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2.

Apresentação: o que é isto que chamamos “alta


sensibilidade”?

Os seres humanos são seres sensíveis. Uns mais, outros menos. De


qualquer maneira, as informações que captamos através dos nossos sentidos e
as interpretações que construímos, guiam nosso modo de estar no mundo.
Então, o que queremos dizer com a expressão “alta sensibilidade”? Quando
falamos em uma “Pessoa Altamente Sensível” estamos nos referindo àquela
parcela da população (cerca de 15 a 20%) que apresenta uma elevada
responsividade do seu sistema neurossensorial. Sensibilidade, nesse
contexto, significa maior receptividade à estimulação.

O sistema nervoso das pessoas altamente sensíveis opera de forma


distinta, o que as torna particularmente susceptíveis tanto ao nível emocional,
quanto ao sensorial. Esta diferença no nível de sensibilidade é, em grande
parte, herdada e não significa que recebam mais informação que as outras
pessoas, mas que esta informação é menos filtrada. Assim, muito mais
detalhes são percebidos e processados. Por serem mais afetadas pelos
estímulos sensoriais, essas pessoas costumam apresentar uma sensibilidade
acima da média a ruídos, cheiros, sabores, contato na pele, etc.

Essa maior prontidão para as sutilezas tende a torna-las mais intuitivas,


ou seja, capazes de processar informações de forma semiconsciente ou
inconsciente. O resultado é que uma PAS (sigla para Pessoa Altamente
Sensível ou HPS - Higly Sensitive Person, em inglês) muitas vezes
“simplesmente sabe” alguma coisa sem ser capaz de explicar como obteve
esse conhecimento. Este modo de “captar” sutilezas também se estende as
emoções. Muitas pessoas altamente sensíveis “sentem” as emoções
daqueles que estão a seu redor, registrando-as de forma consciente ou
inconsciente, Seja se deixando "contaminar" pelo mau humor ou irritação de
um colega, por exemplo, seja tendo uma crise de dor de cabeça após estar em
um determinado ambiente. É comum que nestes casos a pessoa se dê conta

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da sua mudança de ânimo, ainda que não saiba explica-la: "Não sei o que
houve comigo, eu estava tão bem! ”, é uma frase corriqueira nessas situações.

De uma maneira muito geral, poderíamos dizer que uma PAS absorve bem
mais informação que as demais, ficando facilmente sobrecarregada com o
acúmulo. Em consequência, entre outras características, costuma:

 Ser mais vulnerável ao stress;


 Cansar-se mais depressa;
 Ter mais dificuldades em estabelecer e manter seus limites;
 Possuir um limiar mais baixo de tolerância à dor.

Tudo isso pode levar a uma sensação de inadequação ou a sentimentos de


inferioridade. Mas também a um reconhecimento das muitas qualidades
outorgadas por esta característica. Como diz a Dra. Elaine Aron, a psicóloga
norte-americana pioneira nos estudos sobre o tema, a sensibilidade é uma
característica neutra, presente entre os seres humanos e em outras espécies.
O modo como é socialmente interpretada irá influenciar (e muito) a autoimagem
das pessoas altamente sensíveis.

Acredito, porém, que tão (ou mais) forte que esta influência é o trabalho do
próprio indivíduo e sua atitude proativa. Informação, autoconhecimento e
respeito para com a própria sensibilidade, podem ajudar as pessoas altamente
sensíveis a atuarem no mundo sentindo-se confortáveis com esta sua
característica e compartilhando as muitas qualidades das quais são dotadas.
Este é o sentido deste material: ajuda-lo/a a começar a grande aventura de
viver sua sensibilidade de forma plena. Boa leitura.

Sumário

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3. 10 Estratégias para conviver com a alta sensibilidade

Costumo sempre repetir a afirmação da Dra. Elaine Aron, que a alta


sensibilidade é um dom. Porém, se pararmos para nos perguntar: “que dom é
este? ”, teremos várias respostas. Dentre elas, a que mais me agrada foi dada
pela minha amiga e mentora Karina Zegers de Bejil: “o dom de viver a partir do
coração”. Pronto, decifrado o mistério. E porque me agrada tanto esta
resposta? Porque traz em uma única frase o lado doce e o amargo da
sensibilidade.

