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A força de pré-esforço não é, em geral, constante varia ao longo da peça, varia com o
tempo, e é muitas vezes aplicada em várias fases;
P∞ = 0, 90 ÷ 0,80 P0
P∞ ≅0,85 P0
σ' p ≤0 , 75 f puk
0
com,
Seja a viga de secção rectangular da Fig. 2.1, pré-esforçada por um cabo cêntrico:
2.2
Fig. 2.1 - Viga pré-esforçada - cabo centrado.
Condições:
f cd = 20 MPa ( B 35 )
A - CABO CÊNTRICO
a peça poderá ser utilizada, nas condições previstas, até um momento máximo M1, tal que:
M1
σcs − σcG = 20 − 10 = 10 =
Wc
ou
6 M1
10 =
bh2
2.3
B - CABO EXCÊNTRICO
M2
20 =
Wc
M2 = 2 × M1
M3 = M 2 − M g
2.4
Mg
e0 =
P
Deste modo todo o momento M2 = 20 ⋅Wc fica totalmente disponível para as acções a
aplicar, excluíndo o peso próprio.
deverá deixar uma espessura de recobrimento suficiente sobre o cabo (Art. 78º do REBAP).
Betão Armado
2.5
Betão Pré-esforçado
- da força de pré-esforço, P0 ou P;
.1 PRÉ-ESFORÇO INICIAL, P0
2.6
Na fibra superior
P0 P0eCs P Pe
σpo ,s = − + =− 0+ 0 (1.a)
A I A Ws
Na fibra inferior
P0 P0eCi P Pe
σpo ,i = − − =− 0− 0 (1.b)
A I A Wi
.2 ACTUAÇÃO DO MOMENTO, Mg
M g Cs
σg ,s = σpo ,s −
I
(2)
M g Ci
σg ,i = σpo ,i +
I
As tensões nas fibras extremas com P e Mg actuando passam a ser dados por:
P PeCs M gCs
σg ,s = − + −
A I I
(3)
P PeCi M gCi
σg ,i = − − +
A I I
2.7
.3 ACTUAÇÃO DO MOMENTO, Mq
Quando actuam a totalidade das cargas de serviço (peso próprio, outras acções
permanentes, mais sobrecarga de utilização) as tensões nas fibras extremas são dadas por:
M qCs
σq ,s = σg ,s −
I
(4)
M qCi
σq ,i = σg ,i +
I
Pré-esforço P
NOTA: É em geral aceitável admitir, para efeitos de análise que a totalidade das perdas
diferidas ocurreu antes da aplicação das cargas de serviço, já que as tensões no betão
para as cargas de serviço são críticas após todas as perdas e não antes.
Para dimensionar uma viga com base em tensões admissíveis é necessário que as
tensões nas fibras extremas se mantenham dentro dos limites especificados (REBAP) para as
combinações em causa.
Importa analisar, segundo o REBAP, pelo menos as duas seguintes situações com
referência às secções críticas:
2.8
Fig. 2.5 - Tensões extremas na secção mais desfavorável.
Os valores limites a impor para as tensões estão definidos nos Art.s 67 a 71º do
REBAP - verificação da segurança em relação aos E.L. de fendilhação.
O Estado Limite de Descompressão exige que não se verifiquem tracções nas fibras
(extremas) mais próximas (e que envolvam) a armadura de pré-esforço.
f t0 , f t = 0
f ctk - tensão característica de rotura do betão à tracção simples (Art. 16º REBAP);
f ctm - valor médio da tensão de rotura do betão à tracção (Art. 16º REBAP).
2.9
As combinações de acções a considerar na verificação dos estados limites de utilização
estão especificadas no Quadro 2.
Frequentes
Gm + P + ψ 1 Q1k + ∑ (ψ
i >1
2i Qik )
Quase permanentes
Gm + P + ∑ (ψ
i ≥1
2i Qik )
em que:
f c0 , f c ≤ f cd
f c0 ≤1. 0 f ck , j / 1.5 t0 ≡ t j
2.10
f ck , j - valor característico da tensão de rotura à compressão de provetes cilíndricos à idade de j
dias (ver Art. 15º do REBAP).
Por outro lado verifica-se que a fluência do betão pode exceder o valor previsto pelos
métodos simplificados adoptados na regulamentação, se a tensão no betão sob as acções
quase-permanentes for superior a 0.45 fck .
2.11
No caso de pré-esforço por ancoragem (pós-tensão) as baínhas são em geral injectadas
após o tensionamento ficando os cabos aderentes às baínhas e ao betão.
