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Ilusão, no sentido literal da palavra, enganar os sentidos e aparentar ser algo que não é.

Pennywise, é a personagem principal deste trabalho, é a criatura descrita e criada no


livro It- A Coisa, de Stephen King, mas que obteve diversas adaptações para o cinema
com a história do “palhaço assassino”, pelos diretores Tommy Lee Wallace em 1990 e
por Andy Muschietti em 2017 e 2019, onde este é o que vamos utilizar para o trabalho.
“It”, ou “a coisa”, é uma criatura sobrenatural que surgiu na terra antes mesmo das
pessoas existirem, por isso é muito cauteloso e esperto, utilizando assim a telepatia, e a
manipulação mental.
Esta criatura possui também diversos poderes, onde o principal deles é o fato de ser um
metamorfo, ou seja, tem as habilidades de mudar a sua forma para enganar as suas
vítimas.
Tentamo assim trazer para o espaço que ele vive, algo que seja como seu reflexo. Uma
ilusão que atormenta nossos sonhos, transformando-os em pesadelos.
“O terror, que só terminaria 27 anos depois (se terminasse), começou, até onde sei ou consigo saber, com um barco feito de uma
folha de papel, flutuando pela de água da chuva”

Em meio à chuva uma criança corre, com sua gabardina amarela e galochas cheias de água e terra, o jovem vai atrás de seu
barquinho de papel que percorre pelas águas, ele então se aproxima da entrada do bueiro, por onde nada vê, apenas um buraco
escuro com a água a escorrer para dentro.

Desistindo de encontrar seu barco, pois sabe que já o perdeu, o garoto se afasta, mas uma voz ao fundo ecoa dentro daquele buraco
no meio do campo, molhado e confuso ele ouve:

-George...?

Pequenos olhos brilhantes emergem em meio à escuridão, com duas marcas negras, uma em baixo de cada olho, vão retas em
direção à um sorriso sombrio, mas que vai afeiçoando à medida que o garoto olha.

O porquê de ter uma pessoa na tampa do esgoto ou como ele fora parar ali, nada importa, aqueles olhos deixavam a criança
hipnotizada, quase em transe, nada mais importava, ele só queria seu barco.

-Teu barco flutuou até aqui George... Se quiseres tu podes flutuar também!

Confuso, a criança tenta se afastar, está assustado, já deveria estar em casa com seus pais e seu irmão, mas seu corpo não seguia o
que sua mente dizia, “entre” dizia em sua cabeça, mas seu corpo tentava se segurar ao chão. Nada importava, a mente era mais forte.

-Eu... eu posso flutuar também? – acabou por dizer a criança

-Só precisa aqui entrar...

Sem pensar duas vezes a criança entra pela tampa do esgoto, escorrega pelas águas e cai num espaço escuro, frio e com um cheiro
estranho, era quase como um túnel, com diversas entradas, devia ser a rede de esgoto, ao menos isso a criança conseguia lembra,
mas não era como um longo corredor espelhado.

Esquerda ou direita, não há tempo para pensar, e sua intuição, ou qualquer que seja o que a controlava o direcionou para uma
direção. George estava preso, não ia conseguir subir, então só bastava seguir em frente. Percorrendo pelo cano a espera de ajuda,
talvez do homem com quem acabara de falar, ou uma possível forma de sair, mas nada poderia fazer, apenas seguir em frente,
sempre em frente.

Após horas, pelo menos era o que ele achava, George já estava cansado, com frio e fome, a dor em seu corpo é horrível, ele treme
pelo fato de estar molhado da chuva e naquele espaço úmido, que parecia nunca acabar. Não há mais nenhum barulho humano ali,
além de sua respiração, o guinchar dos ratos ecoavam pelos canos a dentro, e seus passos pareciam ficam cada vez mais pesados.

Pensando em desistir George começa a gritar, colocando as últimas forças de seus pequenos pulmões para fora. E então surge uma
voz e uma forte luz ao final do túnel:

-Não precisa gritar George...

