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EPUSP — PCS 2011/2305/2355 — Laboratório Digital

Caracterização de Portas Lógicas


Versão 2015

RESUMO
Esta experiência tem como objetivo um estudo dos elementos básicos do nosso universo de trabalho, ou
seja, as portas lógicas. Para isto serão efetuados estudos para determinar algumas características elétricas
destes componentes, como a curva de transferência de tensão, e características temporais, como os atrasos
de propagação. Serão estudados dispositivos TTL e CMOS.

OBJETIVOS
Após a conclusão desta experiência, os seguintes tópicos devem ser conhecidos pelos alunos:
 Circuito digital como um componente real que usa eletrônica digital;
 Características da curva de transferência de tensão de circuitos integrados de famílias diferentes;
 Medida de parâmetros de tensão (VIL, VIH, VOL, VOH) e de tempos de propagação (tPLH, tPHL);
 Comparação entre circuitos integrados CMOS e TTL.

1. INTRODUÇÃO
1.1. Portas Lógicas e Circuitos Integrados Digitais
As funções lógicas podem ser implementadas de maneiras diversas, sendo que no passado, circuitos com
relés e válvulas a vácuo foram utilizados na execução destas funções. Atualmente, circuitos integrados
(CIs) digitais funcionam como portas lógicas. Esses CIs contêm circuitos formados por resistores, diodos e
transistores miniaturizados, diferenciando-se dos circuitos integrados ditos analógicos pelo fato de que nos
digitais os transistores só possuem dois modos estáveis de operação (corte e saturação), ficando muito
pouco tempo nas regiões de transição. Dizemos, idealmente, que os transistores operam como chaves.
Um tipo popular de CI digital é ilustrado na Figura 1.1. Este modelo de invólucro é denominado
encapsulamento em linha dupla (dual-in-line package - DIP) pelos fabricantes de CIs. Este CI particular
seria então chamado circuito integrado DIP de 14 terminais (ou 14 pinos). O mesmo CI é, em geral,
oferecido comercialmente em vários tipos de empacotamento, cada um mais adequado a um tipo de
montagem mecânica ou ambiente de utilização, a critério do projetista que o utiliza. Além disso, cada
empacotamento possui determinadas características com relação à dissipação de calor.

Figura 1.1 - Circuito integrado DIP de 14 terminais (fonte: Wakerly).

Os fabricantes de CIs fornecem diagramas de pinos similares ao mostrado na Figura 1.2 - neste caso para
um CI 7400. Note que este circuito integrado contém quatro portas “NAND” de 2 entradas cada uma e é,
portanto, chamado de porta NAND quádrupla de 2 entradas. A Figura 1.2 mostra os terminais de CI
numerados de 1 a 14 no sentido anti-horário (visto pelo lado de cima) a partir do entalhe. As conexões de
alimentação do CI são os terminais GND (pino 7) e VCC (pino 14). Todos os outros pinos são as entradas
e saídas das quatro portas NAND.
O CI 7400 é parte de uma família de dispositivos, representando um dentre os muitos dispositivos da
família transistor-transistor-logic (TTL). Dispositivos de outras famílias lógicas, como o CMOS
(complementary metal-oxide-semiconductor), estão disponíveis e que apresentam a mesma funcionalidade
(p.ex. 74HC00). Os dispositivos TTL foram dispositivos lógicos largamente utilizados, contudo, atualmente,
eles ainda são muito usados para fins didáticos e os dispositivos CMOS passaram a ser mais empregados
em projetos de circuitos digitais. Há vários fabricantes de circuitos integrados TTL e estes publicam, em
forma de manuais (datasheets), as características funcionais e elétricas desses componentes.

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Figura 1.2 - Diagrama dos terminais de um CI 7400 visto por cima.

