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THE BOOK
de Judy Carter
Bem, eu também sou. Muitos comediantes que fazem stand-up são bem tímidos
em suas vidas privadas, e subir em um palco é um grande modo de se liberar. Pessoas
tímidas como você tem muita coisa para extravasar, e o palco lhe fornece uma arena
onde libertar suas críticas reprimidas sobre o mundo. Eu descobri que, quanto mais
quieta é uma pessoa fora do palco, mas ela tem a dizer sobre o palco. Uma vez que elas
tenham uma chance de serem ouvidas, meus alunos tímidos são aqueles que eu não
consigo fazer com que parem de falar.
E daí? Antes de terem uma carreira bem sucedida como comediantes, Jay Leno
era mecânico e Roseanne Barr era uma dona de casa com três filhos.
“I’ve been married fourteen years and I have three kids. Obviously, I breed
well in captivity.”
“Eu estou casada há quatorze anos e tenho três filhos. Obviamente, eu
procrio bem em cativeiro.”
- Roseanne Barr
1
Lame.
Darryl Hannah talvez seja realmente lindíssima, mas será que ela é capaz de fazer
as pessoas rirem? Ok, quem se importa, certo? Stand-up é um dos poucos lugares no
showbiz que aceita pessoas de todas as formas e tamanhos. De fato, uma distinção
física pode até mesmo ser a base de seu ato. Phyllis Diller e o falecido e grande Jackie
Gleason, entre outros, construíram suas carreiras no fato de ser gordo ou pouco
atraente. A comediante Geri Jewell desenvolve seu ato em cima do fato de ter paralisia
cerebral:
“I don’t understand why people will go out of their way to drink, so they
can walk like me.”
“Eu não entendo porque as pessoas se embriagam, será que é para andar
como eu?”.
Desculpa #5: “Eu não sei como escrever material para comédia”
Stand-up não tem nada ver com anotar palavras em uma folha de papel. Ela tem a
ver com dizer palavras – se apresentar. Stand-up é uma performance ao vivo, não um
livro para se passar o tempo. Por esta razão, eu desencorajo meus alunos iniciantes a
escrever seu material. No capítulo 2 existem exercícios sobre como criar seu material
gravando suas conversas em um gravador. Se você não pode falar, você não pode criar
material.
COMEÇANDO
Neil Simon
O que é engraçado?
Eu estou constantemente abismada com as coisas que as pessoas acham que são
engraçadas e com aquelas que elas acham que não são. Alguns riem de um cara
qualquer escorregando em uma casca de banana. Alguns rirão somente do Hitler
escorregando em uma casca de banana. Então, o que é engraçado? Se alguém ri, é
engraçado.
Uma platéia rirá de qualquer coisa, de tudo e de absolutamente nada. Tentar
deduzir o que pode agradar uma platéia é como tentar decidir o que cozinhar para a sua
família. Não importa o que você faça, alguém irá detestar.
Eu tenho visto muitos comediantes deixarem o palco depois de um número que
arrasou, deprimidos porque tudo o que eles viram foi um cara na terceira fileira não rir
da quarta piada. Todos os que riram na sala foram afogados pelo silêncio de um único
sujeito. E não importa se este cara não estava no clima para rir porque ele perdeu sua
família inteira em um incêndio e parou ali para um beber um drinque, antes de cometer
o suicídio.
Acredite em Você
O empresário Buddy Morra, que descobriu David Letterman e também Robin
Williams e Billy Crystal, entre outros, diz que: “você não deve dar a uma platéia o que
ela quer. Dê a ela o que você quer. A maioria dos comediantes vai descer ao nível da
platéia para fazer o seu número funcionar, quando de fato, o que você deveria fazer é
trazer a platéia para o seu nível”.
A primeira vez em que Morra viu David Letterman, ele imediatamente percebeu
que David poderia chegar a ter o seu próprio show porque ele tinha a sua identidade
própria. Morra sente o que separa comediantes que são especiais dos outros que apenas
tentam agradar. Você tem que acreditar em você mesmo.
É difícil engolir a idéia de que você não pode fazer com que todos gostem de
você. Vale a pena repetir2: Você não pode e não é capaz de fazer com que todos amem
você. Você tem que subir ao palco com um desejo apaixonado e a intenção de
comunicar seus pensamentos e sentimentos, e não apenas fazer as pessoas rirem.
2
(this one’s worth repeating):
Stand-Up Comedy – The Book Página 5 Judy Carter
Cinco Grandes Segredos para fazer as pessoas rirem
As pessoas confundem stand-up com contar piadas. Quando eu vou a uma festa e digo
que eu faço stand-up, as pessoas, inevitavelmente, dizem: “Verdade?... Conte uma
piada!” Quando eu digo a eles que eu não conheço nenhuma piada, eles não entendem.
“Mas, você é uma comediante de stand-up, certo?” Agora, quando eu vou a festas, eu
digo as pessoas que eu faço programa.
Contar piada é um jeito velho de fazer comédia.
O novo estilo de comédia é a comédia pessoal. Seu número é sobre você: seus
dilemas viscerais, seu corpo, seu casamento, seu divórcio, seu vício...
Tente encontrar piadas no ato de Sam Kinison. Não existe nenhuma piada.
“Se você alguma vez pensar em se casar, senhor, apenas lembre-se dessa
expressão – ahhhhhhhhh!”.
Sam vai de cliente a cliente, cara a cara e grita. O humor de Kinison vem de uma
atitude extrema em relação às mulheres, ao Vietnam e às crianças famintas. Sua atitude
raivosa e consistente é a força que move o seu sucesso.
Meus alunos, que escolhem tópicos que são verdadeiros e, mesmo, dolorosos
para eles, são muito mais bem sucedidos do que aqueles que escolhem tópicos que
pensam ser engraçados ou esquisitos. A bem da verdade, quanto mais sincero for o seu
material, melhor. As pessoas adoram rir do sofrimento dos outros. Eu não tenho certeza
do porquê. Talvez porque eles estejam felizes de que isso não esteja acontecendo com
eles.
Paula Poundstone, a Silvia Plath da comédia, faz um ‘bloco de piadas’ 4 a respeito
de sua desastrada tentativa de suicídio.
“Eu tentei usar monóxido de carbono, mas meu prédio tem uma garagem
subterrânea gigantesca, então, aquilo estava levando muito tempo. Eu tinha
levado uma pilha de livros e alguns salgadinhos. As pessoas passariam e
bateriam na minha janela e diriam, “Como está indo esse suicídio?” E eu
diria, “Está indo bem, obrigada, eu me senti sonolento hoje mais cedo”.
A desolação de Garry Shandling sobre ser rejeitado pelas mulheres fez dele um
comediante milionário.
“I broke up with my girlfriend. She moved in with another guy, and I draw
the line at that.”
3
“Two Jews walked into a bar…”
4
chunk
Um dos principais equívocos sobre ser engraçados é que você tem que ser aquele
tipo de pessoa alegre e pra cima o tempo todo. Mentira. É bem mais interessante assistir
alguém lutando com os seus problemas do que um tipo espirituoso, perfeito e sabe tudo.
Você já notou que não há muitos monges que são comediantes? Lembre-se... quanto
mais miserável for a sua vida, melhor será o seu número. O truque é estar disposto a
expor você mesmo o mais que você puder, sem ser preso.
Histórias engraçadas geralmente não funcionam. O erro mais comum que meus
alunos cometem quando eles começam a levantar idéias para o seu número é contar
histórias a respeito de alguma coisa “engraçada” que realmente aconteceu com eles:
Outra razão porque histórias não funcionam é porque a platéia dos night clubs,
muito freqüentemente, está bêbada e sua atenção tem curta duração. Qualquer piada que
seja mais longa que cinco linhas, sem um desfecho engraçado, está em maus lençóis.
Bob Fisher, proprietário do L.A.’s Ice House e responsável pela agenda de sete
clubes de comédia, não contratará contadores de histórias que falem por cinco minutos
sem criar um desfecho engraçado. “Eu procuro pelo tipo de comediante que trabalha
com preparação e desfecho, ao contrário do contador de histórias, porque eu preciso de
um comediante que dê a platéia um certo número de risadas por minuto.”
Histórias também não funcionam porque elas são, freqüentemente, contadas no
passado:
Este é o mesmo material contado pelo comediante Bob Dubac, no presente e não em
forma de história:
“Como esses fios de telefone podem ficar tão enroscados? Como? Tudo o
que eu faço é atender ao telefone, falar, e desligar. Eu não atendo, dou uma
estrela, uma cambalhota e, então, desligo.”
“Você não tem que agir como um babaca para conseguir risadas.”
Se eu disser para você agora “seja engraçado”, o que você faria? Muitas pessoas,
provavelmente, começariam a fazer caretas, pular para cima e para baixo, e fazer algo
que poderia colocá-las em um hospício.
Ser engraçado não tem nada a ver com agir de modo estranho ou ultrajante.
Quando mais estranho você for, menos as pessoas te entenderão, e ninguém ri quando
está confuso. Por mais excêntrico que comediantes como Howie Mandel e Sam
Kinison, sejam, eles fazem um esforço enorme para comunicar suas idéias de forma
clara. Agir de maneira estúpida pode ser engraçado se você estiver atuando para
crianças de cinco anos de idade. Entretanto, trabalhos em jardins da infância não
surgem com freqüência e o salário é miserável.
Comediantes novatos têm uma tendência a tentar serem engraçados. Vá a uma
noite de amadores e observe esses comediantes. Um cara sobe no palco com a intenção
de ser bacana. Ele fala a sua primeira linha e ninguém ri. Então, ele se esforça mais para
ser engraçado. Ele está falando mais alto, ele está gesticulando, ele está se tornando um
homem em desespero. De repente, você sente que se você não rir, este cara irá para casa
e cometerá suicídio e será culpa sua. Não é surpresa que daqui por diante nada que ele
faça seja engraçado. Quanto mais forte ele tenta ser engraçado, mais você reza, ‘Por
favor, Deus, faça ele parar!’
Se você está no palco querendo desesperadamente uma explosão de gargalhadas,
uma risada, ou “a tee hee”, você será responsável por não conseguir nenhuma delas.
Nada aborrece mais as pessoas do que quando elas pensam que alguém quer algo delas.
Não interessa se é amor ou risadas, isso precisa ser dado gratuitamente. Exatamente
como as pessoas mais desesperadas por amor acabam morando sozinhas em
Winnebagos, os comediantes mais desesperados por risadas terminam tendo que manter
os seus empregos convencionais.
“Eu moro em uma rua de mão única e sem saída. Eu não entendo como eu
cheguei lá.”
Lembre-se... é uma comédia o que você está fazendo, não uma cirurgia do
cérebro. Relaxe e divirta-se.
Se você realmente entendeu esses princípios, você está pronto para começar:
Workshop # 1
ESTUDANDO O TRABALHO DOS COMEDIANTES
Quando você assiste a um bom comediante, você nunca deveria estar consciente da
estrutura de seu ato – você deveria estar muito ocupado rindo. Bons comediantes
aparentam estar falando com espontaneidade e de improviso. “Eles simplesmente
acordaram lá e são engraçados”. O que muitas pessoas não imaginam todos os
comediantes em atuação estruturam seus atos em fórmulas de comédias muito
específicas.
Muitos anos atrás, eu apareci em um especial de novos comediantes para a HBO.
Também na agenda do programa estava um novo comediante chamado Robin Williams.
Eu estava particularmente curiosa para vê-lo ensaiar, porque, como quase todo mundo,
eu tinha a impressão de que seu número fosse totalmente improvisado. Não era
verdade. Durante o ensaio, na medida em que eu espiava a conversa dele com o diretor,
ficou muito claro que todo o seu número tinha sido bem mapeado.
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c. O que você gosta e o que você não gosta a respeito deste comediante?
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OBS.: Você não deve NUNCA, eu repito, NUNCA apresentar publicamente o material
de outro comediante. Este exercício é planejado para ajudá-lo a perceber como soa o
material de bons profissionais. Apresente o material de outra pessoa mesmo para
somente uma outra pessoa é roubo e não vai levá-lo muito longe.
