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Imensa
Vida

A valsa da Família.
Uma visão sistêmica de nossa existência.

Amar significa dizer “tu não morrerás”.


Gabriel Marcel

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www.imensavida.com
tarso.firace@gmail.com

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Tarso Firace

Imensa
Vida
A valsa da Família.
Uma visão sistêmica de nossa existência.

Quinta edição

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Dados Internacionais de Catalografia na Publicação (CIP)
__________________________________________________________________
Firace, Tarso
2015 Imensa Vida - A valsa da família – quinta edição
Uma visão sistêmica de nossa existência. / Tarso Firace
Belo Horizonte, MG
160 páginas
1. Comportamento – Aspectos psicológicos – 2 Irmãos e irmãs
3. Ordem de nascimento 4. Personalidade 5. Temperamento
I. Título
II. ISBN 978-85-9118932-8
_______________________________________________________
Índice para catálogo sistemático
1.Ordem de nascimento: Personalidade: Psicologia 155.924

Tarso Firace, 1956 - Belo Horizonte, MG


e-mail tarso.firace@gmail.com
sites www.tarso.firace.org
www.imensavida.com
Outros livros do autor :

Ouvindo as Montanhas Alma de Mestre


Escrever e Amar Lições de Aviação
Abrindo as Velas Música do Universo
Vôo dos Sonhos O Último Segundo
Jardim das Empresas Mergulho na Alma
A Era do Significado A Última Aula de Dante Alighieri

Edição Abrindo as Velas


Capa e Ilustrações Júlio César da Silva
Diagramação Thales Roscoe e Firace
Revisão e contribuições Ivan Doehler
Nathália Roscoe e Firace
Alexia Durso

Fotos e lustrações Arquivo de família


Banco de imagens aberto - bia
Lenanrt Nilsson
Masaru Emoto
Direitos franqueados para cópia, sob consulta.

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Dedicatória

Meu avô Domingos Firace, pai do meu pai, foi a pessoa que
mais me marcou até a juventude. Brasileiro na Itália, Italiano no
Brasil. De sua casa de praia em São Vicente, vêm as mais profundas
lembranças do que é ser família. Só ele tirou os meus dentes,
nossas conversas me fizeram entender e entrar no mundo. Quando
ele ”partiu”, ele estava na sua casa, na sua cama, com toda família e
seu médico ao seu redor. Era o dia do meu aniversário. Segurei-o
em meus braços até sua última respiração.
Suas histórias estão vivas em mim. Mais que histórias, sua
força e inteligência. Comigo foi sempre muito amoroso. E o amor
que tenho por ele, não cabe nessa vida. A ele dedico esse livro, que
originalmente teve o nome de Lembranças Affetuosas, nas palavras
que ele usava para se despedir em suas cartas e cartões que
mandava da Itália. Por essas lembranças conheci o rio da vida.
Quando chegaram meus filhos e me propus subir às suas nascentes,
reconheci neles o que já estava em mim mesmo anteriormente.
Então, pela mesma forma, dedico também esse livro aos
meus netos e bisnetos, que ainda nem nasceram. Em mim eles já
fazem parte da vida, estendo a eles estas mesmas Lembranças
Affetuosas.

Vovô Domingos Firace comigo no colo

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Sumário

1 – Apresentação 13 A formatação mental 78


Além dos Olhos 15 A formatação emocional 81
O campo 17 Quadro resumido 83
Síntese 21 Cruza e Avança 84
O cérebro 23 Entendendo as conexões 86
2 - Concepção 25 Na física Quântica 87
O estrondo da vida 28 Evolução 89
Simetria 31 Filhos únicos 91
Fratria 32 Mecânica da família 92
Fazendo a história 33 4- O trabalho consigo 93
Casando Sistemas 35 Escrevendo antepassados 96
Pais são pais 36 GPS 100
Ser espelho 38 Abrindo o emocional 102
Primogênito 39 Separando movimentos 103
O gênero das crianças 39 Inclusão 106
A formatação feita Abrindo o mental 107
pelo primogênito 41 Alinhamento 110
O impacto nos demais 43 5 - O trabalho no mundo 113
3 - Posicionamento 47 Decifrando profissões 118
Gêmeos 49 Decifrando relacionamentos 122
Identificando os tipos 50 Educação 126
A “primeira” família 51 Abrindo possibilidades 128
Abrindo a visão 54 Filhos adotivos 132
Pêndulo 55 Adicionando vazio 133
Alfa 55 6 - A partida 135
Beta 58 Permissão 137
Gama 59 O meu lugar 138
A subida da montanha 61 O eu 139
O seqüenciamento 62 Morte e partida 140
O campo no corpo 62 Aceitar o destino 142
Os pais 64 Pertencer à vida 144
Os ancestrais no corpo 65 Olhando com outros olhos 145
Campo dos pais 68 7 – Epílogo 147
Entendendo o corpo 70 O atirador sistêmico 147
Os avós no nosso corpo 71 Bibliografia 153

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Agradecimentos

É grande a lista das pessoas para agradecer e que fazem


parte desse trabalho junto comigo. Foram muitos anos de pesquisa,
tantas conversas, é quase impossível alcançar todos. Aos amigos
Domingos Geraldo Barbosa de Almeida Junior, Armando Ennes do
Vale Junior, Jose Pio Tamassia, Maria e Américo Nesti, Wendy e
Roberto Falzoni, João Eduardo Canova, Moacir Amaral, Farid Barros,
Débora e João Guerra, Elaine e José Carlos Kalil, Mary e Délcio Viani,
amigos por uma vida.
Reginaldo Teixeira Coelho, Miriam Amaro, Celene
Thaumaturgo, Rosangela Gualtieri, Haidèe e Luli Rodrigues, Roseli
Gualtieri, Luiza Emilia Cambiaghi Achcar, Stephan Hausner, Nereida
Vilela, Fernando Villas Boas, Giane Borges, Denny Johnson, Silvana
Rizzioli, Antonio Augusto Santos, Maria e Maurício Roscoe
companheiros de jornada sistêmica.
Agradeço a colaboração das pessoas do convivo diário,
Letícia Roscoe, Thales Firace, Nathália Firace, Larissa Firace,
Leonardo Chagas, e minha mãe, Edith Firace minha fonte contínua
de referências. Da mesma forma, a minha irmã Tarsila, os meus
primos e primas, que rodearam a mesma mesa da casa de meu avô.
Um carinho especial , in memoriam , aos primos Domingos Firace
Neto, que editou meu primeiro livro e para Antonio Carlos
Amatucci, que me ensinou abrir as vela para os bons ventos.

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Comentários

Estimado Tarso,
Que bom ler você! Estamos com saudade.
Me recordo quando ainda muito pequeno, da
admiração que tinha para com meu avô, que me ensinava,
repassava o que de melhor ele tinha. De pipas a estetoscópio.
Tantos trabalhos manuais, brinquedos, miniaturas, bem como
contos e estórias que ficaram em minha memória. Deixava
fluir ideias, que eram explicadas com palavras amenas, mãos
calmas, com movimentos sem pressa, sem ansiedade.
Tínhamos todo o tempo para saborear aqueles encantadores
momentos, um dos mais sublimes de minha infância. Agora
entendo muito mais sobre os benefícios daquela
convivência. Experiência que traduzia em equilíbrio,
entusiasmo, dedicação e um resultado estimulante com sabor
de realização. Hoje não há mais espaço para tal dedicação e
atenção, nem mesmo que para ouvir uma estória. São nossas
perdas da identidade social, do afeto, do carinho, atenção,
respeito e admiração. De forma profunda isso você traz nesse
seu livro, inspiração para as atuais e futuras gerações.
Um grande abraço.
Délcio Viani

Olá Tarso
LINNNNDO. Vai ser de muita valia p muita gente.
Muiiiit0 Obrigada por partilhar comigo.
bjs.
Cândida Amaral

Caríssimo Tarso,
Se alguém te perguntasse em quanto tempo você escreveu, talvez
você dissesse, 2 meses, 2 anos mas seja qual foi o tempo, este
texto demorou mais de 50 anos para que você pudesse expressar

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esta realidade, à qual você só conseguiu, por ter passado por onde
eles passaram.
Cada dia é uma valorosa página de um livro que começamos a
escrever, mas nunca vai terminar.
Enzo Squillaro

Tarso querido!
Faço minhas suas palavras e sinto a bênção e a gratidão por
ser parte dessa corrente que a família encompassa e que nos
une a todos, familiares e amigos, irmãos na nossa
humanidade, dentro de uma ordem clara e sábia, que honra
nossos ancestrais e ilumina o caminho de nossos filhos e
netos "e assim por diante" Meu coração se enche de saúde e
amor!
Muito agradecido! mo Moacir Amaral

Tarso,
Que lindo o amor colocado nas palavras de seu livro.
Fiquei honrada e muito emocionada quando li o nome do
Mingo. Que saudades senti dos almoços na casa do vô
Domingos com toda a família reunida. Lembrei inclusive da
Pastiera que conheci através de vocês.
Gostei muito dos esquemas, pois facilita muito a visualização,
é didático. Tive uma imensa vontade de escrever uma carta
amorosa de agradecimento para minha mãe.( e vou escrever
mesmo). Adorei.
Foi uma honra ler seu livro saindo do forno,bem quentinho...
Grande beijo
Rosangela Gualtieri

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Meus pais, minha irmã e eu

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Prefácio

Conheci Tarso há seis anos através de minha colega das constelações


sistêmicas organizacionais Letícia Roscoe, sua esposa. Houve uma grande
empatia e rapport entre nós. Dali pra frente ele se interessou profundamente
pelo assunto e logo já começou a participar de grupos e em seguida da
formação. Ele não parou mais, um grupo atrás do outro e todos os
professores novos internacionais que passavam, ele estava lá com grande
interesse e participação.
Ele é segundo filho, caçula, depois de irmã,
o filho querido de uma mãe sensacional, a Neca.
Artista, uma lady, própria figura para ser esposa de
Salvador Firace um grande empresário paulista de
origem italiana e que por anos esteve no comando da
FIESP de São Paulo. Ele cresceu para ser
empresário, foi educado no Colégio Dante Alighieri
de italianos no endereço mais filosófico e literário.
Até foi empresário, mas o destino o levou para o
mundo da filosofia e das letras, um poeta das
empresas. Depois de um acidente de carro no qual
ele rachou a cabeça, parece que realmente se abriu para um universo
sistêmico paralelo. Deste ponto em diante ele se tornou uma antena
parabólica, radar e sonar do inconsciente coletivo como diriam os
astrólogos uma mente Uraniana. Com uma rara capacidade de síntese, em
poucos meses, já havia publicado vários livros. E eu ironicamente dizia:
“você não escreve, você recebe um download cósmico”.
O livro Jardins das Empresas é um poema sistêmico que descreve
com nitidez os princípios vitais que regem os sistemas humanos e
organizacionais. Nossa amizade se estreitou e sinto uma irmandade que vivi
com poucos amigos e os próprios irmãos. Ele escreve o que eu gostaria de
escrever, pois ainda não desenvolvi este dom. Mas é ótimo assim, eu o
coloco nas situações, nos cursos e nos diálogos e ele desenvolve com
grande arte.
Imensa Vida merece uma bela edição. Foi minha primeira
exigência, realmente merece, Por quê? Ele conseguiu aglutinar, reunir,
sintetizar vários segmentos do pensamento sistêmico, além de métodos
aparentemente diferentes, mas que seguem uma mesma linha.
A tipologia dos padrões Alfa, Beta, Gama para descrever os tipos
de filhos e a progressão deste modelo desenvolvida no sistema humano é
surpreendente. Descrição simples, mas abrangente e pode ser aplicada em
diversos setores da vida familiar, empresarial, nas relações, na escola, nos
casamentos e sociedades. As reações comportamentais destes tipos com os

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laços nos antepassados é uma grande chave de entendimento para nossas
“identificações inconscientes”. Propõe também exercícios simples, mas de
grande profundidade que pode atingir a alma do sistema e transformar os
destinos de uma maneira amorosa e eficaz. Contudo, a meu ver, o clímax
desta edição é a carta que ele propõe de inclusão e remissão com nossos
avós e bisavós. Maravilhoso poema e oração de reintegração com a nossa
origem ancestral, que está na página 94.
Nossa cultura diferentemente da cultura oriental ficou pobre de
ritos e práticas integrativas. Vemos na cultura japonesa, por exemplo, várias
práticas tanto no Xintoísmo, como na ritualística Zen, de promover a
integração das gerações e honra da criação através dos ancestrais. Tarso
estava realmente inspirado por esta força. Pessoalmente fiz uma copia desta
carta e uma vez por semana recito em voz alta no meu altarzinho que
contém as fotos dos pais, avós e bisavós. Mantenho no meu quarto num
angulo especial. Está fazendo um efeito muito interessante como se
passasse a receber uma benção especial destes seres que foram os geradores
da minha existência no aqui e agora.
Neste momento apocalíptico que estamos vivendo, todos estes
saberes estão sendo revelados. Todo o Universo parece estar conspirando
através das ciências, das artes, das letras, meios para que nós possamos nos
liberar. Liberar de que? De tudo aquilo que nos impede de sermos nós
mesmos. Porque até então tivemos uma vida estereotipada por imagens
egóicas infantis, modelos familiares inadequados à nossa verdade interior.
Modelos sociais baseados no poder e nas máscaras. Agora é a hora de uma
grande oportunidade advinda da crise geral do planeta, onde tudo e todos
estão em “cheque mate” e temos também esta chance. Hoje em dia não
podemos mais nos justificar com o “eu não sabia”, pois temos todos os
meios de saber. Mas o “talvez eu não quisesse saber”, vai nos levar todos a
ter que confrontar com os efeitos do que causamos a nós mesmos, aos
nossos filhos, à natureza e ao planeta. Assim será o advento da quarta
dimensão regida pelo quarto chácra, ou seja, pelo coração e não mais pela
nossa barriga cheia de nossas imagens de poder que nos levaram a falência.
Imensa Vida é uma ode, um convite a este saber e a esta prática de
integração conosco mesmos, com nossos ancestrais e com o Cosmo.
Desejo a todos os leitores uma boa viagem dentro deste
conhecimento que Tarso está nos oferecendo de uma maneira poética,
simples e prática.
Reginaldo Teixeira Coelho (Regis), Psicólogo clínico UFMG.
Vice-presidente ABCSISTEMAS
Associação Brasileira de Consteladores Sistêmicos

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1 - Apresentação

Desde criança lembro-me de observar na minha família,


principalmente aos domingos, quando todos nos reuníamos na casa
de meu avô, as diferenças e semelhanças entre as várias gerações
presentes ali. Gostava de ficar observando ”quem puxou quem”.
Como poderia um ser tão parecido e outro tão diferente? Já me
perguntava. Como sendo o neto mais novo por muito tempo, tinha
todos os mais velhos para observar e conjecturar: Como o filho
daquele tio poderia ser tão diferente dele e tão parecido com sua
mãe. Mais tarde fui observando, com um grupo cada vez maior de
pessoas, as conexões, as profissões que pareciam se encaixar para o
grupo de irmãos mais velhos, grupo de segundos filhos e assim por
diante.
Reconheço que tive muita ajuda na minha família e na
família de meus amigos, onde os graus de afinidade tornaram-se
mais visíveis, tanto como as repetições, as intenções apontando
destinos comuns.
A minha atração por esse tema me levou a montar a nossa
árvore genealógica, com a ajuda de todos. Visitar as cidades onde
nasceram meus avós na Itália e na Espanha. Revirar caixas com
fotos antigas, pesquisar em arquivos de prefeituras, cemitérios.
Buscar a história. Como quem monta um grande quebra cabeça.
Tive a oportunidade de escrever e pela bondade de Domingos
Firace Neto, o Mingo, publicar o livro Ouvindo as Montanhas, onde
as montanhas contam os episódios da nossa família em Santa Maria
de Castellabate, no sul da Itália, expondo a nossa saga.
Quando conheci as ferramentas sistêmicas pude ver as
estruturas invisíveis, intrínsecas da família. Aprendi que no grego,
intrínseco é aquilo que abraçamos por dentro. Então dentro de mim
descobri minha família, pelos movimentos comuns a todas as
famílias. Tomei esse tema como central nos meus estudos e
pesquisa, que agora trago ao conhecimento de todos pelo escrito
que está em suas mãos.

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A família, mais do que meio de cultura para o
desenvolvimento dos seus participantes, é o vetor principal desse
desenvolvimento. Na família estão as marcas e remarcas que nesse
estudo ficarão visíveis dos diferentes grupos e tarefas que temos de
acordo com a nossa tipicidade e sensibilidade.
Não tenho a mínima pretensão de esgotar esse assunto.
Estou apenas apresentando um pouquinho a mais com esse estudo,
como a ponta de um iceberg que precisa mais tempo e talento para
ser compreendido, e esse conteúdo sistêmico poder vir à tona,
claro e abrangente, e assim poder atenuar nossos sofrimentos, no
que diz respeito ao significado da vida, ordens de origem e destino
a que estamos conectados, como empregar bem nossos dias
fazendo a “lição de casa” que todos nós recebemos ao nascer,
deixando limpo o caminho para os que chegaram depois e mesmo
para os que ainda vão chegar.
Como numa conversa entre dois velhos amigos, simples e
direta, tentaremos cruzar esse assunto desde a concepção até a
partida. Sem mexer com as religiões, falando e ouvindo com o
coração.
Com essas referências podemos ir avançando por esse
tema, começando pelo posicionamento dos irmãos, depois o fluxo
de conteúdo nas famílias e como lidar com os sofrimentos e lavá-
los, até ver e sentir o movimento dessa Imensa Vida.

banco de imagens aberto- bia

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Além dos olhos

Mais do que ”ver com os olhos” precisamos aprender a “ver


pelo sistema”. Como cegos que precisam se deslocar por um salão
com obstáculos, desta mesma maneira, nós caminhamos vendados,
tentando mapear as dimensões pelo som, pelo eco das batidas da
bengala. E assim aos poucos vamos construindo o mapa interior do
mundo em que estamos.
Nascemos nas famílias. Chegamos ao mundo nelas. Elas são
o veículo para chegarmos aqui, o porto de desembarque e nosso
meio de cultura. Trazemos para a nossa família uma mensagem,
que se aplica exclusivamente à nossa família. Não somos como
escritos colocados em garrafas e lançadas ao mar, que chegam
aleatoriamente às mãos de um ou de outro.
Somos mensagens claras e precisas que atravessam
gerações por onde elas vem sendo formuladas, trabalhadas ou não,
resolvidas ou não, evitadas ou intensificadas para poderem ser
vividas.
Somos as oportunidades para que elas possam vir e ser
tratadas, compreendidas, resolvidas em suas questões mais
profundas. Se resolvidas elas vão embora, se postergadas elas vão
se enraizando e pulando gerações, podendo ficar para sempre.
Somos assim como ponteiros de bússola que por magnetismo,
apontam a saga comum, o destino de nossa família.
Mas para entrar nesse campo é preciso calma. Esta é uma
longa viagem que todos já estamos fazendo, e precisamos
realmente ir devagar percebendo o que temos lá no fundo, e
amorosamente fazer a “lição de casa” de nossas vidas.
Precisamos decifrar a mensagem que está inscrita em cada
um de nós. Compreendê-la e encontrar um bom lugar para ela.
Libertá-la é reconhecê-la. Valorizá-la é apaziguá-la, e assim
podemos tomar o que é realmente nosso e devolver o que não é.
Amá-la é identificá-la em cada uma das suas formas apresentadas.
Assim podemos começar formando o quadro geral, a grande
imagem e não um pedacinho dela. Vamos avançando passo a passo
entendendo o movimento da vida, como quem segue um rio.

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Desde sua origem seguimos seu curso, pelo entendimento,
e seguimos na direção do destino. Origem e destino tem a mesma
mecânica, um aponta para o outro.
Entender o que viemos fazer aqui é realizar isso. É a ação
primária e fundamental que todos temos em nós. Isso é imperativo.
Só entrando nesse processo, nas águas desse rio, é que podemos,
sendo levados por elas, encontrar nosso destino, e poder partir.
Assim faremos essa jornada. E para instrumentar esse nosso
trabalho, precisamos definir a linguagem comum que usaremos.
Vamos evitar usar termos e linguagem das religiões, que são cheios
de significados secundários, são como cartas marcadas.
Vamos tentar evitar rebuscadas filosofias, nos pautando
pelo simples, pelo direto, isso não quer dizer o fácil, mas o que nos
diz ao coração, mais pelo amoroso do que pelo ortodoxo.
A física quântica tem dado uma grande ajuda. O estudo
sistêmico tem alcançado um
bom nível, apresentando
grande avanço no descortínio
do que sempre ficou invisível.
Compreender o significado
das repetições, das mudanças
internas, e vislumbrar o
movimento familiar como um
todo, mais do que ver
isoladamente o de cada
membro.
As ciências terapêuticas nos Alex Grey
permitem ir muito mais longe dentro dos sistemas. Os diversos
estudos de posicionamento dos filhos na família ganham outra
dimensão quando caminham por ressonância.
É preciso ainda reconhecer a importância da intuição, da
reflexão e do silêncio. Esses são os combustíveis dessa imensa
empreitada : captar e descrever o grande movimento da vida.
É nesse cenário que iremos bater com nossas bengalinhas
brancas para formar as imagens além dos olhos.

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O campo
O campo é equivalente a um conjunto enumeravelmente
infinito de osciladores harmônicos
Max Planck

“Campo” é termo usado pela física para definir as condições


favoráveis e o ambiente onde determinado princípio ou causa pode
se manifestar. Ali podem se apresentar, ação e reação, princípio e
fim.
Na física de Isaac Newton, o observador foi retirado do
evento. Na física quântica ele é reintroduzido, pois só pode ver o
“campo” quem se dá conta que também está no “campo”.
Ruppert Sheldrake analisando a ativação dos gens e das
proteínas nos tecidos viu que seu desenvolvimento era explicado
pela forma das estruturas biológicas, não importando a ordem da
entrega do “material de construção” que chegavam as células. Ele
viu os campos invisíveis formatadores ou mórficos, por onde são
moldados por auto-organização as moléculas e outros organismos
vivos, sociedades e até mesmo as galáxias.
A homeopatia se baseia na ressonância curativa. O extrato
de uma planta que com sua força total pode causar uma
determinada doença no corpo é usada em uma fórmula
extremamente diluída para curá-lo. Como um diapasão, por
ressonância, uma solução vibracional pode atrair e depois devolver
as oscilações reformatadas possibilitando que o corpo volte ao seu
normal.
O milenar sistema de meridianos da medicina chinesa por
onde fluem o tchi ou força vital é outro exemplo de “campo”. A
estimulação desses pontos energéticos pela acupuntura devolve o
balanceamento entre os órgãos e restitue seu fluxo original. Energia
bloqueada é sinônima de doença.
Somos um grande sistema.
Karl Pribram afirma que nosso cérebro se comunica consigo
mesmo não por palavras, mas por impulsos químicos, onde a
“linguagem” nada mais é do que amplitude de frequência, sincronia
e ressonância. Pela mesma forma, o que vemos fora de nós,
desencadeia sequencias de certo comprimento e frequência, que
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são captadas por circuitos eletroquímicos no cérebro como
vibração de cordas num piano.
Linguagem é ressonância.
Quando olhamos o universo, algo maravilhoso acontece. Ao
mesmo tempo em que o universo é visto, ele também pode se ver.
Em certo nível não estamos separados do que vemos. É ao que
David Bohm se refere com “o inteiro indivisível”, no qual flutuamos
a cada instante de nossa vida.
Albert Einstein dizia que “o ser humano é parte do todo a
que chamamos universo, suas ideias e sentimentos se veem
separados do todo, como uma espécie de ilusão de ótica”.
Disso podemos então entender que o “campo” é um todo
vibracional onde uma pequena parte pode conhecer por
ressonância algo maior do que ela mesma.
O campo da família é o campo que estamos estudando, o
campo das pessoas, do fluxo continuado de conteúdos, das
personalidades, de como são formadas, ao que atendem, de onde
isso vem vindo, como desobrigá-las das dores e dos ressentimentos,
e para onde tudo está indo.
Como uma longa serpente marinha que nada à tona da
água em mergulhos e subidas para respirar fazendo com seu trajeto
o desenho de uma longa onda que fica parte dentro e parte fora da
água, assim é a onda da família há muito tempo. Se olharmos
apenas por cima da água veremos suas curvas saindo e voltando
para a água como eventos isolados, e não profundamente
conectados como de fato são.
As existências são individuais, as histórias são individuais,
mas escritas no mesmo livro, na mesma saga. Não é fácil ver o
conteúdo da continuidade
anterior daquilo que vem
em cada existência. É um
trabalho parecido com o
de um geólogo que
acompanha a ocorrência
de um determinado
minério que surge aqui e

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mais acolá, e visualmente tem que fazer o desenho do que está de
baixo da terra e vai unindo as ocorrências. Segue o veio submerso
em seu grande e suave movimento. Assim somos.
Somos o conteúdo da família que vem à tona em ondas. E
no tempo limitado de cada existência, precisa encontrar as suas
condições para se expressar e ser compreendido. Depois disso volta
para dentro e espera a próxima oportunidade para vir à tona e
surgir. Vejamos essa questão profunda pela simplicidade.
A física quântica está provando que o DNA não é uma coisa
pronta e acabada, mas é um “campo” que é afetado pelo ambiente,
por certas substâncias químicas, ocorrências e eventos, traumas e
até mesmo pensamentos.
Não somos seres prontos constituídos. Vivemos em um
estado contínuo de constituição e autoformação. Autopoiética,
como a chamaram Francisco Varela e Humberto Maturana. Nossa
vida segue as condições sistêmicas autônomas autoproduzidas e
autorreguladas.Talvez gostemos da ideia de sermos seres definidos
e separados, mas emocionalmente vemos que tudo que mexe ao
nosso redor e mesmo dentro de nós, nos afeta, isto é, mexe com
nossos afetos.
O estado amoroso modifica nossa forma de ver.
Os traumas e sentimentos coagulados vividos em nossa
família, mais do que elementos a serem observados no passado,
estão atuantes no agora e são como lentes de aumento por onde
podemos ver as pequenas fissuras que se fizeram no “campo“ da
família, e formataram a nossa forma de ser.
Foram milênios de experiências vividas, de histórias nem
sempre muito bonitas de serem contadas, que estão presas em
nosso psiquismo. Nossas emoções e nossos sentimentos seguem
por esses resquícios, tomam carona no vácuo dessas histórias,
ressonam esses sofrimentos acumulados.
Já chegamos ao mundo com uma longa ficha corrida.
Vamos ficar com o fato absolutamente irrefutável que nenhum de
nós nasceu Adão. Todos nascemos com um cordão umbilical que
nos ligou à mãe e ao pai e esses aos que vieram antes deles e assim
à montante.

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Portanto, desde o instante da concepção recebemos uma
espécie de capa, já com todos esses sofrimentos, uma casca tão
dura quanto a casca de um ovo, que precisa ser superada, rompida
de dentro para fora, para que possa nascer quem realmente somos.
Por não saber fazer isso temos procurado milhares de
explicações, teorias, ritos, crenças e religiões, sempre sem sucesso.
Vamos encarar o fato de que a humanidade tem se
complicado sempre mais sem resolver essa questão ancestral de
origem e destino através de religiões e crenças. Isso só tem
disseminado medo e pressão, e vem se complicando cada vez mais.
Tantos interesses escusos tem se colocado nessa questão. Temos
testemunhado uma infinidade de comportamentos esquisitos,
rituais bizarros, uma aparatagem digna de um desfile de escola de
samba do Rio de Janeiro.
Seria divertido imaginar as escolas de samba realizando
desfile cada uma sobre uma religião, nos seus moldes típicos :
comissão de frente, destaque, alegorias, porta bandeira, ala das
baianas, samba enredo entre outros. Desde os religiosos crentes
até os religiosos ateus. Mas no substrato comum somos todos
criaturas, fomos criados, nascemos assim, não escolhemos nossas
características, viemos convidados à vida. Nascemos de nossos pais
e mães, materialmente e psiquicamente e assim vem sendo por
milhões de anos. Então, a nossa família é a porta para começarmos
a entender nossa origem. Se não acharmos que tudo é obra do
acaso, poderemos colocar como ponto de origem uma inteligência
criadora, evolutiva, perspicaz que desencadeou um longo processo
simétrico com a vida. Por isso sentimos que toda vida é sagrada,
tem um sentido emocional de reconhecimento por se estar vivo, é
um imenso presente, enquanto mentalmente é apenas algo
natural.
Entrar pelo fluxo de conteúdo que vem de nossos pais, de
nossa família, é uma forma de compreensão e releitura desse
processo desde a origem, e vir seguindo nessa direção, mantendo-
nos no fluxo continuado do conteúdo familiar, o que nos leva a um
entendimento mais profundo sobre nossa vida, jogando luz no que
todos temos pela frente, para onde isso vai nos levar.

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Síntese

Para isso precisamos de palavras claras.


Já conseguimos complicar tanto com nossa origem, imagine
então com o nosso destino.
Um terço de nós acredita que quando morremos vamos
para algum lugar do tipo céu, se formos bons. Outro terço acha que
vamos para algum lugar, no meio do caminho, para reparações e
depois voltaremos para cá. O último terço é básico: morreu está
tudo acabado, ponto final.
Voltando à imagem do
desfile das escolas de
samba, um grande
carnavalesco poderia se
aventurar em sintetizar
os três conteúdos em um
único desfile, mostrando
o que os três têm em
comum, e organizaria
então o desfile composto
apenas de três alas.
Primeira ala: “campo” físico, mostrando o corpo físico
humano, obviamente bem pouco vestido, mostrando desde o
nascimento até à morte, com um carro alegórico exibindo a frase:
Morreu babau, então vamos aproveitar.
Atrás dessa a segunda ala: “campo” mental, apresentando a
mente, que se acha maior e mais importante do que o corpo físico,
poderosa e ilimitada, no carro alegórico uma cópia enorme do
pensador de Rodin, cercado de doutores, advogados, e filósofos,
com a frase : Morro, mas volto para o próximo carnaval.
E por fim a ala do “campo” emocional, muito anterior ao
mental e ao físico, da mesma forma muito além, mais sutil, bem
menos visível, viria com muitas luzes, mostrando que é o corpo
emocional que move todos três, e-motion, é o que move, e o carro
alegórico viria com a festa no céu com a frase: No céu, o melhor do
carnaval. Seria divertido, e toda humanidade poderia desfilar.