1.2. Parâmetros Elétricos Estáticos da Família TTL


Os circuitos TTL da série 74 foram projetados para operar com tensão de alimentação Vcc = 5,0V  5%,
numa faixa de temperatura de 0oC a 70oC. Para Vcc = 5,0V, a 25o C, cada porta TTL da série 74 consome,
em média, 10mW. Todos os parâmetros apresentados a seguir são garantidos pelos fabricantes dos
circuitos integrados da série 74, se as limitações acima mencionadas forem obedecidas.
Uma característica elétrica de um componente digital é dada pela sua curva de transferência de tensão
(Sedra e Smith, 2000). Esta característica é caracterizado por um gráfico tensão da saída  tensão de
entrada. A figura 1.3 apresenta um exemplo de uma curva de transferência de um inversor ideal. Repare
que por se tratar de um componente real, a tensão de saída apresenta valores VOL e VOH para os níveis
lógicos baixo e alto, respectivamente.

Figura 1.3 – Curva característica de transferência de tensão de um inversor ideal.

A figura 1.4 apresenta a característica de transferência de tensão de uma porta TTL inversora típica. Para
tensões de entrada inferiores a Vb a saída apresenta uma tensão de saída constante igual a 4 V (nível lógico
UM). A partir de Vb, a saída começa a apresentar uma queda de tensão. Quando a tensão de entrada atinge
Vx, a queda se torna mais acentuada, chegando a um nível mínimo em V a. A partir deste valor, a saída
permanece constante (nível lógico ZERO).
Os valores de tensão do gráfico de característica de tensão da figura 1.4 são, aproximadamente, os
seguintes (estes valores podem variar de dispositivo para dispositivo):

 Vb  0,7 V
 Vx  1,0 V
 Va  1,3V
 Nível "UM"  4,0 V
 Nível "ZERO"  0,3 V

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Figura 1.4 – Característica de transferência típica de uma porta TTL inversora.

Os níveis de tensão garantidos pelos fabricantes e que realmente mostram a compatibilidade entre os
membros da família são apresentados na Tabela I.

Tabela I - Níveis de tensão para uma porta TTL.

PARÂMETRO DESCRIÇÃO VALOR


VIL Máxima tensão na entrada reconhecida como nível ZERO 0,8V

VIH Mínima tensão na entrada reconhecida como nível UM 2,0V


VOL Máxima tensão fornecida na saída em nível ZERO 0,4V

VOH Mínima tensão fornecida na saída em nível UM 2,4V

Analisando-se os valores de tensão constantes da Tabela I, pode-se concluir que os circuitos TTL admitem,
no pior caso, uma margem de ruído CC de 0,4V. Assim sendo, no pior caso, ao nível ZERO fornecido por
uma saída TTL pode-se somar um ruído de amplitude +0,4V, que o sinal resultante ainda é reconhecido
corretamente por uma entrada TTL; no nível UM fornecido por uma saída TTL, pode-se somar um ruído de
amplitude -0,4V, que o sinal resultante ainda se encontra dentro das especificações de entrada para nível
UM. Para valores de tensão compreendidos entre 0,8V e 2,0V, nada se garante com relação aos níveis
lógicos. A figura 1.5 resume estas considerações.

V OHMin
2,4

2,0 V IH Min
Níveis
Lógicos
V ILMax
0,8

0,4 V OLMax

4,75 5,00 5,25


Tensão de Alimentação
Figura 1.5 - Margens do ruído e de incerteza (TTL série 74).

Além da compatibilidade entre os níveis de tensão requeridos pelas entradas e fornecidos pelas saídas,
também é necessário examinar os valores das correntes absorvidas e fornecidas pelas entradas e saídas
dos circuitos integrados, tanto em nível UM como em nível ZERO. Para tanto considere o circuito de uma
porta lógica inversora TTL, apresentado na figura 6. Para analisar o circuito, notar que os transistores
apresentados trabalham somente nas regiões de corte e saturação e os valores de corrente contidos na
Tabela II seguem a seguinte convenção:
 Corrente absorvida pela porta: positiva;
 Corrente fornecida pela porta: negativa.

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Tabela II - Níveis de corrente (TTL série 74).

