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COLONIZAÇÃO E MONOPÓLIO
NO NORDESTE BRASILEIRO
SEGUNDA EDIÇÃo
EDITORA HUCrTEC
São Paulo, 2004
Direitos astorais, 2003, de José Ribeiro lámior.
Direitos de publicação reservados por
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Aos meus pais e meus
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380.1065
CDD
380.09812021
164604 981.021
A CONJUNTURA LUSO-BRASILEIRA NA
SEGUNDA METADE DO SECULO XVI
2S
com o O
saldos devedores, na governança joanina, compensados duro
proveniente da colônia brasileira. O principal país forneccdor d foram anulados em virtude da acomo
a após o
Inglaterra queTratado de Methuen (17031 de Ericeira, cujos esforçosocorrido seguida.
Portugal era
e acentuou o desequili. dação a o o u r o do Brasil,
em
mundo luso-
aumentou suas vendas consideravelmente vicissitudes pelas quais passou o
aproveitando-se das vantagens Todas essas
desmandos na administração
brio. Aos poucos os britänicos,
instalaram-se em bom -brasileiro foram acompanhadas por internacional e
concedidas pelos acordoS diplomâticos, desprestígio na política
de escritórios desorganização, avo-
número em Portugal, a maior parte à testa comer gerando de certo tempo 4. O deficit português
a dominar, falta de crédito depois
ciais e casas de negócios. Dessa maneira passaram m o r r e u D. João V, e m 1750, o desequilíbrio
lumava-se. Quando
que ficou do
seu
e exportação, muitas O
dentro de o comércio de importaç 0 era mais coberto.
Portugal, da balança comercial n o
sorvedouras de
parceria com mercadores portugueses. suntuosas, c o m o Mafra,
vezes em reinado foram as obras
vários anos.
controle do comércio com as
tentou melhorar o fabulosa fortuna durante
D. João V ascensão econômica.
fisco. Em 1711 instituiu o como um todo, foi de
colônias e as bases operacionais do O século XVIII, certamente,
de 1650 a 1680 que influiu,
sistema de frotas para a realização desse comércio, obrigando
os
Após a grande depressão iniciou-se um grande impulso eco-
navios estrangeiros a incorporarem-se a
elas. Essas e outras me-
na crise do açúcar brasileiro,
lado de outros fatores ponde nômico que m a r c o u o
século XVIII e chegou ao século seguinte 5.
didas pouco adiantavam porque, ao ascencional da economia
mundial entre
mcrcantil ativa. Os acor Labrousse situa a curva
ráveis, faltava em Portugal uma burguesia
dos internacionais feitos após a Restauraç o asseguravam enormes 1732/35 e 1817 6.
revolução de preços, demo-
vantagens aos mercadores estrangeiros. O século XVIII assistiu a uma
firmaram-se desde
industrial. Os preços subiram,
diminuiu no período joanino. gráfica, agrícola e
1771-1780 7. Tal elevaço de
A produção interna portuguesa debilitaram-se no decênio
as grandes 1732 e
A situação da agricultura piorou gradativamente após n a prosperidade de negociantes
dos grandes portos,
latifúndios nas mos5 preços implicou
remessas auríferas do Brasil, pois os grandes contratos.
luxo da corte, eram armadores, arrendatários de
de uns poucos nobres, mais atraídos pelo a evoluço do comércio
concedidos generosamente A título de ilustração, Vilar mostra
subaproveitados. Preferiam-se os favores libras tornesas 8:
luxo desmesurado e contrastante
cOm d frances, com valor calculado em
pelo rei. Este exibia um
miséria do homem comum do povo. 1716 87 milhões
263 milhões
Brasil produto mais importante, o açúcar, entrara 1720
No o
1695 2. Os do açúcar cairam p 1739 200 a 300 milhões
decadência entre 1660 e preços
550 milhões
arroba, 1668 2 1764
gressivamente: em 1650-3$800 réis a
1$300 réis 3. Além da baixa acentuada do preg 1771 750 milhões
reis e 1688
milhões em 1726
maior dificuldade que passu Somente o comércio colonial passou de 35
do açucar, deve-se considerar a
haver para a compra de mão-de-obra escrava devido a sua a a 210 milhões em 1777.
