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João Pessoa – PB
2015
FELIPE LUIZ CHAVES SANTOS
João Pessoa – PB
2015
Santos, Felipe Luiz Chaves.
53f..
Banca examinadora:
Este trabalho tem como objetivo investigar o trabalho com os gêneros textuais no ensino de
inglês como língua estrangeira em séries do ensino fundamental na rede pública de ensino.
Trata-se de um estudo de natureza exploratória que se desenvolveu em três escolas da rede
pública de João Pessoa, selecionando uma professora de inglês em cada uma delas para serem
participantes da pesquisa. Através de questionários e observações de campo, foram analisadas
as atuações das três professoras em sala de aula ao lidarem com a aplicação dos gêneros em
suas atividades pedagógicas, tendo como base as recomendações contidas nos Referenciais
Curriculares do estado da Paraíba para línguas estrangeiras (PARAÍBA, 2010). A análise,
tanto das respostas aos questionários, quanto das observações de aulas das professoras,
mostram que, de fato, o trabalho com gêneros textuais pode gerar resultados que contribuem
para a melhoria do ensino de língua inglesa. De uma forma geral, as escolas públicas
pesquisadas ainda estão longe de oferecer um ambiente propício para desenvolver no aluno os
objetivos pretendidos pelos Referenciais até o final do ensino fundamental na disciplina de
língua inglês no que se refere ao trabalho com os gêneros textuais em sala de aula. Além
disso, há certa resistência por parte dos professores em abandonar algumas práticas
tradicionais, que têm uma visão de linguagem unicamente como código. No entanto, já se
pode notar alguns passos em direção a um processo de ensino-aprendizagem de língua
estrangeira mais atualizado, alinhado com o estudo dos gêneros textuais e capaz de realmente
proporcionar o desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos.
This study aims at investigating the use of genres for English as a foreign language teaching
in elementary schools in the public school system. It is an exploratory study that took place at
three public schools in João Pessoa, selecting an English teacher in each one as participants.
Through questionnaires and field observations, the performances of the three teachers were
analyzed in classroom to understand how they deal with the application of genres in their
pedagogical practices, based on the recommendations found in the state of Paraiba
Curriculum Guidelines for Foreign Languages (2010). The analysis, both of the responses to
the questionnaires, and of the observations show that, in fact, the work with genres can
generate results that might contribute to the improvement of English language teaching. It is
also true that, in general terms, the public schools investigated do not offer an appropriate
environment for students to achieve the aims proposed by the Guidelines until the end of
elementary School in the subject English, concerning the work with text genres in classroom.
In addition to that, there is some resistance from the part of the teachers to abandon some
traditional practices, which only view language as a code. However, it is possible to notice
some steps towards a more up-to-date teaching and learning process, aligned with the study of
text genres and capable of promoting a real development of language capacities among
students.
Quadro 10: Dificuldades para o trabalho com gêneros textuais em sala de aula............36
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................09
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS...................................................................................24
2.1 Perfil das escolas.................................................................................................................26
2.2 Perfil das professoras..........................................................................................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................43
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................45
APÊNDICES............................................................................................................................46
Podemos notar aqui uma preocupação de levar o trabalho com a linguagem para além
do um mero domínio do código linguístico. A língua por si só não se encontra acabada, pronta
para ser usada como uma ferramenta. É uma atividade social, histórica e cognitiva, que
possibilita a construção de experiências interpessoais, desenvolvendo também o saber e as
competências de comunicação. Para o ensino e aprendizagem de língua estrangeira, os PCN-
LE definem dois aspectos como pilares de sustentação:
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Ou seja, não é todo e qualquer gênero textual que será adequado levar para o contexto
do ensino escolar, levando em conta ainda o nível de aprendizagem de cada grupo específico.
Os Referenciais resgatam Bronckart e Dolz (1999 apud PARAÍBA, 2010) no que diz
respeito à atuação dos professores de língua estrangeira para mediar o desenvolvimento de
determinadas capacidades nos alunos, capacidades essas que permitiriam aos estudantes
dominar os gêneros textuais, e fazer uso deles tanto dentro quanto fora da escola: as
capacidades de ação, as capacidades discursivas e as capacidades linguístico-discursivas, que
juntas oferecem, através da língua estrangeira, aberturas para o engajamento discursivo, e
oportunidades de interação com o próprio cotidiano e outras culturas.
Como formando em Licenciatura do curso de Letras-Inglês, imagino que logo deverei
atuar em sala de aula e considero esses referenciais uma boa base de como deverei agir.
Concordo que as aulas de língua inglesa devam oferecer os meios necessários para que o
estudante construa uma base linguística que o auxilie a atuar no meio social, cada dia mais
globalizado, e tendo o inglês como praticamente a língua mais abrangente no mundo atual.
Porém me pergunto se este pensamento é compartilhado por outros professores de
língua inglesa que atuam no Ensino Fundamental. Quase cinco anos se passaram desde a
formulação dos Referenciais Curriculares do Estado da Paraíba para a Língua Estrangeira e
tendo como base minha experiência acompanhando professores da rede pública de ensino
através dos Estágios Supervisionados nos últimos anos, surgiu o interesse em pesquisar se os
professores da rede pública estão a par ou estão comprometidos com os objetivos
sociointeracionais para o ensino de LE proposto por esses Referenciais e pelos PCN-LE.
