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CURSO DE PSICOLOGIA
Manaus /AM
2019
1
ERIKA OLIVEIRA DA SILVA
Trabalho de conclusão de
curso, apresentado como requisito
para orientação do titulo de Bacharel
em psicologia pelo Centro
Universitário de Manaus –
FAMETRO.
Manaus /AM
2019
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
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DEDICATÓRIA
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, minha mãe Maria Fotunata, que após o falecimento do meu
pai, triplicou sua garra e permaneceu sendo a base da família, obrigada por todo
esforço e ajuda que me deste nessa jornada, sem você eu não conseguiria.
Aos meus amigos, que são minha família, agradeço por vezes compreender
a ausência, as prioridades, por me incentivarem. Aos amigos que fiz no decorrer do
curso, a Daylla Soares (in memorian) começamos esse sonho juntas e por forças
maiores, não estás mais entre nós, saudade eterna. Agradeço em especial a Tainá
Oliveira, obrigada por caminhar comigo nessa jornada, por ter segurado minha mão
sempre que eu me via perdida.
5
“Minha luta diária é para ser
reconhecida como sujeito, impor
minha existência numa sociedade
que insiste em negá-la.”
Djamila Ribeiro
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RESUMO
O presente trabalho analisa a relação do racismo que a mulher negra sofre
durante sua vida e sua perspectiva frente a isso, como interfere e deixam marcas em
diferentes situações, marcas essas que perpassam gerações. Um dos objetivos
dessa pesquisa é abranger através das pesquisas feitas as turbulências que uma
mulher negra pode passar por conta de sua cor e sexo, através de entrevistas foi
possível também realizar um levantamento qualitativo com método fenomenológico
de pesquisa em psicologia, revelando assim o grande impacto da luta pela
sobrevivência em um mundo historicamente racista. Sendo assim possível
compreender o sentido que essas mulheres atribuem ao racismo vivenciado e o
sofrimento que lhes causa.
Palavras-chave: Racismo, mulher, negra, psicologia, fenomenologia.
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SUMÁRIO
1. REFLEXIVO...........................................................................9
2. INTRODUÇÃO........................................................................11
3. OBJETIVO.............................................................................14
4. MARCO TEÓRICO.................................................................15
4.1 RACISMO NO BRASIL..........................................................15
4.2 RACISMO CONTRA MULHER NEGRA..................................17
4.3 O QUE É SER NEGRA NO BRASIL......................................19
4.3.1 A ESTÉTICA DA MULHER NEGRA..................................19
4.3.2 HIPERSEXUALIZAÇÃO DA MULHER NEGRA.................20
4.3.3 RELACIONAMENTO DA MULHER NEGRA......................21
4.3.4 MULHER NEGRA E O MERCADO DE TRABALHO..........23
4.3.5 RACISMO, MULHERES NEGRAS E SAÚDE MENTAL.....24
4.4 CONTRIBUIÇÕES DO PSICOLOGO NO COMBATE AO
RACISMO............................................................................25
5. FENOMENOLOGIA..............................................................26
6. METODOLOGIA...................................................................30
6.1 MÉTODO DE ANALISE FENOMENOLOGICA......................31
7. CATEGORIA DE ANALISE...................................................33
7.1 MEDO DE FICAR SÓ...........................................................33
7.2 ESTÉTICA...........................................................................35
7.3 PERCEPÇÃO DO OUTRO...................................................37
7.4 SE AUTOCONHECER COMO MULHER NEGRA..................38
8. SINTESE COMPREENSIVA.................................................40
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................42
10. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS......................................44
11. ANEXOS..............................................................................48
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1. REFLEXIVO
Desde pequena ouvia minha mãe falar que eu não era preta, principalmente
quando era alguém que falava isso, não importava se era da família ou não, falava
que era “morena cor de jambo”, eu nem sabia se aquela cor realmente existia, eu
ficava muito sem graça quando ela corrigia as pessoas falando isso na minha frente,
eu ficava me perguntando quão ruim era ser preta, pessoas da família tiravam
“brincadeiras” pelo fato de eu ser de outra cor, falavam que eu era mais “escurinha”
comparado ao resto da família, e o motivo poderia ser que eu não fosse da família
mas sim adotada, entre risadas forçadas e um silencio desconcertante eu tentava de
todas as formas transparecer que estava tudo bem, aceitava as brincadeiras, dava
algumas respostas esfarrapadas e tentava mudar de assunto, e deixava aquele
assunto ali dentro de mim pra morrer, mas não morria, e pra falar a verdade ele é
tão vivo que as vezes eu realmente chego a me questionar se sou adotada mesmo
ou não.
