Você está na página 1de 22

Introdução à Arquitetura – Organização

do Espaço e Circulação

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem serão estudadas as maneiras básicas pelas quais os ambientes
de uma edificação podem se relacionar entre si e ser organizados em padrões coerentes de forma
e espaço. Você verá os componentes de circulação de uma edificação e como esses elementos
afetam a percepção das formas e espaços nas edificações. Serão utilizados desenhos, diagramas
e imagens de projetos para que seja possível visualizar os tipos de soluções que se pode adotar
nos projetos e construções.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Diferenciar as relações espaciais entre dois espaços.


• Comparar as formas de organização dos espaços.
• Identificar os principais componentes de um sistema de circulação de uma edificação.

INFOGRÁFICO

Dois espaços podem ser articulados entre si de diversos modos. Veja, no esquema abaixo, quais
são eles.
CONTEÚDO DO LIVRO

As escadas permitem nossa circulação vertical entre os diferentes níveis de uma edificação ou
espaço externo. É um elemento fundamental na composição e organização dos espaços.
Acompanhe um trecho da obra Arquitetura: Forma, espaço e ordem, de Francis D.K. Ching. O
livro está na sua 3ª edição e abordará a temática A forma dos espaços de circulação - Escadas.

Boa leitura.
arquitetura
F O R M A , E S PA Ç O E O R D E M
TERCEIR A EDIÇÃO
INCLUI CD-ROM

F R A N C I S D. K . C H I N G
FRANCIS D. K. CHING é professor Emérito de Arquitetura na Universidade de Washington. É autor ou coautor de inúmeros livros de arquitetura
e projeto, incluindo Arquitetura de Interiores Ilustrada (3.ed.), Técnicas de Construção Ilustradas (4.ed.), Sistemas Estruturais Ilustrados (1.ed.),
Representação Gráfica em Arquitetura (5.ed.) e Desenho para Arquitetos (2.ed.), todos publicados pela Bookman Companhia Editora.

C539a Ching, Francis D. K.


Arquitetura [recurso eletrônico] : forma, espaço e ordem
/ Francis D. K. Ching ; tradução: Alexandre Salvaterra. – 3.
ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-100-6

1. Arquitetura. I. Título.

CDU 72

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


282 A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

Uma escadaria coberta por abóbadas, com


base em um desenho de William R. Ware

Os espaços de circulação compõem uma parte fundamental da organização de qualquer prédio A forma de um espaço de circulação varia de
e ocupam uma quantidade significativa de seu volume. Se forem consideradas meramente como acordo com o modo como:
recursos funcionais de ligação dos espaços, as circulações podem se tornar infinitas e assumir • seus limites são definidos;
o aspecto de meros corredores. Além disso, a forma e a escala de um espaço de circulação • sua forma se relaciona com a forma dos
devem ser adequadas aos movimentos das pessoas que nele caminham, detêm-se, descansam ou espaços que ele conecta;
observam a vista. • suas características em termos de escala,
proporções, iluminação e vistas são
destacadas;
• suas entradas foram projetadas; e
• ele articula as mudanças de nível por meio de
escadas e rampas.
A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO 283

Um espaço de circulação pode ser:

Fechado,
formando uma galeria pública ou um corredor privado
que relaciona entre si os espaços, por meio das
entradas em um plano de parede.

Aberto em um dos lados,


formando um balcão que proporciona continuidade
visual e espacial com os espaços que ele conecta.

Aberto em ambos os lados,


formando uma passagem com colunata (uma galeria),
que se torna uma extensão física do espaço que ela
atravessa.

A largura e o pé direito de um espaço de circulação


devem ser proporcionais ao tipo e volume de uso a
que ele deve atender. Uma diferença de escala deve
ser criada entre um passeio público, um corredor
mais privado e um acesso de serviço.

Uma circulação estreita e parcialmente fechada


naturalmente encoraja um movimento para frente.
A fim de acomodar um trânsito maior ou de criar
espaços para descanso, parada ou observação, partes
da circulação podem ser alargadas, criando áreas de
refúgio. A circulação também pode ser alargada por
meio de sua fusão com os espaços pelos quais ela
passa.

Em um espaço amplo, a circulação pode ser aleatória


e determinada pelas atividades e pelo leiaute dos
móveis e acessórios.
284 A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

Claustro da Igreja de Santa Maria della Pace (Santa Maria da Paz),


Roma, Itália, 1500–04, Donato Bramante

Corredor da Casa Okusu, Todoroki, Tóquio, Japão,


1976–78, Tadao Ando

Vestíbulo de um palácio Renascentista


A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO 285

Exemplos de várias formas de espaços utilizados para a circulação


interna de um prédio.