A
çao pelas zonas mineradoras agravando produção agricold
a Por seu turno o volume do comércio inglês quase triplicou
instalação dos holandeses nas Antilhas estabelecendo o regiml 1772/3. Nesse aumento teve muita importância,
entre 1702/3 e
correncial para o P
açúcar, antes praticamente monopolizado reços na 1.a metade do século, o ouro brasileiro cuja maior parte ia
Brasil, foi a causa fundamental da queda da produção e dem
do açúcar brasileiro. Essa situação levou Portugal a tomatde 4. "O que era política exterior tinha-se visto nos desprezos
da Ingla
série de medidas monetárias industrialistas, na época do o plenipotenciário portuguës fora despe-
terra e na desenvoltura com que
Azevedo, J. L. de. O Marquês
dido do Congresso da Paz em Aquizgrana" 94.
de Pombal e sua época. 2.a ed. Rio de Janeiro, H. Antunes, 1922, p.
"Em 1717 contavam-se cerca de noventa casas de comércio ingi 5. Vilar, P. Oro y moneda.. . p. 300, tua o seu início em 1680-90.
Trade
Somente em Lisboa". Ct. Commercial relations, doc. do Board or historia social. Madrid,
6. Labrousse, E. Fluctuaciones económicas
e
apud Azevedo, J. L. Epocas
de Portugal 7.
*Pcconômico..
Mauro, F. Nova história e Novo Mundo. Saão Paulo, Ed. Persp Perspect Ed. Tecnos, 1962, p. 93.
1969, p. 111. 7. Vilar, P. Op. cit., p. 363.
3. Idem, 8. ldem, Ibidem, p. 312.
p. 112.
26 27
parar na
o mundo português.
Inglaterra por força do
seu predominio comercial sohr
sobre
O ouro brasileiro aumentou se travou nas missões do Uruguai após
tratado de Madrid,
da consideravelmente
produção mundial, que permitiu o
muito maior
o motanta acarretando um gasto forçado de
o
aproximadamente
26 milhões de
netária e portanto circulacão mo-
mo cruzados, o terremoto de 1.° de novembro de 1755
A produção mundial
movimentação maior da economia que destruiu
parcialmente Lisboa, dando um prejuízo em torno de 96 milhões
do ouro cresceu mercantil9
durante quase todo de cruzados e o incêndio na
XVIII 10, o século alfândega de Lisboa em 1764, entre
outros fatores incidentais 12.
Os anos 1759-60-61 iniciaram o
economia portuguesa. Fala-se em crise período
Anos de oscilação da
Quilos de ouro da produção colonial
1681-1700 ouro e produtos tropicais -com al-
10.765 internacional repercussões no comércio
graves
1701-1720 português arrecadação
e na do erário régio 13.
12.820 Essa crise, conforme vários é geralmente situada
1721-17400 autores,
entre 1760 e 1780, decurso coincidente
19.080 com o período de
1741-1760o
24.610 monopolística da Companhia de Comércio que ora estudamos. vigência
1761-1780 Daí a importância em
20.705 precisar alguns dados antes do
Note-se que a
priamente da companhia, a fim de verificar se ela sofreestudo pro-
os efeitos
da conjuntura e
o elevação da produço mundial coincide
início da mineração com
inversamente, se atua sobre a mesma.
no Brasil e o aumento De fato, há uma série de
constatações
constante é
enfraquecimento significativo da economia demonstrativas de um
ao aumento da atividade mineradora paralelo
aumento da produção mundial daBrasil
no
entre 1721 1760. portuguesa. Jorge de
e Macedo relaciona vários fatores
também foi muito prata entre 1681 1780 e sintomáticos,
corrência aos vinhos portugueses, "crise dos como maior con-
e do
intercâmbio importante no aumento da
circulação monetária trigos"
minuiço marcante da produção colonial, escasseamento em 1757, di-
decorrente. entre outros 14. aurífero,
Outra fonte de renda decadente diz
Portugal nesse período de ascensão mundial da comércio de escravos. No século XVII respeito ao
acompanhou o desenvolvimento economia não terra aumentaram França, Holanda e Ingla-
européias. Embora dono de conseguido por outras naçoes a concorrencia ao
diminuindo de forma drástica a sua tráfico negreiro
português
ao menos
em toda a grande quantidade de metal precioso, rentabilidade 15.
primeira
apenas para equilibrar sua metade de do século,
Portugal utilizou-0
A situação econômica
portuguesa,
balança teve bem de 1762 até indubitavelmente, não es-
tendo em atividades reprodutoras de pagamentos, não o inve triênio 1768-1771 16.
