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poderá aceita-las, reconhecendo-as como partes integrantes da sua

personalidade.

O fato é que, ainda que a alta sensibilidade seja um dom, nem sempre é
algo fácil de viver. Portanto, para canalizá-la e tirar proveito das muitas
vantagens que ela outorga a pessoa deve cuidar-se com carinho e atenção.
Saber que você é uma pessoa altamente sensível é importante. Entender
como funciona o sistema neurossensorial de uma PAS lhe dá uma
ferramenta fundamental para lidar com a característica no dia-a-dia.
Descobrir mais sobre o traço e sobre a maneira específica como ele se
manifesta no seu caso, pode lhe dar a segurança necessária para arriscar-se e
mostrar-se ao mundo, compartilhando, não apenas, a sua sensibilidade, mas
todos os seus dons. Já imaginou o que teria acontecido se a própria Elaine
Aron não tivesse descoberto dentro de si os recursos necessários para
aventurar-se?

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II. Busque o autoconhecimento
O segundo passo é o autoconhecimento, que tem como ponto de partida
a auto-observação. A alta sensibilidade é uma característica que se
manifesta de maneira distinta em cada pessoa. Cada um de nós é diferente.
O que seria um ponto de atenção para uma pessoa, pode não ter maior
significado para outra. Ser uma pessoa altamente sensível é apenas uma parte
do que somos, uma faceta da nossa personalidade, e nunca a sua totalidade.
Você precisa saber como essa característica interage com outros
aspectos da sua personalidade e como a atitude negativa da sociedade em
relação a ela afeta o modo como você a vivencia.

Muitos fatores influem na forma como a nossa sensibilidade se


manifesta. Por ter a permissão para expressar a sua sensibilidade, uma mulher
tenderá a reagir de maneira distinta de um homem. Uma pessoa criada numa
família numerosa poderá se sentir à vontade em grandes grupos. Um
introvertido terá maior capacidade de ocultar suas emoções, enquanto o
extrovertido não conseguirá dissimular seus sentimentos.

Além disso, muitas pessoas, ao longo da vida, desenvolveram


“truques adaptativos” para sobreviver como pessoa sensível num mundo
que não o é. Embora possam ter sido eficientes em determinados contextos,
esses truques têm, em geral, o efeito nocivo de ocultar a sua sensibilidade de
si mesma e reforçar o sentimento de inadequação que acompanha muitos PAS

Por isso, é imprescindível um trabalho de autoconhecimento. Sozinha


ou com o apoio de um profissional, é tarefa de cada pessoa conhecer o
modo particular como se expressa a sua sensibilidade. Você é
perfeccionista? Magoa-se facilmente? Tem dificuldade para dizer não? Tem
muitas alergias? Necessita de mais tempo à sós do que as pessoas com quem
convive? Tem dificuldade para atuar bem quando está sendo observado? É
fortemente afetado por brigas e discussões e faz o possível e o impossível para
evitá-las? Observe também o modo como a sensibilidade afeta a sua vida. Em
que aspectos, momentos, ela lhe causa problemas. Você evita expressar sua

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opinião no trabalho, por medo de se expor? Considera-se tímido/a e fica pouco
à vontade em situações sociais? Tem medo de falar em público?

Identifique as situações que atuam como gatilhos emocionais e lhe


produzem um alto nível de estresse. Observe, especialmente, as ocasiões
em que estava com fome, ou após uma noite mal dormida. Preste atenção às
suas reações físicas: musculatura contraída, dores de cabeça, mãos e pés
frios, insônia, fome repentina, beber em excesso.... Procure relacionar esses
sinais com o seu momento de vida. Anote essas observações num diário e
busque padrões e repetições. Eles vão lhe ajudar na identificação do modo
peculiar como a sensibilidade se expressa em sua vida e na prevenção de
alguns problemas. O exercício que está ao final desse e-book pode lhe
ajudar nesse processo.

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III. Desenvolva sua autoestima

Uma das grandes dificuldades para as pessoas altamente sensíveis tem


a ver com este tema. As razões são muitas e variadas. Por um lado, a
sociedade valoriza características distintas das nossas. Principalmente no
Brasil, é importante ser extrovertido, confiante, sociável, etc. São
desvalorizadas algumas das nossas características, como a intensidade
emocional e o alto grau de empatia. De fato, não é exatamente raro que as
pessoas confundam sensibilidade com debilidade. E isto pode nos deixar com
uma falsa impressão de inferioridade, e nos fazer sentir como se fossemos
mais fracos que os demais. E aí reside um dos primeiros pontos de atenção: a
tendência a compararmo-nos com as outras pessoas.

Somos diferentes, e não apenas por conta da alta sensibilidade, como


também por todo um conjunto de características e experiências fazendo cada
um de nós como um ser único. Falando especificamente da alta sensibilidade,
é preciso reconhecer, também, as muitas vantagens que esta
característica nos acrescenta, como empatia, intuição, capacidade de
apreciar profundamente a beleza, temperamento artístico, etc.

