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E Se Bolsonaro determinar amanhã a Intervenção Militar?


Quais seriam as primeiras ações, quem seria preso e quem governaria o país?
Bolsonaro finalmente resolver conversar com seus apoiadores. Nessa sexta-feira (09/12/2022) 0
presidente, em frente a sua residência oficial, reafirmou que comanda as Forças Armadas e que
acredita que são um obstáculo contra o socialismo. A impressão que ficou, para muitos apoiadores,
é de que Bolsonaro espera um dia já marcado para determinar que as Forças Armadas prendam um
ministro do STF e exijam que o TSE apresente todos os dados relacionados ao processo eleitoral.

O que acontecerá no país se de fato for implantada a intervenção militar? Leia abaixo essa análise
prospectiva.

As verdadeiras consequências de uma intervenção militar

O que deve acontecer primeiro se houver uma ação militar? É preciso ler com sangue frio, com
disposição para ao término assumir uma postura.

Vamos para uma análise prospectiva, com hipóteses, ações e prováveis reações.

Alguns alegam que logo em seguida viria caos, que surgiria uma forte guerrilha formada pela
oposição, morte de muitos brasileiros e possivelmente até o fim da federação. Outros já defendem a
tese que diz que os militares são capazes de neutralizar potenciais adversários antes que se
movam, gerir todos os sistemas para manter o país funcionando normalmente e em paz ao mesmo
tempo em que vão julgar todos os políticos corruptos, destituir o STF, aplicando então a chamada lei
marcial e tribunal militar.

Há necessidade da sociedade se preparar? O que precisa ser feito para amenizar esse
período?

A equipe conversou com alguns militares e fez um resumo detalhado, uma análise prospectiva nos
moldes do que se faz nos quartéis, do que pode acontecer no caso de as Forças Armadas
atenderem aos pleitos de parte da sociedade, aqueles que hoje estão acampados na frente dos
quartéis

Como seria uma INTERVENÇÃO MILITAR

Imaginemos uma situação hipotética, em que, pressionado pela multidão, algum poder convoque as
Forças Armadas para agir, entregando a elas o controle da nação.

Para um governo provisório formado por militares, nesse momento em especial, em que vivemos um
período de transição no Congresso Nacional, alguns opinam que seria pouco problemático depor
todos os parlamentares que se assumem como de esquerda.

A ideia inicial é de que o Congresso Nacional seja temporariamente fechado e que o Brasil seria
governado por uma junta militar, que em tese seria apolítica, sem viés de direita ou esquerda, que
decidiria, de acordo com o desenrolar dos acontecimentos, como e quando o país teria as novas
eleições.

A acusação principal contra o sistema atualmente em vigor diz que as urnas eletrônicas e o sistema
de apuração não são confiáveis. Portanto, assim que a intervenção militar ocorresse a primeira
providência seria fazer com que todo o sistema eleitoral seja reorganizado.
O tempo necessário para que isso seja feito ainda não foi possível de ser estimado.

Os funcionários do Tribunal Superior Eleitoral também estão longe de entrar no círculo de confiança
dos militares e da sociedade que hoje está nas ruas, terão que ser substituídos, possivelmente
realocados em instituições públicas completamente desligadas de questões eleitorais.

As Forças Armadas não possuem técnicos especializados em apuração de votos, organização de


uma nova eleição etc. Portanto, diante de todos esses obstáculos, teriam que decidir se as novas
eleições seriam também para o legislativo federal e estadual.

Possivelmente, por conta do trabalho intrincado para organizar eleições para o legislativo, os
deputados recém-eleitos seriam mantidos.

Mas, todos sabemos, estarão aí incluídos todos os que se assumem como de esquerda ou de centro
e – consequentemente – militares já iniciariam um governo provisório com uma combativa oposição.
Seriam mantidos? É uma das perguntas que ainda não foram respondidas.

Imagine que sejam imediatamente presos alguns dos ministros do STF, como a sociedade vai
reagir? Como a esquerda do país e das nações ao redor vai reagir?

