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| Introdução a micologia | Os fungos são classificados como

eucariontes. As células eucariontes são


aquelas que apresentam um núcleo
AULA 1 – 14/02/2019
delimitado por um envoltório nuclear
O fungo é um ser vivo que está presente em
grande parte do dia a dia. São classificados
no reino Fungi.

São classificados também como seres Os fungos podem ser classificados como
heterótrofos. Nome dado ao ser vivos que seres unicelulares ou pluricelulares. Um
não possui capacidade de produzir seu organismo unicelular é um organismo que
próprio alimento. Necessitam de uma consiste em apenas uma célula, ao contrário
molécula orgânica para gerar energia para de um organismo pluricelular que consiste
dentro da sua célula. Ou seja, não fazem de várias células.
fotossíntese.
FUNGOS UNICELULARES FUNGOS PLURICELULARES
(LEVEDURAS) (FILAMENTOSOS)
Quando unicelulares: Já os indivíduos pluricelulares são
conhecidos como filamentosos.
[ São formados por uma única célula
[ Não formam hifas e nem micélios Nos seres filamentosos há presença das
[ Geralmente possuem forma hifas, que são os filamentos de células. Ao
ovalada ou esférica se ramificarem, elas se tornam um
[ São chamados genericamente de emaranhado que é denominado de
leveduras micélio. Estes crescem até se tornarem
[ Muitas realizam fermentação na visíveis a olho nu. O micélio que está do
ausência de oxigênio
solo para cima é chamado de corpo de
[ Reproduzem assexuadamente por
frutificação
brotamento.
[ Principal representante As hifas podem ser septadas (há presença
Saccharomyces cerevisiae
de septos) ou não septadas (não há
presença de septos).

Saccharomyces cerevisiae é o organismo


eucariota unicelular que pertence ao reino
Fungi. É a levedura utilizada na produção
de pão e de cerveja, além de ser usado
para produção de álcool combustível.
ESTRUTURA
A parede celular do fungo é a quitina. Esta [ Zigosporos Zigoto resultante da
é um polissacarídeo que tem como função fusão dos núcleos de duas hifas
proteger os fungos. mutuamente compatíveis.

Os fungos têm como molécula de reserva


de energia o glicogênio. Esta é a forma de
energia armazenada.

REPRODUÇÃO DOS FUNGOS


Reprodução sexuada
Um esporo sexual fúngica resulta da
reprodução sexuada consistindo de três
etapas:

[ Plasmogamia Um núcleo haploide [ Ascosporos Formados no


de uma célula doadora (+) penetra no interior de uma estrutura especial
citoplasma da célula receptora. denominada asco.
[ Cariogamia Os núcleos (+) e (-) se
fundem para formar um núcleo zigoto
diploide.
[ Meiose O núcleo diploide origina um
núcleo haploide, esporos sexuais, dos
quais alguns podem ser recombinantes
genéticos.

[ Basidiosporos Cariogamia dos


núcleos haploides de hifas
conjugadas nas lamelas dos
basídios.
Os esporos dos fungos podem ser
assexuais (são formados pelas hifas de um
organismo e quando esses esporos
germinam, tornam-se organismos
geneticamente idênticos ao parental) ou
sexuais (resultam da fusão de núcleos de
duas linhagens opostas de cruzamento de
uma mesma espécie de fungo)

Os esporos sexuados podem ser:


Se os fungos conseguem se reproduzir
através de esporos assexuados, por que
continuam fazendo a reprodução sexuada?
Por conta da variabilidade genética.

Reprodução assexuada
A maior parte das leveduras se reproduz
assexuadamente por brotamento ou por
fissão binária.
Figura 1 - Fissão de Schizosaccharomyces
No seu ciclo evolutivo, algumas leveduras,
como Saccharomyces cerevisiae, podem
originar esporos sexuados, os ascoporos, Reprodução Reprodução sexuada
depois que duas células realizam fusão assexuada
celular e nuclear, seguida de meiose.
Vantagens Vantagens
[ Levedura por brotamento No
processo de brotamento, a célula mãe Formação de clones Diversidade biológica
origina um broto. Esse broto cresce e
recebe um núcleo após a divisão do Maior capacidade de
núcleo da célula-mãe Colonização de ambientes resistência a mudanças
isolados nas condições ambientais

Rápida produção de Favorece a evolução das


descendentes e sem gasto espécies
de energia

Reprodução Reprodução sexuada


assexuada
[ Leveduras de fissão As leveduras Desvantagens Desvantagens
de fissão, como Schizosaccharomyces,
Não há praticamente Lenta produção
divide-se produzindo novas células diversidade ao nível das descendente
iguais. características

Difícil adaptação a Grande dispêndio de


mudanças ambientais energia na produção de
gametas e fecundação

Não favorece a evolução


das espécies
AULA 2 – 21/02/2019 pluricelulares são os filamentosos
(possuem hifas que vão constituir o micélio).
| Importância dos fungos | O dimorfismo ocorre tanto na forma
filamentosa (produzindo hifas vegetativas e
RELAÇÃO ENTRE FUNGOS E aéreas) quanto na forma de levedura
MEIO AMBIENTE (brotamento). Ocorre dimorfismo
principalmente nas espécies patogênicas.
[ Sapróbios Designação dada em Ele é dependente de temperatura.
biologia aos organismos que se
alimentam absorvendo substancias Fase filamentosa 25°C - 30°C ou em
orgânicas normalmente proveniente de vida sapróbia
matéria orgânica em decomposição.
[ Simbióticos Benefício mútuo Vida leveduriforme 37°C ou em vida
(associação a longo prazo entre dois parasitária
organismos de espécies diferentes seja
EXEMPLO DE DIMORFISMO: Sporothrix spp
essa relação benéfica para ambos os
indivíduos envolvidos). Fase filamentosa
[ Parasitas Micoses humanas,
animais e vegetais (obtêm nutrientes de
outros seres vivos, prejudicando-os,
causando doenças ou até a morte de
plantas e animais, inclusive seres
humanos).

