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Objetivo
Explicar de forma simples quem é o Espírito Santo e sua importância em nossas vidas.
Pontos Principais
Desenvolvimento
Dando sequencia as formações, já tratamos a Santíssima Trindade, quem é Deus Pai e quem é Filho. Hoje vamos tratar
quem é o Espírito Santo.
Como falamos na Santíssima Trindade, usando a comparação de Ricardo de São Victor, o Espírito Santo é o Amor do Pai
e do Filho. Exatamente por não conseguirmos fazer uma associação direta com uma “pessoa humana”, seja o mais misterioso das
três pessoas. Isso também acontece porque Ele se apresenta nas escrituras de muitas formas, mas é maior do que todas elas.
Das várias formas, vamos aprofundar 5 delas, pois vai nos dizer como Ele age em nossa alma.
1. Vento. — As Escrituras dizem: “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do
céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados” (At 2, 1s). Esse texto nos
leva à raiz mesma da palavra “espírito”. O espírito alude ao ato de inspirar ou respirar, como se vê pela etimologia da palavra
“respiração”. Por isso, o Espírito de Deus é o sopro ou hálito de Deus, a Ruah Adonai:
“O Espírito [ruah] de Deus pairava sobre as água” (Gn 1, 2).
“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspiroulhe nas narinas o sopro [ruah] da vida e o
homem se tornou um ser vivente” (Gn 2, 7).
O próprio Espírito de Deus foi infundido em Adão! Como sabemos, porém, Adão perdeu esse dom e morreu
espiritualmente quando pecou. Em consequência, também nós perdemos o Espírito de Deus e morremos espiritualmente. São
Paulo diz sem meias palavras que todos estávamos mortos por nossos pecados (cf. Col 2, 13).
Essa imagem do vento impetuoso é um lembrete de que o Espírito Santo nos devolve e sustenta a vida. Se o Natal é a
festa de Deus conosco e a Sextafeira, a de Deus para nós, Pentecostes é a festa de Deus em nós. O Espírito Santo é, pois, como
um vento impetuoso, que nos inspira outra vez a vida divina.
2. Fogo. — As Escrituras continuam: “Apareceulhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre
cada um deles” (At 2, 3).
Portanto, o nosso Deus, que é um fogo sagrado, vem habitar em nós por meio do seu Espírito Santo. Como fogo santo,
Ele nos acrisola ao queimar nossos pecados e purificarnos. Como disse Jó: “Ele conhece o meu caminho; se me põe à prova,
dela sairei puro como o ouro” (Jó 23, 10).
Face de Cristo resplandecei em nós!
Comunidade Católica Face de Cristo
O fogo transforma tudo o que encontra. Nada passa incólume por ele: pode ser consumido, convertido, purificado,
aquecido, derretido ou endurecido; nada, porém, passa incólume pelo fogo. Por isso, Deus Espírito Santo está em nós como um
fogo sagrado, mudandonos e transformandonos, queimando os nossos pecados, purificandonos e iluminandonos, ateando
em nós a chama do amor divino e, desta forma, elevandonos à temperatura da glória de Deus. Ele é como um fogo que dá luz e
calor em nossos momentos mais frios e sombrios. Pouco a pouco, vamos nos tornando uma fornalha ardente de amor, capaz de
transmitir calor aos que estão ao nosso redor.
Como fogo, Deus também nos está preparando para o Juízo. Se Ele, afinal, é fogo sagrado, quem poderá subsistir
quando chegar o seu dia? Quem pode suportar a presença do próprio Fogo em si? Somente o que também é fogo. É por isso
que nos devemos abrasar de amor divino. Em outras palavras, com o envio do Espírito Santo, Deus nos ateia fogo para nos
converter em fogo. Com isso, Ele nos purifica e prepara para nos encontrarmos consigo um dia, para conhecermos Aquele que é
fogo sagrado.
3. Línguas. — Ele também é descrito como línguas de fogo, o que nos ensina que um dos principais frutos do Espírito é ajudar
nos a dar testemunho às outras pessoas. Mas o que significa testemunhar? É falar do que se viu, ouviu e experimentou.
O Espírito vem em forma de línguas a fim de nos fortalecer para a nossa missão, para o nosso testemunho. E como é
necessário esse testemunho nos dias de hoje! O mal tem triunfado porque os bons se mantêm em silêncio; os púlpitos estão
mudos; os pais foram calados. As línguas de fogo nos recordam que Deus quer santos fortes e animados, que têm coragem de
dar testemunho em um mundo cético, mentiroso e zombeteiro.
Muitos mártires morreram valorosamente no decorrer da história, e no entanto muitos hoje têm medo só de pensar
que alguém os olhará torto… Peçamos línguas corajosas e coragem para usar a língua!
4. Água. — É uma imagem que Jesus utiliza com frequência para falar do Espírito Santo. No último dia da grande festa dos
Tabernáculos, Jesus se pôs de pé e disse em alto e bom som: “‘Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim,
como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva’. Dizia isso, referindose ao Espírito que haviam de receber os que
cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7, 37ss).