Agora... antes de passarmos a criação do seu próprio ato, existe um pequeno
demônio com o qual devemos tomar cuidado...
Workshop # 2
LIDANDO COM O SEU LADO CRÍTICO
Quando eu tento ignorar o meu lado crítico, sua voz apenas aumenta de volume.
Então, eu fiz um trato com ela. Eu lhe dou um tempo ininterrupto para falar com uma
condição: que ela dê uma volta enquanto eu estou criando. Funciona.
NOTA: Faça este exercício toda a vez em que você tiver um ataque de ansiedade,
ou um bloqueio de criação. Primeiro, leve o seu lado crítico para dar uma volta.
Permitir que o seu lado crítico se expresse plenamente pode libertar o medo e restaurar
seu processo criativo.
Dê uma volta em torno do quarteirão e critique você mesmo em voz alta,
enquanto caminha (faça isso em um lugar onde você não vai esbarrar em pessoas que
você conhece e ser confundido com um “bagperson” - vagabundo, drogado, bêbado).
Dê um nome ao seu senso crítico. Deixe tudo “numa boa”.
Ou, você pode dar uma volta e gritar com a sua voz crítica como se ela fosse uma
assustadora pessoinha. Esteja certo de que tudo dará certo. Faça acordos – barganhe.
“Certo, Slash, eu vou fazer uma dieta, se você, primeiro, me deixar terminar este
capítulo, ok?”
Eu cheguei num ponto em que descobri que o meu lado crítico é hilário – da
mesma forma que eu descobri que todos os psicóticos paranóicos são cheios de humor.
Então, dialogue com o seu lado crítico. Tirar o seu crítico de dentro do armário e
o conhecer a luz o tornará menos perigoso e, talvez, ainda lhe forneça material
engraçado. Sendo assim, pegue papel e lápis. É hora de ouvir o que o seu lado crítico
tem a dizer. Por três ou cinco minutos:
Stand-Up Comedy – The Book Página 12 Judy Carter
Anote tudo que ele diz, assim como um escrivão de um tribunal – não avalie
nada, simplesmente registre.
Escreva as suas respostas. Dialogue com o desgraçado. Para distinguir entre as
duas vozes, experimente escrever como o crítico com a sua mão direita, e como
você mesmo com a esquerda.
Releia o que você escreveu e pergunte a si mesmo:
a) O seu lado crítico soa familiar? Se positivo... com quem ele se parece?
(meu chefe, minha mãe, meu irmão, etc.). Escreva a sua resposta aqui:
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b) Que tipo de relacionamento você tem com o seu lado crítico? (mãe e
filho, pai e pilha, carrasco e vítima, professor e aluno, etc.) Anote todos
os seus pensamentos. Alguns poderão soar vagos. Tudo bem.
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RESUMO
Lembre-se dessas regras e você e você estará preparado para um bom começo:
Stand-Up Comedy – The Book Página 13 Judy Carter
1. Encare com seriedade o que você diz sobre o palco. Se comprometa com o seu
material.
2. Não tente ser engraçado. Não espere nada do público.
3. Não conte piadas ou histórias. Seja você mesmo.
4. Controle o seu lado crítico. Quando estiver com medo, dialogue com o seu crítico
interior.
5. Relaxe. Divirta-se.
REUNINDO MATERIAL
Você não tem que olhar no jornal para encontrar material. Todo o material de que
você necessita está dentro de você. É só o caso de descobri-lo, colocá-lo para fora e
entregá-lo para o público. Mesmo se você nunca esteve sobre o palco antes, eu tenho
certeza de que você já fez um número. Lembra-se daquela festa onde você começou a
falar mal do seu ex-marido, as pessoas ficaram vidradas em você e rolaram de rir? Ou,
que tal aquela vez na terapia, quando você matou o seu analista de rir, desesperada com
o seu peso, ou divertiu o carteiro reclamando das contas? Tudo isso poderia servir de
material para a sua apresentação.
Neste capítulo, nós iremos reunir seus temas, seu material cru. No Capítulo 3 nós
o transformaremos em rotinas engraçadas. Então, por onde começar? O modo de
começar a desenvolver material é encontrar:
A sua atitude
Os assuntos de seu interesse
E a conexão entre os dois
“Ninguém me respeita...”
- Rodney Dangerfield
-
Quando um cantor canta, ele põe para fora os seus sentimentos. Bons
comediantes não contam piadas, simplesmente, eles se apresentam com uma atitude
emocional muito específica. Atitude é a força vital de um ato. O material não pode ser
emocionalmente neutro. Os temas do seu interesse têm que te deixar com repulsa,
machucar você, deixa-lo excitado, porque o público não reage a palavras, ele reage a
sentimentos.
Toda pequena parte de seu material tem uma atitude específica, tais como “Eu
estou preocupado com...” ou, “EU AMO...” ou “Eu estou FURIOSO com...” Este
pedaço de um ato de Margareth Smith mostra como ela se sente a respeito de seu
empresário.
“I hate my manager. He’s always giving me advices like ‘Wear red lipstick
up there. Look pretty.’ What if I’m not funny and it´s coming out of these
big old red lips? It’s like being a crummy outfielder with a paisley mitt.”
“Eu fico intrigada com lapelas. Elas têm uma casa para botão, mas nenhum
botão. E para que servem aquelas dobras em “V”? Se você juntá-las, elas
formam um quadrado? Quem inventou isso, Jean Paul Sartre? Lapelas!
Lapelas! Lapelas! A vida é um grande mistério!”
“Eu adoro ser Negra porque isso faz com que os meus amigos brancos
sintam-se muito liberais. Eu alugo a mim mesma todos os dias de Martin
Luther King como um suporte áudio visual. Isso faz com que eu me sinta
especial, como a última uva passa em uma tigela de cereais.”
Atitude não deve ser confundida com persona. A maioria dos comediantes tem
uma atitude diferente para cada trecho de seu material, e durante o seu número, eles
pulam de algo que os deixa com raiva para alguma coisa da qual eles têm orgulho, e
depois para algo que os deixam preocupados.
Uma persona é quando o comediante tem uma atitude emocional específica para
todo o seu número e todo o seu material está ligado a isso.
Por exemplo:
Rodney Dangerfield – “Ninguém me respeita...”
Todas as “piadas” que eles contam iluminam o modo particular como eles
trabalham o seu ponto de vista. Você pode sempre identificar a persona de um
comediante. Esta é uma ciosa que nunca está ofuscada.
“Eu liguei para o meu médico. Disse a ele que estava com diarréia. Ele me
pôs na espera. A história da minha vida... nenhum respeito.”
- Rodney Dangerfield
- Jay Leno
- Richard Lewis
Comprar material para comédia antes de você ter uma persona definida será um
desperdício de dinheiro. Quando escritores de comédia criam material para outros
artistas, eles primeiro devem se familiarizar com a persona daquele comediante.
Material que é perfeito para Richard Lewis provavelmente será um desastre nas mãos
de Jay Leno. Pessoas que roubam material cometem o erro de roubar as piadas de um
comediante sem a sua persona. Eu estava me apresentando numa campanha beneficente
para levantar fundos e esta loira adolescente de olhos azuis tinha memorizado um
número de Bil Cosby palavra por palavra. Ela foi um fiasco. Mesmo que ela tenha dito
o material palavra por palavra, o que estava errado era a atitude de Cosby: seu
entusiasmo quase infantil pelo mundo em que ele vive. Pessoas que roubam material
estão destinadas ao fracasso. Elas evitam o verdadeiro trabalho da stand-up – cavar
fundo dentro delas mesmas e descobrir seu jeito único e particular de enxergar o
mundo.
Muitos alunos querem saber logo qual deve ser a atitude deles. Infelizmente, sua
atitude geral, sua persona sobre o palco, não é algo que você possa conscientemente
planejar. Ao contrário, preferivelmente, ela é algo que se desenvolve a medida em que
você descobre os temas de seu interesse. Então, por enquanto, não se preocupe com
isso.
Na próxima sessão você começará o processo de cavar um monte de tópicos e
testar diferentes atitudes.
Aqui estão alguns tópicos dos meus alunos ao lado das suas atitudes
correspondentes:
TOPICOS ATITUDES
Correntes AMA
Minha pedicure AMA
Bárbara Bush ADORA
Gaze SE PREOCUPA
Liver spots (pedaços de fígado?) SE PREOCUPA
Ser um nerd SE ORGULHA
Cachorros quentes de graça AMEDRONTADO
Biquínis “peludos” (Fur Bikinis) AMEDRONTADO
O alergia de pele de minha mãe ODEIA
Mímica ODEIA
Pessoas que desembrulham balas nos ODEIA
teatros
1. Piadas racistas. Não fale mal de negros, judeus, hispânicos, orientais e assim por
diante a menos que aconteça de você ser negro, judeu, hispânico, oriental, etc. O
mundo não precisa de mais racismo e você não precisa de um nariz quebrado.
Isso também inclui falar mal dos homens se você é uma mulher e vice-versa. Ao
invés de “Mulheres são difíceis de se lidar...”, tente, “Eu tenho medo de mulheres
fortes...” Expressar seus medos interiores ao invés de reclamar sobre os outros
resulta em material melhor e o torna mais atraente.
2. Doenças. Não use câncer, AIDS, ou outra doença terminal como um tópico a
menos que você queira uma platéia deprimida e com os olhos cheios de lágrimas.
3. Imagens nojentas. Evite criar metáforas gráficas (graphic imagery) tais como
qualquer coisa que pingue dos orifícios do corpo humano. A platéia pode estar
comendo.
4. Palavrões. Depende de como você os usa. Comediantes como Kinison, Pryor e
Carlin se utilizam deles com bom resultado, mas comediantes preguiçosos usam
palavrões porque eles não conseguem imaginar como fazer algo ficar engraçado
e pensam que palavrões ajudarão. Em muitos casos, comediantes sem talento
usarão palavrões como uma maneira de camuflar sua falta de paixão.
“A única coisa que eu gosto a respeito dos filmes pornôs é aquele tema
musical do início dos anos setenta (diz em ritmo de jazz): “Bau chick a
boom bau”. Quando você ouvia esta música, sabia o que ia acontecer. A
dona de casa está sozinha, o jardineiro entra para beber água, e... ‘bau
chick a boom bau’. Ele poderia ter bebido da mangueira, mas ele queria
um pouco de: ‘bau chick a boom bau’.”
Quem é Você
A maneira correta de se construir um ato cômico é descobrir o que você sente
efetivamente sobre:
O seu eu exterior (aparência física)
O seu eu interior (temas pessoais, isto é, infância, pais, escola,
relacionamentos)
O mundo em que você vive (comentários sociais, política, etc.)
- Richard Lewis
Todo mundo tem traços que não são aceitáveis socialmente. Quando mais
embaraçante eles forem, melhores serão as “piadas” que resultarão deles. As pessoas
vão a um clube e pagam no mínimo dois drinques para escutar coisas que elas
simplesmente pensam a respeito. O comportamento apropriado na vida real é
perfeitamente de acordo para o palco.
Tenha em mente que seus traços negativos precisam ser críveis. Uma platéia não
comprará um homem bonitão falando sobre como ele é mal sucedido com as mulheres.
Nem tão pouco, comprará uma mulher magra falando sobre quão gorda ela é, a menos
que ela diga isso com sarcasmo. Mesmo que você se ache gordo, ou feio, a menos que
os outros também achem, você confundirá a platéia. Você tem que estabelecer
credibilidade com o público. Você precisa ser autêntico e convincente. Diga a verdade.
“Eu tive que me mudar para Nova Iorque por motivos de saúde. Eu sou
extremamente paranóico e Nova Iorque é o único lugar onde meus medos
são justificados.”
- Anita Wise
Lembre-se, você não precisa inventar nada porque a verdade é o suficiente para
entreter.
