Você está na página 1de 6

ATA DA 38ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE

INQUÉRITO (CPI DA SAÚDE).

Às dez horas e vinte minutos do dia quatorze de setembro do ano de dois mil e vinte, no
Miniplenário Cônego Azevedo da Assembleia Legislativa do Amazonas, reuniu-se a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Saúde) sob a Presidência do Deputado
Delegado Péricles, e com a presença do Relator, Deputado Fausto Júnior, e dos
Deputados Membros: Dr. Gomes e Serafim Corrêa (de forma remota) e Wilker Barreto
(de forma presencial), obedecendo, assim, ao quórum regimental. Na Fase Preliminar,
o Presidente explicou se tratar da 38ª Reunião Ordinária da CPI da Saúde, instaurada
com a finalidade de apurar os fatos lesivos ocorridos ao Erário durante a pandemia da
Covid-19 e no período compreendido entre 2011 a 2019. Ato contínuo, submeteu à
votação dos membros a Ata da 37ª Reunião Ordinária, sendo aprovada sem objeções.
Em seguida, na Ordem do Dia, o Presidente anunciou a Pauta Ordinária que constou
do Requerimento n.º 101/2020, a ser deliberado no final da reunião, e da oitiva da
Senhora Keila Cristiane Batista do Valle, Coordenadora Estadual de Regulação da
Susam, que compareceu acompanhada dos Advogados Heleno de Lion e Luciana
Ramos. Feitas as considerações iniciais, o Presidente pediu que a Senhora Keila
informasse a data de admissão no cargo de Coordenadora, como também as
responsabilidades decorrentes da função. A depoente respondeu que foi admitida
recentemente, no dia 19 de maio de 2020, e, por isso, trouxe uma Equipe Técnica que
estaria há mais tempo na Regulação para auxiliá-la, composta pelos Senhores Felizardo
Monteiro, Roberto Maia e Mônica Mello; antes disso, trabalhava como Assessora da
Coordenação. No que tange às suas responsabilidades, destacou a regulação de
consultas, exames e cirurgias, dando celeridade, ressalvando que o médico seria o único
responsável por autorizar os procedimentos ou transferências. O Presidente indagou
como era realizado o processo de marcação de consulta, exame e cirurgia. A
interrogada esclareceu que todos os processos eram realizados por meio do Sisreg
(Sistema Nacional de Regulação) ou do Sister (Sistema de Transferência de Emergência
Regulada). O Chefe da Sessão foi mais específico e perguntou se o Diretor da OSS
(Organização Social de Saúde), que administrava o Hospital Delphina Aziz, foi
verdadeiro ao dizer que o Hospital disponibilizou 352 leitos e a Susam não ocupou. A
depoente explicou que o Hospital mandava um mapa com leitos ocupados, reservados e
de retaguarda sem dizer o motivo de esses leitos não estarem disponíveis. A Senhora
Mônica Mello pediu a palavra e frisou que a reserva técnica do Hospital Delphina Aziz
era destinada aos pacientes da UPA Campos Sales e que, até o dia 27 de abril, não havia
leitos vagos no Hospital, apenas leitos bloqueados, reservados, ocupados e de
retaguarda. A seguir, Deputado Wilker Barreto perguntou como um Estado, em
plena pandemia, teria um Hospital de referência com leitos bloqueados. A Senhora
Mônica Mello explicitou que os leitos poderiam ser bloqueados por doença contagiosa
ou por falta de equipamento. Ressaltou que foi pedido à OSS que informasse o motivo
do bloqueio, mas não obteve resposta e que, na semana de 28 de abril, a Susam pediu
que o Hospital disponibilizasse os leitos da reserva técnica para a regulação. O
Presidente quis saber como teria reserva no Hospital Delphina Aziz se ele era de
referência para a Covid-19. Em resposta, o Advogado Heleno de Lion argumentou que,
em abril, o Delphina não tinha 352 (trezentos e cinquenta e dois) leitos disponíveis e
que a ampliação foi feita a partir de maio. Deputado Wilker Barreto retrucou e
indagou por que o Governo pagou cheio se não havia todos os leitos disponíveis. O
Advogado Heleno de Lion alegou que a OSS (Organização Social de Saúde) não teria
fins lucrativos e, por esse motivo, o Contrato previa o pagamento antecipado.
Retomando a palavra, Deputado Wilker Barreto considerou um absurdo o Governo
pagar R$16 (dezesseis) milhões de reais para que o Hospital tivesse 352 leitos, sendo
que em abril não tinha sequer a metade desses leitos disponíveis. Perguntou se já houve
alguma glosa. O Advogado assentiu negativamente e informou que houve uma
reestruturação em abril no Hospital. O Presidente afirmou que o Senhor Gasparini
