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Leonardo nasceu em 15 de abril de 1452, "na terceira hora da noite", [nb 6] de um sábado,[nb
7]
no vilarejo de Anchiano, na comuna italiana de Vinci, na Toscana, situada no vale do rio
Arno, dentro do território dominado à época por Florença.[17] Era filho ilegítimo
de Messer Piero Fruosino di Antonio da Vinci, um notário florentino[18][19] e Caterina di Meo
Lippi, uma órfã de 15 anos,[20] camponesa[2] que pode ter sido uma escrava oriunda
do Oriente Médio.[nb 8][nb 9] Leonardo não tinha um sobrenome no sentido atual; "da Vinci"
significa simplesmente "de Vinci": seu nome completo de batismo era "Leonardo di ser
Piero da Vinci", que significava "Leonardo, (filho) de (Mes)ser,[nb 10] Piero de Vinci".[17]
Estudos genealógicos recentes afirmam que possuía cerca de vinte e dois meio-irmãos. [23]
Infância, 1452–1468
Leonardo da Vinci
Estátua na Galleria degli Uffizi
O Batismo de Cristo
Verrocchio e Leonardo, 1472–1475, Galleria degli Uffizi
A Adoração dos Magos, (1481–1482) — Uffizi. Em março de 1481, a Leonardo foi encomendada
esta pintura, pelos monges de São Donato Scopeto em Florença. O notário do mosteiro era o pai de
Leonardo, e é muito provável que tenha induzido os monges a contratar seu filho. [32]
Em 1476, Leonardo da Vinci, juntamente com mais três alunos do ateliê de Verrocchio,
foram acusados de sodomia;[nb 14] segundo a acusação referente a Leonardo, ele teria tido
relações homossexuais com Jacopo Saltarelli, um jovem de 17 anos muito popular à
época em Florença como prostituto.[13] Diante, no entanto, da falta de provas concretas que
confirmassem semelhante acusação contra Leonardo e outros três rapazes, além de um
deles ser membro de uma família com conexão aos Médici, o caso foi arquivado "com a
condição de que não fossem feitas novas acusações". [33][34] Porém, algumas semanas
depois, surgiu uma nova acusação em Latim, que foi retirada por falta de testemunhas
com a mesma condição de antes.[34] A partir desta data até 1478 não existem registros nem
de obras suas nem de seu paradeiro, [35] embora se costuma presumir que Leonardo tenha
estado no ateliê, em Florença, entre 1476 e 1481. [2] Em 1478 foi-lhe encomendada a
pintura de um retábulo para a Capela de São Bernardo, e a Adoração dos Magos, em
1481, para os monges de San Donato a Scopeto. Esta importante encomenda foi
interrompida com a ida de Leonardo para Milão.[36]
Em 1482, Leonardo, que de acordo com Vasari era um músico muito talentoso, [37] criou
uma lira de prata, com a forma da cabeça de um cavalo. Lourenço de Médici, dito "il
Magnifico", grande humanista, enviou Leonardo, a portar a lira como um presente, a Milão,
para selar a paz com Ludovico Sforza (dito il Moro, "o Mouro"), Duque de Milão não oficial.
[38]
Foi nesta época que Leonardo da Vinci escreveu uma carta a Ludovico, citada
frequentemente, na qual ele descreve as coisas diversas e maravilhosas que conseguia
realizar no campo da engenharia, e informando o seu senhor que ele também podia pintar,
[39]
apesar de muitas de suas ideias estarem no campo da fantasia e só um sistema de
rodete, idealizado em 1490, chegou a ser usado no campo de batalha. [40]
Leonardo continuou a trabalhar em Milão, entre 1482 e 1499. Recebeu a encomenda de
pintar a Virgem dos Rochedos para a Confraria da Imaculada Conceição, e a Última
Ceia para o mosteiro de Santa Maria delle Grazie. Enquanto vivia em Milão, entre 1493 e
1495, Leonardo listou uma mulher, chamada Caterina, entre seus dependentes, nas suas
declarações de imposto de renda. Quando ela morreu, em 1495, a lista dos gastos com o
funeral sugere que ela pode ter sido sua mãe. [41]
Trabalhou em diversos projetos para Ludovico, incluindo o preparo de carros
alegóricos e desfiles para ocasiões especiais, o projeto de uma cúpula para a Catedral de
Milão, e um modelo de um imenso monumento equestre para Francesco Sforza, o
antecessor de Ludovico. Setenta toneladas de bronze foram separadas para a sua
confecção; o monumento permaneceu inacabado durante anos, o que não foi comum na
carreira de Leonardo. Em 1492 um modelo de argila foi terminado; ele era maior, em
tamanho, que as duas únicas estátuas equestres do Renascimento, a estátua de
Gattemelata, em Pádua, e a de Bartolomeo Colleoni, de Verrocchio, em Veneza, e ficou
conhecido como o "Gran Cavallo".[42][2]
Leonardo começou a fazer os projetos detalhados para a sua fundição; [2] Michelangelo, no
entanto, sugeriu, de maneira indelicada, que Leonardo seria incapaz de fazê-lo. Em
novembro de 1494 Ludovico usou o bronze para fabricar canhões, visando defender a
cidade da invasão de Carlos VIII da França.[2]
No início da Segunda Guerra Italiana, em 1499, as tropas invasoras francesas
de Luís XII sucessor de Carlos VIII, utilizaram-se do modelo de argila do Gran
Cavallo como alvo para praticar tiro. Com a deposição de Ludovico Sforza, Leonardo,
juntamente com seu assistente, Salai, e seu amigo, o matemático Luca Pacioli, abandonou
Milão e fugiu para Veneza, passando por Mântua, sendo que em Veneza foi empregado
como arquiteto e engenheiro militar, planejando métodos de defender a cidade de um
ataque naval.[2]
Clos Lucé, na França, onde Leonardo viveu seus últimos anos de vida, até morrer em 1519.