CARACTERÍSTICAS DO REINO
FUNGI Fase leveduriforme

[ Ubíquos (presente em todos os


lugares)
[ Eucariontes
[ Unicelulares ou pluricelulares
[ Possuem parede celular de quitina
[ Podem ser sapróbios, simbiontes
ou parasitas
[ Possuem membrana plasmática
com ergosterol de componente
[ São seres imóveis ESTRUTURA DA CÉLULA
[ Reprodução assexuada ou sexuada
Os principais constituintes são glucanas,
[ Nutrição por absorção mananas e proteínas, sendo observadas
[ Mesófilos (desenvolve-se melhor uma pequena quantidade de quintina.
em condições de temperatura
moderada) A parede celular é rígida e complexa,
[ Ausência de clorofila composta de polissacarídeos, proteínas e
[ São monomórficos ou dimórficos glicoproteínas interligados. As leveduras
apresentam uma parede celular que é
Monomórficos unicelulares são as correspondente de 15 a 25% do peso seco
leveduras (células ovaladas que se celular e é constituída de uma camada
reproduzem por brotamento e formam externa de polissacarídeo contendo manose
estruturas chamadas pseudo-hifas e ou manoproteinas, sobrepondo uma
pseudomicélio) e monomórficos camada de glucana insolúvel.
A camada mais interna de glucana insolúvel estrutura e a absorção de vários nutrientes,
seria responsável pela resistência mecânica tornando o fungo vulnerável.
da parede celular, sendo seu principal
componente celular A anfotericina B é um agente antifúngico
que tem como alvo o ergosterol. Liga-se a
ele e criam poros nas membranas. Isto faz
com que diversas moléculas saiam da
célula, provocando a sua morte.

No citoplasma há presença de:


[ Lisomassoma (secreção e
formação da parede celular, síntese
de glicogênio)
[ Reticulo endoplasmático
[ Complexo de golgi
[ Vacúolos digestivos e de reserva
(glicogênio)
EXEMPLO: Cryptococcus spp é um fungo [ Lisossomos
que apresenta mais de 30 espécies [ Mitocôndrias
descritas. Sua capsula polissacarídeo é um [ Ribossomos
dos mais importantes fatores de virulência. [ Spitzenkorper
[ Peroxissomos (degradação do
peroxido, ação catabólica no
metabolismo de lipídeos).
[ Hidrogenossomos (obrigatórios
para produção de ATP e hidrogênio
molecular. Possui função
respiratório: aerobiose e
anaerobiose).
[ Glioxissomos (contem enzimas da
beta oxidação de ácidos graxos).
O Spitzenkorper é o nome dado a uma
A membrana citoplasmática é constituída estrutura encontradas nas hifas de fungos, a
de uma dupla camada de fosfolipídios e qual é o centro organizador do crescimento
ergosterol. O ergosterol é um esterol que é e morfogénse das hifas. Consiste de muitas
precursor da vitamina D2. pequenas vesículas e está presente nas
extremidades das hifas em crescimento,
O ergosterol um componente importante da
durante a germinação de esporos. A sua
membrana celular dos fungos e exerce
posição na extremidade tem correlação com
funções semelhante as do colesterol em
a direção do crescimento da hifa.
células animais (encontrado nas
membranas celulares e transportado no
plasma sanguíneo).

A presença do ergosterol em membranas


celulares de fungos, em conjunção com a
sua ausência em membranas celulares de
animais, tornam-no um alvo útil a ação de
drogas antifúngicas.

O ergosterol é necessário na manutenção


da permeabilidade e fluidez da membrana,
garantindo a modulação de enzimas ligadas
a membrana plasmática. A ausência dele e
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o acumulo de seus precursores afetam a
| Crescimento dos fungos |
2. Colônia filamentosa algodonosa
branca e reverso incolor.

De acordo com a forma de crescimento, os


fungos podem ser:

[ Filamentos Colônias de aspecto


seco, aveludada, algodonosa,
pulverulenta.
[ Leveduras Colônias de aspecto
úmido (apresenta brilho), cremosa
ou pastosa.
[ Dimórficos

A descrição da colônia deve ser iniciada


diferenciando se a colônia é leveduriforme
(apresenta brilho, tem umidade) ou 3. Colônia leveduriforme lisa (glabra)
filamentosa (seca). Depois descreve o branca ou bege e reverso incolor.
aspecto (algodonoso, granuloso, Candida sp.
pulverulento, aveludado, penugento, liso ou
glabro, pregueado ou cerebriforme etc); a
cor da parte de cima (anverso), finalizando
com a cor do reverso (incolor, castanho,
vermelho ou rubro, lilás, amarelo canário,
preto etc.). Além disso, pode observar se há
bordas inteiras ou irregulares, pode
observar estruturas reprodutivas nas hifas,
etc.

EXEMPLOS:

1. Colônia filamentosa membranosa,


de brilho nacarado, cor escura na
borda e reverso com pigmento
escuro na borda. Sporothrix
4. Colônia leveduriforme pregueada
schenckii.
de cor coral ou salmão e reverso
coral.

