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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
CRUSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO EM LÍNGUA INGLESA

DIANE XAVIER DE SOUSA

A PRESENÇA DO TEXTO LITERÁRIO NO MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA


INGLESA

LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ


2018
DIANE XAVIER DE SOUSA

A PRESENÇA DO TEXTO LITERÁRIO NO MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA


INGLESA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Especialização
no Ensino de Língua Inglesa do Centro de
Humanidades da Universidade Estadual
do Ceará, como requisito parcial para a
obtenção da certificação de especialista
em Ensino de Língua Inglesa.

Orientadora: Prof.ª M.ª Antônia de Jesus


Sales.

LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ


2018
DIANE XAVIER DE SOUSA

A PRESENÇA DO TEXTO LITERÁRIO NO MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA


INGLESA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Especialização
no Ensino de Língua Inglesa do Centro de
Humanidades da Universidade Estadual
do Ceará, como requisito parcial para a
obtenção da certificação de especialista
em Ensino de Língua Inglesa.

Aprovado em: 20 de setembro de 2018


Aos meus pais,

meu exemplo de amor e dedicação.


AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.


Aos meus pais, pelo carinho e compreensão.
Aos meus colegas, Antônio Lisboa, Carlos Holanda, pelo incentivo prestado.
Ao meu grande amigo, Antônio Fernandes, que sempre esteve contribuindo
positivamente para a minha vida acadêmica.
Ao meu par, Carlos Alberto, pelo companheirismo prestado.
Aos professores dessa especialização que, mesmo à “distância”, fizeram-se presentes
durante todo o processo e, em especial, a minha orientadora Antônia Sales, que
gentilmente deu direcionamento a essa pesquisa, acompanhou o processo de escrita
e me incentivou nos momentos difíceis.
"A literatura é baseada não na vida,
Mas em proposições sobre a vida,
Das quais esta é uma delas"
(Wallace Stevens)
RESUMO

Baseando-se no que é proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, que


orientam sobre a prática pedagógica, a educação tem a intenção de formar alunos
críticos e capazes de se posicionar na sociedade. A literatura pode contribuir
significativamente para o desenvolvimento desse educando. Dessa forma, o objetivo
do presente trabalho é analisar como se dá a presença do texto literário no livro 1 da
coleção Alive High, que é utilizado no primeiro ano do ensino médio. A coleção
encontra-se em uso em algumas escolas públicas da rede estadual de ensino no
Estado do Ceará. Busca-se, através dessa pesquisa, não uma análise quantitativa
desse recurso, mas observar como é apresentado e o que é feito a partir desse
gênero. Consideramos, como principais teóricos, Thompson (1966) e Cândido (2017),
que falam sobre o papel da literatura; Almeida Filho (1994), que discute a importância
da escolha consciente do livro didático; Silva; Parreiras; Fernandes (2015) e Paiva
(2009), que contextualizam a trajetória do ensino de língua inglesa bem como a
evolução dos materiais didáticos utilizados nesse ensino. O resultado do presente
trabalho mostra que a coleção utiliza o texto literário de maneira relevante e atrativa
contribuindo para a formação crítica do aluno, porém levando em consideração o
gênero literário como obra de arte.

Palavras-chave: Livro Didático. Literatura. Língua inglesa.


ABSTRACT

Based on what is proposed by the National Curricular Parameters, which guide


pedagogical practice, education intends to create students who are critical and capable
of positioning themselves in society. Literature can contribute significantly to the
development of this student. Thus, the purpose of the present research is to analyze
how the presence of the literary text occurs in book 1 of the Alive High collection, which
is used in the first year of high school. The collection is in use in some public schools
of the state education network in the State of Ceará. The study aims, through this
research, not a quantitative analysis of this resource, but to observe how it is presented
and what is done from this genre. We consider, as the main theoreticians, Thompson
(1966) and Candido (2017), who talk about the role of literature; Almeida Filho (1994),
who discusses the importance of the conscious choice of textbook; Silva; Parreiras;
Fernandes (2015) and Paiva (2009), which contextualize the trajectory of English
language teaching as well as the evolution of didactic materials used in this teaching.
The result of the present work shows that the collection uses the literary text in a
relevant and attractive way contributing to the critical formation of the student, however
taking into account the literary genre as a work of art.

Keywords: Textbook. Literature. English Language.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Livro Alive High ...................................................................................... 27


Figura 2 - Atividade de writing ............................................................................... 28
Figura 3 - Atividade de Warmup............................................................................. 30
Figura 4 - Questionando os críticos literários ...................................................... 31
Figura 5 - Prestígio e estigma Linguístico ............................................................ 32

Quadro 1 - Divisão de temas e atividades por seção .......................................... 34


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 14
2.1 A LITERATURA NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS............... 14
2.2 A LITERATURA DE LÍNGUA INGLESA NOS PCNS ............................... 15
2.3 A LITERATURA NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA .............. 18
3 CAMINHOS DA PESQUISA .................................................................... 24
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................ 27
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 34
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 36
11

1 INTRODUÇÃO

O livro didático é uma importante ferramenta para o aprendizado de língua


inglesa e apesar dos conflitos entre os pontos positivos e os pontos negativos no livro
didático (doravante LD), ele diversifica e organiza o conteúdo a ser ministrado pelo
professor. Apenas em 2009 o LD de inglês foi incluído na distribuição dos livros
didáticos da rede pública estadual passando pelos critérios do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) que avalia rigorosamente e seleciona os melhores materiais
didáticos, oferecendo boas opções para os professores escolherem a coleção que
mais se adequa à realidade de ensino de cada escola.
Dentre os critérios de escolha do livro didático utilizados pelo PNLD,
destaca-se o da importância de formar alunos críticos que sejam capazes de refletir
sobre temas de relevância social, histórica, política e cultural. Dessa forma, os textos
e atividades propostas devem despertar esse pensamento autônomo e crítico, assim
como competências que possam ser adquiridas com o hábito de ler o texto literário
que, além de abordar as questões sociais, pode contribuir ativamente para o
aprendizado da língua inglesa. Além disso, o livro didático pode ainda tornar a aula
mais atrativa e chamativa ao aluno se o gênero for trabalhado de maneira lúdica.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a presença do texto literário
no livro 1 da coleção Alive High, aprovada pelo PNLD 2018. A escolha dessa coleção
para essa pesquisa se deu por ela ter a maior quantidade de textos literários em seu
interior se comparado com as outras coleções aprovadas pelo programa no mesmo
ano. O livro contém 3 seções dedicadas exclusivamente ao trabalho com texto literário
intituladas de Time for Literature. As duas primeiras se apresentam uma a cada 4
capítulos do livro e a última integrando as atividades extras já no final do livro, ou seja,
não fazem parte do conteúdo programático do livro e não são mencionadas nos
capítulos, porém são seções opcionais que oferecem ao professor suporte para
trabalhar esse tipo de texto ao longo do ano letivo.
Algumas perguntas norteiam essa pesquisa. A primeira delas faz alusão a
como a literatura é abordada nessa coleção; se o texto literário está presente; se é
apresentado em uma quantidade considerável; se a proposta da editora vê a literatura
não apenas como um instrumento para trabalhar aspectos gramaticais ou unicamente
sua “função” social; se a trata como arte, valorizando suas características e estética
que podem ser capazes de gerar o pensamento crítico e reflexivo sobre as questões
12

