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A.·.G.·. D.·. G.·. A.·. D.·. U.·.

VER, OUVIR E CALAR.

Este conjunto de palavras que formam uma regra de vida e que se torna
imprescindível a todos que desejam conviver em harmonia numa comunidade.

Ver - é o primeiro passo para aprendermos o mundo em que vivemos, o


meio ao qual estamos inseridos. A partir de uma visão, podemos avaliar, entender e
analisar, para posteriormente formular um conceito próprio . O que é insuficiente
para afirmar que estamos absolutamente corretos, pois, sobre um mesmo ponto,
varias pessoas com formação e personalidade próprias podem ter conceitos
absolutamente opostos.

Ouvir - é o complemento do ver, pois quando estamos prestando atenção


no que está sendo dito, automaticamente estamos enviando estas informações para o
nosso aprendizado. A partir deste ponto podemos avaliar e concluir o que estamos
vendo sobre a ótica de quem está falando.

Calar - este com toda certeza é dos mais sábios das atitudes, pois a partir
dela aprenderemos a ouvir e, portanto, distinguir a virtude do vicio, a sabedoria da
ignorância, a bondade da crueldade, a humildade da arrogância ou tirania, respeitar a
quem se deve o respeito, valorizar o conteúdo do fútil, reconhecer o belo do cruel, a
fraternidade da desunião.

Para adquirir o conhecimento necessitamos VER e OUVIR, portanto,


poderemos nos calar nos momentos oportunos.

Diferente do mundo profano, que à medida que o tempo passa, vai se


tornando mais agitado e ruidoso, roubando a capacidade de concentração e de
meditação do homem, tornando-o cada dia mais materializado, a Maçonaria se
utiliza de ensinamentos iniciático-esotérico-simbólico, que conduz o iniciado ao
autoconhecimento e aprimoramento pessoal através de estudo diligente das ciências,
das artes e da filosofia, o legado da sabedoria para aqueles que abrem o coração e a
mente para a Luz do Conhecimento e da Verdade.
Ensinamento iniciático, porque só pode ser maçom quem foi iniciado
nos augustos mistérios da Ordem.
Ensinamento esotérico, no sentido de que encaminha o maçom para o
plano espiritual.
Ensinamento simbólico, porque se utiliza de símbolos para exercer sobre
os maçons influências na evolução do seu pensamento.
Conforme o Décimo Oitavo Landmark os candidatos à iniciação devem
ser isentos de defeitos ou mutilações, não que a maçonaria estabeleça preconceitos;
mas como que um cego ou surdo-mudo irá aprender pelos STP ou pelos
símbolos (ver e ouvir).
Já o Vigésimo Terceiro Landmark prescreve a conservação secreta dos
conhecimentos havidos por iniciação, tanto dos métodos de trabalho como de suas
lendas e tradições, que só podem ser comunicadas a outros Irmãos (calar).
Durante o rito iniciático, o profano é privado da visão (ver). No decorrer
da iniciação, o iniciando vai percebendo a importância da visão (ver); que, no estado
de cegueira em que se encontra, somente a mão diligente de um irmão pode conduzi-
lo. Quando a venda lhe é retirada e que sua visão vai se restabelecendo, o impacto da
cena provoca no iniciado um profundo sentimento - “São os olhos a lâmpada do
corpo, se teus olhos forem bons todo o teu corpo será luminoso” (Mateus, 6,22).
Assistido pelos mestres, o iniciado terá condições de, pela doutrina
maçônica, trilhar os caminhos que o conduz à perfeição de verdadeiro iluminado.
“Quem recebe o archote como tributo, passa a ser responsável pela propagação da
luz”.
Na Maçonaria, o silêncio (calar) tem valor inestimável na edificação do
nosso templo interior, que construímos com as pedras do saber, unidas pela
argamassa da meditação. O maçom iniciado tem consciência que o aprendizado é
individual, silencioso e que é pela meditação que ele vai encontrar a “energia”
necessária para a sua ação no mundo profano. O verdadeiro iniciado é silente nas suas
ações - Não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita (Mateus, 6,2).

Na coluna da Norte é que o bom senso supera a insensatez, que a


ingenuidade da lugar à perspicácia de espirito.

Na coluna da Sul é que a razão conduz à introspecção e, mais alguns


passos, o espírito supera a matéria, o casulo se transforma em borboleta, a Luz dissipa
as trevas.
“Saber falar com ética é sabedoria, mas saber ouvir é mais, pois, quem
sabe falar com respeito, com educação, com amor, naturalmente saberá também
ouvir com tolerância e humildade. A visão e a audição devem ser educadas, tanto
quanto as palavras e as maneiras”. Devemos ver e ouvir para compreender e auxiliar.

O mestre deve bem conhecer para instruir com propriedade o aprendiz e


o companheiro.

O saber calar, além do aspecto introspectivo que representa para a nossa


Ordem, também representa a forma de se guardar os mistérios e os segredos que a
nossa Ordem encerra e que só podem ser revelados a outro maçom regularmente
iniciado. O sigilo é um dos principais lindeiros maçônicos. Os métodos de
reconhecimento e identificação e os trabalhos maçônicos devem ser sigilosos. A regra
é simplesmente esotérica e resulta mais de ensinamentos bíblicos, do culto à
modéstia e humildade, do que o receio de indiscrições de profanos.
Por outras palavras, só o iniciado maçom poderá encontrar a dimensão
esotérica do segredo maçônico.
Guardar um segredo é ter consciência de que em simultâneo se está
investido de confiança e de responsabilidade.
Guardar um segredo provoca uma tensão psíquica, uma concentração
interna de energia, um estado de vigilância tendente a impedir que, por
espontaneidade, por inadvertência, por imprudência, o segredo seja no todo ou em
parte revelado.
Quem detém um segredo encontra-se impedido de falar de qualquer
maneira, obrigando-se a refletir sobre qual o impacto ou consequência das suas
palavras.
Tudo isto contribui para o desenvolvimento da autodisciplina, um
domínio interior de si mesmo, uma prudência maçônica.

“Quando se deseja aprender a pensar, a melhor disciplina


intelectual é de proibir-se de falar”.

A Arte Real, a meu ver, consiste em disciplinarmos esses nossos


sentidos. A visão e a audição liga-nos ao mundo exterior. Esses dois sentidos dão
respostas instantâneas ao nosso cérebro, nisso não diferimos de animal algum; só o
intelecto (que nos faz semelhantes ao G.A.D.U.) é que nos permite estabelecer
diferenças de valores no que vemos e ouvimos, formar idéias e emitir opiniões. No
silêncio, aprendemos a julgar sem a menor opinião pré concebida, a exercitar a
independência de pensamentos dogmáticos e a pensar livremente.

A Lei do Silêncio nada mais é que um perpétuo exercício do


Pensamento.

De um autor maçônico: “A Maçonaria nos abre uma escola do Silêncio;


ensina a calar, para ouvir o que fala misteriosamente no interior do pensador.
Ninguém é iniciado pelo único fato de ter visto aquilo que lhe pôde ter sido mostrado;
se o que viu nada lhe diz, ele permanece profano”.

Provérbios: “O tolo, quando aconselhado, torna-se irrequieto, mais


insensato e mais falador. O sábio, quando aconselhado, fica mais sábio e aprende
ainda mais”. “Se a palavra é prata, o silêncio é ouro”.
A cada um cabe saber como realmente ele é, para que os nossos atos no
mundo profano sejam a expressão da beleza e da verdade, honrando e glorificando o
Grande Arquiteto do Universo, que é DEUS.

João Batista Ribeiro -M.·.M.·.

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