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VOCÊ É COMO

UM INSTRUMENTO
Na aula passada conversamos um assunto muito importan-
te e, por isso, eu quero falar um pouco mais sobre ele antes
de começarmos outros tópicos.

Para explicar isso, quero que você imagine como funciona a


criação de um instrumento. Pense em um violino: antes de
criá-lo, foi pensado o som que queriam extrair dele. Afinal,
ninguém bate em uma mesa querendo obter o som de um
violão, certo?

Então, antes de tudo, há uma imaginação de qual o som


que você deseja buscar e, depois disso, há uma elabora-
ção. Primeiro o violino nasce no som, na manifestação da-
quele objeto. Portanto, o violino é uma via de manifestação
daquele som que já foi imaginado anteriormente, assim
como você.

Você já tem um som a reverberar neste mundo, você já tem


um propósito a cumprir. Mas o que acontece muitas vezes é
que você é um violino e tenta extrair de si mesmo o som de
um pandeiro, porque você ainda não aterrissou em si mes-
mo. Você ainda não descobriu onde se sente melhor, em
qual ambiente você se encaixa.

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O autoconhecimento leva você a se posicionar de uma
maneira mais adequada. Ele não é um autodesenvol-
vimento, você não está aumentando nada, você só está
se posicionando exatamente onde você deveria estar.
Quando você está no local correto, a vida é muito mais
fácil.

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Todo instrumento ressoa
um som diferente, e você precisa
entender qual som o seu

corpo
e a sua
mente
verdadeiramente expressam.
Você está aqui para expressar aquilo que existe no seu
coração. Você é um instrumento, pergunte-se qual o som
que você mais belamente emite. Você está batendo no
seu violino ou está tocando ele da forma correta? Você
já aprendeu a tocar o seu próprio instrumento?

Estes instrumentos são moldados por características,


por doshas, por signos. Todos nós temos tendências e
precisamos saber utilizá-las de forma correta, ao invés de
contrariá-las.

E saiba que por mais que os doshas sejam tendências, eles


não são definições e nem obrigações. Não é porque você
é um pitta que você não pode ter um comportamento mais
calmo e estável. Não se defina através de um dosha ou
de um signo. Ao fazer isto, você está se enclausurando
em um lugar muito pequeno, você está se limitando.

Você pode transcender as suas tendências, você pode


transcender as dificuldades que elas lhe impõem. Isto não
lhe define, apenas lhe inclina para certos comportamentos.
Você jamais deixará de ser este seu dosha ou seu signo,
mas você pode equilibrar isto. Equilibrar o dosha não é
acabar com ele, é saber lidar com as suas tendências e não
deixar que elas dominem você.

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E por fim, quero que você saiba de uma coisa: todos os
doshas são importantes, todos têm o seu papel essencial
no mundo. Abrace o seu dosha, aprenda a equilibrá-lo
e usar suas tendências da melhor forma possível. No Curso
de Formação e Jornada do Autoconhecimento, teremos
um módulo inteiro destinado a este conhecimento, para que
você possa aplicar em você e nos outros também.

A LÓGICA DA EVOLUÇÃO
NO YOGA
Quando você começa a praticar yoga, passa a perceber as
suas virtudes e seus defeitos. Você conhece as virtudes do
seu corpo e da sua mente, e também tem uma visão mais
clara das circunstâncias reais da sua vida.

O PRIMEIRO PASSO É TOMAR CONSCIÊNCIA


DE VOCÊ MESMO.

Eu sei que parece óbvio, mas já percebeu quantas vezes


você está em alguma condição física ou psicológica
diferente do normal, só que por viver preocupado, distraído
ou ocupado demais, você nem percebe? Porém, ter essa
consciência é o básico para que você possa evoluir.

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Perceber
a circunstância
real e concreta
na qual você se encontra
é o passo número um
para que você possa ter
qualquer tipo de evolução.

evolu-
ção.
E um aviso que preciso dar antes que você inicie essa jornada:
por mais que autoconhecimento seja um nome bonito, que
parece algo lindo, talvez não seja bem assim. Ao começar
essa jornada, pode ser que você encontre, dentro de você,
algumas coisas que você não sabia que existiam e que você
não se orgulha nem um pouco.