sociais, assim como um aprendizado sobre a língua. Nesse sentido, cabe-nos


observar se a temática dos textos e as atividades propostas são adequadas e atrativas
ao público jovem, considerando que o livro é voltado para alunos do Ensino Médio.
Além disso, é importante também observar se elas compartilham dos ideais dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) referentes ao ensino médio. Por fim,
devemos perceber se a proposta da editora estimula o professor a trabalhar o texto
literário nas salas de aula de língua inglesa.
Durante a faculdade de Letras-Inglês, temos diversas disciplinas de
Literatura Inglesa e um considerável número de trabalhos de conclusão de curso
nessa área, tais como: Lolita: a imagem da ninfeta pela ótica do narrador masculino na obra
de Nabokov (LIMA, 2018); A representação feminina no romance culpados de Kate Chopin
(NASCIMENTO, 2016) e A caracterização da mulher no romance Jane Eyre: uma análise da
personagem Jane Eyre sobre a perspectiva do feminino (SOUSA, 2016). Entretanto, quando
vamos para as escolas, esse conhecimento parece não se encaixar na disciplina de
língua inglesa, seja pela dificuldade dos alunos em lerem a linguagem literária ou até
mesmo por dificuldades com o material didático que, muitas vezes, explora o texto
literário apenas para interpretação de texto ou ensino de tópico gramatical.
Porém, o texto literário pode contribuir bastante para o aprendizado, pois
possibilita ao estudante conhecer diversas culturas, desenvolver a criticidade, a
reflexão, a criatividade e principalmente a tolerância já que podemos ter contato com
as diversas nuances, personalidades e atitudes que as personagens podem ter.
Desse modo, a importância deste trabalho se dá por avaliar se esse
importante recurso está presente no livro didático escolhido e de que forma está sendo
trabalhado, ou seja, se a literatura está recebendo espaço de destaque nas aulas de
inglês do ensino médio público e se estão sendo disponibilizados de maneira relevante
e atrativa. De acordo com Corchs (2006), trabalhar com a literatura é justamente fazer
o aluno ir além, é conhecer outras formas de aprendizado e usar a imaginação e a
criatividade mais vezes.
Apesar de existirem algumas pesquisas sobre a presença da literatura nos
livros didáticos, esse número ainda é bem pequeno em relação à dimensão dessa
temática e a maior parte desses estudos está centrada nas pesquisas envolvendo os
livros de língua portuguesa e pelo viés do letramento literário.
No campo de estudos da língua inglesa existe uma carência dessas
pesquisas. Há alguns artigos sobre literatura como ferramenta de ensino, porém
13

existem poucos trabalhos analisando sua presença em livros didáticos, principalmente


de obras recentes e que estão em vigor atualmente no ensino médio das escolas
públicas estaduais. Não cabe a essa análise atribuir juízo de valor ao livro didático de
determinada coleção ou mostrar a literatura como o único recurso para se ensinar
inglês, mas elucidar que o texto literário é uma ferramenta benéfica ao ensino de
línguas.
Assim, a presente pesquisa está voltada tanto para os alunos de línguas
quanto para os professores que estão em pleno exercício em sala. De fato, buscamos
reforçar a importância da inclusão do gênero literário pelos professores de línguas,
uma vez que este pode promover um maior conhecimento de fatos culturais e sociais
na sala de aula, pois chama a atenção para a importância da literatura no ensino da
língua inglesa contribuindo para que mais professores incluam o texto literário nas
suas aulas com o intuito de ampliar o conhecimento de mundo dos estudantes e seu
aparato linguístico.
Outro ponto benéfico é que o referido estudo também propõe analisar o
livro didático como a principal ferramenta de ensino das escolas e que, por vezes,
acaba sendo a única disponível, incentivando assim as editoras a abrirem um espaço
para esse gênero literário e, por conseguinte, proporcionar ao professor uma melhor
qualidade no livro didático de língua inglesa.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nossa fundamentação teórica está subdividida em 1 seção e 4 subseções


que tratarão inicialmente da literatura como ferramenta de ensino de língua inglesa,
mostrando as vantagens e especificidades características desse recurso. Logo após,
faremos um levantamento sobre o que o PCN diz sobre o uso do texto literário,
verificando se os parâmetros veem esse gênero de forma positiva. Em seguida,
faremos uma análise sobre a evolução dos livros didáticos ao longo do tempo
verificando, principalmente, o uso do texto literário como conteúdo nesses manuais.
Paralelamente a essa evolução dos livros didáticos, é feito um panorama acerca da
história do ensino de língua estrangeira no Brasil. Por fim, fizemos uma análise do
livro didático Alive High observando-o como um todo, buscando perceber suas
características, sua proposta pedagógica e apresentação.

2.1 A LITERATURA NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

A literatura é arte, ou seja, não possui uma definição, uma função, um dever
pedagógico. Pelo contrário, trata-se de expressar sentimentos, inquietações e
reflexões, como cita Cândido (2017, p. 174): “é a manifestação universal de todos os
homens em todos os tempos”. Dessa forma, só a literatura nos mostra o ser humano
e suas diversas faces e, mesmo isenta dessas “funções”, ela acarreta um enorme
aprendizado cultural, pois faz as pessoas refletirem sobre as experiências expostas,
a cultura e a época retratada, tornando os leitores mais críticos e seres mais
autônomos.
No contexto do ensino de línguas, o texto literário pode ser um interessante
recurso na sala de aula, pois como afirma Thompson (1966), a literatura tem como
essência o entretenimento, ou seja, desperta o interesse do leitor. Logo, é necessário
resgatar essa ideia nas escolas, cativar o leitor, já que o prazer pelo texto é algo
natural, inclusive um texto literário de boa qualidade pode, através da verossimilhança,
contribuir significativamente para a vida e a tomada de decisões do leitor.
Dessa forma, devemos entender que o texto literário não deve ser
abordado com um único propósito, mas que possui diversas formas de ser explorado.
Pode ser utilizado com a intenção de despertar o prazer e interesse pelo que está
sendo contado, envolvendo assim o aluno dentro da temática; pode assumir um
15

caráter social, chamando atenção para um problema que exista no contexto atual;
pode ser utilizado como forma de acesso a outras culturas, possibilitando um
conhecimento de locais e épocas diferentes, ou seja, o texto literário possibilita um
pluralismo de ideias, cabendo ao professor montar a estratégia que melhor
corresponde a seus interesses.

