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Trabalho de Concreto Protendido

Viga pré-moldada com protensão pós-tensão


A viga tem 30,0 m de vão livre, fck = 35 MPa, protensão completa e está submetida a
um carregamento permanente g=8 kN/m e a uma carga acidental q=20 kN/m.

1. Definição da seção transversal

Para dimensionar a viga em questão, vamos sempre analisar as fibras mais solicitadas
em uma dada seção, que são sempre as dos bordos superior e inferior, e dentre estas
tensões as que apresentarem maiores valores de compressão, pois a princípio todas
as fibras sempre estarão comprimidas.

Como a viga protendida terá compressão tanto no bordo inferior quanto superior, a
melhor escolha é optar por uma seção “𝐈” que contenha mesa de compressão tanto no
bordo superior quanto no inferior (menor que o primeiro).

Os estágios que limitarão as maiores tensões de compressão são:

- na fibra inferior, na solicitação de peso próprio + protensão. O valor máximo da


tensão de compressão deverá ser inferior (devido às perdas de protensão) a
2/3 de fck
- na fibra superior, na ocorrência de todos os carregamentos, o valor máximo
igual a fck/2

Logo, podemos afirmar que:

∑σi (sobrecargas) ≤ ⅔ fck - perdas


Como ∑σi = ΔMs/Wi, têm-se:

Wi ≥ ΔMs/(⅔ fck - perdas),

onde ΔMs é a soma dos momentos de sobrecarga e Wi o módulo resistente elástico


abaixo da linha neutra.

Estimando inicialmente as perdas de protensão em 2 MPa, têm-se:

ΔMs = qL²/8 = (8+20)30²/8 = 3.150 kN.m = 3,150 MN.m

Wi ≥ 3,150/(⅔30 - 2)
Wi ≥ 0,175 m³

Adotando inicialmente a seção “𝐈” padrão com as seguintes configurações:

Deve-se determinar, agora, as propriedades geométricas desta seção:

n yn (cm) An (cm2) yn.An (cm³)

1 117,5 1650,0 193875,0

2 108,3 237,5 25729,2

3 65,0 1350,0 87750,0

4 23,3 225,0 5250,0

5 10,0 1200,0 12000,0

∑ 4662,5 324604,17
- Altura da linha neutra: yi = ∑yn.An/∑An = 70 cm

- Momento de inércia: I = ∑In = 9899332,22 cm⁴

- Módulo resistente elástico da fibra inferior: Wi = I/yi ≅ 0,14 m³ < 0,175 m³ (falha)

Solução: Redimensionar a seção transversal para


atender ao critério de módulo resistente elástico.

n yn (cm) An (cm2) yn.An (cm³)

1 115,0 2200,0 253000,0

2 103,3 237,5 24541,7

3 67,5 1125,0 75937,5

4 35,0 412,5 14437,5

5 15,0 2100,0 31500,0

∑ 6075,0 399416,67

Procedendo de maneira análoga à seção anterior, chega-se aos resultados:

- Área: A = 0,61 m²
- yi = 0,66 m
- ys = 0,59 m
- I = 0,12 m⁴
- Wi = 0,19 m³ > 0,175 m³ (atende)
- Ws = 0,21 m³

2. Determinação e análise das solicitações

2.1 Determinação dos momentos fletores máximos na seção mais solicitada

- pp = γconc × A = 25 × 0,61 = 15,19 kN/m → Mpp = ppL²/8 = 1709 kN.m


- g = 8 kN/m → Mg = gL²/8 = 900 kN.m
- q = 20 kN/m → Mq = qL²/8 = 2250 kN.m
2.2 Determinação das tensões máximas na seção mais solicitada

→ σi = M/Wi
- σi,pp = Mpp/Wi = 1709/0,19 = 8,99 MPa Carga Tensões (MPa)
- σi,g = Mg/Wi = 900/0,19 = 4,74 MPa atuante σi σs
- σi,q = Mq/Wi = 2250/0,19 = 11,84 MPa
Peso próprio (pp) 8,99 8,14

→ σs = M/Ws Permanente (g) 4,74 4,28


- σs,pp = Mpp/Ws = 1709/0,21 = 8,14 MPa Acidental (q) 11,84 10,71
- σs,g = Mg/Ws = 900/0,21 = 4,28 MPa
∑ 25,57 23,13
- σs,q = Mq/Ws = 2250/0,21 = 10,71 MPa

