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Dissertação:
Ordenanças urbanas e ideia de cidade: o primeiro e o segundo plano diretor de
Pelotas e os temas de urbanismo do século XX.
Mestranda:
Roberta Taborda Santa Catharina
rtscatharina@gmail.com
Orientadora:
Célia Helena Castro Gonsales
Pelotas
2012
BANCA EXAMINADORA
Ao Lauro, por todo o carinho, paciência e apoio durante este último ano.
Abstract
An urban plan – both in its outline, its physical aspect, as well as in its group
of ordinances – works as a guide, pointing to a direction according to how a city
should be built. It is a model or ideal order which always brings rules for urban
construction and transformation and that, finally, expresses a consensus agreement
to take action. The urban legislation takes the role of presenting an idea about the
city, in urban terms, that in one way or another, refer to universal urban theories and
practices. Pelotas, since its foundation faces urban problems, some more specific
ones, others more general, some with outlines and ordinances, others only with the
ordinances. This work intends to conduct a study on the master plans developed for
the city of Pelotas, in 1968 and 1980, and to reflect on the urban ideas identified in
the plans.
Figura 39: proposta da área para pedestre no centro da cidade ............................. 105
Figura 40: proposta da Rua Andrade Neves, exclusiva para pedestre no centro da
cidade ...................................................................................................................... 106
Figura 41: transporte coletivo e abrigos dos terminais e paradas ........................... 107
Figura 42: passeios Conde de Piratini e Ismael Soares. ......................................... 108
Figura 43: projetos existentes para Pelotas ............................................................ 109
Figura 44: proposições GEIPOT – médio prazo ...................................................... 110
Figura 45: diretrizes de traçado da Av. Duque de Caxias e modelo de bicicletários
para curta e longa duração...................................................................................... 111
Figura 46: vazios urbanos ....................................................................................... 116
Figura 47: Indústrias. ............................................................................................... 119
Figura 48: zoneamento II Plano Diretor de Pelotas ................................................. 122
Figura 49: comparação entre os mapas de zoneamento ........................................ 124
Figura 50: ruas pavimentadas em 1978 .................................................................. 127
Figura 51: transporte coletivo. ................................................................................. 128
Figura 52: habitantes por economia ........................................................................ 130
Figura 53: áreas verdes........................................................................................... 131
Figura 54: saúde ..................................................................................................... 132
Figura 55: recuos .................................................................................................... 137
Figura 56: recuos II Plano Diretor ............................................................................ 137
Figura 57: a Cidade de 3 milhões de habitantes de Le Corbusier, 1922 ................. 139
Figura 58: simulações em zona residencial - Plano Diretor de 1968 ....................... 141
Figura 59: simulações em zona residencial - II Plano Diretor de 1980 .................... 141
Figura 60: zoneamentos .......................................................................................... 142
Figura 61: Localização das zonas piloto.................................................................. 159
9
Índice de tabelas
Agradecimentos ........................................................................................................ 5
1. Introdução ......................................................................................................... 12
1.1. Caracterização do problema .................................................................................. 12
1.1.1. Justificativa e relevância ................................................................................. 14
1.1.2. Pergunta de pesquisa ..................................................................................... 15
1.1.3. Objetivos da investigação ............................................................................... 15
1.2. Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 17
1.2.1. Ordenanças urbanísticas ................................................................................ 17
1.2.2. Urbanismo moderno ....................................................................................... 18
1.2.3. Espaço urbano ............................................................................................... 19
1.2.4. Trabalhos acadêmicos de referência .............................................................. 22
1.3. Técnicas e procedimentos metodológicos ............................................................. 22
1.3.1. Estudo das teorias urbanísticas ...................................................................... 23
1.3.2. Estudo dos planos .......................................................................................... 23
1.3.3. Identificação das teorias urbanas nos planos diretores e dos principais
instrumentos utilizados para transformar essas teorias em cidade real ........................ 25
1.4. Estrutura da dissertação ........................................................................................ 26
2. A conformação da cidade até 1968 ................................................................. 28
2.1. O Código de Construções e Reconstruções, 1915 ................................................ 30
2.2. Plano de ampliação da cidade, 1924 ..................................................................... 32
2.3. Saneamento de Pelotas, 1927 ............................................................................... 40
2.4. O Código de Construções, 1930 ............................................................................ 42
2.5. Saneamento de Pelotas - novos estudos, 1947 ..................................................... 46
2.6. Considerações ....................................................................................................... 52
3. Plano Diretor de Pelotas, 1968. ....................................................................... 62
3.1. Contexto do segundo pós-guerra, a formação do plano ......................................... 62
3.2. O Plano Diretor de Pelotas, 1968........................................................................... 73
3.2.1. O processo de ocupação do solo .................................................................... 77
3.2.2. Uso do solo..................................................................................................... 80
3.2.3. Intensidade de ocupação ................................................................................ 86
3.2.4. Sistema viário ................................................................................................. 88
3.2.5. Paisagismo ..................................................................................................... 90
3.2.6. Equipamento Social ........................................................................................ 93
3.2.7. Dinâmica do Plano.......................................................................................... 96
11
paradigma para os planos. Segundo Nygaard (2005), muitos críticos apontam como
base ideológica geral dos planos diretores no Brasil as doutrinas do positivismo, em
especial o positivismo lógico, o urbanismo moderno, as ideias do padre Lebret, e as
resoluções do Serfhau (Figura 1).
Figura 1: as doutrinas que, nas diferentes épocas, incidiram sobre os planos diretores. (Fonte:
NYGAARD, 2005 p.52).
NYGAARD, 2005. p.51). Na década de 50, através dos trabalhos do padre Lebret
realizados no Brasil e do movimento Économie et Humanisme, incorporou-se às
outras doutrinas uma visão que indicava novos caminhos para o planejamento das
cidades ao realçar as questões sociais nos estudos urbanos. A metodologia do
Expediente Urbano também foi muito utilizada pelos urbanistas brasileiros, com
referência aos trabalhos realizados em Nova York e Montevidéu. Nos anos 60, é
criado o Serviço Nacional de Habitação e Urbanismo – Serfhau, ligado ao Banco
Nacional de Habitação – BNH, que “reforçou e valorizou acima de tudo o
conhecimento científico no planejamento urbano e na administração pública, e
contribuiu de forma vigorosa e persistente para enraizar a ideologia positivista-
cientificista nos estudos urbanos e nos planos diretores.” (NYGAARD, 2005. p.51-
53).
Embora se conte com o estudo realizado por Soares (2002) em sua tese de
doutorado “Del proyecto urbano a la producción del espacio: morfología urbana de la
ciudad de Pelotas, Brasil (1812-2000)”, na qual aponta os principais agentes que
influenciaram na produção espacial da cidade e a sua relação com os planos
urbanísticos, um estudo sobre os embasamentos teóricos dos planos diretores de
Pelotas, que determinam e controlam a forma da cidade, ainda está por se fazer.
1
A indicação de Abreu Filho é a principal referência para este estudo: “Entendemos que são possíveis três níveis
relativamente independentes de leitura dos planos: a estrutura do Plano como discurso; a estrutura do Plano enquanto
conjunto de normas, procedimentos, regras e princípios ordenadores concretos; e a estrutura urbana que sua aplicação vai
favorecer, que consiste numa mediação entre a cidade ideal (e suas regras de consecução), e a cidade real, construção
coletiva no tempo” (ABREU FILHO, 2006, p. 15, grifo nosso).