2.2 A LITERATURA DE LÍNGUA INGLESA NOS PCNS

Os PCNs são um conjunto de textos, cada um referente a uma disciplina,


oferecendo diretrizes, isto é, orientações que foram elaboradas pelo governo federal
para orientar a preparação dos currículos escolares em todo o país. Não se trata da
imposição do conteúdo a ser ministrado nas escolas, mas de propostas que os
educadores podem utilizar para fazer seu planejamento construindo objetivos
pautados nessas diretrizes. Mesmo não sendo um documento obrigatório, é de
extrema importância para direcionar os professores não só da rede pública, mas
também da esfera privada.
Segundo Paiva (2009), em alguns momentos da história do ensino de
línguas estrangeiras no Brasil, valorizou-se o uso do latim, do grego, de línguas e
literaturas clássicas. Em outras ocasiões, privilegiou-se o conhecimento das línguas
modernas. Os PCNs do ano 2000 criticam aulas com foco apenas na gramática ao
invés de dar ênfase a um ensino contextualizado que explore os aspectos
sociolinguísticos, ou seja, que não leve em consideração apenas a norma culta, mas
também a linguagem informal e a variação linguística, buscando interpretar os
aspectos que revelem a intenção ou propósito de quem escreveu. Por fim, o
documento também sugere que a cultura transmitida nas aulas de língua inglesa seja
uma forma de reflexão sobre a própria cultura.
Os PCNS+ são orientações complementares aos PCNs, construídas para
orientar a reforma do novo ensino médio e aborda sua reformulação em áreas do
conhecimento, ou seja, mostram as disciplinas interligadas em eixos, como
linguagens, ciências humanas, ciências da natureza, matemática e suas tecnologias.
Nesse documento, a língua inglesa está encaixada como pertencente ao eixo temático
Linguagem, Códigos e suas Tecnologias.
Dessa forma, o documento aborda a língua inglesa de forma integrada,
contextualizada a outras disciplinas afins, levando em consideração a Lei de Diretrizes
16

e Bases da educação de 1996 que prevê a preparação dos jovens para o mercado de
trabalho, para a continuação dos estudos e para a formação cidadã integral. Os
PCNS+ afirmam que a competência primordial do ensino de línguas estrangeiras
modernas no ensino médio deve ser a compreensão e interpretação da leitura.
Essa competência é explorada no Exame nacional do Ensino Médio
(ENEM), nos vestibulares, na maioria dos testes de proficiência de mestrado ou
doutorado e inclusive surge como disciplina denominada inglês instrumental dentro de
cursos técnicos como administração e em um considerável número de cursos de
graduação, visto que é necessário que os alunos consigam ler e extrair informações
de outras línguas para que possam selecionar material de estudo e/ou acompanhem
o progresso da disciplina dentro do mundo globalizado.
Os PCNS+ de língua estrangeira não reservam um tópico referente ao
gênero literário. Porém, mesmo não sendo citado de forma direta, podemos ver sua
posição favorável quando cita que, no mundo atual, é essencial deter a competência
de ler nos vários níveis possíveis de leitura e que por isso é importante expor os alunos
às leituras diversificadas, podendo ser paradidáticas, extra didáticas, de cunho formal
e informal, leitura informativa, de aprendizado e de lazer. Visto essa orientação, pela
diversidade de gêneros, podemos entender que o texto literário seria bem aceito no
que concerne ao desenvolvimento de níveis de leitura.
Os documentos também sugerem que os alunos devem dominar os
conceitos de conotação e denotação para captar os sentidos ditos e os não ditos
contidos no texto. Sendo assim, a literatura também contribui para desenvolver os
sentidos da linguagem conotativa possibilitando diversas formas de trabalhar as
entrelinhas no texto, pois como afirma Eco (1991), a obra de arte é aberta porque
comporta diversas interpretações. A cada nova leitura e a cada novo leitor, ela ganha
uma ressignificação. Para o Ministério da Educação (MEC):

Os textos selecionados devem funcionar como veículo das diversidades


culturais, levantando questões sociais ligadas a preconceitos e
desigualdades – cuja abordagem pode e deve ser feita em articulação com
outras disciplinas. O trabalho envolvendo temática sociocultural é igualmente
importante para o desenvolvimento de competências nas quais a linguagem
é fonte de legitimação de acordos e de condutas a serem avaliadas ou não
(BRASIL, 2002, p. 117).
17

Ainda sobre os gêneros textuais, os documentos indicam que as escolhas


devem ter um cunho social, ou seja, textos que contribuam para a problematização
dos impasses ocasionados pela relação humana como, por exemplo, o preconceito, a
desigualdade entre gênero e classe social, para que essa problematização contribua
para a reflexão e para a construção de valores humanos que concebem a formação
de cidadãos mais conscientes e mais tolerantes às diferenças.
Portanto, os textos literários merecem destaque dentro dessa abordagem
de cunho social, pois são produzidos por pessoas ao longo de suas vidas que
expressam sentimentos, inquietações, frustrações, vivências e experiências que o ser
humano passa ou poderá passar. De acordo com Morin (2003), a História, a Sociologia
e a Antropologia oferecem uma farta contribuição reflexiva sobre a condição humana,
mas como se trata de conhecimento empírico, ou seja, de ciência, obedecem normas
que ocultam ou dissolvem os caracteres existenciais, subjetivos, afetivos do ser.
Dessa forma, só a literatura com toda a pluralidade da ficção mostra as relações do
ser humano com o outro, com a sociedade e com o mundo.
Segundo Kriegl (2015), é preciso ver o processo de ensino e aprendizagem
de uma língua como algo cultural, ou seja, que ao aprender uma língua, tenhamos
contato com uma nova cultura e uma visão de mundo diferente da nossa. Isso
proporciona um diálogo benéfico e intercultural. Ainda segundo a autora:

Ensinar outro idioma não é somente ensinar novos códigos a serem


decifrados ou estruturas a serem seguidas. Para além da parte estrutural da
língua, é preciso lembrar que o processo de aprendizagem de uma LE irá
inserir o sujeito em um mundo novo, de culturas e visões de mundo diferentes.
Com o aprendizado de um novo idioma, a compreensão de mundo se
expande e o diálogo intercultural é possível, assim como o conhecimento de
identidades culturais distintas. Através da cultura alheia, o aluno é convidado
a redirecionar o olhar para a sua própria e compreender elementos desta que
antes não eram visíveis (KRIEGL, 2015, p. 36).

