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JOSÉ RIBEIRO JÚNIOR

COLONIZAÇÃO E MONOPÓLIO
NO NORDESTE BRASILEIRO

A Geral de Pernambuco e Paraíba


Companhia
(1759-1780)

SEGUNDA EDIÇÃo

EDITORA HUCrTEC
São Paulo, 2004
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filhos
Aos meus pais e meus

com muuto carnho

Ceatro de Catalogação-na-Fonte,
Came Brsikin o Lio, SP

Ribeiro lénicz, José, 1939


R372 Coloeizzcão e monopólko no Nordeste brasileiro: a Compa-
G de Pernambaco e Paraiba, 1759-1780. Sao Paulor Hucite
2004.
P iast(Estados Hisóricos, 51)

Bibliografa
ISEN 85-271-0600-0

1Brasil História -Periodocolonial 2 Brasil Regão


Nordeste Comécio História Periodo colonial 3. Companhía
T de Permbuco e Paraiba 4. Companhias coloniais I. Titulo.

380.1065
CDD
380.09812021

164604 981.021

indice pera caáiogo sistemático


BrailPeriodo ulnial: Hesia cokonial
2 B osinis Hikra 981 021
981 021
3.Brai cokna Nodeste Comacio: Históna 380.09812021
Comaia Gerai de Paseuco e Paraiba 380 1065
Comakas knais: Coméscio
6. Cgaas BESCÍs 380.1065
380.1065
produtivos coloniais que aceleraramformação do Capitalismo em su:
a

fase mercantil. O exclusivo da ação comercial, mostrado em todos os


seus detalhes, pöe as evidências dos instrumentos da exploração colonial
e também, elemento importante, o processo contraditório de formação
social do Novo Mundo. As resistências de senhores de terras e negocian-
tes locais e as crises aqui retratadas deixam claros os conflitos inerentes
ao sistema colonial. Os aumentos de preços dos manufaturados, impos-
tos e apertos nas cobranças de dividas, provocam queixas das Câmaras
do Senado locais. Desde o início, aliás, a Companhia foi rechaçada pelos SUMÁRIOo
coloniais sempre submetidos pela empresa fruidora do poder outorgado
por intermédio do poderoso Marquês de Pombal. Nenhuma
pela Coroa,
força, no entanto, impedia o boicote na qualidade e peso dos produtos
coloniaise os contrabandos via Bahia e Rio de Janeiro.
Por outro lado a Companhia, embora carente de capitais e depen- pag
dentes de manufaturas estrangeiras, demonstra admirável mobilidade PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO IX

geográfica, própria do tempo. Sua abrangência atlântica conectava o nor-


deste da América portuguesa e diferentes portos da
INTRODUÇÃO
Angola
Africa notadamente
a outras praças da Colônia e, passando pela Metrópole, a và- CAPITULo I
Amsterdam Londres MERCANTILISMOE COMPANHIAS DE COMERCIO.
rias outras cidades da Europa. e eram os
mercados
que obtinham os melhores preços pelo açúcar nordestino, realizando lu
cros bem superiores aos de Lisboa. Os lucros alcançados nos leilðes de CAPITULO II
Lisboa mais do que duplicavam nas mãos dos negociantes holandeses e ACONJUNTURA LUSO-BRASILEIRA NA SEGUNDA META-
DE DO SECULO XVIII 25
ingleses.
Permito-me, para finalizar, uma alusão muito particular. Na minha CAPITULO III
AINSTITUiÇÃO DA COMPANHIA DE COMRCIO DE PER-
carreira de pesquisador e professor, tiveram importante influência trës
grandes historiadores que não mais estão entre nós. Nesta oportunidade NAMBUCO E PARAIBA 61
presto-lhes homenagem de maneira muito saudosa e profunda. Amaral
CAPITULo IV
Lapa, Francisco Iglésias e Barradas de Carvalho. A CIRCULAÇÃO MERCANTIL DA COMPANHLA 103
São Paulo, primavera de 2003. CAPiTULo V
CRISES, CONTRADIÇòES EFIM DO MONOPOLIO. 17
- Jost RiBEIRO JÚNIOR CONCLUSÖES 203

FONTES cONSULTADAS. 209


CArfrULO

A CONJUNTURA LUSO-BRASILEIRA NA
SEGUNDA METADE DO SECULO XVI

Para se poder situar a Companhia do Comércio de Pernamn


buco e Paraíba no seu tempo e avaliar seu significado histórico
para o Brasil e Portugal, torna-se necessário verificar a situação
portuguesa no
século XVIII e suas relações com a sua colônia
mais importante, Brasil, bem como a interação entre o
o
luso-brasileiro c a conjuntura internacional.
mundo

O período de 1750-1777 do reinado de D. José I, no qual se


desenvolveu a ação colonizadora da citada
companhia, não pode
ser desligado da governança
precedente. Ele significa o tim de um
período fausto representado pela grande extração aurifera verifi-
cada no Brasil. Por conseguinte, representa, também, um
momento
histórico em que se buscam sohuções
para compensar a falta do
precioso metal. Sente-se, com a diminuição das receitas do
brasileiro, a necessidade de conseguir o metal nobre atravésouro
fomento a outras atividades econdmicas do
saida contínua do ouro po«suido e que pudessem evitar a
propiciar a sua aquisição.
Portugal e a conjuntura intermacional do século XVu
O reinado de D. Joao V (I706-1750) caracterizou
politico marcado pelo absolutismo. Desde 1698 as cortes um periodo

reuniam, situação que perduraria durante todo o não se


século XVlL.
A economia
exportação do vinho, sal, frutas,tradicionalmente,
portuguesa, assentava-se na
azeite e cortiça,
metrópole; tabaco, açúcar, madeira, cacau a produzidas na
das suas colónias. lmportava manufaturas, escravos, produtos
alimentícios. Sua balanga comercial e rigo outros gèneros
era deticitária, sendo os scus

2S
com o O
saldos devedores, na governança joanina, compensados duro
proveniente da colônia brasileira. O principal país forneccdor d foram anulados em virtude da acomo
a após o
Inglaterra queTratado de Methuen (17031 de Ericeira, cujos esforçosocorrido seguida.
Portugal era
e acentuou o desequili. dação a o o u r o do Brasil,
em
mundo luso-
aumentou suas vendas consideravelmente vicissitudes pelas quais passou o
aproveitando-se das vantagens Todas essas
desmandos na administração
brio. Aos poucos os britänicos,
instalaram-se em bom -brasileiro foram acompanhadas por internacional e
concedidas pelos acordoS diplomâticos, desprestígio na política
de escritórios desorganização, avo-
número em Portugal, a maior parte à testa comer gerando de certo tempo 4. O deficit português
a dominar, falta de crédito depois
ciais e casas de negócios. Dessa maneira passaram m o r r e u D. João V, e m 1750, o desequilíbrio
lumava-se. Quando
que ficou do
seu
e exportação, muitas O
dentro de o comércio de importaç 0 era mais coberto.
Portugal, da balança comercial n o
sorvedouras de
parceria com mercadores portugueses. suntuosas, c o m o Mafra,
vezes em reinado foram as obras
vários anos.
controle do comércio com as
tentou melhorar o fabulosa fortuna durante
D. João V ascensão econômica.
fisco. Em 1711 instituiu o como um todo, foi de
colônias e as bases operacionais do O século XVIII, certamente,
de 1650 a 1680 que influiu,
sistema de frotas para a realização desse comércio, obrigando
os
Após a grande depressão iniciou-se um grande impulso eco-
navios estrangeiros a incorporarem-se a
elas. Essas e outras me-
na crise do açúcar brasileiro,
lado de outros fatores ponde nômico que m a r c o u o
século XVIII e chegou ao século seguinte 5.
didas pouco adiantavam porque, ao ascencional da economia
mundial entre
mcrcantil ativa. Os acor Labrousse situa a curva
ráveis, faltava em Portugal uma burguesia
dos internacionais feitos após a Restauraç o asseguravam enormes 1732/35 e 1817 6.
revolução de preços, demo-
vantagens aos mercadores estrangeiros. O século XVIII assistiu a uma
firmaram-se desde
industrial. Os preços subiram,
diminuiu no período joanino. gráfica, agrícola e
1771-1780 7. Tal elevaço de
A produção interna portuguesa debilitaram-se no decênio
as grandes 1732 e
A situação da agricultura piorou gradativamente após n a prosperidade de negociantes
dos grandes portos,
latifúndios nas mos5 preços implicou
remessas auríferas do Brasil, pois os grandes contratos.
luxo da corte, eram armadores, arrendatários de
de uns poucos nobres, mais atraídos pelo a evoluço do comércio
concedidos generosamente A título de ilustração, Vilar mostra
subaproveitados. Preferiam-se os favores libras tornesas 8:
luxo desmesurado e contrastante
cOm d frances, com valor calculado em
pelo rei. Este exibia um
miséria do homem comum do povo. 1716 87 milhões
263 milhões
Brasil produto mais importante, o açúcar, entrara 1720
No o
1695 2. Os do açúcar cairam p 1739 200 a 300 milhões
decadência entre 1660 e preços
550 milhões
arroba, 1668 2 1764
gressivamente: em 1650-3$800 réis a
1$300 réis 3. Além da baixa acentuada do preg 1771 750 milhões
reis e 1688
milhões em 1726
maior dificuldade que passu Somente o comércio colonial passou de 35
do açucar, deve-se considerar a
haver para a compra de mão-de-obra escrava devido a sua a a 210 milhões em 1777.
A
çao pelas zonas mineradoras agravando produção agricold
a Por seu turno o volume do comércio inglês quase triplicou
instalação dos holandeses nas Antilhas estabelecendo o regiml 1772/3. Nesse aumento teve muita importância,
entre 1702/3 e

correncial para o P
açúcar, antes praticamente monopolizado reços na 1.a metade do século, o ouro brasileiro cuja maior parte ia
Brasil, foi a causa fundamental da queda da produção e dem
do açúcar brasileiro. Essa situação levou Portugal a tomatde 4. "O que era política exterior tinha-se visto nos desprezos
da Ingla
série de medidas monetárias industrialistas, na época do o plenipotenciário portuguës fora despe-
terra e na desenvoltura com que
Azevedo, J. L. de. O Marquês
dido do Congresso da Paz em Aquizgrana" 94.
de Pombal e sua época. 2.a ed. Rio de Janeiro, H. Antunes, 1922, p.
"Em 1717 contavam-se cerca de noventa casas de comércio ingi 5. Vilar, P. Oro y moneda.. . p. 300, tua o seu início em 1680-90.
Trade
Somente em Lisboa". Ct. Commercial relations, doc. do Board or historia social. Madrid,
6. Labrousse, E. Fluctuaciones económicas
e
apud Azevedo, J. L. Epocas
de Portugal 7.
*Pcconômico..
Mauro, F. Nova história e Novo Mundo. Saão Paulo, Ed. Persp Perspect Ed. Tecnos, 1962, p. 93.
1969, p. 111. 7. Vilar, P. Op. cit., p. 363.
3. Idem, 8. ldem, Ibidem, p. 312.
p. 112.

