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Q uinta-fe ira, 12 de Se te m bro de


2013.

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Pe squisa núm e ro: 1
Pe squisa re finada: {tagR e fQ }
Pe squisa e m form ulário - docum e nto núm e ro: 341,
Ex pre ssão de Pe squisa:
ano do docum e nto: 2012
Base s pe squisadas: Acórdãos
Docum e nto da base : Acórdão
Docum e ntos re cupe rados: 4
Docum e nto Mostrado: 1

Identificação
Acórdão 341/2012 - Plenário

Número Interno do Documento


AC-0341-05/12-P

Grupo/Classe/Colegiado
GRUPO I / CLASSE VII / Plenário

Processo
033.936/2011-0

Natureza
Representação

Entidade
Entidade: Companhia Energética de Alagoas (CEAL); ELETROBRAS; Ministério das
Minas e Energia (MME) (vinculador)

Interessados
Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Conserg - Prestação de Serviços, Terceirização e Obras de
Engenharia Ltda (02.297.645/0001-63); Vega Comércio e Serviços Ltda (07.325.162/0001-49).
3.2. Responsáveis: Pedro Carlos Hosken Vieira (CPF 141.356.476-34), Diretor
Presidente da CEAL; Ronaldo Ferreira Braga (CPF 075.198.183-49), Diretor Econômico-
Financeiro da CEAL

Sumário
REPRESENTAÇÃO. PREGÃO ELETRÔNICO. IRREGULARIDADES. OITIVA.
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE CAUTELAR. DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA AOS INTERESSADOS.
ARQUIVAMENTO

Assunto
Representação

Ministro Relator
RAIMUNDO CARREIRO

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Representante do Ministério Público


não atuou

Unidade Técnica
Secretaria de Controle Externo - AL (SECEX-AL)

Advogado Constituído nos Autos


Arley de Andrade Vieira (OAB-AL 7.319)

Relatório do Ministro Relator


Tratam os autos de Representação formulada pela empresa Conserg - Prestação
de Serviços, Terceirização, e Obras de Engenharia (CNPJ 02.297.645/0001-63) acerca de
supostas irregularidades praticadas na condução do Pregão Eletrônico nº 24/2011, promovido
pela Companhia Energética de Alagoas (CEAL), tendo por objeto a contratação de serviços
especializados em recepção, respeitada a quantidade máxima de setenta recepcionistas (Peça
4).
Histórico
2. A representante apresentou os seguintes argumentos:
2.1 a empresa Vega, por recolher impostos e contribuições na forma do Simples
Nacional, não poderia participar de licitação cujo objeto envolvesse atividades expressamente
vedadas para as microempresas e empresas de pequeno porte que optem pelo SIMPLES, in
verbis (Peça 1, fl. 3):
Importante frisar que a empresa que recolhe impostos e contribuições na forma do
simples nacional, só pode participar de licitação cujo objeto seja pertinente ao descrito na Lei
Complementar n. 123/2006, sob pena de desvirtuar diversos princípios do direito, dentre eles,
o da legalidade e o da igualdade.
2.2. a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que institui o
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, veda para as empresas
optantes pelo Simples Nacional a atividade acima descrita;
2.3. o objeto do pregão da CEAL envolve a atividade de cessão e locação de mão
obra (contratação de recepcionistas). Assim, a representante conclui que a participação da
empresa Vega no pregão em análise é irregular;
2.4. ao permitir a participação da Vega no Pregão nº 24/2011, a CEAL teria
desrespeitado os princípios licitatórios da legalidade, da isonomia e da probidade
administrativa (Peça 1, fl. 7).
3. Inicialmente, foi verificado que a empresa Vega Comércio e Serviços Ltda - ME,
vencedora do Pregão nº 24/2011, de fato declarou-se como microempresa, conforme
documento constante à Peça 5 (p. 39), e sua planilha de cálculo por sistema tributário (Peça 4,
fl. 136) indica a opção pelo recolhimento de tributos via Simples Nacional. Constatou-se,
também, que o edital da CEAL não continha previsão para que as licitantes, optantes pelo
Simples Nacional, não utilizem os benefícios tributários decorrentes do regime tributário
diferenciado na proposta de preços e na execução contratual.
4. Assim, a proposta comercial da empresa Vega (Peça 4, fl. 135) foi apresentada à
CEAL após a classificação dos lances, incluindo os benefícios tributários decorrentes da opção
pelo Simples Nacional.
5. Na primeira instrução, a unidade técnica propôs o não acolhimento da cautelar
solicitada pela representante, tendo em vista que o contrato havia sido assinado em
20/10/2011 (Peça 4, fls. 1/11), descaracterizando o periculum in mora. Contudo, foram
identificados indícios de que a proposta de preço inicial apresentada pela Vega, anteriormente
à fase de lances, também havia sido apresentada com a inclusão dos referidos benefícios
tributários. Nesse sentido, foi proposta a realização de oitiva da CEAL para que se
manifestasse sobre os seguintes fatos:
"a) apresentação, pela empresa Vega, de proposta inicial de preços utilizando-se
dos benefícios decorrentes da sua opção de recolhimento de tributos pelo Simples Nacional,