A escritora corrobora com o pensamento dos PCN (BRASIL, 2000) no que


se refere ao contato com outra cultura, não de forma destacada como se a cultura do
outro fosse melhor, mas de forma que leve os alunos a refletirem sobre sua própria
condição e vivência. Assim, o texto literário permite que os alunos desenvolvam essa
capacidade de analisar o entorno com maior facilidade, enriquecendo a capacidade
dos jovens de mudar o contexto social e a buscar um mundo mais igualitário.
18

A aprendizagem passa a ser vista, então, como fonte de ampliação dos


horizontes culturais. Ao conhecer outra(s) cultura(s), outra(s) forma(s) de
encarar a realidade, os alunos passam a refletir, também, muito mais sobre a
sua própria cultura e amplia a sua capacidade de analisar o seu entorno social
com maior profundidade, tendo melhores condições de estabelecer vínculos,
semelhanças e contrastes entre a sua forma de ser, agir, pensar e sentir e de
outros povos, enriquecendo a sua formação (BRASIL, 2000, p. 30).

Partindo desse ponto, de que o contato com culturas diferentes enriquece


a criticidade e o conhecimento de mundo do aluno, pensamos nos gêneros
comumente abordados nos livros didáticos que, por serem gêneros práticos de usos
no dia a dia como: lista, bilhete, e-mail, manual de instrução ou receita, apresentam
essa cultura e trabalham de forma eficaz os aspectos linguísticos da língua. Porém,
seria positivo trabalhar com o texto literário clássico que foi escrito por nativos para
circular dentro dessa comunidade e trazer aspectos culturais mais complexos.
Quando o livro didático priva o estudante de um conhecimento do qual ele
só terá a oportunidade de conhecer no âmbito escolar, é uma violência que passa
despercebida quando temos o intuito de aproximar a vivência do estudante ao
conteúdo abordado em sala causando, assim, um déficit sobre o conhecimento de
mundo que o aluno poderia adquirir.

De modo que a literatura, enquanto evento cultural e social, depende de como


a literatura é encarada pelos professores, por extensão, pelos livros didáticos
que encaminham a questão; pois, de uma maneira ou de outra, eles se
encarregam de orientar a ação docente em sala de aula (ZILBERMAN, 1991,
p. 94).

Dessa forma, podemos concluir que o texto literário só terá lugar de


destaque dentro da sala de aula quando o professor for consciente das suas
qualidades como ferramenta de ensino e que passe a cobrar das editoras
metodologias e material aos jovens. Com as coleções de livros didáticos oferecendo
esse suporte, será mais fácil para o professor elaborar aulas mais dinâmicas e
contextualizadas.

2.3 A LITERATURA NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA

O livro didático é a ferramenta de ensino mais comum e mais utilizada na


sala de aula. Por isso, é necessária uma escolha criteriosa para não disseminar
19

informações errôneas, ideologia contrária aos valores sociais ou até mesmo um


material desinteressante que não atraia os estudantes. Dessa forma, essa escolha
deve ser feita com bastante responsabilidade para que o material possa ser utilizado
de forma completa e eficiente. Almeida Filho (1994), mesmo antes do livro de inglês
participar do PNLD, já defendia que a seleção de material didático não poderia ser
algo intuitivo e sim que os professores tivessem uma preparação para a escolha do
material e que refletissem bastante para escolher a melhor possível.
O Livro didático, além de possibilitar uma padronização do conteúdo, ou
seja, fazendo com que os alunos de uma determinada região tenham acesso ao
mesmo conteúdo que está sendo utilizado em outra, faz com que os estudantes
tenham a mesma oportunidade no que diz respeito ao nível do conteúdo e ao fator
geográfico. Outro ponto que deve ser levado em consideração sobre o LD é seu
suporte teórico e prático, pois expõe conteúdo, trazendo assuntos importantes para
um ser humano que se encontra em desenvolvimento na construção da sua
personalidade e caráter, e apresenta-se como aparato prático, pois aborda diversas
atividades e exercícios que servem para fixar os conteúdos facilitando o trabalho
docente do professor que não precisa ficar montando materiais e temáticas diferentes
para todas as aulas.
Segundo Silva; Parreiras; Fernandes (2015), alguns autores já se
preocupavam com os critérios para se avaliar um bom livro didático, mesmo antes do
livro de língua estrangeira ser integrante do PNLD (2011). Por exemplo,
Cunningsworth (1995) apresenta uma série de listas com perguntas de modo a guiar
a avaliação por parte do docente, como também Dias (2009) que propõe um
instrumento para o professor avaliar os livros didáticos de inglês, tomando como base
a ficha de avaliação de livros de Língua Portuguesa, o que naquele momento mais se
aproximava de um guia avaliativo também para a língua inglesa ou que pudesse ser
aproveitada para esta.
Portanto, podemos perceber que mesmo que a coleção tenha passado pelo
crivo do PNLD, o que não se trata apenas de uma distribuição dessa ferramenta de
ensino, mas de uma avaliação rígida e criteriosa dos livros inscritos pelas editoras e
de uma análise que parte desde os critérios comuns a todas as áreas até os
específicos de cada componente curricular, ainda deve ser minuciosamente analisado
pelo professor que irá utilizá-lo para não cair em uma armadilha como ter dificuldades
na sua utilização ou rejeição do material didático desperdiçando, assim, um recurso
20

pago pelo poder público. Cabe ao professor o constante exercício de análise desse
material, buscando sua verdadeira proposta e intenção, bem como procurar intervir
nesse saber sistematizado para não ser apenas um robô que sabe executar os
comandos dos livros, mas utilizá-lo de forma consciente e que aproxime seu conteúdo
ao contexto de vida do aluno, suas particularidades e características regionais.
Segundo Lima (2008), acredita-se que as primeiras aulas de inglês
surgiram quando a corte portuguesa veio para o Brasil. Os ingleses tiveram permissão
para abrir as primeiras casas comerciais tendo, assim, poder econômico e abrindo
vagas de emprego para os brasileiros. Nesse contexto, nasceu a necessidade de falar
a língua inglesa para que esses funcionários pudessem receber treinamentos e
instruções.
Dessa forma, o foco do ensino da língua inglesa era desenvolver a
oralidade com o intuito de suprir as necessidades dos empregados, facilitando o
acesso entre empregados e patrões. Esse foco mudou à medida em que foram
aparecendo novos objetivos. A oralidade deixou de ser prioridade quando a intenção
foi ser admitido em cursos superiores, pois nesse período a metodologia de ensino
era a tradução e gramática. Essa forma de ensino se baseava na leitura e
interpretação de texto com pouquíssimo ou nenhum trabalho da fala ou audição.
Ainda de acordo com Lima (2008), durante esse período, eram utilizados
textos literários como material de ensino até o Brasil passar pela reforma educacional
promovida pelo ministro Benjamim Constant que proferiu uma reforma no ensino
baseada nos princípios do positivismo, ou seja, substituindo a predominância literária
pela científica vindo com o tempo a excluir do currículo obrigatório as línguas
estrangeiras juntamente com o francês e o Alemão. Em 1892, após o afastamento do
ministro, as línguas vivas modernas passaram a ser obrigatórias. Porém, com a nova
reforma do ministro Amaro Cavalcanti, o Inglês, o Francês e o Alemão passam a ser
facultativos e ter novamente uma abordagem mais literária.
De acordo com Mulik (2012), na era Vargas em 1930, o ensino de LI recebe
um grande impulso recebendo mudanças não apenas no conteúdo, mas na
metodologia imperando assim o método direto que consistia no ensino da língua pela
língua e que se incentivava que o aprendiz começasse a pensar na língua alvo, sendo
importante que o léxico aprendido fosse utilizado em frases completas, ou seja, em
situações comunicativas ao invés da simples memorização de listas de vocabulário,
como acontecia anteriormente.
21

