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Biosfera - conjunto de todos os locais da Terra onde é possível encontrar vida, os organismos
que aí habitam e as inter-relações que se estabelecem entre seres vivos e entre estes e o meio.
Conservação da biodiversidade:
A célula
A teoria celular diz que:
Células procariotas:
o Mais pequenas e com organização mais
simples → ausência de núcleo e
organelos celulares;
o DNA disperso no citoplasma →
nucleoide;
o Ribossomas mais pequenos;
o Maioria possui parede celular e/ou
cápsula, assim como flagelos associados à
locomoção.
Células eucariotas:
o Presença de núcleo, delimitado pelo invólucro nuclear;
o Maiores dimensões do que as procariotas;
o Estrutura mais complexa → presença de organelos delimitados por membranas
que permitem a manutenção de diferentes condições no interior dos mesmos.
Estruturas celulares
Célula eucariota
Estrutura Descrição/Função Célula procariota
animal vegetal
Externa à membrana-
Parede celular Confere rigidez, resistência e ✓ ✓
protecção às células.
Limite de todas as células,
Membrana constituída por lípidos e
✓ ✓ ✓
plasmática proteínas. Permite trocas com
o meio extracelular.
Região na célula procariota
onde se encontra o material
Nucleoide ✓
genético que controla a
actividade celular.
Limitado pela membrana
Núcleo nuclear, contém DNA, que ✓ ✓
controla a actividade celular e
armazena a informação
genética.
Onde se realiza a respiração
Mitocôndria celular, para obtenção de ✓ ✓
energia pela célula.
Organelo onde se realiza a
fotossíntese, que permite a
Cloroplasto ✓
obtenção de matéria orgânica
a partir de inorgânica.
Sistema de canais. Pode ser
liso (síntese de lípidos) ou
Retículo rugoso (síntese e transporte
✓ ✓
endoplasmático de proteínas e formação de
vesículas). Permite a
circulação de materiais.
Organelo onde pode haver
modificação, armazenamento
Complexo de e transporte de moléculas, e
✓ ✓
Golgi formação de vesículas e
lisossomas. Maturação de
proteínas.
Organelo onde ocorre a
degradação de nutrientes,
Lisossoma ✓
organelos envelhecidos e
bactérias.
Organelo responsável por
uma das etapas da síntese
Ribossoma ✓ ✓ ✓
proteíca. Encontra-se ligado
ao RER.
Armazena substâncias
diversas e participa em
Vacúolo processos digestivos (nas cél-. ✓ ✓
Vegetais); participa no
equilíbrio hídrico da célula.
Centríolo Divisão celular. ✓
As células vegetais possuem cloroplastos e parede celular, que não existem em células animais,
assim como vacúolos de grandes dimensões. Já as células animais têm vacúolos de pequenas
dimensões, lisossomas, centríolos, e podem ter flagelos, raramente existentes nas células
vegetais.
Constituintes Moleculares
Podem ser orgânicos ou inorgânicos, sendo os orgânicos mais complexos e constituídos por
átomos de carbono ligados a átomos de hidrogénio, assim como oxigénio, azoto ou enxofre,
entre outros elementos químicos em quantidade menores.
A água está presente entre 70% e 90% da massa celular e condiciona todo o
metabolismo, permitindo a ocorrência das reacções químicas essenciais para a sua
manutenção.
Os sais minerais assumem muitas vezes uma função estrutural importante, assim como funções
de regulação na forma iónica (Na+ e K+ no impulso nervoso, por exemplo).
Apesar da sua grande diversidade, as biomoléculas são agrupadas em glícidos, lípidos, proteínas
e ácidos nucleicos. São compostas por um esqueleto de carbono ligado a átomos de hidrogénio,
oxigénio, azoto, que constituem frequentemente grupos funcionais.
• Glícidos
o Oligossacarídeos – formados
por 2-10 monossacarídeos, ligados
por ligações glicosídicas
(covalentes). A sacarose e a lactose
são dissacarídeos.
• Lípidos
Proteínas
Obtenção de Matéria
Membrana Plasmática
A célula é limitada pela membrana plasmática, que separa o meio intracelular do meio
extracelular. A membrana mantém o meio intracelular constante e controla a entrada e saída de
substâncias da célula, sendo essa passagem feita de forma selectiva.
