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Stand-Up Comedy

THE BOOK

de Judy Carter

Tradução: Emilio Boechat e Aldo Camolez


AS SEIS DESCULPAS ESFARRAPADAS1 PARA NÃO SE SUBIR AO
PALCO

“É CLARO QUE EU SOU ENGRAÇADO EM FESTAS, MAS...”

Desculpa #1: “Eu tenho medo”

O obstáculo número um para se fazer comédia é o MEDO. E esta é uma


reação muito apropriada. Vamos encarar, se ficar de pé sozinho sobre um
palco diante de um bando de estranhos não amedronta você, então, algo deve
estar errado. Consulte um médico.
Não há problema em ficar nervoso. É muito humano. Todo
“performer” de sucesso luta com o medo, então, não permita que isso o
impeça de correr atrás dos seus sonhos. Em todos esses anos em que tenho
me apresentado, eu não consigo pensar em uma só vez em que não tenha
ficado nervosa. O truque é ir em frente apesar do sentimento de medo.
Normalmente, o medo desaparece assim que você pisa no palco.
Não entre em pânico. O medo é um assunto tão poderoso com meus
alunos que eu dediquei um capítulo inteiro a este tema, incluindo exercícios
para controlá-lo. Olhe pelo lado bom: ao menos, se apresentar em público o
manterá normal.

DESCULPA #2: “Eu sou tímido...”

Bem, eu também sou. Muitos comediantes que fazem stand-up são bem tímidos
em suas vidas privadas, e subir em um palco é um grande modo de se liberar. Pessoas
tímidas como você tem muita coisa para extravasar, e o palco lhe fornece uma arena
onde libertar suas críticas reprimidas sobre o mundo. Eu descobri que, quanto mais
quieta é uma pessoa fora do palco, mas ela tem a dizer sobre o palco. Uma vez que elas
tenham uma chance de serem ouvidas, meus alunos tímidos são aqueles que eu não
consigo fazer com que parem de falar.

DESCULPA #3: “Eu sou apenas um idiota qualquer...”

E daí? Antes de terem uma carreira bem sucedida como comediantes, Jay Leno
era mecânico e Roseanne Barr era uma dona de casa com três filhos.

“I’ve been married fourteen years and I have three kids. Obviously, I breed
well in captivity.”
“Eu estou casada há quatorze anos e tenho três filhos. Obviamente, eu
procrio bem em cativeiro.”
- Roseanne Barr

1
Lame.

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Você não tem que ser uma pessoa sofisticada para fazer comédia. As pessoas não
vão a um night club para ouvir ponderações intelectuais. Eles querem rir. O desafio é
encontrar o humor nas suas experiências mais cotidianas. Ser astuto e esperto ajuda,
mas encare, esta é a América, um lugar onde pessoas totalmente inexpressivas e pouco
atraentes conquistam altos níveis de fama e fortuna.

Desculpa #4: “Eu sou feio, eu sou gordo, eu sou...”

Darryl Hannah talvez seja realmente lindíssima, mas será que ela é capaz de fazer
as pessoas rirem? Ok, quem se importa, certo? Stand-up é um dos poucos lugares no
showbiz que aceita pessoas de todas as formas e tamanhos. De fato, uma distinção
física pode até mesmo ser a base de seu ato. Phyllis Diller e o falecido e grande Jackie
Gleason, entre outros, construíram suas carreiras no fato de ser gordo ou pouco
atraente. A comediante Geri Jewell desenvolve seu ato em cima do fato de ter paralisia
cerebral:

“I don’t understand why people will go out of their way to drink, so they
can walk like me.”
“Eu não entendo porque as pessoas se embriagam, será que é para andar
como eu?”.

A característica que a sociedade enxerga como uma imperfeição pode trabalhar a


seu favor. O Capítulo 2 ensina como transformar aquele peso a mais em risadas a mais.

Desculpa #5: “Eu não sei como escrever material para comédia”

Stand-up não tem nada ver com anotar palavras em uma folha de papel. Ela tem a
ver com dizer palavras – se apresentar. Stand-up é uma performance ao vivo, não um
livro para se passar o tempo. Por esta razão, eu desencorajo meus alunos iniciantes a
escrever seu material. No capítulo 2 existem exercícios sobre como criar seu material
gravando suas conversas em um gravador. Se você não pode falar, você não pode criar
material.

Desculpa # 6: “Quando eu fico diante das pessoas, eu tenho vontade de cuspir.”


Consulte um analista. Stand-up não é para você.

Stand-up é algo difícil e exige um bocado de trabalho duro. Mas a recompensa de


se fazer comédia é imensa. Não existe sentimento maior no mundo do que sentir que a
platéia está do seu lado, que ela o entende, e o ama. Momentos como estes fazem com
que todo o esforço valha a pena.
Andy Warhol uma vez disse que no futuro todo mundo seria famoso por quinze
minutos. Com este livro, quando os seus quinze minutos chegarem, pelo menos, você
não será chato.

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Capítulo 1

COMEÇANDO

O que faz as pessoas rirem?

“Palavras que tem o som de K nelas são engraçadas. Cheesecake é engraçado.


Tomate não é engraçado. Cleveland é engraçado. Maruland não é engraçado...”

Neil Simon

O que é engraçado?
Eu estou constantemente abismada com as coisas que as pessoas acham que são
engraçadas e com aquelas que elas acham que não são. Alguns riem de um cara
qualquer escorregando em uma casca de banana. Alguns rirão somente do Hitler
escorregando em uma casca de banana. Então, o que é engraçado? Se alguém ri, é
engraçado.
Uma platéia rirá de qualquer coisa, de tudo e de absolutamente nada. Tentar
deduzir o que pode agradar uma platéia é como tentar decidir o que cozinhar para a sua
família. Não importa o que você faça, alguém irá detestar.
Eu tenho visto muitos comediantes deixarem o palco depois de um número que
arrasou, deprimidos porque tudo o que eles viram foi um cara na terceira fileira não rir
da quarta piada. Todos os que riram na sala foram afogados pelo silêncio de um único
sujeito. E não importa se este cara não estava no clima para rir porque ele perdeu sua
família inteira em um incêndio e parou ali para um beber um drinque, antes de cometer
o suicídio.

Acredite em Você
O empresário Buddy Morra, que descobriu David Letterman e também Robin
Williams e Billy Crystal, entre outros, diz que: “você não deve dar a uma platéia o que
ela quer. Dê a ela o que você quer. A maioria dos comediantes vai descer ao nível da
platéia para fazer o seu número funcionar, quando de fato, o que você deveria fazer é
trazer a platéia para o seu nível”.
A primeira vez em que Morra viu David Letterman, ele imediatamente percebeu
que David poderia chegar a ter o seu próprio show porque ele tinha a sua identidade
própria. Morra sente o que separa comediantes que são especiais dos outros que apenas
tentam agradar. Você tem que acreditar em você mesmo.
É difícil engolir a idéia de que você não pode fazer com que todos gostem de
você. Vale a pena repetir2: Você não pode e não é capaz de fazer com que todos amem
você. Você tem que subir ao palco com um desejo apaixonado e a intenção de
comunicar seus pensamentos e sentimentos, e não apenas fazer as pessoas rirem.

2
(this one’s worth repeating):
Stand-Up Comedy – The Book Página 5 Judy Carter
Cinco Grandes Segredos para fazer as pessoas rirem

Segredo #1: Não conte piadas.

As pessoas confundem stand-up com contar piadas. Quando eu vou a uma festa e digo
que eu faço stand-up, as pessoas, inevitavelmente, dizem: “Verdade?... Conte uma
piada!” Quando eu digo a eles que eu não conheço nenhuma piada, eles não entendem.
“Mas, você é uma comediante de stand-up, certo?” Agora, quando eu vou a festas, eu
digo as pessoas que eu faço programa.
Contar piada é um jeito velho de fazer comédia.

“Dois portugueses entram em um bar...”3

O novo estilo de comédia é a comédia pessoal. Seu número é sobre você: seus
dilemas viscerais, seu corpo, seu casamento, seu divórcio, seu vício...
Tente encontrar piadas no ato de Sam Kinison. Não existe nenhuma piada.

“Se você alguma vez pensar em se casar, senhor, apenas lembre-se dessa
expressão – ahhhhhhhhh!”.

Sam vai de cliente a cliente, cara a cara e grita. O humor de Kinison vem de uma
atitude extrema em relação às mulheres, ao Vietnam e às crianças famintas. Sua atitude
raivosa e consistente é a força que move o seu sucesso.
Meus alunos, que escolhem tópicos que são verdadeiros e, mesmo, dolorosos
para eles, são muito mais bem sucedidos do que aqueles que escolhem tópicos que
pensam ser engraçados ou esquisitos. A bem da verdade, quanto mais sincero for o seu
material, melhor. As pessoas adoram rir do sofrimento dos outros. Eu não tenho certeza
do porquê. Talvez porque eles estejam felizes de que isso não esteja acontecendo com
eles.
Paula Poundstone, a Silvia Plath da comédia, faz um ‘bloco de piadas’ 4 a respeito
de sua desastrada tentativa de suicídio.

“Eu tentei usar monóxido de carbono, mas meu prédio tem uma garagem
subterrânea gigantesca, então, aquilo estava levando muito tempo. Eu tinha
levado uma pilha de livros e alguns salgadinhos. As pessoas passariam e
bateriam na minha janela e diriam, “Como está indo esse suicídio?” E eu
diria, “Está indo bem, obrigada, eu me senti sonolento hoje mais cedo”.

A desolação de Garry Shandling sobre ser rejeitado pelas mulheres fez dele um
comediante milionário.

“I broke up with my girlfriend. She moved in with another guy, and I draw
the line at that.”

3
“Two Jews walked into a bar…”
4
chunk

Stand-Up Comedy – The Book Página 6 Judy Carter


“Eu rompi com a minha namorada. Ele foi morar com outro cara e eu
tenho os meus limites.”

Um dos principais equívocos sobre ser engraçados é que você tem que ser aquele
tipo de pessoa alegre e pra cima o tempo todo. Mentira. É bem mais interessante assistir
alguém lutando com os seus problemas do que um tipo espirituoso, perfeito e sabe tudo.
Você já notou que não há muitos monges que são comediantes? Lembre-se... quanto
mais miserável for a sua vida, melhor será o seu número. O truque é estar disposto a
expor você mesmo o mais que você puder, sem ser preso.

Segredo # 2: Não conte estórias.

Histórias engraçadas geralmente não funcionam. O erro mais comum que meus
alunos cometem quando eles começam a levantar idéias para o seu número é contar
histórias a respeito de alguma coisa “engraçada” que realmente aconteceu com eles:

“Não, não, escute... isso é a pura verdade!”

Histórias podem ser verdadeiras, mas elas raramente são engraçadas e,


inevitavelmente, terminam com:

“Bem... eu queria que você estivesse lá.”

Outra razão porque histórias não funcionam é porque a platéia dos night clubs,
muito freqüentemente, está bêbada e sua atenção tem curta duração. Qualquer piada que
seja mais longa que cinco linhas, sem um desfecho engraçado, está em maus lençóis.
Bob Fisher, proprietário do L.A.’s Ice House e responsável pela agenda de sete
clubes de comédia, não contratará contadores de histórias que falem por cinco minutos
sem criar um desfecho engraçado. “Eu procuro pelo tipo de comediante que trabalha
com preparação e desfecho, ao contrário do contador de histórias, porque eu preciso de
um comediante que dê a platéia um certo número de risadas por minuto.”
Histórias também não funcionam porque elas são, freqüentemente, contadas no
passado:

“Então, lá estava eu numa loja de departamentos. E essa senhora caminhou


em minha direção e me perguntou se eu trabalhava lá. Então, eu disse a ela:
‘Sim’, e ‘todos os televisores estão de graça, hoje.”

Este é o mesmo material contado pelo comediante Bob Dubac, no presente e não em
forma de história:

“Para dar algumas risadas e relaxar, eu recomendo ir a uma loja de


departamentos e fingir que você é um dos empregados. Quando alguém
aparece e te pergunta, ‘Você trabalha aqui?’ diga a ele ‘Sim’ e só hoje
estamos com uma promoção onde você leva qualquer aparelho de TV
inteiramente grátis. Sente-se e aprecie a diversão”.

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Mantenha distância de histórias. O que é engraçado é simplesmente o jeito com que
você olha mesmo para o mais mundano dos acontecimentos, do mesmo modo como as
observações de Larry Miller a respeito dos fios de telefone:

“Como esses fios de telefone podem ficar tão enroscados? Como? Tudo o
que eu faço é atender ao telefone, falar, e desligar. Eu não atendo, dou uma
estrela, uma cambalhota e, então, desligo.”

Segredo #3: Não Tente Ser Engraçado.

“Você não tem que agir como um babaca para conseguir risadas.”

Se eu disser para você agora “seja engraçado”, o que você faria? Muitas pessoas,
provavelmente, começariam a fazer caretas, pular para cima e para baixo, e fazer algo
que poderia colocá-las em um hospício.
Ser engraçado não tem nada a ver com agir de modo estranho ou ultrajante.
Quando mais estranho você for, menos as pessoas te entenderão, e ninguém ri quando
está confuso. Por mais excêntrico que comediantes como Howie Mandel e Sam
Kinison, sejam, eles fazem um esforço enorme para comunicar suas idéias de forma
clara. Agir de maneira estúpida pode ser engraçado se você estiver atuando para
crianças de cinco anos de idade. Entretanto, trabalhos em jardins da infância não
surgem com freqüência e o salário é miserável.
Comediantes novatos têm uma tendência a tentar serem engraçados. Vá a uma
noite de amadores e observe esses comediantes. Um cara sobe no palco com a intenção
de ser bacana. Ele fala a sua primeira linha e ninguém ri. Então, ele se esforça mais para
ser engraçado. Ele está falando mais alto, ele está gesticulando, ele está se tornando um
homem em desespero. De repente, você sente que se você não rir, este cara irá para casa
e cometerá suicídio e será culpa sua. Não é surpresa que daqui por diante nada que ele
faça seja engraçado. Quanto mais forte ele tenta ser engraçado, mais você reza, ‘Por
favor, Deus, faça ele parar!’
Se você está no palco querendo desesperadamente uma explosão de gargalhadas,
uma risada, ou “a tee hee”, você será responsável por não conseguir nenhuma delas.
Nada aborrece mais as pessoas do que quando elas pensam que alguém quer algo delas.
Não interessa se é amor ou risadas, isso precisa ser dado gratuitamente. Exatamente
como as pessoas mais desesperadas por amor acabam morando sozinhas em
Winnebagos, os comediantes mais desesperados por risadas terminam tendo que manter
os seus empregos convencionais.

Segredo #4: Seja Sério.

Comédia é um negócio sério.


O ato perfeito é engraçado para a platéia e sério para você. Imagine que você seja
uma prostituta... uma puta comediante. Em outras palavras, o único que tem que gostar
é quem está pagando. Se for engraçado para você e não para o cliente, então você não
fez o seu trabalho direito.

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O comediante comprometido com o seu ato pode fazer uma platéia rir apenas
com a força, a intensidade da confidência de um monólogo. Realmente não importa
sobre o que se está falando. Se a discussão é sobre o papa, ou sobre “pólipo”, ou mesmo
a “pólipo” do papa, é o comprometimento do comediante com o seu material que
carrega o seu ato. O comprometimento em comunicar, de tornar as idéias claras,
fornecerá todo o combustível de que você precisa. À vontade de se comunicar é a única
razão sã para se subir em um palco, sempre.
Por que? Se você não acredita no que você está falando, muito menos a platéia
acreditará. O tópico que você escolher não tem que ser sério, mas a sua atitude a
respeito dele, sim. Seja falando sobre amor, ou gaze, fale com o seu público como se
suas palavras fossem modificar as suas vidas. Don Rickles faz a platéia vir abaixo
simplesmente falando com empolgação em uma língua que ninguém entende. É a sua
atitude seriíssima sobre o “nonsense” que faz a platéia rir.
O comediante Steven Wright tem levado a seriedade a novas dimensões com o
seu jeito de alguém que acabou de sair da tumba e sua expressão impassível:

“Eu moro em uma rua de mão única e sem saída. Eu não entendo como eu
cheguei lá.”

Segredo #5: Relaxe

Lembre-se... é uma comédia o que você está fazendo, não uma cirurgia do
cérebro. Relaxe e divirta-se.

A maneira de fazer as pessoas rirem é:


 Relaxe e seja você mesmo.
 Descubra a importância, a seriedade do seu material
 Divirta-se.

Se você realmente entendeu esses princípios, você está pronto para começar:

Workshop # 1
ESTUDANDO O TRABALHO DOS COMEDIANTES

Quando você assiste a um bom comediante, você nunca deveria estar consciente da
estrutura de seu ato – você deveria estar muito ocupado rindo. Bons comediantes
aparentam estar falando com espontaneidade e de improviso. “Eles simplesmente
acordaram lá e são engraçados”. O que muitas pessoas não imaginam todos os
comediantes em atuação estruturam seus atos em fórmulas de comédias muito
específicas.
Muitos anos atrás, eu apareci em um especial de novos comediantes para a HBO.
Também na agenda do programa estava um novo comediante chamado Robin Williams.
Eu estava particularmente curiosa para vê-lo ensaiar, porque, como quase todo mundo,
eu tinha a impressão de que seu número fosse totalmente improvisado. Não era
verdade. Durante o ensaio, na medida em que eu espiava a conversa dele com o diretor,
ficou muito claro que todo o seu número tinha sido bem mapeado.

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“Primeiro, eu aparecerei no palco e farei minha “morte do esperma”, e
então, eu faço a minha paródia de Shakespeare, e depois...”

Robin realmente improvisa durante o seu número, mas um exame de perto


mostra que ele tem um começo, um meio e um fim, e cada parte é dividida na fórmula
da preparação (setup) e desfecho (punch) da piada. O que faz dele brilhante é sua
habilidade para fazer cada bloco de piadas parecer totalmente improvisado.
Este exercício irá revelar para você que um número de comédia é um material
altamente estruturado onde toda atitude, palavra e grunhidos são meticulosamente
determinados. Analisar o material de comédia já testado pode ser uma grande
experiência de aprendizado. Entender como funciona a apresentação de outra pessoa o
deixará perto de descobrir a sua própria.
1. Grave um comediante que você gosta. (Assista TV ou alugue fitas de vídeo
apresentadas pelo seu comediante favorito.)
2. Assista a fita várias vezes.
3. Anote as respostas para as seguintes perguntas.
a. Qual é a atitude do começo ao final do show? (isto é, O comediante é
raivoso? Frustrado? Confuso? Preocupado? Etc.). Anote aqui:

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________

b.Liste os tópicos (assuntos) tratados naquela rotina de piadas (isto é,


namoro, casamento, restaurantes, etc.)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_

c. O que você gosta e o que você não gosta a respeito deste comediante?

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________

d. Memorize três minutos do ato deste comediante e o diga em voz alta.

OBS.: Você não deve NUNCA, eu repito, NUNCA apresentar publicamente o material
de outro comediante. Este exercício é planejado para ajudá-lo a perceber como soa o
material de bons profissionais. Apresente o material de outra pessoa mesmo para
somente uma outra pessoa é roubo e não vai levá-lo muito longe.
Agora... antes de passarmos a criação do seu próprio ato, existe um pequeno
demônio com o qual devemos tomar cuidado...

Lidando com o Medo


Stand-Up Comedy – The Book Página 10 Judy Carter
“Lembre-se, comédia não mata.”

As pessoas me dizem, “Eu nunca poderia fazer stand-up. Eu ficaria muito


assustado.” Bem, o que há de novo? Eu gostaria que essas pessoas pudessem ver a
pessoa miserável e aniquilada que eu era antes de ir em frente. Em todos esses anos em
que eu tenho me apresentado, eu nunca superei o medo de estar no palco. Não importa
se eu estou atuando para um pequeno grupo de pessoas, em frente de uma multidão
enlouquecida de milhares, ou apenas pensando sobre a minha apresentação, eu ainda
tenho ataques selvagens de ansiedade. Eu me sinto absolutamente petrificada e
convencida de que a minha morte está próxima.
Paula Poundstone, uma bem sucedida comediante que fez incontáveis aparições
no Show de Carson e em especiais da HBO, compara standup com paraquedismo. “Na
primeira vez em que eu pulei de um aeroplano, algo importante deu errado e eu pensei
que fosse morrer. E depois de aterrissar em segurança, meu primeiro pensamento foi
que isto era exatamente a mesma sensação que fazer o Tonight Show.”
Infelizmente, não existe cura para o medo do palco. A boa notícia é que, não
somente o medo desaparece logo que você aterrissa sobre o palco, mas que existe uma
maneira de tornar o seu medo controlável – e não é fazendo algo contra a lei.
Antes de aprender a lidar com o meu medo de modo satisfatoriamente, eu tentei
de tudo para cessar o terror que tinha em atuar. Álcool e drogas foram um desastre. Eles
me faziam esquecer o meu número e reter água.
Pode não existir uma cura para o medo, mas existe uma maneira de não deixar
que ele controle a sua vida.
O truque para lidar com o medo é seguir em frente a despeito da sensação de
terror. A primeira vez em que Arsênio Hall ouviu seu nome sendo anunciado no palco,
ele correu aterrorizado porta afora. Mesmo seu medo tendo persistido, ele de encheu de
coragem para tentar novamente. Anos depois, ele terminou com o seu nome nos
letreiros das principais casas de espetáculos, estrelando filmes com Eddie Murphy e
apresentando seu próprio talk show.
Stand-up requer coragem. É o que distingue os homens dos meninos, as mulheres
da garotas. Isso é o que é chamado popularmente de “colocar o seu cu na reta”.
No primeiro dia de cada nova classe eu pergunto aos meus estudantes, “Quantos
de vocês morrem de medo de subir em um palco?” Toda a classe levanta a mão. Eles
admitem que estão aterrorizados. Eles querem a cura. Eu não tenho a cura.
Desapontados, alguns alunos abandonam o curso. Outros querem seu dinheiro de volta.
E os corajosos que restaram, ficam ali pela diversão. Do modo como eu vejo, se você
gosta de montanha russa, você amará stand-up. Lembra-se? Você entra na fila,
pensando que será divertido, quando a fila se move, você começa a suar. Começa a
pensar que aquela foi realmente uma idéia estúpida. Você é o primeiro da fila. Você
entra no carro. Seu coração está pulando. Talvez você morra. Entra em pânico, quer
fugir. Os carrinhos começam a escalar aquela subida interminável e, então –
wheeeeeee! Quando o trajeto termina, você sai do carrinho e não pode esperar para
fazer tudo de novo.
A medicina tem mostrado que o medo e a excitação produzem a mesma reação
física – “caganeira” (diarréia). Pessoas que evitam assumir riscos (risk-taking) têm
vidas desinteressantes. Eles querem se proteger de sentir medo ou perder o controle. É
precisamente esta sensação de perder o controle que proporciona excitação e faz de

Stand-Up Comedy – The Book Página 11 Judy Carter


uma apresentação interessante de se assistir. Depois de anos dessa loucura, eu percebi
que se eu não sentia um pouco de medo, não seria excitante. As raras vezes em que
subo ao palco sem sentir medo eu, hoje em dia, fico preocupada. De fato, o dia em que
eu não ficar mais nervosa será o dia em que eu desistirei da stand-up e assumirei algo
realmente assustador – como me casar.
Stand-up é um grande barato se você consegue superar aquela voz crítica que lhe
diz para ficar na cama com um quarto de “Rocky Road”. Se você for mais do tipo
divertido você tem uma consciência (um crítico dentro de você) que reclama sem parar
(yaps away) toda a vez que você tenta algo novo. Meu crítico interior tem reclamado
sem parar nos últimos dez minutos: “Você não pode dizer ‘pinto’ em um livro. Agora
você ofenderá todo mundo. Pare de escrever e se case já.”
Como você pode imaginar, não é nada agradável de se conviver com este meu
lado crítico (Slash – criticar - como eu gosto de chamá-lo). Mas, como uma sombra, nós
estamos presos um ao outro. Eu cheguei a conclusão de que eu sempre terei uma
consciência que fala comigo como se eu fosse a escória da terra. Minha salvação tem
sido parar de fingir que ela não existe. Eu, agora, aceito minha consciência e
atualmente, descobri que os seu comentários podem ser divertidos – às vezes. Eu
garanto que, quando você começar a criar o seu material, seu crítico surgirá soprando
no seu ouvido coisas horríveis para que você pare. Este é o momento em que a maioria
das pessoas desiste. Antes de você prosseguir, eu recomendo enormemente que você
faça esse exercício de controle do seu crítico interior.