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Não são três mundos diferentes, mas três diferentes
aspectos do mesmo mundo. Vamos observar a vida com
simplicidade. Aceitamos que morrer é quando algo impede o corpo
de prosseguir mantendo-se na vida. Algo acontece e abrevia seu
tempo de existência, ou então se vive bastante até se esgotarem as
condições físicas para mantê-lo. Então depois disso, como diz um
amigo, o corpo fica inabitável.
A forma como somos dirigidos por nossos sentidos e
sentimentos, tem muito a ver com o prazo de validade do corpo.
Uma existência em sofrimento é um convite à abreviação.
Muitos dos sentidos presentes em nós tem origem em
nossos ancestrais e nossa própria origem, podem ser fortes demais,
desconfortantes demais para serem carregados, sendo um convite
à desistência no meio da caminhada. Isso devido à fidelização aos
antepassados e às crenças que resolvemos escolher. Assim
funciona a mecânica emocional. O conteúdo que era deles vem
para nós e como nós não conseguimos resolver essa batata quente,
volta e fica esperando indefinidamente outra oportunidade para se
manifestar. Vítimas desse fluxo ou esperanças para ele, cada um de
nós pode, com liberdade, encontrar o seu lugar. Se não fazemos
nada, não conseguimos nada, seremos mais uma vítima. Mas se
entendermos a importância disso e nos dispusermos a quebrar a
inércia e nos abrir para essa questão com inteligência e
sensibilidade, podemos fazer muito. Resolvendo nosso sistema, nós
o desobrigamos deste peso emocional que gera as doenças ao
longo de gerações, como afirma o amigo Denny Johnson. A causa
do câncer, como diz outro amigo, o Dr. César Cavini, presidente da
Associação Brasileira de Radiologia, é sentir o coração pesado.
Despertando os recursos interiores facilitamos o entendimento e o
trabalho certo a ser feito. E o que conseguirmos se refletirá pelas
futuras gerações.
Existe um grande bem que podemos fazer se o conteúdo de
nosso sistema for reelaborado, entendido, aceito, honrado,
concluído, amado, ressignificado, acolhido, explicado e liberado por
nossas mãos. Podemos ser essa geração que faz a diferença.
Broncas não resolvidas de nossa família se perpetuam, tornam-se

23
saga, depois praga, e seus resquícios são reincorporados e
considerados características secundárias de personalidade na
família, entraram pelo DNA adentro e vão ficar lá grudadas,
ocupando o lugar da personalidade primária, a que veio
originalmente junto conosco, e vai ser duro de tirar esses
hospedeiros de lá.Todos nós temos dentro essa pulsão original,
primária, expressada pelas características Alfa, Beta, Gama, que
veremos mais a frente, pelos talentos e pela forma como vemos o
mundo, que nos tornam únicos e exclusivos. Ao sermos envolvidos
pelos sofrimentos de nossos familiares, medo e resentimentos
conscientes e tantos outros inconscientes
são “baixados” do nosso inconsciente
familiar, e ficamos como aqueles bebês
enrolados e apertados em mantinhas,
situação conhecida como charutinho, onde
a criancinha fica imóvel, com braços e
pernas esticadas e imóveis, pescoço rijo
sem pode virar, sendo que o único possível
é chorar ou aceitar, e como chorar
também é impossível, o único jeito mesmo
é aceitar. Assim ficamos, sistemicamente por um logo período da
existência, atados por nossa mantinha histórica, fidelizados aos
sofrimentos, condenados a repeti-los, respeitá-los sem nunca
encará-los de frente. Ficamos paralisados, e com isso não
desenvolvemos a nossa própria vida.

O cérebro

O estudo sobre nosso cérebro está em extraordinário


desenvolvimento. A neurociência está contando esta história bem
do comecinho. O nosso cérebro é um fóssil vivo que conta toda
evolução da vida, sua estrutura, suas camadas e suas áreas podem,
comparadas a sítios arqueológicos, ser pesquisadas por
bioantropólogos. Podemos dizer que temos dois cérebros dentro da
nossa caixa craniana. Um cognitivo, consciente, racional, voltado
para o mundo exterior, e outro o cérebro emocional, inconsciente,

24
preocupado com a sobrevivência e as grandes causas, ligado aos
órgãos do corpo e a tudo que diz respeito ao seu funcionamento.
Esses dois cérebros estão conectados e em tudo dependem
um do outro. A nossa vida é o resultado integrado deles. Charles
Darwin formulou a sequencia da evolução pelas vitórias do mais
forte sobre o mais fraco. Porém hoje vemos que outros fatores
podem ter sido decisivos na evolução do cérebro como os fatores
emocionais, então nem sempre o mais forte tem avançado, mas o
mais adaptado, o que mais integra esses dois cérebros. Paul Broca
chamou de “o velho cérebro primitivo”, o cérebro límbico, é o que
temos em comum com todos os outros mamíferos, em seu núcleo
temos a estrutura comum com os répteis. Esse cérebro foi a
primeira camada depositada pela evolução. Ao redor dele, no curso
de milhões de anos de evolução, uma camada recente se formou,
um cérebro novo, neo córtex ou nova camada, um cérebro racional.
Ora, o emocional é muito mais antigo. Muito anterior. Ele
conta a historia da própria vida em nós, é o motor da evolução, que
vem se melhorando a cada geração com filhos sempre melhores
que os pais. Como conta em sua poesia Khalil Gibran:

Esse fluxo continuado em que


Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas estamos vem por milhões de anos,
da ânsia da vida por si mesma.
chega até nossa geração e nos
Vêm através de vós, mas não de
vós.E embora vivam convosco,
convida para irmos além. A
não vos pertencem. inteligência emocional é quando
Podeis dar-lhes vosso amor, ambos os cérebros interagem em
mas não vossos pensamentos, equilíbrio. Para viver bem
Porque eles têm os seus. precisamos de equilíbrio entre
Podeis abrigar seus corpos, nossas reações imediatas,
mas não suas almas; instintivas, emocionais e as
Pois suas almas
racionais que nos protegem e
moram na mansão do amanhã...
abrem passagens pelo tecido social.
Temos que encontrar o balanço, o equilíbrio, para
mergulharmos no fluxo de conteúdo familiar, pois precisaremos da
mente e do coração, do racional e do emocional para entender e
desprender aquilo que nos impede de sermos nós mesmos.

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2 - Concepção
Toda vida vem da poeira das estrelas
Michio Kaku

Vamos começar pelo começo, pela nossa concepção.


No momento da nossa concepção duas células vivas que
separadas durariam algumas horas ou dias, juntas desencadeiam
um processo biológico que poderá durar décadas. É apenas um
ponto vivo, por onde se formatará o corpo, que será o invólucro da
vida. Recebemos um corpo projetado por milhões de anos, sempre
se aprimorando. Um corpo que traz em sua estrutura, na sua
materialidade, a capacidade de atrair uma mente, e de crescer na
direção dela. Recebemos um corpo com antenas. Nascemos com o
instrumental para nos conectarmos a uma mente, imaterial,
consciente, inconsciente, supraconsciente que vem conduzindo
esse processo evolutivo.
Um corpo, visível desde aquela primeira célula, no “campo”
físico. Um “campo” mental, como extensão invisível do cérebro
lógico que acessa a mente. E um “campo emocional” pelo cérebro
emocional, e suas ramificações pelo corpo, por diversos pontos,
centros de força, glândulas, órgãos e sistemas que atuam na sua
extensão.
Toda evolução, todo embaralhamento de milhares de
gerações, produzem no momento da nossa concepção, um ponto
de matéria, com imensa informação alojada, bilhões de neurônios
prontos para entrar em atuação, tudo ali num punhadinho de
células. Assim é a vida manifestando-se a si mesma.
Mas para que aquele pequeno ponto de vida, possa se
desenvolver como vida humana, precisa desenvolver não só a
capacidade do corpo, mas também a capacidade da mente e
capacidade de desenvolver as emoções.
Essa capacidade não vem com a materialidade, é atraída a
ela. Essa capacidade de entender, sentir e amar, já começa desde
muito cedo, nos primeiros dias e semanas de vida. O ritmo das
células cardíacas começa a pulsar e a integrar com o campo
emocional. Essa capacidade humana de entender, de se alegrar, de

26
sofrer, de se dar, de receber, de buscar a liberdade, de buscar
conhecimento, de buscar o bom humor, o entendimento, essa
capacidade de criatividade, de bom gosto, de apaixonar-se e de
maravilhar-se é atraída para aquela vida e a afetará. Como o
posicionamento desta criança na família. Se é o primeiro, segundo
ou terceiro filho por exemplo. A sequencia dos avôs e avós, como
eles estão conectados e que tipo de conteúdo chegará de cada uma
destas fontes e formatará os órgãos e sistemas e a estruturará à
saúde no corpo material. A personalidade manifestada pelos
gostos, interesses desde a pulsão original, ainda no campo
imaterial.
Essas capacidades e atributos são os nossos drivers, isto é
nossos motores e motivadores de nossa vida. Se forem ativados,
desencharutados, desenrolados, desenvolvidos, levarão essa pessoa
a ter uma compreensão de si mesma, da vida e do mundo ao seu
redor e chegará a ser a expressão de si mesma. Mesmo sendo uma
vida em continuidade aos seus, poderá dar o salto evolutivo. Caso
contrário ela será apenas a expressão dos outros nela. Não dando o
salto, ficará presa ao chão, no mesmo lugar em que seu sistema a
colocou.
Todas essas capacidades e atributos já estão no “campo”
desde a primeira célula.
A vida é uma aposta na capacidade evolutiva.
Essas capacidades esperaram milhões de anos, recolhidas
no “campo” e agora tem uma possibilidade concreta para evoluir,
uma oportunidade formidável de poder vir à tona, como conteúdo
da vida, da família e dela mesma.
Este pequeno punhado de células torna-se capacidade de
desdobrar a vida.
Mas isso não é fácil, nem indolor. Se imaginarmos que esse
conteúdo pode ser pesado, doloroso, cheio de incompreensões,
violências, injustiças, poderemos imaginar que recobrirá o campo
desse punhadinho de células como uma crosta, uma capa sobre a
maciez de nossa pulsão original primária.
Aquilo pelo qual nascemos e fomos criados, aquilo que
deveria nos mover naturalmente, fica desde cedo bloqueado.

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Essa dor é tão forte que a mente cria uma parede isolante
que não deixa o emocional voltar a sentir. Essa dor é grande
demais, ela provém do descompasso entre o que vem do pai e o
que vem dá mãe. Se essa dor for muito forte, essa vida pode optar
por não ficar e pode resolver partir. Ao se retirar, este ser já
emocional, pratica um ato heróico de amor aos seus pais, um ato
gigantesco de amor, pois irá levar consigo o peso do sistema,
afastando-o temporariamente de seus pais, num ato de amor
infantil ousado como descreve o amigo Stephan Hausner em seu
livro sobre o amor infantil , “Ainda Que Me Custe a Vida”, como no
título original alemão, traduzido em português como “ Constelações
familiares e o caminho da cura”.
Porém se resolver ficar e seguir, essa decisão tomada, difícil
e corajosa, pode ser reconhecida no futuro.
Em terapias de regressão ao ventre materno, e
renascimento, pode-se ver esse movimento, a opção de ficar, e a
mente protegendo-se do sofrimento.
Essa crosta, esse charutinho, nos afasta de nós mesmos.
É comparável à situação de um carro que, sem funcionar
seu motor próprio, fica em ponto morto e precisa ser puxado e
empurrado pelos outros, que seriam os motivadores externos, os
desejos dos outros, que seriam os interesses secundários, os drivers
secundários, obviamente levando o carro para um lugar que não é
propriamente o dele.
A tarefa que temos é equivalente a jogar um amaciante
nessa crosta, e conseguir abrir nela uma pequena fresta, muito útil,
pois ela, essa “boa ferida” poderá se alastrar, e nos livrar desta
pesada manta que carregamos.
O processo da saúde emocional começa quando decidimos
tomar posse de nosso próprio conteúdo e estabelecemos contato
com o fundo do nosso coração. Desativando nossos motivadores
secundários, ou hospedeiros, podemos começar a acessar e a
permitir os movimentos do motivador primário, o motional,
emocional.
Para sabermos se é ele mesmo, o nosso driver primário, que
esta operando em nós, basta fechar os olhos e respirar calmamente

28
e constatar a presença de uma alegria genuína, simples e boa,
desinteressada, leve, desejadora de bem para com todos, cercada
de paz.
Essa capacidade de amar e evoluir é o recheio de todas as
outras e se instalou em nós logo nos primeiros instantes de nossa
vida. Por isso não é tão fácil assim ativá-la. Ela está muito perto das
dores das questões emocionais não resolvidas acumuladas. Vamos
deixar assim por enquanto. Sabemos que ela está lá, e que quando
precisarmos de toda nossa capacidade de amar, poderemos contar
com ela.
Albert Einstein disse certa vez que: “ Viver implica em pagar
uma certa dívida a qual pagaremos ao morrer”, então, completou
“quanto mais empurrarmos essa dívida, melhor”. Essa dívida, ainda
por cima, nem é nossa.
E não dá mais para empurrar, temos que mudar nossa
atitude interior e encarar. A dor pode durar no máximo um
segundo, porém o medo da dor no sistema pode durar cem anos.
O que era para chegar vazio chega cheio.
Mais que imagem e semelhança da vida em si mesma,
nascemos imagem e semelhança das cargas de nossa família.

O estrondo da vida

Há quem relate ter escutado no momento da chegada e no


momento da partida um estrondo. Um barulho que marca a
passagem de entrada e de saída do acesso a essa imensa vida. A
mãe sente dentro de si uma presença. Sente-se visitada. É um
momento muito especial. Ela se relaciona com ele. O corpo, a
mente e o emocional se desenvolvem. A vida se aninha num lugar
de extrema beleza e delicadeza.
A trompa de falópio, um lugar mágico, de pura poesia. Como
captado pela lente de Lenanrt Nilsson.

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A trompa, onde se aninha a vida humana

O óvulo e espermazinho

O momento da entrada no óvulo

30
Com 24 dias , o coração Quatro meses

Seis meses

A relação amorosa do feto com a mãe vai marcar a vida


desse novo ser. O amor do bebê com a mãe segundo Sigmund
Freud, “é a primeira relação de prazer”. Isso vai formatar as
capacidades relacionais daquele novo ser.
Depois de nascer será o prazer de mamar, o prazer de sentir
o carinho dos pais. Tudo isso cooperará para o desenvolvimento
psicoafetivo da criança, e vai deixar um rastro sistêmico que o
acompanhará por onde o adulto for, permeará suas relações
afetivas, e se houver sofrimento, precisará ressignificar esse
conteúdo. Mas, pai e mãe entregam as cargas que não são deles,
apenas estão nestes. Eles fazem apenas o papel de entregadores
sistêmicos de conteúdo. Dão a ele suas feições. Por essa razão,
terapias focadas nesses, como se partissem deles essas cargas,
turvam mais as águas em que foi despejada a criança.

31
Simetria

O todo é necessário para o entendimento das partes


como as partes são necessárias para o entendimento do todo.
Ernst Mach

Para entendermos o movimento de como chega o conteúdo


de nossa família a cada novo ser, precisamos voltar a fazer a grande
imagem, ver o grande quadro e não ficar no detalhe.
Todas as famílias desdobram numa mesma simetria, mesma
formatação. Quem já não escutou dizer:
“Mães são todas iguais, só mudam de endereço” ?
Não é verdade, pois cada mãe tem uma maneira sua de ser
com os filhos. Mas por outro ângulo é verdade, pois no fundo há
algo em comum em todas as mães. Isso que é comum é simétrico
em todas as famílias.
Pais, a mesma coisa. Assim também outras figuras como :
O filho mais velho, o filho do meio, o caçula.
Há também o filho único.
Então vemos que a mesma medição serve para todas as
famílias. A mesma medição significa simetria, ou mesma medida.
Usamos simetrias para expressar o que tem a mesma
medida. Nessa condição o que tem a mesma medida pode ser
constatado por vibração ou ressonância, indicando afinidade de
padrões, repetições, mesma tonalidade ou sintonia, mesma energia
ou sinergia.
O que vibra junto denota mesma medida.
Essa ferramenta é extremamente útil nas abordagens
sistêmicas quando se entra em temas ou questões menos
conhecidas apenas movidas pela vibração.
Existe em “ser pai“ uma vibração comum em todos os pais.
Em “ser mãe” a vibração de mãe.
A de ser “primeiro filho”, “segundo filho” ou “terceiro filho”
também.

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Fratria

Não é ao acaso que as crianças chegam ao mundo, seu


posicionamento não é aleatório.
Muitos pesquisadores se debruçaram nesse tema.
Alfred Adler, (1870-1937) fundador da psicologia do
desenvolvimento individual, formulou em seu livro “O que a vida
significa para você?” os tipos básicos entre os irmãos:
A primeira criança, a criança do meio, a criança caçula e
filho único. Segundo Adler os primogênitos são destronados
quando chegam o irmão ou irmã.
Filhos do meio são pacificadores.
Caçulas ficam no trono.
Filhos únicos competem com um dos pais.
Depois Carl König, (1902-1966) médico e pedagogo
antroposófico, observou a repetição de certos padrões do primeiro
filho no quarto. Do segundo no quinto. Do terceiro no sexto e assim
por diante. Analisou a forma de aprendizado deles em seu livro
“Irmãos e Irmãs”.
No livro “Jardim das Empresas” de
2008 e no “A Era do Significado” que
publicamos em 2011, demos o nome de Alfa,
Beta e Gama para essas três categorias de
filhos, vendo como fica facilitado o trabalho
quando cada um respeita seu posicionamento
na empresa. Mas é no presente livro que
vamos aprofundar e oferecer a nomenclatura Alfa, Beta e Gama,
nas situações (+)yang e (-)yin para o posicionamento dos irmãos na
família. Quando mantemos nosso posicionamento de origem, onde
quer que estejamos no
mundo, estaremos sempre
“em casa”. Fazendo como no
jardim japonês, onde as
pedras são retiradas da
natureza e colocadas
exatamente na mesma

33
posição no jardim.
O posicionamento Alfa, Beta e Gama é a chave para
entender a própria pulsão natural, aquilo pelo qual viemos ao
mundo e nos realiza, entendendo-o é possível separar os
movimentos secundários, menores e circunstanciais, do movimento
primário natural, maior e inegociável.
Entrar nesse campo é descortinar as verdadeiras riquezas
da herança de nossa família, aquelas que apontam as riquezas da
vida, nessa nossa conexão com a Imensa Vida.
Ao entrar no “campo”, Alfa, Beta e Gama, simultaneamente
encontramos o nosso lugar de origem, por onde nos chega o
significado, e o nosso lugar de destino, por onde nos descobrimos
úteis para levar essas riquezas.
Seguiremos nesse compasso ternário, como numa valsa,
um-dois-três, quatro-cinco-seis, nesta que poderíamos chamar: A
Valsa da Família.

Fazendo a história
O que cada um aprende na fratria depende,
em parte, do lugar único que ocupa nesse primeiro
e importante contexto relacional – que é o lugar
da sua diferenciação e individuação”
J.Fernandes

O primeiro momento da família é, via de regra, o sonho do


casal. Eles estão aprendendo a conhecer a vida pelas vibrações. E
nessa época da vida, as semelhanças são mais valorizadas do que as
diferenças. Tudo é uma espécie de aposta que vai dar certo, e dá
mesmo. O futuro está sorrindo logo ali na frente. Porém, muito
mais do que parece a atração pela mesma forma, é a atração pelo
mesmo conteúdo, o que chamamos de afinidade.
Mais um pouco de tempo e serão pai e mãe, replicarão o
próprio pai e a própria mãe, por igualdade ou oposição nos filhos
que irão nascer. Esse é um momento mágico, cheio de significado.
Desencadeia-se o movimento do destino pelo desdobramento do
movimento da origem. Isto é, só segue para o futuro o que vem do
passado. Pura simetria.

34
No casal isso é arranjado, negociado, discutido. Mas agora,
com os filhos que estão para chegar, isso é replicado
inconscientemente, só será percebido por sensações de conforto ou
peso que vierem a sentir. O que se replica não se dá por interesse
mental ou físico. Mas pela atração do casal no “campo” emocional
onde se revelam os significados.
Para fazer uma nova família é preciso dar de si.
Ninguém se une só para receber. Não em um casamento
válido. Sonham com os filhos, sonham ver na carinha deles a
pessoa amada.
Abaixam-se as próprias defesas para o outro. Entra no
“campo” a aceitação por vibração do que é comum como sendo seu
próprio.
O homem é criado e formatado emocionalmente por uma
mulher, sua mãe, agora usará essa formatação, de um jeito ou de
outro, com sua mulher. No marido a esposa replicará a formatação
seu pai, e do mesmo modo na figura que este materializará frente a
seus filhos.
O conteúdo familiar de origem encontra passagem para o
destino. Mesmo quando se pensa estar inovando ou inventando. A
matriz emocional se replica. O conteúdo sistêmico, inconsciente no
casal, se formata agora nas categorias evolutivas da vida, isto é: pai,
mãe, primeira criança Alfa, segunda criança Beta e terceira criança
Gama. O conteúdo sistêmico cai certinho nessas caixinhas.

bia

35
Casando sistemas

O casal se replica quando:


Tocam-se os pés, para seguir os mesmos caminhos.
Tocam-se os joelhos, para lembrar-se de sempre ser
humildes frente à vida.
Tocam-se o púbis, para criar vida, para eles e para os que
chegam, manifestando toda sua criatividade na força da criação.
Tocam-se o umbigo, para serem conectados não mais com
as sogras, mas um com o outro. Tocam-se o coração para daí
entenderem a vida . Tocam-se os lábios para produzirem a mesma
linguagem. Tocam-se as testas para que sejam seus
pensamentos harmoniosos e amorosos, afinados instrumentos de
evolução humana. Viver uma vida relevante é conhecer a imensa
alegria de amar, de ser útil, de aprender, de não ficar doente, de ser
bem humorado, não ficar velho e se possível, não morrer.
Hoje, já é possível não ficar
velho, somos a geração que se
manterá dentro do espírito
jovem até o fim, mas daí a não
morrer, isso já é outro assunto.
Podemos ressignificar esse não
morrer, por não ser surpreendido
pela morte, não ser pego de
surpresa. E morrer só quando
estiver pronto, então não é
morrer, é partir.

Quem parte não morre. Quem parte, entendeu o


movimento da vida. Está sempre no agora, então quando chega sua
hora, está pronto para tudo.
Algo já morre ao nascer. Ao nascer nasce a capacidade de
morrer. O pai e a mãe dão a vida e a morte ao filho, ao mesmo
tempo. Se ele não souber partir, morre.

36
Pais são pais

Os pais têm o seu lugar como pais.


Pais que não assumem o seu lugar como pais, geram filhos
travestidos de pseudo pais, crianças travestidas de adultos,
forçados a abrir mão da infância para ocupar o papel de salvadores
da pátria, e com o tempo correm o risco de nunca ficar realmente
adultos. São como abusados, essas crianças. Por seu amor infantil,
abrem mão do seu lugar para viver o de outro. Comparando-os ao
pão de queijo de Minas, ficam cozidos demais por fora enquanto
continuam crus por dentro.
Então, terão dificuldades de assumir seu destino como
esposos ou esposas, replicarão neles o desacerto de seu sistema.
Procurarão parceiros mais velhos, mais complicados, amores
seguramente infelizes, onde nunca conseguirão realmente se
relacionar.
Isso não é exclusividade de filhos que tomaram lugar dos
pais, mas de todos os filhos que não tomaram o seu próprio lugar.
Casamentos sem amor e paixão, casamentos realizados no
luto, na perda, por morte ou não, de amores anteriores, também
levam os filhos a representarem ocultamente esses parceiros
perdidos, que ainda vivem na mente do pai ou da mãe.
Enfim, casamentos onde pai e mãe, não ocupem seus
próprios lugares, geram perigosos espaços, armadilhas
involuntárias, onde seus
filhos podem aumentar
ainda mais seus
sofrimentos. A gramática
do casamento é simples.
Bom casamento é o que
produz o menor
sofrimento para os filhos.
Não existe família
perfeita. Nem casamento
sem perdas. bia

37
Sem se aprender a abrir mão de si não há casamento. E o
que não é trabalhado, torna-se mais cargas para os filhos e netos
que nascem nessa família.
Os filhos sempre são bênçãos que chegam à família.
Os filhos viçam o sistema, são seres especiais.
Pai e mãe juntos os atraíram, os escolheram, para propiciar
as melhores condições para se evoluir.
Então quando os pais se amam, os filhos Alfa, nascem com
carinha de Alfa. Os Beta e os Gama também.
Quando o casamento é conturbado, turvas são as feições
dos filhos, são mais difíceis de serem identificados, como também
para eles, identificar o seu lugar no mundo.
Reconhece-se um Alfa menino pela sua determinação, e por
seu queixo mais protuberante. Uma menina Alfa, pela sua maneira
de querer tudo do seu jeito. Uma criança Beta pelo sorriso fácil e
pelos olhinhos brilhantes. A Gama é uma criança concentrada. Tem
um narizinho diferente dos outros irmãos. Aos poucos vamos
aprendendo a reconhecer e a dar nomes, ao que sempre passou
pelos nossos olhos e não decodificamos.
Os pais vivendo emocionalmente, ao ocuparem seu lugar
sistêmico, permitem que seus filhos, simultaneamente, ocupem o
lugar deles também. Assim, pela amorosidade, o casal provoca uma
onda afetiva que leva todos para o seu devido lugar na formatação
simétrica, Pai, Mãe, Alfa Beta Gama. Desta forma geram amor
evolutivo para o destino comum da família.
O amor dá endereço ao sistema familiar.
Não basta ser um sentimento parecido com amor, precisa
ser amor no duro. Então a fidelidade é sem nenhum esforço. Se não
for assim é por que na verdade, não houve entrega suficiente.
Viver esta entrega é a base da felicidade de ser pai e mãe.
Quem prioriza a carreira profissional, os próprios interesses
ou mesmo os próprios filhos e não o cônjuge no casamento gera
filhos com dificuldades sistêmicas, que não se desenvolverão bem
emocionalmente. Porém quando um entra no seu lugar na família,
ele ajuda a colocar todos os outros nos seus devidos lugares.
Quando um sai, pelo mesmo modo, dificulta para todos.

38
Ser espelho

O mesmo que estamos vendo aqui


nas famílias, ocorre também nas empresas,
e foi abordado no livro “A Era do
Significado”. Quando o empresário
encontra seu lugar na empresa,
simultaneamente a empresa encontra seu
lugar no mercado. Quando a empresa
encontra seu equilíbrio interno, encontra
ao mesmo tempo o externo.
O movimento de afirmação é de
querer se ver nos outros. O mundo é seu espelho, nele ele quer se
ver. Mas depois, quando já está adulto, algo muda. Ele é que reflete
o mundo, passa a ser o espelho do mundo.

Enquanto queremos ser amados, valorizados e vistos pelos olhos


dos outros permanecemos crianças. Ao nos tornarmos adultos,
aprendemos a ver, ouvir, sentir as intenções quase imperceptíveis
nossas e dos outros. Aprendemos a nos tornar vazios, a esvaziar os
outros em nós e a ficar centrados, prontos para nós e para o outro.
Tornamos-nos capazes de captar os menores movimentos,
aprendemos a ver por vibração, o que faz sentido.
Na família saber escutar é tudo.

bia

39
Primogênito

O significado do primeiro filho ou primeira filha é muito


grande. Ele ou ela salta do campo vibracional existente no casal
para a realidade. Atravessa um túnel existencial. Cruza a linha do
tempo. Atravessa o “campo” mental cheio de preocupações e
ansiedades, lastreadas no medo ancestral:
“Será que se completará a gestação?”
“Nascerá perfeitinho?“
Por quantas vezes houve crianças com
má formação ou crianças que não
vingaram em nosso sistema ancestral?
“Será menino ou menina?”
Quantos pais de nosso sistema não se
frustraram ? Sonhavam ter filhos
homens para ser cuidados por eles na
velhice, e receberam meninas, ou
queriam meninas para adocicar o lar e
receberam meninos ácidos?
De qualquer forma, há que se
atravessar esse “campo” mental para se chegar à realidade
emocional dos filhos, que é muito mais do que podemos sonhar.
Os filhos são sempre os filhos certos para a aquela família;
pela mesma forma, os pais são sempre os pais certos para cada
filho ou filha na família.

O gênero das crianças

Cada primeiro filho formata o “campo” de todos os outros


irmãos que ainda vão nascer. Dele ou dela será desenrolada a fiada.
A filharada. O primeiro filho marca o sistema, quebra, rompe,
define, projeta. O primeiro filho ou filha revela de certa forma, a
saga da família. O que faz chegar um menino ou menina a uma
família?

40
Vamos ver isso no sistema.
No pai e na mãe é feita uma leitura interior da história dos
homens e mulheres em cada família de origem. Por exemplo, um
esposo cujo pai morreu cedo, ou deixou o lar quando ele era
criança, tem uma “lição de casa” masculina grande a ser feita. Tem
um déficit masculino em seu sistema. A esposa também faz esse
escaneamento sistêmico, e avalia em sua história, sua relação e
afinidade com os pais, e o peso masculino e feminino em seu
sistema. Juntos o casal compõe uma resultante. Se a predominância
da “lição de casa” for masculina, chegará um menino. Se a
predominância for feminina, chegará uma menina. Simples assim.
Essa leitura da “lição de casa” pode ser mais sutil. A relação
de afinidade com os pais depende também de como estão esses
pais. Quem viveu bem com os pais, mas teve uma mãe mais infeliz,
pode ter mais ”lição de casa” feminina, compondo na resultante do
casal, a atração por menina. Se a questão é grande, então várias
meninas, ou vários meninos. Se a lição de casa é mais ou menos
equilibrada, então nascem meninos e meninas, também mais ou
menos de forma equilibrada.
Quando chega um filho de sexo diferente do anterior, há
uma quebra de padrão, e esta criança chega com muita força. Ele
soma aos seus os atributos de uma primeira criança. Nele o sistema
já está se equilibrando.
Uma esposa que foi criada por ambos os pais, mas criou em
si uma competição com a mãe, ao criar essa subtração, cria um
déficit, uma “lição de casa” feminina, que pode interferir na
resultante do casal, por exemplo.
A definição do sexo de cada um dos filhos do casal é feita
pela consideração de um lado e do outro das famílias dos esposos,
pela “lição de casa” resultante, no momento da concepção.
A resultante vem do balanço sistêmico. Na concepção é
emitido esse sinal, que faz vibrar desde a origem da vida, o “campo”
emocional original e, em resposta a isso, as células masculinas ou
femininas que estão disponíveis para a vida naquele momento,
começam a se expandir, ao “som da música” solicitada, e isso
determina um menino ou uma menina.