AULA 4 – 14/03/2019
[
| Dermatoses fúngicas de [
Coccidioidomicose
Histoplasmose
[
cães e gatos | [
Aspergilose
Paracoccidiodomicose
[ Criptococose
As dermatoses fúngicas são classificadas
em:
INTRODUÇÃO
[ Micoses cutâneas ou superficiais
Dermatopatia caracterizada por lesões
[ Micoses subcutâneas cutâneas de caráter contagioso, sendo que
[ Micoses sistémicas os principais causadores de dermatofitose
em cães e gatos são: Microsporum canis,
MICOSES CUTÂNEAS M. gypseum e Trichophyton
mentagrophytes.
Camadas superficiais queratinizadas ou
semiqueratinizadas da pele, pelos, unhas, Três gêneros causadores das
mucosas, zonas cutâneo-mucosas e meato dermatofitoses: Microsporum, Trichophyton
acústico externo. e Epidermophyton (zoonose).

Os fungos não têm poder queratolítico (não Os dermatófitos são fungos filamentosos
dissolvem ou destroem a camada que formam hifas organizadas em micélios.
córnea da pele). Esses fungos possuem septos, invadem
estruturas queratinizadas e a forma
[ Dermatófitos Gêneros infecciosa mais frequente são os
Epidermophyton, Microsporum e artroconídios.
Trichophyton.
[ Leveduras Malassezia spp e O comprometimento do pelo pode ser:
Candida albicans.
[ Endotrix Esporos e hifas no
interior do pelo.
MICOSES SUBCUTÂNEAS
[ Ecto/endotrix Esporos por
São fungos encontrados no ambiente e são dentro e hifas por fora do pelo.
considerados oportunistas. Podem adquirir [ Ectotrix Esporos e hifas por fora
poder patogênico quando introduzidos no do pelo.
espaço subcutâneo, inalados ou ingeridos.
OBS: Quando o agente causador é do
[ Micetomas eumicótico Infecções gênero Trichophyton a invasão do pelo pode
crônicas subcutâneas localizadas ser dar das três formas, dependendo da
nos membros inferiores. espécie. Já por Microsporum spp são
[ Feohifomicoses sempre Ectotrix.
[ Pitiose (equinos)
[ Prototecose (gado leiteiro) PATOGÊNESE E IMUNIDADE
Mastite
A infecção por dermatófito é iniciada pela
[ Zigomicose aderência de artroconídeos aos
[ Esporotricose queratinócitos que crescem através de
camadas de queratina na direção horizontal
MICOSES SISTÊMICAS e vertical.

São fungos que causam infecção pulmonar Esses patógenos são capazes de produzir e
secretar enzimas que degradam a pele do
primária com subsequente disseminação
hospedeiro, os quais ajudam na
para outros órgãos. disseminação das hifas em
desenvolvimento através da camada de
[ Blastomicose queratina.
A resistência do hospedeiro é uma Encontrado em pele e anexos humanos. É
combinação de mecanismos imunológicos transmitido entre humanos e raramente
inatos e inespecíficos e uma resposta imune infectam animais.
adquirida.

A camada intacta de queratina inibe a EPIDEMIOLOGIA


penetração em camadas mais profundas da
epiderme, pelo menos inicialmente. [ Idade Jovens são mais
susceptíveis.
A superfície da pele tem um baixo teor de
umidade e uma temperatura relativamente
[ Raças Yorkshire e gatos de
alta, que são condições ideias para a pelos longos (Persa).
proliferação de fungos. [ Sexo Não há predisposição

A produção de citocinas em queratinócitos Fatores predisponentes Doenças


é estimulada por dermatófitos e a liberação imunossupressoras (não comprovado), má
de fatores por queratinócitos resultando não nutrição, estresse (prenhez e lactação),
apenas em um influxo de neutrófilos, mas
social e ambiental.
também estimula o aumento da proliferação
de células epidérmicas e aumento da
queratinização. RECONHECIMENTO
LABORATORIAL
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO
HABITAT [ Lâmpada de Wood
[ Exame direto (tricograma)
[ Geofílicos [ Cultivo fúngico
[ Zoofílicos
[ Antropofílicos
Lâmpada de Wood
A maioria é cosmopolita, amplamente
É um aparelho diagnóstico muito utilizado na
distribuído na natureza.
dermatologia com o objetivo de verificar a
presença de lesões de pele e suas
Geofílicos características de extensão de acordo com
a fluorescência observada quando a lesão
São encontrados em solos ricos em matéria
analisada é exposta à luz UV de baixo
orgânica:
comprimento de onda.
[ Microsporum gypseum
[ Microsporum cookei
[ Trichophyton terrestre

Infectam animais e o homem.

Zoofílicos
Encontrados em pele e pelos de animais:

[ Microsporum canis
[ M. distortum
Nesse tipo de diagnóstico se deve tomar
[ M. persicolor cuidado com os artefatos. Nem tudo que
[ Trichophyton mentagrophytes brilhar vai ser uma dermatofitose.

Podem ser transmitidas ao homem. No caso do Microsporum, apenas o M. canis


irá florescer na lâmpada de Wood.
Antropofílicos
Tricograma Colônias
cremosas.
são brancas,
Nunca
algodoadas,
esverdeadas,
O tricograma é o pinçamento ou a raspagem amarronzadas ou mistas em coloração.
superficial dos pelos. Faz o tratamento de
Pode haver crescimento de saprófitas (são
amostra com KOH e observa ao microscópio
organismos que se alimentam de matéria
(400x).
orgânica originária de processos de
No exame direto também tem que ter decomposição). Não haverá mudança da
cuidado com os artefatoconídeos. No coloração inicialmente. Mudanças de
tricograma não evidencia as estruturas dos coloração para vermelho somente depois
conídeos dos dermatófitos. Os das colônias estarem bem estabelecidas.
dermatófitos não fazem macroconídeos Portanto, examinar diariamente os meios de
nos pêlos! cultura observando se a mudança de cor
ocorre simultaneamente com o crescimento
da colônia ou após o mesmo.

