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Desafios do líder digital

LILIANE:
Olá!
No ConeXão Digital de hoje vamos conversar sobre os desafios do líder digital.
Já sabemos e até sentimos na pele que a era digital é caracterizada por
mudanças estruturais que estão redefinindo o mundo e, principalmente, o
comportamento humano.
Essas mudanças estão sendo alavancadas pela conectividade que acarreta a
rápida propagação das informações ao redor do mundo, valendo-se,
principalmente da internet.
Concorre também para isso a velocidade com que as inovações tecnológicas
estão sendo desenvolvidas e se disseminando em todo o planeta; a
supervalorização do conhecimento; e, por fim, a nova configuração das
organizações, que estão se tornando mais horizontais e menos hierárquicas.
A era digital, assim, é um mundo novo, com características próprias e que
exige,
dos líderes, competências que vão além daquelas já muito divulgadas e
trabalhadas até agora.
Lembrando que ir além não é excluir, mas sim buscar outras habilidades que
irão
coexistir e contribuir para uma atuação mais efetiva nesse novo contexto. A era
digital precisa, então, de conceitos de liderança ampliados e mindset digital,
que
significa ir além do padrão.
Meu nome é Liliane Maldonado e este é o ConeXão Digital.
LILIANE:
Hoje, os convidados conectados são os nossos já conhecidos Marisa
Ventura, Instrutora de liderança exponencial, e Leonardo da Silveira,
empreendedor, especialista em mudança.
Marisa, como podemos definir o papel do líder digital nessa nova era, a
era
digital?
MARISA:
Nesse contexto, é essencial que o líder digital se ocupe com a adaptação das
pessoas na organização como um todo, rumo a um futuro completamente
transformado pela tecnologia digital.
E, para alcançar essa capacidade, é prioritário que ele abandone velhas
crenças
e estruturas mentais, abrindo-se, assim, para o novo; para o que é inovador
hoje
e para todas as outras inovações que ainda estão por vir.
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LILIANE:
Mas como velhas crenças e estruturas mentais podem atrapalhar o líder
digital nessa nova era? É com você Leonardo...
LEONARDO:
Veja: crenças e estruturas de pensamento desenvolvidas naturalmente ao
longo
da era industrial – como a de que um líder deve ser a pessoa que tem a
resposta
para tudo e que, por isso deve ser o responsável pela tomada de decisão –
direcionam nossas escolhas, às vezes até intuitivamente, e principalmente
nossa
postura diante do mundo.
E a era digital não é um modismo, mas, sim, um novo tempo que está
rompendo
de vez com a era analógica, que é o mundo que estamos deixando para trás.
Mundo este, no qual foram desenvolvidas nossas crenças e estruturas de
pensamento.
O que significa que não há escolha para a liderança atual, se não a de buscar
um novo mindset, mais aberto a receber, se adaptar e trabalhar COM e não
CONTRA a inovação.
LILIANE:
Você falou em um novo Mindset, Leonardo. Podemos definir mindset
como
a estrutura de pensamento e valores de uma pessoa?
LEONARDO:
Com certeza!
Há pessoas com mindset cristalizado, que é aquele tipo de estrutura de
pensamento e valores que rejeita o novo... que oferece resistência à mudança.
Esse é o tipo de mindset que se acomoda na sua zona de conforto.
LILIANE:
Mas eu tenho uma dúvida. Se aquele velho ditado diz que “em time que
está
ganhando não se mexe”, porque então grandes empresas que vivem um
momento de muito sucesso com seus produtos e serviços precisam
mudar?
MARISA:
Por que, daqui pra frente, fazer as coisas do mesmo jeito não levará mais as
pessoas e as organizações a alcançarem os mesmos resultados. Pelo
contrário.
As organizações que não inovarem, não sobreviverão.
Isso porque a era digital é caracterizada por mudanças estruturais que estão
redefinindo o mundo e, principalmente, o comportamento humano.
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Essa mudança no comportamento indica que as pessoas estão aderindo às
inovações tecnológicas numa velocidade jamais registrada na história da
humanidade. Uma aderência resultante das comodidades e facilidades
oferecidas pelas inovações tecnológicas a um preço bastante acessível.
LEONARDO:
Só para vocês terem uma ideia sobre isso que a Marisa está falando, o seu
smartphone, seja lá qual for o modelo, tem mais capacidade de processamento
que o computador que ajudou a levar o homem à Lua. Só que custa
infinitamente
mais barato.
