FÓRUM ROSACRUZ

PUBLICAÇÃO PRIVATIVA AOS MEMBROS DA AMORC – VOLUME XV – Nº 03 – 2022

Madonna e o menino por JC Leyendecker, 1902.

PÁGINA 2 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
 MENSAGEM DO GRANDE MESTRE

Prezados fratres e sorores, 

Saudações Rosacruzes!

Os fratres e sorores devem saber que em 15 de abril de 2023 a Jurisdição americana da Ordem
completará 108 anos desde a sua fundação formal em 1915 pelo Dr. Harvey Spencer Lewis.

Esse evento deve ser motivo de alegria para todos nós porque estaremos reiniciando um novo
ciclo sem expectativas de fechamento ou interrupção, mas de renovação.

Nossa XXVI Convenção Nacional está pronta e estamos jubilosos em receber os fratres e sorores
de todo o Brasil, Portugal e Angola para este encontro que terá muita cultura, muita filosofia rosacruz,
momentos lúdicos e, sobretudo, o misticismo que caracteriza a nossa amada Ordem.

Ainda dá tempo. Participe presencialmente ou virtualmente, mas prestigie a sua Grande Loja -
www.rosacruz.org.br/

Esta edição do Fórum está rica em informações relevantes para os estudantes rosacruzes. Originadas
e selecionadas de várias jurisdições, as questões respondidas lançam luz à trajetória e a formação de
todo estudante sincero na Senda.

Observem que, de forma sutil, há em muitas respostas a presença da ética rosacruz e a marcante
fundamentação nos nossos ensinamentos.

Despeço-me com meus melhores votos de Paz Profunda,

Sincera e fraternalmente 
AMORC-GLP 

Hélio de Moraes e Marques 

GRANDE MESTRE 

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 PRESENÇA INVISÍVEL

Não acredito que as pessoas possam ser assombradas

ou que os espíritos estejam sempre tentando nos
alcançar. Mas de vez em quando sinto uma certa
presença, como se alguém estivesse comigo de forma
invisível. Eu me pego dando um passo para o lado ou
parando para não esbarrar nele. A presença é amistosa
e o ambiente é de felicidade e otimismo. Isso poderia
ser uma ilusão, um truque da minha mente, ou é
algo real? E se realmente é algo real, como faço para
descobrir quem ou o que é ou foi?

fenômeno mencionado é aspecto subconsciente do eu, responde a essas

uma experiência que mui-
tas pessoas vivenciam. Na
verdade, quase todo mun-
do em algum momento
de sua vida sentiu de
repente o que parece ser a
presença de alguém atrás de si. A pessoa talvez
se virasse de repente, esperando ver alguém,
apenas para não perceber nenhuma presença
física. A causa mais comum é a projeção para
nós da consciência de outra pessoa, geralmente
alguém que nos ama e cuida de nós. Essas pes-
soas estendem sua consciência do eu, seu corpo
psíquico, de modo que suas vibrações auditivas
possam realmente ser sentidas por outra pessoa.
Claro que objetivamente o corpo psíquico não é
visível. Quando é percebido como uma projeção,
geralmente é uma percepção subconsciente por
parte do destinatário. De fato, quando se tenta
percebê-lo objetivamente com o sentido visual,
o fenômeno pode cessar. Nosso eu interior, o
projeções do outro. Geralmente nos tornamos
conscientes dessas presenças silenciosas quando
estamos em um estado passivo, quando estamos
relaxados e meditando, ou mesmo quando esta-
mos andando, mas não focando particularmente
nossa atenção em nada.
O que realmente ocorre é que a aura da
personalidade psíquica e projetada entra em
contato com nossa própria aura. Então, por
meio de nosso sistema nervoso simpático e
centros psíquicos, experimentamos uma espécie
de sensação epicrítica, isto é, uma sensação de
pressão como se alguém tivesse acabado de
passar por nós, tocando-nos levemente.
Podemos estar sentados em silêncio em uma
sala, talvez uma sala de espera, lendo. Outra
pessoa na sala começa, por algum motivo, a
se concentrar intensamente em nós. Depois
de dois ou três minutos, tomamos consciência
dessa atenção. De repente, olhamos para

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cima como se alguém tivesse falado. Às
vezes reagimos dessa maneira antes de
perceber exatamente qual foi a impressão
que nos levou a olhar para cima. A causa
de nos tornarmos conscientes da outra
pessoa olhando para nós é semelhante à de
experimentarmos uma presença silenciosa. O
pensamento projetado da outra pessoa, quer
tenha a intenção de despertar nossa atenção
ou não, é recebido por nosso subconsciente
sensitivo ou eu psíquico. Neste caso, é
realmente um recebimento telepático da
consciência irradiada do indivíduo.

Não devemos presumir que a presença

silenciosa que sentimos é uma suposta
entidade ou a personalidade-alma de uma
pessoa falecida. Este fenômeno não deve
ser associado ao espiritismo. A presença
pode ser de alguém tão vivo quanto o
receptor, aquele que recebe a impressão.
Na verdade, o que se sente é uma efusão da
consciência da pessoa. Pode-se perguntar
por que tal presença estende sua consciência.
A projeção da consciência pode ser feita
intencionalmente ou não. Por exemplo,
alguém pode querer deliberadamente tornar
sua presença conhecida por outra pessoa.
Então, de acordo com as leis cósmicas e de identificar a presença silenciosa. Ele está
os princípios místicos envolvidos, a pessoa ciente de uma presença, mas não sabe o que
pode, em meditação, realizar tal projeção é. Além disso, o eu psíquico pode, às vezes,
conscientemente. Em tais casos, quem projeta projetar-se sem que tenhamos consciência dele
geralmente conhece aquele a quem seu eu quando estamos, por exemplo, em um estado
psíquico chegou. limítrofe, como entre o sono e o despertar. A
presença silenciosa se manifestará novamente
No entanto, muitas vezes, em uma tentativa onde houver uma consciência interior capaz
de projeção, a pessoa pode não perceber que de percebê-la.
foi bem-sucedida. Seu eu psíquico estendeu
a mão e foi atraído para uma personalidade Há os que a humanidade chama de mestres no
cujo eu interior estava em sintonia com ela. sentido místico e espiritual. Eles são aqueles que
O destinatário pode não saber ou ser capaz alcançaram um alto plano de autoconsciência.

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Eles são, para usar a terminologia mística,
‘iluminados’. Na maioria das vezes, tais mestres
podem ser percebidos e sua forma física pode ser
percebida. Os destinatários em outras ocasiões
podem apenas saber que foram contatados por
uma personalidade iluminada cuja presença
não causou nenhum medo, mas sim induziu
um afflatus (inspiração) da alma. Tais mestres
não residem necessariamente no Cósmico
apenas na consciência. Eles são tão mortais
quanto os outros seres humanos. Eles, no
entanto, através de longo estudo e preparação,
atingiram um estado de desenvolvimento
pessoal para que possam entrar em contato
conscientemente com quem puderem ajudar. É
um erro acreditar que todas essas experiências
da presença silenciosa denotam um contato
com algum ser sobrenatural ou personalidade-
alma que passou pela transição. Se a presença
silenciosa for de um mestre, geralmente uma
mensagem é transmitida ao destinatário. Talvez
seja uma palavra ou algumas frases como uma
máxima ou um aforismo que o destinatário
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interpretará pessoalmente em seu próprio
benefício. Isto é o que muitas vezes é
referido misticamente como orientação
do mestre. Que seja dito, no entanto, que
isso ocorre apenas quando os alunos e
aspirantes são sinceros e fizeram todos os
esforços conscientes para primeiro ajudar
a si mesmos. Uma presença silenciosa
não é um gênio a ser comandado por
todos os caprichos. A regra de “Ele ajuda
aqueles que primeiro se ajudam” se aplica
aqui também. Se você está consciente de
uma presença, mas além de senti-la, não
percebe nada, não deve se alarmar com a
experiência. Em vez disso, sugere-se que, se
possível, você se sente, permaneça passivo
e tente identificar a presença. No mínimo,
seja receptivo a qualquer comunicação que
possa ser transmitida.
Rosicrucian Forum 1-2022
O que realmente
ocorre é que a aura da
personalidade psíquica
e projetada entra em
contato com nossa própria
aura. Então, por meio de
nosso sistema nervoso
simpático e centros
psíquicos, experimentamos
uma espécie de sensação
epicrítica, isto é, uma
sensação de pressão como
se alguém tivesse acabado
de passar por nós,
tocando-nos levemente.
 PREDETERMINAÇÃO DA VIDA E DA MORTE

Uma vez mais, voltamos a considerar as antiquíssimas

perguntas se a vida e a morte são predeterminadas.
Um padrão da existência do Homem é preparado
antecipadamente para ele? E como fica a evolução da
personalidade-alma na morte prematura?

eria lógico supor que des-
de que o momento da
transição é predetermina-
do, a maneira da transição
também o seja. Isto leva a
suposição de que as guer-
ras e outros cataclismos
em que é considerável a
perda de vidas também
sejam predeterminados. Pareceria que aqueles
que passam pela transição devido a guerra,
teriam sucumbido de qualquer forma. Dizer,
todavia que a personalidade desses sares evo-
luiu, ao máximo de suas possibilidades, nesta
encarnação, não parece razoável.
Os ensinamentos Rosacruzes afirmam que
todas as coisas e condições no universo operam
de conformidade com a lei e ordem. Nada
acontece apenas por acaso, mas, ao contrário,
de conformidade com um plano Cósmico
sabiamente elaborado. Isto não significa,
necessariamente, que em determinado dia e
hora, Deus, arbitrariamente, nos escolherá para
que passemos pela transição. Significa que aqui
estamos para uma finalidade específica, que
é a de crescermos e evoluirmos por meio de
experiências terrenas. Quando, de acordo com
este plano de evolução estivermos preparados
para a grande iniciação e prontos para maior
desenvolvimento no reino Cósmico, poderá ter
lugar a transição.
Como estudantes de misticismo buscamos,
pelo estudo e aplicação da lei Cósmica,
o conhecimento do nosso crescimento e
desenvolvimento. Este conhecimento poderá
nos ser muito valioso, pois, por ele, poderemos
obter informação inestimável sobre o nosso
passado, presente e mesmo o nosso futuro.
É sabido que muitos dos antigos místicos
puderam se preparar para a transição pelo
conhecimento de como e onde ela ocorreria.
O fato de que a vida e a morte se conformam
a um plano bem estabelecido não deverá levar
o indivíduo a um estado mental em que se
torne adepto do fatalismo. Isto representa,
verdadeiramente, perigo muito sério para o
nosso desenvolvimento futuro. A crença no
fatalismo cria uma atitude de lassidão mental e
física. Uma pessoa nessas condições raciocina
no sentido de que, desde que a sua vida já está
determinada, por que deve com ela se preocupar,
despender esforço físico e mental para crescer
e desenvolver-se se o que tiver que acontecer,
acontecerá? Se tem de morrer, morrerá quando