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desrespeitando o art. 17, inciso XII, da Lei Complementar nº 123/2006, haja vista que o objeto
da licitação em tela consiste em serviços de cessão e locação de mão obra (contratação de
recepcionista);
b) apresentação, pela empresa Vega, de proposta comercial revisada nos mesmos
moldes da alínea anterior;
c) ausência de previsão, no Edital do Pregão Eletrônico nº 24/2011 de que a
empresa que viesse a ser contratada não poderia beneficiar-se do regime tributário
diferenciado (com relação ao recolhimento de tributos), caso fosse optante pelo Simples
Nacional, bem como estaria sujeita à exclusão obrigatória desse regime tributário a contar do
mês seguinte ao da assinatura do contrato, nos termos do art. 31, inciso II, da Lei
Complementar 123/2006 e conforme decisão exarada nos Acórdãos nº 2.798/2010 e nº
797/2011, ambos do Plenário."
Mérito
6. Transcrevo a seguir, com fulcro no art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei nº 8.443/92,
exceto da instrução lavrada no âmbito da Secex-AL, ratificada pelo dirigente daquela unidade
técnica (peças 14 e 15), contendo a análise dos argumentos apresentados pela CEAL.
"(..)
II - DA RESPOSTA À OITIVA REALIZADA E ANÁLISE PELA UNIDADE TÉCNICA
17. Realizada a oitiva, a Ceal manifestou-se consignando aos autos a Peça 13.
18. Em relação à apresentação de proposta inicial de preços pela Vega utilizando-
se dos benefícios decorrentes de sua opção de recolhimento de tributos pelo Simples, a Ceal
informa que a abertura das propostas foi realizada em 6/6/2011 às 9h (p. 1). Estas propostas
referem-se aos preços globais com os quais cada licitante oferece inicialmente antes da fase de
lances. É o que dispõe os itens "6.5" e "6.8" do edital do pregão (Peça 5, p. 73-93):
6.5. O licitante deverá encaminhar sua proposta até o dia e horário estabelecidos
no Edital, exclusivamente por meio eletrônico, via Internet, para o endereço eletrônico
www.licitacoes-e.com.br, opção acesso identificado, seguindo a sequência estabelecida pelo
sistema: oferecer proposta, participar do lote, entregar proposta.
6.5.1. Até a data e hora definidas para abertura das propostas, o licitante poderá
retirar ou substituir a proposta anteriormente apresentada.
(...)
6.8 Proposta Comercial
6.8.1. A proposta de preços deverá ser apresentada seguindo a sequência citada,
no item 6.5, com o preenchimento obrigatório do campo "Preço Unitário (R$)", que
corresponderá ao preço total do lote (VALOR GLOBAL).
18. A Ceal ressalta (Peça 13, p. 4) que utiliza o sistema de pregão eletrônico
(licitações-e) do Banco do Brasil, onde as empresas, inicialmente, "acessam o sistema e
inserem suas propostas, só de preço. O Pregoeiro nem ninguém identificam quais são os
Pregoentes".
19. Neste diapasão, a Ceal destaca que a proposta inicial da empresa Veja, no
valor de R$ 2.000.000,00 e sem constar a planilha de composição de custos, só foi conhecida
após a fase de lances.
20. Declarada como a empresa que apresentou o menor preço global, a Vega foi
chamada para apresentar a proposta comercial revisada, composta da planilha de preços, nos
termos do item "8.1" do edital:
8.1 O licitante detentor da melhor oferta deverá apresentar em até 03 (três) dias
úteis após a data do pregão, os seguintes documentos originais:
a) Proposta comercial revisada com os últimos preços propostos, composta da
planilha de preços contendo a descrição do objeto ofertado, de acordo com o modelo constante
do Termo de Referência, Anexo III deste edital, acompanhada dos respectivos dados
comerciais, dados técnicos, dados bancários (bando, código/nome da agência e número da
conta corrente) e outras informações julgadas necessárias. É vedada a apresentação de
proposta em meio digital".
21. Observa-se, assim, que o pregoeiro não tinha conhecimento de que a empresa

