Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A busca pela validação externa pode ser muito arriscada durante a jornada migratória
Se tem uma coisa que a vida morando fora nos ensina, é o nosso poder de resiliência.
Aprendemos desde muito cedo que ou ressignificamos aquilo que nos causa dor ou nos
perderemos no meio do caminho. A vida está passando tão depressa, que assim como
um trem que está de partida, precisamos ajustar o nosso passado para não ficarmos para
trás. Uma habilidade necessária para vivermos em qualquer cultura é o autossuporte,
que nada mais é do que o movimento de aprendermos a nos acolher.
Qual foi a última vez que você pensou por você mesmo? Qual foi a última decisão que
você tomou baseado naquilo que acreditava? Quando se viu agindo pelo que acreditava
ser coerente e justo? Esses questionamentos nos transportam para um lugar de
pensarmos sobre como estamos conduzindo a nossa vida. O passado nos ajuda a
compreender o presente e de tentarmos perceber o que nos trouxe até aqui e porque nos
comportamos da forma que nos comportamos ou seja, é um processo de
autoconhecimento e de repararmos em nós mesmos.
Validação externa morando fora
Você já parou para pensar por qual motivo precisa da validação dos outros? Por qual
razão a opinião do outro é tão importante? Porque credibilizamos tanto a percepção dos
outros sobre nós? O que te leva a crer que talvez aqueles a sua voltam saibam mais
sobre você, do que você mesmo? Essas perguntas te auxiliarão a pensar sobre como tens
conduzido a sua vida. Talvez você esteja mal acostumado e ao longo dos anos
terceirizou suas tomadas de decisões, tanto por não se sentir seguro ou pela simples
preguiça de sentir-se responsável pela própria vida, afinal de contas, se não der certo, a
culpa foi de quem decidiu, não é?
Longe de tudo e todos, perdemos a nossa referência e essa posição pode gerar muita
insegurança e instabilidade emocional. Com isso olhamos para aqueles a nossa volta e
buscamos sentido, apoio, validação e alguém que nos dê suporte, mas preciso confessar,
talvez você não encontre isso morando fora. A jornada migratória nos conecta ao nosso
propósito, as nossas verdades e aos nossos objetivos essenciais, motivos esses que
explicam por que passamos a dedicar mais tempo a nossa própria jornada, nos afastando
assim de nos envolvermos com a resolução da vida dos outros. Para além disso, muitos
imigrantes estão vivendo realidades parecidas, tentando permanecer onde estão e manter
sua mente e coração em equilíbrio.
Compreender isso nos auxilia a compreender que nem tudo é sobre nós, que não termos
suporte dos outros não é tão ruim assim, mas é uma grande e linda oportunidade de
desenvolvermos o nosso autossuporte. De pensarmos sobre nossas emoções e
aprendermos a nutri-las, de olharmos para o nosso corpo e identificarmos o que ele está
necessitando e enxergar nossa jornada e nos adaptarmos ao momento presente.
Desenvolvendo autossuporte
Para que você possa desenvolver o seu autossuporte eu reservei algumas orientações
práticas. Elas te auxiliarão a se perceber, reconquistar sua autonomia emocional e
reestabelecer sua relação com você mesmo, vamos a isso:
Separe um tempo para você, aproveite para perceber o que seu corpo físico está
lhe dizendo. Onde foi? O que está tenso? O que precisa de relaxamento?
O que sua mente tem trazido a consciência todos os dias? Não finja não
perceber, ela não tolera desatenção.
Após olhar para sua mente e corpo físico, faça uma lista de ações para dar a
devida atenção as coisas que precisam ser alteradas.
Reorganize seu espaço em casa, muitas vezes parte do nosso caos interno é
gerado pela falta de ordem externa. Proporcione sua paz.
Faça uma lista das pendências físicas e emocionais. Encontre uma ação para
cada uma delas e no seu tempo, as concretize.
Aprenda a confiar na sua sabedoria, inteligência e experiência da vida. Se um
pilar destes está frágil, fortaleça-o.
A autorresponsabilidade é uma arte, como está sua maestria diante dela? A vida
adulta nos convida a acolhermos e dar a ela o devido espaço.
As pessoas a sua volta te fazem se sentir mais seguras ou inseguras? Elas devem
lhe influenciar para sua evolução e não ao contrário, lembre-se disso.
Como vai o cansaço? Se esse é o seu sobrenome, então não entendeu o que é
viver no exterior. Desfrute da vida que sonhou em viver.
Como vai a terapia? Se achas que não precisa ou segue procrastinando o inicio
deste processo, então talvez você precise olhar para seus resultados com mais
atenção e generosidade.
Portanto, que possamos ser o nosso autossuporte onde quer que estejamos. Assim nos
libertaremos de qualquer dependência emocional e seremos verdadeiramente livres. Se
trate com carinho.