Workshop # 3
TRAÇOS NEGATIVOS DE PERSONALIDADE
Hora de se confessar
1. Mentiroso_________________________________________________________
______
2. Fracassado________________________________________________________
______
3. Relaxado_________________________________________________________
_______
4. ________________________________________________________________
5. ________________________________________________________________
Stand-Up Comedy – The Book Página 20 Judy Carter
6. ________________________________________________________________
7. ________________________________________________________________
8. ________________________________________________________________
9. ________________________________________________________________
10. ________________________________________________________________
Workshop # 4
CARACTERÍSTICAS ÚNICAS
Existe alguma coisa a seu respeito que o torne único? Você tem uma ocupação
incomum? O ato de uma aluna, Belinda Ware, foi baseado no seu emprego estranho.
“Eu sou coveira no Forest Lawn. Não é tão ruim. Meus clientes não
reclamam.”
“Algumas pessoas pensam que mulheres não podem dirigir caminhões. Ei,
eu sou capaz de manobrar em vagas minúsculas e de me segurar para ir ao
banheiro por três mil milhas, e minha bunda pode criar hemorróidas tão
grandes quanto as desse cara aqui.”
“Contar para os seus pais que você quer ser um comediante é dureza,
especialmente quando eles são Mormons. Eu me lembro de pedir para que
eles se sentassem e dizer, ‘Agora, olhem, mãe, pai, mãe, mãe...”
“I haven’t had a date in two and a half years, but, maybe that´s because I
haven’t heard the phone ring.”
“Ninguém me convida para sair já há dois anos e meio. Talvez, isso tenha
alguma relação com o fato de eu não escutar o telefone.”
Ou, existe alguma coisa única a respeito de sua família? A aluna Linda Adelman
baseou seu ato em um tópico muito arriscado, seus pais são sobreviventes do
holocausto:
O comediante Blake Clark baseia seu ato no fato de ser um veterano da guerra do
Vietnã:
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Workshop # 5
SEU EU EXTERIOR
Uma ótima maneira de abrir uma apresentação é fazer piada com o mais óbvio –
com o que você se parece. Você é magro, gordo, de alguma etnia, e assim por diante?
Pode ser algo tão simples quanto o seu cabelo. Uma das minhas alunas tinha cabelo em
abundância. Ela subia no palco, esperava um momento, e então, dizia com nenhuma
expressão em seu rosto:
Isso fazia a casa vir abaixo. Nenhuma piada, nenhum desfecho, simplesmente a
verdade nua e crua com uma atitude cheia de honestidade como “Eu detesto...”
Outro aluno tinha um visual completamente inexpressivo (wimpy-looking). Suas
primeiras palavras no palco eram:
Esses traços físicos não serão engraçados agora, mas eles serão de grande ajuda para
a criação de material no Capítulo 3.
Se esse exercício sobre traços físicos não tiver resultado em nenhum material,
não se preocupe. Muitos dos meus alunos não têm traços físicos notáveis o
suficiente para se brincar a respeito.
Faça uma lista das coisas que você odeia. Coisas que o desagradam. Escolha
tópicos que sejam mais pessoais. Um pai é melhor do que um tio. Tópicos que tem
sido terreno fértil para boas piadas são: cirurgia plástica, encontros às escuras,
homens que cospem, pelos que crescem em lugarem incomuns, ninfomaníacas
(bimbos), proctologistas, o modo como o meu pai come, a alergia da minha mãe...
Carregue esta lista com você durante todo o dia e anote ao menos dez coisas que
você odeia. Não corte nada. Seja brutal, irreverente, e o mais específico que puder.
Odiar “o modo como minha mãe se levanta da cama” é melhor do que odiar sua
mãe. Odiar Couve de Bruxelas é melhor do que odiar verduras. Não preencha a lista
de uma só vez. Seja genuíno e tenha paciência enquanto você reúne as sementes de
seu ato.
1. Eu odeio política___________________________________________________
2. Eu odeio funk______________________________________________________
3. Eu odeio a minha avó_______________________________________________
4. Eu odeio quem finge que é meu amigo_________________________________
5. Eu odeio__________________________________________________________
6. Eu odeio__________________________________________________________
7. Eu odeio__________________________________________________________
8. Eu odeio__________________________________________________________
9. Eu odeio__________________________________________________________
10. Eu odeio__________________________________________________________
Workshop # 7
COISAS QUE TE PREOCUPAM
Mais uma vez, seja específico o tanto quanto possível. Se preocupar com
manchas na pele é melhor do que se preocupar com envelhecimento em geral. Anote
todas as coisas excêntricas com as quais você se preocupa.
Workshop # 8
COISAS QUE TE ASSUSTAM
Anote todas aquelas coisa que te assustam. Lembre-se que precisam ser itens que
realmente te dão medo. Fique longe das coisas típicas como guerra nuclear e
descubra aquelas pequenas coisa incomuns como bicho da batata, biquínis peludos,
correntes, mecânicos de automóveis, morrer em um avião...
1. Eu tenho medo de
morrer___________________________________________
2. Eu tenho medo de não ser engraçado no palco ________________________
3. Eu tenho medo de
_________________________________________________
4. Eu tenho medo de
_________________________________________________
5. Eu tenho medo de
_________________________________________________
6. Eu tenho medo de
_________________________________________________
7. Eu tenho medo de
_________________________________________________
8. Eu tenho medo de
_________________________________________________
9. Eu tenho medo de
_________________________________________________
10.Eu tenho medo de
_________________________________________________
Workshop # 9
ATITUDE
Adicionando Atitude
Antes de você organizar seus itens como material de stand-up, você precisa
captar o sentimento para você irá falar sobre seu tópico com uma atitude específica.
Como eu disse antes, todos os tópicos devem ser representados com uma atitude
específica. Para captar este sentimento, escreva todo o seu material em pequenos
pedaços de papel e os coloque em uma bolsa. Pegue um gravador portátil ou uma
caneta e papel. Encontre um lugar reservado onde você possa caminhar e falar com
você mesmo sem ficar constrangido. Tire um tópico da sua coleção de temas e
comece a falar sobre ele o mais rápido que você puder no gravador, ou escrever o
mais ligeiro possível, de maneira que você liberte todo o seu ódio, preocupação,
medo ou orgulho. Exagere esses sentimentos.
Você está zangado com a sua vida amorosa? Grite, expresse todo o seu ódio no
gravador ou escrevendo tudo sobre sua vida amoroso que o deixa furioso e o porquê.
Pergunte a si mesmo, “Porque isso me irrita e quais seriam algumas conclusões
engraçadas?” Solte-se. Por exemplo:
“Eu estou zangada por ser solteira. Porque todos os príncipes com quem eu
saio viram sapos no final? Estou zangada por ser uma mulher na casa dos
trinta que começa a pensar em ter filhos enquanto os homens de trinta anos
começam a pensar em sair com meninas que poderiam ser suas filhas.
Estou zangada com Florence Henderson. Eu não sei porque eu passo noites
acordada pensando sobre ela, talvez seja porque ela é tão normal. Eu tenho
raiva de não ser normal. Que, ao invés de ter dois filhos e um marido, eu
tenha dois gatos e um cachorro. Há alguma coisa de errado com uma
mulher que prefere a companhia de seu cachorro ao invés de sair com um
homem? Eu não sei... talvez eu seja meio humana, meio cachorro. Deveria
haver um livro com o título Mulheres Que Amam Demais Os Cães...”
Atitudes contrastantes
Uma maneira eficiente de criar material é usar uma atitude oposta em relação a
um tema e falar sobre ele com sarcasmo e cinismo. Não existe nada de engraçado sobre
“Eu sou em cara selvagem e louco”. Mas, quando Steve Martin diz essas palavras com
uma atitude forte, ele faz a platéia vir abaixo.Sua atitude é ter orgulho em ser selvagem
e louco. E ele passa essa informação com um comprometimento exagerado.
David Letterman construiu sua carreira a partir desta técnica de sarcasmo,
cinismo e ironia:
“Oh, sim, teremos um grande show esta noite, um show excitante, você pode até
sentir essa de que alguma coisa extra especial vai acontecer hoje à noite.”
Nas minha aulas, quando meus alunos empacam, eu sugiro que eles identifiquem
em uma palavra uma atitude improvável para seus temas e falem sobre ela usando a
técnica do sarcasmo. Por exemplo, uma aluna tinha “ser solteira” em sua lista de
“coisas que eu odeio”. Quando ela se expressou com exagero a respeito de como ela
odiava ser solteira, aquilo soou como se ela estivesse se lamentando e reclamando. O
material ficou bem melhor quando ela mudou a atitude de ódio para adoração e o falou
com a técnica do sarcasmo:
Workshop # 10
FALANCO COM SARCASMO
Para ter uma idéia de como isso funciona, experimente usar a atitude de AMAR
para um item que da lista de coisas que você odeia. Grite, se expresse com intensidade
sobre o quanto você ama aquele item em um tom de sarcasmo, ironia e cinismo. Tente
falar sobre isso do jeito que você acha que o David Letterman falaria.
Workshop # 11
SENTINDO ORGULHO
“Eu me orgulho de ser um fracasso... É algo no que eu sou bom. Ei, pelo
menos eu sou confiável. Se você precisa de alguém que ponha tudo a
perder, você pode contar comigo.”
“Eu me orgulho em ser deficiente físico. Se não fosse por caras como eu,
vocês perderiam o dia todo procurando por uma vaga para estacionar.”
Pratique esta técnica de ter uma atitude contrária, agregando a atitude de ter orgulho de
seus traços negativos de personalidade e/ ou de suas características singulares. Por
exemplo:
______________________________________________________________________
_
______________________________________________________________________
_
______________________________________________________________________
_
4. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
Agora, experimente o exercício de falar estes tópicos com vigor e sentimento o mais
rápido que puder usando a atitude “Eu tenho orgulho”. Imagine que vocês ta falando
para alguém. Pratique conversar sobre os seus temas como se você estivesse
defendendo a si mesmo para esta pessoa. Você não tem que suar literalmente as
palavras “Eu tenho orgulho”. Você pode simplesmente sentir. Por exemplo, “Eu tenho
orgulho de ser um CDF!” se torna “Certo, eu sou um CDF.” A, então, defenda a você
mesmo dando ênfase nas vantagens de ser um CDF assim como fez meu aluno Steve
Guentner:
“Eu não tenho vergonha. CDF’s tem um monte de qualidades. Nós somos
bons para a economia. Quem mais compra todas essas calculadoras, meias
brancas, óculos, protetores de camisa, camisas xadrez, réguas de arquiteto,
computadores, vídeos do seriado Jornada nas Estrelas, livros de ficção
científica, e blocos de zona azul? CDF’s! CDF’s prestam serviços
valorosos. Quem se candidata a presidente? CDF’s! Quem lhe dará uma
carona ao aeroporto as três da manhã? CDF’s!”
Misture e Combine
Trabalhe misturando e combinando mais de seus tópicos em atitudes inusitadas.
Se você é um cara, ‘adorar mulheres obesas’ é muito mais interessante e simpático do
que ‘odiar garotas gordas’. Se você é uma garota e um tema da sua lista de
características exteriores são suas coxas, por exemplo, tente uma atitude improvável de
“amor”.
Com muita freqüência, meus alunos terão respostas típicas em suas listas de
coisas que eles odeiam, tais como ‘Eu odeio ficar em filas’, ou, ‘Eu odeio receber
multas’. Então, o que é novo? Provavelmente, conduzir para um final engraçado de
matar. Mas, agora, troque tudo de lugar, de modo que fique assim, ‘Eu amo receber
multas’ e assista o potencial da comédia se revelar:
Workshop # 12
MISTURANDO E COMBINANDO ATITUDES
Para praticar, ponha suas mãos para trabalhar em expressar-se com vigor a
respeito dos seguintes tópicos com estas atitudes inusitadas:
Workshop # 13
ACHANDO AS PÉROLAS NO MEIO DO LIXO
Existe a possibilidade de, no meio de toda a sua falação, existir algum material
engraçado.
1. Escute repetidamente a fita que você gravou e perceba que partes soam como se
fossem engraçadas. Ou, talvez, alguma coisa que você tenha dito lhe dê uma
idéia para algo completamente diferente. Lembre-se, não conte piadas. Cada
pedaço tem de consistir de uma atitude atrelada a um tópico.
“Eu me preocupo com essas bolinhas que aparecem nas roupas. De onde
elas vêm? Eu lavo minhas roupas várias vezes e sempre aparecem essas
bolinhas, mas minhas roupas não diminuem de tamanho. E por que, não
importa qual seja a cor das roupas que você lava, as bolinhas são sempre
cinzas?”