1779, sendo o momento mais crítico o
Portugal viu-se obrigado a riqueza. No final do secul
nesmo usara as ações das
ja lançar mão do
papel-moeda,
De todos os setores em baixa
Antes crítica, nenhum foi mais agudo economia
na de
O reinado de D. José I companhias como meio circulan
fase
do que
Portugal nessa
o decréscimo
contra a (1750-1777),
falta de moeda. conforme veremos, utou
produção do ouro brasileiro e o reflexo
monetária. conseqüente na
na
circulação
A "crise"
portuguesa da
segunda metade do século XVIll 12.O Cf. Carnaxide, Visconde de
(Antônio Pedroso
xide). Brasil administração
na
de
Souza Carna
Oualquer estudo econômico
pombalino devem-se levar que se faça do
São Paulo, Comp. Ed. Nacional, pombalina;
13. Cf. Macedo, J. de A
economia e politica externa.
1940. p. 155.
portanies que em conta período cnaum Alguns aspectos. Porto, 1951. p.situação econômica no tempo de Pombal.
pesaram no reindo de alguns acontee ague 14. ldem, 1bidem, p. 164.
159.
9. Não D. José I: a guerta
existem 15. V. Verger, P. Flur et reflux de 5. trait des
dados
,aparte carreada para precisos sobre a de Bénin et Bahia de Todos os Santos du nègres entre le golfe
irgilio Noya Pinto, O Inglaterra. Trabalhoprodução
a rasileiro cle. Paris,
Mouton & Co. 1968; ldem. O dir-septième
da Bahiadr-neuvième
au
de bom do sie
Coniribuição contu ntoé d eCravos do golfo de Benim. Bahia, Univ. fumo
ouro o
tese aos brasileiro e o tráfico de
de estudos da comércio
e o bs: uma Federal, 1966; Ribeiro
Alguns aspectos do tráfico escravo para Nordeste
douturamento economia atlântica anglo-PViL
XVIII. U.S.r XVIU, in Anais do VI Simpósio Nacional dos
Júnior,
11. ados mimeografada,
Mauro exuaidos de Vilar. P. 1972.
no secuo
História. São Paulo, 1973. vol. I, p.
o
brasileiro século
professores universitários de
no
e aliás toda a agricultura brasileira andava em grande depres- talação de uma crise proeunda. Num momento de desintegração
são" 28. Mas é o caso também de se colocar como hipótese a
da economia mineira as conseqüencias não foram to desastrosas.
possibilidade de nesse período, a produção do tabaco (principal A politica econdmica adotada para o Brasil durante o consulado
elemento de intercâmbio do comércio africano) estar em franca
pombalino daria bases operacionais para a governança posterior.
ascensão, uma vez que o número de escravos reclamado pela
mineração era enome 2 políica do Marquès de Pombal
Ação economica, social e
principais pensadores da época. Alguns deles foram chamados por do incentivo à indús-
do combate ao icio, ao clero improdutivo,
soberanos de vários países que procuravam governar despotica- Nunes Ribeiro Sanches,
mente sim, mas fazendo o uso da razão e tendo em vista o bemn tria e maior atenço às colônias. Antonio
também ilustrado, pro-
português, de formação cultural francesa,
público. da agricultura, com rcio
punha soluçöes para o desenvolvimento nas colö-
43. As informações foram extraídas de vários autores, sendo o livro e indústria. E importante sua idéia sobre a agricultura
básico Azevedo, J. i de. 0 Marquês de Pombal e sua época, 2. ed. Pombal. Segundo
emendada. Rio de Janeiro, Livraría Antunes, 1922, passim, nias, visível na politica econdmica aplicada por
das colônias e das conquistas
44. Almeida, F. de. História de Poriugal. Coimbra, Imprensa da Uni- Ribeiro Sanches, "o único objecto
versidade, 1927. Vol. IV, p. 431, Pelo decreto de 16 de agosto de 1781, commercio, mas com tal pre
D. Maria I julgava-o culpado das muitas acu saçöes que pesavam sobre
deve ser a agricuktura universal e o
ele, dispensava as penas corporals, mas obrigaya-o a indenizações o a
viver a 20 16guas da corte. Em malO do ano seguinte falecla o Marques 48. O Marques de Pombal e sua época, P 89.
de Pombal. ldem, p. 446.
