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RESUMOS DE AMBIENTAL

Texto 1 - A Natureza no Direito Brasileiro

BENJAMIN, Antônio Herman. A natureza no direito brasileiro: coisa, sujeito ou nada


disso. ​In: ​Nomos - Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Ceará. v. 31 n. 1, semestral. Fortaleza: Edições
Universidade Federal do Ceará, 2011. p. 79-96.

1. A roda da história
A evolução da sociedade acarreta a transformação do Direito.
Quanto à percepção de natureza e seus elementos, observamos que a
mudança de seu entendimento, partindo de “coisas, vistas isoladamente e
condenadas, irrestritivamente, à apropriação privada” à compreensão e valorização
do “todo e de suas relações recíprocas; um todo que deve ser ‘ecologicamente
equilibrado’, visto, por um lado, como ‘essencial à sadia qualidade de vida’, e, por
outro, como ‘bem de uso comum do povo” (p. 80).
Para melhor compreender como se deu tal mudança de pensamento, o autor
se debruça sobre questionamentos estruturais de três níveis distintos, porém
reciprocamente relacionados, quais sejam os discursos filosófico, econômico e
jurídico sobre a natureza.
2. O discurso filosófico sobre a natureza
“(...) À boa aplicação do texto legal é essencial não só conhecer a estrutura
formal dos comandos normativos, mas também apreender seus fundamentos mais
elementares, de caráter axiológico” (p. 83). Isto é, sendo a realidade ecológica
suscetível de apreciações diversas e de interesses plurais, é forçoso reconhecer o
aparecimento de orientações multifacetárias no pensamento jurídico-filosófico
contemporâneo.
Cuidam-se de três modelos éticos no Direito positivo brasileiro:
antropocentrismo puro, antropocentrismo mitigado e não-antropocentrismo.
Tais vertentes do pensamento filosófico-ambiental e da formulação jurídica
de proteção da natureza não são excludentes, podendo informar simultaneamente
um mesmo período histórico e até um mesmo texto normativo, com dispositivos
filiados a correntes diversas, a exemplo da Constituição de 1988 (p. 84-85).
2.1. Antropocentrismo puro: o homem como centro e medida de todas
as coisas
Retrata os primeiros esforços de tutela jurídica do meio ambiente, crendo que
“(...) o ser humano é a principal ou única fonte de valor e significado no mundo e a
natureza não-humana aí está com o único propósito de servir aos homens” (p. 85).
2.2. Antropocentrismo mitigado ou reformado
Tem como foco as preocupações futuras e se manifesta de duas diferentes
formas, a saber:
a) Antropocentrismo intergeracional
“(...) Enfatiza as obrigações do presente para com os seres humanos do
futuro” (p. 86). Trata-se, pois, da ética da solidariedade manifesta nos âmbitos
individual, coletivo, presente e futuro, consistindo em um dos principais pilares da
sustentabilidade. É o paradigma dominante nos principais países na atualidade.
A justificativa moral da proteção ambiental consiste na intersecção das ideias
do ser humano como centro do universo e do biocentrismo ou ecocentrismo.
Orienta, assim, a conduta protetiva em função das necessidades e interesses do
homem do futuro (p. 86).
Acarreta um conjunto de direitos e obrigações, quais sejam: a manutenção da
diversidade biológica e cultural, a conservação da qualidade ambiental e a garantia
de direitos equitativos e não discriminatórios no uso do legado planetário (p. 87).
b) Antropocentrismo do bem-estar dos animais
“(...) Advoga um tratamento mais ‘humanitário’ para os outros seres vivos,
com relevo para os animais domesticados e de estimação. Nessa corrente,
aceita-se (...) a possibilidade de eliminação dos animais, desde que estes sejam
tratados da forma mais ​humana possível. Ou seja, inexistiria qualquer interesse
animais que não possa sucumbir em função dos benefícios de vulto para os seres
humanos” (p. 88).
2.3. Não-antropocentrismo: o ser humano como parte da natureza
Combate a visão do homem apartado da natureza, a culminar na inexistência
de linha separatória entre o vivo e o inanimado, assim como entre o humano e o
não-humano.
“É uma visão do mundo informada por um modelo ecológico de
interrelacionamento interno​, um rico sistema de circulação permanente entre o ‘eu’ e
o mundo exterior, e que advoga ser a natureza mais complexa do que a