16
a) b) c)
Figura 2: as três etapas para configuração da imagem e espaço da cidade. Exemplo da cidade
de Brasília. a) paradigma. (Fonte: Le Corbusier, 1992, p.232). b) plano urbanístico, maquete do
plano de Brasília c) cidade real. (Fonte: A cidade de Brasília, 2011. p.s/n).
c)
a) b)
Figura 3: exemplo da cidade de Pelotas. a) paradigma. (Fonte: Le Corbusier, 1992, p.232). b)
plano urbanístico. Simulação de aplicação total do Plano Diretor (Fonte: GONSALES, 2002,
p.s/n). c) cidade real. Zona da Várzea Pelotas. Volumetria de quarteirão existente. (Fonte:
GONSALES, 2002, p.s/n).
Nesse sentido, o trabalho tem por objetivo geral analisar as duas primeiras
etapas, os paradigmas e os planos urbanísticos do município de Pelotas - Plano
Diretor de Pelotas (1968) e do Segundo Plano Diretor (1980).
urbanas e a exaltação dos espaços verdes. Indica, por exemplo, que a superfície
construída de qualquer edificação deverá ser sempre inferior à metade da superfície
total do lote e o restante deverá formar um jardim público utilizado pelos pedestres.
Sem muros limitando os terrenos, o solo da cidade é visto como um grande parque.
A cidade industrial exerceu grande influência sobre a primeira geração dos
arquitetos modernos, como Walter Gropius, Le Corbusier e Mies van der Rohe.
No Brasil dos anos 30, o Estado Novo procurava promover uma nova classe
operária e transformar um país em sua maioria de caráter rural em caráter urbano.
Nesse contexto, os pressupostos progressistas ganharam corpo e consistência no
país, tornando-se o modelo da cultura nacional, ganhando volume e densidade até a
sua expressão máxima, com a construção de Brasília. Até hoje o legado do
urbanismo moderno progressista deixa marcas nítidas em todas as cidades
brasileiras (DEL RIO; GALLO, 2000).
tem duas abordagens: a que atenta para as formas independentes das funções e a
que considera as funções como determinantes das formas. A visão “modernista”
tende, em geral, a esta última abordagem.
a) b)
em revelar as teorias que estão por trás deles. Para alcançar esses objetivos, os
passos para a investigação foram organizados da seguinte forma:
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Centro (Catedral) lotes, de acordo com o I PD lotes, de acordo com o II PD
Definida pelo plano como ZR2 Definida como ZCC permite
Média área dos lotes: 287,70m² permite edificações acima de edificações de altura livre,
Média frente dos lotes: 10,22m 12m de altura, exigindo recuos dispensando recuos laterais e
laterais e de ajardinamento de ajardinamento
Figura 5: exemplo de zona piloto da área central. (Fonte: autora, 2011)
a) b)
1.3.3. Identificação das teorias urbanas nos planos diretores e dos principais
instrumentos utilizados para transformar essas teorias em cidade real
Após os estudos das teorias urbanas e dos planos diretores, através das
leituras e do auxílio das simulações, serão analisadas, nesta etapa, as formas de
26
influência das teorias urbanas na criação dos planos e quais ideias foram utilizadas
nos mesmos. Os seguintes itens serão analisados:
- o continuum espacial;
- a cidade concentrada;
- zoneamento de atividades;
Figura 7: área central (em vermelho) e adjacente de Pelotas. (Fonte: GONSALES, 2002, p.s/n).
Figura 8: evolução urbana de Pelotas (dos primeiros loteamentos até 1966). (Fonte: PELOTAS,
1978d, p.s/n).
30
2
Fernando Rullmann nasceu na Alemanha em 22/05/1893 e em 25/04/1938 tornou-se cidadão brasileiro. A data e as razões
de sua vinda para Pelotas, assim como qual era sua formação profissional não foram obtidas. No ano de 1936, foi autorizado
pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA a ocupar o cargo de Engenheiro Chefe da Seção Técnica da
Prefeitura Municipal de Pelotas. Além do Projeto de Ampliação da cidade em 1924, sabe-se que também projetou a residência
de Augusto Simões Lopes, no Bairro Simões Lopes.
33
3
Uma curiosidade a respeito dos arquitetos Sitte e Rullmann, é que ambos citam de Aristóteles em suas obr as. Camillo Sitte
na introdução de Construção das cidades segundo seus princípios artísticos, de 1889, cita: “uma cidade deve ser construída
para tornar o homem ao mesmo tempo seguro e feliz. Para que esta última condição se efetive, a construção urbana nã o
deveria ser apenas uma questão técnica, mas também artística.” (SITTE, 1992, p. 14) e Rullmann no início do memorial do
Plano de Ampliação de Pelotas, também cita o filósofo: “a felicidade de um povo se revela pela beleza das suas cidades.”
(DIÁRIO POPULAR, 1924, p.5).
34
Figura 10: diagramas chave da cidade-jardim. (Fonte: HOWARD, 2002, p. 109,113,114 e 204).
35
a) b)
Figura 11: a) Letchworth, plano original publicado em 1904. (Fonte: HOWARD, 2002, p.49). b)
Letchworth (Fonte: Google Earth).
Figura 12: Barry Parker e Raymond Urwin. Jardim América. (Fonte: GONSALES, 1999, p.240).
Unwin prega a síntese entre rua reta e rua curva. Cidade como síntese da
beleza formal e informal, do reto e do irregular, da geografia e da arquitetura e deixa
claro isso nos seus projetos para Letchworth e nos bairros paulistanos. Esta
premissa encontra-se presente na proposta de Rullmann para Pelotas: “proporcionar
situações de belo efeito, dando oportunidade para nelas situar monumentos ou
edifícios públicos de valor arquitetônico.” (DIÁRIO POPULAR, 1924, p.5).
Todos esses exemplos podem ter sido referência para o Plano de Rullmann,
já que apresenta um desenho de cidade (Figura 13) que, de alguma maneira, reflete
os princípios presentes nesses precedentes.
37
a) b)
c)
Figura 14: projetos do arquiteto americano Frederick Law Olmsted. a) Riverside, Chicago,
1868. (Fonte: SALT CREEK GREENWAY ASSOCIATION, p.s/n). b) plano de Sudbrook, 1889.
(Fonte: SUDBROOK PARK, p.s/n). c) Central Park, Nova York, 1851. (Fonte: YURBANISM,
p.s/n).
Habitação
elite
Parque
Centro de
exposições
Cemitério
Zona
Habitação comercial
Habitação
burguesa Cultura
operária
cívica e física Engenho
Centro
industrial
Centro indústria
de carnes
Frigorífico
Figura 15: zoneamento funcional. Zona de comércio em laranja, zona industrial em rosa,
habitação de elite em azul, habitação operária em verde, habitação burguesa em amarelo e o
hipódromo em roxo. Adaptado pela autora. (Fonte: DIÁRIO POPULAR, 1924, p.5).
Figura 16: anteprojeto de extensão de Pelotas, 1927. Em destaque o existente. Adaptado pela
autora. (Fonte: PELOTAS, 1927, p.s/n).
Por outro lado, a expansão da cidade para o bairro da Luz (Norte) e para a
margem direita do arroio Santa Bárbara (Oeste), já era uma realidade e estava
acontecendo de forma desordenada ao longo das estradas ou formando
aglomerações de pequenas habitações, com algumas ruas e vielas de escassa
largura, traçadas sem a preocupação de constituírem elementos harmônicos de um
plano geral. Desta forma, o “plano” julgava necessário, como resolução geral,
estabelecer que as construções fossem feitas: ao longo das estradas, com faixa de
42
10m contados do eixo das mesmas para cada lado; e, ao longo das ruas centrais ou
comerciais, com faixa de 5m a partir do alinhamento da via pública. As faixas da
propriedade particular, assim reservadas como não edificáveis, poderiam ser
cultivadas ou ajardinadas pelos proprietários.