De setembro de 1513 a 1516, Leonardo passou a maior parte do seu tempo vivendo no
Belvedere, no Vaticano, em Roma, período durante o qual Rafael e Michelangelo também
estavam em atividade.[2] Em outubro de 1515, Francisco I da França reconquistou Milão;
[46]
Leonardo estava presente no encontro entre Francisco I e o papa Leão X, em 19 de
dezembro, ocorrido em Bolonha.[47][48]
Foi de Francisco que Leonardo recebeu a encomenda de construir um leão mecânico, que
pudesse caminhar para a frente, e abrir seu peito, revelando um ramalhete de lírios.[27] [nb
18]
Em 1516, passou a trabalhar diretamente a serviço de Francisco, e foi-lhe concedido
o solar de Clos Lucé,[nb 19] próximo à residência do rei, no Castelo de Amboise. Foi aqui que
ele passou os três últimos anos de sua vida, acompanhado por seu amigo e aprendiz,
o conde Francesco Melzi, e sustentado por uma pensão que totalizava 10 000 escudos.[2]
Leonardo morreu em Clos Lucé, em 2 de maio de 1519. Francisco havia se tornado um
grande amigo; e Vasari relata que o rei segurava a cabeça de Leonardo em seus braços
quando este morreu — embora a história, amada pelos franceses e retratada em
pinturas românticas de artistas como Ingres e Angelica Kauffmann, possa ser mais lenda
do que realidade.[nb 20]
Vasari também conta que, em seus últimos dias, Leonardo teria pedido que um padre lhe
fosse trazido, para que se confessasse e recebesse a extrema unção.[27] De acordo com o
que pediu em seu testamento, sessenta mendigos seguiram o seu cortejo. Foi enterrado
na Capela de Saint-Hubert, no Castelo de Amboise.[50] Melzi foi o principal herdeiro e
inventariante, e recebeu, além de todo o dinheiro de Leonardo, todos os seus cadernos,
ferramentas, sua biblioteca e seus objetos pessoais. Leonardo também se lembrou de seu
antigo pupilo e companheiro, Salai, e de seu criado, Battista di Vilussis; cada um recebeu
uma metade das vinhas de Leonardo, sendo que de Salai tornaram-se posses as pinturas
que acompanhavam o mestre desde então. [19] Seus irmãos também receberam terras, e
sua criada recebeu um manto negro de bom material, com as bordas de pele. [51]
Cerca de vinte anos após a morte de Leonardo, o rei Francisco teria falado, segundo
o escultor Benvenuto Cellini: "Nunca nasceu no mundo outro homem que soubesse tanto
quanto Leonardo, nem tanto [por seus conhecimentos] de pintura, escultura e arquitetura,
mas por ele ter sido um grande filósofo". [52]
Relacionamentos e influências
Florença – contexto social e artístico de Leonardo
Ver artigo principal: Renascimento
Pequena Madona e o Menino de Verrocchio,c. 1470
Peça central de O Retábulo de Portinari,por Hugo van der Goes, feito para uma família florentina
Vida pessoal
Ver artigos principais: Vida pessoal de Leonardo da Vinci e Controvérsia sobre a
sexualidade de Leonardo da Vinci
Retrato de Isabella d'Este
Assistentes e pupilos
Ver artigo principal: Leonardeschi
Os relacionamentos mais íntimos de Leonardo foram com seus dois pupilos, Gian
Giacomo Caprotti da Oreno, apelidado Salai ou il Salaino ("pequeno diabo" na gíria da
época), que entrou para o seu convívio familiar em 1490. Depois de apenas um ano,
Leonardo fez uma lista de suas contravenções, chamando-o de "um ladrão, um mentiroso,
teimoso, e glutão", depois de ele ter roubado dinheiro e objetos de valor em pelo menos
cinco ocasiões, e gastar uma fortuna em roupas.[59] Ainda assim, em seus primeiros anos,
os cadernos de Leonardo contêm diversas pinturas do estudante, que permaneceu como
parte da família de Leonardo pelos trinta anos seguintes. [2] Salai também fez uma série de
pinturas, sob o nome de Andrea Salai; embora Vasari tenha alegado que Leonardo
"ensinou-lhe muito sobre pintura", [27] sua obra é geralmente considerada como tendo um
mérito artístico menor do que outros pupilos de Leonardo, como Marco
d'Oggione e Boltraffio. Em 1515 Salai pintou uma versão nua da Mona Lisa, conhecida
como Mona Vanna.[60] O próprio Salai era proprietário da Mona Lisa na ocasião de sua
morte, em 1525, e em seu testamento ela foi estimada em 505 liras, um valor
excepcionalmente alto para um pequeno retrato. [61]
Em 1506 Leonardo acolheu outro pupilo, o conde Francesco Melzi, filho de
um aristocrata da Lombardia. Melzi, estudante predileto de Leonardo, viajou com o tutor
para a França, onde esteve ao seu lado durante todo o fim de sua vida. Com a morte de
Leonardo, Melzi herdou as coleções, manuscritos e obras artísticas e científicas de
Leonardo, patrimônio que ele administrou fielmente a partir de então. [62]