Nesse sentido, optei por desenvolver uma investigação para ter uma noção de como estaria o
ensino de língua inglesa nas aulas de ensino fundamental de algumas escolas públicas da
capital, especificamente no que se refere à abordagem dos gêneros textuais. Ao escolher três
escolas, obviamente, não será possível generalizar os achados para todo o sistema de ensino,
mas será possível contribuir para a discussão e aprofundamento dessa temática e para o
conhecimento da realidade de ensino de LE. Isso porque a análise contextualizada e pautada
em experiências reais de três professores que fazem parte do contexto analisado certamente
traz pistas importantes para se entender a realidade mais ampla.
Tal investigação foi movida pelo seguinte questionamento: De que forma os gêneros
textuais estão sendo trabalhados em sala de aula pelos professores de Língua Inglesa do
ensino fundamental da rede pública de ensino? Estariam esses professores se utilizando dos
Referenciais Curriculares do estado como base para o desenvolvimento de suas aulas, no
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tocante aos procedimentos sugeridos para que os alunos ampliem as suas capacidades de
linguagem?
Partindo desse questionamento, que se torna o objetivo geral da pesquisa, a mesma
teve o fim de analisar o discurso e prática de três professoras do nível fundamental do ensino
público de João Pessoa, para entender como elas concebem e utilizam o ensino de língua
estrangeira apoiado no trabalho com os gêneros em suas aulas. A análise será feita no intuito
de três objetivos específicos: 1) pesquisar se as professoras de língua inglesa participantes da
pesquisa conhecem e utilizam a abordagem de gêneros textuais em suas aulas, 2) analisar as
atividades utilizadas com os gêneros textuais, buscando identificar traços de natureza
sociointeracional em tais atividades, e 3) investigar que capacidades de linguagem, entre
aquelas mencionadas nos Referenciais, estão sendo priorizadas em sala de aula por essas
professoras e que implicações essas escolhas têm para o aprendizado da língua inglesa, de
forma geral
Para tal, foi formulado um questionário que foi aplicado com três professoras de
escolas diferentes e foi realizada uma observação de aula de cada professora. Através dos
dados obtidos, investigaremos de que forma os textos e procedimentos metodológicos
adotados pelas professoras em sala de aulas se articulam com o que está sugerido nos
Referenciais Curriculares de Ensino Fundamental do Estado da Paraíba para Língua
Estrangeira (PARAÍBA, 2010), no que diz respeito ao trabalho com gêneros textuais. Além da
investigação sobre as capacidades de linguagem que estão sendo priorizadas por cada
professora ao estudar os textos com os alunos, serão levantados pontos como a autonomia das
professoras em relação ao livro didático, dificuldades encontradas no processo e avaliação dos
próprios professores em relação a seu desempenho nessa área de ensino.
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O dia da professora D. Naná (...), mostra bem isso: ele se inicia para ela,
como dona de casa, na esfera doméstica ou cotidiana, deixando bilhete para
sua diarista e telefonando à oficina autorizada; neste meio tempo, ela liga a
TV e toma contato com a esfera jornalística, como consumidora de notícias,
e com a publicitária, como consumidora de produtos; em seguida, como
consumidora, se desloca para a esfera burocrática do comércio, fazendo um
depósito bancário pelo computador e deslocando-se por meio de transporte
público, para adentrar em seguida, como professora, a esfera escolar.
Retornando a sua casa, embora cansada, ainda tem energia para assumir o
papel de espectadora de produtos da esfera do entretenimento (midiático),
vendo a novela televisiva, para depois, como namorada, dialogar com seu
parceiro pelo MSN na esfera íntima e, finalmente, voltar à esfera escolar,
dessa vez como aluna, para fazer atividades on-line de seu curso
semipresencial (p.109).
Como já foi dito, eles são relativamente estáveis, mas não totalmente, podendo mudar
de acordo com as novas necessidades emergentes em cada esfera de atividade. O ato de
escrever uma carta, por exemplo, não é mais usado com tanta frequência hoje em comparação
ao que era décadas atrás. A utilização de mensagem eletrônica (e-mail), tornou obsoleto todo
o processo de preparar uma carta para envio a um destinatário. Porém, o conteúdo da
mensagem, sua estrutura e nível de formalidade permanecem até certo ponto, sem mudanças
drásticas, indicando que o gênero ainda está ali, mediando uma interação entre dois agentes
sociais. Apenas se adaptou a uma nova realidade. Segundo Marcuschi (2002):
[...] uma simples observação histórica do surgimento dos gêneros revela que,
numa primeira fase, povos de cultura essencialmente oral desenvolveram um
conjunto limitado de gêneros. Após a invenção da escrita alfabética por volta
do século VII A.C, multiplicam-se os gêneros, surgindo os típicos da escrita.
Numa terceira fase, a partir do século XV, os gêneros expandem-se com o
florescimento da cultura impressa para, na fase intermediária de
industrialização iniciada no século XVIII, dar início a uma grande
ampliação. Hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica, com o
telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente o computador pessoal
e sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma explosão de
novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na
escrita (p.19).