Em 1930, foram propostos planos para as duas maiores cidade do país, que
marcaram uma nova etapa, a dos “planos gerais” na história do planejamento
urbano no Brasil: “Cidade do Rio de Janeiro extensão, remodelação e
embelezamento”, de Alfred Agache e “Estudo de um Plano de Avenidas para a
43
cidade de São Paulo”, de Francisco Prestes Maia. Segundo Villaça (1999, p.182),
estes dois planos marcam o fim dos planos de melhoramentos e embelezamento e
dão início ao período dos planos gerais, “marcados pela ideologia do planejamento
enquanto técnica de base científica.” Mesmo assim, estes dois planos apresentavam
características de melhoramentos e embelezamento, especialmente no sistema
viário e, no plano Agache, a palavra embelezamento aparece no título do plano.
5
No Código de 1915 não há nenhuma menção a esta questão e no Plano de Ampliação de 1924 diz que “felizmente não se
precisará tão cedo determinar a altura as casas, porque o ar e a luz ainda não constituem privilégios, por conter a cidade, n a
sua maioria, edificações baixas.” (DIÁRIO POLULAR, 1924, p.6).
45
Quanto à área construída, o código exigia que a sua totalidade devesse ser
superior a um terço da superfície do lote nos prédios destinados a habitação e de
um quarto nos de esquina e nos destinados a fins comerciais. A respeito dos
estabelecimentos industriais e comerciais, o código deixa claro que não seria
permitida, dentro da zona servida por esgotos, a construção de edifícios ou
aproveitamento dos existentes para o funcionamento de fábricas e estabelecimentos
industriais, com a finalidade de não prejudicar a salubridade da vizinhança.
6
Fundado pelo Engenheiro Saturnino de Brito, o Escritório Saturnino de Brito (ESB) esteve em funcionamento até a morte de
seu filho e continuador da sua obra Francisco Rodrigues Saturnino de Brito Filho em 1978. O escritório realizou projetos de
engenharia hidráulica e sanitária em todo o país.
7
No ano de 1835, Pelotas é elevada a categoria de município.
47
estrada para Piratini, Avenida General Daltro (atual Avenida Duque de Caxias), que
não aparece no mapa da Figura 17.
Figura 17: planta da cidade de Pelotas, 1835. (Fonte: PELOTAS, 1947, p.s/n) e anteprojeto de
extensão de Pelotas, 1927. Em verde o que seria, mais ou menos, a sobreposição do mapa de
1835. (Fonte: PELOTAS, 1927, p.s/n).
Tabela 1: Número de casas para cada região do município. Observa-se que no cálculo final o
número é de 11.087 casas.
Zona Urbana
Cidade (entre o Staª Bárbara – Pepino e rua P. Martins) 8.123 casas
Vilas Simões Lopes, Barros, Silva e Machado 401 casas
Rua F. Bastos 47 casas
Vilas São Francisco e Hilda 360 casas
Vila do Prado 297 casas
Avenida P. Machado e Vila Carucio 118 casas
Vila Gotuzo 80 casas
Avenida General Daltro 387 casas
Vila Carucio e Reingantz 75 casas
Avenida Argentina 143 casas
Vilas Idalina e Eloá 212 casas
48
Figura 18: planta geral. As áreas em vermelho são as existentes, em azul os projetos
existentes e as áreas que não estão em destaque são do anteprojeto de expansão do
Escritório Saturnino de Brito. A linha pontilhada mostra a área urbana da cidade. Linha em
vermelho o Canal Santa Bárbara e em azul o Canal do Pepino. Adaptado pela autora. (Fonte:
PELOTAS, 1947, p.s/n).
internos. Entre os fundos dos lotes, foram deixadas vielas de 3m para passagem de
coletores, serviço e pedestres. As ruas com características “fundo de saco”
destinam-se apenas a atender as moradias nelas estabelecidas, sendo estas as
ruas do limite do bairro para o grande trânsito. No bairro 1, a área total do terreno é
de cerca de 187.000m², com 10.130m² de jardins e 411 lotes de 12m x 30m. E no
bairro 2, há 570 lotes de 10m x 24m e 45 de 15m x 25m, tem 50.659m² de jardins,
sendo o terreno total de 250.000m².
Figura 19: planta geral. Adaptada pela autora. (Fonte: PELOTAS, 1947, p.s/n).
Uma nova área destinada à indústria, obtida por drenagem, seria localizada
junto à foz do arroio Santa Bárbara e serviria como uma ligação entre as zonas
industriais às margens do arroio e do canal São Gonçalo (Figura 19, em rosa). Uma
área para a indústria da carne, localizada do outro lado do arroio Pepino, prevista
pelo engenheiro Rullmann em 1924, já era uma realidade em 1947, com a instalação
de um matadouro e de um frigorífico (Figura 19, em azul).
Algumas dessas ruas foram preparadas para tráfego intenso, com o objetivo
de ligar as zonas portuária e industrial às saídas da cidade, como mostra a Figura 21
apresentada pelo Escritório Saturnino de Brito, em 1947.
Figura 21: sistema viário, saídas da cidade. (Fonte: PELOTAS, 1947, p.s/n).
determinação clara das zonas industriais, das zonas residenciais e dos bairros
populares.
2.6. Considerações
Sabaté completa afirmando que, uma vez conhecida as origens diversas dos
regramentos urbanos, cabe identificar como cada uma das categorias manifesta-se
nos atuais planos urbanísticos. O autor ainda menciona que dependendo dos
objetivos e da situação específica – é muito diferente atuar em uma ampliação ou
em uma cidade já construída - podem existir diferentes estratégias de ordenanças:
algumas trabalham mais sobre o espaço público, outras no controle do tipo
edificatório.
relacionando-a a largura das ruas (restritiva). Por outro lado, existe uma ideia de
densificação demográfica quando se determina. ocupações mínimas dos lotes pelas
construções (1/3 no caso residencial e 1/4 no comercial, por exemplo). Dentro de
uma ideia ainda de “melhoramento”, o plano se propõe a um regulamento restritivo
refletindo preocupações com higiene, salubridade e uma distribuição adequada das
funções urbanas (indústrias, principalmente).
Figura 22: mapa com a localização dos loteamentos aprovados na década de 1950. Adaptado
pela autora. (Fonte: base Google Earth).
experiências similares na Europa, como também porque ele acreditava que este
traçado poderia amenizar tanto a umidade quanto os ventos intensos da cidade.
(MOURA, 1998).
8
Depoimento dado a Arq. Rosa Maria Garcia Rolim de Moura em 28 de janeiro de 1997. (MOURA, 1998).
61
cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. Fato observado pela contratação de
profissionais de outras localidades, como Fernando Rullmann e o engenheiro
Saturnino de Brito, que implementaram na cidade projetos distintos dos que vinham
sendo executados na região. As críticas ao traçado regular, que muitas vezes foi
apontado como monótono, as propostas de expansão baseadas na classificação de
zonas comerciais, residenciais e industriais e na proximidade do lugar de trabalho
com a moradia, estão entre as contribuições. Estas questões são retomadas depois
pelo II Plano Diretor, em 1980.
tendências”. Foi desta forma que os estudos econômicos entraram para a história do
planejamento urbano (VILLAÇA, 1999, p.200).
9
A Société Française des Urbanistes procura mais precisão em todos os sentidos se valendo de inovações, como levantamento
por aerofotos e projeções matemáticas conquistadas através de pesquisas científicas, a partir de informações sociais e
cadastrais. Enfatiza o envolvimento da sociedade nas discussões urbanas. “Para a SFU, este novo modo de desenvolver
urbanismo possui um entendimento multidisciplinar. Engloba, além da socioeconômica e da higiene, o próprio progresso
material e humano.” Os caminhos trilhados pela corrente modernista e o urbanismo praticado pela SFU se contrapuseram em
muitos pontos. “O Plan Voisin e a Ville Radieuse, que resumem o ideal da cidade modernista, com extensas áreas,
construções verticalizadas, pilotis, permitindo visuais abertas e consequentemente liberação do solo urbano. [...] As propostas
formuladas pela SFU pregam uma cidade desenhada e voltada para a escala do homem, com ruas, quadras e p arcelamento
em lotes individuais; com urbanização estruturada, eixos hierárquicos, valorização de seus aspectos monumentais, sem
esquecer pequenos espaços abertos como praças, arborizações e percursos.” (CAROLLO, 2002, p.22 e 23).
