Você está na página 1de 5

UNIFAEMA

CENTRO UNIVERSITÁRIO

MARIA EDUARDA LONGO OLIVEIRA

CASO DOS IRMÃOS NAVES

ARIQUEMES - RO
2024
MARIA EDUARDA LONGO OLIVEIRA

CASO DOS IRMÃOS NAVES

Trabalho acadêmico apresentado ao curso


de Bacharelado em Direito da Faculdade
de Educação e Meio Ambiente - FAEMA
como requisito parcial à obtenção de nota
na N3 na disciplina de Direito Penal II
(Parte Geral).

Orientador: Prof. Giane.

ARIQUEMES - RO
2024
1. RESUMO CASO DOS IRMÃOS NAVES

O filme relata o caso do maior erro da história da justiça brasileira, que


escancara os graves conflitos causados pela má aplicação legislativa e ilustra como
essas falhas podem ter consequências na vida de pessoas comuns. Já atualmente, o
que por muitos vem sendo reportado, que são grandes falhas e brechas no sistema.
O caso dos irmãos Naves questão ocorreu em uma cidade no interior de
Minas Gerais, chamada Araguari, tendo início do processo o ano de 1937, vale
ressaltar, que era um período em que o Brasil se encontava em uma ditadura civil-
militar, tendo como líder totalitário Getulio vargas.
Joaquim e Sebastião, os irmãos Naves, eram agricultores e trabalhavam
com cultivo e venda de cereais, em sociedade com o primo Benedito Pereira Caetano,
sendo esses aos protagonistas.
A sinistra história começa com um negócio realizado pelo primo, Benedito,
que tinha mais ambição que os primos Joaquim e Sebastião. Benedito resolve
arriscar-se e realiza um empréstimo para efetuar uma compra de diversos sacos de
arroz, com o pensamento de vende-las para mercadores de Belo Horizonte, já que
haviam boatos de que o cereal subiria consideravelmente no mercado.
O Estado brasileiro por sua vez, manteve o controle de preços, e o arroz
passou a ser um alimento muito barato e Benedito acabou por tomar um prejuízo
considerável, vendeu os sacos de arroz que havia adquirido, recebendo todo o
dinheiro em um cheque. Quando realizou o saque do valor total, guardou as notas
dentro das calças, de modo a manter escondido e, ao sair para uma festa,
desapareceu misteriosamente.
Os irmãos Joaquim e Sebastião preocupados com o sumiço do parente,
foram prestar queixa e narraram ao delegado que o primo havia sumido com uma
quantidade considerável de dinheiro e eles estavam preocupados. O oficial de plantão
desconfiou da história dos irmãos e resolveu investigar, então, abre um inquérito
policial e os aponta como principais suspeitos docrime. Assim, odelito é considerado
pela sociedade e autoridades como um homicídio seguido de ocultação de cadáver,
o que naquela epóca causa grande repercusão social, os jornais de cidade vizinhas e
de Belo Horizonte passaram a falar sobre o ocorrido e o caso ganhanotoriedade.
Nesse mesmo período, o Brasil vivia o momento ditatorial do Estado Novo,
o regime era uma ditadura civil-militar, e tinha Getúlio Vargas como líder totalitário. O
presidente, preocupado com a repercussão negativa que o caso geraria em relação
ao seu governo, Getúlio Vargas designou como responsável pela investigação do
caso o sanguinário delegado e tenente militar Francisco Vieira dos Santos.
O oficial por sua vez se dirigiu para Araguari e, como estava sendo
“pressionado” pera dar respostas para a população, iniciou um inferno na vida dos
irmãos Naves, ate então principais suspeitos do crime. Sem nenhuma prova material
é incontestável da participação dos irmãos, nem mesmo o dinheiro de Benedito foi
encontrado, porém, com a certeza da participação dos irmãos, se iniciam a criação de
provas contra a família. O tenente Francisco auxiliado por seus subordinados
iniciaram praticam uma serie de torturas, violências e privação de liberdade, em uma
tentativa de arrancar qualquer confissão dos irmãos sobre um crime que nunca existiu.
Apos diversas torturas e violência os irmãos cederam e assinaram um