4. Se alguém rir, anote palavra por palavra o que você disse de modo a lembrar-se o
que foi dito exatamente da maneira pela qual você obteve a risada. E parabéns.
Você tem o primeiro pedaço do seu ato.
Resumo
Até agora você:
As fórmulas
Até o presente momento, você já gravou a si mesmo expressando seus tópicos
com vigor e testou um pouco do seu material. Muito provavelmente, alguma parte de
seu material provocou risadas enquanto outra parte foi recebida com um frio silêncio.
Você, provavelmente, também descobriu que o material que obteve risadas na primeira
tentativa, não funcionou quando testado novamente. Não se assuste. Neste capítulo,
você irá moldar e transformar tudo o que pos para fora com vigor, em material
profissional de comédia por meio de fórmulas específicas da stand-up.
Você, talvez, esteja resmungando baixinho “Por que ela não me deu essas
fórmulas logo no começo e acabou logo com isso?”. Boa pergunta.
Eu descobri que material baseado apenas em fórmulas soa artificial, sem alma, e
não é engraçado. Falta paixão. E paixão tem de vir em primeiro lugar. Paixão fornece o
combustível, o movimento, a inspiração que irá guiá-lo através do seu ato. A paixão
revela a sua essência – diz quem você realmente é. Mas, paixão e talento não são
suficientes. Você deve ser capaz de tornar as suas idéias compreensíveis, inteligíveis e
fazê-las claras para a platéia.
Mantenha isso em mente, você agora está preparado para aprender as fórmulas
que o ajudarão a moldar e estruturar idéias de modo que a platéia entenda exatamente o
que você está tentando comunicar.
Eu não posso dizer com certeza absoluta do que uma platéia irá rir, mas eu posso
dizer com certeza ela não achará graça de algo que ela não entende. Lembre-se, a
maioria das pessoas em um night club está bêbada. Enquanto você está sobre o palco
com o material que faz sentido perfeitamente para você, para a sua mãe e para o seu
confeiteiro, a questão se torna: será claro para algum cara excitado, com duas
margaritas agindo abaixo de sua cintura, que somente está interessado em transar?
Preparação / Desfecho
Todo material de stad-up deve ser organizado na fórmula de preparação (setup) e
desfecho (punch). Se seu material não está organizado desta maneira, você não está
fazendo standup. Talvez você esteja contando uma história engraçada, recitando uma
poesia, fazendo um discurso, mas isso não é standup. Stand-Up comedy é uma forma
muito específica de entretenimento, e consiste em uma coleção de preparações e
desfechos (setups e punches).
O desfecho é quando a audiência ri. A preparação é aquela linha ou duas que
conduz até o desfecho.
SETUP:
PUNCH:
“Ela insistiu que era culpada.”
A preparação (setup) é a parte sem graça da piada. É a parte da piada que contém
a informação que introduz a matéria, o tema, o assunto da piada.
SETUP:
“At my gym they have free weights...”
PUNCH:
“So, I took them home.”
SETUP:
“I’m into Jewish bondage…”
PUNCH:
“… that’s having your money tied up an IRA account.”
- Noodles Levenstein
SETUP:
“I used to be a virgin, but I gave it up...”
PUNCH:
“… there was no money in it.”
- Marsha Warfield
SETUP:
“Se pessoas que não enxergam usam óculos...”
PUNCH:
“Por que os surdos não usam protetores de orelha?”
SETUP:
“I’m a great lover...”
PUNCH:
“… I bet.”
“... Eu aposto.”
- Emo Philips
Uma preparação bem feita seduz a platéia a prestar atenção em você. Um bom
desfecho força a platéia a ter uma reação. Aqui, Rita Rodner prepara o desfecho
fazendo uma pergunta a platéia que os arrasta em uma direção:
SETUP:(PERGUNTA)
“Why are women wearing perfumes that smell like flowers?”
PUNCH:
“Men don’t like flowers. I’ve been wearing a great scent. It’s called ‘New
Car Interior’.”
“Homens não gostam de flores. Eu agora uso uma excelente fragrância. Ela
se chama: ‘Interior de Carro Novo’.”
Emo Philips ganha a atenção da platéia usando uma preparação que choca o
público:
SETUP:
“Probably the toughest time in anyone’s life is when you have to murder a
loved one because they’re the devil...”
PUNCH:
“… Other than that, it’s been a good day.”
SETUP:
“I’m a quadrasexual.”
PUNCH:
“That means I’ll do anything with anyone for a quarter.”
- Ed Bluestone
Um desfecho sem uma preparação é como sexo sem preliminares. Imagine quere
beijar alguém. Um amante amador se apressa sem se preocupar em preparar o beijo
para o que virá. Um amante mais habilidoso prepara a situação, primeiramente, talvez,
tocando a nuca. Então, tirando seus óculos. Aproximando-se devagar da sua amada e,
então... o beijo.
Você deve ter notado que as piadas acima não contém uma atitude específica tal
como “Eu odeio” ou “Eu me orgulho” e assim por diante. Quando lapidam seu material
no formato de preparação e desfecho, os comediantes mais profissionais irão interpretar
sua atitude ao invés de dizê-la de forma explícita. Por exemplo, a atitude de Rudner no
trecho acima poderia ser “Eu odeio mulheres que usam perfumes que tem cheiro de
flores.” A atitude da piada de Bluestone poderia ser, “Eu me orgulho de seu um
‘trocasexual’.” A atitude é, então, comunicada na maneira como o comediante expressa
seu material.
Workshop # 14
IDENTIFICAÇÃO DA PREPARAÇÃO E DO DESFECHO
“Eu não me importo com a morte, eu só não quero estar lá quando ela
chegar.”
Para a minha aluna Nancy Wilson, não há nada de divertido em sua luta com o
alcoolismo.
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I would drink because I wasn’t married...”
PUNCH:(EXAGERO)
“… and then I would drink because I was married.”
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Then I would drink because I couldn’t find my kids…”
PUNCH:(EXAGERO)
“…and then I would drink because I found them”
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Quando eu larguei a bebida eu percebi que eu tinha gêmios idênticos... Eu
sequer tinha me dado conta disso...”
PUNCH: (EXAGERO)
“Eu pensava que todo o tempo eu estava vendo dobrado.”
Stand-Up Comedy – The Book Página 37 Judy Carter
É engraçado observar alguém envolvido com suas batalhas e interesses. Até este
ponto, você não es´ta necessariamente capacitado a analisar o seu material. Com o
objetivo de descobrir seus desfechos ou tiradas, você precisa estar disposto a testar o
seu material diante outras pessoas. Lembre-se, não deixe que eles saibam que você está
experimentando suas piadas. Apenas comece a falar do seu corte de cabelo:
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I just hate my hair. I was out with my boyfriend looking like some pre
Rafaelite dream…”
PUNCH:(EXAGERO)
“… I woke up de next morning looking like Don King.”
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I hate flavored douches...”
PUNCH: (EXAGERO)
“… If I was meant to smell like a strawberry, I would have been born in a
basket with a green thing growing out of my head.”
Carregue o gravador na sua bolsa e o leve para todo lugar. E eu falo sério quando
digo: TODO LUGAR. Mesmo no meio de uma transa, comediantes precisam estar
preparados para gozar e dizer “Espere um minuto, preciso dar um tempo com a
sacanagem e dar uma atenção aqui”.
Escute a sua gravação. Onde todo mundo riu, ali está a sua tirada, o seu desfecho.
Você talvez tenha perdido uma transa, mas conseguiu um pequeno trecho de material.
Lembre-se: Standup exige culhões.
Ouça a sua gravação e a transcreva para o papel, espaço duplo, no mínimo três
páginas das suas lamúrias. Sublinhe todos os desfechos cômicos, os lugares onde você
espera que as pessoas riam. Então, leia…
Este é o estágio em minha aula onde os meus alunos querem pular fora.
É péssimo que escrever comédia não seja a bagunça que aparentava ser nos
shows de TV do Dick Van Dyke. Sally, Rod and Buddy davam a impressão de que os
escritores saiam falando bobagens, rindo uns dos outros com tiradas preciosas cada vez
que abriam a boca. Qualquer pessoa que já esteve perto de um escritor de comédia de
verdade sabe que às vezes, a procura pela preparação ideal para uma piada sobre roupas
íntimas é tratada com a intensidade e seriedade de uma estratégia de negociação de
armamentos. Algum material surgirá pronto, como um (like a colt), e algum será
parecido com um poema épico ou uma escultura que você segue lapidando por
semanas, meses, ou mesmo anos.
Eu lhe prometo que uma vez que você domine as técnicas deste capítulo, a
diversão aparecerá. Ela vem quando você apresenta um material que foi tão bem
elaborado que a platéia fica na palma da sua mão. Então, não desista, arregace as
mangas e vamos trabalhar no seu ato.
Preparações
O problema mais comum do material iniciante dos meus alunos é que eles têm
preparações muito longas. A melhor preparação é curta. A minha avaliação científica
revela que o tempo de atenção de uma platéia de alcoolizada é de uma a quatro linhas.
Quanto mais rápido você chegar ao desfecho, mais eficiente será o seu número.Isso não
significa que você vai falar a respeito de cada tópico em apenas cinco linhas. Você pode
fazer trinta minutos a respeito de seu cachorro desde que a sua rotina cômica esteja
organizada em uma coleção de pequenas preparações e desfechos.
Eis um exemplo de uma preparação muito longo do aluno Harry Redlich:
“Eu simplesmente não entendo esta obsessão por celebridades dos anos
cinqüenta e sessenta. Tipo, Elvis, as pessoas estão desapontadas porque ele
morreu. Ou, Janis Joplin morreu tão jovem. Eu sei que é trágico, mas eu
acho que um monte dessas lendas se deram bem por terem morrido cedo,
porque...”
DESFECHO:
Redlich começa com uma reparação falsa partindo do fato de que o desfecho não
tem nada a ver com Elvis ou com a obsessão por celebridades. Com o objetivo de
preparar o desfecho, eu encorajo meus alunos para realmente olhar para o que eles estão
tentando dizer e onde eles querem chegar. Redlich está de fato tentando comunicar o
modo como Hollywood banaliza as suas estrelas. Examine como a preparação agora se
torna “um tema geral” e o desfecho vira um “exemplo específico”.
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Nos dias de hoje é duro ser um astro. Eu estou feliz que muitas estrelas
tenham morrido jovens...”
PUNCH: (EXAGERO)
“... Sério, você gostaria realmente de ver Janis Joplin no Qual É A
Música?”
Você pode ter mais de um desfecho. Muitas vezes uma piada terá um setup e,
então, três desfechos. Jerry Seinfeld é um mestre nisso. Ele faz uma preparação e,
então, um desfecho que faz você rir. Ele faz outro desfecho e você ri, e quando você
pensa que não há mais nada o que dizer, ele adiciona outro desfecho. (Tome nota da
escalada de absurdos dos desfechos de Seinfeld)
PUNCH: (FABRICADA)
“… Eles não queriam se mudar para a Flórida, mas eles estão na casa dos
sessenta e é o que manda a lei.”
O melhor desfecho é também o que fala a verdade. Dê uma olhada na piada deste
aluno:
PUNCH:
Este aluno, então, insistiu com um trecho sobre ser modelo masculino. Mesmo
ele nos dizendo “Não, é verdade!” uma vez que nós percebêssemos que havíamos sido
enganados na sua primeira piada, que de fato, ele não havia perdido peso, nós não
estávamos mais dispostos a cooperar com ele na próxima piada. Evidente, você possa
talvez conseguir uma risada com uma piada como esta, mas você também perderá sua
credibilidade. Agora, não importa o esforço que você faça, a platéia está pensando que
todas as suas preparações são uma fraude. Construa a sua credibilidade a partir de
preparações verdadeiras, honestas e sem complicações. Então, pire nos desfechos.
Workshop # 16
CONDENSANDO SUAS PREPARAÇÕES
PUNCH:
“... eu desligo a música.”