Na escola não foi diferente, eu ouvia as piadinhas que faziam comigo, sobre
minha cor, e relevava, as vezes ria, aquele sorriso sem graça só pra não demonstrar
que fiquei afetada, as vezes rebatia com algum xingamento ou bagunçando com
algum defeito da pessoa, só pra não me sentir por baixo, eu não via aquilo como
racismo, via aquilo como uma brincadeira que muitas vezes eu não achava legal,
mas tudo bem porque era meus amigos, era só uma piadinha estava tudo bem
deixar pra lá e fingir que não me importava, não me recordo de ter passado por uma
situação mais constrangedora ou de agressão verbal ou física vinda de algum
desconhecido por conta da minha cor, então eu achava que nunca tinha passado
por tal situação.
Ficava me questionando o porquê de tanto ódio a outro alguém por conta de
sua cor, o porquê de em nossa sociedade existir tantas frases e definições
relacionadas a cor preta, que são vistas como algo ruim, acredito que depois que
entrei para faculdade meus olhos se abriram mais ainda pra isso, percebi que ser
negro no mundo é uma coisa bem difícil desde que você nasce, ser mulher negra, é
mais complicado ainda, aos poucos também senti certos “racismos sutis” aqueles
que na verdade sempre estiveram presentes através das brincadeiras e
comparações de mau gosto, comecei a me interessar pela busca em minhas redes
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sociais de referências que representassem quem eu sou, pois percebi que no meu
leque de pesquisas o que prevalecia era aquele modelo padrão de famosas que são
vistas e colocadas como a beleza verdadeira, entendi que acompanhar esse tipo de
coisa me causava um certo tipo de angustia pois eu acabava sim me comparando, e
muitas vezes a angustia só aumentava ainda mais por perceber que eu estava me
comparando e não tinha forças para me amar como sou, a partir disso fui tomando
mais conhecimento e percepção das adversidades sofridas por conta de nossa cor.
Pouco sei ainda de todo valor existente na minha raça, percebi que era um
assunto pouco comentado, por conta de viver em um país racista, por que talvez,
assim como eu, muitas mulheres se sintam tímidas para falar ou se impor sobre tal
assunto, cheguei à conclusão que não queria mais me esconder e nem evitar o
assunto, nem levar na esportiva certas “brincadeiras”, percebo que cada vez
mulheres negras vem ganhando espaço, poder de fala, ainda que eu sinta que todas
as referências, matérias, livros e artigos falando sobre isso sejam poucos, acredito
num futuro melhor e com mais igualdade. O tema de escolha para meu projeto não
poderia ser outro que não fosse a busca por mais visibilidade social, luta para a
igualdade de raças e combate ao sofrimento psíquico vivenciado pela mulher negra.
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¹ Frase dia pela vereadora Marielle Franco em 08 de março de 2018 no plenário da Câmara
dos Vereadores do Rio de Janeiro em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
2. INTRODUÇÃO
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Existe uma incidência muito grande de racismo e sexíssimo voltados a
imagem da mulher negra em relação às suas características fenotípicas, que estão a
todo o momento sendo alvo de comentários e julgamentos em que são diminuídas
em todos os sentidos da vida, deixando sentimentos de inferioridade e dor, serem
causadores de doenças psíquicas.
O impacto do racismo constrói barreiras psíquicas e sociais difíceis de
enfrentar, a mulher negra está entre os piores indicadores sociais do Brasil, apesar
dos avanços realizados na escolarização e das cotas, a dificuldade no acesso à
educação se reflete no mercado de trabalho, de acordo com a pesquisa “estatística
de gênero” do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) realizada em 2014,
o percentual de mulheres brancas com ensino superior completo é de 2,3 vezes
maior do que o de mulheres negras, e apenas 10,4% das mulheres negras tem
ensino superior completo. Grossi e Aguinsky (2001) lembram que a violência contra
as mulheres, embora esteja presente em todas as classes sociais, incide de maneira
diferente entre os segmentos mais fragilizados da população, nos quais se incluem
as mulheres negras. E a cada dia que passa essa discriminação é reforçada no meio
social, segundo o Atlas da violência 2018, as mulheres negras são assassinadas
mais do que as brancas, cerca de 71% a mais, e em casa são as que mais sofrem
violência.