41
Cada acontecimento gera uma nova configuração a ser
confirmada como sendo a melhor para aquele sistema, o melhor
para aquele momento, e isso é determinante.
Fizemos um estudo com um casal de amigos e vimos que a
“lição de casa” bem maior para ambos era a feminina. Trabalhamos
sistemicamente essa questão, na mãe. E pudemos trazer alívio ao
sistema feminino. Então fizemos outra leitura do casal e a “lição de
casa” maior era a masculina. Pouco depois vem o menininho.
Portanto é possível antever o sexo dos filhos, tanto quanto é
possível sentir o peso do conteúdo da família, como também é
possível mudar, fazendo o escaneamento sistêmico, isto é, vendo e
fazendo a “lição de casa”.

A formatação feita pelo primogênito

O sexo do primeiro filho marca o campo de todos os irmãos


que vão chegar. É como quando o juiz joga a moedinha no futebol
para definir em que campo o time vai jogar. No campo masculino,
com todos irmãos e irmãs mais Yang. Ou no campo feminino com
todos irmãos e irmãs mais Yin. Yang e Yin são forças vitais que
fazem o equilíbrio segundo a filosofia chinesa do Tao, que quer
dizer caminho.
Então os irmãos ficam no campo da primeira criança.

Campo Yang Campo Yin

Yang é difícil Yin é suave


Yang é movimento Yin é quietude
Sol é Yang Lua é Yin
Masculino é Yang Feminino é Yin
Rio é Yang Montanha é Yin
Pensamento é Yang Intuição é Yin
Verão é Yang Inverno é Yin

Alguns eventos mudam a resultante.

42
Quando morre um avô ou avó, dependendo de como foi
sua vida, isso pode aumentar ou diminuir a “lição de casa”, pois
interfere no conteúdo. Quando fazemos a nossa lição sistêmica,
estamos aliviando pressões. Isso interfere em nós próprios, em
nossos filhos, netos e até mesmo bisnetos que ainda vão demorar
décadas para nascer. Mudando a vibração do campo emocional,
desobstruímos o fluxo da vida, que sabe de onde veio e para onde
deve ir. Para avançar é preciso conhecer mais ferramentas
sistêmicas e decidir tratar nossas questões de fundo, sem medo, e
querer assumir tudo aquilo que já é nosso. Apenas como
curiosidade seguem outras interpretações sobre a definição do sexo
dos filhos, mesmo sem serem embora comprovadas.

1- Peso dos cromossomas:


Sabemos que são os cromossomas X e Y que definem o
sexo dos filhos. Pesquisou-se então sobre o peso, dimensões e
características dos cromossomas X e Y. Descobriu-se que os X são
mais resistentes e maiores. Os Y são mais leves e, portanto, mais
rápidos. Homens mais jovens têm mais cromossomas X, homens
mais velhos, mais cromossomas Y. Pais jovens mais meninas, pais
mais velhos mais meninos.

2- Hora da ovulação.
Quanto mais perto da hora da ovulação, maiores as chances
de os espermas com cromossoma Y, mais leves, fecundarem o
óvulo. Os portadores de X, mais lentos atuam menos nas vinte
primeiras horas e mais no período entre as vinte e as setenta e duas
horas férteis do ciclo da mulher. Mais perto da ovulação, mais
meninos.

3- Questão alimentar da mulher. A ingestão de comidas mais


calóricas e menos nutritivas, como as fast food, faz com que o muco
cervical feminino tenha um PH mais básico, o que favorece
nascimento de meninos, enquanto mulheres que ingerem
alimentos mais saudáveis como frutas e legumes tem PH mais ácido
o que favorece ao nascimento de meninas.

43
Na Teoria de Gaia, hipótese formulada por James E.
Lovelock e Lynn Margulis em 1979, na qual se refere ao papel dos
organismos vivos na manutenção do equilíbrio da Terra, como um
ser único e complexo, se
apresenta uma teoria em que
Gaia, o espírito da Terra, é capaz
de se auto-organizar gerando, por
exemplo, depois de uma guerra,
quando morrem muito mais
homens do que mulheres, muito
mais meninos do que meninas.
Mas isso pode muito bem
acontecer por outro motivo. Vidas
brutalmente abreviadas dos
soldados, fazem pesar muito mais no sistema familiar, o lado
masculino do que o feminino, isso por gerações. Então filhos e
netos e bisnetos homens continuarão nascendo por amor ao
sistema, para equilibrá-lo, produzindo mais primeiros filhos
homens.

O impacto nos demais

O impacto do primeiro filho ou filha no sistema dá o tom


para o campo do pai, da mãe e dos filhos. Formata o “campo” da
família. E isso é muita coisa. Era assim:

Pai Mãe

50 % p = esposo
50 % m = esposa
_____________________
100 % da família

44
Agora fica assim com a chegada da primeira criança :

Pai Mãe

α β γ

25 % p = pai
25 % m = mãe
50 % α β γ = filhos sendo
16,6 % α = espaço que a primeira criança ocupa para si
16,6% β = espaço formatado para a segunda criança
16,6 % γ = espaço formatado para a terceira criança
β, γ = irmãos que ainda não nasceram

Curiosidade sobre a origem e o significado dessas letras gregas


α = Alfa, no grego vem de Aleph, que quer dizer boi.
β = Beta, no grego vem de Beth, que quer dizer casa.
γ = Gama, no grego Gamow, quer dizer muito, riqueza.

A primeira criança dilata o campo da família, da mesma


forma que se for menina dilata por complementaridade o coração
do pai, e se for menino, do mesmo modo, dilata o coração da mãe.
Se a criança Alfa for menina, todos seus irmãos, meninos ou
meninas, terão os lábios mais grossos, com o friso superior do lábio
discreto. Seus irmãos, via de regra, serão mais cabeludos, terão
menos barba, toda a família terá uma atitude mais emocional, mais
redonda. Se a criança Alfa for um menino, seus irmãos e irmãs terão
os lábios mais finos, principalmente o superior, que terá contorno
bem definido e um pouco saliente, usarão cabelos mais curtos,
inclusive as irmãs, toda família terá uma atitude mais mental, mais
quadrada. O primeiro filho traz muito forte o conteúdo do avô
número um, isto é o pai da mãe, vamos chamá-lo de avô<1> ou
número um dentro de um triangulo. 1

45
A primeira filha, por sua vez, é conectada a sua avó número
um, a mãe do pai, a avó (1) vamos escrever o número entre
parêntesis ou dentro um círculo. 1
Para onde a primeira criança pende, pendem os demais
irmãos. É o poder do Alfa. É líder desde seu primeiro momento. Os
outros irmãos também ajudam a puxar a fiada, começada pelo Alfa.
Cada filho que nasce atrai para si o fluxo de conteúdo de sua
frequência, Alfa, Beta e Gama, da família. Tudo o que está no
“campo” é captado pelas vibração específicas do seu tipo.
É para isso que viemos ao mundo. Para fazer a “lição de
casa” que nos compete e aliviar o peso do sistema. O conteúdo
sistêmico varia de família em família, mas o “campo” é o mesmo
para todas as famílias.
Todos os filhos Alfa captam o conteúdo Alfa de suas
famílias. Assim também os Beta e os Gama captam pelas conexões
ancestrais que são como “antenas” que nos ligam ao passado
ancestral. Quando nasce um novo integrante na família, ele abraça
o que está disponível na família. O conteúdo é composto do que
não ficou compreendido, não ficou em paz e silenciado, portanto
precisa voltar. O que não pode ser dissolvido no fluxo familiar. O
que ainda é uma pedrinha no sapato sistêmico. A saga da família é
expressa pelo que não ficou suficientemente aclarado, honrado,
reconhecido, amorizado, resolvido. Tudo isso fica no campo da
família, aguardando a oportunidade certa de poder vir à tona,
esperando chance de ser trabalhado. Não é automático. Nada na
natureza o é. É preciso um tempo para que cada geração possa
digerir sua história, transformá-la e irradiá-la para a família e para
todas as famílias da humanidade. A nossa história é muito
importante, ela é a matéria prima da evolução. A história vivida
pelos nossos avós, bisavós, mesmo tendo sido eles pessoas simples
é muito importante. Eles permanecem “vivos” dentro de nosso
corpo. Essa história está sendo contada em nossas células, nossos
órgãos e nossos ossos, que plasmam o nosso “campo” familiar.
Uma ferida profunda, não resolvida, pode demorar varias
gerações para fechar.

46
Com meu filho Thales Letícia Roscoe

47
3 - Posicionamento – A Valsa da Família
A simetria é música do universo
Stephen Hawking

A vida está definida em dois gêneros: masculino e feminino.


Essa separação ou divisão é parte de uma estratégia evolutiva que
deu certo. Reproduzindo-se podem avançar. Avançando podem
reproduzir-se. Todas as espécies tem essa estratégia natural. Porém
é nas famílias que vemos melhor a natureza do psiquismo
masculino e do feminino, sua forma de atração, sua motivação,
seus temperamentos, tanto nos aspectos distintos como nos
complementares.
Constatamos visualmente a diferença entre o menino e a
menina, primeiramente pelos aspectos sexuais primários, mas
também temos os secundários: o formato das mãos, os olhos, a
voz, o cabelo, a altura, as nádegas, o jeito de andar, da mesma
forma constatamos física e psiquicamente as diferenças entre Alfa,
Beta e Gama.
A sequência de nascimentos é a informação primária.
Porém pode ser que o primeiro filho não seja o primeiro filho, pode
ser que ele seja o segundo, se houve antes uma gravidez que não se
completou por qualquer motivo, ou se houve outro filho ou mesmo
gravidez apenas por parte do pai.
A contagem sempre parte do pai. E isso é um aspecto
importante do sistema familiar. Nisso não vai nenhum anti
feminismo. O homem é um XY, a mulher um XX. Toda filha é
continuação de sua mãe XX, mas todo filho se diferencia de seu pai,
se opõe a ele, quebra a continuidade, e assim a fortalece, como a
poda fortalece a planta. Começamos a contar a partir da mudança,
da poda, do Y, isto é, do pai. O masculino é o marcador sistêmico.
Poeticamente falando todos nós nascemos da mãe e
morremos no pai. Nascemos puxando a extensão da vida que está
na mãe, materialmente, e morremos na descontinuidade que o pai
representa no sistema. O primeiro filho ou filha abre a contagem
dos subsequentes irmãos do mesmo pai.
A mãe tem seus filhos contados somente pelo pai deles.

48
O pai conta os filhos, os diferencia; a mãe não.
Pai com um só casamento, mas teve um filho antes do
casamento ou mesmo somente uma gravidez, que ninguém ficou
sabendo, o primeiro filho no casamento é na verdade o segundo.
Pai com mais de uma mulher conta na ordem dos
nascimentos.
O pai sabe os filhos que tem.
Talvez por isso seja mais fácil para os homens entender
posicionamento do que para as
mulheres. A realidade precisa vir
à tona, para a história poder ser
contada, em Alfa, Beta e Gama. E
isso traz para os homens uma
responsabilidade sistêmica muito
grande, pois o que acontece em
cada relacionamento precisa ser
considerado. Nada passa sem
importância, nada passa batido,
nessa área. Aqui vemos que o “campo” é tão sensível que é
marcado até pelos não nascidos.
Essa é a realidade do fluxo continuado das famílias.
Pode ser que não queiramos ver essas marcas, mas elas nos
veem. Dificilmente deixamos de ver as decorrências e
transformações no sistema. Não há uma data na gravidez para o
feto ser considerado um ser. Ser é um estado de presença. E
presença além do campo físico, é do campo mental e emocional.
Então só a leitura emocional pode saber se aquela gravidez marcou
ou não marcou o sistema. Mais do que ver de fora para dentro, a
maneira mais precisa é ver de dentro para fora. Ver por dentro os
eventos que tocaram o emocional.
Sem medo. Marcou, conta. Não marcou, não conta.
Usando a sensibilidade. Não há outra maneira. Então precisamos
abrir horizontes e ver com outros olhos, agradecer todos esses
episódios que marcaram nosso sistema, saber ler suas mensagens.
Dar a eles um lugar na história.

49
Gêmeos

No caso de gêmeos, há uma observação a ser feita.


Gêmeos geralmente devem ser contados de forma
invertida, o que nasceu primeiro é o Beta o que nasceu em segundo
é o Alfa. Há aqui uma curiosidade. Para saber se o primeiro gêmeo
que nasceu é um Beta yang (+) ou Beta yin (-), o que veremos mais
a seguir, precisamos esperar o nascimento do segundo gêmeo, o
Alfa, se for menino, será como todo primeiro menino um Alfa (-) e o
gêmeo que nasceu primeiro um Beta (+). Ou se Alfa for uma
menina, como toda menina é uma Alfa (+) yang, e o gêmeo já
nascido primeiro será um Beta (-), Beta yin.
Em trigêmeos ocorre a mesma inversão, porém dos três.
O primeiro que nasce é o Gama, o trigêmeo que nasce em segundo
é um Beta mesmo e o último a nascer é o Alfa.
Essa inversão pode estar ligada a grande inversão que
ocorre no parto e na partida que vamos estudar.

bia

50
Identificadores dos tipos

Primeiro olhamos para a sequencia do nascimento. Mas


depois com o tempo aprendemos a identificar Alfa, Beta e Gama.

Aspectos físicos :

Alfa (boi) Beta (casa) Gama (rico)


Queixo Curvamento das costas Mandíbula
Forma de andar Olhos Nariz

Aspectos da personalidade
Arrojo Criatividade Foco
Buscar aceitação Querer ajudar Interessar-se

Aspectos emocionais
Entusiasmo Confiança Equilíbrio
Braveza Desânimo Mágoa

bia bia bia bia


α β α β

Os irmãos Ives Gandra e João Carlos Martins, Alfa e Beta. O irmão


Gama deles é empresário. Betinho e Henfil, irmãos Alfa e Beta.
São muitas características e com o tempo aprendemos a identificá-
las por vibração.
Fomos alfabetizados, agora seremos alfabetagamizados
sistemicamente. α β γ

51
A “primeira” família

O “campo” do primeiro filho é o “campo” de Caim.


Ele representa o primeiro filho da primeira família, ele é a primeira
onda que traz conteúdo para ser trabalhado na família.
Vamos entrar por uma abordagem poética, ele é o nome
dado à primeira aposta evolutiva de se desenvolver um longo
processo chamado humanidade.
Chega Caim, o primeiro filho. Seus pais, Adão e Eva, João e
Maria, Pedro e Joaquina, são como todos os pais e mãe do mundo.
Caim, o primeiro filho, entra na família, mas não se sente amado.
Talvez seus pais talvez estivessem ocupados demais com as
questões deles mesmos, talvez estivessem intoxicados com a dose
que tomaram do fruto da árvore do bem e do mal. Caim é como um
filho de pais que bebem muito. Não se sentindo amado, procura
fazer coisas para ser reconhecido pelo seu grupo, não desperta nele
aquela sensibilidade fina de observar o movimento da vida como
aconteceu com seu irmão Abel, que gostava de ver a natureza,
reparar nas plantas, nos carneirinhos, nas nuvens, sendo um tipo
light, até meio vagabundo.
A chegada de Abel incomoda Caim.
Abel é mais alto e mais bonito que Caim, como todo
segundo irmão. Seus braços são mais fortes, seus dedos mais
roliços. Tem o tipo de esportista. Seus olhos são brilhantes, sua pele
é lisa. Seus cabelos são meio anelados, ficam bem de qualquer jeito.
Já Caim, precisa ficar todo tempo pondo o seu cabelo escorrido de
um lado para o outro. Caim é mais peludo. Tem a batata da perna
redonda. Gosta de andar com a sandália bem amarrada, Abel gosta
de andar com ela desamarrada, de preferência descalço. Caim usa o
mesmo tipo de roupa de Abel, mas Abel não liga se ela está meio
suja. Caim quer sempre estar mais arrumado.
Caim é agricultor, bonitinho. Abel, pastor, bonitão.
Veem o mundo de maneiras diferentes e complementares.
Caim tem que transformar as coisas, vê o mundo como matéria
prima para transformação. A terra está aí para ser cultivada, e com
seu suor ele comerá o pão. Precisará ser reconhecido esse suor.

52
Não será de graça. Abel não quer transformar nada, quer levar a
vida. Leva um bando de ovelhas para pastar, escolhe lugares
bonitos, senta de baixo da árvore, puxa um capinzinho para mascar
e olha tudo, acha bonito, se alguma ovelha se afasta ele assobia, e
ela volta.
Abel se sente amado. Mesmo tendo os pais meio bebuns,
ele se sente amado pelo pai, amado pela mãe, pela vida, pelo
vento, pelo sol, por tudo. Dentro dele é mais fácil de encontrar a
alegria genuína, que todos temos, porém escondida.
Ele se sente confortável.
Isso é bom, mas incomoda principalmente Caim.
Abel canta com os passarinhos, e seu canto se torna
insuportável aos ouvidos de Caim. No seu delírio Caim imagina que
a vida seria bem melhor se não tivesse aquele irmão meio hippie,
desligado, que não o ajuda em nada, e começa guardar bronca do
irmão. Num dia, antes do almoço, com sol quente, enraivecido
Caim, hipocalórico, mata Abel.
Matou não por falta de espaço, nem por falta de trabalho,
mas porque no fundo queria ser leve como ele. Queria cantar tão
bonito, queria ter aqueles cachinhos no cabelo, queria ser mais alto
e mais loiro. Caim no fundo mata é a si mesmo. Como todo crime
no fundo é cometido contra si mesmo. Mata o Caim que há em
Caim, e não o Abel que há em Abel. Matando a si mesmo toma
agora as feições de Abel, as feições de sua vítima, como todo
criminoso consciente ou não, sempre assume as feições de sua
vítima. Caim mata Abel. Essa é essência de toda carga emocional
humana. Caim conhece a morte, não a do irmão, mas a que entrou
nele. Caim fica só. Não vê direito o que fez. Mas no seu desconforto
reconhece o erro. Se pudesse gostaria de voltar no tempo e deixar
o irmão cantando na dele, nem ligaria mais.
Caim fica atormentado. Não que antes fosse um monge
tibetano, mas agora está aflito e vê que seu crime tem uma
dimensão social. O seu crime impactará o futuro. Esse crime pode
ter sido decorrente do crime dos pais dele. Da falta de consciência
de seus pais, se provaram uma dose do bem e do mal, ou tomaram
uma garrafa inteira.

53
O primeiro filho é sempre mais conectado com a família da
mãe. Eva ficou muito brava, ela ficou muito decepcionada com
Caim, o filho que ela tanto amava até mesmo um pouco mais do
que Abel.
Ela sentiu como se ela mesma fosse culpada pelo crime. Já
Adão afundou na tristeza. Todo segundo filho depois de irmão mais
velho é conectado a família do pai. Adão desejou ter morrido ele no
lugar de Abel. Mais do que recriminar Caim, Adão chorou Abel.
Adão nunca mais seria o mesmo, ele precisará de uns quinhentos
anos para passar a tristeza.
Talvez ele só tenha atenuado sua tristeza ao ver nascer
entre seus netos, um em especial, um segundo filho, Beta como
Abel, ou uma menininha quinta filha, Beta também, loirinha e com
os mesmos olhos brilhantes de Abel, que falassem com os pássaros
e se daria bem com todos. Adão mataria as saudades de Abel. Com
o conteúdo que Abel trouxe ao mundo.
Caim matou Abel. Foi o primeiro fraticínio, como fraticínio é
todo assassinato.
Seth matou Osíris, no mundo egípcio.
Na Suméria, Sudari matou Mamrari.
Sempre o mesmo crime, o agricultor mata o pastor. Esse é o
contínuo conflito entre o agricultor e o pastor. O agricultor planta a
comida, o pastor coloca suas ovelhas para pastar soltas e elas vão
comer nas plantações. O agricultor manda tirar essas ovelhas. O
pastor tira, mas tem pena das ovelhas que estavam apenas
buscando algo mais verdinho para comer. Ele bobeia, elas voltam a
invadir a plantação. O agricultor está com a enxada na mão, sob o
sol escaldante, antes do meio dia, ele levanta a enxada e dá uma só
enxadada no pastor, que morre como suas ovelhas, sem berrar.
Caim não tem consciência. Não recebe a pena de morte,
mas recebe o sinal de Caim, por onde será identificado; recebe o
sinal Alfa. Depois de um tempo, Adão e Eva têm outro filho, Seth.
Sábio faz a primeira cidade, a constrói, fica rico. Mas seu primeiro
habitante é Caim. Pois lá seu sinal fica confundido. E ninguém mais
poderá o distinguir e saber qual é o sinal. Para lá vão os seus
descendentes, que também cometem crimes iguais ou até maiores

54
que os de Caim. Abel, o pastor, é o primeiro a mergulhar no fluxo
continuado do conteúdo e a se dissolver. A marca de Abel é outra.
Como é o primeiro a morrer, sua conexão do passado emergirá no
futuro, dessas mesmas águas, não mais como Beta que foi, mas
como Ômega pelo qual espera toda humanidade.
Mas isso é tema que veremos mais adiante.

Abrindo a visão

Uma vez fui com um biólogo caminhar por umas montanhas


de Minas; saímos cedo. A certa hora ele parou e me perguntou :
- Você viu a diferença ? Qual diferença? Retruquei.
- Deste lado da montanha que estamos com aquele ali que
acabamos de passar? Explicou.
- Não, respondi. Para mim é tudo igual. Como assim igual?
Não tem nada igual. Continuou. Olhe com calma: lá a vegetação é
mais alta, aqui é bem baixa. Lá tem plantas com flores vermelhas,
aqui as flores são
amarelas. Lá as folhas tem
a ponta mais
arredondada, aqui as
folhas são pontudas.
Fiquei boquiaberto. Então
ele mostrou a regra. - Olhe
lá, disse, aquela montanha
toma o sol da manhã, sai
do frio da noite para o
calor da manhã rapidamente, isso faz com que suas plantas sejam
Yang. Já essa outra toma o sol da tarde, pela manhã fica na sombra,
seu gráfico é suave, sem picos de temperatura, é o lado Yin da
montanha. Fiquei maravilhado, e assim aprendi mais uma forma de
ver as montanhas.
O mesmo ocorre aqui. Ver Alfa, Beta e Gama, Yang e Yin, é
entrar numa nova leitura, numa nova gramática que ajuda a
desvendar o processo do que os olhos não conseguem ver nas
famílias.

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Pêndulo

Existe um movimento pendular Yang e Yin na sequencia dos


filhos. Se a primeira criança é menina, o pêndulo vai para o lado
Yang, e depois segue alternadamente: Yin, Yang pelos próximos
irmãos. Se a primeira criança é menino, o pêndulo vem para o lado
Yin e seguirá alternando Yang, Yin pelos irmãos.
Cada vez que o pêndulo balança é ativada uma conexão
ancestral. Então podemos ver na família as forças Yang e Yin
sequenciais e complementares do universo. Numa criança Yang, as
meia luas das unhas da mão serão volumosas.
Nos dedões a meia lua pequena é Yang, e se bem grande é Yin.
São crianças Yang a primeira criança se for uma menina, é o
sinal de +, Alfa +, e seus irmãos impares. Terceiro, quinto e assim
por diante. Se for um primeiro menino será Yin, Alfa-, e Yin serão
seus irmãos impares. Terceiro, quinto e assim por diante. Cada
primeiro filho cruza emocionalmente todo o Zenith da evolução
humana. É como uma bolhazinha que se solta do fundo do mar, e
vem subindo na direção dos pais, cruzando todos os níveis, até
encontrar na superfície das águas seu mental e físico, para dali
tornar-se um ser humano, capaz de evoluir e amar. Quando está
chegando essa bolhazinha, cheia do vazio primordial, é preenchida
com o conteúdo emocional ativo que está nas últimas gerações do
sistema familiar. Chega à superfície, se houver condições para ela
viver ela fica, caso contrário, ela foi mais uma possibilidade não
realizada de trazer avanço à vida daquela família e à vida humana.
A segunda e as outras crianças já são diferentes. Elas
também borbulham no fundo do mar, mas não vem para pai e mãe
como os primeiros. Vem na direção das crianças já existentes,
tomam carona na trajetória delas.
Fazem como nas aves que voam em formação, a que vem
na frente faz mais força, e formata em ondas com suas batidas das
asas, criando um fluxo laminar por onde vem os que estão atrás,
assim também é o papel dos primeiros filhos para com os demais.
Já existe o “campo dos irmãos”, na família. Com a chegada
da segunda criança ele se expande. Com a chegada da terceira

56
criança ele se expande ainda mais e fecha o primeiro ciclo do Alfa –
Beta - Gama. Quando chega a quarta criança ela abre outro ciclo,
outro compasso ternário, e vem ocupar o espaço desdobrado da
primeira criança, tornando-se como um primeiro filho de novo,
Alfa, porém no seu oposto. Por exemplo, o primeiro filho menino,
Alfa -, é sempre mais recatado enquanto o quarto irmão ou irmã,
Alfa+ é mais extrovertido. O mesmo acontece com o quinto irmão
ou irmã, que desdobra em oposição ao segundo. O sexto em
oposição ao terceiro e assim por diante. O “campo” da primeira
criança chamamos de Alfa. O “campo” da segunda criança
chamamos de Beta. O “campo” da terceira criança chamamos de
Gama. Então teremos a sequencia: ( E = emocional, M = mental )

E Alfa + primeira menina primeiro menino Alfa - M


M Beta - segunda criança Beta + E
E Gama + terceira criança Gama - M
M Alfa - quarta criança Alfa + E
E Beta + quinta criança Beta - M
M Gama- sexta criança Gama + E

O posicionamento é um tipo de antena que capta o


“campo”, Alfa, Beta ou Gama, que traz o conteúdo específico
original para esse fluxo continuado.
Quando estamos sob um choque emocional não
conseguimos fazer nada, nem raciocinar ou ver as coisas simples.
Assim acontece quando recebemos a carga ancestral de nossa
família, é como se fosse um choque, ficamos paralisados, sem saber
bem o que fazer no mundo. Só quando começamos a sair do
choque, é que vamos tomando consciência das mensagens que
trazemos inscritas em nosso íntimo. Começamos a ver o conteúdo
que trouxemos e como ele é necessário para nossa família e para o
mundo. Saindo do choque, começamos sentir o nosso imenso
potencial emocional e amoroso que nos move e que nos coloca na
rota do nosso destino comum. A nossa vida passa para uma
dimensão muito maior, da Imensa Vida. Para ler o que está inscrito
em nós, para escrever no mundo esse conteúdo, o abecedário que
usamos é o do Alfa, Beta e Gama.
57
Alfa
Ser Alfa é abrir espaços.
É começar, projetar, inventar, empreender e construir a
partir da matéria.
Alfas são inventivos, audazes, competitivos, adoram
desafios, adoram perseguir metas, buscar algo desejado, e para isso
eles não tem preguiça de se esforçar para conseguir, sem
desanimar, como boi (Aleph) nada os detém quando querem uma
coisa.
Alfas são batalhadores. São líderes natos, tem facilidade em
influenciar os demais. São ousados, independentes, cheios de força
de vontade, autoconfiança.
Tem facilidade em enfrentar obstáculos. Podem, pelos
outros, ser chamados de visionários, mas para eles sonhar é obvio,
imaginar e por em marcha suas realizações. Tem a visão das coisas
pelo plano da matéria, do concreto.
São um tanto vaidosos, charmosos, gostam de se
apresentar bem. São carentes de atenção e afeto. Precisam ser
notados, e valorizados. Interiormente são mais reservados, eles
próprios se blindam para não sofrer e com isso ficam, de certo
modo, fechados para receber carinho.
São preponderantemente mentais.
Isso pode acarretar um certo perfeccionismo ou purismo.
Competem com seus pais de mesmo sexo.
Como gostam das coisas do seu jeito, podem ser
considerados egoístas.
Acreditam na sua eficiência. Tomam conta da situação, seja
ela fácil ou difícil. Os Alfa aprendem com os adultos. Aprenderam
assim desde pequeninos, vendo seus pais. Na sua personalidade
isso é formatado desde os primeiros anos de vida.
Os Alfa são líderes, tomam as rédeas. São agressivos se
precisar. Gostam de impor respeito. Ao mesmo tempo são
obedientes, gostam de trabalhar em equipe. Gostam de ter tudo
sob controle. Gostam que os outros sejam pontuais. São
ambiciosos, são pensadores, não são apressados.

58
Beta

Betas são artistas. Tem forte senso estético. São do bem.


Ser Beta é mover-se pela energia. O Beta olha com carinho
o Alfa que o precedeu, com amizade e uma pitada de veneração. O
Alfa veio antes, é maior e mais inteligente, sabe coisas mais
interessantes, é mais ativo. O Beta se sabe menor, sabe que com os
mais velhos não vai dar pé, então aprendem a ficar na sua.
Os Betas fazem com os irmãos Alfa o jogo de oposições e
contrapontos. Como o Beta chega depois do Alfa e esse já ocupou o
primeiro andar, o espaço da matéria, e do concreto, então
procuram se instalar “no andar de cima”, o andar da criatividade, e
do pensamento abstrato.
Os Betas tem olhos brilhantes. Aspecto meigo.
Tem o queixo um pouco para dentro. Crianças Betas são
lindas, fofas, boazinhas, mas não são bobas. Mas se preciso põe a
boca no mundo.
Betas não são bons em guardar segredos. Falam tudo que
vem à mente. Betas são generosos, dadivosos, empáticos. São
dispostos a ajudar quem precisa.
Economizam pouco, sabem esbanjar.
Os Betas são desligados, aéreos, adoram olhar para o lado
que ninguém está vendo. Distraídos, um pouco desfocados. Não
toleram rotina nem regras, preferem as exceções.
Aprendem criando suas histórias. São imaginativos.
Criativos. Inventam modas. Querem que as coisas tenham o tempo
deles. Preocupam-se com questões sociais, mas não curtem
política. Suas gavetas são meio bagunçadas. Sua arrumação é sutil.
Gostam de roupas diferentes, coloridas. Não tem medo de ficar fora
da moda. Betas não priorizam o dinheiro.
Fazem amizades com facilidade. São amigos devotados.
Apreciam uma boa conversa. Sabem ouvir. Não são bons
conselheiros nem estrategistas. São empáticos. Querem mudar o
mundo. Mas só se a turma toda for junto.

59
Tem dificuldade em dizer não.
Gostam de deixar os deveres para a última hora.
Aprendem ensinando. Jogam-se nas coisas.
São fascinados pelo que é novo. Apaixonam-se com
facilidade, sofrem com a mesma facilidade.
Colecionam velharias, não gostam de jogar nada fora.
Os Betas sorriem com facilidade, mesmo nas dificuldades.
Não pegam a onda de frente, sabem se colocar de modo a
evitar o sofrimento.
São diplomatas evitam o conflito.
Mas a principal característica dos Beta é que eles se sentem
amados, estão abertos ao amor dos pais. Ao sentirem-se amados
são formatados abertos para as outras relações, o que os fazem ser
mais livres e descolados no mundo.
É fácil para um Beta ser amado, ele sabe conquistar o amor
do outro, sabe elogiar, o mais difícil é ele mesmo reconhecer o
próprio valor, sentir o amor próprio, a autoestima.