SETUP: (falso)
“Eu odeio sinais de trânsito. Eles estão em toda a parte me dizendo o que
fazer: ‘pare’, dê passagem’, ‘ultrapasse’. Minha mãe, recentemente,
arrumou um emprego no departamento de estradas e eu acho que ela
enlouqueceu...”
punch:
“’Ligue para sua irmã’, ‘troque de cuecas’, ‘se case’.”
Esta é uma boa premissa, mas a preparação contém uma mentira nela. A mãe de
Chase não trabalha no departamento de estradas. Isto pode ser facilmente retificado,
mudando-se a frase “Minha mãe recentemente, arrumou um emprego no departamento
de estradas” para “Eu acho que, se minha mãe trabalhasse no departamento de
estradas...”
Stand-Up Comedy – The Book Página 41 Judy Carter
Agora, experimente você. Você tem datilografadas três páginas de material e já
sublinhou os desfechos. Estude seu material com atenção e:
Setup: (amigavelmente)
“Parece que temos uma grande platéia esta noite...”
punch: (hostilidade)
“... exceto por vocês.”
A preparação é dita de forma simples e honesta, com a atitude de “Eu amo estar
aqui...” implícita. Então, o desfecho cria o contraste com a preparação por meio da
atitude de hostilidade, como nesta abertura de Bob Saget:
PUNCH: (HOSTILIDADE)
“... Eu só queria poder levar todos vocês para um banho de jacuzzi e deixar
cair uma torradeira elétrica dentro da banheira!”
Aqui, Jay Leno diz a preparação com uma atitude neutra, de informação, então,
manda o desfecho com sarcasmo:
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“No Mcdonald eles tem esses brindes de promoções e as placas dizem,
‘Oferta válida somente para clientes do McDonald’s!”
PUNCH: (SARCASMO)
“... Agora, eles são um grupo fechado!”
Stand-Up Comedy – The Book Página 42 Judy Carter
Pense na preparação como a parte lógica, informativa da piada e o desfecho
como uma mudança inesperada ou um exagero extremo. Observe esta tentativa de
piada:
SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Meu namorado é do tipo muito egoísta.”
PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... Ele gosta dele mais do que gosta de mim.”
PUNCH: (HOSTILIDADE)
“Quantos homens, você conhece, gritam o próprio nome quando eles
transam?”
Aqui, Ellen DeGeneres prepara sua piada conversando sobre “cabeças de alces”:
“... Minha namorada pensa que me impressiona porque ela puxa um ferro.”
PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... I tell her, ‘If you want to impress me, pick up this check’.”
Aqui, Eric contrasta um objeto pesado com algo leve e, ao mesmo tempo, expressa o
seu ponto de vista.
Aqui vai um exemplo de uma piada onde a preparação fornece uma informação
racional, sana, enquanto o desfecho contrasta por ser completamente absurdo.
PUNCH: (ABSURDO)
“... As bulímicas comeram as anoréxicas.”
- Monica Piper
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Eu brinquei muito com o meu avô, quando eu era criança...”
Todos nós brincamos com nossos avós ou conhecemos pessoas que brincaram.
Uma vez que você estabeleça entre você e o público algo real para ambas as partes,
você pode ir fundo no desfecho, de um modo selvagem.
PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... Embora ele estivesse morto, meus pais o tinham cremado e coloca suas
cinzas no meu Etch-a-Sketch.”
- Alan Harvey
Não esqueça o que falamos sobre atitude. Lembre-se, cada preparação tem de
conter uma atitude. Você pode ter muitas atitudes diferentes em um ato, mas cada
preparação e desfecho tem de ter uma atitude específica. A atitude não tem de ser
expressa literalmente em “Eu amo... Eu odeio...”. Elas podem estar na sua
interpretação. A maneira como você diz certas palavras será o suficiente para indicar
seus sentimentos.
Por exemplo, a atitude de Paul Provenza é: ele odeia pessoas que fumam
cigarros.
SETUP:(NORMAL)
“Vocês sabem o que me incomoda? Pessoas que fumam em restaurantes...”
PUNCH: (LUNÁTICO)
“É por isso que eu carrego sempre uma pistola de água carregada com
gasolina.”
SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Eu odeio mulheres esqueléticas, especialmente quando elas dizem coisas
como ‘Às vezes eu esqueço de comer’.”
Note que nos exemplos acima, os comediantes verbalizam suas atitudes: “Eu
odeio”. Eis um material de Roseanne Barr onde a atitude não é dita verbalmente, mas
mostrada pelo tom de voz, expressão facial e linguagem corporal. O que é engraçado é
sua atitude diametralmente oposta. Leia esta piada com se ela tivesse orgulho de ser
mãe.
“Da maneira que eu vejo, se meus filhos ainda estão vivos quando meu
marido chega do trabalho, então, eu fiz a minha parte.”
- Roseanne Barr
Workshop # 17
CRIANDO CONTRASTE ENTRE A PREPARAÇÃO E O DESFECHO
3. Cada trecho contém uma atitude? Qual é? (Lembre-se, você não precisa dizer
a atitude em palavras, você pode mostrá-la em sua voz, expressão do rosto e
corporal. Mas, você precisa saber qual é a sua atitude em cada trecho.
Lembre-se, atitudes podem mudar de trecho para trecho. Você pode ir direto
de “Eu odeio...” para “Eu amo...” sem nenhuma transição).
Workshop # 18
USANDO SARCASMO COM A SUA LISTA DO EU EXTERIOR
No Capítulo 2 você escreveu itens que eram fisicamente óbvios em você. (Veja o
Workshop #5 Seu Eu Exterior) Dizer o que é o oposto do óbvio é uma maneira
confiável de fazer as pessoas rirem. Por exemplo, aqui estão algumas observações
sarcásticas que tem funcionado:
Stand-Up Comedy – The Book Página 45 Judy Carter
Um aluno muito gordo conseguiu uma enorme gargalhada abrindo seu ato com
Outra aluna, Ruth Reyerson, era loira e estava acima do peso. Ela subiu ao palco
e disse,
“Eu sou como a Barbie, cabalos loiros, olhos azuis, exceto por uma coisa.
A Barbie não come.”
A aluna Beverly Jackson, uma maravilhosa loira de seios fartos, abriu com:
“Eu sei o que os homens estão pensando... Mais uma cientista da Nasa! Os
homens olham para mim e todos pensam a mesma coisa. ‘Você é tão...
brilhante’.”
Opostos (antônimos):
Machão, amante latino_______________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Característica 2.gorda_______________________________________________ __
Opostos (antônimos):
anoréxica____________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Ser sarcástico a respeito de seus próprios atributos físicos pode servir como uma
boa maneira de abrir o seu show. Escreva algumas linhas e veja se alguns dos atributos
escritos acima lembra algo engraçado para você. Se a resposta for sim, tenha em mente
para a sua abertura.
Comparações
Comparar um assunto a outro é simples e uma forma muito eficiente de organizar
o seu material. Por exemplo, se um dos seus tópicos é sobre os seus pais, então compare
a geração deles com a sua.
O cômico nascido na Rússia Yakov Smirnoff compara seu país aos Estados Unidos:
Aqui, Lótus Weinstock compara suas convicções atuais com suas convicções do
passado:
SETUP:(PASSADO)
“Uma vez eu já quis mudar o mundo...”
PUNCH: (AGORA)
“... agora, eu só quero deixar este recinto com alguma dignidade.”
SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Minha mãe é judia e meu pai é católico. Eu fui educado como católico –
com uma mente de judeu.”
PUNCH: (EXAGERO)
“... Quando eu vou me confessar, eu sempre levo meu advogado comigo:
‘Me abençoe, Padre, porque eu pequei e acho que já conhece meu
advogado, Mr Cohen’.”
Mais uma vez, observe que em todas essas piadas, cada punch (desfecho) é um
exagero, uma torcida, ou uma mudança de direção da preparação (setup). A preparação
(setup) é séria e lógica, e a preparação (punch) revela a platéia que você está brincando.
A preparação estabelece a realidade coletiva e o desfecho (punch) comunica sua visão
particular do mundo, seu ponto de vista distinto.
Workshop # 19
COMPARAÇÕES
Stand-Up Comedy – The Book Página 48 Judy Carter
Neste exercício você vai escrever comparações usando alguns dos temas listados
nos exercícios do Capítulo 2. Estude com atenção as suas listas de ’Eu odeio’, ‘Eu me
preocupo’ e ‘Eu tenho medo’ e veja se algum desses tópicos que você listou poderiam
ser conduzidos para esta fórmula. Por exemplo, se você tinha ‘política’ em uma das
suas listas, compare lados opostos de uma discussão ou escola filosófica:
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Liberals feel unworthy of their possessions...”
PUNCH: (EXAGERO)
“... Conservatives fell they deserve everything they’ve stolen.”
- Mort Sahl
Observe com atenção outros workshops no Capítulo 2. Se na sua lista de
características singulares você tem listado que você é uma mistura de religiões e raças,
então as compare:
SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Minha filha é metade negra e metade judia...”
PUNCH: (EXAGERO)
“... isso quer dizer que se estivéssemos na Segunda Guerra Mundial, ela
teria que se esconder e limpara a casa.”
Agora, faça você. Procure nos exercícios do Capítulo 2 e veja quais os tópicos se
encaixariam nesta fórmula e preencha as lacunas:
Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Se você empacou, esqueceu, aqui estão alguns tópicos adicionais que você pode
usar em comparações:
Compare sua cidade natal com onde você vive agora
Compare seus medos atuais com os medos que tinha quando era pequeno,
ou enquanto crescia
“There’s this guy sitting next to me... looks like a squid in strech pants…
So you know, I’m ready to spawn… so then, he starts puffin’ on a cigar the
size of God’s ego… And I said, ‘Excuse me, but if I wanted to shorten my
life, I’d date ya!’”
“Tem esse cara sentando perto de mim... que parece um polvo dentro de
calças de moleton... Então, vocês sabem, eu estou pronta para ovular... Ai,
ele começa a dar baforadas em um cigarro do tamanho do ego de Deus... E,
eu digo, ‘Me desculpe, mas, se eu quisesse encurtar minha vida, eu sairia
com você’.”
- Judy Tenuta
“A Princesa Di, ela cuidou direitinho da sua vida, não cuidou? Esse
Charles, ele é como um Cartão Gold Visa com orelhas.”
- Carol Montgomery
Estes são exemplos de boas analogias, onde o comediante cria uma imagem
extrema, absurda usando referências comuns. Eis alguns exemplos de algumas
analogias ruins.
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“In bathing suits, those Chippendale dancers look like they have...”
“Em roupas de banho estes dançarinos de Chippendale parecem ter...”
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“In bathing suits, those Chippendale dancers look like they have...”
“Em roupas de banho estes dançarinos de Chippendale parecem ter...”
Quanto mais fora do normal a comparação, mais engraçado poderá ser o material.
Pense em termos da criação de uma figura que leve a platéia a uma mini viagem de
ácido.
SETUP:
“Sexo quando você se casa é como ir ao 7-Eleven...”
PUNCH:
“... Não existe muita variedade, mas às três da manhã, está sempre lá.”
- Carol Leifer
- Paula Poundstone
Workshop # 20
ANALOGIAS
Exercite suas mãos criando imagens por meio de analogias. Por exemplo:
Agora, tente você. Lembre-se que isto é apenas um exercício prático. Anote
qualquer coisa que lhe venha a cabeça. Não existem respostas certas ou erradas.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Eis algumas das analogias que alguns comediantes tem usado com as preparações
anteriores:
- George Wallace
- David Spade
Observações do cotidiano
“Have you ever noticed that your garbage weighs more than your
groceries?”
“Você já notou que o seu lixo pesa mais do que os seus mantimentos?”
“What is it about American fathers as they grow older that makes them
dress like flags from other countries?”
“O que há com os pais americanos a medida em que eles envelhecem que
faz com que eles se vistam como bandeiras de outros países?”
- Cary Odes
“Did you ever notice when you blow in a dog’s face he gets mad at you,
but when you take him in a car, he sticks his head out the window?”
“Você já reparou que quando você sopra na cara de um cachorro ele fica
furioso, mas quando você o leva para passear de carro, ele estica a cabeça
para fora da janela?”