26 27
parar na
o mundo português.
Inglaterra por força do
seu predominio comercial sohr
sobre
O ouro brasileiro aumentou se travou nas missões do Uruguai após
tratado de Madrid,
da consideravelmente
produção mundial, que permitiu o
muito maior
o motanta acarretando um gasto forçado de
o

aproximadamente
26 milhões de
netária e portanto circulacão mo-
mo cruzados, o terremoto de 1.° de novembro de 1755
A produção mundial
movimentação maior da economia que destruiu
parcialmente Lisboa, dando um prejuízo em torno de 96 milhões
do ouro cresceu mercantil9
durante quase todo de cruzados e o incêndio na
XVIII 10, o século alfândega de Lisboa em 1764, entre
outros fatores incidentais 12.
Os anos 1759-60-61 iniciaram o
economia portuguesa. Fala-se em crise período
Anos de oscilação da
Quilos de ouro da produção colonial
1681-1700 ouro e produtos tropicais -com al-
10.765 internacional repercussões no comércio
graves
1701-1720 português arrecadação
e na do erário régio 13.
12.820 Essa crise, conforme vários é geralmente situada
1721-17400 autores,
entre 1760 e 1780, decurso coincidente
19.080 com o período de
1741-1760o
24.610 monopolística da Companhia de Comércio que ora estudamos. vigência
1761-1780 Daí a importância em
20.705 precisar alguns dados antes do
Note-se que a
priamente da companhia, a fim de verificar se ela sofreestudo pro-
os efeitos
da conjuntura e
o elevação da produço mundial coincide
início da mineração com
inversamente, se atua sobre a mesma.
no Brasil e o aumento De fato, há uma série de
constatações
constante é
enfraquecimento significativo da economia demonstrativas de um
ao aumento da atividade mineradora paralelo
aumento da produção mundial daBrasil
no
entre 1721 1760. portuguesa. Jorge de
e Macedo relaciona vários fatores
também foi muito prata entre 1681 1780 e sintomáticos,
corrência aos vinhos portugueses, "crise dos como maior con-
e do
intercâmbio importante no aumento da
circulação monetária trigos"
minuiço marcante da produção colonial, escasseamento em 1757, di-
decorrente. entre outros 14. aurífero,
Outra fonte de renda decadente diz
Portugal nesse período de ascensão mundial da comércio de escravos. No século XVII respeito ao
acompanhou o desenvolvimento economia não terra aumentaram França, Holanda e Ingla-
européias. Embora dono de conseguido por outras naçoes a concorrencia ao
diminuindo de forma drástica a sua tráfico negreiro
português
ao menos
em toda a grande quantidade de metal precioso, rentabilidade 15.
primeira
apenas para equilibrar sua metade de do século,
Portugal utilizou-0
A situação econômica
portuguesa,
balança teve bem de 1762 até indubitavelmente, não es-
tendo em atividades reprodutoras de pagamentos, não o inve triênio 1768-1771 16.
1779, sendo o momento mais crítico o
Portugal viu-se obrigado a riqueza. No final do secul
nesmo usara as ações das
ja lançar mão do
papel-moeda,
De todos os setores em baixa
Antes crítica, nenhum foi mais agudo economia
na de
O reinado de D. José I companhias como meio circulan
fase
do que
Portugal nessa
o decréscimo
contra a (1750-1777),
falta de moeda. conforme veremos, utou
produção do ouro brasileiro e o reflexo
monetária. conseqüente na
na

circulação
A "crise"
portuguesa da
segunda metade do século XVIll 12.O Cf. Carnaxide, Visconde de
(Antônio Pedroso
xide). Brasil administração
na
de
Souza Carna
Oualquer estudo econômico
pombalino devem-se levar que se faça do
São Paulo, Comp. Ed. Nacional, pombalina;
13. Cf. Macedo, J. de A
economia e politica externa.
1940. p. 155.
portanies que em conta período cnaum Alguns aspectos. Porto, 1951. p.situação econômica no tempo de Pombal.
pesaram no reindo de alguns acontee ague 14. ldem, 1bidem, p. 164.
159.
9. Não D. José I: a guerta
existem 15. V. Verger, P. Flur et reflux de 5. trait des
dados
,aparte carreada para precisos sobre a de Bénin et Bahia de Todos os Santos du nègres entre le golfe
irgilio Noya Pinto, O Inglaterra. Trabalhoprodução
a rasileiro cle. Paris,
Mouton & Co. 1968; ldem. O dir-septième
da Bahiadr-neuvième
au
de bom do sie
Coniribuição contu ntoé d eCravos do golfo de Benim. Bahia, Univ. fumo
ouro o
tese aos brasileiro e o tráfico de
de estudos da comércio
e o bs: uma Federal, 1966; Ribeiro
Alguns aspectos do tráfico escravo para Nordeste
douturamento economia atlântica anglo-PViL
XVIII. U.S.r XVIU, in Anais do VI Simpósio Nacional dos
Júnior,
11. ados mimeografada,
Mauro exuaidos de Vilar. P. 1972.
no secuo
História. São Paulo, 1973. vol. I, p.
o
brasileiro século
professores universitários de
no

informa Oro y 16. Macedo, J. de. 385-404.


Portugalmoneda...
que em 1808 P. Op. cit., P. 165.
28 emid t tRO0 réis.
29
A crer-se nos dados fornccidos por J. J. Teixeira 17, a arre-
cadação dos quintos não demonstraria um quadro de depressäo da realeza. Acrescente-se a iso a imprevidncia do rei D. José I
acentuada. A diminuição maior verificou-se no qüinqüênio 1772- valorizar suficientemente o que representava para
quc parecia não
-1776. A queda mais brusca deu-se cm 1773 quando a arrecada-
ção caiu de uma média anual de aproximadamente 90 arrobas o reino, a escassez do ouro e a queda da produção da agricultura
brasileira. "Os cavalos c os cantores do rei D. José absorviam
para 78 arrobas. Em 1777 declinava para 70 arrobas.
fortunas. Só com o teatro o rci gastava 250.000 francos por ano.
Assim, no que diz respeito a arrecadação, a situação não o tesouro
Mas essas despesas eram pesadíssimas para que acusava
chega a ser de crise. O que seguramente houve foi o decréscimo o toque: os fornecimentos à Casa Real ficavam anos sem
pagar" 20.
da produção de ouro pelo
esgotamento progressivo das minas. As dívidas aumentaram desde 1761 para atingir em 1780 a ele-
Essa redução, no entanto, foi
compensada pelo maior rigor fiscal vada quantia de 1.289:521$067 réis 21
e melhoramento na
arrecadação em que a Coroa se empenhou, a No tocante às importações portuguesas a maior fornecedora
partir de 1750, mudarido a forma de cobrança- abolia a capi- de Portugal era a Inglaterra. Durante a primeira metade do sé-
tação e restabelecia o sistema dos quintos fixando o seu montantec culo XV*II só Holanda e Alemanha consumiram mais produtos
anual em 100 arrobas 18.
ingleses do que Portugal. As importações da Inglaterra diminuíram
A cunhagem de moeda de ouro em
Portugal dá-nos uma durante o reinado de D. José I de forma progressiva. Entre 1750
idéia melhor da diminuição. Entre 1752 e 1756 a e 1760 a média anual das importações era de £ 1.200.021. Emn
amoedação
anual girou em torno de 1.300:000S000 réis. Em 1769 desceu 1772 era de £ 635.000; em 1773 de £ 532.000. Claro que essa
a
quase um terço, ou seja 497.058SS60 réis, essa sim uma baixa diminuição nas importações refletia-se na renda real devido a não
brusca e significativa. Em 1770 voltou a haver amoedação
maioor arrecadação alfandegária correspondente. A queda ocorrida nas
959.513S600 réis e em 1771 tornou a cair para 655.283S400 importações portuguesas pode ter sido motivada por duas razões:
réis 19. Quanto à retração da agricultura no Brasil, cla vinha da ou aumentou a produçáão interna portuguesa, diminuindo por con-
1.3 metade do século e tornou-se mais sentida seguinte a necessidade de importações, ou diminuiu o poder aqui-
quando a mine- sitivo de Portugal no reinado de D. José I. A segunda posibilidade
ração começou a dar sinais de debilidade.
Parece evidente a estreita relação entre o decréscimo dos parece evidenciar-se em função dos cálculos do "Board of Trade"
produtos provenientes do Brasil (que representavam 3/4 das ex de Londres que calculava em 1/10 apenas o suprimento das
necessidades portuguesas através de suas próprias indústrias . No
portações portuguesas) e a crise que ameaçou Portugal nos anos
de 1760 a 1780. último ano do reinado de D. Jos I a balança comercial portuguesa
D. José I procurou compensar o escasseamento apresentou um deficit de 1.492:427S195 réis, tendo importado
através do aumento de impostos e maior rigor nas
produtivo 6.397:054$547 e exportado 4.904:627S352 , Nessa altura o
cobranças. desequilíbrio não era mais coberto com o ouro do Brasil. Em
Esses expedientes não
aumentaram, porém,
os
créditos
que os gastos eram, também, muito grandes, em busca de soluções
reais, por 1775 o Marques a Martinho de Melo e
do Lavradio informava
substiiutivas: financiamento de fábricas reais, subvenções c pri Castro achar-se o Rio de Janeiro "na maior decadència". Em
1781, o vice-rei Luiz de Vasconcelos e Sousa enviava à metrópoie
vilégios a indústrias, isenções concedidas sobre algumas matérias-
primas. Lembrem-se as despesas para a construção de Lisboa consideráveis débitos da Capitania do Rio de
Santa Catarina"
Janeiro
e
suas su-
sem falar
que absorviam boa parte dos 6 mil contos anuais como receita balternas Rio Grande de São Pedro e
nos papéis que se poderão ainda manifestar, e de que se ignoram
17. Entre 1751/52e as quantias" 24.
1755/56 a arrecadação foi de 519 arrobas
(des
prezamos as frações); ent1re 1756/S7 e 1760/61 foi de 522 arrobas;
1761/62 e 1765166 de 128 arrobas; 1766/67 a 71 de 427 arrobas; de 20. Macedo, J. de. Op. eit., p. 178.
1772 a 16 Ce 385 arrobas. Cf. 21. ld nm, lbidem, p. 184.
1778 pelo autor JJ. Exlracto de uma nmemória escrita em 22. Dados extraídos de Carnaxide. Op. cit.. p. 79.
Teixeira, iranscrilo
18. Cf. Aivará de 3 d: dezembro de 1750Carnaxide. Op. cit., 241-252.
em
Geral do Co
do ouro. AD.S. que regulava a arrecadação 23. Ms, da Biblioteca Nacional, 1. 6, 4. 6: "Balança de
19. Dados
C.LP, Vol. (1750-1762),
I p. 21. mercio lo R:yno de Portugul com as Naçdes Estrangeiras no anno
exiraadosde Macedo, J. de.
Op. cil. p. 167, cuja 1777". Canaide afirma que "nos ires ülimos anos do reinado a prouydo
geral dus moedas portmguesas, 2."fonte
foi
Teineira de Aragáo,
Desciiçdo vol. p do Brasil chegou ao minimo. A crise econdmica agravou-se
ao måumno
420-421. Cf. O Brasil na administraçdo pombolina.p. 95.
24. Carnaxide. Op. cit., p. 13l.
30
31
Muito embora, obscrve-se uma queda acentuada no conjunto
mais o setor particular do
da economia portuguesa entre 1760 1780, os dados ilustrativos Se crise houve deve ter atungido
exteauamento da atividade
e foi provocado pelo
referentes ao Brasil, excetuando o ouro, parecem-nos precários. que o estatal
evidencia-se através das importações
Jorge de Macedo, por exemplo, procura demonstrar cssa crise mineradora. O desequilibrio
resumir a um só problema básico:
através de insuficientes informes de Cunha Saraiva sobre a Com. portuguesas. E
tudo pode se
antes equilibrava a ba-
panhia do Grão-Pará c Maranhão 25, Se o Rio de Janeiro, pelos o escasseamento
do ouro brasileiro que
Esse extenuamento provocou
informes acima, aparenta uma debilidade da economia ao sul da lança de pagamentos de Portugal. n o periodo pombalino,
e que foi contornada
colónia, o mesmo não parece aplicar-se ao norte onde a Compa- uma ameaça de crise
alravés de uma bem montada mudança da polkica econômica
nhia do Gr-Pará e Maranhão exerceu função incrementadora. das lavouras cujos efeitos
Em Pernambuco e no Nordeste em geral, a oscilação negativa ara o Brasil visando uma recuperação
se fazem perceber a partir
de 1770 30. Foi um verdadeiro renas
da produção não denota estado de crise, Na Bahia, conforme Brasil em "contraste frisante com
cimento agrícola promovido no
veremos, tudo indica haver uma economia (produção e comércio) decinio se torna cada vez mais
as regiöes mineradoras, cujo
vicejante 26. Tanto Macedo como Carnaxide baseiam-se em acentuado" JI
Simonsen 27, para concluir pela crise da economia brasileira, mas
O reinado de D. José I coincidiu com um período
em que a
os dados do último necessitam de revisão e, principalmente, com- de vida anterior, isto é,
plementação, embora seja obra de valor inconteste pelo pionei metrópole devia readaptar-se ao modo das rendas reais
rismo. cenirado na agricuitura comercial. A diminuição
etc. re
em todos os s e t o r e s - mineração, contratos, alfändegas
Pode ser que o açúcar, por exemplo, tivesse sofrido os "lon- velou um desdobramento natural de uma economia que devia
gos anos em que as minas atraíram o interesse de toda a gente" busca desse objetivo as medidas tomadas se
recompor-se. E na
eque "por falta de braços, de capitais e de interesse, o açúcar, não foram as mais adequadas, ao menos nào permitiram a ins-

e aliás toda a agricultura brasileira andava em grande depres- talação de uma crise proeunda. Num momento de desintegração
são" 28. Mas é o caso também de se colocar como hipótese a
da economia mineira as conseqüencias não foram to desastrosas.
possibilidade de nesse período, a produção do tabaco (principal A politica econdmica adotada para o Brasil durante o consulado
elemento de intercâmbio do comércio africano) estar em franca
pombalino daria bases operacionais para a governança posterior.
ascensão, uma vez que o número de escravos reclamado pela
mineração era enome 2 políica do Marquès de Pombal
Ação economica, social e