2.3 Determinação da força de protensão necessária

Para determinar a compressão devida à protensão, devemos primeiro encontrar a sua


excentricidade. Considerando 7 cabos atuando na seção mais solicitada, e os
espaçamentos e cobrimentos indicados na figura abaixo, têm-se:

Centro de gravidade do cabeamento:

r = (4 × 0,08 + 3 × 0,13) / 7 = 0,10 m

Portanto, a excentricidade da força é dada por:

e = yi - r = 66 - 10 = 56 cm

P/A + Pe/Wi + ∑σi = 0 → P = - 25,57/(1/0,61 + 0,56/0,19) = - 5512 kN (compressão)

Será adotado cabo CP 190 RB 7 ϕ 1/2”. A carga máxima de ruptura a 1% de


alongamento é dada por 149,10 kN (NBR 7483).

Considerando o coeficiente de minoração da resistência da cordoalha de 0,82, têm-se


a carga resistente por cordoalha:

Nc = 0,82 × 149,10 = 120 kN / cordoalha (força de protensão admitida depois de todas


as perdas)

Nº de cordoalhas = 5512 / 120 = 45,9 → 49 cordoalhas

Adotados 7 cabos CP 190 RB 7 ϕ 1/2” (49 cordoalhas ϕ 1/2”).


2.4 Estudo da peça à flexão

Considerando a simetria da viga, basta analisar as seguintes seções:

Esforços do momento fletor para cada seção:

Seção S0 S1 S2 S3 S4 S5

Posição (m) 0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0

PP viga (kN.m) 0 615,2 1093,7 1435,5 1640,5 1708,9

Permanente (kN.m) 0 324,0 576,0 756,0 864,0 900,0

Acidental (kN.m) 0 810,0 1440,0 1890,0 2160,0 2250,0

Envoltória (kN.m) 0 1749,2 3109,7 4081,5 4664,5 4858,9

A partir dos momentos atuantes em cada seção, é possível obter também as tensões
atuantes nas fibras inferiores e superiores:

σi,s = M/Wi,s

0 1 2 3 4 5
Seção
σi σs σi σs σi σs σi σs σi σs σi σs
PP viga (MPa) 0 0 3,2 2,9 5,8 5,2 7,6 6,8 8,6 7,8 9,0 8,1

Permanente (MPa) 0 0 1,7 1,5 3,0 2,7 4,0 3,6 4,5 4,1 4,7 4,3

Acidental (MPa) 0 0 4,3 3,9 7,6 6,9 9,9 9,0 11,4 10,3 11,8 10,7

Envoltória (MPa) 0 0 9,2 8,3 16,4 14,8 21,5 19,4 24,6 22,2 25,6 23,1
Esforços cortantes para cada seção:

Seção S0 S1 S2 S3 S4 S5

Posição (m) 0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0

PP viga (kN) 227,8 182,3 136,7 91,1 45,6 0,0

Permanente (kN) 120,0 96,0 72,0 48,0 24,0 0,0

Acidental (kN) 300,0 240,0 180,0 120,0 60,0 0,0

Envoltória (kN) 647,8 518,3 388,7 259,1 129,6 0,0

3. Estudo das perdas

Ao ser solicitada, a peça de concreto protendido encurta imediatamente, e o aço de


protensão acompanhará este encurtamento e perderá força ao longo do tempo. As
tensões nas seções devem ser verificadas tanto no momento inicial (t=0) com as
perdas imediatas, como para o menor valor da força de protensão (t=∞) com as
perdas diferidas.

- Perdas imediatas: atrito, cravação e deformação imediata


- Perdas diferidas: fluência, retração e relaxação

A consideração das perdas pode ser decisiva para que os limites admissíveis das
tensões de tração e compressão nas bordas das seções sejam respeitados.