PARÂMETRO DESCRIÇÃO VALOR


IIL Corrente máxima fornecida por entrada em nível ZERO -1,6 mA
IOL Corrente máxima absorvida por saída em nível ZERO +16 mA
IIH Corrente máxima absorvida por entrada em nível UM +40 A
IOH Corrente máxima fornecida por saída em nível UM -400 A

No circuito do inversor lógico da figura 1.6, quando a entrada estiver em nível UM, o transistor de entrada
T1e está no modo ativo reverso e uma pequena corrente de coletor circula no circuito pela base de T 2e. Este
valor é suficiente para saturar este transistor. A saturação de T 2e fornece uma corrente de base de T2s,
levando-o à também saturação e baixar a saída para um valor baixo (V CEsat). A tensão do coletor de T2e é
igual a VBE(T2s)+VCEsat(T2e)  0,9V. Isto garante que tanto o diodo como T 1s fiquem cortados. Assim, o
transistor T2s saturado estabelece uma tensão baixa na saída do inversor.

Figura 1.6 - Análise simplificada do circuito da porta inversora TTL.

Quando a entrada estiver em nível ZERO, o transistor T 1e está saturado, uma vez que a junção base-
emissor está diretamente polarizada. Desta forma, a tensão na base de T 1e é de aproximadamente 0,9V e
a tensão na base de T2e é de aproximadamente 0,3V, que é insuficiente para levá-lo à condução. Tem-se
então que o transistor T2e está cortado. Com T2e cortado, a tensão na base de T2s é igual a 0V e desta
forma, T2s também está cortado. Com T2e cortado, não há corrente no coletor de T2e, então a base do
transistor T1s tem um valor suficiente para polarizar diretamente o diodo e T 1s. Nesta situação, T1e está
conduzindo e a tensão na saída é basicamente igual a do emissor. Se a saída estiver em aberto, o valor da
ensão de saída será aproximadamente 3,6V, devido a duas quedas de tensão de 0,7V (pela junção base-
emissor de T1s e pelo diodo).
Para maiores informações sobre a análise do circuito da porta inversora TTL, recomenda-se a consulta das
referências (Sedra e Smith, 2000) e (Tocci, Widmer e Moss, 2011).
Os parâmetros de corrente, entretanto, são válidos somente para entradas e saídas típicas, semelhantes
às da porta analisada. Como existem alguns circuitos integrados TTL da série 74 que apresentam aquelas
correntes com valores diferentes e, também, para facilitar o projeto de sistemas que utilizam outras séries
da família TTL, foram definidos os seguintes parâmetros:
 Carga Unitária TTL (UL):
§ UL = 40 A para nível UM;
§ UL = 1,6 mA para nível ZERO.
 Fan-in - número de cargas unitárias que podem ser fornecidas pela entrada.
 Fan-out - número máximo de cargas unitárias que podem ser fornecidas pela saída sem que o
circuito deixe de funcionar.

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Da Tabela II conclui-se que uma saída TTL pode excitar até 10 entradas da mesma família (fan-out). Outra
especificação importante fornecida pelos fabricantes dos circuitos TTL diz respeito à máxima tensão que
pode ser aplicada às entradas. Para a série 74, é recomendado não se colocar níveis de tensão superiores
a 5,5V, pois o circuito pode ser danificado se uma entrada receber uma tensão superior a este valor.

1.3. Parâmetros Elétricos Estáticos da Família CMOS


Circuitos integrados CMOS (MOS Complementar) são componentes que apresentam as seguintes
características: apresentam as mesmas funções lógicas disponíveis em componentes da família TTL, são
mais rápidos e consomem menos energia (Tocci, Widmer e Moss, 2011). Atualmente, representa a
tecnologia dominante no mercado de semicondutores atual, sendo empregado em processadores,
memórias e outros dispositivos.
A figura 1.7 apresenta o circuito CMOS de um inversor. Os níveis lógicos CMOS são praticamente +V DD
(para o nível lógico 1) e GND (para o nível lógico 0), pois a saída do circuito está conectado às fontes de
tensão através dos transistores PMOS e NMOS, respectivamente. Por exemplo, a especificação dos circuitos
da série 74HC mostra os seguintes parâmetros: VOH(mín)=4,9V e VOL(máx)=0,1V.

Figura 1.7 – Inversor CMOS.

