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Índice.
Declaração………...…………………………………………………………………………v
Agradecimentos…...………………………………………………………………………....vi
Índice de tabelas…..………………………………………………………………………...vii
Índice de gráficos…….………………………………………………………………………vii
Abreviaturas………….……………………………………………………………………....viii
Resumo……………………………………………………………………………………….ix
Introdução. ................................................................................................................................ 10
Justificativa. .............................................................................................................................. 10
Objectivos. ................................................................................................................................ 11
Gerais. ....................................................................................................................................... 11
Específicos. ............................................................................................................................... 11
CAPÍTULO I: Estudos feitos sobre as orações relativas. ......................................................... 13
Introdução. ................................................................................................................................ 13
1.1 Alguns estudos feitos. ......................................................................................................... 13
1.2 Estudos sobre construções relativas no PE ......................................................................... 14
1.3 Estudos sobre construções relativas no PB......................................................................... 14
1.4 Estudos sobre construções relativas no PM ........................................................................ 15
Orações relativas: definição...................................................................................................... 16
2.1 Tipos de orações relativas................................................................................................... 16
2.2 Relativas restritivas ou determinativas ............................................................................... 17
2.3 Relativas opositivas ou explicativas ................................................................................... 17
2.4 Tipos de orações quanto ao antecedente............................................................................. 18
2.4.1 Orações relativas com antecedente implícito ou sem antecedente .................................. 18
2.4.2 Relativas com antecedente explícito ou com antecedente ............................................... 19
3. Modelos sintácticos. ............................................................................................................. 20
3.1 O modelo tradicional .......................................................................................................... 20
3.1.1 A hipótese wh- moviment ............................................................................................... 21
3.2 O modelo raising ................................................................................................................ 23
3.3 Modelo matching ................................................................................................................ 24
4. Os pronomes. ........................................................................................................................ 25
4.1 Os pronomes relativos. ....................................................................................................... 26
4.1.2 Tipos dos pronomes relativos. ......................................................................................... 27
9
Introdução.
Justificativa.
É de extrema relevância dizer que o tema em estudo foi constatado em meio ao estágio
pedagógico de português a partir de textos escritos por informantes da 8ª classe, em que
pretendemos compreender e descrever em que situações os informantes constroem as frases
relativas preposicionadas desviantes da norma padrão
1) a) Deixou-me tao deslumbrada e maravilhada [que foi um momento que] nunca mais me
fugira.
Cf. Deixou-me tão deslumbrada e maravilhada, foi um [momento do qual não me esquecerei].
b) Os meus primos não estão estavao ca em Tete [o qual motivo] não me diverti tanto.
Cf. Os meus primos não estiveram em Tete, [motivo pelo qual não me diverti tanto].
c) Acabei duas semanas, lhe [falei que quero ir em] casa da minha mãe.
Cf. Acabei duas semanas e [falei-lhe de que queria ir a] casa da minha mãe.
Como se pode depreender em (1a) o verbo esquecer rege a preposição de, com isso o
complemento seleccionado por este verbo é introduzido pela preposição de.
Como se pode depreender em (1c) o verbo falar rege a preposição de, com isso o complemento
seleccionado por este verbo neste contesto deve obrigatoriamente ser introduzido pela
preposição de.
Assim sendo, procuramos neste trabalho, questionar, e descrever a forma como são produzidas
as construções relativas no português escrito por estes informantes.
Objectivos.
Gerais.
Específicos.
Apontar para os principais verbos em Português que são férteis na produção deste tipo
de construção
Introdução.
Procuraremos, nesta parte do trabalho, fazer uma revisão dos principais trabalhos feitos sobre
as construções de relativização no Português. Começaremos por fazer a revisão dos trabalhos
feitos em Moçambique, tal são os casos de Gonçalves & Stroud (1998), Lindonde (2018),
Wache (2018), Chimbutane (1995), Diniz (1986) e Brito (2001). Todos estes trabalhos, como
veremos, denunciam que as construções relativas no PM estão a ganhar uma característica
específica que o diferenciam do PE, o qual continua a ser a norma em Moçambique.
Depois trataremos dos estudos feitos na em Portugal, começando por trabalho de Alexandre
(2000), e depois seguido de trabalho de Santos (2014). O primeiro é um trabalho sobre as
relativas resumptivas no PE. É um trabalho que procura explicar uma diversidade de fenómenos
linguísticos que ocorrem nas relativas resumptivas. A dissertação de Santos (2014), como se
disse, é um trabalho sociolinguístico que discute questões orais de relativas cortadoras no
Português bacarense. Para além desses dois estudos que tratam especificamente de aspectos
directamente ligados com este trabalho, há igualmente trabalhos de Brito (1991) e de Telmo
(1992) que são basicamente descritivos de como funciona a relativização no PE.
Por fim faz-se a revisão dos trabalhos feitos no PB, começando pelo estudo de Tarallo (1983),
Kenedy (2000) e Miranda (2014). O trabalho de Tarallo (1983) é pioneiro e é, tal como o nosso,
descritivo e ao mesmo tempo sociolinguístico. Já o trabalho de Kenedy (2000) e Miranda (2014)
procuram levantar hipóteses e explicar as causas de ocorrência de determinados fenómenos
linguísticos, como é o caso de corte de preposições no PB.
Embora se diga que em Moçambique se fala o Português europeu (PE) como língua oficial, é
notável que os falantes usam uma variedade que não se aproxima ao padrão. Existem várias
áreas que distinguem o PM do PE, uma dessas áreas é certamente a de orações relativas
cortadoras. Há já muitos estudos feitos em Moçambique, no Brasil e Portugal que procuram
provar não só que o PM ganhou forma própria, como também mostram que nesta variedade
ocorrem relativas cortadoras.
14
Perante estes estudos , o questão que ainda prevalece a que merece estudo neste trabalho é ,
quais são as outras construções desviantes envolvendo construções de relativização no PM.
