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Apoena Calil
Física I
Curitiba
2016
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
FAEL
Carta ao Aluno | 5
1. Movimento unidimensional | 7
2. Vetores | 25
4. As leis de Newton | 53
5. Trabalho e energia | 71
7. Fluidos | 99
8. Termodinâmica | 111
Conclusão | 161
Referências | 163
Carta ao Aluno
Prezado Aluno,
Os semestres iniciais de um curso da área de exatas como
a engenharia de produção, civil ou mecânica, são os mais difíceis.
Nesta disciplina, são desenvolvidas várias das ideias, conceitos e
métodos fundamentais para um engenheiro. O estudante que tenha
compreendido de forma clara os conceitos básicos desenvolvidos
nesta disciplina terá transposto a maior parte das dificuldades de
aprendizagem da física.
Um jogo não será divertido a menos que conheçamos as
suas regras. Analogamente, não poderemos apreciar ao máximo o
mundo ao nosso redor a menos que tenhamos entendido as leis da
física. Ela nos mostra como tudo na natureza está surpreendente-
mente integrado. Há várias razões para estudar física: como cida-
dãos atuantes, a estudamos para aprimorar o modo como enxerga-
Física I
– 6 –
1
Movimento
unidimensional
Objetivos de aprendizagem:
22 caracterizar o movimento;
22 compreender os conceitos de espaço, tempo, velocidade e aceleração.
1.1 O referencial
Em física, quase tudo é relativo! O conceito de relatividade é bem sim-
ples e está relacionado com o fato de que a posição e o movimento de um
objeto podem somente ser percebidos com respeito (ou seja, em relação a
outros objetos). Quando você diz: “Jorge está sentado no lado direito de Eli-
zabete”, você descreve a posição de Jorge em relação à de Elizabete. Neste
caso, dizemos que o referencial é a posição de Elisabete.
Todos sabemos que movimento se difere do repouso. No entanto,
Galileu mostrou que não há uma diferença intrínseca entre movimento e
repouso. Movimento e repouso dependem do observador, ou seja, o movi-
mento é relativo.
A neurociência nos ensina que nossas ações, geralmente inconscientes,
são muitas vezes reflexos do tempo em que vivíamos na floresta. Imagine,
por exemplo, um hominídeo calmo e tranquilamente sentado sobre a grama
numa floresta aberta. De repente, algo se move entre as folhagens. Imediata-
mente, a atenção de nosso ancestral se foca no barulho. As células nervosas
que detectam o movimento foram as primeiras a serem desenvolvidas em
nosso cérebro. Ao notar o movimento no nosso campo de visão, percebemos
duas entidades: o fundo, ou ambiente fixo e o animal que se mexe sobre este
fundo. Se o animal é inofensivo, podemos relaxar, mas se é um predador
devemos correr. Como distinguimos o animal do meio em que ele está? A
nossa percepção envolve vários processos nos olhos e no cérebro, mas o que
interessa neste momento é que nós experimentamos o movimento como um
processo relativo. Ele é percebido em relação e em oposição a um objeto ou
ao ambiente que nos cerca.
– 8 –
Movimento unidimensional
Você já viu uma série de figuras Where’s Wally? (Onde Está Wally? no
Brasil) É uma série de livros de caráter infanto-juvenil criada pelo ilustrador
britânico Martin Handford, baseada em imagens e pequenos textos. Observe
a figura a seguir.
– 9 –
Física I
– 10 –
Movimento unidimensional
Equação 2
Velocidade escalar média: vescalar= distância
tempo
Um carro que percorre 60 quilômetros (km) em duas horas tem uma
velocidade de 30 quilômetros por hora (km/h). No SI a velocidade se mede
em m/s. A velocidade média, representa pelos símbolos v ou v ,entre os
instantes t1 e t2, é definida por
Equação 3
x(t2) – x(t1) Dx
Velocidade média: = = =
t2 – t1 Dt
– 11 –
Física I
Você sabia
Apesar da definição de velocidade média, não precisamos de inter-
valos de tempo e de espaço para determinar uma velocidade, basta
compará-la com uma grandeza fundamental na natureza, a velocidade da
luz. Medir é comparar com um padrão. O metro é definido em termos
da velocidade da luz.
x(t)
v>0
∆x
x0 ∆t
tempo
x(t)
v<0
x0
tempo
x(t) – 12 –
v=0
Movimento unidimensional
tempo
x(t)
v=0
x0
tempo
Equação 4
x(t0 + Dt) – x(t0) Dx
= =
Dt Dt
– 13 –
Física I
t t+h
Fonte: elaborado pelo autor, 2015.
Se desejarmos conhecer como se comporta a velocidade da partícula nas
vizinhanças do instante to, devemos tomar Dt tendendo para zero, ou seja,
devemos fazer com que o ponto Q se aproxime do ponto Q. A Figura 4,
mostrou o que acontece.
O intervalo Dt diminui, e a corda PQ se aproxima da tangente ao
ponto P. Assim, no limite que Dt tende à zero, a velocidade média tende à
velocidade instantânea:
Equação 5
Dx = dx
Velocidade instantânea: v(t) = Dtlim0
Dt dt
Importante
A velocidade é a derivada da posição em função do tempo. Para uma
melhor compreensão e resolução dos problemas, você precisará se lem-
brar das suas aulas de cálculo diferencial! Caso tenha dificuldades, faça
uma revisão!
– 14 –
Movimento unidimensional
Equação 6
v(t0 + Dt) – v(t0) Dv
Aceleração média: a = =
Dt Dt
Equação 7
Dv = dv = d2x
Aceleração instantânea: a(t) = Dtlim0
Dt dt dt2
Exemplo:
A posição de uma partícula que se move ao longo do eixo x é dada por
x(t) = 2t2 -2t + 10, onde x está em metros e t em segundos.
Determine:
a. velocidade média entre os instantes t = 0 e t =1 s?
b. a velocidade instantânea em t = 1s
c. a aceleração média entre os instantes t= 0 e t = 1 s?
d. a aceleração instantânea em t = 1s?
(tente você mesmo resolver antes de verificar a solução a seguir)
– 15 –
Física I
Solução:
a. Temos que x(0) = 10 m e x(1) = 10 m. Então Dt =1 s e Dx = 10-10 = 0 m.
A velocidade média é então, pela equação 4 v= 0/1 m/s = 0 m/s.
Note que entre os instantes t = 0 s e t=1s, a partícula se moveu. No
entanto, o valor médio de sua velocidade foi nulo.
b. A função velocidade é dada pela equação 5 v(t) = 4t -2 (lembre-se
de suas aulas de Cálculo). No instante t = 1s, a velocidade fica
v(t=1s) = 4(1)-2 = 2 m/s
c. A partir do item anterior, temos que v(t) = 4t -2 e que v(0) = -1 m/s
e v(1) = 2 m/s. Assim, Dv = 2 – (-1) = 3 m/s e a aceleração média
a = Dv/Dt = 3/1 = 3 m/s2
d. A aceleração instantânea é facilmente obtida derivando (equação 7
a equação horária da velocidade: a(t) = 4 m/s2.
Equação 8
Dv = constante
a=
Dt
Dv = v – v0 = a (t – t0)
Mas quais são as equações que descrevem o MRUV?
Estas equações são conhecidas como funções horárias do MRU, isto é,
equações nas quais a variável livre é o tempo. A partir da equação 8, obtemos
a equação horária para a velocidade (verifique!):
– 16 –
Movimento unidimensional
Equação 9: v = v0 + at
A Figura 5 apresenta a equação 9 para os casos nos quais a aceleração é
positiva (a > 0, movimento acelerado), negativa (a < 0, movimento retardado)
e nula (a = 0, movimento uniforme).
Figura 5 – Gráficos para o movimento acelerado (aceleração positiva), retardado
(aceleração negativa) e uniforme (aceleração).
v(t)
Aceleração positiva
∆x
v0 ∆t
tempo
v(t)
Aceleração negativa
v0
tempo
v(t)
Aceleração nula
v0
tempo
– 17 –
Física I
Equação 10
a (t – t0)2
x = x0 + v0 (t – t0) +
2
Note que a equação 10 representa uma função do segundo grau em
relação ao tempo.
– 18 –
Movimento unidimensional
Importante
Há várias possibilidades para a orientação da trajetória no movimento de
queda livre e lançamento vertical. Estas possibilidades devem estar de
acordo com as nossas conveniências. Apresentamos, a seguir, as equações
nas quais: o espaço ou deslocamento vertical é representado pela variável
y; a aceleração escalar é representada pela constante g. O maior cuidado
que se deve tomar está na determinação do sinal que antecede o termo
contendo a velocidade e a aceleração gravitacional g, de acordo com a
orientação positiva da trajetória, que pode ser para cima ou para baixo, na
queda livre e no lançamento vertical. Como sugestão aos que não estão
muito familiarizados com estes problemas, sugerimos escolher uma orienta-
ção positiva para cima (y cresce com a altura). Assim, o sinal de vo será posi-
tivo se a velocidade inicial estiver orientada para cima, e negativo se estiver
orientada para baixo. Nesta convenção, o sinal de g será sempre negativo.