A discriminação racial e as repercussões nas identidades de mulheres
negras ainda são um campo de pesquisa pouco estudado. Somos de forma geral
expostas a todo tipo crítica e comparação, tendo como a cor e corpo a principal fonte
de julgamento para os outros. O racismo coloca a mulher negra em um patamar
social diferente do grupo racialmente imposto como dominante, o de pessoas
brancas, logo, o padrão feminino de estética também será propagado pela mulher
branca, sendo vistos então como modelo a ser seguido. A busca pela compreensão
das vivências da mulher negra e das consequências da discriminação racial torna-se
necessário para que haja um resgate e uma ressignificação do que é ser mulher
negra no mundo
Esse racismo contra a mulher negra foi construído historicamente no meio
social e político e necessitam ser confrontados para que haja uma estratégia de
redução de danos, reforçando a promoção de políticas de igualdade, é importante
que se tenha debates, implementação do assunto em diversas áreas sociais do país,
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principalmente em escolas e universidades, para que se possa ter o entendimento e
aceitação da raça como categoria importante no desenvolvimento do ser humano,
valorizando as histórias e expressividades culturais de origem negra.
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3. OBJETIVO
Compreender os sentidos atribuídos às vivências e a discriminação racial no
contexto de vida de mulheres negras na perspectiva fenomenológica-existencial.
14
4. MARCO TEORICO
15
Em uma pesquisa realizada com policiais para a Universidade Federal de
Pernambuco no início de 2018, os mesmos admitem e percebem que pretos e
pardos são as prioridades na hora das abordagens, mas não falam em racismo.
Segundo a população, especialmente entre os jovens, “quando a polícia chega para
nos matar, nós estamos praticamente mortos: discursos sobre genocídio da
população negra no cenário de Recife-PE”, Pernambuco é apontada como um
estado que apresenta alta vulnerabilidade juvenil negra, de acordo com o
levantamento feito pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, pelo Ministério da Justiça e pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. É
necessário pensar e agir sobre as práticas policiais racistas, infelizmente é comum
assistirmos ou lermos notícias de pessoas negras assassinadas por policial, por ser
confundido com bandido e até mesmo por estar segurando algum objeto que, nem
de longe se parece com uma arma, mas para os policiais parecia e isso já era
suficiente para que fosse manifestado neles o comportamento racista.
A população negra sempre viveu na própria pele a violência da
discriminação e do preconceito racial. Por estarem acostumados com a invisibilidade
da população negra, e por de certa forma, não deixarem de lado sua tradição
escravocrata, o brasileiro expõe seu preconceito quando, especialmente a
população negra ascende socialmente. Silva (2018) afirma que: “Ao conquistarmos a
possibilidade de abrir caminhos institucionais e sociais para a diminuição da absurda
desigualdade racial damos de cara com o ódio racial militante nas classes médias”.
Um exemplo bastante comum de tal situação, é a discussão constante sobre as
cotas em universidades, território que até então era dominado em sua maioria, se
não total, por pessoas brancas.
Esse discurso frequente se dá por contestarem que no Brasil não existe
desigualdade, se baseiam na ilusão do mito da democracia racial, a democracia
racial, significa um sistema desprovido de qualquer barreira legal ou institucional
para a igualdade racial, e em certa medida, um sistema racial desprovido de
qualquer manifestação de preconceito ou discriminação (Diálogos Latinosmericanos,
Domingues, 2005), já o mito da democracia racial, é o inverso disso, como afirma a
pesquisadora e diretora de pesquisas sociais da fundação Joaquim Nabuco,
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Rosalira Oliveira, em uma entrevista para o diário de Pernambuco (2015) que "A
democracia racial é um mito para esconder a falta de acesso. É uma espécie de
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existência da mulher, a liberdade de seu corpo e seu desejo de autonomia,
personificando a sexualidade da mulher ao estereótipo de que ela deve estar voltada
para a maternidade, cuidado e manutenção da família e afazeres domésticos,
colocando as mulheres em uma condição subalterna e passível de objetificação.
A população negra, em especial as mulheres negras, são mais vulneráveis,
estamos constantemente lutando pela sobrevivência e visibilidade em um país que
se encontra em 5º lugar em número de homicídios de mulheres e que é tão violento
contra nossa raça, de cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras, segundo o
Atlas de violência 2017, e em um recorte de gênero, a mortalidade de mulheres que
não são negras (brancas, pardas, indígenas) caiu 7,4% entre 2005 e 2015, enquanto
o de mulheres negras o indicie subiu 22%, além do indicie de mortalidade também
sofremos com o descaso da polícia ao retratar assassinatos, procurando muitas
vezes de todas as formas justificar a ocorrência de forma negativa ou dificultosa, o
feminicídio é algo difícil de trabalhar com a população pois muitos acham que isso
não existe, tratar o feminicídio de mulheres negras é mais dificultoso ainda e
demorado perante a lei. Um exemplo claro disso, é o assassinato da vereadora
Marielle Franco no dia 14 de Março de 2018, que foi alvejada por diversos tiros
juntamente com seu motorista Anderson Gomes, o crime segue sob investigação e
sem sinais de estar perto de ser um caso encerrado, 241 dias da morte e seguimos
contando, e pessoas ainda se utilizam de frases como “Ela era negra, mas não
morreu por isso” ou “Um crime político não pode ser tratado como racismo”, na
verdade, o racismo também é político sim, no sentindo de que se torna inseparável
os conjuntos da política e do estado.
