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100 QUESTÕES COMENTADAS – HISTÓRIA DO CEARÁ

Professor Ticyano Lavor

*Instagram: @prof_ticyano_lavor

*Facebook: www.facebook.com/ticyano.lavor.7?fref=ts

Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.

Lei nº 9.610, de 1998

Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou
científica.

Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer
modalidades.

Art. 33. Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao domínio público, a pretexto de
anotá-la, comentá-la ou melhorá-la, sem permissão do autor.

Art. 104. Quem vender ou expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou
utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho,
vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente
responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como
contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior.

Art. 108. (adaptado). Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, deixar
de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do
intérprete, responderá por danos morais

QUESTÕES

01. Localizada na divisa dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, a Chapada do Araripe,
além de abrigar uma Floresta Nacional, uma Área de Proteção Ambiental e um Geoparque,
também é conhecida como “Parque dos Dinossauros” por possuir um dos mais ricos “depósitos”
de fósseis do mundo. A Chapada referida aqui é encontrada no Ceará
a) na Região Metropolitana de Sobral.
b) no Sertão dos Inhamuns.

c) nos Sertão Central.


d) no litoral leste.
e) na Região Metropolitana do Cariri.

COMENTÁRIOS E GABARITOS
No Ceará, a Chapada do Araripe é encontrada no Cariri. E no Cariri temos a Região
Metropolitana do Cariri (RMC). A RMC está situada a uma distância média de 600 km das duas
metrópoles regionais nordestinas mais próximas, Fortaleza e Recife. As três cidades principais
(Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha) mantêm vínculos estreitos tanto em termos de
proximidade territorial quanto relacional, sobretudo pela relação de complementaridade
socioeconômica no Cariri cearense. A Região Metropolitana do Cariri foi criada tanto para
reduzir as disparidades econômicas e sociais entre a capital e o interior, como para minimizar
o desenvolvimento desigual do triângulo CRAJUBAR em relação aos municípios vizinhos e
foi idealizada pelo governo estadual visando a criação de um novo polo de desenvolvimento
socioeconômico que pudesse dividir com a Região Metropolitana de Fortaleza a atração de
investimentos e ampliar a qualidade de vida de sua população. O Cariri se constituiu como
região metropolitana em virtude de ser a segunda região urbana mais expressiva do estado, dada
com a conurbação formada pelos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha,
denominada de CRAJUBAR. Essa região metropolitana é, atualmente, composta por nove
municípios: Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito,
Nova Olinda e Santana do Cariri. A RM do Cariri possui uma área total de 5.456,01 Km2
(IBGE, 2010). Sobre a Chapada do Araripe, ali temos um dos “depósitos” de fósseis (restos
petrificados de animais, insetos ou vegetais estudados pela Arqueologia) mais valiosos do
mundo. Até fósseis de Dinossauros com mais de 100 milhões de anos já foram encontrados.
GABARITO: E.

02. Acerca dos povos nativos que habitavam o território cearense antes da chegada dos
europeus, analise as afirmativas abaixo:

I. A religião praticada pelos povos nativos era monoteísta.


II. Os povos nativos desconheciam a noção de Estado e de propriedade privada.
III. Não podemos afirmar que os povos nativos constituíam uma “sociedade homogênea”.
Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITOS
I. (F) Os povos nativos (indígenas) praticavam o politeísmo.
II. (V) Os povos nativos (indígenas) viviam em regime de “comunidades primitivas” onde não
existe a noção de Estado, tal qual conhecemos hoje, nem a propriedade privada. Viviam na base
do coletivismo.
III. (V) Os povos nativos (indígenas) não constituíam uma sociedade homogênea. Encontramos
entre eles, diferentes hábitos, costumes, crenças e línguas, por exemplo.
GABARITO: C.

03. Apesar das fontes acerca dos povos nativos que habitam o território cearense antes da
chegada dos europeus serem escassas, podemos caracterizar os “povos indígenas” do território
cearense, conforme traços lingüístico-culturais, originalmente em cinco grandes grupos: Tupi,
Cariri, Tremembé, Tarairiú e Jê. Acerca do assunto, analise as afirmativas abaixo:
I. O grupo denominado de Tupi é composto por duas grandes nações: Tabajaras, que ocupavam
o litoral leste cearense, e os Potiguaras, que se encontravam principalmente nas áreas próximas
à atual cidade de Fortaleza.
II. A nação dos “índios” Tabajaras pertence ao grupo dos chamados “índios” Tupis.
III. Dentre os grandes povos indígenas do Ceará, podemos citar os Cariris, que ocupavam,
dentre outras áreas, o extremo sul do território cearense.
Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.
Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.

COMENTÁRIOS E GABARITOS
Povos:
1. Tupi, composto por duas grandes nações:
* Tabajaras: (Serra da Ibiapaba, até o litoral de Acaraú e Camocim – litoral Noroeste do Ceará).

* Potiguaras: (Oriundos do RN, ocuparam a região do Baixo Jaguaribe, já bem próxima ao


litoral leste cearense).
2. Cariri, composto por cinco grandes nações:
* Ariús e Cariris Novos (Esses se localizavam no extremo sul cearense).
* Cariús (na Serra do Pereiro).

* Crateús (proximidades do Rio Poti).


* Inhamuns (onde hoje chamamos de Sertão dos Inhamuns, proximidades da atual cidade de
Tauá).
3. Tremembé ocupavam uma faixa litorânea entre o Maranhão e as margens do Rio Curu, no
Ceará.
4. Tarairiú, composto por três grandes nações:
* Janduins (Vistos no Baixo Jaguaribe).

* Jenipapos e Canindés (encontrados em Quixeramobim e Banabuiú).


5. Jê, dos quais se destaca a nação Aruã, localizados entre os rios Itaim e Jaguaribe.
GABARITO: C.

04. Na região onde hoje se encontra as terras do município de Caucaia, na Região Metropolitana
de Fortaleza, surgiu um povo indígena fruto da miscigenação de “índios” Potiguaras com

a) Cariris e Tremembés.
b) Tarairiús e Tupis.
b) Tabajaras e Tapebas.
c) Potiguaras e Tupis.
d) Tupis e Cariris.

COMENTÁRIOS E GABARITOS

Na região onde hoje se encontra as terras do município de Caucaia, na Região Metropolitana


de Fortaleza, surgiu um povo indígena fruto da miscigenação de “índios” Potiguaras com
Cariris e Tremembés. Esse povo seriam os Tapebas. Caucaia, inclusive, surge de um
aldeamento jesuítico, que pretendia catequizar tais índios: aldeamento Nossa Senhora dos
Prazeres de Caucaia. GABARITO: A.

05. Um dos grandes exemplos da resistência “indígena” contra a dominação branca europeia,
no Ceará e no Brasil, foi a chamada “Guerra dos Bárbaros” onde “indígenas” do Rio Grande
do Norte, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí uniram-se numa verdadeira “confederação contra
os invasores”. Entre, aproximadamente, 1683 e 1720, uma sangrenta disputa foi travada nesses
territórios entre povos “indígenas” e colonizadores brancos. Acredita-se que o estopim desse
conflito foi quando
a) “índios” Janduins rebelaram-se, saqueando e matando criadores de gado em Açu, Apodi e
Mossoró, no Rio Grande do Norte.
b) “índios” Tapuias trucidaram o Padre Jesuíta Francisco Pinto, na região da Ibiapaba cearense.
c) o então donatário da capitania de Pernambuco ordenou o extermínio dos “índios”
Tremembés.
d) o então governador geral do Brasil, Diogo Botelho, autorizou a expedição militar de Pero
Coelho que acabou exterminando centenas de “índios”.
e) “índios” da nação Jenipapo se recusaram a executar tarefas braçais nas fazendas de gado
localizadas na região do vale do rio Jaguaribe.

COMENTÁRIOS E GABARITOS
Não podemos mais aceitar a ideia de que os “índios” não reagiram à dominação branca.
REAGIRAM SIM! FORAM PARA O CONFRONTO SIM! É certo que os índios lutaram
contra os invasores, isso contribuindo ainda para o seu genocídio (extermínio físico), uma vez
que eram inferiores do ponto de vista bélico, como a exemplo da “Guerra dos Bárbaros”.
Nesse conflito, “indígenas” do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí
uniram-se numa verdadeira “confederação contra os invasores”. Acredita-se que o estopim
desse conflito foi quando “índios” Janduins rebelaram-se, saqueando e matando criadores de
gado em Açu, Apodi e Mossoró, no Rio Grande do Norte. A partir daí, aliaram-se aos Janduins
várias outros como: Jenipapos, Tremembés, Crateús, Canindés, e outras. GABARITO: A.

06. Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que uma das primeiras tentativas de
colonização portuguesa em terras cearenses iniciou-se com a criação da Capitania do Siará,
doada, em 1535, ao fidalgo português
a) Tomé de Souza.

b) Martim Soares Moreno.


c) Diogo Botelho.
d) Assis da Costa Neto.
e) Antônio Cardoso de Barros.

COMENTÁRIOS E GABARITOS
Quando Portugal se decidiu pela colonização do Brasil, o rei Dom João III decidiu dividir o
espaço colonial em quinze faixas de terra. Cada uma dessas faixas constituía uma capitania
hereditária. Essa capitania seria doada a um capitão donatário, indivíduo geralmente portador
de boa condição financeira e politicamente prestigiado pela Coroa Portuguesa. Do ponto de
vista histórico, pode-se afirmar que uma das primeiras tentativas de colonização portuguesa em
terras cearenses iniciou-se com a criação da Capitania do Siará, doada, em 1535, ao fidalgo
português Antônio Cardoso de Barros. Essa tentativa, no entanto, não logrou êxito. Cardoso
sequer tomou posse da capitania que lhe coube. A reconstrução histórica da ocupação do Ceará
revela o papel secundário que a região ocupou nos planos metropolitanos. Só foi conhecida no
início do século XVII, em virtude da resistência indígena e, em parte pela circunstância de estar
a meio caminho entre a costa leste, já ocupada produtivamente, e o norte, desconhecido e ainda
não conquistada pelo domínio português, e o Maranhão, ameaçado pelas tentativas de invasão
dos franceses. A capitania do Siará devido, sobretudo, a falta de grandes atrativos econômicos
permaneu por todo o século XVI quase abandonada. O não encontro de metais preciosos e de
especiarias, artigos de luxo que gerassem riquezas na Metrópole foi fator determinante para este
quadro. A prova maior do quase abandono cearense é que o donatário da capitania, Antonio
Cardoso de Barros, nunca chegou a tomar posse. GABARITO: E.

07. O famoso “mito fundador do Ceará” foi formulado pelo romancista José de Alencar e
atribuiu a conquista do território cearense a um ato de amor entre
a) uma índia tacarajá e o padre jesuíta Francisco Pinto.
b) a índia Iracema e o guerreiro branco Martim.

c) o índio Ubirajara e a índia Iracema.


d) o guerreiro branco Pero Coelho e a índia Iracema.
e) o índio bravio “Martim” e uma fidalga portuguesa chamada Iracema.

COMENTÁRIOS E GABARITO
O mito fundador do Ceará foi formulado pelo romancista José de Alencar que atribuiu a
conquista do território a um ato de amor entre a índia Iracema e o guerreiro branco Martim, pais
do primeiro cearense, Moacir – o filho da dor. O guerreiro branco era Martim Soares Moreno
que edificou na barra do rio Ceará o Forte de São Sebastião e é considerado pelos escritores
românticos o “fundador do Ceará”. GABARITO: B

08. Sobre os conhecimentos acerca da História do Ceará, assinale a afirmativa correta:


a) Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que uma das primeiras tentativas de colonização
portuguesa em terras cearenses iniciou-se com a criação da Capitania do Siará, doada, em 1535,
ao fidalgo português Martim Soares Moreno.

b) A reconstrução histórica da ocupação do Ceará revela o papel secundário que a região ocupou
nos planos metropolitanos portugueses durante o século XVI.
c) A capitania do Siará devido, sobretudo, a grande quantidade de atrativos econômicos e as
excelentes condições para o cultivo da cana-de-açúcar, foi ocupada pelos colonos portugueses
já durante o século XVI.
d) O termo Siará, escolhido para se referir à capitania que se tornaria o atual estado do Ceará,
etimologicamente significa “Terra de Iracema”.
e) A capitania do Siará, sendo pobre e não apresentando muitos atrativos econômicos,
permaneceu submissa, alguns anos, a outras capitanias. Foi o caso da submissão a Pernambuco
e a submissão ao Rio Grande.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que uma das primeiras tentativas de
colonização portuguesa em terras cearenses iniciou-se com a criação da Capitania do Siará,
doada, em 1535, ao fidalgo português Antônio Cardoso de Barros.
b) (V) As primeiras tentativas de conquista do território cearense só ocorreram durante o século
XVII, em parte pela circunstância de estar a meio caminho entre a costa leste, já ocupada
produtivamente, e o norte, desconhecido e ainda não conquistada pelo domínio português, e o
Maranhão, ameaçado pelas tentativas de invasão dos franceses.
c) (F) A capitania do Siará devido, sobretudo, a falta de grandes atrativos econômicos permaneu
por todo o século XVI quase abandonada. O não encontro de metais preciosos e de especiarias,
artigos de luxo que gerassem riquezas na Metrópole portuguesa foi fator determinante para este
quadro.
d) (F) Não há explicações precisas sobre a origem do nome “Siará”. Alguns historiadores dizem
que significa “riacho de água doce”, outros dizem que vem da palavra CIARÁ, que no idioma
indígena quer dizer “canto da jandaia”. Existem ainda aqueles que afirmam que significa, no
idioma dos tapuias, “pássaro pequeno”. Ainda presumem que significa o rio CEMO que nasce
na serra ARA. Também existem aqueles que dizem originar-se da palavra “cê” mais “yara”,
terra de muita arara.
e) (F) A capitania do Siará, sendo pobre e não apresentando muitos atrativos econômicos,
permaneceu submissa, alguns anos, a outras capitanias. Foi o caso da submissão ao Maranhão
(1621 a 1656) e a submissão a Pernambuco (1656 a 1799).

GABARITO: B

09. Na História do Ceará, assim como na História do Brasil, no geral, o termo “Guerra Justa”
se dá
a) à guerra contra os indígenas, autorizada pela Coroa Portuguesa, e que era justificada nos
casos em que os indígenas se recusavam à conversão à fé cristã ou que impediam a propagação
do cristianismo, a partir de meados do século XVI.
b) à guerra contra os protestantes calvinistas que tentaram ocupar as terras da capitania cearense
no século XVII.
c) à guerra contra os bandeirantes que insistiam em escravizar índios enquanto a Igreja Católica
pretendia catequizá-los.
d) à guerra contra os holandeses que invadiram o Nordeste brasileiro no século XVII.
e) à guerra contra os sesmeiros que ocupavam as terras dos sertões sem a autorização prévia
da Coroa Portuguesa.

COMENTÁRIOS E GABARITO
No âmbito da colonização, muitas vezes determinados grupamentos indígenas foram associados
às “feras”, “selvagens” e “incivilizados”. Assim, todas as medidas repressivas contra suas
aldeias eram justificadas, inclusive, as “Guerras Justas” contra os indígenas, autorizadas pela
Coroa Portuguesa. GABARITO: A

10. Acerca das primeiras tentativas de conquista do território cearense, analise as afirmativas
abaixo:
I. A primeira tentativa oficial de colonizar o Ceará deu-se em 1603, na administração de Diogo
Botelho, governador-geral do Brasil.
II. No período da colonização portuguesa em terras brasileiras, a catequização de povos
indígenas e a colonização “andavam juntas”. Sendo assim, em 1607, chegaram às terras
cearenses dois padres: Francisco Pinto e Helder Câmara. Essa é considerada a primeira tentativa
bem sucedida de colonização do território cearense.
III. A terceira tentativa de ocupação do Ceará veio a acontecer em 1611, com a expedição de
Martim Soares Moreno. Às margens do rio Ceará, Martim fundou o Forte de São Sebastião e
seguiu em direção ao Maranhão para combater os franceses que lá ocupavam terras portuguesas.
Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO
I. (V) A primeira tentativa oficial de colonizar o Ceará deu-se em 1603, na administração de
Diogo Botelho, governador-geral do Brasil, com Pero Coelho de Sousa. Capitão-Mor, Pero
Coelho partiu de onde hoje seria a Paraíba, com o objetivo, dentre outros, de combater invasores
franceses que já haviam inclusive fundado uma colônia no Maranhão (França Equinocial). Pero
Coelho passou pelo litoral cearense e seguiu para combater os franceses. Ele teria chegado até
a atual Parnaíba (estado do Piauí). Na volta, teria fundado às margens do Rio Ceará o povoado
de Nova Lisboa, onde deixaria por lá cerca de 45 homens e seguiria de volta para Paraíba. Esses
homens comandados por Pero Coelho teriam fundado o Forte São Tiago. Pero Coelho retornaria
ao Ceará em 1606. Atacado no Forte São Tiago, ele segue para o rio Jaguaribe onde funda o
Forte São Lourenço. De lá, segue então para o atual Rio Grande do Norte.
II. (F) No período da colonização portuguesa em terras brasileiras, a catequização de povos
indígenas e a colonização “andavam juntas”. Sendo assim, em 1607, chegaram às terras
cearenses dois padres: Francisco Pinto e Luís Figueiras. Os dois religiosos teriam partido de
Pernambuco e fizeram praticamente o mesmo caminho de Pero Coelho, indo parar na Ibiapaba.
Ali procuraram cristianizar os nativos. No entanto, foram atacados em 1608 por índios
Tacarijus. Francisco Pinto foi trucidado. O outro padre conseguiu fugir e ainda fundou um
aldeamento na Barra do Rio Ceará chamado de São Lourenço. Anos depois, em 1643 foi
trucidado por índios Aruãs na ilha de Marajó.
III. (V) A terceira tentativa de ocupação do Ceará veio a acontecer em 1611, com a expedição
de Martim Soares Moreno. Às margens do rio Ceará, Martim fundou o Forte de São Sebastião
e seguiu em direção ao Maranhão para combater os franceses que lá ocupavam terras
portuguesas. Vale ressaltar que Martim contou com a ajuda de índios da região, chefiados por
Jacaúna, um índio já catequizado. Em 1619, a Coroa Portuguesa confere a Martim o título de
Capitão-Mor do Ceará por 10 anos. No entanto, se retira definitivamente do Ceará em 1631.
Vale também dizer que o Forte de São Sebastião viria ser conquistado pelos holandeses em
1637.

GABARITO: B

11. Entre os anos de 1630 e 1654, grande parte do Nordeste Brasileiro ficou sob dominação
holandesa. É nesse período que se dá, em 1649, a construção do Forte
a) São Sebastião.
b) São Tiago.
c) Schoonenborch.

d) São Lourenço.
e) Nossa Senhora dos Prazeres.

COMENTÁRIOS E GABARITO
No ano de 1630, os holandeses invadiram Pernambuco na pretensão de dominar a região
açucareira e de encontrar riquezas. Em 1637, tropas flamengas, sob a liderança do major
Gartimam Hendrick conquistam o forte cearense de São Sebastião, aquele, do Martim Soares
Moreno, lembra? Na costa cearense os holandeses estavam interessados principalmente na
exploração das salinas, na retirada de sal. De início, contaram os holandeses com ajuda dos
índios revoltados com a dominação portuguesa. Depois, contudo a aliança se desfez, pois os
holandeses não se diferenciavam do português quanto aos maus tratos dados aos índios.
Revoltados, em 1644 os nativos atacaram e destruíram o forte de São Sebastião, trucidando e
expulsando os holandeses daquelas áreas. Os holandeses retornariam ao Ceará em 1649, sob o
comando do capitão Matias Beck que desembarcou na baía do Mucuripe em busca de metais
preciosos, este ergueu no monte Marajaitiba, nas margens do riacho Pajeú o Forte de
Schoonemboch, em torno do qual, depois, iria espontaneamente surgir um povoado, que
futuramente viria se tornar a cidade de Fortaleza. GABARITO: C.

12. Entre os anos de 1630 e 1654, grande parte do Nordeste Brasileiro ficou sob dominação
holandesa. É nesse período que se dá, em 1649, a construção do Forte Schoonenborch, sob o
comando do holandês Matias Beck. Em 1654, o forte holandês é tomado pelas tropas
portuguesas, no contexto da expulsão dos holandeses do Nordeste Brasileiro. O Forte é então
“rebatizado” com o nome de
a) Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da Caucaia.
b) Fortaleza de Nossa Senhora de Fátima.
c) Forte São José de Ribamar.
d) Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.

e) Forte São Sebastião.


Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica)
deve ser recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução
total ou parcial desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos
autorais. Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os
direitos de autor e os que lhes são conexos.

COMENTÁRIOS E GABARITO
Em 1654, o forte holandês é tomado pelas tropas portuguesas, no contexto da expulsão dos
holandeses do Nordeste Brasileiro. O Forte é então “rebatizado”, pelo então Capitão-Mor,
Álvaro de Azevedo Barreto, com o nome de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
GABARITO: D

13. Ligada ao estado português, a Igreja Católica veio para o Brasil no período da colonização e
acabou atuando como uma “facilitadora” no processo de colonização e dominação dos povos
nativos. Na colônia, a Igreja organizava-se em clero regular e clero secular. O clero regular, do
qual fazia parte a Companhia de Jesus, encarregava-se principalmente de catequizar os índios
nos aldeamentos. Acerca do assunto, analise as afirmativas abaixo:
I. Os aldeamentos interessavam ao governo português na medida em que tornavam os índios
“mais dóceis” para com os brancos.
II. A falta de regras comuns e de disciplina explicam o motivo do fracasso da estratégia de
catequização dos povo indígenas a partir dos aldeamentos.
III. A rígida disciplina dos aldeamentos e a própria imposição do catolicismo contribuíram
massiçamente para o etnocídio (extermínio cultural) indígena.
Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO
I. (V) Como foi dito, “Igreja Católica veio para o Brasil no período da colonização e acabou
atuando como uma “facilitadora” no processo de colonização e dominação dos povos nativos”.
II. (F) Pelo contrário. Os aldeamentos eram caracterizados por forte disciplina. A rígida
disciplina dos aldeamentos e a própria imposição do catolicismo contribuíram massiçamente
para o etnocídio (extermínio cultural) indígena.
III. (V). Ver comentário da afirmativa II.
GABARITO: B

14. No início da colonização portuguesa no Brasil, os membros da Companhia de Jesus


procuraram evangelizar os índios de forma pacífica, com danças, procissões, presentes, cantos e
pregações. Essa tática não apresentou muitos resultados positivos. Os nativos continuavam
“preferindo” ouvir seus “sábios pajés”. Assim, a estratégia passou a ser a criação
a) dos aldeamentos.

b) dos suntuosos templos católicos.


c) das mesquitas indígenas.
d) das palhoças religiosas.
e) das comunidades seminaristas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

No início da colonização portuguesa no Brasil, os membros da Companhia de Jesus procuraram


evangelizar os índios de forma pacífica, com danças, procissões, presentes, cantos e pregações.
Essa tática não apresentou muitos resultados positivos. Os nativos continuavam “preferindo”
ouvir seus “sábios pajés”. Seria então necessário “arrancar” o índio dos seus “hábitos
primitivos”, afastá-lo para longe dos seus “pajés-feiticeiros” (termo usado elo colonizador).
Assim, a estratégia passou a ser a criação dos aldeamentos, também chamados de Missões.
Eram aldeias artificiais militarizadas, para onde os índios eram levados no intuito de serem
doutrinados e convertidos ao catolicismo. Nesses aldeamentos, os índios “amansados” eram
utilizados como mão-de-obra em diversos tipos de trabalho, fossem nas próprias Missões,
gerando riquezas para os jesuítas, fosse através de “trabalhos compulsórios” prestados a
fazendeiros. Muitos aldeamentos também funcionaram como “acampamentos militares”, nos
quais se preparavam guerras em que os nativos “missionados” eram levados a lutar contra os
índios “selvagens”. Esses foram os casos de três famosas Missões no Ceará: Parangaba, Paupina
(Messejana) e Soure (Caucaia). Muitas cidades surgiram em torno dos aldeamentos, como
Caucaia (antigo aldeamento de N. Senhora dos Prazeres de Caucaia, depois Soure), Pacajus
(aldeamento de Paiacu, em seguida chamado monte-mor-velho Guarani), Baturité (monte-mor-
novo), Iguatu (Telha), Crato (Miranda), e etc. GABARITO: A.