Tanto que bilhões de pessoas em todo o planeta, de todas as condições
financeiras têm capacidade de adquirir um aparelho de alta capacidade de
processamento e que dá acesso a um mundo de informações e possibilidades
jamais vistas.
LILIANE:
De fato, vocês têm razão. O que a gente percebe com muita facilidade é
que
as pessoas mudaram seu comportamento nos últimos anos. Por exemplo,
hoje, elas não aceitam mais ir para o meio da rua para fazer sinal para um
táxi. Elas querem a comodidade de chamar um carro via aplicativo e ficar
monitorando a sua chegada para, só então, ir para a rua. O consumidor
mudou e cada vez mais se encanta com produtos e serviços que sejam
acessíveis por meios digitais, que atendam suas necessidades de forma
customizada e flexível, que sejam acessíveis financeiramente, ágeis e
intuitivas.
MARISA:
Exatamente. São milhares de possibilidades que levam as pessoas a
preferirem
as novas facilidades e abandonarem os velhos hábitos.
E se as pessoas estão mudando para o novo, é imprescindível que as
empresas
façam o mesmo movimento. Só que de forma antecipada.
Não reativa. Mas proativa. Enxergando as possibilidades. As tendências. E se
reestruturando rapidamente para inovar e surpreender.
E é o líder digital o responsável por incentivar na organização, a mudança de
mindset e comportamentos coletivos para que o ambiente se volte para a
inovação, ganhe agilidade e passe a agir como uma organização exponencial.
LILIANE:
Antes de conversar com vocês, especialistas, eu fui fazer meu dever de
casa e pesquisar um pouco sobre esse assunto. E tem uma coisa aqui
que
eu achei bem interessante:
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“Segundo John Kotter, professor de Comportamento Organizacional na
Harvard Business School, o papel primário do líder, nesse contexto, é
produzir mudanças, atuando, basicamente, em três frentes: estabelecer
direção estratégica, comunicar metas e motivar e inspirar as pessoas.”
Gostaria que vocês comentassem sobre isso!
LEONARDO:
De fato, você pinçou um ponto muito interessante no mar de informações que
estão disponíveis sobre este assunto na internet. Veja só: essas três frentes
são
apoiadas por oito diretrizes que se conectam e ajudam o líder nessa tarefa.
Veja
bem:
1. Crie uma visão de longo prazo que cause impactos sociais positivos.
2. Invista na comunicação desta Visão.
3. Crie senso de urgência e prioridades claras
4. Crie objetivos tangíveis de curto prazo.
5. Forme uma aliança entre quem trabalha na construção do objetivo
comum.
6. Empodere todos os envolvidos na tomada de decisão.
7. Mantenha o ritmo da equipe.
8. Torne a mudança parte admirada da rotina.
1. “Crie uma visão” - Ser visionário, nessa nova era, é imperativo. O líder digital
precisa interpretar dados, compreender as tendências e visualizar a empresa
atuando no futuro antes que ele aconteça.
LILIANE:
Mas como isso se dá?
MARISA
Para a elaboração de uma visão consistente, é essencial que algumas
questões
sejam respondidas, como: qual será o papel da empresa nesse futuro que está
se desenhando? Que resultados serão possíveis de serem alcançados? Quais
habilidades serão necessárias para gerir as pessoas e o negócio?
LILIANE:
Ótima dica. Essas questões já nos dão uma direção bem clara.
LEONARDO:
Com certeza. Mas essa foi só a primeira diretriz.
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A segunda é “Invista na comunicação da Visão”. Construir e compartilhar a
visão,
vista na primeira diretriz, de forma objetiva ajuda as pessoas a enxergarem o
ponto em que estão e o que precisam fazer para se adequar ao que estar por
vir.
MARISA:
Nossa terceira diretriz é “Crie senso de urgência”.
Isso porque, na rotina das organizações, é comum as pessoas se ocuparem
apenas com as urgências da rotina e darem pouca ou nenhuma atenção às
tendências.
Só que esse tipo de urgência nos prende ao presente, enquanto as tendências
nos levam para o futuro.
É importante que a comunicação da visão de futuro seja capaz de levar as
pessoas a compreender a necessidade da mudança e as consequências de
não
mudar.
Isso ajudará a despertar em todos o senso de urgência em relação à proposta
de mudança, motivando a definição das ações necessárias no presente para o
alcance do futuro.
LILIANE:
Isso é verdade. A gente fica tão focado nos nossos problemas do
presente
que se esquece de se preparar para as oportunidades, para o futuro. Eu
mesma tenho que rever isso em mim, urgentemente. Não quero ficar para
trás, não!