Segundo Gomes (2016), o método direto tornou-se um marco para o ensino


das línguas no Brasil por ter sido a primeira vez em que uma lei definiu a forma pela
qual o ensino das línguas vivas, entre elas, o inglês, deveria ser trabalhado. Porém, o
conteúdo dessas frases era algo irreal, improváveis de acontecer em uma situação
natural.
De acordo com Harvey (2018), o método audiolingual surgiu no contexto
da Segunda Guerra Mundial e foi adequado à sala de aula. Dá enfoque na audição e
fala, ou seja, no ouvir e falar e somente depois do desenvolvimento dessas habilidades
é que há um foco na leitura e na escrita. Os defensores desse método acreditam que
a língua é um hábito que se adquire através da fala em um processo mecânico de
estímulo e resposta, em que as respostas certas devem ser reforçadas e as erradas
simplesmente ignoradas, ou seja, a teoria behaviorista que mostra o comportamento
condicionado pelo reforço.
Juntamente com essa mudança na metodologia, o sistema de ensino
também mudou. Segundo Oliveira (1999), em 1961, a lei de Diretrizes e Bases da
educação estabeleceu o ensino de uma língua estrangeira moderna obrigatoriamente
apenas de forma parcial e para o 1º grau. Dez anos depois, com a reforma na LDB de
1971, o inglês teve uma redução drástica na carga horária da língua estrangeira,
retirando-a do 1º grau e reduzindo a carga horária do 2º grau para até 1 hora semanal.
A LDB de 1996, em vigência até os dias de hoje, estabelece a necessidade da língua
estrangeira no ensino fundamental II e a considera obrigatória no ensino médio, porém
com a mesma carga horária de uma hora aula semanal, ou seja, 50 minutos.
Com o surgimento do PCN 2000, o ensino de língua estrangeira, mesmo
não tendo uma metodologia específica definida, passa a ser tratado por uma
perspectiva sociointeracional, isto é, leva em consideração o contexto sociocultural e
histórico que objetiva o ensino de uma LE para a comunicação real com ênfase em
leituras críticas. Como o método audiolingual não era completamente satisfatório
devido às frases serem soltas, descontextualizadas e compartilhando dos princípios
behavioristas, tecnicista e de memorização, surge esse novo método que vê a
linguagem como algo interacionista que se dá no meio histórico, social e cultural. Esse
método continua sendo utilizado nos dias atuais nos livros didáticos.
Saber como a disciplina de inglês se consolidou ao longo do tempo e
principalmente quais métodos foram utilizados para o ensino dessa segunda língua é
de extrema importância para entendermos a elaboração e evolução dos manuais
22

didáticos, pois a produção desses materiais não diz respeito apenas a seus
conteúdos, mas revelam o propósito desse ensino refletindo o pensamento e os
anseios da sociedade dentro de um período histórico.
Segundo Paiva (2009), devemos ter em mente que existiam alguns
materiais que se destacavam devido a suas propostas inovadoras, tais como A
Gramática da Língua Inglesa publicada em Porto Alegre, em 1880, que tentava tornar
o ensino de línguas mais próximo da realidade do aluno e o The English Gymnasial
Grammar (1936) que inova ao inserir transcrições fonéticas nas listas de vocabulário
e frases para serem corrigidas. Porém, estamos avaliando os materiais didáticos no
geral levando em consideração o que prevalecia na época.
Os materiais didáticos iniciais eram importados devido à metrópole
colonizadora não permitir a existência de tipografias em território nacional. Os livros
produzidos no Brasil só chegaram a partir do século XIX. Ainda segundo Paiva (2009),
os primeiros livros didáticos tinham como foco a interpretação de textos literários
utilizando o dicionário como aliado. Já a gramática tinha destaque, já que o conceito
de língua se restringia ao de estrutura gramatical. Eram utilizadas tabelas decorativas
com as palavras e as imagens para que os estudantes pudessem estudar sozinhos.
Essa metodologia não era prazerosa ao aluno, pois sentia-se a falta de algo prático
que pudesse ser utilizado de modo efetivo.
Dessa forma, era um grande desafio atrair os alunos mais jovens que não
se interessavam pela forma como o inglês era ensinado. Portanto, podemos concluir
que os primeiros manuais, mesmo trazendo o texto literário, não utilizavam uma
metodologia adequada, transformando-o em um recurso não eficiente, pois só se
utilizava esse gênero textual com foco na gramática. Isso ainda acontece em alguns
materiais atuais com o uso dos textos literários apenas pelo seu caráter estrutural.
No decorrer do tempo, os textos literários deram lugar às frases
exemplificatórias. O foco ainda era na gramática, mas com o adicional da tradução.
Dessa forma, os manuais, que primavam pelo método direto, praticamente baniram o
texto literário de seus livros didáticos, pois acreditavam que esses deveriam ser
objetos de leitura por prazer, não fontes de exemplos para regras gramaticais
exaustivamente trabalhadas. Como acontecia no método predecessor, suas
atividades buscavam que os estudantes pensassem na língua alvo não tendo
explicações ou frases em língua materna. Com a instauração do método audiolingual,
que buscava uma forma rápida de se aprender a língua, utilizavam-se frases curtas e
23

sem contexto com foco na língua falada através de áudios e símbolos fonéticos e na
memorização das frases. Também não houve espaço para o texto literário nos seus
livros didáticos.
Já na mudança para o sociointeracional houve uma mescla dessas
metodologias e atividades buscando extrair da melhor forma possível as qualidades
que são proporcionadas por cada metodologia. Podemos avaliar os manuais mais
atuais preocupados com a formação do estudante não apenas no conhecimento
programático, mas como ser social. O texto literário foi aos poucos inserido, porém
muitas coleções não utilizam esse recurso ou se utilizam é apenas em um capítulo do
livro com pequenos excertos ou trabalhando ainda aspectos estruturais.
24

