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2.

Quais espécies de disposições podem ser realizadas num


testamento? É possível ainda que sejam realizadas disposições não
patrimoniais em um instrumento de disposição da última vontade? E nos
codicilos, o que pode ser disposto?
Um testamento pressupõe o pleno exercício da vontade livre e
espontânea. Para isso, suas disposições devem ser certas e passíveis de
determinação quanto ao seu conteúdo, sob pena de impossibilidade em
cumpri-las. Dessa forma, identificam-se no Código Civil previsões que têm por
objetivo preservar a liberdade testamentária, que é a essência do ato de última
vontade.
Nessa senda, as disposições testamentárias funcionam como
verdadeiras cláusulas testamentárias que se revestem com a seguinte
forma:     
- Com condições para certo fim ou modo, ou por certo motivo.
- Com  definição do tempo em que deva começar e terminar o direito do
herdeiro.
Quando existirem cláusulas que possam ser interpretadas de formas
diferentes, será observada a que assegure a observância da vontade do
testador.
São válidas as disposições: 
- em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiros,
dentro das opções  mencionadas pelo testador.
- em pagamento de serviços prestados ao testador, por ocasião da
doença pela qual veio a falecer, ainda que fique pela determinação do herdeiro
ou de outra pessoa o valor da remuneração.
Ainda, afirma o art. 1.857, caput, que "toda pessoa capaz pode dispor,
por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de
sua morte".
No que tange a possibilidade de disposições testamentárias não
patrimoniais, o § 2o  do art. 1.857 é bastante preciso ao afirmar que: "São
válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o
testador somente a elas se tenha limitado". 
Já o codicilo é ato de última vontade, destinado a disposições de
pequeno valor ou recomendações para serem atendidas e cumpridas após a
morte. Extrai-se da dicção legal do art. 1881, do CC que o objeto do codicilo é
limitado, de alcance inferior ao do testamento. Não sendo, por isso, meio
idôneo para instituir herdeiro ou legatário, efetuar deserdações, legar imóveis
ou fazer disposições patrimoniais de valor considerável.
Pode o codicilo ser utilizado pelo autor da herança para as seguintes
finalidades: a) fazer disposições sobre o seu enterro; b) deixar esmolas de
pouca monta; c) legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso
pessoal (art. 1.881); d) nomear e substituir testamenteiros (art. 1.883); e)
reabilitar o indigno (art. 1.818); f) destinar verbas para o sufrágio de sua alma
(art. 1.998); g) reconhecer filho havido fora do matrimônio, uma vez que o art.
1.609, II, do Código Civil permite tal ato por “escrito particular”, sem maiores
formalidades.

4. Susana Risthoffen foi excluída da sucessão dos pais por


indignidade ou por deserdação? Quais as principais diferenças entre
essas duas formas de exclusão?
Susana Risthoffen fora excluída da sucessão dos pais por indignidade,
uma vez que praticou contra os mesmos ato ofensivo de indignidade, previsto
no art. 1814 do CC, qual seja, homicídio doloso.
A exclusão se dá diante da indignidade ou da deserdação. A quebra
dessa afetividade, mediante a prática de atos inequívocos de desapreço e
menosprezo para com o autor da herança, e mesmo de atos reprováveis ou
delituosos contra a sua pessoa, torna o herdeiro ou legatário indignos de
recolher os bens hereditários.
Sendo assim, a exclusão se dá mediante a indignidade, que são os atos
contra a vida, contra a honra e contra a liberdade para testar, e também
mediante a deserdação, que é a exclusão do sucessor feita pelo próprio autor
da herança.
Por essa razão, a indignidade é a exclusão do herdeiro diante do fato de
ele ter praticado um ato reprovável contra o de cujus sendo então punido com a
perda do direito hereditário. A indignidade é uma sanção civil que causa a
perda do direito sucessório.
Já a deserdação é a exclusão do sucessor feita pelo próprio autor da
herança. Nesta modalidade, a manifestação de vontade é imprescindível.
Apenas podem ser deserdados os herdeiros necessários, e na manifestação
expressa, feita normalmente em cédulas testamentárias, deve estar explicando
o porquê da deserdação.

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