Pode ser que você se descubra alguém muito mais inseguro


do que pensava que era. Pode ser que você se pegue
invejando seu amigo ou então pensando demais em dinheiro.
Você pode se descobrir muito menos bonzinho do que você
imaginava que era.

No caminho do autoconhecimento, você passa a ser um


espectador da sua mente a ver coisas que você não via.
Por isso que essa tomada de consciência é tão importante,
para você abrir os olhos, enxergar a realidade, admitir a sua
verdadeira condição existencial e, a partir disso, começar
a viver. Somente depois desse processo, você começará a
melhorar e a expandir.

Este caminho de tomada de consciência de um novo plano


é um processo de sutilização da percepção. Imagine o céu
quando brilha durante o dia: a luz ofusca coisas que estão
lá, mas que você não consegue ver. Quando este brilho
diminui, inúmeras estrelas aparecem, incontáveis novas
informações. Estrelas, galáxias, via láctea, estrelas ca-
dentes. Tudo isto existe 24h por dia, você apenas não
é capaz de ver.

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Dentro de você, acontece o mesmo: existem galáxias,
estrelas e planetas, mas, por conta de instabilidades,
de ruídos e de tensões, você não consegue enxergar.
Você não consegue conhecer aquilo que está
em outras dimensões.

O SEGUNDO PASSO É A SUTILIZAÇÃO DA PERCEPÇÃO

Depois de se conhecer, o segundo passo é sutilizar a


percepção, é ver o que está atrás do óbvio, além daquilo
que você sempre viu. Você precisa silenciar todas estas
instabilidades. Lembra do sonho de doce de leite da
primeira aula? Neste caso, o que você precisa é, ao ver
o sonho, perceber que existe dentro de você uma possibi-
lidade de não comer. Você vai além do movimento interno,
do impulso inicial e do óbvio.

Aos poucos, isto vai lhe dando a liberdade de maximizar


o positivo, você começa a expressar aqueles movimentos
que o seu dosha, sua alma, predisposição e interesse
naturalmente já ressoam. Você coloca um microfone, você
maximiza o fluxo de qualidades existente dentro de você.

E as fraquezas, tendências ao erro? Você também vai tomar


consciência, você irá minimizá-las, deixando de ser um
escravo delas. Você conhecerá cada vez mais camadas de
você mesmo e do resto das coisas também.

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Eu sempre digo aos meus alunos que, ao longo do Curso
de Formação e da Jornada do Autoconhecimento, você
se tornará alguém mais inteligente, porque você vai passar
a conhecer muito mais do que aquilo que você vinha
conhecendo.

AS FASES
DA SABEDORIA
Você já sabe que tem que mudar os hábitos para viver mais
presente e conectado com você mesmo, certo? Mas isso
pode ser dividido em quatro fases.

A primeira fase é aquela em que você está distante de


si mesmo, fora da sua vida, vivendo em outro planeta.
Quando você começa uma jornada no autoconhecimento,
você começa a viver a sua vida, você passa a estar no
presente e expressar a sua realidade mais profunda neste
mundo.

Nesta segunda fase, você percebe que antes era inconsci-


ente da sua incompetência e agora, a partir da prática,
você descobre que vê quem você realmente é e aprende
a se posicionar adequadamente na realidade. Você passa
a viver de acordo com as suas tendências, seus talentos.

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Neste momento, você percebe que talvez esteja vivendo
de forma não adequada e que talvez você esteja localizado
num lugar que não é o seu. Quando você se dá conta disto,
você se abre para a vida. Você descobre que existe liberdade,
que existe um instante de silêncio entre as ações externas
e as suas reações.

Você segue praticando, estudando e se aprofundando.


Você deixa de ser incompetente e se torna competente
na prática de viver.

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O yoga
lhe ensina
a viver
na sua
máxima

potên-
cia.
Você passa a se esforçar para viver de forma competente,
na presença, expressando o seu coração. Você começa a se
livrar das amarras que lhe prendem.