IDENTIFICAÇÃO:

Tocar a superfície da colônia com uma fita


transparente e em seguida coloca-la em
uma lamina previamente preparada com
uma gota de azul metileno.

OBS: Cada dermatófito apresenta


macroconídeos, microconídeos e hifas com
Figura 2 – Artroconídeos características próprias.

CUIDADO: Nem todo macroconídeo é Microsporum canis Hifas septadas


dermatófito! hialinas e macroconídeos em naveta ou
fuso, com parede irregular grossa com
Cultivo fúngico mais de seis células no interior.

Método de diagnostico preferencial. É uma


técnica de coleta de amostra apropriada.
Tem que haver o uso correto do meio de
cultura e após isso, fazer a identificação
microscópica da colônia.

COLETA:

1. Pelos e escamas são removidos de


uma lesão com o auxílio de um
fórceps (luz de Wood).
2. Técnica da ‘’escova de dente’’ em
que há uma escovação rigorosa da
pelagem (lesional ou a pelagem
inteira no caso de suspeita de
carreadores).

RESULTADO: Microsporum gypseum Hifas septadas


hialinas e macroconídeos em naveta ou
fuso com parede irregular fina com até seis
células no interior.

Trichophyton mentagrophytes Hifas


septadas hialinas, microconídeos globosos
e macroconídeos em forma de charuto ou
lápis.

Para cultivo fúngico deve-se usar luvas para Alopecia


coleta, fazer em região limpa (usar sabão
neutro), desinfecção álcool 70 (evitar
contaminantes), fazer a colheita de pelos,
positivos na lâmpada de Wood, colheita da
periferia, envio ao laboratório em vidro ou
envelope seco.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA
As lesões podem ser apresentadas em três
tipos:

Kerion celsi
Lesões do tipo quérion são eritematosas
(vermelhidão da pele), úmida, circunscrita,
piogranulomatosa e inflamatório. Pode
atingir animais e humanos.
[ M. canis
[ M. gypseum
[ T. mentagrophytes Tonsurante
PERGUNTA: O que provocaria a migração
de um fungo queratinofílico da superfície da
pele que é rica em queratina, seu nutriente
natural e abundante, para tecidos mais
profundos aonde não existe disponibilidade
desta forma de nutriente, que é a razão
principal para eles se colonizarem na
superfície da pele?

TEORIAS:

1. Considera que, ao se desenvolver de


forma centrífuga na pele, o dermatófito
encontrará o folículo piloso e, ao invadi-
lo, poderá encontrar uma área de
fragilidade em seu epitélio de
revestimento, penetrando nos tecidos
adjacentes. A presença de hifas no
tecido subcutâneo provocará uma
reação inflamatória que resultará na
formação de um granuloma.
Dermatite miliar
2. Parasitas como as pulgas e carrapatos,
que podem carrear o fungo na superfície
de seu corpo, ao picarem a pele do
animal, inoculariam o dermatófito em
áreas teciduais abaixo do extrato
córneo. Fora de um contato direto com
a queratina, o fungo passaria a se
desenvolver de forma aleatória,
podendo atingir os tecidos mais
profundos;
Pseudomicetoma dermatofítico
Para firmar um diagnóstico de
Raramente, os dermatófitos produzem
dermatofitose é necessário: Exame
lesões em tecidos profundos não
direto - artroconídios no microscópio e/ou
queratinizados, que são denominadas de
Teste lâmpada de Wood Positivo:
pseudomicetomas dermatofíticos. A
Microsporum canis e/ou Cultura fúngica:
presença de um dermatófito em tecidos
soberana! Identifica o gênero e espécie do
subcutâneos provoca uma reação purulenta
fungo!
aguda com formação de abcessos ou
produzindo uma reação granulomatosa,
usualmente do tipo nodular. São poucas as AULA 5 – 21/03/2019
referências na literatura especializada sobre
a ocorrência desta patologia. | Malasseziose |
O gênero Malassezia, descrito
originalmente por Baillon em 1889,
compreende leveduras lipofílicas e
lipodependentes que fazem parte da
microbiota normal de seres humanos e de
animais.
Em meios como o ágar de Dixon modificado,
as colônias são creme a amareladas, lisas
ou ligeiramente enrugadas, brilhantes ou
sem brilho, e com a margem inteira ou
lobada. A malassezia é caracterizada por
células de levedura globosas, oblongo-
elipsoidais a cilíndricas. Reprodução por
brotamento.

A malassezia é uma doença oportunista!!


Ou seja, quando se acha malassezia no
paciente, o clínico deve se perguntar qual é
a doença de base. A malassezia sempre
potencializa a doença então deve-se tratar a
doença de base e a malassezia. Encontrado principalmente na região dos
lábios, patas, ouvidos, região axilar e virilha.
Etiologia da Malasseziose:
A malassezia quando encontrada no ouvido
[ Malassezia pachydermatis pode ser bilateral ou unilateral. Se for
bilateral provavelmente a doença de base
[ M. furfur também é (como uma endocrinopatia).
[ M. ovale
A malassezia é uma levedura simples de
[ M. sympotidialis tratar, porém ela tem um poder muito grande
[ M. slofae quando causa a doença na pele do animal.
Causa reação inflamatória e o paciente fica
O isolamento primário e cultura de espécies hipersensível. Ou seja, há muito prurido. Ela
de Malassezia é um desafio porque o pode ser muito potencializada em paciente
crescimento in vitro deve ser estimulado por atópicos.
óleos naturais ou outras substâncias Síndrome regional
gordurosas (por ser lipodependente).