assegurou que 50% do Hospital estava disponível. Deputado Wilker Barreto
acrescentou que houve omissão de socorro. Deputado Serafim Corrêa pediu que
fosse exibido o depoimento do Senhor Gasparini garantindo a oferta de 50% das vagas
para a regulação e culpando a Susam por não utilizar. Feita a exibição do vídeo, o
Senhor Heleno de Lion informou que o dado de 50% seria verdadeiro, mas não refletiria
a realidade. Deputado Wilker Barreto refutou a colocação e frisou que os números
que a CPI dispunha foram entregues pelo “Staff” da Susam em uma visita realizada pela
Comissão. O Advogado Heleno de Lion enfatizou que teriam que ser consideradas as
especificações de cada leito, que a média seria 50%. O Chefe da Sessão pontuou que,
pelo 4º Termo Aditivo ao Contrato de Gestão referente à Covid-19, seriam 331 leitos
disponíveis em abril e que foram pagos dezesseis milhões por essa quantidade.
Deputado Serafim Corrêa voltou a opinar que a OSS (Organização Social de Saúde)
seria um “ducto” para tirar o dinheiro do Estado e manifestou indignação com o fato de
o INDSH (Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano) cobrar do Governo
trinta mil reais por cada atendimento feito durante a pandemia. Na continuidade,
Deputado Fausto Júnior perguntou qual seria o papel da SEA-Capital no planejamento
desses leitos. O Advogado Heleno de Lion explicou que a Secretaria demandava o
problema, identificava a solução e enviava ao Secretário, estando acima do Complexo
de Regulação. Retomando a palavra, Deputado Fausto Júnior observou que seria de
responsabilidade da SEA-Capital verificar o problema e propor a solução ao Secretário.
A Senhora Mônica Mello interveio e enfatizou que foi detectado, em reunião com os
Secretários, que havia uma reserva técnica muito grande no Hospital Delphina Aziz e
que foi solicitada a disponibilização. Mencionou que não iria dizer que o Senhor
Gasparini mentiu, por ser deselegante, mas afirmou que ele se equivocou porque os
leitos do Hospital, até o dia 27 de abril, não vinham sendo ofertados, somente a partir de
28 de abril, com a solicitação da Susam, os leitos passaram a ser ofertados. Deputado
Wilker Barreto indagou por que só no dia 28 de abril houve essa preocupação com os
leitos reservados. A Senhora Mônica Mello argumentou que os pacientes para o
Hospital Delphina Aziz entravam pela UPA do Campos Sales, no entanto, com a
lotação dos outros prontos-socorros, foi pedida a disponibilização dessa reserva técnica
direcionada à UPA. Deputado Wilker Barreto pediu que fosse aprovado um
Requerimento solicitando uma acareação entre o Senhor Gasparini e os técnicos da
Susam em virtude das contradições. Na sequência, o Presidente sugeriu que, na quarta-
feira, o Complexo de Regulação fizesse uma apresentação à CPI dos mapas de leitos
desde o dia 1º de abril até o dia 30 de agosto. O Técnico da Susam, Roberto Maia,
pediu a palavra e comunicou que havia providenciado todos os mapas e disponibilizou
aos Deputados, inclusive um Relatório com os dados consolidados. Deputado Serafim
Corrêa perguntou se os médicos que teriam autorização para cadastrar no Sisreg
pertenciam a empresas prestadoras de serviços à Susam e citou o caso de uma paciente
que corria o risco de ficar cega porque sua consulta não foi inserida no Sistema. A
testemunha ressaltou que os prontos-socorros não poderiam inserir consultas, apenas
solicitar e, nesse caso específico, a consulta não havia sido lançada no Sistema.
Deputado Fausto Júnior questionou qual seria o procedimento da Coordenação
quando não houvesse leito disponível em nenhuma unidade. A Senhora Mônica Mello
evidenciou que a SEA-Capital seria comunicada e providenciaria uma solução. Na
sequência, Deputado Wilker Barreto criticou o tempo de espera para exames de
ressonância, por exemplo, que seria de dois anos e para consulta com proctologista que
seria um ano. Propôs que fosse usada toda a estrutura do Hospital Delphina Aziz a fim
de resolver a questão das consultas, exames e cirurgias eletivas. Afirmou que, pela
análise rápida do Relatório consolidado da Coordenação, o Hospital Delphina nunca
funcionou 100%. O Senhor Felizardo Monteiro explicitou que o Complexo Regulador
só trabalhava com leitos vagos e que as informações recebidas da unidade do Delphina
Aziz, talvez, não refletissem a realidade, ou seja, os leitos considerados bloqueados
poderiam estar disponíveis. Deputado Wilker Barreto manifestou indignação com o