SILENCIANDO
O FALATÓRIO MENTAL
Quando o falatório mental para, as portas para a vida
se abrem. O seu “eu” falativo é agitado, não fica quieto.
Ele é casa cheia, vive lhe dando informações. No momento
em que você consegue diminuir o seu volume, você enxer-
ga a realidade na qual está todo o conhecimento que você
poderá encontrar em qualquer livro. Nos textos de física,
química, biologia ou qualquer outra matéria, perceba que
toda base para o conhecimento é extraída do mundo real.

Onde você acha que existe mais conhecimento: em todos


os livros de biologia do mundo ou no mundo real? O ser hu-
mano ainda não conseguiu mapear o mundo inteiro e colocar
em livros. Existe muito mais conhecimento no mundo real do
que em qualquer outro lugar.

Existe uma fonte de conhecimento abundante bem em-


baixo do seu nariz, basta você aumentar a sua percepção
que você o conhecerá.

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Porque um sábio indiano analfabeto é considerado um
sábio sem nunca ter lido nada? Porque a fonte mais
abundante do conhecimento não está nos livros, está no
mundo real. Aumentando a sua percepção, você aumenta
a sua capacidade de entender a realidade.

Depois de silenciar, vem a vida real. Depois da prática


no tapetinho, é hora de agir nas situações da vida. É hora
de se relacionar com a natureza, com as pessoas e consigo
mesmo, e é aqui que se dá o yoga.

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Se você viver uma vida
sendo puxado
para o passado
e para o futuro,
como você vai conhecer o

presen-
te?
O presente é a consciência, é seu eixo. Quando você si-
lencia, você se situa no presente e se equilibra. Pense na
vida como um andar de bicicleta: você está sempre fazendo
pequenos ajustes para se manter no seu caminho. É como
um equilíbrio dinâmico, uma manutenção firme.

Quando você encontra este equilíbrio, tudo na sua vida


volta para o lugar correto, os seus fluxos energéticos
e internos passam a se realinhar, você entra em harmonia.
E é somente a partir desta harmonia - que é encontrada
no silenciamento - que você poderá ver aquilo que está
além. Quando a água do lago se estabiliza, você enxerga
aquilo que tem no fundo.

A harmonia corporal é muito importante para que você


possa lograr estados de conhecimento mais profundos
e sutis sobre você.

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O SEU CORPO TE AJUDA
OU TE ATRAPALHA?
Ao viver a sua vida de forma corriqueira, você acha que o
seu corpo mais lhe ajuda ou atrapalha? Você acha que ele
é mais um veículo da sua alma e de concretização da sua
essência, que é aquilo que ele deve ser? Sem o seu corpo,
você não consegue criar a sua história. É ele que permite
você a realizar os seus sonhos.

Ou, vivendo de forma corriqueira, você acha que o seu corpo


pesa e lhe impede de fazer aquilo que realmente quer?
Você se sente carregando o seu corpo como uma bola
de ferro amarrada em sua perna?

O seu corpo não pode ser um peso para você.

A definição de saúde, para mim, é quando você não sente


que você o tem. É quando ele expressa naturalmente
os seus movimentos mais sutis. Quando você começa a
sentir demais o seu corpo, quando você sente o desconforto,
quer dizer que existe uma fraqueza ali.

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O objetivo
do yoga também
é gerar um corpo
mais leve,
porque ele é
o seu veículo de

expressão
da sua essência
no mundo concreto.
MEDITAÇÃO
vs. CORPO
Quando você se senta para meditar, quais são as suas
dificuldades? Certamente assim que começa, algo tira
você do seu processo, seja ele o corpo ou a mente.
Geralmente, no momento em que você começa a meditar,
o corpo tira a sua atenção, ele é um desvio no seu caminho
correto.

Quando o corpo tem dor, ele tensiona, e esta tensão não


permite que você se vista desta contemplação passiva.
A tensão corporal não deixa a sua mente aterrizar no
presente. Da mesma forma, o pensamento - uma tensão
mental - não deixa o seu corpo relaxar.