15. No Brasil e no Ceará colônia, a Igreja Católica organizava-se em clero regular e clero secular.
O clero regular, do qual fazia parte a Companhia de Jesus, encarregava-se principalmente de
catequizar os índios, nos aldeamentos. Outra ordem regular presente no Ceará foi a dos
Franciscanos ou

a) Missionários do Povo.
b) Penitentes do Siará Grande.
c) Seminaristas de São Francisco.
d) Padres Obreiros.
e) Frades Capuchinhos.

COMENTÁRIOS E GABARITO
A ordem dos Franciscanos, ou Frades Capuchinhos passou a entrar no Brasil a partir da segunda
metade do século XVII. Os Frades Capuchinhos se encarregaram, por exemplo, no século
XVIII, da Missão do Miranda (Crato), onde foram aldeados índios Cariris. Os Frades
Capuchinhos introduziram uma novidade em termos de trabalho missionário: as SANTAS
MISSÕES. (ou MISSÕES AMBULANTES, ou INTINERANTES), isto é, a ação religiosa por
padres que visitavam de tempos em tempos as vilas e os povoados do interior, para pregar,
confessar, rezar missas e etc. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, promovida em 1759, os
aldeamentos foram convertidos em vilas e os serviços de catequização passaram a ser feitos
pelos frades franciscanos com as Santas Missões. GABARITO: E

16. No Brasil colônia, assim como no Ceará, o gado:

a) foi uma economia exclusiva do Nordeste, voltada para o mercado exterior.


b) favoreceu a ocupação de extensas áreas, especialmente no litoral.
c) prosperou nas serras do Ceará, onde o clima se mostrou especialmente favorável.
d) contribuiu para a ocupação do interior do Brasil, para o seu comércio e urbanização.
e) foi o fator responsável pela crise da economia canavieira no Nordeste do Brasil.

COMENTÁRIOS E GABARITO A atividade de criação de gado sempre esteve presente


junto à plantação de cana-de-açúcar do litoral. A pecuária era, no entanto, uma atividade
secundária. O gado servia de alimentação, transporte e força-motriz. Todavia, o empenho de
Portugal na empresa açucareira, a garantia de mercado para o açúcar na Europa, a pressão
populacional de homens livres sem terra e a disponibilidade de terras, forçaram o movimento
da pecuária em diração aos sertões. Os engenhos, portanto, expulsavam o boi para o interior,
em razão da necessidade, cada vez maior de terra litorânea para o plantio e produção do açúcar
exigida pelo mercantilismo europeu e pelo próprio incentivo português com a Carta Régia de
1701, que proibia a criação de gado a menos de 10 léguas da costa geraram a ocupação do
interior brasileiro. A penetração e a ocupação sertaneja aconteceram por duas rotas: a rota
chamada “sertão-de-fora”, dominada pelos pernambucanos, vindos pelo litoral; e a rota
chamada “sertão-de-dentro”, dominada por baianos, seguindo o curso do rio São Francisco.
Tais rotas se confluem no Ceará, seguindo, sobretudo os rios Jaguaribe e Acaraú. Vale ressaltar
que, o índio será expulso de suas terras com a chegada do gado. Esse gado que chegou aos
serões do Ceará será comercializado, vendido, principalmente para Pernambuco e Bahia. No
início, as boiadas a serem comercializadas seguiam “vivas”, guiadas pelos “tangerinos”. Por
volta da segunda década do século XVIII, surge no Ceará a ideia de vender a carne “morta”, já
beneficiada, nascendo aí as chamadas Charqueadas, que, no entanto se localizavam, sobretudo
no litoral. LEMBRE-SE: Economicamente, o Ceará começa a ser “ocupado” (perceba as aspas
na palavra, para que você não esqueça que o território já era ocupado pelos povos indígenas)
pelo INTERIOR (graças ao gado, pecuária) e não pelo litoral. GABARITO: D

17. A falta de grandes atrativos econômicos como metais preciosos e especiarias e o fato de não
ser propício ao cultivo em larga escala de cana-de-açúcar fizeram com que o interesse dos
portugueses pela colonização do território cearense se mostrasse tardio. No entanto, existem
relatos da vinda de “aventureiros” ao território cearense ainda no final do século XV. Exemplo
disso seria Vicente Pinzon, que teria “visitado” o Ceará

a) na Ponta Grossa, Aracati, e na Ponta do Mucuripe, Fortaleza.

b) na nascente do rio Jaguaribe.

c) na foz do rio Acaraú.

d) na foz do rio Ceará.

e) na Enseada do Mucuripe e na foz do rio Acaraú.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Existem relatos da vinda de “aventureiros” ao território cearense ainda no final do século XV.
Exemplo disso seria Vicente Pinzon, que teria “visitado” o Ceará em fevereiro de 1500, na
Ponta Grossa, Aracati, e na Ponta do Mucuripe, Fortaleza. Vicente Pinzon que inclusive este na
expedição de Cristóvão Colombo à América, em 1492. GABARITO: A

18. (Faculdade Farias Brito – CE / 2012)

Muitos historiadores pesquisam, por meio de documentação, as origens dos lugares. Muitos
ficcionistas utilizam-se de tais dados, para reinventarem e recriarem os lugares, como foi o caso
de José de Alencar, no romance Iracema. Para caracterizar a gênese do povo cearense, Alencar
levou em consideração os seguintes dados históricos:
a) 1603 – Pero Coelho e os índios.

b) 1649 – Matias Beck e os holandeses.

c) 1654 – Os portugueses e os potiguares.

d) 1611 – Martim Soares Moreno e os tabajaras.

e) 1644 – Os indígenas de Acarau e de Parangaba.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Em sua obra José de Alencar utiliza o personagem real de Martim Soares para misturá-lo com
elementos mitológicos da cultura indígena no período de colonização do Brasil. Assim abarca
em sua obra uma dimensão mítica na qual remete à lenda por meio de argumento histórico onde
se complementam. Na obra ocorre a ênfase na valorização da natureza, celebração das
características brasileiras em que destaca a valorização das cores locais. Toda valorização da
natureza nessa obra começa a ser rompida com a chegada do europeu. GABARITO: D

19. No Ceará, durante os séculos XVII e XVIII, formou-se o que o historiador cearense
Capistrano de Abreu denominaria como “Civilização do Couro”. Este aspecto característico da
colonização cearense está ligado

a) ao fato de existir, nas terras cearenses, uma farta manada de gado bufalino natural da região,
o que proporcionou, aos nativos locais e aos europeus colonizadores, as condições ideais para
explorarem aquela riqueza.

b) ao desenvolvimento, após a decadência da produção algodoeira, de uma grande atividade de


pecuária de corte e leiteira que, ainda hoje, é uma das maiores do Brasil e sustenta a economia
cearense.

c) ao processo colonizatório cearense que ocorreu a partir da ocupação pela pecuária, na


capitania, através da frente de ocupação do sertão-de-fora, conduzida por pernambucanos, e da
frente de ocupação do sertão-de-dentro, controlada principalmente por baianos.

d) ao modelo original de ocupação através da pecuária bovina que, saindo do Ceará, ajudou na
ocupação do interior nordestino e na colonização dos serrados do centro-oeste, dos pampas do
sul do país e do pantanal mato-grossense.

e) ao modelo original de ocupação através do agronegócio da cana-de-açúcar e do algodão.

COMENTÁRIOS E GABARITO Ver comentário da questão 16. GABARITO: C

20. “A fortaleza, de onde a Vila recebe a denominação, fica sobre uma colina de areia, próxima
às moradas e consiste num baluarte de areia ou terra, do lado do mar, e uma paliçada, enterrada
no solo, para o lado da Vila, contém quatro peças de canhão, de vários calibres, apontadas para
muitas direções. Notei que a peça de maior força estava voltada para a Vila.” SILVA E FILHO,
Antonio Luiz Macêdo e. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará, 2004. p. 32.
A imagem acima é referente

a) à Primeira planta de Fortaleza.


b) ao Aldeamento Jesuítico da Paupina, que daria origem à Messejana.
c) ao povoado de Nova Lisboa, que daria origem à Fortaleza.
d) ao Aldeamento Jesuítico de Soure, que daria origem à Caucaia.
e) Ao povoamento que foi gerado em torno do Forte São Sebastião.

COMENTÁRIOS E GABARITO
A conhecida imagem é da Primeira Planta de Fortaleza, de 1726, atribuída ao Capitão-Mor
Manuel Francês. GABARITO: A

21. A Pecuária foi sem dúvida alguma o principal fator a proporcionar a efetiva colonização das
terras cearenses, tornando-se a primeira e, por anos, a principal atividade econômica do ceará.
Acerca do assunto, analise as afirmativas abaixo:
I. Com a invenção das charqueadas, vamos perceber uma “divisão de trabalho” na capitania
cearense a partir da segunda década do século XVIII: nos sertões teremos as áreas destinadas,
sobretudo, ao beneficiamento da carne, já no litoral encontraremos as fazendas de criação do
gado.
II. Aracati se tornou na segunda metade do século XVIII, o principal núcleo urbano do Ceará
graças, sobretudo ao desenvolvimento das charqueadas.
III. Sumarcas era o nome dado às charqueadas que se desenvolveram sobretudo nas regiões
interioranas do Ceará.
Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
c) Apenas a afirmativa III é verdadeira.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO
I. (F) Com a invenção das charqueadas, vamos perceber uma “divisão de trabalho” na capitania
cearense a partir da segunda década do século XVIII sim, mas é exatamente o contrário do que
está sendo afirmado. Nos sertões teremos as áreas destinadas, sobretudo, as fazendas de criação
do gado. já no litoral encontraremos as áreas destinadas ao beneficiamento da carne, ou seja, as
charqueadas.
II. (V) As oficinas de beneficiamento da carne (Charqueadas – onde o charque era “fabricado”)
localizavam-se no litoral, na foz dos grandes rios. Assim, Aracati (antigo Arraial de São José
do Porto dos Barcos), na Foz do rio Jaguaribe (elevada à Vila em 1748), destacou-se como o
grande centro charqueador do Ceará. Destaque também para Acaraú (rio Acaraú), Granja e
Camocim (rio Coreaú).
III. (F) Sumarcas era o nome dado às embarcações que transportavam o charque.

GABARITO: B

22.
I. A seca de 1877.
II. A concorrência do charque gaúcho.
III. O desenvolvimento da cotonicultura cearense.
Podemos considerar fatores que contribuíram para a decadência das charqueadas cearenses o
que se afirma:
a) apenas em I e II.
b) apenas em I e III.
c) apenas em II e III.
d) apenas em III.

e) apenas em I.
Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (F) As nossas charqueadas entraram em decadência a partir da última década do século XVIII.
A seca que contribuiu para tal não foi a de 1877, mas sim a famosa “seca dos três setes”, a de
1777, que durou até 1778, contribuindo para reduzir drasticamente os rebanhos cearenses.
Tivemos ainda a seca de 1790/1793.
II. (V) Conta-se que foi um fabricador de charque aracatiense de nome José Pinto Martins que,
ante os efeitos catastróficos da seca de 1777, retirou-se para as terras gaúchas em 1780, levando
a técnica salgadeira e fundando a primeira Charqueada em Pelotas.
III. (V) O fato de, a partir do último quartel do referido século XVIII, o sertanejo ter passado a
dedicar maior atenção a uma atividade agrícola que marcaria profundamente a economia
cearense: a cotonicultura, isto é, o cultivo do algodão, produto então bastante procurado no
mercado internacional, sobretudo para abastecer as fábricas têxteis da Inglaterra, que vivia a
sua revolução industrial.
GABARITO: C

23. No Ceará o algodão já era cultivado pelos índios antes da chegada dos europeus invasores -
além de ser empregado na fabricação de apetrechos, era utilizado para fazer rede de dormir ontem
os nativos e enterravam os mortos. Com a colonização o algodão passou a fazer parte da
economia de subsistência dos invasores em todo o Brasil, como matéria-prima na fabricação
doméstica de fios, redes e tecidos, usados com vestimentas pelas camadas mais pobres e escravos.
Entretanto, a partir do último quartel do século XVIII, aconteceu um extraordinário aumento da
cotonicultura, a ponto de tornar-se uma das principais riquezas da colônia. Isso em consequência

a) dos altos preços propiciados pela demanda do mercado externo que requeriam o produto para
empregá-lo nas fábricas têxteis, sobretudo as dos Estados Unidos.
b) dos altos preços propiciados pela demanda do mercado externo que requeriam o produto para
empregá-lo nas fábricas têxteis, sobretudo as da Inglaterra.
c) da participação do Ceará no episódio da Confederação do Equador.
d) das excelentes condições geográficas para o cultivo do algodão, sobretudo na região do cariri.

e) da imensa demanda pelo produto graças ao início da industrialização brasileira.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Sem sombra de dúvidas a demanda inglesa por algodão, pioneira na Revolução Industrial, fez
com que a cotonicultura cearense se destacasse. A cotonicultura cearense também foi
impulsionada pela ocorrência da guerra de independência dos Estados Unidos (1774-1783), então
o grande produtor mundial de algodão e principal fornecedor dessa matéria-prima para Inglaterra,
sua Metrópole. Com a desorganização da produção norte-americana e a conseqüente redução da
concorrência, os preços do algodão subiram mais ainda, estimulando, por conseguinte os
produtores. Vale lembrar que para a expansão da cotonicultura cearense contribuíram igualmente
a queda da produção pecuarista, decorrentes dos fatores que já vimos na questão 22. Os
sertanejos, ante os prejuízos do pastoreio sentiram-se estimulados a produzir o que estava dando
lucro: o algodão. Já acerca da participação do Ceará no episódio da Confederação do Equador,
tal fato só ocorre em1824. Com o algodão rompeu-se o exclusivismo pastoril no Ceará. A base
da economia passa a ser assentada na agricultura, com a pequena e disponibilidade de Capital
atraída para o financiamento da referida Lavoura de exportação. A cotonicultura possibilita a
integração definitiva da economia cearense ao modelo capitalista internacional, que se
consolidava nos séculos XVIII e XIX. Acerca do item “d”, as principais regiões produtoras eram
os distritos de Fortaleza e Aracati e as Serras de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pereiro e
Aratanha (Pacatuba). GABARITO: B

24. Acerca da economia cearense durante o século XIX analise as afirmativas abaixo

I. A partir da segunda metade do século XIX o Ceará reproduziria uma tendência nacional: o
modelo agroexportador, vindo a presenciar nesta época um surto de modernidade sem
precedentes.
II. A cotonicultura foi sem dúvidas a “alavanca mestra” do desenvolvimento agro-exportador
cearense na segunda metade do século XIX

III. Durante o século XIX, não apenas o algodão, mas o café, a borracha, o açúcar e a cera de
carnaúba também contribuíram para a diversificação da agricultura cearense.
Podemos afirmar corretamente que:
a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
b) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
c) Apenas a afirmativa III é verdadeira.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) Nesse período, ajudado por um período de cerca de 30 anos sem secas a partir de 1845, o
Ceará diversificou a sua agricultura produzindo também café, borracha, açúcar e também cera de
carnaúba, ampliando assim os seus serviços urbanos e de Transportes. No entanto, no século
XIX, vai ser a cotonicultura (produção de algodão), voltada para atender a demanda externa, que
vai se destacar como principal produto da agricultura e da economia cearense.
II. (V) Como foi dito, a cotonicultura vai se destacar como a principal atividade econômica
cearense a partir da segunda metade do século XIX, favorecida, sobretudo pela ocorrência da
guerra de secessão nos Estados Unidos (nosso grande concorrente) entre 1861 e 1865.
III. (V) Ver comentário da afirmativa I.
GABARITO: D

25. A partir da segunda metade do século XVIII, a cotonicultura cearense passou a despontar
como uma atividade econômica importante para o Ceará sobretudo devido à guerra de
independência dos Estados Unidos que fez com que a Inglaterra viesse a se tornar um grande
mercado consumidor para o algodão cearense. No entanto, viria a ser na segunda metade do
século XIX que o algodão se tornaria a “alavanca mestre” da economia cearense e das nossas
exportações. Vendido para atender sobretudo a demanda inglesa, a cotonicultura cearense atingiu
o seu apogeu exatamente entre os anos de 1861 e 1865 tornando-se o principal produto das
exportações Cearenses. O episódio internacional ocorrido entre 1861 e 1865 que contribuiu para
o desenvolvimento e para o apogeu da cotonicultura cearense foi

a) Revolução Francesa.
b) A guerra civil norte-americana.
c) A independência da América espanhola.
d) O fim da era napoleônica.
e) A ascensão das ideias iluministas europeias.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O episódio internacional ocorrido entre 1861 e 1865 que contribuiu para o desenvolvimento e
para o apogeu da cotonicultura cearense foi A Guerra de Secessão norte-americana (1861 –
1865), que foi na realidade uma Guerra Civil que acabou prejudicando as plantações de algodão
por lá. E como sabemos, os EUA era o nosso grande concorrente na Cotonicultura. GABARITO:
B

26. O café foi introduzido no Ceará por José de Xerez, trazido da França e plantado na região da
Meruoca por volta de 1747. Logo depois chegou ao Cariri por volta de 1822. No século XIX se
propagou pelas Serras de Baturité, Maranguape, Aratanha e Ibiapaba. Podemos dizer que a
cafeicultura cearense
a) alcançou, na segunda metade do século XIX, o posto de principal produto da balança
exportadora cearense, competindo inclusive com a cafeicultura da região Sudeste brasileira.
b) encontrou nas regiões serranas a sua principal área produtora.
c) se destacou, sobretudo nas áreas litorâneas, tendo Aracati como o seu principal centro
produtor.
d) encontrou em Itapipoca, Caucaia e Cascavel as áreas com as melhores condições geográficas
para o seu cultivo, fazendo de tais áreas as principais produtoras da cafeicultura cearense.
e) foi a principal responsável pela decadência das Charqueadas Cearenses.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) Apesar de, para a economia cearense o café ter tido a sua importância, no século XIX a
exportação do café cearense era insignificante se comparada com os números das exportações de
café do sudeste, promovidas por exemplo por São Paulo Minas Gerais e Rio de Janeiro.
b) (V) No século XIX o café se propagou pelas Serras cearenses sobretudo Baturité, Maranguape,
Aratanha e Ibiapaba. A serra de Maranguape por sua vez se torna o principal produtor do café
em terras cearense a princípio.
c) (F) Como foi dito no comentário anterior, as Serras cearenses se destacaram como as principais
áreas produtoras do nosso café.
d) (F) Mais uma vez dizemos que as Serras cearenses foram as que se destacaram na produção
de café.
e) (F) O destaque da cafeicultura cearense se dá sobretudo no século XIX. Desde a segunda
metade do século XVIII que as nossas Charqueadas já vinham apresentando decadência. Os
motivos da decadência das Charqueadas já foram comentados na questão de número 22.

GABARITO: B

27. Acerca da economia comercial algodoeira cearense, sobretudo no século XIX, assinale a
afirmativa correta

a) A agricultura comercial algodoeira implementou o uso do trabalho escravo nos Sertões, apesar
de, ao que parece as primeiras grandes plantações terem apresentado um uso considerável de mão
de obra livre e assalariada

b) Na prática da cotonicultura vamos observamos certas desvantagens na utilização de mão de


obra escrava embora tenham sim os escravos sido utilizados em escala menor.

c) O ciclo vegetativo curto do algodão favorecia a utilização de mão-de-obra escrava na


cotonicultura.

d) A colheita do algodão era uma tarefa bastante árdua o que exigia muita mão de obra escrava.

e) O incremento da cotonicultura foi o grande responsável pela ampliação do número de escravos


nas lavouras cearenses.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) É exatamente o contrário. A agricultura comercial algodoeira incrementou o uso do


trabalho livre nos Sertões apesar de, ao que parece, as primeiras grandes plantações terem
apresentado o uso de consideráveis contingentes de negros escravizados. Logo, porém, percebeu-
se a desvantagem da utilização de escravos na cotonicultura.
b) (V) Na prática da cotonicultura vamos observar certa desvantagem na utilização de mão- de-
obra escrava, embora tenham sim os escravos sido utilizados em escala menor. O ciclo vegetativo
curto do algodão tornava desvantajoso o emprego do escravo que ficaria ocioso grande parte do
tempo, de 4 a 5 meses por ano. Além disso, a colheita do algodão exige a vigilância redobrada
dos cativos para editar contrabando nos algodoais, prática comum entre os escravos, que usavam
de muitos modos para driblar a vigilância dos proprietários. Por outro lado, a facilidade na
colheita possibilitava o uso de mulheres e crianças, havendo ainda a alternativa de empregar-se
da mesma maneira a vultosa mão-de-obra livre, ociosa e barata dos sertões não absorvida na
pecuária.

c) (F) Ver comentário do item B.

d) (F) Ver comentário do item B.

e) (F) Ver comentário do item B.

GABARITO: B

28. Uma ordem Régia de 13 de Fevereiro de 1699 determinava a criação de uma Vila no Ceará.
Aquela que seria a primeira Vila na capitania. O documento contudo dava margem a dúvidas
sobre o lugar em que deveria ser instalado o Pelourinho. Pelourinho era uma coluna de madeira
ferro ou tijolo que provava simbolicamente a autonomia de certo povoado, “elevado à categoria
de Vila”. Para tal, fazia-se necessária a instalação de uma Câmara Municipal, autorizada pelas
autoridades portuguesas. Como não ficou claro o local onde deveria ser instalado o pelourinho,
verificamos sérias disputas entre as autoridades da capitania cearense. Acerca do assunto, analise
as afirmativas abaixo:

I. Três locais protagonizaram a disputa onde deveria ser instalado o Pelourinho: o chamado
arraial do Iguape, localizado na atual Aquiraz, o povoamento que se formou nos arredores da
fortaleza de Nossa Senhora da Assunção e a Barra do Ceará, local onde se estabeleceram as
primeiras fortificações portuguesas na capitania, ainda durante o século XVII.

II. Em 27 de junho de 1713 a primeira Vila no Ceará foi definitivamente instalada em Aquiraz.
Daí por que muitos consideram esta a primeira capital do Ceará.

