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O relógio acima do quadro dançava em sua roda, lentamente.

O sono me consumia de maneira


tão profunda que o mundo saia de foco por alguns segundos e se mantinha por mais alguns
poucos, como uma câmera tentando ajustar seu zoom. A sala estava em total silêncio, a não
ser pela voz rouca da professora Lúcia, que insistentemente tentava extrair certa animação dos
alunos.

Quanto tempo até o sinal tocar? Talvez 15, 20 minutos.

Olhei para minhas unhas, ligeiramente passando meus dedos, e fiz uma anotação mental para
tirar o esmalte marro que logo mais estaria cobrindo metade das unhas.

Peguei a caneta e rabisquei alguns desenhos: um livro pegando fogo, uma touca raivosa e
maromba, um queijo sentado num degrau...

Não via a hora de descer as escadas para pegar um pouco de ar,

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