Fosfolípidos – moléculas anfipáticas (têm uma região polar e hidrofílica, e outra apolar e
hidrofóbica), e que se organizam em bicamadas lipídicas em contacto com a água;
Proteínas – têm funções de transporte, actividade enzimática e são receptores de
substâncias. Podem ser:
o Extrínsecas (ou periféricas) – não penetram na bicamada lipídica;
o Intrínsecas (ou integradas) – penetram na bicamada lipídica, sendo consideradas
proteínas transmembranares se atravessarem toda a bicamada.
Glícidos – podem ligar-se, na camada externa, a proteínas (glicoproteínas) ou aos lípidos
(glicolípidos) e funcionam no reconhecimento químico de moléculas, como as hormonas;
Colesterol – afecta a fluidez da membrana.
A membrana plasmática deixa-se atravessar por algumas substâncias, mas não outras – tem
permeabilidade selectiva. As substâncias podem atravessar através de diversos processos que
podem ser agrupados em duas categorias:
Osmose
A água tende a deslocar-se de meios hipotónicos para meios hipertónicos, ou seja, entre meios
onde existe uma diferença correspondente a um gradiente de concentração. Quando os meios
forem isotónicos o fluxo de água é idêntico entre os dois meios, nos dois sentidos.
Difusão de soluto de meios com maior concentração para meios de menor concentração, ou seja,
a favor do gradiente de concentração. A velocidade é directamente proporcional à diferença de
concentração. É um transporte passivo (sem gasto de energia) e não mediado, e depende apenas
da concentração da substância que está a difundir-se.
Transporte activo
Os neurónios constituem a maior parte do tecido nervoso, sendo constituídos por um corpo
celular, dendrites (ramificações citoplasmáticas que recebem o impulso nervoso), e um
prolongamento, o axónio, cuja terminação é ramificada. Os neurónios estabelecem ligações,
permitindo a formação de nervos para o influxo da informação nervosa.
Quando a célula é sujeita a estímulos, o seu potencial altera-se, originando o impulso nervoso,
através de um potencial de acção:
→ Primeiro ocorre a abertura dos canais de sódio, que permitem a entrada de Na+ por
difusão facilitada. O interior da célula torna-se mais positivo do que o exterior, até ao
pico do potencial de acção;
→ Os canais de Na+ fecham e os canais de K+ abrem, permitindo a difusão de potássio para
o exterior, e consequente repolarização.
O potencial de acção propaga-se através do axónio até às suas terminações, com a abertura dos
canais de sódio vizinhos.
Sinapse
Os neurónios não contactam directamente entre si. O neurónio pré-sináptico está separado do
neurónio pós-sináptico pela fenda sináptica, que é um espaço extracelular que impede a
propagação do sinal eléctrico entre as membranas. O impulso nervoso é então transmitido por
neurotransmissores (mensageiros químicos), contidos em vesículas sinápticas nos terminais do
axónio do neurónio até às dendrites do neurónio pós-sináptico. Depois de actuarem, os
neurotransmissores podem ser reabsorvidos por endocitose ou degradados enzimaticamente. O
impulso nervos é então um sinal electroquímico.
Digestão intracelular
A digestão extracelular pode ocorrer no exterior ou interior do organismo. O sistema dos animais
pode ser constituído apenas por uma cavidade ou por um tubo digestivo composto por vários
órgãos especializados.
o Tubo digestivo incompleto – apresenta uma única abertura, por onde ocorre a ingestão e
egestão (hidra e planária);
o Tubo digestivo completo – possui duas aberturas, boca e ânus, por onde entra o
alimento e saem os produtos não digeridos, respectivamente (animais mais complexos).
Na planária, ao contrário da hidra, existe uma certa diferenciação, como por exemplo a existência
de faringe, que lhe permite captar o alimento; também a ramificação da cavidade gastrovascular
permite uma distribuição mais eficaz dos nutrientes pelas células, e favorece a absorção.
Minhoca – a digestão é exclusivamente extracelular. O alimento entra pela boca, passa pela
faringe e pelo esófago, sendo acumulado no papo, onde é humidificado. De seguida passa para a
moela, onde é triturado, seguindo para o intestino, onde as enzimas o digerem quimicamente e
onde é absorvido. Existe uma prega no intestino da minhoca – tiflossole – que aumenta a área
de absorção.