Através desse excerto, o autor define quais seriam os quatro períodos decisivos para o
surgimento dos gêneros textuais, sendo os primórdios quando a comunicação exclusivamente
oral era predominante, o segundo período com o advento da escrita, o terceiro com o
surgimento da cultura impressa e o quarto e contemporâneo com os aparelhos eletrônicos que
permitem hoje em dia a utilização da internet e a comunicação a grandes distâncias. Podemos
observar que os gêneros nascem à medida que novas formas de se comunicar se fazem
necessárias ou convenientes. Os gêneros refletem as necessidades comunicativas e os aspectos
socioculturais dos contextos nos quais aparecem, e quanto mais complexas as sociedades em
termos de processos de comunicação, mais elaborados são os gêneros utilizados. Ainda
segundo Marcuschi, gêneros textuais são “entidades sócio-discursivas e formas de ação social
incontornáveis em qualquer situação comunicativa” (2002, p. 19). Podemos entendê-los como
fenômenos de interação social que dependem de um ato comunicativo específico e que
englobam mais de um agente social.
De acordo com os pressupostos teóricos de Bakhtin (1997) e Bronckart (1999 apud
MARCUSCHI, 2002), seria impossível haver comunicação verbal sem a utilização de algum
gênero textual. De fato, percebemos que os gêneros textuais se fazem presente no cotidiano
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das pessoas e são eles que concretizam os processos de comunicação. Os dois estudiosos
seguem uma vertente em que a língua não é vista como um mero instrumento formal, mas
como uma “atividade social, histórica e cognitiva” (MARCUSCHI, 2002, p. 22).
Uma exemplificação mais clara pode ser encontrada mais uma vez em Marcuschi
(2002), quando este diferencia tipo textual e gênero textual:
Para Bakthin (1997), mesmo que os falantes não se dêem conta disso, em uma situação
em que ocorre interação social, eles estarão fazendo uso de algum gênero textual, pois,
segundo o autor, é através dos gêneros que a comunicação ocorre.
Outro aspecto referente aos gêneros textuais que merece uma análise detalhada é o seu
“contexto de uso”. Considerar esse contexto de produção significa privilegiar os objetivos
comunicativos específicos dos gêneros em detrimento de sua forma linguística (predomínio da
função sobre a forma), ou como afirma Bronckart (1999, apud MARCUSCHI, 2002, p.29): “a
apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática
nas atividades comunicativas humanas”.
Tendo conceituado os gêneros textuais, suas características e variedade de uso,
passamos a discutir como eles podem ser utilizados no contexto de ensino nas salas de aula.
Além do conceito das esferas de atividade de Bakhtin, para essa discussão é relevante
destacar o conceito de Rojo (2009) para “letramento”:
1
São tipos textuais: a narração, a argumentação, a exposição, a descrição e a disjunção. Segundo o autor, os
tipos textuais se caracterizam por abranger “um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por
aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal” (p. 23)
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agentes sociais que a frequentam trazem uma bagagem cultural de fora da escola, ou seja,
trazem consigo diversos letramentos das mais diferentes camadas sociais. Esses letramentos
são muitas vezes considerados “ilegítimos” no contexto de ensino-aprendizagem.
Rojo (2009) afirma que há uma tendência atual em investigar chamados letramentos
vernaculares, de modo a ter uma melhor visão dos processos comunicativos que os envolvem,
algo que a produção acadêmica parecia ignorar há algumas décadas. Também enfatiza que os
letramentos escolares (ou dominantes como vistos acima) precisam de uma repaginação para
atender às expectativas do mundo contemporâneo, que demanda uma maior agilidade nos
campos sociais, graças à intensificação do fluxo de informações, em consequência do avanço
tecnológico dos meios de comunicação.
Dessa forma, a autora considera que um dos objetivos principais da escola seria
possibilitar que os alunos possam participar das várias práticas sociais que se utilizam da
leitura e da escrita na vida cotidiana, de forma ética, crítica e democrática. Para atingir esse
objetivo ela pontua três aspectos dos letramentos que precisam ser abordados nas escolas:
• Os multiletramentos ou letramentos múltiplos, dando espaço aos letramentos
vernaculares dos agentes da esfera escolar, e colocando-os em contato com os letramentos
institucionalizados/dominantes;
• Os letramentos multissemióticos que os textos contemporâneos empregam,
envolvendo não somente a escrita, mas imagens, músicas e outras semioses, dada as
possibilidades dos meios de comunicação modernos;
• Os letramentos críticos e protagonistas, onde o conteúdo do discurso deve ser
analisado em função de seu contexto de uso, exigindo um julgamento de pertinência por parte
dos agentes envolvidos, permitindo desenvolver nos alunos a capacidade de fazer escolhas
éticas entre os discursos que os circulam. Nas palavras da autora:
OS PCN-LE afirmam que no Brasil, assim como em outros países, há atualmente uma
tendência a se utilizar no ensino de línguas (materna e estrangeira) na educação formal,
abordagens que tem como ponto central a exposição dos alunos a práticas de linguagem que
se manifestam através dos mais diferentes tipos de gêneros circulantes nas esferas sociais
(BRASIL, 1998).