De acordo com Nitahara (2015), as mulheres negras estão atrás nos
indicadores sociais e econômicos. O dossiê Mulheres Negras (Marcondes etal,
2013) mostra que:
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Benguela, e no Rio de Janeiro, dia 14 de março, dia da morte da vereadora Marielle,
instituiu-se como dia de luta contra o genocídio da mulher negra. O número de
violência contra a mulher negra é alarmante, mulheres negras têm três vezes mais
chances de serem vítimas de feminicídio que mulheres brancas. “É por isso que
seguimos fazendo do luto, luta: não porque somos fortes, mas porque não nos dão
outra escolha. São nossos corpos que estão na linha de frente todos os dias. O
racismo não descansa”. (HELAINE, 2018)
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posição ocupada pela mulher negra como predadora sexual, que seduz com seus
encantos irresistíveis (GILLIAM, 1995 apud. CARNEIRO, 2002).
Sendo assim, a mulher negra acaba sendo vista como alvo fácil para
investidas sexuais. Em um estudo realizado por Ana Claudia Pacheco (2013)
chamado “Mulheres negras: afetividade e solidão” onde ela entrevista um grupo de
mulheres negras em Salvador, mostra que, um dos principais fatores para que levam
essas mulheres a não possuírem parceiro fixo, é a ideia de que elas não são
desejáveis para casar.
Em nossa sociedade, os vestígios racistas da época escravocrata ainda se
fazem muito presente, fazendo com que a mulher negra sofra desde cedo, as
meninas e adolescentes negras são vistas com o olhar objetificador, são as maiorias
das vítimas de exploração sexual segundo o dossiê violência e racismo, porque a
hipersexualização da mulher negra é apresentada em uma mulher jovem, sendo
considerada como aquela que incita e depois satisfaz, - legado deixado pelo período
escravocrata -, a mulata de ontem reconfigurada na Globeleza de hoje, como afirma
Figueiredo (2010).
Através desses fatores, a garota negra já cresce com o estigma de ser
promiscua.
A mulher negra ainda tem que enfrentar as questões da
exploração sexual infantil e de adolescentes e o tráfico de mulheres, onde
compõe o grupo de maior incidência. Isto tem forte relação às imagens de
controle que envolvem a mulher negra como objeto de consumo e
exploração sexual, como também a ausência de políticas públicas de
controle e responsabilidade midiática e da indústria do turismo, que
deveriam trabalhar para a eliminação destes estereótipos, mas acabam por
reforça-los. (ROMIO, 2015)
21
A trajetória da mulher negra é permeada pela solidão, isso é também
consequência, como por exemplo, do fato de o gosto afetivo ser uma construção
social, sendo baseado na ideia da beleza eurocêntrica, da política do
branqueamento, que exalta o padrão da mulher branca como o certo. É árduo o
trabalho da mulher negra na tentativa de se sentir incluída até mesmo em questões
de afetividade. Silva (2003) analisa que:
Existe certa dificuldade, que muitas das vezes não percebemos e por isso
acabamos deixando de falar sobre, que é em reconhecer a mulher negra como
sujeito para ser amado, nos deixando levar pela ideia de que para nós, não existe
amor. Em uma entrevista para a Revista Fórum em 2015, a mestre e doutoranda em
Psicologia Social pela USP e psicóloga do Instituto AMMA Psiquê e Negritude, Clélia
Prestes, afirma que:
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neuropsicóloga pelo Centro de Diagnostico Neuropsicológico da Unifesp, e
colaboradora do Grupo de Trabalho de Psicologia e Relações Raciais do Conselho
Regional de Psicologia de São Paulo, explica que, “Dentro do processo cognitivo,
palavras, gestos e ações são captados e processados pelo cérebro, formando assim
a concepção daquela mulher sobre si mesma de uma forma deturpada”.
23
Esses dados são consequências prematuras da mulher negra, ainda jovem,
se tornar muitas vezes mãe, e muitas vezes também, única provedora do lar.
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A mulher negra está exposta a diversos fatores que podem leva-las ao
estresse e cansaço tanto físico como mental, por vezes e durante toda sua vida,
estão mais suscetíveis a estarem expostas por dificuldade em ter serviços básicos
de saúde e educação, sensação de isolamento, maior sensação de insegurança, a
problemas com sua autoestima pela impossibilidade de se ver como bela. A
psicóloga Jeane Tavares, membro do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA
(ISC/UFBA) e docente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
explica que:
5 Fenomenologia
Na metade do século XX surgiu o movimento filosófico da Fenomenologia,
Edmund Husserl (1859-1938), considerado fundador da Fenomenologia e um dos
pensadores mais importantes do movimento no século XIX, influenciou através de
sua obra tanto as correntes filosóficas do seu tempo como a ciência de forma geral
(BARBIERI, 2011). Husserl utilizou a psicologia como uma das disciplinas mais
abordadas em seus escritos, dessa forma, a psicologia disponibilizou para o restante
das disciplinas das ciências humanas e sociais o método fenomenológico.