Workshop # 2
LIDANDO COM O SEU LADO CRÍTICO

Quando eu tento ignorar o meu lado crítico, sua voz apenas aumenta de volume.
Então, eu fiz um trato com ela. Eu lhe dou um tempo ininterrupto para falar com uma
condição: que ela dê uma volta enquanto eu estou criando. Funciona.
NOTA: Faça este exercício toda a vez em que você tiver um ataque de ansiedade,
ou um bloqueio de criação. Primeiro, leve o seu lado crítico para dar uma volta.
Permitir que o seu lado crítico se expresse plenamente pode libertar o medo e restaurar
seu processo criativo.
Dê uma volta em torno do quarteirão e critique você mesmo em voz alta,
enquanto caminha (faça isso em um lugar onde você não vai esbarrar em pessoas que
você conhece e ser confundido com um “bagperson” - vagabundo, drogado, bêbado).
Dê um nome ao seu senso crítico. Deixe tudo “numa boa”.
Ou, você pode dar uma volta e gritar com a sua voz crítica como se ela fosse uma
assustadora pessoinha. Esteja certo de que tudo dará certo. Faça acordos – barganhe.
“Certo, Slash, eu vou fazer uma dieta, se você, primeiro, me deixar terminar este
capítulo, ok?”
Eu cheguei num ponto em que descobri que o meu lado crítico é hilário – da
mesma forma que eu descobri que todos os psicóticos paranóicos são cheios de humor.
Então, dialogue com o seu lado crítico. Tirar o seu crítico de dentro do armário e
o conhecer a luz o tornará menos perigoso e, talvez, ainda lhe forneça material
engraçado. Sendo assim, pegue papel e lápis. É hora de ouvir o que o seu lado crítico
tem a dizer. Por três ou cinco minutos:
Stand-Up Comedy – The Book Página 12 Judy Carter
 Anote tudo que ele diz, assim como um escrivão de um tribunal – não avalie
nada, simplesmente registre.
 Escreva as suas respostas. Dialogue com o desgraçado. Para distinguir entre as
duas vozes, experimente escrever como o crítico com a sua mão direita, e como
você mesmo com a esquerda.
 Releia o que você escreveu e pergunte a si mesmo:
a) O seu lado crítico soa familiar? Se positivo... com quem ele se parece?
(meu chefe, minha mãe, meu irmão, etc.). Escreva a sua resposta aqui:

______________________________________________________________________
__________________________________________________________________

b) Que tipo de relacionamento você tem com o seu lado crítico? (mãe e
filho, pai e pilha, carrasco e vítima, professor e aluno, etc.) Anote todos
os seus pensamentos. Alguns poderão soar vagos. Tudo bem.

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c) O seu lado crítico é razoável? Em algum momento ele para de lhe


criticar? Como você lida com ele? Como você faz com que ele se cale?
(Inclua beber e comer se isso faz parte da sua anestesia.)

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O objetivo deste exercício foi libertar os seus demônios e colocar você no


controle do seu processo criativo. Uma vez que nós relaxamos e paramos de lutar com
nós mesmos, nosso crítico interior pode nos suprir com um valioso material cômico. O
próximo capítulo mostrará como transformar o seu lado crítico em material cômico.

RESUMO

Lembre-se dessas regras e você e você estará preparado para um bom começo:
Stand-Up Comedy – The Book Página 13 Judy Carter
1. Encare com seriedade o que você diz sobre o palco. Se comprometa com o seu
material.
2. Não tente ser engraçado. Não espere nada do público.
3. Não conte piadas ou histórias. Seja você mesmo.
4. Controle o seu lado crítico. Quando estiver com medo, dialogue com o seu crítico
interior.
5. Relaxe. Divirta-se.

Agora, vamos avançar para criar a sua apresentação de morte.

Stand-Up Comedy – The Book Página 14 Judy Carter


Capítulo 2

REUNINDO MATERIAL

“Podemos conversar?” “Claro... mas sobre o que?”

Você tem toneladas de material: sua vida

Você não tem que olhar no jornal para encontrar material. Todo o material de que
você necessita está dentro de você. É só o caso de descobri-lo, colocá-lo para fora e
entregá-lo para o público. Mesmo se você nunca esteve sobre o palco antes, eu tenho
certeza de que você já fez um número. Lembra-se daquela festa onde você começou a
falar mal do seu ex-marido, as pessoas ficaram vidradas em você e rolaram de rir? Ou,
que tal aquela vez na terapia, quando você matou o seu analista de rir, desesperada com
o seu peso, ou divertiu o carteiro reclamando das contas? Tudo isso poderia servir de
material para a sua apresentação.
Neste capítulo, nós iremos reunir seus temas, seu material cru. No Capítulo 3 nós
o transformaremos em rotinas engraçadas. Então, por onde começar? O modo de
começar a desenvolver material é encontrar:
 A sua atitude
 Os assuntos de seu interesse
 E a conexão entre os dois

Descobrindo a sua Atitude

“Ninguém me respeita...”
- Rodney Dangerfield
-
Quando um cantor canta, ele põe para fora os seus sentimentos. Bons
comediantes não contam piadas, simplesmente, eles se apresentam com uma atitude
emocional muito específica. Atitude é a força vital de um ato. O material não pode ser
emocionalmente neutro. Os temas do seu interesse têm que te deixar com repulsa,
machucar você, deixa-lo excitado, porque o público não reage a palavras, ele reage a
sentimentos.
Toda pequena parte de seu material tem uma atitude específica, tais como “Eu
estou preocupado com...” ou, “EU AMO...” ou “Eu estou FURIOSO com...” Este
pedaço de um ato de Margareth Smith mostra como ela se sente a respeito de seu
empresário.

“I hate my manager. He’s always giving me advices like ‘Wear red lipstick
up there. Look pretty.’ What if I’m not funny and it´s coming out of these
big old red lips? It’s like being a crummy outfielder with a paisley mitt.”

Stand-Up Comedy – The Book Página 15 Judy Carter


“Eu detesto o meu empresário. Ele está sempre me dando conselhos do
tipo ‘Use batom vermelho quando estiver no palco. Você fica bonita.’ E se
eu não estou sendo engraçada e o que eu disser sair de dentro desses
grandes e velhos lábios vermelhos? Minha boca vai parecer uma luva de
beisebol de um arremessador decrépito.”

Uma aluna de Spacy, Valerie Webber, se preocupa com coisas estranhas:

“Eu fico intrigada com lapelas. Elas têm uma casa para botão, mas nenhum
botão. E para que servem aquelas dobras em “V”? Se você juntá-las, elas
formam um quadrado? Quem inventou isso, Jean Paul Sartre? Lapelas!
Lapelas! Lapelas! A vida é um grande mistério!”

E a aluna Roseanne Keaton adora ser negra:

“Eu adoro ser Negra porque isso faz com que os meus amigos brancos
sintam-se muito liberais. Eu alugo a mim mesma todos os dias de Martin
Luther King como um suporte áudio visual. Isso faz com que eu me sinta
especial, como a última uva passa em uma tigela de cereais.”

Atitude não deve ser confundida com persona. A maioria dos comediantes tem
uma atitude diferente para cada trecho de seu material, e durante o seu número, eles
pulam de algo que os deixa com raiva para alguma coisa da qual eles têm orgulho, e
depois para algo que os deixam preocupados.
Uma persona é quando o comediante tem uma atitude emocional específica para
todo o seu número e todo o seu material está ligado a isso.
Por exemplo:
Rodney Dangerfield – “Ninguém me respeita...”

Jay Leno – “Aqui está uma coisa estúpida...”

Richards Lewis – “Eu estou sofrendo...”

Todas as “piadas” que eles contam iluminam o modo particular como eles
trabalham o seu ponto de vista. Você pode sempre identificar a persona de um
comediante. Esta é uma ciosa que nunca está ofuscada.

“Eu liguei para o meu médico. Disse a ele que estava com diarréia. Ele me
pôs na espera. A história da minha vida... nenhum respeito.”

- Rodney Dangerfield

“Eu vi um anúncio estúpido do lançamento de um novo forno microondas


que pode cozinhar uma refeição em dez segundos. Será que existem
pessoas que dizem, ‘Hei, eu já estou em casa há mais de dez segundos,
onde diabos está o meu jantar?. ”

- Jay Leno

Stand-Up Comedy – The Book Página 16 Judy Carter


“Eu estou sofrendo... Eu deveria produzir um show no Radio City: A Noite
das Cem Ansiedades... Minha mãe trouxe uma antena parabólica judia, ela
capta problemas de outras famílias... Para os feriados eu lhe comprei um
candelabro judeu que acende com resistência e um forno que reclama da
comida...”

- Richard Lewis

Comprar material para comédia antes de você ter uma persona definida será um
desperdício de dinheiro. Quando escritores de comédia criam material para outros
artistas, eles primeiro devem se familiarizar com a persona daquele comediante.
Material que é perfeito para Richard Lewis provavelmente será um desastre nas mãos
de Jay Leno. Pessoas que roubam material cometem o erro de roubar as piadas de um
comediante sem a sua persona. Eu estava me apresentando numa campanha beneficente
para levantar fundos e esta loira adolescente de olhos azuis tinha memorizado um
número de Bil Cosby palavra por palavra. Ela foi um fiasco. Mesmo que ela tenha dito
o material palavra por palavra, o que estava errado era a atitude de Cosby: seu
entusiasmo quase infantil pelo mundo em que ele vive. Pessoas que roubam material
estão destinadas ao fracasso. Elas evitam o verdadeiro trabalho da stand-up – cavar
fundo dentro delas mesmas e descobrir seu jeito único e particular de enxergar o
mundo.
Muitos alunos querem saber logo qual deve ser a atitude deles. Infelizmente, sua
atitude geral, sua persona sobre o palco, não é algo que você possa conscientemente
planejar. Ao contrário, preferivelmente, ela é algo que se desenvolve a medida em que
você descobre os temas de seu interesse. Então, por enquanto, não se preocupe com
isso.
Na próxima sessão você começará o processo de cavar um monte de tópicos e
testar diferentes atitudes.
Aqui estão alguns tópicos dos meus alunos ao lado das suas atitudes
correspondentes:

TOPICOS ATITUDES
Correntes AMA
Minha pedicure AMA
Bárbara Bush ADORA
Gaze SE PREOCUPA
Liver spots (pedaços de fígado?) SE PREOCUPA
Ser um nerd SE ORGULHA
Cachorros quentes de graça AMEDRONTADO
Biquínis “peludos” (Fur Bikinis) AMEDRONTADO
O alergia de pele de minha mãe ODEIA
Mímica ODEIA
Pessoas que desembrulham balas nos ODEIA
teatros

Stand-Up Comedy – The Book Página 17 Judy Carter


Escolhendo os seus Tópicos
As coisas mudaram desde Lenny Bruce. Nos dias de hoje, há pouca coisa que um
comediante não possa dizer sobre o palco. Todos nós sabemos sobre o que não
podemos falar na TV. George Carlin fez uma rotina cômica sobre os sete palavrões. Se
você se sente que tem autoridade para falar de alguma coisa e fala sobre ela com
comprometimento, você pode fofocar sobre qualquer coisa. Não verifique se algum
outro comediante está falando sobre o mesmo assunto. Vá em frente. Se você se sentir
inseguro a respeito de certos tópicos, evite-os. Tudo isso tem a ver com você se sentir
confortável e comprometido com o seu tópico. Aqui vão alguns conselhos:

Tópicos Que Farão As Pessoas Jogarem Coisas Em Você

1. Piadas racistas. Não fale mal de negros, judeus, hispânicos, orientais e assim por
diante a menos que aconteça de você ser negro, judeu, hispânico, oriental, etc. O
mundo não precisa de mais racismo e você não precisa de um nariz quebrado.
Isso também inclui falar mal dos homens se você é uma mulher e vice-versa. Ao
invés de “Mulheres são difíceis de se lidar...”, tente, “Eu tenho medo de mulheres
fortes...” Expressar seus medos interiores ao invés de reclamar sobre os outros
resulta em material melhor e o torna mais atraente.
2. Doenças. Não use câncer, AIDS, ou outra doença terminal como um tópico a
menos que você queira uma platéia deprimida e com os olhos cheios de lágrimas.
3. Imagens nojentas. Evite criar metáforas gráficas (graphic imagery) tais como
qualquer coisa que pingue dos orifícios do corpo humano. A platéia pode estar
comendo.
4. Palavrões. Depende de como você os usa. Comediantes como Kinison, Pryor e
Carlin se utilizam deles com bom resultado, mas comediantes preguiçosos usam
palavrões porque eles não conseguem imaginar como fazer algo ficar engraçado
e pensam que palavrões ajudarão. Em muitos casos, comediantes sem talento
usarão palavrões como uma maneira de camuflar sua falta de paixão.

Um número cheio de palavrões não ajudará a arrumar trabalho. Proprietários de


Clubes de Comédia, tais como Jan Smith do Igby’s Comedy Club de Los Angeles,
fica relutante em contratar um ato obsceno, especialmente de alguém que vai abrir
um show porque isso dá o tom para o show e tornará as coisas difíceis para os outros
que se apresentarem depois se eles não tem a mesma veia obscena. Ao invés de
termos literais de mal gosto, eu encorajo meus alunos a usar eufemismos.
O comediante Jordan Brady tem um bloco de piadas em que ele substitui por um
efeito sonoro a palavra “foda”.

“A única coisa que eu gosto a respeito dos filmes pornôs é aquele tema
musical do início dos anos setenta (diz em ritmo de jazz): “Bau chick a
boom bau”. Quando você ouvia esta música, sabia o que ia acontecer. A
dona de casa está sozinha, o jardineiro entra para beber água, e... ‘bau
chick a boom bau’. Ele poderia ter bebido da mangueira, mas ele queria
um pouco de: ‘bau chick a boom bau’.”

Stand-Up Comedy – The Book Página 18 Judy Carter


Essa piada, usada em um show matutino da CBS, mostra um exemplo de como
Jordan trabalha sem “sujeira”.
Palavrões podem se tornar bengalas para o comediante preguiçoso e desesperado.
Mas, se este é o seu estilo e você não quer se apresentar na TV, pau no cú, use-os.

Quem é Você
A maneira correta de se construir um ato cômico é descobrir o que você sente
efetivamente sobre:
 O seu eu exterior (aparência física)
 O seu eu interior (temas pessoais, isto é, infância, pais, escola,
relacionamentos)
 O mundo em que você vive (comentários sociais, política, etc.)

Os próximos exercícios tratarão da identificação de seus traços externos e internos.


(Comentário social e humor político é mais complicado e será abordado no Capítulo 4).
Eu lhe farei perguntas muito pessoais. É essencial que você diga a verdade. Material
baseado em coisas verdadeiras estabelece uma relação pessoal com a platéia. Mais
tarde, no capítulo 3, você aprenderá como exagerar a verdade para torna-la engraçada,
mas nesse momento, seja honesto e crível. A diversão virá mais tarde.
Eu também irei lhe pedir um monte de informações. Preencha tanto itens quanto
puder porque desenvolver material é como alimentar peixes de briga Siameses. Eles
precisam botar dois mil ovos para que apenas dez filhotes sobrevivam. Não se critique,
apenas siga as instruções.

Traços Negativos de Personalidade


Existe alguma coisa a respeito de sua personalidade que o deixe embaraçado?
Você possui algum traço psicológico, ou um defeito de caráter, ou alguma fraqueza que
você tente esconder. Alguma coisa que você ficaria envergonhado de revelar em um
primeiro encontro? Você é um comedor compulsivo? Um perdedor? Egoísta?
Aparentemente, traços negativos são solo fértil para bom material. Jack Benny
construiu seu ato inteiro no fato dele não valorizar a si mesmo. Muito comediantes
falam sobre seus fracassos com as mulheres.

“Eu tenho baixa auto-estima. Quando eu estava na cama, eu fantasiava que


EU era outra pessoa.”

- Richard Lewis
Todo mundo tem traços que não são aceitáveis socialmente. Quando mais
embaraçante eles forem, melhores serão as “piadas” que resultarão deles. As pessoas
vão a um clube e pagam no mínimo dois drinques para escutar coisas que elas
simplesmente pensam a respeito. O comportamento apropriado na vida real é
perfeitamente de acordo para o palco.

Stand-Up Comedy – The Book Página 19 Judy Carter


“Eu pensava que tinha síndrome pré menstrual. Mas, meu médico disse,
‘Eu tenho boas e más notícias. A boa notícia é que você não tem síndrome
pré menstrual. A má notícia é que você é uma piranha.”
- Rhonda Bates

Tenha em mente que seus traços negativos precisam ser críveis. Uma platéia não
comprará um homem bonitão falando sobre como ele é mal sucedido com as mulheres.
Nem tão pouco, comprará uma mulher magra falando sobre quão gorda ela é, a menos
que ela diga isso com sarcasmo. Mesmo que você se ache gordo, ou feio, a menos que
os outros também achem, você confundirá a platéia. Você tem que estabelecer
credibilidade com o público. Você precisa ser autêntico e convincente. Diga a verdade.

“Eu tive que me mudar para Nova Iorque por motivos de saúde. Eu sou
extremamente paranóico e Nova Iorque é o único lugar onde meus medos
são justificados.”

- Anita Wise

Lembre-se, você não precisa inventar nada porque a verdade é o suficiente para
entreter.

Workshop # 3
TRAÇOS NEGATIVOS DE PERSONALIDADE

Hora de se confessar

Anote a seguir seus traços negativos de personalidade. Quanto mais negativo,


melhor. Tenha em mente que você esta anotando traços psicológicos. Evite escrever
traços físico, como unha encravada (biter nail), magreza, caspa, e assim por diante.
Aqui vão alguns exemplos de meus alunos: comedor compulsivo, piranha, CDF,
pessoa que fala demais, neurótico, fracassado, alcoólatra, mentiroso, vagabunda,
quadrado, confuso, um filho da puta que só se preocupa consigo mesmo.

1. Mentiroso_________________________________________________________
______
2. Fracassado________________________________________________________
______
3. Relaxado_________________________________________________________
_______
4. ________________________________________________________________
5. ________________________________________________________________
Stand-Up Comedy – The Book Página 20 Judy Carter
6. ________________________________________________________________
7. ________________________________________________________________
8. ________________________________________________________________
9. ________________________________________________________________
10. ________________________________________________________________

Workshop # 4
CARACTERÍSTICAS ÚNICAS

Existe alguma coisa a seu respeito que o torne único? Você tem uma ocupação
incomum? O ato de uma aluna, Belinda Ware, foi baseado no seu emprego estranho.

“Eu sou coveira no Forest Lawn. Não é tão ruim. Meus clientes não
reclamam.”

A aluna Joan Gibson era “caminhoneira”:

“Algumas pessoas pensam que mulheres não podem dirigir caminhões. Ei,
eu sou capaz de manobrar em vagas minúsculas e de me segurar para ir ao
banheiro por três mil milhas, e minha bunda pode criar hemorróidas tão
grandes quanto as desse cara aqui.”

Você tem uma religião curiosa?

“Telling your parents you want to be a comedian is rough, especially


they’re Mormons. I remember sitting them down and saying, ‘Now look,
Mom, Dad, Mom, Mom, Mon…”

“Contar para os seus pais que você quer ser um comediante é dureza,
especialmente quando eles são Mormons. Eu me lembro de pedir para que
eles se sentassem e dizer, ‘Agora, olhem, mãe, pai, mãe, mãe...”

Você tem alguma deficiência? A surda Katherine Buckley passou para as


semifinais de um concurso de comédia, sua primeira experiência no palco, em parte
porque seu material tratava de forma honesta e aberta com a sua incapacidade de ouvir,
enquanto ela dava um novo tratamento a um tópico tradicional das comédias, namoros:

“I haven’t had a date in two and a half years, but, maybe that´s because I
haven’t heard the phone ring.”

“Ninguém me convida para sair já há dois anos e meio. Talvez, isso tenha
alguma relação com o fato de eu não escutar o telefone.”

Ou, existe alguma coisa única a respeito de sua família? A aluna Linda Adelman
baseou seu ato em um tópico muito arriscado, seus pais são sobreviventes do
holocausto:

Stand-Up Comedy – The Book Página 21 Judy Carter


“... então, eu agrada-los, mas, não importava o quanto eu limpasse a minha
casa, quando eles me visitavam as primeiros palavras que saíam da boca de
meu pai eram ‘Eu sinto cheiro de gás!’”

O comediante Blake Clark baseia seu ato no fato de ser um veterano da guerra do
Vietnã:

“Estou escrevendo um livro sobre minhas experiências durante a Guerra do


Vietnã que vai se chamar, Um Guia dos Bares e Tavernas de Montreal.”

