Max Weber, em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”,
publicado no início do século XX, trata a relação entre o protestantismo e o
desenvolvido do que é denominado capitalismo moderno. Weber realiza uma análise do que originou e como foi formada a ética do trabalho e os valores fundamentais do capitalismo, enfatizando elementos de cunhos religiosos, principalmente no que envolve o Calvinismo.
No início do livro, a motivação de Weber para explicar as origens do capitalismo
envolvido ao protestantismo é revelada. Assim, o autor questiona por quais razões os protestantes parecem estar mais relacionados à riqueza material e o prestígio dela do que os católicos, que foi uma das instituições mais presentes durante séculos. Max Weber explica que a propensão para questionar práticas econômicas antigas e tradições religiosas, é oriunda da orientação econômica. Mas, não é apenas uma simples eliminação do poderio da igreja, mas sim uma substituição por uma abordagem mais racional e modernizada. Visto que, o protestantismo não busca abolir o controle da igreja sobre as pessoas, mas sim substituir essa forma de controle.
No segundo capítulo, Weber trabalha sobre o conceito de Espírito do
Capitalismo e reconhece os desafios próprios desse tema para poder ter uma definição precisa de um conceito tão complexo e abrangente. Porém, Benjamin Franklin é abordado no texto a partir de suas proposições utilitárias e, a partir delas, utiliza-as como espécie de síntese moderna do espírito tratado anteriormente. Dessa forma, Max Weber argumenta que a produção do capitalismo se assemelha a um resultado entre acomodação x negociação do que meramente fruto da luta de classes. Pois, aspectos de cunhos religiosos desempenharam um papel crucial no surgimento do capitalismo moderno, especificamente para o trabalho no sentido laboral.
Weber, no terceiro capítulo, desafia a visão tradicional do surgimento do
capitalismo, enfatizando que não é apenas resultado da luta de classes, mas de uma complexa acomodação entre estratos sociais. Destaca o papel crucial do "chamado" religioso, moldando a ética do trabalho no capitalismo moderno. Esse "chamado" não só influencia a atitude dos empresários em relação à riqueza, mas também introduz uma dinâmica única em que o indivíduo encontra satisfação no sentido irracional de cumprir sua obrigação religiosa através do trabalho árduo. Para Weber, o "chamado" é essencial no surgimento do capitalismo, conferindo uma dimensão ética e religiosa à busca pelo sucesso econômico.
No quinto e último capítulo, "Asceticismo e o Espírito do Capitalismo," Weber
analisa minuciosamente o trabalho de Richard Baxter, uma das interpretações mais refinadas da doutrina calvinista. Destacando a continuidade entre a doutrina calvinista e o espírito do capitalismo, Weber ressalta o papel crucial do ascetismo na formação dos valores que compõem o espírito tratado anteriormente. Contrapondo as ideias de Benjamin Franklin, Weber argumenta que, embora Franklin incorpore proposições utilitárias, falta a base religiosa presente na doutrina calvinista. O capítulo explora a interseção entre a ética religiosa ascética e os princípios fundamentais do capitalismo, revelando como o ascetismo contribuiu para a racionalização da conduta em nome de um propósito transcendental. Essencialmente, Weber destaca como, paradoxalmente, os calvinistas, em nome de Deus, ajudaram a construir um mundo intrinsecamente ligado à acumulação de riqueza, mas fundamentado em um chamado religioso mais profundo.