conhecemos e, possivelmente, mais complexa do que poderemos saber” (p. 89).
2.4. Conservação e preservação: tratam-se de escolas de proteção da
natureza, sobrepondo-se às vertentes filosóficas.
A conservação preocupa-se com o uso adequado e sustentável das espécies
e ecossistemas. Pressupõe, pois, a manutenção da natureza para o
desenvolvimento. “Na exata medida em que ​todos os componentes da natureza
precisam ser utilizados é que se justifica o cuidado para usá-los” (p. 90).
Já a preservação pretende manter grandes áreas naturais fora do uso
econômico direto, assegurando-se sua integridade. Cuida-se, então, da manutenção
da natureza do desenvolvimento, almejando manter “um mínimo do ​status ecológico
o mais original possível”, a admitir, ainda, sua recuperação (p. 91).
Os antropocentristas preferem a conservação, ao passo que os
não-antropocentristas favorecem a preservação. No que tange aos ordenamentos
jurídicos, estes adotam instrumentos de tutela ambiental que mesclam objetivos de
ambas as escolas, com o fito de garantir a biodiversidade como um todo (p. 91).
3. O discurso econômico sobre a natureza
Atribui-se à natureza quatro modalidades de valores principais. Estes valores
podem ser organizados em duas grandes categorias:
a) Valores instrumentais ou de uso
Referem-se “à capacidade de algo, quando usado, de satisfazer um desejo
ou preferência” de alguém. Engloba os valores (i) de uso econômico direto
(produtos), (ii) de uso indireto (serviços) e (iii) de opção (conservação da
biodiversidade pensando na sua provável importância no futuro). Os dois primeiros
são fundamentais no discurso antropocêntrico tradicional e o terceiro conduz ao
antropocentrismo das gerações futuras (p. 91-92).
b) Valores intrínsecos, existenciais ou de não-uso
Inerentes a algo, estão muito presentes no discurso não-antropocentrista. O
valor de existência “relaciona-se com a apreciação que não seja de uso presente,
nem de uso de opção” (p. 92).
“Passíveis de monetarização (...), essas quatro categorias de valores
ensejam, em sede de responsabilidade civil, valorização no campo do dano
ambiental, fazendo parte do ​quantum debeatur”​ (p. 92-93).
4. O discurso jurídico sobre a natureza: da natureza-coisa à
natureza-objeto
4.1. Natureza-objeto: apoia-se numa visão dualista, utilitarista e
antropocêntrica do mundo, baseada na separação e oposição entre homem (sujeito)
e natureza (objeto) (p. 93).
4.2. Natureza-sujeito: “funda-se em um certo monismo normativo, onde as
posições jurídicas do ser humano e dos componentes naturais não operam por
exclusão”, estando em posição de simetria. A natureza, nesta perspectiva, não é
vista necessariamente enquanto titular de direitos (p. 93-94).
4.3. Pode a natureza ter direitos?
“Nos últimos anos, vem ganhando força a tese de que um dos objetivos do
Direito Ambiental é a proteção da biodiversidade (fauna, flora e ecossistemas), sob
uma diferente perspectiva: a natureza como titular de valor jurídico ​per se ou
próprio, exigindo proteção independentemente de sua utilidade econômico-sanitária
direta para o homem” (p. 94).
“Uma das principais consequências da afirmação de que o meio ambiente
deve ser protegido ​per se opera no terreno da responsabilidade civil, onde a noção
de ‘dano ambiental’ (dano ao ambiente em si mesmo) passa a ser dissociada da
ideia de prejuízo (pessoal ou econômico) ao indivíduo” (p. 94)
“O reconhecimento de direitos aos animais - ou mesmo à natureza - não leva
ao resultado absurdo de propor que seres humanos e animais tenham os ​mesmos
ou ​equivalentes direitos. (...) O que eles propõem é uma mudança de paradigma da
dogmática jurídica” (p. 94).
5. Conclusão
“Em conclusão, é mister notar que, na perspectiva do Direito,
antropocentrismo e não-antropocentrismo não são, até certo ponto, fatalmente
excludentes, podendo atuar de forma complementar entre si.” (p. 95).
“Se é verdade que nem toda a proteção ambiental é explicável pela
perspectiva do resguardo utilitarista do ser humano (...), por outro lado, ao se
reconhecer valor intrínseco à natureza, termina-se, como regra, por tutelar os
humanos que dela dependem. A rigor, essas duas preocupações - com a natureza e
com o ser humano - são, na realidade, indivisíveis” (p. 95-96).

