Você está na página 1de 23

O Espírito do capitalismo

Para chegar a uma definição


satisfatória do que é de fato o
espírito do capitalismo o autor
utiliza um método de significância
cultural/história, porém o tema não
permite que seja feito de forma
convencional/generalizada. Deve
ser gradualmente composto apartir
de seus elementos retirados da
realidade histórica. Ou seja, o
conceito será definido ao fim da
pesquisa, depois de possuir os
elementos, e não no começo como
de costume. O autor ainda ressalta
que, não somente o que é
analisado no texto pode ser
entendido como espírito do
capitalismo, pois seria prepotente,
mas sim existem diversos pontos
de vistas para as análises sobre
esse tema. O objetivo é um
delineamento provisório do tema.
A questão do dinheiro:
Ÿ Tempo é dinheiro, aquele que usa
seu tempo sabiamente o transforma
em dinheiro ou o poupa;
Ÿ Crédito é dinheiro, deixar o devedor
com o dinheiro depois do prazo de
pagamento implica juros, se ele não
paga esse juros ele lucra com isso,
mas dificilemente conseguirá mais
crédito, se você o cobra e ele é
bom pagador essa riqueza em
crédito crédito usada é próspera;
Ÿ Dinheiro gera dinheiro, a sua
natureza é
se reproduzir, e de suas
reproduções há mais chances de se
ganhar, quanto mais dinheiro você
tem investido, mais você ganha;
Ÿ Um bom pagador é senhor da bolsa
alheia, quando se cumpre o tratado,
haverá confiança em pegar
empréstimos mais vezes.

O texto exemplifica Benjamin


Franklin e delimita o tema dizendo
que, o espírito do capitalismo é
lucrar o quanto puder, de quem
puder, o máximo de tempo possível
e esse espírito evolui de um
pensamento pessoal moral e
ousado para uma conduta de vida
eticamente coroada. Neste caso,
esse o Capitalismo, é diferente do
que existiu na China, Índia,
Babilônia, pois lhes faltava essa
ethos (ética) em particular –
lembrando que o conceito de moral
se delimita a individual/grupo
pequeno de
uma forma de viver (o certo e
errado individual) ética se trata de
um conceito mais amplo que atinge
não só o modo individual, mas no
tratamento com outros indivíduos, a
forma apropriada ou não de se viver
e tratar o universal.
Franklin em seus escritos tinha
caráter estritamente utilitario, similar
ao Príncipe de Maquiavel, que
esses valores/aparência desses
valores só seriam necessários se
tivesse algum uso, ou seja, ter a
fama da honestidade ou manter as
aparencias de reservado/casto se
faz mais útil que o acúmulo de
virtudes sem propósito. Só são
virtudes se possuirem, de fato um
propósito.
Inverte-se a ordem: o ganho em
função do ser humano, se torna o
ser humano em função do ganho.
Fazendo com que q virtude do
homem se apoie em dedicar a vida
ao dinheiro.
Se apoiando na ética religiosa,
a pretensão de que viver em função
do dinheiro é na verdade por causa
do trabalho, o famoso "O trabalho
edifica o homem". Franklin cita
Provérbios 22:26, "Vês um homem
exímio em sua profissão? Digno ele
é de apresentar-se diante dos reis".
Na forma moderna, o ganhar
dinheiro, contanto que seja de uma
forma legal, é honorífico e digno de
crédito social, é o resultado do valor
do homem para a sociedade. Essa
ética social no entanto não se limita
só ao presente, o autor exemplifica
situações passadas.
Essa realidade inescapavel de
que deve-se viver para lucrar, ou
lucrar para sobreviver é expressa