No Evangelho segundo S. João, o dom do Espírito Santo é descrito em termos bastante vivos, no momento da
crucificação:
“Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: ‘Tudo está consumado’. Inclinou a cabeça e entregou o espírito. Os judeus
temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene.
Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro
e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi testemunha desse fato o
atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais” (Jo 18, 30-35).
Nessa água que jorra do peito de Cristo, o Espírito Santo aparece como numa espécie de “Pentecostes joanino”. De fato,
é um jogo de palavras característico de S. João o uso de “entregar o espírito”, que pode significar tanto que Jesus morreu como
que nos deu o seu Espírito Santo.
Os Padres da Igreja também veem na água um símbolo adequado do Espírito:
Santo Irineu diz: “Assim como a farinha seca não pode aglutinarse em uma só massa de pão sem mistura de água,
tampouco nós, sendo muitos, podemos ser um só em Jesus Cristo sem a água que desce dos céus. E assim como a
terra seca não dá fruto sem água, tampouco nós, que éramos como uma figueira ressequida, poderíamos viver e
frutificar sem essa abundante torrente do alto […]. Se não quisermos, pois, ser queimados como palha estéril,
precisamos do orvalho de Deus” (Adversus haereses III 17, 1-3).
São Cirilo de Jerusalém diz: “Por que chama Cristo água à graça do Espírito Santo? Porque todas as coisas dependem
da água, como as plantas e os animais. A água desce dos céus como chuva e, embora seja sempre a mesma, produz
diferentes efeitos: um na palma, outro na vinha, e assim em toda a criação. Ela não desce ora como uma coisa, ora
como outra, senão que, permanecendo essencialmente a mesma, se adapta às necessidades de cada criatura que a
recebe. Do mesmo modo, o Espírito Santo, cuja natureza é sempre a mesma, simples e indivisível, reparte entre os
homens a graça como bem entende. Como uma árvore seca dá brotos quando regada, a alma dá o fruto da santidade
quando a penitência a fez digna de receber o Espírito Santo. Ainda que o Espírito não sofra mudanças, os efeitos de
sua ação, por vontade de Deus e em nome de Cristo, são vários e admiráveis. A um faz ser doutor da verdade divina, a
outro inspira o dom da profecia, a este dá o poder de expulsar demônios, àquele o de interpretar as Escrituras; em um
fortalece o domínio de si, a outro indicia como socorrer ao pobre, àquele ensina a jejuar e a mortificarse, a esse torna
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insensível às necessidade do corpo, a outro prepara para o martírio. A ação do Espírito é distinta em distintas pessoas,
embora o Espírito seja, em si, sempre o mesmo. Em cada homem, dizem as Escrituras, revela o Espírito sua presença
de um modo particular em ordem ao bem comum” (Cat. 16, De Spiritu Sancto I, 11-12.16: PG 33, 931-935. 939-942).
A água, por conseguinte, é outro símbolo fundamental do Espírito Santo, na medida em que todas as coisas dependem
da água para manterse vivas e fazer uso de suas próprias capacidades.
5. Pomba. — Sabemos que o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma de pomba. As Escrituras dizem: “O Espírito Santo
desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho bemamado; em ti ponho
minha afeição’” (Lc 3, 22).
A imagem do Espírito Santo como uma pomba faz alusão à história de Noé.
“No fim de quarenta dias, abriu Noé a janela que tinha feito na arca e deixou sair um corvo, o qual, saindo, voava de um
lado para outro, até que aparecesse a terra seca. Soltou também uma pomba, para ver se as águas teriam já diminuído na face
da terra. A pomba, porém, não encontrando onde pousar, voltou para junto dele na arca, porque havia ainda água na face da
terra. Noé estendeu a mão, e tendo-a tomado, recolheu-a na arca. Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca.
E eis que pela tarde ela voltou, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé compreendeu que as águas tinham
baixado sobre a terra” (Gn 8, 6-11).
A pomba foi para Noé um anúncio de que a destruição e a morte causadas pelo pecado tinham finalmente chegado ao
fim. Ela trouxe a ele um sinal de paz e de que fora cumprida a promessa de Deus de purificar a terra. Noé, tendo sobrevivido ao
dilúvio na segurança da arca de Deus, poderia andar em um mundo novo.
Assim também acontece conosco. O Espírito é paz: shalom. O longo reinado do pecado acabou, e a graça está agora ao
alcance de todos. Nós, tendo passado pelas águas do Batismo, podemos viver uma vida nova. O Espírito Santo desce sobre nós
como uma pomba, trazendo paz, esperança e todos os dons da graça.
Aqui temos cinco símbolos que nos podem ajudar a refletir sobre a ação do Espírito Santo em nós. Com certeza, há
outros símbolos e maneiras de descrever a obra do Espírito Santo, mas estes cinco nos falam bem ao coração.
Desafio: Quais os dons infusos e efusos do Espírito? E quais outros dons ele concedeu aos santos?
Sugestão de Bibliografia
Sagrada Escritura;
Catecismo da Igreja Católica;
Artigo do Mons. Charles Pope;
Adversus haereses, Santo Irineu;
De Spiritu Sancto, São Cirilo de Jerusalem;