Afinal, todos nós sabemos que viver a partir do coração torna a vida
mais bela e profunda, porém mais complexa e assustadora também. E é disso
que trata esta publicação: de como aprender a viver com esse dom, sem
esconder-se ou negar essa característica, nem se afogar num mar
incontrolável de suscetibilidades. Creio que, na tarefa de encontrar esse
delicado equilíbrio, algumas das atitudes listadas abaixo podem ser de grande
auxílio.

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I. Conheça e aceite a sua característica

Antes de qualquer outra ação, é necessário que você reconheça e aceite


a alta sensibilidade. Não há nada de errado com você, nenhum problema,
nenhum transtorno, nada disso. Simplesmente, você possui uma característica
distinta da maioria. Uma característica que, embora minoritária, é
compartilhada por um grupo relativamente grande de pessoas.
Aproximadamente, 20% dos seres humanos. O que você, eu e todas essas
pessoas temos em comum é um sistema nervoso altamente receptivo, que
torna mais difícil filtrar estímulos e mais fácil ficar sobrecarregado por eles.

Esta sensibilidade do sistema nervoso central nos dota de alguns traços


específicos. Entre eles, os quatro que segundo a Dra. Aron são essenciais
para definir uma pessoa como altamente sensível:

 Processar toda a informação de maneira muito profunda (dar voltas a


um tema, ruminar, etc.);
 Facilidade para a sobreestimulação (por captar um excesso de
informação);
 Intensidade emocional (magoar-se com facilidade; empatia, aversão a
conflitos)

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 Sensibilidade sensorial (que lhe permite captar as sutilezas, tanto do
meio ambiente, quanto das outras pessoas).

Apenas para evitar confusões, reafirmo que estes traços são definidores da
alta sensibilidade. Se você não se identifica com um ou mais deles, não é
uma pessoa altamente sensível. Estes atributos influenciam a maneira como
interagimos com o mundo e as outras pessoas. De modo geral, nós, PAS, nos
cansamos mais depressa, temos mais dificuldade em estabelecer limites nas
relações interpessoais, nos estressamos com mais facilidade e somos mais
incomodados por aspectos do meio ambiente como barulho, luzes e cheiros
fortes. Além de outros estímulos perfeitamente toleráveis para os outros, mas
excessivos para nós.

Por estas e outras dificuldades, ainda que saibamos que alta sensibilidade é
um “dom”, nem sempre conseguimos vivê-la dessa maneira. Eu própria
busquei, por muito tempo, negar essa característica, criando a máscara de uma
pessoa “forte”, uma vez que acreditava que minha sensibilidade me fazia
“fraca”. Acontece que, como disse Jung, “aquilo a que você resiste,
persiste”.

Foi apenas a partir do momento em que decidi, conscientemente, abraçar


esse aspecto da minha personalidade, que fui capaz de integrá-lo ao meu dia-
a-dia e, aos poucos, ir fazendo as mudanças necessárias para me sentir mais
feliz comigo mesma. Por isso, creio que a aceitação de quem você é e das
suas necessidades, é o primeiro passo para uma vida equilibrada.

Nesse caminho, o conhecimento constitui uma ferramenta muito


importante. Você precisa saber o que significa ser uma PAS, na totalidade.
Saber o máximo possível sobre essa característica, porque, conhecendo-a,
poderá tomar medidas. Adaptar seu estilo de vida de maneira a viver melhor as
vantagens da alta sensibilidade. Proteger-se dos eventuais incômodos que
podem perturbar o seu dia-a-dia, se não os levar em consideração.

Assim, busque informação: leia livros, visite sites e blogs que tratam do
assunto, procure em revistas que abordam temas ligados ao desenvolvimento
pessoal, etc. Enfim, quanto mais você souber sobre a alta sensibilidade e o
modo como ela se expressa, melhor compreenderá as suas reações e mais

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