Edmund Husserl foi discípulo de Brentano, sendo considerado o mais
importante (VENANCIO 2011), já os pensadores que foram influenciados por
Husserl, alguns dos mais importantes destacasse Martin Heidegger e Merleau-
Ponty, que no decorrer da discussão terão seus pensamentos como base para
análise da pesquisa.
O método fenomenológico é o estudo dos fenômenos em si mesmos,
propondo uma base de análise da experiência na forma como ela se manifesta,
permitindo visualizar outras maneiras de compreensão do homem, mundo, ser,
verdade, tendo essa última como caráter de mutabilidade e relatividade, desta
forma, pode ser vista enquanto uma postura ou atitude, um modo de compreender o
mundo. Desta forma, a fenomenologia nos fornece uma nova forma de “ver” o
mundo e as coisas, e esse novo olhar nos sugere uma nova forma de orientação, de
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pensamento, de análise do mundo, das coisas, como do próprio sujeito
cognoscente1 (BRAGAGNOLO, 2014).
A direção que Husserl deu a fenomenologia foi de ir as coisas mesmas, A
fenomenologia husserliana considera que aquilo que é dado à consciência é o
fenômeno (objeto do conhecimento imediato). Esse fenômeno só aparece numa
consciência, portanto, é a essa consciência que é preciso interrogar. A consciência,
para Husserl, define-se como uma certa maneira de perceber o mundo e seus
objetos. Mostrar os diversos aspectos pelos quais a consciência percebe esses
objetos e sob os quais eles lhe aparecem. Nessa abordagem o pesquisador
considera sua vivência em seu mundo, uma experiência que lhe é própria,
permitindo-lhe questionar o fenômeno que deseja compreender. (SILVA; etal, 2011)
Já a filosofia heideggerianA, se propõe a abordar questões do sentido do
Ser, buscando a noção de homem em sua singularidade a partir do que chamou de
Dasein (CASTRO, 2017).
O Dasein ou ser-aí, segundo Roehe e Dutra (2014), é o ente que manifesta
o quê e como algo é, revela o Ser a partir de sua condição existencial. O Dasein
como totalidade estrutural, revela-se na cotidianidade como abertura para
possibilidades de outras formas de vir a ser-no-mundo, o dasein se lança para o
mundo para qual o Ser se mostra, sendo o Ser lançado no mundo a todas as
possibilidades da existência, o antológico – sendo aquele que atribui sentidos e
significados as situações cotidianas, Segundo Castro (2017), “o objetivo da reflexão
filosófica heideggeriana é desvendar o ser em si mesmo, partindo da existência
humana (Dasein – ser-aí)”.
O Dasein tem como composição fundamental para a analítica existencial, o
ser-no-mundo, sendo o modo particular e individual de compreender e interpretar a
vida e as situações que nela ocorrem, caracterizando o indivíduo como o ser que ele
é. Esse mundo se refere a tudo, ou seja, se refere à sempre estar em relação com
algo ou alguém. Para Samaridi (2011) Ser-no-mundo é ir muito além de ser
(humano) e estar (no mundo), mas sim se encontrar aberto às possibilidades que lhe
são oferecidas. Dessa forma, ser-no-mundo é fazer-se Ser, Ser as próprias
possibilidades.
1
Cognoscente é um adjetivo que qualifica a pessoa que busca ou toma o conhecimento
sobre algo, também utilizado para se referir ao indivíduo que tem a capacidade de conhecer e
assimilar o saber.
27
Sabendo-se que o fenômeno mundo é caracterizado por ser carregado de
sentido para o homem, a partir disso, o Dasein se lança no mundo com a
possibilidade de mergulhar na aventura da partilha deste mundo com os outros,
Heidegger considera que, segundo Castro (2017), em vista de a existência se
revelar como essência da pre-sença (do ser humano), somente dessa forma pode-
se analisar seu mundo de relações, sendo compreendida pelo autor como
característica fundamental do existir humano, existir é originalmente ser-com-o-
outro. É uma relação de reciprocidade, onde as potencialidades do indivíduo se
fortificam conforme a relação cotidiana, para Roberto (2009), o Dasein como ser-
com-o-outro, está lançando-se no mundo, mantendo uma interação consigo mesmo,
com os demais entes – todas as coisas – e com o mundo.