Pensamos ser precipitado cone ordar com crise de produção


de produtos brasileiros. Faltam estudos sobre o Muito se tem discutido sobre Sedastião José de Carvaiho e
problema. As
rendas provenientes de gêneros coloniais do Brasil diminufram, Melo (1699-1782), Conde de Oeiras ( 1759) e Marquès de Pombal
talvez, por força da concorrência internacional e não pela escas- (1770), sustentando-se até ser cle. talvez, a personalidade mais
sez produtiva da colônia,
principalmente entre 1760 c 1780, que biografada da história de Portugal 2, E comum atribuir-se ao
parece recuperar-se nesse período. Marques tudo o que aconteceu de desastroso no reinado de D.
José I ou tudo que aconteceu de bom no mesmo periodo. Para
25. Saraiva, J. da C. Varnhagen, Pombal toi um "homem que em meio de seus defeitos,
Brasi! 1 Congreso dsCompanhias
gerals de comérclo e
expansdo portuguesa nonavegaão
para o
Hisoria da desejava a todo transe despertar a apathia da nação, restaurando
3 cogho. LisboB, 1938. obie cs companhla, mundo,
POden er obüdos em Diaa, Op. cis. infot mes mais precisos asua dignidade e independència", Marcos Carneiro de Men-
26. A cconomia baiana n0 donça afirma que "os males e danos decorrentes da sua força e
perquirido, principulmente o
periodo ponbalino é tema a ser ainda poder se fizeram sentir muitissimo mais em Portugal do que no
abia. conperpénse a0s
meiçadores instalados ns
27. Simoacn,
R. C. Hissis econbmica do Brail 30. V. Mauro, P. Op. cit. p. 266.
so Paula, Conp.
28. CarmaKide. Naciena, 1957. (1500-1800), 3. ed . Prado lúaior, C. Hitória econdmica do Brail; 4 ed., São Paulo,
29 Pods üp. cit. p. 18. Brasiliens«, 1956. p. 87.
fator que
baia. eacravo &0cs expdiqus o robusecimento dos
Mendkdo s 0 e $0 nil
32. Roiriguas, A. D. o Murqud de Pombal a oa seus biógrafo«
réis passou a 200 mercadores
300
Liaboa, 1947.
de Varahagen,
Duminguez, F. A. de. Históvia
l854. Vol. t, p. 233.
do Brail, Madrid. lmprensa da V.
92
33
trono, 36 anos de idade.
com
750 subiu ao
Brasil", dizendo ser sua convicção ter sido Pombal amigo Em jnlho de com negócios do Estado dado o
familiarizado
Brasil" 34. Oliveira Lima é apaixonadamente pombalino, vendo D José I. pouco
V. Compos o seu ministério,
con-
como individuo democratizante, "afundando-se todos o mar re- absolutista de D. João
apego Secretaria do Reino (cargo
na importante
volto da democracia" 5. por ter combatido nobreza e clero, posição servando Pedro Mota 1757). sendo cha-
depois da sua morte em
diametralmentc oposta a de Carnaxide, Fortunato de Almeida o que Pombal ocupou Corte Real para
Secretaria da
mado Diogo de Mendonça
João Ameal, entre muitos. Historiador mais recente, Pierre Verge. demitido, e nomeado pera seu lugar
do enérgico Marinha e Ulkramar (depois na França) "
ve como principal mérto de D. José I a nomeação sobrinho do embaixaaior faiecicio
reinado ". Poucos hi D. Luiz da Cunha. foi nomeio a de agosto
ministro e sua manutenção durante todo o Carvalhoe Mello
Sebastiao José de da Guerra.
toriadorcs, como Verger. tratam a ação do Marques de Pombal de 1750 para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros
e

coniexto, no scu ambieni:


objctivamente. isto é, vendo-o num e r marcado pela
de Sebastiäo José em reinado de D. José passaria
histórico. Estudar o pcriodo administrativo Logo, o
de Pombal. LHs o
consenti
onipresença do
futuro Marques
unilateral. como scu ódio obsessivo
aos
pederoso
'

ermos de uma viso muitas das suas aribuições


a
mento do rei que passou
jesuitas ou de caame cstreito de seu comportamento psicológico.
inuneros
Sebastião Jose passou & ocupat
conduz a tratamcnto pouco cientifico. "Os homens
fazem sua ministro Gradualmente, dos contratos da
do exército. supervisor
história. mas não a fazem arbitrariamente, nas condiçöes cargos como {nspetor comércio geral dos teinos
propria extração de diamantes, do
escolhidas por cies. c sim nas condiçöes dirctamente herdadas do mineração, teecificaça
fabricas do reino e da America,
homem não
pos5.1 sCus dominios, das obras publicas, do Depósito Públice. pre
passado" 7, Náo qucremos dizer com isso que o da cidade de L.isboa e
agir sobre a história, sendo ecravo dessas condiçöcs herdadas e ugar-tenente
inediato à Pessoa
determina sua sidene do Real Erario e inspetor
mas cie cstá inscrido numa realidade social quc
náv de El Rei
consciecia . portanto, sua mancira de agir ", "o problema despoticanente urante
clc é cheio de homem, quc governou Portugal
Consisit cm neger o individual sob pretexto de quc l69 em berço modesto
das forças a 3 de maio de
contingéncias, mas sim dc ultrapassá-lo, em distinguí-lo gase27 anos, nascera Sua echucação oi neiana,
às expens
diferentes ácic, cm rcagir contra uma história arbilrariamentc
te sem fortuna e sem nobreza. de Combra e
(lente da Uaversdiaaie
duzada ao papci dn heróis cievados à quintessència" ", Ao cstu do tio Pauio de Carvaiho foilo a curse de teis
Consia ter
darmo um poriodo adminiatratvo marcado pela grréncia de um dpois arciprevie da Patriarcal). ospecial para a Historia,
bomcm, o caso oMarquts de Pombal, náo se pode usar
a
eCoimbra, tendu manikesialo penior
Academia Real de Hisioria
amagem faiss de aLribu unicancote ao adninisisadur a transtot dadu ngrevsou na
9 33 anoe du de Noronha e Alumada cuja
magao acorrids F ags c funçáo da "totaliadade das condigó* Contrau mateinonio vom D. Tereza Eavaavou e
conjuntas", ".ums decasáo ibdividual ou ums inkiativa legis. egilidaulu ndo permitiu dat
tilhos a Sebasiiao los
auxeriaca Leoor Daun, ja
alva aCmpts aus impartaaca, a s stadea «, beetuo, gon a
GOU, em agundas nupuia, de Ceiras a Citra, algumas
9 7 4 1 Em t37 herdou morgale
du alugucl em Lisboa a ma
du s0.00X) eruzados, herana
4
Paulo de Carvalhe, rejonavel
s4 Meudnga ac. Maguta as Pemrd Bias Puke 8 4 deviu à muste du e u tio
carrera diptomalIe4, pois
apreentarao
4 0 u petu inicH da suà de D. loau V Em t7N
46Cardeal da Mla, veretário do Aeinu
afirmam alguns biogratoN do MaE
s E l a s a Lomres oudu Em t743 reuebia
46 k 4tuisn lumANA de aatadita.
tui da principio car
449t i a d t i diplmatica an Viena. Aaaim a
F,i4.
tinham
católica e a Inquisição
de idade 43 e ter. onde a Igreja
reira pública de Pombal, iniciada aos 39 anos Em Portugal,
penetrou
através de elementos li-
na corte, pedia demissão marcante, a ilustração
minada aos 71 quando, sem ambiente um peso comércio. Esses homens
obser-
de 1777 44 e ao grande
de seuscargos em 1° de março gados à diplomacia
portuguesa desde o governo
de D.
do absolutismo, Pombal é tido por criticaram a situação lentamente
Defensor e praticante varam e "estrangeirados"
iluminismo dos

Carnaxide e João Lúcio
muitos como ilustrado. Outros,
como João V, mas o catolicismo e com o
pactuando com o
penctraria em Portugal,de Pombal. Este adotou muitos dos prin
e coerente.
afirmam não possuir o estadista uma orientação segura extremado
verdade um teórico, um pen-
qualificá-lo como não
O Marquês de Pombal não
era na absolutismo
biblioteca Londres nova filosofia
e não se justifica
Sua em da João Lúcio de Azevedo,
sador, mas um homem da prática. William
cípios influências, como quer
mercantilistas como Thomas Mun, tendo recebido tais os cérebros
continha clássicos
Pombal revelou dizendo que "nenhum
dos grandes ideais que agitavam
Child e outros 45. reformas exe-
Petty, Charles Davenant, Joshua mercantilista e muitas de suas 45.
no seu" As
senso pensantes da Europa teve guarida projetados por
em sua ação um profundo baseiam-se em programas
influência de filosofia cutadas por Pombal 50, mas Pombal
atitudes demonstraram, "até, forte dose de dúvida 49
e tinham origens antigas
realizadas. A fonte iluministas, sem daí
iluminista 46, dadas as diretrizes das reformas novas condições para
sua execução;
como eram recebeu algumas e criou Ele co-
inspiradora dessas reformas foram os "estrangeirados", os a diferença entre
o Marquês e
estadistas predecessores.
conhecidos os portugueses mais progressistas que
adquiriam funcionamento um bem montado aparelho legislador
mais polidas da Europa, locou em
políticos
ensinamentos filosófico em voga nas cortes substancialmente os rumos econômicos,
Nessa época, chamada das Luzes que modificava Reformas de ensino na metrópole e nas
como a França e Inglaterra.
transformação e sociais de Portugal. fomento
século XVIII e início do XIX, houve uma profunda contra o luxo,
colônias, multiplicação das pragmáticas
mental na Europa 47, divulgando-se o uso da razão e promoven
industrial e comercial na metrópole,
fomento agrícola e comercial
do-se a reorganização sistemática do saber,
através do método da legislação social
Igreja,
não são aceitas mas tes- nas colônias, subordinação do poder e indi-
científico. As verdades pré-estabelecidas libertando as escravos negros
e
experimentação. Os igualando cristãos novos
intelectuais
tadas através da observação, confrontação e
às medidas preconizadas por
genas são atos que se ligam
princípios iluministas foram consubstanciados na Enclyclopédie
ou Alexandre de Gusm o, autor
1751, "ilustrados". Entre eles podemos citar Reino" 5i,
Dictionaire raisonnés des sciences des arts e des métiers, em do dinheiro do
dos da memória "Cálculo sobre a perda necessidade
dirigida por D'Alembert e Diderot e recebeu a colaboração combatendo o luxo e a evasão de
moeda. Destacava a

principais pensadores da época. Alguns deles foram chamados por do incentivo à indús-
do combate ao icio, ao clero improdutivo,
soberanos de vários países que procuravam governar despotica- Nunes Ribeiro Sanches,
mente sim, mas fazendo o uso da razão e tendo em vista o bemn tria e maior atenço às colônias. Antonio
também ilustrado, pro-
português, de formação cultural francesa,
público. da agricultura, com rcio
punha soluçöes para o desenvolvimento nas colö-
43. As informações foram extraídas de vários autores, sendo o livro e indústria. E importante sua idéia sobre a agricultura
básico Azevedo, J. i de. 0 Marquês de Pombal e sua época, 2. ed. Pombal. Segundo
emendada. Rio de Janeiro, Livraría Antunes, 1922, passim, nias, visível na politica econdmica aplicada por
das colônias e das conquistas
44. Almeida, F. de. História de Poriugal. Coimbra, Imprensa da Uni- Ribeiro Sanches, "o único objecto
versidade, 1927. Vol. IV, p. 431, Pelo decreto de 16 de agosto de 1781, commercio, mas com tal pre
D. Maria I julgava-o culpado das muitas acu saçöes que pesavam sobre
deve ser a agricuktura universal e o
ele, dispensava as penas corporals, mas obrigaya-o a indenizações o a
viver a 20 16guas da corte. Em malO do ano seguinte falecla o Marques 48. O Marques de Pombal e sua época, P 89.
de Pombal. ldem, p. 446.
Damião Pares). Vol. IV.
45. B.N.L 165, 167, 432, 343, Catálogos de livros de
Códiges 49 Ribeiro, A. Historia de Portugal (Dir. p/
valbo e Melo em Londres. Car politica de Pombal foi "simples reflexO dos
46. v. Martins, A. C. "Luzes", in Dicionário de Histórla de P97. Diz o autor que a

projetos mais ou menos vagos"


aal (Dir. por Joel Serráo). Inkcialivas Editoriais, 1965, Vol. Portu
p. 836-856. O autor pareceLisboa,
yalorizar excessivamente a (E-Ma), 50. Almeida, F. de. Op. cit., p. 291.
ilustração de Pom econômico
bel
47. Mousnier, R. &
S. Apud Magalhães, J. C. de. Historia do depensamento Gusmão foi D. o prin
labrousse, E. "0 último século do antigo regime" Portugal. Coimbra, 1967. p. 352. AlexandrePrestou serviços a João
in Hlsrória Geral Madric (1750).
das Civillzaçdes (Dir. por Crouzet, palporinspiradur do Tratado de
E195B. T.V., vol, I. p. 84 e segs. M.). São Paulo, D V. vários anos.
36 37
caução que a agricultura e o commercio do Reyno não fique
e Carnaxide, uma posição
prejudicado" 52. Fortunato de Almeida
riadores c o m o jesuíta que levou Pombal
a
motivada pelo ódio ao
Luis Antonio Verney (1713-1792), autor do Verdadeiro simplesmente
contra os inacianos.
Havia cremos, um m o -

