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Uma Igreja em estado permanente de missão

 Publicado em 7 de outubro de 2016 Arquidiocese

Estamos em outubro, mês missionário, e convidamos a todos a uma


reflexão sobre nossa Igreja em estado permanente de missão. Confira a
seguir o artigo

Estado Permanente de Missão


Por Pe. Marcondes Martins Barbosa – Sacerdote diocesano de Curitiba –
Mestrando missiologia na Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma
Ao iniciarmos esta reflexão, é importantíssimo lembrar que a Igreja é
por sua natureza missionária como afirma o decreto Ad Gentes: “A Igreja
peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem,
segundo o desígnio de Deus Pai, na “missão” do Filho e do Espírito
Santo” (AG 2). Assim, a Igreja é vista como essencialmente missionária. É
importante também lembrar que o Espírito Santo continuamente atua
na história e é o protagonista principal da missão. Desde os primórdios
da Igreja vem atuando na evangelização e abrindo novas fronteiras na
realização do Reino de Deus no mundo e concretamente, no meio de
nós. Logo, com todo o seu vigor, interpela-nos através dos sinais dos
tempos, da concretude da vida, à prosseguirmos e respondermos
criativamente aos desafios de cada momento histórico, com a mesma
lucidez e sabedoria que emana do mestre Jesus de Nazaré.

O Documento de Aparecida, quando reconhece e reafirma o “despertar


missionário” da Igreja na América Latina e no Caribe, convoca todos os
seus membros a se colocarem em estado permanente de missão (DAp
n. 551). Esta convocação nos impele a sair de um marasmo eclesial que
leva a um cansaço e estagnação da ação pastoral e a reassumirmos o
espírito renovador do Vaticano II, em um permanente diálogo com as
diversas culturas, com a sociedade e com o cotidiano das pessoas, nos
comprometendo em favor da vida em todos os seus âmbitos (Jo 10,10).
Assim conclama o Papa Francisco “Não nos deixem roubar o entusiasmo
missionário!” (EG n. 80)

Para uma Igreja em estado permanente de missão, se faz necessário,


iniciar um processo criativo reorientando o modelo de crer, de formar e
edificar a

comunidade, de recriar as relações interpessoais, comunitárias e


eclesiais, oferecendo a todos o Evangelho de Jesus Cristo como uma
eterna novidade, assumindo com renovado ardor missionário e
criatividade o anúncio querigmático e uma nova evangelização que
proclame o Evangelho da justiça, inspirando um profetismo eclesial,
empoderando-se do mandato missionário: “Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a Boa-Nova a toda criatura …!” (Mc 16,15; Mt 28,19-20). Assim, é
pela fé em Jesus, suscitada, acolhida e partilhada que nasce a
comunidade de discípulos missionários – “Não nos deixem que nos
roubem a alegria da evangelização” (EG n. 83).

A comunidade de discípulos missionários é marcada e identificada por


uma ação missionária e pastoral atraente, envolvente, personalizada,
comunitária, dialogante, servidora, ministerial e motivadora das relações
entre iguais, superando as relações desiguais e testemunhando a
comunitariedade, a comunhão, a acolhida, a misericórdia, a compaixão,
a participação corresponsável e atenta ao mundo e à profundidade da
fé. Viver a fé cristã é sentir-se amado pelo Pai, salvo em Jesus e
fortalecido no Espírito Santo. – “não deixemos que nos roubem a
comunidade” (EG n. 92).
Atualmente a configuração social é marcada pela mobilidade,
pluralidade e constantes e rápidas mudanças e os fundamentos de
estabilidade e homogeneidade presente na Igreja, “fazer sempre do
mesmo jeito” não conseguem mais responder a estes e outros desafios
presentes. Logo, somos desafiados a formar comunidades numa
dinâmica pastoral marcada pela dinamicidade, mobilidade, pluralidade;
uma Igreja em saída. Uma Igreja consciente da sua história, de seus
valores e tradições, mas com uma ação missionária e evangelizadora
descentralizada, criativa, dialogante e abrangente. Uma Igreja em estado
permanente de missão, exige lucidez e consciência para buscar
caminhos que correspondam às necessidades da humanidade hoje. Nos
diz o Papa Francisco: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de
Jesus Cristo! … prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter
saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a
comodidade de se agarrar às próprias seguranças …” (EG n. 49).

Portanto, desafiados por esta consciência e lucidez a sair de uma


estrutura de Igreja (paróquias, comunidades, pastorais , movimentos,
instituições), em geral rígida e de forte presença hierárquica e
condicionada por uma herança colonizadora que impede uma
evangelização autêntica e evangélica à assumir uma nova dinâmica
capaz de personalizar e promover um intercâmbio de vida comunitária,
comunidade de fé, samaritana e acolhedora, com intenso compromisso
comunitário e social, capaz de ser profética, priorizando a centralidade
relacional da vida. Pois, é urgente um testemunho evangelizador que se
da na vivência da experiência do amor trinitário na comunidade e não
restringir-se à simples e mera administração. Logo, não cumprir essa
função evangelizadora é omitir-se enquanto instrumento do Reino.

Então, uma Igreja que se coloca em estado permanente de missão, vive


seu discipulado tendo como referência a simplicidade, a humildade, a
escuta, o diálogo, a confiança plena no Espírito Santo, aberta às
necessárias reformas espiritual, pastoral e também institucional (DAp n.
367). Passando por uma verdadeira conversão integral do Povo de Deus
(DAp n. 365). Certamente essa metanoia acontece no agir eclesial,
assumindo atitudes permanentes de conversão pastoral (DAp n. 365),
passando de uma “pastoral de conservação” para uma “pastoral
decididamente missionária” (DAp n. 370); consequentemente, abrindo-se
para uma renovação eclesial e uma missionariedade presente em todas
as estruturas eclesiais (DAp n. 365) como recorda Aparecida. Todavia, os
desafios existem. Não sejamos ingênuos! Mas na força e na escuta do
Espirito Santo, estes desafios podem ser superados. Confiantes neste
Novo que se apresenta na Igreja e no mundo, caminhemos na alegria e
com uma dedicação cheia de audácia e esperança em atitude
permanente de missão. – “Não deixemos que nos roubem a força
missionária!” (EG 109).

Que Maria à mãe do Evangelho vivente, a estrela da evangelização,


interceda por toda a Igreja, a fim de que nos coloquemos sem cessar em
estado permanente de missão e como discípulos/as missionários/as,
portadores da Alegria do Evangelho.

>>>PARÓQUIAS<<<
Favor retirar seu Material Missionário 2016 no Centro Pastoral Nossa
Senhora da Luz.
Av. Jaime Reis, 369
Das 8h às 12h – 13:30h às 17:30h
Retirar com a Ir. Patricia Souza ou Patryck Madeira
COMISSÃO DIMENSÃO MISSIONÁRIA: (41) 2105-6375

Abreviaturas
AG – Ad Gentes
DAp – Documento de Aparecida
EG – Evangelii Gaudium.
Referência Bibliográfica
BRIGHENTI, Agenor; HERMANO, Rosario (orgs.). A MISSÃO EM DEBATE:
PROVOCAÇÕES À LUZ DE APARECIDA. São Paulo: Paulinas, 2010.
MIKUSZKA, Gelson Luiz. POR UMA PARÓQUIA MISSIONÁRIA: À LUZ DE
APARECIDA. São Paulo: Paulus, 2012.
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