2
Equação 11 y = y0 ± v0t – gt
2
Queda livre e lançamento vertical: v = v0 – gt
a = –g
– 19 –
Física I
Exemplo:
E quando a resistência do ar ou do meio em questão, que pode ser um
fluido viscoso, não pode ser desprezada? Este problema está intimamente
ligado ao consumo de um automóvel a altas velocidades. Veja o problema
resolvido a seguir (nível de dificuldade: alto. O problema exige bons conheci-
mentos de cálculo diferencial e integral).
Quando um objeto esférico de metal cai em um líquido viscoso (mel,
óleo, ou mesmo água, ou mesmo ar), sua aceleração é uma função da velo-
Solução:
a = dv = g 1 – vv
dt o
dv = gdt
1– vv
o
v t
dv̍ = gdt̍
1– vv
o o
z = 1– vv
o
dz = –vdv
o
– 20 –
Movimento unidimensional
– vodz – v dz – v lnz – v ln
= o z = o = o 1– vv
z o
– voln 1– vv = gt
o
ln 1– vv = – gt
o vo
1– vv = exp – gt
o vo
v = vo 1 – exp – gt
vo
– gt
dy = vo 1 – exp v dt
o
– gt
dy = vo 1 – exp v dt
o
v2 – gt
y = vot – go 1 – exp v
o
Importante
O que acontece quando alguém salta de um avião e abre um paraque-
das? Vamos olhar mais de perto a física do paraquedismo. A Figura 6
mostra uma pessoa em queda livre sem um paraquedas. Inicialmente,
a força gravitacional (a força com que a Terra nos puxa em sua direção)
é maior que a resistência do ar sobre o paraquedista. Assim, ele está
acelerando em direção ao solo.
– 21 –
Física I
Gravidade
Resitência do ar
Gravidade
Resumindo
Neste capítulo, você estudou os diversos tipos de movimentos unidimen-
sionais e conheceu os conceitos de velocidade média, velocidade instantânea,
aceleração média e aceleração instantânea. Essas definições serão importantes
para você em várias situações. Elas estão intimamente ligadas, por exemplo,
– 22 –
Movimento unidimensional
distância
Velocidade escalar média: vescalar= ;
tempo
x(t2) – x(t1) Dx
Velocidade média: = = = ;
t2 – t1 Dt
Dx = dx
Velocidade instantânea: v(t) = Dtlim0 ;
Dt dt
– 23 –
2
Vetores
Objetivo de aprendizagem:
22 Expressar corretamente grandezas escalares e elementos de sua
representação simbólica.
(b) ℓ
α
ref
M
– 26 –
Vetores
a b
– 27 –
Física I
b β
a+
c= D b
α ф
O a A B
m
v
Fonte: Aprendendo física, 2015.
– 28 –
Vetores
V
V1
V = V1 - V2
-V2
a
−2 a
3a
−a
– 29 –
Física I
Você Sabia
Os vetores foram criados no início do século XIX como represen-
tações geométricas dos números complexos. Entre os responsáveis
pela criação, podemos citar os matemáticos C. Wessel (1745-1818),
J. R. Argand (1768-1822), C. F. Gauss (1777-1855). Eles conce-
beram os números complexos como pontos no plano bidimensional,
ou seja, como vetores no plano.
Fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAABhs0AL/historia-
dos-vetores
– 30 –
Vetores
Vy
Vx X
– 31 –
Física I
j y
O
Ay
Az
Ax
– 32 –
Vetores
– 33 –
Física I
Importante
Note que podemos multiplicar vetores de formas diferentes. O pro-
duto escalar entre dois vetores resulta num escalar, enquanto o pro-
duto vetorial entre dois vetores resulta num vetor. Para diferenciarmos
entre estes dois tipos distintos de multiplicação, utilizamos a notação
A .B para o produto escalar e A ×B para o produto vetorial.
a indicador polegar
médio
– 34 –
Vetores
A × B = (Axî + Ay ĵ+ Az ) × (Bxî + By ĵ+ Bz )
= (Ay Bz – Bz Ay)î + (AzBx – Bx Az)ĵ + (Ax By – Bx Ay) (14)
Saiba mais
Quer aprofundar seus conhecimentos em vetores? Leia Academia
Khan, Introdução à vetores e escalares: https://pt.khanacademy.
org/science/physics/one-dimensional-motion/displacement-velocity-
time/v/introduction-to-vectors-and-scalars
Resumindo
As grandezas em Física e Engenharia podem ser classificadas em
grandezas escalares e grandezas vetoriais. As grandezas escalares são espe-
cificadas por um número e uma unidade, obedecendo às leis da aritmética
ordinária. Por outro lado, as grandezas vetoriais possuem uma magnitude
ou módulo, uma direção e um sentido, além de obedecerem às leis da
álgebra de vetores:
A + B = B + A (propriedade comutativa para a adição)
– 35 –
Física I
– 36 –
3
Movimento no plano
e no espaço
Objetivos de aprendizagem:
22 Varacterizar o movimento;
22 Compreender o caráter vetorial do deslocamento, da velocidade e
da aceleração.
– 38 –
Movimento no plano e no espaço
Caminho C
P v
Origem
Fonte: elaborado pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
v = dr = dx + dy + dz
dt dt dt dt
v = vxî + vy ĵ + vz (3)
– 39 –
Física I
– 40 –
Movimento no plano e no espaço
∫
v – v0 = a (t)dt (10)
t0
Onde escrevemos a (t) para mostrar que a aceleração da partícula é con-
siderada uma função do tempo. Na maioria dos casos, a integral é calculada
até um instante definido de tempo t, a partir de um instante inicial de tempo,
definido como to. Note que, a integral acima, partindo do conhecimento da
aceleração da partícula em função do tempo, nos fornece somente a varia-
ção do vetor velocidade durante os instantes to e t. A informação a respeito
– 41 –
Física I
∫
vx – vx0 = ax(t)dt
t0
t
∫
vy – vy0 = ay(t)dt
t0
t
∫
vz – vz0 = az(t)dt
t0
(11)
∫
v – v0 = v (t)dt (13)
t0
Onde, como anteriormente, escrevemos v(t) para mostrar que a veloci-
dade da partícula é considerada uma função do tempo. Como visto antes, na
maioria dos casos, a integral é calculada até um instante definido de tempo
t, a partir de um instante inicial de tempo, definido como to. Note nova-
mente que, a integral acima, partindo do conhecimento da velocidade da
– 42 –
Movimento no plano e no espaço
∫
x – x0 = vx (t)dt
t0
t
y – y0 = ∫ v (t)dt
t0
y
∫
z – z0 = vz (t)dt
t0
(14)
∫
v – v0 = a (t)dt = 0
t0
v = v0 (15)
e
r – r 0 = v 0t (16)
x – x0 = vx t
y – y0 = vy t
z – z0 = vz t (17)
– 43 –
Física I
– 44 –
Movimento no plano e no espaço
v = dv = R dθ = Rω
dt dt
at = dv = d²s = R d² θ
dt² = Rα
dt dt² (22)
Onde ω=
dθ e dω d²θ
dt α= dt = dt² são respectivamente a velocidade angular
e a aceleração angular. No sistema internacional, a velocidade angular é dada
em rad/s e a aceleração angular em rad/s2.
Velocidade
Aceleração centrípeta
Aceleração resultante
Fonte: elaborado pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 45 –
Física I
Você sabia
O sentido dos ponteiros do relógio, ou sentido horário, é o movi-
mento circular de rotação num plano, que se desenvolve a partir
do topo do círculo para a direita, retornando ao ponto original. O
movimento contrário, ou sentido anti-horário, é o movimento circular
de rotação num plano, que se desenvolve a partir do topo do círculo
para a esquerda. Por definição, o sentido anti-horário é definido, em
matemática e em física, como sendo o sentido positivo. Estas expres-
sões tiveram origem na direção do movimento que o Sol descreve no
céu do hemisfério norte.
Saiba mais
Antigamente, utilizavam-se relógios de Sol, cujo ponteiro era a som-
bra do gnómon projetado no mostrador. Enquanto que o Sol des-
creve a sua trajetória no céu de leste para oeste, a sombra do ponteiro
do relógio solar movimenta-se no mesmo sentido de rotação.
– 46 –
Movimento no plano e no espaço
Altura
máxima (H)
Alcance (A)
Fonte: elaborado pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 47 –
Física I
x = vxt = v0(cosθ)t
Movimento uniformemente variado no eixo Oy.
ay = – g
vy = v y – gt =v0senθ – gt
0
v0 senθ g v0 senθ
2
v0 2 sen2 θ
H = ymax = y(t=ts) = v0 senθ – =
g 2 g 2g
v0 sen θ
2 2
H=
2g
v0 2 sen2 θ
Altura máxima de um projétil: H = (24)
2g
De modo a determinar o alcance, A, basta verificar que, por simetria, o
tempo de subida é igual ao tempo de descida. Assim, o tempo total de voo é
o dobro do tempo de subida.
2v0 senθ 2v02 senθcosθ
A = xmax = x(t=2ts) = v0 (cosθ) =
g g
v0 sen2θ
2
Alcance de um projétil: A = (25)
g
Onde utilizamos a igualdade 2senθcosθ = sen2θ.
Da equação 25, verificamos que o alcance horizontal é o maior possível
quando o ângulo de lançamento é q=45o, pois sen2q=sen90o =1.