Você tem uma característica singular? Se tiver, anote-a aqui:

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Workshop # 5
SEU EU EXTERIOR

Uma ótima maneira de abrir uma apresentação é fazer piada com o mais óbvio –
com o que você se parece. Você é magro, gordo, de alguma etnia, e assim por diante?
Pode ser algo tão simples quanto o seu cabelo. Uma das minhas alunas tinha cabelo em
abundância. Ela subia no palco, esperava um momento, e então, dizia com nenhuma
expressão em seu rosto:

“Eu detesto meu cabelo.”

Isso fazia a casa vir abaixo. Nenhuma piada, nenhum desfecho, simplesmente a
verdade nua e crua com uma atitude cheia de honestidade como “Eu detesto...”
Outro aluno tinha um visual completamente inexpressivo (wimpy-looking). Suas
primeiras palavras no palco eram:

“Ok, eu sou um nerd...”

Então, ele prosseguia falando sobre o seu orgulho em ser um nerd.

“... quem mais levaria você ao aeroporto a uma da manhã?”

Sua atitude era: “Eu me orgulho...”


Outra aluna tinha um visual muito, muito, muito rude. Ela era guarda de
segurança de dois metros com uma cicatriz de corte de faca no seu rosto. Sua primeiras
palavras depois de encarar a platéia por alguns minutos era:

“Está certo, eu não sou a porra de uma debutante.”

Sua atitude era: “Eu estou zangada...”


Outros itens de traços externos dos meus alunos incluíam: “Eu sou japonês...”;
“Ombros largos...” (um aluno vestindo largas ombreiras); “Eu sou açougueiro...” (uma
Stand-Up Comedy – The Book Página 22 Judy Carter
garota com visual masculino); “Eu sou negro...”; “Eu estou na meia idade...”; “Eu sou
deficiente...”; “Eu sou alto...”
Agora é sua vez. Qual é a primeira coisa que uma pessoa nota em você? Existe
alguma coisa em você que se destaca visualmente? Se você não sabe, então, pergunte a
um amigo. Pergunte a um colega comediante, a um amigo ou a estranhos no meio da
rua. Estranhos são a melhor fonte de informação porque eles são como a sua platéia –
um grupo de pessoas que você não conhece. Seja o que for, deve ser verdadeiro e
óbvio.
Aqui estão mais alguns exemplos de meus alunos: gordo, magro, cabeludo,
narigudo, sexy, bonita, mal vestida, Negro, Caucasiano, Latino, etc.
Escreva as suas respostas aqui:
1. Feio_____________________________________________________________
____
2. Gordo____________________________________________________________
_____

Esses traços físicos não serão engraçados agora, mas eles serão de grande ajuda para
a criação de material no Capítulo 3.
Se esse exercício sobre traços físicos não tiver resultado em nenhum material,
não se preocupe. Muitos dos meus alunos não têm traços físicos notáveis o
suficiente para se brincar a respeito.

Um Dia na Vida do Seu Eu Interior


Quais são os assuntos pessoais com os quais você está lutando nesse exato
momento? O que você odeia? O que te preocupa? O que o assusta?
A medida em que o dia passa, observe quais pensamentos parecem surgir
repetidamente em sua mente. Observe o que habita a sua mente. Sobre que
relacionamentos você tem pensado a respeito. Mãe? Pai? Contador? Cães? O que
incomoda você? Temas que são viscerais para os meus alunos vão da guerra nuclear
ao chupão. CARREGUE UM PEQUENO CADERNO. Não censure ou julgue o que
você estiver pensando, apenas fique atento a eles e tome nota.
Um momento ideal para esta atividade escrita é logo quando você se levanta. Eu
descobri que o que eu escrevo é menos “bloqueado” se é a primeira coisa que eu
faço de manhã. E eu quero dizer a primeira coisa mesmo, antes de sair da cama,
antes de tomar café. Deixe este livro e uma caneta perto da sua cama. Se você não
funciona antes de tomar um café, então, faça algum à noite, antes de dormir e deixe
em uma garrafa térmica ao lado da cama. Quando você fizer esse exercício, talvez
você fique perplexo com o que sai de você:

“Eu odeio poeira em agulhas de toca-disco, tíquetes de


estacionamento, circo...”
“Eu tenho medo de absorventes, aviões, escuridão, da morte...”
“Eu me preocupo com comida com olhos, ficar velho, meu rosto
enrugando...”

Stand-Up Comedy – The Book Página 23 Judy Carter


Workshop # 6
COISAS QUE VOCÊ ODEIA

Faça uma lista das coisas que você odeia. Coisas que o desagradam. Escolha
tópicos que sejam mais pessoais. Um pai é melhor do que um tio. Tópicos que tem
sido terreno fértil para boas piadas são: cirurgia plástica, encontros às escuras,
homens que cospem, pelos que crescem em lugarem incomuns, ninfomaníacas
(bimbos), proctologistas, o modo como o meu pai come, a alergia da minha mãe...
Carregue esta lista com você durante todo o dia e anote ao menos dez coisas que
você odeia. Não corte nada. Seja brutal, irreverente, e o mais específico que puder.
Odiar “o modo como minha mãe se levanta da cama” é melhor do que odiar sua
mãe. Odiar Couve de Bruxelas é melhor do que odiar verduras. Não preencha a lista
de uma só vez. Seja genuíno e tenha paciência enquanto você reúne as sementes de
seu ato.

1. Eu odeio política___________________________________________________
2. Eu odeio funk______________________________________________________
3. Eu odeio a minha avó_______________________________________________
4. Eu odeio quem finge que é meu amigo_________________________________
5. Eu odeio__________________________________________________________
6. Eu odeio__________________________________________________________
7. Eu odeio__________________________________________________________
8. Eu odeio__________________________________________________________
9. Eu odeio__________________________________________________________
10. Eu odeio__________________________________________________________

Workshop # 7
COISAS QUE TE PREOCUPAM

Mais uma vez, seja específico o tanto quanto possível. Se preocupar com
manchas na pele é melhor do que se preocupar com envelhecimento em geral. Anote
todas as coisas excêntricas com as quais você se preocupa.

1. Eu me preocupo com doenças sexualmente transmissíveis _____________


2. Eu me preocupo com minhas notas ruins________________________________
3. Eu me preocupo com
_________________________________________________
4. Eu me preocupo com
_________________________________________________
5. Eu me preocupo com
_________________________________________________
6. Eu me preocupo com
_________________________________________________
7. Eu me preocupo com
_________________________________________________
8. Eu me preocupo com
_________________________________________________
Stand-Up Comedy – The Book Página 24 Judy Carter
9. Eu me preocupo com
_________________________________________________
10.Eu me preocupo com
_________________________________________________

Workshop # 8
COISAS QUE TE ASSUSTAM

Anote todas aquelas coisa que te assustam. Lembre-se que precisam ser itens que
realmente te dão medo. Fique longe das coisas típicas como guerra nuclear e
descubra aquelas pequenas coisa incomuns como bicho da batata, biquínis peludos,
correntes, mecânicos de automóveis, morrer em um avião...

1. Eu tenho medo de
morrer___________________________________________
2. Eu tenho medo de não ser engraçado no palco ________________________
3. Eu tenho medo de
_________________________________________________
4. Eu tenho medo de
_________________________________________________
5. Eu tenho medo de
_________________________________________________
6. Eu tenho medo de
_________________________________________________
7. Eu tenho medo de
_________________________________________________
8. Eu tenho medo de
_________________________________________________
9. Eu tenho medo de
_________________________________________________
10.Eu tenho medo de
_________________________________________________

Workshop # 9
ATITUDE

Adicionando Atitude

Antes de você organizar seus itens como material de stand-up, você precisa
captar o sentimento para você irá falar sobre seu tópico com uma atitude específica.

Stand-Up Comedy – The Book Página 25 Judy Carter


Até agora você tem várias listas:
 Traços negativos de personalidade
 Características singulares
 Atributos físicos que chamam atenção
 Coisas que você odeia
 Coisas que te preocupam
 Coisas que te dão medo

Como eu disse antes, todos os tópicos devem ser representados com uma atitude
específica. Para captar este sentimento, escreva todo o seu material em pequenos
pedaços de papel e os coloque em uma bolsa. Pegue um gravador portátil ou uma
caneta e papel. Encontre um lugar reservado onde você possa caminhar e falar com
você mesmo sem ficar constrangido. Tire um tópico da sua coleção de temas e
comece a falar sobre ele o mais rápido que você puder no gravador, ou escrever o
mais ligeiro possível, de maneira que você liberte todo o seu ódio, preocupação,
medo ou orgulho. Exagere esses sentimentos.
Você está zangado com a sua vida amorosa? Grite, expresse todo o seu ódio no
gravador ou escrevendo tudo sobre sua vida amoroso que o deixa furioso e o porquê.
Pergunte a si mesmo, “Porque isso me irrita e quais seriam algumas conclusões
engraçadas?” Solte-se. Por exemplo:

“Eu estou zangada por ser solteira. Porque todos os príncipes com quem eu
saio viram sapos no final? Estou zangada por ser uma mulher na casa dos
trinta que começa a pensar em ter filhos enquanto os homens de trinta anos
começam a pensar em sair com meninas que poderiam ser suas filhas.
Estou zangada com Florence Henderson. Eu não sei porque eu passo noites
acordada pensando sobre ela, talvez seja porque ela é tão normal. Eu tenho
raiva de não ser normal. Que, ao invés de ter dois filhos e um marido, eu
tenha dois gatos e um cachorro. Há alguma coisa de errado com uma
mulher que prefere a companhia de seu cachorro ao invés de sair com um
homem? Eu não sei... talvez eu seja meio humana, meio cachorro. Deveria
haver um livro com o título Mulheres Que Amam Demais Os Cães...”

Permita-se expressar livremente, de forma plena a sua atitude. Se envolva


profundamente. Seja intenso. Seja apaixonado. Não tente ser engraçado. Grite, fala
com todo o sentimento sobre qualquer coisa que vier a sua cabeça a respeito
daquele tópico. Não pense muito. Quando você esgotar o que tem a dizer, continue
repetindo, “Eu odeio (seu tópico)” de novo e de novo. As coisa boas geralmente
surgem quando você não tem mais o que dizer. Se você está preocupado com
alguma coisa, seja você mesmo, seja autêntico:

“Eu estou preocupado sobre ter trinta e poucos... Envelhecer me preocupa.


Embora eu nunca tenha pensado que eu me preocuparia em envelhecer já
que meu nome é Judy e eu nunca conheci uma idosa que se chamasse Judy.
Agora, isso é uma realidade. Talvez, alguma coisa aconteça com as garotas
que tem nomes jovens tais como Debby, Judy e Susie. Em uma certa idade,
eles te obrigam a mudar seu nome para Dóris, Edna ou Mirtes. Eu estou
preocupada. Quando isso acontece? Quando é esse dia em que eu serei

Stand-Up Comedy – The Book Página 26 Judy Carter


considerada velha. Eu me preocupo que um dia eu acorde e não importa o
calor que esteja fazendo... eu queira vestir um casaco. Eu me preocupo que
eu fique eu fique velha e comece a espalhar potes de balas por toda a casa.
Eu estou preocupada em ter um desejo incontrolável de comprar uma bolsa
preta de vinil. Me preocupa que, um dia, eu entre no meu carro e o volante
seja grande demais. Eu me preocupo... etc.”

Atitudes contrastantes
Uma maneira eficiente de criar material é usar uma atitude oposta em relação a
um tema e falar sobre ele com sarcasmo e cinismo. Não existe nada de engraçado sobre
“Eu sou em cara selvagem e louco”. Mas, quando Steve Martin diz essas palavras com
uma atitude forte, ele faz a platéia vir abaixo.Sua atitude é ter orgulho em ser selvagem
e louco. E ele passa essa informação com um comprometimento exagerado.
David Letterman construiu sua carreira a partir desta técnica de sarcasmo,
cinismo e ironia:

“Oh, sim, teremos um grande show esta noite, um show excitante, você pode até
sentir essa de que alguma coisa extra especial vai acontecer hoje à noite.”

Nas minha aulas, quando meus alunos empacam, eu sugiro que eles identifiquem
em uma palavra uma atitude improvável para seus temas e falem sobre ela usando a
técnica do sarcasmo. Por exemplo, uma aluna tinha “ser solteira” em sua lista de
“coisas que eu odeio”. Quando ela se expressou com exagero a respeito de como ela
odiava ser solteira, aquilo soou como se ela estivesse se lamentando e reclamando. O
material ficou bem melhor quando ela mudou a atitude de ódio para adoração e o falou
com a técnica do sarcasmo:

“Oh, eu simplesmente adoro ser solteira... Eu adoro, adoro! É muito mais


divertido por um bracelete sem ajuda de ninguém. E eu tenho passatempos
fascinantes, do tipo tecer e fazer edredons a partir dessas luvas que a gente usa
para tirar coisas do forno.”

Workshop # 10
FALANCO COM SARCASMO

Para ter uma idéia de como isso funciona, experimente usar a atitude de AMAR
para um item que da lista de coisas que você odeia. Grite, se expresse com intensidade
sobre o quanto você ama aquele item em um tom de sarcasmo, ironia e cinismo. Tente
falar sobre isso do jeito que você acha que o David Letterman falaria.

Workshop # 11
SENTINDO ORGULHO

Outra maneira de criar atitudes contrastantes ou atípicas é adicionar a atitude de


“Eu me orgulho” aos itens de sua lista de traços negativos de personalidade. A maioria

Stand-Up Comedy – The Book Página 27 Judy Carter


das pessoa se envergonham de serem fracassadas, mas, quando você finge ter a atitude
incomum de “Eu me orgulho de ser um fracassado”, você liberta o potencial da
comédia.

“Eu me orgulho de ser um fracasso... É algo no que eu sou bom. Ei, pelo
menos eu sou confiável. Se você precisa de alguém que ponha tudo a
perder, você pode contar comigo.”

Aqui, o comediante deficiente Gene Mitchener dá um enfoque absolutamente


novo para um tópico difícil:

“Eu me orgulho em ser deficiente físico. Se não fosse por caras como eu,
vocês perderiam o dia todo procurando por uma vaga para estacionar.”

Pratique esta técnica de ter uma atitude contrária, agregando a atitude de ter orgulho de
seus traços negativos de personalidade e/ ou de suas características singulares. Por
exemplo:

Eu tenho orgulho de __ser um


fracassado_______________________________________
PORQUE: Eu economizo em
telefonemas________________________________________

______________________________________________________________________
_

Eu me orgulho de: de só pensar em


mim__________________________________________________
PORQUE: eu não tenho de fingir que eu me interesso pelos
outros______________

______________________________________________________________________
_

Eu me orgulho de: ser um


fudido_____________________________________________
PORQUE: Eu consegui uma bolsa para fazer
terapia_______________________

______________________________________________________________________
_

Eu me orgulho de: deixar tudo pra mais


tarde___________________________________
PORQUE: isso me livra de me tornar um viciado em
trabalho________________

Stand-Up Comedy – The Book Página 28 Judy Carter


______________________________________________________________________
_.

Agora, escreva você.


Pegue das listas que você fez no exercício #3 e 4 e coloque as considerações
interessantes aqui. Use tanto os seus traços negativos de personalidade como também
suas características singulares. Lembre-se, ninguém mais vai ler o que você escreveu e
não existem respostas certas ou erradas.

1. Eu me orgulho de zerar um jogo no videogame _________________________


PORQUE: isso comprova que eu sou um nerd abstimado anti-social __
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

2. Eu me orgulho de saber mexer no computador_________________________


PORQUE: como eu só sei mexer eu estrago essa porra todo dia. ____
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

3. Eu me orgulho de Falar alto com meus amigos__________________________


PORQUE: eu tenho a impressão que sou alguém de extrema importância.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

4. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

Stand-Up Comedy – The Book Página 29 Judy Carter


5. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
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Agora, experimente o exercício de falar estes tópicos com vigor e sentimento o mais
rápido que puder usando a atitude “Eu tenho orgulho”. Imagine que vocês ta falando
para alguém. Pratique conversar sobre os seus temas como se você estivesse
defendendo a si mesmo para esta pessoa. Você não tem que suar literalmente as
palavras “Eu tenho orgulho”. Você pode simplesmente sentir. Por exemplo, “Eu tenho
orgulho de ser um CDF!” se torna “Certo, eu sou um CDF.” A, então, defenda a você
mesmo dando ênfase nas vantagens de ser um CDF assim como fez meu aluno Steve
Guentner:

“Eu não tenho vergonha. CDF’s tem um monte de qualidades. Nós somos
bons para a economia. Quem mais compra todas essas calculadoras, meias
brancas, óculos, protetores de camisa, camisas xadrez, réguas de arquiteto,
computadores, vídeos do seriado Jornada nas Estrelas, livros de ficção
científica, e blocos de zona azul? CDF’s! CDF’s prestam serviços
valorosos. Quem se candidata a presidente? CDF’s! Quem lhe dará uma
carona ao aeroporto as três da manhã? CDF’s!”

Misture e Combine
Trabalhe misturando e combinando mais de seus tópicos em atitudes inusitadas.
Se você é um cara, ‘adorar mulheres obesas’ é muito mais interessante e simpático do
que ‘odiar garotas gordas’. Se você é uma garota e um tema da sua lista de
características exteriores são suas coxas, por exemplo, tente uma atitude improvável de
“amor”.

“Eu ano minhas coxas gordas. Elas me mentem aquecida no inverno e


mesmo que eu ficasse isolada no Círculo Ártico, elas poderiam manter
várias pessoas aquecidas. Sim, elas poderiam. Isso daria a elas algo para
segurar...”

Com muita freqüência, meus alunos terão respostas típicas em suas listas de
coisas que eles odeiam, tais como ‘Eu odeio ficar em filas’, ou, ‘Eu odeio receber
multas’. Então, o que é novo? Provavelmente, conduzir para um final engraçado de
matar. Mas, agora, troque tudo de lugar, de modo que fique assim, ‘Eu amo receber
multas’ e assista o potencial da comédia se revelar:

Stand-Up Comedy – The Book Página 30 Judy Carter


“Eu amo receber multas. Eu acho que eu simplesmente gosto de ganhar
atenção de um homem com uma arma. Isso me faz sentir notada. Eu gasto
todo o meu dia escolhendo uma roupa especial e, então, saio de casa e
acelero. E você conhece aquela sensação excitante quando você enxerga
aquelas luzes vermelhas no seu espelho retrovisor? Meu coração vai até a
boca e me sufoca. É melhor do que fazer sexo...”

Workshop # 12
MISTURANDO E COMBINANDO ATITUDES

Para praticar, ponha suas mãos para trabalhar em expressar-se com vigor a
respeito dos seguintes tópicos com estas atitudes inusitadas:

1. “Eu odeio sexo”.


2. “Eu tenho medo de clipes”.
3. “Eu me preocupo com “fótons”.

Agora, experimente gritar no seu gravador usando atitudes inusitadas com os


seus tópicos. Se odiar verduras congeladas não funciona para você, então, experimente
outra atitude. Tente “Eu tenho medo de verduras congeladas’, ou, “Eu me preocupo”,
sinta a sensação. Continue falando. Se nada cier a mente, prossiga repetindo a sua
atitude. “Eu estou zangado... Estou zangado...” Deixe ser apanhado pela paixão do
momento. Se você perceber que está falando sobre alguma coisa totalmente diferente
do que você tinha planejado, tudo bem. Deixe que seu espírito o guie. Vá na onda. Não
tente ser engraçado. Apenas, real e prossiga. Realmente se somprometa com a atitude e
as palavras virão. Se não, continue com outro tópico.

Workshop # 13
ACHANDO AS PÉROLAS NO MEIO DO LIXO

Existe a possibilidade de, no meio de toda a sua falação, existir algum material
engraçado.

1. Escute repetidamente a fita que você gravou e perceba que partes soam como se
fossem engraçadas. Ou, talvez, alguma coisa que você tenha dito lhe dê uma
idéia para algo completamente diferente. Lembre-se, não conte piadas. Cada
pedaço tem de consistir de uma atitude atrelada a um tópico.

2. Trabalhe com um parceiro. Criar um sistema de ajuda enquanto está estudando


este livro é altamente recomendado. Nas minhas aulas, é obrigatório para meus
alunos trabalhar dez minutos cada manhã em seus atos eles mesmos e se reunir
ao menos uma vez por semana com um companheiro de curso. Ter alguém para
reagir ao seu material ajudará a aprender o que é engraçado e o encorajará a
desenvolver mais material. Além disso, só o fato de ter alguém para olhar
enquanto você diz o seu material é um passo crucial para falar diante de uma
platéia.

Stand-Up Comedy – The Book Página 31 Judy Carter


3. Teste seu material no seu trabalho, com amigos, ou com o carteiro. Aviso: nunca
deixe as pessoas saberem que elas estão sendo usadas como cobaias da comédia.
Nunca introduza o seu material com “Você acha que isso é engraçado?” porque
eles não acharão engraçado. Coloque o seu material sutilmente no meio de uma
conversa. O melhor lugar possível é uma festa, ou um bar onde as pessoas não
te conheçam.
A aluna Jennifer Heath experimentou material na lavanderia:

“Eu me preocupo com essas bolinhas que aparecem nas roupas. De onde
elas vêm? Eu lavo minhas roupas várias vezes e sempre aparecem essas
bolinhas, mas minhas roupas não diminuem de tamanho. E por que, não
importa qual seja a cor das roupas que você lava, as bolinhas são sempre
cinzas?”

4. Se alguém rir, anote palavra por palavra o que você disse de modo a lembrar-se o
que foi dito exatamente da maneira pela qual você obteve a risada. E parabéns.
Você tem o primeiro pedaço do seu ato.

5. Se ninguém rir de nada, continue tentando material diferente ou amigos


diferentes. Não o importa o que você faça, não desista.

Lembre-se que quando uma platéia vê um comediante fazer cinco minutos no


programa do Johnny Carson, o que eles não vêem é todo o material que ele teve que
jogar fora. As vezes, haverá talvez apenas um pequeno fragmento de idéia em uma das
duas gravações ou anotações a respeito de um tópico que você poderá usar em algum
lugar. O comediante Jerry Seinfeld diz que muito do seu material surge para ele dos
hábitos que ele segue enquanto está no toalete. Você gastará cerca de de uma hora
jogando conversa fora para obter cada três minutos de material – se você tiver sorte.

Resumo
Até agora você:

 Aprontou as suas listas de tópicos


 Desenvolveu as atitudes para cada tópico
 Desenvolveu as atitudes inusitadas para seus tópicos
 Gravou você se expressando com vigor a respeito de cada tópico
 Trabalhou com um parceiro de comédia
 Testou seu material com amigos e estranhos
 Anotou o material que fez as pessoas rirem

Guarde todo o material escrito e gravado. No próximo capítulo você aprenderá


fórmulas de comédia para transformar este material ainda cru em rotinas cômicas de
matar de rir.