Texto 2 - Direito Constitucional Ambiental

CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato. ​Direito


constitucional ambiental brasileiro. 3 ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2010. p.
77-150.

“Numa época de saudável globalização do debate constitucional poucos, à exceção


dos iniciados, dão-se realmente conta do avanço extraordinário que as
Constituições significam na evolução dos povos e regimes políticos
contemporâneos. Realmente é difícil ao cidadão mediano aquilatar o papel
simbólico e prático da norma constitucional no processo civilizatório, como marco
indicador da transição entre dois modelos de Estado: um avesso, a rédea
pré-definidas; outro, regrado por pólos normativos objetivos, simultaneamente freio
de autoridade e medida de liberdade”. Pg. 78

“Seguindo tal linha de análise, a ecologização do texto constitucional traz um certo


sabor herético, deslocado das fórmulas antecedentes, ao propor a receita solidarista
- temporal e materialmente ampliada (e, por isso mesmo, prisioneira de traços
utópicos) - do pós-todos-em-favor-do-planeta. Nessa, comparando-a com os
paradigmas anteriores, nota-se que o eu individualista é substituído pelo nós
coletivista, e o típico nós welfarista (o conjunto dos cidadão em permanente
exigência de iniciativas compensatórias do Estado) (...)”. Pg 78-79

“Ao revés trata-se de operação mais sofisticada, que resulta em tríplice fratura
vigente: a diluição das posições formais rígidas entre credores e devedores (a todos
se atribuem, simultaneamente, o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado e o dever de protegê-lo” Pg 79

“Aqui, sucede o mesmo, pois é crise ambiental, acirrada após a Segunda Guerra,
que libertará forças irresistíveis verdadeiras correntes que leverão à ecologização
da Constituição, nos anos 70 e seguintes”. Pg. 79
“Em tal pano de fundo, bem se compreende que, nos dias atuais, os cidadãos não
se satisfaçam com uma simples carta de direitos básicos, do tipo Bill of Rigths,
destinada a livrar os cidadãos dos abusos do Estado-Rei, sempre pronto para
espalhar opressão entre seus súditos. Hoje, espera-se mais dessas salvaguardas,
em especial que sejam dirigidas não apenas contra o Poder Público solitário, mas
que também vinculem uma poderosa minoria uma poderosa minoria de sujeitos
privados que, em vários terrenos e no ambiental em especial, aparecem não
exatamente como vítima indefesa de abusos estatais, mas, ao contrário, como
sérios candidatos, como sérios candidatos à repreensão e correção por parte da
norma (inclusive a constitucional) e de seus implementadores”. Pg. 80

“Olhando em volta, é seguro dizer que a constitucionalização do ambiente é uma


irresistível tendência internacional, que coincide com o surgimento e consolidação
do Direito Ambiental. Mas, constitucionalizar é uma coisa; constitucionalizar bem,
outra totalmente diversa. Ninguém deseja uma Constituição reconhecida pelo que
diz e despreza pelo que faz ou deixa de fazer” Pg. 81

“Posteriormente, num segundo grupo, ainda em período fortemente marcado pelos


padrões e linguagem de Estocolmo, foi a vez de países como o Brasil. Finalmente,
após a Rio-92, outras Constituições foram promulgadas ou reformadas,
incorporando, expressamente, novas concepções, como a de desenvolvimento
sustentável, biodiversidade e precaução”. Pg. 82

“Afinal, como bem lembra Mark Tushnet, a ‘experiência comparada é legalmente


irrelevante, a não ser que possa se conectar com argumentos já disponíveis no
sistema jurídico interno”. O pior risco, nesses momentos de reviravolta
constitucional, é importar ideias, objetivos, princípios e instrumentos de uma
tradição jurídica sem entender, na origem, sua gênese e inserção cultural”. Pg. 83

“Após, analisar-se-á a proteção do meio ambiente na Constituição brasileira de


1988, destacando a evolução histórica da matéria, as técnicas nela adotas (direitos
e deveres fundamentais, princípios ambientais função ecológica da propriedade,
objetivos públicos vinculantes, programas públicos abertos, instrumentos, e
ecossistemas especialmente resguardados). Finalmente, antes das conclusões ,
brevemente, serão tecidas considerações, do Estado de Direito Ambiental e da
implementação das disposições constitucionais” Pg. 84

Luísa (85 a 93) - LUÍSAAAAAA


1.11 IMPORTÂNCIA DA ANALISE DOS FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO
DIREITO AMBIENTAL
“Coube à Constituição substituir o antigo paradigma civilístico por outro mais
sensível à saúde das pessoas, às expectativas das futuras gerações, à manutenção
das funções ecológicas, aos efeitos negativos a longo prazo da exploração
predatória dos recursos naturais, bem como aos benefícios tangíveis e intangíveis
do seu uso-limitado.” p. 86
1.2. CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS CONSTITUCIONAIS
AMBIENTAIS
“Um estudo comparado dos regimes de proteção constitucional do meio
ambiente vai identificar cinco características comuns: primeiro adota-se uma
compreensão sistêmica e legalmente autônoma do meio ambiente, determinando
um tratamento jurídico das partes a partir do todo. Segundo, percebe-se o
compromisso ético de não empobrecer a Terra e sua biodiversidade. Terceiro,
estimula-se a atualização do direito de propriedade de forma a torná-lo mais
receptivo à proteção do meio ambiente. Quarto, desenha-se uma clara opção por
processos decisórios democráticos - em regimes ditatoriais a norma ambiental não
vinga. Finalmente, é uma disciplina jurídica de resultado que só se justifica pelo que
alcança.” pp. 86-87
1.3.CONVENIENCIA DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO AMBIENTE
“A experiência comparada parece indicar que, embora não necessariamente
imprescindível, o reconhecimento constitucional expresso de direitos e deveres
ambientais é, jurídica e praticamente, benéfico, devendo, portanto, ser estimulado e
festejado.” p. 88
1.4 BENEFÍCIOS DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO
1.4.1.
“Instituição de um inequívoco dever de não degradar, contraposto ao direito
de explorar, inerente ao direito e propriedade” p. 89
1.4.2.
“A grande diferença entre as Constituições mais antigas e as atuais é que
nestas o direito de propriedade aparece ambientalmente qualificado. A princípio tal
aspiração foi tentada com o uso da função social da propriedade.” pp. 90-91
1.4.3.
“Os mais recentes modelos constitucionais elevam a tutela ambiental ao nível
não de um direito qualquer, mas de um direito fundamental em pé de igualdade com
outros também previstos na Constituição, dentre os quais se destaca o direito à
propriedade”. p.93