A criança então corre, como nunca o fez antes, era a voz que ouvira tempos atrás, estava salvo, imaginava encontrar com sua
família, em sua casa quente e comida na mesa, estava salvo, e ele corria, sem parar, já não sabia o quanto estava correndo, parecia
que quanto mais corria mais longe a luz ficava, até que então parou... sua mente não entendia o que estava vendo, o chão já não
parecia mais água, era espesso e gosmento, um líquido vermelho, era sangue, um cheiro forte de ferro subia ao seu nariz, e sua
respiração começou a ficar pesada.
A luz não era do exterior, longe disso, a luz vinha de dentro do palhaço, sim um palhaço, pela primeira vez George percebeu com
quem estivera a falar, um palhaço com quase 2 metros de altura, se não fosse pelo local cheio de lixo e resíduos, restos de folhas se
decompondo e o forte odor de esgoto, podre e degradado, com a terra que escorria pelas paredes e pedaços que pareciam com
corpos, seria como mais um dia no circo.

O palhaço usava uma roupa colorida e segurava um balão, a medida que seu olhar ia subindo a ideia de um palhaço brincalhão ia se
perdendo, seu rosto era diferente, era algo terrível, todas as boas memórias e fantásticas de George sumiram, tudo o que ele sentia
era medo, parecia o fim de sua sanidade, ela estava destruída, nada mais em sua mente fazia sentido. Aquele espaço parecia a casa
de algo ruim, teias saiam do teto e das paredes, como se fosse uma cama, um espaço para repouso. O palhaço segura em seu braço e
o leva para um outro túnel.

Um pé direito alto revelava a pior imagem que George poderia ver, corpos empilhados e espetados à parede, uma enorme prateleira
com os mais diversos corpos, e como se nada de pior pudesse lhe acontecer, o palhaço abre a boca, pronto para mais uma refeição.

-A carne temperada com medo é sempre a mais doce.

A chuva para e começa a sair os raios de sol por entre as nuvens. Por onde antes, corria um jovem atrás de seu barquinho de papel,
agora já não há nada, apenas uma rede de esgoto e os canos ocos com água a passar, parece que tudo foi uma ilusão.

George estava morto,

Sua capa amarela já estava em vermelho-vivo,

O sangue fluía do que restou de seu corpo para a água,

Um pedaço branco de osso aparecia entre os tecidos de sua roupa,

O barco de papel continua flutuando sob as águas, flutuando para sempre, sem nunca afundar.

E tudo que restará ali são apenas partes de sua memória, consumida, pelo palhaço dançante,

Pennywise.

No subsolo, abaixo de todos, entre as terras profundas, o espaço descartado, a escória da


sociedade, onde toda a sujeira se encontra, é precisamente neste espaço, que Pennywise
escolhe viver. No meio de toda aquela podridão e imundice ,it alimenta-se dos medos e
terrores das pessoas que lá em cima vivem.
Pennywise, como fica conhecido quando assume a forma de um palhaço, alimenta-se
dos medos e fobias das pessoas, assim, utiliza essa forma aparentemente amigável para
enganar e atrair crianças para o espaço sombrio onde habita, visto que os sentimentos
delas são os mais fortes e puros, principalmente os relacionados com medo.
O espaço representa quem ele é. Outras das suas características, além da mudança de
forma, é tirar a sanidade das pessoas, através dos delírios e alucinações causadas. Desta
forma cria essa ilusão de por fora ser “apenas um palhaço”, mas no seu interior revela as
piores formas que uma criatura pode assumir.
Assim o habitaculo desta criatura reprensenta uma forte semelhanca com a sua
personalidade e as suas caracteristicas repugnantes, sendo que por dentro, os canos de
esgoto revelam câmaras e passagens obscuras que levam à morte e desespero, tal como
o seu intimo. E por fora, é apenas uma simples tampa de esgoto, aquela na qual
passamos todos os dias e não reparamos, tal como um palhaco amigavel.
Suum cuique que significa: a cada um o que lhe diz respeito, sendo assim a casa da
Coisa (Pennywisw) é única no seu modo de habitar. É o seu abrigo, escondido nas
profundezas da terra, onde quem passa por cima não imagina o que acontece por baixo.

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