• Eficaz aproveitamento dos alimentos, já que os mesmos circulam apenas num sentido,
permitindo a digestão e absorção sequenciais;
• Existência de vários órgãos, onde ocorre digestão mecânica e química;
• Eficiente eliminação dos resíduos alimentares não digeridos através do ânus;
• Possibilidade de armazenamento de maior quantidade de alimento.
Obtenção de matéria pelos seres autotróficos
Transformam matéria inorgânica (CO2) em matéria orgânica através de dois processos:
Fotossíntese
É um dos fenómenos mais importantes de entrada de energia na biosfera. A maioria dos seres
são fotoautotróficos pois utilizam a luz solar como fonte de energia, necessitando de água e
dióxido de carbono para realizar a fotossíntese, e libertando oxigénio.
A luz visível constitui um pequeno intervalo da radiação solar, entre os 380-760 nm, onde se
inclui a radiação captada pelos seres fotossintéticos. Os diferentes pigmentos absorvem luz com
diferentes comprimentos de onda. As taxas fotossintéticas mais altas correspondem à absorção
de radiação na zona violeta-azul e vermelha-alaranjada. Os pigmentos quase não absorvem na
zona verde-amarela, sendo esta radiação reflectida, o que confere a cor verde à maioria das
folhas.
Nas plantas e nas algas a fotossíntese ocorre então nessas estruturas especializadas, os
cloroplastos, particularmente abundantes nas células das folhas.
Fase fotoquímica
𝑁𝐴𝐷𝑃+ + 2𝑒 − + 2𝐻 + → 𝑁𝐴𝐷𝑃𝐻 + 𝐻 +
ADP + Pi → ATP
Fase química
Distribuição de Matéria
Transporte nas plantas
Algumas plantas, como os musgos, não possuem tecidos especializados para o transporte de
substâncias – plantas avasculares, sendo as trocas feitas por osmose (água), e difusão e
transporte activo (produtos resultantes da fotossíntese e sais absorvidos com a água).
O sistema de transporte das plantas vasculares é constituído por dois tipos de tecidos, o xilema e
o floema.
Xilema – responsável pelo transporte da seiva bruta (ou seiva xilémica), constituída por
água e sais minerais. É constituído por 4 tipos de células:
o Elementos do vaso – células mortas, curtas e largas,
dispostas topo a topo. Formam cordões celulares da
Vasos raiz até à folha, devido à inexistência (total ou parcial)
lenhosos de parede celular transversal. Especializadas no
transporte;
o Traqueídos – células mortas, longas e estreitas,
dispostas topo a topo e cujas paredes transversais
não desapareceram. O contacto entre si é
assegurado por poros. Especializadas no transporte;
o Fibras lenhosas – constituídas por células mortas,
longas e estreitas, com paredes espessas
lenhificadas, o que lhes confere a rigidez necessária
para assegurar a função de transporte;
o Parênquima lenhoso – constituído por células vivas
que desempenham funções de reserva e apresentam
paredes espessadas.
Todas estas células desenvolvem um espessamento de lenhina, uma substância que lhes confere
rigidez e impermeabilidade.
Floema – responsável pelo transporte da seiva elaborada (ou seiva floémica), que
consiste em água, sacarose, aminoácidos e outras moléculas orgânicas. Também
localizado em feixe, é um tecido heterogéneo e constituído por 4 tipos de células:
o Células do tubo crivoso – células vivas,
alongadas, ligadas topo a topo e cuja parede
transversal apresenta perfurações – placa
crivosa – que garantem a passagem da seiva
elaborada entre células;
o Células de companhia – células vivas
associadas às células dos tubos crivosos,
mantém com estas células ligações
citoplasmáticas, auxiliando-as na sua função;
o Fibras – células mortas, alongadas e de
comprimento variável, conferem resistência e
suporte aos restantes tecidos;
o Parênquima – células vivas e pouco
diferenciadas, com funções de reserva.
Ao movimento das seivas no interior da planta, através dos tecidos condutores dá-se o nome de
translocação. O xilema e o floema formam feixes condutores com arranjos distintos nos
diferentes órgãos da planta:
Folha – feixes condutores duplos (cada feixe possui xilema e floema) e colaterais (lado a
lado) (xilema orientado para a página superior);
Caule – feixes condutores duplos e colaterais (xilema orientado para o interior);
Raiz – feixes condutores simples (cada feixe possui apenas xilema ou floema) e
organizados de forma alternada.
Transporte no xilema
A maioria das plantas absorve a água e os sais minerais do solo através das raízes. A seiva
xilémica segue depois para o caule, numa trajectória unidireccional e ascendente até às folhas.