fato de a OSS informar que tinha apenas 104 leitos, mas o Governo pagar por 331
leitos. Indagou se essas informações foram repassadas ao Governo em tempo real. O
Senhor Felizardo Monteiro não soube dizer e alegou que as informações estariam no
mapa. O Presidente argumentou que, no mapa disponibilizado, no mês de abril, houve
algumas contradições e que o Senhor Gasparini mentiu ao dizer que tinha 50% de leitos
disponíveis e que apenas a CPI foi capaz de mostrar os disparates presentes nos
números informados pelo Delphina Aziz. Deputado Wilker Barreto observou que o
Hospital de Campanha foi uma grande enganação, já que o Hospital referência,
Delphina Aziz, nunca chegou perto de 90% de ocupação, embora o Governo tivesse
repassado o valor cheio à OSS. O Chefe da Sessão quis saber para que serviriam os
leitos de retaguarda. A Senhora Mônica Mello explicou que os leitos de retaguarda
seriam usados como reserva técnica para “movimentar” o paciente dentro do Hospital
ou seriam destinados à internação pelo período mínimo de 24h. Exemplificou que
seriam os leitos de UTI, de enfermaria e cirurgias. O Presidente interveio e perguntou
se isso não seria leito reservado. O Senhor Felizardo Monteiro alegou que faltava
qualidade na informação repassada pelo Delphina e que isso só foi observado quando o
Relatório consolidado foi construído. O Presidente perguntou quem seria o
responsável por repassar essas informações. O Senhor Felizardo Monteiro afirmou
que havia um Núcleo dentro do Delphina Aziz responsável por repassar essas
informações. O Presidente pediu que a Equipe Técnica da CPI verificasse quem era o
responsável por repassar as informações e pediu que, na quarta-feira ou quinta-feira,
fosse feita uma acareação entre o Senhor Gasparini, o responsável pelo núcleo de
regulação dentro do Delphina e os quatro técnicos da Susam a fim de dirimir as
contradições. Em seguida, colocou em deliberação o Requerimento n.º 102/2020,
convocando a acareação. Em discussão, os Deputados: Wilker Barreto pediu que
fossem chamados apenas o Senhor Gasparini e os técnicos da Regulação, pois o
Coordenador do Núcleo seria subordinado ao Diretor e não precisaria ser convocado;
Delegado Péricles, Fausto Júnior e Serafim Corrêa concordaram; Dr. Gomes salientou
que o tempo da CPI estava exíguo e, por isso, não seria a favor de trazer o Senhor
Gasparini para confrontos, uma vez que ele acreditava nos técnicos da Susam. Em
votação, aprovado com voto contrário do Deputado Dr. Gomes. Ato Contínuo,
Deputado Fausto Júnior considerou uma grande contribuição da CPI mostrar a
importância da regulação para a Sociedade. Não tendo mais perguntas, os técnicos
foram dispensados. Dando prosseguimento, o Presidente colocou em apreciação o
Requerimento n.º 101/2020, de sua autoria, solicitando a prorrogação dos trabalhos
da Comissão por mais 60 (sessenta) dias, devendo o Requerimento ir a Plenário para
aprovação final. Em discussão, os Deputados: Fausto Júnior mostrou a necessidade
dessa prorrogação e apelou aos seus pares que pudesse aprovar em Plenário; Dr. Gomes
pontuou as contribuições da CPI e argumentou ser desnecessária a prorrogação e se
manifestou contrário; Delegado Péricles afirmou que a CPI permaneceria atuando de
maneira isenta e a sua prorrogação seria uma forma de pressionar o Governo a
continuar melhorando a saúde do Estado, como já estaria fazendo; Wilker Barreto
lembrou que a CPI contribuiu para que a população tivesse um novo olhar sobre a
Assembleia Legislativa que nunca havia realizado algo parecido e que votar contra a
CPI seria votar contra o cidadão. Em votação: aprovado com voto contrário do
Deputado Dr. Gomes. Questão de Ordem, Deputado Fausto Júnior lembrou que
100% dos parlamentares da ALE apoiaram a CPI após a instauração, logo a prorrogação
deveria ser aprovada. Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a 38ª Reunião
Ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde, convocando a próxima para
quinta-feira, dia 17 de setembro, às 14:30h. E para constar, eu, Ivelize Fausto Nóbrega,
Redatora da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, lavrei a presente ata.
Manaus, 14 de setembro de 2020.

Deputado Delegado Péricles


Presidente

Deputado Fausto Júnior Deputado Serafim Corrêa


Relator Membro

Deputado Dr. Gomes Deputado Wilker Barreto


Membro Membro

Você também pode gostar