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Deus assim decretar. Acredita de modo geral
que sistema é arbitrário, sem inspiração ou
propósito, apenas uma decisão espontânea e
casual por parte de Deus e do Cósmico.
Toda a Natureza é governada pela Lei
Cósmica universal. Quando plantamos grãos
de trigo, colhemos trigo. Se não houvesse lei
ou ordem no universo, poderíamos esperar
colher melão, onde houvéssemos plantado
trigo. Determinados princípios fundamentais
afetam a todos os homens de maneira igual;
a lei da gravidade, por exemplo, é um deles.
Esta é uma lei absoluta e que sabemos estar em
conformidade com o plano total do Cósmico.
Todavia, o ponto de vista fatalista seria: “esta lei
existe e sou por ela afetado; poderia, portanto,
lançar-me da borda de um penhasco e dela
libertar-me”. Esta analogia é extremada,
porém demonstra bem o raciocínio do
fatalista. O místico, ao contrário, conhecendo
a Lei e a maneira pela qual opera, a utiliza
para o seu próprio benefício e o benefício da
humanidade.
Admitamos que a vida e a morte sejam
predeterminadas. Elas são o resultado de leis
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naturais em ação. Isto, contudo, não significa
que, em determinado dia morreremos, a
despeito do que possamos fazer. Todo efeito tem
sua causa e todo ato praticado, seu resultado.
Simultaneamente com outras faculdades, o
homem tem a do raciocino e a da capacidade de
pensar por si mesmo. Isto lhe permite a liberdade
de escolher sua conduta na vida ou de fazer o
que quiser. Consequentemente ele poderá, de
maneira fácil, pôr em perigo a sua vida, por sua
própria escolha, e assim acelerar a sua partida
do plano terreno. Por exemplo, um aviador
poderá desprezar a prudência e empreender
uma aventura aérea através de enorme massa
de água em um aparelho que não tenha sido
projetado para esse tipo de viagem. Poderia
se afirmar que estava no esquema Cósmico da
vida desse homem que ele empreendesse essa
viagem e possivelmente pusesse um fim súbito
a sua vida por desastre? Se dissermos isso, então
devemos também afirmar que todo pensamento,
todo momento de atividade, na verdade, tudo
que qualquer de nós possa fazer, seja regulado
pelo esquema Cósmico e padrão de nossa
vida. Não parece razoável que cada ato de uma
pessoa seja resultado da orientação Cósmica.
Se assim fosse, então a existência
do homem seria, realmente,
simples. Jamais se tornaria
necessário que ele tomasse para
si qualquer assunto ou que
agisse em qualquer ocasião e
tudo o que teria de fazer seria,
apenas, deitar-se, aqui e acolá,
como um dos representantes
menos importantes do reino
animal, apenas reagindo
aos impulsos interiores da
consciência subjetiva que, todos
concordamos, são decididamente
controlados pelo Cósmico.

Pelo acima exposto, referimo-nos, por
exemplo, aos impulsos em resposta à Lei
Cósmica de autopreservação. Se fôssemos
completamente dirigidos pelo Cósmico,
apenas procuraríamos repousar e dormir
quando cansados, alimento ou sustento quando
famintos e proteção contra os elementos. Em
outras palavras, toda ação de nossa parte seria
animalizada. Porém, refinamos estas ações
pela nossa capacidade de escolher o método
de responder aos impulsos interiores. Pela
escolha, unimo-nos para viver em comunidades.
Trabalhamos, comenos e dormimos em
determinadas horas em conformidade com
sistemas estabelecidos pelo homem. A lei
Cósmica não decreta que almocemos das 12 às
13 horas, que nos levantemos e alimentemos
as 7 horas ou que estejamos no escritório das
8 às 17 horas. São os hábitos estabelecidos
pelo homem e que regulam estas coisas. A lei
natural, por outro lado, faz com que sintamos
necessidade de ingerir alimentos ao meio-dia
ou à tarde. Todavia, os hábitos e as tradições da
vida da comunidade exercem mais influência
na manifestação de fome em determinada hora
do dia. Pelo hábito, podemos sentir fome às 12
horas, porém, outra pessoa que tenha o hábito
de almoçar às 13 horas poderá não sentir fome
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antes dessa hora. Verificamos,
assim, que temos controle
objetivo sobre a nossa vida e
atividades objetivas e materiais.
Fomos dotados do direito de
escolha. Daí, se desejarmos
ir para a guerra, iremos para
a guerra. Se desejarmos paz,
poderemos ter paz. Isto se refere
à humanidade de modo geral,
agindo como grupo. Algumas
vezes, o grupo é influenciado
pelo controle da minoria; outras
vezes, pelo da maioria. Não obstante, é a vontade
do grupo, como um todo, quer seja influenciada
por muitos ou poucos, que faz com que uma
nação entre em guerra com outra ou que uma
classe explore a outra. Se a morte, por ferimento
em uma guerra, representa decreto do Cósmico,
onde, na verdade, está a bondade de Deus? Não
podemos dizer que Deus provocou a guerra.
Vejamos o que queremos dizer.
Imaginemos uma nação ou povo que,
pelo rápido crescimento da população, sente
necessidade de expansão do seu território,
necessidade de encontrar outros países para
mercado de seus produtos alimentícios ou
manufatureiros. Acredita que essa expansão e
a única solução para o seu problema. Poderá
considerar a sua posição geográfica e verificar
que está limitada, por um lado, por pequeno
povo que dispõe de terras virgens e quedas
d’água ricas em depósitos minerais. Decide,
então, explorar essa nação menor, por meio
da diplomacia ou da conquista. É possível
que a diplomacia seja tentada, porém, a nação
menor consiste de povo muito brilhante que,
imediatamente, reconhece a hipocrisia na
proposta ofertada. A nação maior convence-se,
então, de que a única solução será a de tomar a
outra pela força armada. Ambas,
imediatamente, recrutam um
exército, uma para se proteger, a
outra para invadir. Isto é natural;
qualquer indivíduo lutará com
o seu vizinho que tente, pela
força, tomar-lhe o lar, a lei da
autopreservação entra em ação
e, assim, é declarada a guerra.

Os exércitos invasores estão

em marcha, os defensores tomam
posição, dispostos a darem a vida
Concordamos todos, que determinado
por seus lares, família e país. Outras nações
número de homens, em cada milhão que
esposam a causa, seja para proteção contra o
disparam projéteis mortais uns contra os outros,
agressor ou por causa de circunstancias em favor
encontrarão a morte. A lei de médias assim
do agressor. Esta última atitude é, geralmente,
determina. Esta lei não escolhe determinados
tomada devido ao medo de perseguição mais
indivíduos para marcá-los com a morte. Todo
tarde, ou porque é de vantagem no momento.
homem que penetra numa área em guerra
Os homens estão, agora, em luta uns contra os
compreende o perigo a que se expõe e que as
outros, usando a capacidade de suas mentes mais
suas probabilidades de sobreviver não são muito
desenvolvidas para conceberem e construírem
grandes. Sabe, não obstante, que tem a mesma
máquinas de morte, terror e destruição. Todos
probabilidade de ser ferido ou não. Sua atitude
os membros da sociedade desses países em
mental deve, necessariamente, ser de fatalismo.
guerra são afetados e todos devem contribuir
Ele é praticamente forçado a pensar que uma
com a sua parcela nas responsabilidades. É
bala com o seu nome o atingirá mais cedo ou
responsabilidade da nação como um todo.
mais tarde e se sair com vida e ileso, atribuirá
Ninguém poderá ficar de parte ou eximir-
isto ao destino. Ao conversar com homens que
se de responsabilidade pelo carma da nação.
têm estado em batalhas, constatamos sempre a
Naturalmente, muitos serão feridos, muitos
atitude: “o que tiver de acontecer, acontecerá.
encontrarão a morte prematuramente, durante
Se a minha vez tiver chegado, morrerei”. Não
o curso da batalha, porém, não parece razoável
podemos dizer que tal atitude esteja errada,
dizer que, neste minuto será John Jones, no
embora possamos acreditar que esteja. Afinal
próximo minuto, Alex Smith, hoje Antony
de contas, os homens que estão enfrentando
Arturo, amanhã, Lee Singe. Se isto fosse
a morte em zona de guerra devem, por
razoável, então concordaríamos, plenamente,
necessidade, entrar em batalha em um estado
em que esses homens encontrariam seu fim por
de espírito ou atitude que melhor se adapte
ferimento de bala, na hora, dia e ano exatos, a
a finalidade imediata. Todavia, eles não se
despeito do que pudessem estar fazendo, de
expõem, imprudente ou desnecessariamente,
onde estivessem vivendo, com guerra ou sem
pois não desejam morrer. É verdade, porém,
guerra.

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que compreendem que as suas probabilidades
de morrer são muitas.
Que dizer do desenvolvimento espiritual
dos jovens que encontram prematuramente
a morte na guerra? O seu desenvolvimento é
paralisado, restringido ou prejudicado? Esta, na
verdade, é uma pergunta difícil de responder.
Realmente, pouco mais podemos fazer do que
especular sobre ela. De conformidade com o
objetivo da existência, devemos crescer, adquirir
conhecimento e, eventualmente, alcançar a
perfeição. Cada um de nós está em um degrau
particular da escada que leva ao desenvolvimento
Cósmico. Podemos aprender bem uma lição, em
fração de segundo. Não obstante, poderemos
necessitar de anos de experiência terrena para
aprender outras. Há um homem que tenha
TRÊS FASES DA FILOSOFIA ROSACRUZ
Como podemos aplicar a Lei do Triângulo aos
Ensinamentos Rosacruzes?
odemos aplicar a lei do
triangulo a muitas coisas
e basicamente também
aos ensinamentos Ro­
sacruzes. Afinal de
contas, como eles são
o alicerce sobre o qual
tentamos edificar uma
filosofia pessoal, devemos
necessariamente colaborar para estruturar
esse alicerce ou ele não terá para nós qualquer
valor no que tange a aplicação individual dos
ensinamentos.
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conhecimento da lição particular que um outro
deva aprender ou de como Cósmico deseja que
ele venha a aprendê-la?
Sem dúvida, o momento da transição trará
à personalidade-alma grandes experiências,
grandes lições, que lhe serão úteis na Senda. A
experiência de enfrentar e combater inimigos,
certamente deverá ensinar a personalidade
muitas coisas que não poderá aprender por outro
modo qualquer. Suponhamos que encontremos
a morte instantânea, no campo de batalha; isso,
sem dúvida, deverá causar impressão duradoura
no segmento de alma, impressão essa que será
sentida, talvez durante anos, enquanto estiver
no plano Cósmico aguardando uma nova vida
na Terra, a encarnação seguinte, no plano físico.
Arquivos Rosacruzes
Os leitores do Fórum Rosacruz e os
Membros que têm estudado diligentemente
as monografias sabem que os ensinamentos
Rosacruzes apresentam três fases específicas:
– intelectual / prática / psíquica.
Em muitos tipos de estudo, em muitos
sistemas de pensamento e em muitas espécies
de ensinamentos, uma, duas ou até todas as três
destas fases podem ser encontradas, porém, é
na filosofia Rosacruz, tal como programada
em nossas monografias atuais, que a aplicação
prática dessas três fases têm sido utilizadas e
a capacidade do indivíduo para compreender
aquilo que é ensinado se torna possível através
desses três canais.