O percurso da água e dos sais minerais inicia-se com a absorção destas substâncias para as
células da epiderme da raiz, que apresentam expansões – os pelos radiculares – que contribuem
para o aumento da área de absorção e consequente eficácia da mesma. A absorção da água
deve-se à existência de um potencial hídrico entre o solo e a raiz. As células da raiz acumulam
iões (que entram por transporte activo ou difusão), o que leva à entrada de água por osmose (do
meio hipotónico (solo) para o meio hipertónico (raiz)).
Existem duas hipóteses que explicam o movimento unidireccional da água e dos sais mineirais no
xilema:
xilema:
1. Ocorre a acumulação de iões no interior da raiz, por transporte activo, o que leva à
entrada de água por osmose;
2. O aumento do volume de água na raiz faz aumentar a pressão no xilema, impulsionando
a seiva bruta no sentido ascendente;
o Certas plantas pequenas libertam, sob pressão, gotas de água pelo bordo das folhas –
gutação;
o Exsudação de seiva bruta por superfícies de corte em caules.
Baixos valores de pressão radicular medidos no Verão (quando as perdas de vapor de água
através das folhas são elevadas) ou em plantas muito altas impedem a generalização desta
hipótese como modelo explicativo do movimento da seiva bruta.
→ Hipótese da adesão-coesão-tensão
1. A evaporação da água através dos estomas das folhas – transpiração – gera uma tensão
que obriga a seiva a sair dos vasos xilémicos para as células do mesófilo, em direcção aos
estomas;
2. A remoção de água do xilema propaga a força de tensão ao longo da coluna de água,
levando-a a movimentar-se e a afastar-se das raízes;
3. A existência de forças de coesão entre as moléculas de água (resultante das ligações de
hidrogénio) permitem a manutenção da coluna contínua desde a raiz até às folhas. Já a
adesão das moléculas de água à parede
dos vasos xilémicos favorece também a
manutenção da coluna;
4. A ascensão da coluna de água conduz a
um défice de água no xilema da raiz, o
que leva à sua entrada do solo para as
células desde a raiz até ao xilema.
Transporte no floema
→ Animais com sistema circulatório – em animais mais complexos, com um maior grau de
diferenciação de tecidos, a difusão é insuficiente para a distribuição dos nutrientes, gases e
produtos de excreção. A distribuição da matéria pelos diferentes tecidos é então assegurada
por sistemas especializados de transporte, que possuem sempre três componentes:
Nos insectos, o aparelho circulatório é constituído por um vaso dorsal que se dispõe
longitudinalmente desde a cabeça até à região posterior, com pequenas dilatações com
capacidade contrátil na região abdominal, correspondentes a um coração tubular. A contração
deste coração impulsiona a hemolinfa no seu interior para as artérias, que sai do sistema
vascular para as lacunas, contactando directamente com os diferentes tecidos. O relaxamento da
musculatura do vaso dorsal faz com que o fluido regresse ao coração, entrando pelos ostíolos,
pequenos orifícios laterais existentes na sua parede. Nestes animais, a hemolinfa não está
envolvida nas trocas gasosas, sendo os gases transportados directamente do meio até às células.
Por esta razão os insectos têm uma elevada taxa metabólica, associadas a uma grande
disponibilidade de oxigénio.
Na minhoca existem dois vasos principais que comunicam entre si, dispostos ao longo do corpo
do animal: um vaso dorsal, com capacidade contrátil e válvulas internas, e um vaso ventral. O
vaso dorsal impulsiona o sangue de trás para a frente, onde se localizam os cinco arcos aórticos
(ou corações laterais). Estas estruturas, também com capacidade contrátil, bombeiam o sangue
para o vaso ventral, que o transporta para a região posterior, ao longo da qual vai sendo
distribuído pelos tecidos, através de uma rede de capilares.
Sistemas de transporte fechados nos vertebrados
Os vertebrados possuem um sistema circulatório fechado, constituído por uma rede vascular
com maior grau de desenvolvimento e um coração com dois tipos de cavidades, aurículas e
ventrículos, que impulsiona o sangue para todas as partes do corpo.