III. Apenas em 13 de abril de 1726 foi instalada a vila de Fortaleza de Nossa Senhora de
Assunção, a segunda do Ceará, pelo capitão-mor Antônio Cardoso de Barros.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
c) Apenas a afirmativa III é verdadeira.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) O episódio exposto no enunciado da questão passou a ser conhecido na História do Ceará
como “A dança do Pelourinho”. Em Aquiraz e extensivamente no Iguape, situados na foz do rio
Pacoti, residia a elite local, os primeiros senhores de terra chamados de “homens bons”. Já em
torno da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção habitavam de forma majoritária militares e
autoridades coloniais, além de autoridades eclesiásticas. Na Barra do Ceará, local denominado
de Vila Velha, vivia sobretudo índios aculturados em miseráveis condições de existência.
II. (V) Em 27 de junho de 1713 a primeira Vila no Ceará foi definitivamente instalada em
Aquiraz. Daí por que muitos consideram esta a primeira capital do Ceará. Vale ressaltar que até
essa decisão definitiva, o Pelourinho foi instalado em diversos locais: em 25 de janeiro de 1700
ele foi instalado no arraial do Iguape, em 25 de maio de 1700 foi transferido e instalado junto à
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Já em 1702 foi transferido para um local mais distante
ainda, a barra do rio Ceará. Em 1706 o Pelourinho retornaria para os arredores da Fortaleza de
Nossa Senhora da Assunção e finalmente em 27 de junho de 1713 foi instalado definitivamente
no arraial do Iguape.

III. (F) Apenas em 13 de abril de 1726 foi instalada a vila de Fortaleza de Nossa Senhora de
Assunção, a segunda do Ceará, pelo capitão-mor Manuel Francês.

GABARITO: A.

29. Sobre os conhecimentos acerca da história do Ceará, sobretudo da cidade de Fortaleza analise
as afirmativas abaixo

I. Assim como as demais grandes cidades brasileiras, como Salvador e Rio de Janeiro, Fortaleza
é uma cidade que já nasceu desde o período colonial hegemônica, sendo a principal cidade da
capitania do Ceará desde os primórdios do período colonial.

II. Fortaleza, por décadas após o seu surgimento espontâneo, cumpriu quase que exclusivamente
uma função estratégica militar, vindo a ocupar uma posição hegemônica no Ceará apenas no
século XIX.

III. A elevação de Fortaleza a condição de Vila em 1726, contribuiu para que a cidade viesse a
ocupar uma posição hegemônica mais adiante, no século XIX, uma vez que por parte do governo
do Império do Brasil vai haver todo um interesse em centralizar o poder e as decisões
administrativas das províncias em suas capitais.

IV. A cotonicultura pode ser considerada um dos principais fatores que contribuíram para a
hegemonização de Fortaleza no século XIX.

V. Em 1851, a alfândega de Aracati foi fechada garantindo a Fortaleza o monopólio do comércio


externo da província, o que também acabou contribuindo para Fortaleza se hegemonizar no
contexto sócio-econômico cearense.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas a afirmativa I é verdadeira.


b) Apenas a afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Todas as afirmativas são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (F) Ao verificar-se a história das atuais e grandes cidades brasileiras com origem no período
colonial, percebemos que elas já nasceram hegemônicas, isto é, como os centros urbanos mais
importantes política e economicamente dos respectivos estados, antigas províncias ou Capitanias.
Salvador, Recife, Rio de Janeiro, São Luís, Belém, por exemplo, eram desde o início pontos de
nucleação da produção para o mercado externo e sede do aparato burocrático e militar impondo
sua influência sobre as áreas vizinhas Mas esse não foi o caso de Fortaleza. Ao contrário, a atual
capital cearense, surgida espontaneamente em torno do Forte Holandês fundado em 1649, não
apresentava no começo a hegemonia urbana do Ceará. Por décadas abrigando uma população
paupérrima, cumpriu modestamente sua função de ponto estratégico de ligação litoral leste-norte
do Brasil e de guarnição militar na defesa destas áreas contra estrangeiros. A elevação à categoria
de vila e Capital em 1726 não alterou a melancólica situação daquele povoado ali às margens do
Forte Holandês na etapa Colonial. Os mais destacados núcleos populacionais cearenses eram
aqueles ligados a pecuária ou agricultura como: Icó, Aracati, Sobral, Camocim, Acaraú, dentre
outros.

II, III, IV e V (todos V). Ao longo do século XIX percebe-se a ocorrência de um processo de
hegemonização de Fortaleza que se torna já na segunda metade daquele século o principal núcleo
urbano, político, econômico e social do Ceará. Várias razões podem explicar essa hegemonização
de Fortaleza no século XIX, como por exemplo o que temos citado nos itens II, III, IV e V.

GABARITO: D

30. O crescimento da lavoura algodoeira no Ceará não necessariamente vai levar a extinção da
atividade pecuarista no território cearense. Ao contrário, essas duas atividades acomodaram-se
uma a outra dando origem ao chamado
a) Binômio Charque – Sumarcas.

b) Bipartidarismo econômico.

c) Binômio gado-algodão.

d) Tripé da economia cearense.

e) Binômio alencarino

COMENTÁRIOS E GABARITO

O crescimento da lavoura algodoeira no Ceará não necessariamente vai levar a extinção da


atividade pecuarista no território cearense. Ao contrário, essas duas atividades acomodaram-se
uma a outra dando origem ao chamado Binômio gado-algodão. Após a colheita do algodão,
podiam as ramas do algodoeiro servir de alimento ao gado que era posto a pastar por 2 ou 3 meses
na área que fora cultivada (exatamente na época de estiagem quando os animais não dispunham
de pasto no campo). De sobra, os animais com seus estercos ainda adubavam os solos.
GABARITO: C

31. No Ceará algumas Vilas interioranas surgidas em função do Pastoreio tornaram-se


igualmente pólos cotonicultores como por exemplo

a) Icó e Sobral.

b) Aracati e Camocim.

c) Acaraú e Fortaleza.

d) Fortaleza e Aracati.

e) Aracati e Acaraú.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Aracati, Acaraú e Camocim, no litoral, não se destacaram pela função do Pastoreio ou da criação
do Gado, mas sim pelas Charqueadas. Já Fortaleza não se destacou nem por Pastoreio nem por
Charqueadas. A questão deixa claro que se trata de vilas interioranas. O item onde encontramos
duas vilas interioranas e que se destacaram sim na função do Pastoreio e depois se tornaram pólos
cotonicultores são Icó e Sobral. GABARITO: A
Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.
32.

Após a leitura da manchete acima, analise as afirmativas que seguem:

I. Uma pesquisa inédita e pioneira no Brasil revelou, por meio de mapeamento genético, qual seria a
origem do DNA cearense. Na fusão genética da composição do cearense, há influências do branco
europeu descendente de países nórdicos.

II. Na década de 60, do século XX, os estudos deixados pelo professor cearense José Parsifal
Barroso, contidos no ensaio “O Cearense”, já se dedicavam a analisar as “origens” do povo
cearense.

III. De acordo com a pesquisa, entre as regiões que tiveram força na identidade cearense estão a
chamada Fenoscândia - que abrange Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca - e o sul da França.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.
COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) Uma pesquisa inédita e pioneira no Brasil revelou, por meio de mapeamento genético, qual é a
origem do DNA cearense. O estudo “GPS-DNA Origins Ceará” detalha que, na fusão genética da
composição do cearense, há influências do branco europeu descendente de países nórdicos, ameríndios
oriundos da Ásia e o negro africano, principalmente do tronco banto. Ao longo de 10 meses, foram
coletadas 160 amostras de saliva de cearenses de todas as regiões do Estado, incluindo grupos étnicos,
como indígenas e quilombolas, e algumas personalidades. A pesquisa foi registrada na Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), e os materiais foram enviados para análise em um laboratório
especializado em Ohio, nos Estados Unidos.

II. (V) Inclusive, um dos objetivos do estudo “GPS-DNA Origins Ceará” seria responder à pergunta-
chave dos estudos de Parsifal Barroso no livro “O Cearense”. À época, o autor se valeu de documentos e
outros registros para construir sua teoria acerca da “constituição” do povo cearense.

III. De acordo com a pesquisa, entre as regiões que tiveram força na identidade cearense estão a
chamada Fenoscândia - que abrange Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca - e o sul da França. Há
também forte influência do ameríndio, que provém da Sibéria e entra no novo continente por meio do
estreito de Bering, uma ponte natural entre a Rússia e os Estados Unidos.

GABARITO: D

33. Sobre a Confederação do Equador é correto afirmar que

a) como a Balaiada e a Farroupilha ocorreu no período regencial

b) foi uma revolta de escravos na Bahia

c) foi uma revolta ocorrida no sul do Brasil que acabou com a criação de um novo país o Uruguai

d) teve início em Pernambuco e pretendia a criação de um novo país, republicano, composto por
províncias do Nordeste.

e) foi a maior revolta ocorrida nos primeiros anos da república brasileira.

Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.
COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) A Confederação do Equador (1824) não ocorreu no período regencial mas sim durante o
primeiro reinado (1822 – 1831).

b) (F) A Confederação do Equador foi uma revolta elitista, não de escravos, ocorrida no Nordeste
contra as medidas absolutistas do imperador dom Pedro Primeiro.

c) (F) A Confederação do Equador foi um movimento separatista ocorrido no nordeste brasileiro


e não no Sul.

d) (V) A Confederação do Equador pretendia a criação de um novo país, ou seja, foi um


movimento separatista liderado por Pernambuco. Pretendia criar um novo país chamado
exatamente de Confederação do Equador.

e) (F) Como já foi dito, a Confederação do Equador ocorreu durante o primeiro reinado, em 1824,
estávamos vivendo os tempos do império e não da República.

GABARITO: D

34. Acerca do envolvimento do Ceará na Confederação do Equador de 1824 analise as


afirmativas a seguir

I. Um dos fatores que explicam o envolvimento do Ceará no movimento da Confederação do


Equador foi a influência e a vinculação econômica e política do Ceará a Pernambuco o que
continuou a existir mesmo após a separação administrativa das duas Capitanias em 1799.

II. O sucesso da Confederação do Equador se dá sobretudo por causa da participação das elites
cearenses naquele movimento

III. Naquele momento em que ocorrerá a Confederação do Equador várias famílias ricas e
poderosas, sobretudo do Cariri cearense, como por exemplo a família dos Alencar, apresentavam
íntimas ligações com a província Pernambucana. Portanto, o Ceará estava suscetível ao que se
passava em Pernambuco.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) No início da colonização Portugal dividiu o Brasil em capitanias hereditárias. Essas foram
divididas em dois grupos: Capitanias principais e Capitanias subalternas, estando as segundas
sujeitas as primeiras. Exemplo de Capitania subalterna, o Siará esteve entre 1621 e 1656
Submisso ao Maranhão. Após 1656, o Ceará passou a ser Submisso a Pernambuco, situação essa
que se manteve até 1799. Vale lembrar que a emancipação do Ceará de Pernambuco não
significou que a capitania cearense cortou os laços com Pernambuco. O Ceará continuou por
exemplo altamente dependente de Recife pois a produção local continuava a ser escoada pelo
porto de Recife, pois o Ceará não possuía um ancoradouro adequado para receber os navios a
vapor. Somente a partir de 1860 Fortaleza obteria não só a primazia do Comércio direto com a
Europa mas também com outras províncias uma vez que seu Porto (morosamente construído)
seria incluído nas rotas que se estendiam para atual região sudeste. Concluímos que a separação
oficial entre o Ceará e Pernambuco não significou o fim da influência tanto política como
econômica da capitania de Pernambuco sobre o Ceará. Logo, o que se passava em Pernambuco
interessava ao Ceará.

II. (F) A Confederação do Equador de 1824, que foi um movimento de caráter elitista, separatista
e republicano, contra as atitudes absolutistas do imperador D. Pedro I (1822-1831) não obteve
sucesso. A repressão promovida pelo Imperador Dom Pedro contra os manifestantes foi
considerada bastante violenta e cruel. Aqui mesmo em Fortaleza foi instalada a mando de Dom
Pedro a “comissão militar” que julgaria (ou melhor condenaria morte) vários dos envolvidos na
Confederação do Equador aqui no Ceará. Dessa forma receberam a pena capital por terem
aderido ao movimento republicano da Confederação do Equador: Padre Mororó, João de
Andrade Pessoa Anta, Francisco Miguel Pereira Ibiapina, Feliciano José da Silva Carapinima,
Luiz Inácio de Azevedo Bolão, Frei Alexandre da Purificação, Antônio Bezerra de Souza e
Menezes e José Ferreira de Azevedo. Os três últimos, contudo, tiveram a pena comutada em
degredo para a Amazônia. Os condenados à morte deveriam morrer na forca, mas como ninguém
quis fazer às vezes de carrasco, foram barbaramente fuzilados em 1825 no antigo “Campo da
Pólvora”, depois chamado “Passeio Público” ou “Praça dos Mártires”, este nome é uma
homenagem aos cearenses mortos ali.

III. (V) Das famílias brasileiras, a Alencar é uma das que deram origem ao maior número de
personalidades marcantes para a historiografia nacional desde o início do século XVIII. Naquele
momento da Confederação do Equador, era uma das mais influentes e poderosas do Ceará. Com
uma atuação fortíssima no Cariri, essa família possuía negócios e interesses fortes juntos a
Pernambuco. Fazia parte dessa família por exemplo, o escritor José de Alencar, filho de José
Martiniano de Alencar e Ana Josefina de Alencar. Ele era neto de neto de Bárbara Pereira de
Alencar (mãe de José Martiniano de Alencar e de Tristão Gonçalves). Bárbara Pereira de Alencar
é considerada a primeira presa política do Brasil.

GABARITO: B

35.

A análise da tabela acima nos permite afirmar que

a) no que diz respeito aos valores exportados o algodão se firma como o principal produto
cearense de exportação em todos os qüinqüênios do período entre 1850 e 1885.

b) a cotonicultura não representou importância para a economia cearense durante a segunda


metade do século XIX.

c) no que diz respeito aos valores exportados o charque figurou durante o século XIX como
principal produto da economia cearense.
d) o açúcar produzido na região do Cariri foi o produto de maior destaque da economia cearense
durante o século XIX.

e) a cotonicultura cearense encontrava-se em decadência no século XIX sobretudo devido a


ocorrência da guerra de secessão norte-americana.

COMENTÁRIOS E GABARITO

A análise da tabela nos permite afirmar que, no que diz respeito aos valores exportados o algodão
se firma como o principal produto cearense de exportação em todos os qüinqüênios do período
entre 1850 e 1885. Sua participação relativa no total dos valores oficiais é superior até mesmo
quando não apresenta a maior participação relativa na quantidade, como são os casos dos
períodos 1855 a 1860 e 1860 a 1865. GABARITO: A

36. Acerca da cotonicultura cearense, sobretudo durante o século XIX, assinale a afirmativa
correta

a) Produzido aqui no Ceará, sobretudo para atender a demanda da indústria têxtil inglesa, o
algodão teria em Aracati seu grande centro coletor e exportador durante o século XIX,
contribuindo assim para consolidar a tal cidade como principal centro urbano da província.

b) O algodão, cultivado comercialmente desde a segunda metade do século XVIII, entrou no


século XIX como o principal produto de exportação do Ceará, vendido para atender sobretudo a
demanda inglesa que usava a fibra nas indústrias têxteis.

c) O dinamismo da economia algodoeira contribuiu bastante na segunda metade do século XIX


para alterar de forma significativa a situação de números vilas e cidades cearenses.

d) Durante o século XIX a economia algodoeira cearense entra em decadência em virtude do


destaque que passa a ser dado à pecuária e às nossas charqueadas.

e) O crescimento da lavoura e do comércio algodoeiro, o fim da vinculação administrativa a


Pernambuco e a condição de capital dariam a Aracati condições para iniciar um longo processo
que a tornaria na segunda metade do século XIX o principal núcleo urbano cearense.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) Produzido aqui no Ceará, sobretudo para atender a demanda da indústria têxtil inglesa, o
algodão teria em Fortaleza seu grande centro coletor e exportador durante o século XIX,
contribuindo assim para consolidar a capital como principal centro urbano da província.

b) (V) Não podemos esquecer que comercialmente o algodão cearense já abastecia a demanda
inglesa desde a segunda metade do século XVIII, favorecido naquele momento pela guerra de
independência dos Estados Unidos, iniciada em 1776.

c) (F) O dinamismo da economia local na segunda metade do século XIX não representou
nenhuma alteração significativa da situação da maioria das vilas e cidades Cearenses.
Excetuando-se Fortaleza, em menor escala e Icó e Sobral, a vida nos núcleos populacionais do
interior permaneceu mais ou menos inalterada. Isso se deve a forma de comércio de então: as
transações comerciais eram feitas diretamente entre os produtores e os comerciantes do litoral
sem intermediação.
d) (F) De maneira alguma. O século XIX, sobretudo a segunda metade, marca o apogeu da nossa
cotonicultura. Já as nossas charqueadas se destacaram principalmente no século XVIII. Já
vinham sofrendo uma decadência desde a segunda metade deste século XVIII.

e) (F) O crescimento da lavoura e do comércio algodoeiro, o fim da vinculação administrativa a


Pernambuco e a condição de capital dariam a Fortaleza condições para iniciar um longo processo
que a tornaria na segunda metade do século XIX o principal núcleo urbano cearense.

GABARITO: B

37. Segundo o historiador Raimundo Girão, “com a Seca de 1877 o Ceará perdeu um terço da
população pela fuga ou pela morte a sua riqueza pastoril que antes da seca Calculava em 24 mil
contos de réis não vale agora mais de 200 contos agricultura desapareceram completamente”.
(GIRÃO, Raimundo. Ob. Cit. p-203). Acerca dos efeitos da Seca de 1877, analise as afirmativas
abaixo:

I. A seca fez com que Fortaleza, Aracati e Sobral, além de outras cidades e os vales férteis, como
o Cariri, ficassem superlotados de flagelados.

II. Diante dos efeitos da seca de 1877, uma das ações públicas mais notáveis foi a oficialização
da migração de sertanejos para o centro-sul do país ou para a Amazônia.

III. A seca de 1877 foi um dos fatores que contribuíram para a “precocidade” da província do
Ceará no processo de abolição da escravatura.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) A seca de 1877 é considerada uma das secas mais calamitosas da história do Ceará.
Durando até cerca de 1879 ficou amargamente guardada na memória do homem do campo
nordestino. Foram cerca de três anos seguidos sem chuvas, sem semeadoras, sem colheitas. Os
rebanhos morreram, os homens fugiram para não perecer. O caboclo havia sido pego de certo
modo desprevenido, pois a última grande seca tinha ocorrido fazia mais de 30 anos, teria sido
entre 1844 e 1845. Assim, cidades como Fortaleza, Aracati e Sobral, além de outras cidades e os
vales férteis, como o Cariri, ficassem superlotados de flagelados.

II. (V) Diante dos efeitos da seca de 1877, uma das ações públicas mais notáveis foi a
oficialização da migração de sertanejos para o centro-sul do país, onde verificava-se a expansão
da lavoura cafeeira ou para a Amazônia, que vivia o chamado ciclo da borracha. A ação pública
mais notável para minimizar os efeitos da estiagem foi simplesmente retirar as pessoas da
província, oficializando uma política de migração de sertanejos. O governo optava por essa
solução assustado com as legiões de esfomeados que acorriam diariamente a fortaleza e com o
gravíssimo quadro de tensão social.

III. (V) Com a grande seca de 1877, que atingia a safra, o gado minguando e se propagando surtos
de doenças e imperando fome crônica, muitos donos de escravos no Ceará, buscando-se
resguardar e proteger o seu patrimônio resolveram vender seus negros para outras regiões do
Brasil.
GABARITO: D

38. “Em 1824 não se tratava da contradição de interesses coloniais e metropolitanos. Persistiam
aí, não obstante tratar-se de país politicamente independente, as mesmas condições de
privilegiamento não só dos comerciantes reinóis e seus representantes estabelecidos no país,
como também dos ingleses, cuja penetração no Brasil foi determinada pelos acordos de 1810.”
(ARAÚJO, Mª do Carmo R. “A Participação do Ceará na Confederação do Equador.” In:
SOUZA, Simone de (org) História do Ceará. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 1994. p.
146.)
Sobre a Confederação do Equador (1824), é correto afirmar que:

a) os descontentamentos contra os estrangeiros em Recife fez com que as camadas populares


liderassem o movimento, que, além de republicano, era abolicionista.
b) o conflito entre comerciantes portugueses em Recife e produtores de açúcar brasileiros em
Olinda tomou ares de rebelião contra a monarquia.
c) a dissolução da Assembléia Constituinte pelo Imperador D. Pedro I foi interpretada como um
ato de recolonização pelas elites senhoriais pernambucanas.

d) a recuperação econômica da agro-manufatura do açúcar fazia com que os proprietários


pernambucanos exigissem maior participação no governo imperial.
e) o engajamento do Ceará foi determinante para que a Confederação do Equador obtivesse
sucesso.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Como já foi dito, a Confederação do Equador, ocorrida em 1824, foi um movimento de caráter
separatista que se deu, sobretudo contra as atitudes absolutistas de Dom Pedro I. Dentre essas
atitudes podemos citar a dissolução da Assembleia constituinte em 1823, que para muitos foi
interpretada como um ato de recolonização. Temos também o fato de Dom Pedro ter outorgado
a Constituição de 1824 e também ter criado na mesma constituição o poder moderador,
conferindo a ele plenos poderes. GABARITO: C

39. O epíteto "Terra da Luz" foi atribuído ao Ceará por ter sido a primeira província brasileira
a abolir oficialmente a escravidão. Sobre este episódio tão marcante para a História do Ceará,
assinale a alternativa correta:
a) a campanha abolicionista foi muito intensa, contando inclusive com a participação dos
jangadeiros, já que os escravos constituíam quase a metade da população da província.
b) a escravidão representava a principal fonte de mão-de-obra para a província, principalmente
na pecuária e na cultura do algodão.

c) o movimento abolicionista foi liderado pelos proprietários de terras insatisfeitos com a


escravidão e interessados na imigração de europeus.
d) na década de 1880, o número de escravos já era muito reduzido, fato agravado pela seca de
1877, quando as fugas e as alforrias foram intensificadas.
e) a província do Ceará foi a primeira província brasileira a abolir a escravidão devido ao caráter
da sua economia altamente industrializado.
COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) A campanha abolicionista foi muito intensa sim, sobretudo a partir da segunda metade do
século XIX e no seio da nossa classe média. Também alcançou os segmentos sociais mais
humildes sim, contando inclusive com a participação dos jangadeiros. No entanto, no Ceará, a
quantia de cativos nunca ultrapassou a casa dos 35 mi.
b) (F) Ao contrário. Na pecuária e na cultura do algodão a exigência de mão-de-obra era menor.
Além de “escravidão não combinar muito com pecuária” (uma vez que facilitava a fuga do
escravo). A cotonicultura também poderia se mostrar onerosa com a utilização de mão-de-obra
escrava, pois o ciclo do algodão era de mais ou menos sete meses, ocorrendo apenas uma vez por
ano. A colheita poderia ser feita por mulheres e crianças. CUIDADO! Isso não significa que não
existiam escravos nas fazendas de gado e/ou algodão.
c) (F) Esse item dispensa comentários.
d) (V) A partir de 1850 (com a criação da Lei Eusébio de Queiróz – que proibia o tráfico
internacional de escravos para o Brasil) o Ceará praticou intensamente o tráfico interprovincial
de escravos, contribuindo para que, na década de 1880, o número de escravos na província fosse
bastante reduzido, fato agravado pela seca de 1877, quando as fugas e as alforrias foram
intensificadas.
e) (F) A economia da província era agrária.
GABARITO: D

40. Em 1873 inaugurava-se o primeiro trecho da Estrada de Ferro Baturité - EFB, entre Fortaleza
e "arronches" (Parangaba). Desde 1870 o governo provincial havia assinado com a Companhia
Cearense da Via Férrea Baturité um contrato para a construção de uma ferrovia ligando a capital
cearense à Vila do mesmo nome. Em 1883 os trilhos finalmente chegavam a Baturité.
Posteriormente, sucederam-se prolongamentos em direção ao sul cearense, atingindo o Crato em
1926. O nome Estrada de Ferro Fortaleza- Baturité foi mantido, no entanto.