Stand-Up Comedy – The Book Página 32 Judy Carter


Capítulo 3

Tornando seu Material Engraçado

As fórmulas
Até o presente momento, você já gravou a si mesmo expressando seus tópicos
com vigor e testou um pouco do seu material. Muito provavelmente, alguma parte de
seu material provocou risadas enquanto outra parte foi recebida com um frio silêncio.
Você, provavelmente, também descobriu que o material que obteve risadas na primeira
tentativa, não funcionou quando testado novamente. Não se assuste. Neste capítulo,
você irá moldar e transformar tudo o que pos para fora com vigor, em material
profissional de comédia por meio de fórmulas específicas da stand-up.
Você, talvez, esteja resmungando baixinho “Por que ela não me deu essas
fórmulas logo no começo e acabou logo com isso?”. Boa pergunta.
Eu descobri que material baseado apenas em fórmulas soa artificial, sem alma, e
não é engraçado. Falta paixão. E paixão tem de vir em primeiro lugar. Paixão fornece o
combustível, o movimento, a inspiração que irá guiá-lo através do seu ato. A paixão
revela a sua essência – diz quem você realmente é. Mas, paixão e talento não são
suficientes. Você deve ser capaz de tornar as suas idéias compreensíveis, inteligíveis e
fazê-las claras para a platéia.
Mantenha isso em mente, você agora está preparado para aprender as fórmulas
que o ajudarão a moldar e estruturar idéias de modo que a platéia entenda exatamente o
que você está tentando comunicar.
Eu não posso dizer com certeza absoluta do que uma platéia irá rir, mas eu posso
dizer com certeza ela não achará graça de algo que ela não entende. Lembre-se, a
maioria das pessoas em um night club está bêbada. Enquanto você está sobre o palco
com o material que faz sentido perfeitamente para você, para a sua mãe e para o seu
confeiteiro, a questão se torna: será claro para algum cara excitado, com duas
margaritas agindo abaixo de sua cintura, que somente está interessado em transar?

Preparação / Desfecho
Todo material de stad-up deve ser organizado na fórmula de preparação (setup) e
desfecho (punch). Se seu material não está organizado desta maneira, você não está
fazendo standup. Talvez você esteja contando uma história engraçada, recitando uma
poesia, fazendo um discurso, mas isso não é standup. Stand-Up comedy é uma forma
muito específica de entretenimento, e consiste em uma coleção de preparações e
desfechos (setups e punches).
O desfecho é quando a audiência ri. A preparação é aquela linha ou duas que
conduz até o desfecho.

SETUP:

Stand-Up Comedy – The Book Página 33 Judy Carter


“Minha mãe é uma típica mãe judia. Uma vez ela esteve em um
julgamento e tiveram que mandá-la para casa...”

PUNCH:
“Ela insistiu que era culpada.”

A preparação (setup) é a parte sem graça da piada. É a parte da piada que contém
a informação que introduz a matéria, o tema, o assunto da piada.

SETUP:
“At my gym they have free weights...”

“Na minha academia eles tem aqueles pesos individuais...”

PUNCH:
“So, I took them home.”

“Então, eu levei os meus para casa.”


- Steve Smith

A preparação cria expectativa. O desfecho entrega a piada.

SETUP:
“I’m into Jewish bondage…”

“Eu estou interessado pela subserviência judaica...”

PUNCH:
“… that’s having your money tied up an IRA account.”

“... que é ter o seu dinheiro parado em uma conta do SUS.”

- Noodles Levenstein

Mesmo dentro de uma piada de uma linha só existe uma preparação e um


desfecho.

SETUP:
“I used to be a virgin, but I gave it up...”

“Eu acreditava na virgindade, mas desisti...”

“Eu já fui virgem, mas desisti...”

PUNCH:
“… there was no money in it.”

“... ganho muito mais dinheiro sendo uma vagabunda.”

Stand-Up Comedy – The Book Página 34 Judy Carter


“... não se ganha dinheiro com isso.”

- Marsha Warfield
SETUP:
“Se pessoas que não enxergam usam óculos...”

PUNCH:
“Por que os surdos não usam protetores de orelha?”

SETUP:
“I’m a great lover...”

“Eu sou um grande amante...”

PUNCH:
“… I bet.”

“... Eu aposto.”

- Emo Philips

Uma preparação bem feita seduz a platéia a prestar atenção em você. Um bom
desfecho força a platéia a ter uma reação. Aqui, Rita Rodner prepara o desfecho
fazendo uma pergunta a platéia que os arrasta em uma direção:

SETUP:(PERGUNTA)
“Why are women wearing perfumes that smell like flowers?”

“Por que mulheres usam perfumes com fragrância de flores?”

Então, o desfecho é sua inusitada reação a preparação:

PUNCH:
“Men don’t like flowers. I’ve been wearing a great scent. It’s called ‘New
Car Interior’.”

“Homens não gostam de flores. Eu agora uso uma excelente fragrância. Ela
se chama: ‘Interior de Carro Novo’.”

Emo Philips ganha a atenção da platéia usando uma preparação que choca o
público:

SETUP:
“Probably the toughest time in anyone’s life is when you have to murder a
loved one because they’re the devil...”

Stand-Up Comedy – The Book Página 35 Judy Carter


“Provavelmente, o momento mais duro na vida de qualquer pessoa é
quando você tem que matar alguém que você ama porque ele é o
demônio...”

PUNCH:
“… Other than that, it’s been a good day.”

“... tirando isso, tem sido um bom dia.”

E o mais importante, o desfecho contrasta com a preparação de uma maneira


inesperada.

SETUP:
“I’m a quadrasexual.”

“Eu sou um ‘trocasexual’.”

PUNCH:
“That means I’ll do anything with anyone for a quarter.”

“Isso significa que eu farei qualquer coisa com qualquer um por um


trocado.”

- Ed Bluestone

Um desfecho sem uma preparação é como sexo sem preliminares. Imagine quere
beijar alguém. Um amante amador se apressa sem se preocupar em preparar o beijo
para o que virá. Um amante mais habilidoso prepara a situação, primeiramente, talvez,
tocando a nuca. Então, tirando seus óculos. Aproximando-se devagar da sua amada e,
então... o beijo.
Você deve ter notado que as piadas acima não contém uma atitude específica tal
como “Eu odeio” ou “Eu me orgulho” e assim por diante. Quando lapidam seu material
no formato de preparação e desfecho, os comediantes mais profissionais irão interpretar
sua atitude ao invés de dizê-la de forma explícita. Por exemplo, a atitude de Rudner no
trecho acima poderia ser “Eu odeio mulheres que usam perfumes que tem cheiro de
flores.” A atitude da piada de Bluestone poderia ser, “Eu me orgulho de seu um
‘trocasexual’.” A atitude é, então, comunicada na maneira como o comediante expressa
seu material.

Workshop # 14
IDENTIFICAÇÃO DA PREPARAÇÃO E DO DESFECHO

Grave um comediante da TV. Transcreva e analise dois minutos do material dele


ou dela. Responda as seguintes perguntas:

1. Quais são os desfechos?


2. Quais são as preparações?
3. Conte os desfechos.
Stand-Up Comedy – The Book Página 36 Judy Carter
4. Em média, quantas linhas têm a preparação de cada desfecho?
5. Você poderia identificar a atitude do comediante em cada preparação?

Descobrindo Seus Desfechos


O primeiro passo na organização de seu ato é identificar quais são as suas tiradas
engraçadas – o desfecho de suas piadas. Assustador, não? Muitos estudantes perdem a
coragem aqui porque eles não pensam que o que eles dizem tem alguma coisa de
engraçado.
Eu repito: Você não está tentando ser engraçado. Você tem que se expressar com
vigor, em voz alta a respeito dos temas e assuntos pelos quais você se relaciona de
maneira apaixonada. Para Woody Allen, não existe nada de engraçado sobre seu medo
da morte.

“I don’t mind death, I just don’t want to be there when it happens.”

“Eu não me importo com a morte, eu só não quero estar lá quando ela
chegar.”

Para a minha aluna Nancy Wilson, não há nada de divertido em sua luta com o
alcoolismo.

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I would drink because I wasn’t married...”

“Eu bebia porque não era casada...”

PUNCH:(EXAGERO)
“… and then I would drink because I was married.”

“E, então, passei a beber porque era casada.”

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Then I would drink because I couldn’t find my kids…”

“Então, bebia porque não conseguia encontrar meus filhos...”

PUNCH:(EXAGERO)
“…and then I would drink because I found them”

“E, então, passava a beber porque eu os encontrei.”

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Quando eu larguei a bebida eu percebi que eu tinha gêmios idênticos... Eu
sequer tinha me dado conta disso...”

PUNCH: (EXAGERO)
“Eu pensava que todo o tempo eu estava vendo dobrado.”
Stand-Up Comedy – The Book Página 37 Judy Carter
É engraçado observar alguém envolvido com suas batalhas e interesses. Até este
ponto, você não es´ta necessariamente capacitado a analisar o seu material. Com o
objetivo de descobrir seus desfechos ou tiradas, você precisa estar disposto a testar o
seu material diante outras pessoas. Lembre-se, não deixe que eles saibam que você está
experimentando suas piadas. Apenas comece a falar do seu corte de cabelo:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I just hate my hair. I was out with my boyfriend looking like some pre
Rafaelite dream…”

“Eu simplesmente odeio meu cabelo. Eu saí com o meu namorado


parecendo um sonho renascentista...”

PUNCH:(EXAGERO)
“… I woke up de next morning looking like Don King.”

“...na manhã seguinte, acordei parecendo o Tony Tornado.”

- A aluna Mary Edith Burrel

Ou, para o seu farmacêutico:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I hate flavored douches...”

“Eu detesto banhos aromatizados...”

PUNCH: (EXAGERO)
“… If I was meant to smell like a strawberry, I would have been born in a
basket with a green thing growing out of my head.”

“... se eu estivesse preocupado em cheirar como um morango, eu teria


nascido em uma cesta e teria uma coisa verde saindo do topo da minha
cabeça.”
- A aluna Jennifer Health

Carregue o gravador na sua bolsa e o leve para todo lugar. E eu falo sério quando
digo: TODO LUGAR. Mesmo no meio de uma transa, comediantes precisam estar
preparados para gozar e dizer “Espere um minuto, preciso dar um tempo com a
sacanagem e dar uma atenção aqui”.
Escute a sua gravação. Onde todo mundo riu, ali está a sua tirada, o seu desfecho.
Você talvez tenha perdido uma transa, mas conseguiu um pequeno trecho de material.
Lembre-se: Standup exige culhões.

Stand-Up Comedy – The Book Página 38 Judy Carter


Workshop # 15
DESFECHOS

Ouça a sua gravação e a transcreva para o papel, espaço duplo, no mínimo três
páginas das suas lamúrias. Sublinhe todos os desfechos cômicos, os lugares onde você
espera que as pessoas riam. Então, leia…

Moldando O Seu Ato No Formato de Preparação e Desfecho


“Eu não imaginava que isso seria um trabalho tão árduo. Eu pensei que
comédia fosse supostamente para ser divertida.”

Este é o estágio em minha aula onde os meus alunos querem pular fora.
É péssimo que escrever comédia não seja a bagunça que aparentava ser nos
shows de TV do Dick Van Dyke. Sally, Rod and Buddy davam a impressão de que os
escritores saiam falando bobagens, rindo uns dos outros com tiradas preciosas cada vez
que abriam a boca. Qualquer pessoa que já esteve perto de um escritor de comédia de
verdade sabe que às vezes, a procura pela preparação ideal para uma piada sobre roupas
íntimas é tratada com a intensidade e seriedade de uma estratégia de negociação de
armamentos. Algum material surgirá pronto, como um (like a colt), e algum será
parecido com um poema épico ou uma escultura que você segue lapidando por
semanas, meses, ou mesmo anos.
Eu lhe prometo que uma vez que você domine as técnicas deste capítulo, a
diversão aparecerá. Ela vem quando você apresenta um material que foi tão bem
elaborado que a platéia fica na palma da sua mão. Então, não desista, arregace as
mangas e vamos trabalhar no seu ato.

Preparações
O problema mais comum do material iniciante dos meus alunos é que eles têm
preparações muito longas. A melhor preparação é curta. A minha avaliação científica
revela que o tempo de atenção de uma platéia de alcoolizada é de uma a quatro linhas.
Quanto mais rápido você chegar ao desfecho, mais eficiente será o seu número.Isso não
significa que você vai falar a respeito de cada tópico em apenas cinco linhas. Você pode
fazer trinta minutos a respeito de seu cachorro desde que a sua rotina cômica esteja
organizada em uma coleção de pequenas preparações e desfechos.
Eis um exemplo de uma preparação muito longo do aluno Harry Redlich:

“Eu simplesmente não entendo esta obsessão por celebridades dos anos
cinqüenta e sessenta. Tipo, Elvis, as pessoas estão desapontadas porque ele
morreu. Ou, Janis Joplin morreu tão jovem. Eu sei que é trágico, mas eu
acho que um monte dessas lendas se deram bem por terem morrido cedo,
porque...”

DESFECHO:

Stand-Up Comedy – The Book Página 39 Judy Carter


“... eu, pessoalmente não gostaria de ver Janis Joplin como uma dessas
celebridades que aparecem no Qual é a Música.”

Redlich começa com uma reparação falsa partindo do fato de que o desfecho não
tem nada a ver com Elvis ou com a obsessão por celebridades. Com o objetivo de
preparar o desfecho, eu encorajo meus alunos para realmente olhar para o que eles estão
tentando dizer e onde eles querem chegar. Redlich está de fato tentando comunicar o
modo como Hollywood banaliza as suas estrelas. Examine como a preparação agora se
torna “um tema geral” e o desfecho vira um “exemplo específico”.

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Nos dias de hoje é duro ser um astro. Eu estou feliz que muitas estrelas
tenham morrido jovens...”

PUNCH: (EXAGERO)
“... Sério, você gostaria realmente de ver Janis Joplin no Qual É A
Música?”

Você pode ter mais de um desfecho. Muitas vezes uma piada terá um setup e,
então, três desfechos. Jerry Seinfeld é um mestre nisso. Ele faz uma preparação e,
então, um desfecho que faz você rir. Ele faz outro desfecho e você ri, e quando você
pensa que não há mais nada o que dizer, ele adiciona outro desfecho. (Tome nota da
escalada de absurdos dos desfechos de Seinfeld)

SETUP: (INFORMAÇÃO VERDADEIRA)


“Eu sou de Long Island. Meus pais acabaram de se mudar para a Flórida
ano passado.”

PUNCH: (FABRICADA)
“… Eles não queriam se mudar para a Flórida, mas eles estão na casa dos
sessenta e é o que manda a lei.”

PUNCH: (ABSURDO MAIOR)


“… Existe a polícia para aposentados que chega e te enquadra quando você
vai fazer sessenta anos.”

PUNCH: (MAIS ABSURDO AINDA)


“… Eles andam em carinhos de golf com sirenes, ‘Certo, Tiozinho, ponha
o taco no banco de trás. Largue a pá de neve, largue!”

O melhor desfecho é também o que fala a verdade. Dê uma olhada na piada deste
aluno:

SETUP: (INFORMAÇÃO FALSA)


“Eu acabei de perder 20 quilos. Como eu consegui?”

PUNCH:

Stand-Up Comedy – The Book Página 40 Judy Carter


“… Eu apenas acordei um dia e mandei a minha namorada passear.”

Este aluno, então, insistiu com um trecho sobre ser modelo masculino. Mesmo
ele nos dizendo “Não, é verdade!” uma vez que nós percebêssemos que havíamos sido
enganados na sua primeira piada, que de fato, ele não havia perdido peso, nós não
estávamos mais dispostos a cooperar com ele na próxima piada. Evidente, você possa
talvez conseguir uma risada com uma piada como esta, mas você também perderá sua
credibilidade. Agora, não importa o esforço que você faça, a platéia está pensando que
todas as suas preparações são uma fraude. Construa a sua credibilidade a partir de
preparações verdadeiras, honestas e sem complicações. Então, pire nos desfechos.

Workshop # 16
CONDENSANDO SUAS PREPARAÇÕES

Lembre-se, toda preparação conduz a um desfecho. Se alguma coisa não é o


desfecho, então, tem que fazer parte da preparação. Se não, elimine-a. Stand-up é
parecido com poesia haiku. Não existem palavras sobrando. Toda sílaba é elaborada,
julgada e tem que estar na medida exata. Observe este trecho revisado do aluno Eric
Dickley:

“Eu amo mulheres. Eu gosto em particular das mulheres que estão em


forma, de verdade. Eu entrei numa aula de aeróbica e conheci esta garota
linda. Mas, Mulheres podem ser são perigosas. Eu estou saindo com esta
instrutora de aeróbica e elas têm um corpo fantástico! Realmente em
forma! Nós brigamos uma vez e ela me deu um pontapé na bunda. Mas,
tudo bem. Eu aprendi como me defender...”

PUNCH:
“... eu desligo a música.”

Lembre-se que preparações precisam ser verdadeiras. Às vezes, apenas trocando


algumas poucas palavras você dará autenticidade a uma preparação, exatamente como
fez um aluno, George Chase:

SETUP: (falso)
“Eu odeio sinais de trânsito. Eles estão em toda a parte me dizendo o que
fazer: ‘pare’, dê passagem’, ‘ultrapasse’. Minha mãe, recentemente,
arrumou um emprego no departamento de estradas e eu acho que ela
enlouqueceu...”

punch:
“’Ligue para sua irmã’, ‘troque de cuecas’, ‘se case’.”

Esta é uma boa premissa, mas a preparação contém uma mentira nela. A mãe de
Chase não trabalha no departamento de estradas. Isto pode ser facilmente retificado,
mudando-se a frase “Minha mãe recentemente, arrumou um emprego no departamento
de estradas” para “Eu acho que, se minha mãe trabalhasse no departamento de
estradas...”
Stand-Up Comedy – The Book Página 41 Judy Carter
Agora, experimente você. Você tem datilografadas três páginas de material e já
sublinhou os desfechos. Estude seu material com atenção e:

 Apague todas as palavras redundantes.


 Condense a preparação de cada trecho.
 Reescreva cada preparação deixando-a objetiva e verdadeira.

Contrastando a Preparação com o Desfecho


Um modo poderoso de criar material de stand-up é ter uma preparação que
contraste com o desfecho. A preparação guia a platéia por uma estrada reta e o desfecho
é uma curva brusca a esquerda quando ela menos espera.
Por exemplo:
Lá está você com alguém que você deseja beijar e você está seguro “preparando”
o beijo, movendo-se sutilmente em direção a ele ou ela, e então... você espirra. Você
não irá transar, mas conseguirá uma risada – e para a maioria dos comediantes, isso é
melhor. Uma boa preparação manipula a platéia a prever uma coisa e, então, apresenta
algo inesperado. O Humor é criado indo de encontro ao que é previsível.
Uma maneira de criar contraste entre a preparação e o desfecho é ter uma atitude
radicalmente diferente no desfecho. Dê uma olhada nesta típica e simples piada de
Mestre de Cerimônia:

Setup: (amigavelmente)
“Parece que temos uma grande platéia esta noite...”

punch: (hostilidade)
“... exceto por vocês.”

A preparação é dita de forma simples e honesta, com a atitude de “Eu amo estar
aqui...” implícita. Então, o desfecho cria o contraste com a preparação por meio da
atitude de hostilidade, como nesta abertura de Bob Saget:

SETUP:(AMIGÁVEL, COM SARCASMO)


“Vocês são um grande público. Eu amo vocês!”

PUNCH: (HOSTILIDADE)
“... Eu só queria poder levar todos vocês para um banho de jacuzzi e deixar
cair uma torradeira elétrica dentro da banheira!”

Aqui, Jay Leno diz a preparação com uma atitude neutra, de informação, então,
manda o desfecho com sarcasmo:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“No Mcdonald eles tem esses brindes de promoções e as placas dizem,
‘Oferta válida somente para clientes do McDonald’s!”

PUNCH: (SARCASMO)
“... Agora, eles são um grupo fechado!”
Stand-Up Comedy – The Book Página 42 Judy Carter
Pense na preparação como a parte lógica, informativa da piada e o desfecho
como uma mudança inesperada ou um exagero extremo. Observe esta tentativa de
piada:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Meu namorado é do tipo muito egoísta.”

PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... Ele gosta dele mais do que gosta de mim.”

Isto não é muito engraçado porque o desfecho é uma conclusão previsível da


preparação. Mas, exagerar o comportamento do namorado, torna o material engraçado:

PUNCH: (HOSTILIDADE)
“Quantos homens, você conhece, gritam o próprio nome quando eles
transam?”

Aqui, Ellen DeGeneres prepara sua piada conversando sobre “cabeças de alces”:

SETUP: (INFORMAÇÃO REALISTA)


“Você pergunta para as pessoas por que elas tem cabeças de alces
penduradas em suas paredes. Elas sempre dizem, ‘Porque é um animal tão
bonito’.”

Então, no desfecho, ela muda para sua “mãe”:

“... Eu acho minha mãe atraente, mas eu guardo fotografias dela.”

SETUP: (AMIGÁVEL, COM SARCASMO)


“... My girlfriend thinks she’s impressing me because she lifts weights...”

“... Minha namorada pensa que me impressiona porque ela levanta


pesos...”

“... Minha namorada pensa que me impressiona porque ela puxa um ferro.”

PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... I tell her, ‘If you want to impress me, pick up this check’.”

“... Eu digo a ela, ‘Se quer me impressionar, pegue este cheque.”

“... Eu digo a ela, ‘Se quer me impressionar, puxe a carteira’.”

Aqui, Eric contrasta um objeto pesado com algo leve e, ao mesmo tempo, expressa o
seu ponto de vista.
Aqui vai um exemplo de uma piada onde a preparação fornece uma informação
racional, sana, enquanto o desfecho contrasta por ser completamente absurdo.

Stand-Up Comedy – The Book Página 43 Judy Carter


SETUP: (REALÍSTICO)
“Eu fui a uma conferência para bulimicas e anorexicas. Foi um pesadelo...”

PUNCH: (ABSURDO)
“... As bulímicas comeram as anoréxicas.”
- Monica Piper

Em todas as piadas acima, as preparações (setups) são racionais, informativas e


plausíveis. A platéia é fisgada emocionalmente pela informação presente na preparação
(setup).

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Eu brinquei muito com o meu avô, quando eu era criança...”

