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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana – PEU/UEM

LETICIA DO NASCIMENTO IDALGO

RESUMO - RESENHA CRÍTICA


PRIMEIRA LIÇÃO DO URBANISMO
AUTOR: BERNARDO SECCHI

Trabalho apresentado ao Programa


Associado de Pós-graduação em
Engenharia Urbana da Universidade
Estadual de Maringá, como parte dos
requisitos para a aprovação na disciplina
T. E. Eng. Urb - Desenv. Sustent. Urbano:
teorias e aplicações.
Professores: Dr. Igor José Botelho
Valques e Dra. Layane Alves Nunes.

Maringá – PR
2024
RESUMO - RESENHA CRÍTICA

AUTOR: BERNARDO SECCHI

TÍTULO DA OBRA: PRIMEIRA LIÇÃO DO URBANISMO

LUGAR E DATA DE PUBLICAÇÃO: SÃO PAULO, 2006

IDENTIFICAÇÃO DAS PÁGINAS: 207

1. INTRODUÇÃO

O autor vê o urbanismo nas ações de modificação da paisagem. Ele defende


uma ponderação entre a realidade experimentada e a teoria e ainda diz que seguir a
história e as principais figuras permite um melhor entendimento do urbanismo.

2. FIGURAS

Para o autor, é mais fácil encontrar as figuras nos jardins do que nas cidades.
As figuras, divididas entre as figuras do olhar e as figuras do discurso são: Fragmento,
dispersão e a heterogeneidade, como as figuras do olhar e continuidade,
regularidade, concentração e o equilíbrio, essas como as figuras do discurso.

O urbanismo busca essas figuras do passado em conjunto com a imaginação,


a verdade e a ética.

3. O URBANISTA

O autor defende que o urbanista tenha consciência da duração de seus atos e


que se preocupe em reconhecer as necessidades urbanas e as necessidades não
atendidas de grupos sociais menos privilegiados.

4. RAIZES

O urbanismo segue a história logo atrás das mudanças sociais, sem origem datada,
começa a sua história sem pertencer a alguma área do conhecimento.
O urbanismo fez tudo para se encaixar, se tornando mais rigoroso entre as grandes
guerras, depois produziu congressos, documentos e alcançou seu auge na mesma
época da Carta de Atenas (1933), a sociedade confiava no urbanismo.

O urbanismo se isola em laboratórios produzindo cidades pré fabricadas.

Acontecem as dispersões urbanas que dão início a um novo projeto de cidades e


então as cidades utópicas, que resolvem alguns problemas particulares.

A partir dos anos 60 do século XX o urbanismo perde o seu prestígio, pois a sociedade
não compreende a passagem da cidade moderna para a cidade contemporânea.

5. CIDADE MODERNA E CIDADE CONTEMPORÂNEA

A transição da cidade moderna para a cidade contemporânea se inicia nas últimas


décadas do século XIX, o autor diz que a cidade moderna desperta nostalgia.

A cidade moderna tem a ordem, os valores posicionais bem definidos, enquanto a


cidade contemporânea é a cidade do caos, com a inversão de valores e a continua
construção de novas valorizações e desvalorizações, gerando indiretamente a
gentrificação.

Ironicamente, é a modernidade que causa a disrupção da cidade moderna para a


cidade contemporânea, os modos de viver e usar a cidade também mudam, tipos de
família e de morar.

A cidade moderna separa e distancia enquanto a cidade contemporânea une os usos


e as pessoas. A cidade moderna é densa e a cidade contemporânea espraiada, o que
se deve aos meios de transporte e todo o conjunto de fatores que modificam a cidade,
que vão além dos econômicos e sociais, dos naturais ou tecnológicos.

6. PROJETOS

O urbanismo não consegue resolver todas as reinvindicações da cidade, mas é


importante que se saiba que o plano urbanístico é a imagem do futuro da cidade.

Segundo o autor, o urbanismo moderno era claro e se torna turvo na


contemporaneidade, pois na modernidade se fazia a alusão a máquina, sempre com
as mesmas peças, funcionamento e respostas e na contemporaneidade sempre há
uma nova resposta.
O autor critica o tempo atual dizendo que as políticas são muitas vezes
contraditórias, de dispositivos frequentemente obsoletos e de fato desprovidos de um
projeto.

7. O PROJETO DA CIDADE CONTEMPORÂNEA

Diferente da cidade moderna, na cidade contemporânea se busca a


experimentação de novos resultados por meio das vivencias da cidade. Surgem 03
tendencias: Absorver significados das construções, cidade fluida e interligada e
espaços distribuídos, como os espaços públicos, sem uma função definida.

Na cidade contemporânea também se unem o urbano com o agrário, trazendo


algumas modificações territoriais e da paisagem.

A cidade busca nos jardins clássicos a essência dos espaços públicos


contemporâneos. É como se a cidade contemporânea estivesse constantemente em
busca de um projeto.

8. ATRAVESSAR O TEMPO

A cidade contemporânea resolve problemas pontuais enquanto outros se acumulam.


O futuro vem de encontro com a conscientização ambiental, a mobilidade e espaços
abertos de iniciativas privadas.

A cidade muda sempre que o sistema de compatibilidades e incompatibilidades muda.

A cidade contemporânea, segundo o autor, incita dúvida e precisa de projetos mais


abertos.

A lição final que o autor propõe a reflexão é que: “[...] O urbanismo requer mais que
outras disciplinas, grande liberdade, rigor intelectual e moral”.