Após a leitura do texto acima analise as afirmativas que seguem:

I. Grande parte da EFB foi construída por flagelados da seca de 1877.

II. O uso dos flagelados na construção da estrada de ferro trouxe resultado adverso, pois
vitimados pela desnutrição e pela miséria, pouco produziam.

III. Até a segunda metade do século XX, a EFB configurou-se como a única e exclusiva estrada
de ferro em território cearense.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.
COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) Que o governo empregava e explorava sob o pretexto de assegurar ao sertanejo, meios de
subsistência. Exemplo disso é que a expansão da estrada de ferro entre Pacatuba e Baturité
utilizou mais de 10.000 operários, que com seus dependentes, perfaziam em torno de 50.000
pessoas "socorridas da estiagem".

II. (V) Inclusive acredita-se que o uso dos flagelados seria um meio para baratear os custos da
construção da ferrovia.

III. (F) durante o período da mesma seca mais precisamente em 1878 o governo Imperial
determinou com seus recursos a construção de uma outra ferrovia no Ceará ligando Camocim a
Sobral.

GABARITO: A

41. Em 26 de agosto foi constituída a República do Ceará, em um grande conselho de 405


eleitores formado pelas pessoas economicamente mais expressivas na Província com a presença
das câmeras de Fortaleza, Aquiraz e Messejana e representantes das demais comarcas. (Maria do
Carmo Araújo - a participação do Ceará na Confederação do Equador).

Sobre a Confederação do Equador é correto afirmar que

a) foi um movimento considerado altamente popular e radical.

b) pode ser considerada um movimento separatista e de caráter monarquista.

c) as medidas de caráter absolutista, adotadas pelo então imperador Dom Pedro I, podem ser
consideradas fatores preponderantes para a eclosão do movimento.

d) teve início na província da Bahia, se propagando por várias outras províncias nordestinas.

e) a influente família Alencar, que tinha entre os seus quadros, Martiniano de Alencar e Tristão
Gonçalves, se esforçaram ao máximo, mas sem êxito, para impedir a adesão do Ceará ao
movimento.

Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica) deve ser
recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução total ou parcial
desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. Esta Lei regula
os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são
conexos.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (F) Foi considerado um movimento de caráter elitista e não popular.


b) (F) Foi considerado um movimento de caráter Republicano e não monarquista.

c) (V) As medidas de caráter absolutista, adotadas pelo então imperador Dom Pedro I, tais como
a dissolução da Assembleia constituinte de 1823, são consideradas fatores preponderantes para
a eclosão do movimento.

d) (F) Teve início na Província de Pernambuco.

e) (F) Ao contrário. A influente e poderosa família Alencar tinha interesses junto a Pernambuco,
isso é um dos motivos que explicam a Adesão do Ceará ao movimento.

GABARITO: C

42. Na segunda metade do século XIX, sobretudo a partir dos anos de 1870, Fortaleza passa por
profundas mudanças em sua infraestrutura e serviços urbanos colocando-se entre as maiores
cidades do país. Vivia-se uma explosão de modernidades e aformoseamento, quando os
discursos e as práticas buscavam imitar a civilidade Europeia, principalmente a francesa.

Acerca do assunto analise as afirmativas abaixo

I. Calçamento nas ruas centrais, canalização de água potável, bonde a tração animal, iluminação
a gás carbônico e outras benfeitorias passaram a fazer parte da realidade Fortalezense naquele
momento.

II. O ar cosmopolita da cidade ampliava-se com a instalação de vários comerciantes estrangeiros.

III. Todo esse contexto de transformações e embelezamento que Fortaleza vivia naquele
momento ficou conhecido como Belle Époque.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) Calçamento nas ruas centrais (1857), canalização de água potável (1867, a cargo da
empresa inglesa Ceará Water Company Limited), bonde a tração animal (inaugurado em 1880),
iluminação a gás carbônico (a partir de 1866 substituindo o azeite de peixe até então usado) e
outras benfeitorias passaram a fazer parte da realidade Fortalezense naquele momento.

II. (V) Ingleses como Robert Singlehurst, franceses, como os irmãos Boris, os quais, com suas
riquezas, ganharam destaque no meio social.

III. (V) Belle Époque é um termo francês cunhado para traduzir a euforia europeia com as
novidades decorrentes da revolução científico-tecnológica ( 1850...1870 em diante). Esse período
foi marcado por mudanças que produziriam transformações de ordem urbana, política e
econômica e também afetaram profundamente o cotidiano e a subjetividade das pessoas,
alterando seus comportamentos e atitudes seus modos de perceber e de sentir. Essas ideias de
modernidade estética, comportamental, especialmente francesas, influenciaram grandemente o
cotidiano na cidade de Fortaleza, sobretudo entre a elite, formada notadamente por Comerciantes
e profissionais liberais.
GABARITO: D

43. Um dos marcos da modernização vivenciada pela cidade de Fortaleza a partir da segunda
metade do século XIX e que evidenciava a preocupação das autoridades com a marcha
urbanística em curso, foi a elaboração e implementação de um novo plano urbanístico (1875)
objetivando sistematizar a expansão da cidade através do alinhamento de suas ruas e abertura de
novas avenidas. O plano o qual estamos nos referindo foi elaborado pelo engenheiro
Pernambucano Adolfo Herbster. Acerca do assunto analise as afirmativas abaixo

I. O plano urbanístico de Adolfo Herbster, que estabelecia o sistema de traçado em xadrez para
as ruas do centro de Fortaleza, foi considerado totalmente original e inovador naquela época.

II. O modelo de traçado urbano estabelecido pelo plano de Adolfo Herbster foi concebido para
fins de dominação e ordenamento da expansão Urbana.

III. Um dos objetivos do plano de Adolfo Herbster era disciplinar a expansão da cidade e facilitar
os deslocamentos públicos.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (F) O plano de Adolfo não era totalmente original. Ele mantinha o sistema de traçado em xadrez
que já havia sido estabelecido pelo engenheiro Silva Paulet no começo do século XIX e inspirava-
se num projeto da cidade de Paris, ampliando o traçado da cidade para além de seus limites de
então, criando três Boulevards para facilitar o fluxo de pessoas e produtos (correspondem hoje
as avenidas Imperador, Duque de Caxias e Dom Manuel).

II. (V) Segundo o historiador Sebastião Rogério Ponte, esse modelo de traçado urbano já era
utilizado desde a antiguidade por Alexandre, o Grande, da Macedônia por exemplo. Foi
concebido para fins de dominação e ordenamento da expansão urbana, corrigindo becos, desvios
e ruas desalinhadas que facilitavam a ocorrência de motins urbanos, substituindo-os por vias
alinhadas longas e cruzadas em ângulos de 90° que favorecia a vigília do poder público sobre a
cidade.

III. (V) Um dos objetivos do plano de Adolfo Herbster era disciplinar a expansão da cidade e
facilitar os deslocamentos públicos, mas não apenas isso. Objetivava também vigiar a população
que se mostrava cada vez maior, com um crescimento no número de pobres, mendigos,
prostitutas e etc, o que preocupava as autoridades e as elites, compostas sobretudo pela nossa
classe média urbana.

GABARITO: C

44.
O monumento mostrado acima fica localizado na entrada do município cearense de

a) Pacatuba.
b) Baturité.
c) Quixadá.
d) Redenção.
e) Juazeiro do Norte.

COMENTÁRIOS E GABARITO

No dia 1º de janeiro de 1883, a antiga Vila de Acarape, em uma pomposa festa, passou para a
história do país como o primeiro núcleo urbano a libertar seus cativos negros. A vila por isso
mudou seu nome para Redenção. Em 25 de março de 1884, no 60º aniversário da Constituição
imperial (de 1824) e no dia da Anunciação da Virgem Maria, foi celebrado oficialmente o “fim”
da escravidão no Ceará.

GABARITO: D

45. No dia 25 de março é celebrada a Data Magna do Ceará, que representa

a) o marco histórico do fim da escravidão na então província do Ceará, em 1884.

b) a emancipação da capitania do Siará Grande em relação ao Maranhão.

c) a emancipação da capitania do Siará Grande em relação a Pernambuco.

d) a elevação de Fortaleza à categoria de Vila.

e) a vitória do Ceará na Confederação do Equador.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) No dia 25 de março é celebrada a Data Magna do Ceará, que representa o marco histórico do
fim da escravidão na então província do Ceará, em 1884. O Ceará foi a primeira província
brasileira a libertar os escravos, oficialmente no dia 25 de março de 1884, se antecipando em
quatro anos à abolição da escravatura em todo o Brasil, que aconteceu somente em 13 de maio
de 1888, com a assinatura da Lei Áurea. A Data Magna do Ceará foi instituída como feriado
estadual no dia 6 de dezembro de 2011, por lei publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). A
iniciativa foi do ex-deputado Lula Morais (PCdoB), que apresentou projeto neste sentido, na
Assembleia Legislativa.
b) A emancipação da capitania do Siará Grande em relação ao Maranhão se dá em 1656.

c) A emancipação da capitania do Siará Grande em relação a Pernambuco se dá em 1799.

d) Fortaleza é elevada à categoria de Vila em 13 de abril de 1726.

e) A Confederação do Equador ocorreu em 1824 e não obteve êxito.

GABARITO: A

46. Em 1884, quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea, o Ceará "extinguira" o sistema
escravista em seu território. A história tradicional, bairrista, refere-se com entusiasmo a esse
episódio como um ato de humanitarismo do povo cearense, um fato sem precedentes na História
do Brasil. A província viraria exemplo nacional, "berço da liberdade" e "Terra da Luz".
Analisando-se as estruturas socioeconômicas da província, encontramos as diversas causas que
ajudam a compreender a "precocidade" abolicionista local. Dentre as alternativas abaixo, aquela
que não pode ser considerada uma das causas do pioneirismo cearense na abolição da escravatura
é

a) a intensificação da resistência negra, sobretudo na década de 1880 desestabilizando e


desmoralizando o sistema escravocrata.

b) ausência de uma atividade econômica que dependesse, sobretudo da mão-de-obra escrava.

c) as secas periódicas que traziam fome e surtos de doenças dizimando as "peças" do plantel de
escravos e dando prejuízos aos senhores.

d) a atuação intensa do Ceará no tráfico interprovincial de escravos, sobretudo a partir de 1850.

e) a intensa campanha abolicionista local, que acabou atingindo os segmentos sociais mais
abastados do Ceará.

COMENTÁRIOS E GABARITO

a) (V) A própria resistência negra conta a escravidão, obviamente, tem que ser sim considerada
como fator preponderante para a abolição da escravatura, não apenas no Ceará, mas em todo o
Brasil.

b) (V) Uma vez que a economia cearense era “baseada” na Pecuária e Cotonicultura, duas
atividades que não dependiam, sobretudo da mão-de-obra escrava.

c) (V) Como, por exemplo, a seca de 1877, que contribuiu para a redução do número de cativos
no Ceará.

d) (V) Com a Lei Eusébio de Queiróz (1850), que proibiu o tráfico negreiro internacional para o
Brasil, os donos de escravos no Ceará passaram a vender seu escravos para outras províncias,
aproveitando a elevação do preço de um escravo no mercado interno.

e) (F) A afirmativa estaria correta se fosse: “a intensa campanha abolicionista local, que acabou
atingindo os segmentos sociais mais HUMILDES do Ceará”. Abastados seria “classe alta”,
“ricos”, a elite.

GABARITO: E
47. O coronelismo, fenômeno social e político típico da República Velha, embora suas raízes se
encontrem no Império, foi decorrente da:

a) promulgação da Constituição Republicana que institui a centralização administrativa,


favorecendo nos Estados às fraudes eleitorais.

b) supremacia política dos Estados da região sul - possuidores de maior poder econômico - cuja
força advinha da maior participação popular nas eleições.

c) montagem de modernas instituições - autonomia estadual, voto universal - sobre estruturas


arcaicas, baseadas na grande propriedade rural e nos interesses particulares.

d) instituição da Comissão Verificadora de Poderes que possuía autonomia para determinar quem
deveria ser diplomado deputado - reconhecendo os vitoriosos nas eleições.

e) predominância do poder federal sobre o estadual, que possibilitava ao governo manipular a


população local e garantir à oligarquia a elaboração das leis.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O coronelismo nasceu de um anseio das elites por descentralização do poder que remontava à
época do Segundo Reinado – na qual o poder estava completamente centralizado (a Constituição
do Brasil, Outorgada em 1824, NÃO garantia o federalismo, mas sim o Unitarismo, a
centralização e a falta de autonomia para as províncias). Mas também nasceu como proposta
localista à forma de organização política republicana, que dependia das políticas que os líderes
locais (chamados “coronéis”) passaram a fazer a partir do governo de Prudente de Moraes (1894
– Início da República Oligárquica). A grande questão é que, a nova Constituição, promulgada
em 1891, trazia uma nova organização de Estado, com modernas instituições - autonomia
estadual, voto universal - sobre estruturas arcaicas, baseadas na grande propriedade rural e nos
interesses particulares dos grandes fazendeiros, os “coronéis”. GABARITO: C

48. Leia o trecho a seguir: “Os autores que veem coronelismo no meio urbano e em fases recentes
da história do país estão falando simplesmente de clientelismo. As relações clientelísticas, nesse
caso, dispensam a presença do coronel, pois ela se dá entre o governo, ou políticos, e setores
pobres da população. Deputados trocam votos por empregos e serviços públicos que conseguem
graças à sua capacidade de influir sobre o Poder Executivo. Nesse sentido, é possível mesmo
dizer que o clientelismo se ampliou com o fim do coronelismo e que ele aumenta com o
decréscimo do mandonismo. À medida que os chefes políticos locais perdem a capacidade de
controlar os votos da população, eles deixam de ser parceiros interessantes para o governo, que
passa a tratar com os eleitores, transferindo para estes a relação clientelística.” (CARVALHO,
José Murilo de. Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma Discussão Conceitual. Dados,
Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, 1997.)

No texto acima, o historiador José Murilo de Carvalho está reivindicando um maior cuidado com
o uso do termo “coronelismo” para analisar a história política brasileira, insistindo em não
confundir clientelismo com coronelismo. Acompanhando o raciocínio de José Murilo de
Carvalho, o coronelismo pode ser identificado como uma política praticada:

a) tipicamente no Sudeste do Brasil, em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a partir da
década de 1970.

b) majoritariamente nos grandes centros urbanos, a partir dos anos 2000.

c) tipicamente no período colonial pelos presidentes das províncias.


d) tipicamente nas regiões do interior do Brasil, com predominância agrária, na época da
República Velha, na virada do século XIX para o XX.

e) tipicamente no período imperial por políticos que queriam romper com o poder central do
império, sem se estender à República.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O coronelismo ocorreu predominantemente no sertão, principalmente na época da República


Velha (1889-1930), ainda que tenham existido “ecos” de suas estruturas para além desse período.
Para José Murilo de Carvalho, coronelismo (típico do meio rural, ligado ao mandonismo do
poderoso fazendeiro) e o clientelismo (que dispensa a presença do coronel, pois se dá entre o
governo, ou políticos, e setores pobres da população) são “fenômenos” distintos. Assim, José
Murilo de Carvalho pede para termos um maior cuidado com o uso do termo “coronelismo” para
analisar a história política brasileira, insistindo em não confundir clientelismo com coronelismo.
GABARITO: D

49. Na segunda metade do século XIX, cada vez mais pessoas passaram a seguir líderes religiosos
em movimentos chamados de messiânicos. Parte das elites chamava esses movimentos de
"movimentos de fanáticos", vistos como uma ameaça real a ordem estabelecida. Misturando
interpretações da Bíblia, tradições cristãs e mitos, tais movimentos representavam,
paradoxalmente, não uma fuga da realidade, como muitos possam imaginar, mas

a) uma crítica implícita, silenciosa, à estrutura socioeconômica vigente.

b) uma tentativa de revolução comunista durante a Primeira República.

c) uma condenável desobediência civil.

d) uma tentativa de desagregar as massas proletárias urbanas.

e) uma clara reação de desobediência às normas constitucionais da época.

COMENTÁRIO E GABARITO

Diante das péssimas condições de vida e da estrutura socioeconômica vigente, baseada na


concentração de terra e na propriedade latifundiária, as massas pobres e famintas acabavam se
apegando a religiosidade como que não lhes restando outra saída a não ser contar com a
misericórdia e a ajuda divinas. O povo se voltava para a religião, implorando dádivas e perdão
dos seus pecados (os quais supunham serem os causadores do martírio que sofria) a criação de
um tempo novo de paz e prosperidade de justiça, onde os pobres seriam abençoados e os ricos e
perversos castigados. GABARITO: A

50. "É uma espiritualidade na qual abundam benzedores, curandeiros, milagreiros, crenças em
talismãs, fórmulas mágicas, milagres rotineiros, sacrifícios, penitências e coisas semelhantes".

O texto acima retrata algumas práticas que acabavam por entrar em choque com a denominada
"política da romanização" emanada do Vaticano no final do século XIX. Tais práticas são
chamadas de

a) charlatanismo.

b) protestantismo.

c) indigenismo.
d) catolicismo popular.

e) mitologia.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O catolicismo praticado pela maior parte do povo brasileiro, sobretudo no Nordeste, é produto
de profundo sincretismo decorrente da fusão do catolicismo português com as práticas indígenas
e africanas. A esse catolicismo diferente do praticado pelas altas hierarquias eclesiásticas, os
historiadores e sociólogos chamaram de "catolicismo popular". É uma espiritualidade na qual
"abundam benzedores, curandeiros, milagreiros, crenças em talismãs, fórmulas mágicas,
milagres rotineiros, sacrifícios, penitências e coisas semelhantes". No final do século XIX e
início do século XX, havia uma grande escassez de sacerdotes. Essa falta de padres e o isolamento
dos sertões faziam com que as pessoas que se destacassem em suas comunidades por
conhecimento e piedade, rotineiramente se ocupassem das práticas religiosas mais comuns como
pregar, batizar, rezar o Rosário e encomendar os mortos. Era uma espécie de "clero laico". Nos
Sertões, esse "clero laico" possui uma espécie de hierarquia informal: os BEATOS tiravam rezas,
puxavam terços, cantavam ladainhas e esmolavam para as igrejas. Formados e inseridos nas
coisas sagradas tinhamos os CONSELHEIROS, os quais pregavam e principalmente
aconselhavam os fiéis. Na maioria das vezes, os conselheiros possuíam sobre sua influência um
ou mais beatos. Vale ressaltar que por muitas vezes houve um contato semi-oficial do clero com
essas lideranças religiosas leigas. Era muito comum sacerdotes cederem os púlpitos para beatos
e conselheiros. Esses "homens e mulheres de Deus" participavam da orientação social, política
e ideológica do povo sofrido do interior nordestino. Traziam-lhe conforto espiritual e algumas
vezes até mesmo ajuda material. Assim podemos compreender o que levava milhares de pessoas
ao ouvir e seguir lideranças como Antônio Conselheiro, Padre Cícero, José Lourenço e tantos
outros. GABARITO: D

51. Reportando-se ao banditismo e cangaceirismo no Ceará, podemos afirmar que


a) os setores dominantes locais sempre combateram a formação de bandos armados.
b) o aperfeiçoamento dos mecanismos do controle do Estado contribuiu para a expansão de
bandos armados.

c) a estrutura fundiária e o mandonismo coronelista favoreceram a sua formação.


d) o cangaceiro em nada se diferencia do chamado jagunço, capanga ou cabra, referência a grupos
de homens armados acobertados pelos grandes latifundiários.
e) Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, foi um dos grandes
líderes da prática do cangaço em terras Cearenses.

COMENTÁRIOS E GABARITO
Primeiramente devemos diferenciar o jagunço [capanga ou cabra] - que eram grupos de homens
armados que desde o período colonial eram sustentados por latifundiários para combater índios
ou outros potentados -, dos cangaceiros. Os cangaceiros eram pessoas que pegavam em armas e
se organizavam em grupos armados, entrando numa vida marginal, quase sem retorno. Era uma
violência como produto da miséria. O Cangaço, contudo, será um fenômeno típico da região
hoje chamada de Nordeste. A palavra designava os grupos armados sobre a liderança de um chefe
que se mantinham nômades e autônomos, ou seja, sem domicílio fixo. Vivendo de assaltos e
saques e não se ligando permanentemente a nenhuma liderança política ou Coronel latifundiário.
Quanto à origem, o cangaceiro e o jagunço não se distinguiam, eram, em geral, homens de
ascendência humilde. Não existia uma barreira intransponível entre eles. A passagem era fácil,
podendo um transformar-se no outro. O membro do Cangaço é um homem sem terra sem gado
sem trabalho, muitas vezes vítima da exploração latifundiária ou de alguma violência praticada
por poderosos. É indivíduo que não tem muito a perder e que ver no crime forma de melhorar
na vida de acender numa sociedade injusta ou buscar vinganças. Além desses fatores, o estilo de
vida dos cangaceiros - com aventuras, miragem de vida fácil e farta, sem a dureza do trabalho
agropastoril - atraía muitos elementos, especialmente jovens. No contexto da crise econômica e
das grandes secas do Nordeste é que se diz que houve um ciclo do Cangaço mais ou menos entre
1870 e 1940. Lembremos de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Nascido em 1897, no
município de Serra Talhada, em Pernambuco, que veio a ganhar o título de "Lampião, o Rei do
Cangaço". Acabou morto em 1938 em uma emboscada armada pela polícia, em Angicos, no
estado de Sergipe. Já a figura do Antônio Conselheiro (Vicente Mendes Maciel), nascido em
1830 em Quixeramobim, no Ceará, está ligada ao catolicismo popular.
GABARITO: C

52. Acerca da oligarquia acciolina, analise as afirmativas abaixo

I. Entendemos por oligarquia acciolina, o grupo político liderado por Nogueira Accioly, que
dominou de forma autoritária, nepótica, corrupta, violenta e monolítica o Estado do Ceará
durante o segundo reinado.
II. Antônio Pinto Nogueira Accioly, o grande líder da oligarquia acciolina, na era natural da
cidade de Icó, no Ceará.
III. Um dos fatores que explicam como Nogueira Accioly se manteve tanto tempo no governo
foi o apoio do governo federal em virtude da política dos governadores, a qual favorecia a
estruturação e perpetuação de oligarquias que monopolizavam sozinhas o comando dos Estados.
Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (F) Entendemos por oligarquia acciolina, o grupo político liderado por Nogueira Accioly, que
dominou de forma autoritária, nepótica, corrupta, violenta e monolítica o Estado do Ceará
durante 1896 e 1912 (esse período não é segundo reinado, mas sim República Oligárquica).
II. (V)
III. (V) Graças ao apoio do governo federal no contexto da política dos governadores, Nogueira
Accioly se manteve tanto tempo no governo, mesmo uma das características da história política
cearense ser a fragilidade estrutural das oligarquias dirigentes as quais estavam sempre se
alternando no poder. Por "Política dos Governadores" entenda "o mecanismo de poder criado
pelo presidente da república Campos Sales", o segundo presidente da república oligárquica, o
que assumiu a presidência em 1898.