Não constitui conceito

novo para nós a repetição de
que fundamentalmente esses
três fatores devem entrar na
composição da atitude mental do
indivíduo, ou, em outros termos, são
esses fatores que geram uma concepção
filosófica e mística no âmago da consciência
do indivíduo. É impossível eliminar qualquer
um deles. Muitas pessoas tentam fazê-lo;
procuram basear toda a sua concepção de
aprendizagem, todo o seu fundamento de
crença ou experiência em um ou dois desses
pilares, pensando ser desnecessário acompanhar
e aplicar todos os três. Na verdade, o equilíbrio
indivíduos. Sem a base intelectual, seríamos
é necessário. É essencial que cada um dos
incapazes de ler até mesmo aquilo que outras
princípios e cada uma das coisas que contribuem
pessoas estudaram e colocaram numa forma que
para o particular conceito envolvido em cada
pudéssemos compreender mais rapidamente
princípio sejam especificamente aplicados pelo
do que se tivéssemos, nós mesmos, de formular
indivíduo, capacitando-o a apreender aquilo que
todo o sistema.
ele deseja alcançar.
Portanto, embora todas as coisas do nível
Naturalmente, o primeiro conceito, o
intelectual pertençam puramente ao campo
intelectual, é fundamental. Devemos aprender
objetivo e devam ser principalmente aprendidas
muito de tudo aquilo que somos capazes
na consciência objetiva, não são menos
de captar em nossa consciência através das
importantes por causa de sua objetividade. O
faculdades físicas sensoriais. Em outras palavras,
conhecimento objetivo é importante porque
é necessário trazermos à consciência objetiva
devemos apreendê-lo na medida em que se
grande parte do conhecimento que devemos
relaciona com a consciência.
de algum modo utilizar. A aquisição de
conhecimento é fundamental a qualquer Em segundo lugar, ao conceito intelectual
sistema de pensamento ou filosofia. Isto inclui acrescenta-se o prático. A fase prática da
a linguagem (a associação de palavras em frases aprendizagem diz respeito à experiência. Aquilo
significativas). Intelectualmente, devemos que pudermos alcançar, no sentido intelectual,
aprender os princípios que nos sãos ensinados, tornar-se-á valioso apenas na medida em que
principalmente na maneira como foram formos capazes de utilizá-lo. Nossa aquisição
programados graças a experiência de outros do conhecimento, por si mesma, não é algo que

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possa ser usado para um propósito que nos possa de desenvolvimento psíquico e é por meio
proporcionar benefícios e alegrias. A aplicação da sensação que decorre da utilização de sua
prática ou o uso desse conhecimento é que o experiência emocional, bem como de suas
torna eficaz na vida de cada indivíduo faculdades, que o homem se torna capaz de
incorporar à sua própria consciência as coisas
Portanto, fatores intelectuais não têm valor que, de modo intelectual e prático, nele podem
antes de serem aplicados. O conhecimento, ser inculcadas mediante um sistema de instrução
em si mesmo, é inútil. Poderíamos memorizar
muitos ramos do conhecimento e, no entanto, E aquilo que conhecemos e somos poten­
ser incapazes de com eles fazer alguma coisa a cialmente capazes de utilizar que contém todas
menos que envidássemos esforços para colocá- as coisas que contribuem para a satisfação das
los em prática. necessidades da vida, no sentido físico; isto
é, o conhecimento e a aplicação do mesmo
Intelectual e praticamente, a humanidade possibilitam-nos ganhar o sustento, dirigir um
evoluiu a um nível bastante elevado. Quando automóvel, desfrutar de prazeres vários, ou fazer
consideramos aqueles que se formam nas qualquer coisa que requeira conhecimento e
escolas e universidades, e nos apercebemos da experiência. A disponibilidade de conhecimento
tremenda quantidade de material intelectual e experiência é importante e inspira confiança,
e da aplicação prática que dele tem sido feita, felicidade e paz de espírito. Além disto, deve
compreendemos quão eficiente se tem tornado ser incorporado à consciência o sentimento
nosso moderno sistema de educação ao dotar que vem ao indivíduo quando ele é capaz de
a média dos adultos com conhecimento e os abranger, em seu próprio, os fatores que o levam
meios necessários à sua utilização. a compreender que a vida encerra mais do que a
mera acumulação de conhecimento no interior
Todavia, se quisermos dedicar nossa
da mente e a aplicação desse conhecimento na
atenção primordialmente a uma filosofia, uma
forma em que se relaciona com o mundo físico
psicologia prática da vida ou a compreensão
em que esse indivíduo vive.
dos princípios básicos de uma
concepção mística, é importante
ultrapassarmos as fases
intelectual e prática. A apreensão
final de uma filosofia de vida, o
desenvolvimento interior do
ego que reside no âmago da
consciência, decorrente de um
terceiro fator que não é completo
no sentido intelectual nem pode
ser completamente utilizado
no sentido prático antes de
ser conhecido por experiência
direta. Este fator é o processo

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 As emoções fazem parte do ser humano,
tanto quanto os sentidos físicos ou os órgãos
físicos do corpo. Transformamos tudo aquilo que
vem as nossas consciências devido a influência
da nossa maneira de sentir as coisas. Até mesmo
aquilo que aprendemos é modificado por nossa
maneira de sentir e nossa capacidade para
aprender é decisivamente modificada por nossa
atitude e nosso sentimento para com qualquer
nova ideia ou novo assunto.
É pelo processo de ritual e iniciação que
os fatores psíquicos da filosofia Rosacruz se
tornam conhecidos para nós. Já afirmamos
muitas vezes, e provavelmente o faremos
muitas vezes no futuro, que os ensinamentos
Rosacruzes, as monografias que constituem
a forma em que os recebemos, poderiam
ser lidos repetida e continuadamente por
qualquer adulto inteligente e proporcionar
uma certa intensidade de conhecimento
intelectual e prático; porém, o que transforma
o indivíduo de uma simples máquina que
aprende mecanicamente ou por conhecimento
fixo num indivíduo que sente que se encontra
num nível diferente do animal físico ou num
nível superior ao da mera acumulação de fatos
intelectuais, é a sensação que acompanha o
conhecimento que somos capazes de aprender
e aplicar. Isto é melhor expressado pela
realização de um ritual.
O ritual tende a imprimir na consciência do
participante ou da pessoa que a ele assiste, todos
os matizes emocionais, todos os sentimentos
que advém da percepção da grandiosidade
do cerimonial, da perfeição de atividades e
movimentos ensinados. Quando essas atividades
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simbolicamente apresentam certos princípios
que o indivíduo está tentando alcançar, então
o ritual, em todas as suas formas, torna-se uma
iniciação no sentido de que a consciência do
indivíduo é elevada acima do nível da mera
aquisição de conhecimento e é posta em ação
efetiva.
As coisas puramente objetivas ou materiais
podem ser obtidas apenas de maneira intelectual;
isto é, poderemos viver com sucesso e lutar
com os vários princípios do mundo exterior
se tivermos suficiente capacidade objetiva e
intelectual e conhecimento para com eles nos
ocuparmos. Mas, quando desejamos transcender
algo de natureza puramente objetiva ou material,
quando desejamos elevar nossa consciência ao
ponto em que ela possa entrar em contato
com princípios e condições que transcendem o
mundo material, então compreendemos que os
fatores intelectual e prático não são suficientes.
Nem mesmo o mais inteligente indivíduo que
já viveu, o indivíduo mais eficiente no uso da
inteligência, é capaz de resolver os problemas
que afinal se abatem sobre todo indivíduo, em
alguma época vida.
A evolução espiritual ou psíquica requer
abordagem emocional de todos os problemas.
É através das emoções que nos tornamos
pessoalmente aptos a sentir as coisas capazes
de nos elevar acima do nível de uma simples
entidade intelectual, bem como nos proporcionar
a base pela qual podemos, mediante outros
meios de percepção, ganhar uma perspectiva
que ultrapassa a visão dos sentidos físicos e nos
leva a concepção abrangida pela Consciência
Cósmica.
 DESENVOLVIMENTO E IMPRESSÕES PSÍQUICAS

A que ponto somos orientados em nosso

desenvolvimento psíquico por nossas intuições ou
percepções psíquicas? Elas são de origem Cósmica?

em todas as sensações Portanto, frequentemente, como decor­

intuitivas têm necessaria-
mente origem cósmica.
Psicologicamente, uma
experiência pode (se nos
servirmos de uma ex-
pressão da física nuclear)
provocar uma reação em
cadeia de ideias, na mente
subconsciente. Por exemplo, percebemos algu-
ma coisa e essa impressão se transforma em su-
gestão com a qual todas as ideias correlatas, re-
sultantes de impressões anteriores, são associa-
das. Esta combinação de ideias é consequência
do funcionamento inconsciente
de nossa mente subconsciente.
rência de alguma impressão, nossa mente
subconsciente é posta em atividade. Prossegue
na atividade de correlacionar, modificar,
analisar, etc., juntamente com as impressões
correlatas, sem que estejamos objetivamente
conscientes do desenrolar deste processo.
Quando o “trabalho” é satisfatoriamente
completado segundo a mente subjetiva, ou
seja, quando as ideias estão integradas de
modo a constituir o arranjo ideal, então a
solução é subitamente lançada, através do
umbral da consciência, em nossa mente
objetiva.

Assim, ao vermos o número

sete, por exemplo, todos os alga-
rismos fundamentais que já vi-
mos são liberados da memória.
Então, nossa mente subcons-
ciente coloca esses números em
sua devida ordem. Faz preceder
o sete de todos os inteiros me-
nores, como um, dois, três, etc.,
e o faz seguir dos maiores, como
oito e nove. Isto feito, o padrão
ou arranjo completo é subita-
mente projetado para a nossa
mente consciente, como lampe-
jo ou quadro mental.

PÁGINA 13 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022

 Nessa ocasião, apresenta-se como ideia
complexa, porém completa, parecendo ter
surgido do nada. Na forma em que dela
tomamos conhecimento, parece tão lógica e
convincente na força de sua validade, que não
a podemos refutar. Tendemos a chamar essas
sensações de lampejos intuitivos, palpites, ou
verdades axiomáticas. Contudo, evidentemente
não se trata de impressões psíquicas verdadeiras.
Se nossa motivação for correta, isto é, se não
infringir leis cósmicas, naturais, e se aquilo que
desejarmos estiver também de acordo com
essas leis, então, poderemos esperar resposta,
sob a forma de uma impressão cósmica. Essa
resposta poderá não ser imediata; poderá vir na
manhã seguinte ou mais tarde no decorrer do
dia. Poderá mesmo demorar dois ou três dias.