encetar a campanha
método de estudar teve importância considerável nas reformas do
anticlericalismo
não um simples
solidamente estruturado,
influenciado também tivo mais D. Luís da Cunha a
ensino levadas a cabo por Pombal 5., tendo gratuito. Destacava, ainda,
das idéias da escola do dircito natural, ou antijesuitismo ultramar através de u m
a introdução em Portugal dos territórios de
em Portugal, da lei
necessidade de defesa nas colônias, m a s
devendo-se a ele a "reforma do romanismo e organização
militar
nela se programa de povoamento u m a sangria na população
da
da Boa-Razão c da restante legislação pombalina que com o cuidado
de não promover
sacrifício da metró-
de povoar o Brasil sem
inspirou" 54 metrópole. A forma as suas famílias se
os Estrangeiros com
do progresso executado pelo Marquês seria "permitir que
O principal inspirador um dos homens mais cultos e
pole
fossem estabelecer em qualquer
das suas capitanias, que
escolhes-
de Pombal foi D. Luís da Cunha, examinar qual seja a religião" s8, A
diretriz econômica
D. Luís da Cunha (1662-
inteligentes do século XVIII português.
sem
sem,
visualizada pelo perspicaz diplomata.
como desembarga- Brasil era também
o
-1749) iniciou-se na administração portuguesa para
Brasil seria a agricultura, "pois
é certo, que
dor do Porto, da Casa da Suplicação e do Paço. Em 1969 foi O caminho para o tem diminuido a cultura
sua carreira di- descobrimentos das minas
enviado extraordinário em Londres onde iniciou depois dos o numero dos navios,
Londres de 1715 a 1719 e em dos açúcares, e tabacos, e por consequencia
plomática. Foi embaixador em e dos marinheiros que os navega-
Madrid de 1719 a 1720. Morreu em Paris no
exercício do mesmo que trazião aquelles effeitos,levar em conta a agricultura fi-
D. Luís demonstra
59. que
idéias principais encontram-se nas suas vão
cargo (1736-1749). Suas aumentando o movimento comercial,
Milícia, xaria o homem à terra,
"Máximas sobre a reforma da Agricultura, Comércio, a defesa do território colo
e diri- criando dessa forma, condições para
Marinha, Tribunais e Fábricas de Portugal, representadas
da Beira" 55. E com- nizado. Note-se que é exatamente a política econômica
adotada
Prínci
gidas ao Sereníssimo Senhor D. José, de a partir para o Brasil durante a governação
pombalina, conforme veremos.

posto de conselhos dirigidos ao futuro Rei Portugal,


Essa visão a ausência de capitais
da experiencia e visão adquiridas na vida pública. D. Luís da Cunha preocupava-se com
demonstrada no documento indica uma especial capacidade
de
em Portugal. Valorizava a importância
dos capitais judeus, por
envolve abor- da perseguição a eles movida em
observação e discernimento. Seu pronunciamento
a isso defendia os cristãos novos
do número de casas
dagem de problemaspolíticos, econômicos e sociais. Critica du- Portugal, e chamava a atenção para a perda
ramente a Igreja "que n o contribue para a despeza e segurança comerciais depois que D. João III admitiu a Inquisição em Por-
do Estado" 56. No plano ideológico, diz ser "a theologia dos tugal. Os cristãos novos deviam ser livres, pois "os judeus fariam
frades muito arriscada; principalmente a dos jesuítas que são os florescer o seu commercio" 60. Pombal seguiu também esse con-
à sociedade portuguesa
que mais a estudam; e por isso
mais aptos para adaptarem as
Não foi portanto,
selho, procurando reintegrar o crist ão-novo "O problema de quase très
opiniões que possão agradar ao confessado" .
oferecendo-lhe um estatuto jurídico 61.
o Marquês de Pombal o primeiro a sentir o impecilho represen- séculos tinha-o finalmente solvido a mão dura de Pombal" 62.
tado pela influência jesuítica, nem é, como querem alguns histo
S8. Tbidem, fl. 251. Como se sabe, para receber sesmarias no Brasil
52. ldem, lbidem, p. 383 (grifo nosso). necessário ser católico, o que restringia a imigração dos povos pro
53. No A.H.U.C.P. 49 existe um documento "Breve instrução para era
ensinar a Doutrina Christa, ler e escrever aos Meninos e ao mesmo tempo
testantes.
os princípios da lingua portugueza, e sua orihographia"; de 60 páginas. A 59. lbidem, loc. ci.
autoria provávelé de Verney. 60. 1bidem, fl. 273.
54. Moncada, L. C. de. "0 século XVIII na legislação
de Pombal", 61.V. Lei de 25 de maio e 1773 proscrevendo a distinção entre
Estudos de his1ória do Direito. Coimbra, 1948. V. I, p. 95.
in e cristãos velhos, A.D.S.C.L.P. Vol. I p. 672. V. tambem
55. B.N.L., Sccçao de Reservados. Cistaos novos
Coleção Pombalina, Códice 51, p Aviso de 11/3/1774, reforçando as leis anteriores, determinando devassas
157-286. Essc documento encontra-se 1ambém no C6dice 460 e faz A.D.S.C.L.P.
dferença.
do "Testameno poliico de D. Luis da parle OsvroS de instituiçöes suspeitas de manterem a

56. ldem, f1. 201.


Cunha", C6dice 476. Suplemento (1763-1790). p. 381.
Lis
$7. 1bldem, f1. 171. Azevedo, J. L. de. História dos cristãos-novos portugueses.
boa, 02
1932, p. 346.
38 39
Os escritos de D. Luís da Cunha, entre cles as "Instruçoes não é, na realidade, de
econômico
68
para caracterizar Pombal, 69. G. C.
a Marco Antônio de Azeredo Coutinho" chegaram às mãos de anônimo, conforme José Augusto França
s u a autoria mas,
Pombal. As "Instruções" chegaram a D. Luís da Cunha Manoel, "discurso político" é de Ange Goudar
Wheler 70 demonstra que o escritos de sua
fiel colaborador de Pombal, a partir de 1756 63. se observa em outros
cujo estilo é o m e s m o que "discurso político" revela muito
autoria 71. De qualquer forma,
Há, em suma, uma identidade marcante entre o pensamento o

posição anti-inglesa que chega a


de D. Luís da Cunha e a prática do a
política Marquês. Sendo
D. da realidade portuguesa, mas
vista como de autoria de Pombal.
ser hostil e radical, não pode
Luís e os demais pensadores acima citados, elementos ilustrados ser
tradicional ver o governo de Pombal
de seu tempo e tendo Pombal realizado muitas das reformas por É tanto erro da historiografia
como v e r as reformas
eles preconizadas, podemos afirmar ter sido o um Marquês dés. como uma simples luta contra os jesuítas,
exclusiva luta contra
econômicas pombalinas como uma obsessiva e
pota ilustrado. Não um teórico, nem, talvez, o indivíduo ideal os ingleses. Nossa ótica é um tanto diferente. As medidas prote-
para a realização do plano, mas o político que executou umpro
ilustrado dentro das condições possíveis. Assim, não é cionistas tomadas por Portugal visaram n o o ataque ao domínio
grama
somente o fervor na campanha contra os jesuítas que levou os inglês, mas à defesa de Portugal, que via se esvaírem as riquezas
filósofos do século XVIII a incluírem o estadista português entre provenientes do seu mais rico filo colonial, por todas as vias.
A Inglaterra era, sem dúvida a maior beneficiária da situação
os seus" 64, mas o conjunto das reformas por ele lideradas 65.
portuguesa, mas colocar em polos opostos os dois países no pe-
A política metropolitana e o Brasil ríodo pombalino é erro grave. Há preocupação de nacionalizar o
comércio português, mas nenhum empreendimento pombalino de
Pretendemos, nesta parte do trabalho, mostrar as reformas vulto dispensou capital estrangeiro e em nenhum momento Por-
tentadas pela metrópole portuguesa, tendo em vista, como já dis- tugal deixou de comprar da Inglaterra. Houve algumas atitudes
semos, um reativamento da economia vigente antes do surto mine que chegaram a preocupar a diplomacia inglesa e momentos em
rador. Portugal,
entre 1750 e 1777, passou por inúmeras reformas que Pombal manifestou-se em termos severos. Mas ele sabia n o
quer no campo político-administrativo, quer no econômico e social. poder prescindirOsda ajuda inglesa, principalmente no que tange ao
OMarquês de Pombal foi o principal executor da política auxílio militar. ingleses continuaram a dominar o comércio em
Portugal de forma absoluta. Em 1774, de 645 navios entrados
portuguesa no período mencionado. Uma vez estabelecido ser ele em Lisboa, 348 britânicos, 104 193
um homem de ação e não um teórico,
julgamos ser mais objetiva
eram
portugueses e os res-
uma análise dessa política através da execução de um tantes divididos por Holanda- 52, França-43, Suécia- 45,
programa
do que através dos seus poucos escritos. Muitos têm tentado a Dinamarca- 41, Espanha- 7, Veneza - 4 e Amburgo - 1.
apreensão do pensamento econômico de Pombal através de dois Em 1775 de 668 navios, 124 eram
e os restantes 193
portugueses, 37l de ingleses
documentos básicos: "Relação dos gravames do commercio e vas- distribuídos por outras nações 72.
salos de Portugal na Inglaterra" 66 e o "Discurso Político sôbre Percebe-se através dos vários escritos atribuídos a Pombal,
as vantagens que o Reino de Portugal
pode tirar da sua desgraça sua consciência dos problemas portugueses: a dependência dos
por ocasião do terremoto do 1.° de Novembro de 1755" 67, ingleses, a ausência de capital nacional, a desnacionalização
último, freqüentemente usado por historiadores do Este do
pensamento comércio português com as colônias, a ausência de infra-estrutura
fabril em Portugal.
63. Para maiores detalhes V.
64. Azevedo, J. L. de.
Magalhães, J. C. de. P.
305-306.
de Moncada, ao contrári0, Novas epanáforas. Lisboa, 1932. p. 7. Cabral 68. Como Calvet de Magalhães
V. "Um iluminista portuguésve em Pombal um discípulo do racionalismo. 6. França, J. A. Lisboa pombalina e o iluminismo Lisboa, Livros
do século XVIII: Luís Antônio Horizonte, 1965. 57. Edição francesa:
in Estudos de história do Direito,
65. Esudo
vol. III,
,1-153)p. 146. Verney", SEVPEN, 1965. p. Une ville des luminières, Paris,
sobre_o pensamento
preparado pelo prof. Francisco Falcon. econômico 70. Wheler, G.
C. "The Discours attributed to Pombal",
66. B.N.L.
pombalino está sendd n
The English historical review. Londres,politique'
(XIX): 128-131, 1904.
Reservados. Coleção .Ange Goudar foi autor também do "Les intérêts de la France
67.
Cartas e oulras obras selectasPombalina.
Lisboa, 1861, Códice 635.
do Marquês de
Malentendus". Idem, p. 129.
p. 97e segs. Pombal. 5.a ediçao. do 72. Cf. B.N.L. Reservados. Cartas sobre o último e presente estadoo
Reino de Portugal
40 (cartas inglesas) fl. 12.