GABARITO: C

53. "Consistia numa troca de favores entre o presidente da república e os governadores estaduais;
estes ordenavam que seus Deputados Federais e senadores votassem a favor no Congresso
Nacional de todas as medidas defendidas pelo presidente da república. O Presidente da
República, por sua vez, apoiava sempre os grupos dominantes nas unidades da federação,
fornecendo recursos, construindo obras e, sobretudo, garantindo as vitórias eleitorais dos
partidários desses grupos".
O texto acima se refere
a) ao banditismo social.
b) ao cangaceirismo.

c) aos movimentos de caráter messiânico.


d) a política dos governadores.
e) a política das salvações.

COMENTÁRIOS E GABARITO
Implantada pelo então presidente Campos Sales, a política dos governadores foi um mecanismo
de poder que acabou perdurando por quase toda a república oligárquica. D

54. De 1900 a 1904 o Ceará foi governado pelo médico Pedro Augusto Borges que na realidade
acabou dando continuidade a oligarquia acciolina. Foi durante a gestão de Pedro Borges que
ocorreu um trágico episódio no Ceará conhecido como "O Três de Janeiro", quando em 1904
a) estivadores do porto de Fortaleza entraram em greve contra a lei de recrutamento para o serviço
militar e negaram-se a descarregar um navio.
b) dezenas de flagelados foram mortos em campos de concentração espalhados por várias cidades
Cearenses.
c) governo reprimiu, com bastante violência, uma manifestação popular realizada por vendedores
ambulantes na Praça do Ferreira.
d) os líderes da Confederação do Equador foram executados na praça conhecida como passeio
público.
e) o Governo do Estado do Ceará reprimiu violentamente uma greve de Jangadeiros no Porto do
Mucuripe.

COMENTÁRIOS E GABARITO
Exatamente no dia 3 de janeiro de 1904, um fato trágico marcou o governo de Pedro Borges:
catraeiros (estivadores) do Porto de Fortaleza entraram em greve contra lei de recrutamento para
o serviço militar e negaram-se a descarregar um navio. Diante disso uma verdadeira batalha foi
travada entre os grevistas e as forças policiais do governo. O saldo do trágico "Três de Janeiro"
foi: 7 mortos e 40 feridos todos, populares. Vale lembrar que quando Pedro Borges assumiu o
governo do estado ele se dizia opositor de Nogueira Accioly. No entanto Pedro Borges sabia que
sem o apoio do agora Senador Accioly (que tinha governado o Ceará pela primeira vez entre
1896 e 1900) ele não governaria, pois Accioly possuía a Assembleia Legislativa do Estado do
Ceará na sua mão, a qual a maioria dos membros era fiel a Accioly. Diante do episódio do "Três
de Janeiro", inclusive, Accioly interviu frente ao então presidente da república, Rodrigues Alves,
alegando que o Ceará estava em "completa paz", que o ocorrido havia sido apenas uma
"agitaçãozinha de baderneiros" sem importância e que, portanto não existia a necessidade da
intervenção Federal no Estado do Ceará.
GABARITO: A

55. Acerca da "política das salvações" e os seus desdobramentos no Estado do Ceará analise as
afirmativas abaixo:
I. Quando da posse de Hermes da Fonseca para presidente do Brasil, Nogueira Accioly
encontrava-se no seu terceiro mandato a frente do governo do Ceará.

II. Dentro do contexto da "política das salvações", nas eleições para o governo do Ceará em
1912, vamos ter na figura do tenente-coronel Franco Rabelo o candidato "salvacionista" no
Ceará.
III. A política das salvações não foi capaz de impedir que, em 2012, Nogueira Accioly fosse
reeleito para governar o Ceará por um quarto mandato.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Em 1910 chegava a presidência da república o Marechal gaúcho Hermes da Fonseca com apoio
das oligarquias do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Além do apoio do poderoso Senador
Pinheiro Machado. Hermes da Fonseca havia derrotado o candidato civil Rui Barbosa apoiado
pela poderosa oligarquia paulista. Foi durante o governo de Hermes da Fonseca que foi posta
em prática a famosa "política das salvações", que consistiu em revoltas armadas ocorridas em
alguns estados visando derrubar as oligarquias tradicionais [sobretudo aliadas da oligarquia
Paulista] substituindo-as por outras oligarquias. A ideia seria substituir as oligarquias apoiadoras
da oligarquia Paulista e que haviam apoiado a candidatura de Rui Barbosa e não a de Hermes da
Fonseca.

I. (V) As três gestões do governo Accioly foram: 1896 a 1900 / 1904 a 1908 / 1908 a 1912.
Lembrando que de 1900 a 1904 tivemos o governo Pedro Borges, chamado de "governo fantoche
de Accioly".

II. (V) Nas eleições cearenses de 1912 o tenente-coronel Franco Rabelo tornou-se o candidato da
oposição contra o candidato que seria apoiado pelo então Governador Nogueira Accioly.

III. (F) Em 21 de Janeiro de 1912, a "Liga Feminina Libertadora pró- Rabelo" promoveu uma
grande passeata, só com crianças, todas vestidas de branco, enfeites verde e amarelo e um botton
de Franco Rabelo. Cerca de 8000 pessoas acompanharam o desfile entre as Praças José de
Alencar (Praça Marquês Herval) e Praça do Ferreira. Quando a manifestação se aproximava da
Praça do Ferreira dois piquetes da cavalaria atacaram-na. Sucedeu-se então um grande tumulto.
Várias crianças foram pisoteadas. A famosa "passeata das crianças" desencadeando uma revolta
popular entre os dias 23 e 24 de janeiro de 1912, duramente reprimida pelas forças do Estado.
Fala-se em uma centena de mortos e feridos. Nogueira Accioly (fundador do Partido
Republicano Cearense) que já havia indicado para apoiar, nas eleições de 1912, o desembargador
Domingos Carneiro Vasconcelos, acabou renunciando em 24 de janeiro de 1912. A presidência
interina do Ceará foi entregue ao vice, Coronel Antônio Frederico de Carvalho Mota. Para
concorrer contra Franco Rabelo na eleição de 1912, o Partido Republicano Cearense achou por
bem retirar a candidatura do Desembargador Carneiro Vasconcelos, lançando o nome do General
Bezerril Fontenele. Na eleição ocorrida em 30 de janeiro de 1912 os "Rabelistas" venceram com
maioria dos votos. Encerrava-se assim o período Acciolino, mas não seu poderio. Accioly ainda
possuía o apoio de muitos coronéis correligionários do interior e ainda tinha na mão a poderosa
máquina eleitoreira do Partido Republicano Cearense, além de importantes cargos políticos como
no caso da fidelidade de vários deputados estaduais. O próprio Franco Rabelo para ter a sua
vitória reconhecida pela Assembleia Legislativa (o que era uma exigência da época), foi
obrigado a negociar com os acciolistas em troca de cargos públicos e dos nomes do primeiro e
do terceiro vice-presidente do Ceará. GABARITO: A

56. Em janeiro de 1912 Fortaleza era pura agitação. As acusações, os manifestos, as passeatas,
os comícios e as provocações de parte a parte tornavam o ambiente explosivo. O povo estava
entusiasmado com a possibilidade real de depor Accioly. De fato esse sonho estava na iminência
de concretizar-se não pelo voto mas pelas armas em uma revolta popular cujo estopim foi
a) a vitória de Franco Rabelo para presidente da república.

b) a passeata das crianças.

c) a prisão de Padre Cícero no contexto da política das salvações.

d) a vitória de Padre Cícero nas eleições para o governo do estado do Ceará.

e) a vitória da campanha civilista de Rui Barbosa para presidência da república.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O texto se refere ao clima tenso vivido em Fortaleza em janeiro de 1912 nos dias que antecederam
a eleição para o governo do Ceará. Naquele momento estava no seu terceiro mandato a frente do
Ceará. A rivalidade entre o candidato de oposição a Accioly, Franco Rabelo, e o candidato
apoiado pelo oligarca Accioly, desembargador Domingos Carneiro Vasconcelos, era tremenda.
Em 21 de Janeiro de 1912, a "Liga Feminina Libertadora pró- Rabelo" promoveu uma grande
passeata só com crianças todas vestidas de branco, enfeites verde e amarelo e um botton de
Franco Rabelo. Cerca de 8000 pessoas acompanharam o desfile entre as Praças José de Alencar
(Praça Marquês Herval) e Praça do Ferreira. Quando a manifestação se aproximava da Praça do
Ferreira dois piquetes da cavalaria atacaram-na. Sucedeu-se então um grande tumulto. Várias
crianças foram pisoteadas. A famosa "passeata das crianças" desencadeando uma revolta popular
entre os dias 23 e 24 de janeiro de 1912, duramente reprimida pelas forças do Estado. Fala-se em
uma centena de mortos e feridos. Nogueira Accioly (fundador do Partido Republicano Cearense)
que já havia indicado para apoiar, nas eleições de 1912, o desembargador Domingos Carneiro
Vasconcelos, acabou renunciando em 24 de janeiro de 1912. A presidência interina do Ceará foi
entregue ao vice, Coronel Antônio Frederico de Carvalho Mota. Para concorrer contra Franco
Rabelo na eleição de 1912, o Partido Republicano Cearense achou por bem retirar a candidatura
do Desembargador Carneiro Vasconcelos, lançando o nome do General Bezerril Fontenele. Na
eleição ocorrida em 30 de janeiro de 1912 os "Rabelistas" venceram com maioria dos votos.
Encerrava-se assim o período Acciolyno, mas não seu poderio. Accioly ainda possuía o apoio
de muitos coronéis correligionários do interior e ainda tinha na mão a poderosa máquina
eleitoreira do Partido Republicano Cearense, além de importantes cargos políticos como no caso
da fidelidade de vários deputados estaduais. O próprio Franco Rabelo para ter a sua vitória
reconhecida pela Assembleia Legislativa (o que era uma exigência da época), foi obrigado a
negociar com os acciolistas em troca de cargos públicos e dos nomes do primeiro e do terceiro
vice-presidente do Ceará.

GABARITO: B

57. No primeiro dia do mês de março de 1889, um fato inusitado ocorreu durante uma missa
celebrada pelo padre conhecido por nome Cícero Romão Batista. Uma mulher, conhecida por
nome Maria de Araújo, simples lavadeira, ao comungar, a hóstia colocada sobre a sua língua
simplesmente vertia sangue. Seria um "milagre" em Juazeiro.
Acerca do chamado "milagre de Juazeiro", analise as afirmativas abaixo

I. Tal fato gerou uma imensa comoção no nordeste brasileiro e fez com que multidões se
dirigissem ao pequeno lugarejo de Juazeiro, que era até então um pequeno e modesto e povoado.
II. Embora a questão religiosa de Juazeiro aparentemente tenha se apresentado como um
problema da existência ou não do Sangue de Cristo nas hóstias em transformação, na realidade
foi um dilema interno na igreja. Esta, naquele momento, se voltava para uma ação interna
objetivando a preservação da hierarquia, a submissão dos seguidores, a valorização dos dogmas
católicos e o monopólio das autoridades eclesiásticas sobre qualquer interpretação teológica de
fenômenos religiosos.
III. Casos milagrosos demandam grande investigação da Igreja Católica para que sejam
efetivados como tais, mas antes disso, esses casos aparentemente sem explicação chamam
atenção das comunidades locais e geram grande comoção popular.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V)

II. (V) A Igreja Católica, com a sua política de romanização, combatia qualquer prática que
pudesse ser considerada de catolicismo popular, o que era o catolicismo praticado pela maior
parte do povo brasileiro sobretudo no nordeste. É um catolicismo produto de profundo
sincretismo decorrente da fusão do catolicismo português com as tradições indígenas e africanas.
A esse catolicismo "moreno", "mestiço", diferente do praticado pelas altas hierarquias
eclesiásticas, os historiadores e sociólogos chamaram de catolicismo popular. Já a Igreja Católica
buscava a partir de 1848, durante o pontificado do Papa Pio IX, afirmar a autoridade de Roma,
do Papa, diante dos Estados-Nacionais, do clero inferior e dos próprios fiéis, postura confirmada
em 1870, com Concílio Vaticano I. Afirmou-se então a infalibilidade do Papa exigindo a
submissão da hierarquia da igreja aos ditames da cúpula católica e de Roma, bem como a estrita
obediência aos dogmas católicos. Em outras palavras, procurou-se centralizar a atuação
eclesiástica, submetendo toda matéria religiosa à orientação das altas autoridades católicas e
valorizando-se a hierarquia - o Vaticano impunha as regras e o resto da igreja obedecia,
submisso. A essa política de revigoramento e centralização da igreja chamamos de
Romanização. É exatamente neste contexto político religioso que entendemos a hostilidade da
hierarquia da igreja católica para com figuras como Padre Cícero, Antônio Conselheiro e o Beato
Zé Lourenço.
III. (V)
GABARITO: D

58. Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira
dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço
fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a
preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e
um grande desacerto final. (FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004
[adaptado]).

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de
alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo
muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em
confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior. (TOPIK, S. A
presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989
[adaptado]).
Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com
frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte
ressalva sobre a sua utilização:

a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos
à presidência, sem necessidade de alianças.

b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de


aliança entre estados para esse período.

c) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros


e paulistas.

d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura


entre as oligarquias.

e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses


das oligarquias.

COMENTÁRIOS E GABARITO
As disputas políticas entre as oligarquias durante a República Velha eram intensas, mas ainda
assim o pacto federativo firmado com a “política dos governadores”, proposta por Campos Sales,
garantia certa estabilidade ao sistema por meio da alternância entre São Paulo e Minas no poder.
As oligarquias de outros estados orbitavam em torno dessas duas. GABARITO: C
59. A oligarquia paulista na época da República Velha era um dos dois pontos de apoio da
“política do café com leite”, por conta do grande potencial econômico movimentado pelos
fazendeiros produtores de café. É correto dizer que a economia cafeeira paulista dessa época:

a) limitou-se a suprir o mercado interno brasileiro.

b) auxiliou o desenvolvimento industrial do Brasil.

c) não sofreu nenhum impacto com a Crise de 1929.

d) sofreu intensa rejeição por parte do presidente Washington Luís.

e) não tinha grande importância do ponto de vista político.

COMENTÁRIOS E GABARITO
A produção de café nas lavouras paulistas contribuiu para uma expansão econômica que
transformou o mercado interno brasileiro, possibilitando o investimento no setor industrial. Isso
foi importante para a formação dos grandes centros urbanos do Brasil. GABARITO: B

60. "Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e
lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e
nos currais (...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento
rende a estima do patrão, a gente vira pessoa." (Palmério, Mario. VILA DOS CONFINS).

Com base no texto, é correto afirmar que, na República velha:


a) o predomínio oligárquico, embora vinculado à manipulação do processo eleitoral, estava longe
de estabelecer qualquer compromisso entre "patrão" e empregados.

b) a campanha eleitoral levada a cabo pelos chefes políticos locais visava a atingir,
principalmente, os trabalhadores urbanos já alfabetizados e menos embrutecidos pela "labuta
pesada".

c) a transformação operada no trabalhador durante o período eleitoral representava a marca de


um sistema político que estendia o poder dos grandes proprietários rurais, dos "campos e currais",
aos Municípios e, daí, à capital do Estado.

d) o predomínio oligárquico, baseado em favores pessoais, buscava, sobretudo, dissolver os focos


de tensão social e oposição política, representados nas diversas formas de organização dos
trabalhadores rurais naquele momento.

e) o período eleitoral era o único momento em que os chefes locais se voltavam para os seus
subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os dos trabalhos que "engrossavam
as mãos".

COMENTÁRIOS E GABARITO

A questão refere-se ao fenômeno que estava na base da política do café com leite: o coronelismo.
Os líderes locais, chamados de “coronéis”, garantiam que o processo eleitoral durante o período
da República Velha atendesse aos interesses das oligarquias regionais. Essa garantia era dada
pelos recursos usados contra a população votante, geralmente composta por pessoas social e
economicamente dependentes do “coronel”. Entre esses recursos, estava a coerção e a ameaça.
GABARITO: E.

61. A República Oligárquica ficou caracterizada pelo sistema político contaminado por interesses
regionais. Esse tipo de política acabou por produzir fenômenos como o “voto de cabresto” e o
“clientelismo”, típicos de um fenômeno maior conhecido como:

a) anarquismo.

b) coronelismo.

c) fascismo.

d) peronismo.

e) absolutismo.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O coronelismo foi um fenômeno sociopolítico típico das regiões do sertão do Brasil na época da
República Oligárquica. Os chamados “coronéis” eram chefes políticos locais, geralmente
latifundiários, que estabeleciam uma relação de favores e dependência com a população local.
Essa população acabava formando o “curral eleitoral”, isto é, as pessoas eram obrigadas a votar
no “coronel”, haja vista que eram forçadas a declarar o voto. GABARITO: B

62. A depressão que afetou a economia mundial entre 1929 e 1934 se anunciou, ainda em 1928,
por uma queda generalizada nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator mais marcante foi
a crise financeira detonada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque.

Disponível em: http://cpdoc.fgv.br. Acesso em: 20 abr. 2015 (adaptado).


Perante o cenário econômico descrito, o Estado brasileiro assume, a partir de 1930, uma política
de incentivo à:

a) industrialização interna para substituir as importações.

b) nacionalização de empresas estrangeiras atingidas pela crise.

c) venda de terras a preços acessíveis para os pequenos produtores.

d) entrada de imigrantes para trabalhar nas indústrias de base recém-criadas.

e) abertura de linhas de financiamento especial para empresas do setor terciário.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Um dos efeitos da Crise de 1929 no Brasil foi a redução da exportação de café, o artigo mais
importante de nossa economia. Isso impactou diretamente na economia brasileira porque limitou
a entrada de dividendos e reduziu a capacidade de importações que nosso país poderia fazer.
Assim, era necessário diversificar a economia nacional de forma a produzir aqui o que não mais
poderia ser comprado do exterior. Além disso, a industrialização fazia parte da política
econômica de Vargas, defensor da intervenção estatal na economia, uma vez que ele tinha uma
proposta econômica nacionalista. O resultado disso foi que, entre 1933 e 1939, a indústria
brasileira cresceu 11,2%. GABARITO: A.

63. Com o lema “Deus, Pátria e Família”, a Ação Integralista Brasileira (AIB) conseguiu que
cerca de 600 mil pessoas aderissem a seu movimento político. Com uma proposta autoritária e
centralizadora, a AIB teve como principal líder:

a) o tenente Luís Carlos Prestes.

b) o gaúcho Getúlio Vargas.

c) o industrial Roberto Simonsen.

d) o jornalista Plínio Salgado.

e) o jornalista Carlos Lacerda.

COMENTÁRIOS E GABARITO

A AIB – Ação Integralista Brasileira – foi uma organização política de âmbito nacional inspirada
no fascismo italiano, fundada por Plínio Salgado em 1932. Jornalista e escritor de renome
vinculado à corrente modernista dos verde-amarelos, Plínio Salgado voltou de uma viagem que
fez à Itália em 1930, durante a qual teve a oportunidade de entrevistar-se com o líder maior
do fascismo, Benito Mussolini, bastante impressionado com o regime vigente naquele país.
Fundou então o jornal A Razão, em cujos editoriais formulou de maneira mais acabada suas
concepções políticas nacionalistas e antiliberais. No começo de 1932, Plínio Salgado deu início
à articulação entre grupos regionais simpáticos ao fascismo e ao mesmo tempo fundou, no mês
de fevereiro, a Sociedade de Estudos Políticos (SEP), reunindo intelectuais de tendências
políticas autoritárias. O sucesso dessas iniciativas levou à criação, em outubro daquele ano, da
AIB. O Manifesto Integralista, lançado na ocasião, sintetizava o ideário básico da nova
organização: defesa do nacionalismo, definido mais sobre bases culturais do que econômicas, e
do corporativismo, visto como esteio da organização do Estado e da sociedade; combate aos
valores liberais e rejeição do socialismo como modo de organização social. A AIB apresentava
uma estrutura rigidamente hierarquizada, cabendo ao próprio Plínio Salgado, como chefe
nacional, a liderança incontestável. Nitidamente influenciada por suas similares européias, a AIB
cultivava uma série de símbolos e rituais com os quais buscava afirmar sua identidade, como os
uniformes verdes envergados nas manifestações públicas, a letra grega sigma (*) usada como
emblema, e a saudação Anauê! empregada por seus militantes. O lema da organização era "Deus,
Pátria e Família". GABARITO: D.

64. Com respeito à Ação Integralista no Brasil, na década de 1930, é correto afirmar que:

a) foi uma cópia fiel do fascismo italiano, inclusive nas cores escolhidas para o uniforme usado
nas manifestações públicas.

b) foi um movimento sem expressão política, pois não tinha líderes intelectuais, nem adesão
popular.

c) tinha como principais marcas o nacionalismo, a base sindical corporativa e a supremacia do


Estado.

d) elegeu católicos, comunistas e positivistas como antagonistas mais significativos.

e) foi um movimento financiado pelo getulista, o que explica sua sobrevivência.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Ver comentário questão 63. GABARITO: C. Essas três características eram também
componentes do fascismo italiano, mas por ser um movimento nacionalista, era necessário criar
novos símbolos ligados ao Brasil, como a cor verde de suas camisas, ou a saudação “anauê!”,
originária do tupi.

65. Os anos 30 do século XX foram marcados por disputas ideológicas, por propostas
revolucionárias e pela emergência de regimes centralizados e autoritários. No Brasil, a
polarização ideológica intensificou-se em 1935, opondo:
a) A Ação Integralista Brasileira - AIB, partido político simpatizante do fascismo, à Aliança
Nacional Libertadora - ANL, que lutava pela instalação de um governo popular revolucionário,
comunista.

b) os anarco-sindicalistas, líderes do movimento operário em toda a Primeira República, ao


Partido Comunista do Brasil, de tendência revolucionária bolchevista.

c) os católicos ultramontanos de Centro Dom Vital, situado no Rio de Janeiro, aos partidários do
fascismo italiano e, sobretudo, do nazismo hitlerista.

d) a socialdemocracia, representada pelo Partido Democrático de São Paulo, às tendências


políticas autoritárias do movimento tenentista.

e) os constitucionalistas paulistas, que haviam combatido na Revolução de 1932, ao Estado


Novo, dominado pelo presidente Getúlio.