– 49 –
Física I
Solução:
As equações do movimento para o projétil são (escolhendo o eixo y
orientado para cima):
– 50 –
Movimento no plano e no espaço
v = 20t
y – 50 – 5t²
vx = 20
vy = – gt
O projétil toca o solo quando y=0. Ou seja: 50=5t2
t = √10s
A que distância horizontal do ponto de disparo, o projétil se choca com
o chão?
Solução:
Substituindo o tempo de voo na equação para o deslocamento horizon-
tal: x = 20√10 metros.
Resumindo
Nesta aula, estudamos os diversos tipos de movimento. Defini-
mos os conceitos de posição, deslocamento, velocidade e aceleração
como vetores. O vetor velocidade instantânea é sempre tangente à tra-
jetória da partícula na posição da partícula. Se o vetor posição de uma
partícula é dado por r (t) = x(t)î + y(t) ĵ + z(t) ,então podemos escrever
a sua velocidade como: v = dr = dx + dy + dz e sua aceleração como
dt dt dt dt
d² d² d²
a (t) = d²r = x + y + z . Em termos do vetor r (t) = x(t)î + y(t) ĵ + z(t),
dt² dt² dt² dt²
a aceleração fica a (t) = d²r = d²x + d²y + d²z .
dt² dt² dt² dt²
– 51 –
4
As leis de Newton
Objetivo de aprendizagem:
22 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de
partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
Física I
4.1 Definições
Em seu livro Principia, Isaac Newton faz a seguinte distinção:
O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo e da sua
própria natureza, flui uniformemente sem relação com qualquer coisa
externa e é também chamado de duração; o tempo relativo, aparente
e comum é alguma medida da duração perceptível e externa que é
obtida através do movimento e que é normalmente usado no lugar
do tempo verdadeiro, tal como uma hora, um dia, um mês, um ano.
(Assis, 1998, p.50)
4.1.1 Tempo
É aquilo que medimos com um relógio.
4.1.2 Espaço
Newton separou os movimentos de uma partícula em absolutos, ou ver-
dadeiros e relativos, ou fictícios. Os movimentos verdadeiros seriam os relati-
vos ao espaço absoluto. Por outro lado, os relativos seriam com respeito a um
referencial em movimento, em relação ao espaço absoluto.
Mas será que o espaço e o tempo são mesmos absolutos? A visão atual
é de que o espaço e o tempo são na verdade ferramentas que possibilitam a
descrição do movimento de objetos materiais. Assim, eles não têm qualquer
significado quando separados da matéria. O espaço e o tempo são relativos,
eles resultam das interações entre a matéria.
– 54 –
As leis de Newton
alguns referenciais nos quais podemos aplicar com sucesso as leis da dinâmica.
Eles são chamados de referenciais galileanos, ou inerciais. Se conhecemos um
destes referenciais galileanos, é possível encontrar todos os outros inerciais:
todos eles se movem com velocidade constante em relação aos outros. Uma
boa aproximação para um referencial inercial são as estrelas fixas.
Importante
Um sistema de referência inercial é aquele que não possui acelera-
ção (está em repouso ou com velocidade constante) em relação às
“estrelas fixas” do universo, ou seja, aquelas estrelas distantes, a vários
bilhões de anos-luz de distância da Terra.
4.1.4 Força
No nosso dia-a-dia, utilizamos a palavra “força” com vários sentidos dis-
tintos, por exemplo: “estou tão cansado que não tenho forças para dar mais
um passo”, ou “a Força Aérea Brasileira é uma instituição de heróis nacio-
nais”. Como a palavra “força” pode ser empregada de várias formas diferentes
no nosso cotidiano, precisamos de uma definição rigorosa, muitas vezes dis-
tinta do seu significado usual.
Importante
Força é o agente de mudança. Força atuante sobre um corpo é qual-
quer agente capaz de modificar o seu estado de repouso ou de movi-
mento retilíneo e uniforme. É a interação entre dois corpos ou entre
o corpo e seu ambiente. Força é um vetor.
Você sabia
Atualmente, são conhecidas quatro interações ou forças fundamen-
tais em física: a gravitacional, a eletromagnética, a forte e a fraca.
– 55 –
Física I
4.1.5 Massa
Há três definições comumente utilizadas para massa:
i. quantidade de matéria;
ii. uma medida da habilidade de um objeto a resistir a mudança de seu
movimento (inércia);
iii. aquilo que dá origem a interação gravitacional.
No entanto, todas estas definições apresentam problemas práticos
ou conceituais.
Quantidade de máteria. Esta é uma definição conceitual. Embora haja uma
relação entre massa e quantidade de matéria, elas não significam a mesma coisa.
Aquilo que dá origem a interação gravitacional. Este modo de definir
massa é menos popular. Está baseada na lei de gravitação universal de Newton,
Mm , onde G = 6,67 X 10-11 N.m2.kg-2 é a constante de gravitacão
F=G
R2
universal, M = 5,97 X 1024 kg é a massa da Terra, m é a massa do corpo e R =
6,37 X 106 m é o raio da Terra.
Para Newton, a inércia de um corpo seria uma interação entre o corpo
e o espaço absoluto. No entanto, para Mach (Assis, 1998) (e a visão atual
corrobora esta ideia) a inércia de um corpo é uma interação entre ele e toda
a matéria do Universo.
– 56 –
As leis de Newton
– 57 –
Física I
F = dp = d(mv ) = m dv = ma , ou seja
dt dt dt
F = ma (4)
– 58 –
As leis de Newton
– 59 –
Física I
– 60 –
As leis de Newton
Figura 2 – Bloco sob a ação de uma força externa F , de uma força peso P , de uma
força normal de contato N e de uma força de atrito entre as duas superfícies de
contato Fat .
Fat
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 61 –
Física I
Figura 3 – Módulo da força de atrito, Fat, em função da força externa aplicada de módulo
F. Para pequenos valores de F, o corpo permanece em repouso e o módulo da força de atrito
estático é igual à F. Quando F aumenta Fat também aumenta, até atingir um valor máximo
igual a meN, onde me é o coeficiente de atrito estático e N é o módulo da força normal de
contato. Se a força F for aumentada, o corpo se desprende, acelerando de forma súbita.
Neste caso, a força de atrito passa a ser cinética, sendo constante e igual a mcN, onde mc é o
coeficiente de atrito cinético.
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 62 –
As leis de Newton
Fat
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 63 –
Física I
Fat
N
F
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 64 –
As leis de Newton
– 65 –
Física I
P = mg
4.6 Força centrípeta
Fonte: elaborado pelo autor, com Se um objeto descreve uma circunferên-
base em HALLIDAY; RESNICK; cia ou arco de circunferência de raio R, com
WALKER, 2006.
uma velocidade de módulo constante igual a v,
diz-se que o objeto descreve um movi-
mento circular uniforme. Nesse caso, ela
Figura 7 - O movimento circular
de um objeto. possui uma aceleração centrípeta, ac, e esta
V1 sob a ação de uma força centrípeta, Fc .
Tanto a aceleração centrípeta, ac, quanto
F a força centrípeta, Fc , são grandezas veto-
Fonte: Instituto de Física,
F
V
riais e apontam para o centro de curvatura
2
dt rdθ r
v
Como Fc = mac, temos que módulo da força centrípeta fica:
2
Fc = mv (7)
r
Exemplo: o projeto de uma curva numa estrada.
Se um automóvel entra com uma velocidade muito alta em uma curva,
a tendência será derrapar. No caso de uma curva construída com a devida
compensação (inclinação), a força de atrito age sobre um carro em alta velo-
cidade no sentido de se opor à tendência de derrapagem para fora da pista.
Considere uma curva circular de raio R e um ângulo de compensão q, na qual
o coeficiente de atrito estático entre os pneus e a estrada é me. Um automóvel
sem sustentação negativa (carros de corridas possuem sustentação negativa
para que realizem curvas a altas velocidades), começa a fazer a curva, como
mostra a Figura 8. Escreva uma expressão para a velocidade máxima na qual
o automóvel pode realizar a curva sem derrapar.
Figura 8 – O vetor velocidade aponta para dentro da página. O ângulo de inclinação
está exagerado para maior clareza. A Figura mostra também um diagrama de corpo livre
do automóvel na situação de velocidade máxima, situação na qual a tendência do carro
é de escorregar para fora da pista, assim, a força de atrito estático aponta para dentro.
Fat
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 67 –
Física I
Resolução:
F Fi a
Aplicando a segunda Lei de Newton: i
P N Fat a
A componente na direção vertical:
onde
N= mg
–
A componente na direção horizontal:
2
m v
R
Substituindo o valor da normal calculado a partir da componente vertical:
mg senθ + me mg v²max
R
Ou seja,
v²max = Rg
v²max = Rg
A física pode, de fato, nos dizer muito sobre como os carros reagem às for-
ças. Ela também mostra que potência, energia, torque e momento são relações
importantes para carros. Estes conceitos serão aprofundados nas próximas aulas.
– 68 –
As leis de Newton
Saiba mais
Se você desejar saber um pouco mais sobre Newton, há alguns arti-
gos disponíveis gratuitamente para baixar.
John Maynard Keynes, Newton, Revista Brasileira de Ensino de
Física, Dezembro de 1983, página 43.