As doenças associadas a Malasseziose:

[ Distúrbios de hipersensibilidade
[ Distúrbios seborreicos
[ Endocrinopatias

SINAIS CLÍNICOS
[ Prurido
[ Otite hiperplásica (orelha fica
inchada) e hiperceruminosa
(aumento da produção de cerume).
[ Eritema
[ Odor fétido
[ Hiperceratose
[ Lignificação
[ Seborreia oleosa ou seca (se o
animal tem a seborreia seca mas
faz citologia e acha a malassezia
então tem que pedir uma cultura
para ver se o cachorro tem
dermatofitose pois normalmente a
seborreia é para ser oleosa. Porém,
quando a doença de base é
dermatofitose fica seborreia seca).
Síndrome generalizada

AULA 6 – 28/03/2019

| Candida |
Infecções por Candida spp. em animais são
pouco frequentes. No entanto, nos últimos
anos, tem sido observado um aumento
considerável de relatos de infecções por
essas leveduras, com diferentes
manifestações clínicas e acometendo
variadas espécies animais.

De acordo com a literatura, a C. albicans é


a espécie mais frequentemente envolvida
em casos de candidoses em animais
(candidíase – humanos)
DIAGNÓSTICO
A cândida faz parte da microbiota normal
[ Exame citológico Por método das mucosas, da pele, gastrointestinal e do
esfoliativo (swab, raspado de pele) trato genital feminino. Porém é um fungo
ou método por impressão (fita oportunista. A micose sistêmica é a mais
adesiva). prevalente.
[ Exame dermatohistopatológico
Não é necessário fazer a cultura! Fazem reprodução assexuada por
brotamento ou gemulação. Há formação de
blastoconídeos e pseudo-hifas. Há o estado
anamorfo (designação dada em micologia a
forma reprodutiva assexual).

As características desse fungo são:

[ São fungos unicelulares


[ Encontrados no meio ambiente desde abscessos piogênicos a granulomas
[ Comensais de pele ou mucosa oral, crônicos, contendo grande quantidade de
intestinal, vaginal (parte da células leveduriformes em brotamento.
microbiota normal)
[ Reprodução assexuada
(brotamento)
[ Pseudo-hifas
[ Colônias cremosas

FONTE DE INFECÇÃO
[ Endógena (autógena) Comensal de
aves e mamíferos. TGI, cavidades e
pele.
[ Exógena (heterógena) Infusão de
líquidos contaminados, contato CANDIDÍASE NÃO
paciente-paciente, paciente com HEMATOGÊNICA
profissional da saúde. Pele: mãos e
unhas 1. Candidíase oral Monilíase oral

Humanos Recém nascidos, adultos


FATORES PREDISPONENTES
diabetes e próteses não adaptadas.
PARA CANDIDOSE
Como o fungo da microbiota passa a ser
patogênico?

[ Antibioticoterapia de amplo
espectro/tempo prolongado
[ Neoplasias hematológicas
[ Diabetes mellitus
[ Mucosite induzida por radiação (câncer)
[ Terapia com corticosteróides
[ Síndromes de imunodeficiência
congênita
[ Diminuição no número e nas funções de
leucócitos

PATOGENIA
Há o aumento no número de cândida e/ou
lesões de pele e mucosa pelos fatores
predisponentes. Após isso, há invasão local
por leveduras e pseudo-hifas, gerando a
candidíase superficial.

Se houver a invasão por leveduras e


pseudo-hifas na corrente sanguínea, vai
haver o crescimento delas e, isso pode gerar
a micose sistêmica.

As lesões cutâneas e mucocutâneas


caracterizam-se por reações inflamatórias,
2. Candidíase cutânea obesidade, processos infecciosos urinários
e vulvovaginite.
Intertriginosa Inflamação da pele,
geralmente em zonas úmidas e quentes.
Umidade, restos de sabão. Causa prurido e
queimação.

3. Candidíase Mucocutânea

4. Candidíase vaginal
Vulvovaginite
Está relacionado com obesidade, diabetes e
imunossupressão.

Onicomicose e paroníquia Micose na


unha. Processo doloroso, cronificação e
distrofia da lâmina ungueal.

Da área de dobras Pústulas, eritema e


5. Balanopostite
maceração.
Inflamação do prepúcio e da cabeça do
pênis.

Os fatores predisponentes da candidíase Figura 4 - Fimose em cão Figura 3 - Balanopostite em cão


da area de dobra são: infantilismo genital,
CANDIDÍASE HEMATOGÊNICA
É chamada também de candidíase
nosocomial ou candidemia. A capacidade
de C albicans de reconhecer e ligar-se as
células hospedeiras ou materiais
implantados no corpo é requerido para
virulência. A cândida spp pode ligar-se a
células epiteliais de mamíferos e variedade
de materiais (cateter).

Candidemia X Cateteres CANDIDOSE EM ANIMAIS

Candidemia associada a cateter vascular Hospedeiro Doenças


central
Filhotes de cães, gatos Estomatite micótica
Cultura positiva de ponta de cateter > 15
e potros
UFC – técnica de rolamento
Suínos, protos e Úlceras
Crescimento da mesma espécie de cândida
bezerros gastroesofágicas
(amostras pareadas – periférico/cateter)
Bezerros Ruminite

A candidemia em recém nascidos tem como Cães Enterite e


fatores de risco: dermatomicose
[ Baixo nivel de circulacao de IgG Frangos Aftas no esôfago/papo
materna
Gansos e perus Infecções na cloaca e
[ Barreiras epiteliais narinas
[ Opsonização e sistema
complemento são rezudios Vacas Redução de fertilidade,
aborto e mastite
Éguas Piometra
Manifestações clínicas
Mastite Micótica
[ Febre/Rash
Incidência aumentando em bovinos, ovinos
[ Perda de tônus muscular
e caprinos nos últimos anos pela utilização
[ Hipotensão
de antibióticos em mastites bacterianas.
[ Falência cardíaca
C albicans é a terceira maior causa de
O clínico pode suspeitar quando: infecciosa de mastites no Brasil.