Para Dolz e Schneuwly (2004), o trabalho com os gêneros textuais permite uma
melhor progressão do currículo escolar. Esses autores apontam que, através desse trabalho
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Os indivíduos têm suas competências desenvolvidas pela vivência com o social, pelas
interações com a família, sociedade e o mundo. Logo, a língua estrangeira é uma prática
social e deve ser desenvolvida como uma capacidade.
Os gêneros textuais entram em cena aqui oferecendo recursos e oportunidades para
que o aprendiz de língua estrangeira possa atuar em variados contextos de interação social,
precisando adequar suas capacidades de fala ou escrita para determinada situação, seja
fazendo uso de saberes já dominados, seja desenvolvendo novos saberes para se desempenhar
as tarefas comunicativas. Nesse processo, quando ele estiver capacitado para interagir na
língua alvo, compreendendo e se fazendo compreender, estará dominando uma série de
competências de ordem linguística.
O desempenho do aluno no decorrer deste processo de aprendizagem diz respeito às
suas capacidades, sendo papel do professor a mediação no desenvolvimento de tais
capacidades e cabe à escola dar oportunidade para que elas sejam praticadas não apenas em
seu próprio contexto (o escolar), mas fora dele.
O objeto de estudo dessa pesquisa são as práticas didáticas envolvendo os gêneros
textuais. De acordo com os Referenciais Curriculares do Ensino Fundamental do Estado da
Paraíba (Língua Estrangeira) (PARAÍBA, 2010), ao final do Ensino Fundamental II, mediante
um trabalho pedagógico organizado em função de gêneros textuais variados, os alunos
deverão estar capacitados a:
• conscientizar-se de que a língua está sempre vinculada a um contexto de produção
sócio historicamente situado;
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• fazer uso da língua nas suas modalidades oral e escrita em situações variadas de
comunicação, adequando-a ao propósito comunicativo e ao contexto de produção;
• desenvolver a percepção sobre a língua e cultura maternas pela vivência da língua e
cultura estrangeiras;
• compreender a língua estrangeira para respeitar o Outro, sua língua e sua cultura;
• desenvolver atitude crítico-reflexiva em relação aos diversos usos da língua
estrangeira e, consequentemente, de sua própria língua (PARAÍBA, 2010, p. 114).
Segundo Dolz, Pasquier e Bronckart (1993 apud PARAÍBA, 2010) e Dolz e
Schneuwly (1998 apud PARAÍBA, 2010), há três ordens de capacidades atreladas aos gêneros
textuais:
•Capacidades de ação: as associações que fazemos ao interagir com a língua
estrangeira, procurando pontos familiares, como o conhecimento que temos da nossa língua
materna, adaptando assim a nossa produção de linguagem ao contexto que é partilhado por
nós e nossos interlocutores;
•Capacidades discursivas: as maneiras que selecionamos e organizamos o conteúdo do
texto; os sentidos que podem ser construídos através do texto
•Capacidades linguístico-discursivas: as formas como articulamos os elementos do
texto de forma que produzam sentido; as escolhas linguísticas e lexicais que mais se adequam
ao objetivo discursivo;
Para os Referenciais, "as três ordens de capacidades, explanadas acima, podem
permitir ao aluno de língua estrangeira, além do seu engajamento discursivo, o seu
posicionamento acerca de temas do cotidiano, da língua e da cultura do Outro". (PARAÍBA,
2010, p. 117).
O quadro a seguir mostra como cada capacidade pode desenvolver no aluno a
compreensão da situação na qual ele está inserido e a sua compreensão e produção de gêneros
textuais, mostrando seu engajamento discursivo na língua estrangeira:
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Capacidades Benefícios
· Reconhecimento do gênero textual e identificação do
seu contexto de produção
(lugar e tempo físicos e sócio-históricos).
· Identificação da esfera social na qual ocorre a
interação (família, escola, trabalho).
· Compreensão dos papéis sociais assumidos pelos
participantes na interação
(aluno(a), filho(a), amigo(a), namorado(a)).
De ação · Percepção dos propósitos comunicativos do gênero
textual.
· Adequação da produção textual (oral e escrita) ao
contexto de interação.
· Articulação do conhecimento prévio (sobre o gênero
textual ou tema) com o que está sendo aprendido.
· Reconhecimento dos elementos constitutivos de um
determinado gênero textual e sua função social em
língua estrangeira.
· Realização de inferências e utilização do
conhecimento prévio para a compreensão da
organização da estrutura do texto.
· Mobilização de elementos linguísticos e não-
linguísticos para a construção de sentidos dos textos.
· Adequação de diferentes sequências textuais
Discursivas (narrativa, argumentativa, descritiva, expositiva e
injuntiva) a serviço da necessidade comunicativa.
· Seleção do conteúdo temático para produção do gênero
textual.
· Ordenação do conteúdo.
· Escolha de vocabulário relevante e adequado ao tema,
ao gênero textual e ao contexto de produção.
· Reconhecimento, seleção e utilização de tempos
verbais condizentes ao que se quer comunicar.
Linguístico-Discursivas · Compreensão e utilização de elementos coesivos de
forma a viabilizar a coerência temática e textual.