41
Xavier de
c o m o governador
e capitão, Francisco
As normas mercantilistas, sem ortodoxia, foram as soluçõcs exemplo, veio em setembro
irmão de Pombal. Empossado
adotadas por Portugal pombalino na tentativa de regeneração eco- Mendonça Furtado, anti-jesuítica e n a
demar-
seria o fiel executor da política investiu-
nômica. O fortalecimento do Estado absolutista, intrínseco à prá de 1751 da Cunha nomeado
vice-rei
limites 79. O Conde
tica mercantilista, foi elemento constante nesse período, o que cação de de delegado sem restrições
Carta Patente" n a s prerrogativas todos
-se pela e alçada sobre
explica arremetidas do déspota contra o clero
as
e a nobreza, do monarca", c o m poder
do poder absoluto natural inclusive" 80.
visando antes subordiná-los do que destruí-los. civis e militares ""até
morte
robustecimento da
os funcionários
maior eficiência, pelo
Assim, buscava-se de altos funcio-
administrativas fiscais no Brasil e na metrópole entregues nas mãos
Reformas administração e justiça locais,
e

defender império
o seu e nários fiéis ao despotismo. em vários setores,
As reformas portuguesas visando Na metrópole
buscou-se u m a centralização
tentada na administração pom- técnico-administrativa. Em maio de
1751
a obra de soerguimento econômico de melhoria
n a tentativa
da América, "A mais organismo estatal abrangendo
os
balina tinha como nervo vital a colônia foi criado o Depósito
Público ,
comercial luso-brasileiro. tesourarias das capelas da Coroa,
macia matéria coletável era o intercâmbio
As reformas colocadas depósitos da corte, da cidade, Defuntos e Ausentes, a da
Ouvidoria
Era necessário aproveitá-lo o máximo" 73. a do Juízo dos órfãos,
a dos
do
a preocupação em aumentar
a
Público seria colocado a serviço
em prática no Brasil demonstram da Alfândega etc. O Depósito
de órgãos fiscais administração pombalina.
eficácia da administração. E o caso da criação programa econômnico posto
em prática na
investidas de fun instituído o Erário Régio, organisno
e administrativos locais. As Casas de Inspeção Em dezembro de 1761 foi
do açúcar e tabaco foram contabilidade da receita e despesa de
gões fiscais e reguladoras de preços destinado a centralizar a
Passariam para o controle do Erário
diretamente subordinado à Coroa, devendo todos o s dinheiros públicos 82.
criadas 74 como
órgo como n a s colônias.
Pernambuco e Mara
ser estabelecidas na Bahia, Rio de Janeiro, todas as rendas da Coroa, tanto n a metrópole fazer-se
de justiça, ele próprio informa,
nhão. Objetivando a resolução mais rápida às questões 75 com- Foi proposta de Ratton, segundo
Janeiro da administração
foi criada em fins de 1751 a Relação do Rio de um e x a m e escrupuloso
em todas as repartições
única existente. Várias Juntas de se abolirem os lugares
su-
pletando a da Bahia, até então pública do Império português, "para
Justiça e concessões especiais de jurisdiço a governadores pro-
simplificando-lhe a administraç o,
cuja complicação
76, A Carta pérfluos. a evitá-los: des-
curavam melhoraro funcionamento da justiça na colônia
. .

descaminhos do que
atual tende mais a favorecer
ao capitão-general ddo nas fortunas até dos
meros
Régia de 27 de agosto de 1762 autorizava manifest o
caminhos que bem se
Rio de Janeiro a prover os regimentos dos postos vagos até tenentc- a procura de simplificaço
despachantes" 83. De fato, percebe-se morali-
-coronel para evitar a demora de a solicitaço ir a Portugal 77. Em torná-lo mais funcional. A
no aparelho burocrático para
1765 um alvará ordenava que em toda a parte do Brasil onde matéria que exigiu a mais rigorosa
houvesse Ouvidor, se formassem Juntas de Justiça para deferir os
zação dos cargos públicos foi no Brasil, eram ex-
atitude da Coroa. Os abusos, principalmente
recursos 78, e Fazenda, arrematados
cessivos. Por exemplo, os cargos de Justiça
Para certos postos-chave da administração colonial brasileira na metrópole, chegavam a ser revendidos,
na colônia, com lucros

foram nomeados elementos de confiança do novo Ministério, in- apreciaveis.A realeza a promover uma fiscalização rigorosa
passou
tegrados no espírito reformista. Para governar o Maranhão, por
-

C.LP. Vol. I.
Tratado de Madri 13/1/1750. A.D.S.
de
73. Carnaxide. Op. cit., p. 114, 79. V. Boxer,
1. R. - A idade do ouro no
74. A.D.S.- C.LP. Vol I (1750-1762) p. 38; C.A.P.- L.D.A. 750-1762- Suplemento), p.
Vol. 1 (1750-1758)) f1. 28. As Casas de Inspeção deviam "dar annualmente Brasil. 2.4 ed. revista. S. Paulo, Ed. Nacional, 1969, p. 304-305.
conta pelo meu Conselbo OlramariFo e pela Secretaria de Estado, dos 80. Machado, L G. "Politica e administração sob os ultimos vice
(Dir. Sergio Buarque de
impedimentos que achar que obstem ao progresso da lavoura"
75. O regimento da relaçã0_do Rio de Janeiro é de 13 de outubro.
reis, in História geral da civilização brasileira
Holanda) S. Paulo, D.E.L., 1960, tomo 1, vol. Il, P. 300.
A.D.S76. Carta Vol.deI (1750-1762). p. 102.
C.P. 81. Carnaxide. Op. cit., p. 115.
Régia 26/8/1758 criava a Junta de Justiça em Cuiaba 92. dem, p. 108.
do seu
e Mato Grosso, A.D.S. C.L.P. Vol. I (1750-1762 83. Ralton, Recordaçöes de J. Ratton sobre ocurrencias
Idem para o Gráo-Pará e
Maranhão, p. 562 e 759.
Suplemento) p. S60 po, de maio de 1774 a selembro de 1810. 2. edição revista por
J.M.
77. Idem. p. 872. CIxeira de Carvalho. Coimbra. Universidade, 1920, p. 119.
78. C.A.P. L.D.A.
-
-
Vol. V. (1765-1769) fl. 9.
43
42
sobre os titulares dos cargos arrematados, assegurando-se o dircito a sistemática
mudada em 1713 pela
na extração, foi
de confirmá-los ou suspendê-los. Os funcionários reais passaram empregadas Mudou-se para o sistema dos quintos,
arrobas anuais.
a ter regulamentação minuciosa com respeito a suas obrigaçõcs, finta" de 30 Casas de Fundição. Em
arrecadação feita pelas
horário de trabalho e salários 84. O aparelho arrecadador no Brasil a partir de 1719, foi feita no sisterma de arrecadação,
esta-
tornou-se mais severo. Veremos adiante as medidas tomadas quanto 1733 nova modificação tempo em que
e c e n s o da indústria",
a o
belecendo-se a "capitação
à arrecadação dos produtos das minas. Sobre o comércio também Intendências da Fazenda Real e extinguiam-se as
as
se criavam bons resultados para
investiu o aparelho fiscal, cobrando dívidas atrasadas, especialmente novo sistema não deu
Casas de Fundição. O
na Bahia 85, e rigoroso exame dos livros e demais papéis concer diminuiu.
Coroa, porque a arrecadação
nentes à arrecadação real. A legislação estabelecendo penas contra 1750 restabeleceu o sistema dos
O Alvará de dezembro de mínima de 100
comércio ilícito (incontrolável, aliás) é abundante no período. e fixava u m a cota
o quintos, as Casas de Fundição, de moeda
Note-se na legislaçãÍ pombalina o seu aspécto dinâmico, mo-
arrobas anuais 8. O m e s m o alvará proibia a circulação
dificando determinações sempre que necessário 86, severas aos contrabandistas e falsifi-
de ouro e estabelecia penas
Saliente-se o explicitamento, em muitos textos legisladores, Casas de Fundição com-
cadores. O Regimento das Intendências e
determinando a função de cada servidor,
da preocupação portuguesa em igualar "O systema das leis deste pletavamo alvará citado,
maximas communs a todas as Nações da Europa" 87. horário de trabalho °. Várias
Reinos com as eleições dos cargos mais elevados,
Decreto Real de 30/9/1755 criava uma Escola de avisos completavama nova forma tributária °.
Esse que é um instruções e
Comércio para filhos de negociantes, para torná-los hábeis Essas medidas na colônia eram completadas através provi-
na

escrita contábil. São aspectos da adequação portuguesa ao seu dências com o fito de evitar, também na metrópole, a exportação
tempo. Portugal tentava reaparelhar-se para _gerir o seu Império do metal nobre. Foi criado o imposto de 1% sobre o ouro
ex-

colonial procurando absorver de forma efetiva os estímulos dos portado, porcentagem elevada para o dobro em 1754 92
excedentes coloniais. indica que
A mudança no processo arrecadador em 1750
sistema anterior ou que, no minimo,
estava havendo queda pelo
As minas do Brasil a realeza necessitava aumentar os seus créditos.
E a arrecadação
do Reiando de D. José I °3, sob o
No plano reformista de Portugal pombalino foi elaborada aumentou nos primeiros anos
influxo de leis cada vez mais coercitivas, aspecto da exploração
cuidadosa disciplinação da atividade mineradora. A percepção do
colonial.
tributo da mineraço fora sempre matéria de realce, pela impor-
tância de que era revestida essa atividade 88, Primeiramente cal- O diamante mereceu, igualmente, cuidado especial na metró-
culado o imposto devido, tendo como base o número de batéias pole durante o governo pombalino. No século XVIlI o Brasil foi
O principal produtor mundial de diamante. Foram intensificadas
Sua exploração e comercialização , declarando a Coroa sob sua
84. V.. por exemplo, as minúcias contidas no Regimento das Inten-
dênciase Casas de Fundição, de 4/3/1751. C.AP. - LD.A. - V o l . I proteção o comércio da preciosa pedra. Desde 1731 a exploração
(1750-1758) . 28. A.D.S. C.LP. Vol. I (1750-1762) p. 40.
Sobrec de diamantes era estanco do Estado e assim permaneceria ate
salários de tuncionários da Justiça Alvarás de 10/10/1754. A.D.S.
C.LP. Vol. I (170-1762) p 315. Sobre detalhes de funções de cada
funcionário V. Regimento da Relação do Rio de Janeiro. A.D.S. - C.L.P. Vol. I (1750-1762)), p. 21. Quando em um
vol 89. A.D.S.-C.L.P.
I1750 0 de abril de 1755, A.D.S.- C.L.P. Vol. I ano não fosso completada quantia fixada proceder-se-ia à
derrama.
C.LP.
(1750- 90. C.A.P.-LD.A. Vol. 1 (1750-1758), f1. 28; A.D.S.
-

1762- Suplemento) p. 517. Vol. I. (1750-1762), p. 40.


86. V. Dosso mesirado citado, p. 50/51.
87. C.A.P.- LDA. vol. I (1750-1758) f. 213, No Alvará de de 10/3/1751. ldem, p. 109 e 124. Alvará de 1755
91. Provisão
19/9/1761, que proibla a enrada de negros em Portugal, a intenção 6 anda csclarecia os capiulos VI e X da Lei de 17$0. ldem, Vol. I (1750
expressada. A.D.S.-C.LP,
88. A ei básica foi
vol. I (1750-1762) p.
811. 1762), p. 346.ldem, p. 636. ldem, Suplemento, p. 331.
consubstanciada em 1702 com o Regimento do . Gomes, F.L. Le Marquis de Pombal. Lisboa, 1869, p. 02
Superintendentes, Guarda-Mores
ouro. V, os manuscritos e Oficiais Deputados para as minas 93. Macedo, J. de. Op. cit., p. 63.
da Coleção
Lamego "Sobre a arrecadação dos dc 4. Alvurá de agosto de 1753 impunha rígida vigilància. Atribufa a
Quintos do Brasil" Bibliotecs do Instituto
versidade de São Paulo. de Estudos Brasileiros, da Necadoncia de comércio de conira-
diamantes a erros administrativos e ao
D bando. A.D.S. C.L.P. Vol. I (1750-1762), p. 161.
44
45
de exercermaior controle
1763). Não é só pela preocupação com os limites
a Independência do
Brasil 95, Em 1771 o Regimento Diamantina em
extraido das minas e maior cuidado
direta do Trono a exploração de dia sobre o ouro
plano contivesse, também, a idéia de
tornava sob administração Pensamos que nese
ao sul. comercial da área geográfica que o
a fiscalização na zona diamantífera. e
mantes, redobrando
maior integração agrícola
Tanto na mineração do ouro como na do diamante, observa-se Rio de Janeiro servia.
A Bahia, tendo usufruído os be-
porto do os danos causados ao comércio
endurecimento fiscal, coincidente aliás, com o de não sofreu tanto
um progressivo nefícios de Capital, 99. O Maranhão abrangia
durante a febre do ouro
clínio da produção. e à agricultura mal aproveitada econô-
parcamente povoada
e
uma enorme área,
comercial à política de fomento da Coroa,
Comércio e agricultura micamente. Essa região, graças,
internacional em virtude da
ao comércio
seria melhor integrada
o cstabelecimento
das determinações sobre a tributação Geral de Comércio do
Grão-Pará e Maranhão
Após real a ação da Companhia Sobre Pernambuco, objeto da nossa pesquisa,
matéria a preocupar a administração
mineradora, primeira criada em 1755 100,
redobraram-se esforços no setor comercial e
os frente.
partir de 1750, de uma atividade rentáve!
veremos mais à
Casas de Inspeço, às quais
agrícola. Houve, assim, a consolidação serem tentados o reativa- Os preços seriam vigiados pelas
réis do açúcar,
depois aumentar de $100 a $300 preço
o
e já efetiva, a mineração, para era facultado
da agricultura menos meia safra"
de novas riquezas, em função não ter atingido "pelo
mento e criação em caso de a produção
também para o tabaco cuja função
comercial e da navegação comercial. O regimento fixava preços
96 e o Regimento dos direitos isto é, seu
Decreto de janeiro de 1751 como elo entre Africa e Brasil,
O era muito importante africano.
7 demonstram a nova disposição metropolitana de escravos no continente
do tabaco e açúcar valor principal era o resgate
luso-brasileiro. O Decreto ex- desse comércio no período pombalino
em face da realidade conjuntural Buscou-se a intensificação
cultura do
achavam "a lavoura, cuidados concernentes à
decadëncia" em que se especiais
pressava a "grande e foram tomados
assucar", os dois principais gêneros do concorrencial. Nos primeiros anos
e o trafico do tabaco
e
"efetivamen- tabaco, então sob séria ameaça comercial. A
a animar enfatizou-se o fomento
comércio colonial português e propunha-se do governo de D. José 1,
a forma de despachos providências.
te" a sua cultura e fabrico. Simplificava-se produção receberia, logo após, significativas vários parágrafos
nas alfândegas de Lisboa e
Porto e ofereciam-se algumas vantagens O alvaráde novembro de 1753 101
reforçava
direitos reais de entrada frete dos dois produ-
do regimento do tabaco e açúcar quanto
abatimento nos ao
aos comerciantes, como
da tributação respectiva 98. Eram prioridade para a torna-viagem
e longo prazo para pagamento tos. Assegurava, pelo mesmo alvará,
dos produtos. Buscava-se o aumento
também oferecidas facilidades para a reexportação aos navios que viessem carregados
do Brasil.
dos fretes e dos dois gêneros, de modo e a metrópole. O
alvará de
Regulavam-se os preços do trânsito mercantil entre a colônia
em o fabricar, e o homem de negocios alvarás e decretos
definia melhor os
que "o lavrador ganhasse janeiro de 1755102 ampliava e limi-
achasse a sua conta em o extrahir", equilíbrio, enunciado, mas das Casas de Inspeção,
anteriores, explicitando os encargos
obviamente não conseguido em todo o período colonial. Os preços tando o tempo de permanência das
frotas no Brasil. Outros alvarás