Outro presente aspecto que faz parte do ser-no-mundo é o cuidado, sendo
esse o modo como resultamos em relação aos entes que nos envolvem no mundo,
Oliveira e Carraro (2010) entendem o conceito de Heidegger ao falar do cuidado
como:
Merleau-Ponty e a corporeidade
Para o filósofo, sua concepção de mundo é: um mundo constituído por
relações objetivas é a partir da experiência vivida do homem que origina e sustenta
todas as explicações posteriores a ele. Sendo assim, o sentido da subjetividade
instalada no corpo e não mais na transcendência de um eu interior pensante
(DENTZ, 2008).
Na visão de Merleau, a percepção não está fundada no empirismo e no
intelectualismo onde apresenta o pensamento objetivo, para ele, a percepção está
relacionada à atitude corpórea. Na concepção fenomenológica da percepção a
apreensão do sentido se faz pelo corpo, tratando-se de uma expressão criadora, a
partir dos diferentes olhares sobre o mundo (NÓBREGA, 2008).
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A partir disso, a consciência está ligada ao corpo em um diálogo permanente
com o mundo, ocorrendo uma relação direta do homem com o mundo, denominada
como corpo-mundo.
Com isso, o filosofo considera redefinir a fenomenologia ao não concordar
em tomar o físico e o psíquico como objetos de estudo no sentido da determinação
de princípios e funcionamento. Nóbrega (2008, p.142) enfatiza que é preciso
enfatizar a experiência do corpo como campo criador de sentidos, a percepção não
é uma representação mentalista, mas um acontecimento da corporeidade e, como
tal, da existência.
A concepção de corpo vai além da sua constituição, por isso, não pode ser
objetificado, pois é um aspecto fundamental da existência humana, é um objeto que
se traduz como corporeidade, sendo assim o que constitui o existir do homem. A
percepção é a experiência do corpo com o mundo ao seu redor, Castro (2017)
acrescenta que, Merleau em sua teoria, compreende da seguinte forma, existir
significa ser um corpo, que o viver sempre se dá corporalmente e que é através do
corpo que acontece toda relação homem-mundo.
Dentz (2008) concorda com o filósofo ao comentar que:
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6 Metodologia
Este trabalho tem como finalidade compreender os assuntos determinantes
para o adoecimento psíquico causado na vida de mulheres negras que já sofreram
racismo. Como a psicologia é uma ciência, ela se utiliza do método cientifico para
produzir seus conhecimentos com o objetivo de, estudar o comportamento e os
processos mentais, como o ser humano reage, se comporta e vive essas situações
da vida, ou seja, sua interação com o mundo, a cultura e sociedade (SILVA 2010). O
campo da psicologia em sua totalidade é bastante vasto e expõe teorias, pesquisas
e métodos (CAVALCANTI 2012), sendo assim, o conhecimento cientifico é uma
busca de articulação entre uma teoria e a realidade empírica, o método é o ‘fio
condutor’ para essa articulação. SILVA (2010 apud Minayo e Sanches 1993).
A pesquisa realizada será de forma qualitativa, de caráter exploratório,
buscando analisar dados de uma determinada questão. Segundo Oliveira (p. 7) o
pesquisador qualitativo pauta seus estudos na interpretação do mundo real,
preocupando-se com o caráter hermenêutico na tarefa de pesquisar sobre a
experiência vivida dos seres humanos. Desta forma, um fenômeno pode ser melhor
compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado
numa perspectiva integrada (GODOY, 1995). Sendo assim, compreende-se que, a
pesquisa de forma qualitativa tem como finalidade conseguir dados voltados para
compreender as atitudes, motivações e comportamentos de determinado grupo de
pessoas.
Existe diversas formas utilizadas para coletar dados de forma qualitativa, a
forma escolhida para o presente trabalho, foi a entrevista aberta. Sobre entrevista,
segundo Almeida (2004 apud Bleger, 1998), na consideração de entrevista
psicológica ela possui:
30
Diante disso, a escolha da entrevista aberta se dá por, principalmente, possuir a finalidade
exploratória, permitindo um aprofundamento mais amplo da personalidade do entrevistado, e sobre a
sua estruturação, Boni e Quaresma (2005) explicam que:
31
(SIANI etal, 2016). É o modo onde o “ser-ai” se faz presente cheio de possibilidades
para construir os projetos, interpretando o que foi compreendido, sendo a linguagem
que o sujeito vai utilizar, sua expressão, responsável para tornar as possibilidades
desse projeto explicito.
Com base nisso, o pesquisador entra em relação com os sentidos atribuídos
pelos participantes, através do método fenomenológico que busca o conhecimento
das essências, estando em contato com as expressões e percepções que o sujeito
possua sobre suas experiências.