Quanto tempo vai passar até que seja restabelecida a ordem? O país tem estrutura para resistir por
quanto tempo às sanções internacionais?

Abaixo há uma visão panorâmica, obviamente hipotética e superficial, não há como detalhar ações,
prazos, efetivos empregados etc.

Como seriam os primeiros dias após uma suposta intervenção realizada pelas Forças Armadas?
Como será a implementação de um governo provisório.

E o cidadão civil, o que ele precisa fazer, comprar armas, estocar mantimentos, colocar alarmes em
sua residência?

A Intervenção militar, ação

Após uma reunião a portas fechadas ocorrida durante toda a madrugada entre os três comandantes
militares, o chefe do Estado Maior conjunto e o Ministro da Defesa, ficaria acertado quem seria o
líder do processo. A seguir os comandantes se reuniriam com seus subordinados diretos. O Exército
reuniria o ALTO COMANDO, a Marinha o Almirantado e a Força Aérea reuniria o Alto Comando da
Aeronáutica.

Até esse momento todas as ações e informações seriam reservadas apenas aos oficiais generais no
último posto e seu círculo de confiança. Seria logo feita uma espécie de seleção e os muitos oficiais
simpáticos aos governos de esquerda imediatamente convidados a se transferir para a reserva
remunerada.

Nas reuniões seria definido quais seriam as primeiras medidas e – diante da exposição das
exaustivas análises prospectivas já existentes – se definiria como seria enfrentado o inevitável
quadro caótico em que seria atirado o país por um período de, estima-se, no mínimo dois anos, até
que fosse possível organizar as novas eleições para ingresso em um novo período democrático.

Ninguém, nenhum militar, está satisfeito em pensar sobre essa situação, todos são cidadãos
brasileiros, todos são chefes de família e – sobretudo – mais do que ninguém, os militares sabem
muito bem o poder das armas, o poder dos exércitos e as imprevisíveis reações dos insatisfeitos.
Uma ação dessa magnitude se sair do controle tem potencial para atirar não só o Brasil, mas toda a
América latina, em uma situação de convulsão social.

A história mostra que não são raros os casos de crises internas que se estenderam para outros
países. Portanto, essa preocupação passa também pela mente daqueles que tem o poder de decidir.
Uma intervenção militar no Brasil poderia de fato desestabilizar toda a América Latina, levando-se
em consideração que países periféricos já vivem em um estado de anomia social, cita-se Venezuela
e Bolívia e outros oito países com os quais o Brasil faz fronteira.

A sociedade conservadora se ofereceria para auxiliar na transição para o novo período democrático,
mas a princípio os militares não poderiam confiar em ninguém.

O primeiro dia

Provavelmente, como uma das primeiras ações, uma tropa de elite do Exército ou da Marinha
silenciosamente entraria nas residências dos líderes do Senado, Câmara e STF e os colocaria sob
custódia. Eles seriam transportados para um local afastado, um quartel ou talvez um navio, para
evitar manifestações, tentativas de resgate, contato etc.

Em poucas horas um deles proporia um acordo, em troca de salvo-conduto ou exílio viria a público
expressar a concordância com a ação das Forças Armadas, proporia uma delação premiada
gigantesca que colocaria as claras o que realmente aconteceu nos porões e salas secretas das
instituições.

Alguém avisaria a imprensa do “desaparecimento” dos líderes, diria que viu “homens de preto” entrar
nas residências oficiais e a notícia se espalharia como um rastilho de pólvora.

A grande rede entraria em convulsão.

Uma síntese das intenções das Forças Armadas já previamente articulada seria imediatamente
veiculada em rede nacional para que toda a sociedade ficasse ciente da motivação e das ações que
se seguirão.

Os primeiros países a se manifestar seriam Venezuela e Cuba, que emitiriam notas de indignação e
insistiriam para que a ONU, OEA e os Estados Unidos se posicionassem contra o novo governo
instaurado provisoriamente no Brasil.