Se for conveniente maior rigor na análise, as tensões devem ser obtidas considerando:
Es
α=
Ec
α = 6 - restantes situações
Este tratamento deve ser considerado apenas para a armadura aderente (passiva ou
activa) não sendo de tomar em conta no caso de cabos não aderentes.
EXEMPLO NUMÉRICO
Verifique-se para a secção da Fig. 2.6 se as tensões em serviço estão dentro de limites
admissíveis.
Ac = 1,125m2
Ic = 0,153m2
Wcs = 0,38m3
Wci = 0,18 m3
e = 0,67m
2.12
Acção Permanente: Mg = 1.8MN.m
(mobilizável com o pré-esforço)
Resolução
* Fase inicial
I c 0.153
cs = = = 0. 40m (fibra superior)
Wcs 0. 38
I c 0.153
ci = = = 0.85m (fibra inferior)
Wci 0.18
I c 0.153
r2 = = = 0.136m2
Ac 1.125
Tensões sob P0 + Mg
P0 Pec M gc1
σc ,s = − + 0 1− =
Ac Ic Ic
4 .5 4 .5 ×0. 67 ×0. 40 1.8 ×0. 40
=− + − =
1.125 0.153 0.153
= − 4 . 0 + 7 . 9 − 4 . 7 = − 0.8 MN / m2 ( MPa )
P0 P0ec2 M gc2
σc ,i = − − + =
Ac Ic Ic
4 .5 4 .5 ×0. 67 ×0.85 1.8 ×0.85
=− − + =
1.125 0.153 0.153
= − 4 . 0 − 16. 7 + 10. 0 = − 10. 7 MN / m2 ( MPa )
2.13
Verifica-se que a secção está totalmente comprimida na fase inicial de aplicação do pré-
esforço pelo que se verifica a segurança exigida.
* Fase final
P∞ + M g + 0. 3 M q
P∞ + M g + 0.5 M q
P∞ + M g + M q
σc ,s = − 3. 4 + 6. 7 − 4 . 7 − 8. 4 = − 9 .8 MPa
2.14
A verificação da tensão máxima de compressão tem de ser efectuada em secção
fendilhada (a verificar posteriormente).
2.15
O momento resistente, Mrd , duma viga de betão pré-esforçado pode ser obtida pelos
métodos já tratados para o betão armado, tendo em atenção o diagrama do aço de pré-esforço
e a deformação inicial introduzida.
Fig. 2.8 - Variação da tensão numa armadura de pré-esforço com aplicação da carga, Q.
( )
2.16
Como foi referido, o dimensionamento do pré-esforço, P, pode ser efectuado para
cargas de serviço (com o controlo dos limites de tensões) e a verificação aos estados limites
últimos é conseguida adicionando à secção a armadura ordinária necessária - obtém-se assim
pré-esforço parcial.
f py ≡ f p 0.1k
f sy = f syk
2.17
A armadura de pré-esforço é transformada numa área ou numa percentagem
equivalente à da armadura ordinária que se pretende utilizar:
As Ap
ρs = ρp =
bd bd
f pyd
ρi = ρs + ρp ⋅ (percentagem equivalente)
f syd
f py
Ap a p + As ⋅as
f sy
a=
f
Ap py + As
f sy
d =h− a
Isto pode ser verificado obtendo das tabelas a posição do eixo neutro, x
α (tabelas) → x=α.d
e sabendo que as hipóteses de deformação das secções são idênticas às já estudadas para a
flexão composta (betão armado) com limites:
2.18
ε s ≤10%o
∆ε p ≤10%o (variação de deformação da armadura de pré-esforço)
ε ≤ 3.5%o
c
M Rd ≅ 0. 9 ds As f syd + 0. 9 d p Ap f pyd
Para secções em T o braço das forças internas pode ser estimado tomando a altura
média do banzo para localização da resultante das compressões:
hf
z=d−
2
hf hf
M Rd ≅ d −
s 2 s syd p 2
A f + d − Ap ⋅ f pyd
2.19
o
εc ≤3.5% o
εs ≤10. 0% o
∆ε p ≤10. 0% o → ε p ≅ ε0p + ∆ε p
As tensões nos materiais são obtidas a partir das deformações correspondentes, arbitrados em
i).
2.20
Desta equação obtém-se o valor de As (armadura ordinária) necessária.
Fig. 2.13 - Interpolação para obter a armadura, As, equivalente ao momento MSd.