66
10
Maurício Cravotto (1893 -1962), nas décadas de 20 a 50 tornou-se marco cultural da arquitetura e do urbanismo no
continente latino-americano. Sua experiência se consolidou após viajar para os Estados Unidos e depois percorrer a Europa
(Inglaterra, Espanha, Itália e Paris) nos anos de 1920. Foi professor, nas décadas de 1940 e 1950, de Edvaldo Pereira Paiva e
acabou exercendo uma enorme influência sobre os urbanistas de Porto Alegre.
O Plano Regulador de Montevidéu (1930) sob sua coordenação é exemplo dos seus trabalhos. “A elaboração de um Pré-Plano
incorporava a metodologia adotada, onde faziam parte extensos estudos sobre os mais variados aspectos da realidade urbana
local, desde estudos sobre a base econômica da província, aspectos financeiros, habitacionais, físico-territoriais, de paisagem
e infraestrutura urbana. Potencialidades futuras como centro de negócios e turismo, avançadas preocupações de ordem
política e regional faziam parte dos estudos oferecidos à comunidade pelo pré-plano elaborado. Essa etapa de levantamentos
amplos foi chamada de Expediente Urbano, que fazia parte da estratégia preparatória para a realização do Plano Regulador
que consistia na elaboração final do conjunto de ordenamentos e metas de longo prazo direcionadores do futuro
desenvolvimento da cidade”. (SOUZA; ALMEIDA, 2010).
No Anexo B desta dissertação encontra-se a síntese do Programa do Curso de Urbanismo de Montevidéu.
67
a) b)
a) b)
Figura 24: a) as Mietskasernen de Berlim (Fonte: GEO.DE, 1929, p.s/n). b) J.J.P. Oud. Conjunto
em Blijdorp (Fonte: MARTÍ ARÍS, 1991, p.39)
Figura 25: esquema preparado por Le Corbusier comparando o novo tecido urbano com os
tecidos tradicionais de Paris, Nova York e Buenos Aires. (Fonte: BENEVOLO; MELOGRANI;
GIURA LONGO, 2000, p.54).
O concurso para o plano piloto de Brasília foi uma grande oportunidade para
os urbanistas brasileiros. Em um território totalmente livre, o plano era de uma
cidade completa no planalto central do Brasil. Quase todos os projetos que
concorreram se valeram dos preceitos modernos em suas propostas, apresentando
conceitos da cidade funcional com esquema das 4 funções humanas, das unidades
de vizinhança - uma vez que agregavam atividades residenciais juntamente com as
de serviço, comércio e equipamentos - e das altas densidades.
Por outro lado, a ideia de espaço urbano oriunda do CIAM foi fundamental. A
ideia do edifício isolado conformando um espaço mais fluido, assim como a
organização da cidade a partir de zonas funcionais, discutida nesses encontros. está
presente de uma maneira muito direta e evidente no Plano Diretor de Pelotas de
1968.
11
O BNH, criado anteriormente sem recursos para atingir seus fins, passou, a partir de 1967, a contar com os recursos do
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), investindo-os no sistema urbano nacional. O Serfhau, criado juntamente
73
com o BNH, passou com os recursos deste, a atuar, a partir de 1967, como organismo voltado especificamente aos problemas
do desenvolvimento urbano e local no Brasil. No ano de 1975 o Serfhau é extinto e suas atividades passam a ser atribuídas ao
BNH. (PELOTAS, 1978a; VIZIOLI, 1998).
74
12
Nesta época o plano diretor de 1959 de Porto Alegre foi realizado por uma equipe de urbanistas, encabeçados por Edvaldo
Pereira Paiva
13
Contribui no Estudo da Urbanização de Porto Alegre 1936-1938. “Conforme o jornal Correio do Povo de 21 de abril de 1949,
os urbanistas Edvaldo Pereira Paiva e Luiz Arthur Ubatuba de Faria teriam se formado no Uruguai. Porém, segundo Alm eida
(ALMEIDA, Maria S.(2004) Transformações urbanas: atos, normas, decretos, leis na administração da cidade de Porto Alegre
1937/1961. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP. - Tese de Doutorado), a ida de Ubatuba de Faria para
Montevidéu não pode ser comprovada pela falta de registros de sua passagem pelo Instituto de Urbanismo ou pela Faculdade
de Arquitetura de Montevidéu, ainda que sua presença em Montevidéu se confirme em depoimento do arquiteto Demétrio
Ribeiro, na ocasião estudante de arquitetura na mesma faculdade.” (MIRANDA, 2011, p.5 grifo nosso).
14
Contribuiu no Estudo da Urbanização de Porto Alegre 1936-1938; Anteprojeto de planificação de Porto Alegre 1951; Plano
Diretor 1954-1964; e Plano Diretor de Porto Alegre 1959-1961.
15
Arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura de Montevidéu, Uruguai, em 1943. Esta instituição recebe a influência da
École des Beaux Arts de Paris. Em 1944, Demétrio teve seu diploma revalidado no Rio de Janeiro, quando voltou à Porto
Alegre e se estabeleceu. Lá ingressou como docente na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Em 1964, com o golpe militar,
foi afastado do exercício do magistério, voltando em 1980, com a anistia. Trabalhou com o Engenheiro e Urbanista Edvaldo
Pereira Paiva em planos diretores para cidades do interior do estado em 1946 (Plano Diretor de Uruguaiana) e também na
discussão dos conceitos urbanísticos do Plano Diretor de Porto Alegre, que chamaram Ideias para Porto Alegre, em 1959.
Após a vigência do plano, Demetrio foi, também, membro do Conselho do Plano Diretor. Ainda participou da elaboração de
planos diretores de outras cidades do estado e também como consultor. Nos anos de 1967 a 1969 foi presidente do
Departamento do Rio Grande do Sul do Instituto de Arquitetos do Brasil. De 1977 a 1979 exerceu a Presidência Nacional do
IAB. (MOHR, 2003). Em 1980 participa como consultor no Segundo Plano Diretor de Pelotas.
76
a)
b)
Figura 26: situação em 1966. a) área urbana. b) loteamentos. (Fonte: PELOTAS, 1968, p.s/n).
O estudo dos planos anteriores a 1968 para Pelotas podem deixar mais
claro as propostas e ideias de crescimento da cidade. O Plano de Ampliação de
1924 propunha um grandioso projeto de extensão urbana, assim como o
Saneamento de Pelotas – novos estudos de 1947. Utilizando o contorno da evolução
79
a)
b)
Figura 27: sobreposição de mapas. a) evolução urbana de 1966 sobre o Plano de Ampliação de
1924. Adaptado pela autora. (Fonte: DIÁRIO POPULAR, 1924, p.5). b) evolução urbana de 1966
sobre o Mapa de Saneamento de Pelotas de 1947. Adaptado pela autora. (Fonte: PELOTAS,
1947, p.s/n).
80
b) Principais recomendações:
O ponto de partida para o estudo do uso do solo foi uma avaliação das
tendências que se verificam quanto à distribuição das atividades na área. Dentro do
processo natural produção-consumo, pode-se estabelecer espaços segundo
exigências funcionais, considerando as atividades:
indústrias
inofensivas
incômodas
nocivas
uso comercial
Figura 28: situação do uso do solo em 1966. Adaptado pela autora. (Fonte: PELOTAS, 1968,
p.s/n).