Outro ponto que pode prejudicar a autoestima advém da própria


expectativa em relação ao desempenho. Este aspecto costuma afetar,
principalmente, aquelas pessoas que foram criadas com muitas críticas e
poucos elogios. Nesses casos, a pessoa pode internalizar essa forma de

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tratamento, sempre exigindo demais de si e se recriminando mentalmente
quando não atinge o padrão esperado.

Uma boa forma de descobrir se este é o seu caso é observar o seu


diálogo interior. Você chama a si mesmo de “burro” ou “incompetente”,
quando comete um erro? Você sente que nunca está “à altura” de um padrão
de excelência que você mesmo estabeleceu? Uma maneira interessante de
lidar com estes e outros pensamentos é escrevê-los numa folha de papel
e analisá-los de forma mais distanciada, como se fossem referentes a
outra pessoa. Desta perspectiva você pode se perguntar, por exemplo, se eles
são verdadeiros ou, simplesmente, refletem uma tendência a supervalorizar
cada erro, como se seu senso de valor dependesse muito mais daquilo
que você faz do que daquilo que você é.

Outro ponto importante para o desenvolvimento da auto- estima tem a


ver com a apreciação de si mesmo. A baixa autoestima não apenas nos leva
a supervalorizar os nossos erros, mas também a não notar ou minimizar
nossos acertos e qualidades. Nestes casos existe uma clara desvalorização
do positivo e uma concentração e preocupação com o negativo. Não sendo
incomum, por exemplo, que as pessoas com baixa autoestima se sintam pouco
à vontade ao receber elogios.

Uma boa estratégia para contrabalançar esta tendência é celebrar.


Celebre suas conquistas: escreva-as no seu diário; compartilhe-as com as
outras pessoas; Premie-se! Se você não premiar a si mesmo, se não dedicar
um certo tempo para você, se não expressar afeto a si mesmo, a sua
autoestima será nula ou insuficiente.

Porém mais importante do que celebrar seus sucessos é reconhecer e


se orgulhar dos seus talentos e qualidades. Você é um bom amigo/a? Tem
aptidões para música, pintura, dança, teatro ou outra forma de expressão
artística? É um bom ouvinte? Escreve bem? Tem dedo verde e suas plantas
ficam lindas? Por que é tão importante reparar nessas “pequenas” coisas? Por
duas razões. A primeira é que, uma vez que estes dons são partes de nossa
personalidade, tendemos a não valorizá-los devidamente, por se tratarem de
algo a que já estamos acostumados. A segunda razão é que, ao nos
concentrarmos nelas, estamos atentando para o nosso valor intrínseco,

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que independe dos “sucessos” ou “fracassos” com os quais nos brindam
a opinião alheia e o mundo exterior.

Vá mais longe e identifique o seu próprio conceito de sucesso.


Todos vivemos bombardeados pelas definições externas de sucesso, e nem
sempre paramos para pensar se é isto o que queremos para as nossas vidas.
Sucesso é aquilo que nos realiza. Para uma pessoa, pode ser possuir uma
família amorosa. Para outra, pode ser o seu trabalho como voluntária. Para
mim é estar escrevendo este e-book. E para você?

Crie a sua definição e concentre-se naquilo que faz a vida ter


sentido para você. Para fazer isso é preciso em primeiro lugar entender quem
é você. Quais são seus valores, o seu propósito de vida? Qual é, para você, o
sentido da sua existência? Só você pode encontrar as respostas. Mas a partir
do momento em que seu coração e sua alma as encontrarem, aferre-se a elas
e siga o seu caminho. Saber quem você é e seguir seu próprio caminho é a
melhor maneira de fortalecer sua autoestima.

Por fim, se você sentir que o tema da autoestima lhe traz ainda muitas
questões a serem trabalhadas e está na raiz de dificuldades e impasses
recorrentes em sua vida, talvez seja o caso de buscar a ajuda de um
profissional para revisitar sua história e construir uma nova perspectiva sobre si
mesmo.

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IV. Aprenda a cuidar do seu corpo e respeitá-lo

Seu corpo é especializado em sensibilidade. Ele é sensível desde o


dia em que você nasceu. E é bem provável que, no ímpeto de atuar no mundo
e de ser “igual a todo mundo”, você o esteja negligenciando ou forçando-o além
dos seus limites. Nunca perca de vista os pilares do bem-estar de uma
pessoa altamente sensível: dormir, descansar, comer bem e manter os
ritmos. Aprenda a interpretar os sinais do seu corpo e a reconhecer suas
necessidades especiais. Com todas as diferenças que existem entre nós,
algumas dessas necessidades costumam ser as seguintes:

Sono e descanso. Por conta do excesso de estímulos que captamos


durante o período de vigília, precisamos de mais horas de sono. Por outro lado,
somos muito propensos a insônia, como consequência do estresse e da
dificuldade em desligar a mente. O fato é que, para a maioria das pessoas
altamente sensíveis, dormir cerca de oito horas por noite é tão importante
quanto comer ou beber. Uma (ou mais) noite mal dormida não apenas nos
deixa cansados e desconcentrados no dia seguinte, como pode nos tornar mais
emocionais. Dito de outra maneira, dormir pouco faz com que muitos de nós se
sintam mais propensos a magoar-se facilmente, cometer erros, esquecer das
coisas e, finalmente, chegar ao estresse, fechando-se assim um ciclo vicioso.