Damião Pares). Vol. IV.
45. B.N.L 165, 167, 432, 343, Catálogos de livros de
Códiges 49 Ribeiro, A. Historia de Portugal (Dir. p/
valbo e Melo em Londres. Car politica de Pombal foi "simples reflexO dos
46. v. Martins, A. C. "Luzes", in Dicionário de Histórla de P97. Diz o autor que a
encetar a campanha
método de estudar teve importância considerável nas reformas do
anticlericalismo
não um simples
solidamente estruturado,
influenciado também tivo mais D. Luís da Cunha a
ensino levadas a cabo por Pombal 5., tendo gratuito. Destacava, ainda,
das idéias da escola do dircito natural, ou antijesuitismo ultramar através de u m
a introdução em Portugal dos territórios de
em Portugal, da lei
necessidade de defesa nas colônias, m a s
devendo-se a ele a "reforma do romanismo e organização
militar
nela se programa de povoamento u m a sangria na população
da
da Boa-Razão c da restante legislação pombalina que com o cuidado
de não promover
sacrifício da metró-
de povoar o Brasil sem
inspirou" 54 metrópole. A forma as suas famílias se
os Estrangeiros com
do progresso executado pelo Marquês seria "permitir que
O principal inspirador um dos homens mais cultos e
pole
fossem estabelecer em qualquer
das suas capitanias, que
escolhes-
de Pombal foi D. Luís da Cunha, examinar qual seja a religião" s8, A
diretriz econômica
D. Luís da Cunha (1662-
inteligentes do século XVIII português.
sem
sem,
visualizada pelo perspicaz diplomata.
como desembarga- Brasil era também
o
-1749) iniciou-se na administração portuguesa para
Brasil seria a agricultura, "pois
é certo, que
dor do Porto, da Casa da Suplicação e do Paço. Em 1969 foi O caminho para o tem diminuido a cultura
sua carreira di- descobrimentos das minas
enviado extraordinário em Londres onde iniciou depois dos o numero dos navios,
Londres de 1715 a 1719 e em dos açúcares, e tabacos, e por consequencia
plomática. Foi embaixador em e dos marinheiros que os navega-
Madrid de 1719 a 1720. Morreu em Paris no
exercício do mesmo que trazião aquelles effeitos,levar em conta a agricultura fi-
D. Luís demonstra
59. que
idéias principais encontram-se nas suas vão
cargo (1736-1749). Suas aumentando o movimento comercial,
Milícia, xaria o homem à terra,
"Máximas sobre a reforma da Agricultura, Comércio, a defesa do território colo
e diri- criando dessa forma, condições para
Marinha, Tribunais e Fábricas de Portugal, representadas
da Beira" 55. E com- nizado. Note-se que é exatamente a política econômica
adotada
Prínci
gidas ao Sereníssimo Senhor D. José, de a partir para o Brasil durante a governação
pombalina, conforme veremos.
41
Xavier de
c o m o governador
e capitão, Francisco
As normas mercantilistas, sem ortodoxia, foram as soluçõcs exemplo, veio em setembro
irmão de Pombal. Empossado
adotadas por Portugal pombalino na tentativa de regeneração eco- Mendonça Furtado, anti-jesuítica e n a
demar-
seria o fiel executor da política investiu-
nômica. O fortalecimento do Estado absolutista, intrínseco à prá de 1751 da Cunha nomeado
vice-rei
limites 79. O Conde
tica mercantilista, foi elemento constante nesse período, o que cação de de delegado sem restrições
Carta Patente" n a s prerrogativas todos
-se pela e alçada sobre
explica arremetidas do déspota contra o clero
as
e a nobreza, do monarca", c o m poder
do poder absoluto natural inclusive" 80.