em:
Desse modo o capitalismo
garante para si a criação desses
sujeitos econômicos para si –
empregados e empresarios. No
entanto, para essa prática se
sustentar ela não contou apenas
com indivíduos singulares, mas
grupos de pessoas dispostos a
assumir essa realidade. Mas para
se impor esse modo de capitalismo,
deve-se travar um combate com um
mundo de desafios.
Foi preciso um ambiente
específico e controlado para que
pudesse ganhar força. O primeiro
adversário que o espírito capitalista
teve que enfrentar foi o
tradicionalismo.
O empresário fazia mão da
estratégia de aumentar o trabalho
por tarefa, pensando deixar o
trabalhador a trabalhar mais para
ganhar mais, porém o contrário
aconteceu. Os trabalhadores
começaram a trabalhar menos,
visando ganhar o mesmo. Logo,
atrai mais o trabalhador trabalhar
menos e ganhar o mesmo do
que lucrar mais trabalhando mais.
O ser humano por natureza
não quer ganhar mais dinheiro e
sempre mais dinheiro, e sim ganhar
o suficiente para poder viver. Então
é natural que os empresários
adotem o caminho extremo oposto,
diminuir o salário para produzir
mais, numa concepção
completamente Calvinista, os
homens só trabalham porque são
pobres e enquanto forem pobres.
Porém esse meio testado possui
limites.

Para isso o indivíduo precisa


possuir não só qualificação para
efetuar um trabalho hábil e técnico,
mas botar de lado suas pretensões
como trabalhador de ganhar mais
fazendo menos e tratar
trabalho como vocação, mas isso
não é natural do homem, sendo
possível somente depois de um
longo processo educativo.
Se for parar pra refletir sobre essa
questão, toda escola de formação
profissional, sejam cursos,
faculdades, escolas e afins,
mesmo que involuntariamente cria
na mente do aluno um senso de
ética para com seu trabalho
escolhido, quase como uma forma
de "nacionalismo profissional", no
que diz a elevação do trabalho no
sentido de bússola moral do ser
humano. Aquele que da valor ou
possui trabalho valorizado tem
maior destaque e respeito, e esse
é o "esperado", os que não
possuem disposição ou não
possuem trabalho valorizado são
tratados como descartáveis,
inúteis, vadios, etc. Desde as
primeiras interações sociais na
sociedade capitalista o indivíduo é
levado a crer que seu valor está no
que ele faz
(faculdade/trabalho/oficio), e não
no que ele é (valores).
A principal diferença do
empresário tradicional e o moderno
é sua mentalidade, enquanto o
tradicional tem em mente um
modelo organizacional esperado,
rotinas tradicionais e certas o
moderno busca maximizar a
produção, contratar mais mão de
obra e visitar com mais frequência
seus clientes e seguir tendências
para agradá-los, se baseando no
princípio de "menor preço, maior
giro", esse processo se chama
racionalização do comércio. Antes
da mudança nas técnicas e
tecnologia, o capitalismo se dá
numa mudança de ética, pois
ambos os empresários possuem as
mesmas ferramentas e materiais
disponíveis, mas modos de
utilização diferente. No entanto o
autor reconhece que para manter
esse esquema sem se perder nos
lucros ou moralmente se entregar
ao estilo de vida boêmio é preciso
ser firme (constante) e
sóbrio, ter um pensamento de
princípios burguês, inteiramente
devotados a essa causa.

O Espírito do capitalismo que o


autor retrata, em sua natureza ou é
abertamente hostil a igreja e suas
formas de poder ou é indiferente a
ela, apenas mantendo papel de
aparencias de respeito. As religiões
são uma forma de desviar as
pessoas do trabalho, se elas não
estiverem na lógica capitalista.
Aquele que não se dispõe a
seguir a lógica capitalista moderna
ou afunda ou não sobe.
Desde Tomas de Aquino a
igreja católica repudiava a ideia de
dedicar-se ao lucro como Vocação
de vida, mesmo uma reflexão moral
como a de Benjamin Franklin seria
impensável até outras épocas
pouco posteriores a Aquino, esse
pensando ocupava até os círculos
econômicos pensados. Mas na
lógica protestantes a criação de
obras e riquezas possui não só
caráter de engrandecimento
pessoal e firmeza do homem, mas
bonança divina, predileção e
salvação.

Você também pode gostar