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Para evitar entrar nessa espiral é preciso considerar a quantidade e a
qualidade do seu sono como uma prioridade. Alguns conselhos:

Estabeleça uma rotina: se você estabelece uma hora certa para dormir e
acordar, seu corpo irá se adaptando a esses horários. Pelo menos uma ou
duas horas antes de dormir, desligue todos os equipamentos eletrônicos
(desligue-os da tomada, uma vez que somos sensíveis à radiação.). Procure
atividades relaxantes e evite aquelas que vão mantê-lo excitado (como o
telejornal noturno ou um filme de ação)

Mesmo que não consiga adormecer rapidamente, permaneça na cama


com os olhos fechados. Uma vez que cerca de 80% dos estímulos sensoriais
nos chegam através dos olhos, ficar com os olhos fechados já garante um bom
descanso.

Descarga emocional. Além do sono, precisamos de outros tipos de descanso.


Aprender a descarregar a mente do excesso de informações captadas é
essencial. Um hobby, uma caminhada, jardinagem ou algum tipo de trabalho
manual são atividades que nos ajudam a desconectar do mundo exterior com
seu excesso de estímulos. Atividades artísticas como pintar, escrever ou
tocar um instrumento, constituem um verdadeiro bálsamo para a alma (e uma
necessidade para a PAS), ajudando-nos a nos reconectarmos com nosso eu
interior.

Exercício. O exercício físico regular constitui outra maneira de lidar com a


sobrecarga de informações. É importante que você escolha uma atividade que
combine com você. Esportes competitivos e academias barulhentas, cheias de
gente e de música alta, não costumam ser as melhores opções. Caminhadas,
tai-chi, yoga, natação, dança, etc., costumam ser opções mais adequadas
para a maioria de nós.

Um conselho. Procure realizar sua atividade física até, no máximo


18:00h ou 19:00h, porque leva algum tempo para o seu sistema nervoso se
acalmar e não prejudicar a qualidade do seu sono.

Alimentação adequada. Primeiro é preciso ter em mente que, para muitos


de nós, a fome é um fator que pode interferir negativamente em nosso
estado de espírito. Do mesmo modo que a falta de sono, a sensação de fome

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(ou a queda do nível da glicose no sangue) pode provocar uma diminuição das
substâncias bioquímicas necessárias ao funcionamento regular do sistema
nervoso, deixando-nos mal-humorados, irritados e propensos a agir de forma
excessivamente emocional. Mais uma vez, esta não é uma regra geral, mas
algo possível de suceder no seu caso específico.

Depois, é preciso respeitar a sabedoria do seu corpo no que tange à


comida. Muitas PAS se sentem mal, apenas, em ver ou provar determinados
alimentos. Sabem, instintivamente, que seu organismo não o necessita e
intuem que tipo de alimento lhe convém. Vale muito a pena respeitar essas
sensações. Nosso organismo é extremamente sensível. E não é por acaso que
muitos de nós sofremos de alergias, intolerâncias alimentares, intestino irritável
ou outras enfermidades ligadas à digestão dos alimentos. Algumas comidas
nos acalmam, outras nos excitam. Alguns de nós são particularmente sensíveis
a estimulantes como álcool e cafeína, outros não. Preste atenção às
mensagens do seu corpo e descubra quais comidas são mais indicadas para
você.

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V. Vigie seus limites

Este é um ponto essencial: conhecer e manter seus limites. É uma


espécie de calcanhar de Aquiles em vários aspectos da nossa vida. Quando
falamos de limites, estamos, na verdade, falando de fronteiras. Muitas PAS têm
problemas com fronteiras frágeis. Envolvem-se em situações que não são de
sua alçada, permitem que as pessoas (e suas opiniões) as perturbem em
demasia, falam mais do que gostariam, deixam-se levar pelos problemas dos
outros, criam intimidade depressa demais e, às vezes, com as pessoas
erradas, etc. Todas essas atitudes apontam para um mesmo ponto: a
dificuldade de estabelecer onde termina o eu e onde começa o outro.

Esta dificuldade se desdobra em muitos temas. Um deles é, sem dúvida,


a questão da ajuda e do autossacrifício. Principalmente, embora não
exclusivamente, nas relações interpessoais e afetivas, pode acontecer que
passemos por cima, não apenas, dos nossos limites, como também dos das
outras pessoas. Cabe aqui a reflexão sobre até que ponto sou capaz de ir em
meu desejo de ajudar o outro? A partir de que momento estou dando além do
que disponho (em termos de tempo, energia, dinheiro, etc.)? Até que ponto
estou respeitando o outro e sua responsabilidade pela sua própria vida?

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