16
Pelotas nesse momento já tem construídos uma série de edifícios “modernos” em altura no centro da cidade.
83
Figura 29: zoneamento proposto Plano Diretor de 1968. Adaptado pela autora. (Fonte: Base
Google Earth).
84
Por uso conforme entende-se o uso que deverá predominar na zona, dando-
lhe a característica; por uso permissível entende-se o uso capaz de desenvolver na
zona sem comprometer as suas características; e uso incompatível, o uso em
desacordo com a característica da zona, sendo proibida sua localização na área.
Para cada zona é fixada a intensidade de ocupação (Tabela 3), considerando Índice
de Aproveitamento (IA) – quociente entre a área construída máxima e a área do lote
–, Taxa de Ocupação (TO) – percentagem da área do lote, ocupada pela projeção
horizontal máxima da edificação:
Tabela 3: Uso do solo. Tabela comparativa desenvolvida pela autora com base nas
informações descritas no Plano de 1968.
Nas áreas comerciais, o plano propõe manter o atual uso e ampliar o espaço
comercial do centro tradicional, dando estruturação física adequada a essa
atividade. Propõe também a criação de zonas comerciais no Fragata e Três Vendas,
além da criação de zona de comércio atacadista junto ao Porto. O pavimento térreo
das edificações não poderá ser construído para fins residenciais, com exceção feita
nas edificações sobre pilotis para residência do zelador do prédio. Esta
regulamentação afirma o desejo de manter o espaço mais fluído, apenas
interrompido quando há a necessidade de comércio, fundamental para a área.
a) b)
De 0 a 18 hab/ha
De 15 a 30 hab/ha
De 40 a 60 hab/ha
De 60 a 90 hab/ha
De 100 a 120 hab/ha
De 140 a 180 hab/ha
De 190 a 210 hab/ha
Mais de 600 hab/ha
Figura 31: densidade demográfica – 1966. Adaptado pela autora. (Fonte: PELOTAS, 1968,
p.s/n).
- viabilidade de execução;
Porto Alegre
Canguçú-Campanha
Figura 32: vias de acesso – Situação em 1966. Em rosa estão as estradas radiais e em verde as
estradas projetadas. Adaptado pela autora. (Fonte: PELOTAS, 1968, p.s/n).
O Plano propõe uma hierarquia do sistema viário através da criação das vias
perimetrais e radiais, seguindo o exemplo das perimetrais de Porto Alegre e de
outras cidades brasileiras17 (Figura 33).
17
Criação de uma avenida perimetral que circulasse pelos limites do centro da cidade. Em 1914, Moreira Maciel, no Plano de
Melhoramentos propõe uma conexão contínua entre várias ruas que delimitavam o centro, além de uma avenida junto ao
Porto. (LEME, 1999). O uso das radiais e das perimetrais também estão presentes nos plano de Prestes Maia para São Paulo
e no de Alfred Agache no Rio de Janeiro, ambos em 1930.
90
b)
c)
a) d)
Figura 33: exemplos de perimetrais. a) Plano Geral de Melhoramentos para Porto Alegre.
Moreira Macial, 1914. (Fonte: ABREU FILHO, 2006, p.49).b) Plano de Avenidas de São Paulo.
Prestes Maia, 1930. c) Contribuição. Esquema Teórico de Porto Alegre. Ubatuba de Faria e
Edvaldo Paiva, 1936-98. d) Plano de Avenidas do Rio de Janeiro. Alfred Agache, 1930. (Fonte:
ABREU FILHO, 2006, p.109).
3.2.5. Paisagismo
Corpo de espaço
Figura 34: avaliação do aspecto físico visual. (Fonte: PELOTAS, 1968, p.s/n).
92
a)
b)
Figura 35: proposta de requalificação da Praça Coronel Pedro Osório. Desenhos do Arq.
Ernesto Paganelli. a) perspectiva da praça com proposta de edifício de centro administrativo
ao fundo à direita – no lugar do Mercado Público. b) localização da área. (Fonte: PELOTAS,
1968, p.s/n).
93
36, as áreas periféricas mais grifadas são as que possuem menor número de
equipamentos sociais.
Figura 36: ausência de equipamentos sociais, áreas problemas. (Fonte: PELOTAS, 1968, p.s/n).
Frequência de utilização
Nível Proximidade
Diária Periódica Ocasional
Escola primária,
jardim de infância,
comércio de
Centro Praças, feiras livres,
Imediata abastecimento
local farmácias.
cotidiano, parque
de recreação,
parque infantil.
Cinemas, mercados
públicos, Praças esportivas,
Centro de supermercados, ambulatórios,
Mediana Escolas secundárias.
bairro centros de saúde, consultórios, pronto
centros de socorro, correios.
puericultura.
Parques, biblioteca
pública, museu,
hospitais e casas de
Centro da Comércio
Mediata Escolas superiores. saúde, zoológico,
cidade especializado
jardim botânico,
centro
administrativo.
(Fonte: PELOTAS, 1968, p. 114).
a)
b)
Figura 38: proposição: estética urbana. Reparar na proposta espacial para a Av. Duque de
Caxias, Rua Marechal Floriano Peixoto e Praça Coronel Pedro Osório. (Fonte: PELOTAS, 1968,
p.s/n).
3.3. Considerações
não vingou após a aplicação do Plano e esta questão acabou voltando à tona no
regramento futuro.
18
A Reforma Urbana tem início nos anos sessenta, com a realização da Reforma Agrária no campo, que já integrava o plano
das Reformas de Base do presidente João Goulart. Em 1963, foi inicialmente formulada uma reforma urbana para as cidades
brasileiras no Congresso. Mas com o golpe de 1964 o regime autoritário inviabilizou a realização dessas reformas. Quando os
movimentos sociais começaram a ganhar mais visibilidade, em 1970 e 1980, os temas da reforma urbana reapareceram.
Em 1985 foi criado o Movimento Nacional pela Reforma Urbana, que inicialmente reivindicava a moradia, mas com o final do
regime militar, incorporou a ideia de cidade. Mas foi em 1988 que a luta pela reforma urbana ganhou força com a Constituinte
do mesmo ano. reforma urbana significa segundo Saule Junior, “uma nova ética social, que condena a cidade como fonte de
lucros para poucos em troca da pobreza de muitos. Assume-se, portanto, a crítica e a denúncia do quadro de desigualdade
social, considerando a dualidade vivida em uma mesma cidade: a cidade dos ricos e a cidade dos pobres; a cidade legal e a
cidade ilegal. Condena a exclusão da maior parte dos habitantes da cidade determinada pela lógica da segregação espacial;
pela cidade mercadoria; pela mercantilização do solo urbano e da valorização imobiliária; pela apropriação privada dos
investimentos públicos em moradia, em transportes públicos, em equipamentos urbanos e em serviços públicos em geral.”
(SAULE JUNIOR, 2009).
104
Figura 39: proposta da área para pedestre no centro da cidade. Em azul o anel viário, em rosa
claro as áreas exclusivas de pedestres, em rosa os alargamentos de passeios da 1ª etapa e em
verde os alargamentos de passeios da 2ª etapa. Adaptada pela autora. (Fonte: GEIPOT, 1978,
p.36).
106
Figura 40: proposta da Rua Andrade Neves, exclusiva para pedestre no centro da cidade.
(Fonte: GEIPOT, 1978, p.81).
Figura 41: transporte coletivo e abrigos dos terminais e paradas. Adaptada pela autora. (Fonte:
GEITOP, 1978, p.44 e 45).
Figura 42: acima planta baixa e abaixo as vistas dos passeios Conde de Piratini e Ismael
Soares, respectivamente, marcações 1 e 2 da Figura 39. Adaptada pela autora. (Fonte: GEIPOT,
1978, p.76, 77 e 78).