visando antes subordiná-los do que destruí-los. civis e militares ""até
morte
robustecimento da
os funcionários
maior eficiência, pelo
Assim, buscava-se de altos funcio-
administrativas fiscais no Brasil e na metrópole entregues nas mãos
Reformas administração e justiça locais,
e
defender império
o seu e nários fiéis ao despotismo. em vários setores,
As reformas portuguesas visando Na metrópole
buscou-se u m a centralização
tentada na administração pom- técnico-administrativa. Em maio de
1751
a obra de soerguimento econômico de melhoria
n a tentativa
da América, "A mais organismo estatal abrangendo
os
balina tinha como nervo vital a colônia foi criado o Depósito
Público ,
comercial luso-brasileiro. tesourarias das capelas da Coroa,
macia matéria coletável era o intercâmbio
As reformas colocadas depósitos da corte, da cidade, Defuntos e Ausentes, a da
Ouvidoria
Era necessário aproveitá-lo o máximo" 73. a do Juízo dos órfãos,
a dos
do
a preocupação em aumentar
a
Público seria colocado a serviço
em prática no Brasil demonstram da Alfândega etc. O Depósito
de órgãos fiscais administração pombalina.
eficácia da administração. E o caso da criação programa econômnico posto
em prática na
investidas de fun instituído o Erário Régio, organisno
e administrativos locais. As Casas de Inspeção Em dezembro de 1761 foi
do açúcar e tabaco foram contabilidade da receita e despesa de
gões fiscais e reguladoras de preços destinado a centralizar a
Passariam para o controle do Erário
diretamente subordinado à Coroa, devendo todos o s dinheiros públicos 82.
criadas 74 como
órgo como n a s colônias.
Pernambuco e Mara
ser estabelecidas na Bahia, Rio de Janeiro, todas as rendas da Coroa, tanto n a metrópole fazer-se
de justiça, ele próprio informa,
nhão. Objetivando a resolução mais rápida às questões 75 com- Foi proposta de Ratton, segundo
Janeiro da administração
foi criada em fins de 1751 a Relação do Rio de um e x a m e escrupuloso
em todas as repartições
única existente. Várias Juntas de se abolirem os lugares
su-
pletando a da Bahia, até então pública do Império português, "para
Justiça e concessões especiais de jurisdiço a governadores pro-
simplificando-lhe a administraç o,
cuja complicação
76, A Carta pérfluos. a evitá-los: des-
curavam melhoraro funcionamento da justiça na colônia
. .
descaminhos do que
atual tende mais a favorecer
ao capitão-general ddo nas fortunas até dos
meros
Régia de 27 de agosto de 1762 autorizava manifest o
caminhos que bem se
Rio de Janeiro a prover os regimentos dos postos vagos até tenentc- a procura de simplificaço
despachantes" 83. De fato, percebe-se morali-
-coronel para evitar a demora de a solicitaço ir a Portugal 77. Em torná-lo mais funcional. A
no aparelho burocrático para
1765 um alvará ordenava que em toda a parte do Brasil onde matéria que exigiu a mais rigorosa
houvesse Ouvidor, se formassem Juntas de Justiça para deferir os
zação dos cargos públicos foi no Brasil, eram ex-
atitude da Coroa. Os abusos, principalmente
recursos 78, e Fazenda, arrematados
cessivos. Por exemplo, os cargos de Justiça
Para certos postos-chave da administração colonial brasileira na metrópole, chegavam a ser revendidos,
na colônia, com lucros
foram nomeados elementos de confiança do novo Ministério, in- apreciaveis.A realeza a promover uma fiscalização rigorosa
passou
tegrados no espírito reformista. Para governar o Maranhão, por
-
C.LP. Vol. I.
Tratado de Madri 13/1/1750. A.D.S.
de
73. Carnaxide. Op. cit., p. 114, 79. V. Boxer,
1. R. - A idade do ouro no
74. A.D.S.- C.LP. Vol I (1750-1762) p. 38; C.A.P.- L.D.A. 750-1762- Suplemento), p.
Vol. 1 (1750-1758)) f1. 28. As Casas de Inspeção deviam "dar annualmente Brasil. 2.4 ed. revista. S. Paulo, Ed. Nacional, 1969, p. 304-305.
conta pelo meu Conselbo OlramariFo e pela Secretaria de Estado, dos 80. Machado, L G. "Politica e administração sob os ultimos vice
(Dir. Sergio Buarque de
impedimentos que achar que obstem ao progresso da lavoura"
75. O regimento da relaçã0_do Rio de Janeiro é de 13 de outubro.
reis, in História geral da civilização brasileira
Holanda) S. Paulo, D.E.L., 1960, tomo 1, vol. Il, P. 300.