COMENTÁRIOS E GABARITO

A principal oposição política no Brasil nesse ano de 1935, assim como durante o Governo
Constitucional de Vargas (1934 – 1937), foi realmente entre os integralistas (A.I.B) e comunistas
(A.N.L), manifestando no Brasil os confrontos de rua que ocorriam também na Alemanha, entre
nazistas e comunistas. A ANL foi uma organização política de âmbito nacional fundada
oficialmente em março de 1935 com o objetivo de combater o fascismo e o imperialismo. No
início da década de 1930, surgiram em diversos países frentes populares compostas por diferentes
correntes políticas que sentiam a necessidade de uma atuação unificada para deter o avanço
do nazi-fascismo. Também no Brasil, em reação ao crescimento da Ação Integralista Brasileira
(AIB), formaram-se pequenas frentes antifascistas que reuniam comunistas, socialistas e antigos
"tenentes" insatisfeitos com a aproximação entre o governo de Getúlio Vargas e os grupos
oligárquicos afastados do poder em 1930. No segundo semestre de 1934, um pequeno número
de intelectuais e militares - entre os quais Francisco Mangabeira, Manuel Venâncio Campos da
Paz, Moésia Rolim, Carlos da Costa Leite e Aparício Torelly - começou a promover reuniões no
Rio de Janeiro com o propósito de criar uma organização política capaz de dar suporte nacional
às lutas populares que então se travavam. Dessas reuniões surgiu a ANL, cujo primeiro manifesto
público foi lido na Câmara Federal em janeiro de 1935. O programa básico da organização,
divulgado em fevereiro, tinha como pontos principais a suspensão do pagamento da dívida
externa do país, a nacionalização das empresas estrangeiras, a reforma agrária e a proteção aos
pequenos e médios proprietários, a garantia de amplas liberdades democráticas e a constituição
de um governo popular, deixando em aberto, porém, a definição sobre as vias pelas quais se
chegaria a esse governo. No mês de março, constituiu-se o diretório nacional provisório da ANL,
composto, entre outros, por Herculino Cascardo (presidente), Amoreti Osório (vice-presidente),
Francisco Mangabeira, Roberto Sisson, Benjamim Soares Cabello e Manuel Venâncio Campos
da Paz. No final do mês, a ANL foi oficialmente lançada em solenidade na capital federal à qual
compareceram milhares de pessoas. Na ocasião, Luís Carlos Prestes, que se encontrava na União
Soviética, foi aclamado presidente de honra da organização. Prestes, que nessa época já aderira
ao comunismo, desfrutava de enorme prestígio devido ao seu papel de líder da Coluna Prestes,
que na década anterior havia tentado derrubar o governo federal pelas armas. Nos meses
seguintes, calcula-se que dezenas de milhares de cidadãos filiaram-se formalmente à ANL,
embora o número exato dessas filiações jamais tenha sido conhecido. Houve adesões
importantes, como as de Miguel Costa, Maurício de Lacerda e Abguar Bastos. Diversas
personalidades, mesmo sem se filiar, mostraram-se simpáticas à Aliança, como os ex-
interventores Filipe Moreira Lima, do Ceará, e Magalhães Barata, do Pará, o deputado federal
Domingos Velasco e o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto. A entidade promoveu
concorridos comícios e manifestações públicas em diversas cidades e teve sua atuação divulgada
por dois jornais diários a ela diretamente ligados, um do Rio de Janeiro e outro de São Paulo. Em
abril de 1935 Luís Carlos Prestes voltou clandestinamente ao Brasil. Incumbido pela direção da
Internacional Comunista de promover um levante armado que instaurasse no país um governo
nacional-revolucionário, recebia a colaboração de um pequeno mas experiente grupo de
militantes estrangeiros, entre os quais se incluía sua mulher, a alemã Olga Benário. A opção de
Prestes por manter-se na clandestinidade num momento em que a ANL ganhava as ruas
demonstra bem suas intenções insurrecionais e a heterogeneidade de perspectivas que
caracterizava essa ampla frente de esquerda. À medida que a ANL crescia, aumentava a tensão
política no país, com freqüentes conflitos de rua entre comunistas e integralistas. No dia 5 de
julho, a ANL promoveu manifestações públicas para comemorar o aniversário dos levantes
tenentistas de 1922 e 1924. Nessa ocasião, contra a vontade de muitos dirigentes aliancistas, foi
lido um manifesto de Prestes propondo a derrubada do governo e exigindo "todo o poder à ANL".
Vargas aproveitou a grande repercussão do manifesto para, com base na Lei de Segurança
Nacional, promulgada em abril, ordenar o fechamento da organização. Na ilegalidade, a ANL
não podia mais realizar grandes manifestações públicas e perdeu o contato com a massa popular
que com ela se entusiasmava. Ganharam então força em seu interior os membros do Partido
Comunista e os "tenentes" dispostos a deflagrar um levante armado para depor o governo. Em
novembro de 1935 estourou em Natal (RN) um levante militar em nome da ANL. Em seguida ao
movimento em Natal, que obteve apoio popular e chegou a assumir o controle da cidade por
quatro dias, foram deflagrados levantes em Recife e no Rio de Janeiro. O governo federal não
teve dificuldade para dominar a situação, iniciando logo a seguir intensa repressão contra os mais
variados grupos de oposição atuantes no país, vinculados ou não ao levante. A ANL, alvo
principal dessa onda repressiva, foi inteiramente desarticulada. GABARITO: A

66. A chamada Revolta ou Sedição do Juazeiro pode ser enquadrada em que período da história
política brasileira:

a) República da Espada
b) Período Regencial

c) Segundo Império

d) Invasões Holandesas

e) República Oligárquica.

COMENTÁRIOS E GABARITO

A Revolta do Juazeiro foi um dos principais conflitos da chamada República Oligárquica (1894-
1930). O vale do Cariri, no Ceará, sempre fora pródigo em garantir os votos necessários à
manutenção da política dos governadores adotada pelo governo do presidente Hermes da Fonseca
(1910-1914). Municípios como Barbalha, Missão Velha, Milagres e Aurora e, principalmente,
Crato, eram pólos importantes do coronelismo consolidado após o pacto oligárquico. Além disso,
sob iniciativa de Padre Cícero Romão Batista, a região conheceu grande desenvolvimento
econômico com a produção de algodão e de maniçoba destinada ao mercado internacional. Desde
o final do século XIX, Juazeiro, a Nova Jerusalém, despontava como uma cidade sagrada para
onde se dirigiam milhares de fiéis, em busca de melhores condições de vida e do conselho do
Padre Cícero. Para lá confluíam pessoas das mais diversas classes e com interesses diferenciados:
comerciantes, bandidos, desabrigados e miseráveis assolados pela fome e pela violência,
provenientes de diversos estados, em sua maioria do Nordeste. A todos, Cícero abrigava, dava
conselhos e, muitas vezes, garantia lar e comida. Ao trabalho na lavoura também eram
encaminhados muitos fiéis, embora com mão de obra subvalorizada. O crescimento populacional
e comercial de Juazeiro, além da ambição religiosa do Padre Cícero, fez com que a cidade
reivindicasse sua autonomia política do município ao qual estava ligada: o Crato. As negociações
para uma separação pacífica não foram bem-sucedidas e o tema dividiu os coronéis dos
municípios vizinhos. No entanto, articulações políticas de Floro Bartolomeu, médico baiano e
antigo jornalista que se instalou na região e conquistou a confiança de Padre Cícero, conferiu a
Juazeiro o reconhecimento político almejado. Em outubro de 1911, Bartolomeu conseguiu
articular uma aliança entre os políticos do vale do Cariri, o chamado Pacto dos Coronéis. Entre
as cláusulas constava: a) a decisão dos integrantes de não apoiar deposições na região; b) o desejo
de fortalecer laços pessoais e políticos entre os participantes; e c) manter a lealdade incondicional
a Antônio Nogueira Acióli, presidente do estado e líder da família que dominava a política no
Ceará desde o final do século XIX. Graças a essa iniciativa, Juazeiro foi elevado à categoria de
vila, sede de município. De dezembro de 1911 a janeiro de 1912, houve intensa campanha
contrária aos planos de Acióli manter-se na liderança da política cearense. O movimento que
levou mais de 20 mil pessoas às ruas de Fortaleza contou com a adesão de comerciantes da capital
do Ceará, de profissionais liberais e de soldados e oficiais do Exército. A reação violenta de
Acióli, ao colocar soldados e jagunços contra os manifestantes contrários à sua política,
aumentou a oposição a seu governo. Em 24 de janeiro de 1912, o oligarca foi obrigado a deixar
Fortaleza e exilar-se na capital federal, de onde passou a conspirar para reassumir a liderança da
política cearense. O fato beneficiou o candidato de oposição ao governo, coronel Franco Rabelo.
Em sintonia com a política das salvações capitaneada pelo general Dantas Barreto, mais uma
oligarquia era derrubada no Nordeste, a exemplo do que ocorrera com Rosa e Silva em
Pernambuco em 1911. A eleição do coronel Franco Rabelo para presidente do Ceará em meados
do ano de 1912 fez ruir as bases do pacto de 1911 firmado no Cariri. Ciente dos laços que ligavam
os coronéis da região ao antigo líder da oligarquia Acióli, Rabelo iniciou uma campanha de
desestabilização da política oposicionista no Ceará. Com o pretexto de acabar com o banditismo
representado pelo fenômeno do cangaceirismo no Nordeste, enviou para o Crato 200 homens da
Polícia Estadual. Seguindo ordens do presidente eleito, os policiais estacionados no Crato
prenderam alguns jagunços acusados de banditismo, todos ligados a coronéis de oposição ao
político de farda. Além disso, Franco Rabelo entrou em confronto direto com Padre Cícero ao
destituir homens de sua confiança de cargos públicos e acusá-lo de abrigar bandidos em Juazeiro.
Para piorar a relação de Rabelo com o líder religioso, uma viagem feita por Floro Bartolomeu ao
Rio de Janeiro (agosto de 1913) para se encontrar com Antônio Nogueira Acióli e com o senador
Pinheiro Machado foi pressentida como sinal de uma conspiração contra seu governo sob as
bênçãos de Padre Cícero. Diante disso, Rabelo não hesitou em intensificar as ações contra
Juazeiro. De fato, ao retornar a Nova Jerusalém, em novembro de 1913, Bartolomeu tinha um
plano com o aval do senador gaúcho para destituir o coronel do poder. No dia 12 dezembro de
1913 reuniu-se em Juazeiro uma assembleia dissidente composta por deputados oposicionistas,
e declarou-se a ilegalidade do governo de Franco Rabelo. Nomeou-se nessa ocasião um governo
paralelo, tendo Floro Bartolomeu como presidente provisório. A resposta de Rabelo foi rápida.
No dia 15 de dezembro, as tropas estaduais estacionadas no Crato, sob o comando do coronel
Ladislau Lourenço, deram início às operações de invasão a Juazeiro. No dia 20, a cidade santa
foi ocupada pelas tropas do governo, tendo à frente o coronel Alípio Lopes, escolhido
pessoalmente por Rabelo para dar fim à sedição.

Embora as investidas oficiais tenham provocado muita tensão em Juazeiro, a resistência dos fiéis
de Padre Cícero, aliada ao ataque dos cangaceiros reunidos por Floro Bartolomeu, conseguiu
vencer as forças oficiais. Cercada por tropas rabelistas, a cidade santa enfrentou a fome e a falta
de munição. Apesar das dificuldades, o moral da tropa que entoava cânticos em louvor de Padre
Cícero conseguiu resistir e contra-atacar. Graças a essa ofensiva, no dia 24 de janeiro de 1914
Crato foi ocupada por homens comandados por Bartolomeu. Seguiu-se a tomada de Barbalha.
As cidades foram pilhadas, e com o espólio Juazeiro pôde se recompor da escassez de víveres e
de munição em que se encontrava desde os ataques das forças rabelistas. Em marcha a pé e via
estrada de ferro, os sediciosos de Juazeiro, tal como eram denominados, ocuparam Miguel
Calmon, Senador Pompeu, Quixeramobim até marchar sobre Fortaleza, a 19 de março de 1914.
Conforme plano firmado pelo governo sob a liderança do senador Pinheiro Machado, seguiu para
a capital cearense uma tropa federal para apoiar os revoltosos. Foi decretado o estado de sítio no
Ceará, e o general Fernando Setembrino de Carvalho foi nomeado interventor no estado. Franco
Rabelo deixou o governo e rumou para o Rio de Janeiro no dia 24 de março de 1914. Estava
concluída a revolução de Juazeiro. Como troféu, a Nova Jerusalém foi elevada à categoria de
cidade a 23 de julho do mesmo ano, e Padre Cícero Romão Batista foi consagrado como um dos
mais proeminentes coronéis da política republicana do país. GABARITO: E

67. Com o advento do Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas em novembro de 1937, a Ação
Integralista Brasileira (AIB), fundada por Plínio Salgado e as organizações criadas pelo cearense
Severino Sombra – a Legião Cearense do Trabalho (LCT) e a Campanha Legionária – foram
fechadas pelo governo ditatorial.

Sobre essas organizações, analise as afirmativas abaixo:

I. Representavam os interesses dos movimentos operários ligados à corrente anarquista do


sindicalismo, introduzida no Brasil desde a década de 1910 por imigrantes europeus, sobretudo
italianos e espanhóis.

II. Eram ligadas ao pensamento conservador e anticomunista, representavam ideais do fascismo


e contavam com o apoio de parte do clero da Igreja Católica.

III. Estavam a serviço do movimento de internacionalização do comunismo, liderado pelo Partido


Comunista Soviético após a ascensão de Stalin subsequente à morte de Lenin.

Podemos afirmar corretamente que

a) Apenas a afirmativa I é verdadeira.

b) Apenas a afirmativa II é verdadeira.

c) Apenas a afirmativa III é verdadeira.

d) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


e) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.

COMENTÁRIOS E GABARITO

A LEGIÃO CEARENSE DO TRABALHO: Movimento de inspiração fascista mais importante


até a fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), em outubro de 1932. Foi fundado em
Fortaleza pelo tenente Severino Sombra, jovem militar de formação católica que, coerentemente
com suas idéias jacksonianas e antiliberais, recusou-se a participar da Revolução de 1930,
estando servindo, à época, no Rio Grande do Sul, no 8º Regimento de Infantaria, em Passo Fundo.
Retornando ao Ceará, após ter sido preso num navio no estuário do Guaíba em Porto Alegre, em
outubro de 1930, Sombra considerava que “a Revolução de 30 criara uma perspectiva nova, mas
indefinida”. Reagindo a este estado de coisas, conseguiu organizar um movimento congregando
as associações de trabalhadores existentes sob sua chefia no estado e contando com o apoio da
Juventude Operária Católica (JOC) do padre Hélder Câmara. Por ocasião de seu lançamento
público em 23 de agosto de 1931, a Legião Cearense do Trabalho dispunha de um efetivo de
nove mil legionários, expandindo-se, meses mais tarde, para 15 mil. Posteriormente, a Legião
penetrou no interior do Ceará, conseguindo reunir cerca de uma centena de associações operárias
e similares. Após o manifesto de outubro de 1932, lançando a AIB, a Legião Cearense, sob a
direção de Jeová Mota, integrou-se ao movimento integralista.
A organização da Legião previa um chefe, um secretário-auxiliar do chefe e um conselho
composto de dois representantes de cada sociedade confederada. A escolha do chefe era feita
pelo conselho legionário, com um mandato limitado, estando previsto um mecanismo
parlamentar para destituí-lo. As organizações confederadas eram submetidas a disposições
restritivas, devendo obrigatoriamente “acatar os avisos, as instruções e circulares do chefe, os
decretos e resoluções do conselho e as decisões do tribunal legionário. A sociedade confederada
não poderá entrar diretamente em relação com pessoas e organizações estranhas à Legião sobre
assuntos políticos, sociais e de interesse do operariado”. Seus militantes usavam o seguinte
uniforme: calças brancas e blusão de operário em algodão colorido. Na manga esquerda
ostentavam uma insígnia representando o braço de um trabalhador empunhando a balança da
justiça. A saudação habitual era a resposta coletiva “Pronto!”, feita ao chefe no início de suas
alocuções. A Legião definiu-se em seu programa como “uma organização de associações
populares e de classe, do estado do Ceará, com finalidade econômica, política e social”. A
finalidade econômica era defender o trabalho, que não pode “ser considerado uma simples
mercadoria sujeita à lei da oferta e da procura”. A Legião propunha-se à implantação do “contrato
coletivo, em que sejam fixados o salário vital, as horas de trabalho, o repouso dominical, o limite
de trabalho de menores e mulheres, o regime de conciliação e arbitragem”, e pretendia também
instituir para seus membros um tribunal trabalhista, cuja função seria resolver os conflitos entre
patrões e operários: presidido por um legionário de formação jurídica, as decisões seriam
tomadas por um júri composto de trabalhadores mais experientes. A finalidade política da Legião
consistia na “integração das classes trabalhadoras organizadas, dentro da vida política e social do
país”. A Legião desconfiava dos partidos políticos e se propunha a organizar os trabalhadores
para obter a representação profissional. A finalidade social residia na luta em favor de “uma
ordem social... em torno de um verdadeiro humanismo, subordinados os seus valores aos valores
morais… A Legião trabalhará pelo advento de uma economia distributiva e de um regime
corporativo”. No discurso de instalação do movimento, o tenente Sombra precisou os objetivos
da Legião: “A Legião organiza o operariado para que, protegido, educado e coeso, ele se torne
um colaborador honesto e consciente das outras classes.” Definido o princípio da colaboração
entre as classes, o objetivo político era alcançar o ideal medieval da sociedade corporativa
apoiando-se sobre os grupos profissionais. “O sindicato, a associação profissional, são círculos
naturais de expansão da personalidade humana” e “só o Estado pode conseguir em termos justos
a associação funcional do trabalho, capital e direção técnica”. A Legião rejeitava, em
conseqüência, a organização “político-social moderna, minada pelo individualismo”, e lutava
“pela volta ao regime corporativo, inspirado no modelo medieval”. GABARITO: B
68. “Visto que, de fato, a Constituição de 1946 estabeleceu normas e medidas para a instalação
de uma estrutura democrática no país, dando ensejo a uma abertura do processo político nos
dezoito anos subsequentes, ao observador mais descuidado a redemocratização pode parecer
mais radical do que na realidade o foi.”

SOUZA, Maria do Carmo Campello de. Estado e Partidos Políticos no Brasil (1930-1964). São
Paulo: Alfa-Omega, 1976, p. 105.

Com base nas afirmações contidas no texto, é possível afirmar que

a) a redemocratização iniciada em 1945 perdeu sua radicalidade por ter sido apenas um ritual
político, vazio de efetivos partidos.

b) a redemocratização de 1945 só pôde existir em função da criação de três novos grandes


partidos políticos, totalmente independentes de vínculos com o Estado Novo: o PSD, a UDN e o
PTB.

c) o retorno do pluripartidarismo e de eleições diretas foi superposto à estrutura herdada do


Estado Novo, marcada pelo sindicalismo corporativista e pelo sistema de interventorias.

d) a redemocratização não foi radical devido à preponderância que teve, junto a ela, a União
Democrática Nacional (UDN), partido formado com o beneplácito de Vargas.

e) a hipertrofia do Poder Legislativo foi uma das consequências da redemocratização.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Mesmo com o fim do Estado Novo, algumas das práticas institucionais de atrelamento das
decisões políticas e de controle da vida sindical permaneceram no âmbito do Estado, impedindo
um controle por parte da população, seja através de eleições amplas, seja através de uma atuação
sindical livre. GABARITO: C

69. “A consolidação do regime democrático no Brasil contra os extremismos da esquerda e da


direita exige ação enérgica e permanente no sentido do aprimoramento das instituições políticas
e da realização de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e social.”

Mensagem programática da União Democrática Nacional (UDN) – 1957.

“Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo nacionalista e democrático, com


participação dos trabalhadores para a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária
progressista; b) Reforma agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da Lei de Remessas
de Lucros.”

Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962.

BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal,


2002.

Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos usados no debate político,
como democracia e reforma. Se, para os setores aglutinados em torno da UDN, as reformas
deveriam assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas deveriam resultar
em

a) fim da intervenção estatal na economia.

b) crescimento do setor de bens de consumo.


c) controle do desenvolvimento industrial.

d) atração de investimentos estrangeiros.

e) limitação da propriedade privada.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Para órgãos como a CGT, a democratização somente seria possível com uma distribuição da
propriedade no Brasil, tanto no campo quanto na cidade, de forma a alterar o processo de
concentração de propriedade característico da história do país. GABARITO: E

70. Leia o texto abaixo para poder responder à questão seguinte:

“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se


desencadeiam sobre mim.

Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa.
Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como
sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. […] Depois de decênios de domínio e
espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução
e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social.”

Carta Testamento de Getúlio Vargas, retirada de BONAVIDES, Paulo, AMARAL,


Roberto. Textos políticos da História do Brasil. 3 ed. Brasília: Senado Federal, Conselho
editorial, 2002. v. 6, p. 699.

A carta escrita por Getúlio Vargas, antes de cometer suicídio, permite perceber algumas
características do que se convencionou chamar de populismo. Entre as características do
populismo, não podemos incluir:

a) o paternalismo.

b) a liderança individual sobre as massas.

c) a criação de uma legislação trabalhista.

d) a expropriação dos meios de produção dos estrangeiros.

e) a defesa do progresso econômico e social da nação.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Apesar do discurso nacionalista de muitos políticos considerados populistas, houve quase sempre
uma aliança com os capitalistas estrangeiros, não sendo atacadas suas propriedades sobre
indústrias e fazendas, havendo sim um interesse maior no controle estatal sobre essas atividades.
GABARITO: D.

71. A primeira greve trabalhista, reivindicatória por melhor remuneração no Ceará foi organizada
em 1876
a) pela Associação Tipográfica Cearense.

b) pelo Partido Comunista Cearense.

c) pela Liga Eleitoral Católica.

d) pela Legião Cearense do Trabalho.

e) pelo Grêmio dos Ferroviários.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Na segunda metade do século XIX verificou-se o tímido início da industrialização cearense,


possibilitando assim o surgimento do operariado cearense. As condições de vida e de trabalho
desses trabalhadores, como no resto do Brasil, eram precárias. Altas jornadas de trabalho,
ausência de direitos trabalhistas, péssimas remunerações e condições miseráveis de habitação.
Assim, era óbvio que os operários buscassem se organizar para fazer frente às dificuldades. Em
1876, a Associação Tipográfica Cearense deflagraria a primeira greve trabalhista no Ceará,
reivindicando, sobretudo melhores remunerações. GABARITO: A.

72. Ao assumir o poder, em 1930, Getúlio Vargas vai promover uma "política" de substituição
dos governadores dos estados por interventores federais. O primeiro interventor no Ceará foi:

a) Nogueira Accioly.

b) Fernandes Távora.

c) Carneiro de Mendonça.

d) Franco Rabelo.

e) Boticário Ferreira.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Após a Revolução de 1930, os estados passaram a ser administrados por interventores nomeados
e submissos a Getúlio Vargas. A intenção seria enfraquecer o poder das oligarquias tradicionais.
O primeiro interventor no Ceará foi Fernandes Távora. GABARITO: B.