Os americanos iriam aguardar um pouco, observar o viés do governo provisório e se poderiam tirar
alguma vantagem da situação.

No segundo dia, acordando em um novo Brasil

Haveria a princípio uma tentativa, por parte de algum parlamentar, de mobilizar a Força Nacional a
enfrentar as Forças Armadas. Contudo, a própria Força Nacional, que muitos intervencionistas
dizem que é “comunista”, hoje, além dos policiais dos estados, possui ex-militares das Forças
Armadas, seria incorporada às forças do governo provisório.

Alguns estados da federação que possuem governos de esquerda inevitavelmente acionariam


prontamente suas polícias militares e estas, colocadas de prontidão, guardariam as instituições
públicas, como palácios dos governos estaduais, prefeituras e Assembleias Legislativas.

Estados com governos mais à esquerda como Bahia e Maranhão poderiam ser um problema. Há
militares fiéis nessas corporações, sem contar que, provavelmente, os governadores fariam
promessas de recompensas ilimitadas para os líderes das corporações e com isso é – infelizmente –
quase certo de que haverá insatisfação e quebra de hierarquia em várias instituições das forças
auxiliares.

Possivelmente essa questão seria a causa imediata de vários embates. As instituições militares
estaduais são vistas como as primeiras com potencial para se desagregar.

Segunda semana

É esperado que em menos de uma semana a relação com as Forças Auxiliares do Centro-Sul do
país esteja 80% negociada e pacificada.

As polícias civis e guardas prisionais podem ser um problema a enfrentar. Mas, as lideranças seriam
rapidamente chamadas para participar da transição. A princípio os secretários de segurança dos
estados, se fiéis ao governo provisório, seriam mantidos para evitar mudanças muito bruscas na
gestão da segurança das unidades federativas.

Governo Provisório, Polícia Federal

Militares ouvidos acreditam que a polícia federal, que já trabalha em estreita ligação com as Forças
Armadas, cuidadosamente informada de tudo poucos minutos antes da primeira ação, se manteria
passiva por dois ou três dias. Após isso possivelmente se dividiria, com possibilidade de setores
instalados nos estados declararem apoio aos governos locais.

Isso poderia trazer problemas graves para a organização do governo provisório.

É tido como obvio que a maior parte do judiciário também discorde da ação das Forças Armadas.
Portanto, seria necessário grande realocação de magistrados, escolha de novos ministros e
membros de colegiados, coisa que demanda muito tempo.

A Justiça Militar da União não tem hoje capacidade e legitimidade para julgar os crimes que seriam
imputados a todos os políticos e cidadãos que tem alguma dívida legal ou que se opusessem
violentamente a ação das Forças Armadas. Portanto, medidas burocráticas-legais precisam ser
implementadas, como decretos, medidas provisórias. Evitar-se-ia usar o termo Ato Institucional.

Espera-se que outros órgãos e agências, nos níveis Federal, Estadual e Municipal, sem poder de
opinar na questão política, se façam presentes dentro da nova estrutura de emergência e atuarão
segundo os princípios previstos para as atuais operações de Garantia da Lei e Ordem.

Desta forma, será fundamental o estabelecimento de um centro de informações Interagências, que


deve ter como sede a Agência Brasileira de Inteligência.

Todos os cargos de alto escalão da ABIN, que possui centenas de agentes civis, concursados, de
vários vieses políticos, seriam preenchidos por militares dos serviços de informação das Forças
Armadas e/ou auxiliares.

Os civis seriam transferidos para funções secundárias.

Os procedimentos para interligação de todos os serviços de inteligência das forças


auxiliares/segurança pública que se mantivessem fiais ao governo implantado seriam iniciados e
colocados em prática imediatamente. As agências que não declarassem apoio seriam desligadas do
sistema.
Ainda no início da segunda semana seria implementado um CCOp (Centro de Coordenação das
Operações), este deve ser organizado como um Estado-Maior ligado aos militares, no qual serão
agregados representantes de outros órgãos de segurança aliados. Os poderes da ABIN seriam
ampliados, enfatizando-se o interesse público de sua atuação e repreendendo-se qualquer
possibilidade de participação de agentes ligados a partidos políticos.

