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SHIBARI

Shibari é um tipo de bondage originária do Japão e que hoje é uma das


principais formas de BDSM praticada por lá, recebendo a gíria “Nawa-kesho”,
traduzida como ‘maquiagem de cordas’. Por lá, o uso de cordas é até mais comum
do que outros acessórios mais populares aqui no ocidente, como floggers ou paddles.
O shibari pode ser feito com diferentes objetivos em mente, dependendo dos desejos
e necessidades de cada top ou bottom. Alguns praticantes, visando facilitar a
discussão e ensinamento dessa prática, separam eles em cinco categorias: Erótica,
Humilhação, Restrição, Meditação e Artística. Em oficinas de Shibari, pessoas
relatam sentimentos de paz, relaxamento, confiança e, embora pareça estranho por
ceder o controle de seu próprio corpo, sentimentos de liberdade.
O shibari é mais do que amarrar outra pessoa ou uma maneira de buscar
prazer imediato. É uma arte que pode liberar todos os tipos de emoções, contanto
que você esteja disposto não apenas a se render às cordas, mas a todas as
sensações que ela desperta. Porém, com essa prática vem riscos que devem ser
estudados e discutidos, por isso é importante realizar essa prática com segurança.

Sobre a segurança no Shibari

Shibari é divertido, é ativo e pode te levar ao ropespace (estado alterado de


consciência em que quem está sendo amarrade esquece o mundo em sua volta e se
entrega às sensações produzidas pelas cordas). Mas antes disso tudo, Shibari requer
estudo e cuidado com a segurança dos envolvidos. Assim como toda e qualquer
atividade kinky é necessária: conhecimento, consciência e comunicação. E isso tanto
para riggers (quem amarra) quanto para rope bunnies (quem é amarrade).
O risco no Shibari é constante. Você não consegue evitá-los, mas pode
minimizá-los. O jogo com as cordas requer consciência do que está acontecendo,
sobre os nós que são usados e da dinâmica estabelecida entre rigger e rope bunny,
e pró-atividade para pensar nas consequências, para resolver qualquer embaraço e
evitar situações perigosas.
Por situações perigosas, nós queremos dizer: falta de conhecimento e estudo
sobre o que as cordas e amarrações podem acarretar colocando em risco o sistema
respiratório, os sistemas circulatórios e o sistema nervoso; não ter cuidado com os
pontos de suspensão e vida útil da corda para evitar acidentes; não saber como agir
em casos de desmaio, ataque de pânico, cãimbras, e outros possíveis cenários que
envolva a segurança física e psíquica de quem é amarrade. E isso não é de
responsabilidade exclusiva de quem está amarrando, quem está sendo amarrade
também tem sua parcela de responsabilidade, pois um rope bunny ativo proporciona
um ambiente seguro de jogo e brincadeiras com as cordas para si e para seu rigger.
Rigger consciente é quem: possui bom conhecimento técnico e não para de
estudar, informa a pessoa sobre os aspectos de segurança, não deixa a pessoa
constrangida sobre suas sensações e limites, toma ciência dos possíveis problemas
físicos e psicológicos de quem vai amarrar, negocia limites e o que gostaria de tentar
e nunca, jamais, em hipótese alguma permite que ultrapasse os limites estabelecidos.
Rope bunny consciente é quem: seja bem informade, que consiga se
comunicar sobre as sensações que sente sem mentir ou se constranger com isso, é
direto sobre possíveis questões físicas e psicológicas; possui consciência dos riscos
envolvidos e sabe tomar atitudes preventivas junto a quem está amarrando, e tem
conhecimento de seus limites e/ou consegue parar o jogo mesmo quando envolvendo
algo que gostaria de tentar.

Shibari exige respeito ao processo de aprendizagem para ser praticado. Nunca


se vai de um nó de single column (nó básico de onde as amarrações começam) para
uma suspensão total de uma pessoa em um dia. É necessário uma boa base de
aprendizagem onde quem amarra começa a partir de nós, fricções e amarrações
básicas de forma confiante e sólida, para brincadeiras no solo, passando para jogos
com semi-suspensões até chegar a uma suspensão total. Sempre ampliando sua
memória muscular, capacidade de improviso e planejamento, conformando uma
condução de sensações com as cordas no corpo de quem estiver amarrado.
O Shibari tem um potencial incrível para uma sessão segura, agradável e
positiva e combina muito bem com outras práticas como impact play, wax play, fear
play, edging entre outros jogos e brincadeiras. As possibilidades são inúmeras e
quando aliadas à consensualidade, comunicação, diretrizes de segurança e
condições psicofísicas positivas, o ropespace pode ser um objetivo não muito longe
dessa prática.

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