A curva de transferência de tensão de um inversor CMOS é apresentada na figura 1.8 abaixo. Quando os
dois transistores estão casados, ou seja, quando ambos são projetados com parâmetros de
transcondutância idênticos, esta curva é simétrica (Sedra e Smith, 2000). Desta forma, o limiar de transição
𝑉
Vth do inversor está em 𝐷𝐷⁄2.

Figura 1.8 – Curva de transferência de tensão de um inversor CMOS


(fonte: Sedra e Smith, 2000).

Quando ocorre o casamento dos transistores em um inversor CMOS, as margens de ruído MR H e MRL
tornam-se iguais e podem ser de aproximadamente 0,4 VDD. Estas margens de ruído próximas à metade
da tensão de alimentação fazem com que o inversor CMOS tenha um comportamento estático bem próximo
do inversor ideal em relação à imunidade a ruídos.
Outras características elétricas dos componentes CMOS podem ser encontradas nas referências (Tocci,
Widmer e Moss, 2011) e (Sedra e Smith, 2000).

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1.4. Parâmetros de Tempo


Existem determinadas condições indesejáveis de funcionamento de projetos de sistemas digitais. O
equacionamento lógico obtido para a implementação de um projeto é uma ferramenta suficiente para a
validação lógica do circuito, mas não leva em conta características físicas dos dispositivos, que podem
alterar os resultados teóricos esperados. Uma destas condições diz respeito aos parâmetros de tempo em
circuitos digitais.
Alguns parâmetros de tempo dos dispositivos digitais são:
 Tempo de subida ("Rise time" - tr) - intervalo de tempo necessário para que um sinal vá de 10% do
seu valor em tensão até 90% do seu valor em tensão (figura 1.9).

90%

10%

tr

Figura 1.9 - Tempo de Subida.

 Tempo de descida ("Fall time" - tf) - intervalo de tempo necessário para que um sinal vá de 90% de
seu valor em tensão até 10% do seu valor em tensão (figura 1.10).

tf

90%

10%

Figura 1.10 - Tempo de Descida.

 Tempo de Atraso ("Delay time" - td) - intervalo de tempo decorrido entre uma variação de sinal na
entrada e a correspondente variação na saída; toma-se como referência o ponto de 50% do valor de
tensão, conforme mostrado na figura 1.11.
Figura 1.11 - Tempo de Atraso.
Entrada

50%

50%

Saída
td

 Tempo de propagação ("Propagation time" – tp) - intervalo de tempo decorrido entre uma variação
de sinal na entrada e a correspondente variação na saída; é calculado através da média aritmética dos
tempos de propagação para variação do sinal de saída de BAIXO para ALTO (t PLH) e de ALTO para
BAIXO (tPHL), definidos conforme mostrado na figura 1.12.

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Figura 1.12 - Tempo de Propagação.


Entrada

50%

50%

Saída
tPLH tPHL

As características acima citadas, aliadas a fatores tais como, o não sincronismo de eventos, podem levar à
geração de sinais indesejáveis em projetos aparentemente corretos. Para que se possa contornar essa
situação deve-se conhecer profundamente todas as características dos componentes que serão utilizados.

1.5. Outras Famílias Lógicas de Circuitos Digitais


Há outras famílias de circuitos integrados digitais que se distinguem entre si pelos tipos de dispositivos
semicondutores que incorporam e pela maneira como os dispositivos são interligados para formar as portas.

A própria família TTL apresenta várias séries distintas:


 74 - série padrão, potência padrão.
 74L - baixa potência (low power)
 74S - Schottky - mais rápido que o padrão, potência maior que padrão.
 74LS - Low Power Schottky - em alguns casos, mais rápido que o padrão, baixa potência.
 74F - Fast, mais rápido que o Schottky.
 74H - alta velocidade (high speed).
 74AS - Advanced Schottky.
 74ALS - Advanced Low Power Schottky.