Circulação simples
o O sangue efectua dois trajectos distintos com início e fim no coração: a circulação
pulmonar (ou pequena circulação), e a circulação sistémica (ou grande circulação).
o É mais eficiente do que a circulação simples pois o sangue flui com maior velocidade e
pressão, o que favorece uma distribuição mais eficaz do oxigénio e dos nutrientes pelos
tecidos. Isto ocorre devido ao facto do sangue regressar ao coração depois de
oxigenado, de onde é novamente impulsionado para a circulação sistémica.
→ Incompleta
o O coração tem três cavidades, duas aurículas e
um ventrículo.
o A aurícula direita recebe sangue venoso e a
aurícula esquerda recebe sangue arterial, que
impulsionam para o ventrículo, onde se verifica a
mistura dos dois tipos de sangue.
o A mistura é parcial, sendo que a anatomia da
parede interna do ventrículo bem como a forma
como se liga às artérias fazem com que o sangue
oxigenado seja maioritariamente bombeado para
a artéria aorta, em direcção à circulação
sistémica, e o sangue venoso seja bombeado em
direcção aos pulmões.
o Parte do sangue venoso nos anfíbios flui também
para a pele, que funciona também como órgão de
trocas gasosas.
→ Completa
o O coração tem quatro cavidades, duas aurículas e dois ventrículos.
o Existe uma separação total entre a circulação pulmonar e a circulação sistémica: a
existência de um septo interventricular completamente formado impede a comunicação
entre os ventrículos.
o No lado direito do coração apenas circula sangue venoso, e no lado esquerdo apenas
sangue arterial, não havendo mistura dos dois tipos de sangue.
1. A aurícula direita bombeia o sangue venoso para o ventrículo direito (sístole auricular) e
este inicia a circulação pulmonar ao contrair-se (sístole ventricular), expulsando o sangue
para a artéria pulmonar, que se ramifica em duas, uma para cada pulmão.
2. Nos capilares, no pulmão, ocorre a hematose pulmonar, ou seja, a captação de oxigénio
para o sangue e a difusão de dióxido de carbono para o interior dos alvéolos pulmonares.
3. O sangue arterial é então conduzido para o coração, pelas veias pulmonares (uma de
cada pulmão), que vão terminar na aurícula esquerda. A aurícula esquerda encontra-se
distendida – diástole auricular.
4. Quando ocorre a sístole da aurícula esquerda, que envia o sangue para o ventrículo
esquerdo, inicia-se a circulação sistémica. O ventrículo esquerdo expulsa o sangue para
a artéria aorta, que é depois distribuído pelas células, e onde ocorre a hematose celular.
5. O sangue venoso regressa ao coração, entrando pela veia cava inferior e pela veia cava
superior, até à aurícula direita, que se encontra em diástole.
À medida que o sangue se afasta do coração, a pressão e a velocidade do fluxo vão diminuindo.
Após a passagem do sangue pelos capilares sistémicos, a velocidade do sangue volta a aumentar
devido à contração dos músculos esqueléticos sobre as veias. As válvulas existentes no interior
destes vasos orientam o fluxo em direcção ao coração.
As pressões e velocidades elevadas a que ocorre o transporte do sangue neste tipo de circulação
permite um maior aporte de oxigénio e nutrientes às células, assegurando taxas metabólicas
mais elevadas e, consequentemente, uma maior produção de energia. Parte dessa energia é
convertida em calor que, ao ser distribuído pelo sangue por todo o organismo, permite a
manutenção da temperatura corporal dos mamíferos e aves, o que permite uma melhor
adaptação a diferentes tipos de ambientes.
Fluidos circulantes
Nos capilares arteriais, devido ao seu reduzido diâmetro, a resistência do fluxo do sangue
aumenta, o que conduz à saída de parte do plasma, alguns leucócitos por diapedese, (e pequenas
moléculas e iões) para o exterior destes vasos, passando a constituir a linfa intersticial, e que
ocupa os espaços intercelulares. O contacto da linfa intersticial com as células permite a entrada
de nutrientes e O2 para o interior das células, e a saída de CO2 e outros resíduos para este fluido.
Uma parte da linfa intersticial é continuamente drenada para o sistema linfático, passando a
constituir a linfa circulante. Esta linfa é recolhida em capilares linfáticos e conduzida a vasos de
maior calibre, os vasos linfáticos. A linfa circulante entra na corrente sanguínea pouco antes do
sangue entrar na aurícula direita, contribuindo assim para o retorno ao sangue do plasma perdido
nos tecidos. A existência de válvulas no interior dos vasos linfáticos permite a deslocação
unidireccional da linfa.