Uma impressão cósmica ou psíquica Essa impressão poderá se manifestar como

geralmente se caracteriza mais no sentido inexorável impulso no sentido de agirmos de
de uma decisão final de um problema que uma certa maneira, com relação ao assunto ou
foi submetido ao Eu psíquico. Assim, por a questão.
exemplo, podemos estar lutando com um
grave problema. Refletimos bastante
sobre ele; ponderamos; pesamos todos
os pros e contras, e não conseguimos
chegar a uma decisão final. Podemos,
então, recorrer ao auxílio do Cósmico.

De acordo com as instruções contidas

em nossas monografias, visualizamos
os elementos do problema, os seus
detalhes, na tela da nossa consciência.
Tentamos percebê-lo em todas as suas
ramificações. Depois, enunciamos para
nos mesmos aquilo que esperamos
venha a ser a solução, estabelecendo
um motivo sincero para desejarmos
que tal solução ocorra. A providência
final consiste em alijarmos de nossa
consciência, ou mente objetiva, todo o
problema ou a questão de que estamos
tratando. Fazemo-lo como uma pessoa
que apaga um problema escrito num
quadro-negro escolar. Este último
até libera o pensamento como ideia
completa, para a mente subconsciente,
que está em harmonização com a
mente psíquica ou universal.

PÁGINA 14 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022

 Poderá indicar uma ou outra de duas
alternativas antes consideradas. Por outro
lado, poderá consistir de uma veemente
inclinação para abandonarmos todo o plano,
para não mais contemplarmos sua execução.
E, ainda, essa impressão psíquica ou cósmica
poderá assumir a forma de um procedimento
totalmente novo em que talvez não tenhamos
antes pensado. Embora a solução pareça
então bastante diferente, mesmo assim
perceberemos que ela está relacionada com o
problema originalmente submetido ao nosso
Eu psíquico. Não obstante, ainda que diferente
daquilo em que pensávamos, a proposição do
Cósmico excedera nossas esperanças.
Poder-se-á perguntar qual a diferença
entre este método de iluminação e o da
função intuitiva imaginada, que já explicamos.
No primeiro método, chamado de processo
intuitivo, é preciso que a pessoa tenha tido
certas impressões reais por um longo período
de tempo, relacionadas com o problema
imediato com que se defronta. A mente
subconsciente então combina os elementos de
todas as impressões, os quais são relacionados
para formar uma solução lógica e correta.
Em seguida, libera esta solução, como ideia
completa, para a mente objetiva.
Todavia, no caso da impressão psíquica,
a pessoa pode nunca ter tido experiência
anterior com essas sensações. O problema
pode ser original, constituindo um primeiro
contato com os elementos que o compõem.
Pode não conter ideias suscetíveis de ser
combinadas numa solução, pela mente
subjetiva, mediante sugestão. Não obstante,
o Eu psíquico seleciona, entre os elementos
correntes do problema ou dos pensamentos
do indivíduo, aqueles que lhe parecem mais
PÁGINA 15 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
relacionados com as leis cósmicas, naturais.
Depois, por sua confirmação desses elementos
escolhidos, faz o indivíduo compreender o
melhor que tem a fazer nas circunstâncias
com que se defronta.
Para usarmos uma outra analogia para me-
lhor esclarecermos este ponto, isto é equiva-
lente a levarmos algumas peças de uma má-
quina a um engenheiro mecânico para que ele
nos indique qual a peça que funcionara me-
lhor. Sabemos que ele conhece as leis da física,
da mecânica. Sabemos também que ele nunca
viu aquela máquina que estamos submetendo a
sua apreciação. Não obstante, seu treinamento
e sua experiência o capacitam a decidir qual
a peça mais eficiente para o equipamento em
questão. Esta é a espécie de julgamento que
surge de nossas impressões psíquicas ou “pal-
pites”.
Há ocasiões em que esses palpites lampejam
de repente em nossa mente consciente com todo
o convincente poder de sua clareza, mas sem
que tenhamos, intencionalmente submetido
um problema ao Eu psíquico. Tais experiências
são deveras muito surpreendentes. Nesses
casos, talvez tenhamos estado a trabalhar
subconscientemente em algum problema.
Surgira então algum conflito ou incerteza, que
ainda não viera à tona da nossa consciência, ou
seja, de nossa mente objetiva.
Em outras palavras, antes que nos preocu­
pemos com o problema, ou o tenhamos
cristalizado numa forma capaz de nos
confundir, o Eu psíquico, ou mente interior,
submete-o a julgamento. Assim sendo, o
problema aflora a nossa consciência, ou mente
pensante, como um comando positivo ou
uma sugestão para fazermos isso ou aquilo.

Portanto,
frequentemente,
como decorrência de
alguma impressão,
nossa mente
subconsciente é
posta em atividade.
Prossegue na
atividade de
correlacionar,
modificar, analisar,
etc.
Se atentamos para essa impressão e sobre
ela agimos, invariavelmente verificamos que
ela é benéfica. Subsequentemente, em geral
desenvolvem-se circunstâncias que nos fazem
compreender que aquela impressão psíquica,
ou “palpite”: fora oportuna, talvez precedendo
imediatamente alguma coisa que poderia ter
constituído uma séria complicação em nossos
assuntos. Dizemos, então, a nós mesmos: “Que
sorte eu tive por seguir meu palpite”.
É devido ao fato de que ás vezes parece não
haver relação entre a impressão psíquica e o
corrente estado de nossos assuntos, que nos
recusamos a seguir essa impressão. A impressão
pode não parecer lógica. Talvez pareça não
haver razão para agirmos do modo sugerido.
Passamos então a refutar, por raciocínio, a linha
de ação proposta. Quando assim fazemos,
acabamos por lamentar esta decisão.
PÁGINA 16 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
Quanto mais uma pessoa segue essas
impressões psíquicas, mais estimula, acelera,
e mantém aberto e ativo, o canal para a Eu
psíquico. A recusa de seguir essas impressões,
a repressão desses impulsos psíquicos, acaba
trabalhando contra nós. Algumas pessoas, pelo
uso da vontade, desenvolvem uma resistência
subjetiva a impressões psíquicas. Criam o
hábito de se opor a esse tipo de motivação,
sempre que ele se manifesta.
O resultado é que, dada a lei de oposição
que elas mesmas estabeleceram, reprimem
no interior da mente subconsciente todos
os esforços da impressão para vir à tona. A
orientação, ou o impulso psíquico, torna-se
menos frequente e sua intensidade diminui.
Se, mais tarde, essas pessoas finalmente se
conscientizam do valor dessa orientação
e desejam desenvolver a correspondente
faculdade, verificam que é extremamente
difícil recuperar essa tendência que, de outro
modo, seria natural.
Aqueles que nunca estudaram misticismo,
hermetismo, ou assuntos correlatos, não sabem
que essas impressões constituem uma função
natural do nosso Ser. Esta função não é mais
sobrenatural do que os nossos instintos e a
nossa consciência do ego. Em sua ignorância
quanto a esse fenômeno, esses indivíduos
temem admitir experiências que lhes parecem
estranhas ou sobrenaturais. Por não serem
capazes de explica-las, consideram-nas
anormais, algo a ser reprimido, e não admitido.
O sabermos que esse fenômeno é natural
e constitui um dom humano a ser usado
em nosso benefício, já é uma das vantagens
características do estudo da filosofia Rosacruz.
Fórum Rosacruz - Outubro/1972
 ILUMINAÇÃO – QUEM NÓS DÁ OU CONCEDE

Quem nos dá ou concede a iluminação? Quando a

iluminação ocorre, significa o fim das encarnações
terrenas, ou há necessidade de uma alma se iluminar
várias vezes?
inguém nos dá a ilumi- primeiro conhece-te a ti mesmo”, ou, com outras
nação. Na verdade, nós já palavras, “Quem sou eu?”.
somos todos iluminados,
só precisamos descobrir Ao atingirmos a iluminação, esta jamais será
isso. Iluminar-se é perdida e, mesmo em outras encarnações, ela estará
tão-somente descobrir sempre conosco. Então, não teremos a necessidade
o que você já é e que de nos iluminarmos várias vezes, embora ela seja
sempre foi desde toda a tão-somente uma abertura, uma passagem que nos
eternidade. Assim, não abre os portais cósmicos e que continua crescendo
é uma conquista ou uma concessão, é uma em consciência a níveis infinitos.
descoberta. Por isso a máxima: “Homem,
DI/GLP

PÁGINA 17 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022

 IMAGENS MENTAIS E PERSONAGENS SAGRADAS

Que significam as imagens ou impressões de

experiências místicas, especialmente quando vemos
uma personagem religiosa proeminente de nossa fé?

do conhecimento geral ensinamentos sacrossantos que atribuem a tais

que as pessoas rela­
cionam suas experiências
místicas ou religiosas
muito frequentemen-
te com o fundador ou
alguma outra entidade
espiritual ligada à sua
fé particular. Seria uma
raridade, sem dúvida, que um indivíduo, ao ter
uma experiência teofânica, isto é, religiosa, vi-
sualiza-se mentalmente Buda ou Maomé como
sendo seu canal de contato, se fosse cristão.
Mais comumente, ele contaria ter tido uma im-
pressão de Cristo ou algum santo. Da mesma
forma um muçulmano, judeu, ou hindu rara-
mente, ou nunca, relataria estar
tendo uma comunhão espiritual
com uma imagem de uma perso-
nagem sagrada identificada com
o cristianismo.
personagens ou deidades.
Há, contudo, uma grande inconsistência
em comparar uma personalidade sagrada
com a experiência religiosa. Por exemplo, se
a experiência é verdadeiramente de natureza
divina, isto é, se o indivíduo teve uma
experiência mística genuína, uma comunhão
com a Inteligência Universal, então porque ela
é canalizada através do caráter particular de
sua própria fé? Uma mensagem ou revelação
divina só seria revelada aos cristãos através
de Cristo, aos hindus através de Krishna, aos
muçulmanos através de Maomé e aos budistas
através de Gautama Buda? Se assim fosse,

A fé religiosa estabelece sím-

bolos de várias formas para re-
presentá-la. Seus fundadores, ou
messias manifestam a culminân-
cia daquelas doutrinas espirituais
que vieram a aceitar. Qualquer
preceito moral ou religioso é ime-
diatamente associado na mente
de seus seguidores com aqueles

PÁGINA 18 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022

tornaria o sectarismo um aliado
do Ser Supremo, da Inteligência
Cósmica.

Ademais, se cada um desses

messias ou avatares tivesse uma
ligação espiritual verdadeira com o
Ser Supremo, então seriam iguais em
suas qualidades divinas. Neste caso,
então, se um budista tivesse uma
experiência teofânica, ele deveria
ver a imagem mental de Cristo, ou
Moisés, não sempre e apenas de
Gautama Buda. Da mesma forma
os cristãos deveriam ver em sua
experiência a imagem de Moisés,
Zoroastro ou talvez Maomé – só
que isso não acontece!