3 CAMINHOS DA PESQUISA

Temos como objeto da pesquisa o livro Alive High, que é uma das coleções
de livros didáticos aprovados pelo PNLD 2018, tendo como autores Vera Menezes,
Júnia Braga Ronaldo Gomes, Marisa Carneiro, Marcos Racilan e Magda Veloso. A
coleção é composta por 3 livros, sendo que cada um é referente a cada ano do Ensino
Médio. Cada livro possui 8 unidades e 3 seções para atividades com texto literário
que, apesar de virem separadas dos capítulos do livro, oferecem ao professor diversas
atividades que podem ser trabalhadas ao longo do ano letivo. Contém atividades
extras e, por fim, algumas sugestões de projetos interdisciplinares.
A coleção adota a proposta didático-pedagógica denominada abordagem
complexa, que pressupõe o ensino de língua não apenas
como meio de comunicação, mas também como instrumento que favorece a reflexão
e a ação social. Essa proposta está presente na maioria dos capítulos do livro, além
de mostrarem diversos gêneros textuais atuais e de interesse aos estudantes do
ensino médio. Nota-se uma preocupação dos autores em mostrar aspectos
significativos da sociedade, que estimulam o aluno a pensar e a se expressar. As
atividades beyond the lines, presentes em todos os capítulos, fomentam discussões
de aspectos sócio-histórico-político-cultural que permeiam a realidade na qual o
estudante está inserido, colaborando para a construção de seus valores como
cidadão.
A proposta gráfica é atrativa trazendo imagens coloridas, mas sem poluição
visual, ou seja, sem o excesso de figuras sem propósito educacional. A
representatividade também é contemplada, pois entre as imagens é possível perceber
deficientes físicos, negros e pessoas de diferentes nacionalidades.
Existem também quadros com dicas de vocabulário ou sugestões para
aprendizado denominado Hint que, de forma útil e prática, contribui com um adicional
de informações. Algo que se destaca como ponto positivo no LD em análise é o time
to reflect que proporciona uma autoavaliação na qual o aluno percebe seus pontos
fortes e o que é preciso melhorar. Outro ponto interessante são os símbolos fonéticos
que trazem a pronúncia dos sons parecidos e exemplos de palavras com os
respectivos fonemas.
O livro aproxima a cultura brasileira sem levantar questões de valor, ou
seja, não mostrando como uma cultura se sobressai a outra, mas mostrando artistas,
25

costumes, e lugares brasileiros como forma de chamar a atenção dos alunos para
coisas que eles já conhecem. O livro acompanha um CD com os áudios de diversos
gêneros assim como atividades de entonação e pronúncia, as faixas estão escritas
nas próprias questões, facilitando assim a procura na hora da aula, um ponto negativo
é a pouca diversidade de variação da língua inglesa nos áudios.
O livro traz a seção turn the jukebox, abordando sempre uma música que
contemple o assunto da aula. Geralmente, contém uma temática interessante ao
público jovem e também é possível vermos expressões idiomáticas e gírias que fazem
parte do mundo da música. Da mesma forma, há atividades de produção escrita que
apresentam orientações de como elaborar um determinado gênero estudado na
unidade levando em consideração características como: para quem, com que
propósito e em que contexto.
No aspecto gramatical, o livro recorre às situações a partir dos textos
trabalhados nas unidades. Assim, o foco é no reconhecimento daqueles aspectos
linguísticos comparando-os com um ponto que já foi trabalhado na unidade anterior.
O livro não possui atividades com caráter de repetição de estrutura, mas de prováveis
usos em situações diferentes. As explicações dos pontos gramaticais aparecem no
final do livro, tornando-se opcional ao professor.
Por fim, temos o manual do professor, que é uma réplica do livro do aluno
que traz em suas páginas finais sugestões e orientações sobre as unidades bem como
material complementar para enriquecer o conhecimento do professor sobre os
conteúdos das unidades. Um ponto negativo é que nem todas as unidades trazem
essas orientações. Outro ponto é que as respostas das atividades não são
referenciadas nas questões do livro, fazendo o professor ter que procurar no final do
livro as respostas sem nenhuma indicação prévia.
O presente trabalho traz considerações pertinentes sobre a presença do
texto literário como ferramenta de ensino, evidenciando suas principais contribuições
para o aprendizado da língua inglesa. A pesquisa se trata de uma análise descritiva e
bibliográfica que tem como corpus de estudo o material didático referente ao 1º ano
do ensino médio que pertence à coleção Alive High aprovada pelo PNLD 2018 que
está em uso em diversas escolas públicas estaduais.
De acordo com Araújo (2018), pesquisas quantitativas são aquelas em que
envolvem procedimentos de coleta de dados que resultam em dados numéricos que
são analisados por métodos estatísticos. É um estudo caracterizado pela neutralidade
26

do próprio pesquisador frente à investigação da realidade. Já as pesquisas qualitativas


envolvem procedimentos de coleta de dados que não se utilizam de dados numéricos
e cuja análise examina a qualidade da informação obtida de um sujeito de pesquisa.
É um estudo que se preocupa com o significado dos fenômenos e processos sociais,
levando em consideração as motivações, crenças, valores, representações sociais,
que permeiam a rede de relações sociais.
Dessa forma, este trabalho trata-se de um estudo qualitativo, pois o objetivo
é tecer comentários observando a forma como o gênero literário é trabalhado no LD,
suas temáticas, suas propostas e sugestões para trabalhar o gênero, assim como
investigar se as atividades elaboradas a partir deles são eficientes e estão bem
organizadas. Por fim, procuramos entender a importância que os autores atribuem a
esse gênero.
Inicialmente, fizemos um levantamento sobre o que os PCNS 2000 e os
PCNS+ 2002 falam sobre o texto literário como ferramenta de ensino. O resultado
desse levantamento foi que, mesmo não aparecendo explicitamente, há orientações
para trabalhar esse gênero. Percebemos que os documentos incentivam seu uso
quando elencam diversos objetivos a serem trabalhados no Ensino Médio, como o
uso da linguagem conotativa, conhecimento implícito dos textos e o desenvolvimento
de valores sociais, ou seja, objetivos que podem ser trabalhados com a literatura.
Logo após, fizemos um levantamento sobre como o texto literário foi
exposto no livro didático e no decorrer do tempo. Para isso, pesquisamos acerca dos
métodos de ensino que estavam em vigor e suas principais influências nos manuais
didáticos, observando se davam ênfase ao texto literário ou se o omitiam de suas
produções. Em seguida, analisamos o livro didático 1 da coleção Alive High em sua
totalidade com o intuito de observar sua proposta pedagógica. Para isso, levamos em
consideração os critérios sugeridos pelo PNLD (2018) buscando suas qualidades e
defeitos como material de apoio ao professor quanto ao uso da Literatura.
Por fim, analisamos as seções destinadas ao texto literário observando a
importância desse recurso, sendo possível concluir que a coleção oferece de maneira
atrativa o texto literário, assim como atividades interessantes e com um nível
linguístico acessível aos estudantes. Portanto, o livro didático analisado, Alive High, é
um bom material de apoio no quesito texto literário.
27