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Vega era optante, no que pertine ao recolhimento de tributos, do Simples. O fato exsurge no
momento da apresentação da proposta comercial revisada.
22. Não se vislumbra, deste modo, irregularidade no recebimento das propostas
iniciais de preços (antes da fase de lances). Ademais, a vedação está no recolhimento de
tributos pelo Simples nos serviços de cessão e locação de mão de obra e não na participação
de certames licitatórios.
23. Em relação à ausência de previsão no edital de que a empresa que viesse a
ser contratada não poderia se beneficiar do regime tributário diferenciado, bem como estaria
obrigado à exclusão do regime do Simples, a Ceal informa (Peça 13, p. 7) que não houve
prejuízo à licitação e nem à contratação "pois somente ocorreu em face da desclassificação de
outras licitantes".
24. Informa, adicionalmente, que se todas as regras da Lei Complementar
123/2006 fossem transcritas para o edital, o mesmo ficaria extenso.
25. Os argumentos trazidos pela Ceal não merecem prosperar, haja vista que está
sendo questionado apenas a ausência de previsão no edital do pregão de que a contratada
não poderá beneficiar-se da condição de optante pelo Simples, quando o objeto envolver a
cessão e locação de mão de obra.
26. Assim, propõe-se dar ciência à Ceal quanto à falha ocorrida no edital, com o
fito de evitar que a mesma se repita em editais futuros.
27. Quanto à apresentação de proposta comercial revisada contendo os benefícios
da tributação pelo Simples, a Ceal informa (Peça 13, p. 6) que comunicou à Vega que ela
deveria se desvincular do regime tributário do Simples bem como solicitou a apresentação de
outra planilha de composição de custos com regime tributário de Lucro Presumido ou Lucro
Real.
28. Cabe ressaltar que embora a Vega tenha ofertado o lance de R$ 1.139.000,00,
a sua proposta comercial revisada totaliza R$ 1.138.998,00 (Peça 4, 136):
a) custo unitário por recepcionista: R$ 1.355,95;
b) total mensal: R$ 1.355,95 x 70 recep. = R$ 94.916,50 (o valor constante da
planilha é R$ 94.916,67);
c) total global: R$ 94.916,50 x 12 meses = R$ 1.138.998,00 (o valor constante da
planilha é R$ 1.139.000,00).
29. De todo modo, apesar do erro no cálculo do valor global, o contrato (Peça 4, p.
1-11) foi assinado com o valor correto, considerando o custo unitário por recepcionista de R$
1.355,95. Como foi acertado inicialmente o serviço de vinte recepcionistas o contrato tem o
valor mensal de R$ 27.119,00 (R$ 1.355,95 x 20), totalizando um valor anual de R$ 325.428,00
(R$ 27.119,00 x 12).
30. Em 9/11/2011, a Vega, em resposta ao ofício da Ceal, encaminhou o Ofício
114/2011 (Peça 13, p. 8) contendo em anexo planilhas (Peça 13, p. 9-10) já cotadas com base
na tributação pelo Lucro Presumido e com o mesmo valor unitário proposto inicialmente no
contrato assinado, qual seja, R$ 1.355,95/recepcionista, mantendo-se, assim, como a proposta
mais vantajosa para a Ceal.
31. Entretanto, necessário se faz dar ciência à Ceal quanto à ilegalidade na
contratação de empresas que recolham tributos pelo Simples para a execução de serviços que
estejam vedados na Lei Complementar 123/2006
32. Também se faz necessário determinar à Ceal que regularize o contrato
celebrado com a Vega, mediante alteração da planilha de custos, de modo que o recolhimento
dos tributos decorrente da execução dos serviços objeto desta representação não seja
efetuado pelo Simples Nacional, bem como exija da Vega a sua exclusão do Simples Nacional.
33. Deste modo, considerando a boa fé do pregoeiro na condução do certame
licitatório, a ausência de dano ao erário, haja vista que o menor preço obtido no pregão foi
mantido, alterando-se somente o modo de recolhimento de tributos, propõe-se o arquivamento
do feito, sem prejuízo de dar ciência à Ceal, nos termos propostos anteriormente.
34. Finalmente, ressalte-se que foi promovida a oitiva da empresa Vega, e esta
não se manifestou nos autos.