deveriam ser os seguintes: na Bahia 1$400


réis a arroba do açúcar visando dinamizar o comércio 103:
Complementavam essas medidas
no Rio de Janeiro, Pernambuco e Maranhão havia em Portugal, e
branco fino; determinava-se maior presteza nos desembarques
uma diferença de 100 réis a menos. Essa desigualdade era esta-

belecida, cremos, tendo em vista distância das capitanias com a


a
carreira India. São Paulo, Ed.
99. V. Lapa, J. R. do A. A Bahia e a
metrópole, oferecendo-se uma compensação aos navios que per "Movimento de alguns navios portugueses
Nacional, 1968. Especialmente
corriam mais léguas para carregar. O Rio de Janeiro era favorecido cidade do Salvador nos
da carreira da India que escalaram no porto da
dentro do plano de transferência da capital (da Bahia para o Rio séculos XXVI, XVII e XVII", p. 327-343.
100. Dias, M. N. Foment0 e mercantilismo , passim.
Dá providências
95. Vieira, D._T. "A política financeira", in História geral da Civi C.A.P. L.D.A. Vol. I (1750-1758) fl. 89.
101. -

sobreditas fraudes,
Também objetivando a "total extirpação de todas as
lização Brasiletra (Dir. Sergio B. de Holanda). São Paulo, D.E.L, 1960.
Tomo I, vol. 2.°, p. 347. preocupação constanle em todas as leis sobre comércIo.
102. C.A.P. Vol. I (1750-1758), fl. 117.
A.D.S.- C.L.P. Vol. I (1750-1762), p. 38.
96.
97. ldem, Ibidem, p. 32. 103. A.D.S.
L.D.A. - -

Vol. I (Suplemento), p. 347. Idem,


V. I.
C.L.P.
98. ldem. O açúcar tinha abatimento de "dez tostões de prêmio em (1750-1762) p. 455, ldem, p. 593.
cada caixa" e concediam-se seis meses de
prazo, 47
46
Tunis, Salé). Argel
até a forma de avolumar os fardos c vasilhas cra minuciosamcnte concentravam piratas (Trípoli, Oran,
onde se
até meados do século XIX 10
determinada. continuaria a ser vespeiro de piratas de duas fragatas de
foi abolido i ordenava a
110 vinda
No rcinado de D. José I o sistcma de frotas O edital de 10/6/1766 em abrile outubro. A primeira perma-
deterioravam-sc pela demora
sob a alcgação de que as mercadorias
guerra saídas de Portugal um mes, passando pela Bahia na volta.
comércio perdiam dois a quatro Janeiro
das frotas, quc os intercssados no necia no Rio de voltava à metrópole sem
vinha ao Rio de Janeiro
e
havia aprovcitamento doloso
anos csperando o pagamento c que A segunda duas fragatas era a de levar os
em frotas fora instituído
das
do dinbciro 105. O sistema de navegação escalas. A função principal usado por
Real, serviço que podia ser
também para evitar o contrabando e para proteger os navios mer rendimentos da Fazenda do vaior trans-
cento
principalmente argelinos. Pri- mediante o pagamento de um por
cantes contra os ataques corsários, particulares
mciramcnte englobando todos os navios que vinham para o Brasil, portado.
frotas ia dos interesses
encontro
A abolição do sistema de
Pará-Maranhio ao
frotas foi ampliado para quatro 106:
o sistema de e Rio de Janciro as medidas objetivando
reduzir os
(cacau) Pernambuco (agúcar), Bahia (tabaco) dos comerciantes e coadjuvou vice-versa. Diminuia, ao
em virtude das de- metrópole-colònia e
(ouro). Esse sistema sempre mereceu críticas preços dos fretes comboiavam as frotas.
deterioráveis. Em 10 tempo, as das
despesas fragatas que
moras das frotas, pondo em perigo cargas mesmo
frotas portos de transporte luso-brasi-
aumentar os meios
de setembro de 1765 foi abolido o sistema de para os Para melhorar e
medidas tendentes a favorecer o
(Pará-Maranhão e Pernam-
da Bahia e Rio de Janeiro. As outras leiros, foram tomadas certas madeira em abundância
das duas havia
buco) foram automaticamente substituídas pela criação fabrico de navios na coiônia, onde manufaturado vinha
a fisca- materiai
Os mestres vinham da metrópole e o
companhias privilegiadas (1755 e 1759) que promoviam
fabricados ao Brasil, Rio de Ja-
lização nccessária. Nos outros dois portos e nos demais cxclusivos
domínios do norte da Europa. Os navios
Paraiba- seriam
sempre compreen-
ultramarinos portugueses, onde não houvessc privilégios neiro, Bahia, Pernambuco e de cada um
dcsdc que didos na preferencia para a respectiva navegaçåo
outorgados pelo monarca, os navios podiam ir soltos, das morassem no Brasil e gozariam do pri
observassem o cumprimento dc levar "as guias necessárias deles se os proprietários
fora. O empenho da
vilégio da primeira viagem se morassem
donde sahirem, para constar nas dos em
Alfandegas dos Portos direitos" 107. realeza pelo aumento da construção de embarcaç es logrou
efeito
que entrarem, haverem ou não pago os mesmos
adiante.
Ouanto à segurança das embarcações, nessa época, os ataques cor positivo, conforme veremos em capitulo
sários já náo eram tão freqücntes, mas por prccaução recorriam-se E clara, à vista do conjunto legislador supra exposto, a preo-
aos escriórios de seguro, florescentes principalmente em Ingla comercial em larga escala.
Cupação de reativar a agricultura
1erra e Itália 1*, Não obstante, Portugal mantinha, com basc en Encorajavam-se a produção e a circulação mercantil, promovendo-
coldnia cada mais à merce
, ao mesmo tempo, a defesa da
vez
Gibraltar, uma esquadra que policiava o Estreito e suas imediações
econdmica
do mercantilismo internacional e. por tim, de restauraço
a
104. CAP. -- LDA. Vol. v. (1765-1769) n. 1o0; A.D.S - C.L para a metro-
divisas
dessas ativiuades representava economia a produção de
P. Vol. 1 (1763-1774), p. 221. O sistema de frotas seria restabelecido
em
pois num momento em que estava diminuindo
definitivamense eatisto em 1801. clara
1797, cr
paraTais moivos, constanies do docunento oficial, devem juntar-se
105. Qure. Ease conjunto de medidas demonstra uma preucupação dos
a ouiros de sekvaose importáns da, cmo o tracassado combate à especula de toenar mais racional a colonização c o aproveitanmento
gho de plegos de produtos estfaBgeiuos e varios problemas de orden estiaulos coloniais.
iécaic Ouuo Alvaá,_com o meso obictivo, foi publicado em seten
bro de 1765 om selação aos Aporeee Madeisa. C.A.P.- LD. A. Vol
(1765-1769) fi. 102. Ascompanhias de comércio na politica econdmica "pombalina"
V
106. Reis, A. C. Op. ci, p. 317.
Sebastião Josó
107. Abvatá de 2 de juaho de 1766. CAP. LDA. Vol V Oinstrumeato mais importante através do qual
1765-3769), f1135. cewtancato dos praz0s de pegame utos, o emprc
)
Carvalho Melo pretendeu executar ieu plano mercantilista
o
de leuas de cambio, naior oUmpro de viagen de cada navio por ano iw de e
FofAm as compaahias de comércio, O exame da distribuição geo-
aVaagcns após a catingáo do siskema de frotas, seguasko Ratton op
cil, p. 73.
108. A H.M F.- Paptis avulsos da Companhia de Pernsabuco l640-1910), fl. 830-831.
0 . A.G.M. (Marinha Brigantna
Paraita. Gbasrva-se uma tedéncis de aentes, cada vez mais, cp ig. CAP.- L.D.A. - Vol. V (1765-1769), tl. 141.
dAcne critÁrio.
49
gráfica das empresas criadas em seu consulado
mostram tm
objetivo integrador das colônias e reino. Pretendia-se englohar c colönia para montagem e
fun-
Apareihavam-se metrópole comércio.
praticamente todas as áreas onde Portugal possuia colónias. C cionamento das
companhias de
brindo uma grande parte da América portuguesa, foram criad Pombal foi es-
maiores do ministro
as Companhias do Gtão-Pará c Maranhão, e Pernambuco e P Uma das preocupações mercantil operante
uma burguesia
desenvolvimento de
raiba 11, Moçambique integrar-se-ia através das Companhias t timular o setembro de 1755 criando
ilustrativo o decreto de
Oricntal e dos Mujaus e Macuas 12, completando-se em Portugal. E organ1zar os comerciantes,
Comércio n
Comércio t".
Procurava-se
Escola de Junta do Comércio cuja matrícula
metrópole com as Companhias do Alto Douro das a
e

projeto na cm torno da
congregando-os mercantis 18, Pombal
Reais pescas do Algarve. Essas foram as sociedades mercantis obrigatória para as transações
passou a enviada ao Cardeal da
ser
mais importantes, ou de maior duração. As seis companhias abran- ministro, cm carta
antes de ser
mesmo
não se extendia a mais
giam, teoricamcnte, o Atlântico-Norte e Sul e o Indico. Mota dizia que "a função
dos ministros
restava depois a execução
A primcira experiéncia do reinado de D. José I parece t: os planos sabiamente:
do que a formar homens de nezócio" 17. Prote-
mecanismo dos
sido a Companhia"" da Asia, mais uma pequena sociedade (Fcli ques ó pertence
ao
nacionais e as companhias através
tambem os comerCiantes
Von Oidenberg, Martinho V. Oldenberg c João André Calvet) do giam-se
comissários volantes 0, via de regra estrangeiros
concessão da extinção dos
no

que uma companhia própriamente. Foi a primeira mani-


à tiscalização. Aos protestos
géncro feita em 1753 e finda em 1760 113, Assim, a Ásia tambe e que freqüentemente fugiam mesinos principios empregados
figurava nos planos iniciais da administração real. Não se pod: festados Pombal respondia com os
"He
pelas monarquias rivais: feito
huma ley Fundamental da Europa,
deixar de ver, portanto, na legislação portugucsa do periodo, um Commercio com huma Colonia Estrangeira, he
planejameato racional orientando as diretrizes cconòmicas bus que todo o
punivel pelas Leys doo
cadas. reputado como hum liquido monopolio do próprio
Pai" 121. Justificava o protecionismo pertuguès partir
a
As medidas adotadas nas colónias tinham correspondenten tratado de 1654. Navios estran-
protecionismo inglès exarado no
ultramarinos
Brasil e dominies
metrópole. Por excmplo, o fomento à produção no
favorecimento à instalação cm Portugal de ferfinaria de açuca geiros só seriam tecebidos nos pertos dos
tor-
em de "intispensaveis necessidades" como
casos
portugucses diz Pombal
Estabclecia preços limites c diminuia impostos alfandegários par enta ou "ruina próxima ao nauiragio".
Ratton que
incentivar a exportaçáo e cuidava-se dos armazéns 11. Outros pro teatou tirar o comércio das maos dos estrangeiros
e "daquelle
dutos foram bencficiados com isençöes fiscais por força do sc estado de anniquilação, e até de devprezo a que se achava reduzido
fomento no Brasil, como o aroz, madeira, anil c café 1, Tam entre os nacionacs" , O comercio em Lisbea era dominado por
bém os couros meteceram tratamento especial quanto aos preço feito em barcos
*, estrangeiros c até o comercio transoceànico ora
de fretes, o scu beneficiamento e exportação alienigenas com bandeira portuguesa. Uma wvera vigilância foi
eetaa contra o comercio sub-repticio contra os sonegadores
cio
11. Teris hevido plano de csie
Bubiä, a s o pojrko csbaf 104
um
também para kio de a
o
evisencia dos mercadore lovar
e ns opigo nglens CfAedo, Eponas de Puriugul ecunumic
ásboa, Lavrafia lássats kdiofs, 147, p. 4
17 tdem, tbuem, 19
ttloáo de Araujo Mota fo probiuto de participar dos leilóes da
2 Maccdo, d e Coupetdaies tonElsiais, ia bicwnário de Hi da Peruambuca Paraiba por aão ser matrkculado na Junta.
dria de Foriugad. 1istos, is0s. Vul 1 p 6i6644 mpanha
Cf. A. H N. F
a