Os dispositivos CMOS (complementary-metal-oxide-semiconductor) compõem o padrão atual. Algumas


famílias CMOS são as seguintes:
 4000 – primeira família comercial.
 74C – série padrão, componentes funcionalmente similares à família TTL 74.
 74HC – High-speed CMOS.
 74HCT – High-speed CMOS, TTL compatible, pode ser usada com componentes TTL.
 74VHC – Very High-speed CMOS.
 74VHCT – Very High-speed CMOS, TTL compatible.
 74LVC – Low-voltage CMOS.
 74ALVC – Advanced Low-voltage CMOS.
 74AUP – Advanced Ultra-low Power CMOS – potência mais baixa e usada em aplicações portáteis.

Outras famílias também encontradas comercialmente são:


 BiCMOS – lógica mista bipolar e CMOS.
 ECL – lógica acoplada pelo emissor (emitter-coupled-logic).
 GaAs – arseneto de gálio (gallium arsenide).

Estas outras famílias não serão tratadas nesta disciplina, mas os conceitos gerais desenvolvidos para os
CIs das famílias TTL e CMOS são prontamente utilizados para estas outras famílias.

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2. PARTE EXPERIMENTAL
2.1. Atividades Pré-Laboratório
Faça uma pesquisa bibliográfica sobre os componentes TTL e CMOS. Por exemplo, use os manuais dos
componentes 7400 (TTL), 74HC00 (CMOS) e 4011 (CMOS) ou consulte um livro-texto sobre Eletrônica
Digital.

a) Com relação aos parâmetros elétricos (considere VCC=VDD=5V):


 Quais os valores dos parâmetros elétricos estáticos (VIL, VIH, VOL e VOH)? Monte uma tabela
semelhante à Tabela I para comparar os componentes.
 Compare as curvas de transferência de tensão de inversores TTL e CMOS. Qual são as principais
diferenças entre estas curvas?
b) Com relação aos parâmetros relativos ao atraso de propagação:
 Quais os valores para tPHL e tPLH?
 Considere um circuito com uma sequência de 10 inversores. Qual é o atraso total de propagação
considerando-se os componentes TTL e CMOS estudados.

Prepare o planejamento de forma a verificar experimentalmente estes valores, pois eles serão usados na
parte experimental a ser executada no Laboratório Digital.

2.2. Estudo da Característica de Transferência de Tensão


Estudo de Componente TTL
c) No dispositivo de montagens experimentais, monte o circuito da Figura 2.1, usando um componente
TTL (por exemplo, 7400). Não se esqueça de conectar a alimentação dos componentes (pinos VCC e
GND). Veja que a porta em análise tem sua saída ligada a uma carga para analisarmos seu
funcionamento em um circuito.

Figura 2.1 – Ensaio de níveis de tensão da porta NAND 7400.

d) Curva característica de transferência de tensão. Com Vcc próximo a 5,0V, varie a tensão da fonte
ajustável conectada às entradas A e B, desde 0V até 5,0V e levante a curva característica de
transferência de tensão como mostrada na figura 1.3.
DICAS: elabore um gráfico com os dados medidos e anote o valor de Vcc (medido no pino do
componente) usado no procedimento experimental. Use uma fonte de alimentação variável nas
entradas da porta em análise e uma das entradas auxiliares F1 ou F2 do painel de montagens.
e) A partir do gráfico obtido, localize na curva experimental os pontos referentes aos parâmetros de tensão
VILmax, VIHmin. Comente os valores obtidos.
f) Entrada em aberto. Desconecte as entradas A e B, deixando-as sem ligação alguma. Realize a
medida dos níveis de tensão nas entradas A e B do componente com um multímetro digital. Medir
também o valor da tensão na saída Y. Qual é o nível lógico das entradas A e B correspondente ao nível
lógico da saída Y medida? Justifique no relatório os níveis obtidos (tome por base a figura 1.4).

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Estudo de Componente CMOS


g) Substitua agora a porta lógica TTL por um componente CMOS (por exemplo, 74HC00 1 ou 4011) na
montagem da figura 2.1.
h) Repita os itens (d) a (f) com este componente CMOS.
SUGESTÃO: coloque os dados das curvas características de transferência de tensão para os
componentes TTL e CMOS estudados em um mesmo gráfico para uma comparação mais efetiva.