Para melhor entendimento dos conteúdos explícitos na entrevista, e
consequentemente, para a análise compreensiva, foi utilizado as recomendações de
Martins e Bicudo (2005) que indicam:
I. A transcrição literal de todas as entrevistas; leitura preliminar de cada
entrevista com o intuito de se alcançar uma compreensão global e
intuitiva de seu modo de existir durante suas experiências, ou seja,
uma leitura atenta dos depoimentos sem buscar ainda qualquer
interpretação, atributo ou elemento, a fim de encontrar o sentido geral
do que está descrito;
Nesta postura, foi possível através do ver fenomenológico, integrar todos os dados,
aspectos e características obtidos, através das unidades de significado.
Considerando o objetivo da pesquisa, a compreensão do vivido analisada a partir da
32
fala das participantes e o método a ser utilizado - o fenomenológico, a síntese dos
dados será efetivada a partir dos pressupostos da Psicologia Fenomenológico-
Existencial.
7 Categoria de análise
Posteriormente a transcrição das entrevistas, foi realizada a análise de cada
diálogo, a partir do qual obtive as unidades de significado, os elementos que
possibilitam a compreensão dos sentidos implicados no discurso do fenômeno “a
vivência da discriminação racial na perspectiva de mulheres negras”. Identifiquei,
então, as partes semelhantes nestes discursos, através das quais sistematizei as
categorias de análise, que se resume em quatro, que se mostraram da seguinte
forma:
7.1 Medo, medo de ficar só, vulnerabilidade, insegurança:
33
branca, ele era indígena digamos assim, ele não era de uma
comunidade mas ele tinha traços e tal e ele reproduzia racismo
comigo né, tipo de me objetificar, de falar coisas pesadas, acho
que não só por conta do machismo como também do racismo,
acho que juntava os dois ne, e ai de certa forma eu me
submetia a esse tipo de violência por medo de ficar só”. (Shuri)
34
a relação que o individuo estabelece consigo mesmo, na consciência de si e no
autoconhecimento. Dessa forma, as situações que a mulher negra vai vivenciando,
sua relação o mundo circundante e com os outros é que vão possibilitar a
atualização de suas potencias e de como elas se enxergam, colocando as condições
necessárias para ir se descobrindo e se reconhecendo exatamente como é.
7.2 Estética:
36
mulher negra também se mostra ao mundo de acordo com seus traços penteados e
afins, também passa pelo sentimento de medo e ameaça (POMPÉIA; SAPIENZA,
2011), como visto em uma das entrevistas onde foi relato a estranheza no olhar do
outro.
Segundo a fenomenologia de Merleau-Ponty (CASTRO, 2017), o corpo não
pode ser objetificado nem coisificado, pois a consciência está ligada com o corpo, e
o corpo compreende, e assim os sentidos existenciais se manifestam corporalmente,
sendo assim, a mulher negra existe para si mesma pela experiência do seu corpo e
por meio do seu corpo assume o espaço e não deveria passar por essas
representações simbólicas ou objetificantes.
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ai ela falou “ah, mas você não é negra, você é queimadinha de
sol do Amazonas, você é morena” e eu falei “professora, eu sou
negra” e ela “não, você não é”, tipo, uma pessoa que não tem
propriedade nenhuma pra apontar o dedo na minha cara e me
dizer “não você não é negra”, porque na época talvez eu tinha o
cabelo liso, porque meu cabelo era vermelho, eu maquiava de
uma forma que deixasse meus traços mais fino, tipo, aquela
parada nariz da Kim kardashian, talvez isso tenha ajudado a
passar isso”. (General Okoye)
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“... eu acho que uma das primeiras coisas assim que
eu me deparei depois que eu consegui me reconhecer como
mulher negra né, porque demorou um pouco, acho que foi em
2015 depois que eu entrei no movimento social que eu consegui
me identificar enquanto mulher negra e entender as coisas que
aconteciam na minha vida e que eu não sabia o motivo né, não
tudo né, mas algumas coisas”. (Shuri)
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8 SÍNTESE COMPREENSIVA
O interessa por abordar o tema racismo vivido dentro da condição de ser
mulher negra foi pensado com intuito tanto de aprender, como de gerar mais
conteúdos que mexam com essa temática, com o olhar fenomenológico, o objetivo
foi compreender os sentidos que essas mulheres atribuíam a partir do racismo que
vivenciaram e vivenciam no decorrer de suas vidas.