Na frase em (1) a expressão em itálico pressupõe a existência de vários rapazes, mas apenas os
que estavam presos morreram, ou seja num universo de rapazes a expressão em itálico restringe
o sujeito alvo.
Para Veloso (2013:2061) « as orações relativas mais típicas são aquelas que modificam o nome
dentro de um sintagma nominal (SN) complexo e são introduzidas pelo pronome relativo. Para
o autor as relativas são também chamadas na tradição gramatical, "orações adjectivas" por essas
terem a função semântica de adjectivos qualificativos». Como se pode depreender na frase em
(2):
Perante estas definições percebe-se que as orações relativas são construções que são
encabeçadas pelo pronome relativo, sendo que semanticamente se equivalem a adjectivos
1
O exemplo é de Bechara.
2
O exemplo é de Rita Veloso.
17
As orações relativas restritivas são construções sintácticas definidas com base na relação entre
um constituinte nominal (morfologicamente expresso ou não) e uma frase que o modifica.
Duarte & Brito (2003:655) entendem que as relativas restritivas ou determinativas contribuem
para construção do valor referencial da expressão nominal, como se pode constatar nas frases
em (3).
Na frase em (3a) e (3b) verifica-se que as orações em itálico são o constituintes da oração com
uma função sintáctica própria sendo que em (3a) a oração em destaque é um sujeito da oração
matriz, e em (3b) é objecto directo, o que aproxima estas construções mais das interrogativas
subordinadas do que das relativas com antecedente.
Para Câmara (2015), um dos argumentos fundamentais para se comprovar que uma oração é
relativa restritiva é o facto de ela contribuir para o significado do núcleo nominal, tal
contribuição diz respeito a limitação, restrição, especificação de um referente de entre um
conjunto de referentes possíveis
Ainda Câmara (2015) esclarece que, a função da oração relativa restritiva é justamente
especificar o referente correcto, o que corresponde neste caso aos específicos objectos
desaparecidos que estavam em um lugar específico, o armário.
Segundo Brito (1991:123,) uma oração relativa opositiva consiste num comentário acerca de
um individual denotado pela expressão nominal antecedente, antecedente esse que tem um valor
referencial independentes, sendo tipicamente uma descrição. No entanto Bechara apud Souza
(2007) alude que as orações opositivas apontam para uma particularidade que não modifica a
3
O exemplo é de Mateus.
4
O exemplo é de Mateus.
5
O exemplo é Câmara.
18
referência, e aparece por mero apêndice, é marcada por pausa em relação ao antecedente. Como
se depreende em (6):
Segundo Souza (2007), pode verificar-se no exemplo acima, que a oração explicativa 7 que
vinha de cavalo aparece assinalada entre vírgulas. Essa oração relativa opositiva pode ser
suprida sem que a frase matriz se torne incompreensível, visto que essa informação é adicional,
não necessária.
No que tange ao antecedente frásico, estudos indicam que existem dois tipos de orações
relativos: relativas com antecedente implícito e relativas com antecedente explicito.
Podemos constatar que em (7a) e (7b), na sua estrutura sintáctica, essas orações relativas, não
existe um antecedente nominal realizado nessa construção, ou seja o pronome relativo quem
está livre, (não retoma nenhuma expressão nominal) dai que se designam orações relativas ‘‘
com antecedente implícito’’
Apesar de não ser ter um antecedente nominal expresso, que sirva de antecedente do relativo,
pode-se identificar que se trata de um ser [+ humano] por causa do pronome quem, que possuí
esses traços.
6
O exemplo é de Souza.
7
Mais Sobre orações subordinadas explicativas ou opositivas leia em Souza.
8
Os exemplos são de Veloso
9
Os exemplos são de Veloso
19
Em (9), (11) o pronome relativo que cujo antecedente é (o) livro foi extraído da posição de
objecto directo da estrutura oracional quem leu [v] ou que leram [v].
As relativas com antecedente " são também denominadas relativas com antecedente explícito
por Veloso (2013:2067 )" são orações em que na sua estrutura a expressão nominal está patente.
10
Os exemplos são de Telma Moia.
11
Sobre reativas com antecedente ou sem antecedente leia mais em Telma Moia.
20
As orações relativas com antecedentes explícitos podem ter como antecedente um sintagma
nominal em (14a) ou um antecedente frásico, caso em que são introduzidas por que ou o que
em (14b).
14 .a) Os gatos da minha vizinha que veem cá a casa não gostam de bofe12.
3. Modelos sintácticos.
Os modelos sintácticos retratam sobre a estrutura das frases, existem modelos sintácticos tais
como: o modelo de movimento Q, tratado também como modelo tradicional, head matching
analysis, head raising analysis e head external analysis.
Kenedy (2002) refere que no modelo tradicional, o SN alvo da relativização é gerado na base e
à sua direita, é adjungida a frase relativa, no interior da qual uma posição é interpretada, no
componente lógico da linguagem (LF), como variável correspondente ao SN alvo.
Nessa prespectiva as orações relativas, no modelo wh-movement, apresentam a seguinte
derivação:
[ NP [NP ALVO]i [ CP whi [ IP … ti …]]]
12
O exemplo é de Veloso
13
O exemplo é de francisco Wache
21
Kenedy (2002:28) afirma que «a posição por t ( trace – vestígio ) em (15ª procura evidenciar
que o pronome who) tenha sido extraído de uma posição sob domínio de VP ( verbal phrase-
sintagma verbal) para spec- CP ( especificador de CP), o que constituiria evidência para as
propriedades (i) e (ii). Já em (15b-d), apresentam-se evidências para a propriedade (iii0 pois a
extracção de who para spec-CP teria violado o principio de subjacência- o Movimento teria
saltado por sobre dois IPs ( inflectional phrase- sintagma flexional)-, o que torna a construção
agramatical».
