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Introdução à Sabedoria Gnóstica – Câmara Básica | 14

Associação Cultural Gnóstica Samael-Lakhsmi

Tema 3

O despertar da Consciência

“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.”- Jung

Qual a origem do sofrimento? Por que existe guerra, miséria, fome, ódio, poluição,
desigualdades e crueldades? Devido à inconsciência humana.
Inconsciência significa viver com a consciência adormecida, em um estado de sonambulismo,
agindo no piloto-automático.
O caminho para sair dessa mecanicidade é o despertar da consciência.

O que é a consciência
É a expressão da essência e se manifesta quando estamos lúcidos, conectados com o que
está acontecendo dentro e fora de nós, percebendo nossos impulsos, nossas emoções,
nossas crenças e de que maneira estes eventos internos estão construindo os significados do
mundo à nossa volta.
Ou seja, a consciência é o que permite à pessoa dar-se conta do que realmente está
acontecendo, permitindo que ela veja em cada situação muito mais possibilidades do que ela
está condicionada a ver.
A consciência é o que dá origem a todos os tipos de inteligência.
Quanto mais consciência temos em alguma área da vida, mais habilidoso e inteligente nos
tornamos naquilo.
Portanto, a consciência é um potencial que desperta por áreas e pode ser que alguém esteja
muito desperto para algumas coisas e esteja muito adormecido para outras coisas.
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O piloto-automático
O oposto da consciência é a inconsciência – quando pensamos, sentimos e agimos baseados
em padrões inconscientes da nossa personalidade, que nos fazem filtrar as experiências a
partir de nossas predisposições, como se fosse uma lente colorida que nos faz enxergar tudo
daquela mesma cor.
Por exemplo, em um evento qualquer, existem infinitas possibilidades de dar sentido e de
vivenciar uma mesma experiência: enquanto alguns estão se divertindo, outros estarão
preocupados se a diversão é segura; outros podem estar alheios a isso, reparando no que as
pessoas estão vestindo e outros ainda podem estar se sentindo ameaçados por uma risada
irônica, por um olhar discreto, por alguma coisa que acionou o sensor interno da inveja, etc.
Se todos estão no mesmo evento, por que cada pessoa está vivenciando uma coisa
diferente? Porque a personalidade de cada pessoa está construindo uma experiência
diferente, baseada nos seus próprios padrões ou filtros de percepção.
Esses filtros da personalidade, por sua vez, são acionados por gatilhos que de forma
inconsciente capturam a nossa atenção – são esses gatilhos que direcionam a experiência
para um padrão de resposta automática, que já temos pré-definida.
Cada pessoa faz isso de forma automática, centenas de vezes por dia.
Os filtros de percepção de nossa personalidade são construídos a partir daquilo que mais
temos dentro de nós mesmos. Ou seja, enxergamos nos outros o que mais temos dentro. E
inevitavelmente isso vai construir, em cada evento, um recorte da experiência, o qual vamos
acreditar que é o que realmente está acontecendo.
Por isso os sábios dizem que o exterior é o reflexo do interior.
Assim, as pessoas que se irritam com facilidade estão sempre encontrando motivos para se
irritar, em todos os lugares que vão.
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As pessoas com mais predisposição ao egoísmo estão sempre preocupadas que os outros
estão tentando levar alguma vantagem.
Os otimistas estão sempre buscando ver o lado positivo da situação.
Os preguiçosos estão sempre encontrando motivos para adiar as suas tarefas ou ganhar um
pouco mais de tempo.
Os prestativos estão sempre encontrando oportunidades de ajudar.
Os invejosos estão sempre envolvidos em intrigas e competição.
E assim por diante.
A pessoa que se irrita com facilidade, por exemplo, poderia dizer: “Mas que culpa eu tenho se
em todos os lugares tem gente me afrontando ou me desrespeitando?”
Isso acontece porque ela filtra ou recorta esse aspecto dentro de cada experiência,
transformando a sua vida em um constante campo de batalha, pois mesmo quando não tem
ninguém lhe desrespeitando, ela vai imaginar que tem, porque é o cenário que ela está
familiarizada.
Dizendo de outra maneira: aquilo que estamos constantemente buscando é o que vamos
encontrar, o tempo todo, mesmo que não esteja lá. E assim acabamos gerando situações que
são justamente o que mais gostaríamos de evitar.