Desde o momento que iniciei as buscas pelo tema, fui me deparando com
vários conteúdos e informativos que até então eram desconhecidos para mim, que
talvez eu não entendesse como racismo, me chamou atenção o fato de eu, como
mulher negra, fazer tão pouco uso de mídias sociais que me representavam, não só
mídias, mas conteúdos bibliográficos também e daí por diante, a partir disso
comecei a me aprofundar em diversos conteúdos, pude ter uma noção maior do
peso que o racismo, que está inteiramente ligado também com o machismo, causa
na vida de uma mulher negra.
Por meio de círculos sociais consegui chegar até três mulheres, as quais tive
a oportunidade de entrevistar. Logo de cara estabelecemos um dialogo muito bom,
foi interessante notar como tínhamos situações semelhantes, o que fazia essas
entrevistas se estender por mais tempo, pois a cada assunto colocado na
conversava, acaba que puxando outro, e ali se tornou uma troca de experiência, de
informação, percebi em uma das entrevistas o medo comum frente a vulnerabilidade
principalmente se tratando do corpo, do relacionamento afetivo, me senti feliz e triste
amo mesmo tempo, feliz por saber que eu não estava sozinha no meus
pensamentos sobre como eu percebia as coisas (na relação afetiva), triste por ter
mais certeza ainda que apesar dos processos ocorridos ainda somos vistas e
tratadas de formas muito desiguais, a entrevista se tornou uma conversa mais
carinhosa, por despertar conteúdos meus também, foi uma experiência muito boa
essa troca de conhecimento, de compartilhar a verdadeira fragilidade do que é ser
mulher negra.
Foi possível verificar que apesar de todas se identificarem como mulher
negra, e de ter conteúdos semelhantes, nossos processos de descobertas e
autoconhecimento são singulares, pude perceber na conversa com uma das
entrevistadas a presença de falas carregadas de pré-conceito que por sua vez
também eram racistas, porque sim, tudo é tão enraizado e doente que pessoas
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pretas também reproduzem racismo, sem ao menos perceber. E por essa razão eu
escolhi não introduzir a entrevista na linha de pesquisa, pois acredito que não
condizia com o que eu queria passar.
O racismo tem efeitos e marcas que são carregados à vida toda, para mim,
foi um privilegio abordar esse assunto, na busca de compreensão do ponto de vista
da vida da mulher negra, também pude me compreender, e reaprender. Vejo através
dessa pesquisa uma forma de contribuir para o movimento na luta contra a
discriminação racial.
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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um profissional, ao se deparar com a queixa de alguma paciente negra por exemplo,
fazer o devido recorte racial para analisar que o conteúdo se trata de determinada
desigualdade racial, infelizmente acontece de o profissional enquadrar o tema em
outro tipo de aspecto, seja violência doméstica, problema no trabalho, na vida social
ou amorosa, nesse sentido, falta um olhar mais delicado para a situação, para que
se possa perceber esse tipo de situação até mesmo para que haja um levantamento
de dados melhor sobre a real situação do que se passa com a população negra e
assim tenha um direcionamento melhor de providencias a serem tomadas. Como
estudante de psicologia acredito que é importante refletir sobre esses desafios
desde a sala de aula, com intuito de sensibilizar os alunos diante à realidade que a
sociedade vive.
Ao termino desta pesquisa pude compreender a necessidade que existe em
fazer disso um trabalho continuo, após toda a pesquisa, a desconstrução do racismo
e de seus consequentes é um trabalho interdisciplinar. Este trabalho é só uma ponta
de tantas outras que podem ser desenvolvidas, acredito que assim como a pesquisa
contribuiu para minha vida e formação, ela também pode contribuir para a sociedade
de modo que possa alcançar todas as classes.
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REFERÊNCIAS
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no Brasil. Organizadores: Mariana Mazzini Marcondes ... [et al.]. - Brasília: Ipea,
2013.160 p.
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fundamentos que norteiam sua trajetória. 200. Rev. Min. Enf., 4(1/2):28-33,
jan./dez., 2000
Redação. Brasil mata 71% mais mulheres negras do que brancas - publicado 6
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https://www.cartacapital.com.br/diversidade/brasil-mata-71-mais-mulheres-negras-
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45
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consegue virar nação. 2015. Disponível em:
https://www.brasil247.com/author/Benedita+da+Silva . Acessado em: 12 de
novembro.
SILVIA, Karla. O que é ser negro no Brasil?: Uma reflexão sobre o processo de
construção da identidade do povo brasileiro. Cadernos Imbondeiro. João Pessoa,
v.2, n.1, 2012.
PACHECO, Ana. “Branca Para casar, mulata para f...., negra para trabalhar”:
escolhas afetivas e significado de solidão entre mulheres negras. 2008. Tese
de doutorado – Programa de pós-graduação em ciências sociais do Instituto de
filosofia da Universidade Estadual de Campinas – SP. P. 1-317.
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ANEXOS
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TERMO DE AUTORIZAÇÃO
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