Quadro 1: Três ordens de capacidades na aprendizagem de língua estrangeira. Fonte: (PARAÍBA, 2010, p. 117)
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS
questionários, de modo que a etapa da observação foi realizada apenas depois da análise de
dados dos questionários. Para acompanhar as aulas e registrar os dados foi elaborada uma
ficha de observação (Apêndice C).
Outras observações relevantes para o estudo também são extraídas na análise de
dados, como o papel da Escola, ao oferecer os recursos necessários para o desenvolvimento
da abordagem de gêneros e quais dificuldades os professores encontram para a efetiva
utilização da abordagem dos gêneros textuais nas aulas de língua inglesa.
Uma professora de inglês em cada escola foi selecionada (todas foram selecionadas
em função de serem conhecidas do pesquisador), e convidada a responder um questionário
destinado a investigar sobre o perfil das participantes. Foram elaboradas, no mesmo
questionário sociocultural do item anterior, questões a respeito da atuação de cada uma na
profissão, com o intuito de tentar identificar um perfil das professoras de ensino de língua
inglesa participantes da pesquisa e como isso é refletido nas práticas de ensino em relação ao
tema abordado nessa pesquisa.
Através do questionário, verificou-se que as três professoras têm um tempo
aproximado de atuação na rede pública, variando entre 3 e 5 anos, conforme depoimento de
uma das professoras. Todas as três afirmam ter lido os Referenciais e PCNs do nível
fundamental. Também foi notado que todas ensinam apenas turmas de Língua Inglesa, apesar
de duas delas, P2 e P3, terem dupla habilitação, em Português e Inglês. Ou seja, o foco de
todas as profissionais é apenas a língua inglesa.
O quadro a seguir detalha o perfil geral das três profissionais.
turmas noturnas. P2 leciona para 9 turmas do ensino fundamental regular e mais 5 para turmas
do EJA.
Tendo visto esses aspectos gerais, a próxima seção tratará da análise dos dados obtidos
e investigados, de acordo com as respostas nos questionários e o com a observação feitas nas
aulas.
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na sala de aula devido ao grande número de alunos e a deficiência dos mesmos em relação aos
conteúdos vistos nos livros, o que parece ser o problema mais grave e que requer especial
atenção dos agentes educacionais.
O quadro a seguir sistematiza a relação das professoras com o livro didático:
Uma das perguntas do questionário pediu para que fossem marcadas as duas atividades
didáticas mais utilizadas pelas professoras em sala de aula, em ordem de maior utilização,
dentre nove opções. Talvez por indecisão, P3 absteve-se de responder esse quesito. Tanto P1
como P2 marcaram como prática mais frequente a interpretação textual, seguida de exercícios
gramaticais (P1) e discussão sobre temas variados (P2).
Aparentemente o foco das aulas é a leitura de textos. Nenhuma das professoras marcou
as outras opções disponíveis, sendo elas: atividades com vídeos, atividades de escuta de textos
orais, produção oral, oficinas de escrita, jogos, pesquisas na Internet e tradução de textos.
Quanto às dificuldades encontradas no processo de ensino nas escolas, P1 e P2 relatam
em comum a falta de interesse dos alunos pelo aprendizado da língua inglesa. Parece haver
uma falha encontrada no sistema de ensino, em que não é enfatizado para o estudante o
objetivo ou finalidade do aprendizado de uma língua estrangeira e este mesmo aluno não
consegue achar um fim prático que o estimule a aprender.
P3 cita a dificuldade de criar uma situação de comunicação/interação nas aulas,
deixando a entender que os alunos não se sentem à vontade. Ela chama a atenção para o fato
de que o processo é mais fácil de ser implantando em turmas do 6º ano e algumas do 7º ano, o
que sugere que quanto maior a idade do aluno, mais é preciso ser incentivada a interação
durante as atividades, principalmente trabalhando com gêneros textuais, de modo a criar uma
situação que os deixe confortáveis e não seja intrusiva.
P2 e P3 chamam atenção também para a escassez de recursos didáticos, tais como
equipamento de data-show, computadores e aparelhos de DVD, que apesar de existirem nas
escolas, não são em quantidade suficiente para atender à demanda da grande quantidade de
alunos por turma. Esse problema inviabiliza um programa amplo de utilização da prática de
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gêneros textuais multimodais nas aulas, limitando as opções aos recursos tradicionais como a
utilização do livro didático, lousa, e atividades escritas gramaticais.
Essa questão é retomada por P3 quando perguntada o que sugere para melhorar o
ensino de língua inglesa nas escolas públicas do estado. Segunda ela: “é fundamental que as
escolas disponibilizem salas de aula com recursos multimídia, um local onde realmente
pudéssemos realizar com frequência atividades com vídeos, atividades de escuta (listening) de
textos orais, músicas, etc.(...) Não temos ainda nada disso, o que dificulta bastante o ensino da
língua inglesa”.
Em sua resposta, P2 ressalta a importância da introdução do inglês nas primeiras séries
do Ensino Fundamental, resgatando o que havia dito sobre a falta de conhecimento prévio dos
alunos dificultar a introdução de conteúdos que deveriam ser implantados naquela série em
específico.
