
• Peso da alvenaria = 14 ∙ 5 ∙ 0,15 = 10,5 kN/m²
• Carga permanente = 8 kN/m² + 10,5 kN/m² = 18,5 kN/m²
• Carga variável = 50+3 = 53 kN/m
• Viga bi-apoiada
• Aço de proteção = CP-190 RB
• Fptk = 1900 Mpa

Dados da Viga:

• Ac = 3.200 cm²
• Ic = 3.871.386 cm⁴
• yb = 42,20 cm, yt = 47,40 cm
• Wt = 48300 cm³ Wb = 54.255 cm³
• ep = 33,50 cm
• fckj = 30 Mpa
• Fatores de redução de carga variável conf. a Tabela 3.7 (item 3.3.6.1): Ψ1 = 0,7 e Ψ2 =
0,6.

Calculando Momentos Fletores

Do peso próprio g1: Mg1 = (g1∙l²)/8 = ((8∙20²)/8) ∙100 = 40.000 kN cm

Da carga permanente g2: Mg2 = (g2*l²)/8 = ((18,5∙20²)/8) ∙100 = 92.500 kN cm

Da carga variável q1: Mq1 = (q1∙l²)/8 = ((53∙20²)/8) ∙100 = 265.000 kN cm

Calculando Tensões Normais

σbg1= Mg1/Wb = 40000/54255 = 0,74 kN/cm²


σtg1= Mg1/Wt = 40000/48300 = 0,83 kN/cm²

σbg2= Mg2/Wb = 92500/54255 = 1,70 kN/cm²


σtg2= Mg2/Wt = 92500/48300 = 1,91 kN/cm²

σbq1=Mq1/Wb = 265000/54255 = 4,88 kN/cm²


σtq1=Mq1/Wt = 265000/48300 = 5,49 kN/cm²

Estado-limite de Descompressão (ELS-D) p/ Combinação Quase Permanente

• Tensões na base da viga

σbg1 + σ bg2 + Ψ2∙ σ bg1 + Ψ2∙ σ bg2 + σbp∞ = 0 → 0,74 + 1,70 + 0,6∙ 4,88 + 0,6∙ 0 + σbp∞ = 0
σbp∞ = -5,37 kN/cm²

• Força de protensão final estimada (P∞,est,A)

σbp∞ = - (P∞,est,A/Ac) ∙ (1+ (Ac ∙ ep)/Wb)) = -5,37


-(P∞,est,A/3200) ∙ (1+(3200 ∙ 33,50)/54255) = -5,37
P∞,est,A = 5.774,47 kN
• Verificação da tensão final no topo da viga, devido à P∞,est,A

σtp∞ = - (P∞,est,A/Ac) ∙ (1-(Ac ∙ ep)/Wt))


σtp∞= -(5774,47/3200) ∙ (1-(3200 ∙ 33,50)/48300) = 2,20 kN/cm² (Tensão de Protensão)
σts = σtg1 + σtg2 + Ψ2∙ σtq1 + Ψ2 ∙ σtq2 + σtp∞
σts = 0,83 + 1,91 + 0,6 ∙ 5,49 + 0,6 ∙ 0 + 2,20 = 8,23 kN/cm²

TENSÕES NORMAIS P/ ESTADO LIMITE DE DESCOMPRESSÃO COM COMBINAÇÃO QUASE


PERMANENTE DE AÇÕES.

Estado-Limite de Formação de Fissuras (Els-F) P/ Combinação Frequente

• Tensões na base da viga

σbg1 + σbg2 + Ψ1 ∙ σbq1 + Ψ2 ∙ σbq2 + σbp∞ = αfct


0 , 7 4 + 1,70 + 0,7 ∙ 4,88 + 0,6 ∙ 0 + σbp∞ = αfct

3
αfct = α ∙ 0,7 ∙ 0,3 ∙ √fck² ; onde: α=1,3 para viga tipo I e o fck = 40 Mpa, logo
αfct = 3,19 Mpa =0,319 kN/cm²; tem-se
σbp∞= -5,54 kN/cm²

• Força de protensão final estimada (P∞,est,B)

σbp∞ = - (P∞,est,B/Ac) ∙ (1+(Ac ∙ ep)/Wb))


-5,54=-(P∞,est,B/3200) ∙ (1+(3200 ∙ 33,50)/54255))
P∞,est,B = 5.957,28 kN

• Força de protensão final estimada

P∞,est ≥ { P∞,est,A ou P∞,est,B} → P∞,est,A = 5.774,47 kN


→ P∞,est,B = 5.957,28 kN
P∞,est = 5.957,28 kN

• Verificação da tensão final no topo da viga, para combinação frequente e P∞,est =