Para além da parte vascular, o sistema linfático integra também os órgãos linfoides, como os
gânglios linfáticos, onde estão alojados glóbulos brancos que destroem vírus e bactérias e que
filtram a linfa. Este sistema está também envolvido na absorção de produtos resultantes da
digestão de gorduras, no intestino.
Transporte dos nutrientes desde o intestino delgado, ou desde os tecidos de reserva até
às células;
Transporte de gases entre a superfície respiratória e as células;
Remoção dos resíduos metabólicos para os rins, onde são eliminados;
Transporte de hormonas desde as glândulas endócrinas até às células-alvo;
Defesa do organismo;
Distribuição do calor pelo organismo.
Apesar de diferentes, todos estes processos são iniciados com a glicólise, que ocorre no
citoplasma das células.
Fermentação
Os seres vivos podem ser anaeróbios obrigatórios (como os procariontes, que apenas utilizam
este processo para obtenção de energia) ou anaeróbios facultativos (usam a fermentação como
via energética alternativa).
→ Fermentação alcoólica
O ácido pirúvico sofre uma descarboxilação (com libertação de uma molécula de CO2) e uma
redução pelo NADH, formando-se etanol. Realizada por leveduras e outros microorganismos.
→ Fermentação láctica
O ácido pirúvico não sofre descarboxilação, sendo directamente reduzido a ácido láctico pelo
NADH. Realizada por bactérias, com grande interesse para o fabrico de iogurtes e queijo. As
células musculares de animais, quando submetidas a um esforço físico intenso, realizam este tipo
de fermentação.
Os processos de fermentação têm baixo rendimento energético, uma vez que apenas se obtém
duas moléculas de ATP, que resulta da degradação parcial da glicose. As substâncias finais são
ainda ricas em energia.
Respiração aeróbia
É uma via metabólica realizada com consumo de oxigénio, na qual ocorre a oxidação total da
molécula de glicose com um rendimento energético muito superior ao da fermentação. Os
organismos onde este processo ocorre como via fundamental de produção de energia são
designados por seres aeróbios.
Tal como na fermentação, a glicose é oxidada a ácido pirúvico no citoplasma durante a glicólise,
dando origem a duas moléculas de piruvato e duas moléculas de NADH. O ácido pirúvico é
depois transportado para a matriz mitocondrial, onde sofre oxidação e descarboxilação no
processo de formação de acetil-CoA.
Ciclo de Krebs
A ligação do grupo acetil da acetil-CoA a uma molécula com quatro átomos de carbono dá início
ao ciclo de Krebs.
Neste ciclo ocorrem reacções de descarboxilação e de oxidação de vários compostos que
resultam, respectivamente, na libertação de dióxido de carbono e na redução de NAD+ e de
FAD. Ainda durante este ciclo é mobilizada energia para formar moléculas de ATP (GTP) a partir
da fosforilação de ADP (GDP) presente na matriz.
Os seres procariontes também podem realizar a respiração aeróbia: a glicólise e o ciclo de Krebs
ocorrem no citoplasma, enquanto as moléculas que formam a cadeia transportadora de electrões
estão localizadas em invaginações na membrana citoplasmática.
Do ponto de vista energético, este fenómeno permite a obtenção de 36 moléculas de ATP por
cada molécula de glicose, enquanto na fermentação se obtém 2 moléculas de ATP.
Nas plantas as trocas gasosas estão associadas a três processos fundamentais: transpiração
(perda de vapor de água), fotossíntese (entrada de CO2 e saída de O2) e respiração aeróbia
(entrada de O2 e saída de CO2). É através dos estomas, pequenas estruturas da epiderme
constituídas por duas células fotossintéticas – células-guarda ou células estomáticas –
localizados principalmente nas folhas, que ocorrem as trocas gasosas com o meio externo. As
células-guarda delimitam uma abertura, o ostíolo, através do qual ocorrem as trocas gasosas. As
paredes celulares das células-guarda que limitam a abertura do ostíolo são mais espessas do que
as paredes opostas, o que lhes permite variar a abertura do ostíolo em função do seu grau de
turgescência. A parede menos espessa alonga mais quando a célula fica turgida, e é esse
alongamento diferencial que provoca a curvatura das células-guarda, levando à abertura do
estoma.
Factores como a luz, a temperatura, o vento e o conteúdo de água no solo vão influenciar o
mecanismo de abertura e fecho dos estomas.
