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RESUMO – Esse trabalho descreve uma breve triagem de plantas medicinais utilizadas
na região do Triângulo Mineiro – MG. As plantas foram com extraídas com etanol,
obtendo-se assim os extratos brutos. Os extratos brutos de cada planta foram avaliados
através de Cromatografia em Camada Delgada (CCD), utilizando-se vários sistemas
eluentes e como reveladores: Lâmpada UV (254 e 365 nm), Ácido Fosfomolíbdico,
Ninidrina e Reagente de Dragendorff. Além disso, também foi realizada análise por
Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio (RMN-1H). Por fim, bioensaios de
atividade antibacteriana e antifúngica foram realizados com cada extrato bruto. A partir
dos resultados obtidos foi possível conhecer as classes de compostos presentes nos
extratos brutos, além de identificar os extratos bioativos.
1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos tempos os seres humanos têm contado com a natureza para as suas necessidades
básicas, para a produção de alimentos, abrigo, roupas, meios de transporte, fertilizantes,
aromas e fragrâncias e, não menos importante, os medicamentos (Newman et al. 2000). Os
estudos químicos e farmacológicos destes medicamentos que derivam predominantemente de
plantas serviram como base de medicamentos mais recentes como a aspirina, a digoxina, a
partir das folhas de Digitalis, a morfina, a partir do Ópio, a quinina, a partir de Cinchona, e a
pilocarpina (Newman et al., 2000; Buss et al., 2003; Grabley et al., 2000; Sneader et al.,
1996; Mann et al., 2000).
2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi realizar uma triagem química e farmacológica com
algumas plantas medicinais utilizadas pela população da Região do Triângulo Mineiro, Minas
Gerais. Para isso foi avaliado o perfil cromatográfico dos extratos de Equisetum arvense,
Mikania glomerata, Ginkgo biloba e várias marcas comerciais de chá verde para conhecer-se
a composição química dos compostos que constituem os extratos dessas plantas. Os extratos
também foram avaliados por Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN- 1H) e em
bioensaios de atividade antimicrobiana.
3. EXPERIMENTAL
Para esse estudo foram utilizadas as plantas: Equisetum arvense in natura e
desidratada, Chá verde de várias marcas adquiridas em estabelecimentos comerciais da cidade
de Uberaba – MG, Mikania glomerata desidratada e Ginkgo biloba desidratado. Para a
obtenção dos extratos brutos, 20 g das plantas foram extraídas separadamente com 100 mL de
etanol macerando-se as ervas em almofariz com a ajuda de um pistilo. A mistura de etanol
com a planta foi mantida em repouso por 15 horas. Em seguida, a mistura foi filtrada e o
resíduo re-extraído com 20 mL de etanol seguindo o mesmo processo por 3 h. Os filtrados
foram reunidos e evaporados em evaporador rotativo para a obtenção dos extratos secos. Os
extratos foram nomeados: Equisetum arvense in natura (Extrato Eain) e desidratada (Extrato
Ead), Chá verde (Cv.1, Cv.2 e Cv.3), Ginkgo biloba (Extrato Gb) e Mikania glomerata
(Extrato Mg).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da avaliação cromatográfica dos extratos de Equisetum arvense (Ead e Eain),
verifica-se que o extrato Eain (planta in natura), apresenta vários compostos polares e de
média polaridade e poucos compostos apolares que revelam à luz UV-Vis. As placas
cromatográficas desse extrato ainda mostram que os compostos polares e de média polaridade
revelam com ácido fosdomolíbdico e com ninidrina, mostrando a presença de compostos com
função oxigenada e de aminoácidos, respetivamente. Já o extrato Ead (planta desidratada),
apresenta somente compostos de média polaridade e apolares que revelam à luz UV-Vis.
Esses compostos revelam somente com ácido fosfomolíbdico. Analisando-se esses resultados
vemos que o processo de desidratação da planta deve ter levado à perda dos compostos
polares que correspondem parcialmente a metabólitos primários (aminoácidos), mas que pode
conter metabólitos secundários importantes para a atividade biológica da planta.