1.4. Benefícios da constitucionalização

1.4.1. Benefícios substantivos ou materiais


1) Estabelecimento de um dever constitucional genérico de não degradar, base
do regime de explorabilidade limitada e condicionada
2) Ecologização da propriedade e da sua função social
3) Proteção ambiental como direito fundamental

Lilia (94 a 102) - OK

4) Legitimação constitucional da função estatal reguladora


“A inserção da proteção ambiental na Constituição legitima e facilita - e, por
isso, obriga - a intervenção estatal, legislativa ou não, em favor da manutenção e
recuperação dos processos ecológicos essenciais” (p. 94)
5) Redução da discricionariedade administrativa
“(...) os comandos constitucionais reduzem a discricionariedade da
Administração Pública, pois impõem ao administrador o permanente dever de levar
em conta o meio ambiente e de, direta e positivamente, protegê-lo, bem como exigir
seu respeito pelos demais membros da comunidade, abrindo ao cidadão a
possibilidade de questionar ‘ações administrativas que de forma significativa
prejudiquem os sistemas naturais e a biodiversidade’” (p. 95).
6) Ampliação da participação pública
“(...) É possível ampliar os canais de participação pública, sejam os
administrativos, sejam os judiciais” (p. 96)

1.4.2. Benefícios formais


1) Máxima preeminência e proeminência dos direitos, deveres e princípios
ambientais
A regra constitucional possui duas fortes características: a preeminência
(superioridade) e a proeminência (perceptibilidade). A primeira demanda obediência
estrita do ordenamento infraconstitucional, buscando afinidade entre o mandamento
constitucional e os dispositivos ordinários. A segunda, por sua vez, visa à facilidade
de conhecimento pelos destinatários e, consequentemente, alargamento do respeito
e efetividade da norma (p. 97).
2) Segurança normativa
“A constitucionalização (...) é acompanhada por uma maior segurança
normativa, seja porque os direitos e garantias individuais são consideradas norma
pétrea, seja ainda em decorrência da previsão de um procedimento rigoroso para as
emendas constitucionais” (p. 99)
3) Substituição do paradigma da legalidade ambiental
“(...) A constitucionalidade toma o lugar da legalidade na função de veículo e
resguardo de valores essenciais” (p. 99-100).
4) Controle de constitucionalidade da lei
Permite o controle de constitucionalidade, tanto difuso quanto concentrado,
de atos normativos hierarquicamente inferiores (controle formal e material) (p. 100).
5) Reforço exegético pró-ambiente das normas infraconstitucionais
A norma constitucional, enquanto ferramenta exegética, faz-se prevalente no
cotidiano da prática administrativa ou judicial (p. 100-101).

1.5. Riscos da constitucionalização


“De um lado, fala-se nos perigos da constitucionalização de conceitos,
direitos, obrigações e princípios insuficientemente amadurecidos,
mal-compreendidos ou até incorretos ou superados (p. ex. a noção de equilíbrio
ecológico)” (p. 101)
“De outra parte, (...) há todo um procedimento mais rigoroso para modificação
da norma constitucional, o que dificulta sua atualização e retificação” (p. 101).
“Por derradeiro, (...) há sempre o receio das normas constitucionais retóricas,
com mínimo ou nenhum impacto concreto na operação jurídica do cotidiano das
pessoas” (p. 102).

Paloma (102 a 110)

1.6. Técnicas de constitucionalização do meio ambiente no Direito Comparado

Sejam direitos, obrigações, princípios, sejam objetivos, programas públicos e


instrumentos de implementação, o certo é que a norma constitucional busca regular
ora o uso dos macrobens e microbens ambientais ( água, fauna, solo, ar, florestas),
ora as atividades humanas propriamente ditas, que afetam ou podem afetar o meio
ambiente. Mas ao fazê-lo, nem sempre a Constituição alcança, como seria
desejável, tal desiderato.