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III - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO


35. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
35.1 conhecer da presente representação por preencher os requisitos previstos no
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU;
35.2 dar ciência à Companhia Energética de Alagoas (Ceal), agora denominada
Eletrobrás - Distribuição Alagoas, quanto à necessidade de incluir nos editais de suas licitações
disposição no sentido de que, em ocorrendo as hipóteses de que tratam os arts. 17, inciso XII,
e 30, inciso II, da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, seja vedada à
licitante, optante pelo Simples Nacional, a utilização dos benefícios tributários do regime
tributário diferenciado na proposta de preços e na execução contratual (com relação ao
recolhimento de tributos), ressaltando que, em caso de contratação, estará sujeita à exclusão
obrigatória desse regime tributário diferenciado a contar do mês seguinte ao da assinatura do
contrato, nos termos do art. 31, inciso II, da referida lei complementar, conforme já decidido
neste Tribunal no Acórdão 797/2011 - Plenário;
35.3 Determinar:
35.3.1 à Ceal para que, no prazo de 60 dias, informe ao Tribunal o resultado das
providências adotadas para regularizar o contrato firmado com a empresa vencedora do
Pregão Eletrônico 024/2011, Vega Comércio e Serviços Ltda - ME (CNPJ 07.325.162/0001-49),
mormente em relação à:
a) alteração da planilha de custos, de modo a evitar que a empresa Vega utilize-se
dos benefícios de empresa optante pelo Simples;
b) exigência de exclusão da empresa Vega do sistema tributário Simples Nacional;
35.3.2 à Secex/AL que monitore o cumprimento da deliberação que vier a ser
proferida.
35.4 encaminhar cópia do acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem
como do Voto e do Relatório que o embasarem, à empresa Conserg - Prestação de Serviços,
Terceirização, e Obras de Engenharia (CNPJ 02.297.645/0001-63) e à Ceal;
35.5 arquivar os presentes autos com fulcro no art. 169, inciso IV, do Regimento
Interno do TCU."
É o relatório

Voto do Ministro Relator


VOTO
Conheço da presente Representação com espeque no art. 113, § 1º, da Lei nº
8.666/93, c/c art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU.
2. Conforme descrito no Relatório antecedente, no âmbito do Pregão Eletrônico nº
24/2011, promovido pela Companhia Energética de Alagoas (CEAL), discutem-se, basicamente,
duas questões. A Primeira, relativa aos preços cotados na proposta vencedora, feita por
empresa beneficiada pelo Simples Nacional, o que poderia afetar a cotação oferecida.
3. A segunda, concernente ao fato de o edital referente ao certame em análise
não prever, em razão do objeto licitado, que a empresa proponente não poderia estar
beneficiada pelo sistema de tributação intitulado Simples Nacional, consoante disposto no art.
17, inciso XII, da Lei Complementar nº 123/2006.
4. Quanto ao primeiro ponto, registro que em 9/11/2011, a empresa Vega,
vencedora do certame, encaminhou o Ofício nº 114/2011 (Peça 13, p. 8) contendo em anexo
planilhas (Peça 13, fls. 9/10) já cotadas com base na tributação pelo Lucro Presumido e com o
mesmo valor unitário proposto inicialmente no contrato assinado, mantendo-se, assim, como a
proposta mais vantajosa para a CEAL.
5. Porém, considerando a assinatura de contrato, cumpre determinar à CEAL que
regularize a situação da contratação da empresa Vega, mediante alteração da planilha de
custos, de modo que o recolhimento dos tributos decorrente da execução dos serviços objeto
desta Representação não seja efetuado pelo Simples Nacional, bem como exija da referida
empresa a sua exclusão do multicitado sistema de tributação.
6. Em relação à segunda questão (item 3 retro), inicialmente é oportuno lembrar