Livo dos Rogitros das Leis, Decretos a Alvarás


13 Hoppe, 4 4W4 ukeaa! portuguA sa no empo
d A.N.L. Colegåo Pombalina. Códice
Mwguts de Pombal, 1750 i777. 1sto4, Agétois G«ral do Uluama 19 Carta da 19-2-1742 Raia.
1970, p U2
4. Deceio de 5 12-1752 siáteesia aque pauu de janeiro d 120 Reyatdea iraasoceànieas que am ie pussagem aegociar e re
a a m , com a peculia abudo, à Motrdpole, om prejuizo do comerciante
d do Reilio cüo e asde ADS-CP Vol I (17501762 enfa u" AAuvauo, IL. de. Novas epanifar4s; esiutos de Hatoria c
bupieaeuio). p 1t64 e 395. tGsaur 4. Liahua, Livr Claaiva Edit., 1910, p. 4. CC.LE, Vol..P
11 V. Nuasu sAitalo de iogilagko paa o Bral dusaaie Giiai E n 1/1/1 7ad há a rarurçu devsa praibição. CA.P. LD.A., Vol. 1l
d DJua 17501771) ANais de HilóAis, Ama, :
Paas 17-139, 1908/
6 AD.5 CLP. Vol . 2 N.L. Seçäu de Raneevaios Caleyão Pombadina, Códice 638
(1701762), p (LhaunKAl caista pur runaata Novais).

51
circular capitais
improdutivos
de tributos. Pombal chegou a fcchar várias casas, por fraudan leis objetivando fazer maio de 1757 permitia
Outras alvará de 16 de
o fisco, como Russillon c Debadie (ingleses) e Cambiazo (gen sucedendo. O bens pertencentes
foram se fundos vinculados,
ves) 123. O prestígio ao comerciante nacional explica-se pela fórmui companhias
com
deviam
consideradas
entrar nas
ser
da mercantil e o con . As companhias
mercantilista de enriquccimento burguesia Morgadose Capelas circuiar como dinbeiro nas
tributária 12. As companhias e a
ações podiam
seqüente aumento da arrecadação e suas
bancos públicos
Era proibido
receber ações das companhias
comércio e as fábricas financiadas pclo Estado visavam, tambem transações
mercantis.
elas fazer especulações
e com
125.
declardo
real. s e u valor
o aumento da arrecadação abaixo do fomentistas funcio
as camadas sociais, m
protecionistas e
Foi buscada a participação de todas Todas e s s a s providências economica pombaiina.
Esta visou
circula_ da politica
sentido de colocar o máximo de capital possivel
cm
navam c o m o suporte comercial e o fomento
indus-
imobilizados, estimularam-se básicos: a restauração
Para atrair capitais particulares dois objetivos de comercio
circunscreve-se, por-
interesse e a confiançamercantil. Convocavam-se as duas clas trial. A criação de companhias economia portuguesa. A
da
nobreza para partic1par dos em de racionalização
e tanto, n u m plano considerado
mais importantes-burguesia tudo o que fosse
comércio feito através das companh filosofia estava presente, pois
preendimentos comerciais. O aova
Veja-se, por exemplo, como

não prejudicava a nobreza herdada,


antes seria um n e i o de adqui arcaico Pombal procurou ultrapassar. artes mecanicas quando
a s corporações de
of+cio e
individuo qualquer que entrassc com quau. o Estado atacou destruir ou des-
n-la , porque um Porto. Era u m a oportunidade de
10.000 cruzados gozaria do privilégio ue do motim do clementos de resistencia
igual ou superior a medievais,
menagem e m s u a própria
casa. Enobrecia-se a atividade
mercant
prestigiar aqueles organismos No há. odviamente. altruismo e
do fomento empresarial dava ao desenvolvimento capitalista.
A paruc1pação da Coroa através Ela buscava o aumento estatal
A sociedade portuguesa, como s desinterêsse na politica pombalina.
clima de confiança rcquerido. do Império, com a criação
incentivo dada a indiferença com de renda, subordinação e salvaguarda
pode perceber, precisava desse das companhias. "0 espirito, no fundo,
era sempre o da sujeição

que a nobreza da época após 50 anos usufruindo do luxo pro- economica e politica das coionias à Metropole: aproveitar todas
atividades comerciais. Pomba
vocado pelo ouro do Brasil- via as as possibilidades daquelas, em produço
e c o n s u m o , em beneficio
mercantil de tal forma que, "se a economia metro-
passou a dignificar a burguesia desta 1", Buscava-se, outrossim, modernizar
sua sala concorrião Fidalgos c Negociantes para lhc falar cm n: o comercio e a po-
dizendo, que o tempo lhes c :
poitana com a mobilizaço de capitais para
gócios, attendia primeiro a estes, itica manufatureira.
muito precioso, e que geralmcnte fallando, vinhão trazer entr
eriadas
tanto quc aquelles vinhäo commumente buscar,
c tinh o pouce Nosso trabalho ocupa-se de uma das duas compandias
de Pernambuco e Paraiba. A pri
Cm que empregar o seu tempo" i26. O M rquês apoiava c buscav para o Bravil a10 Companhia
o apoio da burguesia comercial visando dinamizar a cconomia por em junho de l755 com a de explorar
Åunço
eira toi instiluida
tuguesa comercio, a agricultura e promover o povoamento da região

123. ldem, Ibidem, p 168 127. AD.S- CL.P. Vol (17501762) p S1


124. D. uis de Cusbe já obusrvara: "De o Principe occupação a 1765-1769).
povos e logo serão os povos do ue pegar ao Prinsipe os uibutos que th 128. Alvará de u de agosto de 1765. CA.P- Vol.
inposcr, de mancira g u diabeiro das sujeilos náo deve entrar a 29, Cactano, M. "A* retormas pombalinas a post-pombalinas respei
da
cufses scais, senao a f de a i delles pua s mesamos sujeitos e cla 4tae ulramar: a nevoavpirito cm qua ão concedrlas"', in Hiroria
arculaçáo faiá a iguez de aos aalrugdes Marco António de A N d o poru44e n mundo (Dir. p/ Aatdnio Baião et dlii. ). Lisboa,
vedo Couinho, p. 11s Apud Magaháes, IC. de Op. ci., p. 321 Editerial ÁLica, 1940. Vot. I, A 219.
25. Capátulo 39. do Eataluts da Companhia do Grio Pará e M da pesca da
raubáo. CAP. 1DA Ya (U701758) t1. 137. Foi confirmada 0Rallan, Op. eit., p. t83 a 184, tala da compandia
Cumplcmcntadu cba disposisao pelo Alvasá de $/1/1757. C.C.L,E. Vul ealeia a do s, mas consiteram-se ambos como simples contrato.El
IV p. 1-3. M.mnopolio do mt nu Eado do Brait (1oll-iN01): contribuiçdco ao
26 Rattaa, ). Op. si, p. i67. O aviso de 4-11774 udo do monopólio comercial purtuguds ao arasil, durante o periodo
rece0E lnial. Boletim da F.F.C.LU.SP. (197). S Paulo, 1935. ldem "Aspecto
Om distingáo o do aco daido * Lhes mandava
ANeniD n s taacu puatedures
da Junta de Cakesio. ADS
a honra de
C.LP. (170517 a
a Blia
Paulo,
nu Beraail colonial", Revista de Historia, São Paulo, 166
1 9 . 4em. A baleia no Brasil Colonial. Sao Paulo
upleso), p 313
Msiheramentos US.P 190
$2 53
economia
rudimentar para u m a
economia de s u b s i s t ë n c i a e
militar ficava a cargo da
companhia,
monopolizada 131. Os Companhia do Grão-Pará
estatutos da de uma
mercado. Também a defesa
e guarnecer mili-
comerciantes da praça de Lisboa de armá-los
Maranhão eram assinados por dez fabricar navios de guerra,
que podia Navios contrabandistas
e Sebastião José, estabelecendo
nos seus 54 capítulos os privilégiog tarmente as praças
onde fizesse
comércio.

funcionamento. A administração geral cabia beneficio da companhia. O lucro principal


e as condições de seu reverteriam e m
povoamento
e r a a colonização (ocupaç o,
Lisboa formada um pro presos
por
à Junta Administrativa sediada em
da monarquia portuguesa seu proveito, vista na perspec-
oito deputados e três conselheiros. Exceptuando-se estes de n o v a s áreas) em
vedor, e valorização representados pelos ar-
os membros da junta deviam ser portugueses, natura
naturais ou
tiva do tempo. Os
lucros imediatos e r a m
enviados a Portugal,
Reino. Além e da colônia
lizados, donos de 10 ou mais ações ce domiciliados no
tigos de procedência européia isenções, como

centralizadora, havia três direções (no Porto, tributos alfandegários. Havia algumas
dessa administraço que pagavam como as
Em outros pontos onde sobre alguns produtos exportados
Pará e Maranhão) subordinadas à primeira. vimos anteriormente, a ser exportados
passaram
a companhia comerciaya
havia feitores ou representantes: Cabo madeiras, café, etc. Os produtos que Maranhão
Bahia, Angola, o que da Companhia do Grão-Pará e pelos portos de
Verde, Cacheu, Bissau, Ilhas da Madeira,
através
133 foram:
mercantil da empresa. 0 Belém e São Luís
fornece a geografia da circulação mais de 60%
Cacau, produto nativo da região. Representava
nos
um capital formado
projeto de criação do empreendimnento previa
réis cada, mas, com muita da exportação pelo porto de Belém. Assinale-se o fato de o incre-
pela venda de 1.200 ações de 400$O00
Essa no complementação do mento da exportação cacaueira representar
aumento de c o n s u m o
dificuldade foram vendidas 1.164. a elaboração do chocolate.
experiência com para o açúcar exigido para
capital deve estar ligada ao fato de de primeira
ser a
Arroz, gênero importante na alimentação (não
tanto quanto
Pombal, não havendo ainda
companhia de comércio no governo antes da
suficiente confiança para empreendimentos
dessa natureza. O ca hoje) teve um impulso importantíssimo. Insignificante incentivos
ao contrário, era cercado
de companhia, passou a um volume considerável após os

pital estrangeiro não e r a dispensado;