73. Em CANGACEIROS E FANÁTICOS, Rui Facó registra:

"... os senhores das classes dominantes e seus porta-vozes recusavam-se a acreditar na realidade:
milhares de párias do campo armados em defesa da própria sobrevivência, em luta, ainda que
espontânea, não consciente, contra a monstruosa e secular opressão latifundiária e semifeudal,
violando abertamente o mais sagrado de todos os privilégios estabelecidos desde o começo da
colonização européia do Brasil - o monopólio da terra nas mãos de uma minoria a explorar a
imensa maioria."

O texto acima, referente ao período da República Velha do Brasil, trata:

a) da organização dos quilombos, onde se abrigavam os escravos fugitivos.

b) dos entraves que os ingleses impuseram às manufaturas portuguesas face às restrições ao


tráfico negreiro.
c) das revoltas violentas de trabalhadores rurais contra o poder oligárquico.

d) das revoltas das camadas populares oprimidas, influenciadas por filosofias externas.

e) da existência de grandes contingentes de trabalhadores rurais destituídos de propriedade, no


período anterior à Proclamação da República.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O texto faz referência à duas “formas” de reação (Cangaceirismo e Messianismo) à estrutura de


dominação coronelística típica da República Oligárquica. Eram também “saídas” buscadas por
aqueles que sofriam com a miséria e o flagelo da seca. O cangaço foi um fenômeno do
banditismo, crimes e violência ocorrido em quase todo o sertão do Nordeste do Brasil, entre o
século XVIII e meados do século XX. Seus membros vagavam em grupos, atravessando estados
e atacando cidades, onde cometiam pilhagens, assassinatos e estupros. Para muitos especialistas,
o cangaço nasceu como uma forma de defesa dos sertanejos diante de graves problemas sociais
e da ineficácia do Estado em manter a ordem e aplicar a lei. Um dos principais líderes do cangaço
foi Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. O messianismo seria quando, grupos de pessoas,
geralmente pobres, exploradas e sem perspectiva alguma, insatisfeita e cansadas de esperar por
uma “resposta” do Estado [que nunca vem] frente aos graves problemas sociais no “mundo
oligárquico”, camponeses de várias partes do Brasil, se juntam a líderes carismáticos que
prometem melhores condições de vida à população. Canudos, Contestado e Caldeirão, esse
último no Ceará, são exemplos de “movimentos messiânicos”. Uma semelhança marcante nesses
três casos foi a resposta violenta do governo ao tratar da questão. GABARITO: C

74. A mesma realidade que produziu Canudos gerou também o Cangaço, na medida em que:

a) o catolicismo popular não fazia parte do cotidiano destes movimentos sociais.

b) ambos foram uma forma de denúncia contra a seca, miséria e arbitrariedade dos coronéis.

c) a solução dada pelo governo, tanto em Canudos como no Cangaço, foi integrar pacificamente
o sertanejo à civilização.

d) o banditismo social era fortemente repudiado pela população local camponesa, que apoiava
ações violentas do Estado.

e) os dois episódios foram organizados por líderes monarquistas que pretendiam derrubar a
república.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Ver comentário da questão 73. GABARITO: B

75. “Lembrou-se dos filhos, da mulher e da cachorra, que estavam lá em cima, debaixo de um
juazeiro, com sede. Lembrou-se do preá morto. Encheu a cuia, ergueu-se, afastou-se, lento, para
não derramar a água salobra”

(Trecho do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos)

A temática tratada na obra de onde foi retirado o trecho acima é

a) a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em


tempos para áreas menos castigadas pela seca.
b) a reação das autoridades cearenses contra os movimentos messiânicos.

c) a indignação dos latifundiários do sertão nordestino contra a eclosão de movimentos


messiânicos.

d) o surgimento do cangaceirismo frente a decadência da estrutura oligárquica dominante.

e) a insatisfação dos camponeses nordestinos cearenses com a “derrubada” da Oligarquia


acciolina.

COMENTÁRIOS E GABARITO

“Vidas Secas”, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes
sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A
obra à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais
bem-sucedidas criações da época. O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa
principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente
e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. O livro consegue desde o título mostrar a
desumanização que a seca promove nos personagens, cuja expressão verbal é tão estéril quanto
o solo castigado da região. A miséria causada pela seca, como elemento natural, soma-se à
miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da
região. GABARITO: A

76. "Sertão cearense, 1889. A angústia marcava o rosto da população. Março chegava e as
chuvas ainda não haviam caído. Temia-se que aquele fosse mais um ano de seca - de fato seria.
Pessoas já se punham a caminho pelas veredas poeirentas em busca de assistência nas cidades
e Vilas maiores. Em Juazeiro do Norte, beatas piedosas com chorosas rezas varavam noites
clamando a Deus para livrar o povo de mais uma estiagem. Entre as mulheres, uma humilde
lavadeira de 28 anos, Maria Madalena do Espírito Santo de Araújo. Por volta das cinco horas
da manhã do dia 1º de março de 1889, Padre Cícero resolve dar a comunhão. A primeira a
comungar foi Maria de Araújo. Quando sacerdote colocou a hóstia sobre a língua da beata, esta
veio ao solo, em transe. Da sua boca escorria sangue".

Tal Episódio passou a ser conhecido como

a) o milagre da hóstia.

b) o milagre da beata.

c) o milagre de Juazeiro.

d) o milagre do “padim Ciço”.

e) o milagre do caldeirão.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Padre Cícero foi um religioso que viveu entre 1844 e 1934, no Ceará, e sua influência atravessou
o campo religioso e alcançou a política. Ele teria presenciado um milagre eucarístico e isso
chamou a atenção dos fiéis, apesar de a Igreja Católica não reconhecer oficialmente tal milagre.
Em março de 1889, Padre Cícero celebrava uma missa e, no momento da comunhão, a fiel Maria
de Araújo recebeu a hóstia e percebeu que havia se tornado vermelha como sangue. O milagre
eucarístico realizado em missas celebradas por Padre Cícero se repetiu e foi necessário chamar o
reitor do seminário de Crato para verificar a autenticidade do milagre. Para o reitor, a hóstia, de
fato, havia se transformado no sangue do próprio Cristo. A fama de Padre Cícero rapidamente se
espalhou, e a imprensa de todo o Brasil noticiou tal milagre. O bispo de Fortaleza, Dom Joaquim
José Vieira, não acreditava no milagre, mas enviou uma comissão para analisar o caso. Em 1891,
médicos enviados pela Arquidiocese de Fortaleza foram até o local verificar se houve de fato a
transformação da hóstia consagrada no sangue de Cristo. Os médicos afirmaram que não havia
uma explicação natural para o fenômeno. Dom Joaquim enviou outra comissão, que afirmou
serem falsos os milagres eucarísticos. O clero cearense acatou a decisão da segunda comissão e
não reconheceu o milagre. Padre Cícero não desistiu de obter o reconhecimento dos seus
milagres. Esse fato provocou uma grande romaria à cidade de Juazeiro, dando início à devoção
popular ao religioso. As insistências para o reconhecimento do milagre fizeram com que Padre
Cícero fosse punido pelo clero, sendo proibido de celebrar missas, fazer pregações e confessar
os fiéis. Outra punição que acabou afetando os fiéis foi a proibição de qualquer tipo de
peregrinação a Juazeiro. A influência de Padre Cícero extrapolou os limites religiosos e alcançou
a política. Ele era uma figura popular e atraía muitas pessoas. Em 1911, Juazeiro foi elevada à
condição de cidade, e Padre Cícero se aliou aos políticos locais em defesa da emancipação. O
religioso se tornou o primeiro prefeito da nova cidade. Nesse contexto, Padre Cícero articulou
um acordo político entre os coronéis da região. Esse acordo ficou conhecido como “pacto dos
coronéis” e, com ele, cada coronel apoiaria o governo do Ceará em troca de benefícios.
GABARITO: C

77. Acerca do “fenômeno” do coronelismo, analise as afirmativas abaixo:

I. O coronelismo foi uma prática política, comum durante a Primeira República, baseada nos
coronéis, que coagiam seus subalternos a votarem em seus candidatos nas eleições.

II. O voto de cabresto foi o símbolo do coronelismo no Brasil porque o voto aberto facilitava a
influência dos coronéis no voto dos seus subordinados.

III. O coronelismo ainda se mantém na política atual mesmo com a implantação do voto secreto.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) O coronelismo foi uma prática política muito comum durante a República Velha. Os
coronéis eram latifundiários que exerciam o domínio político no interior do Brasil e coagiam
seus subordinados a votarem em seus candidatos, mantendo-se, dessa forma, no poder. Como o
voto era aberto, as fraudes eleitorais permitiam a manutenção das oligarquias no poder. Caso o
eleitor não votasse no candidato indicado pelos coronéis, poderia ser punido. Atualmente, essa
prática ainda existe principalmente nos locais onde predomina o crime organizado.

II. (V) Como o voto era aberto, as fraudes eleitorais permitiam a manutenção das oligarquias no
poder. Caso o eleitor não votasse no candidato indicado pelos coronéis, poderia ser punido.
Atualmente, essa prática ainda existe, principalmente nos locais onde predomina o crime
organizado.

III. (V) Mesmo com o voto secreto, em algumas áreas do Brasil onde predominam as milícias e
as quadrilhas, ainda existe coação sobre os eleitores para que votem nos candidatos dos seus
comandantes. Em regiões onde as ações do Estado são ausentes e o crime organizado atua de
forma efetiva, existe a coação eleitoral, quando os eleitores recebem ameaças caso não votem no
candidato indicado pelos líderes das facções. Ainda existem grupos políticos que se mantêm no
poder mediante trocas de favores.
GABARITO: D

78. Na década de 1930 foram criados sete campos de concentração no Ceará para confinar
retirantes da seca. O Patu, que funcionou entre 1932 e 1933, é o único com suas ruínas
parcialmente preservadas. O Patu ficava localizado no município de

a) Quixadá.
b) Quixeramobim.
c) Morada Nova.
d) Senador Pompeu.
d) Fortaleza.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Na década de 1930 foram criados sete campos de concentração no Ceará para confinar retirantes
da seca. Único com suas ruínas parcialmente preservadas, o Patu, que funcionou entre 1932 e
1933 na cidade de Senador Pompeu, a cerca de 270 quilômetros (km) de Fortaleza, foi
recentemente tombado como patrimônio histórico-cultural do município. Pesquisadores e
integrantes da sociedade civil pressionam a prefeitura para criar um plano de salvaguarda para as
ruínas do local. O tombamento municipal foi resultado de um processo iniciado na década de
1990, período em que pesquisas acadêmicas sobre a seca começaram a resgatar a história do
campo e movimentos sociais passaram a promover ações voltadas à manutenção de sua memória.
Autora de investigações pioneiras sobre o Patu e outros seis campos de concentração criados no
estado na década de 1930, a historiadora Kênia Sousa Rios, da Universidade Federal do Ceará
(UFC), explica que a origem desses lugares remonta ao final do século XIX, quando algumas
famílias de Fortaleza começaram a enriquecer com o cultivo de algodão, motivando um pico de
desenvolvimento urbano. Ao mesmo tempo, entre 1877 e 1879, o estado registrou um período de
seca intensa, levando 100 mil retirantes a migrar para a capital, que, na ocasião, contava com
uma população de cerca de 30 mil habitantes. Famílias de pequenos agricultores, que incluíam
idosos, adultos e crianças, constituíam a maioria dos migrantes, também provenientes de outros
estados do Nordeste. “A chegada dessas pessoas desestruturou o processo de desenvolvimento
urbano e o estado começou a elaborar estratégias para conter o fluxo de flagelados que vinham à
capital”, conta Rios. GABARITO: D

79. Como conseqüência da seca de 1915, o grande número de retirantes vindos do interior para
Fortaleza fez com que as autoridades fortalezenses e do governo do Estado se empenhassem em
construir o “campo de concentração” de Alagadiço, nas proximidades de Fortaleza, que chegou
a abrigar cerca de 8 mil pessoas. Acerca do assunto, analise as afirmativas que seguem:

I. O discurso político da época vendia a ideia de que o local pretendia dar assistência aos
retirantes.

II. Algumas pesquisas sugerem que foi em 1915 que o governo do estado utilizou pela primeira
vez o termo “campo de concentração”, para se referir ao espaço de contenção de flagelados da
seca.

III. O espaço de Alagadiço não foi suficiente para conter a ampla migração à capital.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V) O discurso político da época vendia a ideia de que o local pretendia dar assistência aos
retirantes, quando na realidade o objetivo principal era afastá-los do centro da cidade.

II. (V)

III. (V) Como o espaço de Alagadiço, de 1915, não foi suficiente para conter a ampla migração
à capital, na grande seca seguinte, de 1932, o estado decidiu estabelecer outros sete campos de
concentração. Nesse momento, a pressão da população rica se tornou uma política pública. O
projeto foi desenvolvido pelo governo do estado em conjunto com o Ministério de Viação e Obras
Públicas do governo de Getúlio Vargas e previa a criação de espaços para confinamento de
flagelados. Eles eram vigiados o tempo todo e não podiam sair, a não ser para trabalhar em obras
públicas ou em engenhos da região. Em troca, recebiam uma refeição diária.

GABARITO: D

80. A POLÍTICA DOS GOVERNADORES, instituída no governo Campos Sales (1898-1902),


significou a resolução da contradição instituída pela Constituição de 1891.
Essa contradição se dava entre:
a) a naturalização compulsória e a livre escolha da cidadania brasileira.
b) a política de valorização do café e a indústria nascente.
c) o bicameralismo e a democracia indireta.
d) o federalismo e o presidencialismo.
e) os presidentes militares e os cafeicultores paulistas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

A política dos governadores subverteu a ordem federalista ao retirar o poder efetivo de mediação
e arbítrio que cabia ao presidente da República, no que se refere a manter os interesses políticos
destinados ao bem de toda a nação, e não apenas de grupos oligárquicos regionais. Essa política,
começada no governo de Campos Sales, deu a tônica do que seria a “política do café com leite”,
de alternação da hegemonia entre São Paulo e Minas Gerais. GABARITO: D.

81. Os partidos políticos que dominavam a cena dos acordos e conchavos políticos das
oligarquias no início do século XX no Brasil eram o PRP e o PRM. Esses partidos serviam a
interesses:
a) dos republicanos radicais populistas (PRP) e dos republicanos moderados (PRM).
b) de seus respectivos estados oligárquicos, São Paulo e Minas Gerais.
c) exclusivamente do Rio Grande do Sul, que se sobrepôs sempre ao PRP e ao PRM.
d) exclusivamente do estado da Bahia, cuja economia cacaueira comandou o país de 1900 a 1920.
e) exclusivamente do estado de São Paulo, cuja economia do leite comandou o país de 1900 a
1930.

COMENTÁRIOS E GABARITO
O PRP (Partido Republicano Paulista) e o PRM (Partido Republicano Mineiro), apesar de terem
tido ao menos um rival à altura, o PRR (Partido Republicano Rio-Grandense), foram as duas
organizações sociopolíticas majoritárias durante a República Oligárquica. A teia de acordos
políticos característicos dessa fase da República foi tecida, principalmente, por esses dois
partidos. GABARITO: B
82. Num estado como Ceará, marcado por forte tradição Cristã, onde a Igreja Católica esteve
presente desde o início da colonização e moldou por décadas a sociedade e a mentalidade
cearenses, é fundamental levar em consideração a importância dessa instituição para melhor
compreender a história local. Acerca do assunto analise as afirmativas abaixo

I. Visando promover o fortalecimento das suas estruturas de dominação e enfrentar a grave crise
que a atinge naquela época, a igreja católica vinha promovendo desde o final do século XIX a
política de romanização.

II. Na intenção de formar um clero obediente aos desígnios da romanização, foi criado, em 1864,
o Seminário da Prainha.

III. Com a criação do Colégio da Imaculada Conceição e do Seminário da Prainha, a Igreja


Católica conseguiu doutrinar elementos das classes médias e dominantes, possibilitando a
formação de uma elite intelectual cearense a qual se posicionou contra a "onda secularizante"
que difundia o Positivismo, o evolucionismo, o cientificismo, o marxismo e o liberalismo.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V). Tal política consistia em combater o avanço do chamado catolicismo popular e fortalecer
os dogmas oficiais da igreja católica. A política da romanização, além do fortalecimento da
hierarquia eclesiástica, da exigência do cumprimento dos dogmas católicos e da submissão dos
fiéis aos cânones de Roma, visava igualmente o combate das ideias secularizantes tais como: o
Positivismo, o evolucionismo, cientificismo, o Marxismo e o liberalismo.

II. (V). Dentro do processo de romanização primeiros bispos Cearenses (Dom Luiz Antônio e
Dom Joaquim Vieira) criaram várias instituições como o Seminário da Prainha (1864) e o colégio
Imaculada Conceição para moças (1865).

III. (V). Nessas instituições estudaram centenas de jovens que, se não acabaram seguindo a
carreira religiosa, exerceram depois outras funções na sociedade cearense (juízes, advogados,
professores, médicos e políticos). Assim, ao doutrinar elementos das classes médias e
dominantes, possibilitou a formação de uma elite intelectual cearense a qual se posicionou contra
a onda secularizante e que, ocupando depois cargos importantes no comando e na administração
do Estado, garantiu a hegemonia Católica na sociedade dentro de uma concepção conservadora,
para não dizer reacionária e direitista.
GABARITO: D

83. “Visto que, de fato, a Constituição de 1946 estabeleceu normas e medidas para a instalação
de uma estrutura democrática no país, dando ensejo a uma abertura do processo político nos
dezoito anos subsequentes, ao observador mais descuidado a redemocratização pode parecer
mais radical do que na realidade o foi.”
SOUZA, Maria do Carmo Campello de. Estado e Partidos Políticos no Brasil (1930-1964). São
Paulo: Alfa-Omega, 1976, p. 105.

Com base nas afirmações contidas no texto, é possível afirmar que

a) a redemocratização iniciada em 1945 perdeu sua radicalidade por ter sido apenas um ritual
político, vazio de efetivos partidos.

b) a redemocratização de 1945 só pôde existir em função da criação de três novos grandes


partidos políticos, totalmente independentes de vínculos com o Estado Novo: o PSD, a UDN e o
PTB.

c) o retorno do pluripartidarismo e de eleições diretas foi superposto à estrutura herdada do


Estado Novo, marcada pelo sindicalismo corporativista e pelo sistema de interventorias.

d) a redemocratização não foi radical devido à preponderância que teve, junto a ela, a União
Democrática Nacional (UDN), partido formado com o beneplácito de Vargas.

e) a hipertrofia do Poder Legislativo foi uma das consequências da redemocratização.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Mesmo com o fim do Estado Novo, algumas das práticas institucionais de atrelamento das
decisões políticas e de controle da vida sindical permaneceram no âmbito do Estado, impedindo
um controle por parte da população, seja através de eleições amplas, seja através de uma atuação
sindical livre. GABARITO: C.

84. A Padaria Espiritual não era uma sociedade exclusivamente das Letras, mas das artes em
geral, pois o grêmio contou tanto com prosadores e poetas, quanto com pintores, desenhistas e
músicos.

Acerca da “agremiação” citada acima, analise as afirmativas abaixo:

I. Foi fundada pelo escritor cearense José de Alencar.

II. A Padaria Espiritual seria fundada entre jovens intelectuais, clientes do famoso Café Java
localizado na Praça do Ferreira.

III. A Padaria Espiritual foi uma das mais singulares agremiações culturais tanto do Ceará como
do Brasil.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (F). A Padaria espiritual seria fundada em 1892 ou Antônio Sales.


II. (V). Antônio Sales fundaria em 1892 a Padaria Espiritual entre jovens intelectuais clientes do
Café Java, quiosque de propriedade do folclórico Mané Côco, costumeiramente freqüentado por
boêmios como Ulisses Bezerra, Sabino Batista e Álvaro Martins.

III. (V). A Padaria Espiritual foi uma das mais singulares agremiações culturais tanto do Ceará
como do Brasil. Por ela passaram escritores que ajudaram a compor parte significativa da
atividade artística e da imprensa na província cearense. O intuito de seus idealizadores era
despertar, na sociedade, o gosto pela arte. Como já havia precedentes de sociedades artísticas,
muitas delas de caráter formal e retórico, eles decidiram produzir algo original e até mesmo
escandaloso, que repercutisse no gosto do povo. Antônio Sales redigiu seu programa de
instalação e foi um dos principais responsáveis pela publicação do jornal da agremiação, O Pão.

GABARITO: C.

85. Em 1872 nascia nos Sertões da Paraíba, em Pilões de Dentro, José Lourenço Gomes da Silva,
filho de sertanejos pobres. Era mais um nordestino nascido “sob as botas” do latifúndio
explorador. Lourenço chegou a Juazeiro do Norte por volta de 1891. Naquele momento vivia-
se a expressão do catolicismo popular, ainda consequência do famoso Milagre de Juazeiro.
Lourenço acabou sendo introduzido na religiosidade popular e na crença a Padre Cícero. Este se
torna além de amigo, o guia seu espiritual. Zé Lourenço passa a ser conhecido como Beato Zé
Lourenço, o "negro beato". Por volta de 1894 José Lourenço, sua família e alguns romeiros
arrendaram um lote de terra no sítio Baixa Danta, localizado no Crato. Surgiria ali uma rústica
comunidade. Era uma comunidade em que, ao contrário das fazendas vizinhas, repartia-se
igualmente, entre seus membros, o resultado de dias inteiros de trabalho. Em 1926 o proprietário
do sítio Baixa Danta, resolveu vender a propriedade. O novo proprietário exigiu de imediato
que José Lourenço e a comunidade deixassem as terras. Padre Cícero então resolveu alojar o
Beato e os moradores em uma grande fazenda de sua propriedade, denominada Caldeirão dos
Jesuítas.

Acerca do assunto, analise as afirmativas abaixo:

I. Durante a ocorrência da Sedição de Juazeiro, o Beato José Lourenço recrutou parte da


população da comunidade de Baixa Danta para lutar ao lado dos coronéis do Cariri.

II. Durante a Sedição de Juazeiro o sítio Baixa Dantas foi invadido e saqueado por jagunços e
homens partidários de Franco Rabelo.

III. No Caldeirão, a obra de José Lourenço toma, em menores proporções demográficas, a


dimensão social da comunidade religiosa de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, na
Bahia.

IV. O caldeirão tornou-se atrativo e refúgio dos desprotegidos e espoliados, dos errantes e
perseguidos, daqueles que não suportavam mais a exploração coronelística.

V. A existência do caldeirão era uma crítica à sociedade imperante à época.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

COMENTÁRIOS E GABARITO
I. (F). Em 1914, ano em que aconteceu a Sedição de Juazeiro, José Lourenço, por ser
radicalmente contra qualquer violência, não tomou parte nos combates, embora tenha prestado
apoio a Padre Cícero e enviado alimentos para Juazeiro.

II. (V). Durante a Sedição de Juazeiro o sítio Baixa Dantas foi invadido e saqueado por jagunços
e homens partidários de Franco Rabelo. Foram grandes os prejuízos, mas passado o confronto,
Lourenço e os seus seguidores humildemente reconstruíram tudo e continuaram o trabalho e as
práticas religiosas.