3.1 Cabo equivalente representativo

Para a quantificação das perdas de tensão é considerado um cabo único


representativo dos demais, o cabo resultante. Este cabo único é traçado com a média
das excentricidades dos cabos originais em cada seção. A fins de simplificação,
consideremos o cabo equivalente a seguir:
3.2 Perdas imediatas

3.2.1 Perdas por atrito

A perda por atrito em elementos estruturais com pós-tração pode ser considerada
através da expressão que se segue:

σx = σ0 × e^[-𝝻(∑𝛂+𝛃L)] (item 9.6.3.3.2.2 NBR 6118)

Onde:
- σx é o valor da tensão em cada seção após atuação da perda por atrito
- σ0 é a tensão máximo aplicada pelo macaco à armadura
- L é a distância da seção de cálculo a seção inicial (m)
- ∑𝛂 é a soma absoluta dos ângulos de desvios dos cabos nas seções em relação
a S0 (rad)
- 𝝻 é o coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha (1/rad)
- 𝝻 = 0,2 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica
- 𝛃 é a ondulação média por metro. Valor variável entre 0,015 e 0,006 rad/m

Os ângulos de inclinação do cabo equivalente nas seções podem ser calculados pela
expressão:

𝑡𝑔(𝛼n) = (en+1 - en) / l

S0 → 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[(72−59)/300] = 2,5 → ∑𝛼0 = 𝛼0 - 𝛼0 = 0°


S1 → 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[(86−72)/300] = 2,7 → ∑𝛼1 = 𝛼0 - 𝛼1 = -0,2°
S2 → 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[(98−86)/300] = 2,3 → ∑𝛼2 = 𝛼0 - 𝛼2 = 0,2°
S3 → 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[(110−98)/300] = 2,3 → ∑𝛼3 = 𝛼0 - 𝛼3 = 0,2°
S4 → 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[(115−110)/300] = 0,9 → ∑𝛼4 = 𝛼0 - 𝛼4 = 1,6°
S5 → 𝛼 = 0,0 → ∑𝛼5 = 𝛼0 - 𝛼5 = 2,5°
Adotando 𝝻 = 0,25 e 𝛃 = 0,011 rad/m, e considerando a tensão constante inicial de
protensão pelo macaco (dado do fabricante do mesmo) σ0 = 1475 MPa, temos:

→ σ0 < 0,75 × fptk × 1,1 = 0,75 × 1900* × 1,1 = 1567,5 → atende (*cordoalha CP 190 RB)

→ σn = 1475 × e^[-0,25(∑𝛂n+0,011Ln)], para a seção “n” genérica

Logo, aplicando a fórmula acima, as tensões em cada seção passam a ser:

S0 → σ0 = 1475 MPa
S1 → σ1 = 1464,2 MPa
S2 → σ2 = 1449,6 MPa
S3 → σ3 = 1437,7 MPa
S4 → σ4 = 1417,2 MPa
S5 → σ5 = 1400,0 MPa

3.2.2 Perdas por cravação

Devido à acomodação das peças de ancoragem (cunhas) no momento da liberação


dos cabos dos macacos, ocorrem deslocamentos na peça que originam as perdas por
cravação. Estas devem ser determinadas experimentalmente ou adotados os valores
indicados pelos fabricantes de dispositivos de ancoragem.

As perdas por cravação podem ser quantificadas igualando-se a energia de retorno


das cordoalhas até serem bloqueadas pelas cunhas (EA 𝛿) com a energia de atrito
atuante em sentido contrário no interior do cabo, devido à acomodação.

U = EA 𝛿 / 2 , onde:

- EA é o módulo de elasticidade do cabo (200 GPa)


- 𝛿 é o retorno do cabo (5 mm, neste caso)

U = 200(10⁶) × 5(10⁻³) / 2 = 500000 kN/m

Na viga em questão, temos o seguinte gráfico para a perda de tensão por unidade de
comprimento, devida ao atrito:
Calculando as áreas acumuladas para cada trecho, obtém-se o valor da perda de
energia por unidade de comprimento (Δn):

Δn = Δn-1 + [(2n+1)Lx][σxn - σxn+1]/2

S0 - S1 → Δ0 = [(2*0+1)*3][1475 - 1464,2]/2 = 16,2 MN / m

S1 - S2 → Δ1 = Δ0 + [(2*1+1)*3][1464,2 - 1449,6]/2 = 147,6 MN / m

S2 - S3 → Δ2 = Δ1 + [(2*2+1)*3][1449,6 - 1437,7]/2 = 236,8 MN / m

S3 - S4 → Δ3 = Δ2 + [(2*3+1)*3][1437,7 - 1417,2]/2 = 452,0 MN / m

S4 - S5 → Δ4 = Δ3 + [(2*4+1)*3][1417,2 - 1400,0]/2 = 684,2 MN / m

Para igualar a energia de retorno com a energia de atrito, faz-se um eixo de simetria
passando pela seguinte ordenada:

σ = σx5 - Δ = 1400 - 12,3 = 1387,7 MPa


→ Δ = (U - Δ4) / 5Lx = (500 - 684,2)/15 = - 12,3 MPa

A tensão após perdas por cravação é dada então por:

σn = σ - (σxn - σ)

S0 → σ0 = 1387,7 - (1475 - 1387,7) = 1300,4 MPa


S1 → σ1 = 1387,7 - (1464,2 - 1387,7) = 1311,2 MPa
S2 → σ2 = 1387,7 - (1449,6 - 1387,7) = 1325,8 MPa
S3 → σ3 = 1387,7 - (1437,7 - 1387,7) = 1337,7 MPa
S4 → σ4 = 1387,7 - (1417,2 - 1387,7) = 1358,2 MPa
S5 → σ5 = 1387,7 - (1400,0 - 1387,7) = 1375,4 MPa

Através do gráfico abaixo é possível visualizar melhor o raciocínio utilizado:


3.2.3 Perdas por deformação imediata do concreto

Ao receber a força de protensão, a viga de concreto sofre uma deformação elástica


imediata, encurtando-se. Concomitantemente ocorre um encurtamento na armadura
de protensão, devido à aderência desta ao concreto.
Para calcular as perdas de protensão, iguala-se o encurtamento do concreto ao do
aço em cada seção, apenas levando-se em conta que cada cabo protendido influencia
apenas os que já estão protendidos. Logo:

Δσan = εc × Ea × (n-1)/2n , onde:

- εc = σc/Ec (encurtamento do concreto)


- Ea : módulo de elasticidade do cabo (200GPa)
- n: número de cabos

O cálculo de εc é feito no centro de gravidade do cabo equivalente, considerando-se


os carregamentos de peso próprio e protensão. Para tanto, será necessário calcular o
valor da força de protensão em cada seção, já consideradas as perdas anteriores.

Nn = σn × n × Aa
→ Aa = 0,8 × 7 × 𝝅(1,27)²/4 = 7 cm² (área da seção transversal de cada cabo; o valor
0,8 refere-se à redução de área devido ao formato irregular)

Os momentos fletores seccionais devido à carga de peso próprio, as excentricidades


médias seccionais do cabo equivalente e as propriedades geométricas da seção
transversal são mostrados novamente abaixo, para prosseguimento dos cálculos.

Seção S0 S1 S2 S3 S4 S5

Posição (m) 0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0

PP viga (kN.m) 0 615,2 1093,7 1435,5 1640,5 1708,9

Excentricidade
59 72 86 98 110 115
média (cm)

- Área: A = 0,61 m² - I = 0,12 m⁴


- yi = 0,66 m - Wi = 0,19 m³
- ys = 0,59 m - Ws = 0,21 m³

Considerando o fck aos 10 dias (1ª protensão), temos, para o módulo de elasticidade
do concreto:

→ fck,10 = fck,10 × e ^ {0,25 × [1-√(28/10)]} = 35 × 0,84 ≅ 30 MPa (cimento CPII)


→ Ec = 5600√fck,10 = 30973 MPa
Seção 0:

→ N0 = σ0 × n × Aa = 1300,4 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,37 MN = 6372 kN


→ e0 = emed0 - ys = 59 - 59 = 0
→ Mpp,0 = 0 kN.m
→ σc = N0/A + Mpp,0 × e0 / I = 6372/0,61 + 0 × 0 / 0,12 = 10445 kPa = 10,4 MPa
→ εc = σc/Ec = 10,4 / 30973 = 3,37(10⁻⁴)
→ Δσa0 = εc × Ea × (n-1)/2n = 3,37(10⁻⁴) × 200000 × (7-1)/14 = 28,9 MPa
→ σa0 = σ0 - Δσa0 = 1300,4 - 28,9 = 1271,5 MPa

Seção 1:

→ N1 = σ1 × n × Aa = 1311,2 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,42 MN = 6425 kN