LEONARDO:
E é exatamente esse despertar que os líderes de hoje tem que ter para buscar
o seu desenvolvimento como um líder digital.
Mas vamos continuar.
A quarta diretriz é “Crie metas de curto prazo”.
Mudanças podem parecer excessivamente grandes e exaustivas quando vistas
como um todo.
Então, para facilitar o entendimento e o engajamento na proposta, busque
dividir
todo o caminho em direção à mudança em metas de curto prazo, de forma que
as pessoas possam perceber a viabilidade de cada parte e como todo o
processo
se encaixa e evolui.
MARISA:
A quinta diretriz é “Forme uma aliança”.
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Veja só: uma empresa é uma rede social, formada por pessoas muito
diferentes
entre si. Por isso, a comunicação com esse público organizacional será tão
eficiente quanto for igualmente diversificada, adequando-se, assim, a cada
grupo.
Então, estabeleça prioridades de aproximação e comunicação, de forma que
seja formada, aos poucos, uma aliança em prol da mudança.
Comece conquistando as pessoas identificadas como inovadoras e
influenciadoras. Só depois, com o apoio desses dois grupos, busque a base e
administre, com mais capacidade, os opositores.
LILIANE:
Essa diretriz é muito interessante. Pelo que eu entendi, se a gente quer
mudar algo na organização, primeiro temos que buscar pessoas que se
alinham com a proposta. Só que não quaisquer pessoas, mas sim aquelas
que são naturalmente abertas às novidades e também aquelas que
exercem
certa influência sobre as demais pessoas da empresa. É isso?
LEONARDO:
Sim. É isso. Os inovadores vão receber a sua proposta de braços abertos e
vão
testar, verificar se realmente ela é eficiente. E quando fizerem críticas, haverá
sempre a intenção de melhorar. Diferente das pessoas naturalmente
resistentes
às mudanças, que criticam com o objetivo de evitar que as coisas mudem.
E quanto aos influenciadores, bem... esse grupo é formado por pessoas que
são
admiradas na empresa e que, naturalmente, fazem com que os outros desejem
imitá-las. Convencer essas pessoas sobre a necessidade da mudança é
essencial, porque elas são multiplicadoras de ideias e costumes. É através
delas
que chegamos às bases mais rapidamente.
LILIANE:
Fantástico!
MARISA:
A sexta diretriz é “Empodere a base”.
Todas as pessoas precisam se sentir parte essencial da organização e não
apenas um recurso humano empregado. Precisam se enxergar como alguém
com um papel claro a ser desempenhado em meio a esse processo de
mudança.
Esse sentimento de pertencimento a algo maior e relevante dá às pessoas a
capacidade de perceber exatamente qual a sua contribuição e o que é preciso
ser feito para que suas entregas sejam concluídas segundo as expectativas.
O despertar dessa consciência, no entanto, requer que as pessoas tenham
acesso a informações e poder para tomar decisões cotidianas, referentes ao
seu
trabalho e ao seu desempenho.
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LILIANE:
Pelo que entendi, segundo essa diretriz, aquele perfil de líder
centralizador
e autoritário está fora da era digital. É isso mesmo, Leonardo?
LEONARDO:
Completamente fora. Em um contexto de mudanças rápidas, é essencial que
as
informações sejam compartilhadas, de forma a dotar as bases com a
capacidade
de tomar decisões com agilidade.
Na era digital, o líder que tomar para si a responsabilidade pela tomada de
decisão, vai emperrar o processo de trabalho e, assim, não conseguirá
entregar
ao mercado, de forma proativa, respostas rápidas e eficazes. Vai ser
eternamente uma pessoa reativa. E esse tipo de liderança não sobrevive à era
digital.
Então, aqui vai um conselho muito importante: se você é o tipo de líder
centralizador e que não compartilha informações, trate de revisar, a partir de
agora sua forma de agir, isso se realmente desejar se incluir na era digital. E se
você está sendo preparado para ser um líder num futuro próximo, espelhe-se
em
pessoas que sabem trabalhar em grupo com confiança e eficiência, porque
essa
habilidade será, daqui para frente, um fator crítico de sucesso para o líder
digital.
LILIANE:
#fica-a-dica!
MARISA:
A sétima diretriz é “Mantenha o ritmo”.
Liderar organizações exponenciais requer energia e foco para não deixar o
processo parar por falta de informação ou estrutura.
E é o líder, em meio a uma equipe empoderada, que promove as condições
ideais de trabalho, para o alcance das pequenas e das grandes mudanças, no
tempo em que elas precisam acontecer.