22
NP CP
Spec N’ Spec C’
the N C IP
Spec I’
man I VP
NP V’
N’ V NP
N invite N’
Bill N
who
Segundo Kenedy (2002:29) a representação em (16), a D- structure de uma frase relativa deve
ser exactamente idêntica aa de uma pergunta wh . Foi com base nessa hipótese que Chomsky
formulou sua generalização ,de que não há dois NPs idênticos na derivação de uma oração
relativa, há apenas o NP alvo da relativização e CP que lhe é adjungido, no qual há um elemento
nuclear (wh) correferente ao NP alvo.
Kenedy (2002:29) refere que « se o elemento wh na relativização se comporta da mesma
forma que nas interrogativas, ee possível compreender por que ele se encontra no inicio da
oração : wh move-se a spec-CP. Como em (17):
23
NP
NP CP
Spec N’ NP C’
N N’ C IP
the
N Spec I’
man I VP
who NP
invited NP V’
N’
t V NP
N
t t
Bill
Miranda (2008) refere que a característica fundamental do modelo raising reside no facto de o
núcleo relativo ser engendrado ou gerado dentro da oração relativa, explica que apesar de
existirem diferenças em relação a posição para onde o núcleo relativo se move no curso da
derivação, a natureza do constituinte que sofre movimento (NP ou DP) e ainda o tipo de relação
estabelecida entre o núcleo nominal modificado e a oração relativa (complementação ou
adjunção):
24
18 . The [cp mani who [CP Bill invited tj]]] --- o modelo raising
Contudo no nosso trabalho, temos como modelo de estudo o modelo matching proposto
inicialmente por Chomsky (1965), nesse modelo há dois SN semelhantes, dos quais um é
substituído pelo pronome que. No entanto este modelo compartilha dois pressupostos com a
HEA: que o núcleo relativo é gerado fora da oração relativa e o CP relativo é adjungido ao
núcleo nominal. E com a HRA, compartilha a ideia de que há uma representação interna do NP
relativo.
DP
D NP
NP CP
the
boy whoi left ti
Segundo Miranda (2008) «Com relação a essa representação do núcleo interno, a análise
matching analysis assume que ela é complemento do operador relativo, que é o elemento gerado
14
O exemplo é de Miranda
25
em posição argumental e que pode ser um pronome relativo ou elemento nulo (no caso de
línguas como o inglês)».
Em termos minimalistas, DP relativo ( formado pelo operador relativo e a representação interna
do núcleo nominal) sofre o movimento-A’ e ocupa, então a posição de Spec/CP, na posição na
qual, em algumas propostas teóricas, o núcleo e apagado por identidade ( que não precisa er
uma identidade completa nas teorias recentes) como o núcleo externo.
Pensadores como (Sauerland 1998, Salzmann,2000) afirmam que
a análise matching difere-se da raising por não considerar que o núcleo interno e externo
estejam relacionados por uma cadeia de movimento-A’, De acordo com tais análises ,
essa relação dá-se por meio de elipse, e o mecanismo vehicle change garante a não
obrigatoriedade de identificação plena entre as duas representações do núcleo nominal
relativo. E uma vez que não pertencem a uma cadeia de movimento, ambos os núcleos
podem ser interpretados na etapa de reconstrução em LF. Como se pode depreender em
(17) :
Sauerland (1998) citado por Miranda (2008), entende que o material interno da oração relativa
é uma cópia elidida do material na posição interna: como se pode depreender em (17):
a) The book which John likes
b) the book which ˂ book ˃ John likes t
antecedente NP
Na estrutura proposta por ele, a copia elidida ou silent copy ( book) é complemento do operador
relativo ( which), sendo que em LF, é representada na posição de vestígio dentro da oração
relativa.
4. Os pronomes.
Em Vilela (1995:207) « o pronome indica a relação existente entre esta classe de palavras e o
nome. Para o autor, “os pronomes encontram a sua no discurso, indicando as pessoas, seres
vivos, objectos ou estados de coisas, em que a relação na materialidade do pronome é deduzida
da conexão da frase, do texto ou da situação do discurso».
b)….Leques espanhóis, de seda, de alguma bisavó do meu tio cónego, com estas pérolas
de prata e oiro.
Como se pode depreender, os pronomes relativos são palavras que servem para substituir os
sintagmas ou frases.
Para Veloso (2013:2077) «os pronomes relativos são formas tipicamente iniciadas,
graficamente pelas letras “ qu” ou “c”, tais como: que, quando, (o) qual, quem, onde, como,
cujo, quanto. Salienta-se que a forma “onde” não possui propriedades fonéticas e ortográficas,
porém é classificada como pronome “qu”,por ter o mesmo comportamento sintácticos dos
pronomes com a inicial “Qu”».
Para Veloso (2013:2077) «Os pronomes relativos introduzem orações relativas que
desempenham funções como já mencionamos anteriormente, e dependendo da função , o
constituinte relativo pode ser simples, consistindo apenas no pronome relativo, ou complexo,
contendo mais material». Como nos exemplos a seguir (19).
(a) O gato que roubou o peixe fugiu (nesta oração o gato é o sujeito de roubou o peixe) 16
15
Os exemplos em vinte são de Cunha e Cintra
16
Os exemplos em vinte um sao de Rita veloso.
27
(b) O gato que eu vi na varanda é tigrado (nesta frase o gato é complemento directo de vi)
Tabela .1
Variáveis Invariáveis
Singular Plural
Pronome que.
Para Veloso (2013:2081)«o pronome que 18 pode ocorrer em relativas de nome, mas é
geralmente excluído nas orações relativas de frase, em que se utiliza preferencialmente o que(a)».
Nas orações relativas de nome, sejam restritivas ou opositivas o pronome que, por ser
semanticamente subespecificador, pode relacionar-se com qualquer tipo de antecedente. Este
pronome relativo aceita uma diversidade de contexto no que diz respeito à sua função dentro
da oração relativa.