Já pela avaliação cromatográfica dos extratos de chá verde (Cv.1, Cv.2 e Cv.3)
verifica-se que esses apresentam a mesma composição de metabólitos secundários, ou seja, o
processo de desidratação utilizado para o preparo desses produtos, aparentemente, não
conduziu a perda de compostos. Os extratos de chá verde apresentam compostos polares, de
polaridade intermediária e compostos apolares que revelam à luz UV-Vis. Os extratos Cv.1,
Cv.2 e Cv.3 apresentam compostos de média polaridade e apolares que revelam com ácido
fosfomolíbdico e com Regente de Dragendorff, mostrando a presença de compostos com
função oxigenada e alcaloides, respectivamente. As placas cromatográficas dos extratos de
chá verde demonstram ainda a presença de aminoácidos polares que revelam com ninidrina.
Os espectros de RMN-1H dos extratos das plantas em estudo podem ser vistos na
Figura 1. Com relação à avaliação por RMN-1H dos extratos Equisetum arvense (Ead e Eain),
observa-se uma diferença na constituição do extrato. O espectro do extrato da planta in natura
(Eain) apresenta: sinais de hidrogênios metilênicos (R-CH 2-R) entre d 1,0 -1,5 ppm, sinais de
hidrogênios ligados à carbonos funcionalizados entre d 3,0-4,0 ppm, particularmente um sinal
em d 3,6 ppm característico hidrogênios de grupo metoxila (-OCH 3), sinais de hidrogênios
ligados a carbonos em dupla ligação entre d 4,0-6,0 ppm e sinais menos intensos entre d 6,0-
8,0 ppm característicos de hidrogênios ligados a anel aromático. O espectro da planta
desidratada não apresenta tantos sinais de hidrogênios ligados a carbono em dupla ligação,
além disso, os sinais de hidrogênios ligados a anel aromático praticamente não são
visualizados.
Os espectros de RMN-1H dos extratos de chá verde (Cv.1, Cv.2 e Cv.3) apresentam o
mesmo padrão de sinais de hidrogênios metilênicos (R-CH2-R) entre d 1,0 -1,5 ppm e sinais
de hidrogênios ligados à carbonos funcionalizados entre d 3,0-4,0 ppm. Os extratos de chá
verde apresentam pelo menos 3 sinais em d 3,4, d 3,5 e d 3,8 ppm característico hidrogênios
de grupo metoxila (-OCH3), sinais de hidrogênios ligados a carbonos em dupla ligação entre d
4,0-6,0 ppm e vários sinais entre d 6,0-8,0 ppm característicos de hidrogênios ligados a anel
aromático.
Com relação às plantas Mikania glomerata e Ginkgo biloba verifica-se através das
análises que ambas apresentam discreta atividade antimicrobiana contra os microrganismos
testados. Como ambas as plantas estudadas foram adquiridas comercialmente na forma
desidratada e não foram estudadas na forma in natura não é possível dizer se o processo de
desidratação das plantas leva a perda de metabólitos secundários bioativos importantes para a
expressão da atividade biológica. Futuros estudos deverão ser feitos com esse propósito.
Tabela 1: Dados dos bioensaios de atividade antimicrobiana com os extratos das plantas em
estudo.
5. CONCLUSÕES
O screening realizado com algumas plantas medicinais utilizadas pela população da região do
Triângulo Mineiro – MG foi importante, pois a partir desse estudo foi possível conhecer-se o
padrão químico e farmacológico dos extratos das plantas estudadas. Esse é o primeiro passo
para o estudo de isolamento biomonitorado dos metabólitos secundários dessas plantas. O
isolamento biomonitorado de metabólitos secundários é importante, pois nesse tipo de estudo
economiza-se tempo, fases estacionárias e também solventes orgânicos envolvidos no
processo de separação e purificação, sendo por isso considerado um “Processo Químico
Verde”.
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