Gama

São muito diferentes dos outros dois irmãos mais velhos.


Tudo neles é diferente. Escolhem outros times, outras crenças que
as habituais na família.
Suas feições são diferentes. O narizinho deles não é igual ao
de ninguém da família. O pai até o olha com desconfiança.
A largura do queixo é maior, a arcada dentária é mais larga,
o céu da boca é mais baixo, a boca é mais aberta.
O queixo do Alfa tende a ser um pouco para fora, o do Beta
para dentro, o do Gama é alinhado.
O Gama tem cara de Gama.
Quando criança desmontou todos seus brinquedos em
menos de vinte e quatro horas depois de ganhá-los.
Gamas são sérios, honestos e buscam fazer tudo certinho.
Ficam muito aborrecidos quando as coisas não saem como o
planejado. Pensam muito antes de agir, mas quando tomam uma
decisão, mergulham de cabeça.

60
São ligados a temas como saúde e leis.
Sua impaciência pode lavá-los ao stress facilmente.
São equilibrados, confiáveis, perspicazes e analíticos.
Passam a impressão de ser inteligentes.
São intuitivos. Intelectuais, não lhes atraem as atividades de
esforço físico. Demonstram ter a vida sob controle. Podem passar a
ideia de serem solitários. Não aceitam brincadeiras inoportunas.
Adoram segredos, e sabem muito bem guardá-los. Falam pouco,
evitam comentários óbvios. São preparados para lidar com a
realidade nua e crua. São perseverantes para alcançar seus
objetivos. Não gostam de pedir nada aos outros.
Os Gama já vem prontos. Não precisam de ninguém para
aprender.Aprendem sozinhos, aprendem respirando, sabem onde
buscar as informações sobre o que buscam, nunca se apertam.
Os Gama nunca ficam sem dinheiro. Sempre tem uma
reservinha guardada. Não gostam de emprestar, se preciso eles
mentem dizendo que não tem.
Os Gama entendem profundamente as regras e as leis. Por
isso são ótimos advogados em áreas onde o conhecimento técnico
prepondera. Sua praia é o campo técnico. Gostam de matemática e
a engenharia. A representação não tem muito valor, o que vale é a
realidade. Mesmo que seja dura ou adversa.
São excelentes gestores de dinheiro.
Os Gama se tornam ricos se não forem desviados.
Ao enriquecerem enriquecem toda a família.
Fazem no sistema o upgrade elevando o nível interno desse fluxo.
Quando Gama casa com Gama montam um banco.
Gama é luz, multiplicação, significado, senso de justiça,
foco. Ele tem facilidade para tudo. Sua inteligência o lança para o
mundo. Sua posição em relação aos irmãos é independente.
Os Gamas são focados. Um Gama na equipe é a certeza que
o trabalho chegará ao fim. Nas empresas o Gama deveria ganhar
mais. Quando ele está bem consigo mesmo, puxa o sistema para
cima apenas com sua presença.

61
A subida da montanha

Conta-se uma história que três irmãos resolveram fazer um


passeio. O mais velho sugeriu: Vamos subir a montanha mais alta
da nossa região. Os outros dois irmãos se entreolharam e aceitaram
a ideia. Prepararam as mochilas e partiram. Ao chegar ao pé da
montanha viram que era muito alta, mas mesmo assim começaram
a subida. Depois de um bom tempo chegaram a uma clareira. A
vista era maravilhosa. Tinha flores, um riachinho descendo. O
segundo filho falou. Que maravilha, vamos ficar por aqui. Olha
quanta beleza, nem lá
em cima a vista será tão
bonita. O primeiro ficou
em dúvida, mas queria
continuar. O segundo
tirou a mochila e sentou.
O terceiro deixou os
outros falarem, não se
alterou, e quando houve
silêncio disse. Viemos
para cá para subir a montanha. O topo está nos esperando. E
virando as costas para os irmãos, continuou a subida.
Assim são os irmãos.
O primeiro tem as ideias, monta a expedição e começa. O
segundo chega ao meio já se contenta, mas quem chega ao topo é
o terceiro.
O Alfa tem os pés no chão.
O Beta tem a cabeça nas nuvens.
O Gama integra chão às nuvens.
Todos precisam conviver juntos, só assim são fraternos.
Um Gama, precisa ser puxado por uma Alfa, do mesmo
modo que um Alfa por um Beta, e um Beta por um Gama, para
evoluírem.
O Beta evolui o Alfa,
O Gama evolui o Beta,
O Alfa evolui o Gama. Como num carrossel girando.

62
O sequenciamento e o desdobro

O nosso corpo é o encontro em equilíbrio de duas forças


básicas da natureza, Yang e Yin. Desde a concepção, é o resultado
das forças formadoras da família. O alinhamento dessas forças vai
produzir em nós o “campo” Alfa, Beta e Gama, sempre alternando o
Yang e Yin.
Então temos as polaridades Yang e Yin em ciclos de três, Alfa Beta e
Gama fazendo a sequencia de seis possibilidades.

Alfa- primeiro filho <1> (1) primeira filha Alfa+


Beta + seguinte <2> (2) seguinte Beta-
Gama- seguinte <3> (3) seguinte Gama+
Alfa + seguinte <4> (4) seguinte Alfa-
Beta - seguinte <5> (5) seguinte Beta +
Gama+ seguinte <6> (6) seguinte Gama-

É como um carrossel que sempre continua girando, e


recomeça no sétimo novamente. O lugar onde cada filho nasce no
posicionamento, se define o seu “campo”, capta um plano
vibracional diferente, faz conexões ancestrais diferentes, imprime
atributos, prioridades e valores diferentes. Diferentes dos outros
irmãos, mas comuns no sequenciamento de todas as famílias.
Para estudarmos o “campo” no corpo, veremos várias
vertentes de informações, desde a milenar medicina chinesa, até o
que há de mais recente em termos de Leitura Corporal.

O campo no corpo

O nosso corpo abriga diversos planos energéticos e


vibracionais, por onde captamos e desdobramos o conteúdo da
família.
O conjunto desses planos integra o que somos,
biologicamente, mentalmente e psiquicamente. São a base, a
matrix, de onde operamos. Por suas linhas de força podemos
acompanhar os veios de significado e informações de nosso
63
sistema, que podem ser lidos e traduzidas, de forma a gerar saúde,
bem estar, autoentendimento e consciência.
Existem muitas leituras desses campos. Aqui vamos ver
como eles estão relacionados com os casais que nos formaram, o
casal dos nossos pais, dois casais de avós e quatro casais de bisavós,
que compõe a árvore da vida, ou em outra representação, como um
funil de chegada para a nossa existência.

Ou escrito também assim

ppp mpp pmp mmp ppm mpm pmm mmm


<4> (3) <6> (5) <5> (6) <3> (4)

pp mp pm mm
<2> (1) <1> (2)

<p> (m)

Onde :

<p> pai avôs (m) mãe avós


<pm> avô, pai da mãe <1> (mp) avó mãe do pai (1)
<pp> avô, pai do pai <2> (mm) avó mãe da mãe (2)
<pmm>bisavô pai da mãe da mãe <3> (mpp) bisavó mãe do pai do pai (3)
<ppp>bisavô pai do pai do pai <4> (mmm) bisavó mãe da mãe da mãe (4)
<ppm> bisavô pai do pai da mãe <5> (mpp) bisavó mãe do pai do pai (5)
<pmp> bisavô pai da mãe do pai <6> (mpm) bisavó mãe do pai da mãe (6)

Observe e identifique que são casais.

64
<1> (2) são os avós pais da mãe
<2> (1) são os avós pais do pai
<3> (4) são os bisavós pais da avó materna
<4> (3) são os bisavós pais do avô paterno
<5> (6) são os bisavós pais do avô materno
<6> (5) são os bisavós pais da avó paterna

Cada casal atua num determinado aspecto. Abre o “campo” e o


formata. A imagem refletida das montanhas no lago é inspiradora
para ver o desdobramento, o movimento replicador de conteúdo
que vamos estudar. Os pais são a linha d’água, os filhos são imagens
reflexas, rebatidas e replicadas das imagens de seus avós e bisavós.

bia

Nós e nossos pais somos muitíssimos próximos entre nós,


somos metade de cada um deles, por isso não temos distância
suficiente para ver suas características em nós. Somos quase eles.
Eles são a beira do lago. Os nossos avós e bisavós são as montanhas
e as nuvens do céu. O conteúdo desses seis casais se replica, se
reflete no lago, em nós, nossos filhos e netos. Quando as águas de
nossos pais estão tranquilas, então vemos com nitidez.

Os pais

Acompanhamos um caso de uma criança que era problema


na escola. Para tudo que a professora falava ela dizia “é mentira”. A
certa altura a professora resolveu chamar uma terapeuta sistêmica
para ajudar. Esta, inteirando-se dos sintomas, chamou a mãe para
65
conversar. Perguntou. Qual a mentira na vida dela? Foi quando a
mãe disse que a menina é sua filha natural, mas o pai biológico foi o
doador anônimo de um banco de sêmem. “Ela sabe disso ?
Perguntou a terapeuta. Não, respondeu a mãe, nem sei como e se
devo contar. Ela está pedindo a sua verdade, tudo mais para ela, ela
chama de mentira.
A terapeuta conversou com a menina e contou sua verdade, “seu
nome”,o que despertou de imediato a vontade dela de conhecer o
pai. A terapeuta disse para a menina que na sessão seguinte ela
veria o pai. Assim a menina sossegou. No próximo encontro, a
menina chegou radiante de curiosidade. Foi levada a frente de uma
cortina, e então a terapeuta disse: “Aqui atrás, você vai ver seu
pai”. Puxou a cortina, e tinha ali um espelho. Então disse para a
menina. Metade do que você está vendo, é seu pai.

bia

Os ancestrais no corpo

Na milenar medicina chinesa o corpo é o encontro em


equilíbrio das duas energias Yang e Yin, a do pai e a da mãe, a do
lado masculino da família, e a do lado feminino.
As lateralidades se invertem ao nascer. Da concepção até o
nascimento, temos o lado Yang, do pai, na parte direita do corpo, e
o lado da mãe, Yin, no lado esquerdo. Doenças congênitas e
deformações ainda no útero da mãe seguem essa disposição. Uma
marca ou doença no lado direito da criança na gravidez até a hora
no parto, é referida ao pai. Já uma marca ou doença no mesmo lado
direito adquirida após o parto, é referida à mãe.
66
Na hora do nascimento ocorre curiosamente,
misteriosamente essa inversão. A mudança do mundo aquático
para o mundo aeróbico é um choque muito grande. A mudança de
estar conectado visceralmente à mãe e em alguns segundos ser
apartado dela, também. Vários elementos marcam essa passagem,
produzindo essa inversão, nesse momento tão especial que
precisamos entender muito mais, o nascimento.
No momento do nascimento o PH da mãe é igual ao PH do
bebê. A hora certa do bebê nascer é quando chega essa
equivalência. A equivalência é como uma porta que se abre, um
“campo” que se cruza, para a migração de sistema. Vamos ver isso
novamente quando abordarmos a outra migração que faremos na
partida, na passagem para o outro lado.
O bom amigo Marcos Fantini, de Belo Horizonte, queria
sempre escrever comigo um livro sobre a essa chegada:
“morremos ao nascer, morremos como seres das águas para
sermos do ar”, dizia ele. Agora foi ele que passou para o outro lado,
deixando-nos no “campo” das saudades.
Na medicina chinesa o corpo é dividido em áreas Yang e
áreas Yin.

Campo da Mãe Campo do Pai


Emocional Lógico mental
Cuidar Prover
Qualidade Quantidade
Reconhecimento Justiça
Afetivo sexual Sexual afetivo
Yin Yang

67
Yang ( +) (-) Yin
Costas pai (p) (+) mãe (m) (-) Frente
Lado direito pai (p) (+) mãe (m) (-) Lado esquerdo
Lado superior pai (p) (+) mãe (m) (-) Lado inferior
Perna direita m do pai (- +) m da mãe (- -) Perna esquerda
Braço direito p do pai (+ +) p da mãe (+ -) Braço esquerdo
Coxa direita pmp (+ - +) pmm (+ - -) Coxa esquerda
Ombro direito mpp (- + +) mpm (- + -) Ombro esquerdo
Mão direita ppp (+ + +) ppm ( + + -) Mão esquerda
Pé direito mmp (- - + ) mmm (- - -) Pé esquerdo

Visualize essa figura no quadro abaixo e se acostume com esses


endereços de nossos ancestrais no nosso corpo. Começamos ver
seu lado invisível,o das conexões formadoras, responsável pelo
desdobramento e desencadeamento da vida.

68
Campo dos pais

Herdamos de nossos pais o eixo da vida.


Somos sua extensão.
Na medicina chinesa existem quatorze meridianos. Dois
meridianos centrais, Yang e Yin, pai e mãe. E mais doze meridianos
em seis pares simetricamente lateralizados, posicionando os seis
casais de meridianos, os seis casais de avós, que recebem e passam
a energia vital, transformando-a e elevando-a para o próximo nível.
Somos essa mesma configuração. Nossos pais são esse par
e casal central, como o eixo, onde se equilibra a força vital, e
conecta com os doze avós e bisavós, em seis pares de casais
simetricamente lateralizados, que nos formam. O casal de
meridianos de nossos pais não tem lateralidade, são centrais,
acompanham a nossa espinha, um pelo lado anterior Yin, outro
pelo lado posterior, Yang.

Meridiano Vaso Governador


Governa a energia Yang
Pai
Vertical
Eixo pelo dorso
Segue a coluna
Do períneo ao nariz
Tem 28 pontos de acupuntura

Meridiano de Vaso Concepção


Liga todos meridianos Yin
Mãe
Vertical
Eixo pela frente
Do púbis ao céu da boca
Tem 24 pontos de acupuntura

69
Essa forçaa se equilibra em movimento dinâmico, girando ,
subindo e descendo no ritmo de nossa respiração.

Na respiração, inspiramos pelo


meridiano do pai, pelas costas,
a energia sobe. Expiramos pelo
meridiano da mãe, pela frente,
a energia desce e circula. Pai e
mãe nos deram a vida e conti-
nuam a nos dar vida a cada
nova respiração. Pai e mãe são
centrais. Estão juntos em nós
no céu da boca. São o eixo da
vida

Dos pais puxamos tudo o que não tem lateralidade.


Da energia sexual à capacidade de falar, que são centrais.
A energia de caráter, predominantemente Yang, do pai.
A energia de abrangência, predominantemente Yin, da mãe.
No eixo estão as medidas. A palavra medida vem do radical
MÄ ( fala-se mum) em sânscrito que significa mãe. Mãe, medida,
meditação, medicina, vem desse mesmo radical. Até mesmo
feminino e lua (moon). Pai é Pit. Fala-se piih. Advém dos sons da
criança, mamando e respirando, Mum e Piih, para dentro e para
fora. Quem mede é a mãe. É o feminino. Mätr.
O campo da mãe, o lado direito, depois será o campo da
empresa, no trabalho. O sucesso do nosso trabalho, nas empresas e
na vida, está sempre associado ao sorriso de nossa mãe.
A medida da mãe não é igual à medida do pai.
A contabilidade é a medida do pai. Dos números. A medida
da mãe é a das vibrações. Quando precisamos ”tomar uma
medida”, isso significa que precisamos “vibrar” como nossa mãe.

70
Entendendo o corpo de nova maneira

- Seis casais de
meridianos
- Seis
lateralidades
- Seis linhas de
força
- Seis campos
energéticos

- Seis casais
ancestrais

A mentalidade ocidental entende o corpo como um


complexo de órgãos e funções integrados que nos mantém vivo,
mais ou menos como uma empresa, onde tudo tem que dar certo.
A doença é um mal isolado que deve ser eliminado.
No oriente, o corpo é o veículo da vida, e a vida é um
caminho, um processo. Tudo que acontece é para apontar melhor
esse caminho da vida, então as doenças são bem vindas, pois são
como professoras que nos ajudam a dar o passo certo. Podemos
especular que cada região do corpo, cada órgão e função
corresponde a um casal ancestral por onde chegam as mensagens
do conteúdo familiar para serem processadas e assim podemos

71
seguir nosso caminho. Aqui os seis pares de meridianos colaterais.
Os avós no nosso corpo

Vamos subir a árvore da vida, vendo a conexão de nossos


avós e bisavós. Vamos chamá-los apenas de avós, assim eles ficam
mais próximos.
Podemos fazer uma correlação entre os seis casais dos
sistemas meridianos com os nossos seis casais de avós.

Local de origem dos meridianos


Pericárdio–Triplo aquecedor <5>(6) bisavós pais do pai da mãe
Fígado – Vesícula <6>(5) bisavós pais da mãe do pai
Coração – Intestino delgado <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe
Baço - Pâncreas <4>(3) bisavós pais do pai do pai
Rins - Bexiga <1>(2) avós pais da mãe
Pulmão - Intestino grosso <2>(1) avós pais do pai

Observe que há uma sequencia de avós. Essas mulheres


fazem a medida, a leitura de nosso corpo. Essas nossas seis avós
fazem a sequencia dos “ centros de força”, ou chácras:

(6) Pineal - Pituitária) bisavó mãe do pai da mãe


(5) Tireóides - Paratireóides bisavó mãe da mãe do pai
(4) Coração – Timo bisavó mãe da mãe da mãe
(3) Fígado - Baço bisavó mãe do pai do pai
(2) Suprarrenais avó mãe da mãe
(1) Gônadas (testículos-ovários) avó mãe do pai

72
(6)

(5)

(4)

(3)

(2)

(1)

Alex Grey

Representados nessa imagem de Alex Grey, do livro Sacred


Mirrors, vemos os sistemas dos meridianos, os seis centros de
força, o “endereço” de cada uma das nossas seis avós no nosso
corpo.
Nossos avôs, os esposos delas estão também no mesmo
Centro de força, discretamente, apenas dando seu contorno.
Quem entende do corpo, são as mulheres.

73
Cada um dos seis avós e avôs em sua sequencia
corresponde ao campo sequenciado do nascimento dos filhos.

<4 > - (3) <6> - (5) <5> - (6) <3> - (4)


<ppp> (mpp) <pmp> (mmp) <ppm > (mpm) <pmm> (mmm)
<2 > - (1) <1 > - (2)
<pp > (mp) <pm > (mm)
<p> (m)

<6> <5> <4> <3> <2> <1> (1) (2) (3) (4) (5) (6)

Nossa avó (1) mp , mãe de nosso pai está presente em


nosso corpo no centro (1) nosso aparelho reprodutivo. Nossa avó
(2) mm, mãe de nossa mãe, no centro (2) no nível dos nossos rins.
A “avó” (3) mpp, na verdade é bisavó, mas para não nos sentirmos
longe vamos chamá-la apenas de avó (3) a mãe de nosso avô
paterno está no nível no fígado e baço. Nossa “avó” (4) mmm, a
mãe de nossa avó materna, está no nível do coração e timo. A “avó”
(5) mmp, mãe de nossa avó paterna está no nível das tireóides e
paratireoides. E a “avó” (6) mpm, mãe de nosso avô materno está
no nível da hipófise e pituitária.
Nossas “avós” impares, um, três e cinco, são da família de
nosso pai, e as pares, dois, quatro e seis da família de nossa mãe.
Sistemicamente as “avós” um, três, cinco: gônadas, fígado -
baço, tireóide fazem o caminho Yang, fazem o caminho masculino
no nosso corpo, o trabalho duro, cuidando da reprodução, digestão
e defesa do corpo. As “avós” dois, quatro e seis, fazem o caminho
Yin, fazem o caminho das águas, o caminho feminino, light, rins,
coração e pituitária. Identidade, afeto e luz.
Quase a totalidade das doenças físicas tem origem psíquica,
emocional. Muitos livros descrevem isso. Todas as doenças tem
ligação a um centro de força, e podem ser consequência, refletir
diretamente a “lição de casa” que temos que fazer no “campo” de
conteúdo de uma determinada avó ou avô. A saúde no centro vital
é consequência da paz e harmonia de conteúdo emocional com avó
e avô correspondentes a esse centro.

74
Toda primeira filha (1) é ligada à avó mãe do pai (1).
E todo primeiro filho<1> é ligado ao avô pai da mãe<1>.
Dos segundos filhos em diante eles seguem na sequencia
iniciada pelo irmão ou irmã que nasceu antes; é a conexão física.

Avô Avó
Alfa- primeiro filho <1> (1) primeira filha Alfa+
Beta + o seguinte <2> (2) o seguinte Beta-
Gama- o seguinte <3> (3) o seguinte Gama+
Alfa + o seguinte <4> (4) o seguinte Alfa-
Beta - o seguinte <5> (5) o seguinte Beta +
Gama+ o seguinte <6> (6) o seguinte Gama-

Familiarize-se com os casais ancestrais na tabela abaixo.

<p> pai (m) mãe


<1> <pm> pai da mãe (2) (mm) mãe da mãe
<2> <pp> pai do pai (1) (mp) mãe do pai
<3> <pmm> pai da mãe da mãe (4) (mmm) mãe da mãe da mãe
<4> <ppp> pai do pai do pai (3) (mpp) mãe do pai do pai
<5> <ppm> pai do pai da mãe (6) (mpm) mãe do pai da mãe
<6> <pmp> pai da mãe do pai (5) (mmp) mãe da mãe do pai

Seis casais, que viveram uma história de vida, de amor, de alegrias,


de superação de dificuldades. Viveram uma vida geradora de vida,
da qual viemos. Essas doze figuras, constituem o que poderíamos
chamar de zodíaco familiar do qual todos fazemos parte, e se
refletirá de muitas maneiras na nossa vida.
Cada avô e bisavô recebe um número sequencial de <1> a
<6>, sempre entre colchetes, e cada avó e bisavós de (1) a (6), entre
parêntesis. Então teremos a seguinte estrutura, apresentado em
dois diagramas iguais, apenas com algumas diferentes repre-
sentações gráficas. Faça um diagrama seu, coloque o nome de seus
a avôs e avós, mesmo se não souber o nome, identifique-os do seu
jeito. Use o diagrama da página anterior.

75
Somos o produto da montagem de duas dimensões básicas,
Yang e Yin, pelos seis casais ancestrais.. A sequencia Yang pelos
nossos “avôs’. A sequencia Yin pelas nossas “avós”, pelos sistemas e
órgãos funcionais.

Atuação nos seis sistemas Yang e Yin de nosso corpo:


Yang Avô Avó Yin
Pmp <6> Glandular Nervoso (6) mpm
PPM <5> Linfático Metabólico (5) mmp
Ppp <4> Circulatório Excretor (4) mmm
Pmm <3> Muscular Digestivo (3) mpp
PP <2> Sanguíneo Urinário (2) mm
Pm <1> Ósseo Respiratório (1) mp
(se precisar utilize a tabela ao lado para os códigos m e p)

Atuação nos seis órgãos funcionais


Yang Avô Avó Yin
Pmp <6> Cérebro Pele (6) mpm
PPM <5> Baço Laringe (5) mmp
Ppp <4> Coração Coração (4) mmm
Pmm <3> Fígado Estomago (3) mpp
PP <2> Rins Sangue (2) Mm
PM <1> Útero Pulmão (1) MP
(se precisar utilize a tabela ao lado para os códigos m e p)

Como vimos, no “campo” físico somos conectados


especificamente a um casal ancestral, isto é um casal de avós ou de
bisavós, de acordo com a nossa ordem de nascimento dos irmãos.
O “campo” físico é o primeiro “campo” de onde se
materializa a vida, a partir dele é que são desenvolvidos os outros.
Ele “puxa” uma sequencia de aspectos, a partir de um casal
ancestral específico, seguindo a mesma seqüência na nossa ordem
de nascimento. Vamos aos poucos entendendo a mecânica
constitutiva da vida no nosso campo físico, mental e emocional,
como estão conectados aos nossos avós e bisavós seguindo a
seqüência do posicionamento como filhos.

76
Seqüência de filhos com conexão com casal ancestral físico
Após menina Alfa Beta Gama
(1) (Alfa+) <2>(1) avós pais do pai
(2) (Beta-) <1>(2) avós pais da mãe
(3) (Gama+) <4>(3) bisavós pais do pai do pai
(4) (Alfa-) <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe
(5) (Beta+) <6>(5) bisavós pais da mãe do pai
(6) (Gama-) <5>(6) bisavós pais do pai da mãe

Seqüência de filhos com conexão com casal ancestral físico


Após menino Alfa Beta Gama
<1> (Alfa-) <1>(2) avós pais da mãe
<2> (Beta+) <2>(1) avós pais do pai
<3> (Gama-) <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe
<4> (Alfa+) <4>(3) bisavós pais do pai do pai
<5>) (Beta-) <5>(6) bisavós pais do pai da mãe
<6> (Gama+) <6>(5) bisavós pais da mãe do pai

Então a nossa identidade vital, nossa conexão mais forte,


como o gosto que a vida tem, será feita com esse casal ancestral , e
deles com o que tiver o mesmo sexo que o nosso, será nosso
ancestral físico, o que é equivalente a dizer que ocupará a posição
do sol no nosso zodíaco familiar.

Então temos :

Seqüência de filhos com conexão com ancestral físico


Após menina Alfa Beta Gama
(1) (Alfa+) (1)mp avó mãe do pai
(2) (Beta-) (2)mm avó mãe da mãe
(3) (Gama+) (3)mpp bisavó mãe do pai do pai
(4) (Alfa-) (4)mmm bisavó mãe da mãe da mãe
(5) (Beta+) (5)mmp bisavó mãe da mãe do pai
(6) (Gama-) (6)mpm bisavó mãe do pai da mãe

77
Seqüência de filhos com conexão com ancestral físico
Após menino Alfa Beta Gama
<1> (Alfa-) <1>pm avô pai da mãe
<2> (Beta+) <2>pp avô pai do pai
<3> (Gama-) <3>pmm bisavô pai da mãe da mãe
<4> (Alfa+) <4>ppp bisavô pai do pai do pai
<5> (Beta-) <5>ppm bisavô pai do pai da mãe
<6> (Gama+) <6>pmp bisavô pai da mãe do pai

São mais que afinidades essas conexões de vida. O que


vinha sendo escrito na vida desses avós e bisavós de conexão vital,
continua sendo escrito na vida dos filhos, seguindo essa ordem.
Uma primeira filha (1) Alfa +, conectada com a avó mãe do
pai (1), se beneficiará de todo trabalho que esta avó tiver realizado,
facilitando a tarefa da netinha, como um bônus. Ou se essa avó
tiver deixado muita “lição de casa” no sistema, do mesmo modo, a
netinha (1) receberá isso, porém em forma de ônus.
Um segundo filho menino, nascido depois de menina, será
um irmão (2) na seqüência, um Beta -, estará conectado com a avó
mãe da mãe (2). Ele avançará mais rápido onde esta avó já avançou,
porém derrapará também nas áreas onde essa avó derrapou. E
assim também com os outros irmãos.
Isso não quer dizer que não será conectado às outras avós e
avôs, mas que com esses por semelhança tem o mesmo diapasão
vibracional.
Outro exemplo, um menino primeiro filho <1> Alfa -,
conectado com seu avô pai da mãe <1>, poderá ter interesses
semelhantes aos dele, escolher uma profissão na mesma área da
desse avô. Uma criança que nascer depois desse menino, uma
menina, por exemplo, será uma menina <2> conectada ao pai do
pai <2> , mais do que afinidades ela terá desse avô o mesmo gosto
da vida, pode repetir seu destino, pode repetir doenças, pode
repetir seu sofrimento e alegrias, seguirá vivendo sua saga.
Mais do que conexão, esses vínculos e ligações revelam as
estruturas da vida, passamos a enxergar a continuidade invisível,

78
por marcas e vestígios. O que tem passado despercebido, agora
pode ser visto, pelo desdobramento dessa Imensa Vida.
A formação de um ser é um processo complexo, que agora
começa a ser mapeado, juntando física quântica e ferramentas
sistêmicas.
Terceiro filho depois de menina, um filho (3) Gama+,
seguirá no fluxo continuado de sua avó (3). O (4) Alfa-, da avó (4). E
assim por diante.

A formatação Mental

Vimos a formatação física, agora vamos continuar a montar


a árvore ancestral, visualizando o campo mental.
O primeiro grande conceito desenvolvido por Sigmund
Freud foi o de Inconsciente. Seu pensamento teórico assume que
não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Nada ocorre por
acaso. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória
revivida, sentimento ou ação. Cada evento é causado pela intenção
consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o
precederam ainda nos pais e ancestrais, no que chamou de
determinismo psíquico. Uma vez que alguns eventos mentais
"pareceram" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar
e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a
outro. Quando um pensamento ou sentimento parece não estar
relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precederam, as
conexões estão no inconsciente. Quando estes elos invisíveis são
descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida.
O cérebro racional, o neo córtex, racional, tem seis
camadas conectadas aos seis avôs:

Molecular superficial <6> pmp


Granular externa <5> ppm
Molecular piramidal externa <4> ppp
Granular interna <3> pmm
Ganglionar piramidal interna <2> pp
Multiforme <1> pm

79
Considerando o conceito atual de das inteligências
múltiplas, podemos identificar seis tipos de inteligências, que
acompanham três tipos de vibração.
São elas :
vibração
A inteligência lingüística Alfa
A inteligência musical Beta
A inteligência lógico-matemática Gama
A inteligência a espacial Alfa
A inteligência corporal-cinestésica Beta
A inteligência Intrapessoal e interpessoal Gama

Cada vibração juntando elementos teóricos da neurologia e


da psicologia cognitiva. Os testes de Q.I são incipientes para a
medição da inteligência, são restritos em sua abrangência e focam
somente o conhecimento linguístico e lógico-matemático. Eles têm
a mesma cara da cultura ocidental, com seu viés próprio, que não
está dando conta da missão de levar uma vida digna para os bilhões
de seres humanos que somos.
Para realizar as grandes mudanças que precisamos fazer
como indivíduos e como espécie humana, precisamos bem mais do
que mentes brilhantes, precisamos de inteligência emocional.
Nossa estrutura mental está ligada a outros dos seis casais
ancestrais que vem desdobrando o nosso “campo”assim:

Sequencia de filhos com conexão com casal ancestral mental


Após menina Alfa Beta Gama
(1) (Alfa+) <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe
(2) (Beta-) <4>(3) bisavós pais do pai do pai
(3) (Gama+) <5>(6) bisavós pais do pai da mãe
(4) (Alfa-) <6>(5) bisavós pais da mãe do pai
(5) (Beta+) <1>(2) avós pais da mãe
(6) (Gama-) <2>(1) avós pais do pai

80
Seqüência de filhos com conexão com casal ancestral mental
Após menino Alfa Beta Gama
<1> (Alfa-) <4>(3) bisavós pais do pai do pai
<2> (Beta+) <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe
<3> (Gama-) <6>(5) bisavós pais da mãe do pai
<4> (Alfa+) <5>(6) bisavós pais do pai da mãe
<5> (Beta-) <2>(1) avós pais do pai
<6> (Gama+) <1>(2) avós pais da mãe

Todos nossos ancestrais fazem conexão mental conosco,


formatam nosso “campo”mental. Porém é desse casal ancestral que
prepondera o ancestral de mesmo sexo que o nosso, que é mais
forte e ganha o apelido de ancestral mental, assim :

Seqüência de filhos com conexão com o ancestral mental


Após menina Alfa Beta Gama
(1) (Alfa+) <3>pmm bisavô pai da mãe da mãe
(2) (Beta-) <4>ppp bisavô pai do pai do pai
(3) (Gama+) <5>ppm bisavô pai do pai da mãe
(4) (Alfa-) <6>pmp bisavô pai da mãe do pai
(5) (Beta+) <1>pm avô pai da mãe
(6) (Gama-) <2>pp avô pai do pai

Seqüência de filhos com conexão ancestral mental


Após menino Alfa Beta Gama
<1> (Alfa-) (3) mpp bisavó mãe do pai do pai
<2> (Beta+) (4)mmm bisavó mãe da mãe da mãe
<3> (Gama-) (5)mmp bisavó mãe da mãe do pai
<4> (Alfa+) (6)mpm bisavó mãe do pai da mãe
<5> (Beta-) (1)mp avó mãe do pai
<6> (Gama+) (2)mm avó mãe da mãe

Nosso ancestral mental é preponderante no nosso


entendimento das coisas, e na maneira como vemos o mundo.