Silvio Seno Chibeni, A Fundamentação Empírica das Leis Dinâmicas de
Newton, Revista Brasileira de Ensino de Física, página 1, Maio de (1999).
Resumindo
Isaac Newton formulou a teoria dos corpos que se movem. Esta teoria
se aplica a todos os corpos que se movem com velocidades muito menores do
que a velocidade da luz e constitui um dos fundamentos da física.
As leis do movimento podem ser resumidas como:
Primeira lei: toda partícula permanece em seu estado de repouso, ou em
movimento retilíneo e uniforme, a não ser que seja compelida a alterá-lo por
forças que atuem sobre ela.
Segunda lei: a variação do movimento é proporcional à força motora e
se produz na direção em que age essa força.
Terceira lei: a cada ação sempre se opõe uma reação igual, ou seja, as
ações mútuas de dois corpos são sempre iguais e de sentidos opostos.
– 69 –
5
Trabalho e energia
A lei da conservação da energia nos diz que há uma grandeza, que cha-
mamos energia, que não altera apesar das várias mudanças que podem ocorrer
na natureza. Não se trata da descrição de algo concreto, mas sim de um con-
ceito abstrato, principalmente porque é um principio matemático.
Objetivo de aprendizagem:
22 Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de ener-
gia em ambientes específicos, considerando implicações éticas,
ambientais, sociais e/ou econômicas.
O sistema pode ser: uma partícula, um objeto, dois objetos que interagem
entre si, um conjunto de várias partículas que interagem entre si, um objeto
deformável como uma bola de borracha, um objeto girante como uma roda, etc.
– 72 –
Trabalho e energia
F
θ
F cos θ
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
Importante
A palavra trabalho, em linguagem do nosso cotidiano, significa
esforço físico ou mental. Não confunda a definição da física para
trabalho com a noção cotidiana que temos dessa palavra.
– 73 –
Física I
Figura 2 – Uma força dependente da posição F(x) atuando sobre uma partícula. O trabalho
infinitesimal dW entre as posições xi e xi+dx é aproximadamente a área sob a curva.
F(x)
dx x
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
Durante o deslocamento dx a força F(x) realizará um trabalho
dW, onde:
dW = F(x) dx (2)
Note que o trabalho infinitesimal dW entre as posições xi e xi+dx é apro-
ximadamente o valor numérico da área sob a curva. Este valor tenderá do
valor exato no limite de dx infinitesimal. O trabalho total da força F(x) para
deslocar a partícula desde a posição xi até a posição xf é dado por:
xf
O trabalho de uma força variável unidimensional: W = F(x) dx (3)
xi
Exemplo: Força exercida por uma mola.
Uma mola é dita linear se a força por ela exercida sobre um objeto é
proporcional à deformação da mola. Como você deve ter experimentado, essa
força é de sentido contrário ao da deformação. A Figura 3 mostra uma mola
linear no seu estado normal (relaxado) e no seu estado deformado. A mola foi
alongada de um tamanho x. Na figura, vemos que a força exercida é dirigida
em sentido contrário do alongamento, sendo em módulo proporcional a x
(para x pequeno). Portanto, temos a lei de Hooke:
(Lei de Hooke) F = – kx(4)
– 74 –
Trabalho e energia
Figura 3 – Uma mola linear exercendo uma força sobre um bloco. O trabalho da força
exercida pela mola pode ser medido pela área sob a curva do gráfico F(x) versus x.
F(x)
∆F
∆x
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
Você sabia
A lei de Hooke é amplamente utilizada em todos os ramos da
ciência e da engenharia, e é a base de muitas disciplinas como a
sismologia, mecânica molecular e acústica. Ela também é o princípio
fundamental por trás da balança de mola, o manômetro e a roda de
balanço do relógio mecânico.
– 75 –
Física I
Expressão esta que nos diz que o trabalho elementar dW de uma força
variável é uma forma diferencial nas variáveis Fx, Fy e Fz da própria força. O
trabalho total da força F para deslocar a partícula desde a posição ri até a
posição r∫ é dado por:
rf
O trabalho de uma força variável: W = F. dr (7)
ri
5.1.3 Trabalho total
Geralmente, ocorre que várias forças atuem sobre um sistema. Neste
caso, é possível calcular o trabalho total realizado pelas múltiplas forças atu-
antes no sistema, que é a soma dos trabalhos realizados sobre o sistema por
cada uma das forças.
N N
Trabalho total: Wtotal= W1 + W2 +...= W1 = Ft = dri 8)
i=1 i=1
O trabalho realizado por cada força individual deve ser calculado em ter-
mos do deslocamento do ponto de aplicação das forças individuais. No caso
particular de sistemas rígidos e não deformáveis, o trabalho total realizado
por várias forças atuantes sobre o sistema é igual ao produto da força total
resultante pelo deslocamento do objeto.
– 76 –
Trabalho e energia
5.3 Potência
Definimos potência como a grandeza que descreve quão rápido o traba-
lho é realizado. A Equação 11 descreve a potência média:
– 77 –
Física I
– 78 –
Trabalho e energia
W= F.dr = 0 (15)
C
– 79 –
Física I
a outro objeto (um objeto a uma altura acima da superfície da Terra). Esta
energia armazenada está disponível para ser utilizada, transformando-se em
outras formas, e é denominada de energia potencial. A justificativa para
esse nome é que nesta forma ela tem o potencial ou possibilidade de realizar
trabalho. Por exemplo, uma mola comprimida ou esticada pode realizar
trabalho. A energia química armazenada numa pilha igualmente é energia
na forma potencial.
A energia mecânica de um sistema, E, é a soma da energia potencial U
do sistema com a energia potencial K total do sistema, ou seja,
E = K+U (16)
Considera-se um sistema isolado quando nenhuma força externa atua
no sistema e na ausência de forças dissipativas como o atrito. Neste sistema
isolado, nenhuma energia entra ou sai, ou seja, a variação da energia mecânica
é nula, DE =0. Se uma força conservativa realiza trabalho, ela será responsá-
vel por uma transformação de energia potencial em cinética ou vice-versa.
Assim, pela Eq. 16
(Sistema conservativo isolado ) DE = DK + DU = 0 (17)
Então,
(Sistema conservativo isolado) DK = - DU(18)
Se a energia potencial U(x) de um sistema no qual uma força unidi-
mensional F(x) atua sobre uma partícula é conhecida, podemos obter a força
derivando ambos os lados da Eq. 14 e utilizando o teorema fundamental do
cálculo (se uma função contínua é inicialmente integrada e depois diferen-
ciada ou vice-versa, obtém-se a função original):
F(x)=– dU(x) (19)
dx
Se a energia potencial é fornecida na forma de um gráfico, como mos-
trado na Figura 5, pela Eq. 19, para qualquer valor de x, a força F(x) é o
negativo da inclinação (derivada) da curva no ponto considerado, e a energia
cinética da partícula é dada por :
K(x) = E - U(x)(20)
Onde E, como antes, é a energia mecânica total do sistema.
– 80 –
Trabalho e energia
Equilíbrio
E
F(x1)=
Equilíbrio
E
F(x4)> F(x)=
F(x5)<
E
x x x x x x
X
F(x4)=
Equilíbrio
Fonte: elaborada pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
– 81 –
Física I
– 82 –
Trabalho e energia
Energia
Energia cinética
Energia
conservação Energia mecânica
Energia mecânica
Energia potencial
A lei da conservação de
energia estabelece que a quan-
tidade total de energia em um sistema isolado permanece constante. Uma
outra maneira de enunciar essa lei é afirmar que energia não pode ser criada
nem destruída, ela pode apenas transformar-se.(SEARS; ZEMMANSKY;
YOUNG, 2008).
Assim, há de fato, uma lei que governa todos os fenômenos naturais. A
lei de conservação da energia. Não conhecemos nenhuma exceção a esta lei.
Ela afirma que há uma certa quantidade, a qual chamamos de energia, que
não muda a despeito das várias mudanças que ocorrem na natureza. Esta é
uma ideia abstrata devido ao fato que expressa um princípio matemático. A
lei da conservação da energia afirma que há uma quantidade numérica que
não muda quando alguma coisa acontece, não é uma descrição de um meca-
nismo, ou algo concreto; é somente um fato interessante que nos permite
calcular um número, e quando olhamos para a natureza muito tempo depois,
após várias mudanças, o valor calculado anteriormente continua o mesmo.
Por ser uma lei, não é derivável da dinâmica. Ela é uma afirmação indepen-
dente sobre a ordem do mundo macroscópico.
– 83 –
Física I
DE= Q + W (24)
Na equação acima, conhecida como a primeira lei da termodinâmica, a
energia do sistema aumenta (DE >0) quando recebe calor (Q>0) ou quando
o trabalho é realizado sobre o sistema (W) por um agente externo. Por outro
lado, a energia interna de um sistema diminui (DE<0) quando perde calor
(Q<0) ou quando o sistema realiza trabalho (W<0).