Figura 43: projetos existentes para Pelotas. Em preto a Av. Perimetral, em vermelho o
prolongamento da Av. Bento Gonçalves, em verde o contorno DNER, em azul a nova estação
rodoviária e em laranja alternativas de área de estocagem. Adaptada pela autora. (Fonte:
GEIPOT, 1979, p.26).
Figura 44: proposições GEIPOT – médio prazo. Em verde a proposta do DNER, em rosa a
alternativa da Prefeitura, em azul a alternativa imediata da GEIPOT, em roxo o dique DNOS, em
laranja a Av. Perimetral e em amarelo as áreas de estocagem. Adaptada pela autora. (Fonte:
GEIPOT, 1979, p.38).
111
Figura 45: diretrizes de traçado da Av. Duque de Caxias e modelo de bicicletários para curta e
longa duração, respectivamente. Adaptada pela autora. (Fonte: GEIPOT, 1979, p.175, 180 e
181).
112
“Permitir que o homem, onde quer que viva, tenha a mesma qualidade de
vida”, é com esta frase que Edgar Henrique Klever 19 inicia o editorial do II Plano
Diretor de Pelotas (1980, p.5). E é neste sentido que o novo plano busca elaborar
suas proposições de planejamento urbano, com uma visão sociológica muito forte e
preocupação com os interesses dos diferentes segmentos da comunidade.
d) Modelo;
19
Diretor-Presidente da FUPURP (Fundação de Planejamento Urbano e Regional de Pelotas), Secretário Municipal de
Planejamento e Coordenação Geral de Pelotas.
A FUPURP foi criada a partir do trabalho do Plano Diretor na tentativa de manter a continuidade de ação do planejamento
urbano mesmo com a troca de prefeituras. A iniciativa contou com o apoio do Prefeito Irajá, mas nas eleições seguintes, com a
entrada do Prefeito Bernardo de Souza essa fundação foi fechada. (MOURA, 2011).
113
Fazia parte da equipe técnica o Arq. Armando Rodrigues Costa, a Arq. Rosa
Maria Garcia Rolim de Moura, o Geog. Renato Martins Müller, o Econ. José Aquiles
Suzin, a Soc. Dora Farias Lopes, o Adv. Alceu Salamoni, o Adv. Antonio Camelato
Voltan e o Adv. Bernardo Olavo Gomes de Souza. Como consultor foi convidado o
Arq. Demétrio Ribeiro e como coordenador o Arq. Rogério Gutierrez Filho. Ainda
114
A Arq. Rosa Maria Garcia Rolim de Moura, formada em 1978, logo após sua
graduação trabalhou no Projeto CURA da cidade de Lajeado, que visava promover a
ocupação dos vazios urbanos da cidade com a instalação de infraestrutura. A seguir,
foi contratada pela Secretaria de Obras do Estado que, na época, tinha um convênio
com as Prefeituras dos municípios gaúchos com o fim de assessorar suas equipes a
efetuarem seus Planos Diretores. Neste período, a arquiteta foi trabalhar no Plano
Diretor da cidade de Rio Grande, mas o plano acabou não se concretizando. Logo
após, através de entrevista com o Coordenador do Plano Diretor de Pelotas, Arq.
Rogério Gurierrez Filho, a arquiteta entrou para a equipe técnica deste plano no
momento de conclusão do marco teórico. (MOURA, 2011).
20
Foram entrevistados os arquitetos da equipe do II Plano Diretor: Rogério Gutierrez Filho, Rosa Maria Garcia Rolim de Moura
e Armando Rodrigues Costa.
115
com o que foi desenvolvido no marco teórico. Como este plano é organizado de
forma diferenciada do anterior, procurou-se destacar os conteúdos da mesma
maneira que os do Plano de 1968 – com as principais ideias de levantamento e as
recomendações do plano -, com a finalidade de se efetuar uma análise entre eles
mais organizada e de fácil entendimento.
a) Levantamentos
Em Pelotas, havia uma grande área ainda não ocupada na área urbana
legal, rodeada em sua maior parte por áreas ocupadas (Figura 46). Um estudo
dessas áreas deveria ser realizado a fim de detectar em que medida decorria de
processos de retenção de terra para fins especulativos e/ou de dificuldades técnicas
e econômicas de urbanização. Nesta última hipótese, os custos de incorporação à
malha urbana desses vazios deveriam ser estimados. Também deveria ser estudado
as possibilidades econômicas e institucionais de viabilidade de conservação de
alguns vazios, ou de parte deles, para fins de reservas verdes, visando compensar
as carências da cidade nesta questão. (PELOTAS, 1978c).
Figura 46: vazios urbanos. Em laranja as áreas não ocupadas. Adaptado pela autora. (Fonte:
PELOTAS, 1978e, p.s/n).
117
b) Recomendações
a) Levantamento
A Arq. Rosa Rolim de Moura revela que durante a composição do plano não
se tinha a ideia de transformar a cidade radicalmente. Como o centro continuava
sendo a área mais valorizada, consequentemente entendia-se que a cidade deveria
ser densificada e não espalhada.
b) Recomendações
i) Zona Industrial.
Figura 48: zoneamento II Plano Diretor de Pelotas. Adaptado pela autora. (Fonte: Base Google
Earth).
123
Tabela 6: usos para área de ocupação intensiva. Tabela comparativa desenvolvida pela autora
com base nas informações descritas no Plano de 1980.
Usos
Zonas
Conforme Permissível Proibido
RU-I2-I3-I4-I5-AT2-
ZCC AT1-AT3-RM-RC UE2-UE3-UE4-I1
UE1-AA
RU-RM-RC-AT3-UE2-UE3-
ZR1 AT1-I1 AT2-UE1-I2-I3-I4-I5-AA
UE4
RU-AT3-UE1-UE2-UE3-
ZR3 RM-RC-I1 AT1-AT2-I2-I3-I4-I5-AA
UE4
RU-AT3-UE1-UE2-UE3-
ZRMI RM-RC-I1-I2-I3 AT1-AT2-I4-I5-AA
UE4
RU-AT2-AT3-UE1-UE2-
ZRMII RM-RC-I1-I2-I3 AT1-I4-I5-AA
UE3-UE4
RU-RM-RC-AT1-AT3-
ZI I1-I2-I3-I4-I5 AT2
UE1-UE2-UE3-UE4-AA
LEGENDAS
RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR
RU
CASAS
RESIDÊNCIA MULTIFAMILIAR
RM
EDIFÍCIOS DE APARTAMENTOS
RESIDÊNCIA COLETIVA
RC
HOTÉIS/ASILOS/PENSÕES/INTERNATOS
ATIVIDADES TERCIÁRIAS
EDIFÍCIOS
AT PÚBLICOS/ TRANSPORTADORA/ ESCRITÓRIOS/
BANCOS/ COM. COM. VAREJISTA/
GRNADES ATACADISTA/OFICÍNAS PEQUENAS LOJAS
1 LOJAS 2 3
USOS ESPECIAIS
EU HOSPITAIS
ATIVIDADES CLUBES E ATIVIDADES ATIVIDADE
E
CULTURAIS RECREATIVAS EDUCACION.
1 SIMILARES 2 3 4
INDÚSTRIAS
1 A< 200,00m²
térreo ou H< 7m
ZCC 100% e
ZCC 5 3 ZCC-1 90% H> 66,6% altura livre
7m 70%
Tabela 8: recuos estipulados pelo II Plano Diretor de Pelotas. Tabela comparativa desenvolvida
pela autora com base nas informações descritas no Plano de 1980.
Recuos
zonas
Ajardinamento Frontal lateral Fundos
P/10 h>
H≤12m ou
4pav. 7,00m
- zcc 0,00 - mínimo
0,00m H>
ZCC 12m a partir 2.50m
de h> 7m - lote esquina
p/10 mín.
extensão 1-zcc 4,00m mín.