Todos nós brincamos com nossos avós ou conhecemos pessoas que brincaram.
Uma vez que você estabeleça entre você e o público algo real para ambas as partes,
você pode ir fundo no desfecho, de um modo selvagem.

PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... Embora ele estivesse morto, meus pais o tinham cremado e coloca suas
cinzas no meu Etch-a-Sketch.”
- Alan Harvey

Não esqueça o que falamos sobre atitude. Lembre-se, cada preparação tem de
conter uma atitude. Você pode ter muitas atitudes diferentes em um ato, mas cada
preparação e desfecho tem de ter uma atitude específica. A atitude não tem de ser
expressa literalmente em “Eu amo... Eu odeio...”. Elas podem estar na sua
interpretação. A maneira como você diz certas palavras será o suficiente para indicar
seus sentimentos.
Por exemplo, a atitude de Paul Provenza é: ele odeia pessoas que fumam
cigarros.

SETUP:(NORMAL)
“Vocês sabem o que me incomoda? Pessoas que fumam em restaurantes...”

PUNCH: (LUNÁTICO)
“É por isso que eu carrego sempre uma pistola de água carregada com
gasolina.”

Marsha Warfield odeia mulheres esqueléticas:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Eu odeio mulheres esqueléticas, especialmente quando elas dizem coisas
como ‘Às vezes eu esqueço de comer’.”

PUNCH: (REAÇÃO HOSTIL)

Stand-Up Comedy – The Book Página 44 Judy Carter


“... Agora, eu já esqueci nome de solteira da minha mãe e as minhas
chaves, mas você tem que ser um tipo especialmente estúpido para
esquecer de comer.”

Note que nos exemplos acima, os comediantes verbalizam suas atitudes: “Eu
odeio”. Eis um material de Roseanne Barr onde a atitude não é dita verbalmente, mas
mostrada pelo tom de voz, expressão facial e linguagem corporal. O que é engraçado é
sua atitude diametralmente oposta. Leia esta piada com se ela tivesse orgulho de ser
mãe.

“Da maneira que eu vejo, se meus filhos ainda estão vivos quando meu
marido chega do trabalho, então, eu fiz a minha parte.”

- Roseanne Barr
Workshop # 17
CRIANDO CONTRASTE ENTRE A PREPARAÇÃO E O DESFECHO

Até o momento você tem:


 Várias páginas datilografadas de suas considerações, ditas com vigor e atitude
 Desfechos sublinhados
 As preparações condensadas

Agora, observe cada preparação/desfecho e responda as seguintes perguntas:


1. Cada preparação é plausível, carrega uma informação e está escrita de forma
simples e clara?
2. Cada desfecho contrasta com a preparação seguindo uma dessas formulas:

SETUP (preparação) PUNCH (desfecho)


Informativo Exagero
Tema geral Exemplo específico
Sadio Insano
Realista Fantasioso
Ponto de vista adulto Ponto de vista infantil
Fato Ficção

3. Cada trecho contém uma atitude? Qual é? (Lembre-se, você não precisa dizer
a atitude em palavras, você pode mostrá-la em sua voz, expressão do rosto e
corporal. Mas, você precisa saber qual é a sua atitude em cada trecho.
Lembre-se, atitudes podem mudar de trecho para trecho. Você pode ir direto
de “Eu odeio...” para “Eu amo...” sem nenhuma transição).

Workshop # 18
USANDO SARCASMO COM A SUA LISTA DO EU EXTERIOR

No Capítulo 2 você escreveu itens que eram fisicamente óbvios em você. (Veja o
Workshop #5 Seu Eu Exterior) Dizer o que é o oposto do óbvio é uma maneira
confiável de fazer as pessoas rirem. Por exemplo, aqui estão algumas observações
sarcásticas que tem funcionado:
Stand-Up Comedy – The Book Página 45 Judy Carter
Um aluno muito gordo conseguiu uma enorme gargalhada abrindo seu ato com

“Olá, meu nome é Al Barlaan e, sim, eu sou um deus do sexo das


Felipinas.”

Outra aluna, Ruth Reyerson, era loira e estava acima do peso. Ela subiu ao palco
e disse,

“Eu sei o que vocês estão pensando... Barbie.”

Quando a risada diminuiu, ela prosseguiu:

“Eu sou como a Barbie, cabalos loiros, olhos azuis, exceto por uma coisa.
A Barbie não come.”

A aluna Beverly Jackson, uma maravilhosa loira de seios fartos, abriu com:

“Eu sei o que os homens estão pensando... Mais uma cientista da Nasa! Os
homens olham para mim e todos pensam a mesma coisa. ‘Você é tão...
brilhante’.”

Em todos esses exemplos, a preparação é a respeito de sua aparência física e o


desfecho é uma reação sarcástica. Pelo fato da preparação ser implícita, seu traço físico
tem de ser muito óbvio.
Na pagina (...) você selecionou duas características físicas que se sobressaem
(isto é, gordo, baixinho, macho, etc.). Copie-as em baixo e escreva vários antônimos
(opostos). Seja sarcástico o tanto quanto possível. Se você se esquecer, experimente um
dicionário de sinônimos e antônimos ou um de palavras correlatas (Thesaurus).
Por exemplo:
Característica. 1.esquelética___________________________________________

Opostos (antônimos):
Machão, amante latino_______________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Característica 2.gorda_______________________________________________ __

Opostos (antônimos):
anoréxica____________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Agora, experimente você com seus próprios traços físicos:


(OBS.: Se você não tiver nenhum traço físico fora do normal, e a maioria dos meus
alunos não tem, simplesmente pule para o próximo exercício)

Stand-Up Comedy – The Book Página 46 Judy Carter


Característica 1._____________ ___________________________________________

Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Característica 2._____________ ___________________________________________

Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Característica 3._____________ ___________________________________________

Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Ser sarcástico a respeito de seus próprios atributos físicos pode servir como uma
boa maneira de abrir o seu show. Escreva algumas linhas e veja se alguns dos atributos
escritos acima lembra algo engraçado para você. Se a resposta for sim, tenha em mente
para a sua abertura.

Seis Formulas adicionais de comédia


Cada trecho de seu material precisa ter uma preparação, um desfecho e uma
atitude. Estas seis fórmulas adicionais são opcionais. Elas são ferramentas que lhe
ajudarão a dar clareza e humor ao seu material.
As seis ferramentas adicionais são:
 Comparações
 Figuras de linguagem (metáforas)
 Observações
 Imitações
 Listas
 Bordões (call backs)

Comparações
Comparar um assunto a outro é simples e uma forma muito eficiente de organizar
o seu material. Por exemplo, se um dos seus tópicos é sobre os seus pais, então compare
a geração deles com a sua.

Stand-Up Comedy – The Book Página 47 Judy Carter


SETUP:(GERAÇÃO DOS PAIS)
“Meu pai tinha três empregos e freqüentava a escola à noite...”

PUNCH: (SUA GERAÇÃO)


“... Se eu vou a lavanderia e ao banco no mesmo dia... eu preciso de uma
soneca.”
- Larry Miller

O cômico nascido na Rússia Yakov Smirnoff compara seu país aos Estados Unidos:

SETUP: (COMEDIANTES AMERICANOS)


“Comediantes americanos podem dizer qualquer coisa que eles
quiserem...”

PUNCH: (COMEDIANTES RUSSOS)


“... Na Rússia, você tem que ser muito seletivo sobre que piadas contar. Se
você disser, ‘Leve minha mulher, por favor’, quando você chegar em casa,
ela desapareceu.”

Aqui, Lótus Weinstock compara suas convicções atuais com suas convicções do
passado:

SETUP:(PASSADO)
“Uma vez eu já quis mudar o mundo...”

PUNCH: (AGORA)
“... agora, eu só quero deixar este recinto com alguma dignidade.”

Aqui, Bill Maher compara suas religiões:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Minha mãe é judia e meu pai é católico. Eu fui educado como católico –
com uma mente de judeu.”

PUNCH: (EXAGERO)
“... Quando eu vou me confessar, eu sempre levo meu advogado comigo:
‘Me abençoe, Padre, porque eu pequei e acho que já conhece meu
advogado, Mr Cohen’.”

Mais uma vez, observe que em todas essas piadas, cada punch (desfecho) é um
exagero, uma torcida, ou uma mudança de direção da preparação (setup). A preparação
(setup) é séria e lógica, e a preparação (punch) revela a platéia que você está brincando.
A preparação estabelece a realidade coletiva e o desfecho (punch) comunica sua visão
particular do mundo, seu ponto de vista distinto.

Workshop # 19
COMPARAÇÕES
Stand-Up Comedy – The Book Página 48 Judy Carter
Neste exercício você vai escrever comparações usando alguns dos temas listados
nos exercícios do Capítulo 2. Estude com atenção as suas listas de ’Eu odeio’, ‘Eu me
preocupo’ e ‘Eu tenho medo’ e veja se algum desses tópicos que você listou poderiam
ser conduzidos para esta fórmula. Por exemplo, se você tinha ‘política’ em uma das
suas listas, compare lados opostos de uma discussão ou escola filosófica:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Liberals feel unworthy of their possessions...”

“Liberais sentem-se indignos de suas posses...”


“Liberais se sentem culpados de ter posses...”

PUNCH: (EXAGERO)
“... Conservatives fell they deserve everything they’ve stolen.”

“... Conservadores sentem que merecem tudo o que eles roubaram.”


“... Conservadores se acham dignos de possuir tudo o que eles roubaram.”

- Mort Sahl
Observe com atenção outros workshops no Capítulo 2. Se na sua lista de
características singulares você tem listado que você é uma mistura de religiões e raças,
então as compare:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Minha filha é metade negra e metade judia...”

PUNCH: (EXAGERO)
“... isso quer dizer que se estivéssemos na Segunda Guerra Mundial, ela
teria que se esconder e limpara a casa.”

- A aluna Roseanne Katon

Agora, faça você. Procure nos exercícios do Capítulo 2 e veja quais os tópicos se
encaixariam nesta fórmula e preencha as lacunas:

1. Item da lista: ___________________________________________________


Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

2. Item da lista: ___________________________________________________

Stand-Up Comedy – The Book Página 49 Judy Carter


Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

3. Item da lista: ___________________________________________________


Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

4. Item da lista: ___________________________________________________


Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

5. Item da lista: ___________________________________________________


Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Se você empacou, esqueceu, aqui estão alguns tópicos adicionais que você pode
usar em comparações:
 Compare sua cidade natal com onde você vive agora
 Compare seus medos atuais com os medos que tinha quando era pequeno,
ou enquanto crescia

Stand-Up Comedy – The Book Página 50 Judy Carter


 Compare a geração dos seus pais com a sua
 Compare a vida de seu cachorro com a sua
 Compare as vantagens e desvantagens de ser casado, ou de ser solteiro
 Compare sua vida sexual com a de sua avó.

Figuras de Linguagem – Metáforas - Analogia


“Sexo é como o ar...
... você não sente falta até que você não tenha.”

Uma metáfora é quando um objeto é comparado com outro. Na comédia,


analogias são ferramentas muito poderosas porque elas criam imagens. Comediantes
comparam o que eles estão falando com uma referência comum da cultura popular, ou
com uma experiência que todos nós já tivemos. Analogias são geralmente introduzidas
com um “Isto é como...”
Analogias podem ser usadas em uma preparação:

“There’s this guy sitting next to me... looks like a squid in strech pants…
So you know, I’m ready to spawn… so then, he starts puffin’ on a cigar the
size of God’s ego… And I said, ‘Excuse me, but if I wanted to shorten my
life, I’d date ya!’”

“Tem esse cara sentando perto de mim... que parece um polvo dentro de
calças de moleton... Então, vocês sabem, eu estou pronta para ovular... Ai,
ele começa a dar baforadas em um cigarro do tamanho do ego de Deus... E,
eu digo, ‘Me desculpe, mas, se eu quisesse encurtar minha vida, eu sairia
com você’.”

- Judy Tenuta

Ou, analogias podem ser utilizadas como o desfecho:

“A Princesa Di, ela cuidou direitinho da sua vida, não cuidou? Esse
Charles, ele é como um Cartão Gold Visa com orelhas.”

- Carol Montgomery

Estes são exemplos de boas analogias, onde o comediante cria uma imagem
extrema, absurda usando referências comuns. Eis alguns exemplos de algumas
analogias ruins.

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“In bathing suits, those Chippendale dancers look like they have...”
“Em roupas de banho estes dançarinos de Chippendale parecem ter...”

PUNCH: (DESFECHO SEM GRAÇA)


“... a large package.”
“... um grande pacote.”
Stand-Up Comedy – The Book Página 51 Judy Carter
Uma boa analogia pode realmente endireitar uma frase:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“In bathing suits, those Chippendale dancers look like they have...”
“Em roupas de banho estes dançarinos de Chippendale parecem ter...”

PUNCH: (DESFECHO REVISADO)


“... a bag of marbles in Vaseline.”
“... uma bolsa de bolas de gude na valesina.”

Quanto mais fora do normal a comparação, mais engraçado poderá ser o material.
Pense em termos da criação de uma figura que leve a platéia a uma mini viagem de
ácido.

SETUP:
“Sexo quando você se casa é como ir ao 7-Eleven...”

PUNCH:
“... Não existe muita variedade, mas às três da manhã, está sempre lá.”

- Carol Leifer

SETUP: (INFORMAÇÃO REALISTA)


“I put my clothes in the cleaners and then don’t have the money to get
them out again…”
“Eu coloquei minhas roupas para lavar e agora não tenho dinheiro para
tirá-las de lá novamente...”

PUNCH: (EXAGERO EXTREMO)


“... it’s like they’re in jail waiting on me to spring’em… I have to go in
there every so often and say, ‘Can I just see the pants?’.”
“... É como se elas estivessem na cadeia esperando que eu as libertasse...
Eu tenho que ir lá com freqüência e digo, ‘Será que posso ver pelo menos
as calças?’.”

- Paula Poundstone

Workshop # 20
ANALOGIAS

Exercite suas mãos criando imagens por meio de analogias. Por exemplo:

SETUP: Você está me encarando...


PUNCH: como uma lava lamp____________________________________

Stand-Up Comedy – The Book Página 52 Judy Carter


SETUP: A garçonete era tão lerda que ...
PUNCH: ela parecia uma lesma que tomou um valium __________

Agora, tente você. Lembre-se que isto é apenas um exercício prático. Anote
qualquer coisa que lhe venha a cabeça. Não existem respostas certas ou erradas.

1. Setup (preparação): Chicago é tão quente:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

2. Setup (preparação): Minha mãe é tão gorda, ela parece::


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

3. Setup (preparação): Meu quarto é tão bagunçado, ele parece:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

4. Setup (preparação): Sexo gostoso para Dr. Ruth é como:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

5. Setup (preparação): Sexo gostoso para Dr. Ruth é como:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

Eis algumas das analogias que alguns comediantes tem usado com as preparações
anteriores:

1. Setup (preparação): Chicago é tão quente:


Punch (desfecho):

É como o traseiro de alguém sobre o seu peito lambendo a sua cara.


- A aluna Ellen Totleben

2. Setup (preparação): Minha mãe é tão gorda, ela parece::


Punch (desfecho):

Um Balão inflável na Parada do Dia de Ação de graças da Macy.

Stand-Up Comedy – The Book Página 53 Judy Carter


Shelley Winters e Orson Wells no mesmo vestido.

- A aluna Carrie Williams

3. Setup (preparação): Meu quarto é tão bagunçado, ele parece:


Punch (desfecho):

O lixão da cidade num dia calmo.


- A aluna Carrie Williams

4. Setup (preparação): Sexo gostoso para Dr. Ruth é como:


Punch (desfecho):

Um bom vinho com queijo cottage.

- George Wallace

5. Setup (preparação): Ela estava me olhando como:


Punch (desfecho):

Um mongolóide assistindo um número de mágica.

- David Spade

Observações do cotidiano

“Ever wonder why there’s a permanent-press selection on a iron?”


“Morro de curiosidade de saber porque os ferro de passar tem uma seleção
para permanente?”

No dicionário, a definição para uma observação é “exame cuidadoso,


especialmente de fenômenos naturais.” Observações são onde o comediante tenta dar
sentido a um mundo que não faz sentido.

“Have you ever noticed that your garbage weighs more than your
groceries?”
“Você já notou que o seu lixo pesa mais do que os seus mantimentos?”

É trabalho do comediante observar o mundo em que ele ou ela vive e tecer


comentários a respeito. Observações cômicas são observações específicas vistas através
de sua perspectiva única sobre até mesmo o mais ordinário dos elementos das nossas
vidas. Repare como as seguintes observações são todas comentários a respeito dos
absurdos encontrados em nossa vida cotidiana:

“Have you ever notice that mice don’t have shoulders?”

Stand-Up Comedy – The Book Página 54 Judy Carter


“Você já notou alguma vez que os camundongos não tem ombros?”
- George Carlin

“Why is it that in Seven Eleven stores, they’ve got $10,000 worth of


cameras watching 20 cents worth of Twinkies?”
“O que é isso nas lojas do Seven Eleven, eles gastam 10 mil dólares em um
sistema de câmeras para vigiar chocolates de 20 centavos?”
- Jay Leno

“What is it about American fathers as they grow older that makes them
dress like flags from other countries?”
“O que há com os pais americanos a medida em que eles envelhecem que
faz com que eles se vistam como bandeiras de outros países?”
- Cary Odes

“Did you ever notice when you blow in a dog’s face he gets mad at you,
but when you take him in a car, he sticks his head out the window?”
“Você já reparou que quando você sopra na cara de um cachorro ele fica
furioso, mas quando você o leva para passear de carro, ele estica a cabeça
para fora da janela?”
- Steve Bluestein

Observações podem ser curtas, de uma linha apenas, mas é preferível usar a
observação como preparação e sua reação espontânea a observação como o desfecho.
Usando esta técnica, uma observação pode se estender para criar uma rotina inteira,
como no caso da rotina criativa de Jerry Seinfeld a respeito das bolas de algodão:

SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“Ladies, what’s the deal on cotton balls?”
“Senhoritas, qual é lance com as bolas de algodão?”

PUNCH: (REAÇÃO)
“... I have no cotton balls, I’m getting along just fine. I’ve never had one,
never bought one, never needed one, I’ve never been in a situation where I
thought to myself, ‘I could use a cotton ball right now’.”
“... Eu não tenho bolas de algodão e estou lidando muito bem com isso. Eu
nunca tive, nunca comprei, nunca precisei de uma bola de algodão. Eu
nunca estive em uma situação onde eu pensasse ‘Eu poderia usar uma bola
de algodão nesse exato momento’.”

SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… Women need millions of cotton balls every single day.”
“... Mulheres precisam de milhões de bolas de algodão, todo santo dia.”

PUNCH: (ANALOGIA)
“... They buy these bags like peat moss bags, and two days later they’re all
out…”

Stand-Up Comedy – The Book Página 55 Judy Carter


“... Elas compram essas bolsas do tipo (peat moss bags), e dois dias depois,
elas estão completamente vazias.”

SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… The only place I ever see them is at the bottom of your little
wastebasket…”
“... O único lugar onde eu as vejo é no topo daquelas suas pequenas
lixeirinhas.”

PUNCH: (REAÇÃO)
“... There’s always two or three that look like they’ve been through some
horrible experience…”
“... Há sempre duas ou três que parecem ter passado por uma experiência
horrível...”

SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… I once went out with a girl left a ziplock baggy of cotton balls over my
house…”
“... Uma vez, eu sai com uma garota que esqueceu na minha casa uma
bolsa de zíper cheia de bolas de algodão..”

PUNCH: (ANALOGIA)
“... I took them out and put them on the kitchen floor like little
tumbleweeds. I thought maybe the cockroaches would see it, figure that
this is a dead town, ‘let’s move on’.”
“... Eu tirei as bolas da bolsa e as coloquei no chão da cozinha como se
fossem pequenas bolas de feno (que vemos nesses filmes antigos do velho
oeste). Eu pensei que, talvez, as baratas veriam aquilo e imaginassem que
estivessem em uma cidade fantasma, ‘Vamos para outro lugar’.”

“… Or when I go to the doctor, before he gives me the shot he puts the


alcohol on me with a cotton ball, so I give him one of mine, just trying to
get rid of it. Then he gives me the prescription…”
“... Ou, quando eu vou ao medico, antes dele me aplicar a injeção, ele põe
um pouco de álcool em uma bola de algodão, então, eu lhe daria uma das
minhas, tentando me livrar logo dela. Então, ele me dá o remédio...”

PUNCH: (ANALOGIA)
“... I take it home, open up the bottle, there’s another cotton ball in there.
You can’t get out of this rat race.”
“... Eu o levo para casa, abro o vidro e lá está outra bola de algodão. Você
não consegue sair deste círculo vicioso.”

Stand-Up Comedy – The Book Página 56 Judy Carter


Workshop # 21
OBSERVAÇÕES

Transformando o Cotidiano em Material de Comédia


Eu descobri que é simplesmente impossível sentar e escrever material
proveniente de observações. Observações são fragmentos de dados que circulam
através de seus pensamento enquanto você está envolvido no cotidiano da vida.
Carregue um caderno aonde você for e anote essas observações no momento em que
elas lhe ocorrem. Então, experimente-as com as pessoas com a preparação: “Você já
notou que...”
Pratique escrever observações sobre estes tópicos:

Observações sobre compras:


Você já notou que:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Observações sobre seu animal de estimação:


Você já notou que:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Observações sobre seu corpo:


Você já notou que:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Imitações
“... e deixe me apresentá-los ao meu alter ego.”

Imitação não significa ser Rich Little, quando você faz menção a celebridades.
Significa copiar, interpretar as pessoas sobre as quais você está falando. Torne-se elas.
Imite suas vozes, sua linguagem de corpo. Lembre-se, stand-up é visualmente tediosa.
Em muitos Clubes de Comédia tudo o que a platéia tem para olhar é uma cortina preta,
um foco de luz forte e você. Desde o momento em que o visual dos Clubes parece ter
sido desenhado por Kafka, quanto mais vozes, expressões faciais e movimento de corpo
você trouxer para o seu ato, mais visualmente atrativo ele se tornará.
As pessoas adoram transformações. Ao invés de ficar falando sobre sua mãe na
terceira pessoa, fale sobre ela como se você fosse a sua mãe. Interprete-a. Imite o seu
estilo, postura e voz. Não precisa ser exatamente o jeito que ela fala. A menos que ela
seja uma estrela de cinema, ninguém vai saber exatamente como é a voz da sua mãe. O

Stand-Up Comedy – The Book Página 57 Judy Carter


aluno Howard Gluss tinha escrito em sua lista de “coisas que eu odeio” que odiava o
jeito de sua mãe sair da cama. Ele estendeu isso a uma rotina histérica de interpretação.
Você não tem que se limitar a imitar apenas pessoas. Se você está falando sobre
Deus, como minha aluna Loretta Colla fez, seja Deus:

“I wonder if God is chubby, his son is anorexic… Could


you imagine Him at an Overeaters Anonymous
meeting: (IN A DEEP VOICE-OVER) ‘Hi, my name is
God, and I’m an overeaters and overachiever’. ‘Hi,
God!”.
“Eu imagino se Deus fosse obeso, e seu filho anoréxico... Você conseguiria
imaginar Deus na reunião dos Comedores Compulsivos Anônimos:
(FAZENDO UMA VOZ SOTURNA) ‘Oi, meu nome é Deus e eu sou um
comedor compulsivo e um cara bem sucedido demais’. ‘Oi, Deus!’.”.