- Steve Bluestein
Observações podem ser curtas, de uma linha apenas, mas é preferível usar a
observação como preparação e sua reação espontânea a observação como o desfecho.
Usando esta técnica, uma observação pode se estender para criar uma rotina inteira,
como no caso da rotina criativa de Jerry Seinfeld a respeito das bolas de algodão:
SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“Ladies, what’s the deal on cotton balls?”
“Senhoritas, qual é lance com as bolas de algodão?”
PUNCH: (REAÇÃO)
“... I have no cotton balls, I’m getting along just fine. I’ve never had one,
never bought one, never needed one, I’ve never been in a situation where I
thought to myself, ‘I could use a cotton ball right now’.”
“... Eu não tenho bolas de algodão e estou lidando muito bem com isso. Eu
nunca tive, nunca comprei, nunca precisei de uma bola de algodão. Eu
nunca estive em uma situação onde eu pensasse ‘Eu poderia usar uma bola
de algodão nesse exato momento’.”
SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… Women need millions of cotton balls every single day.”
“... Mulheres precisam de milhões de bolas de algodão, todo santo dia.”
PUNCH: (ANALOGIA)
“... They buy these bags like peat moss bags, and two days later they’re all
out…”
SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… The only place I ever see them is at the bottom of your little
wastebasket…”
“... O único lugar onde eu as vejo é no topo daquelas suas pequenas
lixeirinhas.”
PUNCH: (REAÇÃO)
“... There’s always two or three that look like they’ve been through some
horrible experience…”
“... Há sempre duas ou três que parecem ter passado por uma experiência
horrível...”
SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… I once went out with a girl left a ziplock baggy of cotton balls over my
house…”
“... Uma vez, eu sai com uma garota que esqueceu na minha casa uma
bolsa de zíper cheia de bolas de algodão..”
PUNCH: (ANALOGIA)
“... I took them out and put them on the kitchen floor like little
tumbleweeds. I thought maybe the cockroaches would see it, figure that
this is a dead town, ‘let’s move on’.”
“... Eu tirei as bolas da bolsa e as coloquei no chão da cozinha como se
fossem pequenas bolas de feno (que vemos nesses filmes antigos do velho
oeste). Eu pensei que, talvez, as baratas veriam aquilo e imaginassem que
estivessem em uma cidade fantasma, ‘Vamos para outro lugar’.”
PUNCH: (ANALOGIA)
“... I take it home, open up the bottle, there’s another cotton ball in there.
You can’t get out of this rat race.”
“... Eu o levo para casa, abro o vidro e lá está outra bola de algodão. Você
não consegue sair deste círculo vicioso.”
Imitações
“... e deixe me apresentá-los ao meu alter ego.”
Imitação não significa ser Rich Little, quando você faz menção a celebridades.
Significa copiar, interpretar as pessoas sobre as quais você está falando. Torne-se elas.
Imite suas vozes, sua linguagem de corpo. Lembre-se, stand-up é visualmente tediosa.
Em muitos Clubes de Comédia tudo o que a platéia tem para olhar é uma cortina preta,
um foco de luz forte e você. Desde o momento em que o visual dos Clubes parece ter
sido desenhado por Kafka, quanto mais vozes, expressões faciais e movimento de corpo
você trouxer para o seu ato, mais visualmente atrativo ele se tornará.
As pessoas adoram transformações. Ao invés de ficar falando sobre sua mãe na
terceira pessoa, fale sobre ela como se você fosse a sua mãe. Interprete-a. Imite o seu
estilo, postura e voz. Não precisa ser exatamente o jeito que ela fala. A menos que ela
seja uma estrela de cinema, ninguém vai saber exatamente como é a voz da sua mãe. O
A comediante Mônica Piper faz um bloco de piadas em que ela finge ser seu
cachorro examinando seus namorados:
Comunicar-se com a sua voz e seu corpo é uma técnica poderosa que mostra
imaginação.
Workshop # 22
IMITAÇÃO
Fazer listas
Criar Listas Que Façam As Pessoas Rirem
SETUP: (COMUM)
“Eu gosto de pensar em mim mesma como uma mulher de influência
européia: (1) maquiagem por Germaine Monteil (2) unhas por Fabergé...”.
PUNCH: (INESPERADO)
“... (3) corpo por Häagen-Dazs”.
Na lista de três, a preparação inclui os dois primeiro itens da lista. Eles são
racionais e lógicos. O desfecho é o terceiro item, que é a mudança de direção.
SETUP:(RACIONAL)
“Sendo árabe, eu tenho os mesmos interesses que vocês. Quando eu vou
comprar um carro, eu procura pelas mesmas coisas: (1) cor (2) estilo...”.
PUNCH: (INESPERADO)
“... (3) quantos reféns cabem no porta-malas”.
- o aluno May Rahal
Workshop # 23
FAZER LISTAS
SETUP: (RACIONAL)
“Eu não consigo entender porque minha mulher me deixou: (1) Talvez
tenha sido porque eu largava minhas roupas pelo chão (2) Talvez tenha
sido porque eu deixava a tampa do vaso levantada...”.
O problema neste trecho é que o terceiro item não contrasta com os dois
primeiros. Desde que os dois primeiros são ordinários, para fazer funcionar, o último
item precisa ser significante. Sendo assim:
Examine atentamente o seu material e veja se há algum desfecho que possa ser
quebrado em uma lista de três.
SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Cachorros detestam quando você sopra na cara deles. Eu lhe digo quem
realmente detesta isso – minha avó...”.
PUNCH: (EXAGERO)
“... o que é estranho, porque quando nós estamos andando de carro, ela
adora esticar a sua cabeça para fora da janela”.
Mais tarde, em seu ato, DeGeneres faz uma referência (um “call back”) a sua
avó.
“Call Backs” são populares com a platéia porque eles ajudam o comediante a
desenvolver uma intimidade especial com o público. Sua mãe está fazendo um “call
back” toda vez que vocês estão juntos e ela lembra da noite em que você queimou as
suas panquecas. Ou, toda vez em que você e seu primo estão juntos e você recorda
(”call back”) como avó de vocês esconde seu dinheiro na jarra de biscoitos.
Workshop # 22
CALLBACKS (BORDÕES)
Examine o seu material e veja se existe algum assunto, emoção, ou frase que
você possa usar em um “call back”, ou seja, como uma referência reincidente, ou
bordão.
Se você usar “call backs” (referências), lembre-se, a piada original precisa ter
obtido uma boa risada e funcionar sozinha. Se você puder trabalhar alguns “call backs”,
você descobrirá que a platéia realmente os aprecia.
COMPARISONS
Você tem assuntos onde pode ponderar dois lados?
ANALOGIAS
Examine seu ato atentamente em busca de qualquer coisa que você tenha
mencionado – como a casa onde você cresceu, seu chefe, qualquer coisa- e faça
OBSERVAÇÕES
Mantenha seus olhos abertos e observe os mais cotidianos absurdos da vida.
IMITAÇÕES
Se você menciona alguma pessoa, ou animal, ou mesmo objetos inanimados,
pratique transformar-se neles ao invés de falar sobre eles. Teste as possibilidades
de se tornar outras pessoas. Seu ato deveria conter uma série de personagens de
sua vida. Interprete-os. Você não tem que ser um grande ator ou sentir qualquer
coisa. Faça uma caricatura deles. Divirta-se e grave o que sair de sua boca.
FAZER LISTAS
Três é o número mágico na comédia.
Resumo:
Até este momento você tem:
Um esboço escrito de seu ato
Seu material organizado no formato de preparação (setup) e desfecho (punch).
Todas as palavras desnecessárias apagadas.
Seu ato construído a partir de uma ou mais dessas técnicas:
o Comparações
o Analogias
o Observações
o Imitações
o Listas
o “Call backs” (referências)
Parabéns por ter completado todos os exercícios até aqui. Relaxe, a parte mais
difícil já terminou, e o resto é velejar tranqüilamente. No próximo capítulo você
aprenderá vários estilos de comédia provenientes de alguns dos maiores comediantes.
Capítulo 4
ADQUIRINDO ESTILO
Até agora, nós mantivemos o foco na criação da stand-up a partir de seus temas
pessoais: descobrindo os assuntos do seu interesse, ou assuntos que refletem o mundo
que o cerca, formatando-os em preparação e desfecho, e comunicando-os verbalmente
para uma platéia. Puristas acreditam que esta é a única forma de stand-up. Existem,
entretanto, muitos comediantes de sucesso que empregam outros estilos de comédias,
incluindo:
Adereços5.
Humor político
Imitações de pessoas famosas6
Personagens
Música
Humor Político
Se você está interessado em humor político, o jornal é a sua grande fonte de
material. Onde quer que a magnífica lente da mídia decida descer, sempre haverá uma
piada. O problema é que escrever material político neste mundo de passos largos pode
ser um exercício inútil; sua melhor risada pode desaparecer a medida em que as
manchetes mudam. Alguém pode estar na mídia todos os dias por um mês e, duas
semanas mais tarde, o nome dele ou dela não ser sequer mais reconhecido. Você se
recorda do nome do candidato que concorreu à eleição com Gerald Ford?
Quando se está fazendo material rapidamente perecível, é necessário encontrar
um lugar onde você possa se apresentar semanalmente, quando não, diariamente. O
comediante político Will Durst trabalhava praticamente todas as noites da semana,
mudando seu número, diariamente.
“This is the same Justice Department that suspects the Teamsters are linked
to the mob. Suspects. They’re also inclined to believe that fire is hot, but
they’re note sure.”
“Este é o mesmo Departamento de Justiça que acha que o Sindicato tem
ligação com a máfia. Suspeitas. Eles também estão inclinados a acreditar
que o fogo é quente, mas eles não estão absolutamente certos”.
- Will Durst
Durst sente que, se alguma coisa acontece e ele não lida com ela, naquele dia,
sobre o palco, ele é uma farsa como comediante social contemporâneo.
Outros comediantes políticos eminentes incluem Dennis Miller do Saturday
Night Live, que faz uma sátira aos noticiários, e o comediante de sátira política e
pianista Mark Russell, que tem o seu próprio show no Russell Hotel em Washington,
D.C. assim como na National Public Television.
Além de escrever material atual, a maior parte dos comediantes de sátira política
tem um material básico e sólido de trinta minutos que pode sobreviver ao teste do
tempo e onde todas as regras da preparação e desfecho ainda se aplicam.
SETUP: (INFORMATIVO)
“Charles Manson appeared at his latest parole hearing with a swastika
carved into his forhead...”
“Charles Manson se apresentou em sua última audiência da condicional
com uma suástica tatuada em sua testa...”
PUNCH:(RESPOSTA SARCÁSTICA)
“… what better way to show the board you’re putting your act together?”
- Dennis Miller
Quando estiver fazendo humor político, lembre-se de que, não importa o quão
engraçado seja uma piada, para rir, a platéia precisa concordar com seu ponto de vista
político. Por exemplo:
SETUP: (INFORMATIVO)
“I don’t understand these ‘Right-to-Lifers’. Have you noticed that they are
the same people who are for the death penalty? Now, figure that?”
“... Eu não entendo estes caras que defendem o direito a vida (e, por isso
são contra o aborto)! Já reparou que eles são os mesmos que defendem a
pena de morte? Agora, imagine uma coisa dessas?”
PUNCH: (EXAGERO)
(IMITANDO-OS) “… ‘save the fetus, wait until you’re sure it’s a human
being, then electrocute that bastard to death’!”
(IMITANDO-OS) “… ‘salvem o feto, esperem até ter certeza de que ele é
um ser humano, então, eletrocute o desgraçado até a morte”.
Com esta piada, eu matei de rir a platéia em uma festa beneficente em prol do
movimento pelo Direito de Escolha (Pro-Choice) e consegui uns apupos fora do palco
num banquete Batista. Isto não significa que você fundamenta seu material nas
necessidades dos sentimentos da platéia. Ao contrário, ser vaiada não me impediu de
usar a piada do aborto. Eu descobri que material polêmico pode não fazer a platéia rir,
mas a desperta. Mark Russell também acredita em assumir riscos: “... quando você é
conhecido como um sacana12, eles esperam não concordar com você. Eles querem esta
(carne vermelha) “red meat”.