81
A formatação emocional

Mas de onde vem o perigo,


cresce o que salva também
Hölderlin

Tudo que existe em nós e ao nosso redor, foi atraído por


nós. Se somos infelizes, temos angústia, complexo de inferioridade,
pena dos outros, não sabemos dizer não, se temos muitas vezes
ódio, rancor, medo, não possuímos capacidade de adquirir riqueza,
ou se somos doentes independente de nossa vontade. Tudo isto é
reflexo de emoções programadas que estão em nosso inconsciente,
estão no nosso sistema e aqui está sua mola mestra.
Estudando a estrutura do inconsciente coletivo, Carl Jung
juntou a dimensão familiar, no que pode-se chamar de inconsciente
familiar. Somos expostos a todo conteúdo familiar, nele levamos
como que um choque, que nos paralisa, que tira nossos
movimentos. É ele que nos move, nos deixa operando no
automático, seguindo seus drivers sociais, circunstanciais e
situacionais, e desse modo imergimos no caldo grosso familiar não
resolvido. Podemos ficar nele por toda existência, ou podemos
mudar isso. Para tanto precisamos entender a dinâmica de como
esse conteúdo emocional aflora na nossa árvore familiar, ver seu
padrão e posicionamento seqüencial, nos prendendo a seu destino.
Vejamos as nossas conexões com o casal ancestral
formatador emocional, de onde começa a ser puxado esse
conteúdo emocional.

Seqüência dos filhos e conexão com casal ancestral emocional


Após menina Alfa Beta Gama
(1) (Alfa+) <6>(5) bisavós pais da mãe do pai
(2) (Beta-) <5>(6) bisavós pais do pai da mãe
(3) (Gama+) <2>(1) avós pais do pai
(4) (Alfa -) <1>(2) avós pais da mãe
(5) (Beta+) <4>(3) bisavós pais do pai do pai
(6) (Gama-) <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe

82
Seqüência dos filhos e conexão com casal ancestral emocional
Após menino Alfa Beta Gama
<1> (Alfa -) <5>(6) bisavós pais do pai da mãe
<2> (Beta+) <6>(5) bisavós pais da mãe do pai
<3> (Gama-) <1>(2) avós pais da mãe
<4> (Alfa +) <2>(1) avós pais do pai
<5> (Beta-) <3>(4) bisavós pais da mãe da mãe
<6> (Gama+) <4>(3) bisavós pais do pai do pai

Seqüência dos filhos e conexão com o ancestral emocional


Após menina Alfa Beta Gama
(1) (Alfa+) (5)mmp bisavó mãe da mãe do pai
(2) (Beta-) (6)mpm bisavó mãe do pai da mãe
(3) (Gama+) (1)mp avó mãe do pai
(4) (Alfa-) (2)mm avó mãe da mãe
(5) (Beta+) (3)mpp bisavó mãe do pai do pai
(6) (Gama-) (4)mmm bisavó mãe da mãe da mãe

Seqüência dos filhos e conexão com o ancestral emocional


Após menino Alfa Beta Gama
<1> (Alfa-) <5>ppm bisavô pai do pai da mãe
<2> (Beta+) <6>pmp bisavô pai da mãe do pai
<3> (Gama-) <1>pm avô pai da mãe
<4> (Alfa+) <2>pp avô pai do pai
<5> (Beta-) <3>pmm bisavô pai da mãe da mãe
<6>(Gama+) <4>ppp bisavô pai do pai do pai

O “campo” físico é a primeira onda da vida. O “campo“ mental vem


em seguida e o abre. O “campo”
emocional abre mais e conecta ao
mundo. São como ondas que se
mesclam na superfície de um lago. O
mental expande o do físico. O
emocional expande o mental, e
todos juntos formam o movimento
da vida. No diapasão com o nosso
posicionamento de filhos no nosso sistema, na árvore da família.
83
Quadro resumido
<4 > - (3) <6> - (5) <5> - (6) <3> - (4)
<ppp> (mpp) <pmp> (mmp) <ppm > (mpm) <pmm> (mmm)
<2 > - (1) <1 > - (2)
<pp > (mp) <pm > (mm)
<p> (m)

<6> <5> <4> <3> <2> <1> (1) (2) (3) (4) (5) (6)

Onde temos os casais ancestrais


Emocional Mental Físico Ordem de Físico Mental Emocional
Nascimento
<5>(6) <4>(3) <1>(2) <1> (1) <2>(1) <3>(4) <6>(5)
<6>(5) <3>(4) <2>(1) <2> (2) <1>(2) <4>(3) <5>(6)
<1>(2) <6>(5) <3>(4) <3> (3) <4>(3) <5>(6) <2>(1)
<2>(1) <5>(6) <4>(3) <4 > (4) <3>(4) <6>(5) <1>(2)
<3>(4) <2>(1) <5>(6) <5> (5) <6>(5) <1>(2) <4>(3)
<4>(3) <1>(2) <6>(5) <6> (6) <5>(6) <2>(1) <3>(4)

São seis níveis, seis dimensões conectadas como os nossos


seis avôs ou as seis avós. A espécie humana é resultado da vontade
de duas lateralidades em seis níveis. Seis centros de força.
Dualidades, pai e mãe, masculino e feminino, direito e
esquerdo, Yang e Yin, convergindo para um inteiro.
A lateralidade física tem conexão com a lateralidade
energética, pai e mãe. A formatação mental tem sua seqüência, a
emocional outra ainda. Cada filho em seu posicionamento abre
uma estrutura própria, onde por ressonância recebe o conteúdo da
família. Toma-o como seu. Entendendo vê que é de todos.
Ressignificando ele se torna leve. A vida não são essas duas ou três
gerações. São milhões de anos condensados nos nosso corpo.
Fizemos pela ciência uma leitura desse corpo, mental e
emocional. Mas o quadro apresentado é como uma pintura
rupestre dessa realidade.

84
Cruza e avança ( sobre o eixo imaginário do gênero )

Existem mais leituras que podemos fazer no posicionamento a


partir de um eixo do gênero, passando pelo centro imaginário
entre pai e mãe, masculino e feminino, que segue pela família
do pai e da mãe, e dos filhos nascidos depois da primeira irmã
e dos filhos nascidos depois do primeiro irmão. Formando o
quadro a seguir:

<4 > - (3) <6> - (5) <5> - (6) <3> - (4)


<ppp> (mpp) <pmp> (mmp) <ppm > (mpm) <pmm> (mmm)
<2 > - (1) <1 > - (2)
<pp > (mp) <pm > (mm)
<p> (m)

<6> <5> <4> <3> <2> <1> (1) (2) (3) (4) (5) (6)
A C A C A C C A C A C A
C C A A A C C A A A C C

C A A C C A A C

Onde
C = cruza e A = avança

Cruza, Cruza, CC como no primeiro filho, <1> Alfa - , é quando um


menino está conectado ao pai da mãe, e tem que cruzar duas vezes
o eixo imaginário do gênero, uma para sua mãe, masculino-
feminino, outra da sua mãe ao pai dela, feminino-masculino.
Avança, Avança, AA como nos segundos filhos, (2) e <2>, pois seu
de seu lugar de chegada não precisam cruzar nenhum vez esse eixo
do gênero, para se conectar com seu ancestral físico (2) ou <2>.
C A dos terceiros filhos, (3) e <3>, pois Cruza e Avança esse eixo.
A C como nos sextos, (6) e <6>, onde Avançam e Cruzam.

85
Então podemos ver a complementação que ocorre entre os irmãos :

quartos e primeiros ( Alfa - Alfa+)


quintos e segundos ( Beta + Beta -)
sextos e terceiros ( Gama - Alfa+)

Isso produz os aspectos abaixo na sequencia após primeiro menino:

Alfa - menino <1> CC Alfa+ criança <4> AA


Físico franzino Físico forte
Tipo mental Tipo emocional

Beta+ criança <2> AA Beta- criança<5> CC


Físico forte Físico franzino
Tipo emocional Tipo mental

Gama - criança <3> CA Gama+criança<6> AC


Físico franzino Físico forte
Tipo mental Tipo emocional

E na sequencia após primeira menina:

Alfa + menina (1) CC Alfa - criança (4) AA


Físico forte Físico franzino
Tipo mental Tipo emocional

Beta - criança (2) AA Beta + criança(5) CC


Físico franzino Físico forte
Tipo emocional Tipo mental

Gama + criança (3) CA Gama - criança(6) AC


Físico forte Físico franzino
Tipo mental Tipo emocional

Aos poucos vamos montando a grande equação matemática do


desdobramento da vida, da replicação. Tudo vai se encaixando
numa estrutura, onde se pode ver com novos olhos.

86
Uma estrutura que pode ser observada a partir do íntimo de quem
observa, com o observador incluído, como apregoa a física
quântica.
A matriz Alfa, Beta e Gama, é como um compasso de valsa
que a seu ritmo faz dançar tudo ao nosso redor. São os blocos com
os quais é constituída a vida. Filhos únicos são Alfas, mas com a não
chegada dos irmãos, ele carrega potencialmente os que poderiam
chegar. O Beta seu potencial decorrente fica um pouco neles. O
Gama que decorreria do Beta, um pouquinho ainda menos.

Entendendo as conexões

Vimos que o “campo” de nossa avó (1) mãe do pai, no


nosso corpo são as gônadas. Para mulheres os ovários, para os
homens os testículos. Esse é o campo Alfa. Desse “campo” emana
liderança, iniciativa e determinação.
Vimos que também é Alfa, o campo do coração, regido pela
nossa avó (4) mãe da mãe da mãe. Desse campo emana ritmo,
entrega e paixão.
Então há uma complementaridade, uma integração a ser
feita no nosso “campo” Alfa no corpo.

“Campo” Alfa
Mãe do pai Mãe da mãe da mãe Complementaridade
Avó (1) Avó (4) Campo integrado
Gônadas Coração Meridianos 4 e 1
Sexo Amor Sexo integrado ao amor
Entrar na vida Entrar no emocional Entrar no cosmos

87
Da mesma maneira vimos o “campo“ Beta regido pela nossa
avó (2), mãe da mãe. Desse campo emana identidade, criatividade,
aperfeiçoamento. Vimos que é também “campo” Beta, o domínio
de nossa avó (5) mãe da mãe do pai, o campo da tireóides. De onde
emana defesa imunológica, sensibilidade. Então aqui, há
novamente uma complementaridade.

“ Campo” Beta
Mãe da mãe Mãe da mãe do pai Complementaridade
Avó (2) Avó (5) Campo integrado
Suprarrenal Tireóides Meridianos 5 – 2
Criatividade Sensibilidade Liberdade criadora
Identidade do ser Identidade do sistema Identidade cósmica

E no “campo” Gama também. Da avó (3), do domínio do


fígado e baço, emana “ordem na casa”, atenção aos detalhes.
É também Gama é a nossa avó (6) que rege a Hipófise e
Pituitária. Esta controla a pele e a luz interna, o quanto de luz nossa
vai em tudo que fazemos. Então temos :
Campo “Gama”
Mãe do pai do pai Mãe do pai da mãe Complementaridade
Avó (3) Avó (6) Campo integrado
Fígado - baço Hipófise pituitária Meridianos 6 -3
Luz no corpo Luz na mente Iluminar
Micro Macro Universal

Na física quântica

Na física quântica, aprendemos que a luz se comporta ora


como onda, ora como partícula. Aprendemos que o estado de
consciência e observação interfere na forma como ela se apresenta.
Entendemos que antes de se manifestar, a luz envia uma
onda invisível, abrindo o campo, e dependendo do que essa onda
encontra, a luz se manifesta ou de um jeito ou de outro, onda ou
partícula, o que for mais adequado à realidade.

88
Da mesma forma, todo evento é equivalente à luz.
Antes de cada coisa acontecer, vem uma onda e “sente” o
quanto de observação e consciência está disponível ali, e “puxa” o
evento de forma a combinar a melhor forma com o que existe.
Cada criança que chega ao mundo é a realização da melhor
combinação disponível para aquele sistema. As ondas que
antecedem os eventos vêm sendo emitidas pelos pais, avós e
bisavós. Eles geram o campo, por onde se incorpora o evento.
Essas ondas emanam dos “campos”.
Uma primeira criança faz uma varredura da onda Alfa, e
vem ao mundo. A segunda, da onda Beta; a terceira da onda Gama,
em movimento circular cíclico, que não retorna ao ponto de
partida, mas num ponto acima, sempre avançando, como em um
movimento helicoidal, semelhante ao hélix do DNA.
O que define o sexo das crianças é a leitura do campo Yang
e Yin do sistema. Vem a onda, lê o conteúdo, e abre o melhor
arranjo para aquela realidade.
Do mesmo modo o que define os talentos e qualidades
pessoais também, vem a onda, mede a observação e a consciência
do sistema e abre a melhor possibilidade para o sistema.
Antes da nossa concepção veio a onda, scaneou o sistema,
e movida pelas forças de extremo bem, conjugou o melhor arranjo,
através da música que compôs em nosso DNA. Doze timbres
musicais. Doze avós.

Yang e Yin se
compõem, numa
resultante.

Alfa, Beta e Gama,


também

89
Como as seis avós,
Estão presentes
e integradas
em nosso corpo.

Imagem do livro
Sacred Mirrors
The Visionary Art of
Alex Grey

Evolução

Amor é evolução. Evolução é amor.


Nós é que os separamos. A evolução não desperdiça
recursos nem chances para se manifestar, para avançar.
Pelo sim ou pelo não, a evolução é sempre pelo sim.
Ela está apontando sempre na direção do bem, da
harmonia, do entendimento, da inclusão, na esperança de avançar
nos níveis de consciência, para colocar o ser humano no patamar
mais elevado para o qual ele foi criado.
Cada ser humano mais do que o resultado de sua família, é
um presente para ela. Suas qualidades sistêmicas que o trouxeram
ao mundo são uma mensagem inequívoca de evolução. Se é difícil
ver isso, é porque estamos preenchidos pelos sofrimentos de nosso
sistema, e com isso ficamos fora de nossa motivação primária,
fazendo de nós seres mais superficiais, voltados mais para as
circunstâncias do que para a essência.

90
Mas podemos desobrigar o nosso sistema familiar e ampliar
a visão do nosso papel no mundo. Para isso usaremos as letras com
que se escreve o código da evolução, Alfa, Beta e Gama.
O Alfa vai pelo cheio, pela matéria, o Beta vai pelo vazio,
pelo invisível, pela energia, o Gama vai pelo nada na direção do
abundante, isto é pelo significado. Matéria, energia e significado,
são formas para se expressar e ler os elementos da realidade.
David Bohm certa vez, perguntado sobre com quais letras
escreveria a palavra deus, disse com três letras ou palavras :
Matéria, Energia e
Significado. São como os
três canais, Alfa, Beta e
Gama, por onde passa o
fluxo continuado do
conteúdo de tudo a começar
pelas famílias. Ou como na
equação mais famosa de
Albert Einstein
E=mc2 Prof.David Bohm em sua casa
Arya Vihara, Ojai, Califórnia
Onde E é energia, M é matéria e c 2, a constante da velocidade da
luz ao quadrado, é luz multiplicada por si mesma, luz iluminando a
si mesma, isto estamos associando e traduzindo livremente por
significado.
O princípio formativo da matéria é o significado.
O princípio formativo da energia é a matéria.
O princípio formativo do significado é a energia.
Na física o quarto elemento é o plasma. Mais que outro é a síntese
dos três primeiros. Então por milhões de anos percorremos esses
princípios formativos.
A matéria está no centro, não muda, inscreve.
A energia, que o tangencia, o adapta, circunscreve.
O significado que torna um em tudo, transcreve.
A matéria só pode ser compreendida quando expressa no idioma
da energia. A energia no idioma do significado, e o significado no
idioma da matéria.

91
Matéria Alfa

Energia Beta

Significado Gama

C2

Filhos únicos

Os filhos únicos acabam ocupando uma categoria própria,


composta da mescla de dois terços (65%) de Alfa, ( 20%) de Beta,
(15%) de Gama, tudo isso junto e misturado.
Socialmente eles terão mais dificuldades em ser fraternos.
Competirão com seus pais, buscarão muito autoafirmação.
Segundos filhos, caçulas (que não tiveram mais irmãos), carregam
sistemicamente um tanto de Gama em si. Terão tendência a fazer
amigos Gama, casarem com cônjuges Gama. Da mesma forma,
sistemicamente, os filhos absorvem o campo dos irmãos mais
velhos que morreram antes deles. Uma menina <2> que chega
depois de um irmão <1> que morreu, vai trazer consigo esse campo
“fantasma” do irmão. Pode mesmo travestir-se dele, isso por amor
aos pais, para que assim eles não sintam tanto a falta dele.
Isso pode acontecer em qualquer ponto do posicionamento. Um
menino (4), depois de (1)menina,(2)menino, (3)menina, que morreu

92
ao nascer, por exemplo, tende assumir parte de seu caráter como
(3)menina, mesmo sendo menino, para incluí-la. Ao sair de seu
posicionamento vai dificultar sua tarefa de achar o seu conteúdo
sistêmico dentro do fluxo familiar. Será como um filho adotivo de
de seus pais naturais.
Quando os pais desejam a criança de um determinado sexo e nasce
do outro, sistemicamente foi gerada uma carga que também vai ser
um complicador sistêmico para essa criança achar seu lugar.

Mecânica da família

Recebemos nosso nome próprio sempre acrescido dos


nomes da família da mãe e do pai. Nomes que vieram dos pais
deles, e vem vindo na família. Nosso nome é uma chave vibracional
que abre a porta da ancestralidade. O “campo” dos avós está
disposto em linhas invisíveis chamadas meridianos lateralizados, em
centros de força, e áreas físicas espalhadas pelo corpo.
O estudo dessas conexões e graus de afinidade com avós e
avôs, indicam uma abrangência inesgotável.
Esses centros de força, chamados de chákras no oriente,
geram linhas de força, chamadas de meridianos na acupuntura, são
ligações entre os centros de força.
O que podemos concluir é que tudo que sabemos é apenas
a ponta do iceberg dessa Imensa Vida que vem vindo se refletindo
e replicando por milhares de gerações, lenta e firmemente, se
desenvolvendo e se desdobrando até chegar aqui. Assim, desta
forma, reincorpora o passado ancestral nas camadas do cérebro,
nos centros de força, trazendo energia vital desses nossos doze
avôs e avós no nosso corpo. Cada um deixando uma mensagem
precisa, num lugar preciso, em nós.
Essa diagramação ancestral se cruza com o posicionamento
dos irmãos, criando a matriz única e individual que temos. Que é o
nosso veículo, nossa chave, para encontrarmos saúde, paz, e o
nosso caminho. Nosso centros de força, ou chácras, são conhecidos
a milhares de anos. O novo é vê-los com as feições de nossos
queridos antepassados.

93
4 - O trabalho consigo
Primeiro esvaziar,
Depois permanecer no vazio
Só do vazio emerge o significado

A Era do Significado

Diz-se que o maior trunfo de se ganhar a batalha é o de se


poder contar a história do seu modo. É a prerrogativa do poder
adquirido: da o relevo da historia. Não apenas apresentar os
resultados, mas com eles validar as próprias intenções. Contar a
história desde o seu primeiro movimento, de origem, é poder ligá-la
ao destino, validando os resultados.
Quem pode contar a história da família, quem pode dar
relevo, e conectar origem ao destino? Só aquele que se sente
vitorioso, pode contar a história. Aquele que exerce o poder de
colocar as coisas no seu devido lugar. Isso é o que podemos fazer,
reescrevendo a história de nossa família.
É a nossa primeira tarefa.
Vamos ser auxiliados pelo genograma. O levantamento
histórico da vida e saga desses seis casais que constituem a base da
história. Ler a história é mais fácil. O mais difícil é ler a historicidade,
isto é o que ela está querendo dizer, quais as intenções e significado
dos movimentos.
Como um aperitivo para essa tarefa ofereço a carta para os
antepassados do livro “Cartas não entregues”, disponível na
internet , nos livros não publicados em :

Tarsobh3.blogspot.com. outros livros publicados

Outras informações e atualizações do livro e do


Instituto Imensa Vida, estão no site:
www.imensavida.com

Músicas
https://soundcloud.com/tarsofirace

94
Carta a meus pais e avós, e a todos os pais e avós e assim
por diante, meus e de meus amigos e amigas.

Queridos pais e avós e assim por diante.


Vou chamá-los apenas de pais e avós.
Sei que muito de cada um de nós está em vocês.
Dou-me conta que todos vocês estão em mim. Mesmo que
tenham vivido em outras épocas, com ideias e idiomas diferentes,
outro sexo, mesmo assim. Todos vocês são um em mim. Vocês são
a janela de possibilidade por onde eu pude vir. Venho da
multiplicação amorosa de vocês.
Mesmo que estejamos em mundos distantes, vocês estão
no meu mundo. Minha pele é a mistura da pele de vocês. Meu
corpo, minhas características físicas todas advém das de vocês.
Sou a extensão viva de vocês, fazendo a experiência de
viver como sendo eu mesmo.
A relação entre vocês seja lá como tenha sido, constitui a
minha capacidade de relacionar-me. Seus desejos rondam os meus.
Suas crenças contornam as minhas. Suas mágoas ressentem-se nas
minhas. Sinto em mim o desejo de realizar o que vocês não
puderam.
Mais do que prolongação de vocês, sou a chance de ir além.
A oportunidade de expandir o amor e a verdade em nossa
família, e avançar o nosso destino comum.
Por essa razão, terminar um projeto é para mim como
concluir, de alguma forma, o projeto de vocês. Superar uma mágoa
ou um trauma é curar a nossa vida. Isso me dá muita força para
seguir e conseguir. Sinto que ao realizar-me, atenuo, ao menos um
pouco, o peso das frustrações e fracassos acumulados em nós.
Queridos pais e avós,
Sou o amalgama vivo de todos vocês.
Mas somente fazendo uma vida com a minha cara,
é que posso honrar a vida de vocês. Permitam-me experimentar
outras harmonias e ritmos que não os seus, trilhar outros caminhos,
ultrapassar o conhecido por vocês. Se me arrisco mais, me exponho
mais, se tomo outra rota, se uso outros acordes, saibam que essa

95
minha sonoridade irá compor com a de vocês a grande música do
universo.
Se eu puder amar com toda força a vida que faço, poderei
de algum modo, liberar o amor que não pode ser amado na vida de
vocês. Se puder ser útil nessa vida, e produzir algo bom, novo e
sincero, poderei fazer isso por todos nós.
Sinto que cada célula do meu corpo canta em
agradecimento à vida. Porém, se não puder colocar a mim e aos
meus filhos na correnteza da evolução, ficaremos todos à deriva
nos redemoinhos dos ressentimentos, e do pequeno amor.
Para isso preciso da benção de vocês. Para nos colocar
nesse fluxo inteiro indivisível. Preciso da essência de vocês para que
meus filhos conheçam a própria essência, e juntos possamos
acessar nosso destino.
Somente por vocês tenho acesso ao primeiro homem. E só
quando este passar por todos é que poderemos acessar o último.
Que maravilhosa simetria !
O homem se vendo na imensa vida, e a imensa vida se
refletindo no homem.
Saibam queridos avós, que vocês têm um cantinho aqui
comigo. Fico por aqui mais um tempo, até me reunir com vocês
mais tarde. Quando todos juntos seremos o rosto vivo da vida.
Obrigado, um beijão.

Tarso.

bia

96
Escrevendo para nossos antepassados

Essa carta inspira outras cartas a serem escritas, com o


objetivo de quebrar as distancias e estabelecer pontes além da
memória e do conhecimento. Escrever para as nossas avós e avôs, é
estabelecer contato com o que não está separado emocionalmente.
É a oportunidade de agradecer-lhes a vida que nos chega por meio
deles.

Tive a chance de ir à Itália, e escrever o livro sobre minha


avó (1). Pela bondade do primo querido Domingos, o livro foi
publicado. Sentado entre o mar e a montanha de Santa Maria de
Castellabate, ela, a montanha, “falou” comigo e o que ela contou
sobre minha avó(1) e sua mãe a avó (5),
escrevi no livro OUVINDO AS
MONTANHAS. Disponível na internet em
tarsobh3.blogspot , em livros publicados.
Estive na Espanha para levantar
as informações da avó (2) e sua mãe, a
minha bisavó (4). E consegui levantar
preciosas informações em sua pequena
cidade, algo dela ainda estava lá.
Escrever para nossas seis avós é
uma viagem no tempo. A escrita é um
processo mais lento do que a fala, ao diminuir o ritmo do mental, o
conteúdo emocional pode passar por pequeninas frestas e chegar à
consciência. Essa é a forma que o emocional tem de cruzar a capa
do racional. Uma fresta que depois vai se abrindo mais de forma a
deixar passar o seu conteúdo.

Pode-se escrever cartas para as seis “avós” e “avôs”, com a


sugestão de temas relacionados aos nossos seis centros de força.

97
Temas para se escrever para a nossa avó (1)
Manutenção da vida Prazer prazer de viver
Água Sexualidade Realização pessoal
Mente Saciedade Paladar
Amídalas cordas vocais Faringe

Minha avó Joseppina (1) e meu avô Domingos <2>


Ela morreu com 39 anos. Ele foi minha referência
Uma mulher forte. Morreu nos meus braços.

Temas sugeridos para avó (2) e o avô <1> seu esposo


Adaptação Terra Sobrevivência
Individualidade Base de sustentação Conquista
Compromisso Força da realização Razão e lógica
Nariz olfato Calcanhar
Nuca joelhos Cotovelos

Minha avó Mercedes (2) Meu avô Manoel <1>


Morreu no ano que Maneco, de onde
nasci. Minha mãe deriva Maneca, Neca
conta que ficava o apelido de minha mãe.
horas comigo no colo.

98
Temas sugeridos para a carta para avó (3) e avô <4>
Identidade Percepção Senso de presença
Sentimentos básicos Entendimento Individualidade
Olhos Queixo Músculos abdominais
Tornozelo Impulsos da vida Umbigo
Diafragma Peito Pessoalidade

Minha bisavó (3) Rosalia Amalfi e seu esposo <4>


Ela é a responsável pela Ele tinha o mesmo nome de meu
vinda da família de Santa pai, Salvador Firace, que aparece
Maria Castellabate, Itália ao fundo com minha mãe, ainda
para São Paulo, Brasil noivos.

Temas sugeridos para carta da avó (4), e seu esposo o avô <3>.
Socialização Amorização Estímulos emocionais
Harmonia das relações Intimidade Pele
Tato Sensibilização Expressão de afetos
Peito Coração Toque
Aceitação Pulmão Dar e receber

Ubatuba (livre associação) (4) <3> Ourense, Espanha, cidade deles


Dessa bisavó sei muito pouco. Onde fui com minha mãe e meu
Mas sinto o cheiro de mar quando filho. E encontramos apenas os
lembro ou escrevo para ela. vestígios desses bisavós.

99
Temas sugeridos para carta para a avó (5) e seu esposo o avô <6>
Fala e gestos Liberdade de criação Audição
Linguagem Criatividade Ouvido
Virilhas Axilas Garganta
Sistema Imune Braços Prazer da expressão
O que é profundo Sensibilidade Abundancia

Minha bisavó Angela (5) e meu bisavô Domenico <6>)


A conheci menino, quando veio ao Brasil em 1965, ano em que morreu.
Sua Filha com 92 anos, veio ao lançamento do “Ouvindo as Montanhas”.