O seguidor de uma fé está

condicionado pelo seu treinamento
a pensar em seus personagens religiosos ou
sagrados como sendo as únicas entidades
verdadeiras e especialmente ordenadas para
a comunhão da alma com a deidade. A
literatura sagrada de sua fé lhe afirma que
este ou aquele grande professor (mestre)
iluminado transcende todos os outros seres,
e simbolicamente pelo menos, fala pelo Ser
Supremo. Em consequência, esta atitude
mental que é induzida no devoto faz com
que ele acredite que os guias espirituais de
outras crenças não têm a divina eminência de
sua própria fé. Na verdade, o fanático zeloso
pode considerar aqueles que pertencem a
outra fé mal informados sobre seus grandes
líderes espirituais por causa de ensinamentos
heréticos ou falsos.
Olhemos de novo o assunto nesta luz: Se
todos os fundadores e messias das crenças
históricas são verdadeiramente grandes seres
espirituais como seus devotos acreditam,
porque se limitariam eles a contatos e revelações
espirituais com pessoas de uma determinada
fé? Uma atitude tão pouco liberal e sectária
não faz jus à eminência que é atribuída a essas
entidades espirituais. Não seriam as revelações
de um Moisés ou um Cristo, por exemplo,
iluminadoras e inspiradoras experiências
seja qual for a fé através da qual possam ser
realizadas? Um ser verdadeiramente espiritual
não permitiria uma restrição em forma de
dogma, literatura ou fé. Consequentemente,
as imagens mentais de seres espirituais tidas
pelo homem, e que são quase sempre de sua
fé particular, são principalmente o resultado de
causas psicológicas, não místicas.
A contínua associação de imagens ou
entidades espirituais com o dogma, a teologia
da fé, são a causa de elas serem comumente

PÁGINA 19 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022


visualizadas mentalmente. O cristão a quem se
peça que recite um preceito moral ou religioso,
usará usualmente palavras de seus personagens
sacros tradicionais. Seria bastante estranho se
ele citasse uma personalidade sacra de outra fé
mesmo que o conteúdo dos escritos de outra fé
igualasse em valor aqueles de sua própria.
Para maior analogia, ouvimos com fre­
quência a frase de que devemos nos esforçar
para alcançar a Consciência de Cristo. Esta
frase implica em que a consciência de Cristo é
da mesma unidade que a de Deus, ou o Absoluto.
Aceitar a tradição religiosa de que Cristo era
um ser espiritual altamente desenvolvido,
PÁGINA 20 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
tendo uma consciência que
transcendia aquela do mortal, não
significa necessariamente que o
homem deveria emular unicamente
os ensinamentos de Cristo. Não
pode o homem também procurar
alcançar a consciência espiritual de
outros avatares que existiram antes
e depois de Cristo?
Esta limitação de imagens
espirituais a uma única fé pode
ser superada pela liberalidade e
pela razoabilidade no estudo e na
pesquisa da origem e doutrinas
básicas de outras crenças.
Mesmo uma pesquisa casual,
não necessariamente um estudo
em profundidade, será deveras
esclarecedora para o investigador.
Pode surpreendê-lo verificar o
quanto são ecléticas todas as
crenças, isto é, cada fé tem muitas
doutrinas paralelas na essência
de sua substância. O investigador
aprenderá que revelações que
outros possam ter tido e imagens
mentais de seres espirituais de outras crenças
podem ser igualmente enobrecedoras para a
consciência.
Tudo isto não implica em dizer que uma
pessoa não deva ter preferência por uma fé
mais que por outra, mas sim que tal estudo
lhe inculcará um espírito de tolerância.
Ele o fará saber que nenhum mestre ou
personalidade divina, assim considerado
pelo homem, é o único meio para a unidade
com o Absoluto. – X
Fórum Rosacruz, Janeiro, 1976
 DIFERENÇA ENTRE IMAGINAÇÃO E INSPIRAÇÃO

Numa sessão de Fórum, realizada como parte do

programa de uma Convenção Rosacruz, um Membro
perguntou como seria possível distinguir imaginação de
inspiração.
sta é uma pergunta monografias iniciais, não devem ser postos de
que pode ser muito fa- lado ou esquecidos. Devemos nos empenhar,
cilmente respondida, constantemente, em melhorar nossas
porém, a resposta nem habilidades intuitivas, em aprender a escutar a
sempre será satisfatória voz do Eu interior, a distinguir e permanecer
para o indivíduo que a sensíveis à informação proveniente da mente
tenha feito. A resposta interior, do subconsciente, ou Eu interior.
é, simplesmente, expe-
riência. Por experiên- Num sentido geral, sem nos tornarmos muito
cia, aprendemos a distinguir várias impressões técnicos, podemos dizer que o subconsciente
mentais, de modo que podemos perceber a di- é a mente da alma. Nele está arquivada toda
ferença entre ideias que nós mesmos criamos a experiência que ocorreu no âmago da
e aquelas que se originam no Eu interior, ou consciência e do Ser do indivíduo. Além disso,
alma, e afloram ao nível objetivo de consciên- ele está relacionado com a própria fonte da vida.
cia.

O desenvolvimento da
capacidade de obter inspiração,
ou tomar consciência do
conhecimento intuitivo, é tão
importante que é enfatizado
em algumas das primeiras
monografias dos ensinamentos
Rosacruzes.Um fato igualmente
importante e que, talvez, nem
todo estudante Rosacruz tenha
em mente, é o de que as práticas
e os exercícios necessários
para desenvolvermos nossas
habilidades intuitivas, embora
sejam apresentados nas

PÁGINA 21 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022


Portanto, neste sentido, temos acesso a todo
o conhecimento do universo. Pela intuição,
podemos recorrer a todo conhecimento, a
toda experiência, e, teoricamente, tornarmo-
nos perfeitamente sábios; porém, a prática é
essencial ao desenvolvimento desta faculdade.
A imaginação pode consistir do funcio­
namento incontrolado do nosso pensamento,
ou pode ser criadora. Podemos entregar-nos ao
devaneio, simplesmente permitindo que nosso
pensamento se ponha a saltar, arbitrariamente,
de uma ideia para outra. Assim fazendo, pouco
ou nada realizamos. Em outras palavras,
geralmente, o devaneio é uma atividade do
indivíduo ocioso, ou de uma pessoa que está
simplesmente “matando o tempo”, num período
PÁGINA 22 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
de relaxação e repouso. Este procedimento
não tem a menor importância, seja positiva
ou negativamente; mas, se dele começamos
a depender e passamos a dedicar todo o
nosso tempo ao devaneio, sem tomarmos
qualquer providência para controlá-lo,
isto se torna um mau hábito. Rouba-nos
o tempo que deveria ser empregado em
atividade mental criadora.
A imaginação criadora, conforme já
expressei num outro artigo, consiste em
reunirmos ideias que tenhamos conseguido
desenvolver por experiência e recorrendo
às nossas habilidades intuitivas. Implica
em criarmos uma nova situação, ou
aprimorarmos uma situação já existente. É
uma fase de desenvolvimento.
A inspiração, no entanto, não se
origina, necessariamente, no âmbito da
experiência do indivíduo. A verdadeira
inspiração consiste de um conhecimento
de que nos tornamos objetivamente
conscientes e que nos vem possibilitar a
utilização daquilo que já tenhamos aprendido.
Um bom exemplo é o de um indivíduo que
está tentando resolver um problema. Pode ele
trabalhar nesse problema durante horas, dias,
ou semanas, sem chegar a uma solução, porém,
se afastá-lo de sua mente, transferindo-o para
o subconsciente, na próxima vez em que o
problema vier à sua consciência, poderá surgir
a solução.
Foi daí que se originou a expressão “dormir
sobre um problema”. Alguém descobriu que
um problema que não conseguira resolver
durante o dia foi resolvido no dia seguinte,
depois que ele dormiu um bom sono. Em
outras palavras, uma vez transferido o problema
para a área do subconsciente, a intuição foi a experiência que nos torna possível distinguir
chamada a trabalhar no mesmo. A solução do vários estados mentais.
problema, a ideia, palavra ou orientação básica,
foi a inspiração que provocou a coordenação e Por exemplo, não temos dificuldade
utilização prática de todos os fatores que antes alguma para distinguir um som de um odor.
haviam constituído o problema. Isto se deve a que muitos anos de experiência
claramente registraram em nossa consciência,
Repetindo: a diferença entre imaginação e em nossa natureza, a diferença entre estas
inspiração está em que a imaginação é produzida duas funções ou percepções. Assim é que, se
pelo homem. É uma função da nossa razão; desenvolvemos nossa habilidade intuitiva, os
principalmente, da nossa consciência objetiva. conceitos intuitivos que vêm à consciência, e as
A inspiração não é produzida pelo homem. inspiradas ideias que também atingem um nível
De certo modo, tem origem divina. Provém consciente, tornam-se claramente discerníveis
dos recursos interiores da alma e consigo traz quanto ao que seja Inspiração e ao que não
autoridade, conhecimento, e habilidade para passe de ocioso devaneio ou imaginação.
coordenar fatos e experiências já conhecidos.
Para desenvolver essa habilidade, precisamos Lembrem-se de que a imaginação tem
desenvolver nossa intuição. Temos de praticar. origem humana; a inspiração é de origem
Precisamos exercitar-nos até que estejamos divina. A imaginação é, precipuamente, um
tão familiarizados com o processo de obtenção resultado dos processos da mente objetiva, do
de conhecimento intuitivo que não haja cérebro. A inspiração é o resultado da elevação
dúvida alguma, em nossa mente, quanto à sua a um nível de consciência de conceitos e ideias
segurança. que são de natureza transcendental para o ser
humano, ou, podemos dizer, de origem divina.
Quando um indivíduo se torna seguro Os inspirados impulsos que se manifestam na
de que o conhecimento pode ser obtido mente objetiva são os conceitos que residem
intuitivamente, desaparece
qualquer dúvida quanto à
confiança que esse processo
merece. A pessoa que
desenvolveu sua capacidade
intuitiva a um grau elevado
não tem problema para
distinguir ideias meramente
resultantes do devaneio, do
verdadeiro conhecimento
intuitivo, que constituirá
a inspiração. Portanto,
ao desenvolvermos nossa
habilidade psíquica implica,
também, em desenvolvermos