Se existe tensão no corpo ou na mente, você não conse-


guirá encontrar o presente.

Quer ver um exemplo bem simples: quando você está


com o músculo tensionado, alguém pode lhe dar um soco
e você não sente tanto. Agora, se você está relaxado,
doerá muito mais. Se você está dormindo e alguém bate
em você, o impacto será muito maior, você se machucará
mais. Quando em relaxamento, a sua percepção é
muito maior.

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Além dessa relação do relaxamento e da percepção,
também existe uma outra muito importante e essencial para
você entender como funciona a conexão do corpo e da
mente: se você está pensando em alguma coisa, o seu corpo
vai tender a fazer o mesmo gesto.

Um teste simples para você entender: imagine o som con-


tínuo da fala de uma letra “A”, como um “aaaaaaaaaa”.
Só que, ao mesmo tempo, você vai fazer um bico como
se fosse falar a letra “U”. Tente falar o som do “u” enquanto
pensa o som do “a”. E aí, o que aconteceu? Você conseguiu?

Pois é, o seu corpo impede a sua mente de realizar


algumas coisas, assim como a sua mente também impede
seu corpo de realizar outras. Quando a mente está vestida
de um estado, ela impede o seu corpo de realizar outro.

É por isso que existe uma necessidade de harmonia entre


o pensamento e ação.

O movimento da mente é expresso no corpo. Uma mente


agitada gera um corpo tenso, assim como um corpo tenso
impede a purificação e a limpidez do seu olhar a respeito do
mundo e de você mesmo.

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A LINGUAGEM
DA MEDITAÇÃO
Ok, já entendemos que precisamos relaxar o corpo e a
mente para conseguirmos perceber as situações da vida e
nos situarmos no mundo real. Mas e agora, como fazer isto?

Para encontrar o silenciamento interno e o relaxamento


corporal, nós precisamos da inação. A meditação é
relacionada ao não agir, ao não fazer. Nela, você não é
um órgão da ação: você não emite nenhum barulho e
nenhum pensamento. Esta linguagem da meditação é
como aquela que aprendemos no Hatha Yoga: enquanto
ele é a não ação do corpo, a meditação é a não ação
da mente. Quando você não age, você abre espaço para
a percepção. A ação diminui e você passa a conhecer mais
no presente.

Um exemplo simples e muito esclarecedor: pegue uma


caneta na mão. O que você precisa fazer para soltá-la?
Relaxar, não fazer nada. Se você relaxa, a caneta se vai.

E agora eu pergunto a você: o que você precisa fazer para


deixar o seu corpo relaxar e os seus pensamentos irem
embora? Nada.

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A contração da mente é o pensamento. Portanto, a me-
ditação é a diminuição da ação e o aumento da percepção.
Na meditação, você é um órgão da percepção, e não da
ação. E é nesta percepção que você irá conhecer todas
as camadas espirituais: coisas que estão por trás dos objetos
físicos e por trás das intenções das pessoas. É por meio
da prática de yoga e de meditação que você vai abranger
cada vez mais a realidade, até encontrar a paz suprema da
realidade.

Eu sei que parece simples, mas essa é uma longa trilha.


É uma jornada sem preço e muito transformadora. É esta
a jornada que você poderá experienciar no Jornada
do Autoconhecimento e no Curso de Formação.

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O YOGA
INAUGURAL
Sente-se para meditar, vamos ver o que acontece. Deixa eu
adivinhar: não deu nem 30 segundos e a sua mente já levou
você para longe, correto? É, nós somos viciados na ação.

Já que está muito difícil manter esta entrega e percepção


da consciência plena, vamos fazer o seguinte: concentre-
se em algo. Fixe o seu olhar em um ponto para baixo.
Provavelmente a sua mente já falará para você: “ok, estou
aqui fixado nesse ponto, e agora?”. Ela fará de tudo para
tirar você desta concentração.

Já que segue difícil, vamos tentar outra forma: traga a


consciência para a sua respiração. Vamos tentar facilitar
esse jogo, pois eu sei que é bem complicado. Respire fundo,
inspire e expire.