[ Lesões corioretinal Fontes de contaminação:


[ Lesões macronodulares na pele
[ Osteomielite [ Mãos do ordenhador
[ Candidúria [ Maquinas, instrumentos de ordenha
(biofilme)
ENDOFTALMITE [ Condições higiênicas do ambiente
[ Antibioticoterapia e infusão
Casos de endoftalmite causados por C. intramamária.
albicans são ocasionalmente relatados em
animais domésticos e resultam da difusão Mastites por criptococos e cândida afetam
hematogênica ou são secundários a uma
grande número de animais no mesmo
inflamação primária da córnea pela
levedura, com inoculação diretamente rebanho, os demais fungos geralmente
dentro do olho. casos isolados.
DIAGNÓSTICO DE
CANDIDOSE
Material Clínico:

[ Pele e unha
[ Urina
[ Escarro e lavado bronco-alveolar
[ Líquor, fluído pleural e sangue
Candidose em cães [ Biópsia de diferentes órgãos

Otites, cistites, enterites crônicas,


[ Cateteres
vulvovaginites, dermatomicoses: intertrigo. Diagnóstico:
Áreas com umidade persistente (conduto
[ Cultivo (por esgotamento)
auditivo externo e face lateral da orelha,
áreas intertriginosas - perianal, por exemplo,
leito ungueal e áreas interdigitais).
| Criptococose |
Aspecto das lesões:
Micose de distribuição universal, atinge
[ Mucosas Úlceras não humanos e uma grande variedade de
cicatrizantes, recobertas por placas animais, tem evolução subaguda ou crônica,
branco-acinzentadas espessas, e pode ser fatal quando não diagnosticada e
com bordas eritematosas. tratada corretamente.
[ Pele Inicialmente papulares e
pustulares, evoluindo para placas Até a década de 1980 a sua incidência era
eritematosas exsudantes (úmidas) considerada baixa, ocorrendo
e úlceras. principalmente em pacientes com
neoplasias hematológicas (linfomas,
leucemias), colagenoses (principalmente
Candida X Malassezia lúpus eritematosos sistêmico-LES),
transplantados e indivíduos em uso de
corticosteróides.

Com o advento da Síndrome da


Imunodeficiência Adquirida (SIDA), o
número de casos aumentou
significativamente, principalmente devido à
imunossupressão do hospedeiro.
Figura 6 - Malassezia Figura 5 - Candida
A criptococose quando causada por C.
neoformans tem como característica
acometer pacientes imunodeprimidos,
sendo assim, considerada uma micose
oportunista, quando causada por C. gattii,
refere-se a uma micose de caráter primário.
Ambas causam meningoencefalite, de
evolução grave e fatal, acompanhada ou
não, de lesão pulmonar evidente, fungemia
e mais raramente, focos secundários para
pele, ossos, rins, suprarrenal, entre outros.
contaminado é o principal risco de
ETIOLOGIA contaminação para os cães e gatos.
Cryptococcus são fungos leveduriformes
que se apresentam de forma globosa ou COLETA DE MATERIAL
ovalada, medem entre 3 a 8μm de diâmetro
e ao seu redor possui cápsula Antes do início da coleta:
mucopolissacárideo, a qual possibilita
resistência à dessecação, além de ser um [ Identificar a lâmina na extremidade
dos fatores de virulência do fungo fosca com lápis. Botar nome, idade,
possibilitando vida intracelular e mecanismo data da última menstruação ou
de evasão à resposta imune celular. Na menopausa e uso de medicamentos.
cultura a colônia apresenta-se de cor branca [ Como material da coleta: Par de luvas
a creme, brilhante, de textura mucóide, para procedimento, formulário de
margem lisa e inteira, após três dias à requisição do exame, lápis, máscara
temperatura a 37oC, em cultivo em ágar cirúrgica e avental.
Sabouraud dextrose 4%.
Fixação do material:
O complexo de espécies C. neoformans e C.
gattii, são os principais responsáveis pelas
[ É importante que o fixador não seja
tóxico, que tenha custo aceitável. O
infecções criptocócicas, as quais se
distinguem tanto por aspectos ecológicos, álcool é considerado o fixador ideal. Ele
bioquímicos, antigênicos e genéticos. desnatura as proteínas e ácidos
Embora Cryptococcus neoformans e nucleicos tornando-os insolúveis e
Cryptococcus gatti sejam ambos estáveis.
patogênicos para indivíduos
Leitura e interpretação:
imunocompetentes, o primeiro é mais
frequentemente encontrado como um [ Na coloração os núcleos captam os
patógeno oportunista, sendo este o agente elementos basófilos dos corantes
mais comum de meningite fúngica e tende a assumindo cor azul. No citoplasma pode
ocorrer em pacientes com baixa imunidade. assumir uma cor rosa ou azul
Existem 2 variações e 5 sorotipos:
COLORAÇÃO
[ Cryptococcus neoformans var.
A contrastação dos fungos por tinta
neoformans (sorotipo A, D a AD) nanquim demonstra a espessura da
Tem como reservatório natural as cápsula polissacarídica, muitas vezes maior
excretas de pombos e o solo
que a da parede celular, que é mais densa
contaminado por fezes de aves. C.
e refringente.
neoformans pode passar pelo sistema
gastrointestinal dos pombos, mas não A penetração no Nanquim na cápsula
causa alterações significativas neles. O Em vários fungos observamos penetração
Cryptococcus pode permanecer viável das partículas de carbono coloidal na
nas fezes de pombos por até 2 anos se cápsula, por vezes formando um halo
ficar protegido deressecamento ou luz escuro na parte média da mesma e/ou
solar. O C. neoformans var. neoformans marcando duas pequenas regiões
é mais comum em cães e mais raro em diametralmente opostas. Pode
gatos. correlacionar-se com o caráter frouxo da
cápsula, formada por fibrilas radialmente
Cryptococcus neoformans var. gatti
dispostas, como demonstrado em
(sorotipos B e C) É encontrado
microscopia eletrônica.
principalmente em algumas espécies de
Eucaliptos. Ocorre em regiões de clima
tropical e subtropical, sendo que o solo
mucicarmim, Giemsa e Papanicolaou.