PÁGINA 23 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022

no âmago do Absoluto, da mente da alma.
Portanto, temos acesso a uma fonte que é
completa, onisciente. Faz parte do desafio
da vida o aprendermos a usar a inspiração,
a desenvolver a habilidade intuitiva, assim
como desenvolvemos a percepção pelos cinco
sentidos físicos.
As duas habilidades são importantes. Não
poderíamos fazer face às demandas de um
VIVENDO OS IDEAIS
Em uma sociedade tão complexa como a que
atualmente existe, é possível a alguém viver de
conformidade com seus ideais?
s habilidades, o conhe-
cimento e a cultura são
um acúmulo do passado;
os ideais não o são. Todo
homem começa de novo a
formar seu próprio código
de ética para uma manei-
ra de viver conveniente.
Quando jovens vemos o
mundo não como realmente é, mas como gos-
taríamos que fosse. Vivemos em um mundo
de ilusões, e temos fé nos aspectos positivos
da vida. Quando nos tomamos mais idosos e
começamos a exercer nossas várias carreiras,
começamos a perder essas ilusões e a perce-
ber que as pessoas não são tão perfeitas como
pensávamos que fossem. Adquirimos com-
preensão de que o progresso material, embora
benéfico para o nosso bem-estar, não pode nos
PÁGINA 24 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
universo físico, se não atentássemos para as
impressões que recebemos pelos cinco sentidos
físicos. Nem nos poderíamos preparar para
uma vida espiritual, ou psíquica, para viver num
universo psíquico, senão atentando para a voz
do Eu interior e aprendendo a discernir aquilo
que provém da fonte da vida e que constitui
inspiração. – A
Fórum Rosacruz Outubro/1975
tornar felizes, e que nossas mais agradáveis re-
miniscências não provêm do fato de que temos
dois carros em nossa garagem, mas do afetuoso
aperto de mão de um amigo.
Na personalidade humana há uma psique
dual. Parte dela é atraída para o senso de retidão,
e a outra parte inclina-se fortemente para a
autogratificação, a despeito do efeito sobre
outros. Os estudos Rosacruzes nos ensinam
que a essência do caráter forte é a formação
de um idealismo próprio, a inclinação de
nossa natureza e de nossa vontade para uma
finalidade que acreditamos ser correta.
Os pensamentos e as crenças de todos
nós são de nossa própria criação. Moldamos
nosso próprio caráter, nossa própria percepção
da realidade. Tudo que fazemos provém da

força criativa do pensamento. O pensamento
é uma espécie de energia e, se despendermos
essa energia queixando-nos do nosso destino
assim chamado, não poderemos utilizá-la para
finalidades construtivas.
Todos os problemas, todas as tristezas,
todas as alegrias são manifestados através de
nosso relacionamento com outros. Esses outros
podem ser membros de nossa família, pessoas
com quem trabalhamos ou pessoas de nossa
comunidade. Torna-se, portanto, necessário
que plantemos sementes de relações humanas
em nossa consciência e que delas cuidemos
com compreensão e tolerância.
Não devemos usar uma máscara em nossas
relações com outros por que, mais cedo ou
mais tarde, a máscara será penetrada e toda
a fé e confiança serão destruídas. Pelo uso de
uma máscara, estaremos realmente admitindo
que estamos ocultando alguma coisa da qual
não sentimos orgulho e que não queremos que
outros conheçam.
A aparência física é um dos atributos que
nos diferencia de outras pessoas. Ela permite
PÁGINA 25 – FÓRUM ROSACRUZ – 03 – 2022
que outros nos reconheçam
num relance de olhos. Todavia,
o simples reconhecimento
físico não é a característica que
distingue um indivíduo de um
outro. O elemento importante é a
personalidade, e a personalidade
é composta do caráter. Caráter é
o resultado combinado de nossas
tendências idealistas que, em si
mesmas, são marcas registradas
de nossa maneira de pensar.
É vantajoso para nós, por­
tanto, conser­varmos a fortaleza
interior, pensando e falando com
outros somente com sinceridade e respeito.
Contudo, as demonstrações de sinceridade não
serão suficientes se não forem caracterizadas
por integridade e veracidade, porque a inflexão
da voz e a expressão dos olhos revelará sempre
a existência de insinceridade.
O Dr. H. Spencer Lewis considerava a
insinceridade a pior das fraquezas humanas.
Escreveu ele: “A insinceridade não apenas
impele ao uso de uma capa de hipocrisia (que
prejudica a reputação e a tendência afortunada
de condições para o indivíduo no que diz
respeito a questões materiais), mas a existência
e o desenvolvimento de uma atitude insincera
para com uma ou mais pessoas quanto aos
importantes princípios da vida enfraquece
o poder interior do indivíduo, tornando-o
incapaz de se ajustar à verdadeira natureza das
coisas em todo o mundo.”
Desempenhar nossas responsabilidades,
nossos deveres e nossas obrigações para
benefício de todos os interessados é uma
tarefa diante da qual qualquer homem ou
mulher se deteria com uma sensação de
dúvida e temor. Todavia, fazer tudo isto sem todas as outras indesejáveis peculiaridades de
violar confidências é tarefa muito mais difícil, caráter.
pois requer o que de melhor em nós existe.
Esta é a conjuntura em nosso caráter em que Qualquer homem de negócios nos dirá que,
tantos de nós falhamos. embora seja possível pagarmos pelo tempo
de um homem ou exigir sua presença física
Por hábito, costume, treinamento, educação, em um determinado lugar, não poderemos
ambiente, hereditariedade, consciência e quase comprar entusiasmo; não poderemos comprar
todas as demais influências sobre nós chegamos iniciativa; não poderemos exigir lealdade. Essas
a considerar o cumprimento de quase todas peculiaridades terão de ser conquistadas pelas
as obrigações como simples realização de ações de cada um e de todos nós.
um ato físico. Por exemplo, se considerarmos
o trabalho como uma espécie de acordo A pessoa que possui muitos conhecidos é,
eficaz para benefício mútuo, poderemos nos na verdade, afortunada, porém o homem que
inclinar a violar confidências se sentirmos que tem um ou possivelmente dois bons amigos é
poderemos obter lucros sem nos expormos a abençoado. Um conhecido sentir-se-á sempre
censura ou punição social. feliz em nos cumular com elogios e bajulação,
porém, amigo (um bom amigo), é aquele
O trabalho deve ser prestado com humildade. que nos tornará consciente de uma atitude
A pessoa que está prestando serviço não deve que precisa ser melhorada, que não notará as
ser levada a pensar que ele é uma obrigação nossas falhas e delas não falará em público, que
de sua parte, nem fazer com que a outra sempre nos estenderá a mão para nos auxiliar.
pessoa fique de qualquer modo constrangida.
Ao prestarmos um serviço, deveremos dar Amizade verdadeira é aquela em que
a impressão de que, na realidade, estamos há as mais sublimes expressões de amor, e
recebendo um benefício. amar significa que nosso maior desejo, nosso
ideal supremo, é ajudar outros em todos
Todos nós podemos nos
lembrar de um ou mais
conhecidos que tentaram nos
impressionar com a ideia de
que os deveres, as obrigações, as
responsabilidades da vida foram
a eles impostos iniquamente
e por vingança, pela natureza
ou por seus semelhantes.
Sinto-me triste em pensar que
qualquer trabalho que esteja
sendo realizado por esse tipo
de pessoa está sendo feito
com a mente cheia de rancor,
amargura, desdém, lamúrias, e

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Os estudos Rosacruzes nos
ensinam que a essência do
caráter forte é a formação
de um idealismo próprio, a
inclinação de nossa natureza
e de nossa vontade para uma
finalidade que acreditamos
ser correta.
os seus esforços construtivos. Significa que
devemos considerar os sentimentos de outras
pessoas, antes dos nossos. Significa que, se
for necessário, iremos a extremos para prestar
serviço desinteressado a outros, sem cogitar de
qualquer compensação.
A lealdade é um impulso que faz com que
nos mantenhamos fiéis à nossa consciência,
à nossa família e aos nossos amigos. Ela
melhora o relacionamento entre empregador e
empregado, e lança uma base firme de crédito e
confiança. A lealdade atua como um ímã, para
si mesma atraindo as pessoas, e no grau em
que a confiança for instilada em nossa mente
utilizarão as pessoas as nossas habilidades e os
nossos préstimos.
É conveniente que o mártir lamuriento
tenha sempre essa ideia em mente; que
medite sobre ela, analisando-a, ponderando
sobre ela, com ela vivendo até que ela se torne
firmemente impressa em sua consciência. Se
for sincero consigo mesmo, reconhecerá que
possui muito mais do que justamente merece
quando julgado pelos padrões dos homens.
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Há vários graus de lealdade,
do mesmo modo que há vários
graus de consciência, e, entre os
nossos ideais, jamais poderemos
ser mais fiéis a qualquer outro que
não aquele que mais beneficie a
nossa consciência. Contudo, seria
erro permanecermos em um estado
estático e teimosamente apegar-nos
a ideais de natureza imutável. Tal
atitude deteria o nosso progresso, a
nossa evolução.
Pela prática de nossos princípios
idealistas, estaremos expressando
nossa vida em perfeita conformidade
com as restrições, condições e exigências das
normas de conduta pelas quais nos tornaremos
capazes de satisfazer os atributos construtivos
de nosso ser. Pela prática de nossos ideais,
estaremos para sempre desenvolvendo uma
consciência em expansão e, na medida em que
a nossa consciência evoluir estarão também
evoluindo os nossos ideais. Aquilo que ontem
era um sonho é hoje realidade, e a meta de
amanhã é a visão de hoje. – Z
Fórum Rosacruz julho de 1977
 IDEOLOGIA POLÍTICA

Qual a orientação de nossa Ordem com relação a

ideologia política?

rimeiramente, é im- matizes políticos, sociais e religiosos, deixando

portante que os nossos a cada qual a liberdade de escolha quanto
estudantes tenham em à manifestação de suas ideias e ao melhor
mente que a Ordem é modo de aplicá-las. Um rosacruz é também
universal em seu ob- um cidadão, e pode, portanto, engajar-se em
jetivo. Assim sendo, qualquer movimento político se isto estiver
não emite opiniões que de acordo com a sua consciência, e desde que
possam favorecer os aja com honestidade, moralidade e justiça.
interesses de um país Não obstante, ele deve fazê-lo sem jamais
ou grupo em detrimento de outros. Daí deriva implicar o nome da AMORC em seu exercício
o fato de ser absolutamente apolítica, sendo que político – o que naturalmente não impede que,
qualquer tomada de posição oficial neste âmbito tendo conquistado uma posição de autoridade
lhe é vedada, bem como o seu envolvimento em política, se mostre cooperativo em benefício
qualquer movimento político, e isto também em da Ordem e dê o seu auxílio, se necessário, às
razão de sua divisa: “A mais ampla tolerância
na mais irrestrita independência”. Do contrário,
seria partidária, e isso inevitavelmente cau-
saria divisões entre seus membros. Ademais,
se a Ordem Rosacruz pôde até o presente
perpetuar valores autênticos em países cujos
regimes são às vezes totalmente opostos, isto
se deve ao fato de ser apolítica e trabalhar
para o estabelecimento de uma fraternidade
universal superior a todas as guerras de inte-
resse que assolam muitas nações.