A.D.S76. Carta Vol.deI (1750-1762). p. 102.
C.P. 81. Carnaxide. Op. cit., p. 115.
Régia 26/8/1758 criava a Junta de Justiça em Cuiaba 92. dem, p. 108.
do seu
e Mato Grosso, A.D.S. C.L.P. Vol. I (1750-1762 83. Ralton, Recordaçöes de J. Ratton sobre ocurrencias
Idem para o Gráo-Pará e
Maranhão, p. 562 e 759.
Suplemento) p. S60 po, de maio de 1774 a selembro de 1810. 2. edição revista por
J.M.
77. Idem. p. 872. CIxeira de Carvalho. Coimbra. Universidade, 1920, p. 119.
78. C.A.P. L.D.A.
-
-
Vol. V. (1765-1769) fl. 9.
43
42
sobre os titulares dos cargos arrematados, assegurando-se o dircito a sistemática
mudada em 1713 pela
na extração, foi
de confirmá-los ou suspendê-los. Os funcionários reais passaram empregadas Mudou-se para o sistema dos quintos,
arrobas anuais.
a ter regulamentação minuciosa com respeito a suas obrigaçõcs, finta" de 30 Casas de Fundição. Em
arrecadação feita pelas
horário de trabalho e salários 84. O aparelho arrecadador no Brasil a partir de 1719, foi feita no sisterma de arrecadação,
esta-
tornou-se mais severo. Veremos adiante as medidas tomadas quanto 1733 nova modificação tempo em que
e c e n s o da indústria",
a o
belecendo-se a "capitação
à arrecadação dos produtos das minas. Sobre o comércio também Intendências da Fazenda Real e extinguiam-se as
as
se criavam bons resultados para
investiu o aparelho fiscal, cobrando dívidas atrasadas, especialmente novo sistema não deu
Casas de Fundição. O
na Bahia 85, e rigoroso exame dos livros e demais papéis concer diminuiu.
Coroa, porque a arrecadação
nentes à arrecadação real. A legislação estabelecendo penas contra 1750 restabeleceu o sistema dos
O Alvará de dezembro de mínima de 100
comércio ilícito (incontrolável, aliás) é abundante no período. e fixava u m a cota
o quintos, as Casas de Fundição, de moeda
Note-se na legislaçãÍ pombalina o seu aspécto dinâmico, mo-
arrobas anuais 8. O m e s m o alvará proibia a circulação
dificando determinações sempre que necessário 86, severas aos contrabandistas e falsifi-
de ouro e estabelecia penas
Saliente-se o explicitamento, em muitos textos legisladores, Casas de Fundição com-
cadores. O Regimento das Intendências e
determinando a função de cada servidor,
da preocupação portuguesa em igualar "O systema das leis deste pletavamo alvará citado,
maximas communs a todas as Nações da Europa" 87. horário de trabalho °. Várias
Reinos com as eleições dos cargos mais elevados,
Decreto Real de 30/9/1755 criava uma Escola de avisos completavama nova forma tributária °.
Esse que é um instruções e
Comércio para filhos de negociantes, para torná-los hábeis Essas medidas na colônia eram completadas através provi-
na
escrita contábil. São aspectos da adequação portuguesa ao seu dências com o fito de evitar, também na metrópole, a exportação
tempo. Portugal tentava reaparelhar-se para _gerir o seu Império do metal nobre. Foi criado o imposto de 1% sobre o ouro
ex-
colonial procurando absorver de forma efetiva os estímulos dos portado, porcentagem elevada para o dobro em 1754 92
excedentes coloniais. indica que
A mudança no processo arrecadador em 1750
sistema anterior ou que, no minimo,
estava havendo queda pelo
As minas do Brasil a realeza necessitava aumentar os seus créditos.