A interação dos integrantes do CCOp se dará de acordo com os princípios norteadores de uma
operação interagências e para que não se incorra em erros ocorridos no passado, deverá
obrigatoriamente existir as seguintes seções.

Inteligência/contrainteligência – Assuntos Civis – Comunicação Social (imprensa, mídia, tv, internet,


redes sociais) – Comunicações (incluindo Guerra Eletrônica e Defesa Cibernética) – Assessoria
Jurídica e Operações Psicológicas.

Algumas das muitas ações a ser mitigadas são ligadas a sindicatos fiéis ao governo deposto, que
junto com movimentos sociais, certamente – como um de suas primeiras ações – cruzarão os braços
e paralisarão meios de transporte, refinarias e sistemas de comunicação.

A dura batalha na questão da infra-estrutura e logística deve então se iniciar na questão energética /
transportes, produção de materiais essenciais, como o oxigênio para os hospitais.

É obvio que as Forças Armadas não teriam pessoal suficiente para suprir essas lacunas nas
primeiras semanas após uma intervenção, os problemas mais difíceis se dariam na questão de
infraestrutura e certamente o caos poderia começar por aí.

Todos os sindicatos sabem que para frear completamente o país não é necessário quebrar nada,
fazer piquetes ou queimar pneus, basta que uma categoria essencial como caminhoneiros,
funcionários das hidrelétricas, eletricitários ou operadores de telecomunicações cruze os braços.

Não será tão fácil achar quem os substitua rapidamente, militares não são especialistas em todos os
assuntos e não possuem efetivo suficiente.

Logo, indicam as análises prospectivas, por ação de sindicatos ligados a esquerda – certamente
faltaria transporte público e alguns itens básicos para a sociedade. A população seria aconselhada
pelos militares a permanecer em casa na maior parte do tempo e somente membros de serviços
essenciais leais ao governo possuíram permissão para ir e vir livremente.

Funcionários de hospitais e centrais de água e esgoto seriam obrigados por decreto a permanecer
trabalhando.

O Movimento dos Sem-terra, Sem Teto, CUT e partidos radicais como o PSTU, fiéis ao governo
esquerdista, se levantarão e em alguns pontos conseguirão por em prática suas táticas de guerrilha
urbana há muito estudadas no manual de Mariguella e outros similares.

Estudantes das universidades federais filiados aos Diretórios estudantis se alinhariam aos militantes
de esquerda e marcharão nas grandes cidades, promovendo estrondoso vandalismo e quebradeira.

Enfrentamentos podem ocorrer e dezenas ou centenas de jovens podem morrer e/ou se ferir.

Perto dos grandes centros as redes de distribuição seriam assumidas por militares, que com o
tempo alinhariam os sistemas, conseguindo mantê-los funcionando com alguma eficácia, mas
cogita-se que seria impossível manter um sistema funcionando a contento em nível nacional.
Acredita-se que nas áreas rurais usinas hidrelétricas e redes de energia seriam sabotadas com o
objetivo de causar insatisfação, desestabilizando o governo provisório.

O caos estaria ainda no início

Na medida em que fossem coletados dados, o procedimento de informar a sociedade dos fatos seria
feito diariamente em todos os grandes veículos de comunicação de massa.

Medidas rígidas e impopulares seriam impostas, como restrição do uso da internet, censura e
fechamento de emissoras de rádio e TV.

O objetivo é evitar a organização da oposição.

Logo alguns militantes seriam presos preventivamente e interrogados. As acusações de


“desaparecimentos” e “tortura” voltariam e seriam usadas para desacreditar a operação em
andamento.

A oposição então usaria artifícios como rádios pirata e impressões clandestinas, e em declarações
emocionadas e nostálgicas, evocando os anos 70, diria ao povo que os militares “deram o golpe”
novamente, que “fizeram o mesmo que em 1964”.