LILIANE:
Achei interessante essa sua colocação, no ponto em que fala do “líder,
em
meio a uma equipe empoderada”. Fica claro para a gente que, nesse
contexto, não cabe mais a figura do líder à frente da equipe, mas sim
junto,
no meio, compartilhando informações e a responsabilidade pelo sucesso
do projeto.
Mas vamos lá! Qual a última diretriz, Leonardo?
LEONARDO:
A última diretriz é “Torne a mudança um hábito (parte da cultura)”.
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Para que um comportamento se torne hábito, é preciso repeti-lo
constantemente,
até que entre no automático.
Isso significa que, durante um tempo, o líder terá de cuidar de perto da
mudança
desse mindset organizacional. Mas, depois de um tempo, todo esse processo
será parte da cultura da empresa, levando as pessoas e a própria organização
a trabalhar naturalmente orientadas, no seu dia a dia, para a mudança.
LILIANE:
Marisa e Leonardo, ouvi vocês falarem muito de mudança de mindset ao
longo deste programa. Mas, efetivamente, o que as pessoas precisam
deixar de pensar, agora, para entrar de vez no futuro, na era digital?
MARISA:
São quatro as principais mudanças de comportamento e mindset pelas quais
as
pessoas e as organizações precisam passar para se adequarem às mudanças
que estão por vir.
A primeira é “Parar de pensar no individual e passar a pensar no coletivo.”
Na era digital, é preciso que o “eu” ceda lugar ao “nós”.
A colaboração é a chave nos processos criativos que fazem surgir as ideias
disruptivas, ou seja, aquelas que rompem com o processo evolutivo e
apresentam uma forma, completamente nova, de fazer as coisas.
E na era digital, não é possível que esse tipo ideia se desenvolva, com
sucesso,
pelo esforço de apenas uma pessoa.
É essencial a criação de equipes multidisciplinares. Criar conexão entre
saberes
diferentes, capazes de responder com mais agilidade às questões que se
manifestarem em meio ao processo de idealização, planejamento, execução e
lançamento de produtos e serviços.
LEONARDO:
A segunda orientação para a mudança de mindset nos diz que “O racional deve
ceder lugar ao emocional”.
Está chegando ao fim a era em que se mede o tamanho e a importância de
uma
empresa levando em conta a sua participação, em vendas, em um determinado
nicho de mercado, também conhecida como Market Share.
A partir de agora, gigantes serão consideradas aquelas empresas que mais
pessoas reunirem em sua rede de relacionamento, com o fluxo de informação
transformado em dados devidamente organizados.
E relacionamento se faz com embasamento emocional. Com o empenho de
toda
a organização em se relacionar com a pessoa que está por trás do cliente e
compreender suas necessidades, de forma a atendê-las pontualmente; com
customizações.
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Essas ações também devem prever a necessidade de disseminar a confiança
através da rede, aumentando, com isso, suas conexões e alcance.
MARISA:
A terceira orientação nos diz que “O pensamento exponencial deve predominar
o pensamento linear”.
Vivemos em um mundo de startups tecnológicas, ou seja, de novas empresas,
com ideias disruptivas e um bom aporte financeiro, vindo de investidores
profissionais.
A capacidade de crescimento desse tipo de empresa é absurda e tem levado o
mercado a se reinventar. Verdades, até então absolutas, cedem lugar a novos
pontos de vistas mais plugado com o futuro.
LEONARDO:
E por fim, temos a quarta orientação: “Sai a mentalidade de escassez e entra a
mentalidade da abundância”.
A mentalidade de escassez se baseia na concentração da produção em
poucas
empresas, produzindo pouco, para poucos.
Diferente, a mentalidade da abundância, alcançada pelos produtos e serviços
de
base tecnológica e oferta digital, faz a oferta aumentar exponencialmente, o
que
reduz os preços e faz girar a economia.
LILIANE:
Então, como muito bem explicado pelos nossos convidados, temos que, para
você, líder em uma era digital, o desafio começa pela mudança do seu próprio
mindset, abrindo-se para as novas perspectivas do mercado, ao mesmo tempo
em que conduz a organização para um futuro, no qual o relacionamento com o
cliente será a chave para o sucesso de todo o negócio.
E, assim, terminamos o nosso bate papo de hoje, agradecendo imensamente a
participação dos nossos convidados conectados, Marisa Ventura e Leonardo
da
Silveira.
Um grande abraço e até uma próxima ConeXão.

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