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A coleção Alive High foi a coleção que mais deu ênfase ao texto literário
entre as coleções aprovadas pelo PNLD 2018. A coleção passeia entre os diversos
gêneros literários apresentando assim poemas, contos, excertos de romances e
narrativas dramáticas. As atividades propõem o foco nos textos, ou seja, são de cunho
interpretativo, possibilitando assim estudar o próprio texto e suas características, não
apenas explorar tópicos gramaticais em um corpus literário. Outro ponto notável é a
seleção dos textos, que fogem a autores considerados “cânones literários” geralmente
compostos por homens brancos, que primam pelo sotaque inglês ou norte-americano.

Figura 1 - Livro Alive High

Fonte: MENEZES et al. (2016)

O livro 1, que corresponde ao primeiro ano do ensino médio, possui foco


no texto literário em duas seções intituladas de “time for literature” e como uma
proposta de atividades extra, presente no final do livro. Ele inicia suas seções com um
questionamento de warm up, que trata de direcionar o estudante para o assunto que
virá a seguir, ativando assim seu conhecimento prévio. A primeira pergunta diz
respeito aos hábitos leitores dos estudantes, se costumam ler, quais as preferências
e se já tiveram algum contato com livros escritos em inglês.
28

Logo em seguida, os autores apresentam três gêneros literários: poetry,


play, and narratives: poesia, drama e narrativas, informando aos alunos que o primeiro
gênero abordado será a poesia, mais especificamente as Limericks, uma espécie de
poesia curta, divertida e que tem como prioridade o ritmo do jogo de palavras cujo
foco é trabalhar a rima e não o sentido, algo interessante aos alunos iniciantes, que
não possuem um grande vocabulário formado. O livro dispõe de um glossário na
mesma página para ajudar os educandos com as palavras mais difíceis.
As questões em sua maioria são de interpretação de texto e busca de
informações específicas, incentivando o uso das técnicas de leitura, em especial o
scanning. Há uma questão para completar com as palavras que rimam e essa
atividade é bastante útil, pois leva o aluno a pensar no seu vocabulário próprio, ou
seja, nas palavras que ele já internalizou e se alguma possui o final desejado. E por
fim, há uma atividade de writing, ou seja, de escrita, que consta em elaborar uma
Limerick de acordo com as instruções que vão sendo dadas na questão. Como essa
atividade é considerada de um nível mais alto, é possível que seja feita em equipe,
pois além da parte da elaboração, requer uma ilustração.

Figura 2 - Atividade de writing

Fonte: MENEZES et al. (2016).


29

O livro aborda uma pequena biografia sobre os autores contando alguns


fatos sobre suas vidas, inclusive mostra uma Limerick pertencente a uma escritora e
ilustradora do século XX, mostrando assim uma preocupação com a
representatividade feminina. É necessário ainda observar que algumas Limericks
selecionadas para o livro pertencem a autores anônimos, o que abre um tópico a ser
questionado junto aos alunos, o porquê não termos acesso aos nomes dos autores
de estórias populares, folclóricas como as lendas, ou qualquer outro tipo de texto que
pertence a uma tradição oral.
A segunda seção do livro aborda um excerto do livro A cor púrpura, um
romance epistolar, da escritora afro descendente e estadunidense Alice Walker. O
romance narra a estória de uma garota de 14 anos que é abusada sexualmente pelo
pai, vindo a ter dois filhos frutos desse estupro, porém a menina não chega a ficar com
as crianças. Quando mais velha, é obrigada a casar com um viúvo violento que a
espancava com frequência. Temas como racismo, machismo, estupro, violência
doméstica e opressão são tratados ao longo do texto. Temos, assim, uma obra
polêmica e que gera reflexões sobre as estruturas sociais.
O livro dispõe como questionamento inicial dessa segunda seção se os
alunos conhecem o filme a cor púrpura ou se já leram ou assistiram algo produzido
por um afrodescendente. Também questionam se o aluno conhece algum escritor
brasileiro que seja afrodescendente. Essas perguntas dão visibilidade a esses
escritores que, por muitas vezes, não são mencionados em livros didáticos. É possível
ao professor complementar o assunto dando exemplos como Maria Firmina dos Reis,
que escreveu o primeiro romance abolicionista, Carolina Maria de Jesus, autora de
um quarto de despejo, Conceição Evaristo, Lima Barreto e vários outros nomes da
literatura brasileira.
30

Figura 3 - Atividade de Warmup

Fonte: MENEZES et al. (2016).

Após os conhecimentos sobre a literatura afro ativados, o livro expõe


pequenos textos falando sobre a autora, resumo do enredo e os trechos das cartas
que compõem o romance. As questões são focadas na interpretação. Algumas são
objetivas, devido à sua complexidade, pois é mais válido oferecer as alternativas para
que os alunos se sintam mais confortáveis com a linguagem utilizada. Também há
questões sobre as características das personagens e uma reflexão acerca da
literatura afro descendente como forma de expressão, perguntando aos alunos sua
importância.
Sem dúvida, essa seção é a que mais explora o texto literário quanto a sua
estética, isto é, busca interpretar o estilo de escrita da escritora nas peculiaridades
utilizadas que aproximam a linguagem da personagem à linguagem das pessoas de
camadas sociais mais baixas que vivem na região agrária dos Estados unidos, ou
seja, é uma linguagem repleta de regionalismos de erros gramaticais e coloquialismos.
Porém, o propósito das questões não é depreciar o texto com a correção
dos “erros” gramaticais, mas de fazer com que os alunos entendam as palavras
coloquiais como ain’t e gonna e o motivo desse tipo de linguagem ser empregada, já
que esse é um importante recurso utilizado por escritores para formar a identidade de
suas personagens.
31