Convocariam a sociedade para “fazer parte da história” e ir à luta pela “liberdade e democracia”.

Os líderes dos movimentos apelariam para a emotividade, alistariam os jovens das universidades,
que estavam até então em combates desorganizados. Facilmente manipulados e com um
sentimento de que são uma espécie de resistência democrática, similar ao que a esquerda diz que
foi no passado, estes cantariam “hinos” como: “Caminhando contra o vento…” e ‘Bem vamos
embora que esperar não é saber…”.

Assim estaria se criando um exército de esquerda, talvez financiado por Maduro ou Evo Morales

Seria como um replay dos anos 60/70

É possível que, por conta do caos generalizado, início da carência de itens básicos, falta de
informações e intensa propaganda ideológica, parte da população, depois de uma ou duas semanas,
demonstre de forma ostensiva grande insatisfação contra os militares e se some àqueles que se
posicionam contra a ação das Forças Armadas, engordando mais ainda as manifestações em
oposição nos grandes centros urbanos.

As forças armadas reprimiriam as primeiras manifestações da maneira menos violenta possível. Há


sempre o risco de enfrentamento contra policiais avulsos e agentes de segurança ainda fiéis aos
governos em meio aos insatisfeitos que estarão no meio do povo.

Infelizmente poderia ocorrer violência, mais feridos e mortos de ambos os lados.

A princípio os militares não acionariam reservistas, eles seriam um grande risco dentro da caserna,
haja vista que uma parcela significativa da juventude brasileira – por meio de um processo lento e
contínuo – se tornou insubmissa e avessa a tudo que se baseie em hierarquia e disciplina.

Não haveria tempo para adestramentos, treinamentos e seleções.

Muitos jovens de hoje enxergam desertores e terroristas do passado, que lutaram contra seu próprio
país, como figuras em quem se espelhar. Por conta disso é muito mais seguro que, em um primeiro
momento, o reforço no efetivo seja feito por militares profissionais transferidos para a reserva nos
últimos 10 anos, que retornariam para o serviço ativo, a princípio ocupando funções burocráticas
enquanto a tropa mais jovem seria deslocada para ações de cunho operacional.

Nos primeiros dias os militares das Forças Armadas teriam que assumir parte das funções de
segurança pública em muitos locais, a tropa precisaria se concentrar nos grandes centros.

Caos generalizado

É quase certo que o Brasil enfrentaria um longo período de gigantesco caos generalizado, talvez por
muitos meses. Pelas proporções continentais do país, é impossível prever os desdobramentos
dessa questão.

Seria um momento complicado. Exportações seriam prejudicadas por algum tempo, as


consequências para o agro seriam catastróficas. A produção e transporte de carne, leite e outros
itens geraria um aumento absurdo dos preços dos alimentos.

O atendimento nos hospitais também seria prejudicado pela falta de combustível e de funcionários,
cirurgias seriam canceladas, pessoas precisando de atendimento urgente morreriam por conta do
momento complicado, falta de itens necessários para a saúde. Isso é inevitável, é um dos preços
que se paga por uma revolução no século XXI.

Alguns que hoje pedem uma ação mais radical, a chamada intervenção militar, tenderão a sentir o
peso de suas decisões quando a situação se agravar e podem – mudando completamente de
postura – tentar convencer os militares a recuar, acusando-os de arbitrários e, depois de algum
tempo, chamando-os de golpistas, truculentos, dizendo que esperavam que soubessem administrar
a situação e que são culpados pelo caos.

É provável que aliados tradicionais da esquerda desloquem tropas para áreas fronteiriças dentro de
seus países – não com a intenção inicial de combater – mas ainda assim isso estrategicamente
obrigaria os militares a deslocar grandes efetivos para essas regiões.

Pode haver até tentativas de solução de continuidade da federação, que o país se dívida. Estados
com certa estabilidade podem requerer sua independência para se afastar da situação catastrófica
do restante do país.