Temas sugeridos para carta da avó (6) e seu esposo <5>


Percepção Síntese Validação
Extrassensorial Auto reconhecimento Nobreza
Êxtase Sexto sentido Senso de plenitude
Luz Cabeça Consciência universal
Pele Cada célula do corpo Céu da boca

Minha bisavó Ana (6) e meu bisavô Joaquim <5>


Nessa foto de 1905, ela e meu bisavô reuniram todos
seus dez filhos. De tanto “conversar” e “escrever”para ela,
sinto que somos grandes amigos

100
GPS ( Genetic Positioning System )

O genossociograma, uma técnica sugerida pela terapeuta


Anne Ancelin Schützenberger, é um detalhado levantamento dos
eventos que marcaram a história da família, com muitos símbolos,
datas e tudo mais. Nele é possível ver as mudanças ocorridas depois
de determinados eventos fortes na família, como repetições de
fatos e datas numa reconstrução de investigador policial sobre um
crime. Acrescido da leitura das conexões do posicionamento dos
filhos com os seis avôs e avós, e localizando o campo F- físico, M-
mental, E- emocional gera um quadro, mais que isso um espelho
sistêmico de imenso valor.
Anne Ancelin costumava perguntar: “Como vocês se
chamam?“ Entrar pela identidade do nome, seguindo a vertente
sonora, realizando a ressignificação histórica da família.
Nisso há uma semelhança com um detalhe na história de
Parsifal, cavaleiro medieval do Rei Arthur. Sua mãe temendo que
fosse cavaleiro e sumisse como o pai, nunca lhe disse nada sobre
ele. O mocinho que se sabia filho único, apesar de ter todas as
características de Beta, um dia vê um cavaleiro e, de pronto, sabe o
que ele quer ser. Torna-se cavaleiro e vai às Cruzadas e muitos anos
depois, lá no Oriente Médio, ele entra num duelo com um cavaleiro
mouro. Este o derruba do cavalo e antes de matá-lo, num ato de
nobreza, permite que diga seu nome, o que o faria escravo do
mouro para sempre. Ao invés disso, Parsifal, faz ele a pergunta que
irá salvar sua vida. “ Diga-me o seu nome? “ Como é que vocês se
chamam ?“ como diria Anna Ancelin. E o cavaleiro mouro
surpreendentemente responde: “Parsifal !”.
Ele acabara de encontrar seu irmão mais velho, nascido
quando o pai esteve nas Cruzadas, antes dele nascer. Ele não era o
filho mais velho, era o segundo, o que condizia com seus atributos
pessoais. Como vocês se chamam? Entrar pela vibração do nome,
pelo campo, que é como um mantra. As palavras atuam sobre os
seres vivos. Veja as fotografias de Masaru Emoto de cristais de
água, desde as fétidas até a neve pura. Depois de abençoada e
fotografada, a água suja produziu os mesmos cristais da neve.

101
Dar nome é um elemento importante no contar da história.
Não ressignificar é se entregar à continuidade da falta de
sensibilidade, do emborrachamento, da falta de amororosidade,
endurecimento e falta consciência de si mesmo.
Podemos com sensibilidade e consciência apontar as boas
intenções, as reais motivações, e ir dissolvendo o emaranhado do
passado que insiste em se estender rumo ao futuro.
Podemos dizer: “ Querida vovó, o sofrimento em sua vida,
não foi em vão. Eu sinto em mim como foi difícil para você. Mas foi
graças a você vovó, que tantas coisas boas puderam acontecer.
Tanta vida. Permita-me trazer à tona o conteúdo mais profundo da
nossa história, o amor.”
É realizador perceber que pelas nossas narinas, podemos
levar oxigênio para nosso sistema, podemos oxidar mágoas
dissolvendo eventos e fatos, ou oxigenar, dando novas forças e
significado à nossa história, lendo e pontuando as verdadeiras
intenções, reescrevendo a evolução emocional mais profunda em
nossa família. Precisamos da verdade. Sem medo de ferir e ser
ferido. Precisamos não da verdade de alguém, mas da verdade
nossa, que brota do silêncio, do vazio e da reflexão, que se pode
fazer quando se é tocado pelo senso do dever e importância de se
reescrever amorosamente sua própria história.

Abrindo o emocional

Só tomamos consciência do conteúdo emocional quando


isolamos os movimentos secundários do movimento emocional
original e genuíno. Só neste temos o conteúdo emocional de nossa
família, escrito em Alfa, Beta e Gama. Os outros, os secundários
vem pela apropriação ambiental, cultural e situacional do individuo.
Vem pela adaptação social à estrutura de valores aceitos e
reconhecidos, introjetados que formam a personalidade social,
externa, superficial daquela pessoa. É como uma veste resultante
da forma como a pessoa quer ser considerada pelos outros, o que
ao mesmo tempo ajuda na adequação e inserção do indivíduo no
meio em que vive, e atrapalha, pois reprime, abafa, a pulsão

102
original desta pessoa. Esse movimento primário, genuíno tem
imenso valor terapêutico, pois aponta os veios por onde caminha o
conteúdo da família. Por exemplo, uma bailarina, que é movimento
genuíno típico Beta, promove o reequilíbrio dos elementos
emocionais na família, onde esses elementos estético e artístico
foram menos reconhecidos e valorizados. Então ao se apresentar na
leveza de si mesma, sentindo a música e atenta aos seus mínimos
gestos, ela traz leveza e solução para seu sistema, atenua a escassez
emocional da família, ajuda na “lição de casa”, mesmo sem
perceber. Porém outra menina, cuja mãe tenha forçado a dançar
não fará a “lição de casa” ao dançar, podendo mesmo até aumentar
o entulho familiar à medida que também se afasta de seus
predicados próprios. Somente os movimentos primários
possibilitam leveza e ressignificado ao seu fluxo familiar.
Cada filho, Alfa, Beta ou Gama tem sua forma de ser e atuar nesse
fluxo da própria família. Precisamos aprender a saber como.
Filhos Alfa
Fazem coisas no campo material
Fazem o que ninguém espera
Fazem coisas grandes, grandes e arrojados projetos
grandes realizações
Fazem sem dar bola para as dificuldades.
Fazem coisas para serem observadas.
Filhos Beta
Fazem pela energia
Fazem pela criatividade
Fazem coisas consideradas impossíveis
Fazem coisas artísticas
Fazem espontaneamente coisas para serem sentidas
Filhos Gama
Fazem coisas cheias de significado
Fazem coisas minuciosas e técnicas
Fazem com perfeccionismo
Fazem coisas consideradas difíceis
Fazem coisas de muito valor

103
Separando os movimentos secundários do primário

Existem várias formas de separar os movimentos


secundários do primário. Primeiramente é preciso saber que não é
necessário brigar com eles. Eles têm raiz mental. Ao nos
aproximarmos gentilmente deles, se ficamos atentos conseguimos
perceber as suas intenções, o que realmente buscam e não gostam
de revelar, e em qual nível está essa busca. Por exemplo, Um Alfa
faz coisas para serem observadas, movimento primário; porém se
faz as mesmas coisas para ele ser observado, então é um
movimento secundário disfarçado de primário. Esse viés pode
acontecer para Betas ou Gamas também.
Os desejos primários seguem o movimento das pulsões
primárias, querem o bem, mas cooptados pelas circunstâncias,
meio ambiente, aceitação social, educação, necessidade de prazer e
compensações, podem se esvaziar desse conteúdo original, ir se
descaracterizando e assim se afastar mais e mais de seu centro.
Podendo isso até mesmo tornar-se uma obsessão ou esquizofrenia.
O mental pode funcionar muito bem junto com o
emocional, esse é o desejável. Mas se o mental, movido pelo medo,
por exemplo, assume o emocional, interferindo e bloqueando seu
movimento natural, trará desequilíbrios.
Um sistema familiar onde os pais, ou mesmo só um deles,
deriva facilmente do movimento primário para os secundários, leva
os filhos a fazerem o mesmo. Pessoas que passaram privações ou
grave falta de recursos, geram no sistema, uma necessidade maior
de elementos exteriores de riqueza. Assumem esses drivers
secundários. Em nenhuma pulsão original faz parte mostrar riqueza
exageradamente. Em nenhuma pulsão primária está evitar críticas,
evitar comparações com irmãos ou mesmo evitar o
acompanhamento dos pais. Estes são todos drivers secundários.
Tomar uma decisão em virtude deles é decidir no sufoco, sem
virtudes. Via de regra, toda superioridade externa, secundária
aponta para uma inferioridade interna que agora localizada, pode
ser ouvida e entendida, e seu conteúdo transgeracional atenuado,
e colocado em seu próprio lugar. Assim no seu lugar fica um vazio,

104
um profícuo vazio, por onde o primário lentamente pode se
manifestar. Uma pessoa de um sistema familiar onde houve falta de
amor, mesmo depois de varias gerações, poderá ainda buscar
movimentos secundários compensatórios inconscientes. Se houve
fome, pode levar seus descendentes a comerem desmedidamente,
tornando-os obesos ou algo assim.
Uma pessoa de um sistema onde se provocou um crime, a
culpa pode chegar a seus descendentes, principalmente aqueles
com quem este criminoso estiver conectado, a uma obsessão como
querer lavar as mão compulsivamente.
Um alcoólatra pode de alguma forma, mesmo depois de
morto, levar ao uso de álcool seus descendentes, é como se ele
ainda continuasse bebendo através deles.
A presença de movimentos compensatórios detecta
pressão no movimento primário genuíno, que são simples como :
buscar o bem, a saúde, alimentar-se bem, ser equilibrado, ser
gentil e amoroso, ser bem humorado, como já vimos.
Com um pouco de treino, os movimentos secundários até
ajudam a encontrar os primários, pela forma com que os escondem.
Vistos amorosamente eles podem cessar esse paliativo, e se
ressignificados aliviam suas cargas e atenuam o peso do sistema.
Com entendimento esses movimentos secundários murcham.
Os crimes cometidos por nossos antepassados podem estar
insepultos ainda em covas abertas e podem muito bem interferir,
afetar a nossa existência. Todo criminoso assume as feições de suas
vítimas. Quantos crimes estão espelhados em nosso rosto ?
Se olharmos nosso rosto no espelho físico, teremos um alívio, “eles
não estão lá”, poderíamos dizer. Mas não é isso que ocorre se nos
olharmos num espelho sistêmico.
O que nossos ancestrais fizeram se reflete em nós. Nossos
filhos, netos e bisnetos são nossos espelhos emocionais. O que
fizermos aqui se refletirá neles.
Crimes insepultos são crimes contra a humanidade,
pertencem à grande dívida que a humanidade precisa e espera
resolver.
Podemos enterrar os cadáveres das vítimas que herdamos.

105
Podemos quitar a nossa parte nessa dívida.
Podemos localizar esses crimes nas nossas famílias.
Identificar suas causas, colocando-nos frente a frente com a vítima
dizer assim:
“Eu sinto muito, não era para ser assim“.
“Eu sinto o que pode ter sido a sua dor em mim”.
“Vamos ficar de mãos dadas e atenuar essa dor e solidão”.
“Quero poder ser um contrapeso em seu sofrimento e
assim você se lembrar de mim, como seu descendente que traz
uma coisa boa, que se aproxima com carinho, e que se empenha
em resolver esse episódio doloroso de nossa família”.
“Quero poder ser útil e fazer da nossa dor nascer uma flor,
que a cultivaremos no canteiro da humanidade”.
”Você pode ficar em paz e ser essa pessoa maravilhosa que
você realmente é”.
”Seu rosto pode habitar o meu rosto e do rosto dos meus
descendentes, não pela dor, mas pelo amor, no cantinho dos olhos,
no cantinho do sorriso, como um gesto de paz.”

Do mesmo modo, ficar frente a frente com o causador dos


crimes ocorridos em nossa família, ainda que pertencente a ela e
lhe dizer:
“Eu também sinto muito por você, aquilo não era para ter
acontecido, foi uma pena, mas do jeito que aconteceu, mudou a
história, produziu dor e até mesmo coisas boas, é preciso se
reconhecer”.
“Isso foi difícil para todos, pois trouxe tanta dor”.
“Por favor, deixe-me ficar um pouco de mãos dadas com
você, e atenuar ao menos um pouco, pois quero poder reescrever a
nossa história e dar um bom lugar para você.”.
“Quero ser o seu descendente que olhou para você com
carinho, e se empenhou em aliviar esse episódio doloroso de nossa
família, assim você pode ficar em paz e ser essa pessoa boa que
você realmente é, muito obrigado. Sua dor pode ir saindo do meu
rosto e do rosto dos outros descendentes, e pode pouco a pouco ir
produzindo no seu, um gesto de paz.”

106
Inclusão

Podemos desativar todos os crimes. Dar lugar aos que não


puderam nascer, dar lugar aos que não puderam partir.
Graças a todos os eventos que nos antecederam com
nossos antepassados, pudemos chegar até aqui, até agora. Agora
podemos reconhecer sua importância em nossas vidas.
Mas também temos que lidar com os nossos crimes.
Mesmo que não sejam cabeludos. Eles escondem nossas vítimas em
nosso rosto. Pessoas que fizemos sofrer. Pessoas com as quais não
mantivemos nossa palavra. Pessoas que esperavam algo que
sinalizamos e não pudemos cumprir. De certo modo,
emocionalmente, estão todas lá, escondidas no cantinho das rugas,
no sombreado dos olhos, na falta de brilho da pele.
Com os nossos crimes podemos fazer o trabalho sistêmico e
também reparações pessoais. Podemos dar um telefonema,
podemos encontrar e perguntar “o que posso fazer para remediar o
que lhe causei ? “.
Não é fácil ter esse movimento de encarar, temos mais
forte o secundário de escapar, de dizer que está tudo bem. Ao fugir
somos obrigados a pagar um preço cem vezes maior, prejudicando
e moldando as feições de nossas vitimas, aos nossos inocentes
descendentes.
O sofrimento pode durar toda a existência, enquanto a
decisão de enfrentar e sentir, dura apenas um segundo. O conteúdo
do sofrer precisa ser reincluido. O medo de encarar pode ir embora.
O movimento de justiça, dessa justiça estabelecida pelos
governos, está longe de ser uma justiça emocional. Não existe
justiça emocional, nada pode repor o sorriso dos inocentes, ou a
alegria e paz de um adulto. Mas existe o reconhecimento, a
aceitação, e retorno ao estado emocional amoroso, sem
ressentimentos, de quem sabe perdoar o outro, sabendo perdoar a
si mesmo.
Ver o movimento emocional primário, no outro, pode ser
um grande bem e um presente para ele. Mas só o movimento

107
primário em mim, pode encontrar o movimento primário no outro,
caso contrário é apenas papagaiada.
Hoje estamos nas hostes de outro tempo. Podemos tirar o
olhar duro de nossos olhos. Podemos liberar os sofrimentos dos
outros tempos, podemos validar o que mudamos, e não precisamos
mais, de forma nenhuma, carregar aquele peso para sempre.
Bons ventos nos trouxeram até aqui, e podemos ver a
resultante positiva de tudo que já foi feito, podemos olhar com
bons olhos a nossa história, e ao fazer isso aliviar o nosso sistema.
Fechar os olhos dos que se foram, e abrir os dos que virão.

Abrindo o mental

Outra frente é trabalhar o conteúdo mental.


A mente é limitada. Funciona pelo acumulo de informações
limitadas, e diante do que é ilimitado como o conteúdo emocional,
não sabe bem o que fazer. Liga o seu movimento automático, o de
buscar o prazer do “mais” e de fugir da dor e do “menos”.
A mente para entrar no campo do ilimitado precisa ser
convidada pelo emocional primário. Enquanto o emocional puxa a
mente ela vai aprendendo; quando a mente quer puxar o
emocional, invariavelmente, ela o leva para o medo.
O medo começa na negação: “isso não funciona assim”
O medo busca escusa: “eu não tenho nada a ver com isso”
Em seguida o processo mental passa a hospedar-se no
emocional secundário. De ferramenta útil para se resolver
problemas, a mente passa a ser problema útil para não se resolver
nada com qualquer ferramenta.
O medo é antigo. Tem raízes no movimento secundário de
outras pessoas. É uma terrível herança, pois ao ser localizado em
nós, é reconhecido como nosso, enquanto na verdade não é.
O medo é uma trama, uma rede, não funciona sozinho, precisa de
outros recursos de outras pessoas, para se somar. O medo é o
driver secundário mais poderoso. Ele pode justificar-se como lógico,
e assim ficar invisível como gosta de ficar, mas é ele que distorce a
lógica. Devemos agradecer ao medo, pelos excelentes serviços

108
prestados à humanidade nesse último um milhão de anos. Ele
trouxe a humanidade até aqui, com esse tipo de governo que
temos, de economia que temos, de filosofias e crenças que temos.
Foi ”muito bom” até aqui, mas agora chega, muito obrigado. Como
suas vítimas podemos devolver as suas feições que incorporamos, e
ativar as nossas para sermos nós mesmos.
Vamos pensar nossa mente como tendo um corpo igual ao
nosso corpo físico, só que um pouco maior. Em vez de carne e osso,
imagine que ele é feito de uma fumacinha, densa e definida, que
pode ultrapassar paredes sem bater, pode fazer um monte de
coisas. Pode se relacionar com outras pessoas de outros países,
outras línguas sem problema de comunicação, ou mesmo de outro
tempo. Para a mente funcionar assim ela precisa de algumas
condições. Ela precisa primeiro desgrudar do corpo físico, e
geralmente isso só acontece quando estamos dormindo, e quando
há uma permissão para que ela saia, para fazer as coisas que
precisamos, aliviando as tensões e medos que sentimos e volte, na
manhã seguinte, como se não fosse ela quem trabalhou duro, para
assim não desestabilizar a estrutura e hierarquia que hospedamos
em nós mesmo.
Imagine que dentro de nós há uma cadeira, uma poltrona
daquelas bem confortáveis, com descanso de pernas, braços e
cabeça, uma cadeira confortabilíssima. Quem está sentado nela?
Podemos ter um monte de gente sentado nela. Nossa mãe,
dando seus palpites. Nosso pai, lembrando os perigos e
aconselhando ir com calma e prudência. Aquele professor ou
professora que nos convenceu de coisas tão legais que mudou a
nossa vida. A esposa ou o esposo, esperando por algo. Ou pode ser
a namorada ou o namorado, cobrando ou sugerindo alguma coisa.
Quantos mais estão sentados em nossa cadeira? Um pastor, uma
psicóloga, um chefe meio mal humorado, o sindico do prédio, um
político, quem mais? Tantos, imaginemos quantos hospedeiros,
moram com nosso consentimento dentro de nós. Isso fora os
hospedeiros de carteirinha que são nossos antepassados que não
conseguiram partir. E junto a toda essa multidão, num cantinho

109
menor, perto da motivação primária, estamos nós mesmos, ao vivo,
em pessoa.
Então precisamos ir pedindo licença com jeito e colocando
ordem no nosso condomínio, avisando que houve uma nova
convenção, com novas cláusulas, e o movimento primário ganhou
um novo espaço, e que o horário de visita diminuiu. Que foi
aprovada uma reintegração de posse, uma reincorporação pelo
morador principal. Os drivers sempre nos fazem “morar de aluguel”
na nossa própria casa.
E com todo jeito vamos tirando todas aquelas outras
motivações de nossa família, com reconhecimento e agradecimento
vão indo, as hospedeiras que dependem de nossas dependências e
vícios sistêmicos, vendo que estamos em paz, podem ir se retirando
para outros comedores, bebedores compulsivos, podem ir para
pessoas que gostam de perigo, pessoas que mentem, pessoas que
se arriscam, que jogam, que precisam ser vistas, que precisam ser
elogiadas, que precisam de prazer fácil, e que dependem do juízo
dos outros para viver. E assim os hospedeiros vão se indo até nosso
espaço se tornar vazio de novo, como foi no dia em que foi criado, e
resplandecia a beleza das mãos que o criou.
Então sem medo de assumirmos o que é nosso, podemos
dar uma ajeitada na casa, passar um paninho na poltrona, tirar os
últimos resquícios dos outros ocupantes, e então com muita
elegância tomar o nosso lugar dentro de nós mesmo.
Com a mente quieta, e na possibilidade do upgrade para ela
poder ir mais e mais longe durante a noite, à medida que menos
visitada de dia.
Podemos olhar para os nossos ancestrais habituais, nossos
antepassados que não conseguem partir e falar a todos eles:
“Vocês podem ficar em paz, podem finalizar a busca de
vocês mesmos através dos descendentes. Agora vocês vão procurar
o estado de amorosidade de que precisam fazendo também um
upgrade para níveis mais evoluídos, e mais próximos de quem os
criou.”
Todos em nossa família estão buscando fazer o que parece
ser o mais apropriado, evoluir. Uma atitude de humildade é

110
sempre acompanhada com o sentimento de tomar posse do que é
nosso. Poderíamos dizer para concluir: “obrigado por estarem
tanto tempo dentro de mim, cuidando de mim, pensando por mim,
mas daqui para frente quero tentar viver eu mesmo. Não tomem
isso como arrogância. Abençoem-me para eu conseguir coisas
melhores para mim e para os meus. Muito obrigado por terem me
trazido até aqui, mas daqui para frente eu quero seguir por mim
mesmo“. Então, sentado ali, na nossa poltrona interior, não
sentiremos mais medo. Trocaremos os pensamentos automáticos
secundários, pela ponderação, pelo ir com calma, em outro ritmo
mais lento, descobrindo e decidindo o que fazer, aquilo que tem a
nossa cara, a cada hora.
É assim como se já estivéssemos lá há muito tempo.
Tomamos posse de nosso espaço, e podemos desengatilhar
mecanismos automáticos de compensações, e baixar o ritmo do
cérebro e das reações mentais, atrasando as respostas, dando
tempo para a mente começar a acessar o seu material
genuinamente seu, o seu conteúdo original, que sempre aponta
para a harmonia com a Imensa Vida.

Alinhamento

Quando o ritmo que temos é mais lento, poderemos então


sentir nossa pulsão natural: Alfa, Beta e Gama. Deixamos de
precisar das motivações secundárias sempre mais rápidas, para
parecer que somos mais espertos, mais inteligentes, deixando que
outra qualidade de inteligência, que não é medida pela velocidade,
venha e como uma música de fundo, module a onda da vida mais
suavemente, mais integralmente.
Então não precisaremos de aceleradores de ritmos,
estimulantes, compensadores sejam lá quaisquer que forem
aqueles utilizados. Nem de atalhos e correria que apenas simulam
estarmos no nosso caminho e nos levam a gastar muita energia
para mostrarmo-nos como gostaríamos de ser, apesar de já temos
dentro de nós quem realmente somos.

111
Acelerar é abrir mão da prerrogativa de conduzirmos nosso
processo com as nossas próprias mãos. Nossa percepção pode ser
em muito intensificada se diminuirmos o nosso ritmo.
A mente fica mais clara, menos superficial, menos
emborrachada. Estar acelerados para provocar atenção é um
truque para manter a situação sob controle, enquanto a atenção
mais profunda, para perceber coisas novas, depende apenas de
estarmos vazios, flutuando no inteiro indivisível, como ensinou o
Professor David Bohm, apenas pastoreando o próprio ser.
Então esses pequenos ou grandes vícios e programas que
aceitamos e que se instalaram e operam em nós, podem ir embora.
E assim teremos de volta nós mesmos sentados em nossa poltrona.
Se para alguns o transito das grandes cidades é um
elemento enervante, podemos ver com como isso pode estar
atrelado a esses pequenos vícios.
Imagine você tirando o carro da garagem, numa manhã
colorida com temperatura agradável. Você chega na rua, está
satisfeito com você mesmo, não está atrasado para seu
compromisso, tudo parece estar bem até que de repente você vê
que um caminhão blindado de transporte de valores, parou em fila
dupla, provocando o maior congestionamento. Você diminui, para,
fica esperando, vê que a coisa está lenta, para de novo, começa a
olhar o relógio, vê que se continuar assim você pode chegar
atrasado, então você dá uma buzinada leve. O motorista do carro
ao lado reclama também e deflagra um buzinaço. O motorista do
blindado resolve parar de vez, se está sendo reconhecidamente
chato, resolve chatear de vez. Você buzina mais um pouco, abre o
vidro gesticula. Onde foi parar aquela linda manhã? O fato é que
não basta a sensação de uma linda manhã. É preciso algo mais
concreto para o mental se apegar. Ao entrar no engarrafamento, a
mente precisa receber um estimulo lembrando-a que o principal
elemento em jogo é o emocional. Então ao ficar parada ela põe
uma música, fecha a janela, liga o ar condicionado e se conecta com
o emocional do motorista do blindado, vê que ali naquela pessoa há
uma joia tão valiosa quanto a que você sente dentro de você, que
tem o mesmo milhão de anos, e que pode ser que nem tenha sido

112
ainda percebida por seu principal ocupante. Você considera isso,
tem mais paciência, se preciso você pode ligar e avisar que
inadvertidamente vai atrasar uns minutinhos, mas uma coisa é
certa, você não abre mão do seu bom estado de espírito por coisa
nenhuma. Se possuirmos muitos dispositivos reativos automáticos é
como se tivéssemos dento de nós um tanto de caronas que
precisam sentir, raiva, tensão, nervosismo, bronca, sentimento de
autopiedade, sentimento de vítima, sentimento de superioridade,
sentimento de revanche, todos como caronas. No trânsito você iria
correr para dar aquela sensação para alguns, tirar fininha, para
atender a outros, pois a sua fratura emocional, de não estar de bem
com a sua própria vida, atrai todos esses mecanismos. Quando você
está de bem com a vida, e internamente está sentado em sua
poltrona, você não sente a necessidade de ficar produzindo
adrenalina ou endorfina ao buscar sensações de perigo e excitação,
você fica na sua, não alimentando esses mecanismos, então você se
torna um cara desinteressante para esses “caronas”, de tal forma
que quando você é ultrapassado por um carro dirigido de forma
perigosa, todos os seus caronas pulam para o outro carro, deixando
você e sua consciência mais leves.
Todos esses vícios nos separam da gentileza e da
amorosidade de se viver em harmonia e com alegria. Realmente, é
muito mais fácil serem vistos os grandes vícios como álcool ou
drogas. Difícil mesmo é se desintoxicar desses pequeninos vícios e
cacoetes psíquicos, que o mental cria no emocional. Para isso
temos que fazer esse trabalho: conhecer, sentir, acolher para
desengatilhar todos esses sentimentos mecanizados, drivers, pois
são como armas apontadas para nós mesmos, para nossa
realização e para o nosso destino.
Para sermos capazes de lidar com essas cargas e superá-las,
precisamos entrar na dimensão da Imensa Vida. Não basta resolver
bronca com bronca, dor com dor. Isso só intensifica mais bronca e
mais dor. Precisamos atuar com uma qualidade de vida e gentileza
criando um “campo” de amorosidade, um estado de não violência
para que aos poucos se dissolvam os nossos complexos, cheios de
bronca e intolerância, e possa tomar força quem realmente somos.

113
5 - O trabalho no mundo
O trabalho sistêmico para os outros pode ser no máximo 49%,
mantendo o mínimo de 51% para si próprio.
Stephan Hausner

O primeiro filho traz consigo o campo. Surge então a


pergunta quem vem primeiro, o filho ou o campo?
O ovo ou a galinha? O físico ou o emocional?
Como seres visuais, somos acostumados a ver os elementos
materiais primeiro e depois os imateriais. Assim a ciência postulou
por séculos. Depois da quântica, aprendemos a conhecer o
“campo” como sendo o formador da matéria. Isso amplia a leitura
do mundo e gera o entendimento sistêmico das famílias.
Se não conhecemos nada a respeito de uma criança
adotada logo ao nascer, podemos pela leitura sistêmica conhecer o
seu campo e até mesmo reconstituir seu passado, trazendo os seus
preciosos dados de sistema e devolver essa pessoa ao seu fluxo. O
mesmo se pode dizer de nossos ascendentes desconhecidos. Não
conhecê-los mentalmente, visualmente, traz uma inibição para a
aventura de conhecê-los emocionalmente, onde realmente
precisam ser conhecidos e amados. Podemos conhecê-los entrando
pelas conexões no próprio corpo, nos órgãos e sistemas que nos
interligam. Ou pelas terapias sistêmicas onde podemos rebater
essas informações em outra pessoa que aceite simetrizar e
dramatizar por ela. Então pela apreciação do leve e do denso, do
confortável e do desconfortável é possível identificar as vibrações
presentes naquele sistema. Se algo ou alguém precisa ser amado ou
reconhecido ou precisa se ajustar, o “campo” está congestionado
ou pesado e isso será notado. Ao tratar esse conteúdo, isso replica
em bem estar para todo o sistema, incluído os descendentes e se
reprogramam desdobramentos mais refinados e úteis à evolução
para seus descendentes.
Então isso pode ser feito sim. Somos nós os sobreviventes
vitoriosos, e aos vitoriosos é dado o direito de reescrever a história.

114
Podemos dar um bom lugar para as dores e sofrimentos das
gerações passadas, podemos estancar as lágrimas de nossas
avozinhas a incompreensão de nossos avozinhos e assim diminuir
as pressões na geração presente.
Muitas coisas podem congestionar o fluxo de conteúdo,
mas pelos movimentos sistêmicos podemos desobstruí-lo.
O movimento de incluir, dar aos fatos e às pessoas, mesmo
aquelas que viveram um período bem curto, dar a elas um lugar na
história.
O movimento de reconhecer que esses fatos e pessoas não
foram ou viveram em vão.
O movimento de agradecer os esforços dos outros cria uma
ponte emocional com fatos e pessoas.
O movimento de validar, reconhecer como verdade.
O movimento de honrar, plantar no canteiro do nosso
íntimo, uma flor que os ressignifique.
Existe um mandamento sobre honrar pai e mãe, que pode
ser estendido a todos os pais e mães do nosso sistema. Ao honrar
nosso sistema despertamos as nossas capacidades regenerativas,
trazendo saúde e inteligência emocional.
Nosso trabalho no mundo deve ser decorrente de termos
chegado ao nosso próprio lugar, de termos acessado nosso
conteúdo familiar, de termos descoberto nosso posicionamento.
Esse conjunto produz a nossa identidade emocional e libera forças
sistêmicas que possibilitam os nossos atributos pessoais.
Um sistema bagunçado gera uma personalidade bagunçada.
Toda falta de amorosidade e generosidade, mascara o
sistema, o deturpa. Então
o primeiro a ser feito é
devolver amor ao nosso
sistema, pois só na paz é
que o fluxo volta ao seu
próprio veio, seu caminho.
As águas do rio da vida
saem dos redemoinhos da
dor, e voltam às suas

115
próprias corredeiras. E essas corredeiras levam essas águas ao
mundo, para irrigar, para lavar e fazer florescer a vida. E depois de
tudo isso elas se entregam totalmente ao se desaguar no mar.
Mas aí esbarramos nas dificuldades exteriores. Existem
muitas injustiças, o mundo faz o jogo de cartas marcadas dos
poderosos, existe fome e um grande desconforto. Porém isso é o
que torna ainda mais necessário o bom conteúdo dos sistemas,
como uma água fresca e pura de um rio que corta um deserto.