Russell, que chama a si mesmo de um “ofensor dos direitos iguais”, acredita que
não há problema em aborrecer a platéia, desde que você bata em ambos os lados de um
dilema. Se você está se apresentando para um grupo específico, tipo a Organização
Nacional das Mulheres, ‘você pode escapar com um material que aborda um ponto de
vista de apenas um lado da questão’13.
SETUP:(INFORMATIVO)
My mother is against abortion for another reason…”
“Minha mãe é contra o aborto por outra razão...”
PUNCH: (CONTRASTE)
“… … she doesn’t fell it’s fair to kill the fetus and let the father live”
“… ela não sente que seja justo matar o feto e deixar o pai vivo”.
- John DeBillis
12
satirist
13
you can get away with a one-sided slant to your material .
SETUP: (INFORMATIVO)
“Weight lifters are now taking steroids and male hormones…”
“Levantadores de peso estão, atualmente, tomando esteróides e hormônios
masculinos...”
PUNCH: (EXAGERO)
“… one guy had so much male hormone in him, he had to be classified as
an East German woman!”
“… um cara tinha tanto hormônio masculino dentro dele que ele teve que
ser classificado como uma mulher da Alemanha Oriental”.
- Carl Wolfson
Esta piada irá funcionar na televisão porque ela ridiculariza um país que, àquela
época, era emocionalmente neutro. Se esta piada estivesse ridicularizando Israel, por
exemplo, ela teria tido momentos difíceis passando pelos censores da rede de TV.
Do mesmo modo, um número político precisa estar equilibrado com material
sobre você. Se você vai criticar e atacar as imperfeições do presidente, dê um tempo
igual aos seus próprios defeitos. Um pouco de humor auto depreciativo faz com que
você parece humano, falível para a platéia e faz com que eles riam mais
confortavelmente. Políticos usam esta técnica porque eles sabem que ridicularizar as
próprias falhas faz com que eles pareçam mais humanos, e elegíveis.
Eu desencorajo novatos em stand-up a fazer humor político. É mais fácil obter
risadas com material baseado em seus dilemas pessoais. Quando você está fazendo
material a respeito de você mesmo, ninguém vai questionar a sua credibilidade. Mas,
quando você está fazendo humor político, não é suficiente ter uma atitude forte. A
menos que eles sejam Walter Conkite (um famoso repórter político norte americano),
comediantes de stand-up que fazem comentários a respeito de outras pessoas precisam
estabelecer suas qualificações por meio de um material especialmente inteligente e
habilmente construído.
Impressões14
Impressionistas como Rich Little, Fred Travalena e Marilyn Michels obtém seus
aplausos da transformação de suas vozes, aparência e linguagem corporal, na de
celebridades que são instantaneamente reconhecidas.
Levando em conta que celebridades vem e vão, estes profissionais tem um grupo de, no
mínimo, setenta e cinco diferentes figuras públicas e estão aprendendo novas vozes
constantemente. A maioria dos impressionistas15 copiará perfeitamente a voz de uma
celebridade e aspectos físicos e as colocará em situações inusitadas, como, “E se o
Senhor Roger fosse Presidente? Ou “E se John Wayne tivesse uma conversa com a
Doutora Ruth?”.
Paródias de filmes são muito populares com comediantes que fazem figuras
públicas. Michael interpreta O Mágico de Oz inteiro em três minutos e “E o Vento
Levou” em dois minutos, fazendo todos os papéis. Fred Travalena faz um tributo ao
Super-homem, onde Louis Lane é Doutora Ruth, Jim Nabors é Jimmy Olson, e Super-
Homem se transforma em Elvis Presley.
Impressionistas também imitam cantores. A estreante Valery Pappas faz Cher,
Liza Minelli, e uma imitação perfeita de Phoebe Snow cantando “The Poetry Man”.
Pappas cria suas “impressões” ouvindo uma canção uma vez após outra, até que ela seja
capaz de re-criar cada suspiro, cara nuance, e, então, ela exagera isto. Pappa
diz:“Impressionistas precisam acentuar as qualidades peculiares das estrelas. Quando eu
faço Liza Minnelli, eu exagero o modo como ela se entusiasma e “torna aquela canção
atrativa para a platéia”16. Se Liza interpreta17 a canção em cinqüenta porcento, eu tenho
que torná-la atrativa em 100 porcento.
Existe também o nascimento recente18 de uma “nova onda” de ‘impressionistas’
tais como Mark McCollum, ganhador de 100 mil dólares no concurso Star Seach (Em
Busca de uma Estrela), que saltou as usuais caricaturas de estrelas, para imitar
personagens de cartoons cantando músicas de rock. Seu ato inclui Yosemite Sam à
frente da Silver Bullet Band, a voz profunda e cavernosa (foghorn) de Leghorn nascida
14
Impressions: A humorous imitation of the voice and mannerisms of a famous person done by an entertainer.
(Impressões: uma imitação humorística da voz e maneirismo de uma pessoa famosa, feita por um artista).
15
(comediantes que imitam pessoas públicas)
16
(sells it)
17
sells
18
hip Breed
Caracterizações (Personagens)
26
settings
27
weave them into their routine
28
zonked-out
Com esta preparação, a platéia se dá conta de que não é Camen que é racista, mas
seu personagem ‘provinciano e conservador’29. Esta introdução cria um contexto para o
personagem criar vida. Durante a preparação você se conecta com a audiência, o que é
esperado em um Clube de Comédia, e no desfecho, você interpreta o personagem, se
desconectando da platéia.
29
red·neck (rµd“nµk”) n. Offensive. Slang. 1. Used as a disparaging term for a member of the
white rural laboring class, especially in the southern United States. 2. One who is regarded as
having a provincial, conservative, often bigoted sociopolitical attitude.
30
quirky
31
call backs
De acordo com Szigeti, é quando você esgota o seu material, que o seu personagem
começa a falar e quando as boas coisas surgem. Algumas vezes, é como se você
estivesse se “transmutando”36 naquela pessoa.
Música
Paródias, quando um comediante coloca uma nova letra em uma canção reconhecida,
são uma grande maneira de fazer as pessoas rirem. Dale Gonyea (cantor, compositor e
comediante), um jovem Victor Borge, conseguiria boas risadas mudando:
32
“Oh, for sure!”
33
“Valley Girl”
34
snortty
35
hook up
36
transchanneling
“Is Shelley Long or Short? Was John Gielgud Good all day? What did
Ernest Heming Weight? Is Glenn Close? Is Jamie Farr? Did Tommie Tune
his own guitar? And what did Stevie Wonder?”
Um aluno, Jessie Goldberg, descobriu que cantar era a melhor maneira de expressar a
sua simpatia por sua ex-mulher em sua canção, “Tudo de bom pra você”37:
“I hope you get fat, and get wrinkles on your face. And you lose all your
hair and your teeth fall out of place.
And I hope that you fail in everything you do. Otherwise ll the best to
you.”
“Espero que você engorde, e que rugas em seu rosto cresçam. Que seus
dentes caiam da boca e seus cabelos desapareçam. Desejo que em tudo o
que fizer, você fracasse pra valer. Por outro lado, eu desejo tudo de bom
para você”.
Se você tem um talento musical, incorpore isso em seu ato. Os pais de Judy
Tenuta lhe compraram um acordeão e aulas de um vendedor de porta em porta, quando
ela era uma criança; agora, ela usa-o em seu número, batendo nas teclas para enfatizar:
Resumo
Não seja rápido demais para rotular ou limitar você mesmo. Muitos comediantes
fazem do jeito mais simples, usando o formato da preparação e desfecho básico. De
todo jeito, não lute contra as suas tendências naturais. Se você tem um desejo de tocar
tuba, fazer cantos de passarinhos, cantar uma canção, ou passar roupas, faça.
Seja paciente, seja verdadeiro com você mesmo, siga as suas inclinações naturais,
e seus dons divinos se revelarão para você.
40
ends
41
Capitol Hill
42
cut out
GETTING IT READY
Sua abertura é a parte mais importante do seu ato. Dentro de dez segundos a
platéia irá se decidir se gosta ou não de você. Se você criar uma má primeira impressão,
você gastará o resto de seu ato tentando consertar os estragos.
Uma boa abertura conecta você com a platéia. Uma boa abertura tem os pés da
realidade. Aqui estão algumas considerações no momento da escolha de seu número de
abertura.
“Eu estou preocupado que o meu cabelo cresça, fique maior do que eu
e me leve a lugares onde eu não quero ir...”.
Abra com alguma coisa que reflita sua “persona”. Uma boa abertura define quem
você é e permite a platéia saber o que ela pode esperar. Um número de uma de
minhas alunas era sobre sua vida noturna.
Se você fará truques de mágica, comece com um troque. Se você irá demonstrar
fúria, na maior parte de seu ato, comece sendo raivoso. Por exemplo, Judy Tenuta abre
seu ato berrando:
“Olá, porcos!”.
A abertura rude e corajosa de Tenuta prepara a audiência para a sua marca de humor
irreverente e hostil.
Se você não consegue encontrar nada óbvio a seu respeito, abra com alguma
coisa que é óbvia para a platéia. Um comediante para uma platéia pequena:
Quando eu percebi que estava atuando para uma platéia somente de brancos, eu
abri com:
Abra com um tópico que você e a platéia tenham em comum, como a cidade
onde você vive, o tráfego de lá, a comida do clube, e assim por diante.
“I would like to thank Imelda Marcos for her earings. I wonder if Pavarotti
is over at the Improv going ‘Two Jews walked into a bar’… ”
“Eu gostaria de agradecer a Imelda Marcos pelos seus brincos. Eu imagino
se o Pavarotti terminasse uma apresentação no Improv43 mandando aquela
piada dos dois portugues...”
- Paul Rodrigues
Comece seu ato com alguma coisa corriqueira da vida daquelas pessoas, algo que
acabou de acontecer (ou, você pode fingir que acabou de acontecer). Por exemplo, se
você está fazendo uma rotina sobre o tráfego, diga que isto aconteceu no caminho para
o clube, naquela noite.
- Arsênio Hall
Não comece com Hitler. Isso deixa as pessoas de mau humor. Guarde assuntos
controversos para mais tarde, quando a platéia estiver com você.
Não comece com ‘Ei, como estão todos vocês?’ Há tantas maneiras originais de
começar um ato, por que começar com um clichê?
Não comece com “Ei, esta coisa está ligada?” Ou... “É tão claro aqui”. Ou...
“Rapaz, eu estou nervoso.” Chamar a atenção para seus medos no começo de sua
apresentação fará somente com que eles aumentem a medida em que você
prosseguir. Isso deixa todo mundo do lugar nervoso.
Não comece com um material que dará a platéia uma falsa impressão a seu
respeito (sobre quem você é). Uma de minhas alunas começou sua apresentação
com uma atitude durona e muito agressiva, que lhe rendeu uma boa risada.
Entretanto, ela perdeu a platéia porque o grosso de seu material não era
agressivo, mas simpáticas e refinadas observações sobre ser mãe. Então, não dê a
platéia uma falsa expectativa. Abra com algo que você possa manter pelo resto
da sua apresentação.
NÃO abra sua apresentação com material referente a sexo. Você não quer que a
platéia chegue ao clímax nos seus primeiros dez segundos e, depois, adormeça
pelo resto do seu número.
43
nome de um Clube de Stand-up nos Estados Unidos.
Workshop # 25
A ABERTURA
Pesquise seu material e selecione o melhor material possível para uma abertura:
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Agora que você já tem a sua abertura, o meio do seu material deve ser organizado
em uma set list: uma lista com a ordem de suas piadas. Uma lista de sets é uma lista de
palavras chave de sua apresentação. Assim como os músicos fazem com a lista de
canções que eles cantarão, comediantes fazem uma lista dos blocos de piadas que eles
planejam contar: “Primeiro, eu vou falar sobre encontros, então, vou falar sobre ficar
velho...”