Ok, pode ter melhorado, mas imagino que o seu corpo


esteja um pouco desconfortável, querendo se mexer.
Estou certo? Então vamos ao próximo passo: o corpo físico.
Estamos indo do sutil pro denso. Se a meditação é quase
impossível (ainda), se a concentração tem muitos obstá-
culos e a respiração é bem mais difícil do que imaginamos,
vamos ao corpo físico.

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É simples: tente manter o corpo imóvel. Sem coçar o nariz,
sem mexer o dedo, sem abrir o olho. Só o movimento da
respiração. Leve a consciência só para o corpo. Agora, tire
esta tensão de imobilidade de estátua, relaxe como se você
fosse desmoronar, derreter. Ficou mais fácil? Tenho certeza
que sim.

Você provavelmente gostou da ideia de relaxar, de sentir


a imobilidade. Mas eu vou adiantar a você o que acon-
teceria se você ficasse mais tempo nesse estado: você
começaria a pensar naquilo que você tem que fazer e,
neste momento, já iria perder o caminho do corpo. Você
começaria a pensar na mentira que contou, na louça que
tem que lavar e na mensagem que não respondeu. Para
evitar esses pensamentos, é claro que temos aquele
básico que Patanjali nos ensinou: não devemos roubar,
mentir, agredir o outro. Temos uma série de “regras”
que devem ser seguidas.

Agora, vou explicar a você o que acabamos de construir


aqui: fizemos uma “logística inversa”, do fim até o início.

No yoga de Patanjali, lá na origem, o primeiro passo é


organizar a sua vida e fazer o básico. Senão, você
sentará e a sua mente vai fuzilar você com milhares
de afazeres que você deveria ter feito. Então, a minha
sugestão aqui é que você perceba também a meditação

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como um espelho da sua vida. Entenda que a sua mente
foi feita para proteger você, ela irá mostrar sempre
o que há de errado. Portanto, meditar com uma vida externa
e interior leve e em dia é algo muito mais fácil, pois a sua
mente não terá muitos argumentos.

Passando das regras para a imobilidade, chegamos ao


“corpo imóvel”, ao asana. É a imobilidade. Mantendo
a concentração na respiração, você estará atuando sobre
ela, utilizando-a como um objeto de concentração. Você
vai aumentar a amplitude da respiração, respirando não
mais 20 vezes por minuto, mas três ou quatro.

E como você pode imaginar, isto vai impactar profundamente


no seu relaxamento corporal e mental. Neste ponto, você
estará em condições muito melhores para concentração.

É nesta hora que você passa a aumentar o seu foco e su-


tilizar a sua percepção. Você passa a afeir coisas mais sutis,
você entra no estado de meditação. O que aconteceu aqui
foi uma densificação do sutil. Estes passos constroem o Raja
Yoga, o yoga original.

25
A DENSIFICAÇÃO
DO SUTIL
É muito mais fácil começar o yoga pelo denso: você co-
meça alinhando as suas ações, agindo de forma sincera
e virtuosa. A partir deste momento, você já terá menos
instabilidades, menos peso na sua consciência. O corpo é
mais denso, mais firme, você consegue conduzi-lo, mani-
pulá-lo, ter mais controle sobre ele. Seu eu pedir para que
você pare completamente os movimentos do corpo, você
consegue. Agora, se eu pedir para que você pare a mente,
você provavelmente não conseguirá.

Por isso, vamos começar pelo corpo essa estratégia de


sutilização da percepção e de autoconhecimento. O corpo
é o primeiro ponto de contato do praticante: se deparar
com as lesões, com as dificuldades e com as limitações
do seu próprio corpo. Meditar sob elas. Fazer técnicas
corporais, sentir, harmonizar.

E depois, o que irá acontecer? Você vai ampliar a sua


percepção para além do corpo. Você perceberá que o
próprio asana trabalha a sua mente e que o pranayama,
as técnicas respiratórias, irão manipular as suas energias
e harmonizar a sua mente. Disciplinando a sua respiração,
você disciplina a sua mente.

