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Realinhando o relacionamento para colocar o pé na estrada

Emigração a dois exige equilíbrio e muita clareza afetiva

Não parece, mas três semanas do ano já se passaram e certamente você está com a
sensação de que o tempo está voando, mais uma vez, não é? Há um tempo estamos
sentindo isso e precisamos refletir sobre a nossa intencionalidade diante do nosso
processo migratório, principalmente quando desejamos colocar o pé na estrada de forma
acompanhada. Morar fora pode ser um sonho e se não tiver atenção podemos viver um
pesadelo e comprometer nosso relacionamento afetivo com nosso parceiro (a). Se você
sente que sua vida a dois precisa de realinhamento relacional, vamos juntos até o fim
deste texto.

Por vezes sonhamos em sair do nosso país de origem, viver em uma nova cultura,
recomeçar do zero, mergulhamos em um novo idioma ou simplesmente sermos o que
sempre idealizamos. Isso é possível e uma possibilidade viável para aqueles que se
planejam, organizam e sabem fazer escolhas. Se você se identifica com essas palavras e
possui um relacionamento afetivo, certamente faz planos contando com a companhia
dele (a) não é? Feliz daqueles que podem contar com a presença de alguém para tornar a
própria existência mais leve e tranquila.

Morar fora a dois exige do casal um realinhamento relacional bem afinado, os


combinados precisam estar claros e precisamos ter uma consciência muito ampliada
sobre tudo aquilo que damos conta. Nesta semana tive a oportunidade de gravar um
podcast com Amanda e Claudinho, sobre “equilíbrio do casal para morar no exterior”
(https://anchor.fm/vagas-pelo-mundo/episodes/Equilbrio-do-casal-para-morar-no-
exterior---Episdio---206-e1tn3t5) e lá conversamos sobre pontos preciosos que todo
imigrante precisa ter em conta quando o assunto é equilíbrio relacional e se você ainda
não ouviu, confira a íntegra.

Se você pensa em colocar o pé na estrada, mas percebe que seu relacionamento não está
muito bem estabelecido, que vocês não têm uma boa comunicação, onde brigas são
constantes e parece que estão mais desconectados do que Wifi em dias de chuva, pare
por um momento e reflita sobre o que pode ser feito para vocês conquistarem um
realinhamento emocional. Costumo dizer para meus pacientes que se não soubermos ser
um bom ímpar, jamais saberemos ser um bom par. Parece que estamos a todo momento
esperando que nosso parceiro (a) resolva nossas frustrações e os responsabilizamos por
não sermos o que desejamos. Esse movimento pode ser inconsciente e talvez nem tenha
se dado conta, mas antes de realinhar seu relacionamento, busque olhar para você com
atenção.

Pare por um momento, se retire de ambientes com muitas distrações, aquiete a mente e
busque perceber como se sente nesta vida. Como vai o sono? Como vai a alimentação?
Como vai as finanças? Como vai a vida profissional? Como vai a saúde mental? Como
você está fora das redes sociais? Essas perguntas parecem bobas, mas talvez você não
tenha respostas para todas elas e é justamente por isso que você precisa parar por um
momento e rever sua própria vida. Antes de se concentrar no realinhamento relacional,
reveja o seu relacionamento com você mesmo.

O processo migratório sempre exigirá muito de nós e é por isso que seu
autoconhecimento precisa estar fortalecido, caso contrário, em algum momento você vai
se sentir perdido e esperar que alguém lhe resgate, mas se dará conta que longe de casa
não há tantas pessoas a quem possas pedir ajuda. Esse não é um recado para ativar nossa
ansiedade e o nosso medo, justamente o contrário, serve para você se conectar a pontos
que talvez tenham passado ao lado sem se dar conta.

Após fortalecer o seu relacionamento com você, chegou o momento de olhar para
relação, encontrar os pontos fortes, os pontos frágeis e as oportunidades de crescimento,
para então alcançar o realinhamento relacional. Esse exercício não precisa ser feito
sozinho, seria incrível se o fizesse acompanhado, afinal de contas, ambos são
responsáveis pelo progresso dessa relação. Aqui vão algumas dicas:

 Separem um tempo de qualidade para pensar sobre a relação;


 Anotem pontos fortes, frágeis e oportunidades de crescimento;
 Apresentem essa listinha ao outro e conversem sobre ela, vejam o que apareceu
em comum e o que talvez seja uma novidade;
 Esteja com o coração aberto para perceber o outro e se fazer perceptível;
 Não há espaço para críticas, julgamentos ou discussões, o foco precisa ser o
crescimento e realinhamento;
 Elimine interferências externas, animais, familiares ou atividades que podem
esperar, concentrem-se;
 Talvez o exercício mexa um pouco com as emoções, fluam em lágrimas, sorrisos
ou abraços;
 Permitam-se estar conectados, talvez não vivam isso a um tempo;
 Por fim, estabeleçam combinados, o que ambos se comprometerão em fazer para
que essa realidade seja diferente, caprichem!

O realinhamento relacional não é difícil, mas exige comprometimento, disciplina,


constância e vontade, muita vontade de fazer diferente. Quando decidimos morar fora
escolhemos abrir mão de tudo aquilo que conhecemos para acolher algo novo, não caia
na armadilha mental de desejar a vida que tinha no seu passado, talvez ela não funcione
mais no aqui e no agora.

Talvez você esteja se perguntando neste momento, “para que fazer tudo isso e entrar em
contato com todos esses pontos, o meu relacionamento está ótimo...”, será? Por vezes
criamos uma fantasia em nossa mente que todas as coisas estão bem, que não temos
problemas, que não há questões a tratar e o que surgir será facilmente resolvido...
Lembre-se que ao colocarmos o pé na estrada deixamos para trás toda a nossa zona de
conforto e influência, ou seja, os problemas mal resolvidos no passado se tornarão ainda
maiores longe de casa. Ajuste o que precisa ser ajustado antes de morar fora, tanto para
que isso não comprometa o seu plano migratório, tanto para que você não se despedace.

A saúde mental importa e a sua precisa estar fortalecida. Não seja leviano com suas
emoções e sentimentos, busque olhar para elas com atenção, respeito, acolhimento e
muita maturidade. Não podemos fingir que não estamos vendo, a vida cobra
autoconhecimento e se não soubermos do que somos capazes e o que pode nos derrubar,
estaremos uma posição muito sensível. Aprenda a se fortalecer internamente antes de
desejar que o seu externo seja um bom alicerce para sua “estabilidade” e equilíbrio.

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