A comediante Mônica Piper faz um bloco de piadas em que ela finge ser seu
cachorro examinando seus namorados:

“So you got a job? Oh, yeah, how long? Eight-six to


eighty-eight? Okay, that’s fourteen years, that’s good.
You’re not one of those guys who just pretends to
throw a ball, are ya? I hate that. She didn’t give you
that line about you’re the only one, huh? Wish I had a
Milk Bone for every guy she’s dragged back here
(SNIFFING) Oh, I see you still got yours. She made me
get rid of mine.”
“Então, você tem um emprego? Oh, sim, há quanto tempo? De oitenta e
seis a oitenta e oito? Certo, quatorze anos, isso é bom (?). Você não é um
desses caras que apenas fingem que jogam a bola, é? Eu odeio isso. Ela
não disse pra você aquela frase sobre você ser o único, hem? Quisera eu
dar um ossinho para cada sujeito que ela arrasta pra cá. (CHEIRANDO)
Oh, eu vejo que você ainda tem os seu. Ela fez com que eu me livrasse do
meu.”

Comunicar-se com a sua voz e seu corpo é uma técnica poderosa que mostra
imaginação.

Workshop # 22
IMITAÇÃO

Stand-Up Comedy – The Book Página 58 Judy Carter


Tornando-se outra pessoa.

Veja novamente seu material escrito ou gravado com vigor e muita


expressividade:
 Quem são as pessoas as quais você menciona?
 Interprete um dialogo com este pessoa.
 Transforme-se nelas, fisicamente e verbalmente:
o Como elas agiriam se estivessem com muita raiva/ Se elas
estivessem apaixonadas?
o Como elas andam, comem?
o Que hábitos elas possuem que você possa imitar?

Fazer listas
Criar Listas Que Façam As Pessoas Rirem

Listas criam bons desfechos. Existem diferentes maneiras de você utilizar as


listas para fazer as pessoas rirem. A primeira maneira é com a “Lista de Três”. A
fórmula da comédia funciona da seguinte maneira: as duas primeiras coisas da lista têm
alguma coisa em comum (preparação) e a última é algo inesperado (desfecho).
Por exemplo:

SETUP: (COMUM)
“Eu gosto de pensar em mim mesma como uma mulher de influência
européia: (1) maquiagem por Germaine Monteil (2) unhas por Fabergé...”.

PUNCH: (INESPERADO)
“... (3) corpo por Häagen-Dazs”.

Na lista de três, a preparação inclui os dois primeiro itens da lista. Eles são
racionais e lógicos. O desfecho é o terceiro item, que é a mudança de direção.

SETUP:(RACIONAL)
“Sendo árabe, eu tenho os mesmos interesses que vocês. Quando eu vou
comprar um carro, eu procura pelas mesmas coisas: (1) cor (2) estilo...”.

PUNCH: (INESPERADO)
“... (3) quantos reféns cabem no porta-malas”.
- o aluno May Rahal

Workshop # 23
FAZER LISTAS

Stand-Up Comedy – The Book Página 59 Judy Carter


Aqui está um exemplo tirado do material de começo de curso de um dos meus
alunos:

SETUP: (RACIONAL)
“Eu não consigo entender porque minha mulher me deixou: (1) Talvez
tenha sido porque eu largava minhas roupas pelo chão (2) Talvez tenha
sido porque eu deixava a tampa do vaso levantada...”.

PUNCH: (NOT FUNNY)


“... (3) ou, talvez, tenha sido porque eu lia por horas trancado no banheiro”.

O problema neste trecho é que o terceiro item não contrasta com os dois
primeiros. Desde que os dois primeiros são ordinários, para fazer funcionar, o último
item precisa ser significante. Sendo assim:

PUNCH: (NOT FUNNY)


“... (3) ou, talvez, tenha sido a aeromoça”.

Examine atentamente o seu material e veja se há algum desfecho que possa ser
quebrado em uma lista de três.

Referência / Bordões (Callbacks)


Um “call back” é quando você faz referência, mais tarde em seu número, a algo
que você disse anteriormente.
Ellen DeGeneres usa “call backs” em seu ato. No começo de sua apresentação,
ela faz uma série de piadas sobre a sua avó:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Cachorros detestam quando você sopra na cara deles. Eu lhe digo quem
realmente detesta isso – minha avó...”.

PUNCH: (EXAGERO)
“... o que é estranho, porque quando nós estamos andando de carro, ela
adora esticar a sua cabeça para fora da janela”.

Mais tarde, em seu ato, DeGeneres faz uma referência (um “call back”) a sua
avó.

SETUP: (INFORMAÇÃO / IMITAÇÃO)


“I think everybody has a philosophical side to them. I grew up that way
because of my grandmother. At a very young age she said to me, ‘Life is
like a blender. You have so many different speeds, you have mix, blend,
stir, puree, and you never use them all. In life you have so many different
abilities and you never use them all.”
Stand-Up Comedy – The Book Página 60 Judy Carter
“Eu penso que todo mundo tem um lodo filosófico em relação a si mesmo.
Eu cresci deste jeito por causa da minha avó. Quando eu era muito nova,
ela me disse, ‘A vida é como um liquidificador. Você tem tantas
velocidades diferentes, misturar, bater, agitar, purê, e você nunca usa todas
elas. Na vida, você tem tantas habilidades diferentes e você nunca usa
todas elas.”.

PUNCH: (CALL BACK)


“I said, ‘Grandma’ and then I just blow in her face… I don’t really like
her.”
“... Eu disse, ‘Vó’, e então, simplesmente sopro na sua cara... Eu não gosto
dela, realmente.”

“Call Backs” são populares com a platéia porque eles ajudam o comediante a
desenvolver uma intimidade especial com o público. Sua mãe está fazendo um “call
back” toda vez que vocês estão juntos e ela lembra da noite em que você queimou as
suas panquecas. Ou, toda vez em que você e seu primo estão juntos e você recorda
(”call back”) como avó de vocês esconde seu dinheiro na jarra de biscoitos.

Workshop # 22
CALLBACKS (BORDÕES)

Examine o seu material e veja se existe algum assunto, emoção, ou frase que
você possa usar em um “call back”, ou seja, como uma referência reincidente, ou
bordão.
Se você usar “call backs” (referências), lembre-se, a piada original precisa ter
obtido uma boa risada e funcionar sozinha. Se você puder trabalhar alguns “call backs”,
você descobrirá que a platéia realmente os aprecia.

Uma Nota Final:


Você não tem que incorporar todas essas ferramentas em seu ato. E acho que
muitos alunos são mais bem sucedidos em uma técnica ou outra. Você, talvez, descubra
que faz listas, naturalmente, ou que a maioria do seu material é de observações do dia a
dia, ou que você fala em imagens.
Trabalhe repetidamente em seu material escrito e nas suas “digressões a respeito
dos seus tópicos” moldando e expandido-os por meio destas ferramentas:

COMPARISONS
 Você tem assuntos onde pode ponderar dois lados?

ANALOGIAS
 Examine seu ato atentamente em busca de qualquer coisa que você tenha
mencionado – como a casa onde você cresceu, seu chefe, qualquer coisa- e faça

Stand-Up Comedy – The Book Página 61 Judy Carter


uma imagem e descreva, a partir de uma analogia. Compare com alguma coisa
bem visual e compreensível. Adicione quantas analogias forem possíveis.

OBSERVAÇÕES
 Mantenha seus olhos abertos e observe os mais cotidianos absurdos da vida.

IMITAÇÕES
 Se você menciona alguma pessoa, ou animal, ou mesmo objetos inanimados,
pratique transformar-se neles ao invés de falar sobre eles. Teste as possibilidades
de se tornar outras pessoas. Seu ato deveria conter uma série de personagens de
sua vida. Interprete-os. Você não tem que ser um grande ator ou sentir qualquer
coisa. Faça uma caricatura deles. Divirta-se e grave o que sair de sua boca.

FAZER LISTAS
 Três é o número mágico na comédia.

“CALL BACKS” (REFERÊNCIAS)


 Faça referência a alguma coisa que você mencionou anteriormente em seu
número.

Resumo:
Até este momento você tem:
 Um esboço escrito de seu ato
 Seu material organizado no formato de preparação (setup) e desfecho (punch).
 Todas as palavras desnecessárias apagadas.
 Seu ato construído a partir de uma ou mais dessas técnicas:
o Comparações
o Analogias
o Observações
o Imitações
o Listas
o “Call backs” (referências)

Parabéns por ter completado todos os exercícios até aqui. Relaxe, a parte mais
difícil já terminou, e o resto é velejar tranqüilamente. No próximo capítulo você
aprenderá vários estilos de comédia provenientes de alguns dos maiores comediantes.
Capítulo 4

ADQUIRINDO ESTILO

Criando Seu Próprio Estilo

Stand-Up Comedy – The Book Página 62 Judy Carter


“Não outra galinha de borracha!”

Até agora, nós mantivemos o foco na criação da stand-up a partir de seus temas
pessoais: descobrindo os assuntos do seu interesse, ou assuntos que refletem o mundo
que o cerca, formatando-os em preparação e desfecho, e comunicando-os verbalmente
para uma platéia. Puristas acreditam que esta é a única forma de stand-up. Existem,
entretanto, muitos comediantes de sucesso que empregam outros estilos de comédias,
incluindo:
 Adereços5.
 Humor político
 Imitações de pessoas famosas6
 Personagens
 Música

Eu comecei fazendo truques de mágica. No começo, eu estava petrificada para


falar com a platéia, então, eu me escondia atrás dos meus adereços de mágica 7. Rasgar
um jornal, ter alguma coisa “para fazer”, ajudava a reduzir o meu medo, mas era o
truque que recebia os aplausos, não eu. À medida que minha confiança crescia, eu
comecei a criar truques de mágica que eram a expressão de meus dilemas; truques que
eram, de fato, metáforas para o que estava acontecendo dentro de mim mesma. Tendo
obsessão por dietas, eu criei a “Levitação do Talo do Aipo”, que eu comia enquanto ele
flutuava. Como uma expressão da minha rebeldia, eu fazia o desafio-mortal: “A
Escapada da Cinta8 da Minha Avó”. E durante meu período de fúria, como meu número
final, eu apresentava ”Serrando um Homem ao Meio” com uma serra Black And
Decker. À medida que os anos passavam, entretanto, eu senti a necessidade de
expressar sentimentos mais complexos, sentimentos que não podiam ser expressos em
truques de mágica. Conseqüentemente, eu comecei a falar mais e fazer menos mágica.
Então, uma noite, eu subi ao palco totalmente desprovida de qualquer adereço9. Isso não
foi resultado de um ato de coragem, ao invés disso, foi o resultado da minha chegada ao
clube, enquanto a minha mala ia para New Jersey.
Muitos comediantes de sucesso usam adereços. Gallagher fez uma carreira a
partir de melancias espatifadas com seu “sledge-amatic”. Bruce Mahler usa uma
galinha morta como um fantoche. O selvagem Gary Mule Deer carrega uma lata de lixo
cheia de adereços para o palco, incluindo: uma galinha de borracha, uma máquina de
escrever, um snorkel e nadadeiras, um babador com a figura de uma lagosta gigante 10,
um mata moscas gigante, um cavalo de brinquedo, um rifle, montes de sapos de
brinquedo, o laço de uma forca, um cão empalhado, Dorito Chips (ele toca guitarra com
os salgadinhos), abacates de verdade, e hambúrgueres siameses grudados a um bolo 11. E
isso é apenas para a abertura de cinco minutos do seu ato.
Adereços podem enriquecer o seu ato, mas, utilizados de maneira imprópria, eles
podem ofuscar a pequena coisa em que você quer que a platéia preste atenção: você. É
você que precisa conquistar a risada, não o adereço. Alguns comediantes iniciantes
usam adereços para se esconder por detrás deles, como se dissessem, “Não olhe para
5
props
6
impressions
7
magic props
8
girdle
9
propless
10
a giant lobster bib
11
Siamese quarter-pounder hamburgers joined together at the bun

Stand-Up Comedy – The Book Página 63 Judy Carter


mim, olhe para estas engenhocas”. Se você decidir usar adereços, lembre-se de que
todas as regras da stand-up ainda se aplicam. Não é suficiente segurar algum item
ridículo e dizer, “Isto não é estúpido?” Você precisa ter uma atitude a respeito do que
você está apresentando. A engenhoca tem que ter alguma coisa a ver com você e sua
visão da vida.

Humor Político
Se você está interessado em humor político, o jornal é a sua grande fonte de
material. Onde quer que a magnífica lente da mídia decida descer, sempre haverá uma
piada. O problema é que escrever material político neste mundo de passos largos pode
ser um exercício inútil; sua melhor risada pode desaparecer a medida em que as
manchetes mudam. Alguém pode estar na mídia todos os dias por um mês e, duas
semanas mais tarde, o nome dele ou dela não ser sequer mais reconhecido. Você se
recorda do nome do candidato que concorreu à eleição com Gerald Ford?
Quando se está fazendo material rapidamente perecível, é necessário encontrar
um lugar onde você possa se apresentar semanalmente, quando não, diariamente. O
comediante político Will Durst trabalhava praticamente todas as noites da semana,
mudando seu número, diariamente.

“This is the same Justice Department that suspects the Teamsters are linked
to the mob. Suspects. They’re also inclined to believe that fire is hot, but
they’re note sure.”
“Este é o mesmo Departamento de Justiça que acha que o Sindicato tem
ligação com a máfia. Suspeitas. Eles também estão inclinados a acreditar
que o fogo é quente, mas eles não estão absolutamente certos”.
- Will Durst

Durst sente que, se alguma coisa acontece e ele não lida com ela, naquele dia,
sobre o palco, ele é uma farsa como comediante social contemporâneo.
Outros comediantes políticos eminentes incluem Dennis Miller do Saturday
Night Live, que faz uma sátira aos noticiários, e o comediante de sátira política e
pianista Mark Russell, que tem o seu próprio show no Russell Hotel em Washington,
D.C. assim como na National Public Television.
Além de escrever material atual, a maior parte dos comediantes de sátira política
tem um material básico e sólido de trinta minutos que pode sobreviver ao teste do
tempo e onde todas as regras da preparação e desfecho ainda se aplicam.

SETUP: (INFORMATIVO)
“Charles Manson appeared at his latest parole hearing with a swastika
carved into his forhead...”
“Charles Manson se apresentou em sua última audiência da condicional
com uma suástica tatuada em sua testa...”

PUNCH:(RESPOSTA SARCÁSTICA)
“… what better way to show the board you’re putting your act together?”

Stand-Up Comedy – The Book Página 64 Judy Carter


“… que jeito melhor de mostrar a comissão que você está colocando a sua
cabeça em ordem...”.

- Dennis Miller

Quando estiver fazendo humor político, lembre-se de que, não importa o quão
engraçado seja uma piada, para rir, a platéia precisa concordar com seu ponto de vista
político. Por exemplo:

SETUP: (INFORMATIVO)
“I don’t understand these ‘Right-to-Lifers’. Have you noticed that they are
the same people who are for the death penalty? Now, figure that?”
“... Eu não entendo estes caras que defendem o direito a vida (e, por isso
são contra o aborto)! Já reparou que eles são os mesmos que defendem a
pena de morte? Agora, imagine uma coisa dessas?”

PUNCH: (EXAGERO)
(IMITANDO-OS) “… ‘save the fetus, wait until you’re sure it’s a human
being, then electrocute that bastard to death’!”
(IMITANDO-OS) “… ‘salvem o feto, esperem até ter certeza de que ele é
um ser humano, então, eletrocute o desgraçado até a morte”.

Com esta piada, eu matei de rir a platéia em uma festa beneficente em prol do
movimento pelo Direito de Escolha (Pro-Choice) e consegui uns apupos fora do palco
num banquete Batista. Isto não significa que você fundamenta seu material nas
necessidades dos sentimentos da platéia. Ao contrário, ser vaiada não me impediu de
usar a piada do aborto. Eu descobri que material polêmico pode não fazer a platéia rir,
mas a desperta. Mark Russell também acredita em assumir riscos: “... quando você é
conhecido como um sacana12, eles esperam não concordar com você. Eles querem esta
(carne vermelha) “red meat”.
Russell, que chama a si mesmo de um “ofensor dos direitos iguais”, acredita que
não há problema em aborrecer a platéia, desde que você bata em ambos os lados de um
dilema. Se você está se apresentando para um grupo específico, tipo a Organização
Nacional das Mulheres, ‘você pode escapar com um material que aborda um ponto de
vista de apenas um lado da questão’13.

SETUP:(INFORMATIVO)
My mother is against abortion for another reason…”
“Minha mãe é contra o aborto por outra razão...”

PUNCH: (CONTRASTE)
“… … she doesn’t fell it’s fair to kill the fetus and let the father live”
“… ela não sente que seja justo matar o feto e deixar o pai vivo”.
- John DeBillis

12
satirist
13
you can get away with a one-sided slant to your material .

Stand-Up Comedy – The Book Página 65 Judy Carter


Para estabelecer credibilidade, um comediante político precisa descobrir o
equilíbrio em seu ponto de vista. Russell escreve material do mesmo modo que a
legislação é escrita: ele faz concessões, tira um pouco de um lado, e um pouco do outro.
Johnny Carson é o mestre da opinião equilibrada. Se ele bate nos Democratas, ele
equilibra batendo também nos Republicanos. A platéia precisa sentir uma noção de
jogo limpo e Carson dá isso a ela. Entretanto, você jamais encontrará Carson fazendo
piadas que pegam pesado com dilemas delicados tais como aborto, racismo, e assim por
diante. Quando estiver apresentando material político para a televisão, é necessário,
freqüentemente, fazê-lo de modo seguro agarrando-se a um material que está em
sintonia com a opinião nacional, tal como:

SETUP: (INFORMATIVO)
“Weight lifters are now taking steroids and male hormones…”
“Levantadores de peso estão, atualmente, tomando esteróides e hormônios
masculinos...”

PUNCH: (EXAGERO)
“… one guy had so much male hormone in him, he had to be classified as
an East German woman!”
“… um cara tinha tanto hormônio masculino dentro dele que ele teve que
ser classificado como uma mulher da Alemanha Oriental”.
- Carl Wolfson

Esta piada irá funcionar na televisão porque ela ridiculariza um país que, àquela
época, era emocionalmente neutro. Se esta piada estivesse ridicularizando Israel, por
exemplo, ela teria tido momentos difíceis passando pelos censores da rede de TV.
Do mesmo modo, um número político precisa estar equilibrado com material
sobre você. Se você vai criticar e atacar as imperfeições do presidente, dê um tempo
igual aos seus próprios defeitos. Um pouco de humor auto depreciativo faz com que
você parece humano, falível para a platéia e faz com que eles riam mais
confortavelmente. Políticos usam esta técnica porque eles sabem que ridicularizar as
próprias falhas faz com que eles pareçam mais humanos, e elegíveis.
Eu desencorajo novatos em stand-up a fazer humor político. É mais fácil obter
risadas com material baseado em seus dilemas pessoais. Quando você está fazendo
material a respeito de você mesmo, ninguém vai questionar a sua credibilidade. Mas,
quando você está fazendo humor político, não é suficiente ter uma atitude forte. A
menos que eles sejam Walter Conkite (um famoso repórter político norte americano),
comediantes de stand-up que fazem comentários a respeito de outras pessoas precisam
estabelecer suas qualificações por meio de um material especialmente inteligente e
habilmente construído.

Dicas E Recomendações Para Fazer Humor Político


 Leia o jornal diariamente.
 Habitue-se a escrever algumas linhas todos os dias.
 Equilibre o seu ponto de vista.
 Tenha algum material que seja auto depreciativo.
 Mantenha um estoque de material que passe pelo teste do tempo.
Stand-Up Comedy – The Book Página 66 Judy Carter
 Nunca abra com o seu material novo. Abra com suas piadas infalíveis, frases
versáteis que você sabe que irão “prime the pump” e faça os rir e, então,
introduza as coisas novas.
 Organize o seu material no formato de preparação e desfecho.
 Se você está se apresentando fora da cidade, peça para que lhe enviem antes
matérias dos jornais, de maneira que você conheça quais são os dilemas daquele
local. Mark Russell descobre três ou quatro coisas extremamente óbvias que
estão acontecendo localmente – itens a respeito dos quais a população da cidade
está interessada, tais como buracos nas rodovias, tráfego, as pequenas faltas do
xerife, e daí por diante.
 Saiba sobre o que você está falando.