A forma mais útil de estudar essas técnicas constitucionais é, de preferência, partir


de um sistema nacional e, daí, promover as conexões necessárias com o Direito
Comparado. Seja pela extensão do tratamento que deu à matéria, seja pela
importância que os tribunais vêm a ela emprestando nas decisões que prolatam,
seja ainda pela diversidade de técnicas que abraçou, a Constituição de 1988
convida, como poucas, a esse exercício de prospecção acadêmica.

17. Introdução ambiental à Constituição de 1988: da miserabilidade e a


opulência ecológico- constitucional

Uma Constituição que, na ordem social ( o território dá proteção ambiental, no


esquema de 1988), tem como objetivo assegurar o “ bem estar e a justiça sociais” (
art. 193), não poderia mesmo deixar de acolher a proteção do meio ambiente,
reconhecendo- o como bem jurídico autônomo e recepcionando-o na forma de
sistema, e não como um conjunto fragmentário de elementos.

Ao abraçar essa concepção holística e juridicamente autônoma do meio ambiente, o


constituinte de 1988 distancia-se de modelos anteriores, especialmente ao admitir
que:

- o meio ambiente dispõe de toods os atributos requeridos para o reconhecimento


jurídico expresso, no patamar constitucional;

- tal reconhecimento e amparo se dá por meio de uma percepção ampliada e


holísitica, isto é, parte-se do todo para se chegar aos elementos.

1.8. O meio ambiente nos regimes constitucionais anteriores: vida, saúde,


função social da propriedade e outros fundamentos para a intervenção estatal.

Tirante uma ou outra providência legislativa de regência utilitarista dos recursos


naturais no período colonial e imperial, a tutela legal do ambiente no Brasil, teve
início, de modo fragmentário, na década de 30, ganhou fõlego nos anos 60, e
consolidou-se nas décadas de 80 e 90.

É fato que, antes de 1988, as Constituições brasileiras não estavam desenhadas de


modo a acomodar os valores e as preocupações próprios de um paradigma jurídico-
ecológico, padrão normativo este que é investido na Constituição de 1988, seduzida
pela técnica dos conceitos, objetivos, direitos, deveres, princípios instrumentos, tudo
sob a influênica e a inspiração da Ecologia e da gestão ambiental.

Icaro (110 a 116)

1.8.2 A saúde hoje

O sistema constitucional Brasileiro apresenta-se baseado na estrutura do


vida-ambiental, saúde-ambiente, segurança-ambiente.
Como exemplo da importância dada pela constituição à saúde está a disposição
para que o SUS fiscalize a qualidade da água para consumo. Essa situação é um
reflexo da grande força normativa que foi dada para o direito a saúde na CRFB/88.

1.9 Técnica de tutela do meio ambiente na constituição de 1988


O núcleo da proteção normativa dada para o meio ambiente está no artigo 225 da
CRFB/88. Mas não é o único regramento jurídico sobre tal tema, mas somente o
ponto mais saliente sobre tal tema.

Na constituição ainda há a presença de princípios e deveres sobre a proteção do


meio ambiente. Estes são divididos em implícitos e explícitos, substantivos e
procedimentais, genéricos e específicos.

São explícitos as disposições com o nome no texto constitucional, já os implícitos os


que necessitam de um trabalho de interpretação normativa para serem encontrados.

Já os substantivos são só que definem posições e delimitam a proteção para


determinadas regiões. Os procedimentais são os que dispõem da execução desses
deveres e/ou direitos materialmente postos.

Por fim, os gerais são os de disposições gerais com aplicação para os mais diversos
e temas, aplicando a fungibilidade entre si, e os especiais, com uma aplicação
específica para determinado órgão público ou região.

Dessa forma o legislador decidiu por não utilizar um único padrão normativo, sendo
necessário para o entendimento da constituição uma leitura considerando as
diversas disposições sobre o tema, nas suas mais variadas formas.

Ingrid (116 a 123)

Beatriz (123 a 131)

1.9.1.1 Caracterização do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado

“Não é objetivo do Direito Ambiental fossilizar o meio ambiente e estancar suas


permanentes e comuns transformações, que vêm ocorrendo há milhões de anos. O
que se busca é assegurar que tal estado dinâmico de equilíbrio, em que se
processam os fenômenos naturais, seja conservado, deixando que a natureza siga
seu próprio curso.” (p.127-128).