A energia interna do sistema pode assumir diversas formas: energia tér-
mica (Etérmica), energia potencial (U), energia cinética (K), energia química
(Equimica), etc.. A forma geral da primeira lei pode ser então escrita como:
Saiba mais
Para aprender um pouco mais sobre trabalho da força de atrito,
Osman Rosso Nelson e Ranilson Carneiro Filho publicaram um
– 84 –
Trabalho e energia
Resumindo
A palavra trabalho, em linguagem do nosso cotidiano, significa esforço
físico ou mental. Por outro lado, a definição da física difere totalmente da
noção cotidiana que temos dessa palavra. Em física, o trabalho de uma força
é definido de forma geral como
xf
W= F.(x) dx .
xi
– 85 –
Física I
A energia cinética :
K= mv²
2
é a energia de movimento.
A lei da conservação de energia estabelece que a quantidade total
de energia em um sistema isolado permanece constante, ou seja
Uma outra maneira de enunciar essa lei é afirmar que energia não pode
ser criada nem destruída, ela pode apenas transformar-se. (HALLIDAY; RES-
NICK; WALKER, 1996).
– 86 –
6
Conservação do
momento linear
Fonte: elaborado pelo autor, com base em HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006.
Objetivos de aprendizagem:
22 Calcular o centro de massa;
22 Reconhecer o movimento de um sistema de partículas;
22 Descrever o movimento do centro de massa;
22 Relacionar as propriedades físicas de sistemas a suas finalidades.
– 88 –
Conservação do momento linear
Figura 2: Sistema de duas partículas com massa distinta e seu centro de massa.
xcm x2
X
c.m. m2
m1
n
m1x1 + m2x2 + m3x3 + mnxn 1
xCM=
M
=
M ∑ m1x1
i=1
(2)
n n n
1 1 1
xCM=
M ∑ m1x1 yCM=
M ∑ m1y1 zCM=
M ∑ m1z1
i=1 i=1 i=1
(3)
– 89 –
x
Física I
r i = xi iˆ + yi ˆj + zi kˆ
n
1
rCM=
M ∑ m1r1 (5)
i=1
Exemplo 1:
Achar o centro de massa de um sistema constituído por três partículas
de massa respectivamente: m1 = 1 kg, localizado [0,0], m2 = 2 kg, localizado
[0,3] e m3 = 4 kg, localizado [4,0], as distâncias estão em metros.
Utilizando a equação 5, para resolução temos:
n
1
rCM=
M ∑ m1r1
i=1
– 90 –
Conservação do momento linear
1 1 1
xCM= x dm yCM= y dm zCM= z dm (6)
M M M
Importante
O centro de massa de um objeto não precisa estar no interior do
objeto, por exemplo, não existe massa no centro de uma rosquinha.
Exemplo 2:
Achar o centro de massa de um bastão uniforme de massa M e compri-
mento L.
Este exemplo se torna simples, pois o resultado não nos é desconhe-
cido, isso ocorre porque o bastão é simétrico. Para resolvermos, inicialmente
fixamos o sistema de coordenadas, com o um eixo x na origem do bastão e
o outro no eixo central do bastão. Seja y a massa do bastão por unidade de
comprimento. Sendo o bastão uniforme, temos que y=M/L, sendo dm um
elemento de massa e dx um elemento de comprimento.
Calculando o elemento de massa obtemos:
dx
dm= M =y dx
L
– 91 –
Física I
L
1 1 yL2
xCM= x dm= xy dx=
M M 0 2M
F
Onde a res é a força resultante de todas as forças externas que atuam
sobre o sistema, M é a massa total do sistema.
p = mv (8)
– 92 –
Conservação do momento linear
Exemplo 3:
Um homem de 95 kg patina no gelo com a velocidade de 0,6 m/s, e
seu neto que pesa 35 kg patina a uma velocidade de 0,2 m/s, desprezando o
atrito, qual o momento linear de cada um.
Utilizando a equação 8, obtemos:
m
O momento do homem: p=(95kg) 0.6 =57kgm/s
s
m
O momento do neto: p=(35kg) 0.2 s =7kgm/s
Você sabia
Que a taxa de variação com o tempo do momento linear de uma
partícula é igual a força resultante que atua sobre a partícula e tem a
mesma orientação que essa força.
Saiba mais
Quer aprofundar mais seus conhecimentos? Leia o capítulo 9do
livro Fundamentos da Física, volume 1, mecânica, de David Halliday,
Robert Resnick, Jearl Walker, oitava edição.
6.5.1 Impulso
É uma grandeza física que relaciona a força que atua sobre um corpo
durante um intervalo de tempo. Temos a seguinte relação, que vem da
segunda Lei de Newton.
pf tf
dP
Fres = →dP= Fres dt→ dp= Fres = dt
dt
pi ti (9)
– 93 –
Física I
Pf – Pi = Fres(tf-ti)
(10)
P – I = Fres(tf-ti)
(11)
Com isso podemos afirmar que:
O impulso gerado por um força durante certo tempo é igual à variação
do vetor momento linear do sistema.
P = p1+p2+p3+...+pn
P = m1v1+m2v2+m3v3+...+mnvn (12)
Importante
O momento linear de um sistema de partículas é igual a multiplicação
da massa total do sistema pela velocidade do centro de massa.
– 94 –
Conservação do momento linear
dP dv
= m CM = MaCM
dt dt (14)
dP
Fres = 0, = 0, com isso obtemos, P = constante
dt (16)
Importante
Se o sistema de partículas não tem ação de nenhuma força externa
sobre ele, então o momento linear total P não varia.
Importante
Momento não deve ser confundido com energia.
– 95 –
Física I
1 1
k xi2= m vf2
2 2
v=x k
m (II)
P = mvf = mx k = x √km
m
Resumindo
Neste capítulo estudamos os seguintes assuntos:
1. Centro de massa de um sistema de n-partículas é definido como
pontos relacionados a cada coordenada de forma generalizada:
1 n
M ∑
rCM= m1r1
i=1
– 96 –
Conservação do momento linear
1
rCM= r1dm
M
Fres = MaCM
p = mv
dP
Fres =
dt
– 97 –
7
Fluidos
Objetivos de aprendizagem:
22 Reconhecer as propriedades e características dos fluidos;
22 Reconhecer os movimentos dos fluidos;
22 Calcular pressão e densidade das forças nos fluidos;
22 Diferenciar o princípio de Pascal do de Arquimedes.
Pmed = F
A
1 Pascal = 1 Newtom\m² = 1N m²
– 100 –
Fluidos
p= Kg
m³
Sendo:
Kg: massa;
m3: volume
Exemplo 1:
Uma força de intensidade 30N é aplicada perpendicularmente à superfí-
cie de um bloco de área 0,3m², qual a pressão exercida por esta força?
Resposta:
p= F
A
p= 30 = 100Pa
0,3
– 101 –
Física I
FA
A B
FB
– 102 –
Fluidos
FB= B FA
A
h h
– 103 –
Física I
– 104 –
Fluidos
F = [p(z) – p (z + C)] A B.
Sendo:
p(z) – p0 + ρgz
e
p(z+C) = p0 + ρg (z+C)
Empuxo
– 105 –
Física I
Importante
De acordo com o princípio de Arquimedes, a força é denominada
empuxo pois depende apenas das propriedades do fluido que o
sólido está submerso e do volume do sólido.
Perceba que podemos expressar tal força da seguinte maneira:
E=dfgVFD
Sendo: VFD o volume do fluido deslocado e dF a densidade do fluido .
Saiba mais
O valor do empuxo não depende da densidade do corpo que é
imerso no fluido, mas podemos usá-la para saber se o corpo flutua,
afunda ou permanece em equilíbrio com o fluido. Por exemplo, se:
22 densidade do corpo > densidade do fluido: o corpo afunda;
22 densidade do corpo = densidade do fluido: o corpo fica em equilí-
brio com o fluido;
22 densidade do corpo < densidade do fluido: o corpo flutua na
superfície do fluido.
– 106 –
Fluidos
Você sabia
Que o radiador de um carro é um trocador de calor, onde o radiador
é a fonte de calor, a água, é um fluido refrigerante quente, ou seja, é
um fluido de refrigeração do motor, transfere calor para o ar fluindo
através do radiador.
A água não é o único fluido refrigerante, em outros casos temos
como fluidos mais comuns o óleo. O fluido refrigerante é aquele que
circula ao redor da área do tubo, isolado por outro sistema tubular,
que neste caso é conhecido como serpentina, que possui uma área
geométrica grande o que favorece a troca de calor.
O material utilizado para se fabricar um trocador tem de ser de alta
condução térmica, como cobre, alumínio e ligas metálicas.
Na engenharia como um todo, usa-se uma técnica denominada
volume de controle, onde as propriedades do fluido não se alteram
com o tempo, por eles estarem em regime permanente.
Um dos grandes motivos de um trocador de calor ser altamente efi-
ciente ocorre principalmente:
22 Do material utilizado para construção;
22 Da característica geométrica e
22 Do fluxo, temperatura e coeficiente de condutibilidade térmica dos
fluidos em evidência.
Genericamente, para melhorar a troca de calor, são colocados aletas
em toda a área da tubulação. As aletas consistem em células interliga-
das entre si, onde circula fluido. A maioria dos trocadores de calor
utilizam tubos com geometrias que favorecem a troca de calor, onde
internamente, há em sua área aletas.