RESENHA CRÍTICA

Bernardo Secchi tem a sua longa trajetória entre o estudo do urbanismo, tem
livros publicados sobre a ordenação do espaço urbano, também fala sobre o problema
da habitação e fatores econômicos. A mais de quarenta anos pensando sobre o
desenvolvimento das linhas gerais do urbanismo europeu, Secchi, nascido na Itália
conversa com o leitor em “A PRIMEIRA LIÇÃO DO URBANISMO” como se brincasse
com a história e as reviravoltas do urbanismo, trazendo exemplos e insights em 8
capítulos de texto que descrevem, a sua visão, a evolução do urbanismo, desde seu
incerto início até a cidade contemporânea.
Logo no início do seu livro “PRIMEIRA LIÇÃO DE URBANISMO”, para a
edição brasileira, o autor se desculpa, e alerta que a leitura será densa e compacta e
talvez requeira do leitor certo esforço.
Apesar do autor citar como o urbanismo teve seus momentos no passado, ele
afirma que não tratará da história do urbanismo nesse livro, partindo do presente e
exemplifica como essa lição será dividida em 03 partes: Na primeira, falará do
urbanismo, do que se ocupa, como é feito e quais são suas raízes, na segunda, dos
problemas e temas que o urbanismo deve tratar e por último, tratará de técnicas
urbanísticas que deverão transpor o tempo. O autor diz que seguir a história
e as figuras permite um maior entendimento do tema, figuras estas do olhar e do
discurso e defende ainda que o urbanista tenha consciência da duração de seus atos
e que se preocupe em reconhecer as necessidades urbanas e as necessidades não
atendidas de grupos sociais menos privilegiados.
O urbanismo se esforça para se encaixar nas ciências e consegue, no
urbanismo moderno, na época da Carta de Atenas (1933), o seu auge. A confiança
da sociedade. Confiança essa que se esvai a partir dos anos 60 do século XX com a
passagem da cidade moderna para a cidade contemporânea.
A cidade moderna, ordenada, e com seus valores posicionais bem definidos
passa por uma disrupção juntamente com o advento da modernidade e se transforma
na cidade contemporânea, definida como “caos” pelo autor, com suas inversões de
valores e mudanças na sociedade.

Diferente da cidade moderna, na cidade contemporânea se busca a


experimentação de novos resultados por meio das vivencias da cidade. Surgem 03
tendencias: Absorver significados das construções, cidade fluida e interligada e
espaços distribuídos, como os espaços públicos, sem uma função definida.

No livro, o autor finaliza dizendo que a cidade muda sempre que o sistema de
compatibilidades e incompatibilidades muda, por isso, é necessário um novo projeto,
mais livre, com rigor intelectual e moral.
O autor desde o início defende a experimentação, mas não seria experimental
todo o trabalho urbanístico até o momento que esse trabalho começa a ser replicado?
É clara no livro a preferência do autor pela ordem do urbanismo moderno que como
máquina, trabalha de maneira controlada, replicada e previsível, faltando um pouco a
experimentação e se usando uma metodologia replicada. No urbanismo moderno são
usados moldes como se a cidade fosse parte da produção, houve a produção das
cidades como houve a produção de objetos, introduzindo a cidade uma realidade
global sem o pensamento e estudo local ou de suas miudezas.

Com o início da época contemporânea para o planejamento de cidades, se vê


também a obrigação do urbanista em buscar resolver a cidade de forma que ele
reconheça as necessidades e os problemas não resolvidos da cidade, porém dessa
forma não existem respostas previsíveis.

O autor mesmo diz que as cidades utópicas podem ser utilizadas para pensar
as cidades reais, é possível realizar tais feitos considerando as cidades jardins, por
exemplo.

A cidade moderna com seus usos e limites bem definidos se transforma ao


passo que a tecnologia avança pois na cidade contemporânea os usos mudam e os
modos de viver e tipos de família também, os valores imobiliários acompanham os
interesses do capital e mudam constantemente de acordo com o que cada lugar tem
a oferecer.

O autor fala da cidade contemporânea e a distribuição dos seus espaços sem


função definida, o que pode ocasionar a falta de uso, manutenções e inseguranças.
A cidade contemporânea acaba por resolver os problemas dos mais privilegiados
enquanto famílias são deslocadas do local onde vivem, tudo para que seja atendida
uma parte da sociedade.

A quem servem os espaços abertos criados e mantidos pela iniciativa privada?


No início se segregava o que era feio aos olhos, porém o que mudou da cidade
moderna para a contemporânea nesse quesito é que na cidade contemporânea é
possível escolher por meio do plano urbanístico os locais de valorização de acordo
com alguns interesses, que muitas vezes não são daqueles corpos residentes. O
dever do urbanista é saber que suas decisões têm consequências duradouras, assim,
se deve projetar com a consciência das necessidades urbanas e as necessidades
sociais não atendidas, de modo a empregar rigor intelectual e moral.

BIBLIOGRAFIA

SECCHI, Bernardo. Primeira lição do urbanismo. São Paulo, 2006.

LEFEBVRE, Henry. O direito à cidade. 5ª ed. São Paulo, 2008.

LEFEBVRE, Henry. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo, 1991.

ALVES, Victor Augusto Campos. Urbanismo, ideologia e o comum: notas sobre a


sociedade urbana pós-capitalista. In: Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 21, n. 45,
pp. 439-459, maio/ago 2019.

GRANSOTTO, Larissa Rodrigues. Cabo Polônio: uma viagem através das utopias
urbanas. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Faculdade de Arquitetura, Programa de Pesquisa e Pós-Graduação
em Arquitetura, 2009. Orientador: Machado, Andréa Soler.

ArchDaily. 10 ideias utópicas de planejamento urbano. Disponível em:


https://www.archdaily.com.br/br/780323/10-ideas-utopicas-de-planejamento-urbano.
Acesso em: 07 abr. 2024.

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