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Gradativamente,
ao longo do processo
do yoga,
você irá harmonizando,
silenciando e

transcen-
dendo.
Silenciando as instabilidades, você encontrará aquilo
que já é. Você não precisa construir nada, você só precisa
silenciar e harmonizar. Ao longo dos cursos, no Jornada do
Autoconhecimento e no Formação em Yoga, você encon-
trará muitas limitações. Mas você precisa entender que cada
limitação é um degrau: você tem que subir, você não pode
ignorar e nem chutar, senão você irá se machucar. Tudo
que surge também desaparece e isto vale também para as
suas limitações. Elas são feitas para que você perceba a sua
essência, que é muito maior do que isto.

Cada objeto que você medita lhe ensina, através da


percepção, algo que vai muito além do mundo físico e
concreto. Quando você decide se concentrar sob a
respiração, você sabe que o seu objetivo não é ela. No
momento em que você medita sob a sua respiração, você
aprende o ir e vir, o movimento da existência. O movimento
dela traz a você a percepção do princípio universal do ir
e vir, da vida.

Meditar sob a respiração é também perceber a todo mo-


mento a oportunidade de vida que você tem agora e que
um dia você não terá mais. Isto lhe traz sabedoria e
conhecimento. Isto lhe instala na condição de vida que
você possui.

Você medita e penetra o símbolo concreto para conhecer


o símbolo sutil.

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O YOGA DO CORPO:
HATHA YOGA
Depois do Raja Yoga - que é o yoga inaugural de Patanjali -
surgiu o Hatha Yoga: o yoga do corpo, uma ferramenta para
a transcendência.

Técnicas corporais, respiratórias e mentais para levar


você à transcendência. O Hatha Yoga é como uma caixa
de ferramentas que você utiliza em você. Você as aplica e
descobre os efeitos delas e onde elas lhe levam.

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O objeto
a ser harmonizado é

você,
as técnicas
são apenas
a ferramenta.
Quanto mais você aprimora as técnicas, mais você con-
segue utilizá-las para se aprimorar. Mas lembre-se sempre:
o objeto não é a técnica, é você.

Ao fim do yoga, você pode se desfazer destas técnicas, pois


você já utilizou todas ferramentas. Você já utilizou elas para
retirar todo o ruído que existia e enxergar esta escultura
maravilhosa que existe embaixo dela. Você já encontrou o
que você estava procurando.

Neste momento, as técnicas são jogadas fora. Mas é claro


que você pode ensinar, você pode conduzir outras pessoas
pelo mesmo caminho. Porém, o mais importante não são
estas ferramentas, mas sim o objeto, que é você.

E qual é o maior benefício de tudo isto? É claro que existem


benefícios corporais, físicos, mentais e psíquicos. Mas
você tem que realizar estas técnicas com o objetivo do
autoconhecimento. A redução da ansiedade e do estresse,
assim como a melhora na flexibilidade e no equilíbrio são
efeitos colaterais.

Ao fim do processo do yoga, você descobrirá quem você é.

E quando eu falo em “quem você é”, eu não estou me refe-


rindo ao seu nome, sua profissão ou onde você mora. Isto
são apenas papéis e estados mutáveis. O “eu” é algo que
não está visível, ele não é um papel e nem uma profissão.

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O ESTRESSE MENTAL
E A PERCEPÇÃO
Voltando para o Hatha Yoga, a percepção dentro dele é
de que sempre existe um estresse mental. Uma tensão que
inibe a sua percepção. O estresse não deixa com que as suas
células se regenerem e nem que o seu corpo se rejuvenesça.
O estresse é um mecanismo natural do seu corpo que visa
proteger você, mas que lhe faz não enxergar algumas coisas.

Imagine que você vê uma briga na rua e sai correndo. Após


minutos fugindo, você para e finalmente relaxa. Nesse
instante, você percebe que torceu o seu tornozelo, mas
não tinha nem percebido. Você torceu ele correndo, porém,
quando submetido ao estresse, o seu sistema imunológico
não funciona bem. Você não consegue perceber o mundo
ao seu redor e nem o seu próprio corpo. Depois que você
relaxa e esfria, você percebe.