1.9.1.2 Direito de todos, “mas que todos?”


‘Numa palavra, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado não é
daqueles especificamente reservados aos brasileiros (direito de sufrágio, ou de ser
eleito presidente), vigorando, na Constituição, o princípio da universalidade, que,
para ser excepcionado, requer expressão inequívoca e explícita do legislador
constitucional, o que não se observa no art. 225.” (p. 126)

1.9.1.3 Meio ambiente ecologicamente equilibrado

“Não é objetivo do direito ambiental fossilizar o meio ambiente e estancar suas


permanentes e comuns transformações, que vêm ocorrendo há milhões de anos. O
que se busca é assegurar que tal estado dinâmico de equilíbrio, em que se
processam os fenômenos naturais, seja conservado, deixando que a natureza siga
seu próprio curso. ” (p.127-128)

1.9.1.4 Qualidade de vida

No caso brasileiro, a expressão parece indicar uma preocupação com a


manutenção das condicões normais (=sadias) do ambiente, condições que
propiciem o desenvolvimento pleno (e até natural perecimento) de todas as formas
de vida. (p.128)

1.9.1.5 Paradigma ético dual do regime constitucional de proteção ao meio ambiente

“Muitas vezes, a condição humana leva à autoimposição de responsabilidades de


cunho não contratualista (=sem reciprocidade), inclusive em favor da natureza. Os
humanos têm a capacidade de reconhecer que os outros seres vivos e os processos
ecológicos essenciais não estão nos confins remotos da existência, o que leva a
estender a eles o mesmo regime legal, inclusive por mandamento constitucional”. (p.
131)

Patrícia (131 a 140)

1.9.2 Técnica dos Deveres Fundamentais


A Constituição de 1988 impõe ao Poder Público e aos particulares um
“caderno de encargos”. Nela é possível identificar um dever geral de não degradar,
além de deveres derivados e secundários de caráter específico, listados no art. 225,
parágrafo 1º. Esses deveres tomam por base um modelo de Estado intervencionista,
ao qual são atribuídas claras e novas responsabilidades no jogo antigo da
degradação ambiental.

1.9.2.1 Classificação e categorias de deveres ambientais


No artigo e parágrafo citados no trecho superior, o intuito do Constituinte foi
de afastar qualquer dúvida sobre a índole cogente das determinações dirigidas a
todo o Estado, na sua posição bifronte de legislador e de implementador
administrativo e judicial do ordenamento.

1.9.2.2 O Estado como sujeito degradador e sujeito de controle da degradação


Ainda falando sobre o art. 225, parágrafo 1º da Constituição Federal, o seu
objetivo é um só: retirar o Estado, por meio de cláusulas vinculativas da ação do
Poder Público e pela força do destaque e da clareza das obrigações afirmativas
estatuídas, da atmosfera ambiental a que está acostumado, exigindo, além disso,
uma atuação positiva pró-ambiente, e expurgá-lo da conhecida dormência, que
parece ser sua vocação natural. Tudo isso sem prejuízo dos deveres genéricos
explicitados no caput do mesmo artigo, que incidem sobre a conduta de qualquer
degradador, e dos demais formulados nos parágrafos subsequentes e em outros
segmentos da Constituição.

1.9.3 Técnica dos Princípios


Essa técnica é amplamente utilizada pelas Constituições modernas, em todos
os campos. No Direito Ambiental, os princípios auxiliaram a compreensão e
consolidação dos seus institutos. A Constituição de 1988 congrega um leque de
princípios ambientais, que ora são expressos ou implícitos, ora gerais ou especiais,
ora substantivos ou procedimentais. Assim, tem-se o princípio da primariedade do
meio ambiente, o princípio da explorabilidade limitada da propriedade (e dos
recursos naturais), o princípio do uso sustentável dos recursos naturais, o princípio
da prevenção, o princípio do poluidor-pagador, o princípio do usuário-pagador, o
princípio da função ecológica da propriedade e o princípio da precaução.

Camila (140 a 150)

Texto 3 - Competência Ambiental Legislativa e Administrativa


FARIAS, Talden; TRENNEPOHL, Terence. Competência ambiental legislativa e
administrativa. ​In: ​Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters
Brasil, 2019. p. 98-152.

Fernanda (98 a 106)

Márcio (107 a 115)

Os Estados e o Distrito Federal podem editar normas gerais em matéria


ambiental se a lei federal for omissa, o que também pode ocorrer com os Municípios
se inexistir norma geral federal ou estadual sobre o mesmo tema (CF, arts. 24, I, VI
e VII, e 30, I e II).

[...] somente se deverá aceitar a complementação da norma por uma


legislação mais específica quando isso for realmente necessário para a proteção do
bem jurídico em questão.

Tanto o interesse local quanto o interesse regional e nacional convergem


para o mesmo sentido, buscando promover a defesa do meio ambiente, apenas
devendo ser respeitadas as peculiaridades de cada âmbito de atuação.

4.1 A discussão sobre o ​in dubio pro natura

O meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito expressamente


previsto em nossa Constituição (art. 225, caput), mas isso não resulta em nenhuma
supremacia em relação aos demais direitos previstos em nosso ordenamento.