Texto extraído de: https://naoseimeu.wordpress.com/category/
refrigeracao/
– 107 –
Física I
Exemplo 2:
Em um recipiente, há um líquido de densidade 2,56 g/cm³. Dentro do
líquido, encontra-se um corpo de volume 1000 cm³, que está totalmente
imerso. Qual o empuxo sofrido por este corpo, dado g=10 m/s²?
Resposta:
VF = 1000 cm³ = 0,001m³ = 10-3m³
-3
dF= 2,56 g 10 kg cm³
-6 3 2,56 x 10³
kg
cm³ 1g 10 m m³
E = dF VFg
E = 2,56 X 103 X 10-3 X 10 = 25,6 N
Resumindo
Neste capítulo, você foi capaz de compreender que a pressão e a den-
sidade são grandezas físicas importantes para o comportamento dos fluidos
em equilíbrio, também conhecidos como ideais. Assim, aprendeu a calcular a
pressão a partir da área de contato entre duas superfícies.
Além disso, conheceu os dois princípios fundamentais da hidroestática:
– 108 –
Fluidos
F = A1 Mg
A2
22 o Princípio de Arquimedes: que é responsável pelo cálculo de cor-
pos submersos a um fluido sobre uma ação de uma força vertical
para cima, o qual pode ser expresso da seguinte maneira:
F = - ρg Vs
– 109 –
8
Termodinâmica
Objetivos de aprendizagem:
22 Entender o significado de equilíbrio térmico;
22 Verificar a medição utilizando os termômetros;
22 Diferenciar temperatura e calor;
22 Fazer os cálculos envolvendo transferência de calor, variações de
temperatura e mudanças de fase.
– 112 –
Termodinâmica
– 113 –
Física I
Sistema adiabático
A B
Parede diatérmica
Fonte: elaborado pelo autor, com base em Halliday; Resnick; Walker, 1996.
Quando se colocam dois sistemas com temperaturas diferentes sepa-
rados por uma parede diatérmica, percebe-se que ocorre a transferência de
– 114 –
Termodinâmica
Importante
É necessário que o sistema seja fechado por paredes adiabáticas, para
que a temperatura externa, a do ambiente, não interfira.
A B
(1)
A B
(2)
Fonte: elaborada pelo autor, com base em Tipler, 2009.
A Figura 3 (1) representa uma experiência em que colocaram em con-
tato, separados apenas por paredes diatérmicas, três sistemas, e esperou-se
para chegar ao equilíbrio térmico TA = TC e TB = TC.
– 115 –
Física I
Importante
O termômetro não mede exatamente quanto o volume de mercúrio
variou, mas a variação de volume do mercúrio juntamente com a varia-
ção do volume do vidro que circunda o fluido. Entretanto a variação
de mercúrio é mais elevada do que a do vidro.
– 116 –
Termodinâmica
– 117 –
Física I
Escala
Capilar
h
R
Sistema
Bulbo
com gás Tubo
flexível
– 118 –
Termodinâmica
g - gravidade
h- altura do fluido termométrico.
O gás é medido em dois pontos do sistema: (i) quando o sistema está
na temperatura de fusão do gelo; (ii) quando ele se encontra na temperatura
de vaporização da água. Ao ser feito isso, a massa M do gás dentro do bulbo
varia, encontrando uma gama de pares ordenados entre as temperaturas.
Com isso, concluíram que:
lim PE TE
PF 0 P = ≈ 1,3661
F
TF
Em que:
PF – pressão de fusão;
PE – pressão de ebulição;
TF – Temperatura de fusão;
TE – Temperatura de ebulição;
TC = TK – 273,15 (4)
Em que:
TC – Temperatura em Celsius;
TK – Temperatura em Kelvin;
Exemplo1:
Considere as escalas de temperatura Celsius, Fahrenheit e Kelvin e deter-
mine em que temperatura a indicação destas escalas é igual para cada par
formado por elas.
– 119 –
Física I
Solução:
a) Escalas Kelvin e Celsius TK = TC + 273,15, igualando-se as tempe-
raturas, encontra-se:
T = T + 273,15 0 = 273,15
Ou seja, não há solução para este par de escalas.
b) Escalas Fahrenheit e Celsius: TF= 9 TC + 32 , o que se igualando as
5
temperaturas, encontram-se:
T = 9 T + 32 – 4 T = 32 T = – 5 × 32 = −40
5 5 4
Ou seja, T = -40oC ou -40oF
9 (T − 273,15) + 32
c) Escalas Fahrenheit e Kelvin: TF= 9 TC + 32 ,
5 5 K
igualando as temperaturas obtemos:
T= 9 (T − 273,15) + 32 T= 5 459,7 ≈ 574,6
5 4
Ou seja, T = 574,6 F ou 574,6 K.
o
Importante
Nunca diga graus kelvin, na nomenclatura do Sistema Internacional
não se usa o termo grau na escala Kelvin, e deve-se usar sempre letra
maiúscula quando se refere a ela.
– 120 –
Termodinâmica
L
Fonte: Grupo de Ensino de Física da UFRS, 2015.
Dilatação Volumétrica
O aumento da temperatura geralmente produz aumento de volume, tanto
nos líquidos, quanto em sólidos. O aumento de volume ΔV é aproximada-
mente proporcional à variação de temperatura ΔT e ao volume inicial V0:
ΔV = β V0 ΔT (7)
A constante β caracteriza as propriedades de dilatação volumétrica de
um dado material, denomina-se coeficiente de dilatação volumétrica, sua
unidade é K-1 ou oC-1.
β = 3a
– 121 –
Física I
Você sabia
Dilatação térmica no cotidiano
Em nosso cotidiano existem inúmeras situações que envolvem a dila-
tação térmica dos materiais. Quando colocamos uma quantidade de
chá muito quente em um copo de vidro comum, pode ocorrer de ele
trincar. Isso ocorre porque a parte interna do copo se dilata ao ser
aquecido, no entanto, o vidro é um mal condutor de calor, de forma
que a parte externa demora para ser aquecida. Dessa forma, ocorre
diferença de dilatação entre as partes interna e externa do copo, o
que acaba por fazê-lo trincar.
As calçadas, quadras poliesportivas e até mesmo as lajes sofrem dilata-
ção quando a temperatura aumenta, e contração quando a temperatura
diminui. Nesse processo de dilatação e contração podem acontecer
fissuras que, no caso das lajes, acabam deixando a água passar quando
chove. Para evitar essas fissuras e rachaduras, os pedreiros colocam jun-
tas, no caso das quadras, e divisórias, no caso das calçadas, quando
estão construindo. Durante a construção de pontes e viadutos deixam-
-se pequenas fendas para que essas estruturas possam dilatar quando a
temperatura aumentar, sem que aconteçam as rachaduras. Nas ferrovias
existem pequenos espaços que separam um trilho de outro, possibili-
tando que eles se dilatem sem provocar danos à estrutura.
Saiba mais em : http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/a-dilata-
cao-termica-no-cotidiano.htm
– 122 –
Termodinâmica
líquido; líquido para gasoso; entre outros. É bem fácil de perceber que o calor
latente não provoca aumento de temperatura, e sim mudanças de fase.
Uma forma de observar, que pode ser feito em casa, é:
Coloque água para ferver e insira dentro dela um termômetro (cuidado
para não se queimar). Inicialmente, verá que a temperatura da água irá subir,
até atingir o ponto de 100°C, depois, não importa quanto tempo você deixe
a água esquentando, sua temperatura não passará 100°C.
Quando a água aumenta de temperatura, significa que o fogo está trans-
ferindo energia para a água, sob forma de calor sensível, quando a tempera-
tura da água para de subir e ela começa a vaporizar, o fogo transfere energia
sob forma de calor latente.
As unidades de medidas usadas para a caloria é o joule, a relação entre
eles é por:
1 Cal = 4,186 J (8)
Calor Específico (c): observe a energia necessária ΔQ para elevar m gra-
mas de uma substância em uma temperatura ΔT, esse cálculo é expresso da
seguinte forma:
– 123 –
Física I
Exemplo 2:
A dilatação térmica dos sólidos é um fenômeno importante em diversas
aplicações de engenharia, como construções de pontes, prédios e estradas de
ferro. Considere o caso dos trilhos de trem serem de aço, cujo coeficiente
de dilatação é α = 11x 10-6 °C-1. Se a 10°C o comprimento de um trilho é de
30m, em quanto aumentaria o seu comprimento se a temperatura aumen-
tasse para 40°C?
O cálculo da dilatação linear ΔL, do trilho é:
– 124 –
Termodinâmica
Onde:
A experiência mostra que o diâme-
2
tro desse orifício aumenta. Para enten- 1
der melhor o fenômeno, imagine a situ-
ação equivalente de uma placa circular,
de tamanho igual ao do orifício da coroa
antes de ser aquecida. Aumentando a tem-
peratura, o diâmetro da placa aumenta.
Calor
Resumindo
Neste capítulo, foi introduzido o
conceito de equilíbrio térmico que é uti- Fonte: elaborada pelo autor, com base
lizado para enunciar a lei zero da termo- em Tipler, 2009.
dinâmica, e a partir dela, podemos definir
as temperaturas.
Foram estudados, também, os fenômenos de dilatação térmica e dilata-
ção volumétrica e as equações de quantidade de calor.
A seguir, serão descritos o funcionamento dos termômetros e as escalas
termométricas mais conhecidas.