Impressões14
Impressionistas como Rich Little, Fred Travalena e Marilyn Michels obtém seus
aplausos da transformação de suas vozes, aparência e linguagem corporal, na de
celebridades que são instantaneamente reconhecidas.
Levando em conta que celebridades vem e vão, estes profissionais tem um grupo de, no
mínimo, setenta e cinco diferentes figuras públicas e estão aprendendo novas vozes
constantemente. A maioria dos impressionistas15 copiará perfeitamente a voz de uma
celebridade e aspectos físicos e as colocará em situações inusitadas, como, “E se o
Senhor Roger fosse Presidente? Ou “E se John Wayne tivesse uma conversa com a
Doutora Ruth?”.
Paródias de filmes são muito populares com comediantes que fazem figuras
públicas. Michael interpreta O Mágico de Oz inteiro em três minutos e “E o Vento
Levou” em dois minutos, fazendo todos os papéis. Fred Travalena faz um tributo ao
Super-homem, onde Louis Lane é Doutora Ruth, Jim Nabors é Jimmy Olson, e Super-
Homem se transforma em Elvis Presley.
Impressionistas também imitam cantores. A estreante Valery Pappas faz Cher,
Liza Minelli, e uma imitação perfeita de Phoebe Snow cantando “The Poetry Man”.
Pappas cria suas “impressões” ouvindo uma canção uma vez após outra, até que ela seja
capaz de re-criar cada suspiro, cara nuance, e, então, ela exagera isto. Pappa
diz:“Impressionistas precisam acentuar as qualidades peculiares das estrelas. Quando eu
faço Liza Minnelli, eu exagero o modo como ela se entusiasma e “torna aquela canção
atrativa para a platéia”16. Se Liza interpreta17 a canção em cinqüenta porcento, eu tenho
que torná-la atrativa em 100 porcento.
Existe também o nascimento recente18 de uma “nova onda” de ‘impressionistas’
tais como Mark McCollum, ganhador de 100 mil dólares no concurso Star Seach (Em
Busca de uma Estrela), que saltou as usuais caricaturas de estrelas, para imitar
personagens de cartoons cantando músicas de rock. Seu ato inclui Yosemite Sam à
frente da Silver Bullet Band, a voz profunda e cavernosa (foghorn) de Leghorn nascida

14
Impressions: A humorous imitation of the voice and mannerisms of a famous person done by an entertainer.
(Impressões: uma imitação humorística da voz e maneirismo de uma pessoa famosa, feita por um artista).
15
(comediantes que imitam pessoas públicas)
16
(sells it)
17
sells
18
hip Breed

Stand-Up Comedy – The Book Página 67 Judy Carter


para o rap, e Porky Pig completa com reverb cantando alto e com vigor uma versão de
Pride In The Name Of Love, do U2.
Se você tem talento para o canto ou para “imitar pessoas famosas” 19, faça as
pessoas que são mais facilmente reconhecíveis. Você pode adicionar algumas imitações
obscuras apenas por diversão, mas imitar pessoas famosas é um negócio, e como
qualquer outro, ‘você tem que fazer algo que as pessoas possam identificar 20’. Travalina
sugere que novatos tenham uma preferência especial pelas pessoas do dia de maior
apelo popular (top Box-office people of the day), e tentem descobrir os seus próprios
cinco ou seis que serão a sua especialidade. Deve ser desencorajador para um novato
ver “impressionistas” que tem visibilidade fazendo cinqüenta ou cem vozes e pensar,
“O que eu vou fazer? Há somente quatro ou cinco celebridades que nenhum deles ainda
faz e estes são aqueles que você vai dar preferência. É deste jeito que você será
notado“.
Você também não precisa ter o talento para imitar vozes para fazer imitações de
pessoas famosas. Existem comediantes que incorporam imitações de objetos
inanimados em seus números. Bill Kirchenbauer imita objetos inanimados fazendo uma
“impressão” histérica de um caminhão de lixo barulhento às seis da manhã, assim como
imita um chiclete sendo mascado contorcendo seu corpo e terminando no acento de
uma cadeira.
Você pode ter uma idéia desse tipo de “impressões” praticando tornar-se coisas
como:
 Um parquímetro
 Um cachorro numa casa velha
 Um par de óculos de sol barato conversando com um par de Ray-Bans.
Uma vez que você ‘perca a sua inibição’ 21 em uma imitação, o elemento mais
importante se torna o comprometimento. Se comprometa totalmente a sua imitação ‘se
atirando nela com todo o seu ser’22.

Caracterizações (Personagens)

Fazer caracterizações é a mesma coisa que fazer imitações de celebridades,


exceto pelo fato de você imitar uma pessoa que não é famosa, mas que,
preferivelmente, seja um esteriópito que reconhecemos da vida cotidiana: um nerd
vendedor de linóleo, uma desorientada23 Valley Girl, um cara grosso em um bar de
solteiros. Todos nos reconhecemos a Ernestine de Lily Tomlin, a operadora de telefone
‘mau humorada’24, e a Fontaine de Whoopi Goldberg, a drogada recuperada.
Muitos atores que fazem caracterizações discordam25 do formato preparação /
desfecho. Tomlin interpreta suas caracterizações como se ela estivesse fazendo a cena
de uma peça. Como no teatro, existe uma parede imaginária entre ela e a platéia. O
personagem, em muitos casos, não conversa com o público, como acontece na stand-up,
19
(speaking impressions)
20
(you have to do something that people can relate to)
21
get down
22
jumping into it with all tour being
23
spacey
24
surley
25
deviate

Stand-Up Comedy – The Book Página 68 Judy Carter


mas, ao invés disso, fala com outro personagem imaginário. Em razão da natureza
teatral disto, muitas pessoas que fazem caracterizações se apresentam em cenários26
teatrais, mais preferivelmente do que em clubes de stand-up.
Quando você está fazendo um one-woman show (show de uma mulher), como
Tomlin faz, você se dá ao luxo de fazer longos trechos de um personagem onde você
tem tempo para criar momentos dramáticos. Para um especial da HBO, Whoopi
Goldberg permaneceu em sua personagem Fontaine em toda à uma hora de show.
Entretanto, em um clube de comédia, o proprietário não está interessado em arte
dramática. Ele está interessado em manter seus clientes rindo. Por esta razão,
comediantes de stand-up que fazem caracterizações às mantém curtas e as ‘trabalham 27
dentro de suas rotinas’. Robin Williams é um mestre nisso. Para um segmento de três
minutos em um “Comic Relief ’88” que discutia tudo sobre o ‘contra-gate’ para o Golfo
de Hormuz, Williams saltava de uma persona e voz para outra, incluindo um
apresentador de talk-show, um pastor de TV, um chefe da máfia, Ollie North,
Humphrey Bogart, um hippie ‘viajandão’28, George Wallace, e um iraniano.

26
settings
27
weave them into their routine
28
zonked-out

Stand-Up Comedy – The Book Página 69 Judy Carter


Usando Preparação e Desfecho (Setup-punch)
A fórmula da preparação e do desfecho ainda se aplica quando fazemos
caracterizações. A preparação, normalmente, inclui informação sobre a personagem, e o
desfecho é a interpretação deste personagem. Ir direto de um personagem a outro, sem
nenhuma preparação, às vezes, confunde a platéia a respeito de quem está falando.
Quando o comediante Joey Camen introduz seu personagem racista, “Cliford Fletcher”,
ele prepara seu personagem com:

“I’m against racism, but I met this guy...”


“Eu sou contra o racismo, mas eu conheci esse cara…”

Com esta preparação, a platéia se dá conta de que não é Camen que é racista, mas
seu personagem ‘provinciano e conservador’29. Esta introdução cria um contexto para o
personagem criar vida. Durante a preparação você se conecta com a audiência, o que é
esperado em um Clube de Comédia, e no desfecho, você interpreta o personagem, se
desconectando da platéia.

Criando uma Personagem


Você pode descobrir personagens a partir de observação das pessoas que você
conhece, como um professor memorável, um membro da família, ou a mulher por trás
do caixa da lavanderia. Marsha Meyers, membro e criadora do Grupo de Improvisação
War Babies e professora de improvisação, sugere que personagens podem se
desenvolver a partir de um pensamento, uma observação, ou uma idéia psicológica
como “... este cara é exatamente como o uma lâmpada incandescente”.
Você poderia fazer tudo o que o uma lâmpada de bulbo faria e improvisar um
personagem, muito elétrico, um tipo excêntrico.
Quando criar uma caracterização:
 Rotule em sua própria mente em que categoria o seu personagem se
encaixa ( isto é, mendiga, ciclista, bibliotecária, ...).
 Pergunte a você mesmo que maneirismos são típicos do personagem que
você escolheu. Por exemplo, se a sua personagem é uma bibliotecária,
maneirismos típicos poderiam ser o fato dela ser quieta, sistemática, e por
ai vai.
 Dê ao seu personagem um exagero nos maneirismos que nós já esperamos.
Dê a ele, ou ela, um monte de características excêntricas. Por exemplo, não
apenas faça a bibliotecária do tipo quieta, mas ela ficar com enxaqueca
mesmo com a queda de um alfinete.
 Descubra maneirismos excêntricos30 e frases que você possa usar como
bordão (referência)31. Por exemplo, todos nós reconhecemos a frase “Oh,

29
red·neck (rµd“nµk”) n. Offensive. Slang. 1. Used as a disparaging term for a member of the
white rural laboring class, especially in the southern United States. 2. One who is regarded as
having a provincial, conservative, often bigoted sociopolitical attitude.
30
quirky
31
call backs

Stand-Up Comedy – The Book Página 70 Judy Carter


com certeza!”32 da ‘Garota do Vale’33, ou a risada impertinente34 de
Ernestine.
 Dê um ponto de vista ao seu personagem. ‘Faça uma ligação’ 35 dos
maneirismos do seu personagem com um dilema. Por exemplo, e se um
ciclista entra em uma biblioteca? Qual é a opinião da bibliotecária a
respeito do ciclista e como isso poderia mudar o seu comportamento? Você
precisa saber como o seu personagem se sente a respeito de diferentes
assuntos, e é importante ser específico.
o Em quem ele ou ela votaria?
o Qual é a sua religião? Etc.
o Como ele ou ela se comporta em diferentes situações?
o Onde ele ou ela mora?
o Com quem ele ou ela está falando?

Chynthia Szigeti, que dá aulas de improvisação na Groundlings Improvisational


School, de Los Angeles, lugar onde nasceram Pee-Wee Herman, Laraine Newman, e
Phil Hartman, do Saturday Night Live, ajuda seus alunos a criarem personagens
fazendo o que ela chama “Exercício de Ruminação”:
 Sente-se em uma cadeira e faça o seu personagem falando como ele tão rápido
quanto possível, sem pensar e sem pausas.
 Diga tudo o que você sabe a respeito de seu personagem. Se o que você tem a
dizer se esgotar, simplesmente, prossiga falando. Depois de cinco minutos, você
muito provavelmente terá consumido todo o seu material.

De acordo com Szigeti, é quando você esgota o seu material, que o seu personagem
começa a falar e quando as boas coisas surgem. Algumas vezes, é como se você
estivesse se “transmutando”36 naquela pessoa.

Música
Paródias, quando um comediante coloca uma nova letra em uma canção reconhecida,
são uma grande maneira de fazer as pessoas rirem. Dale Gonyea (cantor, compositor e
comediante), um jovem Victor Borge, conseguiria boas risadas mudando:

“You must remember this, a kiss is still a kiss.”


“Você tem de lembrar-se disso, um beijo é sempre um beijo.”
Para:

“You must remember this, a quiche is still a quiche” “Você tem


de lembrar-se disso, um queijo é sempre um queijo.”

E em suas mãos, “Downtown” se torna “Groundround”.

32
“Oh, for sure!”
33
“Valley Girl”
34
snortty
35
hook up
36
transchanneling

Stand-Up Comedy – The Book Página 71 Judy Carter


Paródias de canções, entretanto, são profissionalmente limitadas porque você
nunca será o autor delas, deste modo, você não poderá fazê-las na TV. Mais tarde, em
sua carreira, Gonyea descobriu que ele precisava surgir com canções totalmente
originais, assim como as letras. Aqui está um trecho de sua canção original “Name
Dropping”:

“Is Shelley Long or Short? Was John Gielgud Good all day? What did
Ernest Heming Weight? Is Glenn Close? Is Jamie Farr? Did Tommie Tune
his own guitar? And what did Stevie Wonder?”

Um aluno, Jessie Goldberg, descobriu que cantar era a melhor maneira de expressar a
sua simpatia por sua ex-mulher em sua canção, “Tudo de bom pra você”37:

“I hope you get fat, and get wrinkles on your face. And you lose all your
hair and your teeth fall out of place.
And I hope that you fail in everything you do. Otherwise ll the best to
you.”
“Espero que você engorde, e que rugas em seu rosto cresçam. Que seus
dentes caiam da boca e seus cabelos desapareçam. Desejo que em tudo o
que fizer, você fracasse pra valer. Por outro lado, eu desejo tudo de bom
para você”.

Se você tem um talento musical, incorpore isso em seu ato. Os pais de Judy
Tenuta lhe compraram um acordeão e aulas de um vendedor de porta em porta, quando
ela era uma criança; agora, ela usa-o em seu número, batendo nas teclas para enfatizar:

“He Said, ‘Judy, Judy, I must possess you’ – ta da da – he had an


accordion, too.”
“Ele disse, ‘Judy, Judy, você tem de ser minha’ – ta da da - um acordeão
ele também tinha”.

E Tenuta canta canções off-kilter, como a Country & Western em tributo ao


papa:

“I just want a cowboy in a long white silky dress.”


“Eu apenas quero um vaqueiro em um longo vestido branco de seda”.

Charlie Fleischer toca instrumentos de música abstratos inventados por ele


mesmo e termina o seu ato tocando a Quinta de Beethoven... em uma harmônica.
Então, eis aqui a chance de, finalmente, fazer aquelas aulas de oboé 38 valerem a
pena. Tire-o de dentro do armário e veja se pode encaixá-lo em seu ato.

Descobrindo o seu ’Dom’ 39


37
“All the Best to You”
38
French horn
39
schtick

Stand-Up Comedy – The Book Página 72 Judy Carter


Mais cedo ou mais tarde, meus alunos automaticamente gravitam para o seu dom
“cármico”. Não é como se eles tivessem feito uma escolha intelectual sobre se eles
querem usar adereços ou cantar em seus atos. Isso se desenvolve naturalmente. Quase
como se eles não pudessem evitar. Um aluno escolhia adereços no seu caminho para a
aula. No momento em que ele chegava na classe, ele tinha uma sacola de papel repleta
de coisas esquisitas e intenções40 que ele não podia esperar para nos mostrar. Outra
aluna, apenas fazia comentários sobre coisas que ela lia nos jornais, enquanto outra
aluna, não importava o quanto ela resistisse, continuava fazendo caracterizações.
Seu estilo é normalmente formado na infância e você não pode escapar dele.
Quando criança, Charilie Fleischer era bom em arte, então, em seu ato, ele dava vozes
para as suas esculturas em “foam rubber”. Arco e flecha era a única coisa em que Gary
Mule Deer tirou um ‘A’ no colégio. Isto se tornou o encerramento do seu show, quando
ele usava sua guitarra como um arco e flecha para acertar um cigarro aceso na boca de
uma galinha de borracha. Mark Russell começou tocando piano quando criança, em
Washington, D.C., então, era natural que ele prosseguisse tocando piano em um hotel
do outro lado da rua do Senado e conversar sobre o que estava acontecendo no
congresso dos EUA41. Victoria Jackson fez uma primeira aparição explosiva no Tonight
Show, fazendo material acompanhado por números muito hábeis de ginástica, que ela
aprendeu quando era criança. Ao invés de tentar escapar da sua infância, abrace-a e
coloque-a em seu ato.
Se até este ponto você não está certo de que coisas deve incorporar ao seu
númerop, não se preocupe. Seu estilo será revelado a você. É uma descoberta de quem
você já é – do que você foi moldado42 para fazer. Este processo de descoberta pode
acontecer do dia para a noite, ou, mais comumente, pode levar meses ou anos.

Resumo
Não seja rápido demais para rotular ou limitar você mesmo. Muitos comediantes
fazem do jeito mais simples, usando o formato da preparação e desfecho básico. De
todo jeito, não lute contra as suas tendências naturais. Se você tem um desejo de tocar
tuba, fazer cantos de passarinhos, cantar uma canção, ou passar roupas, faça.
Seja paciente, seja verdadeiro com você mesmo, siga as suas inclinações naturais,
e seus dons divinos se revelarão para você.

40
ends
41
Capitol Hill
42
cut out

Stand-Up Comedy – The Book Página 73 Judy Carter


Capítulo 5

GETTING IT READY

Sua abertura é a parte mais importante do seu ato. Dentro de dez segundos a
platéia irá se decidir se gosta ou não de você. Se você criar uma má primeira impressão,
você gastará o resto de seu ato tentando consertar os estragos.
Uma boa abertura conecta você com a platéia. Uma boa abertura tem os pés da
realidade. Aqui estão algumas considerações no momento da escolha de seu número de
abertura.

 Faça um comentário sobre algo que é verdadeiramente perceptível em você,


como um nariz grande, cabelos rebeldes, e daí por diante. Tente abrir o seu ato
com um dos itens da sua lista de características físicas.

“Eu estou preocupado que o meu cabelo cresça, fique maior do que eu
e me leve a lugares onde eu não quero ir...”.

- da estudante Jennifer Heath

 Abra com alguma coisa que reflita sua “persona”. Uma boa abertura define quem
você é e permite a platéia saber o que ela pode esperar. Um número de uma de
minhas alunas era sobre sua vida noturna.

“Oh, um banquinho de bar... Me sinto como se estivesse em casa”.

Se você fará truques de mágica, comece com um troque. Se você irá demonstrar
fúria, na maior parte de seu ato, comece sendo raivoso. Por exemplo, Judy Tenuta abre
seu ato berrando:

“Olá, porcos!”.

A abertura rude e corajosa de Tenuta prepara a audiência para a sua marca de humor
irreverente e hostil.
 Se você não consegue encontrar nada óbvio a seu respeito, abra com alguma
coisa que é óbvia para a platéia. Um comediante para uma platéia pequena:

“Vocês todos vieram no mesmo carro?”

Quando eu percebi que estava atuando para uma platéia somente de brancos, eu
abri com:

“Olá, gente, não somos todos caucasianos?”.

Abra com um tópico que você e a platéia tenham em comum, como a cidade
onde você vive, o tráfego de lá, a comida do clube, e assim por diante.

Stand-Up Comedy – The Book Página 74 Judy Carter


Quando Robin Williams atuou no Metropolitan Opera House, ele abriu seu ato
comentando sobre o enorme candelabro que a platéia podia ver levantando os olhos
para o teto.

“I would like to thank Imelda Marcos for her earings. I wonder if Pavarotti
is over at the Improv going ‘Two Jews walked into a bar’… ”
“Eu gostaria de agradecer a Imelda Marcos pelos seus brincos. Eu imagino
se o Pavarotti terminasse uma apresentação no Improv43 mandando aquela
piada dos dois portugues...”

“Olá, Santa Fé, eu gosto de sua cidade! O uniforme da polícia daqui


lembra o da assistência técnica da Brastemp! Eles mandam você encostar e
você diz: O que? Minha geladeira quebrou de novo?”.

- Paul Rodrigues

Comece seu ato com alguma coisa corriqueira da vida daquelas pessoas, algo que
acabou de acontecer (ou, você pode fingir que acabou de acontecer). Por exemplo, se
você está fazendo uma rotina sobre o tráfego, diga que isto aconteceu no caminho para
o clube, naquela noite.

“No caminha pra cá, na Via Expressa de Hollywood, eu vi uma placa


indicando: ‘Instituto de Braile – próxima saída à direita’. Agora, para quem
é esta placa? Ela cria um terrível engarrafamento. Há cantores de blues,
cachorros e bengalas por toda a estrada”.

- Arsênio Hall

 Não comece com Hitler. Isso deixa as pessoas de mau humor. Guarde assuntos
controversos para mais tarde, quando a platéia estiver com você.
 Não comece com ‘Ei, como estão todos vocês?’ Há tantas maneiras originais de
começar um ato, por que começar com um clichê?
 Não comece com “Ei, esta coisa está ligada?” Ou... “É tão claro aqui”. Ou...
“Rapaz, eu estou nervoso.” Chamar a atenção para seus medos no começo de sua
apresentação fará somente com que eles aumentem a medida em que você
prosseguir. Isso deixa todo mundo do lugar nervoso.
 Não comece com um material que dará a platéia uma falsa impressão a seu
respeito (sobre quem você é). Uma de minhas alunas começou sua apresentação
com uma atitude durona e muito agressiva, que lhe rendeu uma boa risada.
Entretanto, ela perdeu a platéia porque o grosso de seu material não era
agressivo, mas simpáticas e refinadas observações sobre ser mãe. Então, não dê a
platéia uma falsa expectativa. Abra com algo que você possa manter pelo resto
da sua apresentação.
 NÃO abra sua apresentação com material referente a sexo. Você não quer que a
platéia chegue ao clímax nos seus primeiros dez segundos e, depois, adormeça
pelo resto do seu número.

43
nome de um Clube de Stand-up nos Estados Unidos.

Stand-Up Comedy – The Book Página 75 Judy Carter


Além disso, saiba qual é a sua atitude. Manter o foco em como você se sente a
respeito do que você está falando ajudará você a superar o medo do palco e atravessar
essa parte difícil de seu número.

Workshop # 25
A ABERTURA

Pesquise seu material e selecione o melhor material possível para uma abertura:

 Material a respeito de sua aparência física


 Material que reflita a sua persona.
 Material sobre a platéia.
 Material sobre um tópico comum, cotidiano.
 Material sobre alguma coisa que tenha muito a ver com a sua vida.

Esboce seu material de abertura aqui:

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A respeito das Transições

Não se preocupe com transições. O tempo na TV é tão precioso que um


comediante precisa se mover de um pensamento para outro sem perder tempo com
transições estúpidas como:

“E, falando de bananas, eu estava no mercado outro dia e...”

Na América, nós somos tão sofisticados em relação as stand-ups que a platéia


reconhece quando um comediante está fazendo uma transição e isso soa artificial.
Letterman e Carson tiram sarro deles mesmos quando eles fazem transições. As
próprias transições têm se tornado piadas elas mesmas. Como diz o comediante Barry
Sobel:

“Platéia tola, transições são para crianças.”

Stand-Up Comedy – The Book Página 76 Judy Carter


Na vida real, as pessoas pulam de um assunto para outro na medida em que os
pensamentos lhes ocorrem. Uma mulher pode falar sobre seu cachorro doente e, no
meio da frase, lembrar-se que tem de passar na lavanderia. De repente, mudar de
tópicos é o que proporciona um engraçado e inesperado nonsense. Pense no que
acontece quando uma bola quica em uma parede. Ela vai a uma direção e, então,
abruptamente, muda para uma outra direção. Minha aluna, Patty Louise Iacobello, pula
de um tópico a respeito de ser uma católica piranha, para falar “Ei, saio com um sem-
teto” e, de repente, diz “Certo... agora eu gostaria de cantar uma canção...”
Num quadro na TV, o comediante selvagem Bobcat Goldthwait fez seu
monólogo sobre uma cama de ‘carvão em brasa’ 44 com um pedaço de carne crua
amarrado em seu tornozelo:

“Dois caras entrando em um bar... aiiee!”

Depois da rápida performance, Bobcat abriu um leve sorriso e, sem nenhuma


transição, continuou:

“Deus me disse que me daria oito milhões de dólares se eu matasse Oral


Roberts.”

Você descobrirá que certos tópicos naturalmente conduzem a outros. De qualquer


maneira, se eles não conduzirem, não force a barra. Termine um bloco de piadas. Pare...
respire, e comece um novo tópico com energia e entusiasmo.