III. (V). Criou-se no Caldeirão uma sociedade igualitária de sistema econômico coletivo que
impunha aos seus membros a cooperação para segurar a existência digna e as condições de
sobrevivência. A base inspiradora e unificadora da comunidade era a religião. Zé Lourenço
colocava em prática mensagens de fraternidade e amor ao próximo contidas nos Evangelhos, não
ficando na retórica vazia.

IV. (V). O caldeirão tornou-se atrativo e refúgio dos desprotegidos e espoliados, dos errantes e
perseguidos, daqueles que não suportavam mais a exploração coronelística. Não há dados
precisos sobre a quantidade de habitantes da fazenda Caldeirão. É certo que, cada vez mais ela
crescia. Em 1930, especula-se que a população passasse dos mil habitantes.

V. (V). Os Camponeses se dirigiram para o Caldeirão por que além das motivações religiosas, a
vida deles era diferente da vida nas grandes fazendas onde eram explorados pela dominação
coronelística. O crescimento do caldeirão e a grande influência de José Lourenço passaram a
incomodar as elites que se preocupavam com o núcleo de “fanáticos”. Assim, a igreja católica
os coronéis e o estado, do mesmo modo como em Canudos, articularam-se e destruíram o
caldeirão. A repressão por parte das classes dominantes foi brutal. José Lourenço acabou indo
para Exu, Pernambuco, onde se instalou em uma fazenda chamada União e viveu até a morte de
peste bubônica em 12 de Fevereiro de 1946.

GABARITO: D

86. A pesca, uma das principais atividades econômicas do Ceará

a) sobrepujou a criação do gado bovino acarretando a desestabilização das indústrias de couro,


pele e calçados.

b) inibiu o desenvolvimento do artesanato popular, relegando ao esquecimento a figura da mulher


rendeira.

c) colocou em segundo plano a produção do algodão, caju e carnaúba

d) reprimiu a produção de sal extraído do litoral

e) transformou a jangada em um dos símbolos do Estado

COMENTÁRIOS E GABARITO

A pesca é uma das principais fontes de renda de famílias e que influencia diretamente na
economia do nosso Estado. Assim, a pesca transformou a jangada em um dos símbolos do Estado.
Presente inclusive na Bandeira do Estado do Ceará, um dos mais famosos ícones do estado, a
jangada também representa a tenacidade e bravura do cearense, uma referência ao espírito
aventureiro e nômade. GABARITO: E.

87. “O populismo manifesta-se já no fim da ditadura e permanecerá uma constante no processo


político até 1964.”
(Francisco Weffort, O POPULISMO NO BRASIL)

Pensando na existência do populismo no Brasil durante o período compreendido entre 1945 e


1964, esse pode ser caracterizado como:

a) um regime autoritário, em que políticas sociais são extintas, sendo apoiado unicamente pela
elite do país.

b) um regime fundado em projetos de inclusão social, buscando a modernização da sociedade,


liderado por líderes carismáticos, muitas vezes demagogos.

c) um regime socialista, que pretendia acabar com o latifúndio no país e com o poder político e
econômico das velhas elites brasileiras.

d) um regime totalitário, que pretendia acabar com a propriedade privada, passando todos os
meios de produção para o Estado.

e) um regime democrático e liberal que busca a adoção de medidas de caráter comunista para
promover a melhoria de vida da classe trabalhadora operária.

COMENTÁRIOS E GABARITO

O termo populismo foi cunhado por alguns historiadores para caracterizar alguns regimes
vivenciados no Brasil e em outros países da América Latina. Havia a busca por apoio popular a
seus projetos, pretendendo modernizar a sociedade, incluindo setores sociais despossuídos. A
liderança era exercida por pessoas com carisma, que, através principalmente dos meios de
comunicação, conseguiam cativar [mas também exercer um controle das massas, impedindo o
radicalismo das manifestações operárias e a difusão das idéias comunistas] a população.
GABARITO: B.

88. Com o fim do Estado Novo (1937 – 1945) e as medidas de “redemocratização” adotadas por
Getúlio Vargas em 1945, surgiram assim novos partidos políticos no Brasil. Entre eles podemos
citar a União Democrática Nacional - UDN, que reunia elementos liberais e conservadores
antigetulistas da burguesia, classe média, militares e também alguns latifundiários. Já “getulistas”
fundaram duas agremiações: o Partido Social Democrático – PSD - e o Partido Trabalhista
Brasileiro - PTB. O primeiro, também de direita, era formado, sobretudo pelas oligarquias rurais
e burgueses varguistas, interventores estaduais e grupos detentores de privilégios no Estado
Novo. O segundo era pretensamente um partido de “massas”, reunido principalmente os
trabalhadores urbanos ligados a sindicatos pelegos controlados pelo Ministério do Trabalho. Essa
reorganização partidária brasileira se refletiu também no Ceará. Em março de 1945 as lideranças
políticas locais, que se opunham a ditadura de Vargas, realizaram reunião no intuito de organizar
a União Democrática Cearense – UDC, que pouco tempo depois se transformou na secção local

a) da UDN - União Democrática Nacional

b) do PSD - Partido Social Democrático

c) do PTB - Partido Trabalhista Brasileiro

d) do PCB – Partido Comunista Brasileiro.

e) do PRP – Partido Republicano Paulista.

COMENTÁRIOS E GABARITO
A UDC acabou se transformando na secção local da UDN. Essa agremiação aqui no Ceará tinha
como principais lideranças: Fernandes Távora, Egberto de Paula Rodrigues e Paulo Sarasate.
GABARITO: A
.
89. O fim do Estado Novo se deu a partir a partir da deposição de Getúlio Vargas, em 29 de
outubro de 1945. Em dezembro do mesmo ano, Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente,
marcando definitivamente o fim do Estado Novo. Da deposição de Getúlio Vargas, até a posse
do novo presidente eleito, a presidência da república foi entregue

a) a Vicente Linhares.
b) a José Linhares.
c) a Paulo César Vasconcelos.
d) a Café Filho.
e) a Pinheiro Machado.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Da deposição de Getúlio Vargas, até a posse do novo presidente eleito, a presidência da república
foi entregue ao então presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, que inclusive era
cearense. GABARITO: B

90. Com o fim do Estado Novo (1937 – 1945) e as medidas de “redemocratização” adotadas por
Getúlio Vargas em 1945, surgiram assim novos partidos políticos no Brasil. Entre eles podemos
citar a União Democrática Nacional - UDN, que reunia elementos liberais e conservadores
antigetulistas da burguesia, classe média, militares e também alguns latifundiários. Já “getulistas”
fundaram duas agremiações: o Partido Social Democrático – PSD - e o Partido Trabalhista
Brasileiro - PTB. O primeiro, também de direita, era formado, sobretudo pelas oligarquias rurais
e burgueses varguistas, interventores estaduais e grupos detentores de privilégios no Estado
Novo. O segundo era pretensamente um partido de “massas”, reunido principalmente os
trabalhadores urbanos ligados a sindicatos pelegos controlados pelo Ministério do Trabalho. Essa
reorganização partidária brasileira se refletiu também no Ceará. Aqui no Ceará, o Partido Social
Democrático era uma facção liderada pelo então interventor Menezes Pimentel e personalidades
como José Martins Rodrigues, Antônio da frota Gentil e César Cals de Oliveira. Este último,
que já havia sido prefeito de

a) Juazeiro do Norte.
b) Sobral.
c) Caucaia.
d) Fortaleza.
e) Crato.

COMENTÁRIOS E GABARITO

César Cals de Oliveira foi prefeito de Fortaleza entre 1930 e 1931. GABARITO: D

91. Ente os anos de 1946 e 1964, vamos assistir no cenário político do Ceará, uma alternância no
poder entre dois grandes partidos, a UDN e o PSD, sendo a vitória de um ou de outro decidida
pela aliança mantida com um terceiro partido, chamado não por acaso de “fiel da balança”.
Estamos nos referindo ao

a) PSP – Partido Social Progressista.

b) PDS – Partido Democrático Social.

c) MDB – Movimento Democrático Brasileiro.


d) ARENA – Aliança Nacional Libertadora.

e) PCB – Partido Comunista Brasileiro.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Ente os anos de 1946 e 1964, vamos assistir no cenário político do Ceará, uma alternância no
poder entre dois grandes partidos, a UDN e o PSD, sendo a vitória de um ou de outro decidida
pela aliança mantida com um terceiro partido, chamado não por acaso de “fiel da balança”.
Estamos nos referindo – a princípio - ao PSP (antes chamado de PPS – Partido Popular
Sindicalista, liderado por Olavo Oliveira. Posteriormente, esse “fiel da balança” viria a ser o
PTB, de Carlos Jereissati. GABARITO: A.

92. Ente os anos de 1946 e 1964, vamos assistir no cenário político do Ceará, uma alternância no
poder entre dois grandes partidos, a UDN e o PSD, sendo a vitória de um ou de outro decidida
pela aliança mantida com um terceiro partido, chamado não por acaso de “fiel da balança”. Esse
“fiel da balança”, por algum tempo seria o PSP – Partido Social Progressista (liderado por Olavo
Oliveira). Posteriormente, esse “fiel da balança” viria a ser o PTB, de Carlos Jereissati. Nas
eleições de 1962 para o governo do Ceará, no entanto, que sucederia o então governador de
Parsifal Barroso (PTB-PSD), após muita indefinição e apresentação de vários nomes, as duas
maiores forças políticas do Estado do Ceará, UDN e PSD, incentivadas pelo então Governador
Parsifal Barroso, decidiram formar uma coligação que reunia os setores conservadores do Estado
em torno de uma chapa única para o pleito de 1962. Essa coligação entre UDN e PSD ficou
conhecida como

a) União Democrática Cearense.

b) Aliança Liberal Conservadora.

c) Aliança Liberal Cearense.

d) Pacto Cearense.

e) União pelo Ceará.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Para a eleição de 1962, para o governo do Ceará, a UDN e o PSD decidiram formar a “União
pelo Ceará”, uma Coligação que reunia os setores conservadores do Estado em torno de uma
chapa única para o pleito de 1962 a qual teria como candidato Virgílio Távora, da UDN.
GABARITO: E

93. O candidato ao governo de Ceará, que se sagrou vencedor, a partir da coligação “UDN –
PSD”, nas eleições de 1962 foi

a) Virgílio Távora.

b) Parsival Barroso.

c) Carlos Jereissati.

d) César Cals de Oliveira.

e) Olavo Oliveira.
COMENTÁRIOS E GABARITO

Veja a questão 92. GABARITO: A. Essa foi Inclusive a primeira e a última vez na República
Liberal Populista que um governo cearense elegeu seu sucessor, uma vez que o então Governador
era Parcifal Barroso acabou incentivando a Coligação entre a UDN e o PSD.

94. Durante a ditadura militar no Brasil (1964/1985) o governo do General Médici ( o terceiro
presidente da ditadura), que governou de 1969 a 1974 foi sem dúvida alguma o de maior
repressão e autoritarismo militar. Após o governo Médici, o seu sucessor Ernesto Geisel, que
governaria de 1974 a 1979 daria início a um processo de “abertura democrática”. Esse processo
de abertura teria sua continuidade durante o governo do General João Batista Figueiredo que
governou de 1979 a 1985 e que se tornou o último presidente do regime militar no Brasil. Em
1985 teríamos a eleição indireta de Tancredo Neves, que seria o primeiro presidente civil do
Brasil após o regime da ditadura militar. No entanto, Tancredo não assume o poder, tendo
falecido antes da posse. Em consequência, o cargo de presidente foi entregue ao seu vice José
Sarney, um antigo oligarca Maranhense que ironicamente havia sido um “bom aliado” da
ditadura. Inicia-se assim a Nova República em 1985. Exatamente em 1985, foi eleita para a
prefeitura de Fortaleza a primeira mulher que viria a ser eleita para governar uma capital
brasileira. Estamos nos referido a

a) Luizianne Lins.

b) Rosa da Fonseca.

c) Maria Luiza Fontenele.

d) Patrícia Sabóia.

e) Priscila Costa.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Eleita em 1985 (para governar até 1989), sua vitória representou a maior surpresa eleitoral da
história política da Cidade. A socióloga Maria Luiza (PT) foi a primeira mulher eleita prefeita de
uma capital do Brasil. Sua gestão foi marcada por greves, paralisações de serviços públicos
essenciais e manifestações de desagrado à sua administração. Atribuídos a um boicote federal e
estadual no repasse de verbas ao erário municipal, os salários dos servidores sofreram atrasos, e
a imagem da prefeita ficou associada à incapacidade gerencial. Durante sua gestão foi criada a
APA do Vale do Rio Cocó em Fortaleza, em 1986. GABARITO: C.

95. Entre 1989 e 1990, Ciro Ferreira Gomes foi prefeito de Fortaleza por 15 meses, até sair para
assumir

a) o cargo de Deputado Federal.

b) o cargo de Senador.

c) o cargo de Ministro de Estado.

d) o cargo de Secretário de Finanças do Ceará.

e) o cargo de Governador do Ceará.

COMENTÁRIOS E GABARITO
Advogado formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ciro Gomes foi prefeito de
Fortaleza por 15 meses, até sair para assumir o Governo do Ceará. Ao assumir a Prefeitura,
prometeu tapar todos os buracos e retirar o lixo da Capital, em 90 dias. Seu mandato foi marcado
também pela extinção e fusão de vários órgãos e secretarias. Foi apadrinhado por Tasso Jereissati,
que à época era governador do Estado. GABARITO: E

96. Do início dos anos de 1970 à metade da década de 1980, foi a cena política cearense partilhada
por três oligarcas portadores da patente de Coronel do Exército. Esse período ficou marcado
como o “ciclo dos coronéis”. São eles:

a) César Cals de Oliveira Filho, José Adauto Bezerra de Menezes e Virgílio Távora.

b) Paulo Sarasate, Carlos Jereissati e Adauto Bezerra.

c) Virgílio Távora, Ciro Gomes e Gonzaga Mota.

d) Paes de Andrade, Adahil Barreto e Paulo Sarasate.

e) César Cals de Oliveira Filho, Adahil Barreto e Tasso Jereissati.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Do início dos anos de 1970 à metade da década de 1980, foi a cena política cearense partilhada
por três oligarcas portadores da patente de Coronel do Exército. Esse período ficou marcado
como o “ciclo dos coronéis”. São eles: César Cals de Oliveira Filho (1971-1975), José Adauto
Bezerra de Menezes (1975-1978)e Virgílio Távora (1979-1982) GABARITO: A

97. Um dos fatores que mais contribuíram para o agravamento da situação das pessoas atingidas
pelos períodos de seca no Brasil foi o uso privado, por parte de políticos locais, de verbas do
governo federal destinadas à construção de poços e açudes públicos. Esse fenômeno é um dos
que podem se associados à chamada

a) Indústria da água.

b) Transposição do Rio São Francisco

c) Água para todos.

d) Política do açude

e) Indústria da seca

COMENTÁRIOS E GABARITO

A chamada “Indústria da Seca” é compreendida pelos historiadores como um fenômeno de


agravamento dos efeitos dos longos períodos de estiagem no Nordeste Brasileiro. Ela consistia
na falta de lisura política e no uso privado de verbas destinadas à construção de poços e açudes
para suprir a necessidade de água da população. Alguns políticos do Nordeste, entre meados do
século XIX e início do século XX, em vez de construírem poços e açudes públicos, faziam-no
nos domínios de suas propriedades, privando a grande massa da população de usufruir do
benefício vital. GABARITO: E

98. Considere os seguintes textos:


I. "As estradas que levam aos portos de Mossoró Areia Branca e Macau estão cheias de retirantes,
que vão se arrastando, fugindo do calvário da sua miséria, havendo, entre esses, muitas vítimas
que caem inanimadas por não suportarem as fadigas e a duração da viagem."

(Jornal "A República", Rio Grande do Norte, setembro de 1903.)

II. "Metade dos municípios do Nordeste - 51,7% - está em situação emergencial por causa da
seca. São 8,7 milhões de pessoas nessas áreas em estado crítico, segundo relatório da Secretaria
Nacional da Defesa Civil."

(Jornal "Folha de São Paulo", novembro de 1992.)

A leitura dos dois textos e seus conhecimentos sobre a realidade nordestina permitem afirmar
que:

a) o agravamento da seca no Nordeste é cíclico e as pesquisas federais revelam que o problema


limita-se à irregularidade das chuvas e vem sendo reduzido ano a ano.

b) no início do século os problemas relacionados à seca eram muito mais graves, pois não havia
ainda a ajuda governamental e a concentração das terras era muito grande.

c) a perpetuação do problema da falta de água no Nordeste tem a dupla finalidade de preservar o


clientelismo e mascarar um grande problema da Região que é a má distribuição das terras.

d) o número crescente de áreas irrigadas tem permitido hoje evitar o êxodo forçado do sertanejo,
como acontecia com maior frequência no início do século.

e) atualmente o problema das secas é enfrentado com muito mais seriedade que no início do
século, sendo prova disto a distribuição de "cestas básicas" e a perfuração de poços nas zonas
mais afetadas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Apesar de o fenômeno das secas do Nordeste ser de ordem natural, há, por parte da ação de
políticos, a persistência do agravo dos efeitos das estiagens. Esses efeitos já causaram e ainda
causam inúmeros transtornos e consequências gravíssimas, como o alto índice de mortalidade,
migração em massa etc. GABARITO: C.

99. “Dentre os órgãos regionais, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS
se constitui na mais antiga instituição federal com atuação no Nordeste”.
(https://www.gov.br/dnocs/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/historia)

Acerca dos conhecimentos sobre o DNOCS, analise as afirmativas abaixo:

I. Criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas - IOCS, o órgão é considerado o
primeiro órgão a estudar a problemática da região brasileira que compreende o semiárido.

II. Beneficiamento de áreas e obras de proteção contra as secas e inundações, assim como
projetos de irrigação são algumas das finalidade do DNOCS.

III. Segundo dados do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - o primeiro
grande reservatório construído no semiárido Nordestino é o Açude Presidente JK, em Orós.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V). Criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas - IOCS através do Decreto
7.619, de 21 de outubro de 1909, editado pelo então Presidente Nilo Peçanha, foi o primeiro
órgão a estudar a problemática do semiárido. O DNOCS recebeu ainda em 1919 (Decreto
13.687), o nome de Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas - IFOCS antes de assumir sua
denominação atual, que lhe foi conferida em 1945 (Decreto-Lei 8.486, de 28/12/1945), vindo a
ser transformado em autarquia federal, através da Lei n° 4.229, de 01/06/1963

II. (V). O DNOCS, [...] conforme dispõe a sua legislação básica, tem por finalidade executar a
política do Governo Federal, no que se refere a:

-Beneficiamento de áreas e obras de proteção contra as secas e inundações;


-Irrigação;
-Radicação de população em comunidades de irrigantes ou em áreas especiais, abrangidas por
seus projetos;
-Subsidiariamente, outros assuntos que lhe sejam cometidos pelo Governo Federal, nos campos
do saneamento básico, assistência às populações atingidas por calamidades públicas e
cooperação com os Municípios.

III. (F). Segundo dados do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - o
primeiro grande reservatório construído no semiárido Nordestino é o

GABARITO: A

100. Segundo dados do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - o primeiro
grande reservatório construído no semiárido Nordestino é o

a) açude Cedro.

b) açude Presidente JK.

c) açude Castanhão.

d) açude Barroquinha.

e) açude Xingó.

COMENTÁRIOS E GABARITO

Segundo dados do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - o primeiro


grande reservatório construído no semiárido Nordestino é o Cedro. Situado em Quixadá,
constitui-se no mais importante complexo arquitetônico, histórico e cultural da região e um dos
mais importantes testemunhos da histórica capacidade da engenharia nacional. Cabe lembrar a
decisiva iniciativa dada pelo Imperador Pedro II para que a sua construção se tornasse uma
realidade apoiando o seu projeto de construção. Após modificações no projeto realizadas em
1889 pelo engenheiro Ulrico Mursa, da Comissão de Açudes e Irrigação (atualmente DNOCS),
as obras foram finalmente iniciadas em 15 de novembro de 1890 e concluídas em 1906 já sob
coordenação do engenheiro Bernardo Piquet Carneiro, que assumiu a direção da construção em
1900. Inserido nos monólitos do Sertão Central, o Açude do Cedro é um dos seis bens culturais
que foram incluídos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) na lista indicativa brasileira do Patrimônio Mundial, em 2015. GABARITO: A.

FONTE: https://www.gov.br/dnocs/pt-br/assuntos/noticias/nossas-historias

101. Em 15 de março de 1987, o estreante na política e empresário Tasso Jereissati, tomava posse
no comando do executivo cearense O “Galeguinho dos olhos azuis”, como ficou conhecido na
campanha eleitoral de 1986 devido ao seu fenótipo, diferente da população conseguiria derrotar
os famosos coronéis do Ceará: Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals. Inaugura-se uma
nova etapa na história política do estado. Acerca do assunto, analise as afirmativas que seguem:

I. Pode-se dizer que a vitória de Tasso Jereissati constituiu-se um duro golpe nas tradicionais
oligarquias locais.

II. A chegada de Tasso Jereissati ao poder foi o coroamento de um projeto político burguês cujas
origens estão no ano de 1978, envolvendo o Centro Industrial do Ceará – CIC.

III. Tasso Jereissati foi eleito em 1986 com um discurso que se apresentava como uma “ruptura”
com os coronéis, com a ditadura e com o estado corrupto.

Podemos afirmar corretamente que:

a) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.

COMENTÁRIOS E GABARITO

I. (V). Pode-se dizer que a vitória de Tasso Jereissati constituiu-se um duro golpe nas tradicionais
oligarquias locais. Todavia não significou o fim do domínio das elites econômicas sobre o povo
cearense. O grupo político do novo governador, formado principalmente pela burguesia
industrial, rompera com as antigas classes dominantes, assumindo o controle dos destinos do
Estado.

II. (V). O CIC foi fundado em 1919 com o objetivo de defender os anseios da embrionária
indústria cearense e preparar a frágil classe empresarial para contrapor-se ao operariado que
naquele momento, igualmente se arregimentava por melhores condições de vida.

III. (V). Tasso Jereissati foi eleito em 1986 com um discurso que se apresentava como uma
“ruptura” com os coronéis, com a ditadura e com o estado corrupto, ineficiente e paternalista.
Acabara-se de inaugurar um novo ciclo de poder no estado, era a geração Cambeba. A geração
Cambeba caracterizou-se, sobremaneira, pela busca da “modernização” da máquina
administrativa cearense, era o GOVERNO DAS MUDANÇAS. Ou seja, a promoção de uma
gestão técnica do Estado de modo que se buscasse o equilíbrio orçamentário, promovendo
medidas de austeridade NOS gastos públicos e aumentando a arrecadação de tributos além de
promover corte de gratificações e eliminações de cargos públicos e achatando também de salários
dos Servidores. O discurso era de promover a “eficiência” da máquina pública e a busca da
probidade no trato com a coisa pública. Sem privilégios a particulares, grupos ou políticos. O
que acabou acontecendo pelos benefícios obtidos pelos próprios empresários no governo,
investimento em obras de infraestrutura sobretudo a partir do segundo mandato de Tasso com
verbas e empréstimos do Governo Federal e de órgãos internacionais de desenvolvimento e os
estímulos a indústria e a atividade conexas.
GABARITO: D

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