documento onde confessavam e diziam que mataram e sumiram com o corpo do primo
para ficar com o dinheiro do arroz, mesmo sendo inocentes. A partir da confissão, a
denuncia foi feita pelo Ministério Publico e os irmãos foram então acusados
judicialmente. O processo coreu por alguns anos e os juízes não aceitaram a tese de
defesa, que postulava que as provas da autoria haviam sido coletadas de forma ilegal.
Em 1938, os réus passaram por muitos juris e apelações. Foram defendidos
pelo famoso advogado João Alamy Filho, que se comoveu com a situação dos réus.
Mesmo com a falta de provas, a tendência do julgamento sempre pendia para o lado
do inquérito policial. Ao final de três julgamentos os réus foram absolvidos por júri
popular. Como a sentença não era unanime e por ser um tempo de ditadura e não
haver direitos constitucionais garantidos, o tribunal de justiça inverteu a decisão do júri
e condenou os irmãos a 25 anos e 6 meses de prisão, que posteriormente foram
reduzidos apos passar por uma revisão penal e, assim, tiveram a pena reduzida para
16 anos. E apos 8 anos e 3 meses em regime fechado, os Naves, mediante
comportamento prisional exemplar, foram finalmente colocados em liberdade
condicional em 1946.
Apos a soltura, Joaquim Naves veio a falecer em 1948, como indigente em
um asilo por uma doença degenerativa que contraira por causa das pancadas na
cabeça que levara durante as sessões de tortura. Foi então que Sebastião Naves, o
irmão sobrevivente, iniciou uma luta judicial para provar a sua inocência e de seu
falecido irmão.
Em 1952, chegou em Araguari a notícia de que o primo Benedito estaria vivo
e em uma cidade nas proximidades. Apos ficar ciente da notícia Sebastião procurou
desesperadamente o juiz da cidade para pleitear sua libertação, pois ainda cumpria
pena em liberdade, para deixar o município em busca de seu primo para que pudesse
provar sua inocência. O magistrado aconselhou Naves a “deixar quieto”, pois sua pena
estava quase quitada com o tribunal, mas concordaram com o pedido. O delegado de
Araguari e Sebastião viajaram para a tal cidade vizinha e encontraram o tão procurado
Benedito, que se encontrava dormindo pacificamente em uma cama confortável no
quarto da fazenda. Sebastião irrompeu a sala com o seu primo, em êxtase. Ao ver seu
primo, Benedito implorou para que Sebastião não o matasse, mas a reação foi
diferente, Naves abraçou o parente desaparecido e disse: “Graças a Deus você esta
vivo! Vamos para Araguari e mostramos a todos que eu e meu irmão somos
inocentes!”
O processo, devido aos novos fatos, é anulado e pela primeira vez no Brasil,
aos injustiçados é reconhecido o direito à uma indenização a ser paga pelo Estado.
Sendo essa, uma decisão histórica. O caso dos irmãos Naves é geralmente citado
nas faculdades de direito do pais, pois sua história é usada de exemplo, em sua
grande maioria para ilustrar as terríveis consequências da condenação sem provas e
sem devido processo legal garantido em constituição.
Diante dessas considerações, é evidente que houve flagrantes violações
dos direitos individuais e fundamentais no caso dos irmãos Naves, especialmente no
que concerne à garantia desses direitos. As condenações impostas foram baseadas
em evidências frágeis e fabricadas, incluindo confissões obtidas mediante tortura. Ao
analisar o processo dos irmãos Naves à luz do Código Penal e da Constituição, é
possível identificar diversas transgressões legais, como o crime de Falsidade
Documental Público (CP, Artigo 297), quando os irmãos foram coagidos a assinar uma
confissão de um crime que não cometeram. Além disso, pode-se mencionar a violação
do princípio da Presunção de Inocência (CP, Artigo 5°, LVII), que estabelece que
ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, enquanto no filme os irmãos foram considerados culpados desde o
início do processo.

Você também pode gostar