17
Sobre pronomes relativos consulte em Veloso. A tabela dos pronomes relativos pertence a Veloso.
18
Acerca das propriedades do pronome relativo que, e outros pronomes leia em veloso
28
(20)
Com base ao conceito de Veloso ,podemos constatar que em (20 a) o pronome que retoma a
expressão nominal “a professora”,, restringindo dentre várias professoras ( um todo) para um
alvo particular ( a professora que os alunos admiram) enquanto em (20b) a expressão relativa
explica que o sujeito da frase (a professora) não critica os que ela incentiva.
Na perspectiva de Veloso (2013:2082), nas orações relativas de nome, sejam restritivas (22)ou
opositivas (23) o pronome que, por ser semanticamente subespecificado, pode relacionar-se
com qualquer tipo de antecedente seja [+ humano]no exemplo (22a) ou [- humano] (22b) [+
lugar] (22c) ou [+ tempo] (23d) e [+ modo] (22 e).
(22)
(23)
19
Os exemplos são de veloso
20
Os exemplos são de veloso
21
Os exemplos são de Rita velosa
29
e) Esses teus maus modos, com que tratas até os melhores amigos, ainda te vão dar
problemas.
O pronome que, aceita maior diversidade de contextos no que respeita à sua função dentro da
oração relativa. Veloso (2013:2082) «afirma que nas orações relativas, que pode ter a função
sintáctica de sujeito (24 a), de complemento directo (25b),contrastando com o qual e quem, que
não podem ter estas funções » como se pode depreender em (b).
(24)
b).* Os alunos { os quais/ quem } _fizeram o trabalho estão dispensados deste teste.
(25)
Veloso (2013:2083) ainda afirma que , nas orações opositivas, que pode surgir com a função
de sujeito(cf.26a) ou de complemento directo(cf.27a), podendo alternar com o qual ( CF, os
exemplos b), mas nunca com quem (cf. Os exemplos em (26c), (27c) das frases que se seguem)
(26)
(27)
c) *Os alunos, quem encontro_ todos os dias no bar, nunca faltam às aulas.
22
Os exemplos são de Rita velosa
23
Os exemplos são de veloso
30
Ainda na perspectiva de veloso « nas orações relativas com antecedente explícito, que pode
ainda ocorrer num constituinte preposicionado com a função sintáctica de complemento
indirecto (cf.29a), de complemento oblíquo (cf.29 b,c), de modificador nominal possessivo
(cf.29d), ou de adjunto adverbial preposicionado (cf.29e)»:
(29)
Veloso (2013:2083) afirma que , os constituintes relativos preposicionados, pode-se fazer uso
dos pronomes relativos semântica ou morfologicamente mais ricos, dependendo do tipo de
antecedente frásico, como se pode depreender em (30):
Segundo Veloso (2013:2089) nas orações explicativas, o uso do que é basicamente idêntico ao
seu uso nas orações restritiva, porém que geralmente não ocorre em orações relativas com
antecedente implícito, visto que lhe faltam traços semânticos que lhe permitam reconstruir o
antecedente: cf. *Que vai ao mar perde lugar (quem vai ao mar perde lugar).
24
Os exemplos são de Rita velosa
25
Os exemplos são de Rita velosa
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Os exemplos são de Rita Veloso
31
Pronome quem.
Para Veloso (2013:2089) «o pronome quem tem o traço [+ humano], que partilha com o seu
antecedente, por isso quem só ocorre em orações relativas de nome, não de frase. Mesmo em
orações relativas de nome, com antecedente humano explícito, o pronome quem só ocorre num
constituinte relativa introduzida por uma preposição. O morfema quem pode ter a função de
complemento indirecto, complemento directo, complemento oblíquo, e complemento
possessivo de nome», como demonstramos em (31):
Para Veloso «quando quem, introduzido pela preposição de, é modificador possessivo do nome,
e este é usado na oração relativa como complemento do um verbo locativo (como estar, ficar,
viver) ou de movimento (ir, vir), o nome geralmente faz parte do constituinte relativo, junto
com o pronome relativo e a preposição» como se pode depreender em (32):
Segundo Veloso (2013:2091), «a locução pronominal o qual funciona como sintagma nominal
e é variável em género e numero, em concordância com o núcleo nominal do seu antecedente,
ocorre apenas em orações relativas de nome com antecedente explicito».
b)Comprei uma tinta fantástica, com a qual vou pintar a sala e a cozinha.
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Os exemplos são de Rita veloso
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Os exemplos são de Rita veloso
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Os exemplos são de Rita veloso
32
Segundo Veloso (2013:2091), «a locução pronominal o qual não pode ocorrer em orações
relativas de antecedente implícito porque não marca morfologicamente qualquer traço
semântico, portanto não permite a reconstrução do antecedente».
Segundo Veloso (2013:2091), «esta locução pronominal o qual, em orações relativas com
antecedente explicito, pode ocorrer com a função de sujeito ou de complemento directo nas
relativas opositivas (cf.34) mas não nas relativas restritivas. (cf.35)».
34.
b) Os teus pais, os quais vi ontem no cinema, estão cada vez mais novos, [complemento directo]
35.
A locução o pronominal o qual pode ocorrer livremente tanto nas orações como opositivas em
(36) relativas restritivas em (37) se estiver preposicionado.
(36)
(37)
a) Os gatos aos quais só dou ração são Zorba e a Pipoca. [ objecto indirecto]
Veloso (2013:2097) afirma que esta forma, variável em género e número, é um pronome
relativo semanticamente equivalente a um pronome genitivo da 3a pessoa. Como se pode
depreender em (40):
Veloso (2013:2097) afirma que «são varias as semelhanças gramaticais e semânticas que
existem entre cujo e pronome possessivo da 3a pessoa. O pronome cujo retoma
pronominalmente a entidade possuidora na relação de posse expressa no sintagma nominal».