→ e0 = emed0 - ys = 72 - 59 = 13 cm
→ Mpp,0 = 615,2 kN.m
→ σc = N0/A + Mpp,0 × e0 / I = 6425/0,61 + 615,2 × 0,13 / 0,12 = 11199 kPa = 11,2 MPa
→ εc = σc/Ec = 11,2 / 30973 = 3,62(10⁻⁴)
→ Δσa0 = εc × Ea × (n-1)/2n = 3,62(10⁻⁴) × 200000 × (7-1)/14 = 31,0 MPa
→ σa0 = σ0 - Δσa0 = 1311,2 - 31,0 = 1280,2 MPa

Seção 2:

→ N2 = σ2 × n × Aa = 1325,8 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,50 MN = 6496 kN


→ e0 = emed0 - ys = 86 - 59 = 27 cm
→ Mpp,0 = 1093,7 kN.m
→ σc = N0/A + Mpp,0 × e0 / I = 6496/0,61 + 1093,7 × 0,27 / 0,12 = 13110 kPa = 13,1 MPa
→ εc = σc/Ec = 13,1 / 30973 = 4,23(10⁻⁴)
→ Δσa0 = εc × Ea × (n-1)/2n = 4,23(10⁻⁴) × 200000 × (7-1)/14 = 36,2 MPa
→ σa0 = σ0 - Δσa0 = 1325,8 - 36,2 = 1289,6 MPa

Seção 3:

→ N3 = σ3 × n × Aa = 1337,7 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,55 MN = 6555 kN


→ e0 = emed0 - ys = 98 - 59 = 39 cm
→ Mpp,0 = 1435,5 kN.m
→ σc = N0/A + Mpp,0 × e0 / I = 6555/0,61 + 1435,5 × 0,39 / 0,12 = 15411 kPa = 15,4 MPa
→ εc = σc/Ec = 15,4 / 30973 = 4,98(10⁻⁴)
→ Δσa0 = εc × Ea × (n-1)/2n = 4,98(10⁻⁴) × 200000 × (7-1)/14 = 32,6 MPa
→ σa0 = σ0 - Δσa0 = 1337,7 - 42,6 = 1295,1 MPa
Seção 4:

→ N4 = σ4 × n × Aa = 1358,2 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,65 MN = 6655 kN


→ e0 = emed0 - ys = 110 - 59 = 51 cm
→ Mpp,0 = 1640,5 kN.m
→ σc = N0/A + Mpp,0 × e0 / I = 6655/0,61 + 1640,5 × 0,51 / 0,12 = 17882 kPa = 17,9 MPa
→ εc = σc/Ec = 17,9 / 30973 = 5,77(10⁻⁴)
→ Δσa0 = εc × Ea × (n-1)/2n = 5,77(10⁻⁴) × 200000 × (7-1)/14 = 37,8 MPa
→ σa0 = σ0 - Δσa0 = 1358,2 - 37,8 = 1320,4 MPa

Seção 5:

→ N5 = σ5 × n × Aa = 1375,4 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,74 MN = 6739 kN


→ e0 = emed0 - ys = 115 - 59 = 56 cm
→ Mpp,0 = 1708,9 kN.m
→ σc = N0/A + Mpp,0 × e0 / I = 6739/0,61 + 1708,9 × 0,51 / 0,12 = 18310 kPa = 18,3 MPa
→ εc = σc/Ec = 18,3 / 30973 = 5,92(10⁻⁴)
→ Δσa0 = εc × Ea × (n-1)/2n = 5,92(10⁻⁴) × 200000 × (7-1)/14 = 38,7 MPa
→ σa0 = σ0 - Δσa0 = 1375,4 - 38,7 = 1336,7 MPa

3.3 Perdas diferidas

3.3.1 Perda por fluência do concreto

A tensão na armadura de protensão cai linearmente durante o período no qual a


fluência ocorre. A deformação devido à fluência é dada por:

σ𝑐
ε𝑓 = 𝐸𝑐28
φ(𝑡∞, 𝑡𝑜)

Onde:

- σc é a tensão na seção, na fibra do CG do cabo médio


- Ec28 é o módulo de elasticidade na idade de 28 dias (5600√fck)
- φ (t∞,t0) é o coeficiente de fluência do concreto

O coeficiente de fluência pode ser obtido através da tabela 8.2 da NBR 6118, como
função da umidade ambiente e da espessura fictícia da viga (2A/u), onde A é a área da
seção transversal e u, o perímetro.