O rio não pergunta qual o caminho a seguir. Apenas libera


suas águas e permite que sigam fazendo seus próprios caminhos.
Nossos drivers naturais nos levarão aos nossos caminhos.
Precisamos nos aprofundar mais sobre esse tema.
Os dois primeiros filhos são ligados aos avôs e avós, depois
se pula uma geração, e os seguintes, do terceiro ao sexto, são
ligados aos bisavôs e bisavós.
Na lenda dos índios americanos, do terceiro filho em diante,
“a águia tem que buscar seus espíritos do outro lado do rio”.
Os dois primeiros filhos são do lado de cá. Os dois primeiros
escolherão formas de vidas mais parecidas com a de seus pais, “ à
moda da casa”, serão mais caseiros. Terão o foco no mesmo lado do
rio que estão pai e mãe. Os demais são como estrangeiros, de
outras terras que não as dos pais. Eles vêm de mais longe, eles vão

116
mais longe. Trazem um conteúdo sistêmico mais profundo, mais
evolutivo, menos identificado e relativizado aos pais.
Todos os filhos vieram para voar, o alto voo da vida, o voo
da evolução, mas alguns voam mais alto, e sendo assim são
inspiração para todos os demais.
Os dois primeiros filhos são como o elo de ligação entre as
gerações. Famílias com até dois filhos são como de velejadores que
não se afastam muito da costa, ou mergulhadores de águas mais
rasas, que não se lançam no fundo no mar.
Com até dois filhos a conexão forte é com os avós.
Para muitos deles a chegada dos netinhos muda suas vidas,
e isso os ajuda a compreender que a Imensa Vida é uma construção
por etapas.
Grandes montanhas são escaladas por etapas.
A cada altura é feito um acampamento que consolida a
subida até ali, e prepara a próxima etapa onde se vai construir um
novo acampamento mais acima na montanha. A geração seguinte
recebe como herança esse acampamento, o habita. E quando se
sente pronta, prepara a construção do próximo nível e parte para
alcançar e construir o que deixará para seus filhos.
A subida da montanha é a subida evolutiva da Imensa Vida.
As gerações vão subindo os níveis emocionais.
Essa é a evolução. Vão trabalhando o seu conteúdo e assim
o elevam para oferecer às futuras gerações.
Chegar ao topo da montanha é o projeto da Imensa Vida.

bia

117
Chegar onde o conteúdo emocional não está mais preso a
dores, a amarguras ou privações. Não está mais preso a nada. Seu
conteúdo agora passa a ser o conteúdo da Imensa Vida. Por seu
vazio flui irrefreado, o significado em seus desdobramentos.
Então sim, a vida não mais será expressa em Alfa, Beta ou
Gama, mas por Ômega.
Para isso caminhamos. Para isso fazemos o upgrade
emocional em nossas vidas. Para isso construímos o acampamento
mais acima na montanha. E quem sabe não seremos nós a geração
que chegará ao topo? Por que não?
Aprendemos que para dar é preciso primeiro receber, mas
aqui é ao contrario, para receber, é preciso primeiro dar.
Dar o primeiro passo.
Dar o passo apropriado nessa caminhada. Tomar o nosso
conteúdo, o receber.
Dar o salto quântico, ultrapassando a barreira do
sofrimento e da solidão.
Tomamos o conteúdo mais antigo a partir da avó (3) mmp,
o conteúdo se abre para o passado distante. Entramos assim no
domínio dos elementos que não alcançamos pela memória, não
ficam presos a fatos isolados que tenham sido ou não contados de
pais para filhos. Entramos num “campo” onde somente se pode
conhecer por vibrações.
A partir das terceiras crianças, e das terceiras avós há uma
viagem no túnel do tempo. Por eles se acessa o conteúdo de
quando se começou o destino de subir a montanha.
O que houve lá em baixo que se precisou subir?
O que ficou perdido e precisa ser buscado no topo
emocional?
Quais perigos rondavam os vales e os pés da montanha?
Por que houve a morte e o risco de não ser?
A subida começa com a descoberta do fogo.
O fogo é o elemento emocional. O fogo uniu a primeira
família, a primeira comunidade, pelo calor, pelos sentimentos.
A verdadeira história da evolução é a historia das emoções.

118
Decifrando profissões

Profissões boas são aquelas que possibilitam a evolução


emocional das pessoas.
Para Alfas, é sair da matéria para chegar à energia.
Para Betas, é sair da energia para chegar ao significado.
Para Gamas, é sair do significado para chegar à matéria.
Quando um Alfa se realiza no seu trabalho, ele aparenta ser Beta.
Ganha olhos brilhantes e sorriso fácil.
O mesmo acontece com um Beta. Ao se realizar no seu
trabalho ele fica mais sério e focado como um Gama.
E o quando um Gama encontra sua profissão certa, ele
relaxa seu perfeccionismo, seu pé para trás, supera suas próprias
dificuldades se lança e assim se permite ficar rico. Assim eles fazem
girar o grande carrossel, mostrando o movimento implícito da vida.
O objetivo da matéria é revelar toda energia que há nela, e
para isso é preciso o trabalho de um Alfa.
O objetivo da energia é disponibilizar todas as capacidades
relacionais, e para isso é preciso um Beta.
O objetivo do significado é trazer a luz e assim ser ascender
uma oitava a mais a realidade, e para isso é preciso um Gama.
Todas as profissões têm seu lado Alfa, Beta e Gama.
Ser professor, por exemplo. Ensinar é a profissão de se
revelar significado, então é preponderantemente Beta. Mas isso
não quer dizer que Alfa não possa ser um excelente professor, um
chefe de cadeira universitário, um chefe de departamento. Ou que
um Gama, não possa também ser um ótimo professor técnico, um
coordenador de pesquisa ou de laboratório, por exemplo.
Para ser um professor de arte, sendo arte manifestação de
energia pura, então será duplamente recomendado que seja um
Beta. O mesmo para músicos.
Para Alfas melhor do que criar, sabem projetar. Pegar uma
ideia pequena e dela fazer um projeto grande e depois construir
algo grande. Alfas extraem energia da matéria. Sabem lidar na
matéria como ninguém, são incansáveis. Por isso são
empreendedores natos. Não sabem lidar bem com as críticas, mas

119
isso não os impedem de ir. Isso não quer dizer que Betas e Gamas
não podem ou devem abrir empresas. A diferença é pela forma de
ser de um Beta, empreender implica em fazer coisas novas, com
pouco risco, fazer coisas que sejam boas para muitos, e o fator
dinheiro, o retorno financeiro, fica num plano mais secundário. Já
para um Gama empreender significa superar a si mesmo, com
inovações, avanço técnico, fazer algo que ninguém fez. Mas sobre
tudo o Gama sabe fazer o que nenhum dos outros sabe, isto é, ficar
rico.
Alfas são líderes natos. Mas isso não quer dizer que Betas
não sejam os bons líderes, principalmente líderes carismáticos,
sabem como poucos atrair pessoas pelo seu magnetismo pessoal,
pela beleza de suas ideias, por sua energia. Gamas são ótimos
líderes para situações de crise, complicadas, pois para eles o que é,
é. O que não é não é e pronto. Tomam decisões corajosas, sem
sentir pena, como fazem os Beta, e sem se preocupar tanto com a
popularidade, como os Alfa, mais vaidosos.
Os Gama são cientistas. Com facilidade de transitar pelo
campo do significado, podem ver mais facilmente os processos. Por
esse motivo, são ótimos advogados, acertam o melhor caminho
dentro do emaranhado das leis. Isso também não vale dizer que
Alfas não possam ser grandes advogados, pois quando eles falam
com segurança, parece até que podem mudar as montanhas de
lugar. Betas não são bons advogados, ao não ser que tomem
causas sociais, filantrópicas ou benemerentes que promovam uma
boa causa.
Para mexer com dinheiro não há ninguém melhor que um
Gama. O dinheiro se multiplica nas mãos deles. Ao serem
organizados, eles não esbanjam como Alfas e Betas.
Alfas usam dinheiro como alavancas para levantar seus
projetos e seu lado pessoal. A falta de dinheiro pode funcionar
como estímulo para seguirem mais a frente. Já Betas precisam pelo
menos de um pouco de dinheiro, para não desanimarem, Não
sabem lidar com muito dinheiro, precisam sempre da consultoria de
um Gama.

120
Uma empresa sistêmica bem montada seria:

Alfa Beta Gama


Iniciativa Recursos Humanos Financeiro
Diretoria Marketing Jurídico
Vendas Pós-vendas Venda Técnica
Montar processos Propaganda Dept.Técnico
Abrir clientes Abrir filiais Abrir produtos
Meaning (Gestor Meaning (Gestor Meaning (Gestor
do Significado) do Significado) do Significado)

Gestão sistêmica implica em haver rodízio do chefe geral. O


Alfa eternamente no poder gera grandes problemas para ele e para
o sistema da empresa. O rodízio do chefe, ou CEO, conforme
apresentado no livro A Era do Significado, deveria ser curto, a cada
seis meses, por exemplo. O
chefe no seu mandato, só
tem o poder de vetar. Ele
não faz o que bem quiser,
ele nem pode propor nada,
ele só tem o poder do veto.
Rotacionando a chefia geral,
há um desenvolvimento das
camadas subjacentes, dando
um novo colorido e tônus a
toda organização, que passa
a cuidar dessas conquistas sistêmicas em um novo departamento, a
ser criado só para cuidar de si própria, o departamento de Meaning,
posicionado ao lado do departamento de Marketing, na mesma
estatura, este porém, o Departamento de Meaning olha para
dentro enquanto o outro, o de Marketing , olha para fora.
Muitos dos conteúdos sistêmicos das famílias, só
conseguem ser vistos nas empresas. A empresa é uma espécie de
extensão sistêmica dos conteúdos da família, principalmente da
mãe e do lado feminino da família de seus principais colaboradores.

121
A mãe cuida e pede que o filho cuide de si e de suas tarefas.
A relação com a empresa é reflexo da mãe, e a relação com
o patrão é reflexo do pai. O campo da família está replicado na
empresa, na forma essa se justifica, isto é, como fica justa com sua
justiça. Dar e receber. Tomar, doar. Extrair transformar. Lidar com
fornecedores, clientes, meio ambiente, acionistas, e os próprios
colaboradores.
O conteúdo que está distorcido numa família, tende a
permanecer distorcido numa empresa. Simetricamente, tanto na
família como na empresa, o trabalho de desintoxicação sistêmica
em uma, ajuda na outra parte. A empresa é um espelho, e
apresenta variadas maneiras e chances de acessar o conteúdo
emocional a ser trabalhado.
Para se ficar rico é preciso ser dada uma permissão, e isso
só pode ocorrer dentro do conteúdo da família.
Sem essa permissão a empresa pode-se até ter dinheiro,
mas nunca fica rica e nem enriquece os seus, pois pode manter o
vínculo com a falta de riqueza do seu sistema de origem. Ou pode
não ter dinheiro e alcançar a grande riqueza moral para os seus,
quando acessa o nível de riquezas pessoais, de caráter, de valores
morais, como numa empresas sistêmica ou ONG por exemplo.
De qualquer forma, o trabalho é sempre um
desdobramento do que existe dentro do sistema da pessoa.
O Alfa desdobra o conteúdo Alfa, e assim os demais Beta e
Gam. Desdobram o que lhe é implícito. Desdobra aquilo com que
está abraçado interiormente. E ao trabalharem juntos, no
entrosamento entre si, desdobram o todo e se descobrem
fraternos. E somente como irmãos é que podemos enriquecer.
Não existe enriquecimento isolado. Só se enriquece com a
fórmula matemática:
E = V.T . μ

Enriquecimento (E) é a multiplicação de valores (V) pelos


talentos (T) pelo trabalho (μ) , e poderíamos acrescentar , isso
dentro de um grupo que se sente fraterno.

122
Decifrando relacionamentos

Os casamentos são áreas emocionais por excelência, de natureza


sistêmica, por suposto.
Como vamos encontrar a pessoa certa?
A pessoa certa é aquela que vai criar as melhores
oportunidades evolutivas, sempre. Aquela que junto conosco, nos
possibilite desenvolver. Não dá para experimentar todas e depois
dizer qual foi a melhor. Temos então que destapar os olhos
interiores e começar a ver sistemicamente.
Casamentos no tempo de nossos avós eram arranjados
pelos seus pais. Com quantos de nossos ancestrais não foi assim.
Quantas avós tiveram que aguentar o “até que a morte vos
separe”, sem gostar dos maridos, e viveram praticamente em
continuo abuso por eles. Quantos avôs não foram jogados numa
vida dividida, de ter o casamento de fachada com uma mulher e
viver implorando por amor por toda existência.
Quantas vidas não foram abreviadas por isso. Como é
ressecada essa área emocional de nossas vidas, que falta faz essa
água na vida de nossos ancestrais. Então quando bebemos dessa
água, nós na nossa geração, matamos tanto a sede nossa como
simultaneamente a deles, ou então, caso contrário, por fidelidade a
eles, ficarmos todos sedentos de amor.
Todas estas pressões estão dentro de nós.
Sinceramente, veja o seu sistema familiar. As maiorias dos
casamentos no seu sistema são longos, felizes, bem estruturados?
Esse é seu cacife sistêmico para entrar no seu casamento.
Com a cara e a coragem? Quanto tempo conseguimos
nadar contra a correnteza? Não é melhor fazer a “lição de casa” e
ter condições interiores para fazer a coisa certa?
Então precisamos tratar desse assunto com muita
importância.
Casar é criar condições evolutivas. Encontrar alguém que possibilite
a evolução da Imensa Vida.
O casamento une dois gêneros, em seis possibilidades de
posicionamento:

123
Casamento Alfa com Alfa:

São muito iguais. Geniosos, mesmo tendo gostos diferentes


vivem sempre alguma disputa, se um cede muito, pode ser que
fique viciado em ceder, e acaba saindo fora de seu lugar. Se o outro
quer sempre ganhar, pode o endurecer e cristalizar, fazendo com
que perca o gosto pelas coisas.
Acaba sendo um casamento muito mental, onde mais que
se amarem, os cônjuges ficam habituados um ao outro. E é preciso
que esses hábitos sejam desejados pelos dois. O que pode ser feito
é o gerenciamento de cabine. Uma técnica usada por pilotos
comerciais de grandes jatos. Eles dividem as tarefas
pormenorizadamente, para assim deixar claro o que cada um faz e
quando. Hora para isso, hora para aquilo, espontaneidade zero.
E assim podem seguir a viagem. Quem deve puxar
evolutivamente? O que tiver mais pais Beta. Se mesmo assim
continuar o empate, o que tiver pais Betas do seu mesmo sexo. Se
mesmo assim continuar o empate, o jeito é ir para disputa de
pênaltis. O que faz o puxador sistêmico, ou puxador evolutivo? O
mesmo que um puxador de escola de samba. Fica cantando o
samba enredo para ninguém esquecer.

Casamento de Alfa com Beta

É o casamento mais comum. Alfa se apaixona pelos olhos


brilhantes de Beta. Alfa tão cansado do seu mundo de Alfa,
materializado, vê em Beta a possibilidade de um novo cenário para
sua vida. Enquanto Beta, resolve dar um tempo de seu mundo mais
abstrato de Beta, sente alegria e aceita por os pés no chão no
mundo através de Alfa.
Então temos Alfa com os pés no chão e mais pragmático,
Beta com a cabeça nas nuvens mais sonhador. O feijão e o sonho.
Quem puxa o samba? O puxador evolutivo é Beta.

124
Casamento de Beta com Beta

É o casamento de irmãos. Beta só se aproxima de Beta se um deles


estiver fora de seu lugar, vivendo como Alfa ou Gama.
Beta com Beta podem ser os melhores amigos, terem os mesmos
gostos, os mesmos interesses, se darem super bem em muitas
áreas , mas alguma coisa aconteceu , pode ser uma briga com outro
namorado ou namorada anteriores, e de repende um deles pensa:
”porque não como esse outro Beta? Assim não terei que brigar
mais”. Beta com Beta se adaptam bem. Como são Betas sabem
ceder então a questão não serão as brigas, mas a falta delas. Sendo
iguais aos poucos vão tornando-se irmãos. Acostumam-se um com
o outro. Mais do que amar o outro pelas qualidades e
características do outro, Beta estima outro Beta, pelas
semelhanças. E isso é fatal para o amor. Precisam então de um
gerenciamento de cabine como apresentado acima. O puxador
sistêmico é aquele que tiver menos progenitores Beta,
preferencialmente Gama. Ou aquele que estiver deslocado no seu
lugar no mundo, mais para o lado do Gama.

Casamento de Beta com Gama

É o casamento da energia com a luz, o significado. Beta é aéreo,


com as nuvens na cabeça e resolve num momento de loucura, jogar
a ancora, não na Terra, mas no sol, e a laça em Gama. Gama, como
já vem pronto, não precisa de ninguém, mas se for laçado com
jeito, pode achar bom ter o conforto de alguém com olhos
brilhantes, grande coração, uma vida colorida, tão diferente da vida
branco e preta a que os Gama se sujeitam quando vivem sozinhos.
Beta se apaixona por Gama. Gama ama Beta. Beta se alegra em
fazer as vontades de Gama, Gama gosta de ter suas vontades
atendidas por Beta. Gama é o puxador sistêmico, e decide muito
melhor nas grandes coisas que Beta. Gama inspira Beta à evoluir.
Beta quebra as pedras no coração de Gama.

125
Casamento de Gama com Gama

É um casamento de riquezas. Mesmo sendo iguais, Gama com


Gama, fazem um casamento diferente. Todos os Gama seguem o
seu próprio caminho. Mesmo sem abrir mão dele, pode caminhar
junto com o outro Gama. É um mistério quântico. Se souberem
compartilhar é muito bom. Caso contrário, como todo casamento
de dois tipos iguais, precisa de gerenciamento de cabine, e cuidado
para não se anularem mutuamente. Caso consigam superar essas
areias movediças, ficarão ricos, montarão um banco com tantas
riquezas que juntos podem conseguir. O puxador quântico é o que
tiver mais progenitores Alfa, com empate até os pênaltis.

Casamento de Alfa com Gama

Alfa, com os pés no chão, se apaixona por Gama, num patamar mais
alto que o seu, por ter um modo de vida tão curioso. Gama não se
chateia facilmente, é uma pessoa focada e se envaidece com esse
amor, e vê que Alfa traz possibilidades concretas de vida e sente
que pode ser feliz ao seu lado. Gama recebe muita atenção de Alfa,
que é sempre carente, desde a infância, e espera receber de volta
em carinho e afeto tudo que faz por Gama. Gama não vai se desviar
de seus objetivos, vê que com Alfa pode ir mais longe. Alfa é quem
provê, mas é Gama que enriquece o casal. Alfa quer liderar, é o
puxador sistêmico, se souber puxar o casal, sem ser preponderante,
o casal enriquece, caso venha ser muito autoritário, empobrecem
juntos.

bia

126
Educação

É impossível descrever um casamento, apenas com essas


pinceladas. Todo casamento é a aposta de ser evolutivo. O casal
deve abrir as próprias comportas e juntos incluindo os filhos,
fazerem o rio. Devem reconhecer que as dificuldades dos filhos
advêm das “lições de casa” que não puderam ser feitas antes, nem
por eles nem por seus pais e nem por nenhum de seus
antecessores.

Educando um Alfa.

A primeira atitude dos pais é agradecerem o filho ou a filha


Alfa, logo ao nascer. E continuar fazendo isso o resto da vida. A
primeira criança fez uma imensa “lição de casa” ao chegar
definindo o campo em que se desenvolverá a família. O campo Yang
se for menina, o conteúdo feminino de outras gerações
predominará. Ou o campo Yin se for menino, então o conteúdo
masculino é que vai prevalecer. É ela mesma, a primeira criança, a
resultante de um longo processo de escanear as “lições de casa” de
um e de outro lado da família, apontando no sexo dela o rumo
evolutivo Yang ou Yin da família que o casal está formando.
Veio menino, (Alfa-) Yin. Veio menina (Alfa+) Yang.
Alfa precisa sempre de reconhecimento para avançar, isto é
estímulo, atenção, carinho, sugestão de desafios e objetivos a
serem alcançados. Os Alfa são básicos. Precisam de regras claras,
precisam ver para crer, precisam quebrar a cara por eles mesmos,
para dar valor às coisas. Os Alfa não se sentem amados, então fica
bem mais fácil de serem conduzidos: com declarações explicitas de
atenção e de afeto. Será como música aos seus ouvidos.
Os pais devem ajudá-los a procurar soluções, e evitar ao
máximo que eles parem o que começaram. Os Alfa, quando jovens,
empacam com facilidade, e não adianta apertar. É sempre preciso
doçura para lidar com eles. Uma gora de mel, e os pais terão um
grande homem ou uma grande mulher em sua família.

127
Educando um Beta

Os Betas são uns amores de filhos ou filhas. São delicados,


são sensíveis, são carinhosos. Parece que são anjinhos caídos, e de
fato os são. O problema é que esses anjos precisam
constantemente de acompanhamento. Quando chegam ao mundo,
veem que o primeiro andar, da matéria, está ocupado pelo Alfa,
então vão para o segundo andar, o da energia, da criatividade e da
imaginação. Eles precisam de pais igualmente amorosos que
respeitem essa sua situação que foi tomada por amor, e aos poucos
os ajudem a colocar os pés no chão da realidade. Eles adoram fazer
coisas não sugeridas, não gostam de ser mandados, detestam
rotina, não gostam de desafios. Mas como gostam de ajudar os
outros, os pais devem zelar para que esse movimento genuíno não
fique forte demais, e acabe prejudicando o próprio Beta. Os pais
devem apostar em todos os filhos, mas o Beta é quem mais precisa
sentir que os pais apostam neles. E vale a pena.

Educando um Gama

Os Gamas já nascem prontos. Os pais não precisam fazer


nada, apenas não estragar e não deixar que ninguém os estrague.
No Gama os pais já aprenderam a cuidar de filhos. Tem a história
que um Alfa engoliu uma moeda, os pais levam no hospital para
fazer raio-X e se preocupam muito. O Beta engole uma moeda, os
pais ficam apreensivos, por uma hora no máximo. O Gama engole
uma moeda, os pais apenas descontam da mesada. Os Gama
precisam de brinquedos de montar e desmontar caso contrário,
eles desmontam a casa toda. Precisam de espaço para seus
experimentos, como os outros dois, mas se ele não encontrar, ele
vai embora. O Gama não está tão conectado ao espaço do pai ou da
mãe, nem a nenhum avô ou avó. Ele é especial. Ele logo cedo fará
suas economias, então os pais podem ajudá-lo a ser interna e
externamente seguro. Podem pedir que ele ajude algum amigo com
dificuldade, desenvolvendo neles um espírito nobre.

128
Abrindo possibilidades

Todos os filhos se espelham nos pais, e as atitudes dos pais


se refletem nas atitudes dos filhos. Pais amorosos entre si e com os
filhos são sinônimos de filhos bem posicionados, Alfa, Beta e Gama.
Filhos bem posicionados terão bem menos dificuldades em
encontrar parceiros apropriados para se casar. Farão amizades
duradoras, e procurarão trabalhar nas áreas que sentirem mais
atração e interesse. Com o emocional desobrigado das tensões
secundárias, os filhos se dirigirão naturalmente para o seu destino.
Porém todos nós sofremos interferências dos aspectos secundários,
sociais e ambientais, e todos temos dificuldades em achar nossa
pulsão original, todos nós temos hóspedes que se sentam na nossa
poltrona existencial, todos nós queremos viver na totalidade do
movimento original, o que para muitos é uma utopia. Mas não é.
Muitas coisas nós podemos fazer. Podemos fazer a nossa “lição de
casa” sistêmica, o que desobrigará muito as pressões sobre nossos
filhos, netos e bisnetos. Mesmo se eles ainda não nasceram já
podem ir se beneficiando de estar num “campo” mais bem cuidado
e assim entrarão em águas mais limpas do fluxo de significados da
família.
Não podemos fazer chover, mas podemos espantar as nuvens.
Podemos educá-los amorosamente. Podemos fazer de nossa
existência uma obra de arte. Tão bela que seja boa, primeiro para
nós mesmos e depois para os nossos, para que seja como um
pãozinho de queijo quentinho. Podemos pedir ajuda a um
terapeuta sistêmico para ajudar a marcar alguns pontos na
caminhada e facilitar o balizamento das tarefas para nós e para os
que vêm conosco também.

Campos de atuação

Somos esses três campos, Alfa, Beta e Gama. Nossa ação no


mundo também pode ser formatada por esses três canais de saída,
para todos nós.

129
Trabalho de todos como Alfa, por instinto, por reparação.
Honrar pai e mãe
Amar os avôs <1> e <4) e as avós (1) e (4)
Tomar a iniciativa para por ordem no fluxo de significado
Não parar
Construir o que precisa ser feito

Trabalho de todos como Beta, por amor, por paixão.


Amar as avós (2) e (5) os avôs<2> e <5>
Ser amoroso e gentil
Ser útil aos outros
Promover a união e integração das pessoas
Amar o que precisa ser amado

Trabalho de todos como Gama, pela mente, por dinheiro.


Amar os avôs <3> e <6> e as avós (3) e (6)
Trazer equilíbrio ao mundo
Enriquecer, juntar energia financeira, saber cobrar o certo
Sair do seu mundo e conhecer o mundo
Compreender o que precisa ser compreendido

bia

130
Então podemos fazer um GPS, para nosso destino

Alfa Beta Gama


Para o pai Herdeiro Gracinha Orgulho
Para a mãe Encanto Encanto Preocupação
Para irmãos Mandão Chorão O E.T.
Na escola Aplicado Desligado Organizado
No namoro Apaixonado Apaixonável Muita paixão
No trabalho Lidera Cria Conclui
Seu driver Reparação Amor Dinheiro
Seus livros Clássicos Romance Técnicos
Seus filmes Policiais Comédias Suspense
Seus carros Luxuosos Aventureiros Econômicos
Dinheiro é Importante Consequência Fundamental
Com muito Faz muito Mantém Faz aumentar
Com pouco Faz pouco Faz muito Faz nada
Aparências Fundamental Que é isso? Enganam
Vida é uma Subida Decida Plana
Torce para O mais forte O mais fraco Acabar logo
Ajudar outros Só pensa Dedica-se Nem pensar
Crenças Eu creio Creio eu Creio em mim
Objetivos Inalcançáveis Alcançáveis Não conto
Viagem férias Sonha em ir Em não voltar Quanto sobra?
Quer o mais Alto Próximo Adequado

Podemos reprogramar nosso futuro, para que seja leve, mais


alegre, mais com a nossa cara. Nossas escolhas não devem ser
feitas por honra ao sofrimento, mas por amor. Com a grande
imagem da vida, podemos ver com novos olhos:

131
Então:

Podemos viver o nosso dia a dia alegres e bem humorados.


Podemos desativar esses drivers secundários.
Podemos encontrar a melhor forma de evoluir.
Podemos encontrar o melhor lugar nas empresas.
Podemos educar melhor nossos filhos.
Podemos ser os melhores amigos de nossos filhos.
Podemos cuidar melhor de nossos pais.
Podemos ser esposos melhores.
Podemos ser esposos mais emocionais.
Podemos ser esposos menos mentais e mais físicos.
Podemos ter tempo para nossas capacidades.
Podemos ter amigos verdadeiros.
Podemos viver uma vida saudável.
Podemos ser a cara de nosso futuro.
Podemos ser o fluxo familiar de significado.
Podemos viver uma vida cheia de sentido.
Podemos desejar o bem para todos.
Podemos nos empenhar em realizar esse bem.
Podemos então no final da existência, não morrer,
mas apenas partir.

Todas as famílias tem o campo machucado e para curá-lo é


que nascemos. Para fazê-lo evoluir, amamos. Destravamos e
vivemos o emocional para levarmos a termo o nosso destino.
Nossa tarefa pode parecer grande, mas cabe direitinho na
nossa existência. Enquanto vivemos só dependemos de querer e
dar o próximo passo. Depois que morrermos, já não sabemos.
Depois que partirmos o conteúdo volta para o fluxo de onde veio, e
pode demorar um milhão de anos ou mesmo nunca mais para
poder ser tratado. Ao nos colocarmos em condições de evoluir
emocionalmente, estendemos um tapete vermelho para os filhos,
já existentes ou não,e aos outros descendentes que por meio deles
chegarão e juntos trilharemos o destino evolutivo de nossa família.

132
Filhos adotivos

Cabe ainda um tópico que é elucidador. Os filhos adotivos e


enteados. Um filho Alfa natural é adotado em nova família, nesta
ele é Beta. Naturalmente ele é Alfa, socialmente é Beta. Seu fluxo
de conteúdo é o de sua família de origem, Alfa, mas ao receber o
amor de seus novos pais, ele por amor a eles, ajuda trazer o
conteúdo beta da família adotiva. Se os novos pais não forem
atentos, aceitarão esses gestos de amor, e o dispensarão do seu
esforço em travestir-se de Beta. Para isso os pais precisam ser
“poliglotas” sistêmicos, como educadores, líderes e terapeutas.
Precisam falar a linguagem de Alfa para os Alfa, a linguagem de
Beta para os Beta, e a de Gama para os Gama.
Dispensado de ser quem não é, o filho adotivo e os
enteados podem ser quem realmente são, e isso será fundamental
em sua vida. Recebendo esse grande bem pode retribuí-lo ao pais, a
si mesmo e a todos. O trabalho essencial dos pais é o de ler seus
filhos como eles são. A leitura sistêmica sempre aponta na direção
do fluxo familiar, na direção do entendimento, da paz, enfim, do
conteúdo emocional que é o mais forte.
O amor dos pais ensina a ler seus filhos. Só se aprende a ler
o sistema quem sabe o idioma do amor. Só o amor lê.
Quando o fluxo sistêmico se sente lido ele pode voltar ao
seu leito natural.
Podemos tomar em nossa casa o filho de outro pai, de
outra mãe. Mas isso é tarefa para um grande amor.
Um filho adotivo que entra para uma família depois da
morte de um filho natural, é atraído para o vazio do sistema, entra
como um reparador, ao fazer isso fica mais difícil para ele mesmo
encontrar o próprio leito para deixar fluir suas águas.
Todos os filhos precisam sentir-se pertencentes e incluídos
no seu sistema de origem. O que não pode ser dito buscará outras
formas de expressão. Como doenças por exemplo.

133
Adicionando o vazio
A solidão é essencial à fraternidade.
Gabriel Marcel

O movimento automático que fazemos é o do somar.


Quanto mais, melhor. Mas aqui é diferente. Precisamos
aprender a somar o vazio. Como numa floresta. A diferença da
floresta para o jardim é que nela foi adicionado o vazio.
O homem veio habitar esse jardim. E só ele pode trazer o
vazio para a floresta.
A floresta das relações intrincadas dos antepassados.
A floresta das solicitações sem fim que nos tiram do sério e
do nosso próprio lugar.
A floresta do querer ter algo a mais para si mesmo,
enquanto o que precisamos mesmo é algo a menos. Do que vamos
abrir mão? Precisamos diminuir o ritmo. Precisamos saber o imenso
tesouro que temos em nossas vidas.
Precisamos fazer uma pequena desconstrução do que vem
sendo construído para encontrarmos nas camadas anteriores de
nossa estrutura, os veios de significado que correm como rios pela
planície, trazendo a mensagem que vem desde a montanha.