O pronome cujo precede o nome que denota a entidade possuída. Este nome por vezes chamado
consequente de cujo e os dois integram obrigatoriamente o constituinte relativo.
34
Cujo é equivalente a um sintagma preposicional introduzido pela preposição de, também com
a função de modificador ou complemento de nome, assim, correspondendo a alínea (a), tem-se:
a) Comprei um livro as páginas do qual vieram rasgadas.
Veloso (2013:2097) afirma que «as orações introduzidas por quando têm um valor temporal e
são frequentemente classificadas como orações adverbiais. Em português, o antecedente das
orações relativas com quando é geralmente implícito», como ilustram os exemplos em (41):
a) Telefone-te quando sair da reunião. (cf. Telefono-te no momento em que sair da reunião
b) Os alunos contestaram para quando o exame foi marcado. (cf. Os alunos contestaram a
data para a qual exame foi marcado).
Para Veloso (2013:2101) «as pro-formas onde, como, e quando são pro-formas relativas de
natureza adverbial que se caracterizam por ter valores semânticos particulares; onde tem o traço
[+ lugar], como [+ modo] e quando [+tempo]».
O pronome onde caracteriza-se por ser semanticamente locativo, esta propriedade impõe dois
requisitos distintos sobre o seu uso: (i) o seu antecedente (implícito, explicito) tem de denotar
um lugar. (ii) o valor semântico do pronome dentro da oração relativa tem de ser locativo, quer
o pronome seja um complemento oblíquo (42a) , quer seja um adjunto(42b), Veloso
(2013:2101), assim ilustram os exemplos em (42).
Enquanto Veloso (2013) afirma que o pronome relativo onde não só tem o valor do locativo
com a função de complemento obliquo, Mateus (2003:655) afirma que o pronome onde usa-se
unicamente com obliquo com o valor locativo.
30
O exemplo é de veloso
35
Este instrumento de recolha de dados foi aplicado ao mesmo tempo em pelo menos quarenta
alunos de diferentes turmas da mesma escola. Estes alunos elaboraram textos com cerca de 200
a 250 caracteres fazendo uso dos pronomes relativos, que acreditamos que todos esses alunos
apresentam as mesmas características de construção das relativas.
A idade dos informantes varia dos 16 a 19 anos, A escolha dos informantes foi aleatória, pois
acreditamos que os jovens desta faixa etária procuram sempre aperfeiçoar os seus discursos. A
escolha foi aleatória para que não caíssemos em grupos linguísticos com as mesmas
características .
Por fim codificamos os textos dor informantes olhando para a enumeração por alfabeto as suas
turmas, assim teremos as seguintes codificações , ESC.8A, ESC.8C, e ESC.8D, que significa
Escola secundaria de Chingodzi 8ª A, Escola secundaria de Chingodzi 8ª C, e Escola secundaria
de Chingodzi 8ª D.
36
2. Introdução.
Nesta parte ,vamos analisar e descrever discutir as construções relativas introduzidas pelo
morfema onde, produzidas pelos informantes da 8ª classe da Escola Secundária de Chingodzi
de Tete. Em português , o morfema onde desempenha, na frase, essencialmente a função de
adjunto adverbial, ou função sintáctica de complemento obliquo, como se ilustra em (2)
Qualquer outro uso deste morfema que não esteja relacionado com estas funções sintáctica, em
construções relativas é considerado um desvio-o desvio, diferente de erro, é entendido por
Dubois et al. (2006: 180) como sendo “um uso geral da língua comum a um conjunto de
falantes, chama-se desvio qualquer ato de fala que surge como transgressor de uma dessas
regras de uso; o desvio resulta então da decisão do falantes.” Completando a ideia de Dubois et
al. (2006: 180), Peres & Moia (1995: 41) colocam duas condições para que os usos lexicais ou
realizações fonéticas se tornem desvios: “(i) constituírem rupturas com o subsistema ou variante
de que é suposto fazerem parte; e (ii) não serem integrados – pelo menos plenamente – pela
comunidade linguística de suporte.”
O erro é entendido por Chun et al. (1982: 537-547), citados por Gonçalves (19971: 10) como
“o uso de um item linguístico de forma que, de acordo com utentes fluentes da língua, indica
aprendizagem com falhas ou incompleta” (op. cit. 538). Lennon (1991: 182), citado também
por Gonçalves (1997:10) entende que o erro é “uma forma linguística ou uma combinação de
formas linguísticas que, no mesmo contexto e sob condições de produção semelhantes, não
seriam, muito provavelmente produzidas pelas contrapartes de falantes nativos.”
37
Portanto, as construções relativas produzidas pelos nossos informantes devem ser entendidas
como desvio, já que correspondem ao uso de uma determinada comunidade linguística e não
apenas lapsos episódicos de uma língua (erro).
O morfema onde ofereceu maior número de entradas (37), seguido do morfema que o qual
ofereceu (33) entrada. O número de frases relativas desviantes é de 58 e de canónicas é de 12.
Gráfico: 1
Entradas globais
16.4 entradas
desviantes
entradas
83.5 canónicas
Esse gráfico ilustras as percentagem das entradas canónicas dos pronomes relativos e das
entradas desviantes.
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Neste trabalho, fazemos o estudo das orações relativas a partir do padrão europeu. por isso é
imprescindível, caracterizar as orações canónicas. Com isso, neste estudo pretendemos
descrever as construções que são consideradas canónicas segundo o padrão Pe que é a variedade
que se preconiza ser falado em Moçambique.
Lembre-se que para analisar estas estruturas frásicas, é necessário ter em conta os modelos
que já descrevemos no capítulo anterior, como : o modelo raising e a modelo matching. O
modelo raising, como se disse defende que a oração relativa é complemento do determinante
(D).