P1 tira a responsabilidade da escola e em sua sugestão diz que os alunos é que
deveriam se interessar mais pelo aprendizado, uma vez que melhorias já seriam visíveis nas
escolas, apesar de não especificar. O quadro a seguir sistematiza essas informações:
Todas as três professoras afirmam trabalhar com os gêneros. Duas delas, P1 e P3,
afirmam trabalhar com os gêneros em todas as atividades. P3 ainda enfatiza que procura
utilizar variados gêneros de modo a envolver os alunos na construção de sentidos. P2
demonstra mais cautela ao empregar os gêneros textuais, dizendo que os emprega em média
três vezes por mês em cada turma, subentendendo-se que uma metodologia mais tradicional é
o que guia suas aulas.
Dessa forma, P2 acaba não adotando a proposta sugerida nos Referenciais Estaduais
(PARAÍBA, 2010), uma vez que o trabalho com gêneros textuais acaba não sendo o foco de
suas aulas.
O quadro a seguir organiza essas informações:
própria, sendo essas escolhas geralmente envolvendo músicas, poemas e contos. Em sua
resposta, P3 afirma:
Questão 3: Que perguntas são feitas sobre o texto para desenvolver o trabalho de
ensino de língua com o estudo dos gêneros?
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Essa é uma das questões mais importantes da pesquisa, e que dará os indícios sobre o
conhecimento das entrevistadas a respeito das três capacidades que devem ser contempladas
pela abordagem de ensino com gêneros textuais.
De forma vaga, P1 em sua resposta diz aplicar conhecimentos de acordo com as
capacidades demonstradas pelos alunos. Não fica claro a que tipo de capacidades ela se refere,
mas fica a impressão de que ela se preocupa em trazer gêneros que os alunos possam
compreender. Ela também diz que “são feitas perguntas voltadas aos personagens
principalmente”, do que se pode entender que há um enfoque no gênero literário (apoiando-se
na resposta do quesito 2. Consideramos que a resposta dada não nos permite associar o
trabalho pedagogicamente realizado (pelo menos de acordo com o discurso da professora) ao
desenvolvimento de qualquer capacidade de linguagem. P2 por sua vez, diz dar enfoque às
características a serem analisadas em cada texto, como, em suas palavras, “sua fonte,
cognatas, transparentes, imagens e etc”. Isso já é um passo a mais em relação à resposta de
P1, pois demonstra uma tentativa de enfocar alguns elementos das capacidades discursivas
(construção de sentidos no texto) e linguístico-discursivas (estruturas linguísticas utilizadas
para construir o discurso).
Com uma resposta mais elaborada, P3 é a única que demonstra um conhecimento mais
amplo das capacidades de linguagem, apesar de abordar apenas superficialmente as
capacidades de ação, já que não são mencionadas perguntas do tipo: “onde encontramos esse
tipo de texto”; “quem escreve e quem lê esse tipo de texto?”; “qual a função desse texto?”,
perguntas essas que contribuiriam para que o aluno compreendesse a relevância do texto
estudado do ponto de vista da prática social. Apresentamos abaixo a resposta de P3:
Questão 4: Que dificuldades são encontradas por você para trabalhar o ensino de
Língua Inglesa através de gêneros textuais?
Com esta pergunta procura-se obter dados sobre os obstáculos encontrados para o
trabalho de gêneros textuais nas aulas de língua inglesa. P2 reclama da falta de conhecimento
prévio dos alunos sobre os temas propostos. Segundo ela, essa deficiência também se revela
na língua materna, o que dificultaria ainda mais a aprendizagem de inglês.
Em sua resposta, P3 diz que:
Aqui, nota-se um empecilho provocado pela própria escola, que não oferece os
recursos necessários para atingir as metas almejadas pelos Referenciais (PARAÍBA, 2010),
limitando bastante as opções de seleção de gêneros da professora, assim como também
disponibiliza um ambiente inadequado, com um número demasiadamente grande de alunos
para um só professor dar conta. O interesse dos alunos também é posto em cheque, uma vez
que uma grande parcela deles, segundo a professora, não consegue enxergar um sentido no
aprendizado de uma língua estrangeira.
P1 se resume a dizer que as dificuldades são “apenas questões gramaticais”, o que
indica sua limitação de conhecimentos em relação às capacidades de linguagem que devem
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ser priorizadas na prática voltada para o estudo dos gêneros. O quadro a seguir organiza essas
informações:
P1 X
P2 X
P3 X X X
Quadro 10: Dificuldades para o trabalho com gêneros textuais em sala de aula
Para a segunda etapa da pesquisa, pedi para que cada professora me concedesse a
observação de uma aula ministrada por cada uma. Tal feito ocorreu depois que elas já haviam
entregado os questionários respondidos. Dessa forma, pode-se realizar uma comparação com
o que responderam a respeito de suas aulas. Em seguida, descreverei as aulas de cada
professora.
No decorrer da aula, não houve muita desorganização ou indisciplina por parte dos
alunos, apesar de corriqueiras distrações que aumentavam à medida que a aula avançava
(piadinhas entre grupos de alunos, verificação de celulares, etc). Achei uma iniciativa muito
benéfica trabalhar com o gênero quadrinhos, pois foi notória a atenção dos alunos na aula, em
relação às observações das outras duas professoras. Apesar disso, consultei alguns alunos
após a aula e eles disseram que as aulas normalmente não fogem muito do padrão do trabalho
com o livro didático e exercícios na lousa, sendo aulas como aquela um evento raro.