Em HE, a parte viva do fungo fica


homogênea e basófila, sem distinção de Figura 7 – Papanicolau
núcleo ou citoplasma. A parede celular e a
cápsula não se coram. HABITAT
[ Solo e fezes secas de aves (pombos).
Viável nas fezes por até dois anos.
[ Árvores (Eucalipto)

C. neoformans sorotipo A e D tem sido


isolado regularmente de fezes de pombos.
O fungo desenvolve-se melhor em fezes
antigas e secas misturadas com pó e sujeira
do que em fezes frescas e pastosas.

O C. neoformans colonizam o inglúvio por


mais de 80 dias, sendo eliminado
Das técnicas de coloração especial, o PAS
continuamente através do intestino. Os
cora a parede celular mais forte- e a cápsula
pombos formam colônias logo há auto
mais fracamente.
contaminação continua com seus
excrementos.

O fungo também é encontrado no intestino


de baratas, besouros e pupas de moscas. C.
gatti tem sido associada a uma espécie de
arvore comum na Austrália e exportada para
o Brasil. Há produção de lacases:
metabolizam lignina, polímero que constitui
tecidos vegetais principalmente madeiras.

ECOLOGIA
Grocott cora apenas a parede celular em
negro, ficando a cápsula incolor. Em outra [ Cryptococcus neoformans já foi
página, ver também resultados com encontrado também em fezes de
canário belga (Serinus canaria) e
periquito (Melopsittacus undulates)
[ Não há predileção do agente por
um hospedeiro específico, pois sua
multiplicação ocorre no ambiente e
não em um animal vertebrado
[ Infecção ocorre por meio de fontes mecanismos de defesa do hospedeiro em
ambientais onde tenha a presença resposta a infecções fúngicas.
da levedura
A expressão desses fatores é cepa-
dependente, pois pode variar tanto em
PATOGENIA frequência como em intensidade, fenômeno
A infecção ocorre através da inalação de este visto tanto em isolados de C.
basidiósporos ou leveduras desidratadas neoformans como em C. gattii.
que ficam suspensas no meio ambiente. O
FV são componentes estruturais ou
microrganismo tem tamanho compatível
moléculas que contribuem para o
para transpor barreiras do trato respiratório,
estabelecimento e/ou manutenção do
se alojando nos alvéolos pulmonares e
processo infeccioso em um hospedeiro
formarem granulomas e em casos de
suscetível.
indivíduos imunossuprimidos ou crianças
evoluir para um quadro de pneumonia difusa Os principais fatores de virulência
e meningite fúngica. produzidos pelas espécies do Complexo C.
neoformans são:
A colonização nasal normalmente é
incomum e tem características
[ Termotolerância
assintomatomáticas na maioria dos casos,
raramente ocorre por via hematógena.
[ Cápsula
[ Síntese de várias enzimas,
Nos gatos, geralmente ocorre associado principalmente como a fenoloxidase
com doenças que causem (produção de melanina), a urease, a
comprometimento imunológico do fosfolipase e a protease
organismo como a imunodeficiência Viral
Felina (FIV) e Leucemia Felina (FeLV).