The Set List45

Agora que você já tem a sua abertura, o meio do seu material deve ser organizado
em uma set list: uma lista com a ordem de suas piadas. Uma lista de sets é uma lista de
palavras chave de sua apresentação. Assim como os músicos fazem com a lista de
canções que eles cantarão, comediantes fazem uma lista dos blocos de piadas que eles
planejam contar: “Primeiro, eu vou falar sobre encontros, então, vou falar sobre ficar
velho...”
A lista de sets é uma maneira rápida e pessoal de um comediante ter uma palavra
ou frase que, quando é olhada por ele, lhe faz lembrar imediatamente do seu ato. Muitos
comediantes organizam seu material por assuntos. Quando você ensaiar seu material,
você descobrirá que certos tópicos naturalmente se movem para outros tópicos. Eu
sugiro começar com os tópicos menos pessoais e terminar com os mais pessoais.
Lembre-se, entretanto, que todo o seu material deve ser a respeito de você.
Aqui está uma velha lista de sets de uma apresentação para um show de 15 minutos:

Namoro
Medo de dormir sozinha
Namoro pelo computador
Cão
Ficar velha
Ginástica
44
Hot coals
45
um pedaço de papel onde está a ordem de suas piadas

Stand-Up Comedy – The Book Página 77 Judy Carter


Cinderela
Relacionamentos

Eu comecei com um bloco de piadas sobre namoro porque havia muitos casais na
platéia e minha falta de sucesso em encontros amorosos é uma introdução natural para o
meu bloco a respeito de dormir sozinha.

“Assim que eu apago as luzes, minha casa se transforma em um livro do


Stephen King. Eu penso que há um homem em baixo da cama, um homem
escondido no armário, um homem atrás da porta. Eu quero dizer, onde eles
estavam na noite do baile de formatura, quando eu precisava?”.

E, então, eu faço um pequeno pedaço sobre meu frustrado namoro pelo


computador.

“... ele tinha um ‘Wang’ realmente legal e eu era ‘user friendly’ a respeito
disso, mas eu precisava de um cara com um hard disk, nada desse negócio
de disco flexível!”.

Logicamente, isso me levava a minha preocupação a respeito de meu


relacionamento com o meu cachorro.

“Talvez, eu seja de duas espécies. E estou lendo um livro... Mulheres Que


Amam Demais os Seus Cães...”

E daqui, eu viajo até a minha preocupação em ficar velha.

“... um dia eu vou acordar e, não importa quão quente esteja, eu vou querer
usar um casaco...”

Então, eu faço um pedaço sobre ginástica onde eu falo como estou lutando contra
o envelhecimento, mas:

“Essas academias são todas freqüentadas por ambos os sexos, você tem de
usar um diafragma para entrar na jacuzzi 46. Uma garota ficou grávida no
aparelho para as coxas”.

Nesse ponto, eu sinto que a platéia me conhece melhor e eu me torno mais


íntima, como quando eu falo sobre meu desejo de encontrar um bom relacionamento e
meus desapontamentos:

“Cinderela mentiu para nós. Deveria existir um ‘Betty Ford Center’ onde
eles desprogramassem você te colocando em uma cadeira elétrica. Toca
‘Algum Dia Meu Príncipe Virá’, te dão um choque e vem, ‘Ninguém virá...
Ninguém virá... Ninguém Virá...”

DICAS NA HORA DE USAR A SUA ‘SET LIST’


46
banheira de água quente.

Stand-Up Comedy – The Book Página 78 Judy Carter


 Organize a sua lista de modo que os assuntos fiquem cada vez mais pessoais.
Ficar em frente de uma platéia é como sair em um primeiro encontro. Eles não
conhecem você, então não os afugente abrindo seu show com uma rotina sobre seus
pelos pubianos. Muitos comediantes preferem organizar seus números numa ordem
crescente de intimidade. Comece com tópicos seguros como coisas referentes ao
trabalho, namoro, comida, e assim por diante. Então, a medida em que você e a platéia
se conhecem, prossiga com tópicos mais pessoais como relacionamentos e sexo.

 Não leve a sua lista para o palco.


A não ser quando os comediantes estão testando material novo, eles raramente
levam suas listas para o palco. Uma aluna estava tão preocupada em esquecer seu
número que ela escreveu a sua lista de piadas na palma de sua mão. O único problema é
que ela suava tanto que gastou a maior parte de sua apresentação tentando ler a palma
da mão. Uma platéia que paga um “couver” e dois drinques no mínimo gostaria de
pensar que o comediante fez um esforço para memorizar seu número. Seria como
assistir a uma sitcom com os atores segurando seus roteiros. Só por desencargo de
consciência, eu sempre escrevo minha lista poucas horas antes de eu começar,
escolhendo que material eu quero fazer aquela noite e onde colocar as coisas novas.

 Use a lista de piadas como uma ferramenta de memorização.


Geralmente, só o ato de escrever a minha lista de blocos de piadas me ajuda a
lembrar meu número e me dá uma idéia geral da ordem do material porque isso me
força a visualizar meus blocos de piadas. Anotar as palavras código da minha
apresentação envia uma imagem ao meu cérebro do meu ato inteiro.
Organizar o material de acordo com o fluir lógico da sua emoção faz com que
memorizar a ordem seja quase desnecessário. Você pode ver, a partir da minha lista,
como cada assunto está conectado emocionalmente com o que veio antes. Minha lista é
desenhada a partir da maneira como meu cérebro relaciona as minhas preocupações a
respeito das coisas. É muito natural para mim, ir da minha preocupação a respeito de
não namorar, para a minha preocupação sobre dormir sozinha. As palavras código da
lista, então, acionam o gatilho da memória para o que eu já sei instintivamente.

 Você não tem que ser perfeito.


Eu nunca segui a minha lista ao pé da letra. Existem sempre coisas que surgem
inesperadamente da minha boca e coisas que eu edito enquanto eu faço minha
performance. A lista é uma sugestão de rota, mas não fique acorrentado a ela. O
caminho mais curto de Los Angeles para São Francisco é a Interestadual 5. Mas, seja
um viajante que deseja sair da estrada principal e pegar desvios. Mesmo que você saiba
para onde está indo e você tenha mapeado o melhor caminho para chegar lá, aproveite a
oportunidade para explorar as estradas remotas. Quando você se perder, você saberá
que pode sempre voltar para a estrada principal e atingir o seu destino.

Workshop # 26
SUA LISTA DE SETS

Limitando-se a uma palavra ou frase, anote os tópicos de sua performance.


Stand-Up Comedy – The Book Página 79 Judy Carter
Primeiro Esboço

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Agora, reorganize seu material indo do menos íntimo para o mais pessoal. Não
force a barra para que os tópicos se relacionem uns com os outros, a não ser que eles se
conectem naturalmente. Lembre-se, você pode saltar de um tópico para outro.

Segundo Esboço

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Stand-Up Comedy – The Book Página 80 Judy Carter


Agora, para fixar a lista de sets na sua cabeça, acomode-se confortavelmente,
feche os olhos e imagine uma platéia na sua frente. Sem olhar para nenhuma anotação,
comece a fazer o seu número e deixe a ordem de seu material surgir, naturalmente.

Escreva o último tratamento da sua lista de sets aqui:

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O Fechamento
“Deixe-os rindo...”

Você precisará modificar a sua lista de sets de maneira que o material que você
sabe que irá arrasar esteja no final de sua apresentação. Se você está perto do final de
seu número e receber uma grande gargalhada, saia do palco. Alguns comediantes
recebem uma boa gargalhada perto do final de seus números, então, tentam superar
aquela piada e acabam com uma “queda”47. Deixe-os querendo mais. Ao invés de fazer
tudo o que está na sua lista, se você obtiver uma grande gargalhada perto do fim do
show, diga “Obrigada e boa noite”, e saia correndo dali.

Workshop # 27
O FECHAMENTO

Qual material você acredita que obterá a maior risada? Anote-o aqui:

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47
thud

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Já que é difícil saber exatamente quão longo será o seu número e que partes
arrancarão as reações mais animadas, é melhor estar preparado para dois finais
diferentes, um mais cedo que o outro. Nesse caso, quando seu tempo acabar, você pode
encerrar com uma risada e não ter que correr atrás da “grande risada” antes que o seu
tempo se esgote.
Possíveis finais de antecipação:
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Como Ensaiar Seu Ato


“Hey, mãe, escute essa.”

Muitos comediantes não ensaiam seus números. Apesar deles escreverem seu
material, eles esperam estar diante de uma platéia para dizê-lo em público.
Jerry Seinfeld sente que não há necessidade alguma para ensaios, que você tem
que aprender a moldar o material à sua platéia e não há nada que você possa fazer por
sua conta. De acordo com Seinfeld, “Uma boa apresentação cômica não é um
monólogo, é um diálogo e a platéia faz parte, e você tem que equilibrar os dois juntos”.
Minha sugestão para iniciantes é memorizar seu número atuando com atitude e
sentimento em frente a seu “parceiro na comédia” (comedy buddy) e não em frente a
um espelho.
O maior medo de um “performer” é que ele ou ela esqueça seu ato.
Conseqüentemente, a partir deste medo, comediantes memorizam demais o seu material
e tornam-se comediantes robôs. Não importa o que aconteça sobre o palco, eles atuam
como planejado. A garçonete derrubou uma bandeja de drinques, os cliente estão
fazendo uma guerra de comida, e o microfone falhou, ainda assim, o “performer”
Stand-Up Comedy – The Book Página 82 Judy Carter
prossegue como se nada estivesse acontecendo. Ser perfeito talvez faça você receber
um “A” em álgebra, mas ser perfeito não tem nada a ver com ser engraçado. Algumas
vezes, a melhor parte do número de um comediante é quando ele esquece o texto. As
pessoas adoram observar outras pessoas em situações constrangedoras. Por que você
pensa que as pessoas pagam para assistir acrobatas se equilibrando em uma corda? É a
possibilidade de que eles caiam que nos mantém ligados. Um bom equilibrista da corda
bamba fingirá perder o equilíbrio somente para deixar a platéia mais excitada.
Memorize o seu material, mas, sempre desejando livrar-se dele para que você
possa lidar com o que está acontecendo no momento.
Lembre-se:

NÃO teste material com parentes. Você não praticaria um striptease com o seu
bibliotecário. Não pratique stand-up com a sua mãe.

TESTE seu material com o seu companheiro de comédia (comedy buddy), ou,
colocando sutilmente no meio de uma conversa, mas nunca deixe ninguém saber
que você está testando o seu material. Material que arrasa em uma cozinha, pode
fracassar em um clube.

NÃO ensaie o seu material sem, primeiro, entrar em contato com a sua atitude e
visualizar o que você está dizendo. Se você não fizer isto, seu material vai soar
como coleção de palavras sem vida. As pessoas não respondem a palavras
simplesmente; eles reagem a sentimentos e as imagens por trás das palavras. A
imaginação é uma ferramenta poderosa. Isso obriga você a vivenciar sobre o que
você está falando. A primeira vez que você conta uma história, você,
naturalmente, cria uma imagem na medida em que você a relembra. A segunda
vez em que você conta a história você, provavelmente, estará mais concentrado
em tentar conseguir uma reação e menos em tentar entrar em contato com os seus
próprios sentimentos. Você estará mais focado em seus sentimentos se você
visualizar sobre o que você está falando. Isso manterá o seu material vivo e
espontâneo.

NÃO ensaie demais. Conheça o seu material, mas não o molde em concreto,
porque você terá de modificar seu número dependendo da platéia. Você não está
se apresentando no vácuo. Coisas que estão além do seu controle acontecerão. Na
vida real, pessoas da platéia falarão com você. A garçonete derrubará copos.
Você precisa querer deixar seu material aberto, talvez, abandonar alguma coisa
que você planejou para responder as circunstâncias imediatas.

Eu aprendi isso da maneira mais difícil. Eu fui convidada para atuar em um


acampamento para crianças deficientes. Eu estava nervosa por ter de atuar para
crianças. Como diz o comediante que faz mágicas, Tom Mullica: “Atuar para crianças é
como atravessar um safári de leões vestindo um pedaço de carne”.
A partir do momento em que eu não tinha nenhum material apropriado para
crianças, eu decidi fazer mais truques de mágicas. Eu ensaiei e ensaiei. Eu cheguei ao
acampamento, muito preparada, até descobrir que era um acampamento para crianças
cegas. Demais para os meus truques de mágica. Eu subi no palco e disse para a platéia

Stand-Up Comedy – The Book Página 83 Judy Carter


que eu estava lá semi nua e comentei sobre o frio que estava fazendo. Bem, o que você
teria feito?
Stand-up, como dança de salão, é uma forma de entretenimento interativa e
pessoal. Quem está na platéia sempre afeta o seu número. Se apresentar diante de uma
platéia com a mesma idade que você é diferente de se apresentar diante de uma platéia
com a idade dos seus pais. O número de uma das minhas alunas era baseado no fato
dela ser lésbica. Seu número foi muito bem recebido no Festival do Orgulho Gay, mas
ela se sairia bem diante de uma platéia careta? Por não saber como uma platéia reagiria
a ela, ela tinha que se manter flexível. Depois que ela revelou que era lésbica, uma
mulher na fila da frente deixou escapar um: “Arg!” Ela se utilizou da reação careta e
negativa da mulher para improvisar um material adicional.

“You might want to consider the advantages of being a lesbian: You don’t
have to worry about the toilet seat being up, you don’t have to worry about
disease, and… you never have to sleep in the wet spot.”
“Você deve considerar as vantagens de ser lésbica: você não tem que se
preocupar se o acento da privada está levantado, você não tem que se
preocupar com doenças e... você nunca tem que dormir em um lençol
melado”.

Foi a sua flexibilidade que fez com que ela se saísse tão bem. E conseguisse um
jantar romântico.
Então... conheça o seu material, mas esteja pronto para fazer mudanças.

Workshop # 28
O FECHAMENTO

Memorize seu ato, fazendo-o diversas vezes.

 Pratique seu material em blocos de piadas.


 Apresente seu material expressando sempre atitudes fortes.
 Visualize sobre o que você está falando.
 Pratique seu material como se você estivesse se apresentando para:
o Um grupo de amigos
o Uma convenção dos taxistas de Nova York
o Um grupo de dentistas

Se você perceber que está tendo problemas com a memorização de certos blocos
de piadas, pergunte a si mesmo:

1. Qual é a sua atitude naquele bloco?


2. Você pode visualizar sobre o que você está falando? Você consegue criar
imagens para o que você está falando?
3. A sua preparação para a piada (setup) é simples ou é muito complicada?

Bom material sai facilmente de sua boca. Se o seu material está ficando confuso, se
livre dele. O material talvez esteja sem graça e estranho por causa de:
Stand-Up Comedy – The Book Página 84 Judy Carter
 Um problema de linguagem – a sua escolha de palavras é formal e muito rígida.
 Uma atitude que não combina – experimente uma nova atitude e volte a (ranting
and raving) vomitar coisas a respeito daquele assunto com uma atitude diferente
como sublinhado no capítulo 2.
 É redundante – encurte seus setups.
 Falta de comprometimento – você está simplesmente entediado com aquele
tópico. Livre-se dele e descubra assuntos que interessem você de verdade.

TIMING/ DELIVERY
“Tempo é tudo...”
- George Burns

“Timing” é tão difícil de ensinar - é algo que você tem que sentir, como no jazz.
Há vezes sobre o palco em que meu “timing” é tão bom, eu estou tão em sincronismo
com o universo que eu não posso fazer nada de errado. E há vezes em que meu
“timing” está tão por fora que, não importa o quanto eu me esforce, eu não consigo
achar um ritmo para o meu número48. Existe um ritmo da comédia49; quando você
ganhar mais experiência, você saberá quando o tiver atingido, e será capaz de deslizar
dentro dele mais e mais. Até lá, aqui vão algumas dicas de técnicas que ajudarão você
com o tempo da comédia e de dizer a piada.

Emocional Tags (Reação ao Punch)


Os pequenos fragmentos de sua emoção50 é o que você improvisa depois do
desfecho da piada. É a sua resposta genuína e espontânea ao que você acaba de dizer, e
cria uma sensação de intimidade entre o comediante e a platéia. Pode ser tão simples
como:

“ ‘Yup!’ ‘É isso aí’ ‘Eu sei... eu sei’.”

Da mesma maneira que o arremessador de beisebol tem que acompanhar o


desfecho da jogada depois que a bola parte de sua mão, um comediante tem que
acompanhar o desfecho da jogada51, depois que o punch (desfecho da piada) sai de sua
boca. Um fragmento52 é uma maneira de você ir até o fim em sua atitude a respeito do
que está sendo dito. Você tem a sua preparação, então, o desfecho da piada, e, então, o
fragmento final (reação). É o que você faz enquanto as pessoas estão rindo, ou não.
Você nunca se sentirá da mesma forma no final de cada desfecho de piada. Desta
forma, esse fragmento de reação sempre será diferente – nunca será algo
permanentemente fixo. Serve unicamente para aquele momento. Deixe espaço para
essas reações ao final de cada “punch”, mas não as ensaie. Não tente ser engraçadinho,
apenas reaja. “Sim... essa é minha mãe!” ou, apenas um “Viva!” fará bem o serviço.

48
get my act on the groove.
49
comedy groove.
50
emotional tags.
51
follow-through
52
tag emotional

Stand-Up Comedy – The Book Página 85 Judy Carter


Essa reação também pode ser acompanhada de alguma expressão em seu rosto. A idéia
é não planejar essas reações, mas deixar espaço para que elas aconteçam.
Depois da reação ao desfecho, não se esqueça de respirar. Eu sei que isso parece
estúpido de ser lembrado, mas você ficará surpreso. Primeiro a preparação (setup),
depois o desfecho da piada (punch), em seguida a reação ao desfecho e, então, respire,
dê uma pausa. Não corra com seu material emendando uma coisa na outra. Tudo bem
ter momentos de silêncio em seu ato, é até necessário. Eu tenho visto grandes piadas
não obterem uma reação porque o comediante não deixou sequer um momento para a
platéia reagir. Freqüentemente a reação depois do desfecho da piada é o que causa a
risada. “It honks to them”.

Workshop # 28
REAÇÃO APÓS O DESFECHO DA PIADA

A reação ao desfecho da piada não pode ser ensaiada. Elas são porções
espontâneas e genuínas de seu ato, que funcionam naquele momento. Mas tenha uma
sensação de como elas parecem, fazendo um pedaço de seu número e reagindo a ele,
pensando alto depois do desfecho. Uma reação pode ser sobre como você se sente em
relação ao que acaba de dizer: “Rapaz, essa foi uma idéia idiota”. Ou, pode ser apenas
um ruído: “Uh!” Ou, simplesmente concordar com um aceno de cabeça. David
Letterman costuma usar essa técnica. Depois de uma piada que não funciona e não
obtém uma resposta do público, ele diz:

“Ei, essa é a piada, pessoal!”.

Acostume-se a deixar um espaço para adicionar pensamentos depois de um


desfecho, tomar fôlego e valorizar esse instante (creating a moment). Isso é o que vai
criar seu ritmo e tornar a sua apresentação mais parecida com uma conversa onde se dá
e recebe.

Resumo

Até agora você tem:

 Escrito a sua abertura


 Esboçado uma lista de piadas por assunto, ou tema
 Decidido qual será o seu encerramento
 Ensaiado o seu número

Todo trabalho que você fez o conduz a um lugar: atuar em frente a uma platéia de
verdade. O próximo capítulo o levará pela mão através da experiência de uma
performance.

Stand-Up Comedy – The Book Página 86 Judy Carter


Capítulo 6

SUBINDO NO PALCO

“Dying is easy, comedy is hard.”


“Morrer é fácil, comédia é difícil...”.

- Edmund Kean, nineteenth-century actor

É claro que se apresentar é assustador. Mas, você não deveria gastar um mês
fazendo um barco e nunca colocá-lo dentro da água. Agora é hora de fazer seu ato
diante de uma platéia e ver se ele não afunda.
Mesmo que você não esteja considerando uma carreira como comediante, é
imperativo que você experimente seu ato em um clube de comédia em uma noite de
amadores. Você não pode entender de verdade os princípios para se fazer rir a
menos que se apresente em um lugar aonde as pessoas vão para rir. Uma vez que
você tenha se apresentado em um Stand-up Club, adicionar humor a um discurso,
fazer uma torrada ou vender piche será moleza. (Veja o Capítulo 9)
Por hora, você tem uma lista de blocos de piadas de três a vinte minutos de
material. Neste capítulo, eu lhe darei exercícios para reduzir o seu medo, assim
como, dicas de alguns dos maiores nomes da comédia para guiá-lo através da
experiência de se apresentar em público. Mas, primeiro, você precisa encontrar um
lugar para se apresentar.

Arrumando um Trabalho
(Só vale para os EUA).

Duas horas para começar o show


“O que eu devo usar?”.

Use algo confortável. Evite fazer grandes declarações com as suas roupas. Se
suas roupas forem mais engraçadas do que você... você está com problemas.
Mulheres: não se vistam de maneira sexy, a menos que esteja de acordo com a
sua persona (à la Mae West). Evite vestidos apertados e colados, decotes e assim por
diante. Sexo e comédia geralmente não se misturam. Não se fie na minha palavra: a
próxima vez em que estiver fazendo amor, tente contar uma piada e veja o que
acontece.

“Hey, Fred, that looks like a pênis... only smaller.”


“Ei, Fred, isso parece um pênis... só que menor”.

Stand-Up Comedy – The Book Página 87 Judy Carter


Vesta-se confortavelmente e de forma atraente. Acentue o seu cérebro e não a seu
corpo.
Meia hora para o Show
Informa-se

Verifique com a pessoa no comandoe decubra quanto tempo de palco você tem.
Seja você um amador ou um profissional, sempre pedirão a você que seu ato fique
dentro de um certo período de tempo.
Noites amadoras em clubes de comédia dão aos comediantes de qualquer lugar
de três a quinze minutos. Descubra se o clube tem uma maneira de sinalizar quando seu
tempo de esgotou. Seja uma luz vermelha nos bastidores ou o Mestre de cerimônias
acendendo uma luz na sua cara, saia do palco quando seu tempo terminar se quiser ser
convidado para voltar.

Verifique a Platéia

 Quantos anos eles tem?


 Quão bêbados eles estão?
 Qual é a etnia ou gênero sexual predominante na platéia?
 Existe algum grupo de uma grande organização?

Observando o público, ou por meio de uma rápida pesquisa, você terá uma idéia
do tipo de platéia que eles são e que material você deve acrescentar ou cortar. Da
mesma maneira que eu não fiz truques de mágica pala uma platéia de cegos, você
não deveria apostar grande naquela piada do clitóris para um grupo de
bibliotecárias mórmons.

Stand-Up Comedy – The Book Página 88 Judy Carter

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