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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

Ano lectivo 2021-2022

§ Direitos de Personalidade

I
Durante uma manifestação política em frente ao Palácio de S. Bento, Ana, que gritava
várias palavras de ordem, viu-se abalroada e alguém lhe colocou uma fita à frente da boca,
de forma a impedi-la de falar ou gritar. Furiosa, virou-se para enfrentar o agressor, e reparou
para seu espanto que não se tratava de um agente da P.S.P., mas de um simples cidadão
que, em desacordo com o protesto, tinha pretendido silenciá-la. Sentindo que os seus
direitos, nomeadamente o direito à liberdade de expressão, foram violados, Ana pretende
obter junto dos tribunais uma indemnização. Quid iuris?

II
Bernardo Ribas Cardoso goza de grande reputação como advogado dos mais
mediáticos processos. O seu primo, de nome idêntico (Bernardo Riba Cardoso), tentando
indevidamente aproveitar-se da fama e bom nome do primo, estabeleceu-se num escritório
na mesma rua. Este último, também advogado, especializou-se na defesa de perigosos
.
Bernardo Cardoso intentou uma acção contra o primo, pedindo que este seja
condenado a:
i. Abster-se de usar os seus apelidos;
ii. Mudar o seu domicílio profissional para outra área, que diste a pelos menos
2 km, do escritório de Bernardo Ribas Cardoso; e
iii. Acrescentar aos seus apelidos a palavra
Como deverá o tribunal decidir a presente acção?

Diogo Tapada dos Santos


III
Helena e João eram muito apaixonados. O seu amor um pelo outro era tanto que
várias vezes enviavam selfies um ao outro. Cedendo à pressão do namorado, Helena acabou
por enviar-lhe fotografias em roupa interior.
Passados uns dias, uma amiga de Helena avisou-a de que tinha ouvido falar dessas
fotografias estarem no telemóvel de outro amigo. Afinal, João tinha ficado tão entusiasmado
que tinha partilhado com alguns amigos as fotografias. Quid iuris?

IV
Durante a campanha eleitoral, o político Dr. Dionísio Elias, candidato do seu partido
à pasta do Ministério da Família, difundiu cartazes e publicou anúncios em que se apresentou
rodeado pelos seus familiares mais próximos, dando a imagem de uma família feliz. Num
certo dia, um jornalista, enquanto passava junto à casa de Dionísio, é surpreendido por gritos
de medo provenientes dessa habitação. Escondido atrás de uma vedação e munido de uma
objectiva potente, espera pelo momento oportuno e capta uma fotografia em que se vê
distintamente a mulher de Dionísio fugir de um golpe que este lhe desferia, enquanto os
filhos do casal testemunhavam o acontecimento.
Na manhã seguinte, o jornal com mais tiragem reproduz a dita fotografia na primeira
página, com as paragonas Violência doméstica em casa de famoso político . Nesse mesmo dia,
assessores de imprensa do partido fazem um comunicado repudiando todas as insinuações
feitas pelo jornal. Por outro lado, o Dr. Dionísio Elias intenta uma acção contra o jornalista,
pedindo que este seja condenado à entrega dos ficheiros onde tem armazenada a fotografia,
bem como ao pagamento de uma avultada indemnização. Quid iuris?
(Cf. Ac.s STJ, de 14.6.2005, proc. nº 05A945, e de 17.09.2009, proc. nº 832/06.6TVLSB.S1,
in www.dgsi.pt)

V
Isaura, por ser contra certas coisas que se passavam na sua Faculdade, escreveu uma
carta aberta à direcção da associação de estudantes na qual dava conta dos vários casos de
má gestão da sua Faculdade, tendo afixado a dita carta num dos corredores do edifício.
Jaime, presidente da associação de estudantes, concordando com Isaura e sem se sentir
capaz de mudar o que fosse na sua Faculdade, pegou na dita carta e afixou cópias em todas
as Faculdades do campus. Isaura, incomodada por ver a sua carta tão espalhada, exigiu a

Diogo Tapada dos Santos


Jaime que recolhesse todas as cópias, mas este respondeu-lhe negativamente alegando que
a carta era aberta e que a associação podia fazer com ela o que quisesse. Quid iuris?

VI
Aprecie fundadamente a licitude dos seguintes comportamentos:
a) Venda de um rim, venda de sangue e venda do coração;
b) Participação num reality show;
c) Exercício da actividade de lutador de wrestling;
d) Propriedade de uma conta de instagram aberta ao público.

VII
Fernanda, modelo de roupa interior, celebrou com uma agência de modelos um
contrato para ser representada por essa agência durante cinco anos. Nos primeiros dois anos,
Fernanda participou em várias campanhas, e as fotografias da sua cara e corpo estiveram
nas montras de várias lojas de roupa íntima.
Infelizmente, durante o terceiro ano desse contrato, Fernanda veio a morrer vítima
de um acidente. Aproveitando-se do burburinho na comunicação social causado pelas
notícias da inesperada morte da modelo, a agência de modelos decidiu vender a uma revista
de conteúdo para adultos algumas fotografias de Fernanda em que esta aparecia em pose
mais ousada.
Gustavo, viúvo de Fernanda, ainda não recuperado do choque de ter perdido a sua
mulher, vai ao centro comercial Amoras e aí depara-se com a cara da mulher olhando para
si do lado de lá das montras de várias lojas. Para seu ainda maior desgosto, num quiosque de
revistas vê uma publicação cuja capa anuncia que no próximo número serão publicadas em
picantes
Gustavo pretende saber:
i. Se pode impedir, e através de que meios, que as fotografias de Fernanda voltem a
ser usadas em montras de lojas, e sejam retiradas nos casos em que estiverem a ser
usadas;
ii. Se pode exigir que a agência de modelos retire do seu portefólio todas as fotografias
de Fernanda, tendo em conta que a agência o informou de que o contrato é de cinco
anos e por isso continuará a usar as fotografias até ao termo do mesmo; e

Diogo Tapada dos Santos


iii. Se pode intimar de qualquer forma a revista para que as fotografias de Fernanda não
venham a ser publicadas.

Diogo Tapada dos Santos

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