1. Termotolerância
FATOR DE VIRULÊNCIA
Um dos fatores de virulência principais é a
Para que o fungo tenha sua patogênese
capacidade de crescimento na temperatura
bem-sucedida é necessário que ocorra a
corpórea dos mamíferos.
expressão de fatores de virulência, o que
permite a invasão com êxito de tecidos e de
células, além de possibilitar a evasão aos
2. Urease formas, dentre elas respiratória, tegumentar
e nervosa. No sistema respiratório os sinais
É definida como uma metaloenzima que tem clínicos incluem descarga nasal uni ou
como função catalisar a conversão da uréia bilateral serosanguinolenta a mucopurulenta
em amônia e carbamato, sendo considerado e dificuldade respiratória, presença de
um importante FV, por contribuir para a massa granulomatosa, como um pólipo é
invasão do sistema nervoso central (SNC), visível em uma ou ambas narinas. A doença
uma vez que aumenta a permeabilidade dos no gato geralmente ocorre de forma
capilares cerebrais. localizada em comparação com os cães e
nos humanos que ocorre de forma
3. Cápsula Mucopolissacarídica
generalizada.
Representa um dos principais fatores de
virulência dos fungos do Complexo MANIFESTAÇÃO CLÍNICA EM
Cryptococcus neoformans uma vez que HUMANOS
exerce efeitos sobre a ativação do sistema
de complemento do hospedeiro, inibe o Na forma pulmonar (pode permanecer
processo de fagocitose e proporciona a latente) vai apresentar:
repulsão eletrostática entre o agente e as
células de defesa do hospedeiro.
[ Tosse
[ Escarro mucóide
4. Fosfolipases [ Dor no peito
[ Perda de peso
Enzimas que hidrolisam uma ou mais
ligações éster nos glicerofosfolipídios e são
[ Febre baixa
consideradas importantes fatores de [ Hemoptise
virulência para várias espécies fúngicas. [ Dispneia
Apesar de todas essas enzimas possuírem
os fosfolipídios como substrato, cada uma MANIFESTAÇÃO CLÍNICA NOS
pode clivar uma ligação éster específica. ANIMAIS
5. Fenoloxidase (catalisa a síntese A colonização nasal normalmente é
de melanina) incomum e tem características
assintomatomáticas na maioria dos casos,
Oferece proteção contra espécies reativas raramente ocorre por via hematógena.
de oxigênio, luz ultravioleta, temperaturas
elevadas e antioxidantes, além de aumentar Nos gatos, geralmente ocorre associado
a resistência à fagocitose e aos antifúngicos. com doenças que causem
Vale ressaltar que a síntese de melanina comprometimento imunológico do
que ocorre in vivo. organismo como a imunodeficiência Viral
Felina (FIV) e Leucemia Felina (FeLV).
[ Rota de virulência
A doença apresenta diversas formas, dentre
Na criptococose ocorre com menor elas:
frequência nos cães em relação aos gatos.
No Brasil, a criptococose é mais frequente [ Respiratório
em gatos machos e com idade superior a [ Tegumentar
quatro anos. [ Nervosa
O fungo é inalado pelo felino e atinge o trato Os cães, furões, psitacídeos e os gatos
respiratório superior, porém pode ocorrer a especialmente os de vida livre são as
inoculação cutânea direta. Após a entrada espécies mais acometidas por esta
do fungo, ele se dissemina por via levedura.
hematógena e acomete todo o organismo.
Os sinais clínicos podem ocorrer de diversas
As lesões mais frequentes desta doença nos [ Ataxia vestibular
gatos são lesões granulomatosas [ Dilatação pupilar
localizadas na cavidade nasal, conhecida [ Cegueira
popularmente como “nariz de palhaço”.
[ Surdez

[ Uveíte (vermelhidão nos olhos)


[ Fotofobia
[ Blefaroespasmo (espasmos
involuntários dos músculos da pálpebra)
[ Opacidade de córnea
[ Edema inflamatório de íris e/ou hifema

[ Gatos Infecções respiratórias,


cutâneas, nervosas e oculares
[ Cães Doença disseminada, sinais
nervosos e oculares
[ Bovinos Mastite e granuloma nasal [ Nódulos múltiplos na pele da cabeça e
[ Equinos Granulomas nasais, pescoço, de crescimento rápido, firmes,
meningoencefalite, lesões cutâneas, que tendem a ulcerar e drenar exsudato
pneumonia e aborto. serosanguinolento

CRIPTOCOCOSE EM AVES
Em aves silvestres a doença clínica é rara,
entretanto, a presença de Cryptococcus
spp. é encontrada nas fezes desses
[ Cães e gatos na cavidade nasal e animais. Os sinais clínicos quando
homem nos pulmões observados são:
[ Mais frequente nos gatos
[ Respiração estertorosa [ Fraqueza
[ Corrimento nasal mucopurulento, [ Depressão
seroso ou sanguinolento (epistaxe) [ Dispnéia
[ Dispnéia inspiratória [ Anorexia
[ Espirros [ Perda de peso
[ Formação de massas firmes ou nódulos [ Diarréia
subcutâneos nasais (nariz de palhaço) [ Massas na cavidade oral
[ Tosse (em cães) [ Cegueira
[ Incoordenação
[ Paralisia

DIAGNÓSTICO
[ Meningoencefalomielite [ O diagnóstico da criptococose é clínico
[ Desorientação (anamnese, histórico clínico, exame
[ Dor cervical físico) e laboratorial.
[ Andar em círculos [ A confirmação laboratorial é feita com o
uso de “tinta da China” (nanquim) – com
evidências de criptococos visíveis em [ Eliminar qualquer fonte de
materiais clínicos. alimentação para esses animais
[ A sorologia e a histopatologia [ Inclinar superfícies para evitar o
também são consideradas na pouso das aves
confirmação diagnóstica da [ Tratar excrementos das aves com
criptococose. soda caústica e cal
[ Como exame complementar, a [ Atividades educativas em relação
tomografia computadorizada, ao risco da infecção
ressonância magnética ou radiografia
de tórax podem demonstrar danos
pulmonares, presença de massa única
ou nódulos múltiplos distintos
(criptococomas).
[ Diagnóstico sorológico O
Cryptococcus spp também podem ser
isolado do líquor, escarro, pus, Lavado
bronco-alveolar, urina e raspados de
pele;– estes devem ser centrifugados e
o sedimento examinado com tinta de
Nanquim.
[ Diagnóstico por cultura Inoculadas
em meio isento de ciclo heximidade
devido a sensibilidade dos
microrganismos. Cryptococcus
neoformans neoformans crescem
bem a 37°C e Cryptococcus
neoformans gatti crescem bem a 38°C.
Culturas em meio Sabouraud.
[ Histopatologia Realizado a partir de
amostrar coletadas de tecidos
lesionados. Podem ser coradas com
hematoxilina e eosina giemsa, nitrato de
prata ou PAS.
[ Técnicas moleculares PCR
[ Provas bioquímicas

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
[ Esporotricose
[ Neoplasias
[ Histoplasmose
[ Dermatite eosinofílica
[ Piodermite bacteriana
[ Doenças alérgicas
[ Leishmaniose
[ Micobacteriose

PREVENÇÃO
[ Controle da população de pombos

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