E a arrecadação
do Reiando de D. José I °3, sob o
No plano reformista de Portugal pombalino foi elaborada aumentou nos primeiros anos
influxo de leis cada vez mais coercitivas, aspecto da exploração
cuidadosa disciplinação da atividade mineradora. A percepção do
colonial.
tributo da mineraço fora sempre matéria de realce, pela impor-
tância de que era revestida essa atividade 88, Primeiramente cal- O diamante mereceu, igualmente, cuidado especial na metró-
culado o imposto devido, tendo como base o número de batéias pole durante o governo pombalino. No século XVIlI o Brasil foi
O principal produtor mundial de diamante. Foram intensificadas
Sua exploração e comercialização , declarando a Coroa sob sua
84. V.. por exemplo, as minúcias contidas no Regimento das Inten-
dênciase Casas de Fundição, de 4/3/1751. C.AP. - LD.A. - V o l . I proteção o comércio da preciosa pedra. Desde 1731 a exploração
(1750-1758) . 28. A.D.S. C.LP. Vol. I (1750-1762) p. 40.
Sobrec de diamantes era estanco do Estado e assim permaneceria ate
salários de tuncionários da Justiça Alvarás de 10/10/1754. A.D.S.
C.LP. Vol. I (170-1762) p 315. Sobre detalhes de funções de cada
funcionário V. Regimento da Relação do Rio de Janeiro. A.D.S. - C.L.P. Vol. I (1750-1762)), p. 21. Quando em um
vol 89. A.D.S.-C.L.P.
I1750 0 de abril de 1755, A.D.S.- C.L.P. Vol. I ano não fosso completada quantia fixada proceder-se-ia à
derrama.
C.LP.
(1750- 90. C.A.P.-LD.A. Vol. 1 (1750-1758), f1. 28; A.D.S.
-
sobreditas fraudes,
Também objetivando a "total extirpação de todas as
lização Brasiletra (Dir. Sergio B. de Holanda). São Paulo, D.E.L, 1960.
Tomo I, vol. 2.°, p. 347. preocupação constanle em todas as leis sobre comércIo.
102. C.A.P. Vol. I (1750-1758), fl. 117.
A.D.S.- C.L.P. Vol. I (1750-1762), p. 38.
96.
97. ldem, Ibidem, p. 32. 103. A.D.S.
L.D.A. - -
projeto na cm torno da
congregando-os mercantis 18, Pombal
Reais pescas do Algarve. Essas foram as sociedades mercantis obrigatória para as transações
passou a enviada ao Cardeal da
ser
mais importantes, ou de maior duração. As seis companhias abran- ministro, cm carta
antes de ser
mesmo
não se extendia a mais
giam, teoricamcnte, o Atlântico-Norte e Sul e o Indico. Mota dizia que "a função
dos ministros
restava depois a execução
A primcira experiéncia do reinado de D. José I parece t: os planos sabiamente:
do que a formar homens de nezócio" 17. Prote-
mecanismo dos
sido a Companhia"" da Asia, mais uma pequena sociedade (Fcli ques ó pertence
ao
nacionais e as companhias através
tambem os comerCiantes
Von Oidenberg, Martinho V. Oldenberg c João André Calvet) do giam-se
comissários volantes 0, via de regra estrangeiros
concessão da extinção dos
no
51
circular capitais
improdutivos
de tributos. Pombal chegou a fcchar várias casas, por fraudan leis objetivando fazer maio de 1757 permitia
Outras alvará de 16 de
o fisco, como Russillon c Debadie (ingleses) e Cambiazo (gen sucedendo. O bens pertencentes
foram se fundos vinculados,
ves) 123. O prestígio ao comerciante nacional explica-se pela fórmui companhias
com
deviam
consideradas
entrar nas
ser
da mercantil e o con . As companhias
mercantilista de enriquccimento burguesia Morgadose Capelas circuiar como dinbeiro nas
tributária 12. As companhias e a
ações podiam
seqüente aumento da arrecadação e suas
bancos públicos
Era proibido
receber ações das companhias
comércio e as fábricas financiadas pclo Estado visavam, tambem transações
mercantis.
elas fazer especulações
e com
125.
declardo
real. s e u valor
o aumento da arrecadação abaixo do fomentistas funcio
as camadas sociais, m
protecionistas e
Foi buscada a participação de todas Todas e s s a s providências economica pombaiina.