Trocas gasosas nos animais
As trocas gasosas nos animais estão normalmente relacionadas com a respiração aeróbia, sendo
tanto mais intensas quanto maior for a taca metabólica do organismo. As trocas gasosas
realizam-se por difusão, sendo o sentido e a velocidade determinados pela diferença de pressão
dos gases entre o meio interno e o externo; a difusão ocorre sempre das zonas de maior pressão
para as zonas de menor pressão. Nos animais as trocas gasosas podem ocorrer directamente
entre o meio interno e externo – difusão directa – ou com a intervenção de um fluido circulante
– difusão indirecta. O termo hematose é utilizado para designar as trocas gasosas ocorridas nas
superfícies respiratórias (tecidos especializados através dos quais os gases se difundem).
Superfícies húmidas – permite a dissolução dos gases para que estes se difundam;
Superfícies finas – constituídas apenas por uma camada de células epiteliais, o qe
favorece a difusão;
Superfícies muito vascularizadas – aumenta a rapidez das trocas entre os meios;
Área grande relativamente ao volume dos órgãos onde se situam – permite uma elevada
difusão dos gases.
Insectos
Possuem um sistema respiratório com difusão directa, chamado sistema traqueal. Este sistema é
constituído por uma rede de finos canais – as traqueias – que se vão ramificando até se
encontrarem em contacto com as células. As traqueias comunicam com o exterior através de
espiráculos, pequenos orifícios existentes na superfície do corpo, que podem ter válvulas para
controlar o fluxo de ar. As trocas directas, sem intervenção de fluido de transporte, permitem
uma elevada taxa metabólica.
Minhoca
Na maioria dos animais aquáticos as trocas gasosas ocorrem através das brânquias, num
processo chamado hematose branquial. As brânquias localizam-se na cavidade opercular, entre a
faringe e o opérculo e podem ser extensões do tegumento (brânquias externas) ou estar
localizadas no interior do corpo (brânquias internas). Estas são constituídas por filamentos
branquiais, onde se inserem finas lamelas bastante vascularizadas, representando uma
significativa área de contacto com a água.
A água entra pela boca do animal e sai pela fenda opercular, banhando as brânquias nesse
trajecto. Durante o contacto da água com os filamentos branquiais, o oxigénio difunde-se para
os capilares existentes nas lamelas, ocorrendo simultaneamente a difusão de dióxido de carbono
para a água. A água desloca-se no sentido contrário ao movimento do sangue nas lamelas,
saindo depois pela fenda opercular. Este mecanismo de contracorrente garante o contacto do
sangue, progressivamente mais rico em oxigénio, com água cuja pressão parcial de oxigénio é
sempre superior àquela que existe no sangue, resultando na manutenção de um gradiente que
assegura a difusão até valores próximos da saturação da hemoglobina do sangue dos peixes.
Nos anfíbios no estado larvar, existem brânquias, que são substituídas por pulmões quando estes
chegam ao estado adulto. Os pulmões são muito simples, com uma baixa compartimentação do
seu interior, e a hematose pulmonar é complementada pela hematose cutânea.
Na primeira inspiração o ar entra pela traqueias para os sacos aéreos posteriores, passando para
os pulmões na primeira expiração. Durante a segunda inspiração, entra novo ar nos sacos
posteriores e o ar dos pulmões sai para os sacos aéreos anteriores. Já na segunda expiração, o ar
dos sacos aéreos anteriores é expulso para o exterior, e novo ar passa para dos sacos aéreos
posteriores para os pulmões.
Os mamíferos possuem um sistema respiratório constituído por uma rede de tubos, de diâmetro
cada vez menor, que terminam em alvéolos pulmonares. As vias respiratórias (fossas nasais,
faringe, laringe, traqueia e brônquios) permitem não só o trajecto do ar nos dois sentidos, como
o progressivo aquecimento do ar e a retenção de partículas em suspensão.
Os pulmões estão localizados na caixa torácica e resultam da integração dos alvéolos e das
ramificações resultantes dos brônquios. Os milhões de alvéolos que os constituem, envolvidos
por capilares sanguíneos, garantem uma área de hematose várias vezes superior à da superfície
do corpo. A produção de fluido nessas superfícies respiratórias e a sua localização em órgãos do
interior do corpo favorecem a humidificação necessária à hematose, diminuindo em simultâneo
as perdas de água.