A lista de sets é uma maneira rápida e pessoal de um comediante ter uma palavra
ou frase que, quando é olhada por ele, lhe faz lembrar imediatamente do seu ato. Muitos
comediantes organizam seu material por assuntos. Quando você ensaiar seu material,
você descobrirá que certos tópicos naturalmente se movem para outros tópicos. Eu
sugiro começar com os tópicos menos pessoais e terminar com os mais pessoais.
Lembre-se, entretanto, que todo o seu material deve ser a respeito de você.
Aqui está uma velha lista de sets de uma apresentação para um show de 15 minutos:
Namoro
Medo de dormir sozinha
Namoro pelo computador
Cão
Ficar velha
Ginástica
44
Hot coals
45
um pedaço de papel onde está a ordem de suas piadas
Eu comecei com um bloco de piadas sobre namoro porque havia muitos casais na
platéia e minha falta de sucesso em encontros amorosos é uma introdução natural para o
meu bloco a respeito de dormir sozinha.
“... ele tinha um ‘Wang’ realmente legal e eu era ‘user friendly’ a respeito
disso, mas eu precisava de um cara com um hard disk, nada desse negócio
de disco flexível!”.
“... um dia eu vou acordar e, não importa quão quente esteja, eu vou querer
usar um casaco...”
Então, eu faço um pedaço sobre ginástica onde eu falo como estou lutando contra
o envelhecimento, mas:
“Essas academias são todas freqüentadas por ambos os sexos, você tem de
usar um diafragma para entrar na jacuzzi 46. Uma garota ficou grávida no
aparelho para as coxas”.
“Cinderela mentiu para nós. Deveria existir um ‘Betty Ford Center’ onde
eles desprogramassem você te colocando em uma cadeira elétrica. Toca
‘Algum Dia Meu Príncipe Virá’, te dão um choque e vem, ‘Ninguém virá...
Ninguém virá... Ninguém Virá...”
Workshop # 26
SUA LISTA DE SETS
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Agora, reorganize seu material indo do menos íntimo para o mais pessoal. Não
force a barra para que os tópicos se relacionem uns com os outros, a não ser que eles se
conectem naturalmente. Lembre-se, você pode saltar de um tópico para outro.
Segundo Esboço
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O Fechamento
“Deixe-os rindo...”
Você precisará modificar a sua lista de sets de maneira que o material que você
sabe que irá arrasar esteja no final de sua apresentação. Se você está perto do final de
seu número e receber uma grande gargalhada, saia do palco. Alguns comediantes
recebem uma boa gargalhada perto do final de seus números, então, tentam superar
aquela piada e acabam com uma “queda”47. Deixe-os querendo mais. Ao invés de fazer
tudo o que está na sua lista, se você obtiver uma grande gargalhada perto do fim do
show, diga “Obrigada e boa noite”, e saia correndo dali.
Workshop # 27
O FECHAMENTO
Qual material você acredita que obterá a maior risada? Anote-o aqui:
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47
thud
Já que é difícil saber exatamente quão longo será o seu número e que partes
arrancarão as reações mais animadas, é melhor estar preparado para dois finais
diferentes, um mais cedo que o outro. Nesse caso, quando seu tempo acabar, você pode
encerrar com uma risada e não ter que correr atrás da “grande risada” antes que o seu
tempo se esgote.
Possíveis finais de antecipação:
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Muitos comediantes não ensaiam seus números. Apesar deles escreverem seu
material, eles esperam estar diante de uma platéia para dizê-lo em público.
Jerry Seinfeld sente que não há necessidade alguma para ensaios, que você tem
que aprender a moldar o material à sua platéia e não há nada que você possa fazer por
sua conta. De acordo com Seinfeld, “Uma boa apresentação cômica não é um
monólogo, é um diálogo e a platéia faz parte, e você tem que equilibrar os dois juntos”.
Minha sugestão para iniciantes é memorizar seu número atuando com atitude e
sentimento em frente a seu “parceiro na comédia” (comedy buddy) e não em frente a
um espelho.
O maior medo de um “performer” é que ele ou ela esqueça seu ato.
Conseqüentemente, a partir deste medo, comediantes memorizam demais o seu material
e tornam-se comediantes robôs. Não importa o que aconteça sobre o palco, eles atuam
como planejado. A garçonete derrubou uma bandeja de drinques, os cliente estão
fazendo uma guerra de comida, e o microfone falhou, ainda assim, o “performer”
Stand-Up Comedy – The Book Página 82 Judy Carter
prossegue como se nada estivesse acontecendo. Ser perfeito talvez faça você receber
um “A” em álgebra, mas ser perfeito não tem nada a ver com ser engraçado. Algumas
vezes, a melhor parte do número de um comediante é quando ele esquece o texto. As
pessoas adoram observar outras pessoas em situações constrangedoras. Por que você
pensa que as pessoas pagam para assistir acrobatas se equilibrando em uma corda? É a
possibilidade de que eles caiam que nos mantém ligados. Um bom equilibrista da corda
bamba fingirá perder o equilíbrio somente para deixar a platéia mais excitada.
Memorize o seu material, mas, sempre desejando livrar-se dele para que você
possa lidar com o que está acontecendo no momento.
Lembre-se:
NÃO teste material com parentes. Você não praticaria um striptease com o seu
bibliotecário. Não pratique stand-up com a sua mãe.
TESTE seu material com o seu companheiro de comédia (comedy buddy), ou,
colocando sutilmente no meio de uma conversa, mas nunca deixe ninguém saber
que você está testando o seu material. Material que arrasa em uma cozinha, pode
fracassar em um clube.
NÃO ensaie o seu material sem, primeiro, entrar em contato com a sua atitude e
visualizar o que você está dizendo. Se você não fizer isto, seu material vai soar
como coleção de palavras sem vida. As pessoas não respondem a palavras
simplesmente; eles reagem a sentimentos e as imagens por trás das palavras. A
imaginação é uma ferramenta poderosa. Isso obriga você a vivenciar sobre o que
você está falando. A primeira vez que você conta uma história, você,
naturalmente, cria uma imagem na medida em que você a relembra. A segunda
vez em que você conta a história você, provavelmente, estará mais concentrado
em tentar conseguir uma reação e menos em tentar entrar em contato com os seus
próprios sentimentos. Você estará mais focado em seus sentimentos se você
visualizar sobre o que você está falando. Isso manterá o seu material vivo e
espontâneo.
NÃO ensaie demais. Conheça o seu material, mas não o molde em concreto,
porque você terá de modificar seu número dependendo da platéia. Você não está
se apresentando no vácuo. Coisas que estão além do seu controle acontecerão. Na
vida real, pessoas da platéia falarão com você. A garçonete derrubará copos.
Você precisa querer deixar seu material aberto, talvez, abandonar alguma coisa
que você planejou para responder as circunstâncias imediatas.
“You might want to consider the advantages of being a lesbian: You don’t
have to worry about the toilet seat being up, you don’t have to worry about
disease, and… you never have to sleep in the wet spot.”
“Você deve considerar as vantagens de ser lésbica: você não tem que se
preocupar se o acento da privada está levantado, você não tem que se
preocupar com doenças e... você nunca tem que dormir em um lençol
melado”.
Foi a sua flexibilidade que fez com que ela se saísse tão bem. E conseguisse um
jantar romântico.
Então... conheça o seu material, mas esteja pronto para fazer mudanças.
Workshop # 28
O FECHAMENTO
Se você perceber que está tendo problemas com a memorização de certos blocos
de piadas, pergunte a si mesmo:
Bom material sai facilmente de sua boca. Se o seu material está ficando confuso, se
livre dele. O material talvez esteja sem graça e estranho por causa de:
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Um problema de linguagem – a sua escolha de palavras é formal e muito rígida.
Uma atitude que não combina – experimente uma nova atitude e volte a (ranting
and raving) vomitar coisas a respeito daquele assunto com uma atitude diferente
como sublinhado no capítulo 2.
É redundante – encurte seus setups.
Falta de comprometimento – você está simplesmente entediado com aquele
tópico. Livre-se dele e descubra assuntos que interessem você de verdade.
TIMING/ DELIVERY
“Tempo é tudo...”
- George Burns
“Timing” é tão difícil de ensinar - é algo que você tem que sentir, como no jazz.
Há vezes sobre o palco em que meu “timing” é tão bom, eu estou tão em sincronismo
com o universo que eu não posso fazer nada de errado. E há vezes em que meu
“timing” está tão por fora que, não importa o quanto eu me esforce, eu não consigo
achar um ritmo para o meu número48. Existe um ritmo da comédia49; quando você
ganhar mais experiência, você saberá quando o tiver atingido, e será capaz de deslizar
dentro dele mais e mais. Até lá, aqui vão algumas dicas de técnicas que ajudarão você
com o tempo da comédia e de dizer a piada.
48
get my act on the groove.
49
comedy groove.
50
emotional tags.
51
follow-through
52
tag emotional
Workshop # 28
REAÇÃO APÓS O DESFECHO DA PIADA
A reação ao desfecho da piada não pode ser ensaiada. Elas são porções
espontâneas e genuínas de seu ato, que funcionam naquele momento. Mas tenha uma
sensação de como elas parecem, fazendo um pedaço de seu número e reagindo a ele,
pensando alto depois do desfecho. Uma reação pode ser sobre como você se sente em
relação ao que acaba de dizer: “Rapaz, essa foi uma idéia idiota”. Ou, pode ser apenas
um ruído: “Uh!” Ou, simplesmente concordar com um aceno de cabeça. David
Letterman costuma usar essa técnica. Depois de uma piada que não funciona e não
obtém uma resposta do público, ele diz:
Resumo
Todo trabalho que você fez o conduz a um lugar: atuar em frente a uma platéia de
verdade. O próximo capítulo o levará pela mão através da experiência de uma
performance.
SUBINDO NO PALCO
É claro que se apresentar é assustador. Mas, você não deveria gastar um mês
fazendo um barco e nunca colocá-lo dentro da água. Agora é hora de fazer seu ato
diante de uma platéia e ver se ele não afunda.
Mesmo que você não esteja considerando uma carreira como comediante, é
imperativo que você experimente seu ato em um clube de comédia em uma noite de
amadores. Você não pode entender de verdade os princípios para se fazer rir a
menos que se apresente em um lugar aonde as pessoas vão para rir. Uma vez que
você tenha se apresentado em um Stand-up Club, adicionar humor a um discurso,
fazer uma torrada ou vender piche será moleza. (Veja o Capítulo 9)
Por hora, você tem uma lista de blocos de piadas de três a vinte minutos de
material. Neste capítulo, eu lhe darei exercícios para reduzir o seu medo, assim
como, dicas de alguns dos maiores nomes da comédia para guiá-lo através da
experiência de se apresentar em público. Mas, primeiro, você precisa encontrar um
lugar para se apresentar.
Arrumando um Trabalho
(Só vale para os EUA).
Use algo confortável. Evite fazer grandes declarações com as suas roupas. Se
suas roupas forem mais engraçadas do que você... você está com problemas.
Mulheres: não se vistam de maneira sexy, a menos que esteja de acordo com a
sua persona (à la Mae West). Evite vestidos apertados e colados, decotes e assim por
diante. Sexo e comédia geralmente não se misturam. Não se fie na minha palavra: a
próxima vez em que estiver fazendo amor, tente contar uma piada e veja o que
acontece.
Verifique com a pessoa no comandoe decubra quanto tempo de palco você tem.
Seja você um amador ou um profissional, sempre pedirão a você que seu ato fique
dentro de um certo período de tempo.
Noites amadoras em clubes de comédia dão aos comediantes de qualquer lugar
de três a quinze minutos. Descubra se o clube tem uma maneira de sinalizar quando seu
tempo de esgotou. Seja uma luz vermelha nos bastidores ou o Mestre de cerimônias
acendendo uma luz na sua cara, saia do palco quando seu tempo terminar se quiser ser
convidado para voltar.
Verifique a Platéia
Observando o público, ou por meio de uma rápida pesquisa, você terá uma idéia
do tipo de platéia que eles são e que material você deve acrescentar ou cortar. Da
mesma maneira que eu não fiz truques de mágica pala uma platéia de cegos, você
não deveria apostar grande naquela piada do clitóris para um grupo de
bibliotecárias mórmons.