Um corredor que se abre para um espaço interno por meio


de uma colunata e para um pátio externo por meio de uma
série de portas envidraçadas.

Galeria, Casa no Condado de Morris, Nova Jersey, Estados Unidos, 1971,


MLTW
286 A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

As escadas e escadarias (escadas monumentais) permitem nossa


circulação vertical entre os diferentes níveis de uma edificação
ou um espaço externo. A inclinação de uma escada, determinada
pelas dimensões dos espelhos e pisos de seus degraus, deve ser
proporcional aos movimentos e à capacidade de nossos corpos. Se
a escada for muito íngreme, sua subida será fisicamente exaustiva
e psicologicamente assustadora, e sua descida, perigosa. Se ela for
muito plana, seus degraus deverão ser dimensionados de acordo com
nossos passos.

Uma escada deve ser larga o suficiente para acomodar nossa


passagem, bem como a subida ou descida de móveis e equipamentos.
A largura da escada também nos sugere seu caráter público
ou privado. Degraus largos e com espelhos baixos podem ser
convidativos, enquanto degraus íngremes e estreitos podem
conduzir a espaços mais privativos.
Enquanto o ato de subir uma escada pode sugerir privacidade,
solidão ou separação, o processo de descê-la pode transmitir a ideia
de que estamos em direção ao solo seguro, protegido ou estável.

Os patamares interrompem o percurso de uma escada e permitem


a mudança de direção. Eles também nos oferecem oportunidades
para descanso, acesso a espaços secundários e vistas a partir
da escada. A distribuição dos patamares, junto à inclinação da
escada, determina o ritmo e a coreografia de nossos movimentos ao
subirmos ou descermos seus degraus.
A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO 287

As escadas, ao acomodar uma mudança de nível, podem reforçar a


circulação, interrompê-la, resolver uma mudança em seu percurso ou
terminá-la antes da entrada em um espaço importante.

A configuração de uma escada determina a direção de nossa circulação


ao subirmos ou descermos seus degraus. Há várias maneiras básicas
de configurar os lanços; cada uma delas dá nome a um tipo diferente de
escada:
• escada reta
• escada em L
• escada em U
• escada circular
• escada de caracol
288 A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

O espaço ocupado por uma escada às vezes é bastante grande, mas sua
forma pode ser encaixada no interior de várias maneiras. A escada pode
ser tratada como uma forma aditiva ou como um sólido que foi escavado
para criar um espaço para circulação e descanso.

A escada pode ser lançada ao longo de uma das laterais de um cômodo,


envolver o espaço ou preencher todo seu volume. Ela pode se fundir com
os limites do espaço ou se estender em uma série de amplos patamares,
criando espaços para nos sentarmos ou desenvolvermos outras
atividades.

A escada pode estar confinada a uma caixa estreita, dando acesso a um


local de uso privativo ou desmotivando o acesso.

Por outro lado, os patamares que ficam visíveis desde a chegada à


escada nos convidam a subir, assim como os degraus que se ampliam na
base da escada.
A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO 289

Uma escada pode acompanhar uma


lateral do cômodo ou se desenvolver
em torno dele.

Ela também pode ter forma escultórica,


seja conectada a uma lateral do cômodo,
seja solta nele.

Uma escada pode ser o elemento ordenador e pode entrelaçar uma série de espaços
nos diferentes níveis de uma edificação ou espaço externo.
290 A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

Uma vez que subir ou descer uma escada é uma experiência


tridimensional, podemos dizer que as escadas são componentes
tridimensionais de uma edificação. essa característica pode ser
explorada quando tratamos a escada como uma escultura, deixando-a
solta em um espaço ou conectada a um plano de parede. Além disso, o
próprio espaço pode se transformar em uma escada superdimensionada
e muito elaborada.

Escadaria, Ópera de Paris, França, 1861–74, Charles Garnier


A FORMA DO ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO 291

Perspectiva oblíqua da escada da sala de estar, Casa em Old Westbury, Nova York, Estados Unidos, 1969–71, Richard Meier
O Homem Vitruviano, Leonardo da Vinci
DICA DO PROFESSOR

Veja, no vídeo a seguir, o detalhamento e exemplos sobre os elementos do sistema de circulação


e organização no espaço, incluindo aspectos como largura e pé direito.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Nas relações espaciais, dois espaços podem estar relacionados de diversos modos.
Quando temos essa relação através do que denominamos espaços adjacentes, é
correto afirmar:

A) Os espaços adjacentes são facilmente identificados somente pela variação na demarcação


do piso, como ocorre quando colocamos uma soleira de granito.