Se o comando militar do SUL, junto com as unidades da MB e FAB não ocuparem imediatamente
espaços nas principais cidades da região, alguns podem tentar iniciar um processo de separação,
algo que já é ensaiado há algum tempo pelos chamados “sulistas”.

Combatentes de Cuba, Venezuela e Bolívia vão ingressar clandestinamente no país e se aliar ao


exército de insatisfeitos.

Líderes como Maduro veriam no caos uma nova chance de criar a utópica “pátria grande”
bolivariana.

Da mesma forma que no passado militantes de esquerda se organizariam em grupos de guerrilha


urbana. Certamente usariam até nomes de grupos do passado, como MR8 etc. Com ataques
surpresa e ações do gênero os grupos espalhariam o terror nas noites das grandes cidades, sem se
preocupar se estarão fazendo vítimas inocentes, como é de seu feitio. Hoje há maior facilidade em
se adquirir armamento portátil, sem contar as armas que já existem nas mãos do crime organizado,
isso tornaria as coisas mais difíceis ainda para as Forças Armadas.

Inimigos que surgem em guerras intestinas normalmente não respeitam convenções internacionais,
uniformes e tipos ideais de armamento. Militantes de esquerda armados sempre se escondem em
meio à multidão, expropriam propriedade alheia, se mantém à paisana e usam artefatos e métodos
ilegais como bombas caseiras, veneno, incêndios criminosos e sequestros.

Muitas pessoas inocentes morreriam.

O enfrentamento seria bastante complicado e, como no passado, os tribunais revolucionários


voltariam, qualquer militante que desistisse da luta ou colaborador que se negasse a pegar em
armas seria executado pelos “companheiros”. Famílias inteiras identificadas como direitistas seriam
sequestradas e mortas. A sociedade inevitavelmente se dividiria, agora de forma violenta, entre
direita e esquerda. Um êxodo ocorreria, multidões se deslocariam em conjunto cada grupo se
refugiando no território onde se sente mais seguro.

As mortes que ocorressem de forma clandestina nos tribunais revolucionários obviamente seriam
“jogadas nas costas” dos militares.

Pessoas mortas “apareceriam” perto dos quartéis e alguém diria que viu um militar atirando.

Nas análises prospectivas constatou-se fortes indícios de que o crime organizado se aproveitaria da
desorganização generalizada para saquear indiscriminadamente a sociedade e que possivelmente
decidiria por apoiar indiretamente o governo deposto, realizando atentados contra militares e forças
de segurança, haja vista que militares – por meio das GLO – há algum tempo já vem causando
dificuldades aos criminosos comuns, atuando nos grandes centros com rigor e reforçando as
fronteiras para reprimir o tráfico de entorpecentes e armas.

Só no Rio de Janeiro estima-se que os criminosos tenham em mãos cerca de 3.5 mil fuzis e um
número maior ainda de pistolas e revólveres.

Alguns acreditam que a esquerda também usaria um exército de estudantes secundaristas –


menores inimputáveis e facilmente manipulados – para atacar com violência e em grupo as forças
de segurança fiéis ao governo. Estes poderiam ainda de forma sorrateira implantar artefatos
explosivos em locais frequentados pela direita. Se reprimidos duramente, logo a esquerda espalharia
boatos dizendo que “Militares torturam e prendem estudantes menores de idade”.

Alguns “apareceriam” mortos, seriam colocados também na conta das Forças Armadas.

Extremistas de ultradireita, com suas armas, criariam exércitos paralelos, milícias da morte,
executando todos aqueles que em suas regiões não se enquadrassem naquilo que acreditam que é
um perfil conservador.

Muitas pessoas têm dito nos campos para comentários que um governo corrupto mata muito mais
do que uma guerra civil, que o desvio de dinheiro que poderia ser aplicado em saúde e saneamento
acaba por ceifar milhares de vidas. Sem contar a criminalidade que ceifa dezenas de pessoas todos
os dias.

Cada um tem direito de interpretar o quotidiano a sua maneira. Mas, as consequências do que se faz
em grupo alcançam muitas pessoas e – portanto – todos têm o direito de discutir o assunto, de
apoiar e de se opor.