2.21
2.4.3 - Exemplo numérico
Consideremos o exemplo já atrás referido em análise elástica não fendilhada (Fig. 2.6).
hf
zs = h − − 0.10 = 1. 25 − 0.125 − 0.10 ≅1. 05m
2
h
z p = h − f − 0. 20 ≅ 0. 95m
2
2.22
M Sd − Ap ⋅f pyd ⋅Z p
As =
f syd ⋅Zs
as ≅ 0. 09 m a p = 0.18m
1390
0. 00356 × ×0.18 + 63. 9 ×10− 4 ×0. 09
a= 435 ≅ 0.15m
1390
0. 00356 × + 0. 00639
435
M Sd 7 .5
µ= = = 2 . 48 → ρ = 0. 6224
bh 2
2.5 ×1.102
α = 0. 212 → x = 0. 212 ×1.10
= 0. 233m
2.23
Asi A500 = 171.16cm2
As = Asi − Api
1390
= 171.16 − 35. 60 ×
435 satisfeita com 12φ25 (58.90m2)
= 171.16 − 113. 76
= 57. 4cm2
2.24
Equilíbrio de translação
34 x = 4. 95 + 435 As 435 As = 34 x − 4. 95
Estamos a admitir que a armadura está no patamar de cedência, pelo que terá de
verificar-se que:
435
εs ≥ = 2. 2% o
200
3.8
− + 1390 332
∆ε p ≥ 0. 00356 = = 1. 6% o
200 200
Equilíbrio de rotação
2.25
Estabelecendo as equações de equilíbrio e de compatibilidade de deformação obtém-se
x
uma equação do 3º grau para definição da posição do Eixo Neutro: ξ =
d
e e ρ' e d '
ξ 3 − 3ξ 2 1 + + 6αρξ − + − − 1 + −
d d ρ d d
e ρ' d ' e d '
− 6αρ − + − − 1 + = 0
d ρ d d d
Es As A's
α= ρ = 100. ρ' = 100.
Ec bd bd
e/d d' / d
ξ M
σc = ⋅ s2
ξ ξ
2
d ' bd
1 − + ρ 'α 1 −
2 3 d
Cb
1− ξ α (1 − ξ ) M
σ s = α ⋅σc = 2 ⋅ s2
ξ ξ ξ d ' d ' bd
1 − + ρ '⋅α ξ − 1 −
2 3 d d
Ce
Ou simplesmente
M
σc = Cb ⋅ s2
bd
M
σs = Ce ⋅ s2
bd
2.26
Para completar a verificação de secções aos estados limites de utilização (fendilhação),
necessitamos de determinar as tensões máximas que se verificam no betão e no aço em
condições de serviço e considerando se for o caso o cálculo em secção fendilhada (betão à
tracção inactivo). A tensão máxima no betão σc , permitirá verificar os limites das tensões do
betão em compressão, e a tensão máxima na armadura, σs , permitirá a verificação ao estado
limite de largura de fendas.
Podem ser utilizados processos numéricos ou gráficos para obtenção destas grandezas.
Iremos aqui apoiarmo-nos em tabelas (Stahlton S.A.) que nos fornecem os valores de
Cb e Ce (obtidas do livro "Dimensionamento de Estruturas de Betão" de R. Walter e M.
Miehlbradt - E.P.F. Lausanne).
Passos a seguir
2) Estimar aproximadamente a posição do eixo neutro (apenas para efeito dos pontos 3) e 4)
seguintes)
2.27
3) Determinar a posição de Gst : yc ,inf . =
∑ ( A. y )
∑A
d = h − yst ,inf .
100 ⋅Ast
4) Calcular Ast = Ap + As ρ= (% )
b ⋅d
5) Excentricidades:
M + P ⋅ep
e= f e P - para todos os cabos inclusivé os que se situem na zona
P
comprimida
6) Parâmetros:
ε=e/ d
δ= h f / d
β = bw / d
Ler Cb e Ce
8) Tensões:
P ⋅e
σc = Cb ⋅ 2 ≡ σc ,máx .