B) O plano de separação nunca limitará o contato físico e visual entre os dois espaços
adjacentes.

C) O plano de separação pode ser um plano livre, colocado dentro de um único volume de
espaço e sem precisar tocar as paredes.

D) As colunatas não servem como plano de separação entre os espaços adjacentes porque o
nível de continuidade espacial e visual é alto.

E) Os espaços não podem ser caracterizados como espaços adjacentes somente pela diferença
de nível de um espaço para o outro.

2) Na organização de um espaço temos 5 tipos de organizações espaciais. Assinale a


alternativa que corresponde corretamente ao tipo de organização e às suas
características:
A) A organização linear consiste em formas e espaços cujas relações entre si são reguladas
por um padrão ou campo reticulado tridimensional. A malha dessa organização se
transforma em um conjunto de módulos de espaços repetitivos.

B) A organização centralizada consiste numa composição estável e concentrada, que possui


espaços secundários agrupados ao redor de um espaço central grande e dominante. O
padrão de circulação e o movimento dentro dessa organização pode ter forma radial ou
espiral ou compor um circuito.

C) A organização radial se baseia na proximidade física para relacionar seus espaços entre si.
Consiste em espaços celulares repetitivos e com forma flexível, podendo crescer ou mudar
rapidamente.

D) A organização em malha consiste, essencialmente, em uma série de espaços repetitivos.


Esses espaços podem estar diretamente relacionados entre si ou conectados por meio de
um espaço linear separado e distinto.

E) A organização aglomerada consiste em um espaço central dominante no qual uma série de


organizações lineares se estendem ao redor. Por meio de seus braços lineares, consegue se
estender e se conectar a características ou elementos específicos do espaço.

3) Os elementos de circulação, o acesso e a entrada podem ser identificados neste reconhecido


projeto de galeria de arte na Irlanda. Com base na imagem e na planta baixa de um
pavimento, indique a resposta que caracteriza a edificação:
A) Acesso frontal e oblíquo e entrada projetada.

B) Acesso frontal e entrada recuada.

C) Acesso espiral e entrada frontal.

D) Acesso frontal e oblíquo e entrada recuada.

E) Acesso oblíquo e entrada projetada.

4) Outros elementos importantes no sistema de circulação de um espaço são a configuração do


percurso, o desenho da circulação e a relação entre os percursos e espaços. Com base nesses
tópicos, o que podemos afirmar sobre a planta do projeto abaixo?
A) O projeto tem uma circulação em grelha, relacionando-se com os espaços passando ao
lado.

B) A circulação termina nos espaços e tem uma configuração em rede.

C) A configuração da circulação é radial devido aos seus braços lineares e a circulação passa
ao lado dos espaços.

D) A circulação tem configuração linear e se relaciona com os espaços passando ao lado.

E) A circulação tem configuração linear e passa através dos espaços.

5) Sobre o elemento do sistema de circulação, a forma do espaço, podemos afirmar:

A) O espaço de circulação tem sempre um dos lados fechados por um elemento vertical, para
estar de acordo com as normas de segurança.
B) O "pé direto" não é uma propriedade relevante quando se trata das circulações nos espaços.

C) As circulações sempre vão ser direcionadas, jamais aleatórias.

D) As escadas permitem a nossa circulação vertical entre os diferentes níveis de uma


edificação ou espaços externos. A inclinação de uma escada, determinada pelas dimensões
dos espelhos e pisos de seus degraus, deve ser proporcional ao movimento e capacidade
dos nossos corpos.

E) A largura da escada não tem relação com a função do espaço e, sim, com a ergonomia e o
conforto.

NA PRÁTICA

A organização e circulação dos elementos de um espaço estão relacionadas com a nossa


percepção das formas nas edificações.

Em Londres, o projeto de Normam Foster + Partners para a sede de uma seguradora, também
conhecido como edifício 30st, Mary Axe, é um ícone na cidade. Um marco arquitetônico devido
à sua volumetria, tecnologia e estrutura.

No esquema a seguir, identificamos, através das plantas e imagens, os elementos do sistema de


circulação e organização presentes na edificação.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Percepção e uso do espaço em Arquitetura e Urbanismo:um ensaio no Ambiente


Construído

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Você também pode gostar