Como se pode depreender em (1a), (1b) (1c) (1d) etsas construções relativas obedecem a norma
padrão europeia, visto que o antecedente da oração relativa é locativo e o morfema da
relativização do SN é o pronome onde que desempenha a função de adjunto adverbial ou de
obliquo. O morfema onde pode ocorrer com antecedente explícito, tal como indicam os
exemplos em (1) ) ou com antecedente implícito, como se ilustra em (2).
Nas construções frásicas do Português de Moçambique, o pronome onde tem aparecido muitas
vezes a a desemprenhar a função sintáctica de adjunto adverbial de lugar (2 a), do que a
complemento obliquo (2b).
Mateus (2003) « o pronome onde no PE manifesta caso obliquo com valor de locativo, e quando
precedido pelas preposições a e de produz as formas aonde, de onde» .
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(4)
(5)
o verbo viver, nesta frase não se refere a estar com vida , mas sim ao verbo morar em.
Enquanto, em (4b) o verbo nascer pode ocorrer sem um argumento interno porque não é
obrigatório, servindo de adjunto, a sua presença ou ausência não provoca qualquer
agramaticalidade na frase, como na frase que se segue em (5).
(5)
Vejamos a seguir as construções de onde com função sintáctica de adjunto adverbial em árvore,
com antecedente explícito em (6)
DP
D NP
N CP
D NP
N CP
DP
D NP
N CP
Na frase em (6a) marcamos com [ti] o lugar de onde partiu o movimento constituinte locativo
para o lugar de poiso. Este constituinte partiu do lugar reservado ao adjunto do verbo aprender
, com função sintáctica de adjunto adverbial de lugar.
O verbo aprender , é transitivo directo com dois argumentos , um externo, um interno, sendo
o primeiro com a função sujeito , que só é possível identificar através das marcas verbais, e o
segundo com função sintáctica de complemento directo, um adjunto adverbial, como se
depreende em (6.1a) na estrutura profunda:
(6.1)
Em (6b) marcamos com [ti] o lugar de onde partiu o movimento do segundo sintagma
adverbial, deixando marcas de vestígio (v), no verbo nascer, que pela sua natureza, não rege
nenhum argumento interno.
Refira-se que na frase, o morfema onde co-refere às expressões geradas fora da oração
relativa, que são movidas por regra de mover-A’, em forma de pronome relativo e adjungido
ao núcleo nominal externo como se pode depreender em (7).
7.a) me levou ao rio lugemla, | onde | aprendi no rio lugemla [ti] a pescar
Mover-A
mover-A
42
Nas frases em (7 a,b) marcamos com [ti] o lugar de onde partiu o movimento do segundo
sintagma adverbial, deixando marcas de vestígio (v), no verbo nascer, que pela sua natureza,
não rege nenhum argumento interno.
Introdução.
Neste parte do tralhamos, vamos analisar as construções relativas de duplo morfema. Assim
consideramo-las pelo facto de haver uma locução de morfemas relativos composta pelo
morfema onde e que. Segundo a gramática luso-brasileira, nenhuma construção relativa
gramatical ocorre com duplo morfema. As construções que são objecto de estudo nesta parte
são como as que se seguem em (8):
Na frase em (7b) a expressão nominal (a cidade nos bairo) é núcleo externo do morfema
onde. Para que essa construção seja considerada canónica é necessário que se elimine o
morfema que como se pode verificar em (8.1a), e se mova para o local de poiso, a preposição
a regida pelo verbo ir.
(8.1)
Notamos que mesmo após o apagamento do morfema que a frase ainda é agramatical, pelo
aspectos acima referidos. Assim sendo, tentaremos eliminar o morfema onde a fim de
verificarmos se a gramaticalidade da frase prevalece.
( 9)
(10)
a)em Manica cidade de Chimoio |onde |eu vou [ti] .ESC8A
mover-A
O pronome que aceita maior diversidade de contextos no que respeita à sua função dentro da
oração relativa. Veloso (2013:2082) «afirma que nas orações relativas, que pode ter a função
sintáctica de sujeito , de complemento indirecto quando preposicionado e de complemento
oblíquo, porém nunca de complemento obliquo com valor locativo». Factor que nos leva a
afirmar que no português é desviante construir orações relativas locativas com o pronome que.
Os nossos informantes usam o morfema que como co-referente de argumentos externo com
valor de locativo, ao vez do morfema onde , o qual é adequado para esses casos.
Designam-se relativas locativas de que neste trabalho, as construções em que o morfema que
é usado como relativizador em circunstâncias anómalas ao PE, visto que o lugar de onde se
parte omovimento está reservado exclusivamente ao adverbio de lugar . Construções de
género, em nosso corpus, corresponde a 21% , como as em :(11)
a) é pra eu ir pra casa dela | que | irei assistir meu irmão a jogar .ESC.8D
b) minha família mora em Alfredo de cahora bassa | que | tem muita agua doce. ESC.8D
c) vou viajar para crusamento 18 este em distrito | que | vive os meus família na terça
feira ESC.8C
d) regressei para a casa | que | vivo com o meu irmão. ESC.8C
e) 2019 eu passei as ferias em mutarrara | que | é na casa dos meus pai foi muito divertido.
ESC.8A
A frase em (11a) é agramatical pelo facto de o lugar de onde foi extraído o morfema que está
reservado para um constituinte locativo. Esse constituinte, por via d regra , só é
pronominalizável pelo morfema onde. Assim , parece-nos que a versão canónica desta
construção é a que se segue em:
(12)
a) é pra eu ir pra casa dela | que | onde irei assistir meu irmão a jogar .ESC.8D
Em (11b) o verbo ter é de dois lugares, com um argumento externo e um interno. O verbo
subcategoriza um SN com a função sintáctica de complemento directo. A razão que torna esta
frase agramatical é que o lugar de onde partiu o movimento do morfema que, é exclusivamente
reservado ao morfema com valor de locativo, neste caso o morfema onde .