→ Umidade ambiente: 75% (dado do problema)


→ Espessura fictícia: 2A/u = 2 × 0,61 / 5,48 = 0,22 m = 22,26 cm

A partir da tabela 8.2, para t = 30 dias:


→ φ (t∞,t0) = 2,2
→ εcs = -0,00033 (deformação específica de retração)

As perdas de tensão por fluência são calculadas a seguir, considerando a força e


tensão aplicadas pelo cabo equivalente na seção “n”, já considerando as perdas
imediatas:

Força de protensão: Nn = σan × 7 × Aa


- σan: tensão dos cabos
- Aa: área dos cabos

Seção 0:

→ N0 = σ0 × n × Aa = 1271,5 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,23 MN = 6230 kN


→ σc = N0/A = 6230/0,61 = 10214 kPa = 10,2 MPa
→ εc = σc × φ (t∞,t0)/Ec = 10,4 ×2,2 / 30973 = 7,25(10⁻⁴)
→ Δσb0 = εc × Ea = 7,25(10⁻⁴) × 200000 = 145,1 MPa
→ σb0 = σ0 - Δσb0 = 1271,5 - 145,1 = 1126,4 MPa

Seção 1:

→ N1 = σ1 × n × Aa = 1280,2 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,27 MN = 6273 kN


→ σc = N0/A = 6273/0,61 = 10284 kPa = 10,3 MPa
→ εc = σc × φ (t∞,t0)/Ec = 10,3 ×2,2 / 30973 = 7,3(10⁻⁴)
→ Δσb0 = εc × Ea = 7,3(10⁻⁴) × 200000 = 146,1 MPa
→ σb0 = σ0 - Δσb0 = 1280,3 - 146,1 = 1134,1 MPa

Seção 2:

→ N2 = σ2 × n × Aa = 1289,6 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,32 MN = 6319 kN


→ σc = N0/A = 6319/0,61 = 10359 kPa = 10,4 MPa
→ εc = σc × φ (t∞,t0)/Ec = 10,4 / 30973 = 7,36(10⁻⁴)
→ Δσb0 = εc × Ea = 7,36(10⁻⁴) × 200000 = 147,2 MPa
→ σb0 = σ0 - Δσb0 = 1289,6 - 147,2 = 1142,4 MPa

Seção 3:

→ N3 = σ3 × n × Aa = 1295,1 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,35 MN = 6346 kN


→ σc = N0/A = 6346/0,61 = 10403 kPa = 10,4 MPa
→ εc = σc × φ (t∞,t0)/Ec = 15,4 ×2,2 / 30973 = 7,39(10⁻⁴)
→ Δσb0 = εc × Ea = 7,39(10⁻⁴) × 200000 = 147,8 MPa
→ σb0 = σ0 - Δσb0 = 1295,1 - 147,8 = 1147,3 MPa

Seção 4:

→ N4 = σ4 × n × Aa = 1320,4 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,47 MN = 6470 kN


→ σc = N0/A = 6470/0,61 = 10606 kPa = 10,6 MPa
→ εc = σc × φ (t∞,t0)/Ec = 10,6 ×2,2 / 30973 = 7,53(10⁻⁴)
→ Δσb0 = εc × Ea = 7,53(10⁻⁴) × 200000 = 150,7 MPa
→ σb0 = σ0 - Δσb0 = 1320,4 - 150,7 = 1169,7 MPa

Seção 5:

→ N5 = σ5 × n × Aa = 1336,7 × 7 × 7(10⁻⁴) = 6,55 MN = 6550 kN


→ σc = N0/A = 6550/0,61 = 10737 kPa = 10,7 MPa
→ εc = σc × φ (t∞,t0)/Ec = 10,7 ×2,2 / 30973 = 7,63(10⁻⁴)
→ Δσb0 = εc × Ea = 7,63(10⁻⁴) × 200000 = 152,5 MPa
→ σb0 = σ0 - Δσb0 = 1336,7 - 152,5 = 1184,2 MPa

3.3.2 Perda por retração do concreto

Como encontrado no item anterior, a deformação específica de retração pode


ser considerada igual a εcs = −0,33‰ = -0,00033.