Essa superioridade prima facie do meio ambiente em relação aos demais


direitos deve ser rechaçada, porque não existe nenhuma norma que a ampare. O
bem ecológico não está em posição superior em nossa Constituição.
Ademais, conferir primazia ao meio ambiente em detrimento de outros
direitos igualmente constitucionais e/ou fundamentais é inegavelmente um grave
equívoco hermenêutico que mesmo um jurista ambiental deve evitar.

O uso da fórmula in dubio pro natura nada mais faz do que criar uma
preferência inexistente e inaceitável em nosso ordenamento jurídico, descarregando
um ônus argumentativo desproporcional em quem o desafia

A questão das normas ambientais na competência concorrente deve ocorrer


com base na divisão constitucional de competências, não com base em critério
material como o in dubio pro natura, como visto anteriormente.
A busca pelos critérios de prevalência tem que ocorrer nas normas do
sistema constitucional de competências, não em normas que não pertençam a ele,
como em constituições estaduais e leis em geral.

5. Competência administrativa em matéria ambiental

A competência administrativa em matéria ambiental engloba tanto a atividade


autorizativa em sentido amplo (licenciamento e autorização ambientais), quanto a
atividade de fiscalização

5.1. A competência comum na fiscalização ambiental: princípio da subsidiariedade e


benefício de ordem

O que a LC 140/11 preceitua, ao reconhecer a competência comum para


fiscalizar (art. 17, § 3º), é que compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou
autorização fiscalizar eventuais infrações à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada (art. 17, caput). Estabelece
uma prevalência, que de forma alguma aniquila a capacidade fiscalizatória dos
outros entes, mas impõe um benefício de ordem na fiscalização ambienta

[...] deve-se buscar, o máximo possível, pela aplicação do princípio da


subsidiariedade, que o ente público, que tenha a estrutura mais próxima, cuide do
assunto, somente passando para os de maior abrangência territorial, e com a
estrutura mais distante, quando o de menor não conseguir se desincumbir do
encargo.

Nem se argumente que quanto mais órgãos ambientais fiscalizando, ou


autorizando, o mesmo objeto, melhor para o meio ambiente. O argumento é
falacioso porque ignora que uma atuação desordenada, com sobreposições, gera
uma deficiência na proteção ambiental, uma vez que há perda de eficiência.
Lara (116 a 124)

Pode-se afirmar que a definição de competências administrativas ambientais


é imprescindível para evitar que haja desperdício de capacidade estatal para
fiscalizar o meio ambiente, bem como a perda da eficiência na fiscalização.

As competências conferidas aos órgãos e entidades públicas são, além de


poderes, deveres que precisam ser exercidos respeitando uma ordem e coerência,
o que não significa que os órgãos estatais não possam fiscalizar fora de suas
atribuições, mas tão somente que devem priorizar suas funções primárias.

5.2. Licenciamento único, sobreposto/múltiplo e o integrado/complexo


O licenciamento ambiental, em nosso país, é único, o que significa que
é praticado por somente um ente da federação, conforme determina a própria LC
140/11, em seu art. 13: “os empreendimentos e atividades são licenciados ou
autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo”.

Tal regra prestigia os princípios constitucionais da segurança jurídica, da


eficiência e da economicidade. Não se trata de um capricho legal, mas se funda na
eficiência e na melhor proteção do meio ambiente, uma vez que não faria sentido
uma duplicidade de esforços para licenciar um mesmo empreendimento, se quando
feito por um único ente já é suficiente.

Já o licenciamento conjunto, integrado ou complexo ocorre quando mais de


um ente efetua o mesmo licenciamento ambiental, sendo a condução compartilhada
ou coordenada por algum dos entes envolvidos.

5.3. A mudança do critério pela LC 140/11: abandono do critério de abrangência do


impacto para delimitar a competência da União (Lei 6.938/81, art. 10, § 4º, e
Resolução Conama 237/97, art. 4º, caput)

A LC 140/11 efetuou pequenas alterações nas disposições sobre


competência previstas na Resolução Conama 237/97, no entanto, bastante
relevantes do ponto de vista prático para a previsibilidade da identificação do órgão
licenciador competente, abandonando o critério da abrangência do impacto.

Primeiramente, alterou a competência para licenciar empreendimentos ou


atividades localizados em unidades de conservação instituídas pela União, exceto
áreas de proteção ambiental – APAs, afastando-se da regra da Resolução Conama
237/97, que falava em domínio da União, o que podia trazer a questão da
incompetência federal no caso de UCs sem regularização fundiária, e nada falava
sobre as APAs, agora sujeitas a outros critérios que não os do ente instituidor (LC
140/11, art. 12).

Em segundo lugar, a referida Lei Complementar eliminou o critério de


abrangência de impacto para delimitar a competência da União, e estabelece a
tipologia, considerando o porte, o potencial poluidor e a natureza da atividade ou
empreendimento.

Ademais, a LC 140/11 esclarece que o importante é o empreendimento ou


atividade estarem localizados na área descrita, sendo abolida a questão dos
eventuais impactos diretos sobre essas áreas, eliminando também o critério
supramencionado para os municípios, que passaram a lidar com o impacto
ambiental de âmbito local.