5.957,28 kN

σtp∞ = - (P∞,est/Ac) ∙ (1+(Ac ∙ ep)/Wt)


σtp∞ = - (5957,28/3200) ∙ (1+(3200 ∙ 33,50)/48300) = 5,99 kN/cm² (Tensão de Tração)
σtg1 + σtg2 + Ψ1 ∙ σtq1 + Ψ2 ∙ σtq2 + σtp∞ = σts
σts = 0,83 + 1,91 + 0,7 ∙ 5,49 + 0,6 ∙ 0 + 5,99 = 12,57 kN/cm²
TENSÕES NORMAIS P/ ESTADO LIMITE DE FORMAÇÃO DE FISSURAS COM COMBINAÇÃO
FREQUENTE DE AÇÕES.

• Assumindo a perda arbitrária de 30%, a carga estimada inicial é de:

Pi,est = P∞,est,A/(1-0,3) = 5.774,47/0,7 = 8.249,24 kN

• O limite de tensão na armadura de protensão nas operações de estiramento é:

σpi = 0,77 ∙ fptk, ou 0,85 ∙ fpyk

σpi = 0,77 ∙ 1900 = 1.463,00 Mpa, ou 0,85 ∙ 0,90 ∙ 1900 = 1.453,50 Mpa

• A área estimada para o cabo de protensão é definida por:

Ap,est = 16000/145,35 = 110,08 cm² (considerar cordoalha CP190 RB15,7 mm). Cada
cordoalha tem 1,50 cm², assim o número de cordoalhas é:

n = 110,08/1,50 ≅ 74

• Calculando a área efetiva e a força de protensão efetiva de estiramento:

Ap,efet = 1 ∙ 74 = 74
Pi,efet = 74 ∙ 145,35 = 10.755,90 kN

• Calculando a força de protensão Pd no ELU deve-se considerar ϒp = 0,9:

Pd = ϒp ∙ P∞ = 0,9 ∙ 5957,28 = 5.361,55 kN

• A deformação Ɛcd,enc no concreto ao nível do CG da armadura de protensão é:

Ɛcd,enc = 1/Ec ∙ ((Pd/Ac)+(Pd ∙ ep²/Ic))

Ɛcd,enc = (1/2900) ∙ ((5361,55/3200)+(5361,55 ∙ 33,5²/495000))

Ɛcd,enc = 0,48%

Ɛpd,inic = Pd/Ep ∙ Ap

Ɛpd,inic = 5361,55/20000*74

Ɛpd,inic = 0,36%

A deformação de pré-alongamento é: Ɛpd,inic + Ɛcd,enc = 0,84%


CÁLCULO POR TENTATIVA ADOTANDO A TENSÃO NA ARMADURA DE PROTENSÃO
CORRESPONDENTE AO MRd

Primeira tentativa: σpd = fpyd = fpyk/ϒs → σpd = 1487 Mpa

• Cálculo da posição da linha neutra considerando a hipótese de seção I calculada como


seção retangular, com bw = bf = 40 cm e supondo que as armaduras passivas escoam:

x = ((σpd ∙ Ap) + (fyd ∙ As) – (f’yd ∙ A’s))/(0,85fcd ∙ 0,8bw)

x = ((148,70 ∙ 74) +(43,5 ∙ 3,2) – (43,5 ∙ 2,0))/((0,85 ∙ 30,77) ∙ (0,8 ∙ 40))

x = 13,21 cm

Verificação: 0,8x = 10,57 cm ˂ hf = 18,75 cm, portanto a seção I pode ser calculada como seção
retangular com largura bf.

• Deformação na armadura de protensão supondo domínio 3 ou 4 (Ɛcd = 3,5‰)

Ɛpd,útil= Ɛcd ∙ ((dp-x)/x) → 17,17‰

Como Ɛpd,útil = 17,17‰˃10‰, o domínio é o 2, e não o 3 ou o 4. Considerando agora o domínio


2, deve-se fazer Ɛpd,útil = 10‰, que é o valor máximo permitido (valor último), e a deformação
total na armadura de protensão correspondente ao MRd é:

Ɛpd,tot = Epd,inic + Ɛcd,enc + Ɛpd,útil → 12,41‰

• A deformação de início de escoamento da armadura de protensão é:

Ɛpyd = fpyd/Ep → 1487/200000 = 0,00744 = 7,44‰

Figura 01 – Diagrama tensão x deformação do aço da armadura de protensão para


determinação de σpd
Do diagrama da figura 01 tem-se: y/7,7 = 165/27,56 = 46,1 Mpa

Para Ɛpd,tot = 12,41‰ resulta a tensão na armadura de protensão:

σpd = 1487 + 46,1 = 1.533,10 Mpa

Como a viga encontra-se no domínio 2 e com a tensão correspondente σpd = 1.533,1


Mpa, e para essa tensão uma nova posição da linha neutra deve ser calculada.