Entretanto, isso não significa que

estudantes rosacruzes não possam apoiar
causas políticas ou até mesmo concorrer a
cargos políticos. A AMORC tem entre seus
membros pessoas de todos os horizontes e

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diversas atividades ou ações por ela realizadas.
Nesse particular, ele nunca deve se esquecer de
que foi colocado nessa posição para cumprir
uma missão a serviço de seus irmãos e irmãs
humanos, por mais modesto que seja o cargo
que estiver ocupando.
A política, assim como a religião, é uma esfera
que toca a consciência individual. A vida política
de qualquer ser humano é regida pelos conceitos
e valores que adquiriu em suas experiências.
Naturalmente, espera-se que, no caso dos
estudantes rosacruzes, as experiências místicas
que tenham tido ao longo de sua caminhada
esotérica influam positivamente sobre o modo
como conduzem o seu comportamento na vida
social, política e, de maneira geral, no meio em
que estiverem atuando. Segundo seus próprios
conceitos, os estudantes rosacruzes devem
trabalhar para efetivar mudanças positivas em
suas comunidades e em seus respectivos campos
“A mais ampla
tolerância na
mais irrestrita
independência”.
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de ação. Isto naturalmente pode envolver a
aplicação de métodos exotéricos – como o
trabalho voluntário, o voto e apelos junto a
representantes políticos – ou esotéricos – como
a visualização e o envio de vibrações de paz
para o nosso planeta. Assim sendo, a rigor, não
há conflito entre as duas situações, isto é, ser
político e ser rosacruz.
Contudo, é importante salientarmos que a
política, justamente por seu caráter intrinse-
camente partidário, é incapaz de resolver os
problemas mais pungentes da humanidade. O
misticismo, em contrapartida, em sua aplicação
pura, pode trazer soluções orgânicas e efetivas,
pois seus resultados ultrapassam os interesses
pessoais que, infelizmente, motivam muitas das
decisões políticas.
(Compilado a partir de edições anteriores do
Fórum Rosacruz)
 IGUALDADE E HIERARQUIA
Qual a necessidade de obedecermos a uma hierarquia
se somos todos iguais perante as Leis e perante Deus?
ierarquia é um escalo-
namento progressivo. É
uma ordenação pela qual
se confere a indivíduos
ou a grupos um esca-
lonamento ou grau de
distinção. Exemplos de
hierarquia são as organi-
zações religiosas, políticas
ou militares. Como a ordem hierárquica é pro-
gressiva, os da extremidade inferior têm menor
importância, distinção ou poder que os da ex-
tremidade superior.
Hierarquia é uma classificação arbitrária,
pois é o homem quem determina a variação
de autoridade em que ela consistirá. Numa
organização militar, a autoridade suprema
recebe um título que indica sua supremacia.
Todos os níveis ou graus menos importantes
em termos de autoridade recebem igualmente
um título ou posicionamento. Simbolicamente,
uma hierarquia pode ser comparada a uma
escada, em que cada degrau parece mais ou
menos semelhante. Se a escada for deitada
ao chão, não haverá grande distinção entre os
degraus. Terão uma uniformidade que sugere
igualdade. Entretanto, assim que a escada volta
à posição vertical, a relação de importância
entre os degraus se altera. Um deles está no
topo, e outro está na parte inferior; os outros
estão entre ambos.
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Se concebermos a escada como um método
de atingir certo plano ou altura, obviamente
o degrau do topo será o degrau supremo.
Alcançado esse degrau, a finalidade do objetivo
é atingida. O degrau da extremidade inferior,
com relação ao do topo, constitui o escalão
mais baixo. Em outras palavras, é apenas um
começo.
As escolas primárias, assim como as
universidades, constituem uma hierarquia na
ordenação dos anos necessários a concluir
determinado curso. O aluno que está no
primeiro ano do Primeiro Grau está embaixo
na escada acadêmica; o que está no último
ano de uma faculdade está no topo. Na vida,
é inevitável uma ordem hierárquica. Mas há
pessoas que condenam o termo hierarquia ou
qualquer aplicação dele. Elas acreditam que
esse termo anula o princípio de igualdade, o
fundamento do ideal de democracia. Alegam
que ninguém deveria ser colocado em escalões
como pessoa subordinada a outrem. Deplora
especialmente a referência a hierarquia aplicada
a níveis ou classificações de espiritualidade.
Afirmam que isso indicaria ser um indivíduo
mais favorecido espiritualmente que os outros.
Cheguemos ao âmago da questão analisando
a natureza e o alcance da igualdade. De que
modo somos todos iguais? Biologicamente,
todos pertencem à mesma espécie: homo
sapiens. Mas aí cessa nossa igualdade biológica.
Não é preciso delinear as variações em nossa
estrutura física, as diferenças de tamanho,
peso, cor dos olhos e do cabelo, por exemplo.
Existem também diferenças notáveis na
esfera intelectual. Em quase todos os níveis da
sociedade é evidente a capacidade maior que
algumas pessoas têm de assimilar o conteúdo
de suas experiências, de raciocinar, de exercer
discernimento, de sintetizar o que aprenderam
e de se adaptar à vida.
Na esfera moral, também, é muito evidente
que alguns indivíduos exercem maior
autodisciplina que outros. Existem aqueles
que são tão antissociais, que são considerados
criminosos pela sociedade. Existem outros
cujos interesses são tão limitados, tão restritos
a seu bem-estar pessoal, que são primitivos a
ponto de serem inescrupulosos quando se trata
de colher benefícios em proveito próprio.
Somente no sentido mais abstrato é que
se pode afirmar que todos os homens
são iguais. Podemos presumir
que isso quer dizer
que todos
os homens
são iguais
perante Deus, o
Cósmico; ou a operação
impessoal da lei natural
na vida de todos.
Mesmo nisso,
porém, os
homens
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não são totalmente iguais se levarmos em
consideração os diferentes conceitos religiosos
e filosóficos dos propósitos e deveres morais
do homem. Por exemplo, existem pessoas que
encaram a doutrina do carma como uma espécie
de imposição divina. Enxerga o carma adverso
do ponto de vista de retribuição imposta em
função de algum erro ou pecado de uma vida
anterior. Até esse erro ser compensado nesta
vida, conforme os que assim interpretam o
carma, a penalidade do infortúnio e sofrimento
sobre eles se abate. Para tais pessoas, portanto,
nem espiritualmente os homens são iguais.
Haveria, em outras palavras, indivíduos
dotados de almas agrilhoadas.
É melhor partirmos da premissa de que
somos iguais somente em nossa condição de
seres humanos, distintos de todas as outras
formas de vida. Desse ponto de vista, nossa
vontade, o cultivo de nosso senso moral, nosso
intelecto e fatores ambientais, todos se
combinam para nos colocar numa de
muitas categorias. Cada um de
nós, portanto, de algum
modo gravita na
esfera de nossas
atividades físicas,
mentais e sociais.
Nossos amigos, nossos
interesses, nossas relações,
nossa educação e nosso
progresso
econômico e social nos conferem certo nível.
Colocam-nos em diferentes degraus ou
escalões de hierarquias.
A maioria de nós tem a oportunidade de
mudar seu nível numa ou mais das hierarquias
em que se encontra - se assim o desejar. O
simples desejo de mudar, de progredir em
algum ramo das atividades da vida, em si
mesmo já constitui um escalonamento. A
razão disso é que algumas pessoas possuem
aspirações, e outras são indolentes e nada
fazem. Considerando-se o sucesso em algum
campo de empreendimento como algo a ser
alcançado, aqueles que não aspiram ao sucesso
são considerados inferiores.
Na Ordem Rosacruz há um segmento dos
Membros que é chamado de Hierarquia. Esses
Membros são especialmente diferenciados:
pertencem ao escalão mais proeminente de
certa classe preferencial. Quererá isso dizer que
a Ordem Rosacruz discrimina seus Membros?
Quererá também dizer que a Ordem não
considera iguais seus estudantes na condição
de Membros? O movimento Rosacruz não
faz discriminação naquilo que promete
ou fornece a todo e qualquer estudante. O
estudante, porém, pode se distinguir em
certas relações que tenha para com a Ordem.
Pode adquirir, durante o período de afiliação,
qualidades e características específicas
que o distingam dos demais. Por exemplo,
aqueles que permaneceram durante anos
na Ordem, que estudaram com diligência
e fidelidade e que serviram à Ordem e a si
mesmos, cultivaram qualidades distintivas.
Ingressaram inegavelmente em certa classe
ou escalão.
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A Ordem possui certos objetivos. Faz
necessariamente certas exigências a seus
Membros,para o bem-estar deles e da AMORC.
Essas obrigações são conscienciosamente
cumpridas por alguns Membros, e por
outros - não. Tais obrigações compõem uma
hierarquia de qualificações, de mérito, pela
qual os Membros distinguem-se a si mesmos.
Aqueles que fizeram essas coisas pertencem
à Hierarquia a que a AMORC se refere. Por
seus próprios esforços e pela observação dos
princípios Rosacruzes, eles criaram para si
uma classe e a honra que deve ser atribuída a
essa classe. Aqueles que ainda não pertencem
à Hierarquia são iguais a todos os Membros,
mas podem destacar-se no sentido de alcançar
essa distinção honorária.
Nada há depreciativo no estabelecimento
de hierarquias, porque, como dissemos, as
variações da natureza humana e de suas
consecuções as cria. A natureza de certa
hierarquia, os escalões ou classes de que é
composta, pode colocá-la em cima ou embaixo
de outra hierarquia. Em outras palavras, as
hierarquias não só contêm classes, mas elas
próprias enquadram-se em classes segundo a
interpretação e estruturação do homem. Por
analogia, uma hierarquia de proeminência
social pode ser considerada inferior às
hierarquias da ciência, da educação e do
humanitarismo. A escada social, em outras
palavras, pode não ser considerada como a
consecução do mesmo ápice de realizações
dos insignes professores ou dos benfeitores
públicos em suas respectivas hierarquias.
Ralph M. Lewis, Imperator – Arquivos
Rosacruzes
 A PAZ PROFUNDA DOS ROSACRUZES

Mesmo depois de tantos anos trilhando a Senda

Rosacruz, ainda me é difícil conceber o que possa ser o
estado de “Paz Profunda”. Seria ela uma consequência
daquilo a que chamamos “paz de espírito”?
tradicional frase “Paz Pro- uma fonte de bem-estar. Por outro lado,
funda”, que desejamos uns quando está enfermo ou ferido, é uma fonte
aos outros quando nos en- de infelicidade e sofrimento, sendo difícil ou
contramos entre rosacru- até mesmo impossível sermos verdadeiramente
zes, nos é muito cara por- serenos nessa condição. É por essa razão que
que expressa tanto os laços devemos fazer todo o nosso possível para nos
fraternos que nos unem protegermos de doenças e acidentes.
quanto o ideal espiritual
a que aspiramos. As duas Mas quem dentre nós pode dizer que tem
palavras que compõem a um estilo de vida perfeitamente saudável e que
expressão sugerem um estado de tranquilidade
que se aplica ao mesmo tempo a todos os pla-
nos do nosso ser – quais sejam, físico, mental,
emocional e espiritual. Quando as pessoas estão
realmente em paz nesses quatro planos, elas são
serenas e vivem em perfeita harmonia consigo
mesmas e com aqueles que estão ao seu redor.
E isto naturalmente pressupõe um determina-
do nível de autodomínio e evolução interior.
É rumo a esse estado de plena serenidade que
nós evoluímos de uma vida para outra, pois ele
constitui o summum bonum ao qual aspiramos
mais ou menos conscientemente. Em outras
palavras, é o bem mais elevado que podemos
experimentar na Terra. Vejamos como ele
se expressa, ainda que temporariamente, nos
quatro planos.