Os militares sabem que ao longo da história mundial grandes parcelas da população se mobilizaram
apoiando diversas bandeiras com slogans ligados a patriotismo e liberdade e que nem sempre os
resultados foram positivos para a nação. Os alemães que se mobilizaram nos anos 30 são um
grande exemplo. Indo às ruas, marchando e gritando slogans patrióticos, esse grupo foi o pilar que
alçou Adolf Hitler ao púlpito mais alto, carregando para a morte mais de 6 milhões de judeus e outros
milhões de militares e cidadãos civis de todo o mundo durante toda a segunda grande guerra.
Paramos por aqui com essa descrição fictícia, mínima e obviamente incompleta diante da
quantidade enorme de variáveis possíveis. Cremos que foi possível ter uma pequena ideia de
que uma “intervenção” é um processo extremamente complexo, não é uma ação isolada, não
é algo simples.

Os acontecimentos acima descritos, e milhares de outros detalhes que um livro médio não
comportaria, afetariam o TODO da sociedade brasileira, cerca de 200 milhões de pessoas por um
período que pode ultrapassar 10 anos e com consequências inimagináveis.

O ônus recai sobre os militares

Há grande risco – como já foi mencionado acima – de que a população, já pré-condicionada a crer
que militares são autoritários e “torturadores”, se volte contra as próprias Forças Armadas. Essa
possibilidade aumentaria na medida em que cresceria a insatisfação e insegurança geradas pela
interrupção de serviços essenciais como telecomunicações, energia etc.

A cobrança pelos resultados será instantânea. “Os militares deram o golpe”, diriam. “os militares
estão demorando a restabelecer a energia”, “os militares censuraram a internet”, “os militares não
aumentaram meu salário”, “os militares não deram um jeito na segurança pública…”, “estou sem
trabalhar por causa dos militares”…

E assim o número de insatisfeitos pode ir aumentando. Inevitavelmente em poucas semanas muitas


pessoas estarão aglomeradas na frente dos quartéis gritando “fora militares”.

Ficam alguns milhares de questionamentos. Entre eles: Ao final dos processos legais, que poderiam
durar anos, todos os criminosos seriam condenados? Ou sobraria alguém para reerguer-se das
cinzas? Em pleno séc. XXI poder-se-ia bani-los do país?

A sociedade civil ajudaria os militares a aguentar a pressão interna/externa? Legalmente os partidos


de esquerda poderiam ser extintos? Seus membros teriam os diretos políticos cassados ou depois
de alguns anos retornariam com mais força e status de injustiçados, de heróis da democracia,
inaugurando uma nova onda de revanchismo?

No momento atual entre a maior parte dos militares de alta patente ouvidos há compreensão que
uma interrupção no processo democrático seria perigosa e com risco de ser mais vantajosa para a
esquerda. Sairiam, seriam depostos a força carregando o status de heróis da democracia,
derrubados por um chamado golpe militar.

Em poucos anos, a depender das providências tomadas, retornariam e poderiam receber gordas
indenizações.

Por fim, os militares – muito cuidadosos – sabem que uma ação precipitada acabaria dando aos
políticos da atualidade a oportunidade de ser reconhecidos novamente como vítimas de um golpe
militar. Seriam de novo chamados de heróis da democracia e os que já estão presos por corrupção
logo pegariam uma carona e ganhariam sua anistia bem remunerada. É preciso avaliar muito bem o
que se pede, todos os que estão nas ruas estão mesmo dispostos a enfrentar as consequências?

Depois de um longo tempo – obviamente – tudo poderia voltar a ser como antes, menos os mortos,
esses não podem retornar. Quanto ao país, lutaria por mais uns vinte anos para limpar as cinzas e
se reconstruir.
Com sugestões e trechos de textos de muitos colaboradores. Organizado por REVISTA
SOCIEDADE MILITAR

por Sociedade Militar 10/12/2022 em Colaboradores - artigos, estudos, reportagens, Forças Armadas, Notícias

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