Comparação e Análise de Resultados


i) Compare os resultados experimentais obtidos com o componente TTL e o componente CMOS. Seus
resultados são semelhantes aos dados pesquisados da seção 2.1?
j) Qual é o valor lógico correspondente a uma entrada em aberto no componente TTL e no componente
CMOS? Compare.

2.3. Parâmetro de Tempo e Aplicação Prática


Neste item faremos um estudo sobre os parâmetros de tempo. O circuito que será usado aqui faz uso da
existência dos atrasos de propagação das portas lógicas.

k) Realize a montagem do ensaio apresentado na figura 2.2 para os componentes TTL e CMOS.

Figura 2.2 – Circuito para verificar características dinâmicas.

l) Anote as características da forma de onda apresentada no ponto X do circuito. Inclua os sinais


observados no relatório.

m) Estime o tempo de propagação tP de cada porta lógica estudada, tendo como base as características
observadas do sinal no ponto X.
n) Compare os valores pesquisados e experimentais. Comente.
o) (DESAFIO) Varie o número de portas em anel para 5, 7 ou mais. Que formas de onda foram obtidas?
Compare.

2.4. Atividades Pós-Laboratório


p) Com base nos resultados obtidos, responda as perguntas abaixo.

1. De acordo com o estudo dos intervalos de tensão para cada nível lógico, qual seria o resultado de se misturar
componentes de tecnologias diferentes em uma montagem experimental?
2. O resultado do estudo com entradas em aberto mostram o nível lógico considerado pelo componente de acordo com
a tecnologia adotada. A troca de um componente por outro em circuito digital pode influenciar o seu funcionamento
de acordo com o componente usado?
3. Qual foi o componente estudado mais rápido?
4. Caso fosse necessário criar um bloco de retardo usando portas lógicas semelhantes aos estudados, qual é o número
de portas necessário para se atrasar uma onda quadrada por pelo menos 45 ns? Justifique sua resposta.
5. Explique o funcionamento do circuito em anel da figura 2.2.

1
Não usar o componente 74HCT00, pois ele pertence a uma família de componentes CMOS com níveis de tensão
compatíveis com as famílias TTL.

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3. BIBLIOGRAFIA
 FREGNI, Edson e SARAIVA, Antonio M. Engenharia do Projeto Lógico Digital: Conceitos e
Prática. Editora Edgard Blücher Ltda, 1995.
 MORRIS, Robert L. e MILLER, JOHN, R. (eds.) Projeto de Circuitos Integrados TTL. Editora
Guanabara Dois, 1978.
 SEDRA, Adel S. e SMITH, Kenneth C. Microeletrônica. 4ª edição, Makron Books, 2000.
 SIGNETICS. TTL Logic Data Manual, 1982.
 TEXAS INSTRUMENTS. The TTL Logic Data Book, 1994.
 TOCCI, R. J.; WIDMER, N.S.; MOSS, G.L. Sistemas Digitais: Princípios e Aplicações.
Prentice-Hall, 11a ed., 2011.
 WAKERLY, John F. Digital Design Principles & Practices. 4th edition, Prentice Hall, 2006.

4. MATERIAL DISPONÍVEL
 Circuitos Integrados TTL:
7400 (TTL), 74HC00 e 4011 (CMOS).

5. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
 1 painel de montagens experimentais.
 1 fonte de alimentação fixa, +5V  5%, 4A.
 1 fonte de alimentação variável de 0 a 5V  5%, 4A.
 1 osciloscópio digital.
 1 multímetro digital.
 1 gerador de pulsos.

Histórico de Revisões

E.T.M./2001 (revisão)
R.C.S./2002 (revisão)
E.T.M./2003 (revisão da parte experimental)
E.T.M./2004 (revisão)
E.T.M./2005 (revisão)
E.T.M./2011 (revisão)
E.T.M./2012 (revisão da parte experimental)
E.T.M./2013 (revisão)
E.T.M./2014 (revisão da parte experimental)
E.T.M./2015 (revisão da parte experimental)

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