→ Δσc0 = εcs × Ea = 3,3(10⁻⁴) × 200000 = 66 MPa

Portanto, temos que as tensões após as perdas por retração:

Seção 0:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1126,4 - 66 = 1060,4 MPa

Seção 1:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1134,1 - 66 = 1068,1 MPa

Seção 2:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1142,4 - 66 = 1076,4 MPa


Seção 3:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1147,3 - 66 = 1081,3 MPa

Seção 4:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1169,7 - 66 = 1103,7 MPa

Seção 5:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1184,2 - 66 = 1118,2 MPa

3.3.3 Perda por relaxação do aço

A relaxação do aço é o fenômeno no qual ocorre o alívio de tensão ao longo do


tempo na armadura de protensão, tracionada e mantida com o comprimento
constante. No item 8.4.8 da NBR 6118:2014, apresenta-se uma tabela com os valores
médios de relaxação, medidos após 1000 horas a 20ºC.
Rodrigues (2008) e Duarte (1995) recomendam que, de forma prática e
conservadora, admita-se uma queda de tensão da ordem de 60 MPa para os aços de
baixa relaxação (RB). Portanto, temos que as tensões após as perdas por retração:

Seção 0:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1060,4 - 60 = 1000,4 MPa

Seção 1:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1068,1 - 60 = 1008,1 MPa

Seção 2:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1076,4 - 60 = 1016,4 MPa


Seção 3:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1081,3 - 60 = 1021,3 MPa

Seção 4:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1103,7 - 60 = 1043,7 MPa

Seção 5:

→ σc0 = σ0 - Δσb0 = 1118,2 - 60 = 1058,2 MPa


4. Quadro final de tensões

Tensões após: Seção 0 Seção 1 Seção 2 Seção 3 Seção 4 Seção 5

Perda por atrito 1475 1464,2 1449,6 1437,7 1417,2 1400,0

Perda por 1300,4 1311,2 1325,8 1337,7 1358,2 1375,4


cravação

Perda por 1271,5 1280,2 1289,6 1295,1 1320,4 1336,7


deformação
imediata

Perdas imediatas 203,5 194,8 185,4 179,9 154,6 138,3


totais

Perda por 1126,4 1134,1 1142,4 1147,3 1169,7 1184,2


fluência

Perdas por 1060,4 1068,1 1076,4 1081,3 1103,7 1118,2


retração

Perdas por 1000,4 1008,1 1016,4 1021,3 1043,7 1058,2


relaxação

Perdas lentas 271,1 272,1 273,2 273,8 276,7 278,5


totais

Multiplicando-se as tensões após as perdas em cada seção pela área total dos cabos
(7.7 = 49 cm²), têm-se os valores das forças de protensão reais atuantes.

Seção 0 Seção 1 Seção 2 Seção 3 Seção 4 Seção 5

N(kN) 6230,4 6273 6319 6346 6470 6549,8


Após perdas imediatas

∆N(kN) 1328,4 1333,2 1338,5 1341,6 1355,7 1364,8


Perdas lentas

Em posse dos valores das forças de protensão atuantes e das perdas lentas em cada
seção, é possível calcular as tensões nos bordos superior e inferior, a partir das
fórmulas a seguir:
→ Tensão de protensão nas faces inferior e superior após as perdas imediatas:

σi = -N/A - Ne/Wi σs = -N/A + Ne/Ws

→ Tensões advindas perdas lentas nas faces inferior e superior:

Δσi = +ΔN/A + ΔNe/Wi Δσs = +ΔN/A - ΔNe/Ws

Com isso, chega-se enfim ao quadro final de tensões abaixo:

Protensão
Peso Peso Perdas
Seção Tensão (Mpa) pós perdas Acidental
próprio permanente diferidas
imediatas

- 0 -10,2 0,0 2,2 0


σi
∑ - -10,2 -10,2 -8,0 -8,0
0 S0
- 0 -10,2 0,0 2,2 0
σs
∑ -10,2 -10,2 -8,0 -8,0

- 3,2 -14,6 1,7 -1,3 4,3


σi
∑ - -11,4 -9,7 -10,9 -6,6
1 S1
- -2,9 -6,4 -1,5 1,4 -3,9
σs
∑ -9,3 -10,8 -9,4 -13,3

- 5,8 -19,3 3,0 -0,3 7,6


σi
∑ - -13,5 -10,5 -10,8 -3,2
2 S2
- -5,2 -2,2 -2,7 0,5 -6,9
σs
∑ - -7,4 -10,1 -9,7 -16,6