O plano físico (paz do corpo)

O plano físico, correspondente ao corpo, é

o primeiro que devemos aprender a pacificar.
Quando o corpo goza de boa saúde, ele é

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se comporta sabiamente? Se quisermos ter a
experiência da Paz Profunda, a primeira coisa
a ser feita é respeitar o máximo possível as leis
que governam o nosso corpo físico. Ter uma
dieta alimentar a mais saudável e balanceada
possível, fazer exercício o suficiente, dedicar um
tempo regular ao relaxamento, evitar substâncias
nocivas ao corpo etc., são todos elementos-
chave a esse respeito.
Naturalmente, qualquer pessoa pode adoe-
cer, a despeito do cuidado e da atenção que
possa dedicar à sua saúde. Na verdade, todos
envelhecemos e consequentemente nos torna-
mos mais sujeitos a diversas enfermidades. A
ciência médica, porém, tem feito consideráveis
avanços, e hoje em dia há medicamentos dis-
poníveis que nos permitem não apenas tratar as
doenças mais comuns, mas também minorar a
dor. Não deveríamos, portanto, abrir mão deles,
ainda que cautelosa e moderadamente, e sempre
dando predileção a alternativas mais naturais.
Paralelamente, devemos também fazer uso de
tratamentos e técnicas que, na qualidade de ro-
sacruzes, temos o privilégio de conhecer – par-
ticularmente a terapêutica dos sons vocálicos, a
meditação e a prece. Efetivamente, a experiência
tem mostrado que esses tratamentos e técnicas
são eficazes na manutenção da boa saúde e na
aceleração dos processos de cura.
O plano mental (paz da mente)
Esta tange naturalmente a própria natureza
dos nossos pensamentos. Todos sabemos que
os pensamentos têm um poder inerente e que
condicionam o nosso estado geral. Quando
são positivos, geram harmonia e bem-estar em
nosso interior. Quando são negativos, incitam
a discórdia e uma infelicidade profunda.
Conscientes disso, precisamos nos empenhar
em manter uma atitude mental o mais positiva
possível; com outras palavras, precisamos
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evitar alimentar pensamentos negativos sobre
nós mesmos, sobre os outros ou sobre a vida
em geral. E quando acontecer de deixarmos
tais pensamentos aportarem, o que é algo
perfeitamente humano, devemos nos esforçar
para dar cabo deles e transmuta-los em
pensamentos positivos. Naturalmente, essa
transmutação nem sempre é fácil, embora seja
necessária, caso queiramos de verdade ter a
experiência da Paz Profunda. Como você deve
ter percebido, isto corresponde à alquimia
mental a que os rosacruzes sempre fizeram
referência. Para sua consecução, não temos outra
opção senão traçar, a partir de nosso ideal, a
resolução de tornar mais positivo cada aspecto
do nosso jeito de pensar, ou seja, nossa maneira
de analisar as coisas, de raciocinar, de pensar, de
imaginar, de deduzir, e assim por diante.
Estejamos ou não cientes disso, nossa mente
é em grande parte o reflexo daquilo com o
que a alimentamos diariamente. Deve parecer
óbvio que alguém que se deleita assistindo a
filmes violentos ou vulgares, que acompanha
programas que evidenciam o lado menos nobre
da natureza humana, que lê livros ou revistas
que são mais voyeurísticos do que culturais ou
que frequenta espetáculos onde a estupidez,
a rudeza e o cinismo são considerados como
humor etc., gera pensamentos que vão infectá-
lo profunda e longamente. Em outras palavras,
tais pessoas estão empobrecendo suas mentes e
progressivamente degradando a si próprias sem
sequer perceber. Na qualidade de rosacruzes,
estamos convictos disso, e é por essa razão que,
em conjunto com nossas atividades místicas,
trabalhamos nutrindo nossa inteligência com
ideias e impressões úteis, construtivas e positivas.
Ao fazermos isso, estamos contribuindo para a
elevação de nossas mentes e estabelecendo em
nosso interior as bases para a paz interior que
procuramos.
 O plano emocional (paz das
emoções)

A paz emocional está obvia­

mente ligada à paz da mente,
pois os pensamentos levam às
emoções e as emoções levam aos
pensamentos. Se, por exemplo,
pensarmos em acontecimentos
felizes, simultaneamente teremos
sentimentos felizes. Pela mesma
razão, se experimentarmos
emoções positivas, estas darão
origem a pensamentos de mesma
natureza. De acordo com esse
princípio, aquilo que dissemos
nos tornemos inimigos de nós mesmos e que
anteriormente sobre a necessidade de se
acabemos profundamente infelizes. Na verdade,
manter uma atitude mental o mais positiva
para subjugar nossas próprias imperfeições e ter a
possível também se aplica à nossa atitude
experiência da Paz Profunda, precisamos começar
emocional. Dito de outra forma, devemos
amando a nós mesmos exatamente do jeito que
transmutar todas as emoções negativas que
somos. E é a partir desse amor por aquilo que
emergem de nossa consciência ou que nela têm
somos, com nossas qualidades e imperfeições,
raízes. Paralelamente, devemos preferir filmes,
nossas forças e fraquezas, que precisamos extrair
programas, livros e espetáculos que transmitam
a energia para nos aperfeiçoarmos e pacificar
os sentimentos mais sadios. Na verdade, o que
nossas mentes e emoções.
são bons sentimentos senão a combinação de
pensamentos e emoções positivos? O plano espiritual (paz da alma)
Em que consistem esses sentimentos As observações anteriores nos conduzem
positivos que devemos manter ou cultivar? agora à paz espiritual – a paz da alma. Como
Naturalmente, são aqueles associados às você percebeu, ela transcende a paz física, a
virtudes que nos empenhamos para despertar, paz da mente e a paz emocional. De fato, ela
tais como a tolerância, a benevolência, a diz respeito à nossa própria alma, ou seja, à
generosidade, a fraternidade, a compaixão, a essência divina que nos anima. Para sermos
indulgência e, não esquecendo a mais nobre de mais específicos, é o estado de consciência que
todas, o amor. Por mais paradoxal que possa experimentamos quando estamos em perfeita
parecer, a paz emocional – assim como a paz harmonia com o Deus de nosso coração,
da mente – consiste, pois, em travar guerra como Ele próprio se expressa em nós e fora
contra todos aqueles sentimentos que sabemos de nós. Todas as pessoas que vivenciam esse
serem negativos: intolerância, rancor, ciúme, estado estão necessariamente em paz consigo
inveja e – claro – ódio. Dito isto, é preciso, mesmas, não importando quais possam ser
contudo, empreender esta guerra serenamente suas condições de vida ou o lugar em que
e sem o sentimento de culpa, pois este não possam estar. Por razões que cada um de nós
tem sentido. Pior ainda, a culpa faz com que compreenderá, a média das pessoas não pode

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vivenciar esse estado permanentemente. Porém,
aqueles que o vivenciaram, mesmo que somente
por um instante, dele conservam uma eterna
memória e podem, a partir dessa memória,
obter força interior para fazer tudo aquilo
que é necessário para vivenciá-lo novamente
e prolongá-lo o máximo possível. Uma vez
tendo-o experimentado, ele se torna parte de
suas consciências e permanece para sempre
como uma fonte de inspiração e de serenidade.
O que precisamos fazer para cultivar em
nós a paz espiritual? Cuidar do corpo físico
não é o suficiente; tampouco manter bons
sentimentos. É preciso igualmente alimentar
nossa alma com aquilo de que ela mais precisa,
ou seja, espiritualidade. Enquanto rosacruzes,
temos o privilégio de estudar ensinamentos
que fornecem em parte esse alimento. Dizemos
“em parte” porque esses ensinamentos, por
mais inspiradores que possam ser, não são
o bastante para o nosso desenvolvimento
interior. É preciso que adicionemos a eles o
fruto de nossas meditações, de nossas preces
e de nossas comunhões cósmicas. Somente
procedendo dessa forma, no máximo de nossas
possibilidades, é que poderemos atender
plenamente as aspirações de nosso Eu Interior
e crescer em sabedoria. E esse trabalho será
ainda melhor se o empreendermos com
paciência, confiança e perseverança. Isso é o que
precisamos fazer para espiritualizar o nosso ser
e dar à nossa alma a plenitude que ela busca e
sem a qual é impossível sermos verdadeiramente
felizes.
Em que consiste então a Paz Profunda?
De acordo com o que dissemos até agora, ela
corresponde ao estado de consciência de uma
pessoa que está em paz nos planos físico, mental,
emocional e espiritual. É difícil descrever esse
estado, especialmente quando não se teve o
privilégio de experimentá-lo. Não obstante,
ele é parte integral do divino Eu, de forma que
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podemos sentir o que ele é mesmo que não o
tenhamos experimentado em sua plenitude.
O fato é que, quando experimentamos a Paz
Profunda, mesmo que por poucos segundos,
sentimos que somos pura alma. O corpo físico,
ainda que velho, fraco ou mesmo doente, já não
é mais um empecilho, um inconveniente ou
uma fonte de sofrimento. Os pensamentos que
ingressam na mente são prazerosos, construtivos
e inspiradores. As emoções que sentimos são
belas, nobres e benévolas. Todo o ser é banhado
num oceano de tranquilidade e alegria interior.
Pelas razões que vimos de explicar, esse estado
só pode ser temporário, ao menos até que se
atinja o estágio de Sabedoria Absoluta. Todavia,
ele é um bálsamo para o coração e para a alma
e nos permite vislumbrar o que a Paz pode ser
quando é Profunda, ou seja, quando é perfeita
e permanente.
Por que enviamos uns aos outros os nossos
melhores votos de Paz Profunda quando nos
encontramos ou trocamos correspondências?
Porque esse estado de absoluta serenidade é
aquele que esperamos vivenciar em algum ponto
de nossa senda mística. E sabemos que todos
os membros de nossa Ordem que o alcançaram
definitivamente podem ser considerados como
verdadeiros Rosacruzes. Assim como sua
própria Paz Profunda, eles também possuem o
domínio que faz deles Iniciados de alta classe
e servidores da humanidade. Nessa qualidade,
eles são agentes da Divina Sabedoria e do
Amor Divino entre os humanos. Em outras
palavras, são agentes da Divindade, com plena
consciência e perfeitamente despertos. Assim,
o que poderíamos desejar uns aos outros
de melhor enquanto rosacruzes? Que outra
saudação poderíamos transmitir àqueles que ao
nosso lado palmilham a Senda Rosacruz? Sem
dúvida, nenhum outro senão essas maravilhosas
palavras: Paz Profunda!
Arquivos Rosacruzes
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