Esta visou
circula_ da politica
sentido de colocar o máximo de capital possivel
cm
navam c o m o suporte comercial e o fomento
indus-
imobilizados, estimularam-se básicos: a restauração
Para atrair capitais particulares dois objetivos de comercio
circunscreve-se, por-
interesse e a confiançamercantil. Convocavam-se as duas clas trial. A criação de companhias economia portuguesa. A
da
nobreza para partic1par dos em de racionalização
e tanto, n u m plano considerado
mais importantes-burguesia tudo o que fosse
comércio feito através das companh filosofia estava presente, pois
preendimentos comerciais. O aova
Veja-se, por exemplo, como
que a nobreza da época após 50 anos usufruindo do luxo pro- economica e politica das coionias à Metropole: aproveitar todas
atividades comerciais. Pomba
vocado pelo ouro do Brasil- via as as possibilidades daquelas, em produço
e c o n s u m o , em beneficio
mercantil de tal forma que, "se a economia metro-
passou a dignificar a burguesia desta 1", Buscava-se, outrossim, modernizar
sua sala concorrião Fidalgos c Negociantes para lhc falar cm n: o comercio e a po-
dizendo, que o tempo lhes c :
poitana com a mobilizaço de capitais para
gócios, attendia primeiro a estes, itica manufatureira.
muito precioso, e que geralmcnte fallando, vinhão trazer entr
eriadas
tanto quc aquelles vinhäo commumente buscar,
c tinh o pouce Nosso trabalho ocupa-se de uma das duas compandias
de Pernambuco e Paraiba. A pri
Cm que empregar o seu tempo" i26. O M rquês apoiava c buscav para o Bravil a10 Companhia
o apoio da burguesia comercial visando dinamizar a cconomia por em junho de l755 com a de explorar
Åunço
eira toi instiluida
tuguesa comercio, a agricultura e promover o povoamento da região
centralizadora, havia três direções (no Porto, tributos alfandegários. Havia algumas
dessa administraço que pagavam como as
Em outros pontos onde sobre alguns produtos exportados
Pará e Maranhão) subordinadas à primeira. vimos anteriormente, a ser exportados
passaram
a companhia comerciaya
havia feitores ou representantes: Cabo madeiras, café, etc. Os produtos que Maranhão
Bahia, Angola, o que da Companhia do Grão-Pará e pelos portos de
Verde, Cacheu, Bissau, Ilhas da Madeira,
através
133 foram:
mercantil da empresa. 0 Belém e São Luís
fornece a geografia da circulação mais de 60%
Cacau, produto nativo da região. Representava
nos
um capital formado
projeto de criação do empreendimnento previa
réis cada, mas, com muita da exportação pelo porto de Belém. Assinale-se o fato de o incre-
pela venda de 1.200 ações de 400$O00
Essa no complementação do mento da exportação cacaueira representar
aumento de c o n s u m o
dificuldade foram vendidas 1.164. a elaboração do chocolate.
experiência com para o açúcar exigido para
capital deve estar ligada ao fato de de primeira
ser a
Arroz, gênero importante na alimentação (não
tanto quanto
Pombal, não havendo ainda
companhia de comércio no governo antes da
suficiente confiança para empreendimentos
dessa natureza. O ca hoje) teve um impulso importantíssimo. Insignificante incentivos
ao contrário, era cercado
de companhia, passou a um volume considerável após os
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não se dando divulgação a por instância da Ordem, demons
cle 145
áreas subaproveitadas
ou abandonadas
1755- foi promulgada a lei 146 pela Os documentos por fruto de u m a maior c o n -
Maranhão- 6 de junho de dos contratos, c o m o
a liberdade dos índios por
suas pessoas cente valorização a u m e n t o efetivo da
qual a Coroa declarava coincidëncia de datas não e r a mero acaso, fiança no governo
de Pombal, e tudo indica,
tabaco e açúcar não
bens e comércio. A contratos c o m o
de 1759 declarava os jesuítas expulsos de Portugal e todos os seus as rendas provenientes das minas, ia desenvolvendo os outros se-
domínios. Deu-se o golpe mortal nos jesuítas com a expulsão tores ligados à agricultura comercial, meta maior da política eco-
C.A.P, Constantes
em rds coleções de legislação: A.D.S, C.C.L.E. e
Almeida, F. Op. ciu, Vol. IV, p. 341 e segs.
149. além de cópias de contratos cnconlrados em varios
150. A.D.S.- C.L.P., Vol. I (1750-1762) Suplenmento
p. 4/ arquivos.
.Como já ficou dito talta monogratias por setores a im de
iLens moslran as inter poder haver melhor
venções indevídas no Império portugués p:los Je>u avaliação.
59