bd
P ⋅e
σs = Ce ⋅ 2 ≡ σst
bd
2.28
9) Posição do eixo neutro:
σc
x= ⋅d
σst
+ σc
α
10σc
para α=10 x= ⋅d
σst + 10σc
d − x
σs ,máx = σst ⋅ s ,máx
d− x
d − x
∆σp ,máx = σst ⋅ s ,máx
d− x
P
σp ,máx = + ∆σp ,máx
Ap
NOTAS:
Es
Podemos em geral utilizar α = = 10 caso se deseje outro valor para α nas
i) Ec
αρ
tabelas tomar ρ ≡ ;
10
ε=∞ P .e ≡ M
2.29
iii) Podemos ainda estender o seu uso ao caso em que existe um esforço axial
exterior para além do pré-esforço, substituindo:
P∞ → P∞ + N g + q
M g + q + P∞ ⋅e p + N g + q ⋅( f + e p )
e=
P∞ + N g + q
2.30
M g = 1.8 MN . m
Mq = 3. 2 MN . m
M p∞ = 2. 6 MN . m
P∞ = 3.8 MN
3) Posição de Gs:
Posição de Gst:
94 .5 ×100
ρ= ≅ 0. 334%
250 ×113
5. 0 + 3.8 ×0. 06
e= = 1. 38m
3.8
6) Parâmetros
ε = 1. 38 / 1.13 = 1. 22
δ= 0. 25 / 1.13 = 0. 22
β = 0.50 / 2 .50 = 0. 20
2.31
7) Tabela da pág. 2.39 para δ
=0.20 e β=0.20
ρ = 0.334 C b ≅ 6.77
ε = 1.22 C e ≅ 88.2
3.8 ×1. 38
8) σc = 6. 77 × = 11.1 MPa < 20 MPa (verifica tensão máxima de compressão)
2.5 ×1.132
3.8 ×1. 38
σst = 88. 2 × = 144. 9 MPa
2 .5 ×1.132
10 ×11.1
9) x= ×1.13 = 0. 49m
144. 9 + 10 ×11.1
1.19 − 0. 49
10) σs ,máx = 144. 9 × = 158.5 MPa (para verificar o E.L. de largura de Fendas)
1.13 − 0. 49
1.12 − 0. 49
11) ∆σp ,máx = 144. 9 × = 142 . 6 MPa
1.13 − 0. 49
3.8
σp ,máx = + 142 . 6 = 1210 MPa
35. 6 ×10− 4
2.32
ANEXO A - TABELAS DE CÁLCULO
2.33
2.34
2.35
2.36
2.37
2.38
2.39
2.40
2.41
2.42
2.43
2.44
2.7 - DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO
2.7.1 - Introdução
VS ,red = VS − P ⋅tan α
.1 EFEITO DA COMPRESSÃO
Sendo o betão um material que resiste mal à tracção, um estado de corte puro
determina a rotura do betão por tracção diagonal. A fendilhação do betão surge quando a
tensão principal máxima atinge um valor, fct.
Fig. 2.22 - Análise das tensões principais numa viga de betão armado.
2.45
A tensão principal máxima é dada por, σ1 = τ , e a fendilhação diagonal surge quando
σ1 for igual à resistência do betão à tracção.
Compare-se esta análise com o que se observa na Fig. 2.23 para o caso de uma viga
pré-esforçada.
Fig. 2.23 - Análise das tensões principais numa viga de betão armado pré-esforçado.
σ σ2σC,G
σ1 = − C ,G + + τ2
2 4
Nas secções onde os cabos longitudinais são inclinados a força de pré-esforço cria um
esforço transverso que normalmente é favorável (opõe-se ao esforço transverso gerado pelas
cargas aplicadas), podendo ser tomado em conta no dimensionamento.
2.46
Ptan =P.y
VS − P ⋅tan α = 0
NOTAS:
2.47
Fig. 2.26 - Esforço transverso devido a um cabo interrompido.
2.48
.3 OUTROS EFEITOS
dM hiper
Vhiper =
dx
Um outro efeito a ter em conta, que não está relacionado com o pré-esforço, é o
chamado efeito de Resal que se manifesta em peças de secção variável h = h( x ) (Fig. 2.28)
M M dh
Vr = tan α =
Z Z dx
Fig. 2.28 - Peças de secção variável - contribuição do banzo comprimido na resistência ao corte.
2.49
VSd' - parcela resultante das acções exteriores aplicadas
VSd ≤VRd
1
se φcabos > bw , então tomar ,
VSd = VSd' − P tan α < τ2bwd 8
φ
bw = bw −
2
1 e 2.
M0
Vcd = τ 1bw d
1 + M
Sd
em que:
2.50
PWi
σc , P + σc , M 0 = 0 → + P ⋅e
A
A parcela excedente Vwd = VSd − Vcd será atribuída à armadura transversal dimensionada
para lhe resistir de acordo com a expressão:
Asw
VWd = 0.9d f syd (1 + cot gα )⋅sin α
s
2.51