3,00m 2,50m
2,50m
ZR1 4,00m - idem Idem
ZR2 4,00m - idem Idem
ZR3 5,00m - idem Idem
ZRMI 4,00m - idem Idem
ZRMII 4,00m - idem Idem
COV 6,00m - idem Idem
COA 6,00m - idem Idem
ZI 10,00m idem Idem
(Fonte: PELOTAS, 1980).
a) Levantamento
Figura 50: ruas pavimentadas em 1978. O mapa apresenta a cidade dividida por setores e em
cada um desses setores a porcentagem de ruas pavimentadas através do preenchimento dos
círculos. (Fonte: PELOTAS, 1978e, p.s/n).
128
Figura 51: transporte coletivo. O mapa apresenta a cidade dividida por setores e em cada um
desses setores a porcentagem do atendimento de transporte coletivo através do
preenchimento dos círculos. (Fonte: PELOTAS, 1978e, p.s/n).
ciclovia e via específica para transporte coletivo. Dados do GEIPOT foram utilizados
para compor o levantamento e a pesquisa do marco teórico.
b) Recomendações
Tabela 9: dimensionamento das vias propostas pelo sistema viário do II Plano Diretor. Tabela
comparativa desenvolvida pela autora com base nas informações descritas no Plano de 1980.
vias
vias principais vias coletoras vias locais
pedestres
zonas
largura carroçável largura carroçável largura carroçável largura
(m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
ZCC
ZCC
ZR1 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
ZR2 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
ZR3 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
ZRMI 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
ZRMII 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
COV 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
COA 40,00 9,00 18,00 10,00 18,00 8,00 12,00
DI 34,00 12,00 20,00 12,00
(Fonte: PELOTAS, 1980).
130
a) Levantamento
Figura 54: saúde. Adaptado pela autora. (Fonte: PELOTAS, 1978e, p.s/n).
b) Recomendações:
4.3. Considerações
Plano Diretor (ETTC), que aplicava, desenvolvia e atualizava o Plano: “era preciso
uma equipe atuante e de um apoio do poder público para que o documento do Plano
pudesse ser realizado.” (MOURA, 2011). Por outro lado, em termos de conteúdo,
estava a criação das zonas mistas (flexibilização do zoneamento e a tentativa de
compor uma ideia mais eficiente de unidade de vizinhança, prevendo a aproximação
entre habitação e trabalho).
do Estado, era uma cidade referência para as outras cidades do Rio Grande do Sul.
Por outro lado, abrigava a única Faculdade de Arquitetura do Estado. Esta escola foi
a base de ensino dos idealizadores dos planos de Porto Alegre e formou boa parte
dos responsáveis pelos planos de Pelotas. Demétrio Ribeiro, arquiteto formado em
Montevidéu, em grande parte, segundo os preceitos modernistas, teve grande
influência na Faculdade de Arquitetura da UFRGS e na Prefeitura de Porto Alegre,
participando do Anteprojeto de Planificação de 1951 e dos dois Planos Diretores
para Pelotas de formas distintas. Sua participação no Plano de 1968 se dá de forma
indireta: Demétrio é professor na Faculdade de Arquitetura da UFGRS e trabalha na
Prefeitura de Porto Alegre com alguns dos arquitetos responsáveis pelo plano e
utilizando a metodologia do Urban Surveys. Já no Plano de 1980, sua participação é
direta: além de professor de alguns componentes da equipe, o arquiteto foi consultor
deste trabalho, participando semanalmente dos debates durante a composição do
regramento.
a) b)
Figura 55: recuos. a) uma cidade contemporânea. (Fonte: LE CORBUSIER, 1992, p.230). b) PD e
sua configuração espacial na Zona Central. (Fonte: MANZOLLI; VIGNOLO, 2011).
b)
a)
Figura 56: recuos II Plano Diretor. a) Pelotas, cidade tradicional. (Fonte: autora, 2012). b) II PD e
sua configuração espacial na Zona Central. (Fonte: MANZOLLI; VIGNOLO, 2011).
138
(1992), que o elemento mínimo do espaço urbano é o edifício, pois através dele se
organizam os diferentes espaços identificáveis e com forma própria: a rua, a praça, o
beco, a avenida ou outros espaços, influenciando diretamente a morfologia urbana
com a tipologia edificada. Os elementos primários da forma urbana são identificados
com os tipos construtivos, agrupando-se em diferentes tipos, decorrentes da sua
função e forma, estabelecendo relações de diálogo com as formas urbanas.
Figura 57: a Cidade de 3 milhões de habitantes de Le Corbusier, 1922. (Fonte: COLIN, 2006,
p.s/n).
Nos Planos Diretores de Pelotas, os índices e taxas altos nas zonas mais
centrais em relação à cidade tradicional indicam a proposta de uma cidade
concentrada em seu núcleo central. No entanto, no II Plano há uma redução nos
Índices de Aproveitamento com a finalidade de diminuir a concentração das
densidades nas áreas mais valorizadas da cidade. Onde antes eram permitidas
construções com área até sete vezes a superfície do terreno na Zona Comércio
Central, por exemplo, ficou restrito a cinco vezes no novo plano. Todavia, as taxas
de ocupação geral aumentam no II Plano, como mostra a Tabela 11 e aumenta a
densidade projetada para as áreas residenciais mais periféricas, Tabela 12.
140
A partir das informações dos índices, das alturas permitidas e dos recuos
estipulados por cada plano, pode-se identificar um modelo de cidade “idealizada”. É
possível observar como os índices maiores combinados com a exigência de recuos
laterais no Plano de 1968 (Figura 58), têm como consequência uma cidade bastante
verticalizada, com a qual vai se contrapor, em parte, o Plano de 1980 (Figura 59).
Através destas simulações, constata-se que o Plano de 1968 buscava um caráter de
cidade moderna, com grandes recuos, alturas e densidades. Todo esse aumento de
altura e densidade em relação à cidade existente se dava, também, pelo estudo que
a equipe fez, acreditando que haveria um incremento populacional muito superior à
cidade do que realmente ocorreu. Nos estudos do II Plano, verificou-se que a área
urbana não adensou como foi previsto e nem o número de habitantes, como mostra
o estudo do marco teórico (1978c, p.33):
b)
a)
Figura 58: simulações em zona residencial - Plano Diretor de 1968. a) simulação de volumetria,
com altura livre e maior IA. b) recuos, alturas e largura de rua local - 16m PD. (Fonte:
MANZOLLI; VIGNOLO, 2011).
b)
a)
22
Sabaté (1999, p.25) faz referência à “Ordenanza de Frankfurt de 1891, el arranque de los reglamentos de zonificación”.
142
pelo zoneamento muito estrito leva à sua flexibilização e à tentativa de compor uma
ideia mais eficiente de unidade de vizinhança (Figura 60b).
a) b)
Figura 60: zoneamentos. a) Plano Diretor. b) II Plano Diretor. Adaptado pela autora. (Fonte:
Base Google Earth).
Alguns desses conceitos de via estão presentes nos dois planos e no estudo
do GEIPOT. Partindo do princípio das vias de Chandigahr, os dois planos de Pelotas
possuem vias bem delimitadas quanto às características estipuladas por Le
Corbusier - somente não podendo ser identificadas as vias V7 e V8. A V8 poderia
ser identificada nos estudos do GEIPOT, que propõe um sistema cicloviário. Desta
forma, tem-se a Tabela 13: sistema viário “7 vias de Le Corbusier”.
23
Plano de Le Corbusier para Paris que previa a demolição de parte do centro da cidade e a construção de um conjunto de
arranha-céus.