45
A construção que se segue em (13), parece-nos que é canónica e formulando a frase, teríamos
a seguinte construção canónica em:
(13)
a) minha família mora em Alfredo de cahora bassa | onde | tem muita agua doce. ESC.
Em (11c, e d) as frases são agramaticais porque o lugar em que é reservado por exclusividade
para o morfema com valor locativo onde, foi ocupado pelo pronome que , o qual não tem traços
locativos, o que as torna agramaticais, contudo , . Umas versões como as que se seguem em
(14) parecem-nos canónicas:
a) vou viajar para crusamento 18 este em distrito | onde | vive os meus família na terça
feira ESC.8C
b) regressei para a casa | onde| vivo com o meu irmão. ESC.8C
Considera-se relativas de pronome nulo onde introduzidas por e as construções em que esse
pronome não se manifesta na estrutura sintáctica da superfície da frase, mas pode-se recuperar
a ocorrência do pronome a partir do contexto..
Estas orações apresentam o núcleo externo onde se pode adjungir o pronome locativo na oração
relativa, deixa-se vestígio no lugar onde estaria o matching copy. Existem quatro tipos de
construções reativas de morfema nulo, que apresentam diferentes características: as primeiras
construções são as relativas em que o pronome onde é substituído pela conjunção coordenada
copulativa e com as de(15a), (15b), (15c); nas segundas o pronome relativo é substituído pelo
morfema locativo lá como em (15d), (15e), (15f), nas terceiras construções relativas em que
ocorre tanto o morfema la como a conjunção copulativa e ,como em15f), (15g), (15h), e por
fim as construções relativas de onde sem morfema como em 15e), (15i), (15j
15)
b) Seguinte irei em matundo e ficare um dia e dePois irei em maChaquene ir Ver a minha
madrinha e fiCarei um dia. ESC.8 D
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c) quero mesmo ir para Matema na casa de minha tia Madrinha, e brincar muito la e jogar game
ESC.8 D
f.) no mercado de Moatize la tem meus pais e la tem meu tio | que | me da dinheiro. ESC.8C
i) voltar em casa dele depois em casa vou assistir futebol com as minhas irmãs ESC.8C
Em (15a), (15b), (15c), o pronome relativo onde foi substituído, na frase, pela conjunção
coordenada copulativa e , como já referimos. Chegamos a essa conclusão, porque olhando para
Duarte & Brito (2003:655) as relativas restritivas ou determinativas contribuem para construção
do valor referencial da expressão nominal. Assim senso, acreditamos que nessas construções o
e retoma a expressa nominal da frase, como em (16).
a)Depois vó para casa do meu irmão e vou ficar um dia [ti]. ESC.8A
b)Seguinte irei em matundo e ficare um dia[ti]. e dePois irei em maChaquene ir Ver a minha
madrinha e fiCarei[ti]. um dia. ESC.8 D
c) quero mesmo ir para Matema na casa de minha tia Madrinha, e brincar [ti]. muito la e jogar
game ESC.8 D
substituímos, nas frases em(17) o morfema e pelo morfema onde , a fim percebemos que o
lugar é reservado ao morfema locativo.
(17)
Depois vó para casa do meu irmão onde vou ficar um dia [ti]. ESC.8A
Mover- A
47
mover-A
c) mesmo ir para matema na casa de minha tia Madrinha onde brincarei muito [ti].ESC.8 D
. mover-A
Como se pode depreender as reconstruções em (17) são canónicas ,visto que cumprem com as
normas de construções relativas, como como se denota na árvore que se segue em (18).
(18)
a) Depois vó para casa do meu irmão onde vou ficar um dia [ti]
DP
D NP
N CP
DP
D NP
Ø N CP
d) quero mesmo ir para Matema na casa de minha tia Madrinha onde brincarei muito [ti]
DP
D NP
Ø N CP
As construções que aqui analisaremos são semelhantes com as que analisamos em (18). A única
diferença reside no facto de que nestas construções além de os informativas usarem o morfema
onde, usam o morfema lá . Estas construções possuem vestígio, que é ocupado por locativo lá.
Para obtermos uma frase locativa canónica , substituiremos o morfema lá por onde.
(19):
(20)
Estas construções possuem vestígio que é ocupado por uma conjunção copulativa e por um
locativo lá . Para obtermos frases locativas canónicas, substituiremos os morfemas e, lá pelo
pronome onde. Vejamos a reconstrução das frases que se seguem em (21).
(21)
mover-A
mover-A
Nestas construções, não ocorre nenhum morfema, o que as diferenciam das restantes
construções de morfema nulo é o facto de neste não ocorrer nenhum morfema no lugar de poiso,
mas as frases exibem o vestígio de onde o movimento do constituinte relativo. Tomemos em
conta as seguintes estruturas representadas em (22) .
(22)
a) voltar em casa dele depois em casa vou assistir futebol [ti]. ESC.8C
mover- A
50
Mostramos, nestas estruturas, o local de origem do morfema locativo nulo para o seu lugar onde
iria poisar.
(23)
a) voltar em casa dele depois em casa vou assistir futebol [ti]. ESC.8C
DP
D NP
N CP
DP
D NP
N CP
(24)
a) voltar em casa dele depois onde vou assistir futebol [ti]. ESC.8C
Nesta parte do trabalho vai se analisar as estruturaras relativas , em que os informantes apagam
as preposições. Esse fenómeno geralmente ocorre em verbos de dois argumentos, um externo e
outro interno. O argumento interno dessas construções é introduzida por preposição .