estatutos. Não obstante, apenas promovidos.
garantias, conforme exarado nos Algodão, matéria-prima cada vez mais requisitada pelos teares
45 ações eram de estrangeiros, 39 de mercadores instalados na
reinóis 9/10 das ações 132. europeus.
colônia, pertencendo a o s Atanados e solas, além de carnes secas, eram derivados bovi-
terminar,
O privilégio foi outorgado por vinte anos, devendo
término do prazo concedido, a com nos muito utilizados na Europa, principalmente os primeiros na
portanto, em 1775. Após
o
seu comércio até 1778 quando foi extinta, dei- fabricação de calçados, móveis e outros utensílios.
continuou
panhia
xando de atender ao pedido de prorrogação por mais dez anos
A madeira também era carregada em grande Em
escala bem menor eram carregados para a metrópole: café 134
quantidade.
feito pela empresa. pouco açúcar, cravo (fino e grosso), salsa, gengibre, goma, anil e
A área geográfica brasileira compreendida no seu monopólio. outros produtos do sertão.
era tradicionalmente pobre. A lavoura era in-
Pará e Maranho, A Companhia do Grão-Pará e Maranhão trazia da metrópole
cipiente e sua
a mão-de-obra escassa era quase toda representada
pelo elemento indigena,
em sua maioria aldcada pelos jesuítas. artigos manufaturados europeus. De origem portuguesa eram os
A Coroa pouco ou nada recebia dessa região indefesa. A ação da vinhos, azeite, bacalhau, ferramentas para a lavoura, panos, louças,
companhia elevação do seu
foi marcante na nível econômico, atra- chapéus etc. Produtos que iniciaram sua produção no reino foram
vés do fomento à agricultura e aumento do número de gêneros ISentos e tinham mereado seguro no Brasil, conforme veremos em
da produção exportável da região. Foi responsável pela transição capítulo especial.
O de eseravos era uma das atividades importantes
da
comércio
131. A Instituição da Companhia e o Alvará de confirmação real sio companhia. Visava ele o fornecimento de mão-de-obra para a
de 6 e 7 de junho de 1755. C.A.P. -L.D.A., Vol. I (1750-1758), fl. 137
e A.D.S. C.L.P. Vol. 1 (1750-1762), p. 391, respectivamente. O ma
alentado estudo sobre a Companhia do Grão-Pará e Maranhão é o de 4
O s dados informativos são extraídos do trabalho de Manuel Nures
P. ci., "Carregamentos, mercados e mercadores, P. 313 a >20.
Manuel Nunes Dias, do qual extraimos muitos elementos para este
balho. " V . Nosso verbete café no Brasil-coldnia", no Dicionário de
M.N, Op. ci. Os acionistas
listória
de Portugal, cit., vol.
IV.
132. Dias, e o capital-social. 1.° volunc
p. 227-255.
55
54
da
135. O tráfico entre as possessÖrs das companhias empenho pelo aumento
e o
lavoura da zona monopolizada A instalação cho
levava necessariamente à ligacãe o governo portugues ao
Amésrica n a agricultura levaram
portugucsas na Africa
e
mão-de-obra dominavam
do Atlântico, promovendo a su Os inacianos, c o m o já dissemos,
entre as duas margens portuguesa que com
o s jesuítas.
mão-de-obra indígena.
o tráfico não foi uma fonte de rend Brasil toda, o u quase toda, a
defesa. Para a companhia deficitário, O luc no norte do a u m e n t a r o número de braços n a
anos chegou a ser
alguns interessado e m
imediata, pois em Portugal estava Maranhão e fazer a região rentável para
mão-de-obra em ação, gerando produção: do Grão-Pará e
maior seria através da lavoura usando
c o n s u m o beneficiando, a méédio prazo, a empresa. Fazer a terra ren a Coroa. Ela era lucrativa,
atë então, para os jesuitas, que
comercializava os
mão-de-obra que nada Ihes custava, produzia
e
tável era o objetivo último do empreendimento. à realeza. Sua obra era, oficialmente, de
do melhor aproveitamento produtos, nada pagando
Percebe-se, nessa fase, a procura os aldeamentos indí-
se encaminhava para a colônia mas o m e s m o pretexto justificava
possível para a mão-de-obra que catequese
se aproveitavam para fazer os
íncolas
O alvará de 27-9-1770 136 determinava aos ciganos entregarem seus
genas, do que os jesuitas dos colonos e dos possíveis
ensinassem ofícios. Maior vigilância fo: trabalharem. Tal fato provocava a ira
filhos a mestres que Ihes concorrència tão desni-
vinham para o Brasil. Eles investidores de capital na área, em virtude de
adotada em relação aos portugueses que "tinha por
declaradas em Portu velada. Na verdade, a luta entre colonos e jesuítas
deviam dedicar-se n a colônia às profissões domínio cada uma
levarem-se para a metrópole objeto único a exploração do indígena, de cujo
gal 137. Em 1761 proibia-se faziam faltanegros a cultura das terras das partes queria a outra excluída" 141, A produção jesuítica em suas
sob a alegação de que ""não só para
de mão-de-obra de que desfrutava,
e exploração de minas n o s
domínios portugueses" c o m o também fazendas, graças ao monopólio
na vida da metrópole"
138. Em era bastante diversificada: algodão, carne, açucar, aguardente, ce-
pelas *desordens que c a u s a v a m medidas tenden reais e frutos silvestres. No que tange à criação de gado possuiam,
1773 seria abolida a escravatura e m Portugal. As
em Portugal e que culminou só no Pará, 4.000 cabeças 142. Através do rendimento dos bens
tes a acabar com o trabalho escravo
visava modernizar seqüestrados aos jesuitas do Estado do Grão-Pará e Maranhão 143
com a abolição fazem parte de u m projeto que
a economia e a sociedade portuguesas
em termos de industrializa pode-se ter uma idéia do potencial jesuitico no extremo norte da
econômica incompatível com o modo escra colônia. Eram 25 fazendas, 3 engenhos e mais de 135.000 cabeças
ção 139, atividade essa,
de de gado, tudo avaliado, aproximadamente, em 300:000S00 réis. A
vista de produção. O mesmo não se aplicava à colônia cujo tipo
economia se adaptava perfeitamente ao escravismo, por isso no produção a partir desse capital e suas transações adquirem maior
significado se as ligarmos aos escritórios bancários e armazens co-
Brasil foi conservada a escravatura. Em PeTnambuco, nessa época.
escravos movimentaram-se pensando serem abrangidos na le merciais que os jesuítas possuiam não só em Portugal, mas na
os
de 1773 140 América, Ásia e África 144. Não era sem motivo que as atividades
Enfim, não se pode desligar o comércio escravo,
da agricultura economicas jesuíticas afugentavam capitais particulares certas
regiöes e que a Coroa, em determinado momento, procurasse afas
em

comércio e defesa do império colonial português. tar os inacianos.

135. Aviso de 13-6-1760 declarava que


na venda dos escravos negre
engenho a todos c*
A ofensiva antijesuítica no Brasil avolumou-se logo após
Tratado de Madrid. Os jesuitas tinham, na prática, poderes tem-
o

fossem preferidos os lavradores


e
os senhores de Decretos
e Alvarás"
outros que us quisessem comprar, A.H.M.F. "Leis, porais sobre a população indigena. A utilização constante do
136. C.A.P, - L.D.A., Vol. II (1759-1764).
137. Carta Régia de 26 de agosto de 1761. A.D.S.
C.C.P. Vo incola pelo jesuíta, em laborações comereiais, provocara em 1741
821.
II, p.138. Era disposiço antiga que pasava ser melhor observada. Breve do Papa Benedito XIV, proscrevendo a escravidão dos
Almeida, F. de. Op. cit., tomo V, p. 152. de A.D.S. -- C.L nativos americanos. O Breve pontifício ficou retido em Lisboa,
(1763-1790- Suplememo). p. 14.
139. V. Falcon, F. C. & Novaís, F, A. A extingão da escravatu
africana em Portugal no quadro da política econômlca pombalina. Com 14. Azevedo, J. L. de. O
128. Marquès de Pombal época...,
sua P.
nicação ao VI Simpósio da A.N.P.U.H., Goânia, set., 1971, 24 p.
140. Carta do governador de Pernambuco Cunha Menezes a Marin 142. ldem. Os jesuitas no Grão Pard. Coinbra, 1930, p. 196.
de Mello e Castro de 15-11-1773 falava das interpretações 143. Ct. Dias, M. N.
*"errõneas egs.
"Fomento e mercantilismo", Op. Cit., p. 169 c
Degros do Brasilquanto à aboliçáão da escravidão negra em Portuga
negros pernambucanos fizeram "ex1rair grande número de côpias do c na
144. Cf. Cardeal Saldanha, upud Carqueja, B. 0 capitalismo moder
plar da dita Jei". A.H.U.C.P. 59. uas origens em
Portugal. Porto, 1908, p. T4o.

56 57
não se dando divulgação a por instância da Ordem, demons
cle 145
áreas subaproveitadas
ou abandonadas

Os clérigos continuavam a usufruir da mä rentáveis, e de


tração do seu poderio. to. não
início do século.
-de-obra indígena, em regime de trabalho livrc na aparência, ma desde o
medidas tomadas na
n o v a orientação
econô-
em circunstäncias que se confundiam O conjunto das u m a valorização dos
na verdade exploravam-na o Brasil, provocou
estabelecida para
mica
toda a colônia 15i.
com a escravid o.

No mesmodia da criação da Companhia do Grão-Pará contratos em


nós compulsados
152 revelam u m a cres-

1755- foi promulgada a lei 146 pela Os documentos por fruto de u m a maior c o n -
Maranhão- 6 de junho de dos contratos, c o m o
a liberdade dos índios por
suas pessoas cente valorização a u m e n t o efetivo da
qual a Coroa declarava coincidëncia de datas não e r a mero acaso, fiança no governo
de Pombal, e tudo indica,
tabaco e açúcar não
bens e comércio. A contratos c o m o

clemento indígena da jurisdição jesuítica produção 135, Os principais as crises de produção


A realeza afastava o sofreram queda, fato que
nos leva a repensar
a ação da companhia
de comércio criada Carnaxide e
para garantir e
incentivar vários a u : o r e s entre eles Simonsen,
índio fazendo-o produzir de apontada por
Enfim, o governo presidido
na
Procurva-se, outrossim, assimilar o Macedo, anteriormente citados.
forma rentável para a Fazenda Real. prática pelo discutido Marquës
de Pombal encontrou no m e r c a n -
dos Indios, em 1757, determinava tentativa de recuperação do Império popr-
O Regimento do Diretório tilismo as bases para a
dos povoados indíge advindos da governança pre-
detalhadamente a forma de administração
dos indígenas foi estendidaa
tugues, então com sérios problemas fortalecer a burguesia comercial
a liberdade cedente. A monarquia procurou
nas 147. No ano seguinte, instalada a Companhia de
Per busca de solução para a economia
todo o Brasil 148. Em 1759 seria
uma
e com ela se aliou na
a idéia de eliminação
da in ultramar. O Estado, demonstrando
nambuco e Paraíba. Note-se como portuguesa toda dependente do
caminhou paralelamente ao encorajamento
da
ter consciência dos inconvenientes
da acomodação às rendas
fluencia jesuítica resistências da a produ-
aplicação de capitais na
colônia. As inevitáveis oriundas da atividade mineradora, procurava aumentar
ainda mais. Após o atentado con-
ção e o comércio a fim de tentar cobrir ou diminuir o desequilí-
Ordem exacerbariam os ânimos
e para
tra D. José I a situação complicou-se para os jesuitas brio da balança comercial.
Casa Real foram
alguns nobres. Os
confessores e professores da Na politica de integração e aproveitamento do império por-
aumentaram as gestões reais junto ao
Vati sua grande
expulsos do Paço 149, 3 de setembro tugues, o Brasil ocupava as atenções maiores pela
cano implicando os inacianos 150,
até que a lei de potencialidade. Ao mesmo tempo que Portugal procurava manter

de 1759 declarava os jesuítas expulsos de Portugal e todos os seus as rendas provenientes das minas, ia desenvolvendo os outros se-

domínios. Deu-se o golpe mortal nos jesuítas com a expulsão tores ligados à agricultura comercial, meta maior da política eco-

confiscação de todos bens da Ordem em favor do


os patrimônio nomica ditada para o Brasil, nesse período. Toda a legislação
O Estado conseguia, através da supressão da Companhia diretaou indiretamente, está ligada àqueles objetivos econòmicos,
régio. colôni:a metrópole na
de Jesus, eliminar a influëncia jesuítica na e
tanto na colonia como na metrópole. Preparava-se Portugal para
firmava-se
O poder absoluto e a nobreza pela subordinação do clero mai colonizar e o Brasil para ser colonizado, mediante a eliminação
a ficar sob controle
ativo. A Inquisição passaram dos entraves. No Brasil as Companhias do Grão-Pará e Mara
do central. Foram superados os possíveis obstáculos inter
poder nhão, Pernambuco e Paraíba foram o nervo central da nova política
nos ao cumprimento do plano mercantilista liderado pclo Marques
metropolitana.
de Pombal.
Na colónia, concomitantemente, Poriugal criava as condiçöc
para a restauração de áreas antes nas mãos dos jesuítas e, portar 1S1. O expediente de arrendar contratos era prática antiga e foi
tornada sistemática pela Resolução de D. João V «em 27/9/1746. O con
tatador pagava ao monarca em espécie e recebia dízimas, quintos e outros
145. Cf. Azævedo, J, L. de. O Marquês de Pombal e sua épocu, p. 1 utos em espécie e in natura principalm:nte. Por isso os contratos eram
146. A.D.S. - CLP., Vol. I (1750-1762), p. 369. ematados, em geral, por comereiantes. Vieira, D.T. Op. cit., p. 344.
vilegios de contratadores, V. Almeida, F. de. Op. cit., tomo ,
147. A.D.S.-C.1L.P., Vol. (1750-1762), p. 507, V. também p. 39 P. 208 e 209.
148. C.A.P. - L.D.A., Vol. I (17S0-1758), fl. 343.

C.A.P, Constantes
em rds coleções de legislação: A.D.S, C.C.L.E. e
Almeida, F. Op. ciu, Vol. IV, p. 341 e segs.
149. além de cópias de contratos cnconlrados em varios
150. A.D.S.- C.L.P., Vol. I (1750-1762) Suplenmento
p. 4/ arquivos.
.Como já ficou dito talta monogratias por setores a im de
iLens moslran as inter poder haver melhor
venções indevídas no Império portugués p:los Je>u avaliação.
59

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