- 7,6 -23,4 4,0 0,6 9,9


σi
∑ - -15,8 -11,8 -11,3 -1,4
3 S3
- -6,8 1,4 -3,6 -0,3 -9
σs
∑ - -5,4 -9,0 -9,3 -18,3

- 8,6 -28,0 4,5 1,4 11,4


σi
∑ - -19,4 -14,9 -13,5 -2,1
4 S4
- -7,8 5,1 -4,1 -1,1 -10,3
σs
∑ - -2,7 -6,8 -7,9 -18,2

- 9 -30,0 4,7 1,8 1,8


σi
∑ - -21,0 -16,3 -14,6 -12,8
5 S5
- -8,1 6,7 -4,3 -1,4 -10,7
σs
∑ - -1,4 -5,7 -7,1 -17,8

∑: valor acumulado de tensão após cada etapa


Em laranja, a tensão de compressão crítica no bordo inferior da viga, e em amarelo, no
bordo superior. Tais valores devem atender aos requisitos abaixo:

→ Tensão de compressão máxima no bordo inferior: ⅔ fck = 23 > 21 MPa (atendido)

→ Tensão de compressão máxima no bordo superior: ½ fck = 17,5 < 18,3 MPa (não
atendido)

Para atender ao último requisito, basta aumentar o fck em pelo menos 1,6 MPa.

5. Verificação à ruptura

→ Momento último = 1,4 × 4858,9 N = 6802,5 kN (Seção S6 - item 2.4)

→ Verificação do concreto: Kmd = Md/(bd²fcd) = 6802,5/(1,1×1,15²×35000/1,4) = 0,18

Como este valor está abaixo de 0,26 (limite do início das vigas super armadas),
conclui-se que o concreto não rompeu.

Na viga em questão:

hf = 22,5 cm
a = 110 cm
b = 15 cm

Nca = 0,85 × 3500/1,4 × 0,225 × 0,95 = 454,2 ton

Mca = 454,2 × (1,15 - 0,085) = 483,7 mt

Mcb = 608,2 - 483,7 = 124,5 mt

→ Verificação de Mcb para a alma:

Kmd = 124,5/(0,15×1,15²×3500/1,4) = 0,25 < 0,26 OK

→ kx = 0,4 → x = 0,4 × 1,15 = 0,46


→ kx = 0,833 → z = 0,833 × 1,15 = 0,96
Tendo feito a verificação do concreto, parte-se para o cálculo da armação de aço
doce:

→ Armação necessária total: (Nca + Mcb/z)/fs

onde fs é a tensão no aço de protensão no instante da ruptura, que possui duas


parcelas advindas da deformação ocorrida:

→ Pré-alongamento: 1058,2 / 200000 = 5,3 × 10⁻³

→ Deformação no aço (ELU): 5,2 × 10⁻³ (tabela de flexão)

Logo a deformação do aço de protensão totaliza 10,5 × 10⁻³, fornecendo, a partir da


curva tensão x deformação, um fs de 12,6 t/cm². Logo a armadura passiva é calculada
a seguir:

→ (Nca + Mcb/z)/fs = (454,2 + 124,5/0,96)/12,6 = 46,3 cm² < 49 cm² existente

Logo, não é necessário aço doce complementar.

6. Diminuição da força cortante para cálculo de estribos

Para obter o componente vertical da força de protensão que atua no sentido contrário
à força cortante na seção do apoio (S0), onde dá-se o cortante máximo, deve-se
primeiro obter o ângulo médio que os cabos fazem com a vertical:

→ 𝛼0 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[(72−59)/300] = 2,5º (a partir do cabo médio)

→ N0 = 6230,4 - 1328,4 = 4902 kN

→ N0sen(𝛼0) = 213,8 kN

O esforço cortante em S0 é dado por 647,8 kN (item 2.4 deste trabalho). Logo, o
esforço cortante para cálculo da armação de estribos é dado por:

→ V = 647,8 - 213,8 = 434 kN (33% de redução)

O cálculo da armadura de estribos é idêntica ao caso de uma viga de concreto


armado.
7. Bibliografia

ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto. 2014.

ABNT NBR 7187:2003 – Projeto de pontes de concreto armado e concreto protendido.


2003.

DUARTE, Evandro – Cálculo Completo de uma viga isostática protendida – Apostila,


1995.

RODRIGUES, Glauco – Concreto Protendido – Apostila, 2008.

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