Por fim, cabe mencionar que, nos casos em que não se trabalha com o
revogado critério de abrangência de impacto, utiliza-se o conceito de área
diretamente afetada (ADA), sendo esta a que engloba o espaço físico ocupado
exclusivamente pelo empreendimento, não equivalendo à área do imóvel ocupado
pelo empreendimento ou atividade, mas pela parte efetivamente por eles ocupada.

Maurício (125 a 133)

João (134 a 142)

Bernardo (143 a 150)

“há uma perda de eficiência e economicidade global, (...) uma vez que o delegatário
geralmente é quem praticou os atos no processo de licenciamento ambiental sem
competência para tanto. (...) O princípio constitucional da eficiência em seu núcleo está a
redução do desperdício de recursos públicos, orientando a “atividade administrativa no
sentido de conseguir os melhores resultados com os meios escassos de que se dispõe e a
menor custo”, o que não ocorre quando outro órgão estatal deve se imiscuir, via
convalidação, em ato de outro ente, sem necessidade.” (p. 143)

“A celeridade na resolução dos processos de licenciamento, ficaria comprometida porque o


órgão ambiental delegante precisaria de mais tempo para convalidar os atos praticados com
vício de competência. O terceiro é a responsabilização do delegante por atos praticados
pelo órgão incompetente, em regra o futuro delegatário.” (p. 143)

“A própria Súmula 510 do STF deixa clara a ausência de responsabilidade do delegante,


motivo pelo qual a medida judicial se volta contra o delegatário.” (p. 144)

“Uma vez delegado o licenciamento ambiental, o órgão delegante somente pode revogar a
delegação, mas não impor ao delegatário cursos de ação, uma vez que o delegatário não é
preposto do delegante e cada órgão ambiental tem discricionariedade procedimental. Cabe
ao delegatário sanar eventual vício ou anular o ato ou conjunto de atos como se o processo
fosse seu desde o início (...)” (p. 144)

5.10 Da Delegação do Licenciamento Ambiental

“A competência (administrativa) para efetuar o licenciamento ambiental pode ser delegada.


(...) a delegação pode ocorrer por tipologia de empreendimento ou atividade (delegação
geral) ou por cada empreendimento ou atividade (delegação específica). ” (p. 145)
“ a possibilidade de delegação do licenciamento ambiental é definida na LC 140/11 (art. 4º,
V e VI, e 5º) e os requisitos se traduzem na existência de (i) órgão ambiental capacitado,
aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em
número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas, e de (ii)
conselho de meio ambiente.” (p. 145-146)

“O delegatário atuará com os poderes do delegante, que sendo o Ibama, poderá atuar
em todo território nacional, ainda que fora de sua área geográfica, o delegatário tem plenos
poderes ambientais nesse outro território, já que atua com base na delegação do poder
federal.” (p. 146)

“ a delegação condicional, aquela praticada quando há dúvida sobre a competência do


delegante, mas que ocorre para extinguir os efeitos desestabilizadores de um litígio judicial
em relação ao órgão competente para licenciar. (...) acarreta a paralisação de diversas
atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento” (p.147)

“Para evitar esse cenário pode haver delegação condicional. Caso haja reconhecimento da
competência do delegante, os atos praticados serão válidos, se a demanda for
improcedente, a delegação não terá efeitos e o delegatário responderá em nome próprio.”
(p. 147-148)

6. Conclusões

“ Havendo concorrência entre os tipos de legislação, a específica deve prevalecer, não


havendo que se falar em melhor proteção ambiental.” (p.148)

“nas hipóteses em que as noções não sejam claras o suficiente para a solução de conflitos,
deve prevalecer a norma que melhor garanta a efetividade do direito fundamental tutelado,
dando-se preferência àquela da preservação da qualidade ambiental (in dubio pro natura).”
(p. 148)

“Havendo competência comum para se proteger o meio ambiente, criou-se um mito de que
todas as três esferas federativas tinham dever de tutelar o bem protegido sem qualquer
“benefício de ordem” entre elas. Nada mais equivocado e desarrazoado.uma atuação
desordenada, com sobreposições, gera uma deficiência na proteção ambiental,
uma vez que há perda de eficiência.” (p. 149)

“Isso fica ainda mais claro no licenciamento ambiental, que é único, isto é, praticado por
apenas um ente da federação, (...) Ao vedar o licenciamento de um mesmo
empreendimento por mais de um órgão ambiental, a unicidade do licenciamento ambiental
enseja a possibilidade de haver vício de competência porque aquela entidade que o iniciou
ou conduziu-o pode não ter competência tanto. Entretanto, esse vício é convalidável, caso o
órgão competente para licenciar entenda estar diante de elementos para tanto.” (p. 150)

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