Considera-se a hipótese de seção I calculada como retangular com bw = bf = 40 cm, e


supondo que as armaduras passivas escoam tem-se:

x = ((σpd ∙ Ap) + (fyd ∙ As) – (f’yd ∙ A’s))/(0,85fcd ∙ 0,8bw)

x = ((153,31 ∙ 74) +(43,5 ∙ 3,2) – (43,5 ∙ 2,0))/((0,85 ∙ 30,77) ∙ (0,8 ∙ 40))

x = 13,62 cm

Verificação: 0,8x = 10,89 cm ˂ hf = 18,75 cm, portanto a seção I pode ser calculada como
seção retangular com largura bf.

• Verificação da deformação no concreto:

Ɛcd/ Ɛpd,útil = (x/(dp-x)) → Ɛcd = 2,63‰ ˂ 3,50‰ → Confirmado o Domínio 2

Figura 02 – Diagrama σ x Ɛ do aço CA50

• Verificação na armadura passiva tracionada:

Ɛcd/Ɛsd = (x/(ds - x)) → Ɛsd = 13,15‰ ˃ 3,50‰, portanto σs = fyd, conforme se verifica no
diagrama σ x Ɛ do aço CA-50 da figura 02

• Verificação na armadura passiva comprimida:

Ɛcd/Ɛ’sd = (x/(x-d’)) → Ɛsd = 1,85‰ ˂ 3,50‰, portanto a tensão é inferior a f’yd, conforme
se verifica no diagrama σ x Ɛ do aço CA-50 da figura 02, logo devemos recalcular a linha neutra
com uma nova tensão na armadura comprimida (Lei de Hooke).

σ’sd = Es ∙ Ɛ’sd → 210000 ∙ 0,00185 = 388,50 Mpa, e não f’yd = 435 Mpa – erro de 1,07%

Calculando o novo x, com σ’sd = 388,50 Mpa, temos:


x = ((σpd ∙ Ap) + (fyd ∙ As) – (f’yd ∙ A’s))/(0,85fcd ∙ 0,8bw)

x = ((153,31 ∙ 74) +(43,5 ∙ 3,2) – (38,85 ∙ 2,0))/((0,85 ∙ 30,77) ∙ (0,8 ∙ 40))

x = 13,63 cm

Verificação: 0,8x = 10,90 cm ˂ hf = 18,75 cm, portanto a seção I pode ser calculada como
seção retangular.

• Verificação da deformação no concreto:

Ɛcd/ Ɛpd,útil = (x/(dp-x)) → Ɛcd = 2,11‰ ˂ 3,50‰ → Confirmado o Domínio 2

A tensão na armadura passiva comprimida deve ser recalculada, a fim de verificar se a


diferença entre as tensões atende ao erro permitido:

Ɛcd/Ɛ’sd = (x/(x-d’)) → Ɛsd = 1,49‰ ˂ 3,50‰, que resulta a tensão: σ’sd = Es ∙ Ɛ’sd →
210000 ∙ 0,00211 = 443,10 Mpa, e não f’yd = 435 Mpa, erro de 0,0186% e

inferior ao erro máximo de 1,07%, portanto a armadura passiva tracionada não precisa
ser recalculada.

Após feita as verificações, o Momento Fletor Último é calculado com a tensão na


armadura de protensão determinada no domínio 2 (1.533,10 Mpa), e com os últimos valores
calculados para x (13,63 cm) e para a tensão na armadura passiva comprimida (443,10 Mpa):

MRd = (σpd ∙ Ap ∙ (dp-0,4x))+(σsd ∙ As ∙ (ds-0,4x)+(σ’sd ∙ A’s ∙ (0,4x-d’))

MRd = (153,31 ∙ 74 ∙ (78-0,4 ∙ 13,63))+(43,5 ∙ 3,2 ∙ (820,4 ∙ 13,63)+(44,31 ∙ 2 ∙ (0,4 ∙ 13,63-4))

MRd = 83.383,68 kN ∙ cm → MRd ≥ MSd

Você também pode gostar