– 125 –
Física I
Q = quantidade de calor
Q=m.c. m = massa
Calor sensível
c = calor específico
= variação de temperatura
Q = quantidade de calor
Calor latente Q=m.L m = massa
L = calor de troca de estado
C = capacidade térmica
Q Q = quantidade de calor
Capacidade
C= =m.c = variação de temperatura
térmica
m = massa
c = calor especifico
Fonte: Tipler, 2009.
– 126 –
9
Primeira Lei da
Termodinâmica
Objetivos de aprendizagem:
22 Entender o significado físico da Primeira Lei da Termodinâmica;
22 Compreender os processos de transformações gasosas;
22 Saber interpretar e avaliar o processo decorrente da Primeira Lei
da Termodinâmica.
– 128 –
Primeira Lei da Termodinâmica
9.1.1 Trabalho
Neste tópico, estudaremos com mais detalhe como a energia pode ser
transferida na forma de calor (Q) e trabalho (W) entre um sistema e o seu
ambiente. As grandezas Q e W são características dos processos termodinâ-
micos pelos quais o sistema passa de um estado de equilíbrio para outro e são
verificados apenas na fronteira deste sistema. Dessa forma, se o sistema passa
por um processo saindo de um estado inicial i para outro estado final f, por
dois caminhos diferentes, para cada caminho os valores de (Q) e (W) serão,
em geral, diferentes. Definimos dessa forma (Q) e (W) como sendo:
– 129 –
Física I
Pistão
Pistão
Compressão
Fluido Expansão
Fluido
Cilindro
Fonte: Mota, 2010. Cilindro
– 130 –
Primeira Lei da Termodinâmica
Vf
W = N K T ln (9.4)
Vi
Trabalho realizado a pressão constante
W = p (Vf – Vi) (9.5)
Importante
Além disso, se um sistema troca energia com a vizinhança por traba-
lho e por calor, então a variação da sua energia interna é dada por:
– 131 –
Física I
∆U = Q – W (9.7)
A equação 9.7 é a relação que representa o princípio de conservação
da energia do sistema quando ele passa por um processo trocando energia
em forma de calor (Q) ou trabalho (W), e é conhecida como a 1º Lei da
Termodinâmica, que pode ser verificada de maneira direta ou indireta para
todos os processos encontrados na natureza. Nesta equação, W representa a
quantidade de energia trocada pelo sistema com sua vizinhança em forma de
trabalho, por isso:
22 W>0 quando o sistema executa trabalho sobre o meio e se expande.
22 W<0 quando o sistema recebe trabalho do meio e sofre contração.
Além disso, Q representa a quantidade de energia trocada pelo sistema e
sua vizinhança em forma de calor, por isso:
22 Q > 0 quando o sentido do calor é da vizinhança para o sistema.
22 Q < 0 quando o sentido do calor é do sistema para a vizinhança.
Como foi relatado anteriormente, a energia interna é uma propriedade
do sistema , ou seja, a variação da energia interna (∆u) só depende do seu
estado inicial e final, mas as quantidades de energia em forma de trabalho
(W) e calor (Q) dependem de forma direta do caminho ( processo) que leva
do estado inicial até o final. Uma maneira de representar este processo está na
Figura 3, que será explicada.
Figura 3 - A variação da energia interna de um gás por três processos diferentes
P
1 A
P1
P2
B 2
V1 V2 V
– 132 –
Primeira Lei da Termodinâmica
Saiba mais
Quer aprofundar seus conhecimentos sobre a 1ª Lei da Termodinâ-
mica? Acesse o link: http://www.portaleducacao.com.br/pedago-
gia/artigos/67284/primeira-lei-da-termodinamica
– 133 –
Física I
n= 1g = 0,06mol
18 g/mol
O volume da amostra na fase de vapor é:
Q = Lm = 2250,00J
A variação da energia interna de uma amostra de um grama de água, na
transição de fase em que ela passa de líquido para vapor,com a temperatura
constante de 100 0C e a pressão constante de 1 atm é:
∆U = Q − W = 2064,16 J
– 134 –
Primeira Lei da Termodinâmica
TERMÔMETRO
PAREDE ADIABÁTICA
A B
VÁCUO
ÁGUA
– 135 –
Física I
Você sabia
Ao falarmos de energia interna não incluímos a energia potencial que
ocorre entre as interações do sistema e suas vizinhanças. Exemplo: se
o sistema a ser estudado for um cópo de água, quando for colocado
no alto de uma prateleira, sua energia potencial relacionada à inte-
ração com a Terra será aumentada. Porém esse fato não mudará em
nada na energia de potencial,que ocorre entre as moléculas de água,
ou seja, a energia interna da água não mudará.
22 Entalpia
Entalpia é uma propriedade termodinâmica. Ela pode ser introduzida
nos estudos desta área de diversas maneiras. Um modo rápido, e relativa-
mente simples, é a que parte da primeira lei em sua forma diferencial:
dU = dw + dq (9.8)
Onde:
U = energia interna;
w = trabalho;
q = calor.
Supondo que a única forma de trabalho que o sistema apresenta é a de
expansão / compressão, a equação 9.8 pode ser reescrita da seguinte forma:
dU = -PdV + dq ⇒dq = dU +PdV (9.9)
Onde:
U = energia interna;
– 136 –
Primeira Lei da Termodinâmica
V = volume;
P = Pressão;
q = calor.
Porém, se a pressão for constante, podemos reescrever o segundo mem-
bro da equação 9.9:
Onde :
U= energia interna;
P = pressão
V= Volume
q = Calor
Ao observarmos a relação U + PV, notamos que é uma relação de pro-
priedades termodinâmicas do sistema. Ou seja, é uma relação formada
por funções que têm diferenciais exatas. Assim, a variação de relação
depende exclusivamente do estado final e inicial. Esta relação foi cha-
mada de Entalpia e identificada pela letra H, onde podemos expressá-la
da seguinte forma:
H = U + PV (9.11)
Onde:
H = Entalpia
U = Energia Interna
P = Pressão
V = Volume
Um ponto importante é que mesmo que a Entalpia tenha sido desen-
volvida a partir de um processo isobárico, ela não serve apenas para
identificar quantidades de energia quando o processo ocorre em pressão
constante. Ela é utilizada em condições onde a relação U+PV aparece
nos processos termodinâmicos.
– 137 –
Física I
22 Transformação Isobárica
22 A quantidade de calor recebida é maior que o trabalho realizado;
22 Pressão constante.
22 Transformação Isocórica
22 A variação de energia interna do gás é igual à quantidade de
calor trocada com o meio exterior;
22 Volume constante – trabalho realizado é nulo.
22 Transformação Adiabática
22 Um gás sofre transformação adiabática quando não há troca
de calor com o meio exterior (Q = 0);
22 Quando um gás está contido em um recipiente termicamente
isolado do ambiente;
22 Quando um gás sofre expansões ou contrações suficiente-
mente rápidas para que as trocas de calor com o ambiente
possam ser consideradas desprezíveis;
– 138 –
Primeira Lei da Termodinâmica
Expansão Adiabática:
22 O trabalho é realizado pelo gás – equivale a perda de energia
por parte do gás;
22 A temperatura, pressão e energia interna diminuem;
22 O trabalho aumenta.
Compressão Adiabática:
22 O trabalho é realizado sobre o gás – o gás está recebendo
energia do exterior;
22 A temperatura, pressão e energia interna aumentam;
22 O trabalho diminui.
22 Transformação Cíclica
22 Conversão de calor em trabalho e vice-versa;
22 No final do ciclo, o gás apresenta a mesma pressão, volume e
temperatura inicial;
22 Há transformação de calor em trabalho pelo gás ao se com-
pletar o ciclo;
22 Inversão do ciclo: conversão de trabalho em calor (máquinas
frigoríficas);
22 No ciclo, o calor total trocado “Q” e o trabalho realizado “W”
são iguais. O Trabalho também é igual à área do gráfico, vide
Figura 5.
– 139 –
Física I
Q =W (9.16)
V1 V2 V
Exemplo 2:
Um sistema termodinâmico recebe calor Q = 100J, porém um gás rea-
liza trabalho W = 35 J sobre o sistema, sabendo que a energia interna do
sistema é de U = 150 J, qual é a energia interna após o recebimento?
Q = W + ΔU
100 = 35 + (U – 150)
U = 215J
Resumindo
Neste capítulo, observamos que calor e trabalho são processos termodi-
nâmicos que podem trocar energia com suas vizinhanças através de transfe-
rência de calor ou pelo trabalho realizado. Quando um sistema com pressão
P se expande de um volume V1 para um volume V2, dizemos que este sistema
realiza trabalho W, porém se a pressão P for constante, então o trabalho rea-
– 140 –
Primeira Lei da Termodinâmica
– 141 –
10
Segunda Lei da
Termodinâmica
Objetivos de aprendizagem:
22 Entender a 2a Lei da Termodinâmica e saber aplicá-la nas máqui-
nas térmicas;
22 Entender o Ciclo de Carnot.
– 144 –
Segunda Lei da Termodinâmica
– 145 –
Física I
1 B
Wliq
2
A
V
Fonte: elaborado pelo autor, com base em Halliday; Resnick; Walker, 1996.