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que a jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que a condição de optante pelo Simples
Nacional não impede a empresa de participar de licitação cujo objeto envolva a cessão de mão
de obra (Acórdão nº 2.798/2010 - Plenário). Entretanto, o item 9.3.1, do citado acórdão, veda a
utilização dos benefícios do Simples Nacional, tendo sido recomendado à empresa responsável,
no caso a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que "faça incluir nos editais disposição
no sentido de que a licitante, optante pelo Simples Nacional, que venha a ser contratada, não
poderá beneficiar-se da condição de optante e estará sujeita à exclusão do Simples Nacional
(...)". Tal vedação visa a garantir o princípio da isonomia entre os licitantes, também destacado
no Acórdão nº 797/2011 - Plenário.
7. Justificando a ausência no edital de previsão para que a empresa a ser
contratada não poderia se beneficiar do regime tributário diferenciado, bem como estaria
obrigada à exclusão do regime do Simples, a CEAL alega que "se as regras da Lei
Complementar nº 123/2006 fossem integralmente transcritas o edital ficaria muito extenso"
(Peça 13, p. 7).
8. Entendo que o argumento da CEAL não merece prosperar, haja vista que está
em questionamento tão somente a ausência de previsão no edital do pregão de que a
contratada não poderá beneficiar-se da condição de optante pelo Simples, quando o objeto
envolver a cessão e locação de mão de obra. Assim, concordo com a proposta da unidade
técnica para que seja dada ciência à CEAL sobre essa falha.
9. Ante o exposto, Voto por que seja adotada a minuta de Acórdão que ora
submeto à apreciação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 15 de
fevereiro de 2012.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator

Acórdão
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Representação
formulada pela empresa Conserg - Prestação de Serviços, Terceirização, e Obras de Engenharia
(CNPJ 02.297.645/0001-63) acerca de supostas irregularidades praticadas na condução do
Pregão Eletrônico nº 24/2011, promovido pela Companhia Energética de Alagoas (CEAL), tendo
por objeto a contratação de serviços especializados em recepção.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão
Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1 conhecer da presente representação por preencher os requisitos previstos no
art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, c/c art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU;
9.2 dar ciência à Companhia Energética de Alagoas (CEAL), quanto à necessidade
de incluir nos editais de suas licitações disposição no sentido de que, em ocorrendo as
hipóteses de que tratam os arts. 17, inciso XII, e 30, inciso II, da Lei Complementar nº 123, de
14 de dezembro de 2006, seja vedada à licitante, optante pelo Simples Nacional, a utilização
dos benefícios tributários do regime tributário diferenciado na proposta de preços e na
execução contratual (com relação ao recolhimento de tributos), ressaltando que, em caso de
contratação, estará sujeita à exclusão obrigatória desse regime tributário diferenciado a contar
do mês seguinte ao da assinatura do contrato, nos termos do art. 31, inciso II, da referida lei
complementar, conforme já decidido neste Tribunal no Acórdão nº 797/2011 - Plenário;
9.3 determinar à CEAL, com fulcro no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que, no prazo
de 60 dias, informe ao Tribunal o resultado das providências adotadas para regularizar o
contrato firmado com a empresa vencedora do Pregão Eletrônico nº 24/2011, Vega Comércio e
Serviços Ltda - ME (CNPJ 07.325.162/0001-49), mormente em relação à:
9.3.1. alteração da planilha de custos, de modo a evitar que a empresa Vega
utilize-se dos benefícios de empresa optante pelo Simples;
9.3.2. exigência de exclusão da empresa Vega Comércio e Serviços Ltda - ME (CNPJ
07.325.162/0001-49) do sistema Simples Nacional;
9.4. determinar à CEAL, com fulcro no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que no caso de

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a empresa Vega Comércio e Serviços Ltda - ME (CNPJ 07.325.162/0001-49) não se desvincular


do sistema Simples Nacional, abstenha-se de prorrogar o contrato decorrente do Pregão
Eletrônico nº 24/2011;
9.5. determinar à Secex/AL que monitore o cumprimento das determinações
constantes dos subitens 9.3 e 9.4 deste Acórdão;
9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Voto e do Relatório que o
embasam:
9.6.1. à Companhia Energética do Estado de Alagoas (CEAL);
9.6.2. à empresa Conserg - Prestação de Serviços, Terceirização, e Obras de
Engenharia (CNPJ 02.297.645/0001-63);
9.6.3. à empresa Vega Comércio e Serviços Ltda (07.325.162/0001-49);
9.6.4. à Receita Federal do Brasil;
9.7. arquivar os presentes autos com fulcro no art. 169, inciso IV, do Regimento
Interno do TCU

Quorum
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto
Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana
Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de
Carvalho e Weder de Oliveira

Publicação
Ata 05/2012 - Plenário
Sessão 15/02/2012
Dou 01/03/2012

Referências (HTML)
Documento(s):judoc/Acord/20120320/AC_0341_05_12_P.doc

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