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Artefato Manual - preparando um corpo para preparar a comida

Neste trabalho pretendo iniciar algumas discussões sobre técnicas corporais (manuais) que despontaram na
minha pesquisa de doutorado na Cozinha da Ocupação 9 de Julho. Comecei minha pesquisa como voluntária,
acreditando que meu conhecimento culinário vindo de uma experiência amadora seria suficiente para dar
conta das demandas da Cozinha. Eu, que preparara uma refeição para no máximo vinte pessoas, me deparei
com as preparações para 200, 300, 500 clientes, dobrando o volume para as quentinhas que seriam doadas
através do projeto “Lute como quem cuida”. Nessa dinâmica continua de preparo de 800 à mil pratos,
começando no sábado para terminar no domingo, vi modificações claras no meu corpo no formato de calos,
músculos, residência ao calor, nas queimaduras que, olhando de maneira mais próxima, já faziam parte dos
corpos de mulheres e homens que trabalhavam nas várias tarefas do preparo de uma refeição.
Pensado a partir do fazer o corpo para preparar esses pratos, neste trabalho gostaria de aprofundar algumas
reflexões sobre gênero, classe e a dicotomia lazer e trabalho para refletir sobre as dinâmicas da Cozinha da
Ocupação.

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