Quanto à forma que a professora trabalhou o texto, em comparação com o seu discurso
sobre o que costuma fazer, destacamos as seguintes percepções:
Foi uma grata surpresa a aplicação de um gênero tão lúdico para a sala de aula como
as histórias em quadrinhos. Isso claramente não era uma rotina naquela sala como foi
testemunhado pela reação de parte dos alunos, o que atesta a resposta da pergunta 2 do
questionário, na qual a professora diz priorizar músicas, poemas e contos.
Realmente houve perguntas a respeito da interação entre os personagens, como dito
pela professora na resposta da pergunta 3, ainda que as perguntas não reforçassem a função
social do mesmo, requerendo um melhor desenvolvimento e elaboração por parte da
professora para que houvesse uma maior percepção dos propósitos comunicativos da HQ.
Ainda assim, a sequência visual trabalhou o imaginário e trabalhou a capacidade de inferência
dos alunos, com auxílio das questões sobre a HQ, ainda que, em Português, configurando
assim a exploração da capacidade discursiva.
As dificuldades gramaticais a que a professora faz referência quando responde a
questão 4 do questionário se fazem presentes na atividade, com pouquíssimos alunos de fato
tendo algum domínio das estruturas sintáticas apresentadas nos balões dos quadrinhos e
tampouco interessados no assunto da aula (Simple Present), não avançando, assim, no
desenvolvimento das capacidades linguístico-discursivas, apesar das atividades propostas pela
professora terem esse objetivo.
dos alunos nos usos da linguagem ou se ater ao currículo escolar, de modo a seguir um
programa já pré-definido? O quão livre eles seriam nessa escolha?
Tocando nesse ponto, é relevante observar que na questão onde são perguntadas sobre
as dificuldades de suas práticas docentes, tanto no questionário sociocultural, quanto no de
gêneros textuais, nenhuma das professoras atribui para si a responsabilidade do mau
aproveitamento das aulas, culpando apenas fatores externos. Uma vez que os PCN trazem a
figura do professor como mediador de conhecimentos e fator determinante para o
desenvolvimento da criticidade e aprimoramento discursivo dos alunos, faltou por parte das
professoras nas aulas observadas a capacidade engajar os alunos em um modo de pensamento
que faça jus a essas metas.
O caso mais significativo foi o de P2, que se mostrou totalmente apagada durante a
aula, aplicando uma atividade descontextualizada e insignificante, em função de sanar a
curiosidade dos alunos pelas notas escolares, às quais infelizmente, é dada uma prioridade
preocupante dentro do já ultrapassado sistema educacional tradicional, consumindo um tempo
que deveria ser de aproveitamento para desenvolver o saber.
Concluímos, depois de analisar algumas falas das professoras, que falta interesse por
parte dos profissionais do ensino em se perguntarem se de fato estão atuando como deveriam
para elevar o nível do ensino da língua inglesa nas escolas públicas. Claro que isso não
elimina os outros problemas apontados pelas mesmas, como a má administração das escolas, a
carência de recursos multimídia e a falta de aproximação da língua estrangeira nos primeiros
anos escolares de um aluno, que poderiam fazer uma grande diferença quando este chegasse
ao Fundamental II, com um domínio linguístico mais elaborado e podendo se engajar mais
nas atividades.
Dados positivos também podem ser extraídos dessa análise, como a constatação que os
gêneros textuais, se utilizados de forma a desenvolver plenamente as capacidades de
linguagem dos alunos, podem ser de grande valia para a construção de saberes e a inserção
dos alunos num contexto social. Duas das professoras, P1e P3 conseguiram parcialmente
sucesso ao trabalhar bem duas ou três capacidades, como visto no último quadro, resultando
num engajamento maior dos alunos em atividades fora do já conhecido padrão escolar de
aplicação de exercícios gramaticais.
Boa parte dos alunos se mostrou muito interessada na leitura de uma história em
quadrinhos ou na exploração de jornal em busca de inventar manchetes e é louvável o esforço
das professoras em levar esse tipo de atividade às aulas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa pretendeu-se analisar como estão as aulas de língua inglesa no
ensino fundamental em uma amostra de três escolas da rede pública de João Pessoa, após
quatro anos da publicação dos Referencias Curriculares do estado (2010), que por sua vez são
baseados nos PCN-LE (1998) e recomendam o uso de variados gêneros textuais como
principal ferramenta de ensino.
Através de questionários, foi sondada a realidade onde atuam cada um dos três
docentes envolvidos na pesquisa, e o contexto de ensino de língua inglesa de cada uma das
três escolas investigadas, bem como as práticas de ensino desenvolvidas pelas professoras e
sua familiaridade com a abordagem de ensino através de gêneros textuais. Em um estudo de
campo também foi analisado de perto como tais práticas de ensino se desenrolam e o quanto
se aproximam das propostas dos Referenciais Curriculares da Paraíba (2010)
Encontramos nos PCN-LE uma preocupação em ter na escola um ambiente em que
não só seja trabalhada a construção de conhecimentos, mas a formação de indivíduos
engajados com a sociedade, capazes de conduzirem a própria construção de conhecimentos,
com a mediação do professor, e com um desenvolvimento crítico em relação a si e ao
próximo. A utilização de gêneros textuais nas aulas de língua estrangeira é apenas um dos
fatores que contribuiriam para o alcance desse objetivo.