Além desses questionamentos, o livro trabalha um tema muito importante


para a sociedade: a violência sexual e doméstica que as mulheres sofrem. Com a
exposição de manchetes de jornais de vários locais do mundo, os autores do livro
didático contribuem para que os alunos reflitam sobre esse tipo de violência que é
decorrente da sociedade patriarcal na qual somos inseridos, que acontece em
diversos países e em diferentes classes sociais, mostrando que a desigualdade de
gênero é um problema recorrente. Apesar de polêmico, é preciso tocar nesse assunto
a fim de transformar a sociedade para que nos próximos anos essa não seja uma
realidade tão frequente. Além de proporcionar essa reflexão, o livro divulga onde pedir
ajuda e como denunciar essas agressões.
Por fim, a terceira e última seção de time for literature, presente na seção
de atividades extras do livro Alive High, aborda o texto dramático e as características
específicas do teatro do absurdo, utilizando uma peça bastante conhecida na literatura
inglesa: esperando Godot. O livro continua dando importância aos autores dos textos
expondo pequenas biografias e questões sobre a vida dos autores. Além das
atividades de interpretação, o livro traz um diferencial ao perguntar se os alunos
concordam com a opinião dos críticos sobre essa peça e o motivo de concordarem ou
discordarem dessa opinião. Isto é sem dúvida algo bastante relevante, pois estimula
o aluno a ter um pensamento próprio acerca do texto literário, reconhecendo seus
próprios argumentos para embasar suas respostas.

Figura 4 - Questionando os críticos literários

Fonte: MENEZES et al. (2016).

O livro aborda características da narrativa, expondo de forma didática as


principais diferenças entre o romance e o conto. Logo após, expõe uma biografia e
um excerto do conto The Verger. Apesar do excerto desse conto ser grande em
32

comparação aos outros textos do livro, ele torna-se prazeroso devido a sua temática
que, apesar de simples, tem um caráter irônico.
A obra conta a história de um homem zelador de uma igreja que perdeu o
emprego porque não sabia ler. No entanto, em decorrência dessa demissão, teve a
ideia de colocar uma loja. Cada vez mais, sua loja foi crescendo e abrindo filiais,
deixando-o rico. Então, o bancário, pedindo para que o homem lesse e assinasse
alguns contratos, ficou abismado quando soube que o empresário não sabia ler. O
bancário ficou pensando se esse homem sem saber ler conseguiu tornar-se rico e o
que ele teria feito se tivesse aprendido. Fazendo essa pergunta ao empresário, ele
sorriu e disse: se eu tivesse aprendido, hoje eu seria zelador.
Esse texto abre espaço para uma reflexão sobre o conceito das múltiplas
inteligências de Gardner, pois não cabe desvalorizar o conhecimento formal, mas
mostrar que existem diversas formas de inteligência e que elas merecem ser
potencializadas. O excerto foi resumido, mas o livro didático oferece um endereço de
e-mail onde ele pode ser consultado integralmente.
As perguntas são de interpretação primando pela busca de informações
específicas. Os autores do livro didático chamam a atenção para o uso da variação
linguística presente no conto, o que sugere ao professor trabalhar esse aspecto com
a turma a partir de o que o conto é, como é empregado, sua importância,
principalmente em relação a classe social. É interessante mostrar aos alunos que os
escritores utilizam dessa variação propositalmente para compor seus personagens,
assim como levantar questões sobre o “prestígio” e o “estigma” linguístico que
acontecem na linguagem oral. O livro finaliza comparando a música que compõe a
trilha sonora do filme My Fair Lady e o conto de Maughan.

Figura 5 - Prestígio e estigma Linguístico

Fonte: MENEZES et al. (2016).


33

Quadro 1- Divisão de temas e atividades por seção

Seção Tipo de texto Temas propostos Atividades

Interpretação; preencher as
1 Poesia Ritmo/ Diversão lacunas com palavras que
rimam e escrever uma
“Limerick”
Interpretação; identificar
2 Excerto de Abuso sexual informações específicas;
romance gírias e aspectos
sociolinguísticos
Questões Interpretação e questões
Drama Existencialistas/ sobre prestígio e estigma
linguísticos
3 E Múltiplas
Conto inteligências

Fonte: quadro elaborado pela autora.

No quadro acima, temos um resumo de como essas informações estão


apresentadas no livro, possibilitando observar a variedade de gêneros escolhidos,
assim como os diversos temas que vão desde temas divertidos a temas polêmicos.
Também é possível termos uma ideia geral sobre as atividades propostas que
passeiam principalmente pelo campo da interpretação de texto, envolvendo perguntas
de Skimming e Scanning e muitas questões com o intuito de “escutar” a voz dos alunos
sobre questões de cunho social.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização desse trabalho, foi possível concluir que as seções time
for literature, apesar de aparecerem como algo opcional ao professor e de não
trazerem dicas atraentes ou atividades lúdicas para se trabalhar o texto literário,
mostram uma clara preocupação não apenas com o ensino da língua, mas também
com a reflexão e ação social. A combinação de temáticas polêmicas com textos de
entretenimento é algo enriquecedor, pois além de engrandecer a cultura do aluno, o
cativa pela especificidade da literatura, que é justamente envolver e despertar o
interesse do leitor pela sua estética.
Também foi possível concluir que os autores dão bastante importância ao
uso desse gênero como ferramenta de ensino, disponibilizando ao professor diversas
opções de obras, estilos e autores para serem trabalhados nas aulas. É válido
destacar que a escolha dos autores em trabalhar os excertos das obras é algo positivo,
pois é possível termos acesso a textos autênticos mostrando ao aluno a estética do
autor original, diferentemente das suas adaptações ou traduções que, mesmo partindo
do texto original, são outros textos.
Contemplar a representatividade dos grupos postos à margem como é o
caso das mulheres e negros também foi algo interessante presente na coleção, pois
mostrou o compromisso em problematizar questões como a formação do cânone
literário, que geralmente é formado por textos de homens, brancos, heterossexuais e
europeus. Ao fazer isso, o livro agregou textos clássicos aos textos de cultura popular,
algo benéfico ao desenvolvimento dos estudantes oferecendo, assim, uma
diversidade de propostas de ensino.
Também foi possível termos acesso sobre o que os parâmetros curriculares
nacionais de língua estrangeira colocam sobre o texto literário que, mesmo
indiretamente, apoiam seu uso como uma ferramenta para o aprendizado de língua
estrangeira, como também conhecer mais a fundo a elaboração e transformação dos
livros didáticos ao longo do tempo observando a presença desse gênero nos materiais
de ensino, inclusive as mudanças da história do ensino de língua inglesa no Brasil.
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Por fim, concluímos que o Livro didático Alive High oferece os gêneros
literários de forma eficiente, explorando suas características de arte, mas chamando
atenção para a reflexão humana. Os autores conseguiram unir a literatura ao ensino
de línguas através de atividades atrativas e temáticas interessantes e importantes ao
público jovem. Portanto, a coleção analisada auxilia o professor no que tange o ensino
de literatura inglesa, assim como é um material profícuo para o uso na sala de aula.
36

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