O piloto-automático nos transforma em sonâmbulos


Você já viu um sonâmbulo?
Um sonâmbulo é uma pessoa que aparentemente está acordada, caminhando entre as
pessoas, inclusive conversando e trabalhando, só que ela não está vivenciando o mesmo que
os outros, pois ela está em um mundo só dela, em situações que ninguém mais está vivendo.
Para um sonâmbulo, um pano pode ser uma cobra, assim como um amigo pode ser um
assaltante que está tentando invadir a sua casa.
Ao reagirmos segundo nossos padrões internos, estamos vivendo em cada evento uma
experiência particular, exatamente como um sonâmbulo, que caminha, fala e interage a partir
daquilo que só ele está vendo.
Agora pense nos bilhões de pessoas que existem no mundo, vivendo dentro de uma bolha
de realidade projetada pelo seu inconsciente: cada uma em um sonho (ou pesadelo) que
acredita que é real, mas que só ela está percebendo, porque as outras pessoas, por sua vez,
também estão fazendo o mesmo, cada uma dentro da sua própria bolha de realidade...
Nesse estado de sonambulismo, nossa consciência está profundamente adormecida, sendo
vítima dos padrões da nossa personalidade.
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Aprendendo a despertar
Antes de perceber como construímos a nossa realidade, é quase impossível compreender a
necessidade de despertar da Consciência.
Uma das experiências mais transformadoras é o momento em que a pessoa se dá conta, pela
primeira vez, que está no piloto-automático e vê o mundo ao seu redor pela primeira vez, na
ausência desses filtros.
Antes disso, tudo que se tem é um emaranhado de teorias que não servem para despertar.

Por que despertar?


Quando começamos a despertar, vamos deixando de ser vítimas das circunstâncias e
principalmente deixamos de ser vítimas dos nossos padrões mecânicos, que nos fazem
cometer os mesmos erros.
Além disso, deixamos de ser marionetes nas mãos das outras pessoas. Ao despertar,
abandonamos a escravidão psicológica, tanto exterior (ser marionete dos outros) como
interior (ser marionete dos nossos padrões e do ego).
Além disso, despertar nos permite deixar de cometer os erros que recorrentemente
cometemos, pois nos permite perceber os padrões internos que perpetuam os erros. O
resultado disso é que ganhamos mais liberdade, felicidade, paz, saúde, qualidade de vida,
etc.

Como despertar a consciência


Para despertar é necessário evocar um estado de consciência que nos traga de volta para o
que nos dá felicidade e plenitude, estado da nossa verdadeira natureza. Chamamos isso de
recordação de si mesmo.
Só a recordação de si, aliada com a auto-observação podem nos libertar dos nossos padrões
automáticos, que são a causa da maioria das dores e problemas que temos na vida.
Neste tema vamos estudar um método para a recordação de si mesmo, que chamamos de
Chave SOL, um acrônimo para Sujeito, Objeto e Lugar.
Cada uma das perguntas tem por objetivo evocar um estado de presença, uma percepção
consciente do que está acontecendo dentro e fora de nós. Em geral, quando não estamos
despertos, nos mantemos submersos em nossos padrões inconscientes, sem saber o que está
acontecendo de fato e com essas perguntas conseguimos dar-nos conta. Não são perguntas
para serem respondidas: o principal objetivo de cada pergunta é provocar a quebra do
estado automático, para que a partir desse momento nos tornemos mais lúcidos.
Sujeito - pergunta-chave: QUEM SOU? (buscando perceber quem realmente somos – nossa
Essência ou Consciência – ao mesmo tempo em que analisamos se o que está acontecendo
em nosso universo interior está sendo gerado pela Consciência ou se é uma projeção interna,
resultante de um padrão inconsciente, ou seja, de um eu que atua na nossa personalidade)
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Objeto – pergunta-chave: O QUE ESTOU FAZENDO? (buscando perceber se existe coerência


entre o que queremos para nossas vidas e o que estamos fazendo em um dado momento)
Lugar – pergunta-chave: ONDE ESTOU? (percepção do ambiente e também do centro de
gravidade que adotamos para perceber o momento – o melhor centro de gravidade é
sempre o coração tranquilo, que seja ele a capturar a frequência, a vibração das coisas)

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