Nossa família na montanha de Campos do Jordão

134
Luiza Achcar
Gerações de Firaces.

135
6 - A partida
Morrerei se suspirares
Pois és meu grande bem
Cecília Meireles

Até aqui fizemos a leitura do nosso sistema pela chegada,


mas agora precisamos fazer a leitura do mesmo nosso sistema,
porém pela partida.
Só morre o que nasceu.
O que sentimos no coração, não nasceu no coração.
O conteúdo que vem pelo fluxo contínuo de significado, não
nasceu no dia de nosso aniversário, nem na nossa concepção.
Nasceu na aurora da primeira manhã.
Nós é que deixamos esse conteúdo misturar-se com tudo o
mais e nos confundimos. Achatamos o emocional, fizemos dele uma
pizza com a nossa cara.
Aceitamos viver por um amor menor, enquanto nosso
coração ansiava muito mais. Aceitamos viver por verdades
menores, enquanto nossa mente poderia voar muito mais alto.
Aceitamos amar um amor menor, um amor técnico, como um beijo
de novela. Um amor misturado com medo da solidão, medo de
separação, medo de se dar, um amor que não é amor.
Acabamos chamando de utopia, aquilo em que
acreditávamos possível só porque nos achávamos
momentaneamente incapazes.
Um mundo melhor. Uma vida com sentido.
Amizades verdadeiras, amor verdadeiro, entrega, confiança,
dedicação, o bem desinteressado, a empatia, a compaixão.
Sexo e amor como uma coisa só.
Mente e coração caminhando juntas, com o emocional
vindo à frente.
Sem medo de sermos considerados ingênuos e bobos
podemos fazer uma vida cheia de significado, tão cheia que ao
partir, nós deixaremos para trás apenas a menor parte.

136
Podemos viver uma vida sem limites, se nossos sentimentos
forem sem limites, se nossa bondade for sem limites. Se a nossa
mente for sem fronteiras.
Podemos então, quem sabe, não morrer, mas partir.
Algo aqui mudou. E estamos frente a frente com nós
mesmos, mas de uma forma diferente. Estamos desarmados e
desinteressados. Podemos olhar para nossa vida pelo seu lado
inteiro. E pela primeira vez sentimos que o que ficará na nossa
partida é menor parte, como a casca da lagarta, sendo que o que
vai, é a borboleta.
Sentimos uma onda amorosa que nos conecta a tudo. E
queremos seguir com ela.
Sentimos que todos os seres vivos estão ligados pelo
coração. Fazendo a rede da Imensa Vida.
Nela há algo de puro que parece que nunca foi tocado.
Nela parece que não temos idade.
Que somos jovens e belos.
Nela queremos o bem para todos.
Podemos mudar de uma base mental complicada,
secundária e indireta para uma base emocional, primária, simples e
direta.
Em tudo que tocarmos e olharmos, com essa objetividade e
simplicidade reverberará a Imensa Vida.
É como a benção que transforma a água podre em grão de
neve. Nosso corpo é setenta e cinco por cento água, com cem por
cento de água abençoada, cem por cento de benção.
E por um momento podemos sentir em nossas vidas que
não temos problemas. Temos soluções. Mesmo quando vêm as
broncas para cima de nós. É só não nos deixarmos sequestrar por
elas. Podemos olhar para elas de frente, cheios do emocional,
cheios de bem, de forma que não haverá espaço nenhum para
outro elemento em contrário.
Daremos a outra face, se preciso.
Sem nos desfocar dessa onda amorosa que nos conecta a
tudo, saberemos ver mesmo nas adversidades, o que está lá dentro,
e também faz parte da Imensa Vida.

137
Permissão

Toda partida tem antes uma permissão, um consentimento,


claro e indubitável, uma permissão anterior, desde a tênue até a
mais explicita aceitação.
Só morre o que não conseguiu em vida, nascer de novo.
O que está preso ao sistema por uma fidelidade doentia.
Ao permanecer fidelizado permite a morte, não a vida.
Até mesmo uma vítima de bala perdida, em uma
determinada instância, deu permissão para que isso acontecesse.
Ou quando um ladrão é atingido por uma bala, e ele diz que
não quer morrer, é sua mente que luta contra a morte enquanto
seu emocional há muito já permitiu, desde quando ele se tornou
ladrão.
Quem nega o seu próprio movimento emocional está
permitindo a morte.
Quem entra no seu genuíno movimento emocional
suspende a permissão de morrer na hora, isto significa dizer, cura-
se de qualquer doença.
Quando alguém está fora de seu lugar, está permitindo os
drivers secundários, está permitindo a encarnação do que não é o
seu “eu mesmo”, está permitindo a morte. Da mesma forma como
o rio que corre fora de seu leito seca. Como a lagarta que sufoca a
vida que há dentro dela, mata a borboleta.
Viver fora de seu lugar é assumir esse grande risco.
É pagar doença com saúde. É subverter a ordem interna.
Não caminhar para seu destino, é ficar preso em si mesmo e
voltar para as origens, morrer com seus mortos.
Ao viver fora de seu lugar, assina-se a própria pena de
morte com data em branco. Todo ser vivo sinaliza interiormente
sua orientação para vida ou para morte. Dentro de nós, todos nós
queremos a Imensa Vida. É da natureza emocional, formatar a
nossa inteligência, os tipos de relacionamentos e a saúde. Quem
tem claro qual é a sua missão não se permite morrer. Arranja forças
e se blinda. Quem se sente desconfortado com sua vida, está sem
defesas e qualquer coisa pode atingi-lo. Está exposto.

138
O meu lugar
You never see what you want to see
Forever playing to the gallery
You take the long way home
Take the long way home
Roger Hodgson

Podemos ter escolhido caminho mais longo para ir para


casa. Não importa. Ao nos colocarmos frente a frente com o nosso
destino, a nossa verdadeira casa, tanto faz o caminho que fizemos.
O que importa é o que faremos agora.
Podemos olhar para todos as pessoas queridas que já
partiram, e ter uma imensa gratidão pelo que elas representam,
como sendo os construtores das bases da subida da montanha.
Alguém vai ter que chegar ao cume. Arranjar forças,
preparar-se e sair do acampamento em que chegamos, e fazer a
loucura de ir até o cume sem parar.
Sabemos que é loucura, mas loucura é “lo que cura”, em
espanhol. Então será uma insanidade não fizermos nada, porém se
dermos um passo, ”lo curamos”.
Insanidade é aceitar que vamos nos juntar aos que já
morreram, se está tão claro que temos de ir na direção oposta.
Então brota em nosso íntimo um sentimento vivo, que
podemos ser nós os que chegaremos ao topo da montanha, e não
morreremos.
Vamos encarar seriamente esse assunto, sem empurrar
para depois. Nossa verdadeira casa é o cume da montanha. É para
lá que anseiam todos que vivem. É para lá que queremos ir, é para
lá que podemos ir se mudarmos nossos drivers secundários e
atendermos o primário.

bia

139
O eu

Toda morte aponta um conteúdo.


Toda morte tem um por que.
Toda morte tem uma permissão para se morrer
Era do Significado

O eu é a casca do ser.
O ser é o alinhamento do corpo, da mente e do emocional.
O eu é uma casca necessária, uma identidade externa para
ajudar a dar unidade e integrar esses três, pois sem o eu, o
conteúdo se derramaria e se fundiria na substância insípida e
inodora de numa existência sem graça e sem fundamentos.
A evolução é a vontade do ser em se desdobrar a partir da
Imensa Vida. O movimento não vem do eu, mas dela.
Do ser vem a vontade de conhecer e de se conhecer.
Quando o ser desdobra a Imensa Vida, ressignifica os seus
sentimentos, sua história e até mesmo a forma de se ver.
Quando o ser entra em um estado profundo de gentileza e
amorosidade ele se regenera.
E quando menos esperarmos, estaremos tocando o topo da
montanha.
Não precisaremos mais morrer, apenas partiremos.
Aquilo que vem se desdobrando desde a origem da vida,
desdobra em nós e nos faz vias de acesso por onde pode prosseguir
a Imensa Vida. Por vibração. Por simetria. Nossa vida acessa a
origem da vida, então quando chega lá, pode seguir para seu
destino.
O ser acompanha o movimento irrepetido e único do
significado, em Alfa, Beta e Gama.
A Imensa Vida se expressa ela mesma.
Na nossa existência aprendemos, evoluímos, amamos,
encontramos outros seres a quem amamos e somos amados e a
certa altura da vida, quando somos mais adultos, reconhecemos em
nossos movimentos, a assinatura da Imensa Vida.
Dela vem a intenção, nela agora se expressa o conteúdo,
em harmonioso movimento.

140
Morte e Partida

A partida é inexorável. A morte é opcional.


A morte é aquela que vem de encontro àqueles que já
deram permissão pelo afastamento do seu driver primário, em seu
emocional. A partida é o movimento contrário. Ela brota da
aproximação emocional do nosso movimento genuíno, único,
irrepetido, e ao ressignificar se abre para a Imensa Vida.
Viemos do fluxo de nossas famílias, aceitamos fazer nossa
“lição de casa”, queremos deixar nosso sistema melhor para os que
virão. Então, no íntimo cada um pode dizer:

Coloco-me à disposição da vida,


Para seguir em algo que não morre.
Para onde vou, não tenho outra opção a não ser.
Permanecer frente a frente à Imensa Vida

Fazer a “lição de casa”, limpar o emocional, melhorar o


sistema para minha família e para todos, ser amoroso, sendo um
com a Imensa Vida. Este é o significado que não se pode mudar.
O que é bom no emocional é bom para sempre, o que
precisa melhorar, para sempre precisa melhorar. Quem distingue
se o emocional é bom ou se precisa melhorar, somos nós mesmos.
O significado que conseguimos fazer vivo em nós, aponta
com a nossa vida para o nosso destino. Se entendermos o porquê
de estarmos aqui, não há o menor ressentimento ou desinteresse
em não precisar partir.
Assim como nenhuma criança nasce fora das chances de
trazer o bem para seu sistema, da mesma forma, nenhuma partida
é feita fora dessas mesmas chances.
O sistema é a nossa fonte de referências, é a chave para
entender a Imensa Vida.
As informações e reconhecimento que vem do emocional
validam o fluxo da família.
O objetivo comum é a evolução do sistema. Na família, em
todas as famílias e no mundo todo. Cada vez que amamos, ou

141
exercitamos nossa capacidade de amar, trazemos leveza ao nosso
sistema. Nenhuma criança vem solta do seu sistema, nenhum
adulto volta avulso ou sozinho. Só o adulto pode partir.
Gostamos de nos pensar indivíduos, pessoas isoladas,
singulares, independentes, autônomos que podem fazer o que bem
quiser com suas vidas, mas não somos.
Temos umbigo e por ele estamos ligados a tudo que veio
antes de nós e por ele estamos ligados também a tudo que virá
depois.
Mais do que a nossa imagem física, refletimos também a
imagem de nosso sistema.
Nossas conexões ancestrais apontam o conteúdo para o
qual foi preciso que viéssemos ao mundo .
Nossa tarefa, nosso movimento original, é entender a “lição
de casa” que viemos fazer, e ao mesmo tempo entender que é
possível dar o salto quântico a cada momento que nos abrimos para
a Imensa Vida.
Se soubermos fazer isso agora, saberemos também como
fazer na hora de nossa partida.

bia

142
Aceitar o destino
Sede vossas próprias luzes, vosso próprio apoio.
Permanecei fieis à verdade que existe dentro de vós
como sendo a única luz. Budha.

Aceitar o destino, que foi escolhido há muito tempo no


fluxo de significado da família, é a base para se tornar adulto. Todas
as linhas de força apontam na mesma direção: A história individual
dentro da saga comum.
O anseio inconsciente em todas as famílias é puxar a fiada
dos filhos, é trazer e tratar o conteúdo da família, até que um dia,
tendo sido manifesto e tratado, não se encontrem mais barreiras
ou resistências para inserção na Imensa Vida.
E surgirá o filho ou filha que em última análise, não
precisará mais pagar amor com dor, vida com morte. Não precisa
mais ser Alfa, Beta ou Gama, poderá ser Ômega, o ser que não
precisará mais morrer.
Um ser humano que passa direto.
Quando isso acontecer, a humanidade inteira passará com
ele, estabelecendo outra ordem entre os seres vivos.
O Ômega é aquele que é um com a Imensa Vida.
O Ômega é aquele que traz o conteúdo do pé da montanha,
ao topo da montanha. Ele é a realização do que sentimos, quando
vislumbramos o que seja não morrer.
Sua identidade não será voltada para os outros, mas para si
mesmo, para o conteúdo emocional.
Não julgará nada ou ninguém.
A tudo responderá com amor.
Não se sentirá separado da vida.
Corpo, mente e emocional não mais separados.
Harmonia no diapasão emocional.
Na hora da partida, não precisará se reduzir.
Nem falar: ”é hoje que eu vou”. Esse sentimento está
presente em cada momento, gerando desdobramento.
Em confiança a essa Imensa Vida, sem se mover, dá um
salto e mergulha na correnteza do fluxo continuado da vida.

143
Ao dissolver a saga nessa infinita história, por esse salto, ele
percebe ser ele mesmo o bem capaz de injetar vida nessa
correnteza, ser o amor irresistível às forças evolutivas.
Assim podemos todos, deixar o veículo Alfa, Beta e Gama
que usamos até aqui com esse corpo, com essa mente, com esse
coração, e mergulhar fundo na inteireza indivisível, da qual boiamos
e nos destacamos ao nascer.
Será um mergulho longo ou curto.
Levará o tempo de uma geração ou o de uma respiração.
E mergulharemos nesse mar de vida, onde respiraremos por nossas
guelras sistêmicas, até o momento em que cheios de amor,
aceitaremos o convite como foi aquele que recebemos para nascer,
mas desta vez não mais para trazer à tona, mas para fazer de si
próprio, o conteúdo mais antigo em corpo novo.
E aceitaremos este convite como extensão do convite
primeiro. E veremos a Imensa Vida nas feições de nossos familiares,
aqueles que amamos tanto. E com os olhos fechados e ardendo de
amor, seremos atraídos pela vibração de nossos iguais, até
entrarmos naquela célula tão pequenina, e daremos rosto ao fluxo
de vida. Para isso precisaremos de coragem.
Precisaremos da mesma coragem para partir como
precisamos para nascer. A mesma energia. E quando estivermos
prontos, o corpo nos levará a beira do rio. E maravilhados pela
beleza dele, nos entregaremos à correnteza.
Quem chega à
nascente do rio. É sua
água. Da nascente parte
a história do rio, que ao
longo do percurso se
suja e aprende a se
limpar, reescreve sua
história, até o momento
de desaguar no mar, no
oceano da Imensa Vida.
E ao abrir os olhos, a água se descobre mar, validando o percurso
que fez desde a montanha.

144
Pertencer à vida

É uma honra pertencer à vida.


Entender-nos como sua extensão criadora.
É uma honra descobrir a vida de tantos dos nossos em nós
mesmos.
É uma honra ser um elemento de mudança, de avanço do
nosso próprio sistema.
É uma honra exercitar a opção de amar.
Então só há um lugar plausível para se ressignificar a morte:
é na própria nascente.
Ao chegar ao mar, voltamos interiormente para os nossos
pais, que por sua vez já deverão ter voltado para os pais deles, e
eles também aos pais deles, regressivamente até a nascente.
Assim caminhando inversamente o caminho da história,
inspiraremos o ar da primeira vida, na nascente da montanha, e ao
expirarmos sentiremos o cheiro salgado das águas do mar.
A Imensa Vida caminha na direção da convergência.
Do nada ao todo.
Do tudo ao um.

Bia

145
Olhando com outros olhos

Então podemos ver a vida com outros olhos. Desde a


gravidez até a partida, mas com outros olhos. Na gravidez, todas as
influências do universo estão ali presentes. O ato criador de trazer
ao mundo outro ser, é
a possibilidade de
expressão da própria
vida. Então podemos
ver que tudo já estava
na origem da vida, e o
que vemos são seus
desdobramentos.
Podemos ver que se um
de nós consegue
superar uma barreira
emocional, ela se abre para todos. Então entendemos a infusão que
ocorre na gravidez. É todo universo contraindo o seu conteúdo,
tomando carona no conteúdo daquela família. É o legitimo cenário
por onde vem o fluxo da vida. O
DNA é uma pequena referência
do modelo psicoenergético que se
forma. Estamos todos
conectados. Nascemos na hora
em que ocorre o equilíbrio do PH
da mãe e do bebê, a equivalência
mãe-filho, é a ponte por onde
nascemos. Da mesma forma, ao
partir, se nos abre a mesma ponte
da equivalência, porém com a
Imensa Vida. Quando estamos
em equilíbrio, estamos em
equivalência com a Imensa Vida.
Assim podemos ir. Assim podemos viver. Só quando estamos
prontos para partir é que estamos prontos para viver.

146
A equivalência é a ponte que nos permite a inserção na
Imensa Vida.
A lateralidade formatada na nossa gravidez (lado direito –
Yin e esquerdo - Yang) se transpôs, se inverteu na hora do
nascimento (ficando lado direito – Yang e esquerdo - Yin) se
transpõe e inverte novamente na hora de nossa partida. Fecha o
ciclo. A mesma transposição do nascimento ocorre na partida. Por
exemplo, uma criança Yin, teve uma gravidez Yang, volta a ser Yang
na partida, como num primeiro filho ou segunda ou quarta criança
depois de menina. Ou, analogamente, uma criança Yang, como uma
primeira filha Alfa+, teve uma gestação consolidadora Yin, uma vida
expansora Yang, e partirá Yin como chegou, consolidando seu
sistema.
A seqüência dos irmãos é Yang e Yin, alternadamente.
Expansão e consolidação, Yang e Yin, nascimento e partida,
são como a pulsação da Imensa Vida.
Partimos como viemos.
Alfa, Beta e Gama são apenas estratégias evolutivas da vida
para cada um de nós. Foi a maneira como pudemos receber e
processar, assimilar, assumir, realizar, resolver, ressignificar o
conteúdo da Imensa Vida, que nos chega pela nossa família.
Não precisaremos mais ser Alfa, Beta ou Gama ao partir.
O que não pudermos fazer, volta para o sistema e ficará
esperando por uma próxima chance.
Ao partirmos, tudo que aprendemos e nos desenvolvemos
emocionalmente não será mais entendido como Alfa, Beta ou
Gama, mas como Ômega, o que não morre, a medida do quanto
pudemos evoluir, enriquecer e trazer o bem, para a Imensa Vida.

Grão de neve

147
7 - Epílogo
O Atirador Sistêmico.

Imaginemos um atirador sistêmico, diferente de um


atirador de elite, que atira no campo físico. Este outro atira no
campo do significado. Ele aponta para a origem, a causa das
questões. Vamos passear com ele e ver seus tiros.
Primeira parada: Uma cadeia com os piores criminosos.
Nossos olhos se voltam para os presos, que ali estão pagando com
tempo, em pena de reclusão, para mudar algo neles. Pode ser só
esperança, mas a apartação física, não aparta o problema do
criminoso, aparta somente o criminoso da sociedade. Ali na cadeia
suas dores continuam, seus motivos e a falta de entendimento de
seus reais motivos continuam. E mesmo se os presos morressem, o
sofrimento deles continuaria e se juntaria ao sofrimento de tantos
penitentes mortos que não puderam fazer sua “lição de casa” a
tempo. Então, o atirador olha para eles não como criminosos,
vitimadores de outras pessoas, mas olha para eles como vitimados
que foram e ainda são?
Podemos vê-los como sendo as verdadeiras vítimas?
Eles foram os abusados quando crianças, os que tiveram
pais ladrões, mães prostitutas, os que não tiveram bom amigos, não
conseguiram sair do redemoinho da própria dor.
Eles são as vítimas, e o tempo que eles ficam ali presos
deveria ser empregado para serem tratados. Cuidar do vitimado
que está dentro do vitimador. Trazer à tona seu conteúdo, ver suas
conexões familiares, seu posicionamento fora de lugar, ver as
repetições que não foram aprendidas, ler a sua história com
dignidade, de quem, a um certo nível de consciência, escolheu esse
destino, escolheu pagar o pato, escolheu essa rota cheia de dor.
Então para que a prisão possa ser “campo” de atuação da
Imensa Vida, é preciso que o atirador sistêmico mire no criminoso,
no vitimador e acerte o vitimado, a verdadeira vítima, a criança que
precisa se saber quem é, numa verdadeira proeza sistêmica,
fazendo o famoso tiro “ errou na mosca”.

148
Continuamos nosso passeio.
Entramos numa escola, cheia de crianças com uniforme,
salas de aula e professores.
Para quem são feitas as escolas? - Para os alunos.
Esta é a resposta automática. Mas vamos investigar isso
com calma. As crianças estão ali para aprender, e aprender é um
fenômeno complexo, onde só se aprende quando se rompe uma
barreira interna emocional, quando se abre o mental, quando vibra
a pulsão original naquele aluno, ou seja, quando o aluno ou aluna
entra no “campo” de atuação da Imensa Vida na escola.
Quem está criando esse “campo”? - Os professores.
Quando estes se atêm a compreender a realidade da
matéria, a realidade dos alunos e deles próprios, eles criam esse
“campo” escola. Então é para eles que a escola deve ser feita, pois
eles ao gerar o “campo”, geram as condições para que os alunos, ao
redor deles, realmente possam aprender. Aprendendo quem são e
a que vieram, esses alunos não precisarão conhecer as cadeias.
O tiro “errou na mosca” vai no professor. Ele é a origem. E
ele pode gerar o “campo”.
O atirador sistêmico recarrega sua arma e continua seu
passeio.
Entra num hospital.
“Já sei”, pode dizer alguém. “Se o negócio é mirar numa
coisa para acertar na outra, então no hospital deve ser... atirar no
médico para acertar o paciente?” – Não ! Passou longe.
Segure o atirador um pouquinho.
Num hospital o doente vem tratar a doença que contraiu ao
longo da vida que leva tão igual a tantos milhares ou milhões que
vivem a mesma situação, o mesmo drama. O doente é um
representante, um dignitário. Sua dor é a dor do mundo. Sua
doença, a doença do mundo.
Será que ele veio ali só para tirar os sintomas, tomas umas
aspirinas, anestesiar as dores e ser mandado de volta para a fonte
da doença que o trouxe ali? Ele e todos os outros colegas de
enfermaria? - Não.

149
Não parece verdadeiro que seja este o propósito do
hospital: fazer uma meia sola no paciente e mandá-lo de volta ao
mundo impaciente.
No hospital o nosso atirador sistêmico mira no doente para
acertar a sociedade. Só assim ele pode “errar na mosca”.
Cada doente é um pedido de socorro de milhões que
sofrem do mal de como organizamos o mundo. Do mal do jogo
trapaceado do poder, político, econômico e masculino. Do mal que
existe em cada um de nós nessa vida em condomínio das cidades,
das sociedades, onde somos o que representamos.
Podemos demorar até trinta anos numa lenta intoxicação
desses valores pífios, para apresentar nossa doença, para vir à tona
e poder ser tratada e compreendida, e quando felizmente
adoecemos precisamos do “campo” da Imensa Vida para sermos
ouvidos em nosso significado, somos remediados, lobotomizados
quimicamente, e devolvidos para a cronicidade de nossas doenças,
numa vida sem solução e sem remédio.
Para acertar na sociedade, o atirador sistêmico atira no
doente, para acertar na saúde, atira no compromisso médico, de
colocar todas suas forças a serviço da vida.
Saindo dali, vamos para a família.
(Prepara munição aí, gente!)
Para acertar no destino, precisamos mirar na origem.
Para acertar na evolução dos filhos, precisamos mirar no
amor dos pais.
Para acertar no bom desenvolvimento dos filhos,
precisamos mirar na “lição de casa” com os avós.
Para acertar na comunicação, temos que mirar na
observação.
Para acertar o diálogo, precisamos mirar no silêncio.
Para os filhos acertarem suas profissões, precisamos mirar
nas suas conexões ancestrais, e se houver obstáculos, superá-los.
Para os filhos encontrarem bons companheiros e
companheiras na vida, precisamos mirar no conteúdo emocional
não resolvido na vida dos pais, que distorcem o sistema da família.

150
Para acertar na felicidade dos filhos, precisamos mirar na
honra dos pais.
Para acertar na saúde física, temos que mirar na saúde
emocional.
Para acertar na saúde da mente, temos mirar no equilíbrio.
Para acertar numa vida cheia de significado, precisamos
mirar no vazio.
Para acertarmos a pulsão original, temos que mirar nos
drivers secundários.
Para acertar a nossa individualidade, precisamos mirar em
todos que compõe a nossa árvore de conexões.
Para acertar na realização, precisamos mirar na harmonia.
Para acertar na riqueza, precisamos mirar na fraternidade.
Para acertar na paz, precisamos mirar na inclusão.
Para acertar na evolução temos que mirar no amor.
Para acertar no amor, precisamos acertar no
posicionamento.
E por fim, para não morrer, precisamos mirar na Imensa
Vida.
Nós somos esse atirador sistêmico.
Nós podemos dar o salto, podemos entrar pelo fluxo do
significado.
Nossos olhos podem ver além da matéria. Podem ver
através dos sistemas
Nós entendemos que morremos só no que não sabemos
viver, no que não sabemos ressignificar, no que não fazemos nascer
de novo.
Nós somos a correnteza e o rio da vida.
Nós somos o presídio em que se curam as vítimas.
Nós somos a escola em que se aprende a realidade.
Nós somos o hospital que cura fazendo se conhecer o
significado da vida.
Nós somos o espelho em que toda humanidade pode se
ver.
Nós somos as perguntas que não aceitam respostas fáceis.
Nós somos a ponta do iceberg de nossa imensa família.

151
Nós somos os que podem dissolver o sofrimento coagulado
nas células.
Nós somos os que deixaram de se ver pelos olhos dos
outros.
Nós somos o desdobramento de nossos avós, e o que
realizarmos em nossa vida será desdobrado em nossos netos.
Nós podemos deixar que o conteúdo que está dentro possa
vir para fora e comece a aprender por si mesmo.
Nós sabemos desconfiar das evidências fáceis.
Nós sabemos fazer a pontaria que “erra na mosca”.
Nós sabemos apontar para na Imensa Vida.
Nós sabemos acertá-la.
Podemos contemplá-la, acompanhá-la, essa doce e
inconsolada vida.
Afinal, para quem essa inefável vida pode se revelar?
Oh, bondosa vida. Paciente vida.
Vida que se deixou travestir de anjos e divindades.
Conspurcada vida que recebeu todo tipo de projeções,
cooptações, imaginações e fantasias.
Podemos ser este homem, esta mulher.
Resolvermos desvendar o que sempre ficou encoberto.
Resolvermos tratar desse tema.
Resolvermos aliviar a dor da vida.
Ao nascer, em nossa família, escolhemos tudo isso.
Ser este homem, esta mulher.
Ser a dor de meus avôs e avós.
Ser o passado cheio de explicações vazias.
Ser o que sou.
Da mesma forma, ser essa oportunidade.
Ser luz para o mundo.
Então entendemos o que significa “eu sou”.
“Eu sou” a obra prima que a vida faz em meu sistema.
“Eu sou” o que a vida consegue se manifestar.
“Eu sou” o fluxo evolutivo da vida.
“Eu sou” seu endereço.
“Eu sou” a parte visível do conjunto da minha família.

152
Então, reconheço em meus filhos e netos, por um
milionésimos de segundo, como por um raio de luz, o reflexo da
face de Deus.

Foto de Masaru Emoto da água suja,


agora limpa e abençoada.

153
Final
A mecânica da família é um tema inesgotável.
O que apresentamos aqui é apenas uma sinalização do
estudo que todos, independentemente da fase da vida, crença e
cultura precisam conhecer, assim como os povos primitivos
precisavam de um espelho.
Saber quem somos é a base do conhecimento. Mesmo
antes do que cremos e do que pensamos. Só a partir do que
realmente somos é que podemos nos considerar fazendo parte da
história humana.
Desenvolver é uma ampliação de ser quem somos.
Não saber para onde vamos, se vamos ou se não há nada
após a morte, tem jogado a humanidade no campo das incertezas,
da individualidade desconectada do todo da vida, das possibilidades
mais diversas.
Esquecemos que estas respostas estão em nós mesmos.
Estão no entender de quem somos, de onde viemos, a que viemos,
e isso só é possível entender a partir da história de nossa família.
Somos o melhor arranjo de nossos pais, avós e bisavós, para
evoluir o “campo” emocional de nossa família.
Nascemos corpo e mente, mas o nosso emocional vem
desde a origem da vida. Não nasceu conosco, não morrerá conosco.
Só o que já existia antes continuará existindo depois.
Nascemos para aprender, para amar e para nos ajudar uns
aos outros. Nascemos para desbloquear os entraves físicos e
mentais que nos acompanham. Nascemos para nos disponibilizar
para o amor. Nascemos para criar o universo. Nascemos para um
dia não mais precisar morrer.
Se colocarmos o objetivo de nossa vida apenas no nosso
bem, ficaremos emocionalmente do mesmo tamanho que
nascemos.
Então podemos expandir o significado da vida, entendendo
nossa vida no contexto da Imensa Vida. Podemos vê-la chegando
desde sua origem pelos nossos pais, podemos vê-la seguindo na
direção de seu destino pelos nossos filhos.

154
Comentário final da quinta edição

A sequencia do estudo apresentado nesse livro, IMENSA


VIDA, está nos livros: Pedagogia Sistêmica, depois da última curva
do rio o começo, Adultecer e Terapêutica Imensa Vida, uma forma
de tratar os saudáveis.
No primeiro entendemos como chegamos aqui, como
tomamos as cargas emocionais do sistema de origem e produzimos
em nós as personalidades Alfa, Beta e Gama.
No segundo entendemos que nossa capacidade de
aprender nos posiciona no mundo e revela nossa pulsão.
No terceiro vemos a física desde o primeiro momento de
nossa existência, depois oferece uma forma especial de tratamento
pela observação.

O Instituto Imensa Vida, promove encontros de


Constelações, edita vários livros de conteúdo sistêmico e
realiza diversas Formações Sistêmicas no Brasil e no exterior
em: Constelações Familiares Sistêmicas, Pedagogia Sistêmica,
Sistêmica Organizacional e Direito Sistêmico.

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Institutoimensavida@gmail.com ou
tarsofirace@gmail.com

Bom estudo.

Tarso Firace

155
Bibliografia

Adler, Alfred - What life could mean to you.


Amaral, Moacir – Hestória.
Bohm, David. Totalidade e a Ordem Implicada.
Bohm, David. O pensamento como um sistema.
Chardin Teilhard. O Meio Divino.
Di Biase, Francisco. O Home Holístico – A unidade
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