E você sabe porque isso acontece? Porque se você perce-


besse esta torção lá no início, você iria cair no chão e estaria
no meio desta briga. No estresse, você não sente. É uma
questão de sobrevivência. Encontrar o caminho para
desestressar é tirar as tensões da mente e do corpo.

Quando você liga a linguagem do relaxamento, uma série


de efeitos são ativadas. E o método utilizado para chegar
neste ponto é o Hatha Yoga.

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AS ETAPAS
DO HATHA YOGA
Quando você pratica o primeiro nível do yoga, que é o asana,
você faz algumas posturas que são diferentes daquilo que
você está acostumado. Você faz um movimento que lhe
produz uma certa sensação. Quando você, estando de pé,
tenta tocar com as mãos nos pés, provavelmente sentirá a
lombar ou o posterior das suas pernas. E o que é isto? São
as regiões do seu corpo lhe assinalando que, nesta posição,
existe uma limitação.

O asana mostra a você as partes do seu corpo que possuem


tensão. Essas regiões são como um ponto preto onde não
flui a energia. São pontos que precisam ser dissolvidos.

Através do alongamento, por exemplo, você permite que a


energia volte a fluir nesta região. Para isto, existe uma téc-
nica de projeção de energia. A mesma coisa vale para
posturas de força, por exemplo. Ao fazê-la, você
sentirá fraqueza e, através da permanência, você irá
estabilizar estas regiões que anteriormente estavam
frágeis.

O asana ajuda você a conhecer as limitações do seu corpo.


E é através destas técnicas que você aprenderá a dissolver
as suas limitações. É como se você conseguisse desbloquear
e liberar o seu corpo. Você aprende a colocar mais energia,
mais alongamento e espaço nas regiões mais presas.

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Aos poucos, com o yoga, o seu corpo vai ficando mais leve,
menos tenso. Você passa a ter mais consciência corporal.

A ausência de tensão no corpo passa a se manifestar na


ausência de tensão da mente. Você passa a perceber mais
coisas pelo simples trabalho corporal de desfazer as tensões
e fortalecer aquilo que precisa ser fortalecido. Você passa
a ganhar harmonia corporal e o seu corpo fica leve. Você
passa a não senti-lo mais. A energia começa a fluir melhor.

Agora, com o corpo liberado, você passa ao segundo passo:


pranayama. Com o corpo leve, a energia flui. Não existem
movimentos que limitam a percepção.

Por mais que muitas pessoas acreditem que os avançados


no yoga plantam bananeira e fazem posturas difíceis, isto
é uma grande ilusão. Os avançados no yoga praticam
meditação, a comunhão com a consciência.

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O asana é a ferramenta, o seu

corpo
é o objeto.
Exercícios respiratórios para você concentrar a energia no
seu corpo. No pranayama, você, pela primeira vez na vida,
terá a experiência de que a sua energia é maior do que o
seu próprio corpo. Com o pranayama, sua energia fica apa-
rente. A sua percepção passa a notar cada vez mais coisas
e você harmoniza as suas energias internas.

E agora você pode estar se perguntando: “eu preciso praticar


asanas antes de praticar pranayamas?” É o seguinte:
quem pratica os asanas, estará com o seu corpo muito mais
liberado para que a energia flua. Então, é como se você
abrisse os canais para que ela possa passar.

De passo em passo, o seu corpo se harmoniza e você


caminha no caminho do autoconhecimento. Ao fim, você
aprende a preencher o seu coração com a sua consciência.

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Domingo temos o nosso último e mais importante encontro,
mas, antes disto, eu tenho uma surpresa para você!
Liberei as aulas 1, 2 e 3 para que você possa maratonar
nesse final de semana.

Para acessar a aula 01,


clique aqui!

Para acessar a aula 02,


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Para acessar a aula 03,


clique aqui!

Espero você no domingo às 20h na aula mais enriquecedora


do Curso de Yoga!

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