Como resultado, podemos concluir que as escolas públicas pesquisadas ainda estão
longe de oferecer um ambiente propício para desenvolver no aluno os objetivos pretendidos
pelos Referenciais até o final do ensino fundamental na disciplina de língua inglesa. Faltam
recursos básicos que contribuiriam imensamente para esse fim, como recursos didáticos e
midiáticos variados, melhor gestão escolar, e seria necessário diminuir o número de alunos
por turma, para que se pudesse trabalhar mais adequadamente os conteúdos.
Por parte dos professores, é notável o esforço em alguns casos de seguir essas
recomendações até onde é possível, para tentar propiciar um melhor ensino aos alunos. Porém
também parece haver a falta de reflexão e ação por parte dos mesmos em relação ao quanto
podem e precisam fazer de fato para elevar ainda mais o nível do ensino ao pretendido.
Considero então a pesquisa bem-sucedida ao identificar esse cenário, mesmo que a
partir de um estudo pontual. A partir dos dados obtidos foi possível constatar que ainda há
resistência por parte tanto da administração das escolas, quanto dos próprios professores em
adotar novas abordagens de ensino fora aquelas já arraigadas na tradição escolar. Muitas
vezes ideias inovadoras são vistas com dispendiosas ou desnecessárias para certos círculos e
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isso é algo que deveria estar mudando, em especial no ambiente escolar, ainda mais em uma
época como a atual, onde o fluxo de informações é dinâmico e os alunos devem ser
preparados para lidar com novos desafios na sociedade.
Porém, pelo que a pesquisa mostrou, já se pode notar alguns passos no caminho
apontado pelos Referenciais da Paraíba e PCN-LE, ou seja, em direção a um processo de
ensino-aprendizagem de língua estrangeira mais atualizado, alinhado com o estudo dos
gêneros textuais e capaz de realmente proporcionar o desenvolvimento das capacidades de
linguagem dos alunos, que mostram real interesse em atividades fora do padrão escolar já
estabelecido. O que falta é que a administração das escolas ofereça melhores condições de
ensino e apoio para que essas iniciativas inovadoras não fiquem restritas à boa vontade de
poucos professores. O poder público também deve acompanhar o desenvolvimento desses
profissionais, oferecendo capacitação apropriada para que eles assumam os desafios dessa
nova proposta educacional devidamente preparados.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Párabola
Editorial, 2009.
APÊNDICES
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Informações Pessoais:
Nome:________________________________________________________Idade: __________
Escolaridade:_____________Curso:_______________Habilitação:______________________
Especialização: ________________________________________________________________
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8. Você também dá aula em outra escola? Qual a carga horária na outra escola?
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11. Em sua opinião, a carga horária das aulas de língua inglesa é suficiente? Por quê?
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14. Relate sua opinião sobre o livro didático que é utilizado na escola.
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15. Marque as duas opções de atividades didáticas que você mais usa nas aulas de inglês nesta escola,
enumerando a 1º e a 2º:
( ) discussões sobre temas variados ( ) atividades de escuta de textos orais: músicas, diálogos, etc
16. Que procedimentos você utiliza para avaliar a aprendizagem da língua inglesa por parte dos alunos
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18. O que você sugere para melhorar o ensino do inglês nas escolas públicas do nosso estado?
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19. Você já leu os Referenciais Curriculares do Ensino Fundamental da Paraíba? E os PCNs do nível
fundamental?
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2. Os gêneros são trabalhados à medida que aparecem no livro didático ou a seu critério?
Que gêneros são priorizados?
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3. Que perguntas são feitas para desenvolver o trabalho de ensino de língua com o estudo
de gêneros?
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4. Que dificuldades são encontradas por você para trabalhar o ensino de Língua Inglesa
através dos gêneros textuais?
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5. Você se considera capacitado para desenvolver o ensino de Língua Inglesa através da
abordagem de gêneros textuais em sala de aula?
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Ficha de observação
Esta pesquisa é sobre o contexto do uso em sala de aula de gêneros textuais como
ferramenta de aprendizagem por professores de ensino fundamental dentro da disciplina
Língua inglesa da rede pública no município de João Pessoa e está sendo desenvolvida por
Felipe Luiz Chaves Santos, aluno da Graduação do curso de Licenciatura em Letras – Inglês ,
da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação da Profª. Angélica Maia, com o intuito
de um trabalho de conclusão de curso.
O objetivo do estudo é analisar se o trabalho com gêneros textuais está sendo realizado
no nível fundamental das escolas públicas de João Pessoa e, caso positivo, analisar também a
metodologia e resultados de tais práticas de ensino.
A finalidade desta pesquisa é contribuir para uma melhor compreensão das escolhas
dos professores fazem a respeito de suas práticas pedagógicas envolvendo gêneros textuais,
contribuindo assim, para um melhoramento das propostas curriculares desse campo da
disciplina.
E-mail: felipe-chaves22@hotmail.com