Importante
Um ciclo reversível é o de Carnot, que é usado para determinar a
capacidade máxima de converter calor em trabalho.
– 146 –
Segunda Lei da Termodinâmica
Q1
P2 2
P4
4
P3 3
Q2
V1 V4 V2 V3 V
Fonte: elaborada pelo autor, com base em Halliday; Resnick; Walker, 1996.
Estágio 1: o sistema é colocado em contato térmico com reservatório 1 (T1),
após o equilíbrio, o sistema apresenta o estado P1, T1, V1 e, então, é permitido
que o sistema expanda lentamente em um processo isotérmico reversível até que
atinja o estado P2, T1 e V2. Nesse processo, o sistema recebe uma quantidade de
calor Q1 do reservatório e executa trabalho ao deslocar o embolo.
Estágio 2: o cilindro é isolado do ambiente e é permitido que o sistema
expanda lentamente até atingir o estado P3, V3 e T2. No processo de expan-
são ocorre uma diminuição da temperatura, e o sistema executa trabalho.
Estágio 3: o sistema é colocado em contato térmico com reservatório
2 (T2) e comprimimos lentamente em processo isotérmico até que o estado
P4, V4 e T2 seja atingido. Nessa etapa, uma determinada quantidade de calor
deixa o sistema para o reservatório e o meio executa trabalho sobre o sistema.
Estágio 4: o cilindro é isolado da vizinhança e comprimimos lentamente
o sistema até que o estágio P1, V1 e T1 seja alcançado, ou seja, retorna a con-
dição inicial. O processo é adiabático e é realizado trabalho sobre o sistema,
tendo um aumento de temperatura.
O trabalho líquido realizado no ciclo é representado numericamente
pela área delimitada pelas curvas (1-2, 2-3, 3-4 e 4-1) mostrada na Figura
– 147 –
Física I
– 148 –
Segunda Lei da Termodinâmica
η = T1 – T2
T1
A troca de calor no Cde Carnot ocorre sempre nos processos isotérmi-
cos, logo a energia interna do gás nesses processos é constante. Pela primeira
Lei da Termodinâmica Q = W .
V
O trabalho do processo isotérmico é dado por W = nRTln f , para o
Ciclo de Carnot (Fig.2) temos: V 0
V2 V
Q1 = W = nRT1ln e Q2 = W = nRT2ln 4
V1 V3 V2
T1 * ln
Q V1
Fazendo a razão entre as trocas de calor temos: 1 = .
Q2 V4
T2 * ln
V3
No processo isotérmico, podemos usar a equação dos gases e determinar
a relação entre o estado inicial e final nos caminhos 1-2 e 3-4 :
T1 * V1 = P2 * V2 e P3 * V3 = P4 * V4
Nos caminhos 1-4 e 2-3 não há troca de calor e podemos usar a equação
de estado no processo adiabático para determinar a relação entre os instantes
inicial e final, logo temos:
P2 * V2 γ = P3 * V3 γ e P2 * V4 γ = P1 * V1 γ
Combinando as equações e simplificando resulta em:
– 149 –
Física I
Q 1 T1
=
Q2 T2
Q1 T
Substituindo na equação do rendimento: η = 1 – =1– 2
Q2 T1
T 1 – T2
E, finalmente: η =
T1
Figura 3 – (a) máquina térmica real parte do calor absorvido na fonte quente e é convertido
em trabalho e (b) máquina perfeita todo calor absorvido é convertido em trabalho.
Q1 Q
W= Q1 - Q2
W=Q
Q2
Fonte fria
Fonte: elaborada pelo autor, com base em Halliday; Resnick; Walker, 1996.
– 150 –
Segunda Lei da Termodinâmica
Q 1 = Q2 + W Q
Q2 Q
Importante
O físico Clausius enunciou a segunda lei para os refrigeradores: é
impossível uma máquina cíclica produzir como único efeito a transmis-
são de calor de um corpo para outro que esteja a maior temperatura.
Essa enunciação descarta a possibilidade de construir um refrigerador
perfeito (Fig. 4b ). Experimentalmente, é constatado que quando
– 151 –
Física I
Fonte quente
Máquina térmica
Q2 Q1
W= Q1 - Q2
Q2 Q2
Refrigerador perfeito
Fonte fria
– 152 –
Segunda Lei da Termodinâmica
Fonte quente
Máquina perfeitta
Refrigerador real
Fonte fria
Importante
Vamos entender o teorema de Carnot:
1) Nenhuma máquina térmica apresenta um rendimento maior que
– 153 –
Física I
Q"1 Q1
W W
Wp= Q"1 - Q"2 Wq= Q1 - Q2
Q"2 Q2
(a) (b)
– 154 –
Segunda Lei da Termodinâmica
Q2’ W’
ηq = 1 – =
Q1’ Q1’
Suponhamos que:
ηp > ηq, Logo Q1’ < Q1 e Q2’ < Q2
Como a máquina de Carnot é reversível podemos inverter seu funciona-
mento e transformá-la em um refrigerador e usar o trabalho máquina térmica
Q para acioná-la.
W = Q’1 – Q’2 = Q1 – Q2
Fonte quente
Q1 Q"1
Máquina
real
Refrigerador
carnot Q2 Q"2
Fonte fria
– 155 –
Física I
Saiba mais
A eficiência de um refrigerador é expressa em termos do Coeficiente
de desempenho (COP), que é designado pelo símbolo ß. No caso
do refrigerador, o objetivo (ou seja, a energia pretendida) é Q2, o calor
transferido do reservatório de baixa temperatura, e a energia gasta é o
– 156 –
Segunda Lei da Termodinâmica
Você sabia
A primeira máquina térmica que se tem noticia foi inventada por Heron
da Alexandria. Em seu trabalho, Heron descreveu o seu conceito de
uma máquina a vapor, que era um dispositivo ineficiente. Chamou-o
de uma aeolipile, ou “bola de vento”. Seu projeto era um caldeirão de
água selado que foi colocado sobre uma fonte de calor. Como era água
fervida, o vapor subia nos tubos e na esfera oca. O vapor escapava de
dois tubos dobrados tomados sobre a bola, resultando em rotação da
bola. Heron não considerou esta invenção útil para aplicações coti-
dianas, mas sim como uma novidade, um brinquedo extraordinário. O
motor a vapor teve novo surgimento em 1698, quando Thomas Savery
inventou uma bomba a vapor. A primeira máquina a vapor prática foi
a atmosférica de Thomas Newcomen, em 1701. Foi usado para operar
bombas em minas de carvão. Em 1804, o inventor Inglês Richard Trevi-
thick introduziu a locomotiva a vapor no País de Gales. Em 1815, George
Stephenson construiu a primeira a locomotiva a vapor viável do mundo.
James Watt, quando trabalhava na Universidade de Glasgow, realizou
modificações na máquina de Newcomen e melhorou sua eficiência,
semelhante ao do motor ainda hoje em uso, com condensador, caixa
de distribuição e sistema biela-manivela, para obter o movimento rota-
tivo a partir do alternado.
Fonte: https://gptsunami2m2.wordpress.com/principais-cientistas-
envolvidos-com-a-invencao-da-maquina-termica/
Resumindo
Processos reversíveis e irreversíveis: reversível é um processo que ocorre
com mudanças infinitesimais nas condições dos processo, em que o sistema
está sempre em equilíbrio térmico. Todos os demais processos são irreversíveis.
– 157 –
Física I
– 158 –
Segunda Lei da Termodinâmica
– 159 –
Conclusão
Física I
– 162 –
Referências
Física I
– 164 –
Referências
– 165 –
Física I
– 166 –
Os semestres iniciais de um curso da área de exatas como a engenha-
ria de produção, civil ou mecânica, são os mais difíceis. Nesta disciplina, são
desenvolvidas várias das ideias, conceitos e métodos fundamentais para um
engenheiro. O estudante que tenha compreendido de forma clara os concei-
tos básicos desenvolvidos nesta disciplina terá transposto a maior parte das
dificuldades de aprendizagem da física.
Um jogo não será divertido a menos que conheçamos as suas regras.
Analogamente, não poderemos apreciar ao máximo o mundo ao nosso redor
a menos que tenhamos entendido as leis da física. Ela nos mostra como tudo
na natureza está surpreendentemente integrado. Há várias razões para estudar
física: como cidadãos atuantes, a estudamos para aprimorar o modo como
enxergamos o nosso mundo e para o nosso crescimento pessoal. Como estu-
dante e futuro engenheiro, você deve desenvolver as técnicas e a arte de con-
jugar os conhecimentos da física com a sua viabilidade técnico-econômica
para o aprimoramento, concepção, e implementação de bens e utilidades,
tais como estruturas, sistemas ou processos, que desempenhem funções e/ou
objetivos preestabelecidos.
Por exemplo, nesta disciplina você estudará várias forças e interações,
entre elas a força de atrito. O atrito é um fator importante em muitas disci-
plinas de engenharia. Os freios dos automóveis dependem do atrito, dimi-
nuindo a velocidade de um veículo por meio da conversão de sua energia
cinética em calor. A dispersão desta grande quantidade de calor de modo
seguro é um desafio técnico para os engenheiros na concepção de sistemas
de freio.
ISBN 978-85-60531-37-0
9 788560 531370