Para Mateus (2003:667) «a estratégia cortadora é a formação de relativas que deviam conter
SPs (Sintagmas Preposicionais) em posição inicial mas que só apresentam o Que (Pronome
Relativo)», como ilustra o exemplo em (25) :
(26)
d) para casa ela tem coisa de | que | eu gosto pinto jogar ESC.8D
e) depois volto para casa ela tem coisa de | que | eu gosto pinto jogar ESC.8D
f) casa branca Tem uma pecina de| que | eu gosto muito de ir nadar . ESC.8A
g) Em manica cidade de Chimoio aonde vou mesmo. ESC.8A
A respeito, Santos (2014:14) afirma que “[…] o movimento do pronome relativo para o início
da oração arrasta consigo todo o SP […]. Em PE, se não houver movimento da Preposição e
esta permanecer na sua posição de base, a frase é agramatical
para o início da oração, usaram em 14.2% ( o verbo aprender ), e em 14.2% ( o verbo ir),
o que corresponde a 100% dos desvios relacionados ao apagamento das preposições.
(28)
SN
SD SN
N SCOMP
Ø coisas SP COMP’
SN FLex ,
eu SV SP
gosto de que
Em (28) demonstramos a estrutura-D da frase que mostra o local de onde parte o pronome
relativo, e o apagamento da preposição regida pelo verbo gostar . em (29) ilustram-se as versões
que achamos que são canónicas.
(29)
tal como se referiu quando se analisaram as relativas em que ocorre o corte da preposição de,
os nossos informantes cortam igualmente a preposição com. No nosso corpus, registamos
apenas uma entrada na qual a preposição com foi cortada. Apesar de ser única entrada, o seu
estudo é informante já que nos permite captar que esta preposição é igualmente cortada.
Na frase em (30), a preposição cortada é regida pelo verbo aprender. Este verbo, em Português,
é geralmente usado como transitivo directo, podendo reger a preposição com em algumas
circunstâncias concretas, tal como é a frase em (30). Em (31), apresenta-se a versão que se acha
correspondente no Pe:
Nesta fase , analisamos as estruturas frásicas em que ocorre o apagamento da preposição a, esta
preposição é propensa ao apagamento em contexto em que o verbo de regência é o verbo de
movimento ir. O apagamento da preposição a corresponde a 100%, ou seja, em todos os
contextos em que deveria ocorrer a preposição, os nossos informantes cortaram-na, conforme
se ilustra em (32).
(32)
Veloso (2013:1542) refere que “as preposições a é direccional e marca constituintes com valor
de destino. Neste contexto, o verbo ir rege um constituinte introduzido pela preposição
55
direccional a e o nome Chimoio é substituído pelo pronome onde pelo facto de ter os traços
[+lugar] e [+físico], como em (32).
a) Em manica cidade de Chimoio aonde vou mesmo. ESC.8ª
Assim podemos chegar a conclusão de que o principal verbo do qual se corta a preposição é
gostar e a principal preposição cortada é de.
Alexandre (2000) define orações resumptivas 31 como sendo aquelas em que o posição do
elemento relativizado é preenchida por um elemento pronominal ou adverbial com realização
morfológica dos seus traços ( pessoa , numero e género) e de caso, sendo co-refente da
expressão nominal que funciona como antecedente da relativa, confira em (33):
(33)
a) de Mocambique que é um prédioi bonito [CP que na maior parte [GEN delei] é constituído]
po.rESC.8A
b) visitar a minha familia, os meus amigosi [ CP que eu brinco com [eles] i].ESC.8C
c) fazer visita das minhas famílias todas em Moatizei [ CP onde [OBL la ]i me diverti]. ESC.8C
Nestas frases constatamos que a relativização ocorre sobre elementos com a função de SU, OBL
e GEN. Os pronomes têem marcas explicitas de caso, em (33a)de GEN, em (33b) NOM (e) em
(33c) oblativo.
31
Sobre orações resumptivas leia em Alexandre 2000
56
Reconstruindo essas frases tendo em vista a modelo matching copy, que pressupõe a existência
de dois SNs idênticos, terí amos as seguintes frases canónicas em (34).
a) de Mocambique que é um prédio bonito em que na maior parte GEN dele é constituído
po.rESC.8ª mover-A
c) fui fazer visita das minhas famílias todas em Moatizei [ CP onde [OBL la ]i me diverti].
ESC.8C mover-A
Conclusão.
O nosso objectivo foi alcançado porque conseguimos (i) -descrever o contexto em que os
informantes produzem orações introduzidas por onde (iii) descrever as frases relativas de duplo
morfema (iii) analisar as construções relativas locativas introduzidas por que (iv) descrever as
frases relativas com pronome relativo onde nulo introduzidas por e (v) analisar frases relativas
de pronome onde nulo introduzidas pelo morfema la, (vi) descrever construções de morfema
onde nulo introduzas por e , lá , (vii), analisar construções relativas de morfema onde em que
não ocorre o morfema (viii) construções relativas cortadoras e (ix) construções resumptivas.
Inferiu-se para que não haja uma lacuna, os informantes recuperam o antecedente nominal no
interior da frase, através das formas pronominais e adverbias
V. Referências bibliográficas.
VELOSO, Rita. Subordinação Relativa in: RAPOSO, Eduardo Buzaglo et al. Gramática do
SANTOS, Catarina Selas. Relativas cortadoras no português europeu falado: interação com
PERES, João Andrade; MÓIA, Telmo. Áreas Críticas da Língua Portuguesa. 2.ª Edição.
Lisboa: Caminho, 1995
MÓIA, Telmo. Aspectos Sintáctico-Semânticos das Orações Relativas com como e quando.
Lisboa: Universidade de Lisboa, 2000.
MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da Língua Portuguesa. 6ª edição. Lisboa:
Caminho, 2003.
MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da Língua Portuguesa. 7ª edição. Lisboa:
Caminho, 2003.
Moia ,Telmo, A sintaxe das Orações Relativas Sem Antecedente Expresso do Português.
Dissertação de Mestrado em Linguística portuguesa descritiva , Lisboa, Universidade de Lisboa
1992.
BRITO, Ana Maria Barros de. A Sintaxe das Orações Relativas em Português. Dissertação de
Doutoramento, Porto: Universidade do Porto, 1988.
Anexo.