145
área central que vai se dissolvendo para a periferia. Espacialmente, uma cidade
“tridimensional” em oposição à monótona dimensionalidade daquele momento, em
que o espaço e as pessoas fluam entre os edifícios através de edificações isoladas
no solo e pilotis nos pavimentos térreos.
Por outro lado, o Plano de 1968 prevê formas de crescimento diferentes dos
regramentos anteriores. O crescimento é proposto a partir de uma tendência natural,
de uma expansão que já vinha acontecendo na cidade. Este processo de
crescimento, classificado por Solà-Morales como crescimento suburbano, é
constituído por urbanização + parcelamento + edificação, nessa ordem de
implantação. Já no plano de 1980, não há nenhuma proposta de expansão, pois
seus estudos iniciais demonstram que os vazios urbanos de Pelotas são suficientes
para um crescimento em longo prazo. Dessa forma, propõe que esses vazios
urbanos sejam ocupados antes de se propor uma real expansão da cidade.
dos recuos que vão modificando o caráter da rua e dando lugar à cidade-jardim.
Lamas (1992, p.86) explica essa influência mútua entre a morfologia urbana e a
tipologia edificada. Genuinamente, o elemento essencial da relação dos edifícios
com o terreno é o lote. Sua forma é condicionante da configuração do edifício,
consequentemente, da forma da cidade. Na cidade tradicional essa afinidade é
muito intensa, já na cidade moderna, a parcela fundiária deixa de existir, pois o
edifício não ocupa mais o solo definido pela sua projeção vertical. Os edifícios são
assentados em pilares sobre o terreno público, todo o espaço é espaço coletivo.
Portanto, não há apenas uma teoria que seja responsável pelo aporte teórico
dos planos diretores de Pelotas. Como foi visto no capítulo anterior “Os Planos e as
Ideias”, nota-se a presença mais explícita de alguns preceitos, como os do
urbanismo moderno (o uso do solo com zoneamento, as indicações de áreas, as
regras de recuos, o sistema viário hierarquizado com dimensionamento de vias), e
de maneiras mais implícitas outras teorias, como a influência francesa do padre
Lebret, que está presente na formação do pensamento social dos profissionais do
país. Isto demonstra a forte proximidade das equipes responsáveis pelos planos –
principalmente, por meio de sua formação teórica – ao que vinha sendo
desenvolvido no restante do país e em outras partes do mundo. Panerai (1986,
p.151) escreve sobre o movimento de ideias e conceitos:
BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil: arquiteturas após 1950.
São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.
<http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/06/09/racionalismo-e-arquitetura/>.
Acesso em: 27 jul. 2011.
CURTIS, Willian. Arquitetura Moderna desde 1900. Porto Alegre: Bookman, 2008.
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Acesso em: 14 out. 2011.
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Disponível em:
<http://www.geo.de/GEO/fotografie/fotogalerien/54943.html?t=img&p=3>. Acesso em
14 ago. 2011.
LEME, Maria Cristina da Silva (Org.). Urbanismo no Brasil: 1895-1965. São Paulo:
Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1999.
MOHR, Udo Silvio. Demetrio Ribeiro, 1916-2003. Arquitextos Vitruvius, out. 2003.
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http://www.revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/viewFile/18632/19528.
Acesso em: 13 jul. 2011.
SOUZA, Célia Ferraz de; ALMEIDA, Maria Soares. Dois Urbanistas no Planejamento
de Porto Alegre – 1930/1950. In: Simpósio Temático. Percursos profissionais:
Arquitetos e Urbanistas, a contribuição para a teoria e a prática no Brasil, 1920-
1960. Dez. 2010. Disponível em:
<www.anparq.org.br/congressos/index.php/ENANPARQ/.../34/243>. Acesso em 18
jul. 2012.
Livro de Atas nº2 do CTA f. 65v. 28.03.1947. Arquivo Histórico do Instituto de Artes
– AHIA/UFRGS.
MOURA, Rosa Maria Garcia Rolim de. Rosa Maria Garcia Rolim de Moura:
depoimento [dez. 2011]. Entrevistador: R. T. Santa Catharina. Pelotas, 2011.
______. Plano Geral de Pelotas. Sua aprovação pelo Dr. Intendente Municipal –
Memorial do projeto de ampliação da cidade – Estudos de urbanismo – Suas regras
gerais. Diário Popular. Pelotas: 20 Abr. 1924.
Zonas piloto nos bairros Areal, Barragem, Centro, Fragata, Laranjal, São
Gonçalo e Três Vendas (Figura 61), para verificação dos potenciais resultados
construídos do Plano Diretor de Pelotas (1968) e || Plano Diretor de Pelotas (1980).
Este estudo foi desenvolvido durante a disciplina de graduação Teoria e História da
Arquitetura e Urbanismo VI (THAU VI), com colaboração dos alunos de graduação
Cristiane Portantiolo Manzolli e Giancarlo Kleinick Vignolo.
a) Bairro Areal
Imagem aérea da quadra - Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Areal lotes, de acordo com o PD. lotes, de acordo com o II PD
Definida como ZR3, permitia Definida como ZR3, não
Média área dos lotes: 681,05m² edificações com mais de 24m permitia edificações com mais
Média frente dos lotes: 13,38m de altura, limitadas apenas de dois pavimentos ou 6m de
pelos IA e TO de cada terreno altura
160
b) Centro
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Centro (Av. Bento Gonçalves) lotes, de acordo com o PD lotes, de acordo com o II PD
Definida como ZR2 permite
Definida como ZR2 permite
Média área dos lotes: 725,28m² edificações acima de 12m de
edificações de até 4 pavimentos
Média frente dos lotes: 16,98m altura, limitadas apenas pelo IA
ou 12 metros de altura
e TO de cada terreno
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Centro (Catedral) lotes, de acordo com o PD lotes, de acordo com o II PD
Definida pelo plano como ZR2 Definida como ZCC permite
Média área dos lotes: 287,70m² permite edificações acima de edificações de altura livre,
Média frente dos lotes: 10,22m 12m de altura, exigindo recuos dispensando recuos laterais e
laterais e de ajardinamento de ajardinamento
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Centro (Porto) lotes, de acordo com o PD lotes, de acordo com o II PD
Definida como ZR1 permite
Definida ZRM3 permite
Média área dos lotes: 166,33m² edificações acima de 24m de
edificações de altura livre,
Média frente dos lotes: 6,78m altura, exigindo recuos laterais
dispensando recuos laterais
e de ajardinamento
161
c) Bairro Fragata
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Fragata lotes, de acordo com o PD lotes, de acordo com o II PD
Definida como ZR2 permitia Definida como ZRM1 não
Média área dos lotes: 355,77m² edificações acima de 12m de permitia edificações com mais
Média frente dos lotes: 9,53m altura, limitadas, apenas, pelo de dois pavimentos ou 6m de
IA e TO de cada terreno. altura.
d) São Gonçalo
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
São Gonçalo lotes, de acordo com o PD lotes, de acordo com o II PD
Definida como ZR4, obedece as
Definida como Corredor de
mesmas regras de recuo da
Média área dos lotes: 270,02m² Comércio Varejista, permite
ZR3, permitindo edificações de
Média frente dos lotes: 10,17m edificações de até 4 pavimentos
até 2 pavimentos ou 6 metros
ou 12m de altura.
de altura.
e) Três Vendas
Imagem aérea da quadra – Simulação das edificações nos Simulação das edificações nos
Três Vendas lotes, de acordo com o PD lotes, de acordo com o II PD
Definida como Corredor de
Definida como ZRM1 permite
Média área dos lotes: 260,43m² Comércio Varejista, permite
edificações de até 2 pavimentos
Média frente dos lotes: 10,11m edificações de até 4 pavimentos
ou 6m de altura.
ou 12m de altura.
APÊNDICE B – Roteiro das entrevistas.
Evolução urbana:
Arquitetura Paisagista:
Administração Municipal: